Zab jay crownover

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Built Série A Saints of Denver#1 – JAY CROWNOVER

Sinopse Às vezes você tem que destruir tudo, para construir algo novo ... Sayer Cole está congelada por dentro. Pelo menos, era assim que se sentia, desde que conseguia se lembrar. Ela não deixou ninguém ultrapassar seu exterior frio, e o único cara que ela acha que pode derreter seu coração, não se interessaria por alguém tão tenso. O áspero, duro e quente como o inferno, Zeb Fuller, reconstruiu sua vida e seu negócio, para se proteger de sua família que o mandou para a prisão a muitos anos atrás. Sua cliente elegante, Sayer, o faz sentir-se como um Neandertal vestindo jeans, mas apesar das muitas pistas que ele está dando de que quer conhecê-la melhor, ela parece alheia aos seus encantos. Assim que as coisas finalmente começam a aquecer, o passado de Zeb volta para assombrá-lo e ele precisa da ajuda profissional de Sayer para corrigir um erro e se salvar. Enquanto esses opostos lutam a batalha de suas vidas, fogo e gelo se chocam em uma explosão incontrolável de vapor...


Staff Tradução: Perséfone/ Hera Revisão Inicial: Métis Revisão Final: Selene Formatação:Selene Disponibilização:Cibele Grupo Rhealeza Traduções

04/2017


PRÓLOGO Eu a conheci em um bar. Ela tinha uma garrafa de cerveja na mão, mesmo que parecesse que ela só bebia champanhe cara em taça, inexplicavelmente me liguei nela. Ela era bonita e parecia completamente fora de lugar, nesse bar sem nome, sentada em frente a um dos meus amigos mais antigos que também era seu irmão, há muito tempo perdido. Ele era a razão para ela estar aqui. Na fração de um segundo em que eu coloquei meus olhos sobre ela, queria ser a razão pela qual ela ficasse. Eu sabia que era rude e que os dois precisavam de algum tempo juntos, algum tempo para descobrir o que eles significavam um para o outro, agora que ambos tinham surgido em suas vidas sem aviso prévio. Se eu fosse um bom amigo, os deixaria sozinhos. Se eu fosse, mas caminhei até a mesa minúscula e me sentei. Eu estava coberto de serragem e tinha restos de 1 drywall endurecido no cabelo e no meu rosto, mas ela não vacilou ou piscou quando eu, propositadamente, acabei com a festa deles e me coloquei o mais perto dela que pude sem realmente tocá-la. Meu amigo, Rowdy St. James, arqueou as sobrancelhas para mim enquanto eu olhava para ela, então ele nos apresentou. Sayer Cole. Até seu nome tinha uma sonoridade elegante e sofisticada. Ela era um enigma, esta linda mulher que parecia pertencer a qualquer lugar, menos a este bar em nossa companhia. Ela tinha aparecido de repente há alguns meses atrás, alegando ser sua meia irmã, eles tinham o mesmo pai, e que tudo o que ela queria era fazer parte da sua vida e ser da família. Ela parecia muito delicada para ser tão corajosa. Agia de uma maneira muito adequada, poderia ter dito foda-se e ter seguido com sua vida, em vez de ter vindo a um lugar desconhecido sem ter certeza de que seria bem-vinda. Ela parecia suave como a seda, mas se meu palpite estivesse certo a respeito dela, era seda enrolada em aço. Felizmente Rowdy era um bom rapaz. Após o choque de descobrir que não estava sozinho no mundo, e uma vez que ele percebeu que tinha alguém ligado a ele por sangue para todo o sempre, ele tinha aceitado a ideia de ter uma irmã e apreciado que sua irmã fosse Sayer. Eu gostava muito de Rowdy. Ele era um cara alto astral e um bom amigo, mas eu tive um pressentimento, de que eu gostaria de sua irmã mais velha, recém encontrada, ainda mais. Na minha maneira sem tato, de costume, eu perguntei a ele, sem olhar diretamente para a loira fenomenal. —Então, você tem uma irmã? Uma irmã elegante e quente? Uma irmã, que também é advogada, muito bonita e inteligente. Eu esperava uma risadinha ou, um revirar de olhos com o elogio estranho, mas o que eu


consegui foi um olhar de olhos arregalados de descrença, quando os olhos mais azuis do que qualquer coisa que eu já tenha visto na terra, dançou entre eu e seu irmão, como se ela não tivesse certeza do que fazer com o meu interesse ostensivo por ela. Eu pensei que tivesse ido longe demais, tirado a bela estranha muito da sua zona de conforto. Eu era um cara grande, sabia que parecia muito mais selvagem e mais áspero do que eu realmente era. Achei que poderia ter sido demais para uma mulher já, obviamente, fora do seu ambiente de costume. Em vez disso, Sayer me surpreendeu e eu pude ver, pela maneira como ela endureceu, que ela surpreendeu Rowdy também. Mesmo não estando exatamente transbordando de boas-vindas e calor, ela me perguntou sobre o projeto atual no qual eu estava trabalhando, após Rowdy explicar que eu era um empreiteiro e que tinha reformado a nova loja de tatuagem em que ele trabalhava. Ela parecia genuinamente interessada, e quando lhe disse que a minha especialidade era restaurar casas antigas e dar a elas uma nova vida, seus olhos praticamente brilharam para mim. Eu gostaria que ela pudesse se ver, ela parecia suave e polida enquanto me olhava. Eu queria deixar marcas de sujeira em seu rosto perfeito, para deixar exposto o fato de que eu a tinha tocado, que ela tinha me deixado tocá-la. Foi uma reação primitiva e visceral que eu não conseguia explicar, e eu gostei do jeito que me senti. Gostei do aquecimento no meu sangue mesmo sabendo que o sentimento era impossível de ser correspondido. Ela me contou tudo sobre uma fantástica, mas em ruínas, casa em estilo Vitoriano que ela comprou, que estava caindo ao seu redor. Ela me pediu um cartão de visita e vi Rowdy endurecer do outro lado da mesa. Eu suspirei e passei a mão no meu cabelo já bagunçado. Vi seus olhos seguirem a nuvem de poeira que escapou dos fios. Eu era ótimo no meu trabalho, amava o que fazia, mas eu não podia fazer nada com ela ou, para ela, sem colocar tudo em risco. Especialmente com Rowdy me dando um olhar mortal há apenas alguns centímetros de distância. Peguei um cartão na minha carteira, e quando eu entreguei, nossos dedos se tocaram. Vi seus olhos se arregalarem e seus lábios se separarem, apenas um pouco. Ela parecia um pouco atordoada quando eu sorri para ela. —Você pega esse cartão, mas entenda que o homem que está dando a você tem um passado. Ela piscou para mim e limpou a garganta. —Que tipo de passado? Não era algo que eu gostaria de contar para uma bela mulher que acabara de conhecer. Era algo que eu trabalhava, gostava de provar que tudo tinha ficado para trás, mas com esta, parecia que eu não teria essa chance. —Eu digo a todos que, para eu fazer qualquer tipo de trabalho ou, que esteja


considerando me contratar para um projeto, que eu tenho um histórico criminal. Estive preso por alguns anos, e não tenho orgulho disso. Eu não posso negar o que aconteceu. Eu era um garoto impetuoso e isso me colocou em apuros, mas eu sou o melhor no que faço, então eu espero não desencorajá-la a me ligar. Necessito de mais algumas obras. Normalmente eu recebo uma carranca preocupada, seguida por uma centena de perguntas sobre o que me levou para a prisão. Eu não ouvi nenhuma dessas da loira deslumbrante. Ela inclinou a cabeça para o lado e me considerou em silêncio por um longo momento, antes de colocar o meu cartão em sua bolsa. Acho que podia jurar que ela estava com um olhar de simpatia, quando me disse baixinho: —Eu vejo isso todos os dias, do lado de dentro. Às vezes o sistema simplesmente erra. —Um leve sorriso surgiu nos cantos de sua boca, e eu queria me inclinar e beijá-la. —Pessoas cometem erros. Esperemos que aprendam com eles. Eu não sei se erro foi o que aconteceu no meu caso, mas a completa falta de julgamento ou censura vindo dela me fez querer puxá-la em meus braços e segurá-la ainda mais. Eu tinha cometido um erro, um enorme, que eu sempre carregaria comigo, mas eu tinha aprendido com ele, ainda estava aprendendo com ele. Esse tipo de entendimento de uma total estranha era tão raro, especialmente vindo de alguém da área penal. Eu não estava acostumado a alguém olhando para mim e me enxergando só a mim, não um ex-presidiário perdedor, depois que eu explicava que fui preso. Foi descontroladamente refrescante e atraente. Eu não conseguia entender o que me atraía para essa mulher, mas eu gostaria de ter a oportunidade para descobrir isso. Eu achei seu comportamento aparentemente impecável e irretocável, e era tentadora a ideia de manchá-la com as minhas mãos sujas, e havia algo na maneira como ela me observava, o jeito que ela se virou para mim, como se ela se sentisse atraída, que me fez pensar que talvez eu não estivesse sozinho no departamento de atração inexplicável. Rowdy ficou atrás dela. Tomamos mais algumas cervejas e falamos um pouco mais sobre a sua casa e o que ela queria que fosse feito. Ela já contratou um empreiteiro, mas senti que o cara estava a desgastando. Acontecia muito nesse negócio, então eu não ficaria surpreso se ele a estivesse enrolando. Enrolar para fazer o trabalho era fácil. Ela era divertida para conversar, e muito divertida de se olhar. Eu realmente queria colocar as minhas mãos na sua casa e claro nela também, eu senti que ela estava talvez, tipo, ligeiramente se inclinando na mesma direção, quando eu cometi o erro de perguntar sobre seu passado. Eu perguntei sobre onde ela vivia antes de descobrir sobre Rowdy, e ter decidido se mudar para Denver, para que pudesse conhecê-lo. Eu estava curioso sobre o tipo de vida que ela tinha, que pôde deixar tudo para trás e não sentir falta. Realmente, eu queria saber se tinha um namorado ou marido escondido em algum lugar, mas a simples pergunta deve ter tocado algum nervo. A próxima coisa que eu soube, foi que ela pagou a conta para nós dois e desapareceu na noite. Ela passou de brilhante e radiante para frígida e intocável, no espaço de um batimento cardíaco.


Achei que fodi tudo por ser muito franco, como sempre. Ela provavelmente tinha outra pessoa, e tinha sido simpática e educada só porque eu era um bom amigo de seu irmão. Eu pensei que nunca iria ouvir falar dela novamente e fiquei perplexo, por que esse pensamento fez doer no peito, e meu coração parecia pesar duas toneladas. Imagine minha surpresa quando ela me ligou e me contratou para reformar sua casa uma semana depois, sem um orçamento, sem um contrato, mesmo sem saber se eu era tão bom quanto eu dizia ser. É claro que eu aceitei, mas soube ali que precisaria derrubar e arrumar muito mais do que as paredes da casa, a fim de conseguir algo bonito e duradouro.


EPÍGRAFE O AMOR É AMIZADE QUE PEGOU FOGO. É ENTENDIMENTO TRANQUILO, A CONFIANÇA MÚTUA, PARTILHA E PERDÃO. É A LEALDADE DURANTE OS BONS E MAUS MOMENTOS. ELE SE CONTENTA COM MUITO MENOS QUE A PERFEIÇÃO E ACEITA AS FRAQUEZAS HUMANAS. ANN LANDERS


CAPÍTULO 1 Sayer Seis meses depois —Não consegue dormir? A pergunta suave fez com que a taça de vinho branco que eu estava bebendo, caísse dos meus dedos como se fosse uma cerveja barata, e fizesse um barulho ruidoso ao atingir o piso de madeira lindamente restaurado debaixo dos meus pés descalços. O vidro quebrado e o vinho espirraram por toda parte, enquanto eu colocava a mão no meu peito e olhava por cima do ombro, para o fantasma pálido da jovem com quem eu dividia a minha casa recentemente reformada. Seus olhos castanhos claros estavam enormes no rosto, e, como sempre, ela parecia uma corça delicada, pronta para fugir a qualquer ruído ou movimento rápido que eu fizesse. Eu respirei fundo para me acalmar e cautelosamente saí da área com vidro quebrado para que eu pudesse pegar um pano e uma vassoura para limpar a bagunça. —Por que você não está dormindo, Poppy? Eu sabia a resposta. A velha casa Vitoriana, que eu comprei algumas semanas depois de me mudar para Denver, era enorme, tinha três pavimentos, era feita de madeira resistente, e tinha portas espessas e sólidas em cada quarto. Nada disso era suficiente para manter os sons dos gritos de terror desta jovem mulher, quando ela tinha pesadelo após pesadelo. Eles não eram tão frequentes quanto quando ela se mudou para minha casa. Na verdade, eles quase nunca me afastavam dos meus sonhos conturbados, mas de vez em quando eu ouvia sua voz através das paredes, ouvia soluços que partiam do coração, ecoando através das vigas, e meu coração se partia por ela. Ela colocou uma mecha de seus longos cabelos cor de caramelo atrás das orelhas e levantou uma sobrancelha para mim. —Pesadelo. E você, Sayer? Porque ainda está acordada? Limpei a garganta quando me abaixei para varrer o vidro. Era tarde. Eu estava muito cansada. Eu teria um dia cheio no trabalho amanhã e precisava acordar cedo, o suficiente para que eu pudesse ir para a academia, antes de ir para o escritório.


Eu também tinha concordado em tomar uma bebida com um amigo, também advogado, depois da minha audiência no final do dia. Era um encontro que eu já tinha remarcado duas vezes, então eu não podia voltar a desmarcar novamente sem parecer uma idiota completa. Fazer tudo isso com apenas algumas horas de sono não era o ideal, mas eu estava ficando acostumada a correr recentemente. Eu também estava tendo sonhos que me acordavam no meio da noite, que me deixavam abalada, aquecida, e que não me deixavam ficar na cama. Só que meus sonhos não eram de terror, eram bons. Ah, bons pra caralho. Eles eram mais do que bons. Eles eram os melhores sonhos que eu já tive. Inferno, os sonhos eram melhores do que qualquer tipo de experiência sexual e real que já tive acordada. Eles eram o tipo de sonhos que me faziam gozar, em um sono profundo, enquanto eu arfava e suava. Acordava enrolada nos lençóis e me tocando, porque o homem que participava de todos e de cada um deles, não estava por perto. Controle era tudo para mim, e Fuller me fazia querer perder esse controle, mesmo quando estava dormindo em sua própria cama do outro lado de Denver. Eu tinha pago a ele uma fortuna para transformar essa arruinada e caída casa em uma casa digna e magnifica, e assim foi que Zeb Fuller colocou as mãos em todos os meus sonhos da vida real, e também nos impertinentes e queridos sonhos das madrugadas. Ele tinha terminado a reforma há algumas semanas, e desde então eu sentia falta dos sons de marteladas, perfuração, e o estrondo de sua voz profunda. Todas as coisas sensuais e sujas que secretamente eu queria que ele fizesse comigo, estavam me perseguindo na terra dos sonhos, para deixar minhas manhãs difíceis e algumas olheiras sob meus olhos. Eu estava pálida, então não havia como esconder a evidência do efeito de Zeb Fuller em mim. Era estupidamente simples. Eu tinha uma paixão que não poderia concretizar, e isso me apavorava. Fazia-me sentir fora de equilíbrio, insegura, e sexualmente frustrada, queria arrancar todo o meu cabelo loiro pelas raízes, apenas para me distrair. Gemi suavemente quando um pedaço de vidro espetou meu dedo, quando me abaixei para colocar os cacos na pá. Eu coloquei o dedo sangrando na minha boca e grunhi de aborrecimento comigo. Eu tinha aprendido antes mesmo de apreender a andar, que mostrar qualquer tipo de emoção era uma fraqueza, uma falha fatal, que acabaria com você em lágrimas, enquanto o vencedor estaria sobre você, vendo você chorar e quebrar, com um olhar de pena e desgosto no rosto. Eu não devia ter saltado quando Poppy me assustou. Era para eu ser feita de um material mais duro do que isso. Eu não reagia da mesma forma de sempre. Poppy ainda estava olhando para mim com curiosidade e os olhos arregalados, então eu tirei meu dedo da boca e limpei na calça de yoga que eu tinha colocado para dormir. —Eu estava tendo sonhos estranhos, também. Eu pensei que um copo de vinho me ajudaria a voltar a dormir. —Meu tom era mais gelado do que eu queria que fosse, mas velhos hábitos são difíceis de mudar. Minha frieza era um hábito e também uma armadura.


Ela mudou seu pé de apoio um pouco e, novamente, eu me lembrei de uma criatura da floresta, tímida, sempre pronta para fugir do perigo. Ela era tão bonita, tão delicada, e ninguém deveria ter que suportar as coisas que esta jovem suportou durante a sua curta vida. Poppy Cruz era apenas alguns anos mais jovem do que eu, vinte e oito anos, mas quando seus olhos cor de âmbar me avaliavam com sabedoria, parecia mais velha, parecia que ela estava muito a minha frente, tanto na vida, como em experiência. Mesmo eu tendo sido criada por um pai que era um tirano, e tendo que suportar a minha mãe, que o amava e tentou agradá-lo até seu último suspiro, antes que eu tivesse idade suficiente para dirigir. Meus anos de formação tinham sido gastos tentando viver de acordo com padrões que eu nunca poderia alcançar e de luto pela perda de uma mulher que eu amava e detestava igualmente. —Você está um monte de noites sem dormir, desde que Zeb terminou todo o trabalho na casa. Você parece... instável. Eu queria revirar os olhos, irritada comigo mesma, mas me segurei. Eu não deveria me mostrar de forma alguma a ninguém. Minhas rachaduras estavam começando a aparecer e isso me deixava nervosa. Instável era outra palavra para definir tesão suficiente para escalar as paredes? Porque se assim fosse, então sim, eu estava definitivamente mais instável. E eu me sentia ridícula. Eu nunca, antes, tinha deixado o simples pensamento de um homem me distrair ou me fazer perder o sono. Era para eu ter mais controle do que isso. Coloquei o vidro quebrado em uma sacola de plástico e joguei tudo no lixo. Levou mais alguns minutos para limpar o vinho que estava no chão e que tinha espirrado no armário e na geladeira. —Eu acho que eu me acostumei a viver no caos da construção. Tudo parece tão limpo e arrumado agora. Tão novo. Eu tenho certeza que vou me acostumar com isso. Esta é a minha casa dos sonhos, a que eu sempre quis. Eu acho que talvez o fato de finalmente possuí-la ainda está em fase de adaptação. Isso é tudo. —Eu tinha crescido em uma casa onde o que eu queria ou precisava não era permitido, por isso o fato de que eu tinha algo que era meu, que era tangível, sólido e real, algo que era intocado pela mácula do passado, ainda me tirava o fôlego quando eu pensava sobre isso. Eu deixei tudo impecável e peguei uma garrafa de água da geladeira antes de me voltar para Poppy, quando ela disse em voz baixa: —Eu pensei que talvez estivesse sentindo falta de ter Zeb por perto. Ele é meio difícil de ignorar. Ele com toda a certeza era difícil de ignorar. Alto, tatuado e forte como um cara que carregou muito material pesado e balançava um martelo como o Thor, Zeb era impressionante, para dizer o mínimo. Mas ia além dos músculos endurecidos pelo trabalho, cinto de ferramentas na cintura, e o charme sedutor que ele


gostava de jogar tão facilmente. Havia algo firme como uma rocha e uma certeza que brilhava de seus olhos verdes escuros quando ele olhava para o mundo ao seu redor, e as pessoas para ele. Havia uma confiança inerente, uma confiança que derramava dele quando olhava para uma pessoa, ele sabia, sem dúvida, que o que ele estava colocando sobre a mesa era mil vezes melhor do que qualquer outra pessoa tinha para oferecer. Deus, eu mal conseguia lidar com o calor, quando ele sorria e esfregava a mão sobre a barba bem aparada. Especialmente quando esse sorriso, eu sabia, era dirigido diretamente para mim. Eu nunca tinha gostado de barba, eu sempre pensei que preferia um homem bem barbeado e bem vestido. Um homem que ficava ótimo em um terno e gravata, e sabia tudo sobre colônia cara e produto de cabelo nas quantidades apropriadas. Como se viu, o que realmente ligou o interruptor da minha libido, geralmente inativa, foi um cara que parecia conseguir cortar uma árvore com um golpe, tinha cabelos castanhos escuros indisciplinados que pareciam raramente ver um pente ou escova, muito menos qualquer tipo de produto. Foi um cara que fez uma camiseta suada e jeans rasgado, parecer a última moda, que me manteve acordada durante toda a noite, enquanto eu fantasiava como seria a sensação dessas mãos calejadas, pelo trabalho, deslizando por toda a minha pele nua. Eu não sabia o que Zeb Fuller tinha feito para mim ou ao meu bom senso. Tudo o que eu sabia era que ele não me deixava dormir de noite, e fazia me ressentir de cada vez que fiquei indiferente e fria quando ele flertava comigo. Eu odiava não conseguir agir normalmente com ele por perto, porque tudo que eu queria fazer era rasgar as suas roupas e subir em cima dele. Eu não estava familiarizada com qualquer uma dessas emoções, assim, para me defender, sufoquei todas elas. Meu constrangimento e inaptidão em face da masculinidade ostensiva de Zeb, significava que eu nunca conseguia encontrar palavras para além de brincadeiras educadas, clichês e chavões, que eu não tinha nenhuma dúvida de ter lhe dado a impressão de que eu não era nada mais do que uma cadela metida. Nunca tive intenção de tratá-lo como um contratado, mas de alguma forma era isso exatamente o que eu tinha feito, e agora o trabalho foi concluído, Zeb se foi há muito tempo, e eu estava tendo orgasmos fantasmas, simplesmente pensando em ter suas mãos e boca em mim enquanto eu me virava na minha cama vazia e muito solitária. Então sim, eu sentia falta de tê-lo por perto. De poder observá-lo, ouvi-lo, e até mesmo sentir o seu cheiro, o aroma único, que todos os homens que trabalhavam duro para ganhar seu dinheiro pareciam ter. Suor e realização, misturado com algo que simplesmente gritava trabalho duro e sexo. Eu empurrei o meu cabelo comprido por cima do ombro e levantei as sobrancelhas para Poppy, em uma expressão de questionamento similar a dela. —Você não parecia se importar com ele vagando pela casa enquanto estava aqui. —Eu disse casualmente.


Poppy tinha tido uma experiência terrível com seu ex-marido abusivo, e como resultado a bela jovem havia se esquivado de todo o contato físico com o sexo oposto, incluindo o meu irmão, com quem tinha crescido. Era assustador, e quando comecei a mexer na casa, eu me preocupava em como Poppy lidaria com tantos homens estranhos, dentro e fora da casa que tinha sido seu santuário desde que ela começou a se recuperar de seu sequestro. Inicialmente ela lidou com Zeb e sua equipe andando pela casa, sem sair do quarto. Ela passava o dia todo trancada lá dentro com uma cômoda na frente da porta, até uma noite, quando eu deveria chegar em casa mais cedo para olhar amostras de tinta com Zeb, mas me atrasei. Quando finalmente cheguei, fiquei chocada ao encontrar o gigante barbudo e a flor frágil, com suas cabeças inclinadas, enquanto olhavam para amostras de tinta na minha cozinha. Eu estava tão atordoada que, quando Zeb mencionou que Poppy gostou de um tom incomum de laranja avermelhado para as paredes, eu cegamente concordei com a escolha, embora neutro e tranquilo fosse muito mais meu estilo pessoal. Após a tinta ser aplicada nas paredes fiquei surpresa com o quanto eu adorei. Levei alguns dias para perceber que era do mesmo tom que um campo de papoulas, e então eu amei ainda mais. Quando Zeb saiu, eu ternamente perguntei a Poppy sobre como o grande homem a tinha persuadido a sair de sua fortaleza. Foi realmente simples. Ele disse a ela que precisava da opinião de uma mulher. Ele queria ter certeza de que ele estava fazendo as coisas direito na casa e deu a ela a escolha e o controle. Se eu já não quisesse beijá-lo, sua simples compreensão de como era necessário para Poppy retomar as rédeas de sua vida, isso teria me feito pular em cima dele. Zeb Fuller era um cara legal. Ahh... Um cara legal que eu não conseguia parar de pensar ou imaginar nu. Ele tinha tatuagens em ambos os lados do pescoço que saíam pelo colarinho da camisa. Ele tinha tatuagem que decorava a parte de trás de cada mão e selvagens redemoinhos e imagens que cobriam cada centímetro de ambos os braços. Eu queria ver o que mais marcava sua pele e, em seguida, eu queria arrastar a minha língua em cada pedacinho delas. Poppy limpou a garganta e se aproximou para pegar uma garrafa de água da geladeira. Ela inclinou-se ao meu lado na ilha da cozinha com tampo de mármore e suspirou baixinho. Até mesmo os ruídos que ela fazia pareciam a luta de uma flor frágil para ficar em pé no vento. —Eu gosto de Zeb. Fiquei surpresa, mas eu realmente gosto. Ele me lembra de Rowdy, ele não olhou para mim com pena. Nem uma única vez. Um dia, eu vou ter que deixar esta casa, voltar ao trabalho, eu sei que isso significa que tenho que parar de pensar que todos os homens lá fora vão me machucar. Zeb é enorme; quero dizer, ele é tão grande, mas nada nele é assustador e ameaçador quando você começa a conhecê-lo. Eu acho que ele foi uma boa escolha para eu praticar, e eu adorei a forma como a cozinha ficou. Eu teria morrido se acabasse ficando feia, considerando que foi a primeira decisão que eu tomei por um tempo muito longo.


Rowdy era meu irmão mais novo, que eu não sabia que existia até um ano atrás quando meu pai morreu, deixando seus segredos impressos em preto e branco em seu testamento. Rowdy tinha crescido em circunstâncias totalmente diferentes da minha, com Poppy e sua irmã mais velha, Salem. Depois de algum tempo e uma tragédia, Rowdy e Salem tinham descoberto que eles estavam destinados a ficar juntos para sempre, o que significava que ele se importava ainda mais com Poppy, e seu atual estado de espírito, do que ele normalmente se importaria. Ela era da família e agora que eu tinha encontrado Rowdy, tinha deixado para traz a minha antiga vida, me mudei para o outro lado do país para conhecê-lo, assim a facada final do meu pai nas minhas costas, seu último ato cruel de manipulação, tinha sido realmente o melhor e único presente que ele tinha me dado. Estendi um braço e o envolvi em torno de seus ombros magros para que eu pudesse lhe dar um abraço. Ao contrário de sua irmã mais velha, em Poppy faltava qualquer tipo de curvas ou força. Ela era uma criança abandonada e às vezes eu pensava que ela desapareceria diante dos meus olhos. Eu também não fiquei muito surpresa quando ela se afastou de mim. Ela não era a maior fã de tocar, mesmo se isso viesse de um lugar seguro. —Eu posso chamá-lo de volta para... Eu não sei, eu vou pedir a ele para construir um deck, ou uma cerca, ou algo assim, se você quiser praticar mais. —Eu estava apenas metade brincando. Eu adoraria uma desculpa para tê-lo de volta diante da minha vista. Poppy riu e foi um som tão raro e precioso que fez meu coração apertar bem forte. Eu nunca tive uma companheira antes, nunca compartilhei o meu espaço com ninguém, nunca tive ninguém mais para dedicar o meu tempo, além dos meus clientes. Eu apreciava o tempo que passava com esta jovem mulher, tanto que muitas vezes eu me perguntava se Poppy estava curando mais do que ela mesma em sua jornada para retomar sua vida. Eu me recusava a reconhecer as cicatrizes e feridas gravadas profundamente na minha mente, que infestavam toda a minha alma, por crescer sob os cuidados do meu pai. Mas, ocasionalmente, Poppy dizia alguma coisa, ou me tocava, ou o meu irmão mais novo ligava apenas para saber de mim, e as lesões antigas que eu propositadamente ignorava, começavam a formigar como se elas lutassem para surgir, apesar da minha recusa persistente de que elas existiam. —Não, mas obrigada pela oferta. Rowdy me liga toda quinta-feira, quando Salem sai com as amigas e me convida para jantar com ele. Eu sempre digo não, porque eu entro em pânico com o pensamento de ficar sozinha com ele e sair em público com outras pessoas em volta, mas acho que da próxima vez que ele chamar, sei que poderei dizer sim. Eu posso fazer isso. Eu balancei a cabeça e tentei não parecer muito animada. Eu não queria pressioná-la de maneira nenhuma. —Isso vai deixá-lo muito feliz e eu acho que vai ser bom para ambos. —Eu a cutuquei com o cotovelo. —E se você precisar que eu saia do trabalho mais cedo ou quiser que eu vá, porque vai sobrecarregá-la, basta dizer uma palavra e eu faço isso acontecer. —Rowdy entenderia se ela precisasse de mim como um escudo. Ele sempre entendeu.


Ela me deu um sorrisinho que parecia de um passarinho tentando descobrir como voar pela primeira vez. —Obrigada. Isso significa muito. —Ela caminhou ao redor da ilha gigante e foi em direção ao quarto dela, que era na parte de trás da casa e ficava o mais longe possível da minha suíte no sótão. Eu sabia sobre seus gritos de terror e havia deixado claro que seria o mais discreta possível, enquanto se recuperava em minha casa. —Boa noite, Sayer. Bons sonhos. Havia uma nota de humor em sua voz que me fez pensar que talvez eu não tivesse sido muito discreta sobre o que, ou melhor quem, me mantinha acordada durante a noite, como eu pensava. Eu suspirei e fui para o meu quarto. Zeb tinha transformado o espaço do sótão, abandonado e decrépito, em um lugar que qualquer um gostaria. Era moderno, mas ainda tinha o charme do vintage que vinha com uma casa antiga. As cores eram cinza e azul suave. Era um lugar onde eu poderia ficar isolada do resto do mundo, depois de um dia difícil no tribunal ou quando eu tinha um cliente e um caso que eu não conseguia me desligar. Ele me fez um paraíso na minha própria casa, a única coisa que o tornaria ainda melhor seria se ele estivesse nu na maciça cama de dossel, king-size, comigo. Eu me chamei de idiota, enquanto arrumava os lençóis emaranhados e os travesseiros jogados em todas as direções. Meu Zeb imaginário despertava mais reação em mim e no meu corpo, do que meu real ex-noivo jamais conseguiu. Eu tinha ficado envolvida com Nathan por anos, e não teve uma vez em que ele fez o meu corpo tremer, flutuar, ou arrepiar da cabeça aos pés à beira de uma explosão de calor. Foi por isso que eu mantive nosso relacionamento por tanto tempo. Não havia paixão, não havia a pressa da luxúria e desejo, que eu não estava preparada para lidar. Nathan era seguro, fácil, e eu não tinha que fingir que não sentia nada, porque eu legitimamente não sentia nada diferente da segurança branda que estar com ele oferecia. Não havia nada de errado com Nathan. Ele era gentil. Ele tinha um bom emprego. Ele ficava bem de terno e gostava de todas as mesmas coisas que eu..., assim, como todas as coisas que me convenceram de que eu gostava dele, até que meu pai morreu e minha vida virou de cabeça para baixo. E eu realmente acreditava que Nathan me amava, mesmo que eu não fosse muito sensível emocionalmente e trabalhasse de forma exagerada. Ele se preocupava muito comigo, mesmo que ambos soubéssemos que nossa vida no quarto jamais seria explosiva e que ele nunca seria a minha prioridade. Foi preciso o falecimento do meu pai e a descoberta do meu irmão para que eu percebesse que não importa o quanto Nathan se esforçasse em aceitar a minha personalidade fria, a nossa relação era, em última análise, uma que eu não escolhi para mim. Era uma relação que eu escolhi para fazer meu pai feliz e para afastá-lo de mim. Peguei Nathan porque era o que se esperava que eu fizesse. Eu sabia que Nathan merecia mais do que alguém que só estava se dedicando o mínimo,


apenas para manter o relacionamento vivo. Por isso, apesar dos seus protestos e das suas garantias de que eu era tudo o que queria, não importava o que parecia, eu terminei o noivado e embalei minhas coisas e me mudei para o Colorado em busca de uma nova vida e uma nova família. Fiquei absolutamente chocada e surpresa quando um sujo, orgulhoso, e robustamente bonito Zeb Fuller se sentou na minha frente em uma mesa minúscula de bar enquanto eu falava com Rowdy. A maneira que Zeb me afetou foi uma das principais razões para que eu não desmarcasse o encontro com Quaid Jackson amanhã. Quaid era o tipo de cara que parecia gostar de loiras reservadas, que ficavam mais à vontade na frente de um juiz do que entre os lençóis, e também o fato dele ser tremendamente bonito e extremamente cortês. O termo “mulherengo” tinha sido inventado para caras como Quaid, o jeito que eu me sentia perto dele era agradável, morno, mas geralmente, não ficar afetada era uma reação com a qual eu estava familiarizada. Quaid não me fazia entrar em pânico, ou querer me despir e me jogar nele. Com Quaid eu estava segura. Ele era um advogado de defesa criminal que tinha uma reputação lendária em Denver. Nós tínhamos nos conhecido quando a minha empresa lidou com seu divórcio, muito confuso e muito público, não muito tempo atrás, então eu realmente esperava que tudo o que ele tivesse em mente, fosse um encontro entre amigos, porque não havia como o homem estar pronto para começar qualquer coisa séria após o tipo de acidente de trem que ele acabou de passar. Eu esperava que, passar algum tempo e ter a atenção do advogado loiro, forçasse meus hormônios a se acalmarem e pararem de gritar o nome de Zeb. Depois desta noite, eu não estava tão certa de que funcionaria, mas pelo amor de Deus, eu precisava dormir um pouco e eu estava desesperada. Arrumei a cama, coloquei os travesseiros de volta no lugar, e apaguei as luzes. Olhei para o teto e orei para que o resto da noite fosse livre de Zeb. É claro que, assim que minhas pálpebras ficaram pesadas e dormi, comecei a me agitar, comecei a me perguntar como seria beijar uma boca que estava escondida por uma barba, e isso, naturalmente, levou a pensamentos sobre como a barba no rosto me faria sentir, uma vez que esfregasse contra outras partes do meu corpo. Meus olhos se abriram, então eu gemi e desisti. Era ou um banho frio ou eu mesma teria que satisfazer o meu desejo. Não parecia tão agradável quanto os pensamentos que estavam me acompanhando, mas uma menina tinha que fazer o que precisava fazer e, infelizmente, eu tinha ultimamente tido que cuidar demais das minhas próprias necessidades. Estúpida paixão ilógica. Isto era uma tortura e o único consolo que eu tinha era que no passado, eu sempre tinha sido muito fria, muito distante de minhas emoções, nunca senti nada assim. Era a minha primeira paixão na minha vida e parecia que ela poderia me matar.


CAPÍTULO 2 Zeb Virei a cabeça quando um dos caras da minha equipe chamou meu nome, e imediatamente lamentei o lapso de concentração. Por trás da máscara que eu usava para proteger meus pulmões de todas as coisas mortais que saíam das paredes das casas velhas, eu deixei sair um rosário de palavras sujas, quando o martelo que estava no meio caminho de bater, desceu e esmagou impiedosamente o meu polegar. Era o que acontecia no trabalho, mas ultimamente e estupidamente, acidentes evitáveis estavam se tornando cada vez mais frequentes, porque minha cabeça estava na minha bunda e firmemente enraizada no meu último trabalho, ou melhor, na loira deslumbrante que tinha me contratado para fazê-lo. Um dos caras da minha equipe, o mais jovem, Júlio, engoliu em seco quando percebeu o olhar assassino no meu rosto e o jeito que eu estava balançando a minha mão. Ele levantou suas mãos em um gesto de rendição, antes mesmo que eu dissesse uma palavra. Meu temperamento ultimamente estava com o pavio mais curto do que o habitual e os caras que compunham minha equipe tinham, obviamente, tomado conhecimento. Isso me fez sentir como um idiota, mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Minha cabeça estava toda envolvida em Sayer Cole, em suas pernas intermináveis e seu comportamento frio, e nada que eu pudesse fazer poderia me manter longe dela. —O quê? —Eu puxei a máscara de segurança do meu rosto e me forcei a fazer a pergunta em um tom mais baixo, em vez de berrar como eu queria. Apoiei meu dedo latejante com o indicador e gemi, ele queimava como se estivesse pegando fogo. Eu martelei o idiota. Ele estava com um belo tom de preto azulado quando tirei minhas luvas e eu teria sorte se a unha não caísse. —Há uma senhora na frente procurando por você. —As palavras com o forte sotaque de Júlio levaram um segundo para serem processadas. Eu levantei minha sobrancelha e coloquei o martelo no lugar dele no cinto de ferramentas de couro que pendia na minha cintura. —Procurando por mim pra quê? Ela é da prefeitura? Ou é um dos vizinhos? O Departamento de licenças sempre estava vistoriando, para se certificar de que tudo estava em ordem, quando eu começava a quebrar as paredes das casas antigas, a fim de devolvê-las à sua glória original. Eu também era muito bom em transformá-las em algo completamente novo e fantástico, mas eu ainda tinha que ter as licenças e autorizações em vigor, a fim de fazê-lo. Júlio arranhou a parte de trás do seu pescoço e corou um pouco. —Eu não perguntei. Ela é realmente bonita, apesar de tudo. —O garoto era jovem, era


adolescente ainda, mas ele era um ótimo trabalhador e realmente bom com as mãos, por isso, mesmo que ele ainda não fosse o membro mais brilhante da equipe, eu sabia que ele tinha muito tempo para aprender e crescer. Ele só precisava de alguém que não desistisse dele. Passei minhas mãos pelo meu cabelo e bufei quando uma nuvem de pó de gesso, de séculos, flutuou com o movimento. Eu estava coberto de todos os tipos de restos de construção... Sempre estava. —Fiscais podem ser do sexo feminino e atraentes, Júlio. O garoto arrastou os pés e olhou para o chão descascado. —Eu sei. Ela apenas perguntou se Zebulon Fuller estava no local e eu disse que você estava. Ela entrou pela porta da frente sem um capacete de segurança, uma máscara ou qualquer coisa, então eu disse que a casa não era segura. Eu não acho que ela é uma profissional ou qualquer coisa. Ela parece um pouco... —Ele girou o dedo ao lado de sua testa indicando que ele pensava que a mulher podia estar um pouco doida. Suspirei. Se ela não era um fiscal, ela provavelmente era uma vizinha irritada querendo reclamar sobre o barulho ou a bagunça. Acontecia o tempo todo, mas ao longo dos anos eu tinha começado a ficar muito bom em manter a paz, enquanto o meu negócio crescia e se expandia, levando a minha reputação e nome junto com ele. —Tudo bem, eu vou lidar com isso. Você pode terminar de descascar a parede e tirar o gesso para que possamos colocar o drywall até amanhã? Use uma máscara. Essa tinta velha não é boa, é perigosa. Eu lidava com a remoção de tinta de chumbo nestas casas antigas, eu tinha que obter autorização, por ser um empreiteiro. O que eu fiz nunca foi fácil e sempre existiram muitos obstáculos para saltar, mas eu continuava pelo sentimento de realização que eu sentia, salvando construções podres e caindo que acabariam condenadas ou demolidas. Eu amava dar a algo, que ninguém mais queria ou acreditava, uma segunda chance. Eu balancei o resto da poeira do meu cabelo e corri minhas mãos sobre minha barba para soltar o que estivesse preso lá também. Tenho certeza que parecia que eu tinha rolado em talco para bebês, mas não havia muito que poderia ser feito sobre isso. Eu estava no meio de um dia de trabalho, e não tinha tempo para visitantes indesejados me distraírem do meu trabalho. Eu já tinha distração suficiente me perseguindo, na forma de uma advogada adorável. Meu polegar ainda dolorido era prova disso. Dei um passo para fora do buraco na frente da casa onde originalmente havia uma porta que foi retirada e inutilizada por estar infestada de cupim, e imediatamente vi uma mulher jovem morena, que era realmente agradável de olhar, que estava andando para lá e para cá no gramado morto. Tinha os braços cruzados sobre o peito e estava se movendo de uma forma obviamente agitada, eu sabia que seja qual fosse o motivo pelo qual ela estava aqui para falar comigo, não seria divertido. Eu lancei um olhar fúnebre para a placa que estava no jardim, que


tinha FULLER CONSTRUÇÕES impresso, juntamente com o meu nome e número de telefone. Não teria sido muito difícil para ela descobrir quem estava no comando do projeto. Eu me repreendi, precisava controlar o meu humor azedo, e me obriguei a colocar o que eu esperava passar por um sorriso agradável e profissional no meu rosto quando me aproximei da mulher. —Eu ouvi que você está procurando por mim. Eu sou Zeb Fuller, como posso ajudá-la? A mulher parou e eu vi seus olhos arregalarem quando eles pousaram em mim. Eu provoco essa reação, nos homens e nas mulheres, por isso não me surpreendeu. Eu era um cara grande, realmente grande, e o fato de que eu tinha tatuagem em ambos os lados do meu pescoço e nas costas de ambas as mãos, frequentemente dava às pessoas a impressão de que eu era uma ameaça e muito mais malvado do que eu realmente era. A barba e o fato de que eu parecia poder derrubar a casa atrás de mim com as minhas próprias mãos, obviamente, a enervava. Ela descruzou os braços e levantou uma mão trêmula à boca. Foi a vez dos meus olhos se arregalarem quando a mulher de repente começou a chorar. Não lágrimas silenciosas, mas grandes soluços que abalaram sua pequena estrutura da cabeça aos pés. Eu dei um passo instintivo para frente, o que a levou imediatamente a dar um passo para trás. Eu levantei minhas mãos, para mostrar que eu não queria lhe fazer nenhum dano, e também dei um passo para trás, dando a ela espaço. —Ei, você estava me procurando. Você está no meu local de trabalho. Eu só vim para ver o que eu poderia fazer por você. —Eu odiava ver uma mulher chorar. Isso me matava. Eu tinha crescido com minha irmã mais velha e minha mãe. Meu pai partiu quando eu era muito jovem para me lembrar de como ele era, isso significava que eu sempre fui o homem da casa. Eu não deixava ninguém fazer as mulheres que eu amava chorar, por isso, quando esta ficou toda chorosa diante de mim, imediatamente me enviou para o modo protetor. —Eu realmente sinto muito se eu a assustei. Ela inclinou-se e colocou as mãos sobre os joelhos inspirou, respirações audíveis. Seu cabelo encaracolado caiu para frente para cobrir seu rosto, e eu podia ver que seus ombros ainda estavam tremendo. Eu estava ficando realmente preocupado, quando ela levantou a mão e pediu: —Apenas me dê um minuto. Você se parece com ele, me dê um minuto. —Ela ainda estava respirando pesadamente e não fazendo nenhum sentido. Foi a minha vez de cruzar os braços sobre o peito enquanto eu a observava se recompor. Levou um longo tempo. —Eu não estou entendendo. Eu pareço com quem? Ela ficou na posição vertical e passou as mãos pelos cabelos encaracolados descontroladamente. Seu olhar viajou por mim, do topo da cabeça às pontas dos pés, até minhas botas desgastadas, e quando terminou, ela estava balançando a cabeça. Não é tipicamente a reação que eu recebo quando uma mulher me olha, mas eu aceitaria, se isso significasse dar fim às lágrimas. —Eu sei que estou parecendo uma louca, mas juro que eu não sou. Levou vários dias


para localizá-lo, sendo que eu não tinha um nome ou qualquer coisa para começar. Você me pegou de surpresa. Sinto muito por perder o controle. Não era a primeira impressão que eu estava esperando causar. Eu já estava ranzinza e impaciente. Eu não tinha tempo ou paciência para lidar com esse monte de palavras, que esta mulher estava disparando para mim. —Senhora, eu não sei do que você está falando e eu tenho que voltar ao trabalho em breve. Esta casa não vai se reformar sozinha. Eu preciso que você me diga em que eu posso ajudá-la ou eu vou embora. Ela limpou a garganta e deu um passo para mais perto de mim. Eu podia vê-la escolhendo as palavras que queria usar com muito cuidado, então, ela me disse: —Meu nome é Echo Hemsley. A melhor amiga de uma mulher chamada Halloran Bishop. —Ela fez uma pausa, como se qualquer um desses nomes de mulher devesse significar algo para mim. Quando eu não respondi, ela continuou e eu podia vê-la morder o lábio e as mãos tremerem. —Halloran teve uma vida difícil. Ela fez um monte de más escolhas, tinha um gosto terrível para homens, e usou um monte de coisas terríveis para ajudá-la a lidar com seus problemas. —A mulher respirou fundo e eu podia ver as lágrimas na borda de novo. —Ela também foi a mais gentil, a pessoa mais doce que eu já conheci e eu nunca perdi a esperança de que um dia ela seria capaz de controlar sua vida. Eu fiz uma careta. —Ok, mas eu ainda não sei por que você está no meu local de trabalho. Eu não conheço você ou sua amiga. Quer dizer, eu conhecia um monte de mulheres... MUITAS... Mas de todas elas eu me lembrava, e nunca fui para a cama com ninguém sem saber o seu nome antes. Eu gostava de ser sozinho e ter liberdade para brincar, mas eu não era um babaca sobre isso. Com toda a honestidade, a minha cama tinha estado muito vazia e minhas noites muito sem intercorrências, desde que uma determinada advogada havia se tornado o centro de cada fantasia e sonho que eu tinha. Eu só a queria. Só ela, e ninguém mais. Isso era horrível, porque até agora não importa o quanto eu tenha mostrado o meu interesse, ela não correspondia. Ela parecia absolutamente alheia a tudo isso. Ou era isso, ou ela estava mantendo a nossa relação profissional e casual, porque achava que estava muito longe do meu alcance. Meu negócio estava crescendo, considerando que era recente, eu ganhei um bom dinheiro, mas mesmo com tudo o que eu tinha conseguido em um curto espaço de tempo, o fato era que eu fui e sempre seria um operário, expresidiário, sem sangue azul. Fiquei reconhecidamente impressionado e um pouco cativado quando o meu passado parecia não ser um problema, pelo menos eu acho que não foi um problema até que eu comecei a tentar expressar o meu interesse por ela. Eu fiquei irracionalmente desapontado


quando ela me congelou, depois de como calmamente ela pareceu aceitar a minha revelação, quando eu disse a ela pela primeira vez sobre o meu passado. Eu pensei que ela era diferente, que compreendia, sem julgamento, mas, quando percebi, Sayer era como todos os outros que não podiam ver além das grades, uma vez que soubessem que estive ali. Ela fingiu que não notava a maneira como eu observava cada movimento dela, e que não sentia a maneira como o ar ficava carregado e pesado entre nós, sempre que estávamos juntos. Ignorava cada elogio e todas as insinuações sexuais que eu fazia. Eventualmente, eu percebi que ela estava bem comigo trabalhando para ela, mas sair e levá-la para a cama nunca aconteceria. Ela não sentia por mim o que eu sentia por ela, e não importa o quanto eu fizesse, ela não se manifestava. Daí, o mau humor e eu éramos inseparáveis nestas últimas semanas. —Você está certo. Você não me conhece, e é muito possível que você não se lembre de Halloran, porque você só passou uma noite com ela. Você se lembra de um bar chamado Jack e Jill? —Eu apenas olhei para a mulher sem expressão, ela mordeu o lábio inferior e franziu as sobrancelhas, fazendo uma careta. —Talvez se você tentar se lembrar do dia em que saiu da prisão, vai ajudar a refrescar sua memória. Eu movi minha cabeça para trás com essas palavras e estreitei os olhos. Cinco anos atrás eu havia sido libertado da prisão depois de cumprir dois anos e meio por agressão grave. Eu me recusei a deixar que minha mãe ou minha irmã Beryl me encontrassem no dia em que eu saí; na verdade, eu não tinha sequer dito a minha família o dia em que seria solto. Na época, eu estava zangado, amargurado, e tinha tanto ressentimento e hostilidade ainda reprimidos sobre as razões por trás da minha prisão e as mudanças subsequentes na minha vida, que sabia que precisava extravasar e colocar minha cabeça no lugar antes de ver alguém que me amava. Eu precisava de alguns dias para voltar a ser o homem que conheciam, e não o que a prisão e a vida lá dentro tinham me transformado. Eu não me lembrava do nome do bar, mas eu lembro que tinha andado sem rumo por algumas quadras quando o ônibus me deixou na primeira parada em Denver. A prisão estadual estava a quilômetros de distância em Canon City e a viagem de volta para casa levou dias em vez de algumas horas. —Eu me lembro de encontrar um bar naquele dia, mas ainda não conheço ninguém chamado Halloran. Eu tive um mau pressentimento sobre onde esta conversa estava indo. Não escondia o meu passado, mas não era exatamente o meu tema favorito de conversa também. Era irritante que esta estranha parecesse saber tanto sobre mim. Aquele dia estava longe de ser um dos meus melhores. Claro, eu estava livre e era bom estar fora, mas a garota por quem eu estava apaixonado, antes que eu fosse preso, tinha seguido em frente, me deixou nem mesmo seis meses depois que eu fui embora. Enquanto isso, o bastardo que eu tinha quase matado com minhas próprias mãos ainda estava livre e sem controle, autorizado a fazer o que quisesse,


mesmo que isso incluísse usar seus punhos sobre mulheres inocentes. A injustiça de tudo isso inflamou dentro de mim, me transformando em uma bomba relógio pronta para explodir novamente. Meu fusível estava sempre preparado e apenas à procura de um dispositivo de ignição. Para domar a fúria explosiva que ainda estava agitando dentro de mim, e para matar o desejo de dois anos sem bebida e nenhuma mulher, eu percebi que o melhor lugar para relaxar seria o primeiro bar decadente em que pudesse tropeçar. Obteria uma dose de uísque e uma mulher disposta, e depois enfrentaria Beryl e minha mãe, me sentindo um pouco como meu velho eu. —Ela era desta altura. —A mulher levantou a mão alguns centímetros acima sobre sua cabeça. —Ela era loira, de olhos azuis, muito bonita e, como eu disse, super doce. Eu não perdi seu uso no passado da palavra “era”. Foi a segunda vez que ela se referiu a sua amiga dessa forma. —Era? As lágrimas começaram de novo e a mulher colocou os braços em torno de si, como se ela estivesse se um abraçando. —Como eu disse, Halloran tinha hábitos terríveis e péssimo gosto por homens. Ambas as coisas acabaram com ela na semana passada. Ela foi morta a tiros durante um negócio com droga que deu errado na East Colfax. Seu novo namorado era traficante de drogas e pensou que era perfeitamente seguro levá-la junto em sua pick-up. Halloran deveria conhecer o perigo, mas ela nunca pensava em coisas como esta. Eles foram atacados por um negociante rival e sua gangue. Halloran foi baleada onze vezes, o namorado foi atingido mais de vinte. A mulher mal conseguia articular as palavras, e eu não podia ficar de braços cruzados por mais tempo, enquanto ela soluçava no meu local de trabalho. Eu andei até ela e a puxei para um abraço apertado, embora ela fosse uma estranha e não fizesse qualquer sentido. Ela precisava de alguém para confortá-la e eu era o único por perto para fazer isso. —Sinto muito sobre sua amiga. Ela não me abraçou de volta, mas ela acenou com a cabeça pressionada contra o meu peito. Ela tomou outra respiração e se afastou de mim, enquanto limpava seu rosto com as costas da mão. —Você pode não se lembrar dela, ela me disse que na noite em que te conheceu você estava muito bêbado, muito irritado e também um pouco triste. Ela estava no bar porque seu namorado na época, a tinha expulsado depois de bater nela, ela não tinha outro lugar para ir. Ela disse que vocês dois começaram a falar sobre suas histórias de horror; você disse a ela tudo sobre o cara que bateu em sua irmã e como você foi para a cadeia porque você o parou. Ela ficou fascinada. Você era corajoso, protegeu alguém que não poderia se defender, e bem... olhe para você. —Ela acenou com a mão em minha direção, quando pedaços daquele dia começaram a surgir na minha memória.


Eu sempre tive uma coisa por loiras. Adicione um pouco de tragédia e uísque à mistura e havia uma chance muito boa de que eu tinha encontrado álcool e sexo, e simplesmente não conseguia lembrar de nada. Eu vagamente me lembrava de sentar no bar, enquanto alguém que cheirava docemente olhou para mim com olhos azuis tristes, e sentou no banquinho ao lado do meu. Lembrava de palavras carregadas e beijos solenes. Lembrava de toques suaves e pedidos de bebidas. Eu até me lembrava do edredom do motel, sem dizer que eu tinha acordado, enjoado e de ressaca como um filho da puta. Eu não conseguia me lembrar da menina, o nome dela, como ela era, mas eu me lembrava de que ela me fez sentir melhor apenas por um momento e que eu queria machucar a pessoa que a deixou tão triste. —Você está tentando me dizer que eu transei com sua amiga? —Eu não negaria que essa era uma possibilidade forte, e o motivo pelo qual essa mulher me procurou depois de tudo, é que estava me fazendo suar frio. Eu podia ver claramente o que viria a seguir. Simplesmente não parecia possível. —Sim. Vocês transaram, mas como sempre, Halloran fez a escolha errada e voltou para o cara que estava batendo nela. Ela me disse que pulou fora, na manhã seguinte, sem sequer lhe dizer o seu nome. A mulher que disse que eu deveria chamá-la de Echo enfiou um pouco de seu cabelo crespo para trás das orelhas e olhou para mim com olhos castanhos cansados. —Ela te viu no noticiário quando eles fizeram a reportagem sobre a loja de tatuagem que você estava reformando em LoDo. Eu não acho que ela queria me dizer, mas saiu... Assim que te viu na TV disse: “Esse é o pai de Hyde”. Eu sabia que estava chegando, tinha sentido assim que ela me disse que eu tinha transado com a amiga. Fúria, uísque e uma triste menina bonita caminhavam realmente para más decisões da minha parte. Eu fazia sexo desde que eu tinha quinze anos, eu poderia contar o número de vezes que eu tinha feito isso sem proteção, com a maioria dos meus dedos sobrando. Infelizmente um desses momentos foi a noite em que saí da cadeia. —Você está me dizendo que eu sou pai de uma criança com a sua amiga morta? —Soei duro, mas minha cabeça estava girando e de repente eu estava tendo dificuldade em respirar. O chão sob minhas botas estava menos sólido do que estava há um minuto e tudo dentro de mim queria chamá-la de mentirosa e tirá-la da minha vista. Ela assentiu com a cabeça. —Sim. Quero dizer, no momento eu realmente não sei. Halloran teve um monte de namorados e Hyde teve um monte de tios “especiais” ao longo dos anos. Eu não incomodaria você, nunca teria tentado encontrá-lo se não fosse uma emergência. Por conta de como ela morreu e seu histórico de uso de drogas, o Estado tomou Hyde. Ele está com o Serviço Social agora, a caminho de um lar adotivo. Se você não fizer algo, eles o colocarão em um orfanato e depois tentaram a adoção. Ele vai se perder no sistema.


Não aceitei ou recuei um passo. —Se eu não fizer algo? Sério, senhora, eu nem sei se o que você está me dizendo é verdade. Ela assentiu com a cabeça e enfiou a mão em seu bolso de trás até que tirou um telefone celular. —Eu sei que é súbito, e eu sei que é loucura. Mas Halloran quase não tinha família e os que existem não tem nada a ver com ela ou Hyde, não há parentes que possam ou estejam interessados em pegá-lo. Eu me ofereci, mas eu trabalho muito e minha trajetória não é exatamente impecável, então eles me descartaram o mais rápido que puderam. Eu também tive alguns maus hábitos e gostei do tipo errado de homens, quando eu era mais jovem. Felizmente eu entrei na linha antes que fosse tarde demais. —Ela engoliu em seco. —Eu facilmente poderia ter terminado como minha amiga. Ela piscou para mim, em seguida, voltou sua atenção para seu telefone. —Pode ser louco e difícil para você acreditar, mas você tem um filho e se você não fizer algo em breve ele vai se tornar nada mais do que um número de processo no arquivo de algum assistente social. Foi a minha vez de balançar a cabeça. Eu queria dizer a ela para sumir. Eu queria dizer que ela era louca e estava falando bobagem, mas eu nunca tinha sido o tipo de homem que fugia das bagunças que eu criava ou das minhas responsabilidades. Então, quando ela virou o smartphone para mim, eu peguei dela como se ele fosse me morder. Segurei o pequeno dispositivo na minha mão e olhei atordoado para a imagem de uma mulher muito bonita loira com os braços envolvidos em torno de um menino em jeans rasgado e uma camiseta dos Transformers. Ele tinha cabelo ondulado castanho escuro, olhos grandes que eram de um verde escuro, e um sorriso faltando alguns de seus dentes. Ele também tinha uma covinha muito familiar no seu rosto gordinho. Ele era alto para uma criança pequena, e enquanto eu olhava para a imagem na minha frente, eu não pude evitar, mas senti como se eu estivesse olhando para uma foto minha na infância. Minha mão ficou dormente e o telefone caiu no chão. Echo não disse nada. Ela apenas se abaixou para pegar o aparelho e estendeu na minha frente. —Há centenas se você quiser ver. A semelhança é surpreendente, não é? É por isso que eu me apavorei quando o vi pela primeira vez aqui fora da casa. É como olhar para Hyde no futuro, quando ele for crescido. Ele parece com você. Ele acabou de fazer cinco, de modo que você pode fazer a matemática se a imagem não for suficiente para convencê-lo que ele é seu. Ele parecia comigo. Ele realmente parecia, porra. Passe a mão sobre a minha barba e considerei, pensativo.


—Por que sua amiga não tentou me encontrar? Por que ela não pediu ajuda? —A ideia de que uma parte de mim, um pequeno ser humano que eu tinha ajudado a fazer, tinha estado lá fora, no mundo todos estes anos sem me conhecer, tinha feito surgir aquela velha raiva e ressentimento. Lutei para mantê-la presa, uma revolta profunda em minhas entranhas. —Eu te disse, ela voltou para o cara com quem ela estava. Eu não acho que ela realmente sabia quem era o pai de Hyde, até que ele nasceu. Era bastante óbvio quando ela o teve que não era de seu namorado, já que ele era mexicano e Hyde obviamente não é. A menina se encolheu e empurrou o telefone de volta no bolso. —O namorado bateu muito nela quando ela saiu do hospital, ela quase morreu em seguida. Isso a obrigou a ficar limpa por um tempo, ela não queria que seu recém-nascido ficasse sem mãe, mas quando Hyde cresceu um pouco, Halloran começou a voltar aos seus velhos hábitos. Ela provavelmente poderia tê-lo procurado, apresentado o seu filho, mas ela estava mais preocupada em perseguir a próxima dose e não incomodar seu novo homem, fazendo algo que poderia beneficiar o seu filho. Como eu disse, Halloran era doce e gentil, mas ela não era uma mãe muito boa. Quer dizer, eu acho que ela tentou ser, ela simplesmente não sabia como. Hyde em tão poucos anos teve uma vida de merda. Você poderia fazer uma enorme diferença na vida desse menino, Sr. Fuller. Ele é um grande garoto, extrovertido e engraçado. Você nunca saberá o que ele passou. Ele merece um lar de verdade. Ele merece um pai para amá-lo e cuidar dele. Eu coloquei uma mão em cima do meu martelo e soltei uma respiração pesada. Eu senti como se o mundo inteiro tivesse mudado em torno de mim e começado a girar na outra direção. —Eu tenho um filho? —Eu não tinha certeza se as palavras saíram ou se eu apenas estava pensando nelas, mas elas pareciam tão bizarras e estranhas na minha língua. Ela assentiu com a cabeça novamente e desta vez a expressão dela estava cheia de simpatia e conhecimento. —Olha, eu sei que isto é um choque. Eu sei que você pode voltar para aquela casa e não fazer nada, porque você acha que eu sou uma mentirosa ou uma louca, mas era uma atitude que eu tinha de tomar, porque a última pessoa que deve ser forçada a sofrer, pelas escolhas infelizes de sua mãe outra vez, é o garotinho. Ele me faz desejar ter vivido uma vida melhor, ter sido uma pessoa melhor desde o início para que eu pudesse ajudá-lo. —A minha história não é exatamente uma que vai me ganhar um prêmio, ou fazer qualquer um pensar que eu sou um pai nobre. —Eu estava muito familiarizado que os pecados do passado têm um efeito duradouro sobre o aqui e agora. —Talvez. Mas você não acha que deve pelo menos tentar? Você vai ser capaz de viver consigo mesmo se houver uma pequena possibilidade de que Hyde seja seu e estranhos tenham a responsabilidade pelo seu cuidado? Eu estive no sistema. Não é bonito e a maioria


das crianças que sai do sistema acaba na cadeia e ainda mais confusa do que quando entrara. Se você pode impedir isso, por que não? Eu sabia que ela estava certa, porque Rowdy tinha passado a sua juventude órfão e, em seguida, sua adolescência em um orfanato. Ele não era revoltado, nunca tinha sido preso, mas sempre que ele mencionava seu passado, não tinha lembranças felizes com luz do sol e arcoíris. Eu suspirei de novo e levantei a mão para esfregá-la em volta do meu pescoço. —Tudo bem, senhora... Quero dizer, Echo, eu não vou fazer nenhuma promessa, mas eu tenho uma cliente que é advogada de família, vou falar com ela e ver o que ela acha que eu posso fazer. Eu imagino que o primeiro passo seria provar que o menino é meu. Não creio que sua amiga me colocou na certidão de nascimento? A morena mordeu o lábio de novo e balançou a cabeça negativamente. —Está em branco. Olhei logo após o funeral quando o estado veio e levou Hyde. Eu estava esperando encontrar um nome, mas como eu disse, não acho que ela realmente sabia quem era o pai, ela estava com tanto medo de seu homem no momento, que não havia nenhuma maneira dela colocar o nome de outro. Tudo que eu tinha era o comentário dela quando te viu na TV. Na verdade, eu fui para a loja de tatuagem e pedi a eles o nome da pessoa que tinha feito as reformas. A loirinha toda tatuada na recepção não queria passar. Eu lhe disse que estava procurando alguém para reformar minha casa. Acho que ela não acreditou em mim. Felizmente um dos caras que trabalha lá tinha o seu cartão e me entregou. Eu imaginava exatamente o tipo de atitude da loirinha tatuada, então fiquei grato que um dos meninos apareceu. Mesmo se esta senhora não estivesse sendo honesta, eu devia isso a mim, ao garoto, e, infelizmente, para a garota que tinha me ajudado a afogar minhas mágoas na bebida e sexo, eu estava me sentindo tão perdido e sozinho que queria descobrir se o menino era realmente meu. —Como eu disse, não há promessas, mas vou falar com a advogada e ver o que ela acha que eu preciso fazer. OK? A mulher assentiu com a cabeça e eu podia ver o flash de alívio em seu rosto. —Eu acho que é mais do que eu esperava quando inicialmente decidi procurá-lo. Você honestamente poderia ter apenas me jogado para fora do estabelecimento sem ouvir uma palavra do que eu tinha a dizer, por isso estou considerando o fato de você ter me ouvido uma vitória, independentemente do que acontecer a seguir. —Ela me deu um sorriso vacilante. — Obrigada. Ela se virou e começou a ir embora de volta para um carro, que eu só agora notei e que estava estacionado atrás da minha caminhonete na garagem. Chamei por ela antes que chegasse ao meio do quintal.


—Echo. —Ela parou e se virou para me olhar por cima do ombro com as sobrancelhas levantadas. —Se eu lhe der o meu número de celular, você pode me mandar uma mensagem com a foto da criança? —Dei de ombros. —Pode me ajudar a explicar a situação para a advogada um pouco melhor, já que eu não sou sempre tão bom com as palavras. Ela inclinou a cabeça para o lado um pouco e estreitou os olhos para mim. —Eu vou com uma condição. —Qual seria? —Chame-o de Hyde, Sr. Fuller. Ele tem um nome. Eu balbuciei suavemente. Eu propositadamente não tinha falado o nome da criança. Isso tornava tudo muito real. Fazia-o ser real também. —Você pode, por favor, mandar uma foto de Hyde, então? —Eu ficaria feliz. Eu falei meu número e ela pegou o seu telefone para gravar. Ela não disse mais nada, caminhou até o carro, subiu e saiu. Eu estava caminhando de volta para a casa, minha mente correndo a um milhão de quilômetros por hora, quando meu telefone apitou com várias mensagens. Eu pensei: leia depois do trabalho, que isso pode esperar, mas me encontrei sentado nos degraus em ruínas da casa de campo olhando as fotos. Eram todas de um menino rindo e brincando. Em todas as imagens ele estava sorrindo e feliz. Ele parecia estar despreocupado e com o coração iluminado, o que era incrível considerando as coisas que Echo tinha mencionado que ele tinha vivido. Ele era muito jovem e inocente para ter que enfrentar, não só a morte repentina de sua mãe, mas o choque de ser posto sob os cuidados de estranhos também. Eu não sabia com certeza se ele era meu, mesmo que a semelhança fosse incrível, e eu estava a ponto de realmente arruinar qualquer chance com Sayer Cole, lhe pedindo para me ajudar a descobrir. Se ela já pensava que eu era um ex-presidiário inaceitável antes disso, agora ela iria realmente se afastar de mim, quando descobrisse que havia uma forte possibilidade de que eu fosse pai de uma criança, concebida durante uma noite esquecida de sexo bêbado, com uma mulher que eu não conseguia me lembrar. Não importava se ela nunca se interessasse por mim do jeito que eu estava interessado nela, contanto que ela me ajudasse a ajudar o garoto. Hyde, e tudo o que eu poderia fazer para ajudá-lo, era minha prioridade agora, não convencer a linda advogada a ir para a cama comigo... mesmo que eu não estivesse cem por cento pronto para tirar esse sonho da minha cabeça.


CAPÍTULO 3 Sayer —Dia difícil? Eu estava bebendo um Martini com limão e tentando esfregar minhas têmporas, onde um pulsar monótono estava batendo desde o almoço. Corei quando Quaid comentou sobre o gesto e me perguntei o quanto a minha falta de sono afetava a minha aparência. Eu estava de uma forma sempre profissional. Eu não mudava quando ia para o meu trabalho, ser uma mulher bonita no mundo jurídico sempre era uma desvantagem quando chegava a ser levada a sério, por isso tinha a certeza de ter um comportamento prático e equilibrado em todos os momentos. —Algumas semanas difíceis. Eu não tenho dormido bem e estou no meio de não um, mas dois casos de custódia que são incrivelmente demorados. Um dia eu vou ter um cliente que, realmente, tenha o melhor interesse de sua criança no coração. Forcei um sorriso torto e vi quando Quaid puxou o nó da gravata que repousava solta na base da sua garganta. Ele realmente era escandalosamente bonito. Várias mulheres no bar ficaram olhando por cima dos ombros em nossa direção e a garçonete tinha quase derrubado seu uísque com gelo em seu colo quando o entregou, porque ele sorriu para ela. Seu cabelo estava cortado na moda, e nitidamente, mais curto nas laterais num estilo que, como ele, deveria estar em uma capa de revista. Quaid chamava a atenção e ele não tinha vergonha disso. Seus olhos eram de um tom incomum de azul, que ficava entre um azul claro e cinza. Seu olhar era calculado e focado. Nada nele era relaxado ou à vontade, e enquanto ele dominava seu espaço e exalava autoconfiança, ele era muito mais introvertido do que Zeb era. Eu queria me chutar. Eu estava saindo com Quaid especificamente para manter Zeb fora da minha cabeça, e ainda assim eu estava tendo dificuldade em me concentrar no que era um monte de gostosura envolto em um terno muito caro na minha frente. Ele levantou uma sobrancelha para mim e pegou sua bebida. Sorriu antes de levar o copo até seus lábios, e eu queria ter uma conversa séria com a minha vagina, por nem mesmo estar tomando conhecimento ou se recuperando. —Eu nunca poderia fazer direito de família. As crianças são muito difíceis, a emoção amarrada nesses casos parece cansativa. Eu lido com os adultos que tentam manipular o sistema e a lei todos os dias. Vê-los fazer isso com seus próprios filhos, usando-os como peões... —Ele balançou a cabeça e eu acho que eu ouvi uma das mulheres no bar dar um suspiro sonhador do outro lado da sala. —É muita besteira.


—Bem, eu não poderia lidar com as pessoas que são culpadas e acabam inocentadas quando não deveriam. Eu não tenho fé o bastante na escolha de jurados para tomar as decisões corretas quando se trata da lei. As pessoas são muito facilmente seduzidas pelo charme e palavras bonitas. Ele levantou a outra sobrancelha para se juntar à primeira. —Você não confia no sistema? Não era uma opinião popular entre os meus colegas, mas eu tinha visto muito, tinha vivido muito tempo com o que acontecia, quando o sistema falhava, para colocar toda a minha fé em uma construção defeituosa. Eu terminei a minha bebida e dei de ombros. —Eu confio na falha do sistema e é por isso que eu faço o que faço. Algumas destas crianças têm que ter alguém que vá lutar por elas, não importa como. O sistema pode falhar, mas eu não vou. A boca de Quaid apertou e ele se inclinou para trás na cadeira enquanto analisava, pensativo. Foi uma boa olhada. Penetrante, intensa, sondando, aposto que funcionava muito bem quando ele usava para interrogar uma testemunha, mas eu conhecia todos os truques de advogado que ele tinha em sua manga, porque eu os usava também. Eu sorri de volta para ele e acenei para a garçonete, para pedir outro drinque. —Então, o que dizer de alguém que é infeliz e está à procura de sangue? E quanto a alguém que só quer fazer outra pessoa sofrer? Como você está ajudando nessa situação? Você está lutando pelo direito e o justo, então? Eu era inteligente o suficiente para saber que ele estava falando sobre sua ex-esposa. Não era nenhum segredo na comunidade jurídica de Denver que ela deu uma rasteira nele, e que ele tinha tido sorte de escapar com tudo que estava em seu nome. Eles tinham sido namorados na escola, e quando as coisas começaram a ir mal, realmente desandou tudo. Havia rumores de infidelidade em ambos os lados, mas nada tinha sido trazido à luz, e pelo fato de que a minha firma era a melhor no que fazíamos, Quaid escapou tanto com sua reputação e fortuna intactas. Ele ainda tinha que pagar uma pensão mensal, mas em geral, foi considerada uma vitória do nosso lado. Aparentemente, ele não compartilhava esses pensamentos. —Todo mundo merece representação. Não é nisso que o ilustre sistema se baseia? Eu não lido com uma grande quantidade de casos de divórcio por essa mesma razão, mas eu sei o quão feio isso pode ser. As pessoas felizes não se separam, por isso no momento em que o casamento se dissolve, acho que todos os envolvidos já estão à procura de um lugar para colocar a culpa, e à procura de uma saída para toda a dor. Ele riu, mas não havia humor nisso. —Você foi casada antes? Eu balancei minha cabeça.


—Não. Noiva, e terminou de forma amigável, mas eu vejo isso todos os dias no meu escritório. Algo que deveria aproximar mais os casais, fazê-los felizes, em última análise, os torna mais miseráveis do que nunca. —Nem me fale. —A amargura em sua voz era impossível de perder. Ele murmurou alguma coisa que eu não ouvi e colocou um sorriso de molhar calcinha bem a tempo da garçonete derrubar metade da minha bebida sobre a mesa enquanto servia. Revirei os olhos para ele. —Sério? Ele riu. —As mulheres gostam de mim. —Eu aposto que sim. —Por que não? Ele era lindo, inteligente como o diabo, bem articulado, charmoso, exalava riqueza e confiança, e tinha um sorriso que era letal. Eu era uma idiota por não reagir a nada disso. Eu me daria um soco na cara, se eu pudesse. Por que eu não conseguia ser como elas? —Você não, apesar de tudo. Quero dizer, você obviamente me acha muito atraente, mas você não gosta de mim. Não posso dizer que eu já tive uma mulher cancelando comigo mais de uma vez. Meu cabelo estava puxado e preso em um coque na parte de trás da minha cabeça, mas se o tivesse solto, eu o estaria girando nervosamente em torno de um dedo. Um mau hábito que meu pai odiava. Eu tinha passado toda a minha juventude tentando fazer qualquer coisa para evitar os olhares de desaprovação e palavras cortantes, mas alguns dos meus hábitos menores ele tinha sido incapaz de tirar de mim. —Eu estive ocupada. Estou com muitos casos, e estava no meio de uma reforma na minha casa, e tenho tentado passar o maior tempo que eu posso com meu irmão. —Era complicado explicar às pessoas por que eu estava obcecada em estar perto de Rowdy e em fazer parte de sua vida, então eu falava uma meia-verdade, que eu dizia a qualquer um que me perguntava sobre isso. —Nós não conseguimos passar muito tempo juntos enquanto crescíamos e eu sinto que estou recuperando o tempo perdido agora que meu pai se foi. A promessa de ter alguém, qualquer um a quem eu estivesse ligada, que eu pudesse chamar de família e confiar, o pensamento de não ser só eu, eu e mais ninguém, me deixou determinada a encontrar um lugar para mim, não só em Denver, mas na vida de Rowdy. Felizmente para mim, meu irmão era um homem amável e carinhoso, e depois de um começo difícil, ele me recebeu de braços abertos. Meu irmão perdido há muito tempo foi a melhor coisa que já tinha acontecido comigo. —Bem, obrigado por conseguir um tempo para mim esta noite, embora eu ache que nós


tivemos ideias diferentes sobre do que se tratava esse encontro. Eu me encolhi um pouco e desajeitadamente peguei meu Martini enquanto ele continuava: —Você é realmente uma mulher adorável, Sayer. Você é motivada, inteligente e dedicada ao seu trabalho. Temos muito em comum, eu acho, eu estava esperando que houvesse mais do que uma conexão entre nós. Eu acho que poderia haver, mas você não parece interessada em criar raízes. Eu tomei o resto da bebida tão rápido que me fez tossir e fiquei com os olhos lacrimejando. Eu estava mortificada com o espetáculo que eu estava fazendo, mas Quaid não se moveu e seu olhar nunca vacilou. Eu coloquei a mão no meu peito ofegante, eu adoraria um copo de água, quando a garçonete parou de bocejar e perguntou para mim se eu estava bem. —Quaid. —Eu comecei a tossir de novo e queria rastejar debaixo da mesa e morrer. Demorou um copo cheio de água e cinco minutos para que eu respondesse a ele. —Seu divórcio só foi finalizado há alguns meses. Você não pode estar pronto para entrar em um novo relacionamento. Um sorriso surgiu em toda sua a boca e as sobrancelhas mergulharam sobre os olhos de uma forma inegavelmente sexy. —Quem falou em um relacionamento? Você é atraente, ocupada e independente. Você não precisa de mim para qualquer coisa que não seja sexo. Somos ambos solteiros e nos damos bem. Eu pensei que seria um grande arranjo até a primeira vez que você desmarcou. Tenho a sensação de que mesmo você sendo muito discreta, não há outra pessoa em sua vida. E não, eu não estou falando sobre o seu irmão. Meu Deus, isso poderia ficar mais embaraçoso? Sim, havia mais alguém na minha vida, só que ele não tinha ideia de que eu estava apaixonada por ele ou que eu estava usando o meu vibrador por causa da minha paixão idiota por ele. Não que Quaid precisasse saber de nada disso. Em vez disso eu disse a ele: —Não há mais ninguém, mas esse é um arranjo com o qual eu jamais ficaria confortável, apesar de tudo. —Eu brincava com o colarinho da minha camisa e ouvi o meu pai me repreender dentro da minha cabeça. —Eu sou do tipo “à moda antiga” e chata quando se trata de relacionamentos, Quaid. Amigos com benefícios não é algo que eu tenho a capacidade de desfrutar. —E se ele me levasse para a cama e ficasse entediado, eu não quero que haja uma chance desse tipo de fofoca circulando no tribunal. Isso me mataria. —Justo. Eu meio que entendi a dica quando você cancelou comigo pela segunda vez.


Eu sorri para ele. —Mas eu gosto de você de uma maneira simples, e realmente gosto de passar um tempo ao seu lado. É bom ter alguém com quem eu possa falar sobre leis. Foi a sua vez de revirar os olhos. —Claro que o seu simples, não me inclui nu. Como eu disse, todas as mulheres gostam de mim de uma forma ou de outra. Nós compartilhamos uma risada. Eu era terrível quando se tratava de homens. Isso era uma coisa minha, e eu não poderia jogar a culpa sobre meu velho e querido pai. Eu nunca soube como investir neles e ainda me manter afastada e segura. Ninguém queria namorar ou fazer amor com uma escultura de gelo, e praticamente isso era tudo o que se conseguiam comigo. Foi a única maneira que eu encontrei para sobreviver crescendo sob o olhar crítico do meu pai. Quando você foi criada para se sentir como o pior tipo de idiota, o maior fracasso, para não mostrar qualquer tipo de lágrimas de emoção, mesmo no funeral de sua mãe, você aprende rapidamente que se você não tem sentimentos, eles não podem ser destruídos. Desaprovação silenciosa e desprezo infinito, podem causar tanto mal quanto ser atingido fortemente por um punho fechado, quando isso é tudo o que é dado a uma criança. E agora Zeb Fuller não só estava ameaçando derreter o manto de gelo que me fazia sentir segura, ele também estava tornando impossível não sentir as coisas. Tantas coisas quentes, brilhantes e viciantes. Não era de admirar que eu estivesse igualmente, com pavor e obcecada pelo homem. O resto da noite passou com camaradagem e brincadeira amigável sobre o sistema legal. Eu não estava mentindo. Eu realmente gostava de Quaid e apreciava o seu raciocínio rápido, flertando sem esforço, embora eu não retornasse o interesse, mas foi quando meu telefone tocou com uma mensagem de texto recebida, no momento que eu estava saindo pela porta da frente, que toda a atração e sedução que eu queria sentir por Quaid, ganhou vida, porque o nome de Zeb brilhou no meu telefone. Ele enviou uma mensagem perguntando se eu estaria em casa no sábado. Eu estava tão esgotada que por um segundo eu quase digitei um SIM grande, corajoso, com letras maiúsculas e em negrito. Quando me acalmei respondi: que eu tinha um trabalho para fazer, mas ele poderia aparecer perto da hora do almoço. Eu nem sequer pensei em perguntar por que ele precisava me ver e ele não entrou em detalhes, respondendo de volta com um estimulante: nos vemos então. Às duas da manhã da noite anterior que ele deveria aparecer, eu desisti de tentar dormir e fui ao meu escritório para ver se poderia, pelo menos, usar a minha inquietação para trabalhar, o que realmente significava que eu sentei na minha mesa, e fiquei horas assistindo Buffy, a caça vampiros na Netflix, sem fazer muita coisa além de me perguntar o que Zeb poderia querer comigo.


Sem esperanças de dormir, eu finalmente me arrastei para a cama por volta das cinco da manhã, com muita determinação, assim que minha cabeça bateu no travesseiro, minha mente finalmente se desligou. Não houve visões de um homem barbudo bonito e nem fantasias intermináveis de todas as coisas que eu queria que esse homem fizesse comigo, ou fantasias de todas as coisas que eu realmente, realmente queria fazer com ele. Havia apenas escuridão finalmente, feliz, densa e um sono profundo. Eu tinha chegado ao limite e não havia mais nada na minha mente ou no corpo para dar. Quando uma mão macia pousou no meu ombro algum tempo depois, eu podia jurar que meus olhos tinham acabado de fechar. Eu me sentei na cama e pisquei para Poppy, enquanto eu tentava descobrir o que estava acontecendo. Eu fiquei confusa por um segundo, porque todo o quarto estava inundado de sol e ela estava vestida para o dia. Eu também estava surpresa porque ela estava no meu quarto e que ela tinha voluntariamente me tocado. —Que horas são? —Eu tirei uma mecha de cabelo da minha cara e estiquei os braços por cima da minha cabeça. Eu gemi quando todos os ossos do meu pescoço estalaram com o movimento. Poppy nervosamente brincava com o fim de sua longa trança e me disse: —É meio dia. Zeb está no andar inferior, pelos últimos dez minutos, esperando por você. Disse a ele que não tem dormido muito bem e ele se ofereceu para ir e voltar outro dia, mas eu achei que você não iria querer isso, então decidi vir acordá-la. No começo eu só olhava para ela como se ela estivesse falando espanhol, então eu praguejei e joguei as cobertas de cima de mim. —Só pode estar brincando comigo? Eu finalmente caí no sono depois de meses de inferno sem dormir e eu quase perdi a visita da pessoa que me manteve acordada? Inacreditável. —Eu nunca teria admitido que Zeb era a razão da minha insônia. Isso é para ver quão instável eu estava. Lá estava esses malditos sentimentos novamente. Saí da cama e fiz uma pausa enquanto me olhava no espelho de corpo inteiro, que ficava na porta do armário. Meu cabelo estava uma bagunça selvagem ao redor da minha cabeça. Parecia que uma família inteira de esquilos havia se mudado durante a noite. Meu rosto estava pálido, assustador e meus olhos estavam muito grandes no meu rosto, me fazendo parecer assombrada e quase assustadora. Eu vestia um top e calça de yoga confortável que sempre usava para dormir, mas era a última roupa com a qual eu queria que Zeb me visse. Eu não queria deixá-lo esperando por mais tempo, mais do que eu já tinha, então decidi que a roupa de dormir teria que servir, mesmo que a ideia de aparecer, sem estar perfeitamente preparada e arrumada na frente dele, me fez querer vomitar. Parecia que eu ia para uma batalha sem armadura. Freneticamente coloquei uma camiseta solta para encobrir os bicos dos meus seios, que também estavam aparentemente animados para vê-lo, corri até que encontrei uma escova no banheiro e passei no meu cabelo até que a pilha emaranhada ficou boa o suficiente para


amarrar em um rabo de cavalo. Enrolei um lenço em volta da minha cabeça e rapidamente passei um blush, então eu não parecia como um zumbi do The Walking Dead. Poppy assistiu ao espetáculo frenético com um sorriso em seu rosto, enquanto balançava a cabeça para minhas travessuras. —Desculpa. Eu teria te acordado mais cedo, mas eu estava falando com a minha irmã no telefone e perdi a noção do tempo. Eu não tinha percebido que era tão tarde até que a campainha tocou. Eu entrei em pânico por um segundo pensando que eu teria que abrir a porta para um estranho e tentar conversar, até que me lembrei de que você disse que Zeb estava vindo. Se isso ajuda a acalmar seus nervos, ele parece tão tenso e estressado como você está agora. Isso me fez parar, eu estava na porta do quarto. Olhei para Poppy, ela estava sentada na beira da cama. —Ele está? Ele disse por que está aqui? Ela balançou a cabeça. —Não. Ele apenas entrou e disse que era bom me ver, e que eu parecia bonita como uma pintura, mas ele disse isso sem sorrir para mim. Quando eu lhe disse que demoraria apenas um minuto para vir e levá-la, ele murmurou que esperaria em seu escritório. Isso era estranho. Zeb sempre era charmoso e descontraído. Ele estava sempre sorrindo. Ele normalmente usava isso para deixar Poppy à vontade e parecia que nunca estava tenso. Se ele estava sério e distante com ela, então algo estava definitivamente errado e isso não era uma visita amigável. Eu respirei fundo e corri minhas mãos suadas sobre o tecido fino da minha calça. —OK. Bem, eu acho que vou descobrir o que está acontecendo com ele, então. Obrigada por me acordar. —Sem problemas. Você parece melhor. Você, obviamente, precisava de um descanso. Não, eu tinha certeza de que o que eu precisava era deixar o homem esperando por mim lá embaixo me foder, para que eu pudesse parar de sonhar com isso, mas eu preferia ter a minha língua cortada com uma faca a admitir isso. Eu desci as escadas de dois em dois degraus e praticamente corri pela sala de estar, até a sala na frente da casa, que Zeb tinha convertido em um escritório para mim. A porta estava encostada, então quando eu a toquei com toda a velocidade, ela se abriu e se chocou contra a parede com um grande estrondo. O som fez Zeb girar, ele estava olhando para fora através de uma das grandes janelas atrás da minha mesa. Eu vacilei quando vi a reação dele e me disse para ficar calma. Eu


coloquei o que esperava que fosse um sorriso simpático no rosto e caminhei muito mais lentamente até o outro lado da sala. Eu tremi quando seus olhos verdes se fixaram em mim e senti locais secretos do meu corpo ficarem tensos e começarem a formigar. —Ei, Zeb. Como você está? —Soou forçado e tenso para os meus próprios ouvidos, e eu poderia dizer que ele percebeu a tensão em meu tom de voz, porque as suas sobrancelhas escuras se curvaram sobre os seus olhos verdes. —Eu realmente já estive melhor. —Ele suspirou e vi seu olhar deslizar do topo da minha cabeça até as pontas dos meus dedos dos pés descalços. Eu os mexi involuntariamente, quando seu olhar pareceu ficar preso nos dedos pintados. Uma vez que tudo que eu usava era tipicamente preto, marrom ou cinza, sempre uma cor neutra, eu gostava de ter as minhas unhas do pé brilhantes e mais escandalosas possíveis. Meus dedos dos pés eram difíceis de não perceber, mas quando isso fez o canto da boca de Zeb e a barba que rodeava se contrair, meu coração deu um pontapé. O sorriso dele foi áspero. —Poppy mencionou que você parecia um pouco tenso quando chegou, então eu percebi que esta não é uma visita social. O que posso fazer por você? —Eu mantive o meu tom tão profissional, o máximo que poderia ser, considerando que eu queria ronronar e me esfregar contra ele. Profissionalmente eu poderia lidar com isso. Aquecida e excitada apenas por estar perto dele, eu não tinha ideia do que fazer. Ele deu um suspiro e caminhou até à frente da minha mesa. Apoiou suas costas na borda e cruzou os braços sobre o peito largo, puxando o material fino de sua camiseta apertada delineando seu bíceps. Era uma festa de ver, que eu teria apreciado muito mais, se eu não tivesse notado o músculo tenso em seu rosto, sob a barba que o cobria e a emoção em seus olhos de um tom verde-escuro, que estava quase preto agora. Sentindo que as coisas ficariam muito sérias rapidamente, eu fechei a porta, em seguida, me sentei em uma das cadeiras de cor creme que eu tinha comprado para combinar com o resto da decoração calma do escritório. Eu tive que olhar diretamente para ele quando me sentei, e podia ver a luta que o tinha trazido a minha porta estampada claramente em suas feições fortes, pois olhávamos um para o outro em silêncio. —Eu não quis dizer nada para não preocupar Poppy. Eu sei que ela é sensível e tem todo o direito de ser. Pensei que estava disfarçando, mas admitir em voz alta, o que eu estou prestes a dizer a você, realmente me deixa no limite. —Ele soltou um longo suspiro e me olhou direto nos meus olhos. —Eu estou fodido, Sayer. Quero dizer, eu estou realmente e verdadeiramente fodido, eu acho que você é a única pessoa que pode me ajudar a consertar essa bagunça que eu fiz. Assustada pelas suas palavras duras e a rudeza com que as disse, eu me recostei na cadeira e enrolei as minhas mãos em torno dos braços. —Você está falando sobre a minha ajuda profissional? Eu era solicitada para dar aconselhamento legal o tempo todo, então eu ficaria feliz em


entregar todo o conhecimento que eu tinha para beneficiá-lo de qualquer forma. Na verdade, ele me fez querer dar um suspiro de alívio. Com negócios, lei, fatos cruéis, eu poderia lidar com facilidade. Tinha tudo o que era necessário para lidar com alguém em um nível emocional e pessoal, sem me deixar envolver. Quando você afasta suas emoções para sobreviver, é quase impossível recuperá-las, mesmo com alguém de quem você gosta. Zeb riu, mas não havia absolutamente nenhum humor. —Sim, eu preciso de sua ajuda profissional e talvez a sua ajuda pessoal, também, considerando que você sabe o que é descobrir que tem um membro da família há muito perdido, que ninguém se preocupou em lhe informar da existência. Você sabe o que é ter seu mundo virado de cabeça para baixo no espaço de alguns segundos. Eu recuei um pouco e levei um minuto para colocar meus pensamentos em ordem antes de perguntar: —Você tem um irmão que sua família nunca contou a você, também? —Parecia altamente improvável, mas eu estava montando um quebra-cabeça que faltava uma peça, e ele não parecia estar com qualquer pressa para entregá-la. Eu não podia acreditar que ele se encontrava numa situação semelhante à que eu estava quando meu pai morreu e foi revelado que eu tinha um irmão. O desgraçado não pôde sequer se incomodar em me dizer ele mesmo. Sempre o consumado manipulador, brincando com as pessoas a quem ele devia amar, nós existíamos para nada mais do que sua diversão. Seus jogos e manobras tinham sido cansativos, mas a sua última tinha falhado. Graças a Deus. Eu estava tão só, tão triste e isolada que quando eu descobri sobre Rowdy, eu larguei tudo na minha antiga vida em Seattle e me mudei para o Colorado o mais rápido que pude. Foi a única vez na minha vida que eu agi sem pensar. Foi a única vez que eu me deixei sentir... Até aquele fatídico dia que eu conheci Zeb. Não era nenhum segredo que eu considerava Rowdy a melhor coisa que já tinha acontecido comigo, então se isso era o que Zeb estava falando, eu poderia ajudá-lo nos altos e baixos da situação. Ele se afastou da mesa e começou a andar de um lado para o outro na minha frente. Eu estava tentando descobrir o que exatamente estava acontecendo enquanto ele meditava diante de mim, mas eu não conseguia impedir os meus olhos de observar a forma como os músculos de seus ombros e costas flexionavam sob a sua camiseta cada vez que ele chegava ao fim do tapete e virava-se para caminhar de volta para o outro lado. O homem era sexy, mesmo quando ele estava perturbado, e isso me fez sentir um pouco pervertida, por não ser capaz de controlar o meu fascínio por ele. —Não é um irmão... é um filho. —Ele parou na minha frente quando as palavras caíram como um saco de tijolos entre nós. —Há uma possibilidade de que tive um filho, assim que saí da prisão. Eu posso ter um filho de cinco anos de idade agora. Eu senti meu queixo cair um pouco, e fiquei feliz por ter tomado um momento para colocar um pouco de blush no meu rosto, porque o calor que tinha no rosto, por estar perto


dele, tinha com certeza sumido devido a sua revelação. —Uma possibilidade, mas você não sabe com certeza? —Era o que eu perguntaria a qualquer cliente na mesma situação. —Alguém está vindo atrás de você para sustentar à criança? Ele balançou a cabeça e explicou: —Não. Foi um negócio de uma noite, a mãe nem sabia quem era o pai até que o bebê nasceu. Ela faleceu recentemente e o menino está atualmente com o Serviço de Proteção a Crianças. Uma amiga da mulher me encontrou, dizendo que eu sou o pai do menino e me implorando para mantê-lo fora de um orfanato. Eu realmente não me lembro da menina ou do sexo que tivemos, mas eu me lembro do dia em que fui solto e a data se encaixa. O garotinho tem cinco anos de acordo com a amiga que me encontrou. Eu fiz uma careta e lutei contra o impulso de me levantar e agarrar os braços dele, para fazê-lo parar de se mover, para que eu pudesse falar com ele sem ter de erguer meu pescoço. —Então, uma estranha veio com tudo isso pra cima de você, dizendo que a mãe está morta e você acreditou nela? —Ele tinha que ser mais esperto do que isso. Meu ceticismo finalmente o levou a um impasse, então ele parou na minha frente e olhou para mim. Eu respirei surpresa por entre os dentes quando ele se abaixou um pouco e segurou o telefone debaixo do meu nariz para que eu olhasse. —Não. Eu pensei que ela estava louca e ameacei mandá-la embora do meu local de trabalho, até que ela me mostrou uma foto do menino. —Eu olhei em choque para a imagem no telefone, um mini Zeb. —Esse tipo de prova me fez ouvir o que ela tinha a dizer. Sem pensar, peguei o telefone de sua mão calejada e toquei um dedo na carinha adorável, olhando para mim, na tela. —Ele parece com você. Zeb bufou. —Percebi. É por isso que eu estou aqui. Eu não conseguia parar de olhar para o menino, por isso, sem olhar para cima, eu lhe perguntei: —Não há outros parentes? Avós, ou tias e tios que poderiam ficar com ele enquanto nós confirmamos a paternidade? —Estremeci quando percebi que disse “nós”, como se este fosse um problema que iríamos encontrar uma solução juntos. Pelo que eu sabia, Zeb só queria um conselho, ou o nome de um bom advogado. O pensamento de qualquer outra pessoa o ajudando a navegar pelo complicado sistema do tribunal de família, fez o cabelo na minha nuca arrepiar.


—De acordo com a amiga que trouxe as informações para mim, a mãe estava vivendo um estilo de vida muito perigoso. Ela não tinha estado em contato com a sua família por anos. O menino não tem ninguém, e se ele é meu, então eu preciso fazer a coisa certa por ele, e preciso fazer o mais rápido possível. Engoli em seco e devolvi o telefone quando ele estendeu a mão. Eu coloquei a mão no meu peito, porque o meu coração batia tão rápido, que eu pensei que talvez ele pudesse ver através da minha pele e da roupa. —Isso é muito admirável, Zeb. —Não, não é. Se ele é meu, eu deveria ter cuidado dele o tempo todo. Ele não deveria estar nesta situação porque eu estava muito bêbado e repugnantemente miserável para não usar um preservativo. Não é culpa dele que sua mãe era uma viciada e tomou decisões terríveis. Nenhuma criança deveria sofrer por causa das escolhas de merda que os adultos fizeram em suas vidas. Ele merece mais do que isso. Concordei com ele, mas eu também achava que ele estava sendo duro consigo mesmo. Eu conhecia homens que estavam na mesma situação, que teriam ignorado a revelação de que era pai de uma criança e agiria como se nada tivesse acontecido. Uma vez que a conversa tinha ficado tão séria, tão rápido. eu não me sentia mais confortável em ficar sentada enquanto Zeb pairava sobre mim. Fiquei em pé e assumi sua posição anterior, encostada na mesa com tampo de vidro. Coloquei minhas mãos ao meu lado para que eu pudesse bater minhas unhas contra a superfície. Era outro hábito inconsciente que eu tinha que meu pai abominava. Ele odiava tanto que me lembrei de quando eu tinha catorze anos dele me xingando, me castigando, e me mandando ficar no meu quarto, durante um jantar chique que estava acontecendo em nossa casa, quando a sua empresa ganhou um caso importante. Foi mortificante fazer a caminhada da vergonha na frente de seus colegas e suas famílias por algo tão pequeno, algo tão aparentemente insignificante. Meu pai tinha me ignorado, não me encarou durante dias a fio. Ele me disse que eu não estava apta para a empresa, que eu não tinha boas maneiras e que ele havia me criado melhor que isso. Sua desaprovação se arrastava para cima de mim como insetos furiosos, sempre que eu fazia algo que ele não gostava. Eu aprendi a me comportar como se nada que ele dissesse ou fizesse me incomodasse. Eu tremi um pouco quando a imagem de seu desprezo e sua carranca apareceu na minha memória. Eu imediatamente parei de bater minhas unhas. —Então o que você quer fazer, Zeb? Você quer saber com certeza se o filho é seu, e se ele for, você quer tentar apelar para o estado, pelo direito de custódia total? Qual é o seu plano? Então ele estava de frente para mim e nós olhamos um para o outro por um longo momento, em silêncio. Ele deu um passo para frente até que as pontas de suas botas gastas estavam quase tocando os dedos dos meus pés brilhantemente coloridos. Ele baixou o queixo, assim ficamos olho no olho, eu parei de respirar quando ele estendeu as mãos e colocou em


cima das minhas. Ele se elevou sobre mim, mas meus seios ainda batiam no centro do seu peito e ele estava dobrado apenas o suficiente, para que todas as partes dele com que eu sonhava estivessem pressionadas firmemente contra mim. Eu podia ver uma veia grossa palpitando do lado de seu pescoço. Isto foi o mais próximo que eu já tinha estado dele e eu poderia dizer que a proximidade não ia fazer nada para ajudar na minha insônia. Ele estava em toda parte e ainda não perto o suficiente. —Meu plano é você, Sayer. Abri a boca e depois fechei novamente. Senti minhas sobrancelhas subirem e um nó se formar na minha garganta. Seus olhos estavam tão escuros agora que era quase impossível ver suas pupilas e cada respiração que ele exalava, eu aspirava. Eu podia sentir sua tensão, em toda a minha língua. O gosto de cada uma era muito diferente, e cada respiração tinha seu próprio sabor. —O que isso significa exatamente? —Minha voz era fina e instável e não havia como esconder o modo como meu corpo reagia à sua proximidade. Eu ansiava por usar minha roupa profissional, mas em vez disso o material fino da minha roupa de dormir mostrava tudo e a forma como os meus mamilos estavam em picos visíveis, em plena exibição. Ele percebeu. Zeb deu um passo mais perto e passou as mãos ásperas pelos meus braços até que elas se curvaram ao redor dos meus ombros. —Eu quero que você me ajude, Sayer. Eu preciso de você para passar por isso. Eu preciso de você para me ajudar a ajudar este menino, mesmo se acontecer dele não ser meu. Seus olhos fixaram em mim e eu senti como se estivesse colada no lugar. Eu balancei a cabeça ligeiramente. —Claro que eu vou ajudá-lo, Zeb. Vou começar a fazer a papelada necessária para descobrir a paternidade, na segunda-feira. Você vai precisar fazer um teste de DNA e nós vamos fazer uma petição ao Estado para que seja feito no menino. —Eu fiz um monte de trabalho voluntário para as famílias da comunidade e este era um caso que eu ficaria feliz em fazer de forma gratuita, mesmo sabendo que Zeb tinha o suficiente para pagar meus honorários regulares. Ele suspirou e eu estava atordoada quando ele deixou sua testa descansar contra a minha. Eu podia sentir o roçar de sua barba contra o meu rosto e eu queria choramingar com a maciez surpreendente dela. Eu também queria esfregar meu rosto contra ele como um gato. —Não, eu acho que você não entendeu o que eu estou lhe pedindo. Eu quero que você me ajude porque sou eu, Sayer. Não porque é o seu trabalho e é o que você faz. Sua voz profunda arrepiou toda a minha pele e eu me senti como se tivesse sido atirada para um universo alternativo, de repente um universo onde tudo o que eu podia fazer era


sentir as coisas. Eu timidamente coloquei uma mão no meio do seu peito largo e fiquei surpresa ao perceber que seu coração estava acelerado e batendo tão irregular quanto o meu. —Obviamente, o fato de que é você, e nós nos conhecemos, torna as coisas mais complicadas em um nível pessoal. Por que você acharia o contrário? —Eu estava tentando me concentrar, porque ele deu um passo mais perto, para que ficássemos pressionados ainda mais firmemente e moveu as mãos de modo que ele estava agarrando cada lado do meu rosto. As palmas das mãos eram ásperas e eu queria me inclinar para elas. —Pelo fato de que você passou três meses esquivando-se de cada movimento que eu tentei com você, ou talvez pela maneira como você ria ou ignorava qualquer tipo de elogio que eu fazia. Você agiu de maneira a manter as coisas entre nós estritamente profissional o tempo todo em que eu estive trabalhando em sua casa, mas você não pode negar que há algo entre nós quando chegamos perto um do outro, que é completamente não profissional. Quero sua ajuda, Sayer, mas eu quero você, também. Eu fiz uma careta ao ouvir suas palavras e levantei as mãos para envolver em torno de seus pulsos. Eu não estava surpresa quando meus dedos mal se tocaram. Tudo nele era tão grande e duro. Ele realmente era o modelo do que um homem deveria ser, e eu não tinha ideia do que fazer com ele, ou com o fato de que ele tinha acabado de me dizer que eu não era a única que sofria do que parecia ser um caso de luxúria. —Eu pensei que você estivesse apenas sendo simpático. Você flerta com todos. Eu pensei que era hábito, e eu não queria tornar as coisas difíceis desde que você tinha tanto trabalho para fazer na casa. —Sem mencionar que eu não queria nem tentar lhe explicar toda a minha bagagem e meu caso crônico de pensar demais em cada movimento que eu fazia. Zeb era um cara legal. Ele não me foderia sem me conhecer, e isso fez meu estômago revirar, pensar nele conhecendo qualquer parte do meu verdadeiro eu, o eu que pisava em ovos todos os dias, o eu que estava constantemente esperando algo quebrar, ou o eu que passou sua vida inteira rezando para que finalmente alcançasse o nível de expectativa estabelecido pelo homem que ela mais odiava. Ele não gostaria muito dela. Ninguém gostaria. Ele puxou a cabeça para trás e as sobrancelhas bruscamente desceram sobre os olhos em uma carranca feroz. Sua boca franziu em uma linha apertada e eu podia ver sua mandíbula se contorcendo sob sua barba. —Você pensou que eu estivesse tentando levá-la para a cama por força do hábito? Que eu não tenho controle perto de uma menina bonita e só quero pegar quem passa pela vizinhança? Jesus, Sayer, que tipo de cara idiota você acha que eu sou? Enfiei os dedos nos pulsos e fiz uma careta de volta para ele quando seu pulso não fugiu do meu toque. —Eu não acho que você é um idiota ou um jogador, Zeb, mas eu também não tenho nenhuma experiência com homens como você.


—Homens como eu? O que isso significa? Que tipo de homem eu sou? —Ele estava ficando irritado e frustrado e eu não poderia culpá-lo. Era difícil de explicar, porque ele era tudo o que eu queria, mas tudo o que eu nunca poderia ter. Estávamos em níveis diferentes, quando se tratava de nossas personalidades e eu sabia que não havia nenhuma maneira de que alguém tão apaixonado e expressivo quanto ele estaria interessado em alguém tão reservada e fechada quanto eu. Onde eu estava congelada para qualquer disponibilidade emocional, ele era o calor escaldante do deserto. Eu podia ver o fogo do aborrecimento em seu olhar enquanto esperava pela minha explicação instável. —Você é um homem seguro de si e confiante. Você é um homem que está acostumado a ter mulheres caindo aos seus pés. Você é um homem emocionante e interessante. —Eu levantei uma sobrancelha para ele. —Você é um homem que tatuado e dirige uma caminhonete, você é um homem que não se importa de ficar sujo e pode construir coisas para viver. Tudo isso é o oposto total de tudo que eu já conheci, Zeb. Suas sobrancelhas se curvaram severamente, depois se ergueram desaparecendo sob o seu cabelo escuro. Um sorriso que só poderia ser descrito como maligno, surgiu através de sua barba e suas mãos apertaram, onde elas ainda estavam segurando no meu rosto. —Achei que você ia dizer um homem com um passado. Um homem que foi para a cadeia. Achei que você ia dizer que um homem com a minha história é o tipo de homem com quem você não tem experiência. Você me surpreendeu. Se eu fosse um tipo diferente de mulher, eu poderia ter batido nele por esse tipo de ignorância. —Onde você esteve não define quem você é, Zeb. Eu lhe disse quando nos encontramos pela primeira vez que eu entendo que as pessoas cometem erros. Ele grunhiu e moveu seu rosto para perto do meu. —E aqui estou à sua porta, a um passo. Você quer que eu te ensine sobre um homem como eu, Sayer? Sou muito simples de descobrir. Eu não acreditava nem por um segundo, então eu abri minha boca para dizer a ele. Nunca havia nada simples sobre a paixão. Eu não tive a oportunidade de emitir um som, porque antes que eu dissesse uma palavra, eu soube exatamente como era ser beijada por um homem com barba, porque ele baixou a cabeça e devorou a minha boca com a dele. Foi fenomenal. Seus lábios eram macios e quentes quando aterrissaram nos meus e o roçar de sua barba contra a minha pele me fez tremer toda. Ele ainda estava segurando meu rosto, então ele inclinou a minha cabeça para trás. Enquanto eu ainda estava tentando entender que isto realmente estava acontecendo, sua língua invadiu a minha boca, e eu pensei que ia desmaiar pelo prazer devastador.


Eu tinha sido beijada antes. Na verdade, eu gostava de beijar. Eu gostava de sentir as bocas pressionadas juntas, era uma forma de saber que tipo de homem você tinha em suas mãos e o quão habilidoso ou terrível ele era, através de um ato tão simples. Eu gostava que o beijo fosse íntimo e envolvente, sem ter que colocar todas as suas cartas na mesa. Mas, mais do que qualquer coisa, eu gostava que o beijo demonstrasse exatamente o que você significava para o cara que a beijava. Se fosse um beijinho na bochecha ou um selinho, isso significava que não havia faísca. Se havia uma pressão de lábios fechados e nenhuma provocação da língua, isso significava que ele a achava atraente e adorável, mas provavelmente não se esforçaria para ser digno de você. Se houvesse uma pequena mordida de dentes e o redemoinho da língua, havia uma promessa e potencial. Em seguida, havia o que Zeb estava fazendo comigo. Parecia uma conquista. Uma vitória. Uma batalha travada e vencida. Parecia que ele estava tentando fazer com que eu nunca fosse capaz de beijar mais ninguém na minha vida, sem ter que comparar a este momento, a sensação de sua boca dura contrastando com o raspar suave de sua barba contra a minha pele. Era mais do que um beijo, era uma sobrecarga de sensações, e ele estava fazendo todas as barreiras cristalinas que eu tinha se quebrarem. Seus lábios eram firmes e inflexíveis pressionados nos meus. Sua língua dançava sobre a minha enquanto seus dentes raspavam delicadamente em meu lábio inferior. Eu senti isso em todos os lugares e tudo que podia fazer era me segurar e deixar que ele me devorasse enquanto eu choramingava e me apertava contra ele. Eu acho que o beijei de volta. Eu realmente queria estar beijando-o de volta, mas eu estava tão perdida na sensação, tão apanhada na fantasia tornando-se realidade, e tudo sendo muito melhor do que eu esperava, que eu só podia ficar ali como uma drogada que não correspondia. Quando ele finalmente se afastou depois de provar o que parecia cada local escondido que eu tinha em minha boca e em toda a minha língua, ele estava ofegante e seus olhos verdes estavam vidrados de desejo e algo mais profundo. —Os homens como eu agem, Sayer. Nós somos muito melhores em fazer do que dizer. —Ele soltou meu rosto e deu um passo para trás. Não havia como não notar que a frente de seu jeans desbotado tinha ficado muito mais apertada. Deus, eu queria esfregar as mãos sobre essa protuberância impressionante. —Eu quis você desde o primeiro dia em que vi você no bar sentada com Rowdy. Limpei a garganta antes de tentar falar. Minha cabeça ainda estava girando de seu ataque, os meus sentidos e minha libido estavam tentando assumir o meu bom senso. —Zeb... —As palavras saíram mesmo que eu tentasse controlar. —Eu gosto de você e te acho incrivelmente atraente, mas você não me conhece e eu realmente acho que você não estaria interessado em mim se me conhecesse. Obviamente há uma atração aqui, mas eu não posso agir somente pela química. Eu não sou dessa forma. —Mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria. —Eu ainda posso ajudá-lo com essa situação com a criança. Nós vamos descobrir tudo juntos, então não se preocupe com as coisas ficando estranhas. Nós podemos esquecer


esse beijo e nos concentrarmos no que é importante. Eu nunca esqueceria esse beijo... nunca. Ele rosnou para mim como um animal. Ele colocou as mãos nos quadris estreitos e apertou os olhos, que tinha voltado à sua cor normal, verde. —Sayer, você quer ir a um encontro comigo? —Eu abri minha boca para dizer que é claro que eu queria, mas não era uma boa ideia com todas as outras coisas que de repente estavam acontecendo em sua vida. Eu também não queria aborrecê-lo e correr o risco dele descobrir o quão desagradável eu realmente era. Antes que eu pudesse falar, ele levantou a mão e apontou o dedo para mim. —Não me dê uma resposta boba de advogada ou o que você acha que deve dizer. Apenas me diga sim ou não, se você quer sair comigo? Posto desta forma, aqui e agora, só havia uma coisa a lhe dizer, sem mentir. —Sim, eu quero sair com você, Zeb. —Mesmo sabendo que certamente acabaria em um desastre. Ele sorriu para mim e eu senti meus joelhos enfraquecerem. —Ok, então eu vou fazer isso acontecer. Vamos ter um encontro e você verá que pode aguentar um cara como eu... Acho que vou gostar dessa parte. —Ele deu um passo em minha direção e eu fiquei surpresa quando ele me puxou para um abraço. Eu instintivamente passei meus braços em torno dele e o apertei, quando ele me disse: —Obrigado. Eu sabia que você era a pessoa que me salvaria. Isso era muita pressão e eu tive um momento de pânico imaginando o que aconteceria se eu o decepcionasse no tribunal ou no nosso encontro. —Nós vamos descobrir isso. Eu sou realmente boa no meu trabalho e é o motivo pelo qual eu escolhi Direito de Família, foi para ajudar as crianças. Porque ninguém me ajudou. A propósito, qual é o nome dele? —Hyde. Seu nome é Hyde. Claro que era. Um mini Zeb não teria nada mesmo que um nome incomum. —Eu vou cuidar de você, de ambos. —Minha voz foi abafada pelo tecido de sua camisa, mas eu tinha certeza que ele ouviu isso, porque seu braço apertou em torno dos meus ombros. Eu já estava ficando muito perto, me derretendo um pouco por ele. Eu estava fazendo promessas que não podia cumprir. Isso era o que acontecia quando a emoção começava a sangrar através das rachaduras.


CAPÍTULO 4 Zeb Eu estava louco. Era para eu lhe pedir ajuda. Era para eu tentar fazer a coisa certa. Era para eu estar cheio de medo e constrangimento pelas consequências de minhas ações passadas. Eu não deveria sentir o calor e o desejo que ardia dentro de mim cada vez que eu chegava perto de Sayer. Isso não fazia parte do plano, quando eu fui até ela para pedir ajuda. Simplesmente não havia como controlar. Talvez fosse o fato de que era a primeira vez que eu via Sayer fora de sua típica roupa de trabalho, séria. Se houvesse uma maneira de descrevê-la era: tragicamente impecável e ferozmente imaculada. Ela sempre estava absolutamente arrumada. Às vezes, ela não parecia real, era mais como uma boneca em tamanho natural, sem um fio de cabelo fora do lugar e um rosto maquiado perfeitamente e com suavidade, ainda intacta após um dia inteiro de trabalho. Ela era intimidante, não só na sua beleza cuidadosamente trabalhada, mas também em sua perfeição consumada. Vê-la ali com o cabelo bagunçado e vestida com roupas amarrotadas, com as quais ela obviamente dormia, tinha tirado da minha cabeça todos os pensamentos nebulosos sobre a possibilidade da paternidade e imediatamente encheu com todos os tipos de pensamentos sujos e sensuais que envolvia colocar nela a minha boca e as mãos. Deus, eu queria tocá-la, saboreá-la. Eu queria saber se ela era tão fria como parecia e o que seria necessário para fazêla derreter, descongelar e transformá-la em nada mais do que líquido em minhas mãos. O beijo tinha sido um começo sólido. Inferno, o jeito que ela me beijou, arqueando para mim, toda macia e flexível com apenas o toque dos nossos lábios, deixou-me saber que ela não teria problemas com qualquer coisa que eu quisesse fazer com ela. Mesmo ficando claro que ela tinha suas dúvidas sobre isso. Mesmo tão perfeita como Sayer aparentava ser, era óbvio que essa perfeição estava rachada e estilhaçada um pouco abaixo da superfície. Ela tinha um escudo em torno dela, mas era muito mais fino e mais frágil do que eu acho que ela acreditava. Agora que eu tinha admitido a verdade para Sayer, me sentia como se tivesse pulado de um penhasco sem saber o que estava esperando abaixo de mim, eu tinha mais algumas pessoas para contar sobre a minha atual situação duvidosa. Eu sabia que minha irmã e minha mãe me apoiariam, não importa qual fosse o resultado do teste de paternidade, mas eu temia ver o olhar de decepção em seus olhos quando eu falasse. Elas ficariam frustradas e exasperadas porque eu, mais uma vez, tomei uma decisão apressada e drástica, que levou a um resultado que poderia carregar pelo resto da minha vida.


Eu vi o coração da minha mãe se partir quando o juiz estabeleceu a sentença após eu não apresentar nenhuma defesa para a acusação de agressão, agravado por colocar em risco a vida de uma criança. Ela chorou mais do que eu jamais a tinha visto chorar e isso incluía a noite em que meu pai nos abandonou a própria sorte, quando eu era apenas uma criança. Eu nunca ia querer fazê-la passar por isso de novo e dependendo do resultado do teste iminente, minhas entranhas se torceram em nós, com a ideia de que eu poderia lhe causar esse tipo de dor e decepção, mais uma vez na vida. Tudo o que eu queria fazer desde que sai da prisão era deixar minha mãe orgulhosa. Era por isso que eu trabalhava seis dias por semana e fazia questão de manter o nariz erguido e meu temperamento, facilmente inflamável, controlado. Minha irmã, Beryl, era um pouco diferente. Quando eu fui para a cadeia, ela quis lutar duramente por mim. Ela estava no tribunal com um nariz quebrado, olhos negros, e seu braço em uma tipoia, estava se recuperando de um ferimento na cabeça que a tinha deixado no hospital por uma semana. Ela estava pronta para contar a quem quisesse ouvir que a única razão pela qual eu estava em apuros, em primeiro lugar era porque seu namorado na época, o pai ausente da minha sobrinha, quase a havia espancado até a morte. Não havia como ela ter me parado quando eu vi o quanto ela estava ferida, e eu não tinha parado para pensar por um segundo, no que isso significaria para mim, eu tinha atacado seu agressor à vista de todos, não só dela, mas da minha sobrinha de três anos de idade. Beryl não pôde acreditar que eu fui o único a receber uma pena de prisão, enquanto aquele idiota com quem ela costumava se envolver continuava livre. Ela também não aceitava que, por sua filha Joss ter testemunhado a surra que eu tinha aplicado, eu fui acusado de abuso infantil. Beryl achava que tudo era injusto, repugnantemente injusto, mas não havia nada que pudesse fazer para me ajudar, quando eu decidi que em vez de levar tudo até a corte e sujeitar Joss a um julgamento, preferi apenas receber o meu castigo e pagar. Eu ia embora, independentemente de qualquer argumento, então eu queria fazer o mais rápido e indolor possível para aqueles que eu amava. Talvez tenha sido culpa e remorso por ter perdido a razão, tão drasticamente, na frente de Joss, ou a fúria por não saber o que estava acontecendo com a minha irmã, mas eu só queria que tudo isso acabasse. Foi a decisão mais difícil que já tive que tomar até Echo aparecer na minha obra alegando que eu tinha um filho. Beryl tinha escondido a violência e o abuso que ela sofria nas mãos de seu ex durante anos, mas como todos os abusadores, chegou uma hora que ele tinha ido longe demais. Com a evidência da brutalidade cega bem na minha cara, eu tinha perdido o bom senso e ensinei ao cara uma lição que ele nunca esqueceria, sobre como usar suas mãos sobre o sexo mais fraco, especialmente alguém que eu amava além da medida. Ele tinha espancado e ferido minha irmã, em troca eu quase o matei, com nada mais do que os meus punhos e a raiva por trás deles. Eu estava fora de controle e honestamente uma vez que a névoa de fúria tinha me entorpecido, eu entendi que tinha cruzado uma linha e merecia ser punido por minha falta de controle. Meu temperamento sempre foi algo que eu lutei para manter sobre controle, ainda doía no meu coração as vezes que eu podia ver o brilho de medo nos olhos da minha irmã quando ela olhava para mim e via o homem perigoso que eu poderia ser, se levado ao limite. Durante os últimos sete anos eu trabalhei duro para ser respeitável e arrependido, porque eu nunca queria ser aquele cara novamente. Eu não queria que minha família ou qualquer um que


me importava, olhasse para mim como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. Quando eu contasse a Beryl sobre Hyde, eu sabia que sua reação seria a de me envolver em um abraço forte, e me dizer que tudo ficaria bem. Ela me apoiaria e ajudaria a lutar para fazer as coisas direito, se Hyde fosse realmente o meu filho, mas por trás de seu apoio e das palavras de incentivo haveria uma repreensão por eu não pensar sobre as consequências. Ao mesmo tempo que ela apreciava o fato de eu ter ido em seu socorro, sempre me dizia como se sentia culpada por não deixar o idiota antes, para que anos da minha vida não fossem perdidos por ela, ela também nunca me deixou esquecer que havia uma maneira melhor para todos lidarem com a situação de seu ex. Minhas ações custaram a todos nós um alto preço no final. Suspirando e empurrando meu cabelo desgrenhado da minha testa, eu virei minha caminhonete totalmente restaurada, na garagem da minha mãe e estacionei ao lado do carro da minha irmã que já estava tomando metade do espaço. Eu tinha crescido em um subúrbio de Denver chamado Lakewood, e minha mãe ainda vivia na casa térrea de tijolos, onde ela criou a mim e a Beryl. Era um bairro tranquilo, ideal para uma família, minha mãe havia se mudado para cá não muito depois de meu pai desaparecer. Mesmo depois de todo o tempo e as circunstâncias que se passaram, parando na calçada de cimento rachado que levava para a garagem, ainda me sentia voltando para casa. Eu tinha oferecido para mudar a minha mãe para uma das minhas propriedades e reformar a casa dela, mas ela não queria nada disso. Beryl até comprou uma casa na cidade há alguns quilômetros de distância, o que tornou a vida mais fácil para ela, sendo que a minha mãe se apegou muito a minha sobrinha e tomava conta dela depois da escola, enquanto Beryl ficava fora para trabalhar, ela era caixa de banco. Minha mãe insistiu que ela não ia a lugar nenhum, e que a sua casa estava bem do jeito que estava. Eu honestamente não podia reclamar. Era bom ter uma base sólida, um lugar que não mudou e que eu achava acolhedor e caloroso. Minha mãe sempre se assegurou de que soubéssemos onde era nossa casa e que isso tinha sido um dos fatores-chave para nos criar e guiar. Eu amava trabalhar com as mãos e conseguir ser o meu próprio patrão. Mas a entrega das chaves, me despedir de uma família sabendo que eu tinha dado a eles um lugar que poderia ser seu lar, a sua segurança, a sensação de missão cumprida, era difícil de colocar em palavras. Sempre senti que o que eu fazia era muito mais importante do que pregar pregos na madeira ou passar um pouco de tinta nas paredes, e era por isso que minha equipe era toda composta por caras que precisavam de uma segunda chance e uma maneira de recomeçar. Cada cara que trabalhava para mim, ou era um ex-presidiário ou que de alguma forma corria algum risco. Eu era o capitão de uma equipe de segunda chance e eu não poderia estar mais feliz por isso. Eu queria que todos os caras que eu colocava debaixo da minha asa soubessem que havia vida após um grande erro, que se dedicar ao máximo a uma segunda chance era a única maneira de seguir em frente, e eu queria que todos vissem o quão importante algo como ter uma casa realmente poderia ser. Eu também queria dar a eles a oportunidade de que conseguissem aprender e adquirir uma habilidade, que pudessem levar com eles onde quer que a vida os levassem. Houve uma falha ou duas ao longo do caminho


desde que comecei a recrutar os recém-libertos, mas a maioria dos caras era excessivamente grata por ter um trabalho honesto em um ambiente em que não eram julgados pelos pecados do passado. Eu não me incomodei em bater na porta, já que ela estava aberta e eu podia ouvir o som do riso infantil contagiante, flutuando de algum lugar dentro da casa. Era fim de semana, o que significava muito tempo para a família. Nós geralmente nos reuníamos aos domingos para o almoço ou jantar, dependendo da minha agenda de trabalho, mas Beryl sempre conseguia os fins de semana, e passava algumas horas com a minha mãe e deixava Joss brincar com as crianças do bairro que compunham seu círculo de amigos. Eu procurei pela casa vazia e segui os sons de risos e gritos vindos do quintal. Eu podia ver a cabeça escura da minha mãe se inclinar para a minha irmã, conversando calmamente sobre algo enquanto um grupo de crianças, incluindo a minha adorável sobrinha, brincava. Um sorriso surgiu na minha boca, quando eu na ponta dos pés caminhei pela cozinha e sala de jantar até chegar à porta de vidro que dava para o quintal onde estavam sentadas. Joss me viu e levantou o braço para acenar para mim, mas eu balancei a cabeça e coloquei um dedo nos meus lábios, indicando que ela deveria ficar quieta enquanto eu caminhava até sua mãe e avó. Minhas botas chiaram sobre o piso laminado, que minha mãe se recusou a me deixar tirar e substituir, mas o barulho não era alto o suficiente para chamar a atenção. Joss ria enquanto observava a minha abordagem, e quando cheguei à porta de vidro agarrei o puxador de metal e abri enquanto gritava: —BOOOOO! Eu ri incontrolavelmente quando o copo na mão de Beryl saiu voando e como minha mãe saltou da sua cadeira como se estivesse pegando fogo. Ela se virou para mim e deu um tapa de brincadeira no meu peito. Eu esfreguei o local brincando quando ela fez uma careta para mim. —Zebulon Fuller! Você está tentando dar a uma velha um ataque cardíaco? Minha mãe estava longe de ser velha. Na verdade, ela parecia bem e jovem o suficiente, se não fossem as poucas rugas ao redor dos olhos, ela poderia facilmente passar por minha irmã mais velha em vez de minha mãe, então eu não me incomodei em responder a esse absurdo. Em vez disso, eu grunhi e me abaixei para pegar Joss que corria para mim. Eu passei um braço ao redor dela, enquanto ela puxava minha barba. Era algo que ela fazia toda vez que me via e isso sempre me fazia sorrir. Dei-lhe um beijo estalado na bochecha e esfreguei meu bigode em seu rosto enquanto ela ria. —Tio Zeb, pare! —Ela se mexeu até eu colocá-la no chão e correu de volta para brincar com seus amigos. Eu suspirei dramaticamente e me aproximei para sentar em uma cadeira situada em frente à da minha irmã. —A rapidez com que eu sou esquecido.


Beryl ainda estava franzindo a testa para mim e limpando os dedos em seu jeans. —Ela tem quase onze anos. Espere até que ela seja uma adolescente, e os rapazes que ela vai correr para abraçar serão os que ela desejará namorar. Soltei um rosnado baixo para isso e pulei quando algo gelado e escorregadio de repente correu pelas minhas costas. Inclinei-me na cadeira e praticamente puxei minha camisa sobre a cabeça, a fim de pegar o cubo de gelo que Beryl tinha acabado de colocar pela gola. —Você é uma merdinha. —Foi você que me fez derramar minha bebida. Idiota. Nós olhamos um para o outro por um segundo até que minha mãe bufou e viramos para olhar para ela. —Sempre esperei pelo dia em que vocês dois não iriam mais discutir, como faziam quando eram pequenos, mas este momento eu acho que eu não vou viver o suficiente para ver. Zeb, é sábado, porque você não está trabalhando? Eu pensei em jogar o gelo de volta para Beryl, mas em vez disso ele caiu no chão. Eu passei a mão pela minha barba e olhei para as duas seriamente. —Eu estou em uma situação difícil e eu precisava pedir ajuda a uma amiga, então eu tirei o dia de folga. Eu também preciso dizer a vocês o que está acontecendo. É uma conversa que precisávamos ter pessoalmente. Minha mãe colocou a mão à boca e eu a vi se agitar um pouco. Os olhos de Beryl se arregalaram e ela estendeu a mão para colocar no meu ombro tenso. —Você está bem? Você está com algum tipo de problema? Eu me encolhi involuntariamente e desviei o meu olhar para as crianças brincando no quintal. —Algum tipo de problema, eu só não sei que tipo ainda. —O que aconteceu? —Beryl manteve a voz baixa e eu podia ver a preocupação enchendo os olhos da minha mãe. Eles eram da mesma cor que os meus, então eu sabia pela forma como eles escureciam que ela já estava esperando o pior, o que fez meu coração apertar e minha respiração ficar presa. Essa era exatamente a reação que eu temia. Eu novamente tendo o seu olhar em mim, vendo apenas as coisas que eu era capaz de fazer. Eu estava acostumado a ser julgado, mas doía um pouco mais quando se tratava de alguém que você amava incondicionalmente. —Uma menina apareceu no meu trabalho esta semana e me deu uma notícia que virou meu mundo de cabeça para baixo.


Os dedos de Beryl se enrolaram em meu ombro. —O que aconteceu com a advogada pela qual você estava interessado? A que você trabalhou quase até morrer tentando impressionar com a reforma de sua casa dos sonhos? Eu balancei a cabeça lentamente e me inclinei para colocar os cotovelos sobre os joelhos, para que eu pudesse manter minha cabeça apoiada em minhas mãos. Ela me conhecia muito bem. Claro que a casa era de Sayer e seu sonho, mas o trabalho que executei em sua casa, a maneira agonizante como eu trabalhei em cada parte da reforma, significava que deixei uma parte de mim na estrutura. A casa de Sayer era a minha casa dos sonhos, e ela não sabia disso. —Isto não é sobre uma garota, Beryl... bem é, mas não dessa maneira. Sayer é na verdade a amiga a quem eu fui pedir ajuda. Ela é uma advogada de família... que eu posso precisar, porque há uma boa chance de eu ter uma família. —O que?! —A exclamação sussurrada veio da minha mãe, seguida por uma enorme quantidade de palavrões da minha irmã. Eu pressionei meus dedos em minhas têmporas e suspirei novamente. —Como eu disse, essa garota apareceu no meu trabalho e lançou uma bomba. Ela estava bastante abalada, mas conseguiu me dizer que a amiga, que tinha falecido recentemente, me identificou como o pai de seu filho. Uma criança que está atualmente a caminho de um orfanato. —Oh, Zeb. —A voz da minha mãe era suave e eu não conseguia olhá-la nos olhos. —Você não pode simplesmente acreditar em algum estranho, Zeb. Onde está a prova? Isso é ridículo. —Eu sabia que Beryl iria imediatamente entrar em modo defensivo, e mesmo apreciando, a prova era bastante clara, a criança em questão tinha a minha cara. Peguei meu telefone e abri a imagem. Sem dizer uma palavra, eu coloquei o telefone no centro da mesa e esperei a minha família absorver. As lágrimas logo brilharam nos olhos de minha mãe, e pela primeira vez Beryl parecia não ter nada a dizer. —A prova está na foto. Eu não só acredito nela, mas também há coisas na sua história que se somam e me fazem acreditar que o menino poderia ser meu. Quando saí da prisão eu não estava bem. Era quase tão difícil de voltar para casa quanto viver lá dentro. Antes que eu visse vocês, depois de mais de dois anos longe, eu precisava de um tempo para juntar meus pedaços. Esse tempo foi cheio de escolhas imprudentes da minha parte. Escolhas que poderiam muito bem significar que o menino é meu. Minha mãe pegou o telefone e vi as suas mãos tremerem. —Ele se parece exatamente com a sua imagem, no primeiro dia do jardim de infância, exceto que você estava com uma camiseta do Star Wars.


—Eu sei, mãe. Eu finalmente olhei para minha irmã, que estava olhando para mim com uma mistura de compaixão, irritação e a compreensão de que no fundo das nossas almas, estávamos nisso juntos. —O que a advogada disse? Eu não consegui parar o pequeno riso que saiu, quando me recostei no banco e entrelacei os dedos atrás da cabeça. —Antes ou depois que eu a beijei? —Zeb! —Minha mãe me deu um olhar duro e minha irmã apenas balançou a cabeça. —Sério? Você pensou que: “Ei, eu posso ter uma criança vagando por aí em algum lugar do mundo”, fosse uma boa cantada? Espero que ela tenha te chutado nas bolas. —Ela me disse que a primeira coisa que ela faria amanhã, seria pedir para o Estado fazer um teste de paternidade, embora eu ache que todos nós sabemos qual será o resultado. Não há dúvida para mim que o menino é meu. —Mexi minhas sobrancelhas. —E então ela me beijou de volta. —Ok, e uma vez que a papelada prove a paternidade, o que acontece? Você já pensou nisso, Zeb? Você está realmente pronto para ser pai em tempo integral? E a sua empresa? Você trabalha o tempo todo. —Essas eram as mesmas perguntas que estavam girando na minha cabeça, desde que Echo havia me encontrado, e minha resposta sempre acabava sendo a mesma. —Claro que eu não estou pronto. Eu não tenho nenhuma ideia de como ser pai ou como cuidar de uma criança, mas isto não é sobre mim. Esse garoto precisa de mim. Não há nenhuma razão para ele ser preso pelo sistema, quando estou aqui e posso cuidar dele. Ele é minha responsabilidade. —E estas eram as duas últimas pessoas no mundo que iriam questionar a seriedade com que eu levava minhas responsabilidades na vida. —Ok, então. Apenas me diga o que você precisa que eu faça. Você sabe que eu vou apoiá-lo de qualquer maneira que eu puder, Zeb. —Beryl estendeu a mão e bagunçou o cabelo no topo da minha cabeça como ela costumava fazer quando éramos crianças. —E se adiantar alguma coisa, eu acho que você vai ser um pai maravilhoso não importando como ele chegou. Ninguém ama tão ferozmente como você, irmãozinho. Minha mãe relutantemente colocou o telefone de volta na mesa para que eu pudesse pegar e o deslizou de volta para mim. Beryl e eu observamos quando ela permaneceu em silêncio e à beira das lágrimas por vários minutos. Fiquei esperando que ela dissesse alguma coisa, qualquer coisa, e quando eu ia quebrar o silêncio com um pedido de desculpas, ela se levantou, caminhou ao redor da mesa e


parou bem na minha frente. Eu tive que engolir a seco para segurar a emoção que brotou em mim. Não havia decepção ou censura em seu olhar verde escuro, nenhum julgamento, o que eu temia a cada vez que eu respirava. Havia apenas amor sincero e sem fim. Ela se abaixou e colocou os braços em minha volta, em um abraço que parecia tudo o que eu precisava e não estava ciente, desde que recebi a notícia há poucos dias. Ela me beijou no topo da cabeça e sussurrou: —Qual é o nome, Zeb? Qual é o nome do meu neto? Levei um minuto para conseguir falar e para mover meus braços para que eu pudesse abraçá-la também. Eu tive que limpar minha garganta obstruída por todos os sentimentos que pareciam estar lá, antes que eu pudesse responder. —O nome dele é Hyde. —Eu realmente precisava me acostumar a isso, em vez de apenas chamá-lo de criança ou menino. Eu precisava ser realista e objetivo. Ele precisava ser mais do que apenas uma imagem difusa e nublada de uma coisa que mudaria para sempre a minha vida. Ele era uma pessoinha. Ele era o meu pequenino, e eu precisava ter não só a minha cabeça envolvida nisso, mas o meu coração também. —Ei o que está acontecendo? Por que a vovó está chorando e abraçando tio Zeb? —A pequena voz de Joss estava preocupada, então minha mãe se afastou e me deu um sorriso choroso. —Seu tio acabou de me contar um segredo que me deixou feliz, isso é tudo. São lágrimas felizes. As feições delicadas de Joss se fecharam e seus olhos apertaram quando todos os adultos se reuniram em torno da mesa. —Segredos não são agradáveis. Beryl estendeu a mão e puxou o rabo de cavalo de sua filha. —Alguns são. Alguns são apenas uma surpresa que você tem que esperar o momento certo para compartilhar. A boca de Joss enrugou e ela cruzou os braços sobre o peito magro. Ela tinha a persistência e obstinação de sua mãe, sem dúvida. —É um segredo sobre o meu aniversário? Vou ganhar o cachorro que eu quero? —Seu tom petulante me fez rir e fez Beryl suspirar. —Nem tudo é sobre o seu aniversário, Joss. Ainda faltam três meses e eu lhe disse que acho que ficamos fora de casa muito tempo para cuidar de um filhote no momento. As sobrancelhas escuras em miniatura que combinavam com as de Beryl, subiram, e eu


vi uma centelha de malícia iluminar os olhos azuis da minha sobrinha, antes dela pressionar sua mãe. —Bem, se o segredo não é sobre o meu aniversário, é sobre o cara, Wes, que está vindo jantar o tempo todo? Será que disse ao tio Zeb e ele disse a vovó? Aposto que isso iria fazê-la chorar lágrimas felizes. Ela está sempre dizendo que você precisa de um amigo homem. Minha irmã gritou o nome da filha enquanto eu ria. Estendi a mão e Joss me bateu com um pequeno soco antes de sair correndo, enquanto a minha mãe gritava o nome de Beryl no mesmo tom que a minha irmã usou para gritar com a minha sobrinha. —Você tem um namorado? —Minha mãe parecia incrédula e encantada ao mesmo tempo. Beryl era bonita e inteligente, mas sua experiência com os homens a tinham deixado distante e excessivamente protetora com ela e sua filha. Houve alguns caras passageiros, aqui e ali ao longo dos anos, mas ninguém que fosse especial o suficiente para manter. Quem quer que fosse Wes, ele já estava quilômetros à frente de qualquer outro cara, se Beryl o tinha deixado ir à sua casa e chegar perto de Joss. Minha irmã ficou vermelha e brincava ansiosamente com as pontas de seu cabelo longo. —Eu tenho um amigo que pode ser mais do que isso, sim. —Por que você não disse nada? Por que não o conheci? —Minha mãe estava indo para cima, no modo mãe e tudo o que eu podia fazer era sentar e assistir. Beryl olhou para mim enquanto eu sorria para ela, grato pelo foco agora estar longe de mim. —Sim, por que não o conhecemos? —Eu não consegui controlar o humor e a provocação da minha voz. —Ahh. Porque eu não tenho certeza do que estou fazendo com ele. Eu o conheci no trabalho. Ele é um cliente do banco. Ele me pediu para tomar um café e eu recusei. A próxima vez que ele entrou, ele convidou de novo, e de novo, até que eu disse que sim. Ele é persistente e engraçado. Ele é realmente bom e tem um bom trabalho. Ele é natural com Joss, e realmente acho que é bom demais para ser verdade, então estou apenas esperando o príncipe virar sapo, ou ele mostrar suas verdadeiras intenções. Se eu o apresentasse a vocês, isso seria admitir que eu quero que ele fique por perto. Eu estou tentando muito não me apegar. Foi a minha vez de estender a mão e colocar em seu ombro, para um aperto reconfortante. —Nada errado em se apegar, irmã. Ela se inclinou para frente e enterrou o rosto nas mãos. —Ahh... não diga isso. Só vai tornar mais difícil quando tudo desmoronar.


Nós dois nunca tínhamos tido muita sorte no amor. O primeiro homem a quem a minha irmã deu seu coração, a machucou fisicamente, e a primeira garota que eu pensei que iria ser para sempre não tinha sido capaz de lidar com as terríveis consequências que enfrentei, depois que exigi justiça do abusador da minha irmã. Mas, apesar de tudo que senti, eu precisava lembrá-la de que: —Algumas coisas são feitas para durar e não vão desmoronar, não importa quanta força ou estresse seja colocado sobre elas. Olhe para aquelas velhas beldades com quem trabalho todos os dias. Elas têm mais de um século e mesmo desgastadas, resistiram, elas ainda estão de pé. Ela grunhiu para mim e levantou-se da cadeira. —Eu não sei, fui feita dessa maneira, eu tenho a minha filha para pensar. —Ela apontou o dedo para mim. —E você também. Você pode querer repensar sobre se envolver com a advogada, se ela é a única que você acha que pode ajudá-lo a conseguir a custódia de Hyde. Eu sei que você gosta dela, Zeb, mas as suas prioridades estão prestes a mudar e girar ao redor daquele garotinho, que deve estar no topo da lista. Pela primeira vez você vai ter que parar e pensar sobre o que acontece se você agir pelos seus sentimentos, sem se preocupar com as consequências. Se você começar algo com a menina e as coisas não funcionarem, o que isso significa para você e seu filho? —Ela estendeu a mão e me bateu na testa bem entre os olhos. —Pela primeira vez use o que está aí dentro, e não o que está lá dentro. —Ela cutucou um dedo no centro do meu peito onde meu coração estava batendo firme e forte. Eu afastei sua mão e fiquei de pé, o que significava que eu fiquei acima dela. —Eu acho que preciso descobrir o que ambos têm a dizer. Colocar regras em tudo, não é maneira de viver. —Eu pude ver isso com a advogada bonita por quem eu estava obcecado. Sayer era uma boa mulher, mas ela fazia as coisas de uma forma planejada e com muito cuidado, o que era exatamente o oposto de como eu abria e trilhava o meu caminho na vida. Seu cérebro estava completamente no comando de suas ações e reações. Pelo menos estava até eu colocar minhas mãos nela. Quando a toquei talvez não fosse totalmente seu coração que estivesse no controle, mas não havia dúvida de que seu corpo estava ansioso para pedir ao seu cérebro que fizesse uma tentativa. Eu esperava que se eu jogasse as minhas cartas direito, eu poderia conseguir que o seu coração tivesse muito mais a dizer do que o seu cérebro. Eu não quero pensar sobre a lógica no aviso de Beryl, sobre coisas acabarem mal com Sayer, enquanto eu precisava da ajuda dela para resolver a situação com Hyde. Eu não conseguia pensar em passar por nada disso sem ela, para me mostrar o caminho. Eu precisava demais de sua ajuda. Eu precisava dela e da confiança calma que ela emanava, quando me assegurou que poderia me ajudar a ter meu filho onde ele pertencia. Eu era um homem que construía e reformava coisas para viver. Se eu tinha a intenção de ter uma mulher, não só a possuir, mas ter uma vida com ela, então não havia como construir qualquer coisa que não fosse cem por cento indestrutível, mesmo que isso significasse insistir,


derrubar algumas paredes e reforรงar um pouco a estrutura existente. Sayer


CAPÍTULO 5 Sayer Eu estava sentada na minha mesa, sem rumo, percorrendo o que parecia ser um mar infinito de arquivos e papeladas de vários casos, quando ouvi uma leve batida na porta do meu escritório. Eu abaixei o papel que estava lendo, meus olhos cansados estavam turvados com frustração, e disse a pessoa do outro lado da porta para entrar. Carla Dragon era uma assistente jurídica incrível, e a única na equipe que tinha sido paciente com os meus nervos nas últimas semanas. Eu sabia que estava muito tensa e não tão focada como eu normalmente era, desde que o Estado tinha concordado em fazer o teste de DNA em Hyde e Zeb. Sabia que eu não deveria estar tão envolvida pessoalmente à espera do resultado como eu estava, mas a cada dia que passava aguardando o resultado, me sentia como se estivesse à espera de um martelo gigante bater. Eu me sentia como se a resposta fosse tão importante para mim quanto era para Zeb. O que significava experimentar mais emoções do que estava acostumada, me deixando decididamente desconfortável. Zeb ligava praticamente todos os dias para ver se havia qualquer resposta, mesmo que eu dissesse a ele repetidamente que avisaria assim que o resultado batesse na minha mesa. Sua ansiedade pelo resultado do teste serviu apenas para alimentar o meu próprio mal-estar, e poderia dizer que ele estava impaciente para fazer as coisas acontecerem, fazer tudo para que ele pudesse ter acesso à criança. O admirava, mas havia uma dúvida que me incomodava no peito, mesmo falando com o respeitável empreiteiro, quase uma vez por dia, ele não tinha mais falado sobre saímos para um encontro. Logicamente eu sabia que não era a hora, que ambos tínhamos coisas muito mais urgentes para lidar no momento, mas a velha insegurança que eu tinha passado a vida toda lutando contra, porque tinha sido cruelmente inserida em mim, que eu não era o suficiente, que não valia o tempo ou esforço de ninguém, me alfinetava não importando o quão duro eu tentasse superar. Zeb não estava me ignorando ou me dispensando, mas lembrar de como me sentia quando alguém com quem me preocupava fazia isso, arrepiava a minha pele. —Ei, você está bem? Esta é a terceira noite desta semana que você está em sua mesa, bem depois que o resto do pessoal se foi. —Carla entrou no escritório e se sentou em frente da minha mesa estranhamente desordenada. Meu olhar foi para a pasta de papel pardo que tinha em suas mãos. Carla era uma bela jovem com uma mente afiada, raciocínio rápido e focada na carreira que queria. Não me surpreende que ela também estivesse trabalhando até tarde. Eu sabia que atualmente, ela estava feliz em ser uma das principais assistentes no escritório de advocacia, mas deixava claro que, eventualmente, ela queria ter seu próprio escritório. Ela trabalhava em tempo integral para nós e também tinha uma família. Eu não tinha ideia de como ela iria fazer faculdade de direito, mas eu admirava a sua capacidade e sua confiança de


que poderia lidar com tudo isso. Eu precisava de um pouco dessa atitude. Em Seattle a minha vida era estruturada, rígida e dolorosamente previsível. Quando me desenraizei, joguei o cuidado ao vento e vim para o Colorado, eu entrei em um território desconhecido. Eu estava lutando em praticamente todos os aspectos da minha vida, fora o do trabalho, porque tudo era muito estranho. Eu tinha uma família a qual eu não precisava implorar por carinho. Eu tinha alguém na minha vida que sabia amar e ser amado, sem jogos. Eu tinha sentimentos que ameaçavam me esmagar, tinha um homem que confiava em mim, para ser forte e ajudá-lo a curar uma ferida, quando eu não era nada mais do que uma ferida feia e aberta. Eu me sentia como se não estivesse fazendo nada disso corretamente, fora do tribunal, mas eu estava tentando. —Eu só estou recuperando o atraso. Eu não sei como consegui me atrasar tanto. Ela arqueou as sobrancelhas para mim e inclinou a cabeça para o arquivo que eu tinha aberto na minha frente, no topo da bagunça dos outros. —Poderia ser o fato de que você não olhou para outra coisa, senão esse caso durante as duas últimas semanas? Toda vez que entro em seu escritório está aberto em sua mesa e você está olhando para ele. Não havia como não ver a foto preta e branca de Zeb, tirada na delegacia, seu lábio partido, a raiva na imagem. Era anterior ao seu rosto estar coberto de poeira, eu não conseguia entender como ele era quando jovem, ele parecia furioso nessa imagem. Esse não era o Zeb Fuller que eu conhecia e sonhava à noite, mas uma versão de um Zeb que existiu e poderia ser muito difícil de lidar, quando ele tivesse que lutar por seu filho. A ideia de que a paixão possa ser tão selvagem e perigosa me provocava. Eu sabia tudo sobre a acusação de agressão, que ele havia confessado, sem nenhuma defesa, e tinha cumprido sua pena. Além da agressão houve uma pena adicional por colocar em perigo o bem-estar de uma criança. O relatório da polícia foi vago e assim também foram as notas do defensor público que tratou o caso de Zeb. Mas pelo que pude reunir, Zeb tinha agido contra o namorado de sua irmã, após machucá-la, o suficiente para colocar o cara no hospital por várias semanas. O ataque contra o outro homem tinha acontecido no apartamento da irmã e bem na frente da filha dela, então com três anos de idade. O policial que o prendeu reportou que a criança estava apavorada e chorando. Ele alegou que ela sequer o olhava ou parava de gritar, quando ele interviu na situação, o levando assim a adicionar a acusação de colocar em risco uma menor. Não era incomum para a polícia adicionar esse tipo de acusação sobre pais fisicamente violentos, que lutavam entre si, sem nenhuma consideração de como suas ações podiam acabar afetando o bem-estar mental dos seus filhos. Era um pouco mais incomum a acusação cair sobre um parente da criança, especialmente um que não compartilhava a casa com o menor, e no caso de Zeb isso tornaria a decisão de um juiz decididamente mais complicada. —Ele é um amigo, então o caso é mais pessoal. Eu estou um pouco mais envolvida do


que provavelmente deveria estar. Carla piscou para mim com um sorriso maroto e inclinou-se com um envelope que tinha na mão. —Ele é um amigo bonito. Eu a vejo querendo que as coisas sejam muito mais pessoais com ele. Revirei os olhos para ela, e levantei a mão da confusão na minha frente para pegar o envelope da mão dela. Meu coração pulou várias batidas e então decidiu disparar, quando vi o nome do laboratório do estado, que era usado para todos os seus testes de DNA. Minha reação deve ter demonstrado isso porque Carla riu um pouco, enquanto ela ficava em pé. —Eu estava saindo, mas tive que deixar uma alteração de divórcio para ser enviada pelo correio e encontrei o cara da entrega, na hora em que ele deixava isso na recepção. Eu sabia que você queria isso o mais rápido possível. —Oh, muito obrigada. —Meus dedos se enrolaram em torno do envelope, como se houvesse algo precioso e facilmente quebrável dentro. O conteúdo desse simples envelope era uma mudança de vida. Pensei que deveria ser embrulhado em algo muito mais substancial do que papel. Carla atravessou meu escritório até a porta e parou no limiar. —Você não vai abrir? Eu pensei que você estaria rasgando os resultados como um Wolverine, pelo quão envolvida você tem estado nesse caso durante as últimas semanas. Olhei do envelope para a minha assistente, lentamente balancei a cabeça negativamente. Era comum para o advogado que representa a parte questionadora, em um caso de paternidade, olhar os resultados primeiro e em seguida descobrir a melhor maneira de dar a notícia, boa ou má, para o seu cliente. Neste caso específico, eu sabia que Zeb precisava ser quem abriria o lacre do envelope. Ele precisava ser a primeira pessoa a colocar os olhos nos resultados, para verificar se o pequeno Hyde era de fato seu. Eu senti isso, no fundo de minhas entranhas, que deixá-lo descobrir a resposta por si próprio era o caminho certo. —Não. Neste caso, eu acho que o cliente precisa ver os resultados em primeiro lugar. —Isso é diferente de como você normalmente lida com os casos de paternidade. Lá estava seu tom questionador, enquanto eu vasculhava entre alguns arquivos e procurava meu celular no meio da bagunça em cima da minha mesa. Eu precisava de uns vinte minutos para arrumar tudo, para que eu pudesse colocar meu espaço de trabalho e minha mente em funcionamento. —Como eu disse, esse cliente é um amigo e as coisas são um pouco mais complicadas. —


Incluindo a forma irracional do meu corpo e de tudo o que pulsava dentro de mim que ganhava vida desde o primeiro instante em que coloquei os olhos em Zeb. —Certo. É pessoal. Tenha cuidado com isso, Sayer. Misturar o lado pessoal e a lei, é uma receita para o desastre. Com quantos clientes você teve que falar para desistir, porque o amor não foi o suficiente para lutar contra o protocolo e as ordens do juiz? Você é uma grande advogada e parece que seu amigo precisa que você seja isso mais do que qualquer outra coisa. —Ela me disse boa noite e deixou a porta do escritório aberta, então eu era agora oficialmente a última pessoa no edifício de luxo no baixo centro de Denver. Peguei meu telefone no canto do arquivo do caso, que tinha o rosto muito jovem de Zeb olhando para mim em preto e branco. Mesmo que a expressão estivesse dura, meu coração batia contra as minhas costelas. O aviso de Carla merecia crédito... Se o resultado que eu tinha em mãos fosse de fato positivo para a paternidade, em seguida Zeb precisaria que eu fosse sua representante legal, mais do que ele precisaria que eu fosse uma mulher com uma paixão ridícula. Eu seria mais útil para ele por minha capacidade profissional, do que seria em uma questão pessoal, e, mesmo assim, isso fez meu sentimento mergulhar em direção aos meus dedos do pé, quando percebi que era como eu teria de abordar o meu relacionamento com ele a partir de agora. Eu precisava trazer de volta a rainha do gelo, a maneira como eu tinha agido quando ele estava trabalhando em minha casa. De alguma forma eu precisava ignorar o desejo desaconselhável e lembrar que, na verdade, éramos apenas duas pessoas com muito pouco em comum e sem nenhuma chance de ter um relacionamento romântico. Fechei a pasta para aquele rosto que estava me seguindo por toda parte, peguei meu telefone e abri no contato de Zeb. O telefone tocou e tocou, eu achei estranho pelo quão ansioso ele estava por qualquer notícia sobre os resultados. Normalmente, ele atendia suas chamadas ou retornava o mais rápido possível, então o fato de que minha chamada foi para caixa postal, me deixou de cara feia e me fez ter pensamentos sobre o que poderia estar ocupando seu tempo. Frustrada e um pouco revoltada comigo, eu joguei o envelope em cima do arquivo fechado e disse a mim mesma que eu deixaria Zeb aqui no meu escritório, juntamente com centenas de outros casos que estavam na minha mesa e nos armários atrás dela. Eu estava soltando o meu cabelo, tirando as meias e os sapatos de salto, para colocar minhas sapatilhas rosa, presente de meu irmão e sua namorada. Elas eram peculiares e casuais, antes de me mudar para o Colorado eu nunca as teria usado. Nem mesmo quando saí da casa do meu pai para ir para a faculdade. Não até que corri o risco de vir a Denver e encontrar Rowdy, antes eu andava a passos de bebê, não fazia nada sem analisar como cada decisão que tomava acabaria por me afetar. Eu podia usar sapatos cor de rosa, porque eles eram bonitos, e não me preocupava em me sentir menosprezada por essa escolha. Somente meu pai poderia pegar algo tão simples como um par de sapatos e transformá-los em um reflexo do valor de uma pessoa e suas deficiências.


Eu estava guardando o meu laptop na minha bolsa quando meu telefone tocou. Foi surpreendentemente alto no silêncio do meu escritório, e quando eu vi o nome de Zeb no visor, gemi em voz alta no espaço vazio, enquanto eu sentia minha pulsação acelerar. Eu passei os dedos pelo meu cabelo agora solto e coloquei o telefone no ouvido. Assim que eu respondi, ouvi uma respiração pesada e um monte de ruído de fundo. —Alô? —Respondi interrogativamente enquanto a voz profunda de Zeb gritava ordens para alguém que obviamente não era eu. —Você precisa ter alguém na vala de drenagem ao lado da garagem. Eu não quero os vizinhos na minha bunda, reclamando sobre pregos furando seus pneus. Eles já estão chateados porque fiz vocês trabalharem até mais tarde as duas últimas noites. Olá? Sayer, é você? Você me ligou? Há notícias? Ele parecia tão tenso e ansioso, como sempre quando falávamos, e eu queria me enrolar em uma bola, de vergonha por pensar algo diferente, só porque ele não foi capaz de responder imediatamente à minha chamada. Inclinei-me e bati minha testa na borda da mesa com um baque sólido. —Sayer? Você está bem? O que está acontecendo? Ótimo. Agora, ele estava preocupado comigo porque eu estava agindo como uma idiota. Eu respirei fundo e disse a mim mesma para ter foco. —Eu estou bem. Eu ainda estou no escritório respondendo alguns e-mails de última hora. Há algo que eu acho que você vai querer ver. Eu ia me oferecer para levar até a sua casa, mas parece que você ainda está trabalhando, também. Você pode passar no meu escritório na parte da manhã, se quiser. Ele ficou muito quieto do outro lado do telefone e eu podia ouvir os caras em sua equipe no fundo e o som de carros enquanto ele respirava baixo e estável na minha orelha. —Zeb? —Eu não queria perguntar se ele estava bem, porque eu sabia que ele não estava. Sua vida mudaria, mesmo que o adorável menino que se parecia com ele, na verdade, não fosse dele. Mesmo que Hyde não fosse seu filho, eu tinha a sensação de que conhecer o menino, pego pelo sistema, sem família e sem ninguém para cuidar, não ficaria bem para Zeb. Zeb era um restaurador por natureza e este menino era definitivamente o primeiro em sua lista de projetos. Ele limpou a garganta e eu podia imaginá-lo andando para lá e para cá enquanto passava a mão livre pelo seu longo cabelo. Quem teria pensado que ficar despenteado era tão incrivelmente sexy? —Você viu? Os resultados, quero dizer... eu sou o pai?


Eu coloquei a mão no peito, quando o meu coração se apertou, como se tivesse levado um soco, sua voz falhou na última palavra. Lá se vai manter o nível profissional daqui em diante. —Não. Eu não abri o envelope. Eu achei que era algo que você precisava fazer. Eu sei quão preocupado você estava. Ele soltou uma gargalhada tão feia e dura que fez a minha pele arrepiar. —Preocupado? Foda-se o preocupado, Sayer. Eu sinto que o mundo parou de girar, cada maldita coisa que eu faço, eu acabo sempre voltando para isso, porque eu não posso pensar em nada, a não ser no garoto. Passaram semanas e ele ainda está em um orfanato, sozinho e provavelmente aterrorizado. Ele precisa saber que tem família. Ele precisa saber que ele tem a mim. —Ele desabafou um pouco mais e então suspirou. —Eu tive um problema com a instalação do novo sistema elétrico no meu trabalho atual e em seguida, meu amigo Asa me pediu para olhar um espaço em que ele está pensando em investir, então estou uma semana atrasado nesta reforma. Eu estive forçando os caras esta semana, e ainda tem algumas coisas que eu preciso terminar esta noite. Eu odeio ter que pedir, uma vez que meu local de trabalho parece que foi atingido por um tornado, mas você se importaria de passar por aqui a caminho de casa com os resultados? Se eu não puder ir na sua casa mais tarde e buscá-los. Eu acho que não tenho a paciência de esperar até de manhã. Peguei o envelope para cima da mesa e o coloquei em minha bolsa. —Eu irei até você. Apenas me dê o endereço. Seu suspiro de alívio foi audível quando ele falou um endereço em uma parte de Denver que eu não estava exatamente familiarizada, chamado Highlands. Anotei a informação e disse a ele que iria vê-lo em breve. Mas não antes de cuidadosamente perguntar: —Zeb, você talvez queira chamar um amigo ou alguém da sua família? Eu sei que você está esperando, pelo que parece ser uma eternidade, para ver o que este teste diz, mas quando você vir, quando se tornar real, você pode não querer lidar com isso sozinho. Eu já tinha visto a forma como as notícias enviavam alguém em uma pirueta emocional mais de uma vez. Eu queria ter certeza que Zeb tinha todo o apoio que precisava para suavizar o golpe. —Você vai estar aqui, certo? —Sua voz profunda estava extra rouca, e os arrepios que se seguiram da maneira como ele se arrastou por meus ouvidos não tinha nada a ver com malestar desta vez. —Sim. Eu estarei aí. —Você é a única pessoa que eu preciso, quando descobrir se sou pai de Hyde. Honestamente, se os resultados forem negativos, acho que minha mãe poderia sofrer mais do que eu. Ela já está chamando o rapazinho de seu neto. Eu não quero desapontá-la. —Havia


uma pontada de dor em sua voz quando ele disse isso. Eu balancei a cabeça, embora ele não pudesse me ver, arrumei meu cabelo sobre os ombros. Ele estava embaraçado e bagunçado por ter ficado torcido e preso durante todo o dia. —Ok, então. Te vejo em breve. Ele resmungou seu adeus, e eu tive um breve momento de indecisão e pânico, sobre se eu deveria colocar meus saltos e meia-calça de volta, mesmo que eu não estivesse me sentindo particularmente profissional, quando ele e seu caso estavam em questão, eu poderia pelo menos tentar, mas depois decidi que ele estava esperando o tempo suficiente por esta papelada e que minha insegurança ridícula não era uma razão boa o suficiente para deixá-lo esperando por mais tempo. Eu fechei meu escritório fui até o elevador e acenei adeus ao guarda. O endereço que Zeb tinha passado me levou a uma área da cidade que era realmente muito perto do centro e do outro lado da interestadual. Era um bairro em crescimento, se as novas fachadas das lojas próximas às antigas abandonadas e quebradas fossem qualquer 2

indicação. Era o tipo de lugar que o Realtors se referia como em crescimento e, obviamente, um bairro que poderia dar lucros para um investidor que soubesse o que estava acontecendo no mercado imobiliário. Quando eu parei em frente da casa no endereço que Zeb tinha me dado, ficou claro que o homem sabia o que estava fazendo. A casa era a mais feia do bairro. Ela estava em um estado lamentável de abandono, parecia em ruínas e à beira de cair. Parecia ainda pior, pelas casas bonitas obviamente bem conservadas que a rodeavam. Crianças brincavam ruidosamente nos quintais de ambos os lados e me observaram com curiosidade, quando eu estacionei atrás de uma caminhonete coberta de lama. Quando eu saí do meu carro e me dirigi para a porta da frente da casa em ruínas, notei que os pneus do veículo ostensivamente masculino chegavam quase à altura da minha cintura. Tinha que ser de Zeb. Qualquer outra pessoa ficaria ridícula dirigindo um animal tão “grotesco” pela cidade. Ele era o único grande e barbudo com capacidade para guiá-lo. Eu nem sequer tive que levantar a mão para bater na porta. Assim que minhas sapatilhas, rosa brilhante, pisaram no degrau mais alto, a porta de ferro forjado e vidro se abriu e fui puxada para dentro por mãos firmes. Eu bati no centro de um peito suado e forte coberto por uma fina camada de tecido. O abracei quase sufocando e acariciei as costas que estavam cobertas de músculos adquiridos pelo trabalho, me pedindo para acariciá-la, mesmo sabendo que seria uma má ideia, dadas as circunstâncias, eu realmente queria. —Ele vai ficar bem. Eu prometo. —Minhas palavras foram perdidas em algum lugar no seu peitoral, mas ele deve ter me ouvido, porque ele se afastou com um sobressalto e me soltou. Olhos verdes me digitalizaram desde o topo da minha cabeça desgrenhada até a ponta dos meus sapatos. Quando eles chegaram nas sapatilhas cor de rosa brilhante envolvendo os


meus pés, ele sorriu. —Eles combinam com sua roupa, Sayer. Eu deixei escapar um suspiro e tentei não babar muito, quando eu notei que ele ainda estava com o cinto de ferramentas, que estava puxando a parte superior de seus jeans desbotados para baixo em seus quadris estreitos. Havia uma lasquinha de pele esticada, bronzeada, escura, salpicada de pelos aparecendo entre a cintura da calça e a bainha de sua camiseta. Eu queria cair de joelhos e lambê-la. Isso era uma sobrecarga de testosterona, minhas partes femininas não estavam preparadas para o assalto sensual que essa imagem causava. Deus, havia algo tão sexy sobre um homem que era talentoso com as mãos. Havia algo que fazia todas as minhas partes femininas ofegarem e ficarem atentas, sabendo que ele poderia quebrar coisas com sua força bruta e em seguida, tão facilmente repará-las. —Eu estava indo para casa. Ficar em pé no tribunal durante todo o dia de saltos é terrível. Foi Salem quem escolheu, a propósito. Eu preciso dar aos meus pés um descanso. — Dei de ombros. —Obrigada por notar. Ele riu e me guiou mais para dentro da casa despedaçada. Paredes foram derrubadas, partes do piso arrancadas, luzes pendiam de fios no teto. Ele estava certo. Parecia que um tornado havia atingido o local. —Elas são bonitas. Você poderia estar usando chinelos do Bob Esponja e ainda assim seria você, Say. Eu estava apenas tentando quebrar um pouco da tensão. Merda, é um momento estressante, sabe? —Ele olhou por cima do ombro e estendeu a mão para me pegar quando eu tropecei em uma tábua solta no chão. Graças ao Senhor que eu estava sem saltos. Eu teria terminado de cara no chão, em seguida morrido de constrangimento. —Desculpe pela bagunça. Eu comprei a casa em um leilão. Era para ser demolida, então eu paguei bem barato. Mas o preço reflete as atuais condições. É uma catástrofe, porra, mas quando eu terminar ela vai ser a casa mais bonita do bairro e pela forma como as pessoas estão invadindo esta parte da cidade, eu vou ter o meu investimento inicial de volta com acréscimo de dez vezes. —Ele me puxou para o seu lado quando tropecei novamente, e riu enquanto passávamos através de uma parede onde uma vez deve ter sido a cozinha. —Esta é a única sala que não está suja e tem um lugar para sentar. Porque ainda não começamos a trabalhar aqui. Havia o que parecia ser uma mesa de cozinha antiga coberta com uma lona manchada e algumas cadeiras de metal dobráveis em torno dela. Zeb desafivelou seu cinto de couro com ferramentas em seguida, o agarrou com uma das mãos enquanto caía da cintura. Ele colocou a engenhoca em cima da mesa, fazendo muito barulho e eu tremi um pouco, porque até mesmo o som disso era sexy. Ele passou as mãos pelos cabelos e pedaços de gesso e serragem saíram voando em todas as direções. —Eu tenho certeza que vai ficar incrível quando você terminar. Eu vi em primeira mão como você é talentoso e qualificado. —Sentei-me devagar em uma das cadeiras que ele puxou para mim e prendi a respiração quando ele se inclinou para que seu rosto ficasse bem na


frente do meu, enquanto ele sorria maliciosamente. Eu queria deixar escapar que ele poderia me comer a qualquer hora e em qualquer lugar que quisesse. Esses sentimentos estranhos que começavam a mexer com a minha vida eram assustadores. —Oh, Sayer, você não viu nada sobre quão habilidoso e talentoso eu posso ser.... Pelo menos não ainda. —Ele se afastou enquanto eu piscava para ele estupidamente e apoiou um quadril na mesa ao meu lado. —Mas isso é para outra hora. —Ele estendeu a mão e mexeu os dedos em um movimento de: —Me dê. Vamos saber. Fiz uma busca na minha bolsa e tirei o envelope. Estendi para ele e vi como seu amplo peito expandiu, quando ele respirou profundamente. Ele coçou a barba, algo que eu notei que ele fazia quando estava pensando muito em alguma coisa. —Parece tão inofensivo, não é? Como uma carta normal do correio é algo que pode mudar o rumo da minha vida para sempre. Eu estava um pouco surpresa, porque eu tinha tido praticamente o mesmo pensamento quando Carla o entregou para mim momentos atrás. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e lhe disse: —Você ficaria surpreso com o quão importante alguns pedaços de papel acabam sendo para nós. Nos esforçamos, até o último, para conseguir um papel para pendurar na parede. Nós escolhemos o governante, em mundo livre colocando uma cédula de papel em um buraco. Algumas pessoas procuram incessantemente a pessoa certa para que possam conseguir a tão cobiçada certidão de casamento e nem me fale sobre a importância dos papéis que alguém deixa para trás depois que eles já não estão conosco. —Seus olhos mudaram para um verde profundo e escuro com as minhas palavras. —Quando eu tive em minhas mãos o testamento do meu pai, o meu mundo inteiro mudou. Esses papéis eram tudo para mim, então eu entendo porque estes são tão importantes para você. Quando eu recebi meu primeiro papel importante, meu diploma do ensino médio, meu pai ficou rígido na graduação, sua boca esticada com desagrado porque eu dividi o título de melhor aluna com outro aluno. Eu deveria ter sido a melhor na minha classe e honestamente eu acho que a única razão pela qual ele não se levantou e saiu, foi por conta de como ele seria olhado pelos outros pais no auditório. Quando eu não passei no exame da Ordem dos Advogados na primeira vez, eu pensei que ele fosse me deserdar. Eu perdi as contas de todas as maneiras que eu tinha aparentemente o decepcionado durante a minha vida. Eu poderia ter recebido um abraço, alguma forma de incentivo, mas tudo que eu consegui foi desprezo. Foi tudo o que eu recebi dele. O testamento de meu pai foi outro pedaço de papel que mudou minha vida para sempre. Nele, ele finalmente revelou o fato de que era pai de outra criança, uma criança com quem ele queria que eu dividisse seus bens. Uma criança com a qual ele nunca tinha se envolvido. Uma criança que tinha sido abandonada e deixada sozinha. A criança por quem eu fiquei instantaneamente e imediatamente obcecada, porque a sua existência significava que eu não estava mais sozinha. Foi um simples pedaço de papel que meu pai tinha deixado para trás que tinha finalmente me dado uma família. Um pedaço de papel que tinha trazido alguém que


me amava, e que me tratou com carinho e cuidado quando eu precisei desesperadamente. Eu nunca subestimaria o poder de algo que parecia tão inofensivo como um simples pedaço de papel, quando sabia o quão poderoso poderia ser. Olhamos um para o outro com uma compreensão silenciosa até que ele respirou fundo e começou a abrir a aba superior do envelope. —Eu pensei que eu estivesse pronto para aceitar qualquer coisa... positivo ou negativo, mas agora eu sinto que só posso aceitar uma resposta. Estendi a mão e a coloquei em seu antebraço enquanto ele tirava vários papéis do envelope. Suas grandes mãos tremiam e seus olhos tinham mudado para um tom que era quase preto. —Tudo ficará bem, não importa qual seja o resultado. Vamos nos certificar disso. Há opções, Zeb. Ele assentiu distraidamente enquanto seus olhos furiosamente digitalizavam a papelada. Seus lábios franziram e suas bochechas ficaram pálidas, e logo em seguida foi inundada com um tom rosa brilhante. Seu olhar deslocou-se para mim e sem dizer uma palavra, ele me devolveu a papelada. Eu peguei de sua mão, mas não li. Eu não podia dizer por sua reação se ele precisava de mim para abraçá-lo ou esbofeteá-lo no rosto. —O que diz? Você é o pai de Hyde? Ele apenas olhou para mim em silêncio, sua respiração pesada e ruidosa, para dentro e para fora, e ficamos nos olhando. Eu estava me preparando para ler os resultados, quando de repente ele sussurrou: —Eu sou o pai. Eu tenho um filho. —Sua voz era tão áspera, tão cheia de emoção e sentimento, que quase me doía ouvi-lo. Eu tinha me treinado para não sentir nada, ou pelo menos manter o controle. No entanto, aqui estava este homem gigante sentindo tudo de uma vez e eu nunca tinha visto ninguém parecer mais desnorteado ou feliz. —Zeb? —Era em parte pergunta e parte preocupação. Ele se virou para olhar para mim e novamente declarou: —Eu sou pai. Esse menino é meu. —Parabéns. Eu não posso esperar para apresentá-lo ao seu filho. O canto de sua boca se curvou em um sorriso e uma faísca de vida brilhou em seu olhar. Eu não pude me controlar quando vi aquele pequeno lampejo de seus dentes, e todo o profissionalismo voou para fora da janela. Em vez disso, fiquei em pé, coloquei os resultados sobre a mesa bagunçada, agarrei suas bochechas barbudas em minhas mãos, e eu fiz algo que nunca tinha feito antes.


Eu beijei um menino. Isso significa que eu tomei a iniciativa. Foi totalmente inesperado, o modo oposto de como eu normalmente me comportava, novamente eu me sentia como se alguém estivesse dentro de mim, controlando as minhas ações. Era como se a Sayer antes de Denver nem sequer existisse. Eu o puxei para mim, plantei minha boca sobre a dele e o beijei loucamente. Foi um dos maiores e mais ousados momentos da minha vida, até mesmo maior que a minha mudança e encontrar meu irmão. Se a maneira como ele respondeu foi qualquer indicação, Zeb aprovou a minha atuação, como alguém que eu absolutamente não era.


CAPÍTULO 6 Zeb Eu estava em choque. Eu estava consumido com partes iguais de exaltação e terror. Eu estava em pânico internamente, mas externamente tudo estava focado no fato de que Sayer tinha pressionado sua boca suave e inteligente na minha. Minha reação ao seu beijo e a forma quente dele, fez o meu sangue começar a correr rapidamente, era muito bom para pensar, tão fácil de me entregar, em vez das outras emoções, mais assustadoras, que estavam pairando em volta de mim. Hyde era meu e isso mudaria minha vida, mas neste momento, neste breve segundo, eu poderia simplesmente beijar Sayer e colocar minhas mãos sobre ela, como eu estava morrendo de vontade de fazer pelo que parecia uma eternidade. Ela era a única coisa certa, sólida e definitiva no meu novo mundo. Eu queria me agarrar a ela, deixá-la segura do que sua atitude causava em mim. Mas mais do que tudo, eu queria meter minha língua em torno da dela e preencher minhas mãos com sua pele macia. Eu queria agradecê-la com as minhas mãos e boca por não olhar para mim como se eu tivesse falhado, como se eu tivesse feito uma asneira novamente. Eu cometi um erro, e eu faria tudo ao meu alcance para corrigir e ela entendia isso. Pelo menos a maneira que nós tentamos devastar um ao outro fez parecer que ela entendia. Eu não era um cara ruim, mas eu era falho e ver que ela aceitava sem questionar, enquanto se apertava contra mim como se não pudesse chegar perto o suficiente, me fez querer devorá-la. Eu aprofundei a pressão da minha boca contra a dela, coloquei minhas mãos em volta da cintura estreita, para que eu pudesse girar, e ela ficasse com sua parte traseira encostada na beira da mesa comigo inclinado sobre ela. Eu estava sujo de um dia de trabalho duro, mas ela não parecia se importar com a poeira e a sujeira, enquanto seus dedos se enredavam no meu cabelo ou quando minhas mãos ásperas deslizavam por suas roupas e eu comecei a puxar a barra de sua blusa de seda pela parte superior de sua saia. Ela me beijou de volta com igual fervor, sua língua rápida arremessando através da minha e os dentes fazendo uma pausa para afundar na curva do meu lábio, foi quando eu me afastei apenas uma fração de segundo para me certificar de que eu não estava ferindo sua pele delicada com a minha barba. Ela parecia bem com seus olhos azuis nublados de luxúria e muito grandes em seu rosto. Quando ela lambeu todo o arco de seu lábio superior, eu gemi e parei de tentar ser atencioso com sua roupa e empurrei minhas mãos rapidamente para as laterais de seu peito, até que


meus dedos encontraram uma borda de cetim e renda. Eu apostaria um bom dinheiro que essa mulher usava calcinhas que custavam mais do que eu pagava pelo meu Jeep todos os meses e meu pau estremeceu com a ideia de conseguir vê-la com nada além disso. Já era difícil estar apenas perto dela, mas sentir a pressão de sua pele aveludada contra a minha foi o suficiente para fazer meu sangue bombear e latejar no meu pau, tornando a situação por trás do meu zíper decididamente desconfortável. Ela me observava em silêncio enquanto eu escorregava meu polegar pela borda de seu sutiã e tentava ler sua reação naquele olhar cor-de-mar. Havia uma paixão inebriante flutuando lá, mas estava em guerra com a incerteza. Ela não estava me dizendo para parar e seu peito subia e descia tão rápido quanto o meu, mas havia uma pontada de desespero em seu domínio sobre o meu cabelo, e uma vez que eu tinha me afastado, ela não se moveu ou iniciou outro toque, ou beijo. Eu sorri para ela e usei a ponta do meu polegar para romper a barreira de renda que estava me impedindo de tocar seus doces seios. Sayer era alta para uma mulher, o que era bom quando estávamos alinhados como agora, com meus dedos se arrastando por um caminho perigoso e proibido, e ela era macia e suave. Ela tinha muito mais escondido por trás desse sutiã, que eu tinha certeza que era tão chique como o resto de suas roupas, embora eu não pudesse vê-lo. —Você vai me dizer para parar? —Minha voz estava rouca de desejo e de tudo que estava preso dentro de mim e à procura de um lugar para ir. Ela soltou um suspiro trêmulo e suas mãos suavizaram seu aperto forte no meu cabelo para descansar levemente sobre meus ombros. Ela piscou aqueles olhos azul-celeste para mim e lambeu os lábios novamente. —Provavelmente, então você deve me beijar de novo e então eu esquecerei que isto é totalmente inapropriado e que preciso colocar um fim nisso agora. Ela não teve que me dizer duas vezes. Eu coloquei a mão que não estava subindo para o seu seio no centro de suas costas e pressionei para que ela estivesse inclinada para mim e assim tivesse acesso total não só à sua boca, mas à curva elegante do pescoço e da delicada concha de sua orelha, com aquele rio acetinado de cabelo loiro caindo ao lado. Eu parei de brincar e empurrei seu sutiã para cima e fora do meu caminho para que eu pudesse esfregar o bico, agora proeminente de seu mamilo com o centro da palma da minha mão. Isso a fez choramingar e eu fiz questão de colocar a minha boca sobre a dela para abafar o som. Ela era maleável, fundindo-se com o meu toque e se envolvendo em torno de mim como se não tivesse mais ossos ou qualquer tipo de estrutura para mantê-la na posição vertical. Eu era a única coisa a segurando e mantendo em linha reta, e isso me fez rosnar com profunda satisfação. Eu a despertaria e moldaria, para algo que era composto por nada mais do que desejo, paixão, necessidade e satisfação se ela me desse a oportunidade. Movi a minha mão dentro de sua camisa para que eu pudesse colocar os dedos em


torno desse mamilo que estava agora me esfaqueando na mão com impaciência. Eu o queria dentro da minha boca, tanto, que eu já podia saborear a doçura em toda a minha língua. Afastei-me do calor ganancioso de sua boca, para que eu não só pudesse ver como o meu toque a afetava, mas também para que eu pudesse respirar e tentar conseguir algum espaço, porque por mais que eu quisesse, eu sabia que não havia como eu colocar minhas mãos ou boca debaixo de sua saia esta noite. Não havia como negar que tínhamos uma faísca, algum tipo de tensão que nos atraía e nos guiava em direção ao outro, mas Sayer não era o tipo de mulher que deixaria um cara jogá-la em uma mesa de cozinha suja. Pelo menos eu não achava que ela era, mas, em seguida sua mão escorregou do meu ombro e começou a deslizar para baixo, do centro do meu peito em direção aonde havia todos os tipos de problemas esperando por ela atrás do meu cinto. A carícia de seus dedos através do algodão da minha camiseta era muito melhor e mais quente do que eu jamais poderia lembrar, com seus dedos causando essa sensação em minha pele nua. Esta mulher poderia me desvendar com muito pouco esforço, o que foi uma revelação surpreendente considerando que eu precisava demais dela e em mais de uma área da minha vida. Eu deslizei meu queixo pela sua bochecha e sorri quando isso a fez rir. Parecia tão leve e feliz que eu fiz novamente só para ouvir sua risada novamente. Quando seus dedos pararam na pesada fivela do meu cinto, prendi a respiração e dei ao seu mamilo que eu ainda estava tocando um puxão antes de tirar a minha mão para fora do sutiã e colocar algum espaço entre nós. Eu segui a curva de sua orelha com a ponta da minha língua e recebi um tremor do corpo inteiro dela em resposta. Eu fiz uma nota mental para me lembrar de que Sayer tinha uma coisa com orelhas e sussurrei: —Eu não sei qual é o seu ponto de parada para tudo isso, mas se você abrir as minhas calças eu aposto que vai ser muito mais longe do que o previsto. Eu estou bem com isso, mas algo me diz que você pode não estar. Quero transar com você, Sayer, mas acho que podemos fazer melhor do que em uma mesa de cozinha, que pode até não nos suportar. Não com a maneira que eu te quero e com todas as coisas que eu quero fazer. Eu disse que iria convidá-la para um encontro; você deve me deixar fazer isso antes de colocar suas mãos no meu pau. Ela fez um barulho que era parte um grito e parte um gemido de aflição. Ela levantou as duas mãos para a minha barriga e me empurrou um pouco para trás. Deu um passo para trás e me contornou, puxando o sutiã e colocando sua camisa de volta onde pertencia, enquanto se movia. Ela torceu os cabelos em torno de sua mão e empurrou para trás em seus ombros. Suas bochechas tinham o menor indício de rosa e eu podia ver a vermelhidão que minha barba tinha deixado em seu pescoço e queixo. As marcas deveriam me fazer sentir mal, mas não fizeram. Elas me fizeram querer sorrir e bater no meu peito enquanto declarava que ela era minha, a quem estivesse por perto para ouvir. Eu tinha colocado minhas marcas nela, de modo que a deixei fora dos limites para qualquer outra pessoa.


—Desculpa. Perdi a cabeça um pouco. Você faz isso. —Sua voz era baixa e eu poderia dizer que ela estava envergonhada, como se admitir que corresponder ao meu desejo inebriante fosse algo para se envergonhar. Suspirei e estendi a mão para pegar seu braço enquanto ela pegava sua bolsa. Ela olhou para mim e minhas entranhas apertaram quando vi algo turvo e desagradável se movendo pelo azul de seu olhar. Eu queria tranquilizá-la se essa nebulosidade tivesse sido causada por mim, mas eu podia ver o que estava nublando sua cabeça era ela mesma. —Você faz isso comigo, também, Sayer. Você sabe disso, certo? Meu mundo ficou muito mais complicado e você é a única coisa que o faz mais manejável. Eu preciso de você. Suas narinas se alargaram um pouco e ela me deu um aceno de cabeça. —Você precisa que eu... Que eu faça o meu trabalho, e eu vou. Eu lhe disse que iríamos passar por isso, e nós o faremos. Eu não vou deixar você sozinho. Suas palavras soaram como uma espécie de afirmação que ela praticou no espelho. Isso me fez franzir a testa. —Eu preciso de você, Sayer. Tudo de você. Ela apenas balançou a cabeça para mim e acariciou meus dedos onde eu estava começando a lhe apertar o braço com mais pressão do que eu pretendia. —Não se preocupe, Zeb, você vai ter o melhor de mim. —Ela me sacudiu e se soltou, deu alguns passos em direção à porta da frente. —Eu vou fazer uma petição para conseguir uma visita com Hyde ainda esta semana. Provavelmente será monitorada e em um local 3

determinado pelo tribunal, tipo uma CASA . Ela tinha voltado a ser advogada e estava falando comigo agora como se eu fosse um cliente em seu escritório e não com um cara que quase transou com ela nesta mesa frágil de cozinha. —Que diabos é CASA? —Eu cruzei os braços sobre o peito e me recostei na mesa, irritado e frustrado sexualmente. Eu deveria tê-la deixado colocar as mãos dentro das minhas calças. —CASA é Court Appointed Special Advocate, significa que o tribunal nomeará um advogado especial e eles têm locais menos rígidos para as crianças e para os pais, por toda a cidade para fazer visitas em casos de custódia complicada. O Colorado, na verdade tem algumas instituições realmente surpreendentes, para ajudar as crianças que acabam no sistema. Eu resmunguei. —Contanto que eu comece a conhecer o menino e passar algum tempo com ele antes


das coisas realmente se resolverem, eu não me importo onde isso ocorra, ou quem está olhando por cima do meu ombro. A ideia de que eu ficaria cara-a-cara com meu filho, com a pessoinha que eu tinha ajudado a criar, fez toda essa felicidade e a dúvida surgir de novo. —Eu vou providenciar. Sério, Zeb, parabéns. Este menino tem muita sorte de tê-lo em sua vida. Apertei os olhos para ela, quando ela torceu o nariz um pouco, enquanto passava os dedos sobre a marca que meu bigode tinha deixado em sua garganta. —Eu tenho sorte de ter você ao meu lado, Sayer. Ela assentiu distraidamente e moveu os dedos pelas pequenas marcas vermelhas em seu queixo. Eu ri um pouco e chamei a sua atenção para mim, com uma sobrancelha levantada. Eu levantei também minhas próprias sobrancelhas para ela e as deixei cair, com uma expressão óbvia. —Basta imaginar o que vai sentir quando eu colocar o meu rosto entre suas pernas. Isto não está nem perto de ter terminado entre nós. Minhas palavras a fizeram corar, mas ela não discutiu. —Vou entrar em contato quando eu receber a resposta. As coisas vão começar a se mover rapidamente agora que temos a paternidade estabelecida. Bem, tão rapidamente quanto possível no sistema legal. Vejo você em breve. Ela saiu e eu deixei escapar um suspiro profundo e me virei para pegar o meu cinto de ferramentas na mesa. Parece que eu ainda tenho uma porrada de trabalho a fazer.... Na casa e na garota. E na minha vida, agora que eu tinha um filho com quem eu estava ligado e determinado a compartilhar. Eu estive nervoso esperando as notícias de Sayer pelo resto da semana. Minha mãe e Beryl foram à lua com a notícia, embora eu achasse que nenhuma delas ficou surpresa. Quando eu disse que Sayer estava trabalhando para conseguir uma reunião com o menino, eu acho que elas ficaram tão animadas e tão ansiosas como eu estava. Sayer me ligou logo antes do fim de semana e me disse que ela conseguiu uma autorização e que eu podia ver Hyde, mas teria que ser supervisionado e monitorado em um local aprovado pelo tribunal. Meu coração chegou à minha garganta e eu não conseguia pensar em nada para dizer a ela. Tudo o que eu podia fazer era grunhir como um Neanderthal. Ela perguntou se eu poderia tirar uma tarde de folga do trabalho na semana seguinte e me disse que iria programar tudo. Sendo minha advogada, ela deveria estar presente durante a


visita, mas me garantiu que isso era algo que ela fazia o tempo todo, por isso tanto ela quanto o representante da CASA seriam os mais discretos possível, para que o meu tempo com Hyde fosse sem interrupções. Eu finalmente encontrei a minha voz para agradecê-la, quase um chiado quando eu perguntei se eu estava autorizado a levar alguma coisa para Hyde. Eu não sabia muito sobre crianças, especialmente meninos de cinco anos de idade e um que era meu, eu pensei que não poderia fazer mal e ajudaria a quebrar o gelo algum tipo de bugiganga. Quando eu tinha cinco anos, tudo o que tinha rodas e fazia barulho me fazia o pequeno mais feliz na terra. Na verdade, essas coisas me faziam um adulto muito feliz também. Sayer me disse que ela teria que verificar com o representante da CASA e me responderia. Nós definimos a data para quarta-feira, e eu passei todos os dias que antecederam em estado alternado de euforia e pânico profundo. Eu tinha certeza que estava deixando Beryl louca, a chamando a cada cinco minutos para lhe perguntar o que devia fazer, o que devia dizer. Eu não podia acreditar que eu estava tão desesperado de preocupação por conhecer um garoto de cinco anos de idade que gostaria de mim ou não. Finalmente, depois da trigésima chamada, ela colocou Joss no telefone, e minha sobrinha me disse para parar de me preocupar, pois todas as crianças gostavam de mim. Eu ri e perguntei como ela sabia, seu raciocínio era tão inocente e simples que colocaram alguns dos meus medos para descansar. Ela me disse que era porque eu sou tão alto e tão grande que eu parecia um superherói. Disseme que eu poderia pegá-la e fazê-la girar, não importa quão grande ela fosse, eu sempre a fazia rir. Disseme que meus abraços eram os melhores e que minha barba fazia cócegas quando ela me beijava, e em seguida, foi como se ela estendesse sua pequena mão, direto no meu peito e cutucasse meu coração, quando ela me disse que eu tinha as mantido, ela e sua mãe, seguras quando seu pai foi mal para elas. Ela me disse que todas as crianças precisavam de alguém que as fizesse sentir seguras, então é claro que Hyde gostaria de mim. Quando ela passou o telefone de volta para Beryl, eu tinha certeza que minha irmã estava chorando e honestamente, eu podia sentir as lágrimas na parte de trás dos meus olhos. Sayer me ligou um dia antes do dia que eu deveria encontrar o meu menino e me disse que tinha conversado com a pessoa da CASA e a mãe adotiva de Hyde sobre se eu poderia levar algo para ele no nosso primeiro encontro. Ela me avisou para que não exagerasse, sendo que ele ia ter que voltar para a casa de acolhimento depois da nossa reunião, o que significava que ele estaria junto de outras crianças que sentiriam ciúmes se ele chegasse com algo extravagante e caro. Foi assim que eu me encontrei no corredor de brinquedos da Target trinta minutos antes de fechar, olhando sem rumo filas e filas de caixas coloridas. Eu não tinha ideia do que era adequado ou do que Hyde gostaria e isso me fez querer arrancar meus cabelos. Finalmente, o meu olhar bateu em uma caixa de Legos. Talvez ele gostasse de construir coisas como eu. Havia blocos e peças suficientes na


caixa, mesmo que houvesse um monte de crianças na casa em que ele estava hospedado, eles poderiam compartilhar e brincar juntos. Peguei um par de modelos diferentes e fui para casa sabendo que eu não pregaria o olho até o encontro de amanhã. Em vez disso, olhei para o teto e alternadamente pensei no menino e na mulher que era a chave para torná-lo uma parte permanente na minha vida. Eu não conseguia pensar em um sem o outro invadir meu pensamento no minuto seguinte. Ambos eram tão importantes e estavam intrinsecamente ligados na minha vida no momento, que os separar parecia impossível e eu não tinha certeza de que queria. Se eu ganhasse a custódia total de Hyde, ele faria parte do pacote, se Sayer me deixasse entrar em sua vida. Ela não podia ter a mim sem ele, e eu me perguntei se isso era parte da razão pela qual ela colocava sua máscara profissional cada vez que falávamos agora. Ela sempre foi educada, sempre reconfortante, mas nada da atração que flutuava entre nós antes estava presente no tom dela, e todas as nossas conversas eram breves e iam direto ao ponto. Ela estava me deixando louco, mas eu não conseguia descobrir uma maneira de contornar isso e francamente eu tinha que manter meu foco no meu filho e não no meu pau. Quando o dia da visita chegou, eu faltei ao trabalho na parte da manhã, deixando o meu encarregado, Azzy, a cargo da equipe. Azzy era um bom garoto que sobreviveu a uma educação realmente desagradável. Ele havia passado seus anos de formação no reformatório e a maior parte de sua vida adulta atrás das grades. Havíamos nos conhecido na prisão, e quando ele saiu, me procurou. O cara não tinha conhecimento em construção e eu sabia como era difícil para qualquer um, mas especialmente para alguém de cor, com uma história criminal, encontrar um bom trabalho e alguém disposto a dar-lhe uma chance honesta e um futuro. Eu odiava ser julgado pelos meus erros passados, mas sabia que poderia ser muito pior para ele do que era para mim. Azzy tinha uma determinação feroz de nunca mais voltar para a prisão, e uma dedicação notável de fazer algo bom para si mesmo. Desde que eu o havia contratado, ele também tinha provado ser um aprendiz rápido. Ao longo dos últimos anos, eu tinha confiado mais e mais responsabilidade e trabalho a ele. Na verdade, depois que eu tivesse os esquemas elaborados e projetos prontos, eu estava pensando em entregar toda essa etapa para o rapaz. Azzy estava pronto para fazer algo sozinho e eu sabia que Asa iria apoiá-lo quando eu explicasse o meu raciocínio de passar o projeto para o meu protegido. Coloquei uma calça preta e uma camisa xadrez clara de botões na frente, junto com uma jaqueta branca sobre os ombros. Eu troquei meu tênis vermelho por um par de botas pretas e tentei domar o meu cabelo normalmente indisciplinado com um punhado de gel e um pente. Eu me lavei muito bem, mas sabia que nunca ninguém me consideraria um cidadão honorável, e não havia nada que eu pudesse realmente fazer sobre as tatuagens em ambos os lados do meu pescoço ou as que marcavam a parte de trás de cada mão, sendo assim, eu sabia que provocaria olhares de desconfiança, naqueles que afirmavam que não importava o quão respeitável minha carreira era, ou quanto dinheiro eu tinha no banco, ou o quão bom fosse o carro que eu dirigia, eu ainda pareceria áspero e sempre seria um ex-presidiário. Subi na minha caminhonete com meu Lego e me dirigi para o endereço que Sayer tinha


me dado. O edifício CASA parecia como qualquer outro na rua onde estava localizado. Quando eu entrei e tive que passar pela segurança, e por intermináveis pares de olhos suspeitos, que eu percebi como era diferente. Havia uma recepção, onde eu assinei, e olhei ao redor da sala de espera procurando um rosto familiar. Tudo o que eu vi eram homens que pareciam derrotados e mulheres que pareciam com medo. Este era, obviamente um estabelecimento que era o pior cenário para alguns, o que só fez os meus nervos se agitarem ainda mais. Eu não queria ser o pior no caso de Hyde. Eu queria ser a sua melhor opção, não a porcaria como ele tinha sido tratado em sua vida até agora. Uma porta ao lado da recepção se abriu e Sayer saiu e caminhou em minha direção. Fiquei espantado por um segundo ao vê-la. Eu já tinha a visto em seu traje de advogada muitas vezes, enquanto eu estava trabalhando em sua casa, mas algo sobre vê-la toda vestida assim e nitidamente respondendo em meu nome era surpreendente. Todo o seu cabelo dourado estava amarrado e longe de seu rosto. Eu queria enfiar minhas mãos nele e deixá-los livres. Seus olhos deslizaram sobre mim e a boca levemente pintada se abriu em um sorriso. —Você está bonito. Você está pronto para entrar? Esta é Maria, ela é nosso contato aqui. Ela vai ficar na sala com você e Hyde pela próxima hora. Não se assuste se você a vir tomando notas, você precisa saber que todas as suas visitas aqui serão gravadas e filmadas. Até agora, tudo o que foi dito a Hyde é que você é um velho amigo de sua mãe. Ninguém acha que é hora de explicar a ele que você é o pai dele ainda. Queremos que ele se sinta confortável com você em primeiro lugar. Você está bem com tudo isso? Eu apenas assenti com firmeza. O que mais eu poderia fazer? —Tudo o que você quiser que eu faça. Ela me deu um sorriso radiante que acalmou algumas das coisas afiadas e pontiagudas que estavam me cutucando sob a minha pele. Quando ela estendeu a mão e a colocou no meu cotovelo, eu finalmente me senti como se eu pudesse voltar a respirar normalmente. —Nós só precisamos preencher alguns formulários e depois vamos voltar. Hyde está na sala brincando com outro representante. —Eu balancei a cabeça novamente, senti como se isso fosse tudo o que eu seria capaz de fazer no momento. Sayer deve ter visto meu pânico e meu medo, porque quando ela estendeu a mão para me entregar uma pilha de papéis, ela deu um passo mais perto e me disse baixinho: —Ele é um menininho feliz, Zeb. Ele parece doce e não ficou curioso ou com medo quando seu guardião atual o deixou. Ele só quer brincar. Ele vai ficar feliz em vê-lo. É tudo uma aventura para ele. Eu respirei profundamente. —Obrigado por isso. Ela me deu uma piscadela e me deu um tapinha onde ela estava segurando meu braço. —Pessoalmente a semelhança é ainda mais evidente. —Ela apontou para seu próprio rosto. —Ele tem a sua covinha.


Senti minhas sobrancelhas subirem. —Como você sabe que eu tenho uma covinha? —Eu comecei a deixar a barba crescer quando eu estava na prisão, porque conseguir lâminas de barbear na prisão era um aborrecimento que eu queria evitar. Quando saí, ela estava longa e indisciplinada, daí aparei e era bastante impressionante, então eu decidi mantê-la. Até onde eu sabia, ninguém desde que eu saí tinha me visto bem barbeado, incluindo Sayer. O sorriso dela diminuiu um pouco e ela puxou a mão do meu braço enquanto eu escrevia meu nome e data de nascimento no outro lado na pilha de papéis. Ela limpou a garganta e olhou para longe quando murmurou: —Na foto em seu arquivo, você não tem barba. Notei a covinha quando eu estava olhando os documentos antes de entrar com o meu requerimento no tribunal. Minha foto da prisão. Merda, ela tinha visto a minha foto. Isso fez meus dentes serrarem com um clique audível. Não me admira que ela tivesse começado a se afastar de mim. Não havia como contornar o fato de que eu tinha cumprido pena por um ato indiscutivelmente violento. Com essa evidência na cara, porque ela iria querer me dar uma chance de ser algo mais para ela? Ela pareceu não se importar com toda a bagagem que eu arrastava comigo, mas como ela poderia ignorar tudo isso quando reaparecia na frente dela uma e outra vez? Eles não bloqueavam os arquivos o suficiente para manter o conteúdo do meu passado seguro. —Você está pronto para entrar? —Ela entregou os papéis para a mulher que ela tinha apresentado como Maria e eu inclinei meu queixo para baixo, com um aceno de cabeça. —Tão pronto quanto eu sempre estarei. Vamos fazer isso. —Eu desejava me sentir tão seguro quanto eu disse. —OK. Siga-me. Nós andamos por um longo corredor e em seguida, entramos em uma sala que parecia uma pré-escola. Havia um monte de pequenas mesas, desenhos, e um tapete acolchoado no chão com números e letras sobre ele. No meio de tudo isso havia um menino de cabelos escuros deitado de barriga, chutando seus pés minúsculos no ar atrás dele imitando barulhos de carro, enquanto ele empurrava um caminhão basculante de plástico na sua frente. O tempo parou. O mundo parou. Eu parei. Tudo o que já tinha importado para mim, tudo o que tinha parecido importante para mim antes deste momento, antes que eu colocasse os olhos sobre esta pessoinha que era uma parte minha, pareceu totalmente insignificante e sem valor. Os olhos verdes que combinavam


com os que me encaravam no espelho todos os dias, desviou-se para mim e um sorriso cheio de dentes com uma falha na parte inferior brilhou quando o menino ficou de pé e correu até onde eu estava congelado no lugar enquanto o observava com o coração na garganta. —Oi. Sou Hyde. Você é um gigante? Isso são Legos? Eu amo Legos. Você quer brincar comigo? Fiquei olhando para uma cópia minúscula do meu próprio rosto e disse a mim mesmo para reagir e interagir com ele. Eu nunca teria outra chance de causar outra primeira impressão neste pequeno homem que era de repente tudo para mim. Abaixei-me para que eu não ficasse muito acima dele e estendi a caixa. —Oi, Hyde. Meu nome é Zeb. Eu não sou um gigante, mas eu sou muito alto, por isso pode parecer dessa maneira e os Legos são para você. Eu adoraria brincar. Os olhos verdes piscaram lentamente, agora que estávamos no mesmo nível, ele inclinou a cabeça para um lado, enquanto me observava pensativamente por um segundo. —Você conhecia a minha mãe? —Eu ouvi o tremor em sua voz e isso quase me matou. —Eu conheci. Só a vi uma vez, mas ela foi muito boa. Ela foi uma boa amiga para mim quando eu realmente precisava que ela fosse. Ele balançou a cabeça solenemente e pegou os Legos que eu ainda estava segurando. Ele prontamente colocou no chão ao lado de seus pés calçados de tênis, uma vez que os entreguei. —Ela podia ser boa às vezes, mas nem sempre. Deixou alguém desenhar em você? —Ele apontou um dedo para o meu pescoço, onde um velho relógio de bolso foi tatuado sobre a pele, e eu virei minhas mãos para que ele pudesse olhar para a tatuagem de roda que cobria a parte de trás de cada uma. Eu fiquei tão imóvel quanto poderia estar, quando ele estendeu um dedo para cutucar o desenho. —Eu deixei. Estes desenhos não saem ao lavar. Eu ficarei com eles para sempre. Seus lábios tremeram e a covinha que nós compartilhávamos aprofundou em seu rosto quando ele sorriu. —OK. Posso tocar seu rosto? Eu não consegui segurar a risada que escapou. Parecia que Joss estava certa sobre a barba. As crianças gostavam dela. —Certo. Minha sobrinha diz que faz cócegas quando eu a beijo. Ouvi um som de suspiro atrás de mim e lancei um olhar por cima do ombro para ver Sayer corando furiosamente e tossindo. Aparentemente, Joss não era a única que achava que


fazia cócegas durante os beijos. Eu fui forçado a virar a cabeça para trás, quando pequenas mãos agarraram as minhas duas bochechas e correram para baixo e nos lados da minha barba. Olhei para os olhos que eram tão parecidos com os meus e lutei contra o impulso de pegar o menino e nunca mais soltá-lo. Aquele sorriso de covinhas piscou para mim novamente. —Eu gosto disso. —Eu ouvi um coro de suspiros atrás de mim das mulheres na sala, mas desta vez não tirei os olhos do menino. —Fico feliz. Ele balançou a cabeça como se de alguma forma compreendesse a importância deste encontro, tanto quanto os adultos na sala compreendiam. —Ok, vamos brincar. —Ele olhou para as mulheres que estavam atrás de mim. —Vocês querem brincar conosco, também? Deus, ele era uma joia assim como Sayer tinha me dito. Ele era doce, amável, e tão acolhedor que eu não tinha ideia de como é que alguém poderia escolher as drogas e relacionamentos abusivos, em vez dele. Ele era nada além de luz. A voz suave de Sayer flutuou sobre nós quando eu comecei a abrir as caixas de blocos coloridos para ele. —Obrigada, Hyde, mas você deve brincar com Zeb. Ele está aqui só por sua causa. Ele está esperando há muito tempo para brincar com você. —Sério? A alegria em seu tom fez meus dedos se contorcerem enquanto minhas mãos lutavam para não se fechar em punhos. Como poderia uma criança tão maravilhosa duvidar de sua importância? Isso me fez querer quebrar as coisas. Montes e montes de coisas. —Verdade, amigo. É só eu e você. Vamos fazer algo incrível. —Legal! —Seu entusiasmo era contagiante quando ele se deitou de barriga no tapete na minha frente. Eu me sentei no chão na frente dele e olhei para Sayer. Ela tinha a mão sobre sua boca e seus olhos estavam fixos em nós, eu podia ver a mesma determinação nessas profundezas azuis brilhantes que eu sabia que estavam refletindo os meus. Hyde era meu. Ele iria para casa comigo e não importava o que tivesse que fazer para que isso acontecesse. Este menino nunca, nunca teria que questionar se ele era querido novamente. Ele era muito mais do que eu queria e quanto antes eu pudesse lhe dizer isso melhor.


CAPÍTULO 7 Sayer Eu me senti como se estivesse assistindo meu filho se formar ou atingindo alguma outra realização importante na vida, quando Poppy saiu pela porta da frente da minha casa com Rowdy. Ela não era uma reclusa exatamente, mas estava perto. Poppy ia para o supermercado ou na Target, mas ela nunca saía para fazer nada divertido. Ela definitivamente não procurava interação com outras pessoas, especialmente pessoas do sexo oposto, então o fato de que ela estava voluntária e ansiosamente indo jantar com meu irmão, pareceu uma ocasião importante. Eu fiquei com os olhos cheios de lágrimas quando Poppy me disse que ela estaria bem, quando perguntei se ela queria que eu a acompanhasse. Parecia que seu caminho para a recuperação estava ficando cada vez menos íngreme. Independentemente do terreno, eu estava muito feliz por ela ter tantas pessoas dispostas a fazer essa viagem com ela, e eu queria abraçar meu irmão por ser tão incrível e ter se recusado a desistir de sua amiga de infância. Eu não fiquei nem um pouco surpresa quando, assim que Rowdy e Poppy saíram da garagem, meu telefone tocou. Era quinta-feira à noite, então eu sabia que Salem saía com seu grupo de amigas e que um convite para me juntar a elas estava a caminho. Eu frequentemente tentava me certificar de manter minhas noites de quinta-feira livres apenas para essa finalidade, eu apreciava passar um tempo com o grupo de amigas de Salem. As moças eram todas interessantes, engraçadas, inteligentes e admiravelmente todas estavam profundamente apaixonadas e protegidas pelos homens que compunham a família escolhida de meu irmãozinho. Elas também eram muito gentis e acolhedoras, nunca me fazendo sentir como uma estranha, embora eu soubesse que não me encaixava exatamente no grupo. Embora eu pudesse admirar e apreciar as belas tatuagens que cobriam boa parte de suas peles, e podia escutar infinitamente as histórias de maternidade, tentativas de relacionamento e adversidades, mesmo não sendo nada com que eu pudesse me relacionar. Eu não podia sequer me imaginar com esse tipo de modificação corporal, nem quando eu era mais jovem, e agora, uma adulta, eu estava tão profundamente entrincheirada no meu mundo profissional que eu não podia ver um lugar para isso. Sem mencionar que esses tipos de cores permanentes eram terríveis para uma pessoa que não tinha coragem suficiente para mostrar os dedos dos pés pintados de vermelho e os cobria com sapatilhas. Eu também não tinha ideia de quanto custava criar uma criança enquanto trabalhava ou ia para a faculdade em tempo integral, me dedicar tão plenamente a outra pessoa e tentar ainda ser bem-sucedida e feliz. Para mim, Salem e suas amigas eram supermulheres e eu tinha muita sorte por elas me incluírem, pareciam realmente gostar de mim. E também aquecia meu coração a maneira como todas elas se reuniam em torno de Poppy e tentavam guiá-la suavemente, mas firmemente de volta à vida. Sua preocupação e bondade iam muito além do fato de que ela era irmã de Salem e poderia ser atribuída ao fato de que elas eram, simplesmente, mulheres incríveis que queriam que a outra se curasse e ficasse saudável.


Também havia a maneira como agiam com seus homens. Todas elas, Salem inclusa, tinham se apaixonado por homens fortes, difíceis e complicados. Todas elas tinham maridos e amantes que deram algum trabalho e, no entanto, nunca se queixavam ou desejavam alguém mais fácil. Acho que foi o que mais me atraiu a elas. Eu não conseguia me cansar de ouvi-las falarem sobre os desafios e recompensas que recebiam por amar os homens que amavam. Era bonito. Era especial. Era doloroso porque eu duvidava que algum dia eu tivesse alguém tão apaixonado ou disposto a lutar por mim, atravessar as paredes frias que eu tinha erguido, para me manter segura e isolada durante a maior parte da minha vida. Eu agradeci a Salem pelo convite, mas recusei principalmente porque eu não queria arrumar meu cabelo ou me trocar para sair. Conversamos por alguns minutos e eu pude perceber que ela estava tão emocionada e tão esperançosa quanto eu por Poppy, não só ter saído de casa, mas por ter feito isso sozinha com um homem. Nós compartilhamos um momento piegas sobre como Rowdy era maravilhoso e eu soltei uma sugestão, tão sutil como um martelo, que meu irmão seria um pai maravilhoso. Ela riu, mas havia uma emoção extra em sua voz, mesmo por telefone. Se eu fosse o tipo de apostar, eu colocaria um bom dinheiro a favor de que eu teria uma linda sobrinha ou sobrinho em um futuro próximo. Quando desliguei, de repente me deparei com uma casa muito calma e uma mente muito barulhenta, com a ideia de ter alguém lutando, apaixonado e investindo em mim, é claro que eu comecei a pensar em Zeb. Se eu já não tivesse apaixonada pelo homem, não havia evitar o descontrole dos meus sentimentos para algo mais profundo e muito maior, enquanto eu o observava conhecer seu filho. Vendo a maneira terna e cuidadosa com que ele tratava o garotinho, foi demais para meu coração e meus ovários aguentarem. Não importava se ele era o pai biológico de Hyde, ou se o menino estava enfeitiçado por ele, o tribunal tinha um procedimento a seguir e perguntas já estavam sendo feitas sobre o registro criminal de Zeb. Estava programado para termos a nossa primeira audiência na frente de um juiz na segunda-feira, e eu sabia que ele estava muito nervoso sobre isso. Não havia nada que ele pudesse fazer para mudar seu passado e parecia totalmente injusto que o passado tivesse um impacto tão grande em seu futuro. Ele precisava que eu estivesse no máximo da minha capacidade, para fazer os malabarismos jurídicos e lutar por ele. A ideia de falhar com Zeb e Hyde já me doía um pouco, mas agora era a possibilidade de falhar com o par de olhos verdes que me mantinha acordada durante a noite, em vez dos sonhos quentes e suados. Mesmo sendo a distância profissional necessária e que deveria ter estado presente desde o início, não me impedia de desejar que as coisas fossem diferentes, de desejar um encontro que agora parecia nada mais que uma coleção de palavras vazias. Meu pai tinha martelado na minha cabeça uma e outra vez que a única coisa pela qual eu deveria lutar era pela perfeição, pela perfeição no estudo, e em seguida, no meu trabalho. Para ele, esse era o meu valor, sempre demonstrações concretas e externas de sucesso. Querer algo ou alguém para mim em um nível pessoal era frívolo e egoísta, e eu tinha me negado a esse luxo repetidamente. Era uma das razões pelas quais eu não era boa com os homens. Eu


não sabia como estar com alguém só porque eu o queria. Durante toda a minha vida, procurei parceiros que pudesse levar para casa e que pudessem resistir ao escrutínio de meu pai. Eles tinham que parecer certos, agir direito e vir do lugar certo. Como eles me faziam sentir, como me tratavam, como éramos juntos quando as luzes se apagavam era secundário, o importante era como meu pai os veria. Era tudo um show e nunca um relacionamento real. Nathan era o principal exemplo disso. A única vez que meu pai pareceu aprovar qualquer coisa que eu fiz, foi quando Nathan colocou um anel no meu dedo. Não importava que nos aborrecêssemos um com o outro e não tivéssemos nenhum tipo de paixão ou calor. Como se meus pensamentos intensos e turbulentos tivessem puxado Zeb da autopiedade em que eu estava perdida, meu telefone vibrou com uma mensagem dele enquanto eu vagava sem rumo pela casa vazia. Eu tremi com a visão de seu nome, e então me repreendi, em silêncio, por sentir uma reação tão intensa apenas ao ver seu nome na tela. Sua mensagem era simples, mas por alguma razão parecia cheia de significado e emoção, as três palavras, olhando para mim. Você pode falar?

Mordi meu lábio e decidi como responder. Eu não falava com meus clientes depois do horário de trabalho, eu já estava tendo dificuldade em manter o profissional e o pessoal separados, quando ele e este caso estavam em questão. Eu suspirei e respondi: Eu posso. Você quer que eu te ligue? Eu tinha começado este processo como sua amiga e não era justo para com ele que meu coração o afastasse por causa do que eu sentia. Ele provavelmente estava nervoso e assustado com o que aconteceria na próxima semana, e eu era a única que podia esclarecer algumas coisas. Não houve uma resposta por longos minutos, e eu odiei que tudo que eu podia fazer era olhar para o meu telefone e andar de um lado para outro enquanto esperava para ver o que ele ia responder. Eu estava agindo como uma adolescente ferida e era ridículo. Eu bufei e fui para a cozinha me servir uma taça de vinho quando o telefone tocou, me fazendo saltar. Eu não estava preparada para que ele me ligasse naquele momento e tive um ataque de ansiedade antes de atender à chamada e passar meu dedo na tela. —Ei. Tudo bem? —Eu ouvi um carro tocando uma buzina perto de onde ele estava ligando, ele murmurou algo que não estava direcionado a mim antes de responder. —Porra, não. Estou enlouquecendo por causa da audiência na corte na segunda-feira. Eu não consigo pensar direito e estou jogando as coisas da esquerda para a direita, o que não é bom quando você lida com ferramentas elétricas durante a maior parte do dia. Ele suspirou e eu quis tanto lhe dar um abraço.


—Eu pedi a cor de tinta errada para a sala de estar na casa que eu estou trabalhando e os pintores pintaram hoje. É azul... do tipo realmente azul, e agora eu preciso corrigir isso para que eles não me matem. Tenho que passar uma camada de selante nas paredes para que a equipe de pintura possa entrar e corrigir amanhã. Minha equipe está aqui trabalhando como louca porque eu tenho faltado tanto ao trabalho ultimamente, e esse erro foi a última gota. Vou ter que trabalhar a noite toda. Preciso que me diga que tudo vai ficar bem, Sayer. Eu estou enlouquecendo aqui. Eu não queria mentir para ele, então eu suspirei e disse a ele: —O caso tem alguns desafios, Zeb. Nós já falamos sobre isso, mas o advogado do tribunal viu como você é ótimo com Hyde e é óbvio que o melhor lugar para ele é com você. Só precisamos convencer o tribunal disso e você precisa deixar isso comigo. É por isso que estou no caso, lembra? Ele praguejou novamente e eu ouvi a porta do carro abrir e bater quando ele entrou. —Eu só queria que eu não tivesse essa prisão, me olhando na cara, cada vez que eu penso nas possíveis razões que o juiz poderia tirar Hyde de mim. Eu fechei meus olhos, pelo seu remorso com seus erros do passado, que impregnavam pesadamente suas palavras. —Tudo o que você pode fazer é ser grato, porque não importa o quão ruim foram as circunstâncias que o levaram até lá, elas de uma maneira indireta, o levaram até Hyde. Eu vejo como você olha para ele, Zeb. Não existe arrependimento, mesmo se o caminho foi acidentado. Ele suspirou novamente. —Você é muito boa nessa merda de advogado, Sayer. Se eu não agradeci o suficiente, obrigado. Não sei o que faria sem você. Eu coloquei uma mão sobre meus olhos e apertei minhas têmporas com os dedos. Suas palavras tocaram em tantas partes diferentes de mim. Eu podia sentir as emoções que ele liberava mexer com todas as emoções que eu tentava manter escondidas. —Estou feliz em ajudar. Não é sempre que eu tenho certeza, quando o pai luta tão duramente pela custódia, que é a escolha absolutamente certa para a criança. Estamos fazendo a coisa certa aqui, e você só tem que ter fé que o tribunal e o juiz verão isso. Uma batalha de cada vez, Zeb. É tudo o que podemos fazer, está bem? Ele ficou quieto por um longo momento, mas eu podia ouvi-lo respirar e finalmente, ele grunhiu e respondeu: —Bem, então a batalha que preciso enfrentar agora são aqueles muros horríveis. Obrigado por não me fazer desistir. É impossível não esperar o melhor quando falo com você.


Talvez fosse a quietude esmagadora da minha casa ou a melancolia em sua voz. Ou talvez fosse o fato de que não importa o quanto eu tentasse manter uma barreira entre nós dois, eu sempre estaria muito ansiosa para atravessar quando uma oportunidade se apresentasse. Como uma idiota. Chamando-me de todo o tipo de palavras que significassem tola, eu exclamei: —Eu não estou fazendo nada hoje à noite, e Poppy saiu com Rowdy, então se você precisar de um par extra de mãos para ajudar com a pintura eu posso ir até seu trabalho. —Eu quis gemer. Eu era a pessoa menos habilidosa no mundo todo, e nunca segurei um rolo de pintura, mas a ideia de passar algum tempo com ele era tão tentadora que eu ignorei tudo isso e secretamente esperava que ele também ignorasse. Ele riu um pouco. —Você está falando sério? Eu dei de ombros mesmo que ele não pudesse ver. —Claro. Por que não? —Bem, eu não vou recusar trabalho de graça, especialmente quando esse trabalho é com você. Você acha mesmo que não vai ficar chateada de se sujar de tinta, Say? O que eu faço tende a sujar. —Sua voz abaixou um pouco e havia um timbre rouco nas palavras que me fizeram tremer. Havia um duplo sentido, que era impossível não perceber, e fez toda a minha pele aquecer. Sem mencionar que ninguém jamais havia abreviado meu nome antes. Eu não era exatamente do tipo que curtia apelidos. Meu pai não teria aprovado e, como tal eu sempre fui apenas “Sayer”. A abreviação de Zeb do meu nome era íntima. Parecia muito mais familiar do que eu deveria permitir. Ainda assim não disse nada além de: —Tenho certeza de que posso encontrar alguma coisa. Vou me trocar e vou pra aí. Ele me disse obrigado novamente e eu estava eternamente grata que ninguém estava por perto para testemunhar a maneira como eu subi as escadas, tão rápido que eu tropecei, ou a maneira como comecei a revirar todas as roupas no meu armário como uma pessoa enlouquecida. As coisas caíam dos cabides e das prateleiras, terminando em pilhas no chão em volta dos meus pés, me fazendo tropeçar novamente. Finalmente, desesperada, porque eu realmente não possuía nada que estivesse gasto ou já manchado, eu decidi que o que usava para a academia teria que ser bom o suficiente. Eu continuei com minha calça de yoga que eu tinha trocado depois do trabalho e adicionei um top com um sutiã embutido, ambos eram coloridos num tom cinza e calcei meus tênis. Eles eram pretos com listras cor-de-rosa nos lados. No geral, tudo tão chato e desinteressante como as coisas que eu usava para o escritório, mas pelo menos eu não choraria se eu tivesse que jogar fora se acabasse salpicado e arruinado.


Eu prendi o meu cabelo em uma trança desordenada na parte de trás da cabeça e praticamente corri pela porta da frente. Eu disse a mim mesma para me acalmar, me adverti severamente que parecer ansiosa e animada para vê-lo fora da CASA ou do meu escritório enviaria uma mensagem errada. Eu poderia ser sua advogada e sua amiga. Eu era forte o suficiente, meu coração estava endurecido, congelado, para colocar as coisas mais difíceis, mais profundas que eu sentia por ele de lado e simplesmente desfrutar de algum tempo casual em sua companhia, enquanto eu oferecia uma mão amiga. Eu era apenas uma amiga ajudando um amigo. Okay, certo. Nem eu acreditava nisso, o que significava que Zeb também saberia. Apesar do embaraço que meus hormônios fora-de-controle causavam, passei por sua gigantesca caminhonete com a minha cabeça erguida e minha respiração presa nos pulmões. A porta da frente estava aberta e havia luz e música vindas de algum lugar dentro da casa. Eu segui caminhando com cuidado sobre o chão ainda ensopado e bagunçado, porque a iluminação era fraca e iluminava só a sala da frente da casa. Mesmo que as coisas ainda estivessem bagunçadas, era incrível ver quanto trabalho Zeb e os caras tinham feito na casa em apenas algumas semanas. Em lugares onde havia buracos, agora existiam portas para outros cômodos e eu podia ver que já tinham começado na cozinha. Todas as coisas antigas tinham desaparecido, deixando paredes em branco e limpas para Zeb fazer o que quisesse. Eu segui o som do blues sulista que ele estava ouvindo, que eu assumi ser a sala de estar da casa. Eu esperava que ele já estivesse adiantado com as paredes azuis “terríveis”, que realmente não eram tão ruins assim. Eu gostei de quão brilhantes e alegres elas ficaram, mas ele estava sentado em uma lata de tinta branca, focado intensamente em seu telefone. Havia um ligeiro sorriso estampado em sua boca, e eu senti a tentação virar e correr de volta para o carro e ir para casa. Eu não queria me intrometer, mas enquanto eu o espiava, sua cabeça de repente se ergueu e aqueles olhos verdes me fixaram. Alguma indecisão deve ter aparecido em meu rosto porque ele segurou o telefone e me disse: —Minha sobrinha continua enviando mensagens de texto do telefone da minha irmã. Beryl tem um novo namorado, que ela não está pronta para apresentar à família, então eu tenho Joss para obter informações. Limpei a garganta um pouco. —Isso é muito traiçoeiro, você estar trocando mensagens com ela no telefone da mãe. Sua irmã com certeza verá. Ele riu. —Quero que ela veja. Minha irmã não namorou muito desde todas aquelas coisas com seu ex. Eu quero que ela seja feliz, e se esse cara a está fazendo, eu quero conhecê-lo. É meu direito de irmão. Caminhei mais para dentro da sala enquanto ele ficava de pé. —Zebulon e Beryl? Sua mãe nomeou vocês como os famosos exploradores.


Ele arqueou uma sobrancelha escura para mim e seu sorriso se alargou dentro da barba que cobria a metade inferior de seu rosto. —Muitas pessoas não entendem isso. Acho que ela queria coisas grandes para nós. Pena que ela ficou presa com um casal de crianças normais. E você? De onde veio 'Sayer'? Isso é bastante incomum. Eu pisquei estupidamente enquanto ele se aproximava ainda mais de mim. Eu não estava preparada para o modo como sua pergunta, muito inocente, me jogou de cabeça no lugar em que eu raramente visitava desde que meu pai tinha morrido. Eu sorvi uma respiração e estremeci pela forma como isso fez minhas narinas se dilatarem. —Na verdade, era o nome de solteira de minha mãe, Abigail Sayer. Acho que passar para mim foi uma maneira dela manter uma parte de si mesma viva depois que meu pai tomou conta de sua vida. —Eu nunca falei sobre minha mãe. Era muito difícil, essas coisas eu tentava duramente não sentir, porque ameaçavam me dominar quando eu pensava nelas. Seus olhos se estreitaram um pouco enquanto ele pensativamente me considerava por um segundo. —Eu sei que seu pai faleceu não muito tempo atrás, mas você nunca mencionou sua mãe. Ela ainda está viva? Esta era a última coisa que eu queria falar, mas considerando que eu sabia tudo sobre ele e os erros que o moldaram, eu poderia mostrar um breve vislumbre do desastre de trem que era meu passado. Eu mudei meu peso sobre os meus pés e deixei meus olhos irem para as tábuas gastas no chão. —Minha mãe morreu quando eu era adolescente. Ela cometeu suicídio. —Ela partiu. Abandonou-me sabendo bem o tipo de monstro com quem ela estava me deixando. Um monstro que ela amara até seu último suspiro. Um bastardo para quem ela implorou por amor e carinho, até que ele a matasse. Até hoje as memórias ainda doíam e a imagem de seu tom azul, paralisada e obviamente morta no banho, onde eu a encontrei, estava gravada para sempre em minha mente. Isso nunca saiu de lá, me controlei ao máximo, o quanto pude, pela maneira como meu pai me castigou por chorar histericamente em seu funeral. Eu estava fazendo uma cena e era indigno. Ele já estava mortificado com a desgraça que minha mãe lhe causara, tirando a própria vida, e não se conformaria com a filha o envergonhando ainda mais. Ele me disse para parar de chorar, então eu parei, para sempre. Em vez de questionar como ele me tratava, ou a morte de minha mãe, eu tinha lembranças claras de todos no funeral, amigos e familiares dizendo a meu pai como eles estavam orgulhosos dele por lidar com a morte tão estoicamente e como eles estavam impressionados com o quão bem-comportada eu estava. Eu estava condicionada e treinada para ser assim. —Merda. Eu sinto muito. —Ele deu alguns passos mais perto e eu levantei minha cabeça para encontrar seu olhar intenso.


—Está tudo bem. Quero dizer, obviamente não está bem, mas eu lido com isso e agora tenho Rowdy e Salem, Poppy foi um bônus adicional, então isso meio que compensa tudo o que eu perdi naquela época. —Não era bem assim, mas eu não poderia realmente falar sobre tudo isso com ele. Isso seria como rolar e abanar o rabo e eu já ficava muito exposta quando este homem dinâmico estava em questão. Ele não pareceu acreditar em mim, mas não pressionou. Em vez disso, ele caminhou até uma das janelas da sala e pegou uma sacola branca no parapeito. Eu não tinha percebido antes, mas agora que estava em suas mãos, eu não poderia deixar de sentir um cheiro celeste, e obviamente gorduroso e maligno, vindo de dentro. —Eu estava tão atrasado hoje que não consegui almoçar, então eu imaginei pedir um 4

lanche na Home Depots , enquanto eu esperava para aplicar o selante. Eu peguei um para você, se estiver com fome e não tiver medo de hot-dog de carrinho. Há também cerveja e refrigerantes na geladeira da cozinha. Eu nunca tinha comido cachorro-quente de carrinho antes, então eu não sabia se estava com medo ou não. Mais uma vez, não era algo que a Sayer de antes de Denver faria. O que ele tinha naquele saco cheirava melhor do que qualquer jantar cinco estrelas que eu já tinha comido, então eu estendi minha mão e ele colocou nela uma mistura quente, envolta em papel alumínio. Ele fez sinal para outro balde branco e eu cuidadosamente me sentei enquanto desembrulhava minha comida. Imediatamente, a salsicha e a mostarda caíram sobre o meu colo, praguejei e Zeb riu de mim. Eu estreitei meus olhos para ele, mas fiquei surpresa que sua diversão às minhas custas não me fez congelar imediatamente. Eu perguntei depois de uma mordida: —Por que você não dirige sua caminhonete legal durante a semana? Suas sobrancelhas arquearam e eu tive que esperar enquanto ele terminava de mastigar para me responder. —Minha caminhonete legal? A importada? Conheço uma centena de meninos de dezesseis anos que discordam de você quanto ao Jeep ser legal. Especialmente aqui no Colorado. Eu dei de ombros e desisti de tentar ser delicada com a salsicha. Eu tinha certeza que tinha mostarda por todo o rosto, mas eu não me importava. O lanche estava delicioso. A Sayer de Seattle não tinha ideia da glória que ela estava perdendo, escondida em um carrinho de cachorro-quente. —Gosto da caminhonete antiga. É bonita e é bom ver algo assim restaurado e bem cuidado. —Eu amo. É por isso que eu não dirijo para os locais de trabalho. Muitos pregos e outras coisas para tomar cuidado. Eu a mimo. Eu fiz uma careta.


—A caminhonete é ela? Ele riu novamente e limpou as migalhas de seu pão. Fiquei espantada que ele comeu tudo sem ficar com nada sujo no rosto. Esse era realmente um talento, eu pensei de forma rancorosa enquanto continuava a fazer uma bagunça. —Claro. Ela é elegante, robusta, feita de material resistente, cara pra caramba, deve continuar correndo e ficar bonita. Ela só é boa para mim se eu for bom para ela, então obviamente ela é uma garota. Revirei os olhos e em seguida limpei minhas mãos na parte externa da minha calça quando terminei o meu jantar. Resumidamente, eu pensei que meu pai ficaria horrorizado com a ação, mas eu empurrei esse pensamento para longe e foquei em Zeb e apenas em Zeb. —Quanto tempo você levou para restaurá-la? Ele encolheu os ombros, levantou-se e se moveu para abrir o enorme balde de tinta branca que estava usando como uma cadeira. —Meu amigo, Wheeler, vendeu para mim por quase nada quando eu saí da prisão. Nós fomos para a escola secundária juntos e eu acho que ele sabia que eu precisava de algo para me manter ocupado porque o único tipo de trabalho que eu poderia encontrar, logo depois de ser libertado, eram merdas de trabalhos com merdas de salário. Todas as semanas eu lhe dava alguns dólares aqui ou ali e ele me encontrava uma parte ou um pedaço do motor e nós lentamente e dentro da lei, conseguíamos juntos. Foi uma das razões pelas quais eu soube que tinha que encontrar uma maneira de me sustentar a longo prazo. Só porque eu tinha uma ficha na polícia não significava que eu não podia ser um empregado valioso ou um trabalhador esforçado. Eu fiquei muito cansado de ser tratado como um cidadão de segunda classe por causa de um erro. Seus olhos se fixaram nos meus e tudo que eu poderia fazer era assentir com simpatia enquanto ele derramava o líquido em bandejas e tirava um par de rolos de um saco plástico. —Eu na verdade conheci Rowdy através de Wheeler. Ele tinha feito um monte de tatuagens em Wheeler, e quando eu disse a Wheeler que eu queria algo para me lembrar de não fazer coisas estúpidas que custariam anos da minha vida novamente, ele recomendou Rowdy e a Marked Shop. Rowdy foi quem me recomendou para os rapazes, donos da loja de tatuagem, quando decidiram abrir e renovar a nova loja no centro. Isso foi muito importante, sabe? Eu sabia. Tudo estava amarrado pelos fios finos do destino, e quando se afrouxava ou se esticava era surpreendente o quão impactante poderia ser. É como se eu tivesse que acabar aqui com Zeb. Ele me mostrou a parede e como rolar o selante sobre a superfície em um amplo espaço e em seguida, como voltar e preencher os pontos falhos. Eu devo ter parecido tão sem noção,


como eu me sentia, porque ele foi paciente e calmo enquanto continuava dando suas instruções cuidadosas para mim uma segunda vez. Depois que eu senti que tinha pegado o jeito, perguntei: —Então, que tatuagem Rowdy lhe fez para lembrá-lo de pensar primeiro e agir depois? Ele estendeu um braço e apontou com o rolo para uma ampulheta quebrada que cobria todo seu antebraço e mão, toda a areia derramando dela virava em tijolos que construíam uma parede que circulavam seu pulso em um fluxo contínuo. Ele virou o braço e mostrou-me uma cela no dorso da mão e um enxame de corvos negros que estavam alinhados em uma árvore seca toda coberta de preto no lado oposto. —Todos os tipos de lembretes de como é difícil ficar trancado enquanto a vida continua para todos os outros, sem você. Ele fez um ótimo trabalho. Eu assenti e voltei minha atenção para a parede. —Ele é muito talentoso. Tenho orgulho dele. Eu acho que é incrível ele ter encontrado uma maneira de ganhar a vida com algo que realmente ama. É incrível a maneira como ele deixa sua marca nas pessoas, para o bem. Ele fez um ruído suave. —Deve ser de família. Aquela era uma das coisas mais agradáveis que alguém já tinha me dito, e se não fosse cuidadosa eu deixaria cair o rolo e pularia nele. Eu murmurei um agradecimento, mas me recusei a tirar a atenção da minha tarefa. Minha determinação já era muito fraca... lidar com sua bondade a tornaria inexistente. Passamos a próxima hora em silêncio trabalhando continuamente de uma parede para a próxima. O movimento repetitivo e o som do rolo em toda a parede era surpreendentemente calmante, como era a música que estava vindo do telefone de Zeb. Não era muito country e nem muito rock, mas era melhor, algo intermediário, e eu realmente gostei. Nós trabalhamos principalmente em silêncio, apenas murmurando uma pergunta aqui ou ali, e então houve o momento em que Zeb me perguntou se eu me importaria se ele tirasse a camisa. Estava mais quente do que o inferno na velha casa sem ar condicionado, mesmo que fosse final de outono, então é claro que eu lhe disse que não me incomodaria. Eu estava mentindo. Isso me incomodaria... Da pior maneira possível. Quando ele cruzou os braços e tirou sua camisa de uma quantidade aparentemente interminável de músculos ondulantes que adornavam seu peito e estômago, minha boca secou. Parecia que ele estava se movendo em câmera lenta, revelando mais pele, mais tatuagem, centímetro por centímetro, apenas para que ele pudesse me provocar com dicas do seu corpo bem esculpido. Eu queria lamber meus lábios e depois lambê-lo, mas isso o deixaria saber que eu estava assistindo como uma voyeur gananciosa. Ele era duro em todos os lugares. Eu estava


tendo uma grande dificuldade em manter o meu olhar longe de todo esse músculo decorado e definido, então eventualmente desisti e continuei a observá-lo, sempre que ele não estava olhando em minha direção. Do canto do olho, observei as asas do grande pássaro de fogo que ele tinha em seu tórax e me movi, enquanto ele trabalhava, em direção ao topo da parede. Eu também estava tentando não ver a forma como a garota pinup sedutoramente sentada em um martelo escrito com as palavras “bata duro”, cada vez que seus bíceps maciços flexionavam. Havia tinta e cor por toda parte nele e eu queria absorver cada centímetro delas. Eu estava tão absorvida em tentar disfarçar, em vez de no que eu deveria estar fazendo, que eu esqueci o lugar onde pensei ter deixado a bandeja com a tinta e acabei tropeçando sobre a coisa estúpida que, é claro, fez uma enorme bagunça de tinta branca por todo o chão e em mim. Para piorar as coisas, o barulho me assustou tanto que eu perdi o controle sobre o rolo, que foi voando como uma arma que acabou atingindo a menina pinup no seu braço direito e em seu rosto presunçoso. —Meu Deus! Zeb, sinto muito. —Eu imediatamente me ajoelhei e tentei evitar que o derramamento escorresse para fora da lona que ele havia colocado antes de eu chegar lá. —Eu não queria dar mais trabalho para você. Isso é um desastre. —Sayer... —Quero dizer, sério, quem faz isso? Ahh... eu não sou normalmente tão atrapalhada. — Eu não estava prestando atenção, mas eu o ouvi dizer meu nome novamente. Minhas mãos estavam cobertas de branco e as minhas roupas também. O material estava espalhado em toda parte e eu percebi que estava fazendo uma confusão maior do que eu já tinha feito. Era culpa dele por ser assim... Distração, sexy e masculino, e simplesmente perfeito em toda a sua glória rude... Ahh, é claro que eu não podia me concentrar no que eu deveria estar fazendo e tinha feito uma bagunça. Senti uma mão pesada pousar no meu ombro e eu olhei para ele com exasperação. Ele estava sorrindo para mim e eu esqueci o que eu ia dizer quando ele abaixou e passou um dedo pelo meu nariz. Voltou coberto de branco. —Você tem tinta em todos os lugares. Eu gemi e fiquei de pé, olhando para minhas mãos cobertas de tinta. —Eu sei. Eu sinto muito. —Não sinta. A sala está quase pronta e foi apenas um acidente. No piso não foi feito nada ainda, por isso mesmo você derrubar selante sobre o piso não é um grande problema. OK? Eu realmente não acreditei nele, mas eu não tinha certeza do que mais poderia fazer, então eu ergui meus ombros e deixei-os cair inutilmente.


—OK. Ele deu um passo para mais perto de mim e colocou seu dedo debaixo do meu queixo, para que eu não tivesse escolha a não ser olhar para aqueles olhos verdes escuros. —Você sabe o que realmente seria muito bom? Sem pensar, coloquei minha mão molhada no centro de seu peito e observei como minha mão cobriu o lugar onde seu coração estava batendo forte. Parecia tão vivo e real, como se tudo o que eu tinha tido em minhas mãos antes dele fosse apenas fingimento. —O quê? —Minha voz saiu num sussurro. —Nós saímos, eu comprei o jantar, nós conversamos sobre nossas famílias e tudo mais. Nós dois. Em um encontro, Sayer. Talvez não seja o melhor primeiro encontro de todos, mas ainda é um encontro, você sabe o que isso significa. Eu sabia? Eu ainda estava tentando aceitar o fato de que realmente tinha sido um tipo de encontro, quando sua cabeça abaixou para a minha e meus lábios coçaram quando sua barba chegou perto o suficiente deles. —Significa que tivemos um encontro, então agora você deve com certeza colocar as mãos no meu pau... e muito. Minhas tendências cavalheirescas não vão tão longe, e com você chegaram ao fim da linha. Eu engoli em seco. —Oh. —Isso soou bem diferente, perigoso e delicioso. Nunca lhe pedi para ser um cavalheiro e, francamente, uma das razões pelas quais eu estava tão atraída por ele era porque ele parecia tão indomado e contrário às convenções com as quais eu estava acostumada e aborrecida até a morte. —Sim, oh... isso é o que eu tenho a intenção de fazer você dizer uma e outra vez, enquanto eu estiver o mais profundamente dentro de você possível. Quando sua boca caiu sobre a minha, isso era uma bagunça totalmente diferente com a que eu estava realmente preocupada. Não haveria como limpar os destroços que seriam deixados no meu coração e corpo quando este homem acabasse comigo, e me pareceu muito sério, embora eu fosse impotente para detê-lo. Era uma bagunça que eu pretendia abranger e não pedir desculpas, mesmo que isso fosse contra tudo o que eu tinha enraizado profundamente dentro de mim.


CAPÍTULO 8 Zeb O selante espalhado por toda a lona no chão era uma catástrofe menor, em comparação com a tragédia que vi se formando nos olhos de Sayer. Eu não ia dar a ela tempo para pensar sobre o que eu estava fazendo, sobre o que nós estávamos fazendo. Eu também não daria atenção a voz irritante no fundo da minha cabeça me dizendo que eu precisava usar de artimanhas com ela, precisava usar luvas de pelica, não daria nenhuma chance para a voz soar mais alto do que o som do sangue bombeando em meus ouvidos. Quando suas costas bateram na parede e o selante molhado manchou com o impacto, tornou-se claro por que eu tinha encomendado a cor errada para as paredes. O azul brilhante nelas apareceu para mim sobre sua cabeça combinando perfeitamente com o olhar cor do oceano que estava preso no meu, cheio de perguntas. Eu não conseguia parar de pensar nela. Não importava o quão corrida, ou complicada a minha vida estava no momento, Sayer ocupava a maior parte da minha atenção e era a razão da minha insônia. O jeito dela, parecido com uma tempestade de gelo, depois descongelando como um dia quente de primavera no momento em que eu a tocava, acabava comigo. Fui apanhado na tempestade que era esta mulher e eu não tinha pressa para me livrar dela. Depois da minha primeira visita a Hyde, ela tinha provocado uma distância emocional óbvia entre nós, e mesmo muito frustrado com isso, eu realmente não tinha certeza de como abordar o assunto sem parecer que minhas prioridades estavam todas fodidas. Eu queria meu filho mais do que tudo. A necessidade de tê-lo comigo, de ser o único a cuidar dele, estava beirando a obsessão, mas isso não diminuía a falta e a necessidade que eu tinha dela. Eu queria a ambos e eu não tinha certeza de como dizer isso sem parecer ganancioso, então eu a deixei se afastar como uma nuvem de tempestade. Eu a deixei colocar sua máscara profissional que parecia inquebrável, e disse a mim mesmo que eu poderia resolver a minha atração pela advogada depois que eu tivesse meu filho na minha casa, onde era o lugar dele. Eu não gostei disso, mas estávamos girando um em volta do outro durante meses, então eu achei que um pouco mais de tempo e paciência não me matariam. Eu estava errado. Nós estávamos cobertos de tinta, mas Sayer não protestou. Em vez disso, ela me beijou de volta e enroscou seus dedos no cabelo desgrenhado na minha nuca, com certeza deixando um rastro de tinta branca em mim, enquanto eu continuava a devorar sua boca e pressionava meu peito nela. O algodão fino do top fez pouco para impedir que os bicos de seus seios exuberantes esfregassem por toda a minha pele, e eu sabia que mesmo que ela merecesse uma cama de dossel e lençóis de seda, ela estava prestes a ser possuída duramente contra uma parede áspera. Eu tinha dito a ela que podia fazer melhor, mas agora eu não tinha tanta certeza, porque quando ela gemeu em minha boca no momento que eu puxei o seu top, eu


não conseguia me lembrar de nada mais surpreendente ou consumidor do que o mero toque dela. Eu não estava tão sujo de selante branco como ela. O meu braço estava sujo, onde ela me bateu com o rolo, em alguns pontos na parte de trás das minhas mãos e em meu peito onde ela tinha me tocado, por isso tive cuidado quando comecei a puxar a blusa para não ficar com mais selante em mim. Eu queria tocá-la por toda parte e isso significava que eu precisava manter as minhas mãos as mais limpas possíveis. Quando me afastei de sua boca faminta, nossos olhos se encontraram enquanto eu passava o top apertado pelo topo de sua cabeça loira. Eu respirei fundo, porque ela era tão bonita e perfeita que quase não parecia real. Mulheres como ela, com os olhos bem azuis, um rubor perfeito, pele mais suave do que uma pétala de flor e seios cobertos com os mais doces e lindos mamilos cor de rosa não eram para caras como eu... normalmente não. Ela era ainda mais impecável seminua, arrepiada e corada, do que vestida com seus ternos de trabalho. Tive o cuidado para não rasgar as peças delicadas que eu sabia que custariam uma fortuna para substituir. Eu sabia exatamente como lidar com elas... e como lidar com ela, se a forma como ela gemia e me puxava com as mãos impacientes fosse uma indicação. Eu sorri para enquanto os dedos dela se enroscavam no meu cabelo. Baixei a cabeça para que eu pudesse beliscar a curva de sua mandíbula e levantei as mãos para que eu pudesse roçar as pontas dos meus dedos sobre os mamilos dos seus seios. —Você tem alguma ideia do quanto eu quis prová-los na última vez em que eu estive tão perto de você? Aposto que eles são tão doces quanto parecem. Suas pálpebras tremeram um pouco e eu a vi morder o lábio inferior. Ela estremeceu com meu avanço e eu podia ver a indecisão surgindo em seus olhos enquanto ela me observava. Seu peito subia e descia contra o meu, meu pau pulsando dolorosamente atrás do meu zíper. Eu não deixaria a dúvida interferir no que tinha demorado tanto tempo para acontecer, então eu deixei cair a minha cabeça e suguei um pico duro com minha boca. Ela era alta, mesmo de tênis, eu não conseguia me lembrar de qualquer outro momento que tinha me alinhado tão bem com qualquer outra pessoa. Eu ainda tinha de me curvar, mas a nova posição significava que eu poderia puxar seus quadris com força contra o meu e que haveria espaço para colocar uma das minhas mãos sob a parte superior de sua calça. Ela gemeu e eu ouvi sua cabeça bater contra a parede enquanto eu agarrava seu traseiro e pressionava minha ereção contra seu sexo macio. Fiquei feliz ao descobrir que não havia nada, nem uma única peça de roupa, entre meus dedos furtivos e sua pele suave de bebê. Eu rocei minha barba suavemente sobre o peito e raspei os meus dentes levemente sobre o mamilo aveludado que eu tinha preso entre meus lábios. —Sem calcinha? —Dizer que fiquei surpreso foi um eufemismo. Ela parecia muito mais recatada e severa do que isso. Deixei meus dedos deslizarem sobre a curva firme de sua bunda e depois os movi para frente sob o tecido elástico. Eu queria dar um grito de vitória, quando


ela afastou a perna para o lado para me dar mais espaço. Ela tinha que saber qual era meu destino final e ela me deu a luz verde para continuar. Movi minha boca para a outra mama e suas mãos caíram do meu cabelo para meus ombros. Suas unhas arranharam a minha pele e ela estava sem fôlego quando respondeu: —Eu não estava pensando que alguém descobriria isso. Eu não conseguia encontrar nada para vestir, isso pareceu adequado. Eu não guardo as roupas que possam ser arruinadas, porque eu nunca realmente fico suja. Ela estava errada sobre isso. Ela estava prestes a se sujar de todas as maneiras, e não só porque ela estava coberta de tinta. —Ficar sujo é divertido, Sayer. —Eu coloquei minha boca no pulso que palpitava, como um pássaro preso na lateral de seu pescoço. Deixei meus dentes afundarem ao mesmo tempo em que os meus dedos exploradores descobriam esse lugar quente e úmido entre as pernas dela. Inclinei-me mais perto e todo o seu corpo estremeceu quando eu deslizei meus dedos por suas dobras lisas. A mulher não só tinha uma aparência impecável, ela era impecável. Sedosa, quente, escorregadia e suave. Ela era composta por todos os tipos de coisas tentadoras que eu não podia esperar para sentir em algo mais do que apenas com meus dedos. Ela suspirou meu nome e eu ouvi uma pergunta ali. Não havia outra resposta que eu poderia dar a ela que não esta, o que estava prestes a acontecer, então eu só movi minha cabeça para beijá-la novamente e deixar meus dedos escorregarem para dentro do corpo dela. Era um toque do qual eu nunca iria querer me desligar. Eu devastei sua boca, sabendo que minha barba novamente deixaria sua marca. Eu puxei a perna para cima em volta do meu quadril para que eu pudesse ir mais fundo, sentir mais dela em minha volta enquanto ela pulsava no mesmo tempo que nossos batimentos cardíacos sincronizavam. Eu esfreguei meu peito contra o dela e suspirei em sua boca quando senti suas mãos começarem uma busca própria. O toque dela era bem leve, mal tocando minha pele enquanto movia as palmas das mãos sobre as tatuagens no meu peitoral, para baixo através das minhas costelas, parando um segundo para esfregar em meu abdômen tenso e depois tentadoramente batendo na minha fivela do cinto. Meu pênis esticou contra o jeans e o metal do meu zíper, mas como minhas mãos estavam ocupadas, cabia a ela libertá-lo e transformar esta coisa de suja para algo imundo. Para incentivá-la, eu coloquei meu polegar em seu clitóris e apertei com força. Quando ela engasgou na minha boca e todo o seu corpo estremeceu, eu sorri de satisfação, então ela começou a abrir a minha fivela. Suas paredes internas estavam tremendo em torno dos meus dedos, ela era como uma lava quente. Sua respiração foi ficando cada vez mais irregular, e assim eu continuei a pressão sobre esse pequeno centro de prazer, até que ela abriu minha calça e a estava tirando do caminho. Ela estava ficando toda mole e flexível em torno dos meus dedos e sua respiração estava começando a entrar em colapso, com a respiração acelerada ao


lado do meu pescoço. Ela estava tão perto do clímax, mas eu queria estar dentro dela quando ela chagasse lá. Eu queria toda essa beleza perfeita embrulhada firmemente em torno de mim e batendo contra mim. Ela estava estendendo a mão para o meu pau, mas eu tirei a minha mão de seu corpo e segurei a sua. Mesmo adorando o deslizar de sua mão coberta de tinta em meu peito, se ela passasse essa merda no meu pau seria fim de jogo, e se isso acontecesse, eu sabia que havia uma chance de nunca tê-la assim novamente. Uma vez que eu estivesse dentro, seria muito mais difícil para ela usar aquela maldita máscara, estando em torno de mim, porque eu já tinha visto tudo, pensamentos, as coisas apaixonadas que ela estava tentando esconder. Talvez fosse egoísta querê-la com o mesmo desespero que eu precisava dela para outras coisas na minha vida, mas ela me queria tanto quanto eu, e eu sabia que poderia fazer com que ela precisasse de mim, também. —É um tipo diferente de sujo que procuro, boneca. —Eu me inclinei para que nossos corpos se pressionassem e meu pau ficou preso contra a pele suave de seu estômago. Eu senti uma gota de umidade na ponta e ela deve ter sentido isso também, porque seus olhos se arregalaram. Eu prendi suas mãos na parede sobre a cabeça e me inclinei para que eu pudesse sussurrar em seu ouvido: —No minuto em que sua calça sair, meu pau vai entrar, eu estarei pronto, então estarei profundamente dentro de você, e todos esses medos, toda essa hesitação que você aparenta, não terá mais lugar. Só vai haver espaço para mim e para como nos sentiremos quando estivermos juntos. Seus cílios vibraram um pouco e o rubor brilhante que tinha coberto suas bochechas desapareceu. Eu podia ver seu cérebro começar a trabalhar de novo, começando a sussurrar para ela todas as coisas que eu estava me recusando a ouvir por trás do meu próprio desejo. Nós dois sabíamos que ela merecia mais do que uma foda áspera contra a parede, mas o saber e o querer são duas coisas diferentes e já tínhamos passado desse tempo, quando comecei com esta mulher complicada e irresistível. —Isso não foi um aviso, Sayer. Isso foi uma promessa. Ela abriu a boca para me responder, mas eu sabia que não gostaria de ouvir o que quer que fosse, então eu me inclinei para beijá-la novamente e usei a mão que não estava mantendo suas mãos presas para pegar minha carteira e encontrar o preservativo que tinha colocado lá desde a primeira vez em que a vi. Precisei dos dentes para abrir o invólucro e um pouco de paciência para abaixar minha calça ao mesmo tempo em que colocava o preservativo no lugar com uma mão. Eu estava com medo de que, se eu lhe desse muito tempo para analisar, ela fugiria, então fiz tudo rapidamente enquanto a mantinha presa junto à parede com o meu corpo. Como a nossa altura era semelhante, tínhamos as melhores e mais necessitadas partes do nosso corpo alinhadas e se esfregando, então eu decidi tirar proveito da situação e gentilmente a girei de modo que ela ficou de frente para a parede, eu ia despi-la e enlouquecêla. Ela colocou a palma das mãos ligeiramente acima de sua cabeça e apoiadas na parede


quando me posicionei atrás dela. Ela olhou por cima do ombro para mim com uma sobrancelha levantada e a curiosidade em seu olhar era mais quente e menos aterrorizada. Eu sorri para ela quando a curva em forma de coração de sua bunda impecável ficou exposta e encheu minhas mãos. Ela era tão suave e mesmo assim tão forte, subi a mão até a ligeira curva de sua coluna e envolvi a ponta de sua trança. Eu puxei a cabeça um pouco para trás enquanto eu beijava seu ombro e segui até a boca. Eu tive que puxar seus quadris para trás e dobrá-la um pouco para que eu pudesse alinhar a ponta da minha ereção agora dolorida em sua abertura. Movi meus quadris apenas um pouco para arrastar a minha dureza por suas dobras suaves. Isso nos fez gemer e eu senti suas pernas começarem a tremer, e isso fez minhas entranhas se retorcerem. —Você está pronta para mim? Seus olhos se fecharam e ela virou a cabeça de modo que ficou de frente para a parede. Ela apoiou sua testa para descansar na parte de trás de suas mãos e sussurrou: —Eu acho que não poderia estar mais pronta para você. Eu sabia que ela estava falando não só da ponta grossa do meu corpo no dela. Eu também sabia que a sua respiração presa, tinha muito a ver com essa hesitação que ela sentia quanto à força da atração que vibrava entre nós, dessa forma em que eu a preenchia. Seu corpo apertou ao redor do meu com uma compressão que fez a minhas bolas doerem. Eu soltei um longo suspiro e empurrei nela até que minha frente estava descansando contra a curva elegante de suas costas, embora tivesse selante branco nela toda. Eu enterrei meu rosto na curva onde seu pescoço encontrava o ombro, envolvi minhas mãos em torno de seu tórax para que eu pudesse preencher as palmas das mãos com o peso de seus seios, e comecei a me mover. Não havia outra garota que eu poderia possuir deste jeito. Nenhuma outra garota se encaixaria, corresponderia, se alinharia comigo como essa, ela havia sido colocada nesta terra para isso. Não havia outra menina que se moveria assim comigo, moveria-se no mais perfeito vai-e-vem que eu já tinha conhecido. Eu podia sentir cada centímetro dela estendendo de dentro para fora, podia sentir o calor e o atrito que geramos, cada batida de seu coração ou os lábios soltando um gemido de prazer, refletido no meu pau. Ela queimava em mim e eu empurrava para dentro e fora, dentro e fora. Ela vibrou sobre mim enquanto eu tentava recuperar o fôlego e apreciar a beleza do momento. Eu nunca tive muito, mas o que eu tinha, eu valorizava e cuidava bem. Sayer estava firmemente nessa categoria. Ela era como o melhor tesouro, o maior presente que eu já tinha recebido e eu planejava apreciar cada parte dela. Ela repetia meu nome e virou-se para olhar para mim e o azul em seus olhos era tão brilhante que parecia poder iluminar toda a sala. Eu grunhi enquanto seu corpo puxava o meu e capturei ambos os mamilos entre os dedos. Eu os puxei mais forte do que eu provavelmente deveria, mas isso a fez morder o lábio inferior, o que naturalmente me fez querer morder o seu


lábio inferior. Eu estava dentro dela tão profundamente quanto eu poderia estar e eu sabia que as coisas não iam durar muito mais tempo para nenhum de nós. Foi a minha vez de dizer o nome dela em um som quebrado enquanto eu deslizava a mão para baixo através de sua barriga e alcançava o ponto certo entre as pernas. Ela estava encharcada e se abriu largamente para acomodar o comprimento insistente que estava batendo dentro e fora dela. Descobri o ponto quente de prazer e comecei a esfregar círculos firmes ao redor com meu dedo indicador. Eu fiz todo o seu corpo tencionar e as paredes internas dela ordenharam meu pau na mais sexy das carícias e aperto. O puxar e apertar dentro e fora dela fez meu sangue trovejar e minhas bolas apertarem. Beijei-a na nuca, continuando a martelar dentro dela, e movi os lábios para a delicada concha de sua orelha para que eu pudesse lhe dizer: —Eu mudei de ideia. Este é o melhor encontro que já aconteceu. Ela soltou um suspiro que poderia muito bem ter sido uma risada, mas no instante seguinte ela desmanchou e se desfez em torno de mim. Ela jogou a cabeça para trás com tanta força que eu tive que recuar para evitar ter o meu nariz quebrado, e uma de suas mãos apertou o cerco contra meu pulso enquanto ela continuava a gozar no meu pau e dedos. Observar como lindamente ela se quebrava para mim foi o suficiente para me deixar levar e deslizar para o clímax. Tudo o que eu sentia por esta menina saiu de mim tão rápido e forte que eu mal conseguia ficar em pé, uma vez que tudo foi dito e feito. Nós dois estávamos ofegantes, suados, atados e coberto de sexo e tinta. Eu nunca tinha visto uma bagunça tão grande, e eu nunca ia querer limpar. Quando eu saí dela, ela imediatamente puxou a calça para cima e se virou para apoiar as costas contra a parede. Ela tinha listras brancas sobre seus seios nus e manchas de tinta em seu rosto corado. Seus olhos corriam ao redor enquanto ela procurava pela camisa que eu tinha há muito tempo descartado, e quando ela não a achou imediatamente, ela deu um grande suspiro e murchou, e se abaixou escorada na parede, sentada com as costas apoiadas. Atrás dela havia uma marca clara de um corpo feminino, incluindo as que suas mãos tinham deixado na pintura molhada. Porra, eu ia odiar ter que cobrir isso antes da equipe aparecer na parte da manhã. Era a prova de que tudo isso era real e não o melhor sonho que eu já tive. Virei-me para que eu pudesse tirar o preservativo e arrumei meu jeans. Eu encontrei minha camisa onde eu havia jogado mais cedo e a dela onde eu tinha literalmente atirado na sala. Entreguei o item frágil de roupa e em seguida afundei no chão ao lado dela. Um pouco do selante que ela havia derramado tinha secado, mas a maior parte ainda estava em uma poça na lona, o que imediatamente sujou meu jeans. Olhei para ela com o canto do meu olho e podia ver as rodas girando em sua cabeça. Ela estava pensando novamente. —Sayer. Isso estava destinado desde o início. —Inclinei-me para que eu pudesse bater seu ombro com o meu. Ela puxou sua trança presa atrás dela e brincou com as pontas.


—Normalmente, eu tento evitar o desastre iminente, Zeb. Eu sou uma solucionadora de problemas, não uma criadora. Eu deveria estar ajudando você a tornar sua vida melhor e a obter o que deseja, não tornar isso mais complicado. Suspirei. —Nós não somos um problema e isso não é problema. Como você pode achar que estarmos juntos não deixa as nossas vidas melhores? Você realmente vai me dizer que não foi o melhor sexo que você já teve? Ela jogou a cabeça para trás batendo na parede com um baque. —Nós podemos não ser um problema, mas eu com certeza sou. Eu preciso ir. —Ela ficou de pé e fez uma careta quando seus sapatos escorregaram no selante derramado. —Eu vou ver você no escritório antes do tribunal na segunda-feira. Eu rangi meus dentes quando ela propositadamente não respondeu à minha pergunta sobre o sexo. Ela pode não querer admitir em voz alta o quão incrível éramos juntos, mas as provas eram as marcas vermelhas em sua pele, as marcas de mordida em seu pescoço, e as marcas das unhas que ela tinha deixado nos meus ombros. Eu agarrei a mão dela quando ela começou a se afastar de onde eu ainda estava sentado. —Você pode colocar a máscara de advogada, mas eu sei o que está por baixo, Sayer, e mesmo se eu não soubesse, eu ainda a possui contra a parede. Você é mais do que uma coisa para mim e eu quero tudo. Ela olhou para a minha mão; que tinha um crânio tatuado nas costas com um conjunto de chaves de fenda por baixo de ossos cruzados. Os olhos dela voltaram para os meus e eu podia ver claramente as nuvens tempestuosas pairando sobre o mar. Eu não queria deixá-la ir, precisávamos falar sobre isso, sobre o que estava acontecendo entre nós dois, mas eu podia ver que se eu a forçasse, ela se afastaria e eu não queria isso. Ela era forte e resistente, e eu estava apenas começando a perceber o porquê dela ser assim. Quanto mais ela se abria sobre seu passado, mais eu entendia por que ela se desligou e se afastou quando eu perguntei sobre isso. Eu não queria ser quem a machucasse. Ela pode ser uma solucionadora de problemas, mas eu era o Sr. Reparador. Eu não destruo coisas, eu conserto. Tão baixinho que eu quase não ouvi, ela me disse: —Eu vou te ver antes do tribunal. —Ela se soltou do meu aperto e foi embora antes que eu pudesse ficar de pé. Quando eu levantei, me virei e olhei sem rumo para a marca que seu corpo tinha deixado na minha parede. A mulher era boa em deixar uma marca, em mais do que apenas minha parede. Eu acho


que meu coração estava começando a ter uma mancha em forma de Sayer nele, e eu não estava inteiramente certo de como me sentia sobre isso, dado o estado caótico atual de minha vida.


CAPÍTULO 9 Sayer Eu não conseguia me lembrar de uma única vez na minha vida em que eu esqueci de ser eu mesma, tão completamente quanto eu esqueci no momento em que Zeb me tocou. Não houve um segundo pensamento, nem preocupação com o resultado e as consequências inevitáveis de entregar tudo para ele. Havia apenas o momento, ser consumida por todos os sentimentos e emoções que ele trouxe à vida, com ele. Foi o suficiente para me perder, o suficiente para apagar o senso comum e uma vida inteira de advertências sobre o que acontecia quando você abria a porta para esse tipo de envolvimento. Quando ele me manuseava, me movia, invadia a minha mente e corpo, não havia espaço para a dúvida, medo, ou qualquer outra coisa. Ele tomou muito espaço e a forma como ele me fez sentir, a forma como nos sentimos juntos, era muito maior do que todas as outras coisas que normalmente me preenchiam. Não havia espaço para me preocupar com o que aconteceria depois, pensar sobre o fato de que eu estava aberta, nua e exposta, revelando toda e qualquer falha que eu tinha para ele. Ele estava em toda parte, tomou todo o ar e capacidade de acesso que meu corpo tinha para lhe dar. Tudo o que eu podia fazer era responder e derreter em suas mãos hábeis e em todo o seu calor insistente. Sexo sempre foi uma tarefa, algo que eu tinha que passar para fazer o meu parceiro feliz. Era o que se esperava, então eu cumpria. Eu instintivamente sabia que não seria assim com Zeb. Mesmo nos meus sonhos, sexo com ele era explosivo, inesquecível e intenso..., mas o sexo do sonho não preparou para o sexo real com ele. Sexo real com ele foi transformador e totalmente aterrorizante. Seu toque me fez sentir como uma mulher diferente, uma mulher desejável, uma mulher fascinante e intrigante, com muito mais para oferecer a ele do que as minhas habilidades no tribunal. Isso me fez querer soltar as rédeas de todas aquelas emoções que eu mantive em um porão. Eu não podia lidar com o fato de me sentir tão fora de controle, tão absorvida nas emoções e paixão que ele trouxe com nada além do roçar de dedos calejados, o toque de lábios macios, cercados por uma barba áspera, na minha pele. Ele me aterrorizava, a onda de sentimentos, a onda de desejo por ele, por nós, então eu fugi como uma covarde. Eu não queria nada mais do que entrar em colapso encolhida debaixo do chuveiro, quando cheguei em casa. Eu ainda tinha tinta em mim e não havia dúvida das grandes marcas de mão que manchavam minha pele em alguns lugares. Era um lembrete visual que eu tinha estragado as coisas e precisava descobrir uma maneira de endireitá-las, o mais rapidamente possível. Infelizmente, assim que entrei pela porta da frente, Poppy estava esperando por mim e não podia esperar para me contar tudo sobre sua aventura com Rowdy. Aparentemente, tudo tinha ido tão bem que quando o meu irmão lhe pediu para acompanhar ele e Salem em um fim de semana à cidade na moda para esquiar em Breckenridge, ela concordou em ir.


Forcei um sorriso no meu rosto e disse como eu estava orgulhosa dela e os passos que ela estava seguindo. É certo que minha mente estava em outro lugar, ou seja, contra uma parede com um grande corpo tatuado me cobrindo, então não percebi quando ela me pediu para ir com ela. Devo ter cegamente concordado porque a próxima coisa que eu sabia era que eu estava em um abraço caloroso, que me deixou com lágrimas nos olhos. Poppy estava morando comigo há meses e eu poderia contar o número de vezes que ela me tocou, em uma das mãos. Eu não tinha tempo ou o desejo de ir para as montanhas no fim de semana, mas se isso a fazia feliz eu poderia embarcar numas férias momentâneas. Isso era outra coisa que eu nunca estaria disposta a fazer na minha vida antes de Denver. Espontaneamente deixar a cidade para passar um tempo com as pessoas que me amavam e cuidavam de mim, era um conceito tão estranho. Quase tão estranho quanto ter o melhor sexo da minha vida contra uma parede com um cara coberto de tatuagens e tinta. Eu não reconhecia as minhas partes que estavam mudando agora que eu tinha uma nova vida, e isso me deixava nervosa. Parecia que as novas partes descobertas eram todas espontâneas e sem controle. Parecia que todos os riscos apresentados valiam a pena e que quaisquer repercussões eram acidentais. Eu odiava isso. Eu sabia que repercussões poderiam matar. Quando finalmente fui para o chuveiro quase uma hora depois, foi muito mais difícil tirá-lo da minha pele do que eu pensava que seria. Eu tinha impressões digitais e pequenos arranhões de sua barba, por todo meu peito, sobre os meus ombros e pescoço. Eu ainda podia senti-lo em mim e naquele lugar entre as minhas pernas, que tinha sido tocado por ele, parecia dolorido e necessitado. Eu estava acostumada com a sensação de desejo vazio que me incomodava quando eu pensava em Zeb; o que me deixou um pouco frenética e quase violenta enquanto tentava retirá-lo, foi o impulso persistente em meu peito, baixo e insistente, exatamente onde meu coração estava. Eu poderia aceitar querer Zeb em um nível físico, poderia aguentar ser atraída por ele em toda a sua sensualidade masculina não refinada. Não havia como ignorar o fato de que tínhamos uma atração física acontecendo, não importando o quão errado isso poderia ser. O que me fez querer virar as costas e correr de volta para Seattle foi a ideia de que eu queria mais. E eu não queria desejar mais. Eu não queria que meu coração falhasse quando eu o visse com Hyde. Eu não queria me sentir mexida e sem sincronia toda vez que ele ligasse para falar comigo, ou em qualquer momento que eu estivesse na mesma sala com ele. Eu não queria comparar quaisquer outros homens que eu conheci com Zebulon Fuller e vê-los perdendo. Quem poderia realmente se comparar a todos esses músculos, beleza e autenticidade? Zeb era muito vibrante, apaixonado e real, para se abrir para qualquer uma que não fosse dar e receber o mesmo. Quando ele percebesse o quão morta interiormente e inacessível eu era, ele não teria outra escolha a não ser se afastar de mim, porque ele merecia alguém que pudesse lhe dar tudo e muito mais. Eu tinha a sensação de que observá-lo ir embora partiria meu pobre e frágil coração em um milhão de pedaços irreparáveis. Eu realmente não queria isso. Com a ajuda de Rowdy eu apenas comecei a deixar as coisas enferrujadas funcionarem novamente depois de tantos anos.


Claro, eu sofri com uma noite de insônia e não fiquei nem um pouco entusiasmada quando Rowdy e Salem apareceram para pegar Poppy e eu na manhã de sábado. Rowdy me cutucou com o cotovelo quando eu parei ao lado da caminhonete para colocar a minha bagagem para o fim de semana, e olhou para mim com as sobrancelhas levantadas. —Tudo certo? Você parece muito quieta esta manhã. Eu o ajudei a fechar a porta e apoiei o quadril contra o para-choque de seu SUV. Não havia ninguém mais no planeta com quem eu preferisse conversar do que meu irmão mais novo, mas considerando, que tudo o que tinha me acontecido envolvia um de seus amigos mais próximos, eu não tinha certeza de como compartilhar. Velhos medos, que ele fosse me julgar, ou me desprezar pelas minhas recentes escolhas, me fizeram gelar. Rowdy nunca tinha feito nada, além de me aceitar e amar após o constrangimento de nosso primeiro encontro, sem jeito. Mas o pensamento de alguém que eu amava, de alguém que me amava, encontrar defeitos em mim e em minhas ações era quase paralisante. —Só preocupada com o tribunal na segunda-feira. Eu me preocupo com todos os meus clientes e seus casos, mas é um pouco diferente quando é alguém que você conhece em um nível pessoal também. —Eu fiz o que sempre fazia quando sentia meus sentimentos começarem a escapar. Botava minha máscara profissional e bloqueava tudo, escondia em um lugar profundo, escuro, onde ninguém, nem mesmo eu, poderia tocar. Com um sorrisinho maroto ele me deu um tapinha no ombro. —Não se preocupe. Você é a melhor, então tudo vai dar certo. Ele sempre era tão otimista, tão “siga o fluxo”. Era uma diferença inerente em nossas personalidades e isso sempre me deixava um pouco com inveja de que, apesar de sua infância não ter sido muito boa, ele ainda tinha escapado de viver com a alma esmagada sob o teto do meu pai. —Espero que sim. Eu não... eu não posso sequer pensar em falhar com Zeb ou aquele garotinho. Você deveria vê-los juntos, Rowdy. Eles pertencem um ao outro. Ele deu a volta no carro e eu o segui. Ele olhou para mim por cima do ombro e sua expressão era conhecida. —Então você vai se certificar de que eles acabem juntos, Sayer. E isso é tudo. Se fosse assim tão simples. Deixei o assunto e subi no banco traseiro ao lado de Poppy. Ela estava conversando com Salem sobre algo de quando elas eram mais jovens, então peguei meu telefone da bolsa e não conseguia decidir se eu estava aliviada ou arrasada por não haver chamadas ou mensagens de um determinado empreiteiro barbudo. Praguejando baixinho, eu desliguei o celular e joguei na minha bolsa. Quando eu levantei minha cabeça, notei o olhar de Rowdy, exatamente o mesmo tom de azul do meu, me observando atentamente no espelho retrovisor. Salem também virou a cabeça para o lado e


estava me olhando com curiosidade. Para completar a minha humilhação, Poppy também estava olhando para mim com curiosidade brilhando em seus olhos castanhos claros. —O quê? —Eu sei que soei grosseira, mas eu não podia evitar. —Por que você não nos diz? —Havia humor na voz de meu irmão, então eu fiz a única coisa adulta e madura que eu poderia pensar, chutei a parte de trás do seu assento. Ele grunhiu para mim, o que fez as irmãs Cruz rirem de nós. —É uma coisa de trabalho. —Eu resmunguei a mentira e Poppy riu suavemente para mim. —Claro que é. Assim como você chegar em casa coberta de tinta na noite passada foi uma coisa de trabalho. —Eu fiz uma careta para ela e afundei no meu lugar. —Isso foi trabalho. Não o meu trabalho exatamente, mas ainda assim foi trabalho. — Pelo menos tinha sido até que acabei nua e fodida. Suspirei um pouco. Eu nunca tinha sido realmente fodida antes de Zeb. A Sayer de Seattle nunca tinha saído com homens que eram do tipo que fodiam, e novamente eu a odiava por tudo o que ela tinha perdido. Eu com certeza nunca tinha tido relações sexuais contra uma parede recém-pintada, com o meu rabo apontado para cima, agora eu sabia o que estava perdendo. Eu queria ser insensível a tudo. Queria riscar os hormônios em fúria que zumbiam por Zeb desde o início. Eu queria estar calma e distante para que eu pudesse dizer a ele que foi um erro, que não devemos repetir. Eu não era nenhuma dessas coisas. Não, apesar do meu melhor esforço para esconder os meus sentimentos, quando Zeb Fuller estava em questão, eles vazavam através de cada fenda que encontravam no meu exterior frio. Eles estavam escorrendo, fluindo, líquido e tão quente quanto lava para cima de mim. Eu ficava aquecida e corada ao pensar nisso e irritada que ele tinha visto tudo de mim, exposta, e eu tive apenas uma visão rápida do seu peito largo, tatuado, seus quadris estreitos e a linha de cabelo escuro que seguia de sua barriga e apontava diretamente para o seu pau. Isso era outra coisa que eu queria ver. Ele pareceu enorme, mas eu queria tocá-lo, colocar minhas mãos e boca nele, e ver se a minha impressão estava correta ou se tinha sido apenas por conta da posição em que ele me penetrou. Eu queria conhecê-lo por dentro e por fora, do jeito que ele parecia me conhecer. Todos os caras antes dele tinham sido cuidadosos e prudentes... chatos. Assim como eu. Eles não fodiam e nem eu. . . bem, até a noite passada. Outra nova parte de mim que me aterrorizava, que eu precisava tentar controlar, antes que me metesse em problemas. Suspirei e lutei contra o impulso de me abanar. Era para eu estar tentando esquecer a noite passada, não relembrando cada carícia, imaginando cada som rosnado de satisfação, uma e outra vez. Minha maneira de sair deste problema estava provando ser particularmente ruim, e estava me deixando de mau humor. Eu tinha passado a vida inteira não tendo oscilação de


humor, e aqui estava eu me tornando um caso perdido por causa de um homem. O desprezo do meu pai teria me atingido como mil chicotadas, se ele pudesse me ver agora. Gostaria de saber o que Rowdy diria, porque eu o vi trocar um olhar com sua bela namorada e em seguida, ele mergulhou o queixo com um pequeno aceno de cabeça, e alguma comunicação silenciosa se passou entre os dois. Esse tipo de conexão, esse laço com outra pessoa, parecia tão perigoso para mim que fez meu coração apertar dolorosamente no peito. Eles poderiam ferir um ao outro com tanta facilidade. —Nenhum trabalho neste fim de semana. Queríamos que todos nos reuníssemos para comemorar. —A voz de Salem estava rouca de emoção, então eu me endireitei no assento e olhei entre ela e Poppy. —Comemorar o quê? —Eu achava que era o fato de que Poppy estar saindo para o mundo, no caminho para recuperar a sua vida, mas a faísca nos olhos escuros de Salem e a maneira como Rowdy estendeu a mão para colocar na perna dela, falou que era algo maior do que isso. Senti minha boca cair aberta e bati palmas, logo que as palavras “Nós vamos ter um bebê”, saiu de sua boca pintada de vermelho. —Eu sabia! —Eu me inclinei para frente tanto quanto o cinto de segurança permitiu tentando abraçá-la, e me contentei em bater no ombro de Rowdy, para que ele não batesse o carro se eu o estrangulasse com a minha excitação. —Eu sabia e eu estou tão animada por vocês. Olhei para Poppy e senti o sorriso no meu rosto esmaecer um pouco, por quão pálida e em pânico ela parecia, encolhida no canto. Eu estendi a mão e imediatamente a recolhi quando ela se encolheu. —É uma grande notícia, certo, Poppy? Nós vamos ser tias! —Eu adorava crianças. Amava a inocência e alegria. Eu amava, porque a maioria delas não tinha sido contaminada pelas atrocidades que o mundo poderia causar a elas. Era parte da razão pela qual eu entrei em direito da família contra a vontade, muito clara, de meu pai. Pelas crianças que não têm o luxo de serem inocentes, não tem chance porque os adultos à sua volta eram distorcidos e destruídos. Essas crianças precisavam de alguém para lutar por elas. Elas precisavam de um advogado, assim como eu quando era pequena e só com uma mãe mentalmente instável e um pai emocionalmente ausente. Eu não tinha ninguém, então eu seria esse alguém sempre que pudesse para qualquer criança que aparecesse em meu caminho. A jovem assentiu rigidamente e eu podia ver a tristeza começar a engolir a alegria nos olhos escuros de Salem, enquanto observava a reação de sua irmã pela notícia feliz. —Poppy... —Poppy sacudiu ao som de seu nome e eu a vi engolir algumas vezes e sorver algumas respirações profundas. Ela colocou a mão trêmula em seu peito e desviou o olhar de sua irmã para olhar diretamente para mim. —Está tudo bem. Estou bem. Eu só preciso de um minuto.


Um sorriso conturbado atravessou sua boca rígida. —Estou feliz por você, eu realmente estou. É apenas uma mudança grande e isso me lembra... —Ela parou de falar e Salem deu um aceno rígido. —Eu sabia que seria um pouco duro para você ouvir. É por isso que Rowdy e eu queríamos apenas a família e um lugar que não estivesse ligado a nenhuma má recordação. Eu sei que você está feliz por nós, Poppy, mesmo que doa se sentir assim. Poppy pôde apenas acenar com firmeza e eu a assisti derivar para dentro de si mesma e as memórias que a puxavam para baixo, o que foi doloroso considerando o quão longe ela chegou nos últimos meses. Eu não sabia todos os detalhes do passado de Poppy além do abuso, rapto, e o fim extremamente violento e físico do seu pesadelo pessoal nas mãos de seu ex-marido. A partir de sua reação às notícias de Rowdy e Salem, deve ter havido outros capítulos trágicos na sua história que eu não estava ciente. Esse fato mostrou que o grande progresso que ela estava conseguindo era ainda mais impressionante, e o fato de que ela tinha sido atingida e se retraiu, era muito mais triste. Fizemos o resto da viagem em relativo silêncio. Eu decidi que era melhor deixar Poppy lidar com o que ela estava pensando e sentindo sozinha, enquanto Salem e Rowdy conversavam em voz baixa na parte da frente do veículo. Sentir a opressão das emoções de todos fez a minha pele arrepiar e o ar no carro espesso e pesado. Peguei o telefone de novo e dei um suspiro audível, porque mesmo que eu não quisesse sentir, eu senti, e fiquei aliviada que havia uma mensagem de texto de Zeb na tela. Tudo o que disse foi: Vejo você na segundafeira. Mas foi o suficiente para afrouxar o aperto no meu peito e liberar o ar aprisionado em meus pulmões. Eu não conseguia decidir o que responder para ele. Tudo o que eu pensava parecia muito pessoal, muito envolvido, então eu decidi por: Sim, nos veremos. Deixei por isso mesmo e foquei em passar o fim de semana com minha família e apreciar o fato de que estávamos crescendo e tendo mais pessoas para amar e proteger. Acompanhei Poppy pelo resto do passeio, fizemos check-in no hotel de luxo e SPA, resolvemos ficar no quarto que partilhamos, para liberá-la do estado zumbi em que ela tinha entrado. Uma vez que estávamos sozinhas no quarto, ela afundou na beira da cama, com um olhar morto, e me contou sobre o bebê que ela tinha perdido quando era apenas uma adolescente. Eu sabia que ela e Rowdy tinham sido amigos quando eram mais jovens, mas eu não sabia que meu irmão se imaginava apaixonado pela irmã Cruz errada, na maior parte de sua juventude. Ele estava tão convencido de que Poppy era seu amor, que ele a seguiu para a faculdade e em seguida, perdeu a bolsa de estudos quando atacou o pai do bebê de Poppy, porque o cara a tinha machucado e feito com que ela abortasse. Depois que Rowdy deixou a faculdade, ela voltou para casa dos pais, porque estava sozinha e com medo, o que em seguida, em última análise, levou a acabar nas mãos abusivas de seu ex. A pobre tinha sido


abusada por mais de um homem que dizia amá-la, o que a fazia hesitar em relação ao sexo oposto, isso ainda ficou mais claro para mim com as palavras saíram dela. Tudo saiu de uma vez, permeada com soluços e uma torrente de lágrimas. Eu sabia que ela estava abalada quando me sentei ao lado dela na cama, e ela me permitiu colocar o braço em volta dos seus ombros e confortá-la. Eu queria chorar também, mas em vez disso eu fazia ruídos calmantes e disse a ela que tudo ficaria bem. Eu oferecia conforto aos meus clientes, uma capacidade profissional, o tempo todo. Esta foi a primeira vez na minha vida que eu queria me abrir e oferecer conforto e segurança em um nível pessoal. Eu queria que ela soubesse que eu estava lá por ela, além de um teto sobre sua cabeça e um lugar seguro para ficar. Eu queria que ela soubesse que eu me importava, e isso me surpreendeu tanto que nós duas estávamos tremendo amontoadas num abraço e deixando nossas emoções seguirem seu curso. Eu não tinha certeza de quanto tempo nós ficamos assim, mas quando tudo saiu dela, ela afastou o cabelo cor de caramelo do rosto, respirou fundo, e me disse que precisava se lavar, para que ela pudesse ir dizer a Rowdy e Salem que ela realmente estava feliz por eles. Eu balancei a cabeça e levei um minuto para retomar meu controle. Poppy parecia fraca e frágil do lado de fora, mas ela nunca parou de lutar, nunca desistiu quando as coisas ruins do passado tentaram derrubá-la. Ela sentia tudo tão completamente, tão intensamente, que a paralisava e eu tinha que admirar isso. Em vez de lidar com as complicações e espinhos que me picaram anteriormente, eu negava dizendo não sentir nada. Eu me desligava e fechava de modo a não lidar com o tipo de dor que Poppy estava lidando. Ela era mil vezes mais forte do que eu jamais seria. Rowdy e eu decidimos deixar Poppy e Salem sozinhas para falarem de coração para coração, o que significava que acabamos no bar com cervejas artesanais geladas, batatas fritas de pacote e pimentão verde. Levou exatamente cinco minutos de conversa fiada antes de Rowdy perguntar sobre o que estava realmente acontecendo com Zeb. 5

—Então você quer me dizer o que há realmente entre você e Paul Bunyan ? Quer dizer, eu sei que você o está ajudando com o seu filho, mas há muito mais acontecendo aí, não é? Eu parti uma batata chip ao meio com os dentes e estreitei os olhos para ele, em parte porque ele chamou Zeb por um apelido tão ridículo. Claro que o cara era grande e parecia conseguir derrubar uma floresta inteira com um balanço de seu machado, mas ele era muito bonito e muito bem articulado para um apelido tão tolo. —O que te faz dizer isso? —Além do fato de que você estava verificando seu telefone a cada cinco minutos no carro, e que eu liguei para ele na noite passada para ver se ele queria ir tomar uma cerveja no bar e ele me disse que não podia porque você ia ajudá-lo a trabalhar na sua obra. Você não é exatamente de trabalhos manuais, Sayer. Você me chamou para pendurar todas as fotos e cortinas em sua casa, quando ele terminou a reforma, de modo que “trabalho” me diz que provavelmente significa algo mais.


Eu gemi um pouco e peguei minha cerveja. —Eu não sei o que estou fazendo ou o que isso significa. Estou profundamente envolvida em ajudar Zeb a obter a custódia total de seu filho e isso é tudo. Qualquer outra coisa envolvendo eu e ele é uma ideia terrível. Honestamente, eu não tenho nenhuma ideia do que fazer com ele fora do tribunal, por isso estou fingindo que nada está acontecendo entre as crises de me jogar nele e fugir dele. Ele bufou para mim e pegou sua própria cerveja. —Como isso funciona para você? Fiz uma careta, porque não havia humor no seu tom. —Não muito bem. —Porque isso vem acontecendo desde o início. Zeb está interessado em você desde o primeiro dia; ele só levou um tempo para reconhecer isso. Uma vez feito, não havia como ele deixar você ignorá-lo. Oh, Zeb não tinha ideia de como eu era boa em ignorar as coisas. Eu era um mestre em negação. Eu não sentia nada. Essa era a segunda maior habilidade ao praticar a advocacia. Ele não teria escolha, se eu realmente colocasse minha mente para fingir que nada estava acontecendo entre nós dois. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás das orelhas e olhei para Rowdy sem hesitação. —Eu não sou boa com pessoas apaixonadas, Rowdy. Eu não sei como lidar com alguém que age com sentimentos, ou como lidar com alguém que toma o que quer sem se importar com os riscos. O fato de que ele caiu de cabeça no caso de Hyde, mesmo antes de saber se a criança era sua, me petrifica. Esse tipo de investimento em outra pessoa, esse nível de amor incondicional... —Eu balancei a cabeça tristemente. —Eu não acho que eu esteja apta a devolver esses tipos de sentimentos, e isso acaba por levar a um desastre. Alguém vai acabar se machucando e eu vivi com mágoa o suficiente, quando eu era mais jovem, para durar um milhão de vidas. Eu não tenho espaço para qualquer outra coisa, o que significa que eu sou imune a todas as coisas que ele desperta, e isso não é justo com ele. Ele deve ter alguém que seja tão apaixonada e comprometida quanto ele é. Seus olhos, que eram idênticos aos meus, se arregalaram e ele colocou sua cerveja em cima da mesa com um baque. Ele inclinou-se para mim e atirou: —Isso é besteira, Sayer. É uma besteira total e você sabe disso. Eu pisquei surpresa com a veemência em seu tom. Isso era completamente contra a sua personalidade descontraída, ficar tão bravo, especialmente comigo. —Por que você diz isso?


—Porque assim que você descobriu sobre mim, você largou tudo e mudou a sua vida para cá. Você não tinha ideia de como eu reagiria, se eu era um cara legal ou um completo idiota, e ainda assim você deu esse salto cegamente. Você não sabia nada sobre mim ou minha vida e ainda estava determinada a fazer parte da minha família, mesmo quando eu agi como um idiota quando nos conhecemos. Inspirei profundamente e afundei na minha cadeira, enquanto suas palavras me invadiam. Ele tinha acabado de falar uma verdade dura e desconfortável, que ele enxergou sobre mim. —Então você ajudou Asa por mim sem piscar um olho. Esse seu amigo advogado engomadinho não teria sequer olhado para o caso dele se não fosse por você, e em seguida, nem mesmo um mês depois você recebeu uma estranha. Você recebeu uma menina destruída pelo medo em sua casa, simplesmente porque eu a amo. Você tem feito mais por Poppy do que Salem e eu fomos capazes de fazer, então não tente me dizer que você não investe apaixonadamente nas pessoas, ou com todo o coração como Zeb faz, porque isso é besteira. Eu não conseguia pensar em uma réplica válida, o que me incomodou bastante, então eu sentei na minha cadeira e olhei para ele. —Tem certeza de que você não teve algumas aulas de direito, enquanto você estava na faculdade? Ele balançou as sobrancelhas para mim, com seu jeito cavalheiro de sempre, e eu lutei contra a vontade de jogar uma batata nele. Ir atrás de Rowdy foi a primeira coisa totalmente fora do meu personagem que eu já tinha feito. Era uma compulsão, uma ânsia por uma família, um lugar para pertencer e ser amada, algo que eu nunca tive antes. Eu não pude resistir à atração, mais do que eu poderia resistir à atração interminável entre eu e Zeb. Quando eu recolhi Poppy, não foi só porque ela era importante para Rowdy, e ele se tornou tão importante para mim..., não, era porque eu vi muito de mim dentro da casca quebrada da jovem. Eu sabia exatamente qual era a sensação de ter alguém tentando tirar seu valor e humanidade. Eu sabia muito bem qual era a sensação de ter alguém que deveria te amar incondicionalmente, fazendo tudo para te derrubar. Meu pai nunca tinha sido rude ou sem controle o suficiente para levantar a mão para mim ou para minha mãe..., mas suas palavras impiedosas, desprezos... comentários desagradáveis, me atingiam duramente, como o mais poderoso dos golpes. Poppy tinha toda a vida à sua frente. Eu não a queria presa no lugar, imóvel agarrada ao passado, como eu estava. Eu não queria que ela se desligasse, seu coração era muito bonito e precisava ser compartilhado com alguém que saberia apreciá-la. Ela merecia isso. —Se você não sair e se arriscar a sofrer, você nunca vai sentir o prazer também. Não há bom sem o mau, Sayer. Basta olhar para a maneira que eu vim a este mundo. Ambos ficamos quietos por um segundo quando ele suspirou. —Minha mãe era jovem, muito jovem, quando ela me deixou. Seu pai era mais velho,


sabia muito mais e era casado, tinha você em casa, quando ela ficou grávida. As duas únicas pessoas que poderiam nos dizer o que realmente aconteceu entre os dois se foram, mas nós dois sabemos que quaisquer que tenham sido as circunstâncias, minha mãe foi usada e deixada para lidar com as consequências sozinha. Engoli em seco, porque eu nunca quis admitir para ele quão manipulador e odioso meu pai poderia ser. Eu não queria pensar sobre o homem que tinha me criado e se aproveitado de uma adolescente indefesa, mas era impossível quando a prova estava sentada na minha frente bebendo uma cerveja. —Independentemente da mágoa que minha mãe pode ter sofrido, ela me amava. Ela foi incrível comigo e nunca me deixou, nem um único segundo, sem que eu soubesse que era amado e o centro de seu mundo. Ela se focou na alegria que eu trouxe, e não na dor que ela teve que enfrentar por me ter em sua vida. Você tem que estar ferido para se curar. A mãe de Rowdy tinha sido morta durante um assalto à mão armada, quando ele era apenas um menino, por isso fiquei surpresa que ele tivesse memórias claras e brilhantes dela. Minha mãe tinha se matado quando eu era um pouco mais velha e, no entanto, a maioria das coisas que eu me lembrava sobre ela eram poucas e cobertas de uma tonalidade de cinza e tristeza. Não havia alegria e prazer quando eu pensava nela, só tristeza e ressentimento. Eu queria que ela fosse mais forte, para si mesma, mas mais do que isso, eu ansiava que ela fosse mais forte por mim. —Algumas feridas vão tão fundo e chegam tão fundo no que somos que nunca podem ser curadas, Rowdy. Elas só sangram, apodrecem, e vazam material para fora da pessoa que as carregam, para sempre. Ele balançou a cabeça e fiquei espantada que a frente estilosa de seu cabelo não mexeu um centímetro. Eu acho que ele tinha muita habilidade e bastante gel para manter essa aparência de James Dean no lugar. —Você está errada. Você sabe como eu sei que está errada? Porque eu costumava pensar da mesma maneira. Eu tinha o coração partido e pensava que estava perdido. Eu estava focado no que eu queria, em vez de estar no que eu realmente merecia. A ferida pode ser profunda, tão profunda que você sente até os ossos, e isso significa que você se sente confortável com a dor, a dor torna-se familiar, e você não sabe o que fazer sem ela. Mas então aparece alguém e o vê sofrendo, e sente dor em assistir seu sofrimento. Suas feridas o machucam, e você percebe que talvez não seja capaz de se curar sozinha, talvez esteja na verdade imune, mas por eles e com eles você trabalha para melhorar, porque essa pessoa te faz perceber que não deve se sentir confortável ou complacente com algo que te faz mal, não importando quão acostumada você esteja. Só precisa da pessoa certa para ver isso. Ninguém, exceto Salem, foi capaz de refazer meu coração, e ela teve que lutar para posicionar cada pedaço no lugar devido. Ela me curou, não só por mim, mas por ela também. O sentimento era tão doce, tão brutalmente honesto, sobre como se sentia sobre sua


namorada, que formou um nó de emoção na minha garganta. Principalmente por quebrar alguns dos sentimentos que se escondiam em mim, eu não tinha certeza do que fazer com isso, eu levantei uma sobrancelha e, brincando, perguntei-lhe: —Você não deveria estar fazendo o seu dever de irmão e avisar para me afastar de um cara com uma ficha criminal e um histórico de dormir por aí? Ele não seria o último tipo de cara do qual deveríamos estar falando sobre consertar o que está quebrado dentro de mim? —Era uma pergunta boba considerando que Zeb consertava coisas quebradas para ganhar a vida, mas casas não eram pessoas e seria necessário mais do que algumas tintas e pisos refinados para que o gelo que rodeava meu interior descongelasse. —Se Zeb é o cara certo, então ele é o cara certo e nenhuma dessas merdas importam. No começo, quando eu o vi observando você, fiquei muito desconfortável, mas não porque eu não confio nele, ou ache que ele não é um cara bom. Eu tinha acabado de encontrar você e eu não estava pronto para dividi-la com ninguém ainda, mas agora que você, obviamente, veio para ficar e eu vou ficar com você para sempre, eu quero que você seja feliz, Sayer. Decidi a mudar de assunto porque eu não tinha certeza de como era a felicidade, ou como eu a conseguiria para mim, com ou sem Zeb. Eu perguntei a ele quando o bebê viria e quando eles iriam saber se era um menino ou menina. Seu entusiasmo sobre a paternidade iminente era contagiante. Eu sabia que ele e Salem seriam pais maravilhosos, e quando as irmãs se juntaram a nós, poucos minutos depois, ambas parecendo emocionalmente sofridas, mas finalmente em paz uma com a outra, o fim de semana que era para ser uma celebração finalmente começou. Nenhum de nós veio de famílias que nos ensinaram a amar e a nos preocupar uns com os outros. Todo o nosso passado era desestruturado e rachado. Era um milagre que todos se encontrassem e, através de luta e persistência, agora tínhamos uma base sólida familiar de verdade e de amor para seguir em frente. Meu sobrinho ou sobrinha conheceria a sensação de ser desejado e amado. Ele ou ela nunca teria que se preocupar em viver de acordo com expectativas irreais e ser julgado duramente por qualquer das lutas e fracassos que a vida gostava de testar em todos nós. Esse bebê saberia o que era uma verdadeira família e um verdadeiro lar, e então eu senti a extensão da ferida que eu fingia que não tinha, e tinha dito a Rowdy que nunca curaria, começar a se fechar em algum lugar dentro de mim.


CAPÍTULO 10 Zeb Eu não estava tão nervoso, quando os policiais me algemaram e me prenderam. Eu não estava tão nervoso, quando o juiz leu a minha sentença e eu entendi que ficaria preso por um período mínimo de dois anos e meio da minha vida. Eu não estava tão nervoso, quando minha namorada do ensino médio, que tinha eventualmente se tornado minha noiva e depois ex-noiva após eu ter sido preso, me disse que pensou estar grávida, quando eu tinha apenas dezesseis anos. Foi um alarme falso, o que você poderia ter pensado que me ensinaria uma lição valiosa sobre o controle de natalidade, mas não, foi um outro lapso de julgamento quando se tratava de mulheres e sexo, que me mandou para o enorme edifício do tribunal de Denver com Sayer, séria e pronta para lutar com unhas e dentes ao meu lado. Na verdade, a única outra vez que tinha estado tão nervoso foi no primeiro dia que conheci meu filho. Era impressionante como alguém que eu acabara de conhecer poderia ser tão vital e importante quanto o menino tinha se tornado, não só no meu futuro, mas na minha felicidade também. Agarrei cada chance que eu tive para vê-lo. Eram visitas programadas, complicadas por sua atual situação na assistência social e meu horário de trabalho, mas eu fiz isso, e até agora eu tinha tido sorte suficiente para ter algumas horas por semana com o menino. Toda vez que eu o via, ele levava uma fatia maior do meu coração com ele, quando tinha que dizer adeus, eu poderia dizer que ele estava ficando mais e mais ligado a mim também. Depois da nossa última visita ele se agarrou nas minhas pernas e se recusou a soltar. Custou muito para mim e Maria, além de uma promessa de uma visita extra, convencê-lo a me soltar. O discurso animador que Sayer tinha me dado por uma hora em seu escritório tinha feito pouco para acalmar meus nervos à flor da pele. Ela era a combinação perfeita de feminina e feroz em um terninho preto, adaptado ao seu longo e magro corpo perfeitamente combinado com algum tipo de coisa rendada rosa por debaixo das lapelas, mas quanto mais ela me dizia que tudo ficaria bem, menos eu acreditava nela. Ela estava tentando ser confiante e reconfortante, mas ambos sabíamos o que estava em jogo. Ela ficava me dizendo para responder as perguntas do juiz honestamente, que eu precisava manter a calma se ele perguntasse sobre minha sentença de prisão, eu simplesmente precisava mostrar ao tribunal o quanto eu queria ter Hyde na minha vida. Eu precisava convencer o juiz que eu tinha o que era preciso para ser um bom pai. Uma e outra vez ela me disse que nada estava fora dos limite, por isso, se eu tinha algum esqueleto escondido no fundo do meu armário ela precisava saber. Eles julgariam o meu maior erro, mas ela me disse várias vezes que não me deixaria na mão. Foi bom ouvir isso da mulher que eu queria mais do que quase qualquer coisa, mas isso não


deixou meus nervos menos tensos. Sayer mencionou que ela tinha estado com esse juiz em particular no passado e que ele era severo, mas, em última análise, justo. Ela me disse que ele me questionaria sobre tudo e qualquer coisa, e que tudo o que eu tinha a fazer era dar a ele respostas verdadeiras e sucintas. Lembrei a ela que eu era um livro aberto e não havia escondido nada dela desde o começo. Dizer a verdade sobre quem eu era e onde eu tinha estado soava tão fácil, porque eu nunca tentei esconder isso. Declarar todos os meus defeitos e cada erro que eu já tinha cometido, ficar exposto na frente da pessoa que acabaria por decidir se eu deveria ser pai ou não, aumentava a minha insegurança. Sayer tentou me dizer repetidamente que tudo acabaria bem e eu queria acreditar nela, mas eu podia ver que ela estava tão nervosa quanto eu, pelo jeito como ela não conseguia parar de mexer em coisas na frente dela e a forma como os dedos dos pés batiam sob sua mesa chique. Tudo o que eu podia fazer era acenar para ela e garantir que eu entendia o que estava envolvido, e o que aconteceria hoje, e como me apresentar ao juiz. Nesta reunião inicial, seríamos só eu e Sayer, além da Maria da CASA, diante do juiz. Ela me disse que se prosseguisse, ela também planejava envolver minha mãe, bem como Beryl no processo, se o tribunal precisasse de qualquer tipo de testemunhas quanto ao meu caráter. Ela estava esperando que não chegasse a esse ponto, mas eu não tinha tanta certeza. Eu estava limpo, mas não havia como esconder alguns dos sinais exteriores que sempre me marcavam como um homem que tinha feito e pago por coisas que nunca causariam uma boa impressão a ninguém. Eu poderia ter raspado a minha barba, colocado um terno e gravata, um sapato extravagante e fazer uma grande produção, para demonstrar o quanto eu tinha me esforçado para transformar minha vida ao sair da cadeia, mas eu decidi que precisava ser verdadeiro, não só com o tribunal, mas comigo mesmo. Não havia como contornar o meu passado, ele tinha me transformado em quem eu era hoje, e eu estava orgulhoso desse homem. Esse homem cuidaria de seu filho com o melhor de sua capacidade, ele iria amá-lo e se certificaria de que para o menino nunca faltasse nada. Eu poderia fazer tudo isso estando, ou não, bem barbeado e vestido. Além disso, eu gostava da forma como os olhos de Sayer me percorriam, e se iluminavam com uma faísca de fome, quando ela me via. Ela gostava do homem que eu era também, e se eu era bom o suficiente para ela, então eu seria bom o suficiente para o juiz. Ela não precisava de mim engomadinho, e isso me deixava ainda mais determinado a romper aquelas paredes que ela mantinha em volta de si, sempre que ficávamos um tempo separados. Ela não falou da noite passada, e eu percebi que não era o momento nem o lugar para forçar a questão, então eu silenciosamente a segui, com seu carro esporte importado por toda a cidade, até quando dobramos à esquerda no LoDo e nos dirigimos ao tribunal, em Capitol Hill. Ela estacionou o carro e demos à volta no edifício enorme para as portas dianteiras. Ela andava rápido com esses saltos altos, mas eu andar atrás não me importava, porque a vista era de parar o coração. Estar arrumado adequadamente podia não funcionar comigo, mas com certeza funcionava com ela e não havia fim para todos os pensamentos sujos que corriam pela minha cabeça, enquanto eu imaginava tirar esse terninho, peça por peça de seu corpo elegante.


Deixei escapar um grunhido enquanto percorria suas costas quando ela de repente parou. Eu estava muito ocupado verificando a bunda dela para notar que ela tinha parado de se mover, então eu passei um braço em sua cintura para impedir o meu corpo de se chocar contra o dela. Eu ia perguntar o que aconteceu, quando eu observei um homem, alto e loiro de terno, e uma jovem mulher com cabelo rosa brilhante tendo uma discussão no meio da calçada. Era uma espécie de visão engraçada, considerando o quão diferente os dois indivíduos pareciam, até que percebi que era exatamente como Sayer e eu pareceríamos para alguém que nos observasse caminhar em direção ao prédio. Suas vozes estavam altas, e a jovem estava xingando o homem, de aparência afável, com cada palavra suja que existia além de algumas mais inventivas que eu nunca tinha ouvido antes. O cara balançou a cabeça quando a jovem baixinha, que agora eu reconheci, deu um passo adiante e colocou o dedo no centro do peito. O homem loiro levantou as mãos para o ar, em exasperação óbvia, antes de virar em nossa direção. Ele conhecia Sayer, o que não me surpreendia, tudo sobre o cara aparentava processo e prestígio. Ele veio até onde estávamos sem dizer adeus a sua companheira colorida e agitada. Quando ele chegou até nós, o seu olhar propositadamente caiu para onde o meu braço ainda estava em volta de Sayer. Ela fez um barulhinho na garganta e se afastou do meu contato, o que fez minhas mãos se fecharem em punhos, involuntariamente. O cara me deu um olhar desinteressado e obviamente, não estava impressionado com o que viu. Ele voltou sua atenção para Sayer, efetivamente me dispensando. Ele afastou um pouco seu cabelo da testa e deu um sorriso aberto, de um jeito suave que me fez querer colar meu punho em seu rosto e enfiar cada um dos seus dentes, perfeitamente brancos, pela sua garganta abaixo. —Eu pensei que todas as mulheres gostavam de você. Ela não parece gostar muito, Quaid. —Havia um humor tranquilo em seu tom, uma familiaridade entre os dois que atingiu meus nervos. O outro advogado riu. —Sim, ela é uma das minhas clientes mais difíceis, sem dúvida. Ela precisa aprender a me ouvir, ou ela vai se dar mal com isso. —Seu olhar pulou de volta para mim e eu senti meus dentes rangerem na parte de trás, embora me certifiquei de manter minha expressão branda. Não me faria bem bater no cara a alguns passos das portas da frente do tribunal, na minha primeira vez, perante o juiz que determinaria o futuro do meu filho e o meu. —Ela é um pé no saco e uma criança mimada, mas eu acho que ela não merece uma pena severa. Eu apenas fiz o meu trabalho e consegui que suas acusações fossem descartadas. Eu levantei minha mão e deslizei o polegar pela curva da minha boca e levantei as sobrancelhas. —Avett é uma boa garota; ela simplesmente saiu com uns merdas. Ela definitivamente não merece acabar na cadeia pelo que rolou no bar. Ela tem uma boa família que vai cuidar


dela. Obviamente, se eles estão pagando sua fiança. O outro cara recuou um pouco e Sayer se virou para me olhar com os olhos arregalados. Dei de ombros. —Avett é a única filha de Brite Walker. Brite era o dono do bar que meu amigo, Asa Cross, trabalha e Avett trabalhou na cozinha lá por alguns meses. Ela ficou com um viciado e de alguma forma acabou levando-o para o bar naquela noite, ele decidiu tentar roubar o lugar. Ela foi pega como cúmplice, e eu sei que Brite tem feito de tudo ao seu alcance para mantê-la longe da cadeia. Sayer limpou a garganta e apontou entre nós. —Quaid Jackson, este é o meu cliente Zeb Fuller. Seu cliente? Foi assim que ela me apresentou ao bastardo escorregadio em um terno de mil dólares? Isso fez minha espinha endurecer quando eu estiquei a mão. Irritou-me ainda mais que o outro advogado tinha um aperto de mão firme e todo profissional. Eu queria que ele fosse uma doninha, principalmente porque ele olhou para Sayer da mesma maneira que eu olhava para ela... fascinado e faminto. Ele a queria sem seu terninho chique, tanto quanto eu. —Eu realmente trabalhei no caso de Asa uns meses atrás. Você tem companhias muito interessantes, não é mesmo, Sr. Fuller? —Não era realmente uma pergunta, então eu não me preocupei em responder. Eu sabia que era um fato que boas pessoas poderiam ser encontradas em ambos os lados da lei e isso não era algo que eu precisava provar para ninguém. Sayer mudou seu peso novamente e deixou escapar um pequeno suspiro. —Na verdade, eu conheço Asa, também. Nesse caso, acabou por ser uma armadilha, não é? Ele agora está envolvido com a policial que o prendeu, e eu encontrei Brite várias vezes. Ele é um homem adorável, que eu tenho certeza de que não quer nada mais do que ajudar a sua filha, é por isso que você foi tão altamente recomendado para ele. Eu tenho certeza que você tem a situação sob controle. Nós realmente precisamos ir. Foi bom vê-lo, Quaid. Ela se virou para me olhar por cima do ombro e inclinou a cabeça para o grande edifício. Eu fui passar pelo outro homem quando ele estendeu a mão e agarrou o braço de Sayer. Ele sorriu novamente e eu realmente tive que lutar com o desejo de remover suas mãos dela. —Eu tenho um jantar com alguns sócios em alguns meses. Eu ia chamá-la para ver se você queria ir comigo, mas desde que nós dois estamos aqui agora, eu acho que não faz mal fazer o convite pessoalmente. Eu adoraria que você fosse minha acompanhante no evento, Sayer. Oh, o cara queria morrer. Ele pode ter perguntado a Sayer, mas ele estava me olhando com o canto do olho e eu não consegui segurar o grunhido que escapou. Cruzei os braços sobre o peito e estreitei os meus olhos para ele. Eu não era tipicamente um cara que mantinha uma


postura máscula, mas ela me chamou de “cliente”, e isso ainda doía. Ela me lançou um olhar por cima do ombro e pude ver quão incomodada ela ficou por estar presa entre nós dois. Ela se endireitou e eu a vi sacudir a cabeça em negação. —Não. Obrigada por perguntar, mas eu já lhe disse que eu não estou interessada em prosseguir com esse tipo de relacionamento com você. Sinto muito, Quaid. Seu sorriso nunca vacilou, mas ele parou de me olhar e focou nela. —Eu sou um advogado, é o meu trabalho tentar convencer as pessoas a verem as coisas do meu jeito. Eu te vejo por aí. —Ele finalmente soltou seu braço e sua atenção voltou para mim. —Boa sorte hoje. Mordi um obrigado conciso e rígido, seguindo Sayer até o edifício e passando pela segurança. Nós não dissemos nada um ao outro, o que provavelmente foi o melhor. Tudo o que eu queria fazer era perguntar, como diabos ela poderia me chamar de cliente e deixar por isso mesmo? Era assim que ela me via depois de tudo que passamos juntos no último mês? Isso me fez querer agarrá-la e colocar algum juízo para ela. Eu com certeza não era apenas um cliente quando estava enterrado dentro dela e ela choramingava meu nome uma e outra vez enquanto gozava. A sala do tribunal era desconfortavelmente familiar, e eu disse a mim mesmo para não entrar em pânico, sobre o que tinha acontecido da última vez que eu coloquei o meu destino nas mãos do sistema. Esta era uma situação completamente diferente, e ainda assim eu sentia que tinha muito mais a perder dessa vez. Claro, minha liberdade era valiosa e eu terrivelmente senti falta dela quando foi tirada de mim, mas isso não parecia nada comparado com a dor que me envolvia quando eu pensava sobre ter que deixar o meu filho no sistema. Ele pertencia a mim. Nós pertencíamos um ao outro e eu precisava acreditar que o juiz veria isso, e que Sayer se certificaria de que tudo ocorresse do jeito que era para ser. Sentamos em um banco ao lado da sala e eu acenei para Maria, que me ofereceu um sorrisinho. Fiquei feliz em saber que a advogada nomeada pelo tribunal parecia estar do meu lado; agora eu só precisava convencer o homem que entrou na sala com seu manto negro esvoaçante atrás dele, depois de anunciado. Sentei ao lado de Sayer, uma vez que ele deu a ordem para prosseguir, e respirei fundo quando ele olhou para mim sobre a borda de seus óculos de armação metalizada. —Estamos aqui hoje para discutir a custódia legal e física do menor Hyde Bishop, correto? Sayer se levantou e dirigiu-se ao homem que segurava todo o meu futuro na palma da sua mão. —Está correto. O teste de paternidade provou que o Sr. Fuller é o pai biológico do menino, ele cumpriu a visitação judicial com a criança durante o último mês. Não há nenhuma


outra família imediata e não podemos ver qualquer razão para que a criança permaneça em um orfanato quando tem um pai biológico disposto e ansioso para dar a ele um lar permanente. O juiz olhou para Sayer, da mesma maneira que olhou para mim e, em seguida, folheou vários papéis espalhados na frente dele na mesa. —A mãe está morta? —Correto. —E eu vou assumir que você foi diligente e procurou a família do lado da mãe para obter informações sobre cuidados com a criança? Minha mandíbula apertou e eu soltei um suspiro pesado através do meu nariz. Mesmo se Hyde tivesse família do lado materno, eles tinham deixado o menino sozinho e com medo no sistema, durante meses. Eles não o mereciam. —Sim. A mãe da criança era afastada de sua família e tinha alguns problemas. Seu estilo de vida criou um afastamento da família. A família do lado materno não estava interessada no menino. Tenho a documentação arquivada das minhas conversas com eles. Ela olhou para mim com o canto do olho e me deu um pequeno aceno tranquilizador que fez a tensão que me cercava aliviar no peito. —Sr. Fuller, como é que você não teve conhecimento prévio da criança? Eu senti um pouco de calor no meu pescoço e fiquei grato por minha barba encobri-lo. Eu me lembrei de ser honesto, não importa o quão ruim isso me fizesse parecer. Eu tinha cometido erros e eu precisava reconhecer. —Eu não estava em um relacionamento com sua mãe. Eu a conheci em um momento particularmente difícil da minha vida, e nós éramos apenas dois estranhos consolando um ao outro. Eu nunca vi ou falei com ela depois da noite que passamos juntos. Eu não sabia sobre Hyde até depois dela falecer. Uma amiga que estava preocupada com o que estava acontecendo com ele que me localizou, na verdade. Ele olhou para mim por cima do aro dos óculos novamente. Eu suei frio e disse a mim mesmo para não vacilar sob seu olhar firme. Eu queria parecer confiante e firme tanto quanto pudesse. —Isso é uma ocorrência comum para você, Sr. Fuller? Você muitas vezes tem encontros com mulheres com quem você nunca fala ou vê de novo? Sayer enrijeceu ao meu lado, me endireitei no meu lugar e encontrei o olhar do homem com o meu. —Estou solteiro desde que a garota com quem eu estava noivo me deixou. Eu saio e


sim, eu tive encontros com outras mulheres que não duraram mais de uma noite. No entanto, fui criado por uma mãe solteira, tenho uma irmã mais velha e eu tenho uma sobrinha de dez anos de idade, que eu adoro. Eu sei como tratar as mulheres com respeito e reverência, mesmo que seja apenas por um breve período de tempo. Ele não fez mais do que piscar quando voltou sua atenção para os papéis na frente dele. Eu dei a Sayer um olhar interrogativo e ela murmurou “está tudo bem”, antes de estender a mão e dar um pequeno aperto na minha perna. Que parecia muito mais do que um advogado tentando acalmar o cliente. —Sua irmã é a razão que você encontrou problemas há alguns anos atrás, correto? Eu endureci e assenti. —Sim. Ela estava vivendo com um cara que gostava de usá-la como um saco de pancadas. Ele foi longe demais com seu abuso uma noite, e eu voei para cima. Minha irmã foi tão machucada que acabou no hospital. Eu o ataquei em seu apartamento, o que me levou a ser preso e cumprir uma sentença na prisão. —Eu posso ver que você cumpriu um pouco mais de dois anos sobre a acusação de agressão. —Cumpri. Mas eu não recebi nenhuma multa por excesso de velocidade desde que fui libertado. —Eu também vejo que sua sobrinha testemunhou tudo isso. —Não foi uma pergunta e eu vi o canto de sua boca apertar e senti Sayer endurecer ao meu lado. —Ela viu. Eu pensei que ela estivesse com a avó no momento. Eu não sabia que ela estava em casa quando eu fui enfrentar o ex da minha irmã. Uma das primeiras coisas que fiz quando fui preso foi me inscrever em um programa de controle de raiva, porque eu nunca desejei que a minha sobrinha me visse perder o controle assim novamente. Ela se assustou e isso me assustou. Eu sei o que eu fiz não foi certo, e eu lamento a cada dia que Joss tenha de viver com a lembrança do que eu fiz para o seu pai. Sayer estava de volta. —Faz mais de cinco anos desde que Zeb foi libertado da prisão. Em seguida, ele começou a sua própria empresa muito bem-sucedida e ficou no caminho certo. Não há outras transgressões em seu registro e ele tem todo o apoio familiar que se possa pedir ao planejar ser um pai em tempo integral. —O cliente não tem outros filhos, e por seu próprio desejo será um pai solteiro, considerando que ele está atualmente sozinho. Você entende o tipo de compromisso que você estará enfrentando por ser o único guardião legal e físico da criança, Sr. Fuller? Estou questionando independente da gravidade da situação, se o que você está pedindo ao tribunal está claro para você.


Claro que estava claro para mim, porra. Por que mais eu sentaria aqui e deixaria um estranho discorrer, não só sobre a minha história sexual, mas por todas as besteiras da minha vida? —O Sr. Fuller é muito consciente da gravidade da situação, Meritíssimo. Ele tem seguido todas as direções decretadas pelo tribunal e pelos defensores do tribunal ao conhecer Hyde. Ele seguiu todas as regras estabelecidas perante ele, tudo em busca de se certificar de ter a oportunidade de conhecer e criar seu filho. O juiz olhou para Maria, que estava sentada ao lado, e ela se levantou e caminhou até o plenário, perto da mesa em que estávamos, e se apresentou para o registro. Ela olhou para mim e depois de volta para o juiz. —Hyde é um menininho doce e inteligente, Meritíssimo. Ele está apegado ao Sr. Fuller e em minha opinião, ficaram muito unidos em um curto espaço de tempo e que para a criança seria de fato melhor estar sob os cuidados de seu pai do que permanecer em um orfanato. O Sr. Fuller não mostrou nada além de compaixão e bondade para com seu filho e é óbvio quando o vemos com a criança, que ele está profundamente envolvido com o menino. O Sr. Fuller é o tipo de pai que eu gostaria que todas as crianças que veem à minha porta tivessem. A maioria delas não tem esta sorte, Meritíssimo. Ele fez mais algumas perguntas e Sayer informou-o da minha renda durante os últimos anos; tudo estava tenso, e eu não poderia dizer o caminho que o homem tomaria com sua determinação. Ele se levantou de repente e disse-nos para aguardar trinta minutos, enquanto ele ia para o escritório rever todos aqueles papéis que ele tinha em sua mesa. Maria se aproximou e me apertou no ombro e me desejou boa sorte e em seguida, me deixou sozinho com Sayer. Ela se virou para mim com um sorriso suave em seus lábios e seu coração nos seus olhos. Ela estava orgulhosa da maneira que eu tinha tratado as agulhadas do juiz e minha afirmação honesta de que o único lugar que Hyde precisava estar era comigo. —Você está indo bem. Suspirei e passei minhas mãos pelo cabelo, emaranhando os fios que eu tinha penteado implacavelmente no início do dia. —Não parece. Parece que ele está procurando uma razão para me dizer que eu não posso ter o meu filho. Ela balançou a cabeça e estendeu a mão para colocá-la na minha perna novamente. Desta vez eu a cobri com minha própria e dei um aperto. —Esse é o seu trabalho. Ele tem que esmiuçar. Ele está à procura de qualquer sinal de que você vai falhar ou quebrar sob a pressão. Ele está propositadamente tentando obter uma reação. Ele só tem os melhores interesses de Hyde em mente, para isso ele não se importa com o quão desconfortável ou irritado ele te deixa. Ele está tentando obter uma reação adversa e


você não está lhe dando uma. —Eu quero dar-lhe algo, ou seja, o dedo médio. Quem de vinte e cinco anos de idade, você conhece que não teve um caso de uma noite? Eu não esperava que ele esmiuçasse a minha vida sexual. Ela puxou sua mão e recostou-se na cadeira. Ela mordeu o canto do lábio e começou a mexer nos seus papéis. —Eu nunca tive. Bem, isso me deixou ainda mais desconfortável e também um pouco aliviado, porque se ela estava usando a palavra “nunca” isso significava que eu absolutamente teria outra chance com ela e esse corpo delicioso. Eu queria dizer a ela que eu estava feliz por ela não ter sido tão descuidada, como eu fui ao longo dos anos, quando o juiz foi anunciado novamente, e nós tivemos que nos levantar até que ele voltou para a sala. Minhas mãos começaram a suar e eu me movia nervosamente no meu lugar, enquanto o homem que estava prestes a dizer as palavras mais importantes que eu ouviria, tomou assento. Ele tirou os óculos e apoiou-se em seus braços. Ele estava olhando fixamente para mim e custou cada grama de autocontrole que eu tinha para não me contorcer sob o seu escrutínio. —Sr. Fuller, eu acho que você fez grandes avanços na sua vida no caminho certo nos últimos anos. Eu acredito que o seu desejo de ter a custódia de seu filho vem de um lugar sincero e genuíno, mas do que foi dito, eu tenho algumas preocupações. A criança já passou pelo trauma de perder um dos pais, e eu estou hesitante em entregá-lo a outro que tem momentos de raiva documentados. Se você perder o controle de seu temperamento de uma maneira tão significativa de novo, Sr. Fuller, isso abre à criança a possibilidade de sofrer a perda de outro pai. Eu fiz um barulho involuntário de protesto, que fez o juiz levantar a mão antes que eu pudesse entrar em uma discussão. —Eu acho que é necessário algum tempo. Tempo para Hyde se ajustar a você como seu pai e único cuidador, e tempo para você perceber o quão significativamente uma criança vai mudar sua vida. Eu quero que você se inscreva em uma classe nível dois de pais e concorde com o aconselhamento de gestão de raiva, e em seguida, vamos passar para a plena guarda da criança. Por agora eu vou permitir que você tenha quatro visitas sem supervisão por semana fora da CASA. Após o período inicial de quatro semanas, podemos passar para quatro visitas durante a noite em sua casa por mais quatro semanas. Nós vamos marcar outra data no tribunal após as oito semanas se passarem para ver como estamos, e gostaria de encorajá-lo fortemente a participar de algum aconselhamento familiar com o menino. A transição vai ser para ambos, mas em última análise, acho que você é o pai que a criança merece, Sr. Fuller. O martelo bateu em cima da mesa e todos nós levantamos enquanto ele saía da sala. Eu


caí para trás em minha cadeira e passei minhas mãos no meu rosto. Olhei para Sayer e tentei dizer o que ela estava pensando sobre a decisão, mas ela parecia friamente estoica e quase impossível de ler. —Será que vamos ganhar? —Eu respirei as palavras e me inclinei em direção a ela. Ela se virou para olhar para mim e foi como o sol rompendo as nuvens em um dia chuvoso, seu rosto abrindo em um sorriso brilhante. Foi tão ensolarado e cheio de luz, que eu não tinha ideia de como ela poderia parecer tão fria como sempre fazia. Ela ficava cheia de calor quando se libertava. Quando ela se mostrava, era tão enérgico e quente que eu só queria aproveitar isso. —Vai ser um trabalhão de sua parte, mas sim, o fato de que ele concedeu visitas durante a noite é uma vitória absoluta. Pensei que seria, pelo menos seis meses ou mais, até que chegasse a esse ponto. Você foi autêntico e sincero. Ele pôde ver o quanto você ama Hyde e isso é tudo que importa. Estou muito orgulhosa de você, Zeb. Estendi a mão e peguei a sua entre as minhas. Ela puxou, mas eu me recusei a soltar quando ela olhou para mim. —Obrigado. Eu sei que eu te digo isso toda vez que eu te vejo, mas eu realmente não poderia passar por isso sem você. Seu sorriso vacilou um pouco, e quando ela puxou sua mão desta vez, eu tive que soltar. Eu me levantei e a segui para fora do tribunal e de volta para a calçada movimentada em frente ao edifício, o tempo todo pensando e cada vez mais irritado que ela não ia dizer nada para mim. Quando chegamos onde ela tinha deixado seu Lexus, ela abriu a porta do motorista e jogou a bolsa no interior, enquanto murmurava: —Você ficaria bem sem mim, Zeb. Você está fazendo tudo o que deve, e qualquer pessoa com olhos pode ver que você vai saltar todas as barreiras que o tribunal lhe pedir para saltar, se isso significar que você acabará com a custódia total. Não há ninguém disputando a custódia de Hyde com você, o que também torna as coisas um pouco mais fáceis. Temos um excelente caso. Você tem. Eu deixei um rosnado escapar por entre os dentes ante seu tom irreverente e atitude indiferente. Tudo sobre a sua linguagem corporal e as palavras gritavam que ela estava tendo essa conversa com seu cliente, não comigo. —Não, nós temos. —Eu me aproximei de sua porta e a cerquei. Eu coloquei minhas mãos no teto do lado de seus ombros, prendendo-a entre meus braços e forçando-a a olhar para mim, enquanto ela reflexivamente colocava as mãos sobre o centro do meu peito. — Ninguém mais me manteria calmo, me diria para apenas ser honesto com o juiz, e acreditaria que era o suficiente. Ninguém mais poderia dizer ao tribunal que eu era a melhor opção para Hyde como você fez. Ninguém mais no sistema se importa se esse menino acabará comigo ou não, como você, Sayer. Eu não poderia fazer isso com ninguém além de você. É tanto sua luta,


quanto é minha e você está mentindo para si mesma se você pensa diferente. Ninguém mais, simplesmente acreditou em mim como ela. Por que ela não podia ver o quão desesperadamente eu precisava disso? —Zeb... —Ela disse meu nome como se estivesse se preparando para uma de suas refutações de advogada, e desde que eu me recusei a tê-la erguendo mais paredes e mais distância entre nós do que ela já tinha, eu parei o seu protesto tomando os seus lábios com os meus. Baixei a cabeça os poucos centímetros que eu precisava para acalmar suas reservas com o meu próprio tipo de persuasão. No primeiro roçar da minha língua contra a união cerrada de seus lábios, ela ficou rígida, mas levou apenas um pouco mais de exploração e aproximação do seu corpo para levá-la a se abrir. Suas mãos deslizaram pelos meus lados e enrolaram no tecido da minha camisa quando eu torci minha língua na dela, devorei cada reserva que ela poderia ter sobre o quão importante eu e meu filho poderíamos ser ou não para ela. Não havia qualquer tipo de distanciamento profissional quando ela reverentemente me beijou de volta e inclinou a cabeça ligeiramente para o lado para que eu pudesse obter um sabor melhor. Ela não estava beijando o cliente. Claro que não, ela estava me beijando, e ela estava adorando cada segundo disso. Ela fez um ruído fofo e quente no fundo da garganta e a única coisa que me impediu jogá-la de costas no carro e rastejar por todo o seu corpo, foi o fato de que o telefone tocou em algum lugar dentro do carro, e isso quebrou o momento e ela se livrou dos meus lábios soltando as mãos com um suspiro. Seus olhos estavam arregalados e com um azul líquido, puro como um córrego da montanha. Seus lábios estavam manchados, úmidos e de uma forma convidativa, enquanto empurrava o meu peito, me obrigando a me afastar. —Eu tenho mais reuniões e outra audiência no tribunal hoje. Eu tenho que ir. —Ela tentou desviar o rosto, mas eu coloquei meu dedo sob o seu queixo e mantive o olhar fixo. Eu me inclinei para frente e levemente rocei meus lábios em sua bochecha. Fui recompensado pela forma como ela tremia o tempo todo em que nos pressionávamos um no outro. Eu não consegui evitar as palavras que saíram da minha boca enquanto ela fazia todos os esforços para fugir. —Se você nunca teve um caso de uma noite, e se você não é do tipo de foder e correr, então você me deve mais uma noite, Sayer. Deixe-me levá-la para um encontro de verdade. Ela piscou para mim como uma coruja por um minuto e depois relutantemente balançou a cabeça negativamente. —Eu não acho que seja uma ideia muito boa. —Por que não? —Se ela jogasse a relação de trabalho entre nós como uma parede, eu a esmagaria com as minhas próprias mãos. Eu sabia que a barreira estava lá, mas eu podia ver o desejo e hesitação em seu olhar, então eu soube que essa barreira não foi construída para


durar ou para suportar a minha determinação. Apertei os olhos para ela enquanto ela me empurrava ainda mais e movia as mãos para a porta do carro, como se fosse entrar e me fechar para fora. Eu segurei a porta e me inclinei para que ficássemos quase nariz com nariz e repeti: —Por que não? Ela suspirou e olhou para baixo quando o telefone tocou novamente. —Porque quando estou com você, sou outra pessoa. Quando eu estou com você, alguém parece tomar conta do meu corpo e do meu cérebro, mas eventualmente o meu eu real vai aparecer, e eu não posso imaginar que ela seja alguém com quem você vai querer passar algum tempo. Eu não gosto de estar com ela a maior parte do tempo. Tivemos o encontro que você prometeu, o encontro que sempre sonhei, e foi o melhor encontro que eu já tive. Foi perfeito e eu quero manter a lembrança disso para sempre e não arriscar estragar tudo, dando a você a oportunidade de ver quem eu sou realmente. É o melhor para nós dois em longo prazo. Eu estava tão atordoado com sua resposta que eu soltei a porta, o que lhe permitiu sentar no banco do motorista e fechá-la. Ela olhou para mim através do vidro que nos separava enquanto eu a observava em silêncio. Ela deu um aceno e saiu, como se ela não tivesse acabado de me deixar embasbacado com suas palavras. O eu verdadeiro dela? Que tipo de bobagem foi essa? Eu sabia tudo sobre ela, uma menina em um reino congelado, que foi forjada com seda e aço. Eu sabia que a menina poderia queimar e arder, quando ela se esquecia de que não deveria reagir a mim como homem. Apenas o seu “cliente”, minha bunda. Eu tinha as lembranças e o pau duro para provar o contrário. Minha mente estava girando, com tudo no tribunal e a rejeição de Sayer. Uma coisa estava clara: conseguir o meu filho na minha vida de forma permanente, não era a única coisa que me daria muito trabalho. Se eu quisesse esta mulher, qualquer versão sua, que eu pudesse ter em minhas mãos, então eu teria que lutar por ela também. Praguejei baixinho enquanto me dirigia de volta para a minha caminhonete. Ela era feita de mais coisas flexíveis do que duras. Feita mais de fogo do que gelo. Tinha rios e vales de cicatrizes, danos que corriam tão profundamente dentro dela que eu me perguntava se ela ainda os reconhecia, uma vez que levava tanto tempo para chegar à superfície. Eu podia vê-los através do verniz perfeito que ela gostava de mostrar para o mundo, e nenhum deles me assustava. Um pouco desgastado, mesmo quando estava no coração e na alma de alguém, não valia a pena me afastar do que eu sabia que poderia ser o projeto de restauração mais importante da minha vida.


CAPÍTULO 11 Sayer Depois do dia no tribunal, ou melhor, o que aconteceu do lado de fora depois da audiência, eu trabalhei como uma louca, me enterrando em casos para não pensar em Zeb. Ainda assim, mesmo que ele não tivesse nada a ver comigo ou com o meu trabalho, eu me encontrei querendo checar Hyde e ver como ele estava se ajustando para passar mais tempo com Zeb. Em algum lugar durante as últimas semanas, o menino tinha totalmente deslizado pelas minhas defesas e estava se achegando ao lado oposto do meu coração, escondido ao lado de seu pai. A mãe adotiva de Hyde era uma mulher agradável e me deixava aparecer quando eu acabava no escritório. Sua casa era arrumada, considerando que ela tinha cerca de sete crianças sob seu teto, e eu pude ver que o filho de Zeb tinha genuína afeição por ela. Não pude deixar de sorrir quando ele imediatamente pegou minha mão, como se sempre tivéssemos sido amigos, e me arrastou para a cozinha para que pudesse me mostrar todas as coisas legais que tinha aprendido a construir com o Legos que Zeb lhe tinha comprado. Levou apenas um olhar para ver que seu pai tinha claramente acrescentando mais à coleção. Havia Legos, tanto quanto o olho podia ver. Isso fez o meu coração bater tão alto que eu não podia mais ignorar a sua existência. Estava ali, exigindo ser visto e ouvido, não importa o quanto eu queria ignorá-lo. —Quer construir um castelo? —Certo. Vamos construir um castelo. —Eu estava sentada na mesa há vinte minutos movendo blocos com ele, esquecendo minha razão de estar lá e apenas desfrutando de seu contagiante entusiasmo infantil, quando eu olhei para a estrutura bastante impressionante que ele tinha na frente dele. Era alto e colorido, parecia surpreendentemente resistente por algo construído por mãos tão pequenas. —Você fez um bom trabalho com isso, garoto. Hyde sorriu para mim e eu queria abraçá-lo e nunca soltá-lo. —Zeb me mostrou como. Ele disse que você pode construir tão alto quanto o céu, desde que a fundação seja sólida. Lembrei-me do que eu tinha me dito, do por que eu estava aqui. —Zeb é um cara inteligente e ele sabe tudo sobre construção de coisas e como fazê-las durar. Parece que você se diverte com ele. O garotinho olhou para mim com os olhos verdes familiares e seu sorriso banguela alargou.


—Eu agora consigo ver muito Zeb. É legal. Ele sempre brinca comigo e eu saio para passear de caminhonete com ele. Suspirei um pouco, apoiei o cotovelo na mesa, e coloquei meu queixo na minha mão. —Ele tem uma caminhonete muito legal. Hyde riu e o som me envolveu com mais força do que o passado nunca poderia. Esse som valia muito, era a confirmação de que eu estava onde deveria estar e fazer o que estava fazendo, mais do que uma palavra amável de meu pai poderia ter feito. Eu nunca pensei muito sobre meus próprios filhos, mas esse garoto, o garoto com seu cabelo escuro desgrenhado e os olhos cor de floresta, eu não poderia imaginar um futuro sem a sua felicidade e a alegria de ser uma parte disso. Ele teria uma chance. Ele teria amor. Ele seria aceito e perdoado ao longo de sua vida, e isso era tudo. Eu nunca teria sido capaz de ser uma parte disso se eu não tivesse saído do meu personagem, não tivesse abraçado meu desespero por algo mais do que eu tinha, e vindo para o Colorado. —Será que ele a levou para um passeio em sua caminhonete, também? —Os olhos de Hyde se arregalaram com fascínio enquanto eu empurrava para frente uma estrutura que poderia passar por um castelo em blocos. —Não, mas eu vi, então eu sei o quão incrível é. Você tem sorte de passear nela. Estou com inveja. —Eu fiz uma careta que ele riu tanto que se segurou enquanto remexia em sua cadeira. —Se você pedir por um passeio, eu tenho certeza de que ele vai te levar. Zeb é muito legal. Ele é um gigante. Se eu pedisse a Zeb por um passeio, esse não aconteceria em sua caminhonete, ou talvez sim, mas de qualquer forma, não era o tipo de passeio que Hyde estava falando. —Ele é uma espécie de gigante, mas isso é uma coisa boa. Ninguém mexe com um gigante. O garotinho assentiu e empurrou meu castelo construído a esmo de costas para mim. —E você é uma princesa. Eu não consegui impedir um bufo de escapar. —Desculpe amigo, nem mesmo perto. Ele arregalou os olhos no rostinho dele e mostrou esse sorriso adorável para mim novamente. Ele seria um destruidor de corações e Zeb teria trabalho quando o menino ficasse mais velho. —Você é bonita como uma princesa. Você tem sapatos bonitos como uma princesa. Você é legal como uma princesa. Você realiza desejos como uma princesa.


Eu levantei uma sobrancelha para ele. —Princesas concedem desejos? —Eu acho que ele estava confundindo com personagens da Disney, mas ele tinha cinco anos, então eu não me apressei em corrigi-lo. Ele balançou a cabeça de forma tão vigorosa que eu pensei que ele cairia de sua cadeira. —Eu queria alguém para tomar conta de mim quando a minha mãe foi embora e você apareceu com Zeb. —Ele olhou para a coleção de Legos e depois de volta para mim. Eu estava piscando para combater as lágrimas que sentia queimando no fundo dos meus olhos. —Você concedeu meu desejo. Engoli em seco e estendi a mão por cima da mesa para que eu pudesse tocar seu rosto. Sua pele era tão suave, tão delicada. Eu admirava esse menino que tinha sofrido tanto e ainda tinha um coração de ouro. Mais uma vez eu pensei quão corajosas eram as pessoas que tinham sido feridas, que tinham sido chutadas pela vida e pelas pessoas, por se permitirem sentir todas essas coisas e ainda ter esperança. —Estou feliz que cheguei a conceder o seu desejo, Hyde. Você merece ter muitas e muitas pessoas em sua vida tomando conta de você. O momento triste foi quebrado por um dos outros filhos adotivos correndo totalmente nu e gritando alto. Eu sabia que era um grito simples por atenção, algo que todas as crianças necessitavam, por isso convidei o resto das crianças na casa para brincar de Legos com a gente, e quando eu saí, uma cidade inteira tinha se formado na mesa da cozinha. Hyde estava feliz. Ele estava bem ajustado, e ele obviamente amava Zeb. Disse a mim mesmo que eu poderia deixá-lo, não havia mais perguntas a serem feitas, e que a minha parte em construir sua relação de amizade estava feita. Não era assim tão fácil. Nunca era. Todo o caminho até em casa eu lutei contra as lágrimas, porque sempre o meu trabalho foi tudo, enquanto que eu agora tinha uma família que me apoiaria fora do meu escritório, que precisava que eu estivesse presente e disponível, de repente isso não parecia ser o suficiente. As crianças nunca foram algo que eu pensei para mim. Quando meu pai era vivo, eu sabia que ter um não era uma opção. Eu nunca poderia submeter uma criança indefesa ao que eu tinha sofrido, e francamente, nenhum dos homens que namorei nunca inspirou o desejo de casa e lareira em mim. Nem mesmo casar. Agora meu pai se foi, minha vida era minha, e havia um homem... um homem que era todo homem e muito mais... que inspirava tudo isso em mim. Isso me fez querer. Isso me fez sentir. Deixava-me nervosa e isso me deixava com muito, muito medo. Eu estava exausta quando finalmente abri a porta da frente da minha casa, e levou um minuto para perceber que algo estava errado. Joguei meu laptop no sofá e soltei meu cabelo que estava amarrado. Eu estava muito cansada, até mesmo para trocar meus sapatos, então


fiquei descalça e tirei meu blazer, descuidadamente, jogando-o em cima do meu laptop. Uma calça elástica e uma taça gigante de vinho chamavam por mim, mesmo que nada tivesse realmente funcionando para que eu relaxasse, desde que fui embora e deixei Zeb para trás no estacionamento uns dias antes. O olhar atordoado no rosto e a forma como ele fervia de raiva me assombravam, mas me contive, dizendo que era o melhor. Ele merecia mais do que uma mulher com um coração sem converto. Eu estava no meio da escada e com um braço para fora da minha blusa verde-menta quando meu nariz se contraiu e eu percebi um delicioso aroma vindo da minha cozinha. Considerando que nem Poppy e nem eu, sabíamos cozinhar nada muito além de ovos mexidos e bacon, isso me levou a um impasse. —Poppy? —Eu chamei o nome da minha companheira de casa interrogativamente, soltando meu outro braço da minha camisa, e colocando-a distraidamente sobre o corrimão da escada. Eu não costumava desfilar pela casa meio vestida, mas eu estava cansada e tudo o que estava cozinhando cheirava celestial. Na verdade, minha barriga roncou alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la, o que teria sido mortificante se alguém estivesse por perto. Quando Poppy não me respondeu, me aproximei da cozinha para investigar. Eu chamei o nome dela e senti um arrepio de preocupação na minha nuca, quando ainda não houve uma resposta. Eu estava pensando em tirar minha saia xadrez e deixá-la no meio da sala de estar enquanto eu dobrava a esquina e enfiava a cabeça para a cozinha, pintada em cores vivas. A visão que me cumprimentou me fez correr de volta e me mover automaticamente para me cobrir, mesmo que o homem enorme que estava no meu fogão tinha visto tudo o que o sutiã estava encobrindo e mais um pouco. Zeb usava uma camisa xadrez, azul e vermelha, jeans que estava tão desbotado que parecia branco e desgastado nas costuras, e um sorriso que fez minhas pernas bambearem, e o lugar entre elas apertou em uma reação involuntária. —Roupa legal. Aposto que teve um bom dia no tribunal. —Seu olhar esmeralda flutuou sobre o meu peito mal coberto, que foi rapidamente ficando vermelho, e seu sorriso ficou mais predador, enquanto me observava tentar dar sentido ao que estava acontecendo. —Onde está Poppy? O que você está fazendo aqui? Ele voltou-se para o fogão, de modo que eu estava olhando para suas costas largas em choque. Ele parecia muito bem de pé na minha casa, no meu fogão. Parecia que ele pertencia ali, como se ele houvesse criado esse espaço para si mesmo, e isso fez meu coração palpitar e meu corpo apertar com a saudade. —Poppy saiu com Salem e Rowdy como um favor para mim. Liguei para ela e perguntei se eu poderia vir e cozinhar o jantar. Eu disse que ela estava convidada, mas quando eu apareci, ela tinha uma mochila pronta e Rowdy já estava aqui para buscá-la. Ela é uma garota inteligente e muito doce, e Rowdy sabia exatamente o que eu tinha em mente. Considerando o fato de que ele não me deu um soco no rosto enquanto me dava seu selo de aprovação para


namorar sua irmã. Deixei meus braços caírem do meu lado, desde que ele deixou de me encarar e mudou seu olhar desajeitadamente para meus pés descalços. —Por que você está me fazendo o jantar, Zeb? Pensei que tínhamos concordado que nós manteríamos as coisas estritamente profissionais daqui em diante. Você na minha cozinha não tem nada a ver com o seu caso. Ele se virou com uma colher de pau na mão e minha boca aguou com a visão. Isso não tinha nada a ver com o molho de tomate espesso que estava agarrado à superfície. —Nós não chegamos a um acordo sobre merda nenhuma. Eu perguntei se você queria ir a um encontro, você não respondeu, mesmo querendo dizer que sim, e então você fugiu. Sendo assim, eu decidi que, em vez de ir a um encontro, eu traria um encontro a você. —Suas sobrancelhas escuras levantaram e um sorriso sexy surgiu nos cantos de sua boca. —Foi bom você se vestir para a ocasião. Eu balancei a cabeça para ele, mas não me preocupei em tentar me cobrir novamente. Gostava da maneira como seus olhos ficavam mais e mais escuros quanto mais tempo ele olhava para mim. Deixou-me quente por toda parte, e esse era um sentimento que eu queria que me envolvesse para nunca mais soltar. Apontei o dedo entre nós quando ele enfiou a colher na boca e piscou para mim. —Nós não vamos fazer isso. —Eu queria parecer severa e definitiva. Mas, não pareci. Eu parecia melancólica e triste. —Já está feito, Sayer. —Ele se virou e colocou a colher no fogão e eu o vi abanar o vapor. Quando ele se voltou, foi em direção à ilha na cozinha que nos separava e estreitou seu olhar no meu. —Você me deixou entrar, apenas um pouco, mas eu sou um cara grande, Say. Não tenho nenhum problema em empurrar a porta. Agora você tem duas escolhas: podemos sentar e comer esse impressionante espaguete que acabei de fazer... o vestuário é opcional, ou podemos ir para a cama... vestuário não opcional. —Suas sobrancelhas franziram sobre os seus olhos hipnotizantes e um músculo se contraiu em sua bochecha sob a barba. —Estou de boa com qualquer uma, desde que você entenda que a segunda opção acontecerá de qualquer maneira. Suas palavras me fizeram tremer como se a terra estivesse se movendo, como se o chão não fosse sólido, como se todas as coisas que me mantinham ancorada e segura de repente se quebrassem e se tornassem insignificantes. Ninguém nunca tinha me perseguido. Ninguém nunca tinha me caçado. Ninguém jamais ficou comigo depois de eu os ter afastado, porque eu era muito, muito boa em congelar as pessoas. Os homens da minha vida eram práticos, encontrados através de conveniência ou colocados lá por meu pai. Eu os namorei, porque eu tinha que fazer, porque era fácil. Mas não Zebulon Fuller. Ele estava aqui na minha cozinha, parecendo estar pronto para


lutar, não só comigo, mas com qualquer outra coisa que eu poderia colocar em seu caminho. Eu coloquei a mão no meu peito e tentei apertar com firmeza. Meu coração e minha mente se dividiam, sempre em guerra, mas o meu corpo concordou com ele... estava feito. —Eu tentei explicar por que isso nunca vai funcionar entre nós, Zeb. Eu tive um longo dia de trabalho e eu não tenho energia para lutar com você. Você acha que eu gosto de dizer isso, que eu gosto de ser o tipo de garota que sabe que vai acabar machucando um cara muito legal? Isso me faz sentir terrível, mas é verdade e é mais fácil para mim te guiar para fora, do que nós dois sofrermos mais tarde. Por que colidir quando podemos sair ilesos? —Eu queria engasgar com as palavras. —Essa é a sua verdade, Say. Não a minha. Nenhum de nós sabe o que vai acontecer além deste momento. Sua expressão se tornou tempestuosa, e ele se inclinou para frente e apoiou os braços sobre o balcão. Seus bíceps incharam e o tecido da camisa esticou ao redor de seus ombros. Ele era tão poderoso, tão grande no meu espaço. Ele realmente tinha forçado sua entrada, e eu não tinha como tirá-lo. Eu sabia que o buraco que seria deixado para trás se eu conseguisse exorcizá-lo da minha vida seria impossível de tapar e infinito. —A minha verdade é que eu gosto da mulher que você é comigo, e eu também gosto da mulher que é no tribunal. Eu gosto da mulher que você é com o seu irmão e da maneira com a qual você lutou para fazer parte da família dele. Eu gosto da mulher que eu conheci no Bar que não me julgou quando eu lhe disse que tinha estado na prisão. Eu gosto da mulher que permite que uma jovem com medo use sua casa como um santuário e permite uma parede vermelha brilhante em sua cozinha para fazer essa jovem feliz. Eu gosto da mulher que olha para o meu filho e vê que ele é tudo e está disposta a lutar por ele só porque eu pedi a ela. Minha verdade é que você nunca poderia ser outra coisa senão fascinante e incrível, Sayer, e porra, eu odeio que você pense que não é nada, apesar de tudo isso. Então, novamente, você tem duas opções, jantar ou cama, qual deles você quer pegar? Havia realmente alguma escolha, depois de todas essas palavras de cortar o coração e de tocar a alma que ele tinha atirado em mim? Eu senti como se eu não conseguisse respirar. Minha visão estreitou e tudo que eu podia ver era o brilho de jade e o pulsar na base da sua garganta fazendo a tatuagem lá saltar. Meus dedos se fecharam forte no meu peito e eu pisquei uma vez. —Cama... mas o jantar cheira muito bem, então eu quero isso também... mas, mais tarde. —Minha voz foi um sussurrou, mas não havia uma pitada de hesitação. Eu o queria. Eu queria ser a pessoa que ele havia acabado de descrever. Eu queria ser mais do que eu normalmente sentia que era. Havia apenas calor e expectativa que exalava e brilhava quente sob minha pele enquanto ele contornava a ilha grande e caminhava em minha direção. Ele continuou vindo até que as pontas de suas botas estavam tocando os dedos dos meus pés nus e eu suspirei quando seus dedos ásperos alcançaram e emaranharam no meu cabelo em ambos os lados da minha cabeça.


—Eu diria a você onde o quarto é, mas você já sabe. —Eu soei sem fôlego, diferente de como eu era, ou como eu geralmente era. Eu parecia comigo mesma, quando comecei a me aproximar deste homem persistente e duro. Ou seja, o eu que estava assumindo cada vez mais a minha vida. —Duvido que cheguemos na cama, Say. —Ele rosnou as palavras e suas mãos apertaram os lados da minha cabeça. Meus mamilos endureceram e doíam enquanto tocavam o sutiã. Eu coloquei minhas mãos em seus quadris estreitos e deixei meu corpo seminu absorver o calor que parecia emanar sem esforço de sua enorme estrutura. —Oh. —A palavra flutuou em meus lábios e fez seus olhos brilharem e aquele sorriso sexy em seu rosto agigantar. —Eu gosto quando você diz isso. Eu gosto mais quando você geme, enquanto estou totalmente enterrado dentro de você e você está me apertando firme. Minhas entranhas se agitaram e eu senti meus olhos se arregalarem. —Zeb... as coisas que você diz. —Mordi o lábio e olhei para ele com olhos entrecerrados. —Eu não sei o que fazer com isso. —Porque suas palavras me fazem sentir... sentir tantas coisas, e eu não consigo parar o arrebatamento da emoção. Eu estava excitada, mas era mais do que isso. Sentia-me desejada. Sentia-me querida. Sentia-me necessária. Eu me sentia valorizada. Eu me sentia digna... Eu me sentia amada. Ele riu um pouco e baixou a cabeça para que seus lábios roçassem contra os meus. Eu nunca ia querer beijar alguém que não fosse ele. Mesmo esse leve toque enfraquecia meus joelhos e meu centro ficava líquido e macio. Seus lábios levemente cruzaram meu maxilar e se arrastaram até a minha bochecha, até roçar minha orelha. Sua voz era profunda, aguda com sedução e promessas enquanto ele me dizia: —Você não tem que fazer nada com as palavras, porque elas são a pura verdade. Você as inspira apenas sendo você, Sayer. Sua boca estava na minha, sua língua enrolada na minha, meu sutiã tinha ido embora, e seus dedos calejados e palmas das mãos ásperas estavam subindo a barra da minha saia pelas minhas coxas. Era um turbilhão de sensações e todos os meus sentidos explodiram e foram preenchidos por Zeb. Eu podia sentir o molho de tomate picante em sua língua. Eu podia sentir seu coração batendo contra o meu, e minhas mãos prazerosamente vagavam em todos os músculos duros e firmes dele. Ele era uma festa para apalpar e eu queria acariciá-lo, segurá-lo, cravar nele tão fundo que ele não poderia se livrar de mim. Eu podia ouvir a sua respiração ofegante enquanto ele me seguia da cozinha, e os gemidos leves que escapavam de nós quando as mãos dele se curvaram sobre meu traseiro quando ele levantou minha saia em volta da cintura, para que ele pudesse tirar a calcinha rendada que combinava com meu sutiã já abandonado. Eu podia sentir o cheiro de madeira e trabalho que se agarrava a ele, não importava, tudo o que eu podia ver era o verde se tornando preto pelo infinito desejo em seu olhar, enquanto alcançávamos a escada na sala de estar que levava para o meu quarto.


Talvez se eu fosse mais graciosa, mais familiarizada com essas situações, eu não teria tropeçado. Talvez se eu estivesse acostumada a sexo alucinante e desejo devasso, eu poderia ter me afastado e segurado sua mão, enquanto o levava sedutoramente para o meu covil. Talvez se eu fosse confiante e equilibrada com a minha sexualidade, eu não teria oscilado e vacilado, eu não teria tropeçado e caído igual o meu coração, que estava ligado e determinado a fazer isso cada vez que estava perto deste homem. Mas eu era só eu, a menina que estava tão oprimida por ele, pelas coisas que ele me fazia sentir, então meus joelhos estavam bambos e perdi o equilíbrio quando ele encostou-se a mim e eu aterrissei, com um grunhido, com o meu traseiro pra cima. De repente, ter a saia em volta da cintura e estar quase completamente nua no meio da minha casa parecia menos sexy e muito tolo. Eu gemi e ia colocar a minha cabeça entre as minhas mãos com vergonha, porque só eu poderia estragar um momento tão sexy e terno de um jeito tão acanhado, mas eu não tive a chance porque as mãos de Zeb estavam na minha cintura e ele estava me incentivando a ir mais para frente quando ele caiu de joelhos diante de mim. Eu nunca na minha vida pensei que ser atrapalhada seria excitante, mas a maneira como ele facilmente me moveu para onde me queria fez a minha pele formigar com a excitação, e me agarrei em seus ombros largos, enquanto suas mãos deslizavam pelas minhas pernas o último pedaço de roupa que eu estava usando. —O que você está fazendo? —Eu senti que todo o controle, a determinação que eu tinha, estava desmoronando e se desemaranhando ao meu redor. Em vez de me fazer entrar em pânico, o sentimento era confuso e me encheu com algo suave e prazeroso. Sentime decadente e exuberante. —Eu disse que nós não íamos chegar lá em cima. Sua voz profunda estava ainda mais rouca do que o normal, e eu tremi com a maneira que saiu dele. Seus olhos brilhavam para mim como pedras polidas, e quando ele se moveu indo diretamente entre as minhas pernas abertas, eu podia ver sua intenção erótica refletindo para mim. Eu não era o tipo de garota que deixava um cara descer até lá, sem vários encontros e uma forte sensação de conforto construída no relacionamento. Era muito íntimo, muito aberto e cru, isso geralmente me deixava muito tensa para desfrutar, mas aqui estava, eu na escada no meio da minha casa, não me importando com as luzes acesas, as janelas abertas, e querendo isto. Deus eu queria que ele abaixasse a cabeça e cumprisse todas essas promessas escuras e sujas que seus olhos estavam me fazendo. Eu me apoiei nos meus cotovelos sobre a escada atrás de mim e choraminguei um pouco quando ele fez cócegas no interior da minha coxa com os dedos ásperos do trabalho, no momento em que ele colocou uma das minhas pernas sobre o ombro. Graças a Deus pela ioga e as manhãs na academia. Mesmo com ele alguns degraus abaixo de mim, ele ainda era tão alto e tão grande, tão bruto e quente... no bom sentido. Eu tinha certeza que estava corando, um vermelho brilhante, mesmo naqueles lugares ocultos que agora ele estava olhando diretamente. Engoli em seco e fechei os olhos o máximo


que podia. —Você é impecável. Você sabe disso, certo? —Eu senti suas palavras logo antes do toque úmido dos seus lábios atingirem o interior do meu joelho. O roçar macio de sua barba enquanto beijava até o interior da minha perna. Eu nunca tinha me sentido impecável, apenas moldada e polida para refletir um brilho perfeito, o que eu pensava que todo mundo queria ver. Com a boca de Zeb em mim e suas mãos me tocando como se eu fosse algo raro e precioso, esse brilho estava começando a se tornar cansativo, e toda a ferrugem e manchas que estavam profundamente dentro de mim estavam começando a aparecer. Uma de suas mãos agarrou o meu quadril e a outra me fez sacudir, enquanto os dedos mergulhavam entre as minhas pernas e dançavam entre as pregas e em locais que já estavam molhados e doloridos. Eu murmurei seu nome com um suspiro prolongado e me movi de modo que eu pudesse enrolar meus dedos na bagunça espessa de seu cabelo escuro. Eu queria abraçá-lo para sempre, e se eu achava que as cócegas de sua barba contra meus lábios eram viciantes, eu soube que nunca me recuperaria da maneira dele esfregá-la contra a pele sensível no ápice das minhas coxas. Era áspero e flexível. Ele raspou pela minha pele, ao mesmo tempo em que seus dedos acariciavam dentro do meu corpo e sua língua espertinha pousou no meu clitóris. Eu acho que gritei. Eu provavelmente gritei porque ele riu contra o meu sexo e continuou a sua estimulação esmagadora. Eu estava puxando seu cabelo, cada vez mais perto, embora ele estivesse invadindo todos os meus lugares privados, das formas mais devastadoras possíveis. Ele acrescentou outro dedo na minha entrada úmida e apertou suavemente com os dentes. Isso fez meus quadris arquearem, me colocou sentada e minhas pernas tremendo descansando ao lado de sua cabeça. Não havia nenhum lugar para me esconder dele ou dos sentimentos e emoções que ele causava em mim. Era muito para processar e fiquei chocada porque eu queria mais. Fiquei espantada quando as palavras saíram da minha boca... tirei a calça e gritei seu nome. Pedi a ele para me destruir, me possuir, me levar ao clímax e me deixar quebrada no final. Eu não usei essas palavras exatamente, mas quando eu lhe disse: “mais profundo” e “mais duro”, eu acho que ele entendeu a mensagem. De repente, ele tinha meus quadris em suas mãos e me levou para o seu rosto. A força bruta que isso exigia me fez derreter, e quando ele mandou que me tocasse antes que sua língua enchesse o espaço vazio que seus dedos tinham deixado, eu pensei que evaporaria. Ele estava me fodendo com sua boca, suas mãos seguravam firmes na minha pele, deixando marcas que eu sabia que encararia com uma mistura de admiração e orgulho na parte da manhã, e eu estava deixando meus dedos derivarem para o intenso ponto de prazer com uma destreza que eu nunca tive, nunca pensei ter. A lembrança de todas as vezes que eu tinha feito isso comigo enquanto pensava nele, enquanto imaginava ele fazendo isso para mim, foi o suficiente para convulsionar e o suficiente para ter o prazer correndo através dos meus dedos e inundando sua língua de desejo. Ele gemeu do fundo do peito, um ronco pesado de satisfação, e era tão sexy. Estávamos tão quentes que eu não podia acreditar. Não havia nada de frio ou gelado rastejando sobre minha espinha, apenas a satisfação lânguida e a necessidade de fazer


ele se sentir tão bem quanto eu me sentia. Ele deixou minhas pernas caírem frouxas para os lados e se curvou para frente para colocar um beijo logo acima do meu umbigo. Suspirei com o arranhar de sua barba contra a minha pele e estremeci com o beijo, molhado com o que restava do meu orgasmo que se agarrava a ele e agora em mim também. Era sexy pra caramba e eu queria tocar seus lábios quando ele sorriu brilhantemente para mim. —Impecável. —Eu não sabia o que dizer sobre isso, então eu decidi não dizer nada. O tecido da minha saia ainda estava todo torcido em volta da minha cintura e eu queria tirá-la, então me sentei e comecei a fazer isso. Uma vez que ela estava em uma pilha aos meus pés na escada, e eu estava totalmente nua, eu finalmente consegui encontrar alguma compostura, fiquei de pé, e estendi a mão que ele imediatamente agarrou com a sua. —Você sabe como é incrível o meu quarto, já que foi você quem reformou. Podemos muito bem usá-lo. Ele arqueou uma sobrancelha para mim e levantou-se. A protuberância em sua calça e a fome em seus olhos era inconfundível. Nunca fui dessas de andar nua na frente de qualquer homem, especialmente um homem tão confiante e seguro como este, normalmente classificaria como um dos meus piores pesadelos, mas havia algo inebriante no ar em torno de nós, algo lânguido dentro de mim depois de todas as suas maravilhosas palavras selvagens, que me fez sentir poderosa e no controle de uma forma totalmente diferente do que normalmente eu era. Felizmente o meu quarto não estava um furacão de roupa jogada e sapatos espalhados como normalmente ficava depois que eu me aprontava para o trabalho. Eu acendi a luz ao lado da cama e me virei para o enorme homem delicioso que tinha me seguido para o quarto. Ele já estava tirando a camisa e a camiseta branca que tinha por baixo. Meus dedos formigavam com o desejo de acariciar os centímetros infinitos de tinta que cobriam seu peito e me deu água na boca quando seus músculos ondularam e flexionaram, quando ele tirou a carteira do bolso de trás e jogou sobre a cama desfeita por cima do meu ombro. Foi a minha vez de arquear uma sobrancelha e ele apenas deu de ombros... —Nós vamos precisar disso mais tarde, e se eu fizer as coisas direito, minha calça não estará ao meu alcance. Isso me fez rir. Ele me fez fazer um monte de coisas que eu não costumava fazer e pela segunda vez na minha vida, eu beijei um homem. Assumi o comando, dei um passo para ele para que nossos peitos nus se pressionassem, passei meus braços ao redor de seus ombros para que eu pudesse beijá-lo. Ele descansou as mãos sobre meus quadris e não pressionou, não me apressou, me deixou inclinar para ele para saborear e explorar. Foi inebriante e eu só queria saborear e senti-lo pressionado contra mim para sempre. Afastei-me quando meus pulmões pareciam que explodiriam, mas como eu estava sendo ousada, possuindo uma confiança que de alguma forma desviou dele para dentro de mim, eu peguei o cinto e comecei


a abrir para deixá-lo nu como eu estava. —A cama fica à direita e você disse que a roupa não era opcional, se eu escolhi a opção número dois, então você precisa recuperar o atraso, Zeb. Ele riu e pareceu um pouco tenso quando se afastou dos meus dedos ansiosos para que pudesse tirar suas botas pesadas e tirar a calça e a cueca e joga-las em uma pilha no chão. Seu pênis estava duro e apontou para a barriga tanquinho quando ele se moveu de volta para mim. A visão de toda essa perfeição masculina me deu água na boca e eu não conseguia parar de lamber os lábios. Ele gemeu quando viu a ação, segurou sua ereção com a mão e deu-lhe umas bombeadas. —Eu nunca quis tanto alguém até o ponto de doer, Say. Só você. Eu coloquei a mão em seu peito e virei para que eu pudesse guiá-lo para sentar na beira da cama. Eu coloquei minhas mãos em seus ombros uma vez que ele estava sentado com as pernas abertas e inclinado para frente para que eu pudesse beijá-lo novamente. —Eu não quero fazer você se sofrer. Eu tenho tentado evitar isso desde o início. Foi a minha vez de cair de joelhos diante dele, uma posição que normalmente me deixava insegura e ansiosa, mas este homem me fazia sentir bonita e forte. —Não vou conseguir me controlar muito tempo com você nua e com a boca em mim. — Sua voz estava rouca enquanto suas mãos envolviam os longos fios do meu cabelo por entre os dedos. Eu respirei e seu pau se contraiu em resposta. Eu coloquei minhas mãos em suas coxas duras como pedra e olhei para ele com olhos entrecerrados. —Eu só quero um gostinho, Zeb. Sua mandíbula travou e sua pele corou. —O que você quiser, Sayer. Eu só o queria de todas as diferentes maneiras escabrosas que eu tinha sonhado desde que eu o conheci. Sorvi uma respiração profunda, porque mais uma vez esse tipo de intimidade normalmente me assustava e eu geralmente tratava isso como uma tarefa árdua. Com essa pomposa ereção em meu rosto, se contraindo e movendo, não havia espaço para nada, além de ansiedade e vontade. Nada do que eu fizesse com Zeb ou para Zeb parecia com algo obrigado a fazer. Eu queria fazer isso e eu queria fazer uma e outra vez. Eu arrastei minha língua ao longo da veia pulsando na lateral de seu pênis e fui recompensada com um gemido profundo. Ele estava salgado e, como tudo nele, de alguma forma lembrava bosque e terra. Quando cheguei à cabeça grande, ele já estava liberando o seu prazer, eu rodei a língua em torno dele com um toque delicado. Suas mãos afundaram no meu


cabelo e me empurraram mais para baixo em seu pau impressionante. Concordei com a sua ordem silenciosa e envolvi minha mão em torno da base da ereção. Seus quadris se deslocaram na cama e ouvi sua respiração irregular enquanto eu chupava e puxava-o mais e mais para a minha boca. Ele murmurou meu nome e eu não conseguia me lembrar de ouvir qualquer coisa soar tão doce. A sensação de estar no controle de um homem tão grande, de causar as coisas que estavam acontecendo com ele, o conhecimento de que eu era a encarregada de seu prazer, estava me excitando mais uma vez. Eu o queria e o fato de que ele me queria muito, o fato de que eu podia sentir e prová-lo explodiu em toda a minha língua e fez mais que descongelar as partes lá no fundo, dentro de mim, que eu pensei que nunca se aqueceriam. Eu estava usando minha mão em conjunto com a minha boca, para acariciar e chupar. Sua respiração era alta no silêncio do quarto e cada parte dele que eu tocava era como mármore duro e tenso ao ponto de se romper. Ele estava segurando a minha cabeça e me guiando mais fundo e mais rápido em seu comprimento, quando de repente ele xingou e me afastou para longe dele. Eu gritei de uma forma muito pouco sexy, quando ele me pegou, me jogou no centro da cama e se arrastou sobre mim. Manteve-se apoiado com um braço enquanto mexia na sua carteira com o outro. —Eu quero estar dentro, Sayer. É onde eu pertenço. Eu não podia discutir com isso, porque eu estava começando a pensar que ele estava certo. Além disso, eu estava toda dolorida e vazia de novo, eu queria que ele me enchesse. Eu enrolei minhas mãos em sua cintura e achatei as palmas das mãos contra a grande massa de músculo que flexionaram sob o meu toque. —O que você quiser, Zeb. Aqueles olhos verdes escuros brilharam para mim quando ele se posicionou na minha entrada e lentamente abriu o seu caminho de boas-vindas ao meu corpo. Nós dois soltamos um suspiro e sua boca caiu sobre a minha. —Tudo, Say. Eu quero tudo. Eu não tinha nada para dar, e muito menos tudo, mas eu não estava inclinada a tentar impedi-lo. Beijei-o calmamente para que ele não pudesse mais falar e arqueei contra ele quando ele começou a se mover sobre mim. Eu senti que ele estava fazendo para mim, a mesma coisa que ele tinha feito para minha casa, arrumar as coisas, reorganizar, me tornando sua e criando um espaço interior que só ele poderia preencher. Ele estava em toda parte. Sua boca na minha, sua respiração nos meus pulmões, o peito esfregando tentadoramente sobre meus mamilos, seus quadris martelando nos meus, seu corpo afundando o meu na cama com a força de seus golpes, como suas mãos em cada parte da minha pele que ele conseguia alcançar.


Ele não foi gentil comigo e eu adorei. Ele me fodeu da mesma maneira como ele fazia tudo em sua vida. Com paixão desenfreada. Com propósito. Com determinação. Com foco único em seu objetivo... neste caso, era óbvio que seu objetivo era me deixar boba com prazer. Sua barba esfregou em toda a minha garganta e os dentes beliscavam na minha pele. Eu soluçava e movia minhas pernas em volta de sua cintura quando ele apertou minha coxa com uma mão. A nova posição nos aproximou mais e o permitiu penetrar profundamente. Toda vez que ele tirava um pouco e batia de volta, eu o sentia esfregar contra o meu clitóris da maneira mais deliciosa. Recusei-me a apenas desfrutar do passeio. Não havia nenhuma maneira de poder apenas receber o que ele estava me dando e não ficar totalmente envolvida nas sensações em que ambos nos afogávamos. Eu coloquei uma mão em seu cabelo emaranhado e a outra no meu peito e apertei a ponta do mamilo até doer de uma forma muito agradável. Zeb resmungou enquanto me observava, e senti seu grande corpo tencionar acima de mim. —Um dia desses eu vou só assistir você. Nada jamais me pareceu tão bonito. —Suas palavras foram o fim para mim. Eu engasguei seu nome e puxei seu cabelo. Seus dedos cravaram mais fundo na minha coxa, e pegou seu ritmo até que eu o senti resmungar e murmurar algumas palavras sujas, enquanto ele encontrava sua própria libertação dentro do meu corpo flexível e satisfeito. Agitei-me em torno dele e o segurei quando ele caiu em cima de mim com um suspiro. Seus dedos acariciavam minha cintura e sua voz era preguiçosa no meu ouvido quando ele me disse: —Eu estou tão feliz que você escolheu a segunda opção. Isso me fez rir, o que era difícil de fazer com um gigante nu me prendendo na cama. Eu acariciava com a mão a imagem forte e violenta do deus nórdico que cobria um lado inteiro de suas costelas. Eu assumi que o deus era uma representação do poderoso Thor por causa do martelo que a imagem empunhava. A tatuagem era poderosa e grande, assim como o homem que a ostentava. Eu ia dizer a ele como tudo foi maravilhoso, como eu estava feliz por ele ter arranjado esse encontro, que eu tinha dito não querer, quando meu estômago se lembrou do jantar abandonado na cozinha e rugiu alto o suficiente que o fez se levantar e olhar para mim com surpresa. Eu estava mortificada, mas ele ainda estava enterrado dentro de mim, e quando ele riu, o senti em todos os lugares. —Deixe que eu me limpe e me localize e eu vou alimentá-la. Eu não quero que você me diga não na próxima vez que pedir um encontro.


Nós gememos em uníssono quando ele saiu de mim e rolei na cama enquanto ele se dirigia para o banheiro. Eu ia dizer que não haveria outro encontro, que tudo isso foi um golpe de sorte. Que quando estávamos longe, eu podia pensar na realidade das coisas, e eram tão tristes e tão sem vida como sempre foram. Eu queria que ele entendesse que o que acontecia quando eu estava com ele era algo mágico, porém acabaria desaparecendo, mas enquanto eu observava sua parte traseira flexionar quando ele desapareceu no banheiro, decidi que eu só queria apreciar a vista e que eu me preocuparia mais tarde com a realidade, de quem eu era e de como não tinha ideia de como ficar com ele.


CAPÍTULO 12 Zeb Eu tinha as minhas mãos cheias dos seios firmes e roliços de Sayer e seu cabelo longo e sedoso estava esparramado por todo o meu peito, suas mãos estavam plantadas ao lado do meu rosto enquanto se inclinava para frente para que ela pudesse balançar ainda mais rápido no meu pau, muito feliz. Ela fez um ruído estrangulado em sua garganta enquanto eu prendia os mamilos franzidos e corados entre meus dedos, suas pálpebras se agitaram de uma maneira que me deixou saber que ela estava perto de gozar. Suas bochechas normalmente pálidas estavam coradas, sua boca estava úmida e seu cabelo normalmente elegante era uma confusão em minhas mãos, por rolar por toda a sua cama king-size por horas. Se ela parecia bem, arrumada e pronta para os negócios, ela parecia melhor assim: bagunçada, selvagem, sem controle e totalmente perdida no momento, apanhada em quão bom podíamos fazer o outro se sentir. Esta era a Sayer por quem eu me apaixonei e eu estava muito grato por ela estar se mostrando cada vez mais. Eu grunhi enquanto as suas unhas arranharam um pouco na minha pele e movi a mão para a parte de trás de sua cabeça, para que eu pudesse puxá-la para baixo para um beijo ardente. Ela veio com facilidade, se derretendo em mim como manteiga, por isso me movi de forma que ela ficasse estendida debaixo de mim para que eu pudesse ver os olhos azuis imensos queimarem, quando eu a levei ao clímax com um único golpe. Eu queria que ela soubesse que era eu, só eu, quem poderia fazê-la se soltar assim. Eu seria o único para quem ela se derreteria. Eu era o único a quem ela deixaria entrar. Ela suspirou de prazer quando me beijou de volta e eu senti suas paredes internas começarem a ordenhar meu pau com movimentos meio desesperados. Ela ainda não sairia comigo, quando eu a convidasse para um encontro, mas se eu aparecesse na casa dela, sempre me deixaria entrar e nunca me chutaria da cama. Alguns dias atrás eu tinha pedido para ela vir até a minha casa e fiquei surpreso quando ela concordou prontamente. Meu apartamento não tinha muito para descrever, básico em todos os aspectos, como um condomínio normalmente era, e quando ela comentou sobre casa, eu tive dificuldade para não mencionar que eu já tinha construído a minha casa dos sonhos... e que ela vivia nela. Consegui distraí-la dessa conversa, colocando-a no balcão da cozinha e envolvendo suas pernas em mim, o que naturalmente levou a uma sessão de sexo vigoroso na cozinha. Levei algumas noites para perceber que para ela, se não estivéssemos saindo, ou participando de qualquer tipo de atividade social, além de todo o sexo que fazíamos, então não estávamos namorando. Eu tentei falar com ela sobre isso, tentei fazê-la ver que eu estava nisso para muito mais, do que só seu corpo delicioso e o sexo alucinante, mas foi sua vez de me distrair da conversa puxando meu pau para fora e chupando-o até o fundo de sua garganta. Fiquei espantado que ela não sufocou. Nem preciso dizer, que eu não podia pensar muito depois disso, a conversa


ainda precisava acontecer, mas poderia esperar, ao contrário do orgasmo que eu senti subindo pela base da minha coluna enquanto eu martelava dentro dela. Nossos ossos púbicos colidiram e eu podia sentir suas partes íntimas tremerem e seu corpo inteiro tencionar. Ela colocou a mão no lado do meu rosto e passou os dedos através da minha barba. Era uma coisa nova que ela parecia gostar de fazer, e em vez disso me fazer sentir reconfortado e tranquilo, tudo o que fazia era querer me enterrar dentro dela, o máximo que pudesse para que ela me sentisse em todos os lugares, todos os dias, a cada movimento que ela fizesse, enquanto estivéssemos longe. Eu rosnei para ela e afundei os dentes na parte superior do ombro com força, apenas o suficiente para arder. Ela resmungou algo que eu não entendi e em seguida, seu corpo aveludado se envolveu no meu, e eu senti o prazer dela e o meu colidirem, se fundirem em um intenso fluxo de realização. Não conseguia me lembrar de uma vez em que eu já houvesse gozado ao mesmo tempo em que a garota com quem eu estava. Nunca estive em sincronia assim com ninguém, nunca envolvido no momento e conseguir sentir tão intensamente quanto o meu próprio desejo. E isso tinha acontecido mais de uma vez desde que comecei a dormir com Sayer, e cada vez isso parecia mais importante, mais importante do que a vez anterior. Eu praguejei e ela riu enquanto eu rolava para o lado para que não a esmagasse quando eu entrasse em colapso. Eu a trouxe comigo e ela mexeu no meu pau, me fazendo rosnar para ela. Eu estava tão farto da camisinha que me impedia de ficar dentro dela livremente e desfrutar, poder abraçá-la e me maravilhar com o quão perfeitamente ela se encaixava em mim. Essa era outra conversa que eu queria ter, mas eu desconfiava de como ela reagiria. Ela parecia segura e determinada a me manter perto, mas com espaço suficiente para que ela pudesse fugir se sentisse que precisava. Eu não queria forçar muito, considerando que estar aqui, nesta casa que construí para ela, em sua cama, já era uma enorme vitória. Eu poderia não ter atravessado as barreiras geladas que ela tinha, mas eu estava caminhando para o seu interior. Afastei-me do calor dela ainda me envolvendo e reprimi um sorriso quando uma carranca surgiu no seu rosto. Gostava da forma como as sobrancelhas douradas enrugavam com o aborrecimento pelo meu afastamento. Inclinei-me para que eu pudesse beijar aquelas pequenas linhas e lhe disse que voltaria. Era uma coisa boa ela ter um banheiro anexo ao quarto. Certa manhã, quando eu estava particularmente atrasado por causa do sexo no chuveiro, por sinal totalmente marcado na minha agenda, eu tinha assustado Poppy por romper na cozinha meio vestido e correndo. A jovem tímida estava ficando mais confortável em me ter dividindo seu espaço, mas é evidente que ela não estava pronta pra lidar com um homem grande, seminu. Eu pensei que ela explodiria em lágrimas, e eu não tinha certeza de como contornar a situação. Felizmente Sayer tinha ouvido o grito de terror de Poppy e descera para acalmar as coisas. Ela era tão boa com a jovem, tão amável, tão carinhosa, que eu estava perplexo, como ela poderia pensar que ela me machucaria. Fiz um esforço para ficar vestido e me mover com mais cuidado pela casa Vitoriana,


sabendo que poderia me deparar com a outra mulher. Meu coração doeu por ela, mas Sayer me garantiu que o fato de Poppy não ter corrido e se entrincheirado no quarto, após o encontro, era um enorme progresso. Eu tinha dúvidas, mas decidi acreditar nela. Arrastei-me de volta para a cama e puxei Sayer de modo que ela ficou esparramada nua sobre mim, como um cobertor sexy. Eu puxei o edredom até sua cintura e corri os dedos para cima e para baixo nos nódulos de sua coluna enquanto ela traçava a tatuagem no meu ombro com o dedo indicador. Ela fazia muito isso. Era quase como se ela estivesse tentando memorizar as imagens através do toque ou algo assim. Eu estava convencido de que ela poderia desenhar as imagens das minhas tatuagens se eu lhe pedisse isso, dada a quantidade de tempo que ela passava as estudando e tocando. —Você contou a Hyde? —A voz dela estava sonolenta contra o meu peito. Eu girei meus dedos nas pontas dos cabelos dela, e como de costume os fios sedosos se agarraram aos calos que eu tinha. Eu tive dois longos fins de semana de visita sem supervisão com o menino, teria mais dois antes que ele pudesse começar a passar quintas e segundas-feiras comigo. Queria dizer a ele que eu era seu pai, antes que ele viesse morar comigo, mas, cada vez que eu o tinha só para mim, me acovardava, e não conseguia descobrir uma maneira de contar uma coisa tão importante, de uma forma que fosse fácil para um menino de cinco anos de idade. —Não. Ele queria passear de caminhonete e comer pizza hoje. Tenho certeza de que ele acha que eu sou apenas seu companheiro de brincadeiras. Eu não pude contar. Ele estava se divertindo tanto, e eu sinto que quando eu disser a ele, isso mudará a maneira como ele me vê. —Eu vou admitir isso. Eu estava morrendo de medo de uma criança de cinco anos de idade. Eu já o amava tanto, estava tão ligado ao menino que estava com medo de que quando eu lhe dissesse qual era realmente o nosso relacionamento, ele se sentiria traído. Ela bocejou e em seguida, levantou a cabeça e descansou o queixo nas mãos, que ela apoiava sobre o meu coração. —Você está ficando sem tempo, se você quiser contar a ele antes das visitas noturnas começarem. —Ela arqueou as sobrancelhas. —Falando de visitas noturnas, você pode querer pedir a sua irmã, ou alguém, para ajudá-lo a deixar seu apartamento um pouco mais confortável para crianças, antes que ele venha ficar com você. Eu puxei seu cabelo e ela fez uma careta para mim. —O que há de errado com o meu apartamento? Ela revirou aqueles olhos cor de oceano para mim como se eu fosse ignorante. —Nada de errado com ele para um solteiro. Tudo está errado para um menino de cinco anos de idade. Ele precisa ter um lugar divertido, um lugar todo seu. Antes de conseguir a custódia total, o tribunal pode muito bem enviar uma assistente social para verificar as


condições de vida. Seu condomínio é bom, mas não grita “família”. Movi uma das minhas mãos e apoiei por trás da minha cabeça. Ela observou a forma como o movimento fez meu bíceps flexionar e seu olhar ficou todo tempestuoso e sensível. —E eu acho que você está se preocupando por nada. Hyde te adora. Ele não pode esperar por suas visitas, ele fala com a tutora atual sobre você sem parar. Pode levar algum tempo para ele processar o fato de que você é o pai dele, mas ele é brilhante e ele se importa muito com você. Vocês vão descobrir isso juntos. Eu soltei seu cabelo e fiz cócegas na base da coluna onde ela tem duas covinhas, realmente lindas, que eu já estava intimamente familiarizado. Eu gostava de mergulhar minha língua nelas e fazê-la se contorcer e mexer enquanto ela tentava descobrir o quanto mais abaixo eu iria, quando eu a lambia como um pirulito. —Eu espero que você esteja certa, e o que você quer dizer com “solteiro”? —Eu espalmei uma das suas nádegas e dei um aperto doído para certificar que eu tinha a sua atenção. —Somos dois nessa cama agora, Say. Somos dois na cama no meu condomínio. Isso para mim é decididamente não solteiro. Tem sido assim há algum tempo. Ela mexeu um pouco em cima de mim quando eu trouxe o assunto, que eu sabia que ela não queria abordar. Ela baixou a cabeça para que seu rosto ficasse entre suas mãos e eu fiquei olhando para o alto da sua cabeça. —Você sabe o que eu quis dizer, Zeb. Eu grunhi e dei um tapa no rabo que eu estava acariciando. Ela gritou e jogou a cabeça para trás de modo que ficamos olho-no-olho no quarto mal iluminado. —Não, Sayer, eu não sei o que você quer dizer. Eu estou com você, mesmo você se recusando a admitir, então eu não sou um solteiro. Eu não estou transando com qualquer outra pessoa, não tenho vontade de transar qualquer outra pessoa, e você também. É isso aí. —Eu estava irritado e ela sabia, porque eu podia ver a guerra travando entre o que ela achava que deveria dizer a respeito da minha declaração e o que ela estava realmente sentindo. Terror e alegria batalhando formaram ondas de raiva em seus olhos quando ela olhou para mim. —Eu... eu não tenho certeza sobre o que dizer. Bem, pelo menos ela não estava tentando buscar por alguma asneira sobre como poderíamos prejudicar um ao outro, ou porque ela estava com medo de me machucar. Isso realmente teria me deixado puto. —Só admita que nenhum de nós está solteiro no momento, Say. Isso é tudo que eu quero ouvir. Ela deu um suspiro ofegante e fechou os olhos.


—Nenhum de nós está solteiro, Zeb. Foi uma pequena vitória que eu aceitei de bom grado, e desde que eu estava ganhando terreno, eu me empolguei: —E uma vez que nenhum de nós está solteiro e nenhum de nós está fodendo qualquer 6

outra pessoa, que tal fazer algo para que eu não tenha que comprar ações da Trojan ? Isso a fez rir e eu queria bater no meu peito com orgulho de um primata. Ela se aninhou de volta em mim e seu cabelo deslizou em minha cintura em uma carícia erótica que fez meu pau apertar e contrair debaixo dela. —Eu uso DIU, sendo assim tudo bem. —Ela disse isso tão casualmente, de modo natural como se não tivesse acabado de me dar as chaves para o único reino que eu queria entrar, sem armadura ou proteção. Sua declaração deixou a mim e ao meu pau, impaciente e muito felizes. Eu deslizei minhas mãos pelas cobertas e entre as pernas dela. Ela sacudiu um pouco e olhou para mim com curiosidade quando eu mergulhei meus dedos dentro da sua abertura suave. Ela não estava protestando, mas não estava abrindo as pernas para me deixar entrar mais também. —Sério? —Ela parecia aturdida. Eu tinha estado em cima dela por horas, mas, ela só me deu a luz verde para entrar nu, e isso era como jogar um fósforo aceso em uma poça de querosene. A rolei para debaixo de mim pela segunda vez naquela noite e esfreguei o meu pau dolorido entre suas dobras inchadas até que eu a senti começar a aquecer e seu corpo começar a reagir às minhas manipulações suaves. —Você acabou de me dizer que eu poderia possui-la cruamente, sem proteção e acha que isso não significa que eu iria querer? Eu te disse, Say... quero entrar e eu quero deixar partes de mim lá, assim você não pode me despachar. Sua boca abriu em um “oh” e suas mãos se enrolaram em meus braços quando eu afundei em seu calor e me deixei queimar. Era doce como o céu e quente como o inferno. Era tudo e muito mais. Era um lugar todo meu, e que eu nunca deixaria qualquer outra pessoa chegar perto. Comecei a me mover, mais lento, mais deliberado do que eu normalmente fazia quando eu estava dentro dela. Eu queria saborear cada deslizar, cada puxão de carne contra carne. Eu queria memorizar cada aperto, cada pequeno tremor de prazer. Eu queria me lembrar de cada pulsar quando eu recuava e invadia uma e outra vez. Eu queria deixar uma marca e queria sair com minhas próprias marcas, nossos corpos se esforçando impressos um no outro e ligados de uma maneira tão íntima que ninguém mais podia ver. Isto não era eu transando com ela ou fodendo, isto era fazer amor. Isto era se encaixar.


Isto era o tipo de sexo que fazia amantes se apaixonarem. Isto era o tipo de sexo que nenhum de nós seria capaz de viver sem, uma vez que provamos o quão intenso e profundo isso podia ser. Eu gozei antes dela desta vez... qual é, dê um desconto para o cara. Eu estava dentro dela sem nada entre nós, ela parecia que tinha sido feita apenas para mim, e eu a tinha possuído dura e implacavelmente antes deste amor preguiçoso. Ela choramingou enquanto eu a enchia com uma investida quente e vi quando ela virou a cabeça para o lado e fechou os olhos. Havia muita emoção brotando lá e eu sabia que era mais fácil para ela se esconder disso do que enfrentar. Eu agarrei seu queixo na minha mão e a forcei a olhar para mim enquanto eu balançava nela uma última vez com um deslize lânguido dos meus quadris. —Sayer... —Apenas o nome dela. Isso era tudo. Seu nome falado como se fosse tudo para mim, porque era. Ela se desmanchou sob mim como ondas. Eu sabia que ela estaria esgotada tanto física quanto emocionalmente depois que terminasse de gozar, então eu a puxei para os meus braços e a virei de lado para que ela ficasse de costas para mim e eu a envolvesse. Beijei-a na parte de trás da cabeça e murmurei um suave: —Obrigado. O que mais havia para dizer? O que ela tinha me dado parecia um presente. Ela suspirou e meu coração bateu forte quando ela gentilmente colocou a mão sobre a minha, possessivamente enrolada, em um dos seus seios. —Diga a Hyde, Zeb. Você será um pai incrível e ele merece cada minuto disso. Ambos ficamos quietos depois disso e em seguida, eu a senti relaxar e soube que ela estava dormindo. Tudo o que eu conseguia pensar enquanto eu a segurava, era que não havia como não me apaixonar por esta mulher, eu já estava apaixonado por ela. Ela tinha me possuído desde o início; agora eu só precisava que ela tomasse posse e me mantivesse para sempre. *** —VOCÊ É TÃO COVARDE. —Eu derrubei um punhado de bolinhas que comprei para Hyde alimentar as girafas, e ri quando Beryl bateu no meu braço em retaliação. O outono estava se aproximando do inverno e os dias estavam mais frios, então eu usava um casaco pesado sobre a minha camisa e quase não senti o golpe. —Eu não sou a única “com namorado secreto” que tem muito medo de apresentá-lo à família.


Eu vi quando Joss pegou a mão de Hyde e praticamente o arrastou pela passagem para a toca do lobo. Não era a primeira vez que a minha sobrinha tinha vindo para o jardim zoológico da cidade, no centro do City Park, mas era a primeira vez de Hyde. Seu rostinho estava iluminado com admiração e ele não conseguia absorver tudo, enquanto Joss prazerosamente lhe mostrava todos os seus animais favoritos. Ambas as crianças estavam agasalhadas, e mesmo que ele fosse cinco anos mais jovem que ela, Hyde era quase tão alto quanto a minha sobrinha. Ele realmente puxou a mim. Beryl bufou e bateu os dedos no copo branco da Starbucks que ela segurava em suas mãos. —Wes realmente quer conhecer você e mamãe. Ele meio que me deu um ultimato no outro dia. Eu arqueei uma sobrancelha para ela e ri enquanto Hyde pressionava o nariz contra o vidro para que pudesse dar uma melhor olhada nos animais. Tudo o que ele fazia tocava meu coração e me deixava ainda mais ansioso, sobre sua reação quando eu lhe dissesse a verdade. —Que tipo de ultimato? —Disse que não seria mais um segredo sujo, que se ele faria parte da minha vida, merecia a oportunidade de conhecer as outras pessoas que me amam tanto quanto ele. Eu meio que me apavorei e disse a ele que tínhamos acabado. Suspirei e lhe dei um olhar de lado. —Você realmente não disse isso? Ela assentiu e olhou para mim. —Eu disse. —Ela fungou um pouco e eu estendi a mão para colocar um braço em volta dos seus ombros. —Eu sinto muito. Eu sei que você gostava dele. Ela riu e balançou a cabeça. —Eu o amo. Eu ia ligar e dizer que cometi um erro e pedir a ele que me perdoasse 7

quando a mãe ligou e disse que não podia esperar para o brunch de domingo, e que ela estava muito animada por finalmente conhecer Wes. O bastardo teimoso ligou, me dedurou e me manipulou. Ele entendeu todos os meus medos e está exatamente onde queria estar. Eu tinha que admirar a persistência do homem. —Bem, eu não posso esperar para conhecê-lo, então. Ela me cutucou nas costelas com o cotovelo.


—É o mesmo domingo que você levará Hyde para conhecer mamãe, por isso espero que ela vá se distrair com seu rosto adorável e não me envergonhe muito. Mexi minhas sobrancelhas para ela. —Não se preocupe, irmãzinha, eu posso te envergonhar o suficiente por nós dois. Minha mãe tinha se roído de curiosidade para pôr as mãos no menino, mas eu ainda não estava cem por cento certo de como descrever para ele todos os novos adultos que fariam parte de sua vida. Eu meio que queria esperar até que ele soubesse que eu era o pai dele antes de dar a notícia de que ele também tinha uma avó, que estava morrendo de vontade de sufocá-lo com amor e carinho. Mantê-la longe, até ter a certeza de que Hyde estava pronto, tinha sido uma façanha hercúlea. Desta vez, seu cutucão quase me derrubou, então eu a soltei e ela apontou para as crianças com seu copo. —Ele já ama você. Ele vai ficar bem quando você lhe disser. Você não precisa de mim e Joss como reforço, embora eu esteja muito feliz de que finalmente consegui conhecê-lo. Joss está obcecada por ter um primo agora. Se você não disser que ele é nosso para sempre, ela vai. Você conhece a minha filha e sua boca. —Eu sei... é apenas... —Eu parei, não tendo certeza de como colocar meus medos em palavras, sem soar como o covarde que ela me acusou de ser. —É só que, você quer que ele goste de você e ainda seja o seu amiguinho, mas, Zeb... — Seu tom ficou pomposo, do tipo irmã mais velha, o que significava que era melhor ouvir o que ela tinha a dizer. —Como pai, há momentos em que ele não vai gostar muito de você. Então é melhor você se acostumar com isso agora. É o seu trabalho fazer o que é certo para ele, e não o que é mais fácil. Eu levantei a mão para esfregar por toda a minha barba e depois movi para enfiar as mãos nos bolsos. —Eu sei. Sayer continua me dizendo praticamente a mesma coisa. Isso levou Beryl a um impasse, pois as crianças passaram na nossa frente para ir olhar algumas cabras da montanha. —Como vão as coisas com a advogada? Eu não sabia que você estava com ela oficialmente fora do tribunal. Dei de ombros. —Ela está me dando trabalho. —Eu olhei para ela de lado. —Soa familiar? Ela corou um pouco e afastou um pouco do seu cabelo escuro do rosto que o vento cortante de repente levantou. Eu senti arder minhas orelhas e franzi a testa para Hyde. Ele


precisava colocar um gorro se ficaríamos aqui no frio por muito mais tempo. —Você falou com ela sobre isso? Por que ela está dificultando? Eu contei a Wes sobre o pai de Joss, sobre o que aconteceu com você e como isso me mudou, como mudou minha relação com todos os homens, e eu acho que isso é parte da razão pela qual ele se recusou a desistir. Eu também disse a ele sobre o nosso pai nos deixar. Eu realmente nunca pensei que me importava, mas quanto mais velha eu fico, mais eu me pergunto se isso é parte da razão pela qual me apaixonei pelo primeiro cara que disse que me amava, embora ele tenha me dado um tapa no rosto cinco minutos depois de dizer isso. Praguejei baixinho com a pergunta e as lembranças que suas palavras trouxeram à tona. —Ela não é de falar muito. Eu sei que seu pai era um idiota. Eu não acho que ele colocou as mãos nela ou qualquer coisa assim, mas ela sempre se afasta quando eu tento falar do passado. Sua mãe se suicidou quando ela era adolescente e eu acho que tudo isso a levou a ser tornar bastante fechada, mas quando estamos a sós, quando eu chego lá dentro, ela é a pessoa mais quente, mais doce, mais profunda e carinhosa que eu já conheci. Eu só gostaria de não precisar de um pé de cabra para chegar lá o tempo todo. Beryl deixou escapar um assobio baixo e estendeu a mão para dar um tapinha no meu braço. —Você sabe que as palavras podem ferir tanto quanto as mãos, se usadas da maneira certa. Ela pode ter essas paredes por uma razão. Assim como eu. —Ela me deu um sorriso triste. —E perder sua mãe assim... A menina vem com bagagem. Ela não tinha apenas bagagem, como eu. Ela tinha um cofre cheio de segredos e emoções que mantinha a sete chaves. Ela não sabia que eu estava disposto a usar todas as ferramentas à minha disposição para entrar em sua fortaleza, mesmo se eu tivesse de pegar uma dinamite para abrir o meu caminho. —Ela não fala sobre isso e ela foge quando eu tento fazê-la se abrir. Beryl suspirou novamente. —Apaixonar-se depois de ter sido ferido é aterrorizante. É melhor você colocar seus tênis e se preparar para correr, se você está pensando em ficar com ela. Eu ri um pouco e mudei minha atenção para as crianças. —Mãe, eu estou com frio. —Joss gritou de onde eles tinham parado alguns metros adiante para esperar por nós. Ela agarrou a mão de Hyde e eles começaram a caminhar em nossa direção. Beryl jogou o copo no lixo e colocou as mãos nos bolsos do casaco assim que eu tirei as minhas para que pudesse pegar meu filho em meus braços. Seu rosto estava congelando quando ele pressionou junto ao meu, para que ele pudesse esfregar seu rosto em minha barba.


—Estou com frio, também. —Ele parecia sonolento e eu odiava ter que levá-lo de volta para o lar temporário, no qual ele estava atualmente, até que eu pudesse tê-lo comigo. —Eu sei, amigo. Precisamos te arranjar um gorro. —Eu esfreguei uma mão sobre seu cabelo escuro e senti ainda mais que o meu coração estava em suas mãozinhas. Ele se afastou do abraço e me olhou com uma carranca em miniatura que obviamente combinava com a minha, eu tive que lutar para não rir. —Você não usa um gorro, Zeb. Se não usa, eu não uso. Eu odeio gorros. Eu olhei para a minha irmã quando ela soltou uma risadinha. O menino tinha herdado mais do que a minha cor e minha altura. Parecia que minha teimosia e rebeldia natural corriam por ele também. —Eu uso quando está frio. Eu só esqueci hoje, e quando digo isso, você precisa saber que é para seu próprio bem, Hyde. Se você tem frio e um gorro vai aquecê-lo, então eu vou fazer você usar um gorro, mesmo se você não quiser. Ele pareceu considerar por um segundo, fixando os seus olhos verdes nos meus como em uma batalha de vontades. Eu pensei que teria que explicar que eu não queria que ele pegasse um resfriado e que todo mundo usava um gorro no Colorado durante o inverno, alguns até mesmo quando não era inverno, mas tão rápido quanto seu desafio surgiu, ele se acalmou e ele acenou para mim solenemente. —Ok, Zeb. Se você quer que eu use gorro para que eu não tenha frio, então eu vou usar. —Seus olhos se arregalaram e um sorriso maroto no qual estava faltando um dente brilhou em seu rosto. —Pode ser um gorro do Batman? Eu bufei uma risada. —Pode ser qualquer tipo de gorro que você quiser, desde que você use. Joss deu um suspiro dramático e perguntou se poderíamos ir buscar uma pizza. Eu ia dizer não, desde que eu alimentei Hyde com pizza em sua última visita, mas, aparentemente, meninos de cinco anos de idade poderiam comer pizza todos os dias e seus olhos se iluminaram com a perspectiva. Era uma curta distância da pizzaria em Colfax, e quando todos nós nos esprememos em uma cabine, acabou ficando as crianças de um lado e os adultos do outro. Fiquei muito feliz que a minha sobrinha tinha decidido tomar Hyde sob sua proteção. Ele parecia à vontade com ela e pensei que talvez passar mais tempo com a minha família iria aliviá-lo, com a compreensão de que eu era seu pai e ele não estava mais sozinho. Eu ainda estava tentando descobrir a melhor maneira de dizer a ele, a maneira mais fácil de explicar a situação, quando ouvi Joss dizer a Hyde: —Eu não vejo meu pai, mas isso é bom porque eu vejo a minha vó e tio Zeb o tempo todo. E minha mãe tem um amigo, chamado Wes, que é muito bom. Ele assiste desenhos animados comigo e me ajuda a fazer lição de casa.


Hyde assentiu sabiamente como se entendesse todas aquelas palavras e pegou seu copo de plástico com tampa. —Eu nunca tive pai, mas eu tive um monte de tios. Beryl estava inclinando-se para mudar o assunto delicado quando Joss virou-se para o menino de cabelos escuros e deixou escapar as palavras que eu tinha lutado para dizer por semanas. —Tio Zeb é o seu pai, então você tem um pai agora. O melhor pai do mundo. Abri a boca em choque quando Beryl gritou o nome da filha com horror. Eu estava de boca aberta olhando para o meu filho, como um peixe, quando ele virou os olhos arregalados na minha direção. —O que? É verdade. Por que estou ouvindo gritos? —Joss deixou escapar as palavras, mas eu mal ouvi, quando meu filho continuou a me olhar como se ele estivesse com medo que eu desapareceria em um sopro de fumaça na frente dele. Sua cabeça inclinou para o lado, ele levantou o copo aos lábios para que pudesse beber seu refrigerante. Quando ele acabou, ele se inclinou para frente um pouco e perguntou: —De verdade? Eu não tinha certeza se ele realmente entendia o que significava tudo aquilo, então eu assenti. —Sim, de verdade. Eu sou seu pai, e eu tenho trabalhado muito duro para que você possa ficar comigo o tempo todo muito em breve. Esperei ele chorar, ou fazer um milhão de perguntas. Esperei ele ficar feliz ou chateado. Esperei ele fazer qualquer coisa, mas ele apenas olhou para mim e continuou a brincar com o seu copo. Beryl perguntou se ele estava bem e ele balançou a cabeça sem dizer nada. Eu pensei que eu deveria agarrá-lo e ir, mas a pizza veio e ele devorou uma fatia enorme, ainda sem dizer uma palavra. Joss estava fazendo beicinho, porque ela estava com problemas por falar fora de hora, e eu sabia que Beryl estava preocupada com a tensão ansiosa que estava saindo de mim em ondas. Nós terminamos e paguei a conta. Eu disse a Joss que eu não estava bravo com ela, porque ela parecia que ia chorar e disse à minha irmã que eu iria ligar para ela depois que eu resolvesse tudo com Hyde. Realmente eu queria dizer que eu iria ligar após tudo ser resolvido, mas isso não importava. Uma vez que tive o menino preso em seu assento na minha caminhonete, subi e comecei a atravessar a cidade para levá-lo de volta ao seu lar temporário. Eu estava olhando para ele com o canto do meu olho, enquanto ele olhava para fora da janela.


—Você está bem aí atrás, companheiro? —Sim. —Ele ficou quieto por um segundo, e em seguida, ele disse meu nome em voz baixa. —Zeb? Puxei um sorriso no meu rosto e assenti o encorajando quando ele se virou para olhar para mim. —Você é meu pai? —É isso aí. —E eu posso morar com você? —Provavelmente. Há algumas coisas que tenho que fazer antes, mas eu estou fazendo de tudo para resolver isso. Ele esticou o lábio inferior como se estivesse pensando muito e, em seguida, ele afirmou de um modo assustador e com uma naturalidade que fez meu coração apertar. —Minha mãe morreu. Eu não quero que você seja meu pai se isso significa que você vai morrer. —Oh, Hyde. —Eu precisava de um momento para me recompor antes que eu pudesse responder. —Sua mãe fez algumas coisas que eram realmente perigosas. Eu não faço nenhuma dessas coisas, por isso as minhas chances de morrer são muito poucas. Eu tenho você para cuidar, assim eu prometo fazer meu melhor para ficar pelo máximo de tempo possível, ok? Ele ficou em silêncio por um longo tempo, mas no fim mordeu seu lábio novamente e me deu um daqueles sorrisos tortos. —Ok. —Ele se inclinou para trás em sua cadeira e olhou para fora do para-brisa. —Você ainda vai jogar comigo e me deixar andar na caminhonete? Eu queria rir, mas em vez disso, falei com um sussurro de alívio. —Sim. Nós podemos jogar todos os dias e vamos passear na caminhonete quando você quiser. Ele bateu palmas e sorriu ainda mais. —Se você é meu pai, isso significa que quando eu ficar maior eu vou ser um gigante, também? Isso me fez rir de verdade. —É possível, mas você tem que ser um gigante amigável quando você for grande. —Eu posso fazer isso.


E assim, foi resolvido. Eu era o seu pai, ele era meu filho e nós éramos um time de agora em diante. Foi um bom dia e eu precisava agradecer a minha sobrinha e a sua boca grande, com total falta de filtro, por fazer o que eu, um homem crescido, um gigante de acordo com o meu filho, não tinha tido a coragem de fazer. A verdade sai da boca das crianças.


CAPÍTULO 13 Sayer Fiz uma careta para a vendedora bonita, vestida de maneira semelhante à minha, quando ela passou por onde Zeb estava, balançando a cabeça pelo preço das roupas de cama para o menino. Ela já tinha perguntado uma vez se poderia nos ajudar a encontrar qualquer coisa na loja de departamentos localizada no Cherry Creek Mall. E eu já tinha dito a ela que não, uma vez que eu sabia exatamente onde nós precisávamos ir, então eu só poderia concluir que seu retorno tinha mais a ver em como o traseiro de Zeb parecia no jeans desbotado e na forma como a camisa de flanela esticava sobre os ombros, era isso que causava um desejo real de ajudar. Quando ela percebeu meu olhar bravo, ela saiu correndo assim que Zeb jogou de volta na prateleira o pacote contendo os lençóis, com um estilo que nenhum menino apreciaria. Passou as mãos pelo cabelo ondulado e se virou para mim com um acesso de raiva, frustrado. Eu vi uma senhora que estava olhando para tapetes de banheiro na mesma seção saltar e mudar para outro corredor, enquanto Zeb parecia um lobo mau, se preparando para colocar todo o lugar abaixo. Eu gostava dele desse jeito, mais do que gostava... Parecia que ele podia enfrentar o mundo todo e vencer, mas isso aparentemente era intimidante para a cliente sofisticada. Revirei os olhos e me virei para ele quando colocou a mão no meu cotovelo e começou a me levar para fora da seção de lençóis. —Eles não têm lençóis com trens ou super-heróis? Quem gasta quinhentos dólares em um par de lençóis que a criança vai usar por poucos anos, quando precisará de uma cama maior? Sua frustração era muito fofa. —Eu não vou nem dizer a você quanto custa os lençóis na minha cama. Ele desviou os olhos para mim e envolveu seu braço enorme nos meus ombros. A mesma mulher mais velha deu uma fungada de desdém enquanto caminhávamos, depois foi a vez da vendedora me dar um olhar bravo quando seguimos nosso caminho de volta para o centro do shopping. —Eu gosto de seus lençóis. —Havia humor e insinuações entrelaçadas em seu tom. — Mas sua cama poderia estar coberta por lixa, e contanto que você estivesse nua em cima dela, eu nem perceberia. —Aii. —Eu murmurei a palavra em voz baixa, mas não consegui parar a onda de prazer que se seguiu à sua doce declaração. Ele riu para mim e deixou o olhar vagar pelo resto das lojas caras e suas vitrines


modernas e decoração minimalista. —Eu não vou encontrar coisas para o quarto de uma criança em qualquer lugar neste shopping, vou? Quando ele me mandou uma mensagem e me pediu para ir com ele comprar as coisas para aprontar o quarto do Hyde, inicialmente eu quis dizer a ele que não. Parecia muito íntimo, muito permanente. Parecia que ele não só estava arrumando um lugar para si na minha agenda, mas também arrumando um espaço específico para mim em sua vida muito ocupada e complicada também. Eu estava tão perto do limite com ele. Eu pairava tão perto de soltar e me apaixonar por ele. Eu estava pendurada nesse precipício apenas por meus dedos e isso era tão assustador. No lugar onde não havia nada, era sem vida e vazio, eu sabia que era seguro mesmo se estivesse sofrendo sozinha. Eu sabia que se eu atravessasse o limite, a queda poderia me matar, o impacto me destruiria, e assim eu continuei me agarrando a um terreno familiar para me manter fora do alcance. Por mais difícil que fosse me segurar para não cair no precipício e não querendo ceder a todas as emoções que ele tirava de mim, Zeb estava constantemente lá abaixo, me puxando, me arrastando, me pedindo para cair nele e em cada promessa de amor eterno que eu podia ver que ele queria me dar. Quando hesitei, ele me disse que ele já tinha pedido a Beryl, mas Joss estava em casa doente e sua mãe tinha planos para o jantar. Ele insistiu que ele precisava de um toque feminino para ajudá-lo fazer as coisas certas para o regresso à casa de seu filho e eu não pude resistir, mas o único lugar para fazer compras com o qual eu estava familiarizada em Denver era o Cherry Creek. Assim que entramos no estacionamento estava claro que a sua caminhonete suja não combinava com os Mercedes e Audis, e nossa viagem em Nordstrom tinha apenas solidificado o fato de que onde eu comprava não era exatamente o estilo de Zeb. Mesmo que as meninas que trabalhavam lá gostassem do colírio para os olhos que ele era. —Há uma loja de cama e banho, do outro lado do shopping. Aposto que eles têm lençóis com trens. —Em retrospectiva, provavelmente deveria ter começado por lá. A rede de lojas era muito mais para Zeb e crianças em geral. —Eu disse que não sou boa em decorar e outras coisas. Sou bege e tons pastel, sempre. —Bege e cores simples não eram ofensivas. Se é que uma cor poderia ser ofensiva. De acordo com meu pai, poderia ser. De acordo com ele, tudo valia a pena julgar e repreender, se isso significasse que ele poderia usar isso para fazer alguém se sentir mal, sobre o que gostasse ou encontrasse prazer. Zeb me puxou para mais perto e deu um beijo no topo da minha cabeça, enquanto várias pessoas se afastavam do nosso caminho. Ele comandava o espaço e as pessoas pareciam ceder automaticamente a ele. Foi impressionante assistir, e enviou um arrepio na minha espinha saber que eu tive a sorte de ser a única com quem ele estava abrindo espaço. —Você só acha que você é bege e pastel. Você gosta de cor e você gosta de coisas que são diferentes e divertidas; você apenas esconde em lugares onde você pensa que ninguém vai notar.


Fiz uma careta e me afastei dele. Ele não me deixou ir muito longe. Assim que houve um espaço entre nós, ele estendeu a mão e pegou a minha na sua. Eu não conseguia me lembrar de uma única vez em toda a minha vida, quando alguém tinha segurado minha mão. Não o meu pai, nem minha mãe, nem Nathan... ninguém, exceto Zeb e isso me sacudiu até o núcleo. Tudo ao mesmo tempo, eu queria puxar e agarrá-lo com tanta força, que ele nunca me deixaria ir. Esse me prender ao que eu conhecia anteriormente, estava se afrouxando cada vez mais. Eu estava me segurando nas pontas dos dedos agora. —Do que você está falando? Tudo na minha casa é nude e neutro. Tudo o que tenho é de cor básica, simples. Até o meu carro é cinza. Ele bufou para mim e apertou onde as nossas mãos estavam presas juntas. —Mas eu aposto com você um milhão de dólares que a sua calcinha é roxa ou azul brilhante e que suas unhas são pintadas com um pouco de cor e com um desenho nelas. Suas roupas de treino são pretas e cinzas, mas cada pedaço delas tem alguma tira neon, ou algum toque de cor no desenho. Sem mencionar que você poderia ter pago alguém para cobrir a parede vermelha em sua cozinha, ou você poderia ter comprado um apartamento num edifício novo, ou uma versão atualizada de uma casa em vez de afundar uma fortuna em restaurar e personalizar aquela beleza antiga. Você tem a sua própria chama, Sayer. É sutil, mas está lá, e é bonita, se alguém for inteligente o suficiente para olhar. Eu quase nos fiz parar, para que eu pudesse realmente processar suas palavras. Eu nunca tinha considerado as pequenas coisas na minha vida que fazia só para mim, os pedacinhos de alegria que me traziam, como uma “chama”. Eu os considerava prazeres culpados, que eu ainda tinha dificuldade em acreditar que eu estava me afastando, que eu estava à espera de um homem idiota me dizer que eram frívolos e um desperdício. Eu nunca os notei até Zeb percebê-los. Ele puxou minha mão para retornarmos ao ritmo e me olhou por cima do ombro. —E não pense nem por um segundo que eu não notei que você não pode manter suas mãos longe das minhas tatuagens. Não que eu jamais reclamaria disso, mas a maioria das meninas gosta no início e em seguida, ficam entediadas com isso, porque isso só se torna parte do cenário. Você não. Não importa quantas vezes você veja ou coloque sua boca sobre elas, você sempre quer explorar, absorver. Você mais do que gosta de cor, Sayer. Você a saboreia e adora. Deus, a sua verdade me desfaz... a cada momento. Soltei um suspiro profundo e olhei para ele com o canto do meu olho, porque eu podia senti-lo observando minha reação. —Ao crescer, tudo tinha que ser exatamente assim. Meu pai era particular sobre cada detalhe da minha vida. Para começar ele sempre quis ter um filho, e ficou desapontado que eu fosse menina no segundo que nasci. Essa foi a primeira de uma longa lista de decepções com as


quais eu o sobrecarreguei por toda a minha vida. O que eu usava, como arrumava o meu cabelo, que tipo de maquiagem eu usava, quem eram meus amigos, como o meu quarto parecia, tudo estava sujeito a sua aprovação e nada nunca estava dentro de seus padrões. Ele odiava tudo sobre mim e tudo o que eu fazia, por isso, quando eu tinha dez ou onze anos eu descobri que era mais fácil simplesmente manter tudo agradável e neutro. Ele tinha muita dificuldade em escolher entre o bege e creme. Marfim, preto e branco tornaram-se imperceptíveis e isso me fez poder escapar do seu julgamento a maior parte do tempo. —Eu balancei um pouco a cabeça quando finalmente chegamos à loja bem iluminada. —Eu carreguei muito disso para minha vida adulta como hábito, mas acho que quanto mais eu crescia, os pedaços de coisas que eu realmente gostava abriam seu caminho em meu cotidiano, sem que eu realmente percebesse. —Dei-lhe um sorriso maroto. —E eu realmente gosto da cor da parede de Poppy. Eu manterei mesmo depois que Poppy se mudar. Ele soltou a minha mão e colocou a palma da sua nas minhas costas quando me levou para a loja em frente. Baixinho, para que só eu pudesse ouvir, ele perguntou: —O que aconteceu com a sua mãe, Sayer? Se o seu pai era desagradável e controlador, por que ela não intervinha e impedia? Por que ela ficou com ele? Por que ela não a protegeu dele? Essas eram as perguntas que me atormentavam e me ajudavam a manter meu coração envolto na segurança no gelo até hoje. Eu não pude evitar que os meus dedos se curvassem em minhas mãos e apertassem tão duro que doía, quando eu respondi. —Ela o amava. Ela realmente o amava, e ele a matou. Não importava quão terrível ele fosse para ela. Ela tentou todos os dias agradá-lo, ser a esposa perfeita e me fazer a filha perfeita. Tudo o que ela queria era a sua aprovação, alguma forma de carinho e bondade, e ele sabia disso, assim ele tinha prazer em propositadamente atormentá-la. —Memórias agitadas se libertaram do porão de ferro em que eu as mantinha. Girando em torno de todas as emoções que Zeb tinha desencadeado dentro de mim, e elas feriram minhas entranhas e o lugar onde meu coração deveria estar, pulsava dolorosamente. —Ele tinha casos e dizia que ela não era tão bonita quanto suas amantes. Ela passava fome, ela se esforçava sem parar. Ela mudava seu cabelo, fazia cirurgia plástica, e ele zombava dela, dizia que ela nunca poderia ser perfeita. Ele queria um filho, já que ela estragou tudo comigo, mas ela estava doente, e não apenas na cabeça, e não podia manter uma gravidez. Ele a considerava inútil, mas ela ainda tentou uma e outra vez por ele. Sua vida era nada mais do que tentar alcançar a uma linha de chegada inalcançável, onde ele finalmente a amaria tanto quanto ela o amava. Ela morreu porque sabia que nunca o faria feliz e ela não podia viver com esse fato. Ela me deixou com ele, sabendo como ele era e do que era capaz. Eu acho que nunca vou perdoá-la por isso. —Eu era sem coração. Eu era cruel. Eu era uma pessoa terrível por me sentir assim, mas era verdade. Se eu a perdoasse, significaria que as comportas se abririam e não haveria como reter todas as coisas feias, dolorosas e agonizantes que espreitavam no escuro. Se eu as deixasse livres com o perdão, não haveria mais como ignorá-las, e eu não tinha certeza se era forte o suficiente para sobreviver a isso. Zeb não respondeu enquanto nos guiava em direção a uma seção de lençóis de cama


coloridos. Eu já podia ver um conjunto com o Superman e Batman, bem como um conjunto com um trem. Zeb pegou um conjunto que tinha um monte de carros antigos e caminhões impressos, e foi escolher um tapete e cortinas que combinavam para o quarto. Foi divertido ver a sua excitação e meu coração vibrou sabendo que Hyde tinha um pai que o amava, e nunca o faria passar pelos tipos de horrores que eu tinha vivido. A minha verdade era muito mais desagradável e muito mais difícil de digerir do que a de Zeb. Obedeci quando ele me pediu para escolher outro conjunto de roupa de cama para o quarto. Escolhi um padrão geométrico descontroladamente colorido que tinha formas apontando em todas as direções. Nada de carros e caminhões, mas não ficaria mal com todas as outras coisas que ele tinha escolhido e foi divertido. Servia ao propósito de tornar o espaço mais legal para a criança, para ambos, Hyde e qualquer inspetor do tribunal, ficariam balançados ao saber que Zeb tinha reorganizado a sua vida por seu filhinho. O preço era completamente razoável e o caixa que nos atendeu, tinha uma argola no nariz e cabelo rastafári, mal reparou em Zeb com toda a sua glória tatuada e barba. Eu silenciosamente me castiguei por levá-lo à loja de departamentos cara primeiro. O erro me fez sentir estúpida e sem jeito. Assim como o silêncio persistente entre nós enquanto voltávamos para sua caminhonete. Ele jogou as sacolas atrás, em seguida aproximou-se para abrir a porta para mim. A caminhonete estava salpicada de lama e suja de várias outras coisas, por ficar estacionada em frente da sua obra, por isso ele não me deixou entrar sem um impulso para subir. Ele riu me dizendo que não podia se dar ao luxo de substituir o meu terninho se eu o sujasse, e agora eu estava me perguntando se isso era algo com que ele estava realmente preocupado. Ele colocou uma mão na maçaneta da porta e uma na minha cintura. Ele inclinou a cabeça um pouco para que quase ficássemos olho-no-olho e me disse baixinho: —Seu pai era um idiota e eu gostaria que ele ainda estivesse por aí para que eu pudesse chutar a bunda dele, mas sua mãe... —Ele balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro. —Às vezes quem amamos não pode ser controlado. Eu vi minha irmã lutar anos com isso. Ela odiava o que seu velho fazia para ela, mas ela o amava também. Se você deixar todas essas coisas que você fez para sobreviver ao seu pai, e todo esse ressentimento que você tem por sua mãe te encher, você nunca terá espaço no seu interior para todas as coisas que você realmente quer sentir. Tudo o que é valioso é absorvido pelas coisas do passado e não há espaço para construir o futuro. Afastei meus olhos dele enquanto ele abria a porta e colocava as duas mãos na minha cintura para me ajudar a entrar no interior do veículo. Quando ele subiu no lado do motorista, deixei escapar um suspiro e murmurei: —Eu não tenho certeza se o solo é estável o suficiente para construir, deixando o passado para trás ou não. Ele estalou seu pescoço e estendeu a mão para colocar na minha coxa. —Só precisa de alguém com o conhecimento para fazer isso. Sorte nossa que eu sou um


especialista, com certificado para construir em terreno movediço. Isso me fez rir um pouco e eu uni meus dedos aos seus enquanto ele saía do estacionamento. Olhei em volta, quando ele se virou na direção oposta que ele teria de tomar para me deixar na minha casa. —Onde estamos indo? —Eu estou morrendo de fome e eu quero uma bebida. O Bar fica a apenas alguns quarteirões abaixo na Broadway, então eu pensei que poderíamos parar e comer alguma coisa. —Seus olhos verdes brilharam para mim e um sorriso irônico puxou sua boca. —Não se preocupe, não vou considerar como um encontro, já que você parece alérgica à ideia. Eu relutei um pouco. Não que eu não quisesse ir a um encontro com ele; era que a ideia de sair com ele deixava tudo muito mais real. Até agora eu tinha me convencido de que era apenas sexo e negócios. Eventualmente, o negócio acabaria quando ele tivesse a custódia de Hyde e o sexo seria mais difícil, eu duvidava que ele se esforçasse para me ver. Emoções não tinham de ser envolvidas se fôssemos colegas de trabalho e amigos de foda... pelo menos se eu tivesse feito isso desde o início, mas eu estraguei tudo. Grande momento. —É apenas um hambúrguer e uma bebida, Say. Eu não estou te pedindo para casar comigo. Pisquei, quando suas palavras me atingiram, e percebi que tinha me transformado em estátua. Engoli em seco e me mexi um pouco. —OK. Desculpa. Eu não quis surtar. —Mas você surtou. No final das contas, você vai ter que passar um tempo comigo fora do quarto e da sala de audiências, Sayer. Eu tenho uma criança de cinco anos de idade, vindo morar comigo muito em breve e isso significa que eu sou um pacote completo. Passar um tempo juntos vai ter um novo significado, com Hyde e comigo. Ele apertou minha coxa e eu tentei não entrar em pânico com sua revelação. Ele ia fazer um esforço. Que diabos? Eu limpei minha garganta. —Nós vamos atravessar essa ponte quando chegarmos a ela, eu acho. —Por que parece que você está usando algum tipo de tática de advogado para evitar o assunto? —Ele parecia irritado, mas já estávamos na frente do pequeno bar, por isso não me preocupei em explicar que eu estava realmente tentando, desesperadamente, mudar o assunto. Nós dávamos muito bem nus e entrelaçados. Eu não estava tão certa de como traduzir isso para a vida real, e foi assim que o meu domínio sobre o limite me puxou alguns centímetros acima da zona de perigo, do amor e saudade.


—Vamos entrar e comer. Estou com fome também, e eu amo sanduiche de bacon da Darcy. Nós podemos falar sobre o que acontece a seguir, mais tarde. Ele grunhiu para mim, mas deu a volta para me ajudar a sair da caminhonete. Quando eu estava em pé na frente dele, ele com as mãos na minha cintura, eu não me surpreendi ao vê-lo abaixar a cabeça e me beijar duramente. Ele sempre fazia isso quando eu adiava uma conversa que ele queria ter sobre o estado atual da nossa relação. Era como uma lembrança física que ele deixaria as coisas de lado, mas apenas por enquanto. —Eventualmente não vai haver mais nenhum mais tarde, Say. Haverá apenas agora e você vai ter que decidir o que quer fazer com isso. O Bar estava lotado e fomos envolvidos no ruído e folia assim que abrimos as portas. Um homem grande com a pele bonita que pairava num tom dourado bronzeado, cumprimentou Zeb com o encontro dos punhos cerrados e acenou para mim. Ele era tão bonito e feroz quanto Zeb, então eu devolvi o aceno e decidi não tropeçar nas palavras, dizendo olá. Seus olhos eram o tom mais incomum de azul, envolto por uma íris dourada na borda exterior. Eu nunca tinha visto nada parecido e foi difícil para eu não olhar, cada vez que eu estava ao seu redor. Eu encontrei Dash Church algumas vezes quando eu tinha parado no bar para tomar uma bebida com as meninas, mesmo sempre educado, ele nunca foi o que eu consideraria amigável, mesmo quando ele me instruiu a chamá-lo de Church com seu lento sotaque do Mississippi. O mesmo não poderia ser dito da ruivinha cheia de atrevimento e diversão, Dixie Carmichael. A preparadora de coquetéis de longa data do lugar era a melhor amiga de todos e não hesitou em jogar seus braços em volta de mim e Zeb, embora ele tenha tido que se abaixar um pouco, para assim a mulher baixinha poder alcançá-lo. —Oh meu Deus, eu não vejo vocês a um tempão. Está uma loucura aqui esta noite, de modo que pode ser difícil encontrar um lugar para sentar. —Seus olhos se arregalaram. Zeb esfregou a mão sobre a barba e examinou o bar ocupado. —O que está acontecendo aqui hoje à noite? Dixie encolheu os ombros o que fez seus cachos cor de morango sacudirem. —A banda é um dos achados do Jet. Sempre ele envia um grupo para embalar a casa, e Asa não está aqui para atender o bar, ele está mudando para sua nova casa, por isso estamos apenas com Danny, que é muito novo, e o novo cara Zack. Eles são legais, mas não tão rápidos como Asa. Eu deveria chamar Rome, mas com Cora grávida e prestes a dar a luz, eu só vou fazer isso em uma emergência. Ela desfiou a lista de nomes conhecidos que compunham o grupo de homens e mulheres que faziam parte do grupo do meu irmão. Eu balancei a cabeça como se estivesse acompanhando e bati em Zeb no ombro. —Você tenta encontrar uma mesa. Eu vou lavar as mãos antes de comer. —Eu precisava


de um minuto para me recompor também. Minha máscara estava escorregando e a mulher tentando espiar por detrás estava começando a assumir toda a minha vida. Ele balançou a cabeça e se afastou quando comecei a passar pela multidão de pessoas bloqueando meu caminho para o banheiro. Fui parada por um leve toque no meu cotovelo. Os olhos castanhos escuros de Dixie brilhavam para mim com todo o romance e o coração que eu não tinha. —Então, você e o homem da montanha, hein? —A pergunta era inocente e não era ao mesmo tempo. —Eu estou ajudando-o com algumas coisas e isso nos levou a passar muito tempo juntos. —Essa foi uma resposta bem de advogado, quanto ao estado da minha relação com o grande homem barbudo. Dixie riu, e realmente a única pessoa que poderia dar uma gargalhada e ainda parecer bonita e sexy, era este fogo de artifício em forma de mulher. —Ele queria passar mais tempo com você há muito tempo e eu sempre pensei que o sentimento era mútuo. Bem, seja o que for, que seja bom para ambos. Eu adoro quando pessoas boas se encontram, mesmo que não pareçam se encaixar. Isso faz com que seja ainda melhor para mim. Seu olhar deslocou para o segurança e em seguida, de volta para mim. —Faça o outro feliz. Isso é tudo que importa. Eu tenho que ir pegar um pedido e gritar com o novo cara para trabalhar direito. Se Zeb encontrar um assento, vou levar uma cerveja Coors light para você. E assim, ela saiu correndo e eu retomei minha batalha para chegar ao banheiro feminino. Eu nunca tinha ido ao Bar tão lotado e não tinha certeza de que tipo de gente realmente era. Parecia haver um monte de jovens, em idade de faculdade que eu assumi estarem aqui pela banda que tocaria mais tarde. Havia também um grande grupo de homens e mulheres vestidos semelhantes a mim, que tinham claramente parado para uma bebida depois do trabalho, e então havia uma miscelânea de outras pessoas que pareciam ter escolhido apenas aleatoriamente qualquer bar velho ao passar pela rua. Eu segui em torno de clientes ruidosos e me empurrei para o banheiro. Eu tive que esperar na fila quando cheguei lá dentro, e pela primeira vez eu não me senti estranha, porque eu sabia que a mulher na minha frente estava vestindo um terninho Mauro Grifoni, que era muito mais caro do que qualquer coisa que eu normalmente usava para trabalhar. Era também um tom muito bonito de azul ardósia, e antes que fosse a minha vez de desaparecer na cabine e fazer o que necessitava, eu marquei nas anotações do meu telefone que eu poderia comprar um para mim. Azul ardósia era tudo e era colorido. Azul ardósia não era uma cor neutra, e se eu fosse em frente e comprasse, não haveria como esconder um prazer culpado quando eu o usasse.


Eu estava colocando meu celular de volta na minha bolsa quando eu esbarrei em alguém no corredor estreito. Eu coloquei minhas mãos em minha volta e olhei para o olhar nebuloso e obviamente bêbado do homem que eu esbarrei. Ele estava metade dentro e metade fora de seu terno. Sua camisa estava desabotoada até o meio do peito, embora ele ainda estivesse com uma gravata atada na sua garganta. Ele oscilou nos pés instáveis e me levou com ele uma vez que estava segurando em meus braços. Eu dei a ele o que eu esperava passar por um sorriso amigável em vez de uma careta e repeti: —Desculpe-me. —Enquanto tentava me livrar dele. —Você é uma coisa bonita... e tão alta. Aposto que suas pernas são incríveis, porra. Recuei automaticamente e fiz um esforço real para tentar me livrar dele. Irritada com os outros homens e mulheres entrando e saindo do banheiro sem se preocuparem em dizer qualquer coisa para ele. —Eu tenho alguém esperando por mim. Você precisa me soltar agora. —Eu coloquei mais ênfase na última palavra e dei-lhe um empurrão forte no peito. Ele grunhiu e apertou suas mãos em meus braços, o que me fez ganir. Eu teria uma coleção de hematomas deixados por esse encontro com certeza. —Eu não quero soltar. Eu quero te dar um beijo. —Ele estava tão desleixado e bêbado que todas as palavras saíram juntas e quase caiu de novo quando se inclinou em direção ao meu rosto. Cheia disso, eu coloquei a mão sobre os lábios franzidos e empurrei para trás tão forte quanto eu podia. —Bruto. Solte-me. Ganhei um pouco de espaço, mas quando o homem percebeu que não conseguiria colocar sua boca na minha, e ele me deu uma chocalhada que embaralhou minha cabeça. Eu soltei um grito de surpresa quando ele gritou que eu era uma vadia metida e que eu deveria ficar contente que alguém queria beijar minha bunda arrogante. Eu ia responder que havia alguém neste mesmo bar que estava mais do que feliz em beijar meu traseiro o tempo todo, quando alguém de repente estava lá e o cara bêbado acabou empurrado contra a parede com cento e dez quilos de um furioso Zeb Fuller na sua cara. Zeb não estava gritando. Ele não estava dando socos. Ele estava simplesmente segurando o cara no chão por sua camisa e ameaçando fazer as coisas realmente terríveis para ele em uma voz baixa e mortal. Só que não eram exatamente ameaças. Eram promessas, e o empresário bêbado poderia dizer isso. Seus olhos se concentraram em mim sobre o ombro de Zeb pedindo ajuda. Suspirei e dei um passo adiante para que eu pudesse colocar a mão em seu


ombro. Ele parecia como um predador prestes a atacar e ir para a garganta de sua presa. —Zeb, solte-o. —Ele colocou as mãos em você. Ele fez você gritar. Ele não sai daqui sem sangrar. Ele rosnava entre os dentes enquanto sacudia o homem como eu tinha acabado de ser sacudida. Eu nunca tinha o visto assim... Bem, isso não era verdade. Ele parecia terrível quando vi sua foto na pasta da prisão, do seu caso na minha mesa, e isso fez o pânico se elevar e agir para controlá-lo. Ele não podia ir por esse caminho novamente. A ideia de Zeb indo embora, dele perder tudo pelo qual ele tinha trabalhado tão duro por minha causa, como pensar sobre a minha mãe e falar sobre o meu pai não tinha sido capaz de fazer. Os portões estavam abertos, a ficha caiu, as paredes ruíram, e cada medo, desejo, sonho, pesadelo que eu já tive escorreu diante de mim. Isso não era sentir uma coisa, isso era sentir todas as coisas que eu tinha reprimido por tanto tempo, e foi o suficiente para me deixar de joelhos. Eu parei de respirar, parei de pensar, e deixei fluir tudo o que eu tinha tentado tão duramente, por tanto tempo fingir que não existia, me levar embora. Zeb tinha muito a perder e eu me recusava a ser o catalisador para ele. Eu não poderia lhe custar Hyde ou um futuro. Se eu fizesse isso, eu mereceria cada palavra horrível, odiosa que meu pai tinha apontado para mim. O desprezo e escárnio que tinham sido diários finalmente ganhariam e eu não poderia respeitar isso. Nem por um segundo. Antigas palavras sobre mérito e valor, por não ser o suficiente, começou a arrastar dedos gelados ao longo da minha espinha. Eu sabia como era crescer sem um pingo de amor e não havia possibilidade de colocar Hyde nessa posição. Eu nunca faria Zeb se sacrificar assim por mim. Eu enrolei minha mão sobre o músculo grosso tanto para me manter firme como para tornar possível para eu falar diretamente em seu ouvido. Minha voz estava trêmula e rouca, mas ele estava tão concentrado no homem que ele queria machucar, que eu duvidava que ele pudesse notar isso. —Você tem muita coisa a perder para balançar esse cara aí como uma boneca de pano. Você não quer que alguém chame a polícia. Essa é a pior coisa que poderia acontecer quando você está tão perto de conseguir a custódia. O cara borbulhava enquanto Zeb apertava seu antebraço no pescoço dele e as suas vias aéreas. —Ele tinha as mãos em você. —Eu sei, mas eu tinha a situação sob controle. —Eu realmente não tinha, e agora estava ainda mais sem controle do que antes. Mas havia mais em jogo do que esse idiota bêbado e o instinto natural de Zeb para proteger aqueles com quem ele se importava. Meus machucados desapareceriam, mas se ele perdesse Hyde por algo estúpido... eu nunca poderia viver com esse tipo de consequência. —Solte-o. Por favor. —Eu estava implorando e à beira das lágrimas. Eu


podia sentir o desespero para tirá-lo daqui me puxando com as mãos. Eu senti um pouquinho da tensão afrouxar em seus ombros e de repente ele deu um passo para trás e soltou o homem desgrenhado no chão, que caiu num monte abalado e aterrorizado. —Mantenha suas mãos para si mesmo, idiota. O cara piscou para nós em silêncio e depois balançou a cabeça lentamente. Eu coloquei a mão no centro das costas de Zeb e quis chorar quando ele sacudiu ao toque. É por isso que as emoções eram perigosas. Elas doíam tanto e havia muito para manipular. Eu podia sentir as minhas arrebentando e quebrando ao meu redor. Ele andou pela multidão comigo no seu encalço até que encontrou Church. —Um idiota bêbado acabou de maltratá-la no corredor. Ele estava a sacudindo e tinha as mãos sobre ela. Ele não a soltava. Church endureceu e acenou com a cabeça, os olhos incomuns e solenes na direção em que Zeb apontou. —Sua camisa está meia aberta e ele tem uma gravata vermelha. O filho da puta tem sorte que eu não o estrangulei por isso. —Eu vou até ele. Vamos expulsá-lo. Você quer que eu chame a polícia? —Não. —Eu coloquei a minha cabeça por trás das costas de Zeb e balancei freneticamente. —Estou bem. Não chame a polícia. —Tem certeza? —Church cruzou os braços sobre o peito, e se a situação fosse diferente, eu teria tomado um momento para apreciar a forma como eles incharam na camiseta preta. Ele realmente era um homem extraordinariamente belo e intenso. —Tenho certeza. Vamos embora, Zeb. Houve uma troca de grunhidos masculinos que aparentemente se comunicavam além do meu conhecimento e então eu fui arrastada e enclausurada no banco da frente da caminhonete, e envolta em um silêncio sepulcral enquanto Zeb fervia ao meu lado. Eu só pude aguentar por alguns minutos antes de deixar escapar: —Eu sinto muito. Sua cabeça virou tão rápido que eu fiquei chocada que a caminhonete não saiu da estrada. —Pelo quê? Dei de ombros. —Por tudo. —Por não lidar com isso melhor. Por pensar que eu poderia fazer isso e sair ilesa. Por não ser capaz de ser tão apaixonada e amorosa como ele era. Por não ser


corajosa o suficiente para confiar nele para trazer a vida para o meu coração maltratado e enrugado, como ele tinha feito com a minha casa. —Eu não suporto ver homens com as mãos sobre as mulheres. É um botão de iniciar para mim. —Eu sabia que era. Tinha que ser depois do que aconteceu com sua irmã. —Estava tudo bem. Eu estava bem. Eu estava lidando com isso. Você tem muito em jogo neste momento para vir me regatar assim. Ele rosnou baixo em sua garganta e eu vi suas mãos ficarem brancas no volante. —Quando você diz merdas assim, faz você parecer como minha advogada, não minha amante. Sempre que alguém te machucar, ameaçar você, ou fazer você ter medo, eu vou interferir, Sayer. Eu me preocupo com você... eu am... Eu o interrompi antes que ele pudesse terminar o pensamento. Eu não podia ouvir isso. Se eu o deixasse dizer esse dilúvio, isso me lavaria. Eu respirei fundo, recolhi os pedaços esfarrapados de minha concha em torno de mim, e me preparei para fazer o que eu sabia que deveria ter feito desde o início para nos manter seguros. Estendi a mão e a coloquei em sua perna e esperei até que ele virou a cabeça para olhar para mim. —Eu sou a sua advogada, Zeb. Eu quero o que é melhor para você e seu filho. —Parecia que o mais tarde tinha chegado para nós mais cedo do que tínhamos pensado. Eu sabia como ser sua advogada e me dar inteiramente a isso. Eu não ia deixá-lo arriscar nada por mim. Não o seu coração. Nem seu filho. Nem seu futuro... nada, não quando eu não podia lhe oferecer nada em troca. Foi num silêncio mortal que fizemos o resto do caminho até a minha casa, e quando ele parou na garagem e desligou o motor, eu sabia que este adeus doeria mais do que qualquer outro que eu já tinha dito antes. Seus olhos verdes estavam escuros pelas coisas dolorosas e espinhosas, e eu podia sentir o impacto por toda a minha pele, de repente muito sensível. Ele soltou um suspiro tão pesado que atingiu a minha pele, parecia carregado com toda a esperança e os sonhos dele que eu tinha destruído. —Então é isso? Você quer ser minha advogada? Você quer resolver todos os problemas que você tem sozinha e lidar com qualquer um que tente machucá-la, mesmo que eu esteja aqui? Eu sei que tenho muito a perder se eu me meter em encrenca, Sayer. Eu entendo que há muita coisa em jogo; o que eu não entendo é como pode ignorar que você é uma dessas coisas pelas quais eu estou dando o máximo para ser melhor. —Suas sobrancelhas se ergueram. — Você me viu, todo eu, desde o início, Sayer. Por que é tão difícil para você acreditar que eu te vi, toda você, também? Ele ia me fazer chorar. Mordi meu lábio inferior e estendi a mão para a porta, mas antes que pudesse abri-la ele estava lá. Ele sempre estava lá, naquele lugar bem na minha frente que


parecia pertencer apenas a ele. Ele colocou as mãos em cada lado do meu rosto e eu o senti esfregar os dedos sobre meu rosto. Fiquei surpreendida com a umidade que seguiu a trilha que ele deixou. —Eu não sei mais o que fazer aqui, Say. Eu construí uma casa para você. Eu fiz amor com você. Eu te dei todas as cores e ajudei a celebrá-las. Eu a derreti uma e outra vez. Eu quero te dizer o quanto eu me importo com você... diga-me o que mais eu posso fazer? O mundo. Este homem grande, duro me deu o mundo e eu não podia fazer nada com ele. Pela primeira vez, eram minhas mãos que estavam muito frias, enquanto meu coração parecia estar queimando dentro do meu peito. Tantos sentimentos. Tanto medo. Era muito para compreender enquanto me agitava dentro da quantidade de sentimentos. Estendi a mão para a única coisa que parecia estável, que parecia enraizada no chão. Estendi a mão para ele. Eu enrolei minhas mãos em sua camisa, eu puxei sua boca até a minha. Sussurrei para ele que eu queria que entrasse comigo uma última vez, e eu fiz tudo isso sabendo que Zebulon Fuller seria o primeiro e último homem que eu beijei, porque eu estava mudando, escorregando e deslizando para ser uma pessoa que eu não era antes, ou seria depois, mas que era uma mistura confusa de ambos. Ele merecia algo melhor do que isso. Eu era metade de uma mulher, perdida nos horrores do passado e metade de uma mulher que só agora descobria o que ela queria e precisava de sua própria vida. Ele merecia alguém inteiro e o seu filho também. Ele me destruiu com franqueza e honestidade gritante. Eu nos destruí por não ter nenhum espaço dentro de mim mesma. Mesmo que as emoções que eu estava prendendo e asfixiando, deixasse um espaço oco e vazio, eu ainda não conseguia encontrar um lugar para acomodar todas essas coisas maravilhosas que ele estava tentando me dar.


CAPÍTULO 14 Zeb Ela me deu um beijo de adeus e eu a segui para dentro. Esta era uma daquelas excelentes oportunidades para eu praticar e refletir sobre as consequências de minhas ações, antes de mergulhar de forma imprudente no fundo do poço. Pena que eu não pararia, ou faria outra coisa senão me apaixonar ainda mais por ela. Era estúpido. Provavelmente ainda mais estúpido do que passar uma noite com a mãe de Hyde, quando eu estava desequilibrado depois de dois anos sem um pingo de liberdade. Ambas as experiências acabaram deixando para sempre marcas, de quem eu era e como eu amava. Eu sabia que Sayer partiria meu coração e eu estava de bom grado a deixando fazer isso. Ela estava tão fria, sua pele como gelo em todos os lugares em que nos tocávamos. No interior ela era um inferno, uma tempestade furiosa de muitas emoções, fazendo com que seus olhos normalmente claros ficassem nublados e selvagens. Mais uma vez eu achava que ela era uma tempestade, uma tempestade que me destruiria e me arruinaria, e eu queria que ela me aniquilasse. Tudo o que eu já havia sentido por ela de bom, mau, incerto, limpo e sujo, inflamou em chamas que queriam atravessar a minha pele, a fim de tê-la. Ela se derreteria completamente para mim agora, porque não havia mais paredes geladas me afastando dela. Eu tinha feito o trabalho duro, abri espaço para mim e para meu filho em sua vida, reorganizei um espaço que era só meu; agora ela teria que descobrir como se livrar de toda essa sucata para que eu pudesse legitimamente reivindicar o resto que me pertencia. Eu abri os botões da minha camisa de flanela, logo que a porta do quarto se fechou atrás de mim. Eu a deixaria nessa casa que eu tinha construído só para ela e gostaria de deixar o máximo que eu pudesse de mim, para trás, com ela e mesmo que ela quisesse, não poderia me esquecer e não poderia ignorar que eu sabia o que significávamos um para o outro. Eu vi com as pálpebras pesadas quando ela tirou o blazer e se virou para mim enquanto tirava o resto de sua roupa. Ela era linda e isso tudo era tão trágico. Eu disse a mim mesmo para virar e sair antes que as coisas ficassem ainda mais complicadas e fodidas entre nós. Mas então sua camisa saiu e seu sutiã bateu no chão, suas mãos estavam de repente sob a camiseta que eu usava sob a camisa de flanela. Seu toque era firme e muito mais direto do que normalmente era quando ela colocava as mãos em mim. Ela gostava de passar os dedos por cima de mim, gostava de explorar e acariciar com um leve toque. Parecia como se ela quisesse sugar alguma coisa. Como se quisesse se segurar em mim, quando era ela a pessoa que estava me afastando com ambas as mãos. Antes que eu percebesse, ela tinha aberto minha calça e a estava descendo junto com minha cueca. Mesmo que minha cabeça e meu coração soubessem que este era um adeus, meu pau não pareceu se


preocupar com o desgosto iminente. Ele ansiosamente caiu em suas mãos esperando que ela olhasse para mim com aqueles olhos turbulentos. Não havia tempestade presa lá dentro. Estava feio e destruído. Batendo contra o interior dela em ondas intermináveis, e quase me matou por ser algo que eu não tinha as habilidades ou conhecimento para corrigir. Não havia reparação para Sayer Cole. Ela tinha que derrubar tudo e reconstruir a partir do zero. Eu já estava vazio por essa mulher. Não havia nada mais que eu pudesse oferecer ou criar para ela, então eu saí de seu alcance, o que a fez gemer um pouco e meu pau realmente ficou chateado comigo, coloquei minhas mãos em seus ombros para que eu pudesse virá-la de modo que ela ficasse de costas para mim. Eu não tinha certeza se poderia sair dessa vivo com aqueles olhos tumultuosos implorando para eu tornar tudo melhor. Eu tinha feito tudo o que podia. Agora era a vez dela. Eu abri o fecho de sua calça e deslizei o tecido cinza-carvão para baixo em suas longas pernas. Assim como eu suspeitava quando eu apostei com ela no shopping sobre sua roupa íntima, elas eram um turquesa profundo e muito do meu gosto. Eu as tirei dela, sem virá-la para me encarar, e deslizei minha mão em volta de seu pescoço. Seu cabelo ainda estava preso e amarrado no topo de sua cabeça, a pele exposta a fez parecer um pouco mais vulnerável do que ela realmente era. Eu beijei seu ombro nu. Eu lambi a veia que pulsava meu nome ao lado de seu pescoço. Corri o meu nariz ao longo da doce curva de sua mandíbula e me aproximei ainda mais para que eu pudesse sussurrar em seu ouvido: —Quando isso acabar, e eu sair por aquela porta, eu vou te dizer que eu te amo. Ela ficou rígida com meu peito pressionado em suas costas e tentou virar para olhar para mim. Eu não iria deixá-la. Eu coloquei uma mão por debaixo do seu braço e circulei seu tronco para que eu pudesse preencher a palma da minha mão com o seu peito. A ponta rosa delicada imediatamente enrugou e afundou na minha pele. Eu usei meus quadris para apontar para a beira da cama já que as minhas pernas ainda estavam meio presas na minha calça. Eu não tinha intenção de ficar mais nu. Eu a amava, mas eu não podia fazer amor com ela agora. Eu estava muito chateado. Chateado com ela. Chateado comigo mesmo por segui-la para dentro, quando eu sabia que acabaria em tristeza. E basicamente chateado com toda a situação. Nós merecíamos ser felizes. Merecíamos por fazer este trabalho. Enfureceu-me não poder simplesmente forçar as coisas a serem do jeito que eu queria. Eu estava acostumado que a minha persistência e teimosia me conseguissem o que eu queria. Ela obedeceu a minha ordem silenciosa para chegar até a cama, na minha frente e de joelhos. A posição fez essa bunda deliciosa apontar no ar e sua entrada já lisa e brilhante ficar perfeitamente alinhada ao local onde o meu pau apontava. Ela cruzou os braços e apoiou a testa na cama, incapaz, penso eu, de olhar para mim depois do que eu disse a ela. Eu a amava. Quem quer que ela fosse e quem ela decidisse ser, mas eu não poderia estar apaixonado por ela, até que ela tivesse espaço dentro de si para me amar também. Eu deslizei meus dedos para cima e para baixo em sua coluna e espalmei a curva de seu


quadril. Eu queria bater nela. Eu queria puxar seu cabelo e usar meus dentes em toda essa pele delicada. Eu queria raspar meu rosto através de cada centímetro pálido de pele e deixar marcas com a minha barba. Eu queria usar a minha língua para atormentá-la, trazê-la para a beira do prazer e em seguida afastá-la para longe, como tinha feito com todo o amor que eu tinha por ela. Eu queria usar tudo o que normalmente lhe trazia prazer para lhe causar dor. Eu estava sofrendo e eu sabia que ela também. A diferença era que ela tinha o poder de fazer tudo parar. Toda a dor estava em suas mãos, ela só tinha que enterrar e se agarrar às outras coisas que eu estava tentando dar, coisas como o amor e o para sempre. Cravei os dedos de uma mão em seu quadril e deixei os outros rastrearem essas covinhas na base de sua coluna que eu era tão apaixonado. Deslizei meu toque pela curva suave de sua bunda e não brinquei quando cheguei ao seu sexo que já estava quente e implorando. Eu mergulhei direto, rodei vários dedos ao redor, e disse-lhe para ficar quieta quando ela empurrou um pouco com a invasão repentina de seu corpo. Não foi muito agradável. Não foi fácil ou romântico de qualquer maneira, mas eu estava me sentindo muito dividido entre ser aberto e desagradável. Um adeus como este não deveria ser fácil para qualquer um de nós, eu supunha. Ela estava tão quente e macia sob o meu toque. Tão o oposto de tudo o que estava trancado quando ela olhava para mim. Ela era suave e doce enquanto se movia com meus dedos a acariciando. Ela moveu para levantar a cabeça e eu sabia que ela me olharia por cima do ombro e eu não seria capaz de negar a conexão, a força para tentar nos salvar do afogamento que a corrente dentro dela nos puxava, mais e mais. Eu deixei seu quadril e inclinei para enterrar minha mão em seu cabelo. Puxei com pouca finesse, enviando a fita e um milhão de grampos pela a cama e no chão. As mechas loiras caíram em ondas intermináveis, pelos seus ombros e em minha mão. Agarrei um punhado e usei para mantê-la onde eu queria, que era o mais longe possível de mim, embora meus dedos estivessem dentro dela e meu pau estivesse feliz em esfregar na fenda que seu traseiro, perfeitamente formado, oferecia. Senti murmurar um som de aflição quando a fivela do meu cinto atingiu a traseira de suas pernas, mas eu ainda não tinha acabado o que estava fazendo com ela. Poderíamos estar angustiados, do meu ponto de vista. Ela começou a fazer pequenos ruídos na garganta, e eu podia sentir seu corpo arrepiar e tencionar onde eu manipulava. Ela estava perto de gozar, perto de me deixar dar a última coisa que eu podia, prazer e memórias, e eu sabia que me arrependeria se eu desse isso sem estar dentro dela para compartilhar. Tirei meus dedos de seu núcleo agora pingando e a puxei para mais perto da borda da cama. Isso fez sua bunda levantar ainda mais no ar e levou muito pouco esforço para me afundar profundamente dentro do seu calor escaldante. Eu senti os seus músculos contraírem em minha volta, meus olhos quase estouraram com quão boa ela parecia. Posso não gostar de nenhum de nós no momento, mas não havia como negar que eu sempre amaria isso. Adorar o seu corpo com o meu nunca seria uma coisa feia ou brutal. Não havia punição quando estávamos juntos, apenas a aceitação e beleza. Eu era um idiota por pensar o contrário.


Vapor... fogo e gelo faziam vapor. Isso fervia e infiltrava em nós, borbulhava violenta e ferozmente. Eu não podia suportar mais a distância. Não podia lidar com transar com ela e não estar com ela enquanto eu fazia isso. Então eu usei o agarre que eu tinha no cabelo dela para puxála para cima, para que suas costas pressionassem na minha frente e assim, quando ela virou a cabeça para olhar para mim, os olhos estavam apenas a alguns milímetros de distância. Ela estava chorando. Grandes, grossas lágrimas rolavam de seus olhos, uma após a outra. Eu coloquei uma mão em seu seio e apertei a outra sobre o coração dela para que eu pudesse senti-lo bater o meu nome em código. Eu abrandei o ritmo com que eu estava entrando e saindo. Diminuí meu furor tocando levemente meus lábios nos dela. Eu desacelerei o meu coração ao perceber que aquelas lágrimas era o gelo que estava sempre envolto nela, se diluindo. Havia esperança. Era pequena. Era fugaz. Isso se escondia atrás de tantas outras coisas que pareciam muito mais importantes. Mas estava lá e não seria ignorado. Beijei-a de verdade. Beijei com tudo o que eu tinha. Beijei com o desespero e medo que eu tinha sentido a primeira vez que nossos lábios se tocaram. Beijei com força e a fúria, para isso eu sabia que ela abriria. Ela me beijou de volta da mesma maneira. Era uma colisão de lábios e dentes. Foi um duelo de línguas e corações batendo. Foi escorregadio e confuso de todas as melhores maneiras, eu imitava o movimento que meus quadris estavam fazendo, enquanto eu penetrava nela cada vez mais forte, com ela gemendo e agarrando a parte de trás da minha cabeça como se eu fosse sua tábua de salvação. Eu não era. Ela tinha que se salvar, mas eu estaria à espera na praia para pegá-la quando ela conseguisse, quando a tempestade em que ela foi pega diminuísse e os ventos uivantes que chicoteavam suas emoções morressem dentro dela. Rolei seu mamilo enrugado entre meus dedos e depois circulei com o polegar. Ela ofegou em minha boca e uma de suas mãos se agitou sobre a minha onde eu ainda estava segurando seu coração. Eu peguei a mão livre e arrastei sobre a superfície plana de seu estômago até que nós dois estávamos no ápice. Eu sabia como tocá-la agora, como fazê-la se soltar e se abrir, apenas com a simples sugestão da minha pressão. Eu conhecia todos os seus locais secretos de prazer e como manipulá-los para fazê-la quebrar para mim. —Eu ainda quero ver, mas não hoje. Hoje eu só quero sentir. Eu quero que você nos sinta e entenda o que você está desistindo. Ela fez um ruído estrangulado em sua garganta quando eu disse a ela para colocar os dedos em volta de onde eu estava me dirigindo para dentro e fora de seu corpo. A estimulação adicionada ao seu toque e o aperto suave que ela acrescentou, fez os meus olhos revirarem, enquanto eu usava o meu dedo indicador para circundar seu clitóris. Tudo entre nós estava atado com tanta força e pronto para agarrar que nenhum de nós realmente necessitava de estímulo extra, mas porra, parecia tão bom.


Seus dedos a abriram amplamente e tudo estava molhado e quente quando eu senti a minha frequência cardíaca disparar e o prazer quase me fez ficar de joelhos. Eu apliquei ainda mais pressão, usando um toque mais firme do que eu normalmente faria naquela pequena saliência sensível que estava cantando sob meus dedos, e continuei a comer sua boca como se fosse a minha última refeição. Suas unhas agarraram em volta do meu crânio e ela virou a cabeça para trás para que pudesse gritar meu nome. Ela não era muito de gritar quando fazíamos sexo, geralmente apenas me chamava com sussurros suaves e gemidos que me faziam sentir como se eu fosse o rei dos lençóis. Mas o grito... Deus... o grito ensurdecedor de chacoalhar o cérebro era o som mais bonito que eu já ouvi. Meu nome nunca soou melhor. Ela se entregou agora e eu sabia que não havia nenhuma maneira dela negar depois de desmoronar assim. Eu a deixei ir e ela se dobrou para frente de forma que eu pude recuperar meu aperto louco nos quadris dela e montá-la com força. Não demorou muito, com o meu nome ainda cantando nos meus ouvidos e seu corpo, gozei desesperado. Eu gozei tão forte que a minha visão escureceu. Eu gozei tão forte que meus joelhos tremiam e eu quase caí de costa. Eu gozei tão forte que eu senti meus dentes cerrarem. Eu gozei com tanta força que eu sabia que ela estaria me sentindo por dias e dias, depois que eu tivesse ido embora, porque eu estaria a sentindo. Quando minha respiração voltou ao normal e pude enxergar de novo, eu passei minhas mãos nos lados da sua coluna e pelo seu cabelo agora ridiculamente embaraçado, para que eu pudesse sair dela e beijá-la na nuca. O desespero estava lá novamente quando eu separei nossos corpos cansados, mas desta vez não parecia que ele me esmagaria. Dei um passo para trás na borda da cama e levantei minha calça, enquanto ela rolava de costas e olhava diretamente para o teto. Ela estava tão bonita despenteada e desarrumada pelas minhas mãos e boca. Seu peito estava corado, os seios ainda tinham marcas das minhas mãos, e onde suas pernas estavam ligeiramente espalhadas, brilhava o nosso adeus vazando de seu corpo. Ela levantou as mãos e enrolou-as em torno de sua garganta enquanto continuava a olhar para o teto. Era como se ela estivesse tentando segurar um grito. Mas não havia volta. Nós dois ouvimos. —O que quase aconteceu hoje... eu jamais poderia ser a razão de você perder o menino. Eu não posso ser a pessoa egoísta, irresponsável que meu pai passou a vida inteira tentando me convencer que eu era. Pisquei, um pouco atordoado com sua revelação tranquila, e me inclinei para que eu pudesse pegar minha camisa do chão.


—Você nunca poderia ser irresponsável ou egoísta, Sayer. Você não tem um pingo disso dentro de você. —Passei minhas mãos pelo meu cabelo e parei para dar um puxão, forte o suficiente para trazer lágrimas aos meus olhos. —Você quer ser um robô sem emoção, o que você foi obrigada a ser para sobreviver a seu pai e a morte de sua mãe, agora, é uma escolha que você está conscientemente fazendo, sabendo que existem outras opções. Isso é o que você está escolhendo, em vez disso você poderia me escolher, poderia nos escolher. Eu sei que é um risco, mas é um risco que nos colocaria juntos. —Eu suspirei para ela enquanto vestia minha camisa, sem me preocupar em tentar encontrar a minha camiseta. —Eu amo você e você sabe disso. O que você escolhe fazer com isso também é sua escolha. Eu vi suas mãos apertarem reflexivamente onde ela ainda estava segurando seu pescoço e me perguntei se todas aquelas emoções que ela manteve reprimidas e presas dentro estavam subindo para sufocá-la. Dei o passo que faltava para fazer meus joelhos tocarem os dela e me curvei para que eu pudesse colocar minhas mãos em cada lado de sua cabeça. Fiquei olhando para ela, enquanto ela continuava a chorar e olhando para mim com aqueles olhos marejados. Parte do iceberg se rompeu e as bordas irregulares a dividiam em pedaços. Eu toquei meus lábios em sua testa e sussurrei contra sua pele: —Eu escolhi você, Sayer. Amante, advogada e toda a merda entre isso, eu a escolhi. Nos escolhi. Quando estiver pronta para aceitar isso, venha me encontrar. —Eu me afastei dela e lhe dei um sorriso trêmulo que não tinha nenhuma alegria ou humor. —Vejo você no tribunal. O desafio foi jogado, a minha última mão tinha sido jogada. Agora tudo que eu podia fazer era amá-la e deixá-la. *** Eu gostei do namorado de Beryl. Wes era um cara descontraído e ele não parecia incomodado pelo meu humor azedo ou o fato de que eu tinha um grude de cinco anos de idade ao meu lado. Fiquei surpreso com o quão tímido Hyde ficou, quando toda a família se reuniu para um brunch no domingo. Poderia ter sido a forma como a minha mãe caiu em prantos no segundo em que ela o viu e não conseguia parar de esfregar o topo de sua cabeça, ou se curvar para abraçá-lo. Ou talvez tenha sido depois que todos comeram, minha mãe e irmã lhe presentearam com um exército de brinquedos, que era mais do que suficiente para compensar cada Natal e aniversário que tínhamos perdido com ele. Não havia nenhuma maneira de que meu apartamento fosse considerado ideal para crianças, depois que arrastasse tudo isso para casa com ele. Eu ficava perguntando ao menino se tudo estava bem e ele acenava para mim e não dizia nada. Finalmente, depois de todos acabarem com a sobremesa, Joss o arrastou para ir assistir a um filme da Disney com ela na sala, enquanto Wes e eu cuidávamos dos pratos na cozinha. Beryl estava dividida entre manter um olho nas crianças e ter certeza de que eu não


fazia nada para envergonhá-la agora que ela tinha trazido oficialmente seu homem para casa, para conhecer a família. Por volta da quinta vez que ela colocou a cabeça na cozinha para perguntar se precisávamos de ajuda, tive a certeza de que ela me pegou retransmitindo a história mais embaraçosa que eu poderia pensar de quando ela estava na escola. Era sobre ela se esgueirando no meio do inverno para se encontrar com um vizinho, ficar trancada para fora de casa por acidente, e quase congelar porque ela estava com muito medo de tocar a campainha e deixar a nossa mãe saber onde ela estava. Eu disse a ele que a minha irmã sempre tinha assumido riscos, quando se tratava de homens e raramente eles valiam a pena. Ela olhou para mim quando Wes riu, mas havia peso nas minhas palavras sob o humor e meu significado era claro. Não seja um risco que ela lamente. Wes me entregou uma pilha de pratos para secar e se inclinou sobre o balcão para que pudesse me encarar. —Eu nunca me esforcei tanto na minha vida, como tenho para ela me dar uma chance. Ela é linda, mas era mais do que isso desde o início. Eu sabia que ela era especial, ela me fazia sentir especial por estar ao seu lado. Isso não é algo que você desiste facilmente. Não, não era. Tinham passado apenas alguns dias e eu sentia o peso da perda por me afastar de Sayer a cada respiração que eu dava e em cada movimento que eu fazia. Ela estava em meus ossos, amarrada de modo irrevogável à minha estrutura e a sua ausência me fazia sentir como se eu estivesse desmoronando. Eu também estava de volta ao inferno, com um humor de merda por causa da loira intocável. —E Joss. —Ele balançou a cabeça com uma risada e seus olhos brilharam quando ele falou sobre a minha sobrinha. —Essa garota é outra coisa. A vida nela é incrível e você nunca sabe o que vai sair de sua boca. Eu bufei e soltei os pratos para poder adotar uma pose semelhante à sua. —Normalmente, algo que não deveria sair. Ela é problema, e conforme ela fica mais velha, isso só piora. Beryl vai ter que tomar todo cuidado. —Bem, espero que ela não seja a única. Eu planejo ficar por aqui, Zeb. Eu estou nisto em longo prazo. Eu quero que elas sejam minhas meninas. Eu o considerei cuidadosamente e silenciosamente por um longo tempo. Eu poderia dizer que a minha falta de resposta o deixou nervoso, porque ele trocou de um pé para o outro. Eu era uns quinze centímetros mais alto do que ele, provavelmente mais pesado que ele uns trinta quilos e eu sabia que ele tinha conhecimento do meu passado. Mas ele não vacilou ou desviou o olhar. Ele apenas me disse baixinho: —Eu não estou pedindo para você desistir delas, mas eu quero que você as compartilhe comigo. Mergulhei meu queixo para baixo em um aceno bobo.


—Contanto que você as trate bem e elas queiram você, eu estou feliz em compartilhar. Faça minha irmã feliz e tente manter a minha sobrinha longe de problemas, isso é tudo que eu peço. Ele riu. —Nenhuma dessas coisas é uma tarefa fácil, mas eu vou dar o meu melhor a partir daqui até a eternidade. O cara realmente amava as minhas meninas, e eu estaria mentindo se dissesse que não doeu um pouco quão fácil parecia ser para eles. Eu sabia que não era o caso; Beryl tinha sido marcada e ficou tão mal quanto Sayer tinha ficado, mas a minha irmã queria mais, então ela deixou o passado partir. Sayer parecia estar o segurando com um aperto de morte. Se eu pudesse conseguir que ela soltasse, eu poderia ter tudo o que queria: a mulher, meu filho, a casa dos sonhos e uma vida com todas essas coisas juntas. Após os pratos serem limpos, fomos ver o resto do filme com os outros. Hyde estava enrolado no lado da minha mãe, e eu acho que ele não tinha ideia de que o simples gesto a fazria chorar. Era tão simples e tão importante ele estar aqui com todos nós. Ele era nosso e se encaixava bem. Ele ainda estava tranquilo quando eu coloquei seu casaco e seu novo gorro do Batman e carreguei-o para seu assento na minha caminhonete. Haveria neve no chão em breve e isso significava que meu bebê teria que ir para a garagem no inverno. Ela era bonita, mas ela com certeza não gostava de ter as rodas sujas, ela era a única menina na rua que poderia fazer o assento de segurança para uma criança parecer malvado. Alcancei o banco e toquei meu filho na nuca e lhe dei um pequeno aperto. Ele podia não querer falar na frente de todos os outros, mas eu sabia que quando estivéssemos sozinhos ele contaria porque estava tão mal-humorado e distante hoje. —Por que está tão quieto, amigo? A vovó estava tão feliz em conhecê-lo, e Joss conversou sobre o jogo com você durante toda a semana. Ele encolheu os ombros minúsculos e chutou seus pés como ele fazia quando algo o estava incomodando. Como se pensando, ele mordeu seu lábio inferior e olhou para fora da janela. —Você pode me dizer, Hyde. Você pode me dizer qualquer coisa, e se você não quer me dizer o que está incomodando você, tudo bem também, contanto que você saiba que eu só quero ajudar se puder. Ele ficou em silêncio por mais alguns minutos e, em seguida, virou-se para que pudesse olhar para mim. —Vou ficar com você em breve, certo?


Eu apertei o pescoço novamente. —Pode apostar. Este é o último fim de semana, que a gente sai durante o dia e em seguida, você começa a vir passar a noite na minha casa. Não todos os dias ainda, mas isso vai acontecer muito em breve. —Ok. —Sua voz soava fraca e imperceptível. Quando eu olhei para ele, ele parecia estar segurando as lágrimas. —Ei, se você não está pronto para vir ficar comigo não é obrigado, Hyde. Eu quero você comigo, mas você tem que estar bem com isso. —Isso era um pouco pesado para uma criança de cinco anos de idade, mas eu não tinha certeza do que estava errado com ele. —Vou esperar até que esteja pronto. —Parecia que eu tinha que esperar por todos que eu gostava estarem prontos para mim. Ele levantou uma mão e esfregou-a sobre os olhos. Espalmei a parte de trás de sua cabeça e pensei em parar ao lado da estrada para que eu pudesse lhe dar um abraço. —Você vai me deixar sozinho em sua casa quando eu vier? Minha mãe costumava me deixar sozinho o tempo todo e era assustador. Eu odiava o escuro e tinha fome. Tia Echo vinha e me levava para o seu apartamento, então eu não sentia mais medo. Você me leva a lugares o tempo todo, e as pessoas estão sempre por perto, então você não pode me deixar sozinho. Eu não gosto de ficar sozinho. Pense numa faca indo direto no coração. Eu tive que encostar porque eu estava tremendo tanto e estava tão cheio de pesar e ira que eu mal podia responder a ele. Demoraram uns dois minutos de respiração profunda, me falando mentalmente para me acalmar antes que eu pudesse responder. Eu tive muita sorte dele ter sobrevivido à negligência de sua mãe. Eu tive além de muita sorte por ter a chance de amá-lo e cuidar dele. —Eu não vou deixá-lo sozinho, Hyde. Eu não vou deixá-lo sozinho em minha casa ou em qualquer outro lugar. Na verdade, se você alguma vez se sentir sozinho eu vou lhe mostrar como usar o meu telefone e você pode chamar sua tia Echo, você pode chamar sua tia Beryl e Joss, e você pode chamar sua avó, porque mesmo que eu esteja lá, você ainda pode se sentir solitário, ok? Ele balançou a cabeça e fungou. Esfregou os olhos e piscou os cílios que estavam cheios de lágrimas para mim. —E quanto a Sayer? Posso chamá-la se eu me sentir sozinho? O garoto me mataria. —Você quer chamar Sayer? Ele deu de ombros novamente, mas desta vez ele tinha um sorriso na boca e essa covinha que combinava com a minha em sua bochecha.


—Ela é muito bonita e agradável. Ela cheira bem e brinca comigo. Ela é uma princesa e eu gosto dela. Eu engoli um gemido. Ela era todas essas coisas... bem, talvez não uma princesa, mas deixando isso de lado, eu gostava quando ela brincava comigo, também. —Eu gosto dela também e eu tenho certeza de que ela ficaria feliz em falar com você, se você estiver se sentindo solitário. Ela realmente quer que você seja feliz. Ele balançou a cabeça como um pequeno adulto e me deu um sorriso grande. —Ela quer que você seja feliz, também. Ela me disse. Eu levantei minhas sobrancelhas para ele e coloquei a caminhonete de volta na rua, para que eu não chegasse atrasado ao levá-lo de volta ao lar adotivo. —Ela quer? O que ela te disse? —Humm... —Ele chutou seus pés novamente e riu de mim quando eu rosnei para ele, porque ele estava batendo no queixo como se ele estivesse pensando muito sobre a resposta. Ele riu incontrolavelmente quando eu estendi a mão e fiz cócegas nas costelas com o meu dedo indicador até que ele suspirou. —Ok, ok! Ela apenas disse que estava se esforçando muito para ter certeza de que eu fosse para casa com você, porque isso era o melhor para nós dois. Ela disse que eu te fiz feliz, isso me deixou feliz e a fazia feliz também. Cinco anos de lógica no seu melhor. —Você me faz feliz, garoto. —Você me faz feliz também, Zeb. Nós apenas precisávamos conquistar o terceiro membro desse tripé de felicidade, junto com todas as coisas boas que estávamos sentindo, para que pudéssemos estar completos. —Quando ela lhe contou tudo isso? Ele encolheu os ombros. —Quando ela vem para casa, para brincar comigo. Ela está sempre bem vestida. O que significava que ela deve ter parado por lá depois do trabalho para vê-lo. Eu não queria sentir ciúmes do meu filho, mas eu meio que estava. Ela pode não saber ou estar disposta a admitir, mas ela nos escolheria... a nós dois. Suas ações diziam isso. Novamente aquela pequena centelha de esperança, aquela coisa que eu estava agarrado com toda a força em mim, pulsou brilhando.


CAPÍTULO 15 Sayer Fazia quase um mês desde que Zeb saiu do meu quarto, me deixando arrasada e em uma poça de miséria que era inteiramente de minha própria autoria. Eu estava me afogando com cada escolha que levou a esse ponto, e em cada palavra que pronunciou para mim enquanto saía de perto, me comprimia com suas verdades duras. Eu ainda tinha que falar com ele sobre o caso. O tribunal queria que o Serviço Social verificasse o seu apartamento antes de Hyde ir passar a noite, e eu senti como uma pedra atingindo o meu coração quando ele me disse que eles poderiam vir e que ele não achava necessário eu estar lá durante a visita. Ele respondeu a cada mensagem que lhe enviei perguntando sobre como Hyde estava se estabelecendo com uma palavra como: “bem”, “ok”, “bom”. Cada e-mail que enviei, perguntando se ele já tinha falado com o distrito escolar e se certificou de que os registros de vacinação de Hyde foram atualizados, ele respondeu apenas com as cópias dos documentos que eu precisaria mostrar se o tribunal solicitasse provas sobre como Zeb estava sendo como um pai. Eu entendia que ele teve que se afastar porque eu não lhe dei outra opção. Eu entendia que eu não tinha lhe dado nada para continuar lutando, mas a perda ainda doía. Eu sabia que o espaço que ele criou para si mesmo dentro da minha vida e meu coração, não seria preenchido com qualquer outra coisa e eu me tornei dolorosamente consciente de que sozinha e solitária eram dois monstros diferentes. Ficar sozinha não era tão mal quanto parecia, nada se comparava a se sentir só. Sozinha, era vazio e cavernoso. Espalhava dentro de mim, nunca terminava, e a dor que ecoava era vazia e sem brilho. Solitária era exatamente o oposto. Solitária, me enchia ao ponto de explodir. Havia tanto disso que eu não tinha ideia de como não rompia através da minha pele. Solitária gritava alto e sem fim nos meus ouvidos. Um grito estridente, feio, com culpa, desejo, medo e fúria. Também não havia nada maçante sobre ser solitária. Era quente, tão quente, em todos os lugares possíveis. E cutucava todas as feridas agora abertas e chorosas, enquanto sangrava por toda parte, e eu finalmente fui forçada a fazer algo sobre isso ou acabaria sangrando até a morte. Queria ser o tempo todo a garota que eu era quando estava com Zeb. Ela era quem eu estava escolhendo, e mesmo com essa decisão tomada, eu não tinha certeza de que passos eu tinha que dar para mantê-la sempre presente. Eu sabia que teria que colocar meu melhor equipamento de batalha para a audiência


final. Era a primeira vez que eu estaria vendo Zeb em semanas, e ele não estaria sozinho. Tanto sua mãe e irmã foram convocadas para ouvir o veredito final, então eu me senti em desvantagem, embora nós estivéssemos todos no mesmo lado nesta luta em particular. Eu sabia que precisava deixar a mulher, que eu estava tentando tão duramente ser, assumir a liderança se eu quisesse atravessar a audiência com o meu equilíbrio e profissionalismo intactos. Eu comprei uma roupa nova com a mesma vendedora ciumenta que tinha pairado sobre mim e Zeb no dia que compramos os lençóis, e tive uma enorme satisfação no fato de que ela relutantemente me disse que a cor roxa vibrante não parecia boa para muitas pessoas, mas em mim sim. Eu pensei que seus olhos saltariam de sua cabeça quando eu comprei uma camisa surpreendentemente amarela para usar por baixo. Talvez tenha sido muito, muito extravagante, mas eu não me importei... isso pareceu libertador. Eu também decidi que meu penteado longo e simples tinha que mudar. Tudo o que eu fazia com o meu cabelo era prendê-lo ou usar uma tiara. Eu queria algo simples. Mas eu merecia alguma confusão. Eu queria um pouco de confusão. Eu disse para a cabelereira cortar uns centímetros, enquanto eu estava no salão de beleza, e decidi colorir com diferentes tons de loiro. O resultado final ficou atraente e moderno. Muito mais vistoso e chamativo do que qualquer coisa que eu já tinha tentado usar antes. A máscara foi toda jogada fora, e a mulher que estava de frente para o mundo, sem ela, poderia não ter tudo planejado ainda, mas ela estava chegando lá. Mesmo que fosse através de pequenos passos como novas roupas coloridas e um novo penteado elegante. Quando o dia da audiência de custódia definitiva de Zeb chegou, eu me ofereci para fazer uma reunião antes do tribunal no meu escritório com todos, como tínhamos feito anteriormente, mas Zeb se recusou e me disse que ele e sua família me veriam apenas no tribunal. Ele parecia um estranho. Nada do seu humor fácil ou insinuações sensuais poderiam ser encontrados na sua voz profunda. Ele estava falando comigo como todos os meus outros clientes faziam e isso doeu. Não havia uma sugestão de nosso relacionamento anterior ou nada pessoal em seu tom. Vendo-o usar minhas próprias táticas comigo, me fez sentir um pouco como cair em um lago profundo de água gelada. O impacto foi chocante e meus membros rapidamente ficaram dormentes. Eu merecia, mas o frio ainda me balançou. Era muito mais fácil não sentir, fingir não se importar. A maré de emoções era livre e não havia como escapar quando elas subiam e desciam dentro de mim, à deriva e subindo em volta de Zeb como se ele fosse a força gravitacional que as controlava. Quando cheguei ao tribunal, vi a caminhonete de Zeb já estacionada na rua e isso fez meu coração pular. Eu não conseguia me lembrar de um tempo em minha vida quando eu queria tanto ver alguém. Nem mesmo quando me mudei para Denver e tinha começado a procurar por Rowdy. Eu só queria olhar para Zeb. Eu queria vê-lo e respirá-lo. Eu queria estar no turbilhão que ele criou em volta de si mesmo, que parecia tão seguro. Eu queria ouvir sua voz estrondosa e suas mãos alisarem a barba enquanto pensava sobre as coisas. Eu sentia saudade de todas as coisas boas sobre tê-lo na minha vida, mas das pequenas coisas especiais


que faziam de Zeb, apenas Zeb... eu estava morrendo por uma dose. Eu estava andando na frente do edifício, quando meu celular tocou. Parei para tirá-lo da minha bolsa, para o caso de ser do escritório chamando sobre algo que eu pudesse precisar antes do tribunal, mas eu quase deixei cair quando vi o familiar número de Seattle através da tela. Coloquei o telefone no meu ouvido. —Nathan? —Eu não poderia impedir o choque da minha voz. —Ahh... Ei, Sayer. Faz um tempo. Esse foi o eufemismo do ano. Eu dei-lhe o seu anel de volta, disse a ele que estava me mudando para o Colorado para encontrar meu irmão, e não tinha falado com ele desde então. Fazia um ano desde a última vez que ouvi sua voz. —Está tudo bem? Estou indo ao tribunal para um caso importante. Eu não tenho muito tempo para conversar. Ele riu sem humor e eu fui lembrada de por que nós nunca teríamos funcionado. —Você está sempre se dirigindo ao tribunal para um caso importante. Algumas coisas nunca mudam, eu acho. Eu não gostei que ele estivesse tentando me menosprezar, ou do que eu fazia, mas eu tinha partido o coração do rapaz, então eu percebi que ele estava autorizado a ser um pouco idiota. —O que você quer, Nathan? —Bem, eu sei que é um tiro no escuro, mas eu estou em Denver por alguns dias para me encontrar com um potencial novo cliente. Pensei se você gostaria de uma bebida e conversar. Eu quase tropecei em meus próprios pés com as suas palavras. Eu apertei meus dedos no meu celular e olhei para frente do edifício. Parecia que eu estava em pé numa encruzilhada, do meu passado e meu futuro, e se eu desse um passo errado eu acabaria por perder um e cair perigosamente no outro. Parei por um segundo, em vez de deixar escapar uma aceitação automática para ser educada. Eu não tinha particularmente gostado de sair com Nathan quando estava envolvida com ele. Não havia algo de errado com o cara, ele apenas não tinha sido tão interessante quanto o meu trabalho, e eu não tinha sentido particularmente a falta dele desde que nos separamos. Não estava morrendo de vontade de reencontrá-lo e passar uma hora estranha enquanto ele perguntava o que eu tinha feito, e eu tivesse que explicar que estava exatamente igual a quando eu saí de Seattle, exceto pelo fato de que agora eu tinha um irmão que eu amava, uma companheira de casa que eu protegeria com a minha vida, e um homem que me pertencia, mas eu estava com muito medo de amar de volta. Soltei um suspiro e respondi de forma honesta e sincera.


—Não. Eu realmente não quero conversar, Nathan. —Não havia nenhuma culpa, nenhuma preocupação ou recriminações, porque a mulher que eu era agora, a mulher que eu era quando eu estava com Zeb, não precisava se sentir mal por dizer não. Eu não queria vê-lo e meu instinto dizia que era mais fácil a fazer. Foi libertador dizer não com zero de preocupação quanto qual seria sua reação. Ele suspirou do outro lado do telefone e eu olhei para a tela do meu celular para ver que horas eram. Eu ainda tinha alguns minutos, mas o que estava esperando por mim no tribunal era muito mais importante do que a irritação de Nathan. —Deus, Sayer, você ainda é tão fria como o inverno. Eu me diverti um pouco porque eu não era mais. A mulher que eu era agora era tão quente e fria, sentia tudo, incluindo aborrecimento por ele ser egoísta o suficiente para pensar que seu tempo era mais valioso do que o meu. —Não, Nathan, eu não sou. O que eu sou é ocupada. —Você estava sempre ocupada. Isso foi o que nos impediu de realmente nos conectar. Suspirei pesadamente e fiz uma pausa enquanto chegava às portas da frente do tribunal. O que nos impediu de conectar foi o fato de que eu não o amava e ele não me amava... não o meu eu real de qualquer maneira. Um flash de rosa chamou minha atenção, e eu senti minha boca cair aberta em choque atordoada quando eu vi a mesma jovem que tinha visto dando a Quaid um passeio pelo inferno, na última vez em que estive aqui, romper porta a fora. Ela era muito bonita de perto, de uma forma surpreendentemente delicada que não combinava com a cor do cabelo chocante ou a torção de raiva em sua boca. Eu não conseguia distinguir a cor de seus olhos quando ela voou por mim, mas eu podia ver a maquiagem dos olhos borrada em seu rosto com as faixas distintas de lágrimas. Quaid estava em seus calcanhares, parecendo tão polido e profissional como sempre em um terno cinza escuro, exceto o fato de que seu cabelo estava em pé no topo da sua cabeça indo em mil direções como se tivesse sido puxado. Ele não pareceu me notar, e eu estava prestes a falar uma saudação quando o vi estender a mão e puxar a jovem por seu braço. Ele a girou, gritou algo que eu não pude entender, o que me fez querer interromper, porque ele estava obviamente, prestes a perder a calma. No entanto, quando comecei a falar, Quaid ergueu a mulher nas pontas dos pés até que eles estivessem alinhados e sua boca estava sobre a dela. Pisquei em estado de choque com a visão. Fiquei lá quando Quaid puxou a garota mais perto e ela relutantemente cedeu e fechou os braços ao redor de seus ombros largos. A cor. O arriscar-se. O mais do amor que as pessoas precisavam para ficarem juntas para sempre. O algo mais que fazia as pessoas se esforçarem para serem melhores, para as pessoas com quem sinceramente se preocupam. Quaid e o fogo de artifício de cabelo rosa pareciam serem tão errados juntos. Seu divórcio lhe tinha cansado e


o endurecido. Ela era jovem demais para ele e parecia tão desiludida. Sem mencionar que ela era sua cliente... sua cliente criminal, mas eu podia ver algo de especial na forma como ele lidava com ela, mesmo que ela o empurrasse e depois lhe desse um tapa no seu rosto muito bonito antes do assédio; havia mais entre eles. Era vibrante. E provocava a vida e me fez invejar o que eu tive de bom grado e me afastei. Eu sentia falta de estar com Zeb. —Sayer? —Eu tinha esquecido Nathan, do outro lado do telefone e entrei no edifício antes que Quaid pudesse me ver testemunhar o seu momento quente com a menina. Estava um pouco abalada e não sabia realmente o porquê. —Estou me preparando para passar pela segurança. Eu tenho que ir. Espero sinceramente que um dia você encontre alguém que faça você querer fazer mais, Nathan. Eu não me preocupei em explicar nada além disso. Ele murmurou um amargo adeus, e desliguei para que eu pudesse passar tudo pelo do raio-X e caminhar através do detector de metais. Eu estava nervosa quando entrei na sala onde Zeb e sua família tinham ido para esperar por mim antes da decisão final. Eu tentei relaxar, mas um pouco da minha ansiedade deve ter aparecido no meu rosto quando o meu olhar fixou no seu verde obscuro, antes que eu pudesse dar um olá, uma linda mulher de cabelos escuros, que só poderia ser sua mãe estava na minha frente, com sua mão estendida me obrigando a arrancar os olhos dele. —Olá. Sou Melissa Fuller. Eu não posso te dizer como somos gratos por todo o trabalho que você teve para ajudar Zeb e Hyde. Não podemos esperar para tê-lo em casa para sempre. Zeb rosnou pela sala e sua voz profunda retumbou um tom ríspido. —Esta é a minha advogada, Sayer Cole. —Eu não perdi a ênfase que ele colocou na palavra “advogada”. Isso me fez estremecer, apesar de ser o papel que eu tinha escolhido desempenhar em sua vida. Ainda arrepiava quando ele me dava o que eu queria... ou o que eu pensei que eu queria. Apertei a mão da mulher e limpei minha garganta. Zeb ainda estava olhando para mim encostado contra a parede, mas eu ignorei e apertei a mão da outra mulher que se aproximou. Ela parecia tanto com Zeb que eu soube que ela tinha que ser sua irmã. Quando ela se apresentou como Beryl e passou os olhos por mim de uma forma muito especulativa, eu não pude evitar, mas me senti julgada, não de uma forma ruim, mas a mulher estava obviamente avaliando o meu valor. Eu queria deixar escapar que eu sabia que seu irmão merecia coisa melhor do que eu o tinha feito passar, mas em vez disso eu disse a sua mãe: —Zeb teve que fazer a maioria do trabalho. Só coloquei as engrenagens em movimento. Hyde deveria estar em casa com sua família. Fiquei feliz de ter contribuído para fazer isso acontecer. Olhei para Zeb com o canto do meu olho, mas ele não moveu um músculo. Eu podia ver


um músculo em sua bochecha flexionado sob a barba e as sobrancelhas estavam franzidas sobre os olhos como se estivesse contemplando algo realmente preocupante. Eu queria esfregar as linhas furiosas com meus dedos. Eu coloquei minha bolsa na mesa e disse às mulheres para tomarem um assento para que eu pudesse explicar brevemente o que aconteceria diante do juiz. Olhei para Zeb e perguntei em voz baixa se ele queria se juntar a nós. Ele apenas balançou a cabeça e ficou onde estava, parecendo como uma estátua malhumorada enchendo o pequeno espaço com ondas de descontentamento e irritação. Ele não estava feliz comigo, isso era bom. Eu não estava muito feliz comigo mesma também. Mas eu estava chegando lá. Quando as mulheres se sentaram na minha frente, eu expliquei o que poderia acontecer se o juiz decidisse que ele queria falar com elas sobre a aptidão de Zeb como pai. Eu avisei a Beryl que se ela assumisse o posto, havia uma boa chance de que sua história com o pai de Joss fosse exposta, e como isso tinha levado à prisão de Zeb. Eu disse a ela para manter a calma, se ater apenas aos fatos e se concentrar em como Zeb era com sua filha agora. Orientei a ela a dizer ao tribunal que não tinha nenhum receio em deixar Joss sob os cuidados de Zeb, e se concentrar em quão longe ele tinha chegado desde o seu tempo na prisão. Dei-lhe um sorrisinho e disse que tudo o que tinha a fazer era dizer ao juiz porque Zeb era um grande irmão e tio, ao que ela respondeu: —Moleza. Gostei dela imediatamente e isso me fez sentir ainda pior por ser a causa da nuvem de tempestade enorme que se escondia no canto da sala. A mulher assentiu solenemente e continuou a me olhar como se estivesse tentando descobrir o que me movia. Se ela encontrasse uma resposta, eu estava pronta para pedir que compartilhasse comigo, porque qualquer mecanismo que tinha sido usado para me confundir e me impedir de seguir em frente parecia quebrado. Virei-me para a mãe de Zeb e encontrei seu olhar entre mim e seu filho com a especulação brilhando em seus olhos verdes. Eu bati minhas unhas sobre a mesa como eu sempre fazia quando estava nervosa e não me incomodei em parar quando ela finalmente conseguiu olhar de volta para mim. —Se o juiz te chamar para o plenário será principalmente para falar com você sobre cuidar de Hyde, depois da escola até Zeb sair do trabalho. Ele vai perguntar quantas horas você cuidará dele, como você planeja fazer malabarismos com um menino de cinco anos de idade, sobre sua programação existente, e ele pode ou não pedir a sua opinião sobre como você pensa que Zeb lidará com a paternidade em tempo integral. Tudo que você precisa fazer é apresentar uma defesa unida com Beryl, e mostrar ao tribunal o quanto parte de sua família Hyde já é. O juiz já quer que ele esteja com Zeb, por isso depende de todos nós, convencê-lo de que ele fez a escolha certa. Ela sorriu para mim e eu peguei um vislumbre de onde Zeb herdou sua covinha.


—Zeb fez um trabalho fantástico com Hyde até agora. Ele pode ser um pouco mais brando do que eu fui com ele quando ele tinha essa idade, mas ele está aprendendo. —Ela levantou as sobrancelhas escuras para mim e estendeu a mão para dar uma tapinha nas minhas mãos ainda se contraindo sobre a mesa. —Embora ser pai solteiro não seja o ideal. É bom ter alguém por perto para ajudar a lidar com os testes e atribulações de criar uma família no dia-a-dia. Forcei meus dedos a pararem e olhei por cima do ombro em direção ao seu filho. Zeb ainda estava me observando e seu rosto estava ainda mais duro com as palavras de sua mãe. Ele finalmente se afastou da parede e fez como se fosse passar suas mãos pelo cabelo, mas lembrou que estava penteado para trás e um pouco apresentável para o tribunal. Ele parou e deixou escapar um suspiro profundo. —Beryl e eu acabamos bem, Mãe. Prometo não estragar Hyde se acabarmos sendo só eu e ele para sempre. Ela riu e todos nós ficamos de pé quando eu mencionei que era hora de ir para o tribunal. —Claro que você não vai estraga-lo, Zeb e obviamente, não há nenhuma maneira nessa terra de Deus que você e esse menino adorável vão ficar sozinhos por muito tempo. Ela poderia ter falado com seu filho, mas ela estava olhando diretamente para mim quando disse isso. Ela me deu um olhar compreensivo quando passou por mim em direção à porta. Essa era a verdade de Melissa Fuller, e era tão pesada quanto uma tonelada de tijolos, quando me atingiu. Seu significado era claro. Resolver minhas merdas bem rápido, ou então alguém sem medo, e a procura, ocuparia o meu lugar e não haveria mais ninguém para culpar por tudo o que eu estava prestes a perder neste momento, além de mim. Zeb tinha mais do que a covinha de sua mãe; sua franqueza e honestidade, não importa o quão duro possa parecer, obviamente, tinha vindo dela também. Zeb fez uma pausa na minha frente quando caminhou para fora e eu olhei para ele com tudo o que tinha dentro de mim brilhando nos meus olhos. —Boa sorte hoje. —Minha voz falhou e escorreu saudade nela. Suas narinas alargaram enquanto ele dava um suspiro pesado. Ele levantou a mão para o meu rosto como se estivesse querendo segurar minha bochecha, mas deixou-a cair antes de fazer contato. Eu queria chorar quando ele a deixou cair. —Eu não preciso de sorte. Eu tenho você. Eu gostei do seu cabelo e você está muito bonita hoje. —Suas palavras me tocaram e me apertaram. Eu queria abraçar esse sentimento e esquecer a dor da sua ausência, que tinha sido minha companheira constante nas últimas semanas. Eu o deixei andar na minha frente e tomei um segundo para me curvar e descansar as


mãos sobre os joelhos para que eu pudesse recuperar o fôlego. Esses sentimentos malditos poderiam ser como um soco quando estavam livres para agir. Quando chegamos à sala do tribunal, o clima estava surpreendentemente otimista. A incerteza pesada que reinava na primeira vez que tínhamos feito isso estava muito longe. Tudo parecia não mais do que uma mera formalidade. Seguimos todos os protocolos quando o juiz entrou na sala e eu respondi a todas as perguntas do plenário, falando sobre a visita domiciliar, o progresso de Zeb, sobre as aulas que havia sido obrigado a assistir, e os detalhes de tudo o que o juiz tinha proferido na última audiência. O juiz parecia satisfeito com o progresso de Zeb e pediu para ele se levantar e ir para o plenário. Eu balancei a cabeça para ele, encorajando-o e o lembrei que ele fosse simplesmente honesto. Era no que ele era melhor no final das contas. —Como foram as noites nos fins de semana Sr. Fuller? Zeb deu de ombros e em seguida, se levantou e falou claramente e com firmeza. —Houve algumas mudanças. Hyde realmente tem medo de ficar sozinho, e eu acho que ele fica inseguro por estar alternando entre o meu apartamento e o lar adotivo. Ele sempre me pergunta se eu vou voltar para ele. E a criança viveria só de pizza se eu deixasse, por isso tem havido alguns colapsos quando eu quis que ele comesse como as pessoas normalmente comem. Isso tirou um riso do juiz, o que me fez sorrir. —Nós trabalhamos nisso. Minha mãe e irmã tem sido ótimas, e a mãe de Hyde tinha realmente uma boa amiga que era próxima dele. Ela tem ido visitá-lo, então eu acho que ele sabe que nós todos apenas estamos tentando deixá-lo o mais confortável possível. Posso mimá-lo, mas eu acho que eu tenho muito tempo perdido para compensar. —E sobre os aspectos práticos da transição da criança aos seus cuidados em tempo integral: escola, creche, seguro de saúde? Como você está fazendo com todas essas coisas? —Hyde não vai para o jardim de infância até o outono desde que o seu aniversário é no final do ano. Vou matriculá-lo no mesmo colégio que a minha sobrinha, para que a minha mãe possa pegá-lo e cuidar dele para mim até eu sair do trabalho. Joss já a ama e eu prefiro tê-lo com a família do que na creche. Ele olhou por cima do ombro para a mãe dele e ela deu um aceno de cabeça. O juiz assistiu a troca por cima dos aros dos óculos e fez uma nota no arquivo que tinha aberto sobre a mesa. —E quanto ao seguro? Eu vi os ombros de Zeb tencionarem, mas ele respondeu à pergunta com sinceridade. —Como eu sou trabalhador autônomo, isso tem sido um pouquinho mais complicado.


Eu tenho que esperar a inscrição abrir para inclui-lo, por isso até então eu vou colocá-lo no 8

Medicaid . —E a minha recomendação para aconselhamento? Você mencionou que a criança estava tendo problemas em ficar sozinho e separado de você. —Minha irmã me deu o nome do médico que ela levou a minha sobrinha, depois do incidente de alguns anos atrás. Ele não tem nenhuma vaga este mês, mas eu marquei uma consulta inicial para daqui algumas semanas. Eu quero ter certeza de que Hyde se sinta confortável com o cara, antes de me comprometer com algo a longo prazo. Mais rabiscos, mas não havia insatisfação estampada no rosto do juiz. Isto tudo estava indo muito bem e eu não tinha tido que fazer muita coisa. Eu não acho que ele chamaria as mulheres Fuller para o plenário. O juiz concordou e rabiscou mais algumas notas. —Como foi o ajuste em sua vida social, Sr. Fuller? Os olhos de Zeb correram até mim e depois de volta para o juiz. Eu me forcei a não começar a me contorcer quando o juiz percebeu a troca. —Não tive muita vida social ultimamente, Meritíssimo. Eu tenho trabalhado para conseguir que as coisas se estabeleçam para o meu menino. Eu estou esperando por alguém especial. Eu não vou deixar ninguém com quem eu não esteja seriamente envolvido perto de meu filho. Ele já foi muito decepcionado pelos adultos em sua vida. O juiz estendeu a mão, tirou os óculos, e ofereceu um sorriso leve. —Essa é uma resposta muito boa, Sr. Fuller. Na verdade, eu estou muito satisfeito com tudo o que você me disse e todos os passos que tomou para facilitar o seu caminho para a custódia. Vá em frente e se sente. Advogada, você pode se aproximar do plenário, por favor? Eu não estava esperando isso, mas mantive meu rosto em branco enquanto eu passava por Zeb vindo do plenário. Ele me deu um olhar curioso, mas eu não tinha ideia do que estava acontecendo, eu só dei de ombros e dei passos decididos até que eu estava na frente do juiz. Ele empurrou o microfone na frente dele para o lado, cruzou as mãos na frente e inclinou-se de modo que ele estivesse olhando para baixo diretamente para mim. —Você esteve na minha frente várias vezes nos últimos anos pelos casos mais diferentes, Cole. Você é apaixonada, dedicada, e guiada a fazer o correto por seus clientes. Eu gosto de ter você na minha sala de audiências. Pisquei em estado de choque e olhei para o meu pé. —Ah, obrigada, Meritíssimo.


—Você luta pelos seus clientes com a crença óbvia de que você está fazendo com os seus melhores interesses em mente. Neste caso, eu sei que o pai é quem você está representando, mas eu quero saber, se fosse a criança por quem estivesse lutando, você ainda estaria convencida de que o melhor lugar para ele é sob os cuidados do Sr. Fuller? Abri a boca e fechei novamente. Era sem precedentes para um juiz pedir aconselhamento jurídico e a sua opinião sobre um assunto como este. —Meritíssimo, eu... —Eu quero a sua opinião honesta, Cole. No caso da criança ser colocada sob os cuidados de seu cliente em uma base permanente? A verdade. Minha verdade... finalmente. Era a coisa mais fácil do mundo para eu dar a este homem que segurava o mundo de Zeb em suas mãos. —Zeb ama esse menino e Hyde o ama também. Eles são uma equipe, e ainda que eu reconheça que há muito que aprender para ambos, não poderia pedir um melhor professor. Zeb nunca, nunca desistiu de Hyde, não importa quais as questões que os anos de formação da criança possam apresentar no decorrer da estrada. Ele trabalhará incessantemente e incansavelmente para garantir que ao garotinho nunca falte nada e nunca houve um homem mais disposto a se abrir e a sua casa para qualquer um. Honestamente, Meritíssimo eu desejaria estar tão certa em todos os meus casos que a criança em questão iria exatamente para onde ele ou ela deveria estar. As sobrancelhas do homem se levantaram em sua testa. —Ambos parecem muito apaixonados por você também, Cole. Os relatórios, tanto do representante da CASA e da assistente social que visitou mencionaram que tanto o pai quanto o filho a trouxeram com bastante frequência na conversa. Sentime enrubescer. —Este caso começou com uma nota pessoal e se tornou mais assim que eu comecei a conhecer as pessoas envolvidas mais intimamente. —Talvez tenha sido uma má escolha de palavras porque o juiz saberia que eu quis dizer que Zeb e eu estávamos envolvidos sexualmente, mas eu não me importei. Não havia nada para me envergonhar. A mulher sem a máscara sabia disso quando ela estava lá com confiança e sem medo de julgamento. —É raro uma criança nas circunstâncias que Hyde se encontrou ter tantas pessoas boas olhando pelos seus melhores interesses. Ele é muito sortudo. Eu balancei a cabeça um pouco estupidamente. —Ele é, mas nós também somos. Ele é um grande garoto, Meritíssimo. O juiz concordou novamente e pegou os óculos.


—Você é alguém especial, Cole. Neste tribunal e se eu tivesse que apostar um palpite, fora dele também. Tenha isso em mente depois da minha decisão. Fechei os olhos brevemente, por como suas palavras ecoavam a afirmação de que Zeb estava esperando por alguém especial em sua vida. Eu respirei fundo para me firmar e voltei para a mesa quando o juiz me disse para ir ao meu assento para que ele pudesse ler sua decisão final. —Na medida em que o tribunal está em causa, o Sr. Fuller tem cumprido todos os requisitos mandados pelo tribunal e forneceu provas suficientes de que ele está disposto e capaz de assumir a responsabilidade total física e financeira do menor Hyde Bishop. O tribunal reserva-se o direito de verificar de forma intermitente o bem-estar da criança durante os primeiros cinco anos de guarda, mas, além disso, você é livre para criar o seu filho como você desejar, Sr. Fuller. Ele pegou o martelo, mas antes de bater, ele disse: —Uma observação, faz bem ao um oficial da corte muitas vezes cansado, ver um homem mudar de vida, aceitar a responsabilidade e fazer escolhas altruístas e solidárias. Eu não o conheci antes, Sr. Fuller, mas o homem de pé diante de mim agora é o tipo de pai que eu desejo que todas as crianças tenham para lutar por elas. O martelo atingiu o topo da bancada, o juiz saiu em uma onda de vestes negras, e eu virei para Zeb com um sorriso enorme quando sua mãe e irmã se levantaram e lentamente, caminhavam. Eu queria estender a mão e tocá-lo, abraçá-lo e comemorar com ele. Seus olhos estavam brilhando e seu sorriso era tão contagiante que eu não podia evitar a não ser sorrir também. —Você ganhou. —Eu sussurrei as palavras com o nó na garganta. Seu sorriso diminuiu um pouco e ele ficou de pé. Eu ainda estava como uma pedra quando ele se inclinou e apertou os lábios no topo da minha cabeça. —Ainda não, mas o jogo ainda não acabou. —Ele se endireitou com sua altura impressionante e olhou para mim com olhos sérios. —Obrigado, Sayer. Você me deu tudo. Ele se afastou de mim e jogou os braços ao redor de sua família. Todos eles compartilharam um abraço e eu podia ouvir sua mãe chorar. A vitória foi muito doce, mas assistir Zeb partir com ela, porque eu não estava pronta para deixá-lo compartilhar comigo, parecia a maior derrota de todas.


CAPÍTULO 16 Zeb Hyde estava sob minha custódia por duas semanas, quando Rowdy me chamou e me disse que todos estavam se reunindo na nova casa de Asa e sua namorada Royal para uma festa de inauguração. Ele mencionou que todo mundo estava curioso sobre o menino, de que tinham ouvido falar muito por Sayer, e que estava me mantendo ocupado. Eu realmente não tinha visto muitos meus amigos uma vez que todo o caso de custódia começou e eu sabia que havia uma grande parte de mim que queria ir pela chance de que Sayer estivesse lá. Concordei em passar lá dentro em uma hora, mas, me abstive de perguntar ao meu amigo Rowdy se sua irmã estava pensando em aparecer. Eu sabia que ele estava a par do que estava acontecendo, ou melhor, do que não estava acontecendo entre nós, e se ele não mencionou isso, eu não iria. Isso era uma ferida aberta que não precisava de sal sobre ela. Sair da vida de Sayer se classificou como uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Vê-la no tribunal, ouvindo-a dizer ao juiz sobre todo o amor que eu tinha para dar a Hyde, e ainda não disposta a pegar para si mesma o que foi lhe oferecido tão livremente, tinha me deixado a ponto de romper, onde eu mal me continha. Quando ela me disse que eu ganhei, eu queria sacudi-la e perguntar como diabos ela poderia dizer isso, quando nós não tínhamos nos falado diretamente por um mês. Não havia vencedor, sem ela estar onde deveria estar. Ela deveria estar comigo, com meu filho e era para sermos uma família. Ela foi a única que tinha lutado para conseguir isso, e era a única que ficou com os restos da guerra. Hyde estava brincando na sala de estar quando eu fui buscá-lo para levá-lo para a festa. Ele havia se estabelecido comigo com relativa facilidade, embora ainda houvesse algumas lutas durante a noite. Ele não gostava do escuro. Ele não gostava de ser deixado sozinho. Ele não gostava de dormir durante a noite. Eu estava ficando acostumado a acordar de manhã com um pequeno corpo no lado oposto da minha cama. Ele também não gostava quando eu tinha que deixá-lo com a minha mãe, enquanto eu ia para o trabalho. Toda vez em que vinha buscá-lo no início da noite, ele corria para mim como se tivéssemos sido separados por meses em vez de horas, como se estivesse surpreso que eu voltasse para ele. Partia meu coração que ele se sentisse tão inseguro, mas tudo que eu podia fazer era aparecer. Eu sempre apareceria para ele e finalmente ele perceberia que ele não tinha nada para se preocupar. —Você está pronto para ir, homenzinho? Ele se virou para olhar para mim com os caminhões que estava empurrando no chão e franziu a testa pequena. —Joss vai estar lá?


Deus abençoe a minha sobrinha. Ela pode ser agitada e não saber quando manter o silêncio, mas ela tinha tomado o menino sob sua pequena asa e os dois eram unhas e carne. —Não. Estes são uns amigos meus e todos querem conhecê-lo. Pode haver uma menina chamada Remy lá, mas ela é muito jovem, então eu não tenho certeza se ela vai saber como brincar com você. A filha de Rome e Cora era a cara da mãe, uma fadinha e um pequeno tornado. —Vou levar os meus caminhões apenas no caso. —Ele se levantou e segurou os brinquedos de plástico para mim. —Parece um bom plano. Não se esqueça de pegar o seu gorro e luvas. —Denver já estava mergulhando no início do inverno, e mesmo sem neve no chão, no entanto, as temperaturas chegavam abaixo de zero regularmente. Eu estava lamentando cada vez que eu fiz a minha mãe passar pelo inferno ao tentar me agasalhar, quando eu era criança, enquanto Hyde resmungava todo o caminho para o seu quarto. Garotinhos aparentemente odiavam estar agasalhados e era uma luta constante manter o meu carinha um pouco agasalhado. Eu coloquei meu próprio casaco e coloquei os caminhões nos bolsos. Peguei as chaves da caminhonete e esperei Hyde sair de seu quarto. Ele tinha o gorro de lã, uma luva e um olhar confuso em seu rosto. —Eu só tenho uma. —Ele ergueu a mão nua para a inspeção quando levantei uma sobrancelha para ele. —Onde a outra foi? Ele encolheu os ombros minúsculos e arrastou os pés calçados no All-Star preto que combinava com o meu. —Não sei. Eu perdi. Suspirei e tirei a luva da outra mão. Eu teria que começar a comprar essas coisas a granel. —Você acha que pode ter deixado na casa da vovó? Mais encolher dos ombros. —Talvez. Você está com raiva de mim? —Seu lábio inferior tremeu quando ele perguntou isso. Peguei a mão dele descoberta na minha e deixei o condomínio. —Não, eu não estou bravo com você. Eu perdi um quinhão de luvas quando eu tinha sua idade. Eu só quero que você fique agasalhado, lembra? É o meu trabalho cuidar de você.


Fiz questão de manter meus passos curtos para as pernas muito menores me acompanharem. —Eu vou tentar mais. Eu sorri para ele. —Obrigado, parceiro. —Ei, Zeb. —Eu parei e o levantei para que eu pudesse colocá-lo na caminhonete. Quando estávamos olho-no-olho, ele me perguntou: —Se seus amigos vão estar lá, Sayer vai estar lá? Eu sinto falta dela. —Agora que ele estava comigo em tempo integral, ela não parou para vê-lo depois do trabalho. Eu queria falar com ela sobre isso, dizer que estava fazendo todas as escolhas erradas, mas eu sabia que ela tinha que descobrir onde estava indo por si mesma. Eu continuei a ter esperança, mas o passado ainda estava puxando-a com força e eu não podia fazer mais nada até que ela se libertasse. Era um soco no estomago. Eu dei a Hyde um pequeno aperto e o ajeitei em seu lugar. —Eu não sei. Ela pode estar e eu sinto falta dela, também. —Ligue para ela. Você disse que eu podia, então por que você não pode? —Mais uma vez, cinco anos de idade e a lógica no seu melhor. —Bem, amigo, acho que ela gostaria de falar com você se você ligar, eu... não muito. É coisa de adulto complicado que você não precisa se preocupar, ok? Ele não se referia muito a ela, mas cada vez que ele fazia isso, era de cortar o coração. Ele era muito jovem para ter perdido tanto. Ele balançou a cabeça e me contemplou. —Ok, Zeb. Eu fechei a porta e caminhei ao redor da caminhonete para chegar ao lado do motorista. Nós dois estávamos tranquilos, enquanto eu dirigia em direção aos subúrbios onde Asa tinha comprado sua nova casa. Eu sabia o que Hyde estava pensando, pois, seus pés estavam saltando para cima e para baixo e ele estava mordendo o lábio inferior. Eu podia ler o garoto como um livro agora e sabia que ele me bombardearia com mais perguntas, que eu provavelmente não tinha as respostas certas. Tentei ser honesto com ele. Tentei ser tão direto e tão compassivo quanto eu pudesse ser, mas a vida não era justa, ás vezes, e não havia sempre um final feliz. Eu apenas odiava dizer a ele que sua mãe caiu nessa categoria. —Ei, Zeb? Olhei para ele. —Sim, amigo?


—Como você é melhor em cuidar de mim do que minha mãe? —Era uma pergunta inocente, mas não tão inocente. Tudo ficou claro ao perceber o quanto eu tinha a perder se eu não me importasse com ele o máximo que pudesse. Hyde era a segunda chance, o auge para provar que eu era um homem diferente do garoto impetuoso que agia sem pensar. Ele não entenderia isso, então eu lhe disse: —Eu tinha sua avó e sua tia Beryl para me mostrar como fazer direito. Eu também fiz muitas asneiras há alguns anos, algumas escolhas muito ruins, e vi o que aconteceria comigo se eu não descobrisse como cuidar de mim e das pessoas que eu amo. Eu aprendi com meus erros e aprendi com as pessoas que me amavam. Eu não acho que sua mãe pôde fazer isso. E eu nem sempre vou acertar ao cuidar de você, garoto. Nós dois vamos errar aqui e ali, mas nós vamos aprender pelo caminho e seremos melhores no final. Ele ergueu as mãos e mexeu os dedos para mim e eu concordei com ele, porque ele entendeu. O garoto era muito inteligente e muito consciente para seu próprio bem. Ele não deveria ter vivido como viveu, em seu curto tempo nesta terra. Era um dos meus objetivos me certificar de que ele curtisse ser um garoto comum de agora em diante. —Se Sayer quisesse ajudar a cuidar de você e de mim, isso seria fantástico. Olhei para ele com o canto do meu olho e recebi um gigante sorriso sem dentes. Se eu não o conhecesse, poderia jurar que o homenzinho estava bancando o casamenteiro. —Vou manter isso em mente. A casa de Asa foi fácil de encontrar com todos os carros estacionados na frente. Peguei a mão de Hyde, que parecia um bloco de gelo, com a luva faltando e levei-o para a porta da frente. Eu não me incomodei em bater desde que eu sabia que todos estavam esperando por nós e fui envolvido na atmosfera de festa e família assim que cruzei o limiar. Risos ecoaram. Havia futebol na TV. Havia vozes profundas discutindo em um tom bem-humorado. Este era um lugar cheio de família, riso e amor. Eu sentia falta e eu estava tão feliz por mim e meu filho sermos uma parte disso. Eu coloquei nossos casacos sobre os ganchos na parede do corredor e peguei os caminhões de Hyde dos meus bolsos. Dei um para ele e segurei o outro, já que eu segurava sua mão na minha, enquanto íamos para onde eu assumi ser a cozinha, que era onde todos se reuniam normalmente quando ficávamos juntos. Nós fomos interceptados por uma criança loira antes de dar alguns passos para dentro da casa. Remy Archer estava muito bonita em seu vestido rosa e preto e com os cabelos louros puxados para cima em um rabo de cavalo em miniatura no topo de sua cabeça. Ela ainda era um bebê gordinho, mas surpreendentemente resistente sob suas pernas quando ela se aproximou de Hyde com olhos azuis brilhantes. Ela apontou para um dos caminhões que ele estava segurando e anunciou em um tom muito sério:


—Meu. Hyde olhou para mim com os olhos questionadores e eu mostrei a ele o caminhão que eu ainda tinha na minha mão. —Pode deixar ela com esse. Você pode pegar o que está comigo e ir brincar com ela. Ele abriu a boca e eu podia ver que ele queria discutir quando Remy chegou mais perto e colocou uma mão sobre o caminhão e a outra na bochecha de Hyde. Levei um segundo para perceber que ela estava cutucando sua covinha. Ele recuou e fez uma careta para a menina, o que me fez rir quando ele empurrou o caminhão em direção a ela. —Pegue. —Ele parecia tão desapontado que eu não podia evitar sentir pena dele. A criança pegou o brinquedo e deu um sorriso cheio de dentes assim que sua mãe grávida e muito pesada virou a esquina. Eu vi os olhos coloridos de Cora se iluminarem com a nossa visão e um enorme sorriso atravessou seu rosto quando ela viu Hyde. —Nós queríamos saber quando você apareceria. —Ela colocou a mão em sua barriga redonda e chegou mais perto. —Oh meu deus, você não parece o seu pai? Você é muito bonito, meu amiguinho. —Eu sou Hyde. —Ele olhou para mim e sorriu. —Meu pai é um gigante. Então, eu vou ser um gigante, também. Cora jogou a cabeça para trás e riu. —Você provavelmente está certo sobre isso. Mas não se surpreenda ao descobrir que há alguns gigantes por aqui hoje. É bom conhecê-lo, Hyde. Sou Cora e a pequena ladra que levou seu caminhão é Remy. Você pode chamá-la de RJ, se quiser. Ela é inofensiva, na maior parte do tempo. A menina olhou para a mãe dela e deu um sorriso como se soubesse exatamente o que estava sendo dito sobre ela. Eu não invejo Rome por ter que lidar com esse tipo de trabalho, quando a menina ficar mais velha. Hyde pegou o caminhão de mim, e mesmo que ele resmungasse sobre isso, ele não reclamou quando Remy pegou sua mão e começou a cambalear com ele mais para dentro da casa. Cora colocou uma mão sobre o coração e suspirou. —Oh meu deus. Acho que a minha filha está tendo sua primeira paixão. Eu não posso culpá-la. Ele é adorável, Zeb. Eu sorri e levantei uma mão para esfregar minha nuca. —Ele é um bom garoto. Depois de tudo o que ele passou... —Eu balancei a cabeça. —Ele merece o mundo.


Ela meio que andou, meio que quicou na minha direção e eu não discuti quando ela colocou os braços em minha volta, embora abraçar com sua barriga saliente era um pouco difícil. —E quanto a você, papai? O que você merece por dar a ele o mundo? —Essa era Cora. Ela nunca fazia rodeios ou colocava dificuldades. —Eu ainda estou trabalhando nisso. Tem sido um pouco mais difícil do que eu esperava. Ela se afastou de mim e eu a segui para dentro da casa. O som de vozes ficou mais alto e eu podia ouvir Hyde falando sobre gigantes em algum lugar por perto. —Ela já saiu. Ela estava aqui com Poppy, mas com todas as pessoas e os ruídos... —Cora deu de ombros. —Poppy congelou e Sayer a levou para casa. Eu honestamente não acho que ela queria ir, mas ela é como uma mãe, quando aquela menina está em questão. Eu acho que fere os sentimentos de Salem que Poppy se incline tanto para Sayer em vez dela. —Ela sabia que viríamos? Cora assentiu. —Rowdy disse a ela. Zeb, essa mulher está apaixonada por você e seu filho. Ela fala sobre Hyde da mesma maneira que eu falo sobre Remy. Ela acende quando diz seu nome e ambos sabemos que ela não é do tipo que brilha. Suspirei. —Ela pode ser. Cora olhou para mim por cima do ombro quando se juntou à folia. —Para você, ela pode ser. Não para qualquer outra pessoa. Eu não sei o que aconteceu entre vocês dois, mas eu sei que você não deveria desistir dela, se é ela com quem você quer estar. —Não é sobre eu desistir, é sobre ela ceder. —Eu disse isso, mas eu não sei se ela me ouviu porque fomos separados por um bando de caras, a maioria dos quais eram tão grandes, se não maiores do que eu. Houve um monte de tapinhas nas costas. Houve um monte de felicitações e em um ponto, Rowdy distribuiu charutos escrito “É um menino”, na lateral. Levei tudo na esportiva e estava feliz porque Hyde parecia fascinado, ao invés de intimidado por todas as pessoas coloridas e exuberantes em volta dele. Ele também parecia bem com o fato de que onde quer que fosse, Remy o seguia. Ela estava presa ao seu lado como cola, isso fez Cora cacarejar e Rome franzir a testa para meu filho e para mim de uma forma totalmente cômica. Tudo o que eu podia fazer era dar de ombros para ele. Foi um ataque de felicitações e recuperar o atraso. Foi agitado e divertido, por isso,


quando Rowdy me encurralou quando eu estava saindo do banheiro, eu não estava realmente pronto para isso. Eu deveria ter sabido que algo viria dele em minha direção; afinal de contas, eu teria feito a mesma coisa se estivesse em seu lugar. Eu sabia tudo sobre a necessidade fraternal de proteger e defender. Ele estava encostado na parede com os braços cruzados sobre o peito. Esfreguei minhas mãos no meu jeans e inclinei meu queixo para ele. —Eu fiz o meu melhor, cara. Está tudo com ela agora. Suas sobrancelhas loiras se ergueram. —Simples assim? —Simples assim. —E era realmente assim, muito simples. —As coisas pareciam estar no caminho certo por um tempo. Você quer me dizer o que aconteceu para foder tudo? Ela é minha irmã, Zeb, e você é meu amigo. Se eu puder ajudar a corrigir isso, fale. —O que aconteceu é que eu disse que precisava que ela fosse mais do que a minha advogada. Eu disse que precisava que ela fosse tudo e ela me disse que não podia. Ela está perdida em algum lugar onde ela não tinha importância suficiente para as pessoas, onde era para ela ser a coisa mais importante, e eu não posso ajudá-la a encontrar seu caminho para sair disso. Ele franziu a testa um pouco e se afastou da parede. —Mas ela é ótima comigo. Ela lutou para me ter em sua vida, mesmo quando eu resisti, e ela é incrível com Poppy. Você não pode me dizer que ela não ama essa menina como se ela fosse sua própria carne e sangue. Esfreguei minhas duas mãos sobre a minha barba e dei de ombros. —Você é a única família real que ela já teve. Aquele idiota que a criou e sua mãe, com certeza não contam. Ela vai se segurar em você por toda vida porque sem você, ela acha que vai estar sozinha... realmente e verdadeiramente sozinha. E Poppy é como um pássaro com uma asa quebrada. Sayer a está alimentando para voltar a ter saúde, mas ela sabe que um dia ela vai ser capaz de voar novamente, então ela não está preocupada com a sua partida, porque sabe que ela irá. Comigo ela tem que assumir o risco de que eu vou ficar, que eu vou estar lá, não importa o que aconteça, que eu vou amá-la mesmo que as coisas nem sempre sejam fáceis. Ela tem que confiar que ela é suficiente, mais do que suficiente, e eu não posso dizer isso a ela. Ela tem que saber e acreditar. Tem que ser a sua verdade. Ele soltou um assobio baixo e jogou as mãos para cima no ar. —Eu estava pronto para lhe dar alguma palestra sobre por que ela é incrível e como


você só tinha de lutar com os destroços do seu passado para chegar ao coração de ouro que ela tem, mas você já sabe disso. Isso me fez bufar. —Eu tenho uma irmã, também. Entendo. Ele estendeu a mão e me segurou no ombro e me deu uma pequena sacudida. —Aliás, Rome me contou sobre a correria no bar, há algumas semanas. Sei que poderia ter sido ruim para você se meter em algo físico com tudo o que estava acontecendo com o caso da custódia, mas obrigado por manter minha irmã segura. Eu pisquei surpreso. —Church contou o que aconteceu? —Sim, mas ele também viu a fita. Esse cara estava agarrando Sayer e ela estava apavorada. Você fez a coisa certa. —Ele me deu outra pequena sacudida porque eu não podia responder. —Por valer a pena, eu acho que você fez a coisa certa antes também. —Ele baixou a voz e inclinou-se para que ficássemos quase nariz com nariz. —Às vezes temos de sofrer e dar um pedaço de nós mesmos para fazer a coisa certa para alguém que amamos. Eu já estive lá. Ele se afastou de mim, mas eu ainda podia sentir suas palavras pesando sobre os meus ombros. Eu não conhecia os prós e contras de toda a história de Rowdy, mas eu sabia que tinha feito algo semelhante ao que tinha me jogado na prisão quando mais jovem. Eu tinha perdido anos de minha vida, ele tinha perdido uma bolsa integral. Eu não tinha certeza se era o mesmo, mas me fez sentir um pouco melhor, porque ele realmente sabia de onde eu estava vindo, antes e agora. Assim como sua irmã, não havia julgamento sobre o que eu poderia ter feito de forma diferente; apenas a aceitação pelas coisas que eu tinha feito. Ele acalmou uma parte de mim que sempre esteve muito desgastada. Nós caminhamos de volta para a sala de estar, onde todos estavam terminando. Hyde estava sentado no chão assistindo TV e Remy estava enrolada em uma bolinha ao lado dele, dormindo. Rome me parou com uma mão no centro do meu peito antes que eu pudesse pegar o meu filho e dizer as minhas despedidas. —O que foi? —Eu disse. Rome Archer era um dos poucos homens que conheci na minha vida que eu não tinha que abaixar a minha cabeça para fazer contato visual. E se isso não fosse intimidante, por si só a cicatriz que dividia metade de seu rosto e a sua boca severa seria. —A minha filha parece apaixonada pelo seu filho. Eu ri. —Ela tem dois anos. Eu acho que você tem um tempo antes de começar a se preocupar com ela perseguindo os meninos por aí.


Ele resmungou e se virou para olhar para as duas crianças. —Ele parece ser um bom garoto. Se ele for um pouco parecido com seu velho, eu não me importo dela persegui-lo por aí. Eu não vou deixar que ela o pegue até que eu esteja bem e pronto, mas toda essa correria por aí foi a única coisa que finalmente a derrubou. Dei-lhe uma pancada sólida nas costas, porque Rome não era o tipo de cara que você sorri. —Obrigado, cara. Eu aprecio isso. —Vi o que aconteceu com a sua menina. Church estava chateado. O Bar está ficando cada vez mais cheio e ele não pode estar em todo lugar ao mesmo tempo. Eu poderia precisar de contratar mais ajuda. —Church é um bom cara. Ele leva seu trabalho a sério. Rome fez um barulho. —Ele leva segurança, especialmente a segurança das mulheres, a sério. Eu duvido que o bêbado coloque as mãos em mais alguma mulher tão cedo. Isso me deixou ridiculamente satisfeito. Eu poderia não ter sido capaz de colocar minhas mãos sobre o homem, mas eu estava feliz que alguém infinitamente mais terrível do que eu jamais seria, lhe ensinou uma lição de boas maneiras e como tratar uma senhora. —Bom. Eu vou levar Hyde. Eu tenho que trabalhar amanhã e tenho que deixá-lo com a minha mãe muito cedo. Rome concordou com a cabeça e me deu uma tapinha no ombro. —Foi bom te ver. Não desapareça. Remy precisa ter um companheiro. Eu concordei e peguei o meu filho sonolento, lutei com ele e seu casaco e em seguida, entrei no carro. Eu estava quase no condomínio quando minha mãe ligou e me disse que não estava se sentindo bem e me pediu para ver se Beryl poderia cuidar de Hyde durante dia. Lembrei-lhe que Wes havia levado Beryl e Joss para o fim de semana, mas disse para ela não se preocupar com isso. Eu encontraria alguém para ficar com ele, e se eu não conseguisse, apenas faltaria ao trabalho. Claro que, sendo a criança inteligente sempre atenta que ele era, Hyde ouviu toda a conversa. —Então o que você acha, homenzinho? Devo pedir a sua tia Echo para sair com você amanhã? Ele ponderou a questão por um segundo e balançou a cabeça negativamente.


—Você deve perguntar a Sayer. Nós podemos construir mais castelos. Eu tinha a sensação de que isso ia acontecer, então eu soltei um suspiro e concordei em chamá-la quando chegássemos em casa. Hyde enrolou para tomar o seu banho e depois lutou, como sempre fazia, quando eu tentava colocá-lo na cama. Eu não me importava que ele rastejasse para a cama comigo depois que acordava no meio da noite, mas eu sempre insisti que ele começasse a noite em sua própria cama. Acendi o abajur, o cobri e li uma história para dormir. Seus olhos se fecharam e ele estava quase dormindo quando ele murmurou —Você prometeu ligar para Sayer. —Eu vou. —E iria depois que ele dormisse, então ele não me veria andando pela casa como uma pilha de nervos. Eu tirei minhas roupas e me sentei na cama antes de colocar o seu nome em meus contatos. Apertei o botão e prendi a respiração até que sua voz sonolenta surgiu na linha. Eu não tinha sequer olhado para o relógio, mas quando olhei vi, era apenas um pouco depois das dez. —Eu te acordei? Ela soltou uma risada estrangulada. —Ah, não. Eu não tenho dormido muito bem. Está tudo bem? Eu me perguntei se ela não estava dormindo porque eu não estava lá ao lado dela. Eu realmente esperava que fosse esse o caso. Meu pau ficou duro com apenas o som de sua voz. Eu não deveria ser o único sofrendo porque não estávamos juntos. —Está tudo bem. Eu realmente ia pedir um favor. Minha mãe não pode cuidar de Hyde amanhã e minha irmã está fora da cidade. Ele é muito sensível a respeito sobre com quem ele fica durante o dia, quando vou para o trabalho e quando eu perguntei com quem ele queria passar o dia, ele disse você. —Eu? —Ela parecia chocada. —Sim, você. Ele gosta de você e sente falta de vê-la. —Ele não era o único sob esse teto que se sentia assim. —Humm, claro. Traga-o. Eu tenho um pouco de trabalho para fazer em casa amanhã, mas eu posso lidar com isso antes dele chegar aqui. —Legal. Ele vai ficar contente. —Oh... sim, bem, eu também. Eu senti falta de vê-lo. Eu senti falta desse “oh”. Eu senti falta de beijá-la e sugá-la. Eu senti falta dela enrolada no meu pau enquanto sua boca se movia em mim. Eu sentia falta dela gritando de surpresa,


cada vez que a fazia gozar pela segunda vez. Eu sentia falta do choque suave em seu rosto quando ela dizia: “oh” depois de cada vez que ela se surpreendia. —Sim, oh. Você pode vê-lo... e a mim... sempre que quiser, Say. Você apenas tem que fazer essa escolha. Vejo você de manhã e tenha uma boa noite. Ela fez um som estrangulado em sua garganta e eu podia ver claramente ela colocando a mão na base do seu pescoço, como ela sempre fazia, quando tentava descobrir como se sentia sobre algo. —Você tenha uma boa noite também, Zeb. Eu desliguei o telefone e o joguei no lado vazio da cama... o lado da cama, o qual ela deveria estar.


CAPÍTULO 17 Sayer A proposta era que eu deveria trabalhar antes de Zeb aparecer com Hyde, mas, obviamente eu não conseguia me concentrar, nem para salvar minha vida. Em vez de estragar todo o meu caso, eu decidi que tentaria fazer panquecas para o café da manhã. Imaginei que todas as crianças pequenas gostavam de panquecas para o café da manhã, então eu vesti um jeans e uma blusa folgada e corri para o mercado para que eu pudesse comprar a massa. Enquanto eu estava lá eu também peguei algumas frutas e lanches. Meu armário definitivamente não era o ideal para as crianças, na verdade, nem para adultos também. Eu estava correndo contra o tempo e joguei tudo no carro, então fui lutar na cozinha e fiquei olhando para o relógio no fogão, em vez de prestar atenção ao que eu deveria estar fazendo com as panquecas. Era uma massa pré-pronta, então era impossível errar. Impossível para alguém além de mim. Uma coluna de fumaça subia do topo do fogão e me fez tossir freneticamente e derrubar a tigela, a massa enegrecida na pia e abrir água corrente com a esperança de que os detectores de fumaça na casa não soassem. Eu queimei meus dedos e eu tinha certeza de que tinha massa no meu cabelo. Eu estava dizendo cada palavrão que eu tinha no meu vocabulário pela bagunça, quando um som estridente ecoou pela casa. No começo eu pensei que não tinha sido rápida o suficiente com o desastre no fogão e os detectores soaram de qualquer maneira, mas depois houve uma pausa antes do barulho começar de novo e percebi que era alguém tocando a campainha. Eu corri da cozinha tão rápido que tropecei em meus próprios pés e cai de quatro com um suave “Humph”. Eu estava pirando, mas eu precisava me recompor ou a campainha acordaria Poppy e Zeb veria o desastre que eu era e não confiaria em mim com Hyde. Abri a porta, assim que Hyde estava na ponta dos pés para alcançar a campainha novamente. Ele caiu de volta em seus pés e sorriu para mim. Deus, ele parecia tanto com o homem ilegível de pé atrás dele. Eu me perguntava se era chato olhar para ele durante todo o dia, enquanto eu lamentava o tempo que tínhamos passado separados. —Ei. —O que é isso em seu rosto? —Hyde apontou para seu próprio rosto e eu usei a palma da minha mão para esfregar a massa pegajosa que estava presa lá. Suspirei e conduzi os dois para dentro da casa. —Eu tentei fazer panquecas para o café da manhã. As coisas não correram tão bem. O sorriso de Hyde ficou ainda maior e Zeb levantou uma sobrancelha para mim.


—Por que você estava tentando fazer panquecas? Dei de ombros e tentei controlar meus os olhos ávidos por devorá-lo. Ele estava tão perto, mas a distância entre nós era muito grande e vasta. —Eu pensei que Hyde gostaria para o café da manhã. Eu imaginei que seria fácil. Eu estava errada. Ele balançou a cabeça escura e um sorriso relutante surgiu em sua boca. Ele fez sua barba contrair e seus olhos verdes brilharem. —Você pode passar no exame da ordem em não um, mas em dois estados, mas não sabe como fazer panquecas? Eu me irritei um pouco e cruzei os braços sobre o peito. —Se eu quiser panquecas, eu normalmente vou a algum lugar e tenho alguém as fazendo para mim. Ele riu e estendeu a mão para tirar as luvas, casaco e gorro de Hyde. —O homenzinho não é muito exigente quando se trata de café da manhã, mas se ele lhe disser que tudo com o que eu o alimento é pizza, ele está mentindo. —Hyde fez uma cara quando Zeb estendeu a mão para despentear o cabelo dele. —Você está nos fazendo um grande favor por ficar com ele durante o dia, não é mesmo, amigo? Hyde acenou vigorosamente e se aproximou para pegar minha mão. Olhei para ele e não podia deixar de sorrir para essa carinha adorável. —Se você quer panquecas, Sayer, eu vou ajudá-la. Eu sou um bom ajudante, não sou, Zeb? —Você é amigo. Ei, você vai ser bom para Sayer e lembre se você for lá fora você tem que... Hyde o cortou antes que pudesse terminar o aviso. —Colocar minhas luvas e meu gorro. Eu vou. Meu Deus, eles eram tão fofos juntos. Tinha sido apenas algumas semanas e eles já estavam tão em sincronia. Isso tornava difícil respirar. Eles tornavam impossível não se apaixonar. —Ele vai se manter entretido, a maior parte do tempo, apenas brinque com ele, saia com ele. Ele tem o hábito de tirar as luvas e jogá-las onde quer que elas pousem. Se você o levar para jogar, mantenha isso em mente. Eu assenti e olhei para baixo, quando Hyde puxou a mão que ele ainda estava


segurando. —Vamos fazer panquecas, Sayer. Eu concordei e olhei de volta para Zeb, que estava nos observando com um olhar preso em algum lugar entre desgosto eterno e verdadeiro amor. Isso tirou cada pensamento da minha cabeça e matou tudo o que eu estava prestes a dizer a ele. —Vejo vocês mais tarde. —Tchau, Zeb. —Hyde soltou a minha mão e correu para seu pai. Zeb inclinou-se e pegou o menininho segundos antes que ele colidisse com os joelhos. Ele levantou-o e pôs um beijo estalado na bochecha. —Sua barba pinica. Ela com certeza pinica. Corei quente com o pensamento retrógrado. Hyde inclinou-se perto de Zeb e sussurrou com voz alta, como todas as crianças fazem, o que significava que eu pude ouvir cada palavra que ele disse. —Você vai voltar para mim mais tarde, certo Zeb? Eu inalei tão drasticamente que doeu. Eu vi os olhos de Zeb passarem sobre mim antes de ele mudar Hyde na frente dele para ficar os olhos verdes brilhando com olhos verdes. —Eu sempre vou voltar para você, Hyde. O menino observou-o por um minuto antes de lhe dar um aceno de cabeça muito grave e sacudir para ser colocado para baixo. Zeb e eu olhamos um para o outro e tudo o que eu queria dizer a ele, tudo o que eu sabia que deveria dar a ele, pesava ali e permanecia imóvel entre nós. Eu queria fazer o que Hyde fez e correr para ele e confiar nele para me pegar. —Tchau, Zeb. Tenha um bom dia no trabalho. Ele resmungou um pouco. —Obrigado, Say. Eu vejo vocês mais tarde. Eu coloquei minha mão sobre o ombro fino de Hyde e ambos assistimos Zeb sair com saudade em nossos olhos. Uma vez que a porta da frente estava fechada, eu cutuquei Hyde com meu quadril e inclinei a cabeça em direção à cozinha. —Eu acho que é seguro ir agora, se você quiser tentar a segunda rodada. —Sim. Eu meio que estou com fome. —Eu me virei para guiá-lo para a cozinha ainda ligeiramente com o cheiro de queimado e olhei por cima do ombro para ele quando ele começou a rir descontroladamente.


—O que é tão engraçado? Ele colocou as mãos em sua barriga e inclinou a cabeça escura para trás e ria tanto que eu podia ver todos os seus dentes perdidos. Eu fiz beicinho para ele e brincando cruzei os braços sobre o peito. —Vamos, Hyde. Compartilhe a piada. Ele continuou rindo e apontou para as minhas costas. —Você fez uma grande sujeira. —Eu com certeza tinha feito, e observar o seu pai sair pela porta sem ser capaz de tocá-lo, sem ser capaz de beijá-lo ou segurá-lo perto, me fez lembrar desse fato como um tapa na cara. Obviamente, eu não podia ver meu próprio rabo, então parei na frente da geladeira de aço inoxidável e virei para ver o que o tinha deixado em histeria. Em cada bolso de trás havia uma marca de mão perfeita, obviamente na minha primeira tentativa de panquecas. Revirei os olhos e balancei a cabeça ao meu nível de desastre. —Eu fiz uma grande bagunça. Pareço fazer muito isso. —Eu ajudei Hyde a subir em um dos bancos que estavam à ilha. Eu encontrei uma bacia limpa e colher e coloquei os dois na frente dele enquanto eu media mais da massa e tirava o leite da geladeira. —Zeb diz que fazer bagunça é bom, desde que você também limpe. —Parecia que Zeb levava a paternidade muito bem. —Seu pai está cheio de bons conselhos. Um pequeno sulco surgiu entre suas pequenas sobrancelhas escuras, enquanto eu adicionava o líquido na mistura na tigela e dizia a ele para ir em frente e misturar. Eu pensei que ele estivesse se concentrando na tarefa, mas quando falou, me surpreendeu. —Todo mundo o chama de meu pai. Apoiei os cotovelos no balcão e coloquei meu queixo na minha mão. —Ele é o seu pai. Eu não tenho certeza do que mais poderíamos chamá-lo. Ele olhou para mim e mordeu seu lábio inferior e em seguida, o soltou com um estalo. —Ele era meu amigo antes de ser o meu pai. —Você está certo. Ele era e ainda é seu amigo, embora ele também seja seu pai. —Às vezes eu quero chamá-lo de pai. Inspirei profundamente. Não tinha certeza se eu era a pessoa com quem ele deveria estar tendo esta conversa.


—Tente tirar o maior número de carocinhos que você puder. —Eu apontei para uma grande bolha de massa na tigela e me aproximei para que eu pudesse me inclinar sobre o balcão ao lado dele. —Você mencionou a Zeb que você quer chamá-lo de pai? Ele balançou a cabeça e ouvi seus pés batendo debaixo do balcão enquanto ele chutava para cima e para baixo. —Não. E se ele não gostar? Estendi a mão e coloquei um dedo sob o queixo dele e virei seu rosto para que ele olhasse para mim. —Hyde, você acha que Zeb é honesto com você? O garotinho me considerou cuidadosamente por um segundo e eu tentei não me encolher quando ele soltou a colher que deslizou para dentro da bacia e foi sugada pela massa pegajosa. —Sim. O Zeb não mente. —Então, se você disser a ele que você quer chamá-lo de pai, você sabe que ele vai lhe dizer como realmente se sente sobre isso. Aposto cem dólares que você o fará realmente feliz e ele pode até chorar. —Era uma aposta segura. Eu sabia que ganharia a aposta e perderia o dinheiro porque não havia como Zeb não chorar, pelo menos, quando Hyde fizesse essa pergunta. Cem dólares dariam para comprar ao homenzinho um monte de pizza e tornar o momento emocional entre pai e filho ainda mais especial. Mexi minhas sobrancelhas para cima e para baixo, o que fez Hyde rir. —Zeb não vai chorar. —Ele parecia tão certo do fato. O menino adorável não tinha ideia do poder que ele tinha sobre o seu grande pai barbudo. Estendi a mão. —Cem dólares que ele vai. Hyde colocou a mão na minha e fez uma careta de concentração. —Eu não tenho uns cem dólares, apesar de tudo. Eu só tenho dois dólares. Poderia uma criança ser mais preciosa? A resposta para isso foi um sonoro “diabos não”. —Você não tem que me dar seus dólares. Se você ganhar e Zeb não chorar quando você perguntar a ele, tudo que você tem que me dar é o seu melhor abraço. Combinado? Ele balançou nossas mãos unidas vigorosamente e sorriu para mim. —Combinado.


Puxei-o mais perto, para que nossos narizes quase se tocassem, e sussurrei: —Você quer saber um segredo? Seus olhos verdes se arregalaram e ele acenou com a cabeça tão vigorosamente que por um segundo eu pensei que ele deslizaria do banco. Eu coloquei meus lábios em sua bochecha suave como de bebê e lhe dei um beijinho. —Não importa para seu pai como você o chama... Papai, Zeb, Zebulon, velho do rio, Sr. gigante, Capitão barbudo, Paul Bunyan... tudo o que ele se preocupa é que você esteja aqui para chamá-lo. Ele simplesmente quer você, Hyde. Não importa como, eu quero que você se lembre disso, ok? Ele deu um pequeno aceno e eu me afastei e levei a bacia comigo até o fogão para que eu pudesse tentar novamente fazer panquecas e pegar outra colher. Não havia nenhuma maneira de que eu pescasse a que estava no fundo da tigela. Eu acabaria com a massa em mais lugares do que eu já tinha. Eu tinha tudo planejado e intensamente focado na minha tarefa quando a voz de Hyde derivou do outro lado da sala. —Como é que você só tem uma parede vermelha? —Ele tinha descido do banco e estava em pé na frente da parede de Poppy, estudando-a com a cabeça inclinada um pouco para o lado. —Ahh, seu pai pintou para mim. Eu tenho uma amiga que mora comigo e pedi a ela para escolher uma cor para animá-la. Essa foi a cor que ela escolheu. —Eu gosto disso. É brilhante. —Eu gosto também, e enquanto as panquecas são feitas e esperamos que não queimem, desta vez, podemos ir acordar Poppy e você pode dizer a ela que você gosta. Ela vai ficar feliz. —Você vai pedir ao meu pai para pintar mais? Eu senti minha coluna endurecer perto do fogão enquanto a manteiga derretia e chiava na grelha. Ele me perguntou sem sequer perceber que tinha se referido a Zeb como seu pai. —Não. Eu não vou pedir para pintar mais. Basta uma das paredes. Ele veio para mim e eu o adverti para manter as mãos longe da parte superior do fogão. —Você gosta assim? Eu olhei para ele. —Como assim?


—Tudo tão chato. A parede vermelha é melhor. Mordi o interior do meu lábio e virei a cabeça para olhar para ele. —Você está certo. Ela é melhor. E não, eu não gostava do resto da casa ser simples e chata. Era para ser calmante e reconfortante; ao invés disso parecia que todo o interior carecia de personalidade e que cada parede neutra zombava de mim enquanto eu caminhava por ela. Suspirei e tirei a frigideira do fogão. —Vamos chamar Poppy e mergulhar em nossa obra-prima, não é? Ele me seguiu sem argumento. Felizmente Poppy já estava de pé e na sala de estar quando fomos buscá-la. Eu deveria saber que ela não seria capaz de dormir com a campainha. Hyde gostou de imediato dela, e nós três passamos o resto da manhã comendo panquecas, colorindo papéis do computador, e brincando de banda com as panelas e tampas. Hyde era o baterista, e eu estava surpresa com a dedicação de Poppy em seu papel como guitarrista. Eu, por padrão terminei como vocalista, o que foi um saco já que as únicas músicas que eu sabia a letra eram de heavy metal dos anos 9

oitenta. Após a segunda rodada de “Pour Some Sugar on Me ”, Poppy jogou a toalha e afirmou que precisava de um cochilo. Hyde também parecia um pouco com olhos pesados, assim eu o coloquei no sofá com a TV no Nickelodeon. Ele estava dormindo antes que eu pudesse virar e cobri-lo com um cobertor. Eu senti que deveria correr para meu escritório e pegar o meu computador para que eu pudesse trabalhar no que estava esperando por mim, mas tudo que eu podia fazer era ficar lá como se eu estivesse colada no lugar e olhar para o menininho precioso. Ele era tão doce, tão resistente, considerando tudo o que ele tinha passado. Eu não tinha ideia de como ele tinha tanta confiança e era tão aberto para o amor, mas eu era infinitamente grata que ele fosse assim. Eu poderia aprender muito com ele. Eu pulei quando Poppy colocou a mão no meu cotovelo e inclinou a cabeça em direção ao meu escritório. A segui o mais silenciosamente que pude para não acordar Hyde, e funguei um pouco quando percebi que eu tinha lágrimas nos meus olhos e que estavam ameaçando transbordar. Todos estes sentimentos eram demais e eles estavam começando a vazar de mim regularmente agora. —Eu pensei que você estivesse tirando uma soneca. —Eu ia, mas depois comecei a pensar em uma coisa e eu queria falar com você, antes de perder a cabeça. —Ela torceu as mãos e começou a andar para trás e para frente. Ela vibrava como um pequeno pássaro dourado e me deixou ansiosa. —Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, Poppy.


Ela engoliu em seco audivelmente. —Eu sei... bem, qualquer coisa sobre mim, mas isso é sobre você, Sayer, e é difícil para eu dizer, depois de todas as coisas maravilhosas que você fez para mim. Ela conseguiu me pegar desprevenida. —Ahh, tudo bem, eu estou ouvindo. Ela respirou fundo e, obviamente reuniu a coragem antes de deixar escapar: —Você seria realmente uma grande mãe. Pisquei em estado de choque, porque não era isso que eu estava esperando. —Desculpe-me? Ela moveu as mãos trêmulas para empurrar o cabelo atrás das orelhas e foi sua vez de enrubescer. —Eu sei que você luta com a forma como sua mãe morreu e sente que ela a abandonou, mas Sayer... —Ela estendeu a mão e a colocou no meu braço. —Você nunca poderia fazer isso a ninguém. Eu a observei com Hyde toda a manhã, e eu posso ver o quanto você o ama. Eu coloquei minha mão sobre a dela e dei um tapinha. —Ele é apenas um menino, Poppy. É impossível não se importar com ele. Seus olhos cor de âmbar se afiaram quando ela os estreitou para mim. —Mesmo? Porque se isso fosse verdade, seria a mãe dele cozinhando panquecas para o café da manhã e não você. Eu abri minha boca para argumentar e em seguida a fechei, porque ela tinha razão. —Não é só isso. Quando você me acolheu, sem dúvida, porque eu não poderia lidar com homens em volta de mim, mesmo o homem que eu mais confio no mundo, eu pensei que você fosse meu anjo da guarda. Eu não teria sobrevivido sem você, Sayer. —Não. —Eu automaticamente neguei o meu papel na sua recuperação. —Você é uma lutadora, Poppy. Ela bufou delicadamente e levantou as sobrancelhas cor de caramelo. —Eu sou? Porque você me jogou o colete salva-vidas meses atrás e tudo que eu tenho feito é flutuar, esperando não me afogar. Eu não nadei, Sayer, mas você me amou, me protegeu, me acolheu, e lutou por mim quando eu não lutaria por mim mesma. Você fez tudo por mim, o que sua própria mãe não pôde fazer por você.


Eu sacudi e me afastei do seu toque quando ela olhou para mim solenemente. —Seu pai tentou convencê-la de que você não era boa o suficiente, que não era o suficiente, mas você é uma mãe melhor para aquele menino e para mim do que as nossas próprias mães foram. Você se importa mais conosco do que as pessoas cujo único trabalho no mundo era nos amar e nos manter seguros. Então, você precisa começar a nadar, também, Sayer. Depois de tudo o que o passado tem tentado nos afogar, nós devemos isso a nós mesmas, sermos corajosas, fazer mais do que flutuar. Minha boca abria e fechava como um peixe. As lágrimas que tinha guardado, enquanto eu observava Hyde com o coração na minha garganta, começaram a cair. —Eu... O que... O que causou isso, Poppy? Ela tinha os olhos brilhantes, mas essa casca frágil em que ela esteve envolta quando ela veio para viver comigo, estava se estilhaçando e uma nova criatura vibrante estava começando a emergir. —Em parte por observá-la com Hyde hoje e em parte, por estar próxima de todos os casais felizes na festa de ontem. Sinto falta da minha vida. Sinto saudades da minha irmã. Eu sinto falta de ser capaz de abraçar Rowdy sem ter um ataque de pânico. Eu quero estar perto daqueles bebês e casais. Eu quero ser parte da minha família de novo, então isso significa que eu preciso aprender a ser só e ficar bem com isso. Eu preciso assumir o controle, de modo que em algum momento da minha vida eu possa de bom grado entregá-lo a pessoa certa. —Ela apontou o dedo para mim e rodou-o em um círculo. —E você, você precisa aprender a não ficar sozinha. Você precisa assumir o risco do menino e seu pai. Você o ama muito mais do que a sua mãe, e você tem que saber que tem muito mais para oferecer a este mundo do que a pessoa que seu pai tentou transformá-la. Deixe a maneira como esses meninos te amam e a maneira que você os ama ser o que te define, Sayer. Seja essa mulher, não a que seu pai queria que você fosse. —Ahh... —Eu não tinha certeza do que dizer a ela, mas quando ela colocou os braços em volta de mim e me deu o primeiro abraço verdadeiro que ela tinha oferecido desde que se mudou, eu não podia fazer nada a não ser abraçá-la de volta enquanto silenciosamente chorávamos juntas. Nós merecíamos ser corajosas, e nós tínhamos sobrevivido a tanto. As marcas que o abuso havia deixado nela eram mais visíveis e tangíveis, mais do que as marcas de um tipo totalmente diferente de abuso que tinha sido deixado em mim. Ambas eram profundas. Ambas dificultavam a forma como vivíamos e amávamos, mas se ela poderia superar suas circunstâncias, não havia nenhuma razão que eu não devesse ser capaz de fazer o mesmo. Ela se afastou e passou a mão nas suas bochechas úmidas. —Eu vou pedir a Rowdy para me ajudar a conseguir um carro e eu vou voltar ao trabalho. —Devo ter parecido chocada, porque ela riu um pouco.


—Pode não ser amanhã, mas em breve. Eu também vou me mudar. Eu preciso encontrar meu próprio lugar, o que significa que você terá muitas e muitas salas vazias. —Ela avançou para a porta e olhou por cima do ombro para mim. —Pense sobre isso. Ela não só estava nadando, ela estava remando duro para a costa, e eu precisava seguir seu exemplo. Eu estava andando a passos de bebê, e se eu não quisesse perder Zeb e Hyde para sempre, eu precisava começar a saltar e correr, em vez disso. —Sayer? —A porta abriu e Hyde apareceu esfregando os olhos. Seu lábio inferior estava num biquinho e seus cílios ligeiramente espetados, como se tivesse chorado também. —Você está bem, garoto? —Ele balançou a cabeça com um não, então eu sentei em uma das cadeiras em meu escritório e o arrastei no meu colo. Eu acariciava com meus dedos o seu cabelo. Ele colocou seu rosto no meu peito e fungou. —Você quer me dizer o que está errado? Você não dormiu por muito tempo, você teve um sonho ruim? Ele balançou a cabeça negativamente e seu cabelo macio esfregou contra o meu queixo. —Você sente falta de seu pai? Podemos chamá-lo por um minuto e checar se você quiser. Novamente ele balançou a cabeça negativamente e me abraçou mais forte. —Eu estou sem ideias, amigo. Você vai ter que me ajudar para que eu possa ajudá-lo a ficar bem, ok? Ele encolheu ainda mais e colocou o braço em volta de mim. Seus cílios úmidos fecharam e ele soltou um suspiro. —Você não estava lá. Abri os olhos e você não estava lá. Senti sua falta. Jesus. Se alguma vez houve qualquer coisa que o universo exigisse que eu fosse corajosa, foi para este menino. Não havia tempo para chafurdar no passado ou temer a incerteza do futuro com essas palavras simples acalmando cada ponto áspero que estava na minha alma. Hyde não se importava se eu não estava a meio caminho, onde eu parecia precisar estar, para ser o tipo de pessoa que ele merecia em sua vida; ele sentia minha falta porque ele se importava comigo. Isso o fez chorar, porque eu era importante para ele e ele confiava em mim. A dura verdade, que separava cada segmento, costurou toda a minha história e desvendou a coisa toda. Ele sentia minha falta e Zeb me amava. Eu era a estranha. Eu era a reservada. Eu era a que poderia ser fria e distante. Eu era a que tentaria fazer panquecas, embora não soubesse como.


Eu era a que não levava prisioneiros no tribunal. Eu era a que tentava fazer a coisa certa pelas razões erradas. Eu era a que faria sexo louco contra uma parede recém-pintada. Eles se preocupavam com todas as minhas diferentes versões e todas eram o suficiente para me fazer uma pessoa inteira digna de seu amor. Beijei Hyde na cabeça. —Me desculpe, eu te deixei sozinho. Poppy queria falar comigo, e eu não queria te acordar. Eu senti sua falta também, Hyde. —Está tudo bem. —E estava. Realmente estava bem. Pela primeira vez no que parecia uma eternidade, as coisas realmente pareciam estar a caminho de ficar bem. Eu finalmente sabia exatamente o que eu queria e como fazer para consegui-lo. Não aconteceria do dia para a noite. Eu tinha causado um monte de danos a Zeb e sua verdade, mas meu alicerce finalmente estava pronto, o chão sob ela estava seguro. Eu ainda tinha alguns escombros para remover, mas uma vez que tudo ficasse claro eu ia deixá-lo construir o que quisesse sobre o espaço. Hyde tirou uma boa soneca no meu colo e acordou uma hora mais tarde e queria brincar lá fora. Levou vinte minutos para fazê-lo colocar o gorro e luvas, e uma vez que estava lá fora ele percebeu que estava muito frio e queria voltar para dentro. Nós acabamos brincando de esconde-esconde e tic-tac por horas até Zeb aparecer no início da tarde. Ele parecia surpreso que Hyde não se apressou para cumprimentá-lo, mas em vez disso o puxou para a cozinha para lhe mostrar todas as imagens que ele havia desenhado e eu tinha colocado na geladeira. Hyde tagarelava a mil por hora e Zeb estava olhando para mim como se eu tivesse duas cabeças. Eu sorri quando ele fez uma careta para mim e nosso Hyde parou, deve ter percebido que ele tinha perdido a atenção dos adultos, porque ele puxou a mão de Zeb e choramingou: —Pai, você não está olhando para o meu desenho. A cabeça de Zeb virou tão rápido que eu tinha certeza que ele ficou tonto e vi sua boca abrir e os olhos piscarem rapidamente por um segundo. —Você acabou de me chamar de pai? Os olhos de Hyde se arregalaram e ele olhou de mim para Zeb e vice-versa. Dei-lhe um aceno de encorajamento e murmurei “tudo bem” para ele. —Humm... tudo bem? Sayer disse que está tudo bem. —Zeb virou a cabeça para olhar para mim e eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto. Seus olhos verdes pareciam grama após a chuva. Ele se abaixou de modo que estivesse no mesmo nível que o seu filho e o puxou para um abraço apertado.


—Claro que está tudo bem. Eu sou o seu pai e eu não poderia estar mais orgulhoso do fato. Você pode me chamar do que quiser, Hyde. O garotinho guinchou dentro do abraço do homem grande e havia uma centelha de inveja iluminando a minha pele. Eu queria estar naquele abraço também. —Você está chorando? Sayer disse que choraria. Ela disse que me daria cem dólares se você chorasse! —Hyde se afastou e olhou firme para o rosto de seu pai. Era difícil ver por causa da barba, mas com certeza, no rosto bronzeado de Zeb havia uma única lágrima brilhante. Hyde jogou a cabeça para trás e riu. Ele apontou para mim. —Você me deve cem dólares. Zeb soltou o menino e se endireitou em toda sua estatura. Ele me deu um olhar interrogativo. Eu apenas dei de ombros. Ele poderia descobrir que eu sabia as chances e tinha ponderado o resultado em favor de Hyde sem eu soletrar para ele. —Graças ao seu pai por se controlar, mas eu prometo pagar. —Vocês dois parecem ter tido um bom dia. Hyde assentiu vigorosamente. —Eu amo Sayer. Eu vi o pomo de Adão de Zeb subir e descer. —É bom saber, homenzinho. Limpei a garganta e empurrei um pouco do meu cabelo sobre meu ombro. —Honestamente, eu adorei tê-lo aqui hoje. Se sua mãe precisar de uma pausa no fim de semana enquanto você estiver trabalhando, eu ficaria feliz em passar o dia com ele. Algo sombrio atravessou o rosto de Zeb enquanto ele me considerava com cuidado. —Sério? —Sério. —Eu tinha certeza de que ele podia ver a convicção no meu olhar. Ele fez um ruído baixo em sua garganta e eu vi suas mãos se fecharem. —Ei, amigo, por que você não vai pegar o seu casaco, para que eu possa falar com Sayer bem rapidinho. —Você vai receber meu dinheiro? Zeb soltou uma gargalhada. —Sim. Vou pegar o seu dinheiro. —Pezinhos correram para fora da sala, e logo que estávamos sozinhos, Zeb me rodeou e encostou-me à ilha da cozinha até que eu estivesse


enjaulada entre seus braços. —Você está pronta para nos escolher, Sayer? Isso me fez lembrar da vez que ele me prendeu no meu carro depois da audiência e me beijou loucamente. Eu queria fazer a mesma coisa com ele, mas nós não tínhamos muito tempo antes de sermos interrompidos por um menino de cinco anos de idade, e era óbvio que as feridas que eu causei nele precisavam ser curadas. Eu coloquei a mão no centro de seu peito e olhei para ele com o meu coração recémdescongelado estampado nos meus olhos. —Eu estou nadando, Zeb. Eu não estou na costa, mas eu estou tentando chegar lá. Você confiou em mim com Hyde todo esse tempo. Eu só preciso que você confie em mim um pouco mais. —Por que eu deveria? Apertei sua camisa de flanela na mão e o puxei para baixo para que ficássemos nariz com nariz. —Porque antes que eu possa escolher você, antes que eu possa escolher Hyde, eu tenho que escolher a mim mesma, e isso é o que eu venho tentando fazer. —Eu esperava que fizesse sentido para ele, porque esse era o primeiro passo gigante que tinha que dar. —Não é tão fácil. Ele deixou escapar um suspiro e roçou em meus lábios com um beijo leve. —Eu estou esperando na praia por um longo tempo, Sayer. —Eu sei, Zeb. Por favor, confie em mim. Ele se afastou do balcão quando Hyde voltou correndo para a cozinha. Seus olhos não dizendo nada e sua boca séria quando ele rosnou: —Você ainda é meu único plano, Sayer. Isso nunca mudou. Isso fez o meu coração inchar porque eu não tinha a intenção de deixá-lo desta vez. Poderíamos ambos ganhar e desta vez seria uma vitória que duraria para sempre.


CAPÍTULO 18 Zeb Eu não tinha certeza do que fazer com a revelação repentina de Sayer, que ela estava tentando abrir o seu caminho para mim, através da lama do seu passado, e eu não tinha certeza de que poderia fazer o que ela pediu e simplesmente confiar nela. Mas quando o fim de semana chegou, eu me vi ligando para ela, perguntando se ainda estava disposta a cuidar de Hyde. Ele não tinha parado de falar sobre ela desde que eu o peguei em sua casa, então eu percebi que não poderia o feri-lo, os impedindo de passar o dia juntos. Ela me disse que é claro que queria vê-lo, então me pegou desprevenido me perguntando qual a minha cor favorita. Obviamente, a resposta era azul. Espumante, turbulento, azul oceano. Ela ficou em silêncio na outra extremidade do telefone por um segundo e, em seguida, me disse que viria buscar Hyde e o traria de volta, se isso estivesse bem para mim. Disse que tinha umas coisas para fazer e iria levá-lo com ela. Eu tentei avisá-la que uma criança de cinco anos de idade, mesmo uma bem-comportada como Hyde, acrescentava pelo menos uma hora ao tempo que levava para fazer as coisas que queríamos fazer. Ela riu e disse que seria ótimo. Eu tentei avisála de novo enquanto mudava o assento de carro de Hyde da minha caminhonete para seu Lexus. Ela apenas sorriu para mim e disse que estaria tudo bem. Ela também me olhou como se quisesse tirar todas as minhas roupas e se divertir comigo ali mesmo no estacionamento do condomínio. Era tudo muito confuso, minha cabeça e o coração estavam em guerra sobre o que aquilo significava. Enviei-lhe uma mensagem de texto para que ela soubesse que eu iria direto para casa do trabalho. Eu tinha comprado recentemente uma residência antiga estilo vitoriana, não muito longe da casa dela, e estava trabalhando em transformar seus vários apartamentos e áreas comuns em uma única casa. Era um projeto enorme, mas eu sabia que quando o trabalho estivesse feito, o retorno do meu investimento seria enorme. Eu disse a ela que poderia buscar o meu filho já que eu estava tão perto, mas ela mandou uma mensagem de volta: NÃO! Em maiúscula e disse que iria levá-lo dentro de uma hora. Quando apareceram no condomínio, ela e Hyde pareciam um pouco murchos e em mau estado, mas os olhos verdes do meu filho estavam acesos com malícia e alegria. Ele também tinha manchas do que parecia ser tinta azul no seu cabelo e em suas mãos. Ele me abraçou nos meus joelhos, e saiu correndo para seu quarto para que pudesse tirar o casaco e luvas. Sayer também tinha tinta azul na sua bochecha e respingada em seu cabelo. Sua aparência normalmente impecável estava longe de ser encontrada, quando ela apareceu na minha porta com jeans manchado e um enorme moletom. —Vocês tiveram uma briga com tinta? —Eu estendi a mão e arranquei um fio azul de seu cabelo e deixei cair.


Ela riu um pouco e balançou a cabeça. —Mais ou menos. Nós estamos trabalhando em um projeto secreto. Isso despertou meu interesse, então eu me inclinei contra a porta e cruzei os braços sobre o peito. Eu tinha que admitir que foi um golpe para o meu velho ego quando seus olhos se arregalaram com o movimento. Ela colocou a ponta da sua língua para fora para traçar o lábio inferior e eu rosnei para ela. Eu queria seguir o rastro de umidade com a minha própria língua e em seguida, morder a curva exuberante. Além do meu tempo preso, este foi o mais longo período que eu já tinha ficado sem sexo e isso estava começando a me deixar um pouco louco. Cada movimento que ela fazia parecia como um ”vamos”, ou concebido para seduzir. —Que tipo de projeto secreto? —Minha voz estava rouca e eu a vi tremer. —Você vai descobrir em breve. Eu posso vir buscar Hyde no próximo sábado, também? Eu queria dizer que ela só poderia ter o meu filho, se estivesse disposta a me levar também, mas eu entendi que ela estava abrindo caminho através de algo espesso e ruim. Ela estava lentamente encontrando seu caminho através disso, porém tudo que eu podia fazer era esperar do outro lado. —Sim. Você pode vir e levá-lo no próximo sábado. Acho que minha mãe realmente gosta de ter um dia para si mesma. Você quer entrar e jantar conosco? Eu provavelmente vou deixar Hyde pedir pizza. Ela inclinou a cabeça para o lado e em seguida, assentiu. —Certo. Eu gosto disso. Nós três passamos o resto da noite comendo pizza, assistindo algum filme bobo, e rindo. Eu tentei várias vezes que Hyde me dissesse qual era o projeto especial em que ele estava trabalhando na casa de Sayer e cada vez ele apenas ria para mim e trocava um olhar conspirador com Sayer, enquanto me dizia uma e outra vez que era uma surpresa. Ele também me disse que sua cor favorita era vermelho, que a cor favorita de Sayer era verde, e que Poppy gostava de roxo. Eu não tinha certeza do que isso tinha a ver com qualquer coisa, mas quando acompanhei Sayer até o carro, quando ela ia embora, eu empurrei-a contra a lateral e a prendi entre o meu corpo e o metal frio. —Sua cor favorita é verde, hein? O canto da sua boca subiu em um sorriso e ela levantou a mão e colocou no meu rosto. Suas unhas roçaram levemente a lateral da minha barba e fez todo o meu corpo apertar. —A sua cor favorita é o azul, hein? Eu sorri de volta para ela. —Touché. Eu espero que você resolva a sua merda o quanto antes possível, Say. Eu com


certeza sinto falta de foder você. Eu a empurrei para trás de seu carro e observei seus longos cílios caírem sobre os olhos. —Eu estou trabalhando nisso. —Disse ela. Suspirei e minha respiração soltou vapor na minha boca. —Eu sei que você está. Restauração leva tempo e há sempre algo inesperado por trás das paredes quando você as derruba. Vejo você na próxima semana. Quando ela apareceu na semana seguinte parecia diferente. Ela estava vestida como se tivesse invadido o Exército da Salvação e pegado o jeans mais usado e desgastado, eu reconheci a camiseta como a que eu deixei na casa dela na nossa última noite juntos. Ela parecia muito menos polida e despreocupada em estar arrumada, do que normalmente era. Mesmo que suas roupas fossem casuais e até mesmo um pouco desleixadas, ela ainda fazia tudo parecer realmente bom e eu queria tirá-la delas. Eu deixei o meu olhar vaguear sobre ela e lhe disse: —Roupa bonita. Mais projetos secretos para hoje? Hyde bateu palmas e gritou um pouco. —Sim, Sayer, vamos terminar nossa surpresa hoje? —Pode apostar, mas eu tenho uma pequena parada para fazer antes de terminarmos, tudo bem, companheiro? Hyde amuou um pouco, mas acho que o garoto e eu estávamos no mesmo barco quando se tratava desta mulher. Qualquer chance que tínhamos para passar um tempo com ela, estávamos aceitando e segurando com as mãos gananciosas. Eu andei para seu carro e ajudei a colocar Hyde no assento novo de carro, que ela tinha comprado para ele. Isso mexeu com partes de mim que sempre estariam ligadas a ela. Ela foi e comprou um assento de carro para o meu filho. Isso tinha que dizer que ela estava pensando em ficar conosco. Não é? —Eu vejo vocês daqui a pouco. Seja bonzinho. —Eu não tinha certeza se eu estava falando com Hyde ou com ela, mas de qualquer forma a advertência pareceu servir. Quando ela voltou para o condomínio mais tarde naquela noite, a princípio eu não sabia que era ela. Eu ouvi um carro estacionar e olhei para fora da janela para ver quem era, mas não era um Lexus estacionando atrás da minha caminhonete. Em vez disso, um novo Jeep Grand Cherokee vermelho-cereja estava onde ela normalmente estacionava. Não era tão masculino como o meu, mas ainda era robusto e feito para muito mais do que parecer somente bonito. Eu achei que deveria ser um vizinho até que sua cabeça loira surgiu do lado do motorista e ela caminhou ao redor para deixar Hyde sair do outro lado. Ela teve que descer o menino, e então eles caminharam em direção à frente do prédio de mãos dadas e eu sabia


que era tudo o que eu queria em minha vida. Eles eram perfeitos juntos. Eles eram perfeitos para mim. Eu não poderia pedir por mais nada, e eu faria tudo ao meu alcance para ficar com eles e mantê-los seguros. Abri a porta quando ouvi a voz baixa dela e Hyde rindo. Eles pularam quando me viram e eu assisti a ambos os sorrisos virarem apenas uma brilhante sombra. —Carro novo para combinar com o cabelo novo e novos trapos? Ela sorriu e soltou a mão do Hyde para que ele pudesse atirar-se contra mim, como ele gostava de fazer. Eu o ergui e rosnei quando ele colocou as duas mãos no meu rosto. Eu quase morri de rir quando ele rosnou de volta para mim como um pequeno animal. —Sayer deixou-me escolher a cor. Vermelho. É o meu favorito. —Eu vi. —Eu olhei para ela por cima do ombro e ela levantou as mãos e as deixou cair. —Eu nunca realmente gostei do Lexus e a caminhonete faz mais sentido para o inverno. —Você comprou uma caminhonete? Ela deu de ombros novamente. —Sim. Eu gosto da sua. Eu queria rosnar novamente, mas em vez disso, soltei um sorriso predatório e murmurei: —Eu gosto da sua também. —Eu não estava falando sobre a caminhonete e ela sabia disso. —Quer ficar para o jantar? Desta vez, ela balançou a cabeça. —Não. Não essa noite. Eu tenho algumas coisas que preciso terminar em casa. Mas obrigado, eu vou te ver no próximo fim de semana, se estiver tudo bem. —Está tudo bem, mas um dia desses, eu quero minha camisa de volta. —Eu olhei para ela, para que soubesse que significava que eu queria retirar dela enquanto estava usando e ver toda a palidez e o rosado que estavam embaixo. —Em breve. Eu vejo vocês na próxima semana. Tchau, Hyde. —Tchau, Sayer. Eu não posso esperar para o papai ver a surpresa. —Eu também, garoto. —Ela sorriu para mim e meu coração e meu pau responderam. —


Próximo fim de semana, Zeb. Vejo você em breve. Ela desapareceu debaixo da passarela e eu olhei para o meu filho. —Esperar por esta surpresa está me matando, você sabe. É melhor eu gostar dela. —Eu estava apenas, metade, brincando. Seu rostinho ficou muito sério e ele se inclinou para que os nossos narizes se tocassem. —Você tem que gostar. Sayer trabalhou muito duro. Você pode fingir se você não gostar para não ferir seus sentimentos. —Vou fingir. Só por você, homenzinho. —Bom. Podemos ter pizza para o jantar? Eu gemi. —Que tal fazermos tacos ou alguma outra coisa? —Eu teria pizza correndo em minhas veias no momento em que essa criança tivesse idade suficiente para comprar a sua própria comida. —É final de semana. Nós temos pizza no fim de semana. —Seus olhos brilharam para mim e eu sabia que cederia, mesmo que a última coisa que eu quisesse comer era outra fatia de pizza. —Tudo bem, podemos pedir uma pizza. —Porque você me ama. —Ele jogou os braços em volta do meu pescoço e apertou tão forte que eu tive que soltá-lo. —Porque eu te amo. —Eu o desci e peguei o meu celular do meu bolso. —Sayer me ama também. Eu pisquei para ele. —Ela te disse isso? —Eu queimaria no inferno por ter inveja do meu próprio filho mais uma vez. Ele balançou a cabeça negativamente. —Não, mas ela me deixou escolher a cor de seu novo carro, então ela tem que me amar, certo? —Se fosse assim tão fácil dizer o que a bela loira sentia por traz da aparência. Eu ri. —Isso parece lógica bem sólida para mim, homenzinho. Vamos nos limpar e pedir o jantar.


A semana seguinte passou em um borrão. Tive um grande problema com o telhado da casa Vitoriana, que seria quase impossível de corrigir, teríamos que refazer uma parte na melhor das hipóteses, o que significava que minha equipe estava trabalhando de forma intermitente no frio e irritados com isso. Hyde também adoeceu com o frio e ficou assim por três dias. Acho que quando sábado chegasse, minha mãe estaria mais do que pronta para uma pausa. Quando Sayer veio buscá-lo, ela estava toda empacotada, então eu não podia ver se ela 10

ainda estava vestida como se estivesse trabalhando para HGTV , ela parecia muito mais silenciosa e quase ansiosa enquanto tínhamos uma conversa fiada. Eu disse a ela que Hyde estava se recuperando de um resfriado, o que a levou a dar uma enxurrada de toques em sua testa e se preocupar com ele como se ele fosse desmaiar a qualquer minuto. Ela estava preocupada sobre a forma como eles fariam sopa de macarrão com galinha e assistiriam todos os seus filmes favoritos que ela nem sequer me disse adeus quando partiu. Isso me incomodou durante todo o dia até que ela enviou uma mensagem na parte da tarde me perguntando se eu me importava de vir pegar Hyde depois do trabalho, em vez dela trazê-lo. Eu respondi que sim e lhe perguntei se estava tudo bem. Ela enviou uma mensagem dizendo que estava tudo bem, ela queria que eu viesse na sua casa e desse uma olhada em uma coisa. Quando eu perguntei o que ela queria que eu olhasse, ela não respondeu. Nem preciso dizer que o seu silêncio e minha curiosidade me fez apressar na desmontagem de um banheiro no qual eu estava trabalhando. Os caras estavam felizes por encerrar o dia algumas horas mais cedo, então eu mandei uma mensagem para ela, que eu estava indo e perguntei se eu precisava de ferramentas para o que ela precisava que eu arrumasse. Ela respondeu com um emoticon sorridente e a resposta: Apenas uma ferramenta. Cuidado ao elaborar? Você vai ver quando chegar aqui.

Eu estacionei minha caminhonete atrás da sofisticada dela e praticamente corri até os degraus da frente. Eu não tive que bater porque ela já estava na porta e abriu assim que eu levantei a minha mão. Ela estendeu a mão, agarrou a frente da minha camisa de flanela e me arrastou para dentro, e antes que eu pudesse perguntar o que diabos estava acontecendo, ela me empurrou contra a porta da frente, que ela tinha acabado de fechar atrás de nós. Fazia tanto tempo desde que eu senti o seu gosto, ter os seus lábios nos meus, fez o meu cérebro entrar em curto-circuito. Suas mãos enrolaram em volta do meu pescoço, e ela se


levantou na ponta dos pés para que pudesse se pressionar em mim. Passei um braço em volta da cintura dela e a puxei para mais perto. Senti seus seios achatarem contra o meu peito e seu joelho entre minhas pernas esfregar contra a ereção que estava esticando meu jeans a limites extremos. Ela suspirou contra a minha boca e torceu a língua em torno da minha até que eu afastei com um suspiro. —Meu filho está andando por aqui em algum lugar, a menos que você queira me ajudar a explicar a ele o que diabos está acontecendo... ou talvez você queira explicar isso para nós dois... que diabos, Say? —Eu lhe dei um pequeno aperto e a afastei de mim. Ela empurrou as camadas longas, coloridas do seu cabelo para trás e sorriu para mim. Notei que ela estava com um suéter muito macio, tipo felpudo, de uma cor coral brilhante. Ela também estava com uma calça que parecia ter sido pintada, de tão apertada. Era uma profusão de cores e tudo isso parecia realmente bem nela, especialmente com o sorrisinho sonhador brincando nos lábios agora inchados. —Eu levei Hyde para a casa de sua irmã a uma hora atrás, e Poppy está com Salem e Rowdy pelo resto do fim de semana. Encostei-me à porta. —Por quê? O que está acontecendo, Sayer? Ela estendeu a mão e esperou pacientemente até eu pôr a minha muito maior e mais áspera na dela. —Eu quero lhe mostrar a surpresa em que eu estava trabalhando. Venha comigo. Eu estava hesitante e curioso, em igual medida. Eu estava morrendo de vontade de saber o que ela estava fazendo, mas aquele beijo tinha me tirado dos trilhos. Eu parei assim que entrei na sala de estar. Lá se foram as paredes estéreis, sem vida ou cor. Em seu lugar estava um bonito verde musgo, que foi coberto com obras de arte brilhantes e animadas. O sofá feio tinha ido também, e foi substituído por um de tamanho grande que parecia convidativo e perfeito para rolar nele. Isso não se parecia mais com o consultório do dentista. Parecia uma casa. Parecia confortável. Parecia amada. Eu não disse nada enquanto ela me levava até seu escritório, que tinha agora um lilás pálido. Olhei para ela e depois para o espaço e, em seguida, de volta para ela novamente. 11

—Isso atrás da sua mesa é um cartaz de Buffy a caça vampiros ?—Eu não pude evitar o humor chocado da minha voz. Ela riu e me puxou para a cozinha. —Equipe Spike para sempre.


A cozinha não tinha mudado muito; ainda havia a parede cor de Poppy, mas na grande 12

parede em branco, havia adesivos de vinil preto de papoulas gigantes que deram ao ambiente mais movimento e calor. Ela tinha estado ocupada. Cada ambiente tinha uma cor diferente e decorado de forma casual. Não havia ordem. Não havia nenhuma rima ou uma razão qualquer, e eu podia dizer que ela adorava. Ela tinha saído e descoberto as coisas que gostava, coisas que falavam com ela, e construiu o seu espaço. Um dos quartos vagos foi pintado com trilhas conduzindo um trem e a porta estava coberta com um milhão de marcas de mãos. Todas pequenas e indo em todas as direções. Obviamente essa tinha sido a contribuição do meu filho para o projeto. Era doce e eu queria perguntar se ela abriu espaço para o meu filho, não só em sua casa, mas em seu coração também. A última parada na excursão foi seu quarto. Finalmente, eu encontrei a fonte da tinta azul que tinha estado sobre Hyde e em seu cabelo, há algumas semanas. O quarto tinha sido transformado de um oásis de tranquilidade para uma vila no Caribe. Era o oceano e muito mais. Eram seus olhos e seu coração enrolados e colocados nas paredes. —Azul é o seu favorito e você é o meu favorito, então eu queria ambos no mesmo lugar. —Eu me virei para olhar para ela, sem saber o que dizer. Ela trocou de pé, enfiou a mão no bolso e tirou alguma coisa. Quando ela abriu a mão percebi que era uma chave da casa. Eu voltei meus olhos para ela e soltei um suspiro profundo. —Sayer... Ela se aproximou e pegou minha mão e colocou a chave, antes de enrolar meus dedos em torno do objeto de metal. Segurei-a com tanta força que as pontas morderam dolorosamente na minha pele. —Você fez esta casa, Zeb. Você está em toda parte. Eu te sinto em cada quarto. Você pertence a este lugar tanto quanto eu. —Ela se aproximou de mim e colocou uma mão no centro do meu peito. —Você foi o primeiro homem que eu beijei, você sabia disso? Eu resmunguei. —Você foi noiva, Sayer. Ela se enrolou em volta da minha cintura e encostou a cabeça debaixo do meu queixo. Eu queria abraçá-la, mas minha cabeça ainda estava girando. —Eu sei, mas ele me beijou. Eu nunca o beijei. Eu quero beijar você, Zeb. Eu quero fazer sexo com você. Eu quero te amar. Eu quero ter você só para mim, com mais ninguém. Não porque é certo ou errado, mas porque parece inevitável. Parece importante e certo. Eu quero estar com você porque eu o senti... ainda sinto.... Em toda parte. Enfiei a chave que ela me deu no meu bolso e coloquei um dedo sob o seu queixo de


um jeito que a fez inclinar a cabeça para trás para que ela tivesse que olhar para mim. —O que você está me dizendo? —Eu podia ver o que ela estava tentando dizer com as paredes e com o seu olhar transparente, mas eu ainda precisava das palavras. Eu precisava saber o que ela tinha guardado, que ela estava onde ela precisava estar, ou pelo menos chegando perto. Eu precisava ouvi-la me dizendo a verdade antes que eu pudesse acreditar. —Eu estou dizendo a você que eu escolhi a cor, eu escolhi a felicidade, eu escolhi ser todas as coisas que eu sou, e eu não me sinto mal sobre qualquer uma delas. Eu escolhi ser melhor do que meus pais foram e não os deixar me definir. Eu escolhi a mim, e o que eu quero. Eu escolhi ser corajosa e arriscar meu coração. Eu escolhi o amor, Zeb, então isso significa que eu escolhi você e Hyde. Eu nunca vou estar totalmente confortável com todo o espaço que ocupam e como você me faz sentir, mas eu quero você aqui, para que você não tenha que bater mais na porta. Eu estou lhe dando a chave para isso. Ser desconfortável é uma coisa boa. Isso me faz humana mesmo depois de tudo o que meu pai fez para me tornar um nada. Ela me abraçou como antes e eu finalmente ergui um braço para abraçá-la também. Sua voz era calma quando me disse: —As paredes se foram. O chão está nivelado. Você pode construir o que quiser. Eu sou uma lousa em branco. —Ela tinha encontrado uma maneira de falar comigo que eu não poderia ignorar. Suas palavras eram um bálsamo para todas as feridas que suas ações tinham me infligido. Ela me disse que eu poderia fazê-la minha, podíamos finalmente construir o nosso futuro, juntos. Praguejei suavemente e me inclinei para que eu pudesse colocar minha bochecha no topo da sua cabeça. —Eu te amo, Sayer, e meu filho te ama. Se você fizer isso, nos deixar entrar, nos dar a chave, então você tem que estar preparada para nós ficarmos. Eu não vou deixar Hyde amar alguém que pode deixá-lo, pelo menos não se eu puder evitar. —Eu não vou embora, Zeb. O que quer que nós iremos construir, faremos juntos, e é para sempre. —Será que você chegou à praia? —Enfiei a mão sob a pesada massa de seus cabelos e agarrei sua nuca. Ela inclinou o rosto para que eu pudesse colocar os meus lábios nos dela. Foi um beijo doce, um beijo suave. Foi um beijo de regresso a casa, um beijo de apreciação, e um beijo de começo, de algo duradouro e inquebrável. Foi um beijo que selou nosso destino, nos selou juntos, e forjou algo forte e resistente que duraria, não importa o que viesse para nós. Foi um beijo que nos uniu, as feridas fecharam, e falou de como lutaríamos um pelo outro, pela nossa família, e por esta coisa bonita, brilhante que escolhemos, que vivia entre nós. —A praia está à vista e eu vou continuar lutando, mas cheguei a você, e essa era a


direção em que eu estava nadando, desde que nos conhecemos. —Eu estou com você, Say. —Eu sei que você está, Zeb. —Ela deslizou seus dedos através dos botões da minha camisa e pressionou sua parte inferior contra a minha. —Podemos beijar e fazer as pazes agora? Rosnei baixo na garganta e caminhei com ela para trás em direção à cama. —Você não tem algo que queira que eu conserte antes de ficar nu? Ela revirou os olhos e começou a puxar a minha camisa. —Sim, eu preciso que você conserte essa dor infinita e constante que tenho entre minhas pernas. Dói o tempo todo e só você tem a ferramenta adequada para consertar. Joguei minha cabeça para trás e ri para ela. —Então, realmente você quer foder e fazer as pazes? Ela assentiu com a cabeça vigorosamente, o que tirou um riso de mim, enquanto ela ia para a cama de costas e se deitava, me puxando com ela. Ela estava lutando com meu casaco nos meus ombros e beijando o lado do meu pescoço. Parecia que suas mãos e sua boca estavam em cima de mim, e quando eu tentei dizer a ela para abrandar, para que eu pudesse saborear completamente o fato de tê-la de volta em meus braços, ela fez um beicinho para mim de uma forma tão bonita que eu apenas tive que beijá-la, o que levou a línguas emaranhadas e meu pau gritando para ser libertado. Eu queria aproveitar o momento. Ela queria me possuir. Ela se mexeu até que eu a deixei ficar em cima, e ela se arrastou por cima de mim para que pudesse abrir minha camisa. Os botões saíram e bateram no chão, o que a fez rir. Eu me inclinei o suficiente para que eu pudesse ajudá-la a tirar a camisa sobre cabeça. Ela parou por um segundo e usou seu dedo para traçar levemente os meus lábios. —Eu realmente senti sua falta, Zeb. Eu grunhi quando ela deslizou e começou a abrir o meu cinto e o meu zíper onde meu pau estava tentando empurrar. —Bom, porque eu realmente senti sua falta também. Meu pau muito ansioso e pronto saltou para a palma da mão, logo que ela abriu minha calça. Ela riu para mim. —Obviamente. —Seu rosto ficou sério quando ela fechou os dedos em volta do meu pau


e esfregou seu polegar em torno da ponta latejante. —Você é a única coisa que eu sempre quis de verdade, Zeb, essa é a verdade. Que verdade boa. Seus olhos brilhavam para mim e, em seguida, meu pau estava em sua boca e eu me esqueci de como pensar. Esqueci-me de como respirar. Esqueci todas as noites passadas sozinho e a desejando, porque tudo que eu podia sentir era sua boca pressionando contra mim e sua língua rápida rolando ao redor. O tempo sem ela era insignificante e sem sentido em comparação com o tempo junto dela. Eu enterrei minhas mãos em seu cabelo e senti meus olhos rolarem nas órbitas quando uma de suas mãos serpenteava entre as minhas pernas e gentilmente começava a acariciar meu saco firmemente. Ela não desistiu quando eu lhe disse para ter calma. Ela agiu como se estivesse em uma missão, e enquanto eu apreciava o entusiasmo, tinha sido muito tempo desde que eu tinha estado dentro dela e não havia nenhuma maneira de que não terminaríamos esta bela reunião, unidos e ao mesmo tempo. Eu rosnei para ela e usei meu poder sobre seu cabelo para afastá-la do meu pau que agora estava brilhante com saliva e mais duro do que eu acho que ele já esteve. Comecei puxando a blusa de cores vivas e ordenei que ela tirasse aquela calça apertada. Ela fez beicinho, mas cumpriu minhas exigências. Eu levei um segundo para apreciar o sutiã azulmarinho e sua minúscula calcinha antes de despi-la. Tudo que eu queria era sua pele, nas minhas mãos e boca. —Não faça beicinho. Você pode ter meu pau em sua boca sempre que quiser, mas agora eu preciso estar dentro de você. Foi como dissemos adeus, e será como nós nos reuniremos. Na verdade, pode ser como nos comunicaremos daqui em diante. Ela riu, mas isso se transformou em um gemido quando eu a beijei e apoiei na cama novamente. Desta vez, quando ela caiu para trás, seus braços estavam em volta do meu pescoço, eu tinha um joelho entre suas pernas abertas, e quando eu me apoiei em cima dela, também a penetrei. Eu entrei profundamente e sem fim dentro dela, o máximo que eu pude. Nossos quadris colados. Seus seios roçavam meu peito, seus mamilos cutucando em mim, e seus olhos ficaram um pouco nebulosos. Eu estava mais do que feliz em me afogar nela enquanto seu corpo me recebia de volta e me segurava forte como se nunca quisesse me soltar novamente. Eu estava perfeitamente feliz com isso. Eu me apoiei em um braço e apertei a lateral de seu rosto com uma mão. Abaixei-me para que eu pudesse beijar a ponta do seu nariz. —Eu te amo, Sayer. Seus braços me envolveram e ela enrolou uma das suas longas pernas ao redor da minha cintura. —Eu também te amo, Zeb. —Suas sobrancelhas pálidas levantaram e ela sorriu para mim. —Agora que a parte de fazer as pazes acabou, podemos passar para a parte de foder? Por


favor? Eu ri e comecei a me mover com ela. Toda vez que eu pressionava para dentro, ela levantava para encontrar meu impulso, e eu sabia que essa era a Ăşnica escolha que nĂłs poderĂ­amos ter feito.


EPÍLOGO SAYER Oito meses mais tarde Eu estava em cima de Zeb, e ele estava profundamente enterrado dentro de mim, enquanto eu o montava como se eu estivesse tentando quebrá-lo. Ele tinha uma mão no meu quadril, outra em torno do meu peito saltando, enquanto ele brincava com meu mamilo até o ponto de doer e arder um pouco. Eu estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona, e minhas mãos estavam ondulando na tatuagem em seu peito enquanto eu sentia meu orgasmo iminente quente e ofuscante atrás dos meus olhos. Ele estava tão perto. Eu estava tão perto. Tudo o que precisava era um pequeno roçar de seu dedo áspero no meu clitóris para gozar, e eu estava a ponto de lhe pedir para fazer isso. —Zeb... me toque. —Eu implorei em um tom abafado e continuei a balançar sobre ele freneticamente. Se ele não gozaria comigo, eu não tinha nenhum problema em cuidar de mim mesma. Eu olhei para ele, para que ele acompanhasse o show e então suspirei quando sua mão derivou pela pele suave do meu quadril e se dirigiu para onde eu precisava dele. Ele deslizou rapidamente seu toque iluminado pelas minhas dobras escorregadias e me provocou quando me disse para me curvar e lhe dar um beijo. Eu resmunguei um pouco, pelo meu gemido de satisfação quando ele finalmente fez contato. Era ali e me senti tão bem. Ele sempre me fazia sentir tão bem. Meus lábios estavam prestes a aterrar nos seus, prestes a engolir seu gemido quando o meu corpo apertou o cerco contra ele, muito “duro” para se quebrar na liberação que só ele poderia me dar, quando de repente nós dois congelamos e nos afastamos um do outro com a pele em chamas. Pequenos passos e a porta do quarto rangeu e abriu, nos fazendo partilhar um olhar frustrado e confuso enquanto Hyde estava de repente ao lado de seu pai na cama. —Eu tive um sonho ruim. Eu puxei o edredom até o queixo e esperei que a luz vinda do corredor não fosse o suficiente para ele perceber que Zeb e eu estávamos corados e suados. —Você teve? Ou você simplesmente não quer dormir no seu próprio quarto? Nós falamos sobre isto, homenzinho. Mesmo que eu tenha entregado a Zeb a chave para minha casa meses atrás, ambos concordamos que seria melhor esperar algum tempo para mudar Hyde de novo tão cedo. Como resultado, tinham sido oito meses de nós saltando da minha casa até seu apartamento e tentando fazer o menino se acostumar com a ideia de viver aqui em tempo integral. Ele e Zeb


haviam se mudado oficialmente há duas semanas, e pelo menos três noites da semana Hyde queria dormir na cama entre nós. Zeb normalmente cedia, mas eu duvidava que fosse o caso essa noite. Ajustar uma vida sexual ativa em torno de um inquisidor de cinco anos de idade, tinha provado ser interessante para nós dois. Nem precisa dizer que o chuveiro viu muita ação e eu tinha me tornado extremamente proficiente em ficar excitada, enquanto estávamos ambos ainda vestidos, na maior parte. —Meu quarto é muito longe. —Seu quarto era um nível abaixo da suíte máster e ele tinha passado muitas noites nele, enquanto Zeb e eu estávamos à espera de vivermos juntos. Minha opinião é que ele sentia falta de ter Poppy no final do corredor. Ela havia se mudado para seu próprio apartamento na semana anterior aos rapazes fazerem da minha casa sua casa. —Não é tão longe, Hyde. —Posso dormir com vocês esta noite? —Ele estava choroso e já era tarde, mas Zeb ainda tinha uma ereção e seus olhos ainda estavam negros com a necessidade. —Não esta noite, companheiro. Você tem que se sentir confortável em seu quarto. É seu por um longo prazo. Lembra-se de quanto trabalho você e Sayer tiveram para torná-lo especial só para você? Ele tentou espreitar sobre a cama para mim, mas eu estava me escondendo debaixo das cobertas e atrás do corpo muito maior de Zeb. —Sim. Eu me lembro. —Ele fez um biquinho adorável e eu quase ri com a forma como Zeb gemeu. Ele passou as mãos pelo seu cabelo, que estava embaraçado e selvagem, pelas minhas mãos. —Que tal eu ir e ler uma história? Eu vou ficar com você até você voltar a dormir. Eu podia ver o menino considerando e finalmente, ele assentiu. —OK. Sayer, você quer vir e ouvir uma história? Eu bufei e tentei disfarçar com uma tosse. —Obrigada, querido, mas eu vou passar. Você vai com seu pai e eu vou vê-lo de manhã. Suas sobrancelhas mergulharam sobre seu minúsculo nariz. —Eu gosto do meu quarto. Juro. —Eu sei que você gosta, Hyde. Às vezes, esta antiga casa emite ruídos e pode ser difícil dormir. Está tudo bem. Zeb me pediu para pegar o seu jeans, que eu atirei para ele. Ele se ajeitou e se inclinou sobre mim para que pudesse pressionar sua boca na minha. A sensação da barba no meu rosto


nunca diminuía. Eu amava agora, tanto quanto eu amei a primeira vez em que eu o beijei. Eu coloquei meus dedos sobre a nova tatuagem no lado do pescoço, que tinha um homem com uma máscara de monstro por mais da metade de seu rosto. Dr. Jekyll e seu Hyde sempre impressos para o mundo ver. Este era Zeb tomado de orgulho paternal e eu o amava como ele era. Não era só o nome de Hyde, era mais uma tradução literal que o menino entenderia quando fosse mais velho. —Eu voltarei. Eu ri um pouco e me aconcheguei mais nas cobertas. —Eu estarei aqui. —Eu não iria a qualquer lugar, não importa quantos orgasmos de tremer a terra fossem interrompidos. Vi meu descamisado, tatuado, rasgado, gigantesco, e agora o homem sexualmente frustrado, lidar com seu filho, como se ele fosse de vidro, quando ele o guiou para fora do quarto e pensei em quão tola eu tinha sido em temer todo o espaço que ele ocupava. Com ele em todos os lugares, não havia mais espaço para qualquer das coisas ruins caberem. Todos os dias ele me fazia sentir como se eu fosse digna dele, e que ele era digno de mim e nós dois dignos desta vida e todas as coisas boas nela. Eu posso não ter ganho tudo ainda, mas eu não estava com medo de passar o resto da minha vida trabalhando em direção a isso. E isso funcionava. Ainda havia vezes em que eu queria escorregar em velhos hábitos, me fechar e congelar todos do lado de fora, porque eu estava sobrecarregada com a quantidade de sentimento e amor que existia em todos os meus dias. Eu lutava contra isso e muito. Pelos meus meninos eu merecia o melhor. Falando sobre coisas acabando bem... Poppy deu o primeiro passo, ela começou a ir a um terapeuta para falar sobre seu abuso e seu passado. As sessões sozinhas não tinham realmente ajudado, mas ela encontrou um grupo de mulheres sobreviventes de abuso, e ouvir outras mulheres contar suas histórias, vendo algumas que sofreram muito mais do que ela tinha, fez toda a diferença para ajudá-la a dar passos em direção de viver uma vida independente novamente. Observá-la ser tão corajosa, me ajudou a ser corajosa, e me ajudou a entender o abuso emocional horrível ao que eu tinha sobrevivido nas mãos do meu pai. Uma vez que tinha um título, uma vez que o demônio tinha um nome, eu tinha mais facilidade em falar com Zeb sobre isso, e até mesmo discutir o passado com Rowdy. Eu era uma sobrevivente também, agora eu não estava mais flutuando. Movi debaixo das cobertas e prendi a respiração enquanto meus mamilos ainda franzidos esfregaram contra o tecido. As luzes estavam apagadas, a porta estava fechada, e eu ainda tinha um desejo lento correndo no meu sangue. Havia um orgasmo pairando no horizonte e eu percebi que não havia nada de errado em persegui-lo sozinha, enquanto Zeb estava ocupado. Eu só o teria novamente muito mais tarde. Então esse era um tipo de tarefa. Eu deixei minhas pernas abrirem e deslizei minha mão sobre minha barriga até fenda


que ainda estava inchada e úmida onde Zeb tinha estado trabalhando. O primeiro contato dos meus próprios dedos me fez estremecer. Não demoraria muito tempo para chegar lá, porque meu homem era extremamente bom no que fazia e eu já estava preparada. Suspirei na escuridão quando eu comecei a esfregar círculos lentos e agonizantes em volta do meu clitóris. Era bom, mas não tão bom quando os dedos ásperos de Zeb faziam isso. Eu gritei de surpresa quando o edredom foi arrancado de cima de mim e pisquei para Zeb, ele estava no final da cama olhando para mim com um olhar lascivo em seu rosto. —Não pare por minha causa. Você sabe o quanto eu gosto de ver você se tocar. —Ele chutou sua calça jeans enquanto eu endurecia. —Hyde? —Desligado. Eu nem sequer cheguei à metade do livro. Ele está se acostumando. Ele só precisa de algum tempo. —Um sorriso surgiu em sua barba. —Se você não vai terminar para mim, então eu vou fazer isso por você. Gritei seu nome quando ele pegou meu tornozelo e me puxou em direção ao final da cama através dos lençóis pecaminosamente caros. Antes que eu pudesse protestar, ele tinha as minhas pernas abertas e o rosto escondido entre as minhas coxas trêmulas. A língua dele estava no meu clitóris e sua barba estava roçando sedutoramente contra as minhas coxas. Eu não conseguia respirar. O orgasmo que eu persegui sozinha, voltou bem de frente e no centro, e ele trabalhou com a boca e os dedos. Eu gozei com um gemido profundo e me derramei por toda a sua língua quando ele se recusou a me deixar. Ele se afastou para que pudesse beijar o meu umbigo e depois se arrastou para cima de mim para que ele pudesse sentar sobre o meu corpo saciado. Eu queria dizer a ele que depois desse orgasmo não havia mais nada para eu lhe dar, mas como sempre, eu encontrei mais, porque era ele e ele valia tudo. Eu enrolei minhas pernas em volta dele, ele se ajoelhou entre minhas pernas e começou a trabalhar em mim com estocadas rasas e lentas. Nós assistimos um ao outro atentamente, enquanto ele construía o prazer novamente, enquanto ele trabalhava o desejo como se fosse uma coisa viva, até que eu estava me contorcendo sob ele novamente e meu corpo estava implorando ao seu por liberação. Ele se esticou sobre mim para que pudesse se mover mais rápido e forte, e antes que eu soubesse, nós estávamos gozando juntos e nos segurando um no outro enquanto esperávamos que o mundo parasse de girar. Seu rosto estava enterrado no lado do meu pescoço enquanto eu acariciava as palmas das mãos sobre os ombros tatuados e tonificados. —Hyde me perguntou se você se importaria se ele começasse a lhe chamar de mãe.


As palavras eram suaves e talvez as mais importantes que eu já tinha ouvido. Elas eram muito mais potentes do que as que meu pai tinha rosnado. Limpei a garganta e abracei seu corpo enorme com todo o meu corpo. —O que você disse a ele? Ele riu baixinho no meu ouvido e moveu o queixo de modo que sua barba fazia cócegas em meu pescoço. —Eu apostei com ele cem dólares que, quando ele lhe pedisse, isso a faria chorar. —Eu não era a única que sabia como cobrir uma aposta para que o adorável menino de cinco anos de idade saísse com algum dinheiro. Enfiei meus dedos em seu cabelo e o segurei o mais perto que eu podia. —Você vai dever a ele cem dólares. —Imaginei isso. Ei, Say? —Ei, Zeb? —Eu esfreguei minha bochecha contra a sua e me aconcheguei mais nele. Eu queria ficar debaixo dele, conectada a ele assim para sempre. —O meu filho quer que você seja sua mãe, e se houver mais filhos no futuro, eu quero que eles sejam com você, então você provavelmente deveria se casar comigo. Eu endureci debaixo dele e peguei um punhado de seu cabelo para que eu pudesse virar sua cabeça e forçá-lo a olhar para mim. —Você acabou de me pedir para casar com você? —Ah... sim. Quer dizer, eu fiz você gozar duas vezes de uma forma espetacular, por isso achei que seria mais difícil de você dizer não. —Seus olhos brilharam para mim e ele se inclinou para frente e colocou sua boca na minha. —Eu lhe dei a casa. Você tem meu coração e o de Hyde desde o início. Você sabe que nós vamos fazer belos bebês e você vai ser a melhor mãe do mundo. Deixe-me lhe dar um anel, Sayer. Eu vou ter certeza de que seja clássico e colorido. Eu vou ter certeza de que seja forte e bonito. Eu vou encontrar um anel que brilha de dentro para fora como você. —Ele balançou as sobrancelhas escuras para cima e para baixo. —E quando eu o encontrar, eu vou ficar de joelhos e pedir da maneira certa, mas diga sim, Sayer. Você pode ser todas as outras coisas maravilhosas que você já é, mas você pode adicionar mãe e esposa à lista. Pisquei para ele e, é claro, só havia uma resposta para dar. —Sim, Zeb, eu vou casar com você. E eu não preciso que você fique de joelhos, pois desta forma é perfeito para mim. Foi desta maneira que o homem que escolhi para passar a eternidade me pediu para ser


sua. Nada poderia ser melhor do que isso.

Fim. Notas [←1] Drywall : Chapas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado [←2] Associação de comércio da América. [←3] Advogado Especial Apontado pela Corte. [←4] Home Depot, é uma companhia varejista norte-americana que vende produtos para o lar

[←5] Personagem folclórico americano, um lenhador gigante. [←6] Famosa marca de camisinhas. [←7] Brunch: café da manhã reforçado [←8] Programa de saúde americano para famílias de baixa renda. [←9] Sucesso da banda de hard rock Def Leppard [←10] Canal de TV norte americano especialista em reformas e decoração. [←11] Seriado norte americano sucesso dos anos 90. [←12] Papoulas: planta com grandes flores de quatro pétalas



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