ORATIO Família Religiosa do Embaré
Ordem dos Frades Menores Capuchinhos de São Paulo
“Se o Capuchinho Vive como Capuchinho até o Diabo o Respeita” Frei Félix de Lavalle - OFM cap
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Oração A vida dos frades está sempre alicerçada na oração, e, um espaço concebido, projetado e construído para esse finalidade, esse agente catalizador dos votos, é fundamental na observância regular, dessa prática diária é que o religioso enxerga claramente o caminho, e conduz o seu rebanho. Em meu trabalho vejo freis vivendo seus votos na plenitude e quando me foi confiado esse especial pedido, de construir uma capela para a freternidade, meu coração se encheu de alegria. Poder projetar e construir uma capela na fraternidade do Embaré, que tenho como uma casa, foi extremamente gratificante; uma honra da qual nunca me senti merecedor. Trabalhando com os freis há 22 anos, e faço minha as palavras de Frei Felix de Lavalle (superior da Missão):
Frades em frente a Capela do Embaré
“poder trabalhar, pois o trabalho sempre foi e é minha delícia e o meu mais caro divertimento”.. (1890 apud BERTO; Capuchinhos de Piracicaba,198?, p. 16)
Projeto convento trentino
Sei que os frades poderiam construir essa capela de muitas outras formas, e obteriam êxito em todas elas, na mesma proporção que julgo que obtivemos, mas, de antemão, gostaria de registrar que esse meu trabalho não é meu em nada, ele é da Família Religiosa do Embaré, dessa e das futuras. Não nutro nenhum sentimento de posse intelectual ou de permanência material do que construí. Sendo assim, registro que se for, ou quando for de interesse, ou necessidade, das futuras famílias religiosas em alterar, ou mesmo destruir esse espaço, de minha parte tem total compreensão e anuência, porque sei que será feito de forma muito pensada, e com total parcimônia Não fiquem presos ao passado porque tenho plena fé que os frades agem da melhor forma possível, conforme sua consciência.
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Sobre o espaço:
Painel de teca
Esse novo espaço, construído no claustro da Basílica de Santo Antônio do Embaré, em Santos/SP, vem atender uma demanda dos religiosos capuchinhos de Santos. Os conventos capuchinhos paulistas (os remanescestes da missão) tentam seguir o estilo de construção religiosa nos moldes dos conventos trentinos. O convento de Santos sofreu também dessa mesma influência, mas ele sempre teve a espectativa de expansão, o que nunca ocorreu.
Desse modo, nesses mais de 80 anos de presença Capuchinha em Santos, as orações diárias foram rezadas em muitos locais do convento e em sua maioria em locais adaptados, e, nos últimos anos, na sala de televisão da casa. Embora essa situação crie desconforto, as muitas atividades da paróquia jogaram para segundo plano qualquer tentativa concreta de correção da questão, tornando tão atuais as palavras de Frei Bernadino da Lavalle ao Bispo D. Duarte Leopoldo e Silva (Provincial que enviou os missionários capuchinhos ao Brasil):
Projeto para capela
Se ama os capuchinhos não queira que assumam paróquias.(in BERTO; Dados biográficos dos frades falecidos,198?, p. 09) Sempre houve queixa de um ou outro frade. Embora a casa seja relativamente espaçosa, ela não consegue atender a demanda de uma igreja complexa como a Basílica do Embaré, que também é uma paróquia com 85 anos de atividade. Desse modo, cada m2 do convento tem de ser muito bem usado, e a possibilidade de ter uma capela permanente tido como projeto inviável. Não existe passagem, na história dos Santos e homens exemplares de hábito capuchinho, em que a oração não apareça em
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Projeto para capela
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conjunto com a observância regular; o melhor exemplo disso, é a felicidade com que os frades descrevem o pleno funcionamento do convento de Piracicaba, no ano de 1890, onde se exalta que se rezava conforme os moldes da “Província” até mesmo à meia noite, e que isso era motivo de muita alegria (Frei Félix de Lavalle) Tão fundamental quanto simples, a oração não exige nada sofisticado, nem mesmo em si, mas demanda, sim, de algo especial; não pode ser vazia; foi nesse espírito que tentei me inspirar, desde o primeiro momento de conversa com Frei Claudemir Vialli, quando tudo ainda era etéreo, e eu não tinha expectativa de me responsabilizar pela nova capela ou mesmo de construíla. Pensei que bastaria comprar tudo pronto, em lojas litúrgicas, e adequar às necessidades, e sairia como queríamos. Realmente não sei exatamente em que momento meu querido Frei confiou à mim essa empreitada, ou se me pus à frente de forma impulsiva, mas de qualquer forma começamos a pensar nela juntos. O local estava definido em sua cabeça, e do ponto de vista de disposição geométrica e assistencial para casa é perfeita, logo só teríamos que por tudo em prática. A Capela. Com o local definido, comecei a projetar tudo em função do espaço que tínhamos, já sabia que deveríamos construir muito mais do que inicialmente pensávamos. Nada disponível em lojas agradou, então tínhamos terreno livre para executar exatamente o que queríamos, e elaborei regras, que são anseios de nossos corações e conceitos fundamentais na capela.
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Ela deveria ser totalmente ecológica, nada de madeira não certificada ou não reflorestada, e, de preferência, as madeiras maciças usaríamos de demolição (especialmente o que temos guardado no porão), mas isso não poderia comprometer a qualidade e o padrão. Tinha expectativa de executar no estilo da marcenaria da Província.
Homem Vitruviano
Incorporei esse conceito e tive o cuidado de escutar e respeitar todos os pedidos, sempre ponderei e resguardei o fato que estava fazendo algo para pessoas muito queridas, e o meu melhor poderia não ser o suficiente, então não poderia ficar abaixo disso de nenhum jeito. Tomei a lembrança da Capela do Espirito Santo do Cerrado projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, de modo muito franciscano, ecológico e primitivo tanto no conceito como na execução, lembrando a ideia circular e descentralizadas das primeira igrejas paleo-cristãs, de uma espiritualidade tão profunda e delicada, advindo de uma militante comunista sem ligação com a Igreja. Mas esse local sagrado para mim é muito diferente dos demais, não dediquei a perfeição, busquei ela, sempre busco, mas esse é um espaço de homens, que sofrem, refletem, buscam e se transformam, um espaço de homens que vivem juntos e “estão inflamados da verdadeira caridade Cristã, e de um grande zelo pela salvação das almas”. Nesse espírito, quis construir um espaço de meditação de homens, elementos centrais da Criação, para qual tudo se volta. A medida de todas as coisas, desse pensamento, busquei símbolos que transportem e falem, de forma clara, mas não direta, oculto mas à vista de todos, símbolos elementares, compostos e utilizados de forma empírica, milenar e extremamente contemporânea, fazendo pleno sentido, e agregando valores diferenciados à capela.
Retângulo áureo
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Construção da porta de entrada da Capela
Quantas pessoas ainda são dominadas por preconceitos irracionais, por projeções e ilusões infantis, um quadro realístico da mente humana revela que ainda subsistem desses traços primitivos agindo como se nada tivesse acontecido nos últimos quinhentos anos (Carl G. Jung, O Homem e seus símbolos, 10º ed, 1991, pg 96) Uma igreja é o espaço da celebração. Reflito e penso em símbolos da perfeição, nada mais glorioso que celebrar o Cristo, unido em comunhão na presença de irmãos. O círculo me remete a isso, a essa perfeição, o círculo símbolo do universo. Na capela da fraternidade elegi e trabalhei com o quadrado, o elemento de 4 lados, para mim o símbolo do homem, símbolo das 4 estações, dos quatro elementos fogo, terra água e ar (dos filósofos gregos Tales e Empédocles), que em minha opinião estão fundidos na essência material do homem (fomos feito de barro, temos 65% de água, inflamos o corpo com ar e possuímos calor, estamos a 36 graus). Temos várias referências ao quatro - 4 rios do paraíso, 4 oceanos, 4 temperamentos, 4
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pontos cardeais, 4 evangelistas, 4 fases ou ciclos da vida, 4 direções dos ventos, mas na capela são 4 elementos que são a essência material da vida, que é o principal elemento da Criação de Deus, o homem. A construção O início da capela foi muito aberto a observações e alterações, escolhemos o painel de Teca em mosaico, de reflorestamento, e construiríamos tudo com ele, e compensado folheado, com folha juntada Weng. Consciente do local exato e definidas as alterações no prédio, comecei construindo uma porta de entrada para a capela, com 260x130, com duas folhas de correr (65x210), e uma bandeira com vidros (230x50cm), tudo fabricado em madeira maciça de Freijo, certificada e com mecanismos modernos. Tudo no estilo art déco, próximo ao estilo do convento, essa nova entrada ficou voltada para a escadaria, saindo do corredor interno, expondo a capela logo na chegada ao segundo pavimento. Essa foi a peça que consumiu mais tempo, metade dos três meses foram gastos com ela, fazê-la funcionar entre chapas cimentícias de 10mm na paredes de alvenaria do convento, foi um verdadeiro desafio. Antes mesmo de instalar a porta, já estava construindo a parte gratificante da Capela, a peças e adornos artísticos. Já possuía um projeto bem definido, mesmo assim tentamos comprar as peças, especialmente o sacrário, mas saímos convencidos em definitivo que faríamos mesmo tudo. Nessas andanças Frei Claudemir comprou uma via sacra do Apostolado Litúrgico, não compreendi exatamente a idéia dele, eu gostava do emblema central em resina, mas a ideia de possuir 15 cruzes espalhadas pela a capela não me agradava. Daquele momento em diante teria que aceitar e pensar em algo para as vias sacras, não sou de lutar contra o inevitável; da forma como vieram, não as usarias de jeito nenhum, mas esse não era um problema imediato, então as guardei e
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tentei esquecer o assunto. Construí um protótipo dos bancos, e definido o aspecto de conforto, fiz o primeiro banco. Sempre opto por gastar energia inicial nos elementos que vão gastar somente tempo e tem pouca exigência técnica e artística, uma vez que as peças complexas e artísticas sempre renovam meu ânimo. Assim não corro o risco de desanimar antes de concluir o trabalho.
Sacrário
E, para minha total satisfação, os bancos ficaram perfeitos, belos e confortáveis, de tal forma que dispensamos o uso de almofadas, e foi nesse momento que soube que essa capela daria certo; gastamos 3 semanas fazendo 8 bancos, e resguardamos eles no convento.
A partir desse momento comecei a construir o Sacrário conforme o projeto. Ele estaria apoiado sobre uma mesa de 40x120cm, e na mesma mesa teria um vaso em madeira de teca, em harmonia com o sacrário, para um elemento vivo. Discutimos várias possibilidades para esse tabernáculo, principalmente para o lampadário, que estaria agregado ao sacrário. Eu sempre quis fazer um lampadário em vitral, no estilo tiffany, mas Frei Claudemir e Frei Paulo tinham a idéia de suprimir o lampadário e incorporá-lo a algum elemento e iluminá-lo. Projetamos um sacrário com um mosaico em forma de cruz, feita em pastilhas de 1x1cm de resina poliuretana pigmentada, unidas por um filete de cobre e formato de folhas, e isso seria iluminado com led. Estimei em 40 dias a construção dessa peça, mas no final a descartamos, sobretudo pelas ponderações do Frei Paulo, que partimos para uma visão mais tradicional, onde faríamos um emblema sólido, almofadado, que por si já dava uma modernidade pelo conjunto, e esse emblema seria o contra ponto, que uniria tradição e modernidade. Apresentei dois apliques para esse emblema, que seriam construídos em cedro de reuso, e folheado a ouro 23 kilates. O primeiro aplique, um Agnus Dei, com detalhes em vermelho, e o segundo, um Cristograma clássico (quadrado), com arremates com trigo e uva, e gravação doAlfa e do Ômega (Cristo é o princípio e o fim), em um esplendor longo, em 4 direções
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Diversas fotos do Sacrรกrio da Capela
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(pontos cardiais - Cristo é o caminho). O lampadário acabou sendo confeccionado em vidros importados, soldados com fita de cobre e estanho, iluminado por led. Seu desenho é de uma caixa retangular, e cada lado possui 4 quadrados em vidro escorrido imitando madeira, faz um belo conjunto com o sacrário, e está fundido na base do tabernáculo, como peça única e insolúvel. O conjunto do sacrário possui em toda sua volta uma cinta de alumínio, polido à exaustão, com uma sequência de quadrados perfilados perfurados à mão. Esse adorno não foi colocado de forma casuística, fiz baseado na leitura da bíblia pastoral do Cláudio Pastro, Jesus Cristo sempre agrada dia e noite; incorporei esse pensamento e idéia para algo totalmente autoral.
Detalhes
O cinturão de alumínio com seus múltiplos quadrados, simboliza o povo de Deus, que espera e zela ao pé do altar pelo Cristo Vivo. Feito em alumínio polido, aparenta uma coisa que não é, da mesma forma que a pessoa humana; já o Cristograma, logo acima, só poderia ser em ouro, porque Cristo é perfeito e infinito, assim como o ouro, que entre os metais é o mais nobre e indelével. O homem deve buscar Cristo, do mesmo modo que na natureza os metais buscam ascender na escala periódica, e ir para o metal mais nobre; nesta minha livre interpretação, Cristo é ouro e o homem aparenta ser prata, mas, na verdade, sua essência é alumínio, muito polido, esse leve verniz de nobre. Ainda encontramos, nesse mesmo conjunto, as pequenas gravações de um quadrado de 1,5x1,5cm, com uma estrela interna (e tudo feito numa técnica conhecida como “chipcraving”), e se tornou quase uma marca representativa da capela. Esse mesmo quadro representa a pessoa humana, mas a estrela, a pessoa que ascendeu, aqui representa um apóstolo de Cristo. Quatro peças dessa representam os evangelistas, que são como estrelas, Homens que brilham na presença do Cristo (o astro rei, a estrela de quinta grandeza), mas como as estrelas não possuem luz própria, somente refletem a luz do astro maior, o Verdadeiro Elemento que em sua incandescência é capaz de transformar e dar vida, como Cristo transforma simples pescadores em estrelas salvadores de almas, reconhecidas pela eternidade.
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Quando concluí o sacrário, voltei minha atenção à via sacra, não contei minha intenção de não fazer uso das peças, só busquei saber porque não as queria, e o principal era as cruzes e o fato de serem feitas em cerejeira (madeira de corte restrito). Minha primeira tentativa foi de refazê-las, utilizando um modelo de cruz latina menor, mas não resolveu, logo vi que o problema estava em estarem dispersas, sem sinergia umas com as outras. Então resolvi conversar com Frei Paulo sobre a questão, expliquei que queria algo realmente diferente para a mesma coisa, e ele me encorajou a seguir em frente e desmontar todas as peças. Munido de tal confiança expliquei meu propósito ao Frei Claudemir, indaguei se era imprescindível serem em cruz para eles, e nesse momento deixei claro que nenhum elemento que não fosse quadrado entraria na capela, e que não deixaria a via sacra dispersa na parede.
Via Sacra
Montamos, aleatoriamente na oficina, o que eu queria, um painel linear horizontal, que reunisse as vias sacras, que estariam sobre um quadrado de mosaico de teca. Recriamos a peça comprada de tal forma que a incorporamos, e criamos um novo elemento com uma identidade própria e comungando com os demais elementos da capela, e, o melhor, criamos uma leitura linear para essa narrativa bíblica, onde Cristo se demonstra mais divino por estar tão
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Cristo em estilo tirolo
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humano (e colocar o quadrado homem sob o emblema divino, é lembrar a dupla natureza do Cristo), e para mim essa foi a peça que mais deu satisfação em fazer. Rapidamente surgiu uma peça imprevista, todos da família religiosa sentiram falta da capela não possuir um crucifixo. Pensado, de forma muito prática e rápida, estabeleci que essa peça seria em estilo tirolo, como os antigos crucifixos da Província, e especialmente um modelo do Scopoli. Elaborei uma cruz grossa em madeira de teca, com gravações de quadrados rendilhados, onde, no seu interior, um novo quadrado se surge, formando uma trama de cruzes, como um teia. De esplendor, modelei quatro peças quadradas, com Caixa com as chaves agulha em flor em estilo gótico todo preto, referência ao estilo da Basílica, onde a capela está hospedada. Esses quatro quadrados, juntos, formam um grande quadrado atrás do Cristo (dupla natureza), e todo o conjunto, com uma iluminação própria em led, foi colocado cerca de 5 cm da parede, ressaltando sua beleza.
Mesa do altar
Acabado o crucifixo, dei especial atenção à caixa, onde deveria ser guardada a chave do sacrário (pesquisei bastante até encontrar uma fechadura ideal, e compramos uma importada de Portugal). Construí essa delicada peça com muito carinho, feita inteiramente de encaixe espinha de peixe, e com uma tampa corrida, onde gravei quatro quadrados com estrelas, referência aos evangelistas e de interpretação que os evangelhos guardam a chave, que leva à salvação, que é Cristo. Logo comecei a construir o suporte para vela. Elaborei essa peça com os mesmos elementos decorativos das demais peças; não tentei agregar nenhum outro elemento simbólico, além da própria simbologia que uma vela carrega. Essa peça foi pensada pela necessidade, e para fazer conjunto com as demais peças da
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São José da entrada
capela, e por isso seu pedestal em ferro preto, muito discreto, foi a escolha perfeita, para suportar a base em madeira de teca e alumínio polido, e perfurado com os quadrados, formando um cinturão (de pessoas) a volta da “luz” da vela. Com essa peça, tomei como concluída a construção das peças internas da capela, e parti para uma peça externa, que fizesse conjunto tanto com as peças internas como com a porta de entrada da capela. Essa peça deveria ser significativa, mas funcional, já que iria tampar o quadro de disjuntores, que fica ao lado da porta da capela. Para isso, projetei um painel em madeira de teca, em estilo românico e com um frontão similar ao da porta da capela, muito característico ao estilo das casas da Província (Piracicaba e São Paulo). Esse painel iria ser o suporte de uma pintura. Inicialmente escreveria um ícone de São José (quanta petulância), o tema não poderia ser melhor, como pai, logo imaginei esse pai zeloso ao leito de repouso do filho; São José, patrono da Igreja, à porta da capela, tem essa função, de convidar à capela e resguardar esse leito. Busquei vários modelos, e criei uma versão para pintura do Santo da Basílica, mas acabei por optar, na última hora, por um modelo do Frei Paulo Maria de Sorocaba, já que achei que a primeira pintura seria descartada. Tomei a liberdade de mudar a pintura do Frei Paulo ao meu gosto e como melhor me convinha, levando a expressão da imagem próxima a iconografia fria, descartando o modelo renascentista original. Incorporei as cores das vestimentas da escultura da Basílica nesse modelo, e dessa forma foi o intermediário da fusão de duas grandes referências
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Croqui dos símbolos das saia da mesa
artísticas da Província (Frei Paulo e Giacomo Scopoli), e no final, nas palavras do Superior Frei Claudemir, nada de nenhum dos dois havia sobrado, somente restara o Danilo na obra. Gravei a expressão “IDE AD JOSEPH” e “ORATIO”, e finalizei a obra aplicando ouro 22 kilates no fundo.
Com todo esse volume de peças prontas, levei tudo para o convento, escolhi como cor Mostarda “Dijon” forte e ousada para o interior da capela - deixei claro que essa era uma opção minha, passível de troca mas que inaugurasse com essa cor -, a iluminação da capela ficou resolvida com uma sanca em gesso que projeta luz indireta; o piso da capela ficou o mesmo piso original da sala, tacos de madeira maciça, que foi somente lustrado, e a janela foi inteiramente decapada, ficando na madeira crua, que foi envernizada, e sua ferragem foi limpa com solvente, e polida até obter lustro como nova. Quando tínhamos tudo definido, elaboramos uma nova peça, uma mesa pequena, para celebração, quando necessário. Ela ficaria no canto, e seu interior guardaria tudo necessário à sua finalidade. Elaborei essa nova peça inspirado nos antigos revisteiros das bibliotecas das casas, feitos na marcenaria da Província; defini como tamanho de tampo 80x40cm, com altura de 90cm, feito todo em madeira, revestido com folha escura de weng; recebeu um tampo de madeira de mosaico de teca, e esse tampo, em suas extremidades, recebeu a gravação de quatro estrelas dentro do quadrado, simbolizando os evangelistas, o conjunto se completa na celebração, onde o cálice ao centro da mesa é Cristo em holocausto, a essência pura dos evangelhos. Circulando a mesa, na parte de baixo, fiz uma saia, com a seguinte simbologia: no centro inclui uma cruz em baixo relevo, com rajadas circulares simbolizando o sol (centro do universo), perfilados ao lado desse astro rei seis estrelas de cada lado, muito dispersas, como os apóstolos, que vão ao longe para transmitir a mensagem e levar a luz, que é Cristo; abaixo disso, o cinturão, em alumínio polido, com quadrados perfurados, como
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dito elemento que simboliza pessoas, que aqui são o povo de Deus, que contempla o céu, na esperança de fazer o melhor ao tentar seguir Cristo, através da luz transmitida pelos seus apóstolos. A última peça desse quebra cabeça que é essa capela está ainda em nosso corações, Maria, sempre amada, será colocada no devido local de destaque ao lado do filho, em um medalhão referente a Imaculada Conceição, um modelo similar ao encontrado no colégio internacional Capuchinho em Roma, porém essa medalha circular estará dentro de um quadrado, e com isso encerrará a capela. Termina assim, por hora, a capela da fraternidade do Embaré. Essa leitura narrativa e simbológica do que fiz, foi algo novo para mim, e sei que tudo isso está ali presente, mas de forma nenhuma representam algo ofensivo ao pensamento objetivo e claro dos Frades, por quem nutro muito carinho e admiração. Se deixei de fazer algo, não foi senão pelas minhas limitações, pois em nenhum momento me faltou vontade em dar o melhor. Aconselho sempre, e a todo tempo, que, havendo necessidade, rearranje o espaço conforme as novas conveniências, mas pensem muito bem, mesmo nas mínimas peças, por mais insignificante que pareçam, pois dificilmente o extraordinário acompanha o tamanho ou está escondido da vista.
Eternamente agradecido pela oportunidade única. Paz e Bem. Danilo Brás dos Santos.
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Fotos da Execução
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Fotos da Execução
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Fotos da Capela
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Fotos da Capela
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Fotos da Capela
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Ordem dos Frades Menores Capuchinhos de São Paulo Basílica menor de Santo Antônio do Embaré
Faça-se Capuchinho e será feliz!!! Capuchinho esmoler Elaborado e escrito por Danilo Brás em abril de 2014
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