Revista Godê

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GO DÊ

Artigo A evolução e o percurso histórico da indústria gráfica, de Manoel Manteigas de Oliveira.

1 | 2013

Entrevista exclusiva com Wanderson, Coordenador do parque gráfico da Rede Gazeta de Comunicação.

A cor como informação

A cor está intimamente ligada à arte e ao design, não só gráfico como também no design de produto.

ISSN 986473-00898

R$7,90

TINTAS ECOLÓGICAS Confira novas tintas desenvolvidas com matéria-prima sustentável, e como as empresas tem se preocupado com o meio ambiente.

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Galeria

GODÊ Editores: Débora Louzada Fernanda Freitas Fernanda Pereira Natália Zandomingo Supervisão: Sandra Medeiros Presidente executivo: Thomaz Guzzo Diretor de RH e Administração: Rogério Ogawa Diretor de redação: Ana Clara Maciel Redação: Luiz Andrade Isadora Drummond Roberta Kuster Editor visual: Gabriel Bass Editora de arte: Giovana Ricci Repórteres: Álvaro Andrade Vinícius Amaral Gabriela Azambuja Caroline Castanheira Isabela Moreira Mateus Gava Webmasters: Edson Matsunaga Humberto Sarmento Atendimento ao leitor: Fabíola Souza Marcos Vinícius Mendes Eduarda Guimarães

Colaboradores desta edição: Frederico Silva Augusto, Lucas de Camargo, Jane Valéria, Emerson Pereira, Maria Cristina, Daniele Carneiro, Júlia Assis, Alessandro Souza, Rafael Almeida, Eduardo Rodrigues, Filipe Freitas, Jardel de Passos, Marcos de Oliveira, Sara Batista, Luana Cabral, Ramon Bitencourt, Denise Zorzaneli, Murilo Pimentel, Caio Ferreira, Rafael Scardini, Sofia Costa, Érika Sena, Jackeline Peterson, Neal Scofield, Michael Caffrey. Cartas e sugestões Mande suas críticas e sugestões para redacao@gode.com.br Godê online www.gode.com.br

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Serviço ao assinante: (11) 3360-3360 Para assinar: (11) 3360-7489


Oi da redação

Carta ao Leitor

Abordar o tema sustentabilidade tem sido cada vez mais comum. Diversas empresas já se autodenominaram sustentáveis e adotaram para seus produtos, selos e certificações verdes. Com esse assunto sendo constante, a revista Godê trás nessa edição como reportagem principal uma série de formas para a produção de tintas que não agridam o Planeta. A reportagem apresenta inovações, eficientes e de baixo custo, criadas por brasileiros, que mostram como é possível transformar produtos que seriam naturais e que possivelmente seriam descartados em algo útil. Nessa edição, você encontrará ainda, informações sobre o sistema de tintagem offset e uma entrevista exclusiva com o coordenador do parque gráfico do jornal A Gazeta – ES. Confira e aproveite.

Boa leitura! Ana Clara Maciel Diretora de redação

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Encontre aqui

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O design está no detalhe produtos que evidenciam a cor

Capa

confira novas tintas sustentáveis

Alguém explica saiba como funciona o sistema de tintagem offset

Entrevista

Coordenador do parque gráfico da Rede Gazeta de Comunicação.

Artigo a evolução e o percurso histórico da indústria gráfica

Tintas de impressão tudo que você precisa saber a respeito

Perfil

Conheça mais do artista capixaba Attilio Colnago


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O design está no detalhe Muito além do preto e branco, as cores vivas saem do armário e transbordam pelas linhas mais expressivas do design contemporâneo, seja no design gráfico, como também no design de produto. É a indústria de tintas apostando cada vez mais na diferenciação. Por Allex Colontinio Fotos Divulgação

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uma época em que formas, volumes e texturas foram inventados e reinventados à exaustão, fica cada vez mais difícil para o design surpreender só pelas linhas inovadoras. Quando a indústria fecha as torneiras e os investimentos em matérias-primas alternativas e novas talentos se tornam um risco difícil de calcular, as principais brand mundiais preferem apostar na mais variada cartela de cores para fazer seus produtos saltarem aos olhos do consumidor. Na edição 2012 do Salone Del Mobile de Milão, principal vitrine de design do planeta realizada a cada mês de abril, isso nunca esteve tão explicito. Por lá exploraram diferentes matizes de verde e vermelho, laranja, azul, roxo e amarelo, em

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combinações explosivas que são a cara estética do novo milênio. Trata-se de um fenômeno pop que joga tinta sobre a monotonia. O preto e branco, o marrom e bege, cinza e preto que dominaram a decoração com o minimalismo pregado pelos puristas da Bauhaus. Mas a tal da ditadura da contenção visual começou muito antes deles. Quase sempre associada ao conceito de elegância, a monocromia surgiu ao lado das limitações da revolução industrial. Tanto nas artes gráficas como no desenho de produto em si,a estética mais convencional e mais tangível, do ponto de vista era o traço preto sobre fundo branco


Produtos

“O que existe são muitas intervenções de tons radicais com a intenção de representar certa modernidade. Não gosto do contexto puramente decorativo, já que isso vulgariza a relação da cor com o objeto”. Rodrigo Almeida, designer.

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“No livro “Design, de Les Couleurs de Notre Temps” (Bonneton Editeur), o historiador francês Michel Pastoureau escreveu que,” para a sociedade do século 19 e inicio do século 20, as cores vivas e francas, quentes, que atraem o olhar e captam a atenção, eram cores desonestas. Só se podia utiliza-las com parcimônia. As cores mais neutras e sóbrias, da gama de cinzas e marrons, ou do universo do preto e branco, eram consideradas, ao contrário, dignas, virtuosas, eficazes. A moral social recomendava o seu uso tanto no vestuário como nos objetos domésticos, e em tudo relacionado a vida cotidiana. Símbolos da ruptura de padrões e protagonistas dos primeiros movimentos de subversão estética, os tons quentes foram dominando a casa de acordo com movimentos culturais tão diversos como globalizados, como a psicodelia americana Nos anos 60, com a evolução do plástico e versatilidade do polímero como substituto dos mais distintos materiais, como metais, madeiras, vidros, etc. a rotina dos acessórios passou a ficar mais alegre e acessível. O mundo experimentou a tal modernidade cromática

numa era que a melhor combinação era descombinar. Como tudo em excesso, a policromia saturou e o apogeu colore começou a fica aguado na segunda metade da década de 80, voltando tudo para o velho e triste cinza. Aos poucos os tons de fluo, como o verde-limão do holandês Marcel Wanders (diretor artístico da movelaria Moooi), o Pink do épico Karim Rashid, ou a paleta de cores dos irmãos Campana foram cavando seu espaço e continuam firmes e fortes entre os ícones da elegância arquitetônica. O que de certa maneira, estimula mentes criativas a soltar sua verve coloridíssima e cheia de personalidade. O paulista Rodrigo Almeida é uma das grandes apostas para o design contemporânea de produtos, pois abusa das diversas matrizes de cor e cria e da alegria a objetos comuns do cotidiano. A cor está ligada ao emocional de todas as pessoas, independente de qual é a sua superfície, e igual aos cuidados que se tem com as tintas do processo gráfico, também é preciso ter o mesmo cuidado com as tintas que serão utilizadas nos produtos.

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01: Na página inicial, batedeira colorida da kitcheAid, disponível também em tons incríveis de azul, creme e verde.

04: Mini figrobar retro da Brastemp, que tem o logo e puxador originais dos anos 50

07: Poltrona Foliage, de Patrícia Urquiola, destaque do Salone Del Mobile de Milão em 2012.

02: Cadeira Assurini, do brasileiro Rodrigo Almeida, marco da nova geração de designers brasileiros.

05: Banquinho Woop, do designer Karim Rashid

08: Fogão retro da Brastemp, desenvolvido para “consumidores que se inspiram em tendências”.

03: A cadeira comeback, da designer espanhola Patrícia Urquiola.

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06: Liquidificador da marca americana KitchenAid, que desde 1919, investe pesado na cor de produtos de cozinha.

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09: Geladeira retro da Brastemp, sua cor alegra qualquer ambiente.


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SUSTENTABILIDADE Sustentabilidade é o foco atualmente. O homem cada vez mais vem buscando desenvolver produtos que atendam suas necessidades de uma maneira que não comprometer as gerações futuras, levando em consideração desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Por Natália Zandomingo

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arantir produtos e processos químicos mais seguros e ambientalmente limpos é uma tendência em crescimento no setor de tintas. Para isso, indústrias e fornecedores têm investido em técnicas e desenvolvimentos que permitem obter produtos com impacto ambiental minimizado, redução do uso de energia e de água, produção mais eficiente com geração de menos resíduo, prevenção de poluição e redução da emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC). Hoje, o consumidor está cada vez mais exigente, os produtos devem ser sustentáveis. Também, no que diz a respeito das leis e princípios éticos, as empresas estão com diretrizes cada vez mais rigorosas, e estão buscando no mercado produtos que atendam o conceito de sustentabilidade, e esses produtores e pesquisadores tem dedicado bastante tempo para descobrir novas tecnologias no processo de fabricação de tintas. No Brasil, estudos publicados pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ), apresenta um projeto desenvolvido na

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Universidade de Brasília – Unb, sobre a obtenção de tintas de impressão a partir de óleos residuais e gorduras residuais, obtidos em processos alimentícios e industrias, e grandes responsáveis por consideráveis problemas ambientais.Através de um processo de polimerização térmica e o uso de complexos como Níquel, Ferro, Cobre, Cobalto e Estanho como catalisadores, é gerado um material de alta viscosidade e com características vantajosas para a aplicação como veículo em tintas para impressão offset e litográficas. Desta forma, foi possível a obtenção de um produto de alto valor agregado utilizando um resíduo normalmente descartado no meio ambiente. Ainda no Brasil, vários estudos são desenvolvidos para transformar recursos naturais, em produtos que atendam os anseios da indústria.

REPOLHO ROXO VIRA TINTA Três alunos da 8ª série do Ensino Fundamental da cidade de Imperatriz, no Maranhão, desenvolveram uma tinta biodegradável para caneta esferográfica


Capa a partir do vegetal, e apresentaram a ideia na 7ª edição da Febrace - Feira Brasileira de Ciências e Engenharia. As substâncias químicas - e muitas vezes tóxicas - que compõem a tinta para caneta foram substituídas por produtos naturais e neutros. O repolho-roxo, fervido em água por uma hora, dá conta da pigmentação, dispensando corantes artificiais. Amido de milho garante a consistência da tinta, e o conservante neutro, que até é utilizado em alimentos, permite deixar de lado componentes mais agressivos, como o formol. Com paciência de agricultor, os estudantes Lucas Rewel, Maryana Sousa e Yasmin Gonçalves, alunos do Complexo Educacional Dom Bosco, agora no 1º ano do Ensino Médio, experimentaram de tudo para chegar à receita certa. A ideia de um produto biodegradável surgiu em 2007 quando o trio descobriu que a tinta das canetas esferográficas demora, em média, 150 anos para se decompor. Pelos cálculos dos estudantes, a alternativa desenvolvida por eles deve levar apenas um ano para se reintegrar à natureza Muitos rabanetes, berinjelas, beterrabas e açaís depois, o repolho-roxo despontou como a melhor alternativa para produzir uma tinta com cor e consistência adequadas para deslizar no papel e se fixar. Foram sete meses de testes aumenta a concentração aqui, diminui ali - até chegar a uma formulação que tivesse o mesmo resultado da tinta comum.

TINTA A BASE DE ÓLEO DE COZINHA Com auxílio do professor Paulo Suarez e da pesquisadora da Embrapa, Mercedes Pannizzi, os alunos de Vinícius Mello, 26 anos, aluno de doutorado, e Guilherme Bandeira, aluno de mestrado, pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de Brasília, concorrendo com 13 trabalhos todos inéditos, abordando o tema de sustentabilidade, ganharam o primeiro lugar na 13ª edição do Prêmio Abrafati-Petrobras de Ciência em Tintas, que desde 1986 reconhece estudos científicos na área. Eles transformaram óleo de cozinha, a substância que entope ralos e polui rios em tinta de impressão. Primeiro é necessário submeter o óleo a altas temperaturas na presença de um catalisador, que foi desenvolvido e patenteado pelos pesquisadores por vários fatores, inclusive o de diminuir o tempo necessário de reação, economizando energia. No final, é obtido um material muito viscoso, que é a base para a tinta. Aí basta adicionar os pigmentos, para fornecer a cor, e as cargas neutras, para ajustar a textura da tinta. Recentemente eles desenvolveram um processo que descarta o uso da carga para atingir a textura das tintas, necessitando apenas dos pigmentos. Assim, é possível obter tintas de várias cores, inclusive o branco. Outro ponto positivo: os subprodutos gerados podem voltar para o processo e gerar energia ou mesmo serem utilizados como biocombustíveis. Os dois jovens pesquisadores trabalharam por dois anos e meio no projeto, de seis a oito horas por dia, e muitas vezes de segunda a segunda. Este é um estudo inédito no mercado brasileiro e, além de sustentável, chega a ser 10 vezes mais barato do que os produtos usuais. Agora a ideia é correr atrás de incentivos para usar as tintas em grande escala. Eles estão atentos às propostas, mas nenhum acordo foi fechado.

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Capa

Grandes empresas investem em inovações para aderir a onda da sustentabilidade A busca por soluções sustentáveis aproveita produtos que jamais imaginava-se servir como matéria prima.

TINTAS À BASE DE SOJA

INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

As tintas à base de soja utilizadas pelo Grupo Tiliform, uma gráfica de expressiva atuação nacional, são baseadas numa inovadora combinação de resinas e óleos vegetais que resulta em uma estabilidade litográfica robusta, alta transferência e excelente desempenho.

A Editora Abril testou novas tintas de impressão. A empresa passou por um processo de avaliação de tintas à base de matériasprimas renováveis, entre elas, o óleo de soja. Por enquanto, os resultados são bastante positivos.

Apresenta baixíssima voagem mesmo em máquinas modernas de alta velocidade. Secagem super rápida possibilitando ao cliente um tempo menor para confecção de seus impressos, principalmente de impressos com vários acabamentos onde a secagem da tinta é um tempo crucial.

Em 2009, todos os títulos da Editora Abril e peças terceirizadas ganharam uma pegada sustentável. Nos ultimos meses de 2009, publicações como a Veja Retrospectiva e a Superinteressante foram impressas com uma tinta off set – normalmente usada em miolo de revistas de tiragem mais baixas, panfletos, tablóides, pôster, folder e uma gama de outros produtos - diferente: à base de óleo de soja.

É uma linha de tintas offset de alta qualidade que permite a impressão em ampla gama de papéis e cartões, e possibilita imprimir em todas as impressoras offset do Grupo Tiliform, e é utilizada em todos os processos de impressão. O fornecedor da tina, Sun Chemical, desenvolveu esta tinta principalmente com uma preocupção ambiental. Uma investigação científica independente confirmou, que através do método chamado C14 (o mesmo utilizado na arqueologia moderna) que as tintas a base de soja possuem em média 80% materiais reonaváveis. Isto é ótimo para o meio ambiente, e principalmente para aos clientes que também tem levando em consideração a preocupação da empresa com o meio ambiente ao adquirir produtos.

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A nova tinta tem entre 10% e 20% de óleo do grão, índice que varia de acordo com a cor, e conta com o selo verde da American Soybean Association, que certifica artigos derivados de óleo de soja. Após experimentar durante um trimestre foram mais de 300 milhões de giro de produção -, a Abril estrou em fase de testes com outra off set, por um mês. Esse fornecedor não tem certificação, mas leva um selo que garante a participação de 20% de elementos renováveis que não se restringem ao óleo de soja. A intenção é expandir esse limite, o que, além dos ganhos ambientais de diminuir o percentual de derivados de petróleo, contribui para a redução do valor final da mercadoria.


Capa Para a mudança ser ideal, a tinta de impressão rotogravura, usada na impressão de miolos de revistas de alta tiragem, também deveria sofrer transformações, mas esta caminha a passos mais lentos. Segundo o supervisor, seria interessante adotá-la, mas o mercado ainda não oferece o produto com apelo sustentável em escala comercial. “O que existem são pesquisas europeias com a tinta à base de água, mas os estudos são iniciais e os resultados ainda são inacessíveis”, explica.

DE OLHO NO MERCADO MUNDIAL DE PRODUTOS MANUFATURADOS PINTADO NO BRASIL, EMPRESAS LÍDERES INVESTEM CERCA DE 5% DO FATURAMENTO EM P&D

Não são apenas as tintas para impressão que estão recebendo investimentos para desenvolvimento de produtos sustentáveis.

A indústria de tintas no Brasil tem focado seus esforços na pesquisa e desenvolvimento. A principal motivação é ganhar mais espaço no mercado internacional. Motivo: o setor está de olho no exterior, com vistas a aumentar a venda de produtos manufaturados pintados no Brasil (como é o caso de automóveis e eletrodomésticos) que, graças à qualidade das tintas brasileiras, têm sido procurados por mercados altamente exigentes. O setor também quer aproveitar o aquecimento do mercado brasileiro, principalmente nos setores imobiliário e automobilístico, devido à ascensão da construção civil e à maior produção e venda de veículos nacionais, respectivamente. Para isso, as dez maiores empresas do setor, tidas como líderes em desenvolvimento tecnológico, têm investido nos últimos anos cerca de 5% do seu faturamento em P&D. Como resultado, o Brasil é atualmente um dos cinco maiores mercados mundiais de tinta, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Alemanha e Japão. Para acompanhar a atualização tecnológica e competência técnica dos mais avançados centros de produção do mundo, as empresas do setor no país aceitaram o desafio de, além de acompanhar tendências internacionais e novidades, também investir na qualidade dos produtos e sua adequação à questão ambiental.

Ecofont Quando os computadores pessoais se tornaram populares, muitos diziam que era o fim do papel, que nunca mais seria preciso usar um material tão, digamos, obsoleto. Pois a experiência mostrou e aconteceu exatamente o contrário. A quantidade de papel e material impresso aumentou assustadoramente. E com isso a quantidade de tinta usada, cheia de químicos e outros componentes não tão bons para o meio ambiente. Uma empresa holandesa desenvolveu uma fonte para computador para que seu texto fique cheio de furinhos. Quê? É como diz o slogan (traduzido livremente): “depois do queijo suíço, agora há uma fonte também com buracos”. A Ecofont foi desenhada para manter a legibilidade das letras e reduzir a quantidade de tinta necessária para se imprimir um texto. Com pequenas bolinhas brancas, a fonte promete usar cerca de 20% menos tinta do que as tradicionais. Se usá-la em tamanho grande, ela não fica muito boa não, mas usando um regular (cerca de 12 e 10 pontos), você nem verá a diferença. E o mais legal é a distribuição da fonte é gratuita na internet. É só entrar no site, http://www.ecofont.com/ Ah, você percebeu alguma diferença? Em todo esse texto que acabou de ler foi utilizada a Ecofont.

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Alguém Explica

Sistema de Tintagem Off-set Sistema de Tintagem

O grupo de tintagem está localizado no grupo impressor, que por sua vez é composto basicamente pelo conjunto dos cilindros de impressão, sistema de molha e sistema de tintagem.

Sistema de Molhagem

Porta Chapas

Sugadores Elevadores

Alimentação Posterior

Margeador Lateral

Porta Blanqueta

Comandos

Saída

Por: Fernando Caparroz

Sopradores

Entrada

Contra Pressão

O conjunto e entintagem é composto basicamente por:

- tinteiro - rolo tomador - rolos intermadiários - rolos distribuidores - rolos entintadores

Chapa

O conjunto de tintagem, de molha, os cilindros e as demais peças da máquina são montadas nas partes laterais da máquina e geralmente numa peça maciça, onde existem cavidades para que os componentes sejam encaixados.

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Vista Frontal Fita 0,10

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Vista Lateral

Esquema de tinteiro com utilização de parafusos de regulagem

O tinteiro é responsável pelo "armazenamento" da tinta que será transportada para o suporte e pela dosagem uniforme durante o processo de impressão. É importante que a lâmina do tinteiro e os parafusos de regulação estejam em perfeitas condições.

A pré-regulação do tinteiro serve para agilizar o processo de impressão, sendo que com esta regulação ficará mais fácil a obtenção uniforme de tinta no impresso. A regulação deve ser feita do centro do tinteiro para as extremidades, colocando a tira entre a lâmina e o cilindro do tinteiro (alimentador) e apertando o parafuso de regulação até sentir uma certa resistência ao tentar retirar o filme; o importante é deixar todas as faixas (zonas) por igual e depois de acordo com a característica da imagem na chapa, "abrir ou fechar" as zonas desejadas.


Alguém Explica

Cilindro acumulador Movimento oscilant

e

Distribuidor Cilindro do tinteiro

Rolo Tomador

O rolo tomador é o responsável pelo transporte da tinta do tinteiro para os demais rolos do sistema de tintagem. Possui um movimento oscilante, e a cada giro da máquina movimenta-se em direcção ao cilindro alimentador, recebendo a tinta do mesmo, e em sua volta a posição normal transporta essa tinta recebida para os demais rolos do sistema.

Chapa

Os rolos intermediários são responsáveis pela transferência de tinta entre um distribuidor e outro. Esses rolos são revestidos de borracha e são apenas encaixados no sistema de tintagem.

Esse movimento é controlado pelos excêntricos Chapa

Esse é controlado pelos parafusos

Chapa

Os rolos distribuidores, como o próprio nome diz, são rolos que possuem a função de promover uma melhor distribuição da tinta no sistema. Os rolos distribuidores são constituídos de metal, e são fixados na lateral da máquina por buchas e de forma fixa, sendo assim não possuem regulação em relação aos demais.

São estes os rolos que entram em contacto com a chapa, tintando a mesma. Esses rolos merecem atenção especial, pelo que devem ser regulados com o máximo de precisão possível, e serem limpos com produtos adequados para não causar deteriorações Geralmente as máquinas possuem quatro rolos tintadores, sendo que em certas máquinas essa quantidade varia, assim como o diâmetro dos rolos. O primeiro e o último tintador, em um conjunto de quatro, possuem um diâmetro maior do que os tintadores centrais. Isso é para promover uma distribuição mais uniforme da película de tinta.

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Entrevista

Wanderson Luíz Clemente Coordenador do parque gráfico da Rede Gazeta de Comunicação Por Débora Louzada, Fernanda Freitas, Fernanda Pereira e Nátalia Zandomingo. Fotos: Natália Zandomingo

Atualmente vivendo em Laranjeiras na Serra, o mineiro de 36 anos formado em Administração pela Unieselv e Análises de sistemas pelo Cefets, trabalha como coordenador do parque gráfico do Jornal A Gazeta de Vitória que é um dos maiores jornais de circulação diária do Espírito Santo há aproximadamente dois anos. Mas presta serviços ao jornal a cerca de vinte anos, sendo assim uma das pessoas mais ligadas a produção gráfica do jornal e também a sua história.

Godê: Quando o senhor se interessou

exemplares é de uma hora á uma hora e meia.

pelo design gráfico e quais eram suas expectativas?

Eu iniciei as atividades como técnico de manutenção, e fiz curso técnico em elétrica. Comecei a trabalhar aqui como técnico em manutenção.

Godê: Há quanto tempo o senhor exerce essa função? Exerço há apenas dois anos como coordenador, mas trabalho há 18 anos no parque gráfico da Rede Gazeta.

Godê: Quantos funcionários são necessários para a confecção dosjornais

Godê: Quais os tipos de tintas indicados para a fabricação de jornais? A maioria dos jornais utilizam tintas a base vegetal, geralmente das marcas Flint e San.

Godê: Quais máquinas são utilizadas no parque gráfico da Rede Gazeta? Aqui, nos trabalhos com as máquinas Rotativa americana, que trabalham cerca de oito horas por dia e são mais eficientes e que são mais ágeis do mercado.

Godê: Que tipo de tinta ou cartucho é utilizado?

e revistas impressos no parque gráfico da

Rede Gazeta? Atualmente estamos com 72 funcionários, além do jornal A gazeta e o Notícia Agora nós também imprimimos cerca de 60 outros jornais pequenos. Por dia são impressos cerca de 28.000 jornais A Gazeta e 39.000 jornais Notícia Agora. O tempo gasto para rodar 25.000

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São utilizados tanques de tinta com as cores CMYK.

Godê: Qual a duração desse cartucho? Qual a frequência de troca? Geralmente uma tonelada de tinta dura aproximadamente um mês.


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Godê: O fornecedor da tinta é do Espírito Santo?(senão, de onde é?)

equipar pois entra muitos resíduos de tinta nos poros da pele.

O fornecedor é de São Paulo, mas eles importam a tinta de outros países e a preparam a mistura aqui.

Godê: É feita alguma prova de impressão

Godê: Qual o processo que a tinta passa desde a fábrica até ser impressa no papel? A tinta possui Flashes, que são minúsculas partículas que quando se misturam com corante e óleo vão formando as cores da tinta.

Godê: Quanto custa e em que quantidade a tinta off set é vendida? O preço médio da cor está R$1,90 o kilo e o preto na faixa de R$ 0,90 centavos. É comprado cerca de uma tonelada e meia de ciano, magenta e amarelo, e duas toneladas e meia de preto.

Godê: Precisa de cuidados especiais para manuseá-la? Não, atualmente não, mas o indicado é se

antes de ser rodado todo o jornal para testar a confiabilidade da cor que será impressa?

A impressão é feita direta, observando as tonalidades antes no papel normal com as tintas em diversas tonalidades diferentes misturadas. Nesse momento, utilizamos uma luz amarelada na sala de operação para que não possa queimar a chapa na hora da préimpressão, essa luz aquece o ambiente a aproximadamente 116º C Legenda

1- visão lateral da Impressora Rotativa Americana. Utilizada na impressão de jornais. 2- parte da Impressora Rotativa que tem a função de colar um rolo de papel no outro, sem que se faça necessário parar a produção. 3- rolo de papel utilizado para impressão do jornal tablóide. 4- sala de armazenamento e controle de água. 5- máquina utilizada para produzir revistas e folhetos impressos no parque gráfico.

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Entrevista

Godê: Quanto de papel é gasto por mês? No período de quatro meses, são gastos aproximadamente três milhões de kilos de papel e por dia são gastos 1254 kg de papel para impressão de 54 páginas do jornal diário. Aos domingos, são gastos somente para a impressão da revista AG, cerca de 360 kilos de papel.

Godê: Existe algum impacto causado no meio ambiente, em relação aos componentes químicos presentes na tinta? Impacto sempre terá quando você manusear

produtos químicos e derivados, porém, 70% do consumo de água utilizada são recuperados numa estação de tratamento dentro do parque gráfico para que esta água possa ser despejada na rede da Cesan para ser novamente tratada. Procurando assim diminuir a agressão ao meio ambiente. Também existe uma empresa especializada em recolher os tonéis de tinta e os componentes químicos para descarte. Essa empresa é a Gaia.

Godê: E o que acontece com os papéis? As sobras de papel já utilizadas são vendidas para reciclagem, assim como as sobras de bobinas e as chapas de alumínio utilizadas.

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Legenda

6- sala onde são gravadas as chapas para impressão. 7- chapa de impressão para a cor ciano

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8- latão de armazenamento de tinta preta, capacidade: 1 tonelada. 9- máquina que conta os jornais para distribuição.


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Artigo

A evolução e o percurso histórico da indústria gráfica Por Manoel Manteigas de Oliveira

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ntes da computação gráfica, os processos de impressão gráfica eram totalmente analógicos, baseados em reprodução fotográfica, retoque manual (com pincéis, tintas e produtos químicos). As combinações de fotos, textos e outros elementos, que normalmente compõe uma página, eram feitas por meio de montagem manual, o que significava recortar imagens, fixá-las com fitas adesivas, fazer múltiplas exposições sobre uma mesma película fotográfica. A introdução da informática provocou enormes alterações nos processos de produção gráfica. Isso teve início na década de 80. Computadores de grande porte, caríssimos, eram usados para tratamento de imagens e montagem eletrônica. Os scanners que digitalizavam as imagens a serem processadas também eram muito caros. Nessa fase, os sistemas eletrônicos de processamento de imagens eram proprietários, ou seja, cada fabricante tinha seus próprios formatos de arquivo e seus próprios softwares. O fluxo não era completamente digital – em algum momento os arquivos precisavam ser transformados em fotolitos dos quais se faziam provas e chapas de impressão. No final dos anos 80, apareceram os primeiros microcomputadores. No entanto, a baixa capacidade de processamento dessas máquinas limitava muito as aplicações possíveis.

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Com os computadores atuais, todo o trabalho de pré-impressão é digital. O advento das câmaras fotográficas digitais de qualidade profissional; dos equipamentos computerto-plate (que gravam, a laser, as chapas de impressão) e das impressoras para prova digital permitiram que se fechasse o ciclo completo. Os desenvolvimentos mais recentes na tecnologia de produção gráfica dizem respeito à impressão digital e à integração das etapas da produção – desde a pré-impressão até acabamento. Além disso, o uso da internet na comunicação entre clientes e gráficas também joga um papel muito importante. O conceito das tecnologias de impressão digital é o mesmo que encontramos num sistema simples de computador + impressora que usamos normalmente no escritório ou em casa, para a produção de documentos simples e em pequena quantidade. O que há de novo são máquinas com qualidade de impressão profissional e com alta velocidade. Os modelos mais sofisticados podem significar investimentos próximos a um milhão de dólares mas há uma enorme variedade de soluções para diferente aplicações. Com a impressão digital, não é necessário se produzir uma chapa de impressão, muito menos fotolitos. A impressora é alimentada com os dados de impressão diretamente


do computador. O fluxo de trabalho desde a criação até a impressão é reduzido e acelerado. O acerto da máquina impressora é insignificante, quando comparado com os complexos ajustes necessários para a operação de um equipamento offset (mesmo com o atual nível de automação dessas máquinas). Com isso, os custos de preparação do trabalho diminuem sensivelmente. A consequência imediata desse novo paradigma é que o custo de produção de impressos de alta qualidade, mas com pequena tiragem, cai drasticamente. No entanto, para tiragens médias e grandes, o processo offset continua como melhor solução de custo, já que os insumos utilizados são mais baratos que aqueles da impressão digital. No entanto, a grande vantagem da impressão digital, é tornar possível a impressão de dados variáveis. Em princípio, é possível alterar qualquer parte da imagem, em cada folha impressa, com mínimo aumento nos custo da produção gráfica. Na impressão tradicional, isso é impossível. A personalização dos impressos

surge, assim, como preciosa ferramenta de marketing. Mesmo no ambiente da impressão analógica, os equipamentos são quase que totalmente automatizados. O acerto de uma grande impressora offset, embora ainda seja uma operação complexa, é feita muito mais rapidamente e com muito mais precisão, As várias etapas da produção gráfica são interligadas por sistemas de gerenciamento informatizados que melhoram muito a eficiência da gráfica como um todo, provendo antecipadamente as informações necessárias para a realização de cada fase do trabalho e alimentando os centros de gestão da produção com os dados do que já foi ou está sendo realizado. O Brasil tem muitas empresas gráficas que tem feito investimentos e adquirido todas essas tecnologias de ponta. Temos gráficas aqui comparáveis às melhores do mundo. No entanto, como em todos os aspectos da nossa sociedade, há desequilíbrios marcantes.

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Especial

Tintas de impressão Por Ricardo Cuenca

As tintas sempre acompanharam o desenvolvimento da humanidade, sendo responsáveis pela comunicação de idéias desde a pré-história até os dias atuais. A área gráfica cumpre uma missão muito importante e gratificante que é o de registrar e perpetuar o conhecimento humano, através de linguagens impressas, tarefa na qual têm papel fundamental. Nesse artigo veremos de forma sucinta os principais aspectos desse produto.

Porque existem tantos tipos de tintas de impressão? A expansão da economia mundial no século passado fez surgir uma variedade muito grande de processos de impressão, capaz de responder as diferentes exigências dos segmentos editorial, promocional, de embalagens, etc. O aparecimento de impressoras mais sofisticadas e velozes, por sua vez, demandou uma adaptação e especialização das tintas para atender às necessidades técnicas das máquinas dos diferentes tipos de substratos que se multiplicavam. Em geral, as tintas de impressão são formuladas para o tipo de substrato em que serão aplicadas (papel, plásticos, alumínio, folha de landres, tecidos, etc.), para o processo de impressão que será utilizado para realizar o serviço e as características físico-químicas exigidas pelo tipo de impresso. Hoje, temos diferentes linhas de tintas de impressão, que divergem em suas formulações visando se adequar ao tipo de substrato utilizado, processo de impressão e sistema de secagem disponíveis. O fabricante de tintas gráficas tem como meta o fornecimento de um

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produto que proporcione fácil manuseio e bom resultado final, sem que seja necessário realizar por parte dos impressores uma adaptação muito grande da tinta aos diversos tipos de trabalhos.

O que o fabricante da tinta deve saber? O mercado depende largamente do contínuo fluxo de desenvolvimento de novas resinas em função do aparecimento de uma infinidade de substratos no mercado de embalagens. Assim, torna-se muito importante o conhecimento tanto do fabricante de resina quanto dos fabricantes de tintas de impressão dos fatores que interrelacionam esses produtos física e quimicamente. Sabemos que as principais propriedades e características de uma tinta de impressão provêm das resinas utilizadas. Algumas características, como


Especial secagem, brilho, adesão, flexibilidade, dureza, resistência à abrasão e resistência química, são intrínsecas ao tipo de polímero utilizado na preparação daquele determinado veículo resinoso. Podemos ainda considerar outras propriedades importantes que os veículos devem satisfazer como a efetiva interação com o pigmento e as exigências físico-químicas do processo de impressão. Contudo, tais atributos, que determinam a melhor adequação do tipo de resina à tinta e ao processo de impressão, dependem do intercâmbio de informações das partes envolvidas no desenvolvimento dos produtos e da especificidade de cada trabalho.

Existe diferença entre as tintas de impressão? As tintas de impressão são misturas complexas de diversos compostos químicos, que têm por objetivo final transmitir informações e cores sobre os substratos de impressão. São constituídas basicamente por um agente de cor (pigmento/corante) e agentes aglutinantes (resinas) - que formarão uma película sólida com a perda do elemento volátil ou pela reticulação -, e aditivos adequados para melhorar as características específicas à sua aplicação. Suas composições variam muito, dependendo da sua aplicação: litografia (offset), flexografia, rotogravura ou serigrafia. No caso da

impressão litográfica, por exemplo, haverá algumas diferenças entre a formulação das tintas destinadas às máquinas de alimentação a folha (sheetfed) e as destinadas às máquinas rotativas (webfed). Dentro da linha e tintas para máquinas rotativas inda temos variações nas formulações de tintas para jornais (produzidas em equipamentos sem forno pelo processo coldset) e para revistas (impressas em máquinas com foco secador, ou seja, heatset). A formulação das tintas freqüentemente deve atender a propósitos especiais, tais como resistência ao atrito, à descoloração, serem atóxicas, etc. Por todas essas exigências de aplicação, a fabricação de tintas é uma tarefa intrincada, requerendo um alto grau de tecnologia e treinamento.

Líquida ou pastosa: as exigências dos processos de impressão

As tintas formuladas para os processos de impressão litográfico (offset e tipografia) normalmente contêm resinas, óleos secativos e solventes hidrocarbônicos não polares que formarão os vernizes de alta viscosidade, sendo classificadas como tintas pastosas. As tintas desenvolvidas para os processos de impressão flexográfico e rotográfico normalmente contêm resinas e solventes hidrocarbônicos polares que formaram os vernizes de baixa viscosidade, sendo classificados como tintas líquidas.

Componentes: Resina: Polímeros de médio ou alto peso molecular, geralmente apresentando estrutura de considerável complexidade, forma amorfa e, na grande maioria dos casos, com composição inteiramente Godê - 2013

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orgânica. As resinas são solubilizadas em solventes aromáticos ou alifáticos (de cadeia aberta), formando o veículo da tinta. O veículo tem as funções de envolver as partículas de pigmentos de tal maneira que formem um conjunto homogêneo, permitindo o seu transporte desde o tinteiro até a superfície do substrato de impressão, no qual formará uma película plana e uniforme devido à ação filmogênea das resinas. Pigmentos: Partículas cristalinas coloridas, orgânicas ou inorgânicas, que normalmente são insolúveis, não sendo afetadas física e quimicamente pelo veículo ou pelo substrato nos quais são aplicadas. Entre suas propriedades podemos destacar força tintorial, opacidade, brilho, resistência física e química. São divididas em pigmentos ativos, que conferem cor/opacidade, e inertes (cargas), que conferem certas propriedades como diminuição de brilho e maior consistência. Aditivos: Produtos que são adicionados à tinta para transmitir algumas características especiais, necessárias à sua aplicação. Ceras, dispersantes, plastificantes, biocidas e antiespumantes são exemplos de alguns dos aditivos mais utilizados. Solventes: Geralmente utilizam-se hidrocarbonetos aromáticos ou alifáticos, de baixo ponto de ebulição, para a solubilização das resinas e acerto da viscosidade das tintas.

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Etapas de fabricação das tintas: Segue uma série de etapas seqüenciais, quando a formulação deve ser rigidamente obedecida. 1. Avaliação e controle da matéria-prima 2. Pesagem das matérias-primas obedecendo à formulação 3. Pré-Mistura. Mistura de resinas, pigmentos e aditivos em equipamento de alta precisão 4. Moagem. A pasta obtida na pré-mistura passa pelo moinho para destruir os aglomerados de pigmentos, formando assim pequenas partículas 5. Completagem. O produto obtido na moagem é armazenado em tanques e será levado para os dispersores, nos quais se completará a formulação através da adição dos aditivos necessários 6. Tingimento. É a etapa onde se acerta a cor da tinta, conforme o padrão estabelecido 7. Controle da qualidade. Nessa etapa, os produtos são submetidos a rigorosas análises para observação de viscosidade, brilho, cobertura, cor e secagem. Após aprovação, são liberados para colocação nas embalagens 8. Embalagem. Os produtos são filtrados e enlatados para serem enviados à expedição.


Quais os principais controles realizados nas tintas? - A viscosidade é uma medida de resistência que a tinta oferece para fluir, responsável pela transferência da tinta, nitidez de impressão de pontos de retícula e pela formação de uma película uniforme sobre o substrato. - O tack é uma medição de capacidade de adesão que as tintas pastosas possuem, devendo ser alto o bastante para realizar a transferência da tinta na rolaria, mas não a ponto de causar o arrancamento de fibras ou cargas minerais da superfície dos substratos celulósicos de impressão - O poder tintorial é a medição do poder corante fornecido pelos pigmentos contidos em uma tinta, geralmente utilizada com um espectrofotômetro. Uma tinta com poder corante alto é preferível, pois exigirá uma carga de tinta menor para atingir a cor desejada, reduzindo o gasto de tinta e permitindo uma secagem mais rápida da película impressa. - A granulometria é a medição do grau de moagem e dispersão dos pigmentos no veículo de tinta, realizada com o instrumento grindômetro. Uma tinta com moagem deficiente ficará muito abrasiva e causará desgaste prematuro da forma de impressão, ao passo que uma tinta bem moída apresentará maior poder corante, reduzindo a carga de tinta aplicada e o tempo necessário para a secagem. - O brilho é a medição no nível de reflexão especular da superfície da película impressa, e realça as imagens. A leitura de brilho dos impressos é realizada no ângulo de 60º. Godê - 2013

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Perfil Perfil

O Artista Por Fernanda Pereira

Ainda criança, no interior do Estado, na pe­quena cidade de São Domingos, o artista plástico Attilio Colnago já demonstrava interesse pela arte. No início, de forma autodidata, ele produzia cópias de imagens dos grandes mestres da pintura que chegavam a sua casa através das edições da revista “O Cruzeiro”. Buscando uma aprendizagem mais orientada, Attilio, se inscreveu em um curso de desenho por correspondência. Segundo ele, esta experiência foi importante no desenvolvimento de sua produção artística, pois fizeram com que seus desenhos passassem a ser executados de forma mais regular e disciplinada. Em 1973, Attilio inicia seu curso de graduação em Artes Plásticas na Universidade Federal do Espírito Santo. O artista iniciou sua ex­periência profissional trabalhando como ilustrador do jornal “A Tribuna”, fazendo alguns trabalhos como “free-lancer” em uma gráfica. Hoje Attilio é professor de desenho na UFES. A temática recorrente no trabalho do Attilio é a paixão e todos os seus elementos pertinentes, tais como a dor, o drama, a melancolia, o sofrimento que atuam como estímulo em seu processo criativo. O artista busca referências em obras de renascentistas, barrocas e contemporâneas, retirando das imagens desses autores, elementos que traduzam essa paixão. Ainda nessa mistura, Atílio acrescenta, em algumas de suas obras, elementos que fazem parte de um arquivo pessoal constituído por fotos retiradas de revistas e catálogos publicitários. Embora trabalhe também com tintas industrializadas, o interesse do artista por

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um trabalho mais artesanal é explícito: “A organização de um atelier de quem trabalha com técnicas artesanais é diferente de um atelier de quem compra somente as bisnagas de tintas prontas, além do cheiro das ceras, dos solventes, dos vernizes, a forma de chegar à pintura é diferente. Tem toda uma preparação que te coloca mais íntimo dela”. Toda essa pesquisa tradicional e a preferência por imagens que percorrem muito atenciosamente a Idade Média, o Renascimento e vão até o Barroco, não afastam o artista de uma proposta contemporânea. O artista leva para sala de aula todas as ideias e procedimentos que comandam a dinâmica de seu atelier: “É preciso que os alunos tenham a noção de como foi o processo histórico de passagem de uma técnica para outra, é preciso que seja apresentado a eles um material bem diversificado para que eles possam escolher qual técnica se aplica aos seus objetivos. É preciso também que eles tenham uma grande quantidade e variedade de elementos e imagens arquivadas, para que possam fazer suas escolhas e negações. Uma técnica ou uma referência pode não te atender agora, mas pode atender depois”. Essa ideia defendida por Attilio em sala de aula pode ser observada no conjunto de suas obras no qual a variedade das técnicas empregadas aproxima o tradicional do contemporâneo. Na pintura o artista trabalha com a acrílica, vinifica, têmpera a ovo, encáustica fria, têmpera a cera, colagens e resina de poli éster. No desenho utiliza o grafite, carvão, nanquim e as pontas metálicas, acrescentando também nessas produções as colagens, textos e elementos tridimensionais.

Veja algumas das obras do artista capixaba Atillio Colnago na galeria online da revista Godê www.gode.com.br


Fontes Bibliográficas O design está no detalhe

CONFIRA O QUE VIRÁ NA PRÓXIMA EDIÇÃO DA GODÊ

Matéria extraída da revista Plastic Dreams Rainbow, edição 8, verão 2013

GO DÊ

Sustentabilidade Informações extraídas da matéria “Repolho-roxo vira tinta” de Aline Moraes da revista eletrônica do globo rural; Informações extraídas da matéria “Pesquisadores são premiados por transformar óleo em tinta” de

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Tatiana Alves do site da Universidade de Brasília;

ISSN 986473-00898

R$7,90

Informações extraídas da matéria “Tintas à base de óleo de soja” do site da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica; Informações extraídas da matéria “Editora Abril testa novas tintas de impressão” de Manoella Oliveira do site da Gráfica Abril; Informações sobre a Ecofont, uma fonte sustentável extraídas do site oficial da mesma, ecofont.com.

Sistema de tintagem offset Artigo de Fernando Caparroz, tecnólogo em artes gráficas, extraído do Portal das Artes Gráficas.

A evolução e o percurso histórico da indústria gráfica

Artigo de Manoel Manteigas de Oliveira extraído

CHARMAINE OLIVIA Conheça a Artista Inglesa Charmaine Olivia e suas aquarelas que estão tomando os blogs de arte e as estamparias de moda de todo o

do site do Sindicato das Indústrias Gráficas do ACB paulista.

Tintas de impressão Artigo de Ricardo Cuenca extraído do site da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica.

Perfil Informações extraídas do livro “Tintas: Materiais de arte”, escrito por Attilio Colnago e Joyce Brandão.

E MAIS : - Conheça a história das tintas á Óleo, e como são produzidas - Entrevista com Ian Mactur, ilustrador e designer gráfico. - Grandes artistas dos séculos XVI a XVIII que utilizavam como material básico para suas pinturas, as tintas á óleo.

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