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MARIA CLARA
Como foi que você descobriu o universo do skate e o que te incentivou a entrar nesse esporte radical?
Acredito que o amor pelo skate já estava no meu DNA, mesmo minha família não conhecendo muito sobre esse mundo. Desde pequena, por volta dos 5 anos, eu já pedia incessantemente por um skate. Mas, devido à falta de conhecimento, meus pais sempre cavam receosos de que eu pudesse me machucar. Foi apenas quando completei 7 anos e nove meses que tive a chance de entrar de fato no skate, graças a um projeto de aulas de skate que surgiu na minha cidade.
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Quais foram os obstáculos mais significativos que você enfrentou no início da sua jornada como skatista feminina?
Os desa os foram muitos, especialmente a ausência de incentivo para o skate na minha cidade. Faltava apoio para participar de campeonatos tanto locais quanto em outros lugares, já que aqui nunca houve competições com prêmios. Era um cenário desa ador para qualquer aspirante a skatista. Como você enxerga a presença e a influência das mulheres no cenário do skate, e como você lida com possíveis preconceitos ou estereótipos?
Apesar de todos os avanços, o skate ainda é majoritariamente considerado um esporte masculino. Muitas vezes, as pessoas me questionam se sou menina ou menino, só porque estou sempre andando de skate junto com os rapazes. Entretanto, não me deixo abater por preconceitos. Meu objetivo é desa ar essa visão estreita e mostrar que o skate é para todos. Desejo, com determinação, alcançar o nível de uma skatista pro ssional.
Quais atletas femininas do skate são suas inspirações e como elas moldam a sua própria abordagem ao esporte?
Não posso deixar de mencionar algumas das minhas skatistas favoritas: Karol Lima, Pamela Rosa, Gabi Mazetto e Rayssa Leal. Quando as vejo em ação, sinto uma motivação incrível para não desistir. Elas me lembram que também posso conquistar um lugar de destaque no cenário do skate, como uma skatista pro ssional.
Ao longo da sua trajetória como skatista, quais momentos te trouxeram uma sensação de empoderamento?
Entre tantos momentos marcantes, um deles ressoa profundamente em mim: participei do campeonato King of Nordeste e, embora não tenha subido ao pódio, ouvir as pessoas comentando sobre o meu desempenho me encheu de orgulho. O fato de terem percebido meu esforço e dedicação foi incrivelmente motivador. Isso me deu forças para nunca abandonar os meus sonhos.
Como você equilibra a prática do skate com outras áreas da sua vida, como trabalho, estudos e família?
Minha rotina é bastante agitada. Durante a semana, pela manhã, estou na escola, e após o almoço, tento concluir logo as tarefas de casa. O período da tarde, das 15:30 às 19:00, de segunda a sábado, é dedicado ao skate. O domingo é sagrado para a família, e se planejo andar de skate, faço questão que todos da família participem.
Quais são os seus objetivos e sonhos no universo do skate, e quais passos você está tomando para concretizá-los?
Tenho a meta de mudar a percepção das pessoas sobre o skate, mostrando que é um esporte tão legítimo quanto o futebol. Aqui na minha cidade, o futebol recebe todo o destaque, enquanto o skate ca à margem. Meu sonho é tornar-me uma skatista pro ssional e, assim, inspirar muitas outras meninas. Treino incessantemente para isso, pois sei que, como pro ssional, terei a oportunidade de incentivar outras garotas a perseguirem o mesmo sonho.
Como é o relacionamento com outras skatistas femininas na sua comunidade? Vocês se apoiam para promover a presença das mulheres no skate?
Na minha comunidade, o número de skatistas femininas é reduzido devido à falta de incentivo e à visão conservadora de que o skate é mais para meninos. No entanto, sempre que há campeonatos ou eventos, eu tento reunir as poucas garotas que estão interessadas para participarem ou, no mínimo, assistirem. A ideia é fortalecermos juntas a presença feminina nesse cenário.
Quais são os principais desafios que você enfrenta ao competir em eventos de skate ou ao se envolver em projetos relacionados ao esporte?
Um dos principais desa os é a necessidade de sair da minha cidade, até mesmo do meu estado, para participar de seletivas de campeonatos nacionais, pois aqui não há uma federação de skate. Além disso, em minha cidade, não ocorrem competições, o que exige deslocamentos consideráveis para competir.
Por fim, qual mensagem você gostaria de deixar, e quem você gostaria de agradecer no mundo do skate feminino?
Quero fazer um apelo a todos: abram os olhos e apoiem o skate feminino. Ele é um esporte de campeãs, assim como qualquer outro. Agradeço imensamente a todas as skatistas femininas e a todas as mulheres que lutam pelo nosso espaço e igualdade no universo do skate. Juntas, somos fortes e estamos quebrando barreiras a cada manobra. Muito obrigada!