Revista Mensal Gratuita - DeepArt - NĂşmero 3 - Outubro de 2012
FICHA TÉCNICA Direção Inês Ferreira Tel: 966 467 842 direcao@deepart.pt Editor-in-chief Tiago Costa Tel: 965 265 075 direcao@deepart.pt Comunicação e Marketing Marisa Duarte Tel: 966 808 378 comunicacao@deepart.pt Design Gráfico e Direção Criativa Inês Ferreira design@deepart.pt Fotografia e Pós-Produção Tiago Costa fotografia@deepart.pt Colaboradores Vanessa da Trindade - Rita Trindade Joana Domingues - Ágata C. Pinho Rita Chuva - Rita Reis - Gustavo Mesk Thiago Ferreira - Pedro Carvalho Colaborações Especiais Cláudia Vieira - Carlos do Carmo Isabel Queiroz do Vale - Pedro Marques - Catarina Ferreira Pinto - André Chee
Revista Mensal Gratuita - Nº 3 - Outubro de 2012
Photo - Tiago Costa Make-up - Marisa Duarte Styling - Catarina Ferreira Pinto Model - André Chee @ Elite Models
Site www.deepart.pt Facebook facebook.com/deepartmagazine Para outros assuntos: geral@deepart.pt
Propriedade Inês Ferreira Periodicidade Mensal Contribuinte 244866430 Sede de redação Rua Manuel Henrique, nº49, r/c, dto., 2645-056 Alcabideche
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O marasmo da ROTINA O que seria de nós perdidos no marasmo da rotina, sem algo para a quebrar? As regras existem, é um facto, mas existem também para serem quebradas de vez em quando, para nos darem um certo alento em alturas menos criativas! A DeepArt preocupa-se com o bem estar de quem a lê e, precisamente por isso, tem como objetivo, apresentar aos seus leitores, soluções criativas para ocuparem os seus olhos e cabeças. Neste número 3 da DeepArt, demonstramos que apesar dos primeiros indícios de vento e rotina instalada, vale sempre a pena inovar, seja com um dos novos relógios da Lacoste, que apesar de nos
imporem horários, fazem através do seu design, uma “imposição” bastante agradável, seja através de um final de tarde a comer um cachorro da Drop Hot Dog, ainda num apelo saudosista ao Verão! Fazemos também um rescaldo de um acontecimento do passado mês de setembro, que se perdeu este ano, com certeza para o próximo não irá perder! É ele o MOTELx. Mostramos ainda o nosso “guia turístico” para poderem continuar a animar os fins-de-semana! Boa leitura!
Inês Ferreira - Diretora, Designer e Diretora de Arte
Tiago Costa - Editor-in-chief, Fotógrafo e Pós-Produtor
Marisa Duarte - Diretora de Comunicação e Marketing e Maquilhadora
Vanessa da Trindade - Colaboradora nas áreas de Coolhunting e Lifestyle
Rita Trindade - Colaboradora nas áreas de Goodies e Lifestyle
Joana Domingues - Colaboradora na área de Lifestyle
Ágata C. Pinho - Colaboradora na área de Lifestyle
Rita Chuva - Colaboradora nas áreas de Trends e Goodies
Rita Reis - Colaboradora na área de Trends
Gustavo Mesk - Colaborador na área de Lifestyle
Thiago Ferreira - Colaborador na área de Trends
Pedro Carvalho - Colaborador na área de Lifestyle
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Uma questão - de (poder de) encaixe traMadesign Conforto - e simplicidade Lacoste
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- Editorial de moda - Attitude
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- Isabel Queiroz do Vale - Uma carreira de sucesso - Cláudia Vieira - Carlos do Carmo - Lisboa é ainda “menina e moça”
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Anna Dello Russo - for H&M Tendência - Black & White Tendência - Golden Girl Tendência - Green Emotion Tendência - True Colors
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MC House - Braga 2012 Cultura Urbana - Conteúdo sob pressão. Drop Hot Dog Óbidos - Regresso ao passado Cinema - Até à 7ª edição, Motelx!
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Tendência Anna Dello Russo for H&M Por Rita Reis
“Estou entusiasmada com esta colaboração. É a primeira vez que a H&M envolve uma diretora de moda num projeto especial que assinala uma evolução importante no mundo da moda e sinto-me muito contente e ao mesmo tempo humilde por ter sido a pessoa escolhida para liderar este passo adiante. Quis criar acessórios preciosos e impossíveis de encontrar. Enquanto estilista, sei que os acessórios são um elemento essencial: é um toque pessoal para qualquer conjunto. Com estas peças, todos se podem divertir, transformando um dia normal num dia fantástico de moda”, diz Anna Dello Russo. Anna Dello Russo conhecida por ser um verdadeiro ícone da moda, concebeu uma extravagante coleção de acessórios dedicada aos clientes H&M e a todas as pessoas com uma paixão pela moda. Com uma intuição incomparável para a estilização, influenciou a forma como hoje em dia olhamos para a moda através do seu trabalho inovador na Vogue Italia, em que foi editora de moda durante mais de doze anos e, posteriormente, editora executiva da revista L’Uomo Vogue. Atualmente, detendo a posição de diretora de moda da Large e de consultora criativa na Vogue Japão, Anna Dello Russo é uma pessoa querida para os bloggers da moda, os quais ela gosta de agradar com extravagantes e inspiradas atualizações de estilo e infindáveis mudanças de conjuntos durante as semanas da moda mundial.
Fotos: Magnus Magnusson
A H&M anuncia mais uma colaboração especial, desta vez com a icónica e legendária diretora de moda Anna Dello Russo. Idolatrada entre bloggers e conhecida pelos seus conjuntos exuberantes, os quais são incansavelmente documentados por fotógrafos de tendências de estilo e divulgados globalmente através da web, Anna Dello Russo demonstrou o seu sentido único de estilo criando uma coleção especial de acessórios para a marca H&M. Com um estilo especialmente glamoroso a coleção concebida por Anna Dello Russo transmite o seu gosto por peças únicas e diferenciadas. Disponível a partir de 4 de outubro de 2012, a coleção estará presente em cerca de 140 lojas. A coleção apresenta bijutaria, óculos de sol, sapatos, malas e um trolley, permitindo que os clientes H&M acedam a moda única, a um preço acessível.
TEMA - Sonho
ARTISTA - Makarov
SITE - www.facebook.com/materiaCinzenta
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Foto: DOLORES SANTILLANA Y LETICIA DÍAZ
BLACK &WHITE Botins, €320, Pedro García.
Calças estampadas, €29,99, Mango.
Óculos, €229, Miu Miu.
Mala, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Botas Wellington, €56, Hunter.
Ténis, preço sob consulta, Miu Miu.
Bolsa para iPad com rottweiler, €213, Givenchy.
T-shirt, preço sob consulta, Karl. Saia, €38, Topshop. Por Rita Reis
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Foto: DOLORES SANTILLANA Y LETICIA DÍAZ
GOLDEN GIRL Sandália, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Botas em pele, €440, Pedro García.
Clutch, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Colar, €173, Crew. Cinto, €25,99, Mango.
Mini saia bordada, €69,95, Zara.
Sandália, €89,89, Zilian.
Clutch rígida, €30, Accessorize.
Pulseira com pedras, €39, Gloria Ortiz.
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Foto: rag&bone Photographer GoRunway
GREEN EMOTION Anel, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Vestido, €150, Lacoste LIVE X por MicahLidberg.
Calções, €29,95, H&M. Relógio Illumi, €99, ODM.
Cinto, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Óculos, preço sob consulta, Prada.
Clutch, preço sob consulta, Chanel.
Anel, €4,95, H&M.
Colar, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Mala, preço sob consulta, Bimba&Lola. Por Rita Reis
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TRUE COLOURS Bolsa em camurça, €59,99, Mango.
Foto: LACOSTE SS13
Pulseira em forma de papagaio, €38, Bimba&Lola.
Chapéu, preço sob consulta, River Island. Calções, €25, Change.
Colar, preço sob consulta, Bimba&Lola.
Camisola, €190, Acne. Óculos de sol, €20, ASOS. Ténis, €102, LACOSTE LIVE X, Micah Lidberg .
Lenço, preço sob consulta, Bimba&Lola.
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Isabel Queiroz do Vale Uma carreira de sucesso Com uma carreira construída ao longo dos anos com muita dedicação, Isabel Queiroz do Vale conquistou em Portugal a consideração para os cabeleireiros portugueses.
Foto: Tiago Costa
Por Inês Ferreira
DeepArt: Quase com 50 anos de carreira, deve ter alguns momentos marcantes ao longo da carreira. Há algum que a tenha marcado em particular? Isabel Queiroz do Vale: Comecei com 12 anos a trabalhar para ajudar a família e tenho alguns momentos especiais. Há momentos da minha profissão que me marcaram profundamente, como por exemplo, a atenção que os clientes me dão e deram ao longo da vida inteira. Tenho também situações divertidas, como é o caso de quando abri o meu primeiro salão de cabeleireiro feminino e também masculino, em que vinham excursões da província, de propósito para ficar a olhar da porta, porque tinham ouvido dizer que era uma coisa fora do comum. Outra das situações que me marcaram, foi ter ído sozinha a um congresso no Brasil, a convite de um organismo (do qual eu fazia parte), mostrar o meu trabalho, numa sala onde estavam 2000 pessoas. Acho que fiz muito por esta profissão e conquistei em certa parte, a dignidade para a mesma, que era vista de outra maneira. Os cabeleireiros hoje em dia são vistos de uma forma completamente diferente, e isso, humildemente o digo, que o devem a mim. DA: A que se deveu a vontade de ser cabeleireira? Que inspiração teve para enveredar por esta carreira? IQV: Eu procurei emprego aos 12 anos, porque a família precisava da minha ajuda. Procurei então, aquilo que visualmente me atraía, que era ser cabeleireira, mesmo não sabendo se era aquilo que queria de facto ou não! Hoje em dia considero que não foi por acaso, porque por exemplo, a minha bisavó durante muitos anos, fez roupas para casamentos, comunhões e penteava as pessoas e, se calhar ”herdei” daí algum gosto. A minha
mãe trabalhava também com uma senhora de uma família abastada, que era apelidada de louca, por ser muito “moderna”, e que trazia coisas das suas viagens a Lisboa/Porto e levava revistas que havia na altura, para a minha mãe copiar os tricôs, e eu acabei por andar muito nesse meio. Possivelmente também isto terá desenvolvido o meu gosto artístico. DA: Onde se inspira nos penteados/criações que faz, porque é sabido que há tendências, mas na realidade tem tudo a ver com o nosso olhar? IQV: Disse a frase certa! “Tem essencialmente a ver com o nosso olhar “. Eu olho para as pessoas na rua, convivo com elas e sinto o que fazem, o que gostam e o que lhes simplifica a vida, e tem um bocadinho a ver com isso. Acabei de chegar de Paris ontem, e o que lá faço, (tendo contactos de negócios e comerciais, e colegas de profissão), é discutir também coisas sobre trabalho, além de estar na rua e ver o comportamento das pessoas e o seu look. Hoje em dia podemos pesquisar, ver e decidir, tal como os costureiros. Vemos as tendências gerais, mas há quem copie textualmente, e aqueles que recriam e eu faço parte dos que recriam. Apesar de gostar de saber o que os outros fazem, gosto de fazer algo diferente, até porque hoje em dia ninguém cria coisa alguma. Tudo se mistura, tal como quando cozinhamos, misturamos os ingredientes e depois damos o nosso cunho pessoal. DA: Qual é a tendência deste ano? IQV: Nós estamos a viver desde há cerca de 2 anos, um retorno ao penteado com uma arquitetura mais pronunciada e há cerca de 2 anos, a pouco e pouco estamos a voltar para uma cabeça de facto “construída”. Em ter-
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mos de comprimento, não há nenhum obrigatório. Tanto pode ser comprido como curto. Penso que vai haver uma tendência bastante forte de cabelos mais curtos, porque defendo os cabelos curtos no Inverno, e mais compridos no Verão. As tendências vão-se reger por 3 tamanhos: comprido, médio e curto, sendo o comprido com muito movimento e o médio sempre um pouco afastado da cara (e que pode ter uma franja ou risco ao meio). DA: Acha que ainda há um grande estigma por os homens irem ao cabeleireiro, ou já vão tão facilmente a um cabeleireiro como as mulheres (já há tantos anos)? IQV: Eu acho que os homens entram cada vez com mais facilidade num cabeleireiro que seja também de mulher. Cerca de 10% dos nossos clientes são homens, o que já é bastante. Sobretudo acho que hoje já não há barbeiros, mas sim cabeleireiros de homens. Já se adaptaram ao facto dos homens não irem lá apenas cortar o cabelo como antigamente, mas sim lavar, colorir, tratar das mãos e dos pés e já têm muitos deles tratamento de rosto, de pele, entre outros. DA: Porque decidiu abrir um SPA, em vez de um salão de cabeleireiro apenas? Porque seguiu a linha da estética? IQV: No fundo, o meu primeiro salão não foi apenas um salão de cabeleireiro, mas sim um instituto de beleza. Depois, como influência para este SPA, são com certeza as viagens. Sou apaixonada pela Ásia e adorava ainda transformar mais este SPA num conceito asiático. Há 10 anos que sinto que as pessoas vão com facilidade para os SPAS no estrangeiro, e o único que havia em Portugal era o de Vilalara. DA: Projetos para 2012/2013... IQV: Há varias coisas em projeto, mas são coisas que ainda não estão completamente definidas por isso não gosto muito de falar antes de serem concretas, mas penso que vão acontecer algumas coisas e estamos a trabalhar nelas. Sempre no campo da beleza, bem estar e estética.
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Cláudia
Vieira
Revela-se apaixonada pelo que faz, sem se deslumbrar com a fama.
Foto: Tiago Costa
Por Inês Ferreira
DeepArt: Foram os “Morangos com Açúcar” que te lançaram na tua carreira e potenciaram novas experiências para além da representação? Cláudia Vieira: Sem dúvida! Os “Morangos” foram um marco na minha vida e na minha carreira. Encontrei o meu objetivo para o futuro. A série marcou-me bastante porque tive um ano completamente louco na minha vida, em que vivi de uma forma muito intensa. As pessoas à minha volta tinham noção do sucesso que a minha personagem estava a fazer e eu quase não o sentia porque nós não tínhamos tempo. Era surpreendente as pessoas virem ter connosco na rua, mas eu associava o sucesso à série e não tinha noção de que ía ter todo este mediatismo. DA: Como descreverias como “escola” a série, e em que aspetos mudou a tua vida e o modo de encarares as coisas, (não só a nível profissional, como também pessoal)? CV: Foi uma experiência enriquecedora, mesmo ao nível de personalidade, porque eu tive a sorte de fazer os “Morangos com Açúcar” e já não ser uma miúda e isso fez-me ver a quantidade de pessoas que estavam deslumbradas. Eu não era atriz nem sabia representar, e trouxe-me a noção de que podemos ter experiências na vida, que a mudam por completo, mas é muito importante mantermo-nos ligados às nossas essências e ficarmos ligados às pessoas que já tínhamos anteriormente, porque essas são os nossos “pilares”.
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Passei também a valorizar muito os meus momentos a sós. E este é daqueles exercícios que eu aconselho a toda a gente. DA: Fazer teatro é assim tão diferente de uma novela ou série? Pelo que sentes mais carinho, ou te sentes mais acarinhada? CV: Eu só tive a possibilidade de fazer um espetáculo de teatro. Já surgiram felizmente, vários convites, mas porque estava em outros projetos de televisão e porque sou mãe e tenho sempre que pesar, (por mais que profissionalmente eu ame abraçar os 1001 desafios que vão surgindo) o que posso perder por abraçar mais este ou aquele projeto, tive de recusar alguns. A experiência que tive no teatro foi a peça que fiz, “Saia Curta e Consequências” que deu para perceber o porquê dos atores serem tão apaixonados por pisar o palco. O feedback das pessoas é imediato e a energia que está na sala contagia-nos imediatamente. As pessoas estão ali porque te querem ver a ti e como estás a fazer aquele espetáculo. DA: Uma vez que tens uma carreira tão variada, que desafio gostarias de abraçar? Em que tipo de trabalho? CV: Eu tenho uma quantidade enorme de desafios para fazer. Quero fazer muito mais teatro e, sem dúvida nenhuma, que os maiores desafios que me podem dar é fazer teatro e cinema, porque preciso de ambos para enriquecer este lado da representação. Por outro lado, a nível da apresentação, tenho ainda um mundo por descobrir. Comecei felizmente com o melhor programa para começar a apresentar, o “Ídolos”, porque é composto por tudo o que faz parte da apresentação, desde a condução de um programa e do mesmo em direto, a entrevistas aos concorrentes, a enfrentar multidões, até provocar animação junto dos concorrentes. É um programa muito completo e isso é fantástico, mas ainda não me sinto preparada para apresentar todos os tipos de programa. DA: Como lidas com a tua exposição mais íntima no filme “Contrato”? Há ainda um grande estigma à volta
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destas situações em filmes, ou os espetadores já têm uma postura mais descontraída em relação ao tema? CV: É ainda um pouco complicado porque se tu vens da moda e és considerada uma mulher bonita, quando fazes cenas com grande exposição, cria-se um estigma gigante, porque pensam que aquela pessoa quer que a carreira cresça e evolua a qualquer custo. No meu caso, como vim do mundo da moda, deveria ter muito à vontade com a questão da exposição física, mas a verdade é que eu nunca soube muito bem lidar com isso. Quando tive de fazer o filme “Contrato”, tinha cenas com uma exposição gigante e, antes disso, não dormia nem comia com a preocupação, mas depois de estar na cena, desmistifica-se um bocadinho tudo isso. Os colegas são profissionais e sabemos que não há qualquer tipo de aproveitamento por parte deles. Não se sente isso, nem há tempo para tal. Eu confesso que me senti muito desconfortável no início e depois de lá estar comecei a descontrair e as cenas que tive de fazer a seguir, já as enfrentei com um à vontade totalmente diferente. DA: Se a tua filha te dissesse que queria ser modelo, que conselhos lhe darias? O que achavas ser mais apropriado ela ter em mente para seguir uma carreira dessas? CV: Eu acho que não vale a pena adiarmos muito algo, quando temos a certeza do que queremos. São extremamente importantes os estudos e acho que há muito boa gente que se “perde” um bocadinho do caminho que tinha inicialmente pensado ou traçado. Por outro lado, há carreiras em que quanto mais cedo se começa, melhor, porque se acaba por ter contacto com as necessidades que aquela carreira nos vai exigir. Eu iria dar-lhe todo o apoio, mas exigir estar sempre por perto. Quanto a conselhos, dependem das características de personalidade que ela me for transmitindo, para eu poder dar mais ou menos abertura, para ela poder entrar para esse meio. Não a vou impedir, mas também não fico descontraidíssima. Depende muito do acompanhamento e do tipo de personalidade de cada um.
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Carlos do Carmo
Lisboa é ainda “menina e moça” Carlos do Carmo, fadista e “amante” da cidade de Lisboa, quase a completar 50 anos de carreira, diz receber todos os dias o melhor prémio de carreira, não se envaidecendo com isso. Por Inês Ferreira
DeepArt: O que recorda com mais saudade do tempo em que morou no Bairro da Bica? Carlos do Carmo: Recordo-me da minha infância e adolescência com muita saudade porque brincava na rua com os meninos e podia-se brincar na rua. Além do mais, a Bica tem uma característica que eu sempre apreciei muito na vida e que me deixou uma marca muito séria, que é a generosidade e solidariedade das pessoas. As pessoas entreajudavam-se. Cuidavam de uma criança enquanto os pais tinha de sair por qualquer circunstância. Havia uma fraternidade no ar, na maneira de conviver, apesar de serem tempos de grandes dificuldades económicas.
Fotos: Rita Carmo
DA: Para si, Lisboa ainda é “menina e moça”? CC: Sim e será sempre! Lisboa é “um corpo que resiste a todas as maldades”. Lisboa, percorrendo apenas a minha memória, da infância até aos dias de hoje, sofreu muitas maldades. Houve pouco respeito pelo património e pela nossa memória. Houve pouca essência cultural e pouco cuidado. Algumas coisas terão sido bem feitas, terão até sido tratadas, mas houve também uma mistura de “novo riquismo”, sem respeitar a traça da cidade e sem respeitar a questão do espaço verde. Mas apesar de tudo, Lisboa tem resistido, porque tem uma luz do outro mundo, um rio, e uma canção que é património do mundo inteiro. Tem uma alma e tem sempre qualquer coisa para ser descoberta. É uma cidade completamente diferente das outras e é uma das cidades mais captadas do mundo.
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DA: Para uma pessoa cuja carreira já foi alvo de tantos prémios, qual foi para si até hoje, o melhor prémio de todos? CC: Eu recebo todos os dias o melhor prémio da minha carreira. A minha carreira para o ano, a partir de janeiro entra no seu quinquagésimo aniversário e já cantei desde a Austrália ao Senegal. Outro dia, um jovem veio ter comigo para me agradecer o que tenho feito por Portugal e outra pessoa veio-me agradecer o bem que lhe tenho feito ao longo da vida. Estes são os prémios melhores que eu recebo e recebo isto quase todos os dias, das pessoas mais variadas e das mais variadas condições sociais. DA: Que episódio recorda com mais apreço do seu companheiro nos concertos, José Maria Nóbrega? CC: O José foi uma pessoa que esteve ao meu lado, com um profissionalismo absolutamente exemplar. Pontualidade, rigor profissional, determinação, postura do ponto de vista da educação, do estar com as pessoas. É um homem que vem duma condição muito modesta e que teve como objetivo na vida, ganhar dinheiro para conseguir dar uma vida decente à família. Ao meu lado ganhou grande parte da vida dele, mas ganhou-a com imensa dignidade. Sou um grande companheiro dele. De vez em quando chamo-o e no meio do espetáculo ele toca dois fados e chamo a atenção do público para o “meu companheiro” e o público brinda-o com uma fantástica salva de palmas. Não é muita gente que tem o mesmo músico 45 anos. DA: É de facto o fado uma exaltação à saudade ou a saudade mora em cada um de nós e o fado apenas lhe dá um “corpo”? CC: Tem de se ter sempre bem presente uma coisa: a água não corre duas vezes debaixo da mesma ponte, e esta ideia de se ficar agarrado a qualquer coisa que aconteceu naquela circunstância, daquela forma, pode não ser saudável. Vale a pena guardar como qualquer coisa que nos aconteceu de bom. O fado, como expressão de saudade, pode marcar se for dolente, se estiver à volta do fado menor, que é o fado mais triste, mas depois temos também o fado que conta histórias alegres. Portanto, eu não iria tão facilmente por esse caminho da dolência e da saudade. O português vive em permanente saudade. É da nossa natureza, mas não acho isso negativo. O fado pode ser talvez a canção que esteja mais próxima de expressar isso.
DA: Com quem gostaria de fazer um dueto, que ainda não tenha feito? CC: Gostaria muito de fazer um dueto com o Frank Sinatra ou com o Jacques Brel. Ainda, se fosse a tempo, gostaria muito de fazer um dueto com o Tony Bennett, que adoro ouvir. São pessoas que me ensinaram muito. Gostava de fazer um dueto com o Marceneiro ou com a Maria Teresa de Noronha. Com a minha mãe já não vale a pena porque já fiz. De “tudo o que está vivo” há aí gente muito interessante, mas não vou referir nomes porque depois se refiro um ou dois nomes, ficam melindrados 20 ou 30. DA: Que conselho daria a um jovem fadista? CC: Quando aparece alguém jovem que canta o fado, mulher ou homem, se gosta de ouvir os mais velhos, as histórias que temos para contar, vale a pena. Se não gosta e é auto suficiente, então não vale a pena perder tempo. E em todas as épocas existiu gente auto suficiente e gente que gostou de aprender. Eu devo dizer que levei muitas horas da minha vida a ouvir falar o Alfredo Marceneiro e o Frederico Brito. E o bem que isso me fez!
(Attitude)
Photo Tiago Costa Model Andre Chee @ Elite Lisbon Make Up Marisa Duarte Styling Catarina Ferreira Pinto Behind the Scenes Pedro Marques
Casaco de lã DIESEL - 150€ Calças de algodão LACOSTE - 95€ Camisa branca GANT - 122€
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Casaco impermeável LACOSTE - 150€ Calças em sarja DECENIO - 79,90€
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Camisola de lã DIESEL - 180€ Camisa verde DECENIO - 69,69€ Calças de algodão LACOSTE - 95€ Ankle Boots de pele DIESEL - 230€
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Blusão GANT - 331€ Camisola de lã GANT - 131€ Calças de sarja DECENIO -79,90€ Ténis Bota GANT -198€
Casaco de fazenda LACOSTE - 390€ Calças de malha LACOSTE - 135€
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Uma questão
de (poder de) encaixe... Imagine belos serões em família, com muito divertimento e estímulo cerebral sem ter de tirar da prateleira o Pictionary ou o Trivial Pursuit. Por Rita Chuva
É a (palavra que abomino) crise. É o dinheiro contadinho, que não chega para tudo. Tempo? Esse, não existe para os afazeres diários. É uma lufa-lufa pegada, é uma dor de cabeça. É depressão, é ansiedade, é o sentimento de ver a vida a passar a correr. Poderemos mesmo dizer que a nossa existência é um grandessíssimo quebra cabeças, onde o importante é ter (e saber usar) o dom do poder de encaixe. Mas este conceito não é apenas social, económico ou cultural. Não! Que o diga Petar Zaharinov, um designer de produto búlgaro dedicado ao mobiliário, detentor da marca Praktrik, cujas coleções têm como concepção base um puzzle. Os componentes dos seus móveis são ecológicos, feitos em contraplacado de faia, com uma cobertura de óleo vegetal natural. E têm uma particularidade: excluem o uso de quaisquer tipo de ferramentas, encaixando-se uns nos outros até formar o objecto final!
http://www.praktrik.com
As suas peças, inspiradas pelos quebra cabeças, têm como objetivo primordial estimular o raciocínio lógico dos adquirentes, proporcionando, simultaneamente, um espaço de entretenimento aliado a uma necessidade muito prática e indissociável da vida urbana.
Fotos:
A combinação de materiais amigos do ambiente com a simplicidade de montagem torna os produtos da Praktrik ainda mais apetecíveis.
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A mais recente linha de Zaharinov, de seu nome Coordinate, é composta por 14 peças distintas, que vão desde mesas (de centro ou de refeição) a bancos e cadeiras, passando por candeeiros, uma estante e até um mealheiro! Embora este último não pareça ser uma boa forma de poupança, uma vez que é tão fácil de desmontar quanto de montar... Imagine belos serões em família, com muito divertimento e estímulo cerebral sem ter de tirar da prateleira o Pictionary ou o Trivial Pursuit. Basta aceder ao site do estúdio, comprar as peças que quer (vai querer todas, prepare-se) e selecionar o(s) objeto(s) a montar e divertir-se com as instruções. Cada peça tem até indicação do grau de dificuldade de montagem! Pode fazer concursos e/ou apostas para ver quem termina mais depressa... as possibilidades são infinitas! Para além de, é claro, usufruir de uma bela peça de mobiliário, depois de tanto divertimento. Se achava que comprar e montar peças da IKEA já era fácil, vai render-se à Praktrik. E desengane-se se pensa que os preços são menos “amigos”, porque são bem em conta, considerando a facilidade e a simplicidade das peças. Tão fácil como montar um puzzle... Fonte e fotos: http://www.praktrik.com
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traMadesign Localizada em pleno Alentejo, a traMadesign assume-se no mundo do design, com uma forte ligação tanto às origens como ao “tradicional” que existe na cortiça. Por Marta Ricardo
Tramadesign é uma marca que nasceu há 5 anos, para dar corpo às ideias de Marta Ricardo. O nome traduz todo o conceito da marca. traMa por ser um anagrama de Marta e por ser uma das partes que constitui um tecido e um desenho, e também o design, a área em que a marca se desenvolve. A traMadesign expande-se em várias vertentes do design, como o gráfico, o de moda e de acessórios, e tem como conceito base, aliar o tradicional à modernidade. Tudo nasceu por amor à arte, ao design, ao artesanato e à moda... e assim foi crescendo... Primeiro, era mais direcionada para o design gráfico, depois para guarda roupa cénico e, com o passar do tempo, dirigiu-se para o artesanato e a moda, com peças mais personalizadas. O atelier está localizado no Alentejo (Azaruja- Évora), e por serem essas as suas origens, encontrou um material que tão bem exprimia a tradição... A cortiça é a base para toda a coleção de acessórios, conjuntamente com tecidos e outros materiais com expressões mais modernas. As peças fazem uma fusão entre a tradição da arte cortiçeira e a modernidade dos cortes, tecidos e cores.
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Todas as peças são únicas, artesanais e podem ser personalizadas. A traMadesign, na vertente de design de moda, faz roupa personalizadas e à medida e tem já, peças confecionadas e prontas a utilizar, tendo cada uma delas, a sua particularidade e exclusividade. A marca está agora a desenvolver um novo projeto na área do design de moda, para que as peças possam chegar a um maior número de pessoas, tornando-as industrializadas, (ainda que dirigidas a um número limitado de pessoas) e espera-se que no futuro esse projeto passe para a realidade e para as lojas. Neste momento pode encontrá-la em: - atelier traMadesign na Rua Engenheiro José Frederico Ulrich nº 47 7005-117 Azaruja - facebook: http://www.facebook.com/MartaCRicard - Blog: http://tramadesignmartaricardo.blogspot. pt/2011/01/design-de-acessorios.html - em feiras e algumas lojas de artesanato e design.
Foto: Tiago Costa
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Conforto
e simplicidade Sou pela máxima “KISS” (Keep It Simple, Stupid!) e considero-a o melhor conselho para um designer. Por Rita Trindade
Fotos: Jonathan Ive - apple-blog.dk ipod - doobybrain.com
Sempre considerei como característica mais importante num produto o seu nível de conforto. Há várias coisas que aprecio numa criação. Sou pela máxima “KISS” (Keep It Simple, Stupid!) e considero-a o melhor conselho para um designer. Também gosto de detalhes simples que nos surpreendem e tornam um objecto bom num objecto intrigante, que cumpre a sua função e ainda desperta sorrisos e curiosidade. Na minha opinião, o Design de Produto deve, acima de tudo, primar pelo conforto. Quando digo conforto, falo de qualquer objecto, seja com que fim for. Porque conforto é mais do que uma camisola de lã bem quentinha em dias de Inverno bem frios. É mais do que ténis bem aconchegantes numa caminhada longa. É mais do que uma cadeira de autocarro numa viagem chata. O conforto engloba muitos outros aspectos de um produto. Não basta ser algo fácil de utilizar, mas algo que enriqueça as nossas vidas com o seu uso. Por exemplo, algo tão simples e fácil de usar que nos poupe tempo para fazermos as coisas de que realmente gostamos. Por isso é que não há quase ninguém que não tenha uma máquina de lavar louça em casa ou uma batedeira eléctrica. Foram coisas que mudaram a vida das pessoas e permitiram que o tempo que se gastava nessas tarefas fosse direccionado para outras. Numa altura em que a coisa mais preciosa que podemos ter e que infelizmente, por mais ricos que sejamos, não podemos comprar, é o tempo, faz todo o sentido que o queiramos poupar. Fazemo-lo através da compra de serviços e objectos que nos levem a esse fim. Por exemplo, a Bimby. Há por aí muito boa gente que sabe cozinhar e sabe cozinhar bem, mas que simplesmente não dispõe do tempo necessário para o fazer diaria-
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Fotos: antiquesreporter.com.au
mente. É aí que entra em cena um objecto que garante uma poupança de tempo incrível, aliada a refeições de qualidade. Não possuo nenhuma Bimby e prefiro mil vezes cozinhar eu própria do que atirar um monte de comida para uma máquina e ver sair dela o meu jantar, mas reconheço todo o mérito desta invenção. O conforto vem aliado à vertente prática dos objectos, entre outros. É natural que assim o seja. Um objecto difícil de usar ou pouco cujo teor prático é baixo, trarnos-á muito mais complicações, isto se tiver sequer sucesso no mercado. A verdade é que as coisas mais simples, aquelas que nos fazem dizer “oh, isso também eu fazia” são por vezes as que demoraram mais tempo a ser trabalhadas para se alcançar o resultado final. Como exemplo, vou falar-vos de alguns objectos que, por mais simples e óbvios que são hoje em dia, na altura em que apareceram foram verdadeiras revoluções. O primeiro caso é o de Louis Vuitton. Foi com uma simples mudança do formato das malas de viagem que este senhor ganhou popularidade. Numa altura em que se utilizavam malas e baús de topo redondo (para permitir um melhor escoamento da água da chuva) para transportar roupas e bens em viagem, Vuitton desenhou a sua própria versão. Os materiais que usou eram mais leves, mas o aspecto verdadeiramente revolucionário foi
o facto de terem o topo direito. Com esta simples e, para nós hoje em dia, óbvia mudança, tornou-se muito mais fácil empilhar e transportar bagagens naquela época. A partir daí, Vuitton recebeu as mais variadas encomendas. Criou malas que se abriam e transformavam em pequenos escritórios; malas que eram autênticos armários (literalmente, com cabides e tudo) e até concebeu uma mala de onde saía uma cama que se podia armar. Rapidamente todos começaram a imitar os desenhos do francês, mas a marca nunca perdeu o seu valor até aos dias de hoje e é desde 2006 a marca de luxo mais valiosa do mundo. Entretanto surgiram outros produtos produzidos pela marca, mas o seu reconhecimento deve-se a esse pormenor de que o senhor Louis Vuitton se lembrou de alterar, em 1858. Outro óptimo exemplo é a história da marca Cartier. Apesar de a companhia existir desde 1847, foi apenas em 1904 que veio a ganhar a fama que ainda detém nos dias de hoje. Louis Cartier, neto do fundador da companhia, inventou o relógio de pulso para um amigo aviador (o brasileiro Alberto Santos-Dumont), que se queixava de nunca saber o tempo que fazia nos seus voos, por ter de o consultar num relógio de bolso, que por mais rapidamente o alcançasse, o fazia perder sempre alguns segundos.
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Fotos: shaveworld.org
Tanto Vuitton como Cartier são hoje em dia marcas de luxo e, como já dizia, Coco Chanel: «Luxury must be comfortable, otherwise it is not luxury». Outro exemplo, não de luxo, mas acessível a qualquer um, é a Gillette, que ganhou nome por ter criado uma lâmina que, para além de ser descartável, era mais duradoura e dava menos trabalho a manter por não necessitar de constante afinação, ao contrário das lâminas que se usavam na altura (e que eram mais caras, diga-se). Exemplos como estes estão espalhados por toda a História e todos eles têm em comum o facto de terem alterado a vida das pessoas e de lhes terem trazido mais conforto na realização de determinadas tarefas ou na utilização de objectos já existentes mas que foram melhorados. Ainda assim, há designers que são quase tão desconhecidos como são importantes. Certa vez, numa palestra da Experimenta Design, ouvi um professor de uma Universidade estrangeira (não me recordo ao certo de que país) contar que, na primeira aula do primeiro ano de cada turma, fazia uma pergunta aos alunos: «Quantos de vocês sabem quem é o Philippe Starck?». A turma toda levantava o braço. A pergunta seguinte era: «Quantos de vocês têm um objecto dele?». Já só dois ou três se manifestavam, e a peça que normalmente possuíam era o famoso espremedor. A seguir, perguntava-lhes quantos deles conheciam o Jonathan Ive. Quando ouvi este nome, todas as campainhas dentro da minha cabeça tilintaram. Para logo a seguir se apagarem quando o professor disse que ninguém na turma sabia quem tal pessoa era. A pergunta que se seguia a esta – e que era também a última – era: «quantos de vocês tem um iPod?». E mais uma vez todos os braços se levanta
vam. Confesso que fiquei pasmada pelo facto de quase ninguém dessa história saber quem desenhou o objecto que tinham no bolso das calças ou dentro da mala. Para que tinham no bolso das calças ou dentro da mala. Para além disso, há que mencionar que esse designer tem hoje à frente do nome um “sir”, que lhe foi concedido pela Princesa Anne, no Palácio de Buckingham, pelos seus serviços ao design e empreendimento. Desde os meus 13 anos que sabia quem o senhor era, quando li um artigo sobre um “objecto novo e promissor” que nos iria permitir guardar 7500 músicas no bolso de trás das calças. Sendo eu uma pessoa que possuía uma vasta colecção de CD e que transportava tudo em duas malinhas próprias (cada compartimento com dois CD dentro porque mesmo assim não chegava), até pulei de alegria. Comecei logo a poupar a minha mesada e aos 16 anos comprei o meu primeiro iPod. Posso dizer que foi o objecto que mais mudou a minha vida e que levo comigo para [quase] todo o lado. Adoro-o. Não voltava aos CD e às cassetes por nada deste mundo. Não há coisa mais prática para se ouvir música em qualquer sítio hoje em dia. É o exemplo perfeito de como o Design de Produto nos pode mudar a vida. Porque é um exemplo que mudou a minha. Assim como as lâminas de barbear da Gillette mudaram as vidas dos nossos avós. Já referi que, para mim, o conforto é o mais importante numa peça porque engloba uma série de outros factores. E, verdade seja dita, é provavelmente aquilo que temos mais em conta quando chega o momento de tomar uma decisão em relação a comprar ou não. Esta colaboradora/autora não escreve com o novo acordo.
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Portugal tem talento Temos de comprar e divulgar o que é português. E é esse o desafio que eu vos deixo, porque enquanto meio de comunicação podem fazê-lo. Por Vanessa Trindade trendalert.me
Dei-me conta que sou a mais velha desta equipa. Confesso que ainda não tinha percebido (ou querido perceber), mas quando a revista me foi apresentada em papel, pela diretora, que by the way ainda não tem uma única ruga, fiquei com a certeza que sou a mais antiga do grupo. Sou oficialmente o fóssil da Deepart. É por isso que este poderia ser um artigo sobre cremes de dia e de noite. Mas não vai ser. Vai ser um dia sobre experiência e sobre Portugal. No dia em que a revista me foi mostrada em papel, dei comigo a dar conselhos de mãezinha a dois jovens empreendedores, que provavelmente nem sequer precisam deles. Mas Inês e Tiago desculpem, o paternalismo é uma coisa que se agrava com a idade… é isto, e começar a andar com sacos de plástico. - Caro leitor queira desculpar os recados para a direção.-
É por isso que há 2 coisas que eu sei, que provavelmente vocês também sabem, mas porque ainda não passaram a barreira dos 35 (eu também não, mas quando a revista sair, sim) não ligam grande coisa.
Foto: Pete Souza
Fiquei tão enternecida que os responsáveis por esta revista/aventura, num dia de manifestação geral, onde dizem as estatísticas, mas de 600 mil saíram à rua para protestar, estivessem a falar-me do quanto acreditavam e de como trabalhavam para manter o sonho vivo. Atenção, não tenho nada contra manifestações. Mas eu acho que ali, naquele dia, a manifestação também se deu.
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A primeira coisa que é absolutamente fundamental cumprirem à risca é beberem os 2 litros de água por dia, no mínimo. A pele para se manter jovem não pode nunca ter sede. Pensem só que quando vocês sentirem sede já a pele está em sofrimento há mais de uma hora. A melhor água para a pele é a água do Caramulo! A segunda é que temos de comprar e divulgar o que é português. E é esse o desafio que eu vos deixo, porque enquanto meio de comunicação podem fazê-lo. Caro leitor, desculpe continuar a ler os meus recados para a direção. Então começo eu: Os sabonetes claus são os favoritos da Oprah. E o Nicolas Cage oferece os Arch Brito no Natal aos amigos. O Paul Auster escreve em cadernos Firmo. E até lhes dedicou um livro. As nossas únicas 20 fábricas conserveiras exportam 60% da sua produção. O Azeite Gallo exporta 70% da sua faturação. Tudo isto enquanto a Renova limpa o rabinho de quase meio mundo.
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A Lanidor já vestiu a Barbie e está presente em 127 lojas espalhadas por 6 países. A Keybag do João Sabino e o chapéu-de-chuva de cortiça da Pelcor estão expostos no MoMA. O Barack Obama tem um cão de água português, e o fotógrafo oficial da Casa Branca é luso-descendente, e o presidente passa a vida a mencionar o case study de Portugal relativo às eólicas. As we speek há um grupo de nerds/geeks portugueses dentro de um escritório de 30 mt2 a fazer o primeiro jogo de estratégia para o facebook. Chama-se Godz e vai ver a luz do dia em janeiro de 2013. O Durão Barroso está aos comandos da Europa. Upps isto se calhar não é o melhor exemplo, até porque ouvi dizer que a população lá na Europa anda a colar macacos do nariz debaixo das mesas. Creio que perceberam a ideia, certo? Certo. Fim de prosa.
Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira
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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira
Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira
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LACOSTE Goa Number Mania Dark Grey - 75€ LACOSTE Goa Neon - 75€ LACOSTE Goa Military Stripes - 75€ LACOSTE Goa - 75€ LACOSTE Ladies Goa Watch - 75€ LACOSTE Goa - 75€ LACOSTE Goa Black Numbers - 75€ LACOSTE Goa - 75€
Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira
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MC House
Braga 2012
É este o maior poder da arquitetura e do arquiteto enquanto seu discípulo, a capacidade de unir tempos, desejos, emoções e linguagens num só espaço, numa só vontade! Por Pedro Carvalho
Esta é uma habitação para um criador de jóias. Apaixonado, amante da cidade que o acolheu e pelas suas pessoas, desde muito cedo se dedicou à arte da joalharia pelas mãos de seu pai, também ele mestre ourives de profissão. O edifício, datado de 1987, situa-se numa das artérias do centro histórico da cidade de Braga - norte do País, e está em absoluto estado de deterioração e decomposição. À partida, por si só, num primeiro contato - apesar de ser um edifício antigo e até marcante para a rua -, não conseguíamos descobrir no imóvel elementos de carácter relevante para o próprio projeto em si, à exceção da sua fachada principal, um elemento que ainda nos despertou algum interesse.
O programa, disse-nos o cliente, teria que ser um misto de atelier/oficina de jóias e habitação própria. Muito ‘cozy’ e minimal, misturando tendências, numa clara mistura entre o clássico e o moderno, retro e avant-garde, resultando num espaço aprazível mas chique, jovem, intemporal e com muito conforto e luz. Numa altura em que a reabilitação nos parece ser um dos vários caminhos a seguir (sim, não é o único!) no turbulento percurso da arquitetura em Portugal, o desafio era extremamente interessante e extenuante para o gabinete, uma vez que seria o primeiro do género e que nos permitira explorar uma série de soluções que há muito ansiávamos colocar em prática.
Fotos: Inception Architects Studio – IAS
O resto ficaria para descobrirmos no seu interior.
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Fotos: Inception Architects Studio – IAS
Quisemos saber mais… e entrámos! A acrescentar às cantarias em pedra que, pelo exterior, emolduravam os vãos da sua fachada principal e da podre (contudo trabalhada e bonita) guarda em ferro forjado que delimita a varanda do 1º andar, descobrimos que o seu interior, em estado de degradação já avançado, se dividia em duas partes distintas. Na primeira parte, portadas almofadadas em madeira trabalhada protegiam todas as janelas; tetos coroados nos seus centros e periferia com acabamento decorativo em molduras de gesso; portas interiores que ligam as várias divisões, também em madeira almofadada com lintéis redondos e envidraçados, ampliando o pé direito e as entradas de luz; uma escada em madeira - a cair -, mas encimada por uma enorme claraboia octogonal que iluminava a subida aos andares superiores. “Brutal!” dissemos. Depois a segunda parte da casa, situada na zona posterior e que tem como único pormenor digno de registo, o intrincado acesso ao confinado, mas recatado, espaço de logradouro. Deste espaço e a uma cota superior descobrem-se as vistas para o Centro Histórico da cidade de Braga e para o Jardim do Museu dos Biscainhos, um dos locais ‘must see’ de Braga.
Desde logo decidimos ali fazer - na dicotomia entre o que era recuperável e o que era irrecuperável -, a partir da escada da casa, - iluminada e central -, a nossa transição entre o clássico e o moderno, entre passado e presente, entre linguagens arquitetónicas… Desta maneira, toda a parte da frente da casa - voltada para uma típica via de centro de cidade - adotaria pelo interior uma linguagem mais clássica, e a sua parte posterior, uma linguagem mais moderna. Todo o novo volume seria de resto, construído de forma a comportar-se como uma ‘nova pele’ que pousava sobre um antigo esqueleto/estrutura, abraçando-o e conferindo-lhe um novo uso, uma nova configuração, uma nova vida. Pela frente, mantivemos a fachada principal na íntegra, mas recuperada. Optamos apenas - e por mera questão de funcionalidade (vicissitudes de quem mora no centro) - por ‘rasgar’ quase na íntegra os 3 vãos do piso térreo. ‘Inventamos’ uma espécie de ‘black-box’, voltada para a rua e que reclama a presença desta nova casa e permite o acesso automóvel e pedonal ao interior da habitação. É a criação de uma zona de chegada/entrada diferente, mais anunciada, que irrompe do interior do edifício e o revela a quem passa na rua.
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Pelo interior recuperamos os mesmos vãos de transição entre espaços; os mesmos tetos com molduras em gesso; os mosaicos hidráulicos de cor viva tão característicos desta construção; o soalho escuro, natural, envernizado assente em espinha; lambrins altos em madeira esmaltada; a escada de madeira que ganha nova vida e liga agora apenas os últimos pisos da habitação.
A luz, torna-se presença constante em todos os espaços, com especial incidência na sala comum, e nos 3 quartos que compõem o resto da habitação. De resto, a ‘pele’ (composta por várias lâminas diferentes), abre-se em função da maior ou menor exposição solar desejada. Para uma iluminação e ventilação ainda mais eficazes, introduziu-se – sensívelmente a meio - um pátio interior; que ainda ajuda a ‘quebrar’ a grande profundidade do lote e da construção.
Fotos: Inception Architects Studio – IAS
Foi feita a separação entre funcionalidades, atelier de jóias e habitação, com a criação de uma nova escada - peça artística quase - suspensa, leve, branca, harmoniosa e em ferro forjado com motivos inspirados nas criações/jóias do próprio cliente e sustentadas em desenhos derivados das linguagens mudéjar e muçulmana. Será esta a peça que anuncia a zona criativa.
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Fotos: Inception Architects Studio – IAS
Na fachada posterior, os aposentos privados e a sala comum, voltam-se para a cidade e para as suas vistas. Braga descobre-se com o subir progressivo dos vários pisos da casa, que por sua vez também procuram essas vistas privilegiadas, ‘rodando’ em função das mesmas através de planos inclinados. No logradouro, uma piscina/espelho de água, ajuda a refrescar em dias de calor e, em dias frios ajuda a descontrair quem trabalha na oficina de produção de jóias, já que comunica com este espaço através de um enorme envidraçado dentro de água, que unifica os dois espaços tornando-os inseparáveis no lugar e no tempo. É este o maior poder da arquitetura e do arquiteto enquanto seu discípulo, a capacidade de unir tempos, desejos, emoções e linguagens num só espaço, numa só vontade! FICHA TÉCNICA ARQUITECTURA: Inception Architects Studio – IAS PROJETISTAS: Pedro Carvalho e Carlos Ferreira CLIENTE: MC TIPOLOGIA: Moradia V3 DATA: abril – maio 2012 IMAGENS: Inception Architects Studio – IAS
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Cultura Urbana
Conteúdo sob pressão - parte 3 As opiniões divergem em relação ao que difere o Graffiti da restante Street Art. Por Gustavo Mesk
Fotos: www.ironlaklosangeles.com / www.amazingstuff.co.uk / www.abstractgraffiti.net
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“- Até já vi uns Graffitis bem fixes feitos em papel e colados pela cidade!” As opiniões divergem em relação ao que difere o Graffiti da restante Street Art. Nesta segunda, estão inseridas a maior parte das obras de expressão artística presentes no espaço público, desde Stickers (autocolantes personalizados) ou Paste-Up (impressão/pintura numa folha que é colada na rua), trabalhos em Stencil (material recortado por forma a “mascarar” determinada zona do desenho, sendo após coberto de tinta e retirado, deixando revelar o resultado final), desenhos com marcadores, etc... É um conceito bastante abrangente, que se começou a envolver com Arquitetura, Design e diversas outras áreas, tendo atingido um ponto em que quase tudo é permitido em termos da diversidade dos materiais utilizados na conceção da obra, acabando este por ser a causa das diferentes opiniões. Mas ainda há quem defenda o Graffiti como sendo uma vertente à parte da Street Art, em cuja obra tem de respeitar determinadas características, como a não utilização de outros materiais além de latas de spray na sua elaboração. Estes são os mais fiéis às raízes, ao que fez o Hip Hop e o Graffiti crescerem como cultura urbana, e asseguram assim a preservação e valorização do skill (habilidade na utilização do material). Na sétima arte, desde a década de 80 até ao presente, este tema tem vindo a ser retratado, ora num formato mais documental, ora como ambiente para o enredo do filme. Títulos mais antigos como “Wild Style” (1983), “Beat Street”(1984) e “Breakdance”(1984) relembram as origens, desafios e genuínos costumes, focando-se mais numa ou noutra das quatro vertentes desta cultura. Outros mais recentes e consequentemente mais conhecidos como o “8 Mile” (2002), focam-se nos problemas sociais e no contorno destes através da pintura, música ou dança. Em termos de documentários, aconselho o “Bomb It” (2007), o “Beautiful Losers” (2008) e um outro bastante controverso, o“ Exit Through the Gift Shop” (2010) que na minha opinião, passa uma imagem pouco ortodoxa de como atingir reconhecimento dentro da Street Art, sendo que esta é cada vez mais acolhida por museus e galerias, elevando-se e atingindo assim, a
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pouco e pouco, um sólido estatuto no campo das Artes. Ainda em torno do cinema, “Taken by a Vandal” (2012) é o primeiro filme de Graffiti filmado com recurso à tecnologia 3D. Infelizmente, é muito difícil ganhar a vida a pintar Graffitis. Os writers fazem disso uma forma de estar na vida, mas necessitam de outras formas de subsistência, independentemente da sua classe social. Podemos encontrá-los a trabalhar nas mais variadas áreas profissionais, o que incentiva novas ideias e resulta em projetos experimentais. A ilegalidade associada à pintura mural está geralmente no centro destes projetos e tem vindo a ser explorada por writers de todo o mundo, como tentativa de contornar esse aspeto invasivo. Gostava de realçar o trabalho de Daim, um writer alemão oldschool com um estilo 3D inconfundível que apesar de ser já antigo, se mantem bem atual e ainda faz as delícias de quem é com ele confrontado. Em meados de 2008, este artista esteve diretamente envolvido num projeto virtual, de seu nome “Tagged in Motion”, onde o próprio consegue criar traços e formas no espaço, sem necessitar de um suporte físico e, posteriormente, movimentar-se por entre eles. Um bom exemplo é também o projeto L.A.S.E.R. Tag dos GRL (Graffiti Research Lab) que através de poderosos projetores e feixes laser, conseguem escrever com grande impacto em qualquer prédio ou superfície, sem a danificar. Outros, como Moose ou o brasileiro Alexandre Orion, desenvolveram o Reverse Graffiti, uma técnica que consiste em remover a sujidade de uma superfície, de forma a desvendar as figuras pretendidas. Alexandre Farto, também conhecido por Vhils é um português que desenvolveu uma técnica semelhante a esta última, mas em vez da sujidade, o street artist remove pedaços da própria parede, revelando a beleza tosca escondida pelas camadas de argamassa e tinta que lhe dão o acabamento final. A meu ver, vale bem a pena dedicar algum tempo à pesquisa desta informação.
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Drop Hot Dog João Antunes, juntamente com as caravanas Airstream veio revolucionar a forma de comer cachorros, com design e bastante qualidade. Por Inês Ferreira
DeepArt: “João Miguel Antunes quer moldar a Airstream a uma nova forma de encarar o trabalho e os negócios, com a criação de escritórios e showrooms, entre outros, em pontos de destaque paisagístico numa determinada região.” Que nova forma de encarar o trabalho e os negócios é esta? João Antunes: Esta nova forma de encarar o trabalho e os negócios baseia-se em juntar um clássico (neste caso, estes reboques) com o conceito de negócio, adaptado aos nossos tempos, juntando uma imagem e design vanguardistas, a um conceito de mobilidade, uma vez que se tratam de reboques, podendo por isso estar em constante deslocação de um local para outro. DA: Porquê cachorros? Aliás, porquê cachorros e um reboque? JA: Escolhi os cachorros por achar que as pessoas já estão um pouco saturadas dos hambúrgueres, podendo assim alargar a oferta ao nível da variedade. Na primeira fase do negócio estava à procura de um clássico para fazer venda de cachorros na zona litoral, e até estava quase a escolher o clássico francês muito conhecido nos anos 60 e 70: as carrinhas de venda de peixe “ SAP”, as Citroen HY. No entanto, quando estava quase a comprar uma destas carrinhas, um amigo confrontou-me com o facto de estar a fazer algo parecido com outras pessoas e ao me aperceber disto, acabei por mudar de ideias e no dia seguinte vi uma caravana Airstream e nem pensei duas vezes. Esta caravana apresenta uma imagem limpa, suave, e é certamente mais fácil e prática que qualquer outra viatura, uma vez que pode ser facilmente rebocada e não apresenta o inconveniente de poder ter qualquer
avaria mecânica. DA: Porquê a Airstream em particular como “casa” para os cachorros e não outra? JA: Escolhi a Airstream porque além de todas as suas vantagens, fiquei também fascinado pela sua imagem. Logo de seguida fui pesquisar a história destas caravanas e achei muito curiosa a forma como Wally Byam nos anos 30, trouxe para o “mercado” estas caravanas ultra leves em tempos em que o ferro dominava a indústria, tendo-se revelado um autêntico visionário. DA: Para si uma boa aparência tem de estar sempre associada à boa qualidade de um produto? JA: Sempre! Principalmente nos tempos que correm é imprescindível atrair-se numa primeira abordagem pela questão visual do produto, por forma a que se arrisque a provar ou exprimentar o produto. “Os olhos também comem”. DA: Acha que sem um bom design, não adianta um produto ser bom porque não atingirá outro “estatuto”? O que considera uma mais valia no facto de ter um negócio móvel, em relação a um espaço físico fixo? JA: Considero o facto do negócio ser móvel uma mais valia porque quando um espaço é fixo, ficamos estabelecidos num só local e por vezes isso torna-se mais limitador. Já no caso do negócio móvel podemos ir ao encontro de novos mercados de uma forma mais económica, porque podemos ir ao encontro dos clientes, bem como estar presentes em grandes eventos, podendo tornar-se assim uma opção mais rentável.
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DA: Sabemos que tem mais duas caravanas, além desta. Utilizará as outras no mesmo negócio, ou pensa utilizá-las em outra vertente de negócio? JA: Ambas estão preparadas tanto para venda de cachorros, como também podem ser alugadas, podendo fazer-se até campismo com um destes clássicos “passeando a imaginação” por estes clássicos dos anos 60. DA: Sabemos que são distinguidos de muitos outros negócios do mesmo tipo, pela boa relação qualidade/ preço. Pensa que pelo facto das pessoas verem preços acessíveis têm mais facilidade em acreditar na qualidade do produto, ou por vezes esta relação gera alguma desconfiança por parte dos clientes? JA: É possível que esta relação possa gerar alguma desconfiança, até porque nós portugueses temos algum receio de arriscar em conceitos desconhecidos, sendo também um pouco conservadores. No entanto, também acho que a área da restauração está em constante mudança, inovando-se tanto na qualidade e preço, como nos novos conceitos e ideias, apostando-se cada vez mais numa boa imagem, aliada a uma boa qualidade de produto.
Foto: Tiago Costa
DA: Se pudesse escolher mais um tipo de negócio para os seus reboques, qual seria e porquê? JA: Tenho o sonho de criar um clube destas míticas caravanas, no concelho de Cascais, do qual sou natural. Gostaria também de criar um hotel Airstream. .
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Óbidos
Regresso ao passado O que esperar deste local? Pormenores... Sobretudo isso: muitos pormenores. Por Joana Domingues
Hotel Real de Óbidos - quarto duplo superior - 170€
A Ilustre Casa de Ramiro - Preço médio - 25€
Nesta edição recomendo-lhe que faça as malas e viaje até uma vila que é um verdadeiro postal. Falo-lhe de Óbidos, um local onde em cada esquina se respira História e tradição.
zado e de qualidade. O que esperar deste local? Pormenores... Sobretudo isso: muitos pormenores. Tudo aqui nos remete para a época medieval. Armaduras, cavaleiros, espadas, escudos e o próprio mobiliário foram escolhidos criteriosamente para que se sinta noutra época. Em Óbidos só é aceitável o que fizer sentido para explicar o passado. O presente integra-se de forma subtil. As pequenas lojas da rua direita, a rua principal da vila, caracterizam-se por dar destaque aos produtos da região. Recomendamos que páre e entre numa delas, por exemplo, na Oficina das Artes, também conhecida como Oficina de Barro. Esta oficina funciona há mais de 20 anos e dá especial destaque à verguinha, um artesanato
Hoje, o caminho da vila traça-se no turismo, por isso mesmo são muitas as ofertas hoteleiras na área! Hoje destacamos um hotel temático: o Hotel Real de Óbidos, antiga casa dos capitães-mores da vila. Com uma localização privilegiada num edifício também ele com história, não se espante se de repente todas as pessoas que o recebem e atendem estiverem trajadas a rigor, ou seja, à moda medieval. O conceito do Hotel Real de Óbidos é precisamente este: convidá-lo a reviver o passado e proporcionar-lhe um atendimento personali-
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Fotos: Bruno Gascon
de origem italiana que se foi perdendo no tempo, até que Bordalo Pinheiro, numa das suas viagens o trouxe de volta a Portugal. Não se espante se vir as 3 sócias da loja com as mãos sujas de barro e de tinta a trabalharem bem mesmo à sua frente. O conceito é precisamente este: mostrar de que se faz a história e ajudar a preservar esta arte tão antiga. Depois de fazer as suas compras experimente visitar a vila de forma diferente. Quem nunca andou de charrete por estas ruas não sabe o que perde. Visite o castelo, as igrejas e os museus e, se tiver sorte, poderá ser surpreendido por algum dos muitos festivais que a vila tem! Também ao nível da restauração será surpreendido! Em Óbidos não terá problemas em encontrar bons restaurantes. A oferta é muita e a qualidade recomenda-se! Pode, por exemplo, experimentar o restaurante “A ilustre casa de Ramiro”. O ambiente e a decoração deste espaço são suficientes para nos cativar. Como em toda a vila é um local feito de pormenores onde a cozinha de inspiração típica portuguesa prevalece! Depois de tudo isto resta sugerir que prove aquela que é a bebida mais conhecida desta terra: a ginginha de Óbidos.
E que melhor maneira de conhecer esta bebida que no local onde nasceu? A tradição da ginginha de Óbidos nasceu no típico bar de seu nome “Ibn Errick Rex”, um nome difícil de pronunciar e que significa: “filho do rei Henrique”. Criado em 1957, este espaço deve a sua origem a uma história de amor entre José Montez, natural de Santarém, e Corália, uma jovem obidense. Nessa altura era uma casa de antiguidades em que a todos os clientes era oferecido um copo de ginja! Cedo o dono se apercebeu que os clientes apareciam para beber e não para comprar antiguidades! Em 1975, o antiquário vendeu o “Ibn Errick Rex” ao atual dono, António Tavares, que preservou e promoveu as características do espaço e da famosa bebida. Sobre a história de amor que deu origem à casa, resta dizer que José Montez e Corália viveram felizes para sempre! E que o bar com as suas características peculiares permanece como homenagem à sua história... Óbidos é isto: passado e tradição, mas também presente, futuro e inovação, por isso mesmo é um local que deve ser visitado muitas vezes! A cada visita garantimos-lhe que será surpreendido! Boa viagem!
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Cinema
Até à 7ª edição, MotelX! Uma caixinha (de surpresas) de terror, assim é o MotelX. Já deu por terminada uma divertida 6ª edição e o programa trouxe novos e velhos autores, bem como uma homenagem a um dos nomes mais marcantes do género: Dario Argento. Por Ágata Pinho
“Fathers Day”
“Suspiria” - Dario Argento
Fotos: horrornews.net / shiftcommandthree.blogspot.pt / mubi.com
“Inferno” - Dario Argento
5 7 O cinema de terror tem qualquer coisa de extraordinário. Pode ser assustador. Pode fazer alguém saltar da cadeira (ou afundar-se nela), cria laços entre as pessoas que se assustam coletivamente e decidem não se esconder debaixo do casaco. Trata-se de um género que também é capaz de arrancar facilmente risos genuínos (talvez de alívio, como quem diz “ainda bem que não sou eu ali”) e diverte uma plateia. É um facto que o cinema de terror funciona brilhantemente num festival e, em Lisboa, o MotelX é esse festival. Sendo o representante de Portugal na Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico (EFFFF), o MotelX celebrou este ano a sua 6ª edição com um programa variado, filmes de diferentes países e para vários gostos. Nem todos eram brilhantes, alguns prometeram e não cumpriram, outros ninguém desconfiaria que seriam uma surpresa tão agradável. Uma coisa é certa: o Cinema São Jorge fervilhou com espetadores ávidos de sangue, tripas e efeitos especiais. O spot do festival apresenta um monstro que se parece com a criatura de Super 8 ou um dos Transformers que destrói a Assembleia da República e a Torre de Belém em vez de arranha-céus. Mas é só “a fingir”. Apresentado antes do filme de abertura, foi a primeira gargalhada que se ouviu na Sala Manoel de Oliveira. Com tempos conturbados e de tensão social, política e económica, é possível que o festival tenha contribuído para libertar algum stress existencial. Porque não há nada mais relaxante do que ver zombies a ser serrados ao meio por uma noiva ensanguentada como em Rec3: Genesis, filme que inaugurou o festival, com realização de Paco Plaza, a solo desta vez. Um casamento pela Igreja, seguido do copo de água onde o inferno se solta e dois recém-casados, feitos um para o outro, tentam garantir que vão viver pelo menos alguns anos felizes. The Human Centipede II traz-nos uma nova perspetiva de um filme perturbador, com méritos técnicos e narrativos que justificam a sequela, para dar alguns exemplos. Father’s Day consegue ser genial, uma homenagem sentida aos filmes de série B. Numa pequena cidade americana, paira sobre os habitantes um mito urbano, qual nuvem sarcástica: no dia do pai, um assassino chamado Chris Fuchman mata de forma impiedosa os pais de toda a gente. Ahab, o herói relutante de pala no
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olho, é convocado por um jovem padre em início de carreira para encontrar o patife, ele que nunca chegou a vingar a morte do seu próprio pai. Uma produção Troma, fértil em sangue e efeitos especiais manhosos, que nos transporta em myse-en-abyme, em círculos alucinantes que poderiam perder-nos pelo caminho, mas agarram-nos com o sentido de humor e a música de um sintetizador decadente. Invasion of Alien Bikini de Oh Yeong-Du, da Coreia do Sul, conta-nos, numa mistura de comédia, terror, ação e quase telenovela – com anúncios pelo meio – a história de um justiceiro de bigode estilo porno anos 70, que procura a todo o custo proteger o mundo e a sua castidade. De Dario Argento, o maior nome do cinema de terror do velho continente, o festival apresentou cinco filmes, entre eles a trilogia “As Três Mães”, que liga os primeiros anos da sua obra e os seus trabalhos mais recentes e uma Masterclass onde a sua presença bastou para inspirar a plateia. Na programação estiveram também os seus discípulos Alexandre Buster e Julien Maury (“À L’intérieur”) e Pascal Laugier, com o menos impressionante “Martyrs”. Na Sala Montepio decorreram várias atividades paralelas: a Tarde de Jogos (Pouco) Assustadores, a Noite de Jogos de Terror e três Masterclasses. David Soares, autor de diversas obras de terror, apresentou o seu texto mais recente: «Compêndio de Segredos Sombrios e Factos Arrepiantes». A produtora Clones (de “Papa Wrestling”, vencedor de uma menção honrosa no MotelX 2009, e “Banana Motherfucker”) conversou com o público e partilhou a sua experiência de fabrico de gore bem português. O tão aguardado projeto Capitão Falcão também marcou presença com uma Aula de Mestre e deixou todos a pedir mais. O júri do Prémio Motelx 2012, composto por Filipe Melo, Paulo Furtado e o realizador e argumentista Pal Sletaune, escolheu “A Bruxa de Arroios” como vencedora, atribuindo-lhe o prémio monetário no valor de três mil euros e o Méliès d’Argent, que a seleciona automaticamente para o prémio Méliès d’Or para melhor curta metragem europeia, atribuído pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico. A curta metragem “O Reino” de Paulo Castilho, filme poderoso e lindíssimo, arrecadou a menção honrosa.
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