DeepArt nº4

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Revista Mensal Gratuita - DeepArt - NĂşmero 4 - Novembro de 2012


FICHA TÉCNICA Direção Inês Ferreira Tel: 966 467 842 direcao@deepart.pt Editor-in-chief Tiago Costa Tel: 965 265 075 direcao@deepart.pt Comunicação e Marketing comunicacao@deepart.pt Design Gráfico e Direção Criativa Inês Ferreira design@deepart.pt Fotografia e Pós-Produção Tiago Costa fotografia@deepart.pt Colaboradores Vanessa da Trindade - Rita Trindade Joana Domingues - Ágata C. Pinho Rita Chuva - Rita Reis - Gustavo Mesk Thiago Ferreira - Pedro Carvalho - Elsa Alves Colaborações Especiais Wellington de Oliveira - Mónica Gonçalves - Papion - Sara Mendes (@ Elite Lisbon) - Melissa Araújo - Vasco Vieira - Telma Russo - Idilza Santos_Feelandress - Marta Abreu (@ Best Models) - Salette Martins - Natacha de Deus C. Jacob É proibido reproduzir total ou parcialmente o conteúdo desta publicação sem a autorização expressa por escrito do editor.

Revista Mensal Gratuita - Nº 4 - Novembro de 2012

Photo - Papion Make-up - Melissa Araújo Styling - Mónica Gonçalves Model - Sara Mendes @ Elite Lisbon

Site www.deepart.pt facebook.com/deepartmagazine Para outros assuntos: geral@deepart.pt

Propriedade Inês Ferreira Periodicidade Mensal Contribuinte 244866430 Sede de redação Rua Manuel Henrique, nº49, r/c, dto., 2645-056 Alcabideche Inscrição na ERC 126272


Procura-se “ESPAÇO” “Espaço” é algo tão abstrato, como poderá ser um sentimento, como ódio, amor, inveja, ou outro. No entanto, o “Espaço” potencia muitas vezes o funcionamento dos próprios sentimentos, como se de um analgésico se tratasse! É na realidade, um bem ou mal (de acordo com a ocasião) necessário ao desenvolvimento de relações, seja com pessoas, ou por vezes, até mesmo com o espaço real e não figurativo. É preciso “Espaço” para “organizar” as ideias, para deixar que o Outro “respire”, para alterar uma situação (e aqui o “Espaço” aparece de mão dada com a questão temporal), para arrumar os pertences, para viver, e para tantas outras coisas que poderia descrever incansavelmente.

Como conferimos bastante importância ao “Espaço” e começa a chegar o mês de dezembro, em que teremos de saber já, sem sombra de dúvida, o que pretendemos para o próximo ano, deixamos aqui o mote para, com o “Espaço” de tempo até dezembro, começarmos a fazer já um balanço sobre o ano que está prestes a terminar, porque não gostamos de coisas feitas “em cima do joelho”! Apresentamos neste número, intervenções em espaço urbano, espaço proporcionado por objetos de design inteligentes, uma ode ao espaço nesta estação outonal, o espaço de um apetitoso restaurante, frente a um mar infindável. Escusado será dizer, que mais vale aproveitar o espaço destas páginas e ter uma boa leitura!

Inês Ferreira - Diretora, Designer e Diretora de Arte

Tiago Costa - Editor-in-chief, Fotógrafo e Pós-Produtor

Elsa Alves - Colaboradora na área das entrevistas

Vanessa da Trindade - Colaboradora nas áreas de Coolhunting e Lifestyle

Rita Trindade - Colaboradora nas áreas de Goodies e Lifestyle

Joana Domingues - Colaboradora na área de Lifestyle

Ágata C. Pinho - Colaboradora na área de Lifestyle

Rita Chuva - Colaboradora nas áreas de Trends e Goodies

Rita Reis - Colaboradora na área de Trends

Gustavo Mesk - Colaborador na área de Lifestyle

Thiago Ferreira - Colaborador na área de Trends

Pedro Carvalho - Colaborador na área de Lifestyle


novembro 2012 T R E N D S 0 0 1 1 1 1 1 1

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ModaLisboa Pulse 2013 - Boarding Pass Tendência - E, de repente, Outono... Tendência - Red Line Tendência - Animal Print Tendência - Nude Tendência - Floral Tendência - Love guerrilla 31º Portugal Fashion - “Timeline”

P R I D E

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- Pedro Nóbrega - “A publicidade é a maneira como

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- Nilton - Tendência de “meter os pés pelas mãos” - David Fonseca - “As pessoas nunca hão-de saber

eu gosto de viver”

a minha história”

E D I T O R I A L 3 4 4 6

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- Editorial de moda - Hide and Seek... - Editorial de moda - Lady Payne

G O O D I E S 6 0 6 4

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- PEKAN - LXD’12 - Criatividade - Empreendedorismo e Produção Nacionais

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- Uma questão - de espaço

L I F E S T Y L E

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- Doclisboa’12 - Uma décima edição fresca

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e problematizante

ITS - Aveiro 2012 Capricciosa Cultura Urbana - Conteúdo sob pressão - parte 4 Tróia - Natureza&Design


TEMA - Espaรงo

ARTISTA - Daniel Paradinha

SITE - cargocollective.com/danielparadinha


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ModaLisboa Pulse 2013 BOARDING PASS Por Rita Reis

Adidas

LuĂ­s Buchinho

Nuno Baltazar

Os Burgueses

Ricardo Preto

Fotos: Rui Vasco

Miguel Vieira


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A ModaLisboa esteve de regresso ao Pátio da Galé para apresentar as coleções Primavera/Verão 2013 dos principais criadores portugueses. A adesão foi massiva e os lugares foram poucos para acolher os imensos admiradores desta arte única. O local escolhido é espelho da cultura nacional, onde se deslocam personalidades e anónimos em busca de uma identidade fora do comum que despertem as objetivas. Na minha opinião esta foi uma das temporadas onde mais prevaleceu a criatividade e a inovação. Gostaria de destacar as coleções de quatro criadores: Ricardo Preto, Os Burgueses, Luís Buchinho e Miguel Vieira. Ricardo Preto iniciou o evento com o pé direito. Foi difícil superar a vivacidade das cores e as silhuetas femininas que o criador apresentou. O uso de acessórios Baguera foi uma estratégia brilhante. O jogo das cores foi intenso, dando brilho e frescura à passerelle. As silhuetas longas e geométricas centraram-se no encarnado, branco, verde, laranja e preto. O par d’Os Burgueses, ainda em LAB, mostraram mais uma vez que têm as cartas certas quando se fala em peças joviais e cheias de neon’s. Com o tema “D.Sebastião é Cultura POP” seguiram referências como a armadura de D.Sebastião I, o futurismo industrial e o trabalho fotográfico de Kim Holtermand. Tafetás de algodão em tons de verde ácido e laranja flúor, sarjas de algodão em cinza-terra e rosa goiaba, peles sintéticas em branco sujo e salmão, malhas jersey em laranja mesclado e amarelo flúor e licras micro-perfuradas cor-de-pele, foram as matérias-primas desta coleção.

T R E N D S

Luís Buchinho, inspirou-se nos elementos da linguagem moderna da arquitetura e apresentou uma coleção baseada em formas geométricas puras, assimetrias e efeitos gráficos. Marcada pelos microplissados e pelos blocos de cor, esta era sem dúvida uma coleção forte, cosmopolita, gráfica, elegante, feminina e intemporal. Com uma forte inspiração na mítica Yves Saint Laurent, a coleção de Nuno Baltazar para a próxima estação prometeu uma viagem espacial por influências culturais, cenários, retratos e amigos. “L’amor Fou” deu o mote para uma coleção ultra feminina, com seda natural em prints digitais , crepe, cetim em cores fortes e muito glamour. A marca Adidas fez desfilar mais de 100 pessoas com peças clássicas da Originals Blue Collection, muito dedicada ao quotidiano cheio de estilo. O grande público teve a oportunidade de conhecer de perto as novidades da marca para a próxima estação, ao som de Misshapes já que houve um prolongamento da passerelle para o exterior das galerias. Uma ação de louvar! O desfile de Miguel Vieira, fechou em beleza este evento. Inspirado em culturas exóticas como as Caraíbas, Barbados ou a Amazónia, traduziu-se em peças luxuosas e requintadas, com uma paleta de cores flúor como os laranjas, verdes, amarelos, azuis e rosas. Este desfile deixou-me agradavelmente surpreendida pela evolução do estilista. Mais um ModaLisboa cheio de requinte, beleza e inspiração. Para o próximo ano há mais!


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Tendência

E, de repente, Outono... Por Thiago Ferreira

Este texto divide-se em duas partes: uma primeira parte, inteiramente subjetiva e emocional, que celebra a entrada do Outono no espaço de tempo de um dia. Subsequente, uma segunda parte objetiva, portanto mais racional, que está voltada para as tendências da moda atual. Torna-se interessante perceber a relação que se estabelece entre os dois olhares.

Lanvin

O Outono, desde as minhas mais infantis lembranças é a estação do ano que eu prefiro! Impresso na memória com as suas imagens simbólicas, poder presenciá-lo hoje, com a consciência ainda infantil, faz dele, para mim, um Outono sentimental! Andar pelos parques nos fins de tarde, sentar-se num café em dias chuvosos e deixar-se fluir como o movimento das águas que caem... Andar pelas ruas e observar as montras; sentir a brisa leve que faz cair aquela primeira folha seca das volumosas copas das árvores tão verdes no Verão... Apreciar a melancolia vibrante nos dias nublados... Saborear as frutas típicas: os figos, as uvas, as castanhas... Atentar para os novos cheiros, ouvir os sons... Os dias, então nublados e chuvosos, evidenciam as tonalidades neutras e pálidas na alegoria sazonal e com a variação do tempo e da luz faz surgir, igualmente, uma nova gama de tons. Dos cinzas matinais, aos azuis do meio-dia, passando pelo dourado dos fins de tarde e os negros das noites, encontramos os roxos escondidos, pintados nas suas madrugadas. As folhagens também influenciam o ânimo existencial: os verdes, os amarelos mostarda, os laranjas, os vermelhos, os beiges, os castanhos... Observo que aquele mesmo soprar da leve brisa ao fazer cair a folha seca, age agora sobre as nuvens - ainda melancólicas - dando passagem aos primeiros raios de sol num fim de tarde espetacular! E essa luz dourada, até então encoberta, torna-se sujeito, renova os tons e intensifica-os!


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Fotos: www.style.com

Givenchy

Balenciaga

E na contínua presença das nuvens tudo se neutraliza de repente, tudo se torna pálido novamente! É o prenúncio da noite... Com a mesma rapidez com que a luz se foi, o frio vem. Na busca por um abrigo, o caminhar pela cidade – já então, quase adormecida - torna-se mais pesado, apressado, fugitivo... como uma marcha! As mãos enrijecem, tornam-se fixas... o movimento muda, a atitude altera-se, a rigidez aflora... O movimento é militar! O vento aviva – já não é mais brisa! A madrugada adentra forte e gélida... a cidade dorme... e, assim, o silêncio! As revelações vibrantes deste Outono sentimental conectam-se às atuais tendências comportamentais e estilísticas traduzidas para o vestuário. Nas tendências das cores para este Outono/Inverno fazem-se presentes os tons neutros de castanho, cinza, rosa pálido, roxo e verde-azul, assim como os tons

Prada

vibrantes do amarelo gold, do laranja tangerina, do pink flambé e do azul cobalto. Podem também aparecer como tons vibrantes desta paleta, o verde e o roxo. É o momento dos couros, das peles, das lãs, dos veludos, dos kaleidoscope prints, dos florais ornamentados, dos color block, dos bordados, das aplicações de jóias nos garments, dos oversize coats, dos puffer jackets, dos pólos necks, dos over-belts, dos vestidos peplums – que celebram e acentuam as ancas. O look final é um mix de texturas ou um match-match com prints, acentuado por cores vibrantes num olhar que pode ser Setentista Psy, ou Lady Like, ou Militar Soldier, mas sempre muito feminino! A conexão da emoção e da razão movida pela observação sensível do tempo e das horas de um dia banal, traduz-se na harmonia de uma estação que se faz regida por uma orquestra sinfónica dos sentidos ... A sinfonia outonal!


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RED LINE

Foto: Moda Lisboa - Rui Vasco

Óculos de Sol Wayfarer, €134, Ray-Ban.

Blazer oversize, €55, Monki.

Camisola de tricot, €80, Lacoste. Clutch, €39,95, Zara.

Óculos de Sol, €20, Asos. Chubby Stick, preço sob consulta, Clinique Portugal.

Sandálias de couro natural, €109,90, Zilian.

Verniz, €22, Estée Lauder.

Ténis, preço sob consulta, Zara.

Por Rita Reis


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Foto: Moda Lisboa - Rui Vasco

ANIMAL PRINT Brincos, preço sob consulta, Baguera.

Camisola, €24,95, H&M.

Clutch, €17,99, Blanco.

Camisa, €45, Change.

Calças, preço sob consulta, Elliott, Net-a-Porter. T-shirt, €42,42, Topshop .

Óculos de sol, €214, Michael Kors.

Colar de pedras, €14,95, Essentials para El Corte Inglés.

Pulseira, €12,95, Zara.

Mocassim tachas, €49,95, Zara. Por Rita Reis


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NUDE

Foto: Moda Lisboa - Rui Vasco

Colar com correntes e pedras preciosas, €43, Asos. Camisa de seda, €79, COS.

Stilettos, €29,99, Blanco. Slipper com tachas, €39,95, Zara. Vestido elástico com tachas douradas, aprox. €58, Topshop.

Relógio, €99,95, Massimo Dutti. Colete de couro, €149, H&M.

Body Butter de pêssego, €15, Body Shop.

Por Rita Reis


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FLORAL Óculos de Sol, €17,95, Zara.

Foto: Moda Lisboa - Rui Vasco

Camisa sem mangas, €39,40, Topshop.

Calças, preço sob consulta, H&M.

Chapéu de palha, €24, El Corte Inglés.

Clutch, €12,99, Blanco.

Capa para iPhone, €34,95, Kate Spade, store.apple.com.

Pulseira, €895, Roberto Cavalli, no Net-a-Porter. T-shirt, €15, Monki.

T-shirt, €19,97, Dorothy Perkins.

Pulseira, €7,99, Parfois. Lenço, €7,95, H&M.

Por Rita Reis


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Tendência

Love guerrilla Por Vanessa Trindade trendalert.me

Que vida esta! Tal como eu, milhões de pessoas normais passam pelas mesmas angústias e frustrações. Os noticiários deixam-nos umas vezes indignados, outras com vontade de chorar.

Foto: fotos de rua

Foto: granda malha

Ainda outro dia recebi uma cartita das finanças, um verdadeiro prodígio sintático que comunicava comigo, antecipando uma ameaça de penhora, por causa de 15 euros do selo do carro de 2008. O que é isto? Alguém me explica o que é que se passa? Está tudo marado? É por este cenário, que para uns é apenas o selo do carro, mas para outros é muito, muito pior que vos quero falar, sem mais delongas, de uma tendência absolutamente deliciosa que está a assolar o mundo em contra-corrente: O Love Guerrilla. A sociedade, que vive um momento económico, social e político bastante insano, está sequiosa de ações espontâneas de demonstração de carinho e afetos… mesmo quando elas são anónimas e vindas de estranhos. E estas serenatas de amor estão mesmo a acontecer de forma espontânea e com formas variadas. Sejam pessoas anónimas ou grupos organizados através das redes sociais, juntam-se para fazer o “Share the Love”. E fazer alguém sorrir, nem que seja por breves momentos, tornou-se um vício para os que reivindicam estas ações “terroristas”. O público em geral adora estas ações e retribui o amor com a viralidade destes registos nos seus perfis das redes sociais. Um dos exemplos ao qual eu não resisto é o Projeto Amelie. Tudo começou com o Martim Dornellas, que em maio de 2011, decidiu começar a distribuir bom karma. Hoje a sua página de facebook tem mais de 13.000 gostos e lá podemos descarregar os documentos para também nós pormos em prática, a boa ação anónima.


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Foto: projecto amelie

Foto: projecto amelie

Foto: fotos de rua

Eu pessoalmente adoro a carta para o senhor da Emel, mas há muito mais: páginas que aparecem coladas numa janela a fazer um elogio, contatos de amor deixados no poste para arrancar, recadinhos de autoajuda no interior dos livros que ainda estão por comprar, campanhas pagas no Facebook apenas para nos desejar um bom dia, ou botões do multibanco que permitem levantar sorrisos. Aqui: facebook.com/projectoamelie Outro movimento que adoro é o fotos de rua da Ana Luísa Nogueira. Ela fotografa declarações de amor com as quais se depara na rua. Seja um grafitti, uma revista aberta na mesa de uma esplanada, um recado deixado na mesa de um restaurante, uma frase numa t-shirt. Tudo serve de inspiração para fazer o click. E depois par-

tilha tudo na sua página de facebook onde o movimento agora já tomou rédeas sozinho e hoje vive de fotos de outros autores. A coisa tem tanto sucesso que virou autocolante de decoração e hoje podemos na Culto Decor comprar as declarações de amor captadas pela Ana Luísa. Espreitar aqui: facebook.com/StreetWords Para terminar queria contar-vos porque é que os postes, sinais de trânsito e arbustos andam quentinhos. É porque anda por aí um bando de guerrilheiras do tricot a fazer camisolas e cascóis para os equipamentos urbanos. Atuam pela calada da noite e no dia seguinte a vida apresenta-se-nos com mais cor. Ver aqui: trendalert.me/ granda-malha


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31º Portugal Fashion “Timeline”

Foto: C. Jacob

Foto: C. Jacob

Por C. Jacob

“Luxuriant Paradise” por Fátima Lopes

“Tile” por Susana Bettencourt no espaço Bloom em Lisboa


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“Timeline” é o tema da 31ª edição do Portugal Fashion. A escolha deste tema transporta-nos para um registo cronológico de acontecimentos. A um ritmo acelerado e longo. No decorrer de cinco dias temos uma linha do tempo que começa em Lisboa e salta para o Porto sem deixar margens para recuperar o fôlego.

Foto: Diogo Ferreira

O início deu-se a 16 de outubro, no espaço Bloom no MUDE, o Museu da Moda e do Design em Lisboa. Aqui assistimos a três desfiles duplos de seis jovens designers: - Susana Bettencourt e Hugo Costa; - Andreia Lexim e Diana Matias; - Estelita Mendonça e Daniela Barros. Sem dúvida, temos a destacar a coleção de Susana Bettencourt intitulada “Tile”, inspirada no tradicional azulejo português e tendo como base a técnica da azulejaria, a jovem designer apresentou uma coleção coesa em que recorrendo ao acrescentar de camadas de cor (azuis, amarelos e brancos), fez com que resultasse em peças maravilhosas e cheias de texturas. Depois da curta passagem pela capital, dia 17 o evento prosseguiu no Edifício da Alfândega do Porto, onde os designers continuaram a mostrar as tendências para a Primavera-Verão de 2013. A batizar a passerelle da Cidade Invicta, os contadores de histórias, Storytailors, apresentaram um Verão 2013 com linhas descontraídas, baseando a inspiração da sua coleção no conto regional “A menina da estrela de oiro na testa” que há cem anos era contada no Baixo Alentejo. À conversa com Paulo Rui da revista ModaCalçado, instalada no Porto, este comentou “No Porto os desfiles que causam a maior azáfama são o do Miguel Vieira, Luís Onofre, Dielmar e Fátima Lopes.”. Assim, no terceiro dia de “Timeline” ficámos atentos a Miguel Vieira que apresentou a coleção “Perfume” com uma aura luxuosa e que nos remeteu para paisagens tropicais e culturas Sportswear de Michael Bastian


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Foto: C. Jacob

Foto: Diogo Ferreira

“Masters of Ceremony Ss 2013” por Felipe Oliveira Batista

exóticas. Neste mesmo dia e antes de Miguel Vieira, assistimos também ao desfile de Katty Xiomara que entre o surreal, o imprevisto e a demência, surge com “Double Vision”, onde os materiais incluem volume e leveza e a paleta de cores nos transporta para a natureza.

“Exotic” por Luís Onofre

No quarto dia, o Portugal Fashion recebeu Felipe Oliveira Batista, radicado em Paris onde é o diretor criativo da Lacoste. Intitulada “Masters of Ceremony Ss 2013” a coleção deste designer explora os movimentos hip hop e graffiti, concentrando a sua atenção para a espontaneidade e energia destes movimentos. A maioria das peças envolve uma certa proporção masculina onde são asseguradas as contradições entre o robusto e o leve, o folgado e o justo.


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Durante esta 31ª edição do Portugal Fashion, Ana Salazar, celebrou 40 anos de carreira e para comemorar, a organização preparou um jantar em sua honra que contou com a participação de inúmeras figuras públicas, amigas da grandiosa designer portuguesa. E assim se encerrou a noite de sexta-feira com uma vista deslumbrante para o Rio Douro. No último dia deste evento, a nossa atenção prendeu-se nas coleções de Luís Onofre e Fátima Lopes, um portista e uma madeirense, que encantaram o público com as suas coleções. Luís Onofre apresenta a explosão de cor como a tendência para a Primavera-Verão de 2013 e dentro do estilo retro, inspirado nas décadas de 60 e 80, apresenta-se o luxo vs casual, onde a ousadia e elegância tomaram rédeas na passerelle.

Foto: Paulo Costa

Por sua vez, Fátima Lopes, abre as portas da sua infância, encaminhando-nos para a sua terra natal, a Madeira e apresenta “Luxuriant Paradise”, uma coleção dita pessoal e íntima onde pudemos observar prints exclusivos com inspirações florais e pássaros do paraíso. Mantendo-se fiel aos códigos criativos que a caracterizam, Fátima Lopes mostrou uma coleção arquitetural e com uma ligeira sensação de futurismo, fechando assim a passerelle do “Timeline”.

Katty Xiomara

Pela segunda vez consecutiva, TMCollection by Teresa Martins, foi fortemente aplaudida pela sua audácia e originalidade, desta vez com a coleção “Raízes”, impele-nos a não esquecer a história que nos fez chegar até ao presente. Para fortalecer o seu conceito, Teresa Martins, mostrou a sua coleção através de modelos de várias faixas etárias, onde idosos também participaram. Foi também neste dia que Michael Bastian, designer nova-iorquino, agraciou o Porto com a sua luxuosa coleção de sportswear.

Ao todo, o Portugal Fashion contou com 36 maravilhosos desfiles e temos de consagrar o facto de este ser um evento que valoriza bastante a apresentação do trabalho de jovens. Com três passerelles: a passerelle principal, a passerelle do espaço Bloom em Lisboa e o espaço Bloom no Porto, nesta edição participaram, não só, dezasseis jovens criadores, como também, quatro escolas de moda, dando assim a oportunidade a estes jovens de mostrar o trabalho resultante de tanto esforço e empenho. Por isto e pelo excelente planeamento que este evento tem, uma salva de palmas à organização do Portugal Fashion.


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Pedro Nóbrega “A publicidade é a maneira como eu gosto de viver ” Pedro Nóbrega, pós produtor e fotógrafo, explica como tem sido o seu crescimento no mundo da publicidade e o modo como encara a pós produção aliada ao mundo da fotografia publicitária. Por Tiago Costa

DA: Qual o tipo de fotografia que preferes? PN: Os dois tipos de fotografia que gosto mesmo de fazer são publicidade e paisagem. A paisagem dá-me um relaxamento e estado de espírito completamente diferente do da publicidade, mas a publicidade é a maneira como eu gosto de viver, com stress, sempre a correr, agitado, sendo a paisagem o contra peso. DA: Tens algumas referências de fotografia, quer sejam de publicidade ou paisagem? PN: De paisagem tenho como referência o Stephane Rey Gorrez, e de publicidade sem dúvida o Erwin Olaf, que é dos meus preferidos. Ele tem um trabalho fantástico

Fotos: Pedro Nóbrega

DeepArt: De onde surgiu o “bichinho” da fotografia? Pedro Nóbrega: O “bichinho” da fotografia surgiu porque comecei a fazer pós produção, numa agência na zona de Aveiro. Já gostava de fotografia e tinha uma máquina fotográfica manual, mas nunca me tinha despertado o interesse pela fotografia profissional, nem sequer “de férias“, porque eu levava a máquina nas férias e quase nem lhe pegava. Depois de começar a pós produzir é que comecei a gostar mais de fotografia e a entusiasmar-me com publicidade, e isso é que me deu vontade de começar a fotografar, em primeiro lugar porque recebia algumas imagens e achava que conseguia fazer melhor, por inúmeros motivos. A minha agência era bastante disponível, e nessa altura perguntaram-me se eu estava interessado em evoluir mais na fotografia. Fui então para o Porto, onde tirei um curso técnico de fotografia, na Alquimia da Côr e foi a partir dessa altura que comecei a dedicar-me à fotografia em estúdio.

da Lavazza, com auto-retratos, em que tanto ele, como outros fotógrafos, (como por exemplo, Annie Leibovitz, Albert Watson, David LaChapelle, entre outros) tinham de fazer um auto-retrato, num momento de lazer ou de pausa, que normalmente é quando tomam café. DA: Numa altura em que se diz que “já está tudo inventado”, como se consegue marcar a diferença? PN: Não é nada fácil. Eu gosto bastante de fazer packshots, que é o trabalho mais técnico, dentro da publicidade e é também aquilo que eu mais gosto. Detesto fazer uma foto com uma luz igual a outra, mas há determinado tipo de produtos e de trabalhos, nos quais não dá para fugir muito do mesmo. Por exemplo, uma garrafa, com luz lateral, é um bocado “mais do mesmo” e toda a gente fotografa as garrafas da mesma maneira, e nem se sabe quem tirou aquela fotografia, porque é tudo igual, e é um produto com o qual eu tento cada vez mais inovar, em soluções de luz diferentes. Tenho um trabalho que fiz para a Bairrada, em que o intuito era ter uma imagem que demonstrasse o produto


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Caves Aliança

Bairrada e a vontade de abraçar um projeto, independentemente se fosse um produto específico desta ou daquela marca, o importante era vender a Bairrada em si, trabalho este em que consegui uma luz muito boa, e que surgiu da busca de soluções diferentes. É isso que tento fazer diariamente: nunca fazer uma foto igual e tentar sempre que a iluminação tenha uma mais valia em relação a outra, ou uma diferença. DA: Qual é a fotografia que até hoje te deu mais prazer fazer ou pós produzir? PN: Pós produzir tenho muitas, provavelmente até mais, porque quando comecei a trabalhar em publicidade cá em Lisboa, estive quase 2 anos sem fotografar. Quando fui para a Krypton, ía fotografando trabalhos mais pequenos e coisas minhas, mas o que eu fazia mesmo era pós produção e sem dúvida que trabalhei em campanhas que hoje em dia, por falta de budget e outros motivos, não se fazem. Por exemplo, o primeiro outdoor da Optimus, que tinha cerca de 200 metros, foi um trabalho que gostei bastante de fazer e que foi feito por partes. Também produzi para a EDP umas peças engraçadas, e se calhar esta foi a marca que me deu mais prazer até hoje ao nível da pós produção. Ao nível da fotografia, foi uma campanha que fiz para a Cork. Tive de ir à Marinha Grande cortar uma garrafa ao meio, longitudinalmente para conseguir construir as coisas lá dentro, e tudo isso dá-me um enorme prazer. Mais tarde compraram os direitos desta imagem, que saiu no resto da europa, inclusive no Financial Times. DA: Há algum local que gostasses muito de fotografar? PN: Eu adoro viajar! Já conheço alguns países, mas

Bairrada Wine

ainda gostava de conhecer muitos mais e, a curto prazo o meu plano de viagem é Moçambique. Já conheço alguns países de África e fascinam-me muito. DA: Consideras que a pós produção é indispensável para a fotografia? Consegue-se “mascarar” uma má fotografia com pós produção e transformá-la numa boa fotografia? PN: Se se estiver a trabalhar no mercado da publicidade eu penso que sim, desde que haja tempo e dinheiro. Mas se estivermos a falar a nível pessoal, criativo, artístico, não consigo conceber fotógrafos artistas e artistas no geral que utilizem pós produções e equipas gigantescas, para criar aquilo que eles não conseguem criar. Afinal


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Pico Moinho

quem é artista é a equipa deles e não eles, e isso faz-me um bocado de confusão. Já na publicidade, a equipa é assumida. Toda a gente sabe que as coisas têm de passar pela pós produção, porque é para vender e não para expressar uma maneira de pensar nem o que se pensa sobre a arte. Serve apenas para vender uma marca. DA: O mundo da publicidade é assim tão diferente do da moda, ou há muitos pontos em comum entre ambos? PN: Acho que na moda de topo há algo em comum com a publicidade, e cada vez mais. Lembro-me que na altura em que o Photoshop começou a ser mais usado, começaram a aparecer efeitos tipo surface blur, e esse tipo de efeitos mudaram ligeiramente a forma de tu trabalhares. Quando essa ferramenta apareceu, havia muita gente a usá-la e todos os clientes (depois de perceberem que a pele podia ser adamada e arranjada ao máximo), queriam isso, mas hoje em dia não. A moda de topo no final de contas, é uma campanha porque estão a vender alguma coisa na maior parte dos casos. Quando um trabalho se destina à venda, acho que são todos equiparados e precisas de produção para todos. DA: Achas que a pós produção é o “filho pobre” da fotografia? PN: Não, e cada vez mais é o mais rico. Há 5 anos atrás, nunca ninguém me perguntou em nenhuma agência, quem ía pós produzir aquela campanha ou imagem,

Mupi Samsung


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Cadeira Humana Salvador

Capacete Fogo Nexx

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Best Emotions

Best Emotions

e hoje em dia perguntam. Muitas agências hoje em dia não só escolhem o fotógrafo, como também o pós produtor, portanto a pós produção está cada vez mais massificada.

tinha na zona de Aveiro, (que é um mercado essencialmente industrial), em que para além de valorizarem muito pouco o teu trabalho, nunca têm consciência se o investimento é bem, ou mal feito. Mas isso é uma falha interna, do gabinete de marketing deles, (que por vezes nem existe), mas mesmo quando existe, eles não pensam nesse tipo de coisas.

DA: Consideras portanto que uma fotografia (seja do que for), só está finalizada depois de pós produzida? PN: Não necessariamente, mas por um lado sim. Acho que precisa sempre de algo, até porque os sensores cada vez mais estão preparados para isso, e cada vez mais os ficheiros que saem das máquinas são mais “abertos”. Antigamente era branco e preto; não havia tons intermédios, mas hoje em dia, se pegares numa máquina digital moderna e apontares para o sol, fazes uma foto bem exposta e vais ter um grande contraste, mas tens muita informação nos tons intermédios, que é bastante útil na pós produção. DA: Tendo tu trabalhado com marcas grandes no mercado como por exemplo a Opel ou a Vodafone, julgas que são clientes mais difíceis de trabalhar que os clientes “mais pequenos”, ou julgas ser o oposto? PN: Eu penso que os clientes “mais pequenos”, que não façam campanhas nacionais, são mais complicados de trabalhar. Tenho essa experiência pelos clientes que eu

DA: Como é que se passa de clientes pequenos para clientes tão grandes, em tão pouco tempo? PN: Grande parte deve-se à minha proatividade, porque quando eu cheguei à Kripton (com 20 e poucos anos) tinha um portfólio muito fraquinho, mas gostaram do meu trabalho, e acharam que eu tinha possibilidades de evoluir ali, e o Rogério disse-me, que se quisesse ficar no estúdio a pós produzir um mês, à experiência, poderia ficar. Aceitei, e foi aí que apanhei campanhas grandes, como a da EDP por exemplo. Foi necessário fazer diretas e, ao fim desse mês, prometeu-me um ordenado que era maior do que eu tinha na zona de Aveiro, e passados 2 ou 3 meses dupliquei o ordenado. E foi esse acreditar das pessoas no meu trabalho, que me fez ir subindo. Entretanto fui para a SNIPER e como na altura vinha da Kripton, as pessoas já me deram mais crédito; acreditaram mais no meu valor.


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Cork Flower

Opel vers達o Sniper

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Nilton

Tendência de “meter os pés pelas mãos” Nilton explica que sempre fez o que lhe apeteceu e, com o seu humor negro afirma que “o artista tem sempre projetos!”

Foto: Bernardo Coelho

Por Elsa Alves

DeepArt: Para quem era decorador de interiores, começar a sua história em palco no teatro “A Barraca”, não deixa de ser curioso… O que te fez abandonar essa profissão? Nilton: Eu sempre fiz o que me apeteceu a vida toda. Morei na zona centro, perto de Proença-A-Nova e quis ir para o Algarve, ser DJ. Serei sempre um arquiteto “frustrado”, (porque gostava de ter tirado arquitetura) e vou-me vingando nas obras que faço, mas a decoração de interiores foi uma fase. Eu gostava de ter feito mais nessa área, e gostava realmente de ter seguido,mas tornou-se incompatível com o facto de querer escrever e ter vindo morar para Lisboa, porque queria vir e voltar a trabalhar em rádio. DA: Ouvi dizer que eras tímido antes de enfrentares uma plateia. Já perdeste o medo? N: Sou uma pessoa tímida. Nunca fui muito extrovertido, por exemplo comparando-me com o Herman, que é uma pessoa que tu convidas para uma festa e ele agarra na viola e faz a festa, eu não sou desse tipo. Sou mais o indivíduo que observa e manda uma boca de vez em quando, e a questão de subir ao palco nem fazia parte das minhas intenções, mas como eu sempre escrevi, e os textos eram sempre sobre atualidade, foi uma consequência. Tinha que se vencer essa tímidez, devagarinho. Hoje em dia já não. Estou completamente à vontade, aliás, é o que mais me diverte e é onde eu continuo a pôr toda a minha força de trabalho, que é na Stand-Up Comedy.


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Foto: Jorge Gomes

DA: Como é que as ideias/escrita começaram a ganhar forma e a tornarem-se no teu principal objeto de trabalho? N: O meu primeiro espetáculo foi numa discoteca, em que eu era DJ. Chamei 30 amigos, e pedi a cada um para trazer 3 pessoas, então juntei ali 90/100 pessoas, e foi a primeira experiência em eu percebi, “epa isto é giro!” Naquela altura eu conhecia o formato da Stand-Up Comedy dos Estados Unidos e tinha algumas coisas de lá, mas não tinha bem a noção do que era fazer Stand-Up. E comecei a testar, e o momento em que se dá o “click” é realmente na Barraca, com o Raúl Solnado e o Júlio César. O Júlio pagou-me muito mais do que alguma vez pensei ganhar e fez-me acreditar que podia ganhar dinheiro com isto, e foi no ano 2000/2001 que eu arrisquei!

DA: Alguma vez correu mal o “eu amo você“ ? N: Já. O “eu amo você” foi o único que correu mal. Eu adoro aquele tipo de abordagem, de rua, do próprio momento e com a máquina, que é uma forma de filmar que foi o Bondage, (Carlos Afonso), o primeiro a fazer em Portugal e muito bem. Lá fora já tinha visto algumas coisas, mas cá de facto foi ele, o primeiro a andar com a máquina na mão. E é a única forma que tens para chegar perto das pessoas, sem elas pensarem que é uma equipa de televisão. Neste caso, 99% das vezes pensam que é um maluco, e como as minhas personagens são sempre assim um bocadinho “nerds”, as pessoas acham que é um doido, e se repararem, raramente olham para a câmera, às vezes ainda perguntam o que é isso; eu respondo que é uma máquina fotográfica e que ando a tirar fotografias, e nem ligam aquilo.

DA: Da “Barraca” para o Casino Estoril, a rádio, a televisão e rapidamente para a fama. Apesar de ser uma subida gradual, como é que lidaste com as pessoas que te abordavam? N: Eu tenho um princípio: “famoso é o papa”, e em Portugal não há famosos, quanto muito o Ronaldo ou o Figo. Acho que há pessoas conhecidas; eu tenho os pés muito assentes na terra e, em relação a isso, acho que nós devemos ser extremamente humildes e com noção da nossa pequenez, e acho que é só uma consequência da tua exposição. Sou uma “figura privada”, como outra qualquer; tenho é um trabalho público e um reconhecimento público. Eu não mostro a minha vida privada, nem falo sobre ela, e o reconhecimento na rua é natural e ainda bem que assim acontece, porque é sinal que as pessoas reconhecem e falam e as bocas “o fernando“, “eu amo você“, são sinal de que as pessoas gostam de ti.

DA: Porquê um “boneco” tão sério quando fazes humor? N: Eu gosto de contrastes, um bocado como as crianças. Uma criança pode estar a dizer a maior barbaridade do mundo, mas não se ri do que está a dizer e mantém aquele ar sério, e eu gosto desse lado. Há uns anos fiz o “Cassete Pirata”, e as pessoas abordavam-me na rua, e diziam, “você é tão mal disposto”, e eu nem olhava para as pessoas, e não entendiam que era um “boneco”. Basicamente, acho que é uma técnica de humor dizeres uma alarvidade e não te rires, cria uma tensão muito maior. DA: Que situações existiram na tua vida sem piadinha nenhuma? N: Isso é difícil, porque eu tento sempre pôr alguma piada nas coisas que faço e sou muito de encarar as coisas com algum sentido de humor e naturalidade.


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Foto: Tiago Costa

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A vida não é mais que isto: se correr mal agora, corre bem daqui a bocado. Por exemplo, há uns anos estava em casa de um amigo e ele tinha ído buscar um cão à União Zoófila no dia anterior e o cão estava meio adoentado. Ele foi buscar uma lata de comida para o cão, e chega a casa “e onde está o cão?” Descobrimos o cão debaixo do carro, congelado e morto e a primeira coisa que eu lhe disse foi “caraças, já abriste a lata“. Eu sou muito macabro e com humor negro. Outro exemplo: os meus sobrinhos vêm todos os anos passar uma semana comigo e eu estava a pedir a um amigo se me arranjava forma de ir a um picadeiro, para os miúdos andarem com os cavalos, e ele estava a explicar-me a perigosidade que é o picadeiro, porque ele ficou sem o polegar a andar a cavalo. Eu fiquei a olhar para ele com um ar pasmado, e ele pergunta-me, “não me digas que nunca reparaste que fiquei sem um polegar?”, eu respondi, “sim, mas pensei que tivesse sido à boleia”, e isto acontece quando tens a boca mais rápida que o cérebro, e pronto saem assim estas coisas. DA: E uma situação assim mesmo engraçada? N: Tenho tantas! Tenho alguma tendência de “meter os pés pelas mãos” e dar por mim em situações um

bocadinho inesperadas. Não te vou dizer nomes, mas há uma figura pública, muito conhecida em Portugal, sobre a qual eu queria “mandar umas bocas” (quando o Levanta-te e Ri começou), e perguntei a uns argumentistas que ali trabalhavam, se eu “mandassse umas bocas” se seria mau para ela. E disseram-me para falar com uma pessoa que a conhecia bem. Comecei a falar com ele, sobre as piores piadas que possam imaginar acerca dessa pessoa, e dois meses depois saiu no jornal que eles casaram. Isto acontece-me regularmente. Ainda há dias fui aos Açores e aluguei uma mota, e quando cheguei a um sítio deixei-a cair porque era muito grande. Não estragou nada, mas efetivamente deixei-a cair, e depois estava com o pessoal da RFM e ODISSEIAS, e houve um rapaz que me perguntou se a mota era minha e basicamente a empresa de aluguer de motas era do cunhado dele, portanto devo ter mesmo uma atração pela desgraça. DA: Na tua perspetiva, qual é a diferença entre humor com classe e piadas fáceis? Achas que uma vende mais que a outra? N: Isso é extremamente relativo. O humor para mim é uma frequência, como as rádios. Não considero nem


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Foto: Jorge Gomes

DA: O teu filho, Noah, completou dois aninhos (28 Outubro 2010). Já se ri das tuas piadas? N: As crianças têm uma coisa curiosa que é a honestidade. Rir é inato. Tu não ensinas ninguém a rir, e nesse aspeto as crianças são do mais honesto que há. Das minhas piadas não ri, mas das minhas parvoíces talvez, como dizia o meu sobrinho há uns anos: “ tio vais à tv fazer palhaçadas?“. Para ele aquilo eram palhaçadas, portanto as crianças nesse aspeto são o público mais honesto que tu tens e dentro da “palhaçada”, se consegues entreter crianças, estás pronto para tudo. DA: Que tal está a correr a aventura no “5 Para a Meia Noite”? É um grande desafio profissional? N: Muito bem! Sempre encarei o “5 Para a Meia Noite” como uma coisa efémera e já estamos na 8ª série em 3 anos. O Bruno Santos alavanca isso, e começou a convidar pessoas. O Luís Filipe Borges foi o primeiro, (que estava na “Revolta dos Pastéis de Nata”), o Pedro Fernandes, o Alvim, eu e a Filomena. Não sabíamos bem no que ía dar; era uma aventura, e a regra da pouca produção, mantem-se. Obviamente que quando fomos para a RTP1 crescemos um pouco mais, tivemos um pouco mais de orçamento e podemos ter mais atores, figurantes e espaço. No início tínhamos 3 cadeiras lá, nem público tínhamos. Depois passamos para 14 pessoas, 27, e agora 100 o que é muito bom para nós, e gosto muito desse lado de inocência que tivemos. Acho que é algo que se vai perdendo com o tempo, mas hoje em dia é um luxo poderes fazer em televisão o que te apetece.

o meu, nem o outro, pior nem melhor. Há coisas diferentes, que te tocam e gostas, e há outras pessoas a quem isso não acontece. Se as pessoas não se riram ou não acharam piada, podes justificar isso, mas a culpa é sempre tua, porque tu é que estavas em palco. Por exemplo, o Fernando Rocha é visto como tendo um humor mais simples e foi das pessoas que mais espetáculos fez. Após o “Levanta-te e Ri”, cheguei a vê-lo em Faro, para 50000 pessoas. O meu humor é para outro target, mas o meu não é melhor do que o dele; são é diferentes.

DA: Que projetos tens na calha? N: O artista tem sempre projetos! O artista nunca fica desempregado. Está é com projetos. Pode estar a morrer à fome, mas tem projetos! Não sei o que vai acontecer ao “5 Para a Meia Noite”, até pela conjuntura do nosso país, que não nos permite adivinhar o futuro. Gostava de alguma pausa do “5 Para a Meia Noite”, pelas horas de sono que me “rouba”, e gostava de ter mais tempo para escrever. Os meus projetos passam um bocado por manter a rádio e os espetáculos, e gostava de ter mais tempo para escrever, principalmente as coisas de “não humor“, que é um lado de que gosto, mas não tenho tido tempo para elas e estão na calha. Até tenho um romance que gostava mesmo de acabar, mas são coisas para as quais precisas de tempo, por isso é que hoje em dia percebo o “escritor“ que se refugia e vai escrever!


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David Fonseca “As pessoas nunca hão-de saber a minha história” David Fonseca, afirma nunca confessar o real significado das suas músicas, (porque as escreveu), com o intuito de não lhes retirar a interpretação que cada um poderá fazer acerca das mesmas. Por Elsa Alves

DeepArt: Se não tivesses começado a carreira nos Silence 4 e aparecesses a solo como David Fonseca, achas que o teu sucesso teria tido a dimensão que tem? David Fonseca: Nunca poderei saber. É possível que sim, é possível que não. O que fez o sucesso dos Silence 4, foi um conjunto de coisas inacreditável. Acho que a pergunta mais curiosa seria esta: ‘Será que se os Silcence 4 aparecessem hoje teriam tanto sucesso como tiveram em 1998?’ Mas essa pergunta ainda é mais difícil de responder. Provavelmente também não. Às vezes as bandas e as coisas acontecem no sítio certo e na altura certa. Os Silence 4, nesse ponto de vista, tiveram muita sorte porque surgiram numa altura em que ainda se vendiam discos, o mercado era poderoso e as pessoas ajudavam-se. Não existiam ‘10 mil bandas’ na Internet a aparecer todos os dias e singles que só duram dois meses na rádio. Os Silence 4 viveram num tempo muito diferente do que se vive hoje.

Fotos: Paulo Segadães

DA: Perante o sucesso que alcançaste, consideras-te um sonhador ou és mais terra-a-terra e as coisas vão acontecendo sem planeares muito? DF: Não acho que o sucesso seja uma coisa garantida. Pelo contrário. Não vivo na ideia de que sou uma pessoa de sucesso, nem que qualquer coisa que faço lhe esteja destinado. É cada vez mais difícil ter sucesso. Quando se faz música durante muito tempo, há um fator que desaparece: a novidade. As pessoas são muito sensíveis à novidade, às coisas novas, às pessoas novas que estão a fazer música e às coisas que ainda não conhecem. Em Portugal, já não sou novidade. Já faço música há muitos anos. Nem consigo imaginar quantos concertos devo ter feito. É muito mais difícil seduzir as pessoas para


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continuarem com atenção ao meu projeto musical. Não aceito a ideia de sucesso, porque acho que não é isso que importa. Quando se constroem as canções não é nisso que estou a pensar. Depois das músicas feitas e dos discos cá fora, tenho um trabalho extremo para que cheguem às pessoas. Há umas que chegam mais, outras menos, mas acho que ao longo destes anos tenho tido muita sorte ao ter tantas pessoas a acompanhar o meu projeto sistematicamente. DA: As tuas músicas têm um lado autobiográfico. Não te sentes um pouco ‘despido’ ao compores alguns temas? Como se revelasses partes íntimas da tua vida? DF: Já o senti mais. Quando comecei a fazer música pensava que me estava a expor muito. Com os anos acabei por perceber que as minhas músicas são abertas o suficiente para cada um tirar a sua ideia. Apesar de estar a contar a minha história pessoal, ela nunca é contada de uma forma tão fechada que seja só minha. As pessoas nunca hão-de saber a minha história. A minha, é a minha! Uma das coisas mais surpreendentes acerca da música pop é que muitas vezes as canções acabam por ter interpretações maiores que a original. Já ouvi versões daquilo que as canções representam para as

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pessoas, que às vezes, são muito mais marcantes que aquilo que as fez nascer. DA: Tens alguma música que te descreva melhor enquanto pessoa ou a tua vida em particular? Quais são os seus significados? DF: Todas! É difícil dizer uma. Mas há uma coisa que recuso fazer há muitos anos. As pessoas perguntam-me sempre o significado das músicas e uma coisa que me apercebi ao longo do tempo é que ao estar a fazê-lo, estrago as canções e a forma de ser interpretada. Então não o faço. Conto sempre esta história: há uma cantora que eu gosto muito, a Juliana Hatfield. É uma cantora dos anos 90, que desapareceu e tornou-se completamente desconhecida, mas que eu continuei a seguir. Ela tem uma canção, que eu gosto e que julgava ser acerca de alguém que tinha morrido. Numa entrevista, ela disse que essa canção era sobre o cão dela. (risos) Nunca mais consegui ouvir a música da mesma forma! Ela estragou-a. Para mim era uma coisa muito maior. De repente é acerca de um cão. Não consigo deixar de imaginar a cara de um cão quando estou a ouvir a música. (risos) Por isso, apercebi-me que quando falamos demais acerca das canções, isso as estraga. Tento


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não fazê-lo porque cada um pode dar o significado que quiser e essa é a grande mais valia das canções. DA: O álbum Seasons está dividido em duas partes, mas querias que fossem quatro por causa das estações do ano. Como é que surgiu a ideia de fazer um álbum em quatro tempos diferentes? DF: A ideia deste álbum surgiu, mais ou menos, em fevereiro do ano passado. Já era tarde para sair no início do ano. Achei que a forma de ser claro, seria através das estações. Não foi bem propositado. Uma vez que estava nas estações, achei que era muito mais interessante sugeri-las aos blocos e perceber como é que cada estação iria influenciar a música. Acima de tudo, acho que mais do que as estações, a ideia de fazer um disco ao longo de um ano é que me atraiu. DA: Porque é que decidiste ser tu a fotografar o álbum? Há por aí algum desejo de voltar a ser fotógrafo, como já o foste em tempos? DF: A ideia do disco, era quase, de fazer um diário. Tinha alguma lógica ser eu a fotografá-lo. Fui eu que transportei as ideias do dia-a-dia que me iam passando. Não fazia sentido dar isso a outra pessoa para interpretar porque seria algo completamente diferente da minha ideia inicial. Foi por isso e não necessariamente por querer voltar a fazer fotografia a tempo inteiro.

DA: Há algumas sonoridades novas neste teu álbum, como a eletrónica. Porquê este estilo musical? DF: Há muitos anos que sou grande fã de música eletrónica. Aliás, música eletrónica, bastante ‘dura’. Talvez por ser um antagonismo quase à minha música. Na música eletrónica, pelo menos naquela que eu oiço, raramente existem pessoas a cantar. Acho que uma das coisas que me atrai neste tipo de música é o facto de ser tão diferente da minha, de não haver nenhum ponto de cruzamento entre aquilo que estas bandas fazem e o que eu faço. É como se tirasse férias da minha própria música. Sendo um grande fã de música eletrónica, achei que era tempo de colocar algumas dessas facetas na minha música e foi exatamente no Seasons Rising que isso aconteceu. Tenho muitos sintetizadores e muitas canções começam precisamente aqui. Desta vez achei que era curioso manter e levar a eletrónica até ao fim. O Seasons Rising é um sigle praticamente todo eletrónico. DA: Qual é a tua relação com os estúdios onde passas tanto tempo da tua vida? DF: O estúdio em si, não é algo que me atraia. Passo muitas horas no estúdio aqui em casa. Não tenho um estúdio profissional, é uma coisa muito simples. Uma forma inicial de gravar, como tantas bandas têm hoje em dia. Mas depois de passar muitas horas aqui é difícil ir para outro estúdio, embora mais profissional, e repetir exatamente o mesmo por uma razão de som e não por razões criativas. O trabalho de estúdio não é o mais criativo do mundo porque já explorei essa parte fora dele.

Fotos: Paulo Segadães

DA: Mas foste fotógrafo de moda? DF: Na altura queria fazer fotografia. O meu objetivo sempre foi ser fotógrafo e comecei a fazer fotografia de moda, apesar de não gostar muito. Não era grande fã. Fiz, mas não me atraía. Também fazia outro tipo de fotografia, aliás, continuo a fazer, mas não profissional-

mente. Ainda agora tive uma exposição que estreou nos ‘Encontros da Imagem’ em Braga, mas não é uma das partes mais conhecidas da minha pessoa.


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DA: Sabendo que és um adepto de redes sociais, já tiveste alguma situação de um fã falar contigo e dar-te alguma ideia on-line para um tema, por exemplo? DF: Não. Não funciona assim. Os meus temas não funcionam assim. Já falei com muitas pessoas on-line, agora darem-me ideias para temas, não. Acho que os temas não partem de uma ideia. Por exemplo, se me disserem para fazer uma música sobre um cão… O que é que eu fazia?! (risos) Faço música com as coisas que me impressionam diretamente. Não com coisas que me sugerem para fazer. Era bem mais fácil se fosse assim. As canções acontecem porque têm de acontecer. Escrevo sistematicamente. Estou sempre a pensar em música. Às vezes acordo, estou na cama e tenho de me levantar porque estou inadvertidamente a pensar em música. Não é uma escolha, mas acontece. DA: Com a quantidade de “novidades” que aparecem diariamente, como é que as bandas e cantores recentes se podem destacar? DF: Não é fácil uma pessoa mostrar-se no meio de tantas, principalmente as bandas novas. Quando eu apareço há mais facilidade porque as pessoas já sabem quem sou. Quando as bandas são completamente

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novas, há uma dificuldade mesmo extrema. Muitas vezes as bandas perguntam-me o que devem fazer para poder mostrar as suas músicas, mas não faço ideia. Eu faço aquilo que os outros também fazem. Não há nada de diferente naquilo que eu faço, no meu trabalho, daquilo que as bandas novas fazem. O problema é que há muitas coisas novas a aparecerem todos os dias e não é fácil uma pessoa impor uma certa ideia. É preciso uma imaginação muito forte. É preciso uma grande força de vontade porque também há muitas pessoas dispostas a mandar os projetos ao chão. DA: Se pudesses avançar 10 anos na tua carreira, quando olhasses para trás o que gostarias de ver para além do muito que tens agora? DF: Nunca fiz grandes planos para o futuro e não é uma coisa que me seduza pensar no que vou fazer daqui a 10 anos. De tudo o que fiz até hoje, estou satisfeito com isso. Mesmo as coisas erradas, não havia hipótese nenhuma de eu não as ter feito. A ideia que me seduz sistematicamente, é a ideia do presente, do agora, de estar a fazer uma coisa e ter prazer nela. Não projeto coisas para o futuro de onde quero estar, onde vou... Vivo melhor assim.


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Hide and Seek... Photo: Telma Russo Styling: Idilza Santos_Feelandress Model: Marta Abreu_BestModel’s Make Up: Melissa Araujo Hairstylist: Salette Martins Assist. styling: Natacha de Deus Local: Pestana Palace

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Vestido - Rosa Clarรก Venda - Purple Rose Luvas - Purple Rose Meias - Calzedonia


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Casaco - Michael Kors na Loja das Meias Calรงas - Stela Mccartney na Loja das Meias Mala - Lanvin na Loja das Meias Sapatos - Lanvin na Loja das Meias



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Corpete - Purple Rose Saia - Purple Rose Brincos - Anselmo 1910


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Corpete - Purple Rose Saia - Purple Rose Brincos - Anselmo 1910 Sapatos - Salvatore Ferragamo na Loja das Meias Meias de Liga - Calzedonia

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Saia - Maliparmi na Loja das Meias Casaco - Lanvin na Loja das Meias Estola - Rosa Clarรก Collants - H&M



Vestido - Michael Kors na Loja das Meias Mala - Dior na Loja das Meias Luvas - Karl Lagerfeld Chapéu - Rosa Clará Jóias (colar, pulseira, anel, brincos) - Anselmo 1910 Sapatos - Dior na Loja das Meias Collants - Calzedonia





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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira


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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira


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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira


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LXD’12 - Criatividade Empreendedorismo e Produção Nacionais Na 3ª edição do LXD, ou Lisbon Design Show, encontrámos um pavilhão muito vazio. Felizmente, vazio não significa necessariamente pobre, como pudemos comprovar ao ver vários objectos, ideias e projectos nacionais que mais uma vez demonstram o quão criativos e empreendedores podemos ser. Por Rita Trindade

Foto: Rita Trindade

A exposição dividia-se em dois pavilhões. Num, estavam instaladas empresas com lugar bem delineado no mercado, nas áreas de mobiliário e design de interiores. No outro, podíamos encontrar trabalhos de estudantes e jovens empreendedores. Desde joalharia a mobiliário, passando por cerâmica e design gráfico. Foi neste pavilhão que conhecemos Afonso Gil, arquitecto, que dava a conhecer um projecto relacionado com a geometria típica do nosso país, bem como elementos culturais que nos definem. ByAgil é o nome desta iniciativa e Afonso trabalha nela como arquitecto, designer e artista plástico. Inspirado na geometria tradicional portuguesa e em elementos tipicamente nacionais (desde comida a desporto, passando ainda pela música e pela própria História), o jovem empreendedor desenvolve padrões

que depois trabalha de forma a criar algo mais dinâmico. Como nos diz, normalmente os padrões são estáticos, são apenas a repetição de um grafismo. Afonso tenta criar algo mais interessante através da rotação dos desenhos que cria. No caso dos azulejos – que foram o primeiro suporte para as suas criações –, roda-os à medida que os vais dispondo, em vez de os colocar todos na mesma posição uns ao lado dos outros. Através desta rotação de 90, 180 ou 270 graus, obtém um resultado com mais vida que os azulejos tradicionais. Em casos diferentes, como tecidos, por exemplo, esse dinamismo pode provir do aumento ou redução da escala dos desenhos ao longo do padrão. Explicou-nos como os desenhos surgem por diferentes


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Foto: ByAgil


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Fotos: ByAgil

meios: às vezes, através de um pedido de um cliente que pede a presença de certos elementos num padrão, outras vezes por inspiração própria. Encontrei padrões de todos os tipos. Alguns, mais abstractos, remetiam cada pessoa que os observasse para diferentes ideias; por exemplo, eu vi uma caravela e associei de imediato à História de Portugal e aos Descobrimentos, mas outra pessoa poderia olhar e ver de barcos de pesca, ligandoos a uma actividade tão nossa. Noutros, encontramos tudo desde sardinhas, pastéis de nata, guitarras portuguesas e bolas de futebol. Hoje em dia, os formatos e suportes em que os trabalhos de Afonso Gil aparecem são inúmeros. O céu é o limite. Se o cliente tiver uma ideia para um objecto onde aplicar o padrão, cabe a Afonso procurar pequenas empresas que queiram formar parceria e fazer esse desejo acontecer. De momento, podemos encontrar, para além de azulejos, bases de cozinha, tecidos (não pude deixar de imaginar um ou outro padrão transformado num vestido…), malas, t-shirts, cadernos, etc. É o gosto, a necessidade e a própria imaginação de cada interessado que vai ditando a evolução deste projecto que prima pelo preservar e até mesmo “jogar” com uma cultura tão rica que é a nossa.

Ainda no primeiro pavilhão, encontrámos Helena Almeida com a marca Ser’amica e o projecto de cerâmica Namoro Minhoto. O que nos chamou a atenção em primeiro lugar foram as ilustrações. Ganhavam um destaque especial por estarem num suporte tão limpo e simples, que eram as peças de cerâmica da autoria de Helena. Este projecto consiste numa série de objectos em cerâmica que compõem um enxoval. Temos galheteiros para o azeite e o vinagre, bem como o saleiro e o pimenteiro. No stand, pude ver uma mesa posta para um jantar romântico, onde estavam presentes estes elementos, juntamente com uma jarra solitária com uma rosa e bases para pratos, também estas peças ilustradas. A ideia da primeira colecção é mesmo essa: pegar no tema “namoro” e construir a partir disso um enxoval ilustrado com elementos característicos de cada região do país. Para já, as ilustrações existentes referem-se a costumes do norte, mas Helena garantiu querer desenvolver o trabalho pegando em objectos e na cultura das restantes zonas do país. A história e o conceito do projecto estão muito bem delineados: nos galheteiros para o azeite e o vinagre, a rapariga está vestida a rigor e usa os corações de Viana


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Fotos: Rita Trindade

ao pescoço e nas orelhas, enquanto o rapaz segura algo típico de se oferecer à amada, conforme a região (uma flor, um lenço dos namorados ou uma cantarinha). No saleiro e no pimenteiro vemos arquitectura ou paisagens típicas da zona em questão e a jarra solitária tem sempre a rapariga a pensar no seu amado. A autora do projecto, Helena, vem de Guimarães e formou-se em cerâmica, considerando-a uma parte muito importante do nosso património. De momento, está a trabalhar com uma segunda ilustradora no projecto, a ilustradora Eduarda Fontes, depois de uma parceria inicial que não resultou. Os desenhos do rapaz e da rapariga são do ilustrador original, e Eduarda trata agora dos pormenores característicos de cada região do país. Para já, podemos ver peças com referências a três zonas do país: Guimarães, Vila Verde e Viana do Castelo. Numa altura em que nos aconselham diariamente a sair do país onde nascemos e crescemos para procurar um futuro estável, não podemos deixar de notar que o laço que nos une à nossa cultura ganha força a cada dia que passa. Assistimos hoje em dia a uma forte procura pelas nossas raízes e a um constante desejo de exaltar os nossos costumes, as nossas maneiras. Vamos buscar tudo o que há de melhor em Portugal e agarramo-nos a isso num tempo em que tudo à nossa volta só piora. Porque se há coisa a que nos temos de agarrar é às nossas forças enquanto país tão velhinho. E uma dessas maiores forças é precisamente a nossa identidade.

ByAgil: FB - http://www.facebook.com/pages/byAgiLcom/21669 4531696901?fref=ts email: afonso_gil@byagil.com site: www.byagil.com Namoro Minhoto: FB - http://www.facebook.com/seramica.guimaraes email: namorominhoto@gmail.com Esta colaboradora/autora não escreve com o novo acordo.


Fontes e fotos: As if from nowhere – www.design-milk.com Buckle up futon chair – eu.fab.com e www.proformshop.com

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Uma questão de espaço Queremos espaço e reivindicamo-lo! Por Rita Chuva


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O espaço, uma preocupação constante, tão importante como outras questões associadas ao quotidiano. Em todos os sentidos que o termo pode assumir. Do metafórico ao palpável. Precisamos do nosso espaço emocional, precisamos de saber dar espaço aos outros, precisamos de espaço físico para arrumarmos os nossos pertences, precisamos de espaço para respirarmos. Queremos espaço e reivindicamo-lo! Estas preocupações refletem-se, manifestamente, nas soluções de design que nos são apresentadas diariamente. Resultado de criatividade e inovação, muitas são as peças de design e mobiliário que se adaptam perfeitamente a esta nossa condição, tão contemporânea, de “falta de espaço”. As if from nowhere, da designer irlandesa Orla Reynolds, é isso mesmo. É uma resposta genial, na sua simplicidade, à necessidade de arrumação aliada ao pouco espaço físico. De uma forma quase ilusória, esta estante multifuncional esconde uma sala de jantar em si mesma. O que poderia ser apenas um toque de cor, uma opção estética, são, afinal, quatro cadeiras e uma mesa de refeição. Mas as surpresas não acabam por aí! Sendo uma peça modular, são várias as opções de organização, qual tetris mobiliário. É brincar com o espaço da forma que quisermos!

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Fontes e fotos: As if from nowhere – www.design-milk.com Buckle up futon chair – eu.fab.com e www.proformshop.com

Buckle up futon chair

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E o que dizer da Buckle up futon chair, da marca dinamarquesa Karup? Uma cadeira, de design pouco convencional, que se transforma numa cama. Bom, cama não será, certamente, o termo, pois como o nome indica, a cadeira transforma-se num futon, ao bom estilo oriental. Estrutura em madeira ou metal? Não tem. Presos por um fio (ou, mais precisamente, por um cinto), a forma como se enrolam os dois colchões de origem japonesa transformam-no numa confortável poltrona. Original e prático! Numa era em que, cada vez mais, temos necessidade de nos adaptarmos ao meio envolvente, fazendo muito do pouco, numa época em que estamos cingidos a espaços cada vez mais limitados, estas opções multifuncionais, versáteis e inteligentes são uma lufada de ar fresco. Precisamos de espaço? Façamos o melhor que podemos com o que temos!

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Doclisboa’12 Uma décima edição fresca e problematizante “O cinema não se desliga da realidade: interpreta-a, deixa-se marcar e deixa a sua marca. Na programação do 10º Doclisboa, conta-se uma homenagem à realizadora belga Chantal Akerman, a criação de três novas secções que motivam os primeiros passos no cinema, o diálogo do político com o artístico e o cinema de intervenção.” Por Ágata C. Pinho

Num festival com história e com um público exigente, este ano são inauguradas três novas secções e o convite animado aos realizadores mais jovens e a modos inovadores de pensar e projetar o documentário. O ponto de encontro será a Culturgest, o Cinema São Jorge, o Cinema Londres e a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Há espaços e momentos para ver e refletir sobre o cinema independente, aproximando o público dos criadores. E há ainda a questão: com meios à disposição e a democratização da informação permitida pela internet, qualquer um pode ser criador e, acrescentar-se-ía, enquanto cidadão, como evitá-lo enquanto produto de uma vivência numa esfera social em constante mutação, da qual se é um participante ativo? A abrir o festival está “A Última Vez Que Vi Macau” de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. “Visões de Madredeus”, de Egdar Pêra, abre a secção

“Caesar Must Die” - de Paolo e Vittorio Taviani

“Handsworth Songs Black Audio Film Collective”

“D’Est Chantal Akerman”

Fotos: horrornews.net / shiftcommandthree.blogspot.pt / mubi.com

Há mais do que um ou dois desafios nesta décima edição do Doclisboa: pensar o cinema como campo (de batalha) simultaneamente artístico e político e como força de inscrição e interpretação no/do real. Soa a qualquer coisa essencial? Porque é mesmo. Face a acontecimentos com eco social e político incontornável e suas consequências para a arte e para a cultura, a programação do Doclisboa’12 chama a uma reflexão consciente do sentido e força de cada um dos filmes escolhidos, através de debates, mesas redondas, workshops, masterclasses e colóquios.


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“A Última Vez que Vi Macau” - de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Heart Beat, dedicada a documentários que mergulham no universo da música. É a primeira vez que um filme português abre esta secção. Na Sessão de Encerramento foi exibido “Caesar Must Die” de Paolo e Vittorio Taviani. Os espetadores podem encontrar as habituais sessões de Competição Internacional, Competição Portuguesa de longas e curtas metragens, cheias de primeiras obras e estreias mundiais. Juntam-se as secções “Investigações”, “Riscos” (em memória de Chris Marker, Marcel Hanoun e Stephen Dowskin) e as três novas apostas deste ano: “Cinema de Urgência”, “Verdes Anos” e “Passagens”. A primeira seção surge da constatação de dois fenómenos evidentes do presente: o aumento do número de pessoas que documentam com as suas câmaras a realidade social e política e os dilemas e lutas que recuperam, no ato de cidadania dinâmico que faz uso da tecnologia, a ideia de cinema como ação direta, bem como a crescente quantidade de imagens e vídeos divulgados na internet e a necessidade de controlo sistemático dessas mesmas imagens. “Investigações” procura ainda legitimar estes filmes. “Verdes Anos” apresenta filmes produzidos no contexto de escolas e cursos de pós-graduação ligados ao vídeo, cinema e comunicação, com uma relação especial com o documentário. “Passagens” nasce de um fenómeno que se tem manifestado na última década: a importante presença do cinema nos museus, por um lado, e o documentário como arte contemporânea, por outro – a chamada “documentary turn” ou “expanded documentary”. Esta secção acolhe obras marcantes, com várias instalações de Chantal Akerman, em relação com a retrospetiva da sua filmografia, em diálogo com instalações de Pedro Costa.

A “Retrospetiva Chantal Akerman” apresenta, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, uma visita integral à obra da realizadora belga, uma obra com profunda sensibilidade histórica, que foca problemas essenciais como a produção cinematográfica, o processo criativo, o contexto e problemática histórica e o binómio entre autoria e identidade. A Retrospetiva “United We Stand, Divided We Fall: A brief history of the radical collectives from the 60’s to the 80’s”, parte do conceito de filme coletivo e da leitura dessa assinatura como tendo origem numa atitude de responsabilidade política. São aqui apresentados os coletivos mais importantes dos anos 60, 70 e 80 e colocada a questão: de que forma podem os filmes estabelecer vínculos entre gerações distantes? As Mesas Redondas acontecem na Culturgest: fala-se sobre a RTP e o Serviço Público de Televisão, os Laboratórios de Cinema Independentes – a propósito do coletivo “Laboratório de Cinema Independente”, que procura defender a importância da existência de um laboratório de cinema independente em Portugal. No dia 24 de Outubro discutiu-se o Cinema Coletivo, no contexto da Retrospetiva “United We Stand, Divided We Fall”, e no dia 26 abordou-se O Cinema e a Crise na Europa do Sul, partindo da crise global do capitalismo financeiro, da crise da União Europeia e dos desequilíbrios na zona euro, evidentes sobretudo nos países da Europa do Sul, de que Portugal é um caso flagrante. Destaca-se ainda o tributo ao Festival de Curtas de Vila do Conde, com a exibição de “A Rua da Estrada” de Graça Castanheira, “Cinzas, Ensaio Sobre o Fogo” de Pedro Flores e “O Canto do Rocha” de Helvécio Marins Jr., bem como a homenagem a Fernando Lopes, realizador que deixou uma profunda marca no documentário português.


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ITS

Aveiro 2012 É este o maior poder da arquitetura e do arquiteto enquanto seu discípulo, a capacidade de unir tempos, desejos, emoções e linguagens num só espaço, numa só vontade! Por Pedro Carvalho Inception Architects Studio

O ITS é um jovem, animado e empenhado estúdio criativo que foca o seu raio de ação principalmente na criação de fotografia e vídeo. No início de 2012, estando em franca expansão e recém mudados para a sua nova área de trabalho, ‘desafiaram’ o instinto criativo do IAS a adaptar, moldar e construir o espaço, adaptando-o às suas reais necessidades de trabalho, projetando um lugar à sua medida, como uma extensão da sua crescente e efervescente criatividade. Assim, situado numa das maiores artérias da cidade de AVEIRO – a Avenida Lourenço Peixinho - o escritório instala-se no 4º piso de um edifício que ocupa uma posição central sobre a via e detém uma magnífica vista sobranceira sobre a avenida e a cidade.

Desde logo, um enorme ponto a favor do espaço: o enorme envidraçado que se volta para a Avenida. Com a altura total do pé-direito da divisão, permite a entrada da luz solar na perfeição (que terá obviamente de ser controlada) e oferece uma interessantíssima vista sobre o edificado e a própria cidade de Aveiro.

Fotos: Inception Architects Studio – IAS

Amantes de desafios e plenos de criatividade, pretendiam acima de tudo uma abordagem única e singular ao espaço, que simultaneamente fosse uma personificação de todas as suas principais características, mas que ao mesmo tempo acrescentasse a quem visita e lá trabalha, um caráter de adaptabilidade, mudança e surpresa.


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Fotos: Inception Architects Studio – IAS

E assim, num escritório com uma área relativamente modesta - cerca de 30.00m2, achamos por bem que todo o trabalho se desenvolvesse numa típica configuração de ‘open-space’, que combina as várias valências necessárias ao intenso trabalho diário do estúdio e agrega todas as várias funções num único espaço, singular, ritmado e de fácil entendimento. Desde logo a definição do programa à medida das necessidades médias do estúdio. A introdução de uma zona de estúdio fotográfico interior - branca e imaculada; uma zona para pesquisa, reunião, produção, pósprodução e edição de trabalho – claramente disposta em bancada e adossada a uma das paredes da divisão; uma pequena área destinada ao economato - com um centro de impressão; e finalmente, uma pequena área de copa, destinada a serviço interno do estúdio e a clientes/parceiros de negócio. A combinar todas estas funcionalidades, teríamos que introduzir alguns elementos diferenciadores no espaço em si, que fossem símbolos do trabalho em estúdio: irreverentes, criativos, coloridos, fortes, intensos e memoráveis…

Resolvemos adaptar/moldar/ajustar as cores da marca ITS ao próprio espaço em si, com especial incisão nas suas paredes, na medida em que estas tomam para si duas das cores base da logomarca ITS. Uma delas quase por clara imposição - de projeto e laboração - a cor branca; e outra (sugestão da equipa IAS) a cor cinzenta. A cor branca é uma ‘imposição’ natural precisamente pela natural obrigatoriedade do trabalho em estúdio, que obriga desde logo à existência de uma extensa superfície ‘de fundo branco’ e sem cantos, para fotografar e ajudar na pós-produção final dos trabalhos; a cor cinzenta, como o sinónimo da estabilidade, sucesso, qualidade, equilíbrio, neutralidade e flexibilidade que se pretende que o estúdio conheça doravante. Estas duas cores vão abraçar as paredes do estúdio em zonas distintas e opostas, encontrando-se, e unindo-se a sensivelmente meio do espaço, mais ou menos no limite de transição entre aquela que é a zona de pós-produção e edição de imagem, e a zona de estúdio fotográfico, uma vez mais branca, serena, tranquila e sem diferenças cromáticas.


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Depois a luz! - Premissa sempre importante em qualquer tipo de espaço e ainda mais num programa deste tipo. Pelo controlo exigido, a iluminação do espaço foi pensada atendendo a 2 premissas fundamentais. Primeiramente teria que ser ‘dimável’, ou seja, regulável em intensidade; e depois - uma vez que o espaço de estúdio e área de pós-produção é comum – não deverá interferir diretamente com a zona de estúdio fotográfico, que carece de iluminação própria, pontual e não fixa. A resposta a estas necessidades origina a que a iluminação penda quase única e exclusivamente sobre a zona de trabalho sentado ou em bancada, espalhando-se e servindo os vários postos de trabalho.

No chão… procuramos marcar também esta diferença/ transição de áreas. O branco do estúdio contrasta com o confortável tapete vinílico da zona de trabalho e ajuda ainda mais à diferença e marcação/distinção destas

Fotos: Inception Architects Studio – IAS

Também neste ponto quisemos introduzir o caráter lúdico no projeto. Inserimos os aspetos cor e imprevisibilidade/criatividade à instalação elétrica, que tem a cor azul – outra referência direta à logomarca do estúdio – e que contrasta com o neutro cinza e o imaculado branco, percorrendo todo o espaço numa falsa aleatoriedade, ‘up and down’, muito como num circuito elétrico impresso das placas eletrónicas.


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Fotos: Inception Architects Studio – IAS

zonas, reduzindo barulho e servindo de limite às 2 zonas de trabalho direto. Antes de toda a zona ‘open-space’, temos a entrada no espaço, um misto de receção e centro de impressão, que faz o aproveitamento de uma singela antecâmara de entrada no espaço e de um pequeno roupeiro pré-existente, adaptando-os às reais necessidades do espaço. Para cumprir todo o programa falta-nos referir ainda a pequena copa/área de serviço… Esta foi, de todas para o espaço, a escolha mais lógica… Aproveitando o usufruto das ‘vistas’, e um pequeno nicho – pequeno o suficiente para lá se instalar um balcão – que nos permite o envidraçado que se debruça sobre a rua desta mesma área, surge a pequena zona de copa destinada aos tempos livres no estúdio. Esta zona ‘encaixa-se’ no extremo oposto à entrada, no compartimento e está ‘paredes-meias’ com a área de estúdio fotográfico, através de umas paredes/painéis deslizantes que ora abrem o espaço, ora o fecham, mediante as necessidades do estúdio. Ainda em fase de conclusão, o ITS espera ver a conclusão de todos os trabalhos até ao final do mês de novembro.


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Capricciosa Junto ao mar é ainda possível apreciar uma deliciosa refeição a um preço bastante apetecível. Por Inês Ferreira

Este mês apresentamos uma sugestão para quem também “come com os olhos”: a Pizzaria Capricciosa, ou melhor, as Pizzarias Capricciosa. Tudo isto porque como a marca Capricciosa é um verdadeiro sucesso, pertence a uma cadeia com inúmeros restaurantes. A Capricciosa, (pertencente ao grupo Doca de Santo), prima pela qualidade do serviço, pela vista (sendo todas juntas ao mar, unindo a qualidade e vista, à questão low cost, que é raro encontrar) e pelo preço fantástico, mediante todas as suas qualidades. Quando abriu a primeira Capricciosa, era a maior pizzaria da Península Ibérica e mantém-se até hoje, com um enorme requinte no tratamento do cliente, que assim que entra no restaurante, tem à entrada à sua espera, alguém para lhe indicar uma mesa, tendo tanto zona de fumadores, como de não fumadores.

Quando o cliente se senta, é “confrontado” com uma ementa enorme, que se assemelha a um jornal, com a particularidade de estar completamente preenchida com inúmeros e variados pratos. Os pratos mais servidos são pizzas, mas as pastas são também algo imperdível, e que vale muito a pena experimentar, bem como a famosa sangria de vinho branco. As pizzas mais frequentemente pedidas são a Rústica (composta por tomate, fiambre, queijo, cogumelos e oregãos), a Enamorata (composta por tomate, queijo, ananás, atum e gambas), a Elegante (composta por queijo, tomate, presunto, rúcula e queijo parmesão), e a mítica Marguerita. Já no caso das pastas, as mais pedidas são o Fettuccineal Gamberi e Rucola (que é uma pasta fresca, com gambas, rúcula e um molho à base de manteiga), e o Penne al Pollo (composto por frango, cogumelos e natas).


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Fotos: Tiago Costa

Relativamente ao preço, a média ronda os 15€ por pessoa, com uma pizza, uma bebida, uma sobremesa e um café incluídos. No caso de beber uma sangria (dividindo com mais alguém) a média irá para os 17€ e não passará muito desses valores. Tanto a qualidade das pizzas como das pastas, deve-se ao facto de primarem pela qualidade dos produtos, que são maioritariamente italianos. Como nada é esquecido pela Capricciosa, oferecem também um cartão de pontos aos seus clientes, que por cada 10€, acumulam neste cartão 1€. É por todos estes motivos que se ainda não visitou um destes restaurantes, deverá ter esta experiência!


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Cultura Urbana

Conteúdo sob pressão - parte 4 Já quase não há novidade, há antes uma mescla de estilos e de singulares interpretações do que, outrora, foram já estilos bem definidos. Por Gustavo Mesk

Fotos: EGO foto por MrDheo; MAISMENOS foto por mesk; UBER foto por graffiti(ponto)org

UBER

EGO

MAISMENOS


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É muito difícil, talvez impossível até, especificar o progresso do Graffiti nacional devido à falta de informação e registos devidamente organizados, portanto o conhecimento que aqui exponho é proveniente de conversas com outros pintores e com outros interessados no assunto e conta como uma opinião, não como um facto. Estima-se que a primeira tag em Portugal tenha aparecido pela zona norte do país, nos arredores da Maia. Na verdade, este facto não pode ser precisado, baseando a minha informação num artigo, bem antigo, publicado num jornal regional. Nessa altura, ainda sem influência direta do que hoje podemos encontrar na internet, o pessoal (na sua maioria jovens) que se dedicavam a esta vertente, tinham festas de HipHop como ponto de encontro, onde trocavam impressões acerca de desenhos e sítios onde pintar. Tanto Lisboa como o Porto, têm como ícones, os seus mais antigos writers, os que (literalmente) mais davam nas vistas e que possuíam um estilo de pintura muito próprio. Nomes como Obey, Exas, Youth, Odeith, Sken, Ram, Mosaik, Uber (...) em Lisboa e Caos, Odd, Ofek, Biph, Cuba, Pzt, Ego (...) no Porto deram vida às primeiras paredes e diferenciaram-se por esse mesmo facto, pois sendo os únicos, foram pioneiros e deram a conhecer o Graffiti aos writers das gerações que se seguiram. Por tal feito, têm direito ao respeito e reconhecimento por parte de quem está inserido na cultura, porque hoje em dia existe muito para ver e captar influências, quer em termos de lettering, realismo e outros estilos de pintura. Nem todos os nomes que referi se mantêm no ativo, embora acredite que nunca irão perder o “bichinho” de pegar numa lata ou de fazer um sketch de vez em quando. Já quase não há novidade, há antes uma mescla de estilos e de singulares interpretações do que, outrora, foram já estilos bem definidos. Por exemplo, um iniciante, quer esteja inserido num ambiente mais urbano ou num outro mais rural, tem um contacto, digamos, já viciado com o Graffiti. Muito do que agora se vê nas paredes tem influências internacionais, seja nas cores utilizadas, nos efeitos, ou na própria composição.

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Não que este seja um fator negativo; apenas é diferente e usualmente utilizado como meio de diferenciação entre o new e o old school, entre o que tem e o que, na altura, não tinha acesso a outros exemplos para dirigir o seu trabalho. Não é muito usual um writer mudar de tag, no entanto, há quem se queira libertar de um passado menos legal ou queira experimentar dar vida a outras letras... Não é algo definitivo, apenas marca uma fase da carreira desse artista, se este for bom, vai continuar a sê-lo independentemente do nome que escolher pintar. Voltando aos pioneiros, destaco o trabalho do (ex) Caos, que agora assina ±MAISMENOS±. No início este tinha um trabalho baseado na tridimensionalidade, peças muito limpas e definidas que pareciam sair da parede e ganhar vida própria, assim como os primeiros, e bem elaborados, murais contestatários pintados a spray na cidade do Porto. Entretanto a antiga loja Extremos (pioneira na venda de latas especializadas para Graffiti) e o próprio fizeram um acordo, e Caos deu nome a uma marca de streetwear, aquando das famosas calças largas da Resina, A’em Kei e Station. Algum tempo depois, sentiu necessidade de quebrar com as regras e estereótipos do Graffiti e passou a assinar Naif, e a Street Art que hoje faz começou a ganhar forma. A sua dissertação no final do curso de Design de Comunicação (FBAUP) levou-o a criar um logótipo que se anulava e ao espalhá-lo pela cidade, conseguiu captar a atenção dos media e dos habitantes, que o confundiam com um culto ou seita religiosa (ahah). ±MAISMENOS± tornou-se num projeto (acredito bem maior do que o pensado inicialmente) e já reinventou o Hino, a Bandeira Nacional, apunhalou a estátua de D. Afonso Henriques e fez o funeral de Portugal em Guimarães, em protesto contra a atual situação do país. Isto faz parte de um ciclo de intervenções pensadas para Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura e terminará com a Ressurreição e Reconquista, duas performances a acontecer, brevemente, na mesma cidade. www.vimeo.com/42935798 ou www.maismenos.net


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Tróia

Natureza & Design Arte, Design e Moda, a sugestão de hoje bem poderia começar algures num museu português. Por Joana Domingues

Hotel - preço médio 159€

Restaurante - Preço médio 48€

Juntámos o melhor de dois mundos e convidamo-lo a viajar até um hotel que é quase uma galeria de arte e o melhor de tudo: uma galeria de arte cem por cento portuguesa. O hotel em destaque hoje é o Tróia Design Hotel.

Como em todo o hotel, também nos quartos se destaca o design inovador, tanto na arquitetura como nas peças de decoração e mobiliário. Almofadas macias, sofás confortáveis, papel de parede suave e em alguns casos quadros, conjugam-se com os candeeiros mais futuristas e pormenores curiosos como uma casa-de-banho com duche e banheira, separados por um vidro também ele com design. Ainda assim são as largas janelas envidraçadas que nos atraem e nos fazem perder na paisagem...

Logo à entrada o sapato de cinco metros feito com panelas, pela artista plástica Joana Vasconcelos dá as boas-vindas a quem chega. Com o sugestivo nome “Cinderela”, esta obra é baseada no modelo de uma sandália Prada e é uma das mais de 250 peças que fazem parte da coleção de arte contemporânea Tróia Design Hotel, que conta com diversos nomes de artistas portugueses que se destacam em artes tão diversas, como a escultura, a pintura, a fotografia, e o desenho.

Para comer, o Tróia Design Hotel oferece duas alternativas: a primeira é a Brasserie Salinas, com os seus grandes candeeiros e esplanada aberta para o exterior e onde é servido o pequeno-almoço.


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Fotos: Bruno Gascon

Para jantar pode sempre escolher o B&G, um restaurante mais sofisticado, onde a carta do chefe João Vieira apresenta pratos gourmet de inspiração na mais típica cozinha portuguesa. O B&G é um dos exemplos do conceito de design do hotel. Nas paredes pintadas em azul vibrante estão expostas várias obras que o artista plástico Pedro Cabrita Reis criou para o local. São telas coloridas, diferentes e que acrescentam um toque contemporâneo ao espaço que se encontra intimamente ligado à marina, no seu exterior. Felizmente o destino Tróia tem um mundo de coisas para oferecer, desde passeios a cavalo pelos arrozais da Comporta e as dunas desertas na praia, um dos melhores campos de golfe da Europa criado por Sir Robert Trent Jones, temos também os golfinhos, a comunidade de golfinhos residentes aqui do Sado. E é precisamente para lá que vamos, para a marina... O barco da Vertigem Azul aguarda-nos para um passeio pelo Sado. A Vertigem Azul é a empresa pioneira na observação dos golfinhos do Sado. Com o mesmo espírito das origens, a Vertigem Azul tem vindo a desenvolver uma vasta experiência na organização de eventos e programas na Natureza, proporcionando grandes momentos a todos os que a visitam. Se por outro lado preferir permanecer em terra firme, vá até à Comporta e descubra a Cavalos na Areia, uma empresa que promove passeios a cavalo à beira mar. Não deixe também de visitar o troiagolf, um campo desenhado por Robert Trent Jones Senior. Desde 2008

integrado no troiaresort este campo para além de ter sido eleito em 2011 um dos 1000 melhores campos de golfe pela Rolex, já foi considerado pela revista Golf World o 20º melhor campo de golfe da Europa em 2009 e um dos 100 melhores campos de golfe fora dos Estados Unidos pela Golf Digest. Atrai até ao nosso país o chamado turismo de golfe, que é uma mais valia para o país e tem vindo a ter um crescimento significativo. Por isso mesmo, uma passagem pelo casino é obrigatória. Amplo, despojado de ornamentação excessiva, agradável e moderno, o Casino de Tróia apresenta-se com um look atual e sofisticado. Em destaque está o design moderno da área de jogo, composta por 226 máquinas slot e 16 mesas de jogo. . Se tiver sorte pode ser que encontre música ao vivo no Estratosphera, o bar central e palco do casino. Tróia em si, é engraçada porque tem esta parte mais desenvolvida onde se encontra o hotel, depois tem obviamente a reserva natural que permite ter um centro com mais atividade, mas depois ter a praia deserta, ter o birdwatching, ter tudo o que há para fazer nesta envolvente. Portanto, ter o melhor do dia e da natureza e o melhor da comodidade e da noite, através também do casino e de outras ofertas de animação que temos aqui nesta zona central de Tróia. Imagine um lugar onde a terra vai ao encontro da água, uma península que rasga o azul do oceano e o verde do rio repleta de praias de areia branca, um lugar único, intocado, que oferece um vasto conjunto de experiências inesquecíveis. Agora páre de imaginar, meta-se no carro e descubra por si mesmo!


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Errata Vimos por este meio pedir desculpa às marcas Hunter e Change, uma vez que na edição passada da revista DeepArt cometemos o lapso de transmitir erradamente o valor de 2 peças. As botas Hunter custam na realidade 99.90€, enquanto que os calções Change custam 55€.


Passatempos e Promoções Rulys

Figfort

A marca Rulys associou-se este mês à revista DeepArt, num passatempo muito feminino! Temos 3 leggings para oferecer às nossas leitoras, como os que aparecem na imagem. Para ser uma das vencedoras deste prémio, basta que faça like na página de facebook da DeepArt e na página de facebook da Rulys, e que envie para o email geral@deepart.pt, até dia 30 de novembro, uma frase com o seu desejo de Natal, já a antecipar esta quadra. As 3 frases mais originais serão as vencedoras do prémio!

Todas as mulheres gostam de lingerie e precisamente por isso temos este mês um passatempo dedicado a este tema, com a marca Figfort. A assinatura desta marca é por isso mesmo, “faz parte de mim”. Para se habilitar a ganhar um conjunto da Figfort, com as seguintes características. Disponíveis em: -Cores: Creme, Preto + Sugar -Tamanhos 30/38B-S.L no valor de 42.18€, terá de enviar uma frase original em que explique o porquê da sua lingerie ser parte de si, e que faça like na página de facebook da DeepArt! Pode enviar a sua frase até dia 30 de novembro para o email: geral@deepart.pt. Boa sorte!

Boa sorte!

Kawool A Kawool, marca com peças de autor, acessórios de moda e decorativos, apresenta este mês este voucher com o qual poderá usufruir de um desconto de 15% em todas as peças (válido para uma peça por pessoa). Blog: http://kawool.blogspot.com/ Facebook: https://www.facebook.com/Kawool.x?fref=ts

Os leitores poderão concorrer a ambos os passatempos, bastando que para o efeito respeitem as normas de cada passatempo. Ao enviarem a sua participação para o email designado para o passatempo, devem enviar também a sua morada e contacto telefónico.


www.deepart.pt


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