Living # 16

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Living nº 16 março de 2008

GENTE COMPORTAMENTO DESIGN ESTILO IDÉIAS CULTURA TECNOLOGIA ARQUITETURA

Leal Moreira

Distribuição gratuita

ano 4 número 16 março 2008

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Amyr Klink Dispensando a imagem de herói solitário, o navegador diz, em entrevista exclusiva, que seu interesse é conhecer as pessoas.

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í ndice

O navegador Amyr Klink fala sobre sua relação com o mar, suas experiências na Antártica, suas pesquisas na construção de barcos e os novos projetos.

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Já pensou em meditar cozinhando ou fazendo exercícios físicos? Praticantes de meditação eliminam os clichês e mostram os benefícios para o dia-a-dia de quem se dispõe a esvaziar a mente.

portfólio

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Construtora Leal Moreira entrega seu primeiro prédio comercial, o Metropolitan Tower, que inova ao oferecer serviços integrados à estrutura de escritórios.

pets

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Em pleno século 21, é possível viver de acordo com os ensinamentos da Bíblia? E o que isso significa, exatamente, para diferentes credos?

destino

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Na Terra do Sol, Jericoacoara e Canoa Quebrada são sinônimos de praias exuberantes, esportes de aventura, badalação noturna e infra-estrutura para atender a todos os perfis de visitantes.

vida saudável

44 especial

No ritmo das comemorações pelos 50 anos da bossa nova, Living foi buscar as histórias de letristas e músicos paraenses sobre como esse movimento musical foi recebido por aqui.

músisca

capa: Sombra das velas do Paratii 2 em iceberg na Antártica durante viagem em 2002.

Se você é dos que defendem os cães como os melhores amigos do homem, conheça os tratamentos de luxo disponíveis para seu fiel companheiro.

living perfil confraria décor tech intervalo horas vagas destino enquanto isso galeria lançamento gourmet um quê a mais parceiros artigo cartas crônica

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carta ao leitor

André Moreira, diretor de marketing da Leal Moreira

Caro leitor, Recentemente a Igreja incluiu quatro novos pecados capitais na já conhecida, mas pouco praticada, lista de orientações sobre os crimes e paixões humanos. A novidade gerou polêmica. Um dos motivos é que preocupações modernas, como a manipulação genética e a poluição ambiental, agora fazem parte dos assuntos sacros. Não bastasse isso, provocou um questionamento: se as velhas regras não são respeitadas, o que dizer das novidades? Nada mais apropriado para mostrar que o tema religião é sempre atual e interessa a todos nós. O debate vem bem a calhar com a reportagem assinada por Caco Ishak, Juliana Oliveira e Guerreiro Neto sobre como as pessoas interpretam os ensinamentos de um dos principais textos das religiões cristãs. É possível viver com as orientações da Bíblia sobre casamento, relacionamentos, vestir e comer, entre outras demandas do dia-a-dia? Confira as opiniões de religiosos e pessoas que optaram por seguir à risca os ensinamentos do livro mais lido no mundo. E por falar em experiências de vida, entrevistamos o navegador Amyr Klynk, que dispensa a imagem de herói solitário e diz que viaja para conhecer as pessoas. Aproveitando o aniversário de 50 anos da bossa nova, fomos conferir que influências o movimento musical deixou por aqui e descobrimos que a nossa gente fez mais do que apenas comprar discos produzidos no Rio de Janeiro. Ajudou a construir parte dessa história. Na seção Galeria, o artista plástico Acácio Sobral faz um balanço de sua carreira e fala sobre novos projetos. Você também vai conhecer os novos lançamentos da Leal Moreira, o Torre Vert e o Torre Umari, e ainda o Metropolitan Tower, edifício que traz diversas inovações ao mercado de prédios comerciais. Estes são apenas alguns bons momentos que resevamos para sua leitura. Vou deixar que você descubra as outras novidades desta edição. Um abraço.

ex pediente

Revista Living Leal Moreira

João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Gerente Técnico: Maurício Rodrigues Gerente de Marketing: Lilian Almeida

Coordenação e realização: Publicarte Editora Diretor responsável: André Leal Moreira Diretor executivo: Juan Diego Correa Editor-chefe: Fabrício de Paula Conselho editorial: André Leal Moreira, Ana Paula Guedes, João Carlos Moreira, Paulo Fernando Machado, Juan Diego Correa, Maurício Moreira e Roberto Menezes Editora: Aline Monteiro Produção editorial: Juliana Oliveira Editor de arte: André Loreto Design: Gil Yonezawa e Leandro Bender

Comercial: Cristiane Chisté comercial@doublem.com.br e (91) 4005-6868 Reportagem: Alexandra Cavalcanti, Aline Monteiro, Caco Ishak, Elianna Homobono, Guerreiro Neto, Irna Cavalcante, Juliana Oliveira, Nerusa Palheta, Suelem Lobão e Tylon Maués Fotografia: Diana Figueroa Colunistas: Álvaro Jinkings, Albery Rodrigues, Angelo Cavalcante, Bob Menezes, Celso Eluan, Aloizio Neto, Isaac Meir, Fabrício de Paula, Nara D’Oliveira e Saulo Sisnando Revisão: José Rangel e Fabrício de Paula

Gráfica: Santa Marta Tiragem: 15 mil exemplares Fale conosco: (91) 4005-6868 / 4005-6878 redacao@editorapublicarte.com.br Living Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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Pará

• da redação • fotos Diana Figueroa •

Museu reaberto Após ficar fechado para obras por dois anos, o Museu do Estado do Pará (MEP) volta a fazer parte das programações culturais de Belém a partir deste mês. As mudanças mais significativas ocorreram com a ampliação de espaços funcionais, como as salas Landi, Cabanagem e do Primeiro Círio e o Atelier Aberto. Há também uma nova nomenclatura: agora o MEP se chama Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP). O acréscimo do termo “histórico” é para consolidar o perfil de preservação da memória que o museu já desenvolvia. O MHEP fica no Palácio Lauro Sodré – importante marco arquitetônico do período colonial –, na Praça Dom Pedro II, s/n, Cidade Velha, e é aberto ao público de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Telefone: 3223.2478. Email: museuhep@yahoo.com.br.

Cotidiano invisível

Clima de taberna

Premiado pela segunda vez no Prêmio de Literatura do Instituto de Artes do Pará (IAP), Daniel Leite lançou seu terceiro livro este ano: “Invisibilidades”. Ao longo de 2005 e 2006, ele desenvolveu vários contos abordando temáticas da vida cotidiana, como trabalho, sexualidade, destino e até existencialismo. São 17 histórias que lançam questões para a reflexão do leitor. Daniel leva no currículo também o reconhecimento nacional, sendo vencedor do Prêmio Sesc de Poesia Carlos Drummond de Andrade. O livro está disponível na sede do IAP (ao lado da Basílica de Nazaré).

Para os boêmios, o bar São Matheus oferece programação musical variada durante a semana, do jazz à black music. Para os gourmets, a cozinha da casa é conhecida pela qualidade dos pratos. A decoração é um charme à parte, com detalhes que dão ao ambiente um ar de taberna. Esse bar e restaurante consegue atender aos mais variados gostos: a cada dia a casa tem um público específico, mas durante o fim de semana todos se unem para dançar música pop e apreciar uma cerveja bem gelada. Aos sábados, não perca a feijoada ao som de samba de raiz e chorinho, sempre a partir das 13 horas. Ótima opção para uma reunião com os amigos. O São Matheus fica na travessa Padre Eutíquio, 606, entre General Gurjão e Riachuelo. Aberto de terça a sábado, a partir das 19 horas. Telefone: 3223-9989.

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Fran’s Café em Belém Quem é apaixonado por café não pode deixar de visitar as filiais do Fran’s Café abertas recentemente em Belém. Depois de conquistar os paulistanos e várias cidades do Brasil, a cafeteria chega por aqui com inovações. Além de funcionar 24 horas, o Fran’s Café oferece internet wireless. Lá, o cliente encontra um ambiente confortável para um happy hour, um bom almoço ou mesmo um jantar a dois. O cardápio inclui saladas, sanduíches, caldos, massas e sobremesas. Não deixe de experimentar a seleção de cafés especiais. Em dois endereços: na avenida Braz de Aguiar, 304, e no 3º piso do Shopping Iguatemi. Telefone: 3250-5020.

Nova voz no samba O samba está no sangue desta paraense que desde 1999 se destaca no cenário da música nacional. Hoje Janaína Reis reside no Rio de Janeiro, onde conheceu Marina Ghiaroni, empresária de Fafá de Belém que a levou à gravadora Indie Records. Foi por lá que ela lançou seu primeiro CD, “Choro Novo na Senzala”, contendo participação de músicos cariocas como Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro e Arlindo Cruz. Agora pretende levar a música paraense para o resto do Brasil, pelo selo Timbó Produções. O atual projeto de Janaína busca incentivar os novos talentos do Estado. Outro plano da cantora para 2008 é a gravação do seu segundo CD. www.janainareis.com.br.

Balada eletrônica Uma boate nova tem marcado a noite de Belém. A The Box se inspira nas festas de música eletrônica de São Paulo e traz todos os fins de semana um DJ de renome nacional e internacional para agitar o público jovem da casa. São dois andares, com pista de dança ampla e cabine com sistema de som top de linha. Ainda é possível degustar deliciosos pratos antes da festa começar. Outro destaque do lugar é o design moderno, com teto de vidro e cores fortes, como o vermelho e dourado, tudo sempre fazendo referência às boates das grandes capitais do Brasil. No quesito bebida, a The Box possui uma carta variada de vinhos chilenos e champanhe francês, além de diversos coquetéis sofisticados. Para os mais reservados, a boate conta com uma área V.I.P e sete camarotes. A The Box fica na travessa Quintino Bocaiúva, entre Mundurucus e Conselheiro Furtado. Sextas e sábados, a partir das 22 horas. Telefones: 3241-3636 e 8165-3564.

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Brasil

• da redação • fotos de divulgação •

Londres em Ipanema Os amantes de rock inglês ganharam um presente da tradicional família Fasano, dessa vez no Rio de Janeiro. O Baretto Londra é um bar estiloso, com clima de pub e decoração charmosa, feito na medida para fãs da música inglesa sessentista. A parede, adornada com vinis raros da época, que vieram da coleção do empresário Rogério Fasano, dá ao bar um ar vintage. Durante a semana, há pocket shows, além de boa diversidade de bebidas sofisticadas. O barzinho fica no luxuoso hotel Fasano, em Ipanema. www.fasano.com.br

O cliente tem sempre a razão Os botecos de Belo Horizonte colocam as delícias de Minas ao gosto do freguês. Já tradicional na cidade, o Festival Comida Di Buteco promove uma deliciosa disputa de petiscos entre os bares de BH. Durante um mês, além dos tira-gostos, são avaliados a higiene, a cerveja/bebida e o atendimento de 41 bares inscritos na 10º edição do festival, que acontece entre 11 de abril e 11 de maio. Para agitar ainda mais a disputa, os bares oferecem atrações musicais e intervenções artísticas, como o “Arte de Banheiro”, feito por artistas plásticos convidados. No fim, quem ganha é o cliente. www.comidadibuteco.com.br

A Broadway é aqui A temporada dos grandes e luxuosos musicais adaptados diretamente da Broadway para o Brasil está aberta em São Paulo. Até o dia 6 de abril, no Teatro Cultura Artística, é possível conferir a força e o impacto do musical de Elton John e Tim Rice, “Aída”, baseado na ópera de Giuseppe Verdi. A trama reúne situações comuns à história humana no amor proibido entre a princesa da Núbia, Aída, e o seu algoz, Radamés, o capitão egípcio. Também em São Paulo fica em cartaz no Teatro Alfa, até julho, uma montagem inédita de “West Side Story”. Ambientada na Manhattan dos anos 60, “West Side Story” conta a história de amor de Tony e Maria. Trata-se de uma adaptação moderna de Romeu e Julieta, de Shakespeare. www.culturaartistica.com.br e www.teatroalfa.com.br

Banquete real A expressão comer como um rei nunca foi tão levada a sério como no restaurante Imperatriz Leopoldina, do Hotel Solar do Império, na cidade de Petrópolis. Experimentar pratos como o Canard à L’orange - pato ao molho de laranja, palmitos grelhados e purê de mandioca - é conhecer um pouco das preferências alimentares da família real. As criações são da chef Cláudia Mascarenhas, que empreendeu a pesquisa por dois anos para comemorar os 200 anos da chegada da coroa portuguesa ao Brasil. Os pratos levam alguns ingredientes trazidos pela corte, que hoje estão incorporados à nossa mesa, e outros tipicamente brasileiros, que conquistaram o paladar dos nobres. www.solardoimperio.com.br

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Foto Bob Menezes modelo16_living01.indd 13

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Living

mundo

• da redação • fotos de divulgação •

Festival Coachella 2008 Quem estiver passeando pela Califórnia nos dias 25, 26 e 27 de abril não pode deixar de participar de um dos festivais que mais tem crescido nos últimos anos, o Coachella. Durante esses dias o público poderá assistir a shows de The Arcade Fire, Artic Monkeys, Portishead, The Verve, Sonic Youth, Roger Walters e mais outras cem bandas de gêneros variados. É a oportunidade de ver de perto grandes ícones da música mundial. www.coachella.com

Tradição e absinto Na hora de conhecer a movimentada vida noturna de Barcelona, a parada é obrigatória nos bares do bairro do Raval, com destaque para o lendário Marsella. Funcionando desde 1820, o bar é tradição dos espanhóis e reza a lenda que artistas como Salvador Dalí e Picasso freqüentavam o local. Ao chegar, impossível não se encantar pelo aspecto aconchegante e boêmio do lugar. Não deixe de tomar o absinto, que é a bebida mais requisitada da casa. Outra dica é chegar antes da meia-noite para garantir uma mesa. Depois desse horário a movimentação fica intensa. Na Sant Pau, 65. Telefone: (00 34 93 ) 442.7263.

Liverpool - Hotel “Hard Day’s Night” Os fãs dos Beatles vão querer economizar para realizar esse sonho de consumo: se hospedar em um novo hotel de Liverpool, o Hard Day’s Night Hotel, inaugurado em fevereiro último. Todo o lugar faz referência ao quarteto. São 110 quartos, dois restaurantes e dois bares que têm decoração inspirada na história dos Beatles. Há quartos de luxo e superluxo, mas a cobiça dos fanáticos pela banda são as duas suítes Lennon e McCartney na cobertura. Reservas: +44 (0)151 236 1964. www.harddaysnighthotel.com

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Básico e antenado

• por Nerusa Palheta • fotos de Diana Figueroa e divulgação •

Criadores da marca Coronel Mostarda, os jovens irmãos André e Beatriz Morbach buscam inspiração na cultura pop para compor peças estilosas, postas à venda pela internet.

Foto Diana Figueroa

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mundo da moda sempre inspirou glamour, fama e luxo. Um universo do qual inúmeros jovens anseiam por fazer parte. Mas a marca Coronel Mostarda, dos irmãos André e Beatriz Morbach, de apenas 21 e 18 anos, respectivamente, dois apaixonados por moda, surgiu como uma brincadeira que deu certo, quando eles decidiram criar suas próprias roupas. A “produção” começou em meados de 2006, com a confecção de camisetas estampadas com serigrafia usando como temas bandas e filmes de que os dois gostavam, como “Le Fabuleux Destin d’Amelie Poulain” ou The Shins. As peças eram feitas num pequeno atelier montado no porão da casa da família, na Cidade Velha. “A gente tinha uma idéia, passava para o computador e depois imprimia nas camisetas”, conta André. Os amigos começaram a se interessar, a demanda cresceu, e eles perceberam que o negócio poderia dar certo. Hoje, o que era vendido apenas para os mais próximos já possui público até fora do Estado. A marca foi inspirada no nome de um dos personagens do jogo de tabuleiro Detetive e a primeira “coleção” foi oficialmente lançada em dezembro de 2006, numa “festinha” (como conta modestamente Bia) num bar de Belém, com direito a apresentação de bandas de rock amigas e exposição de fotografias. Desde então, a produção só tem aumentado e o design das peças ficado mais apurado. “A produção está bem mais elaborada”, esclarece André. Ele cursa publicidade e ela prestou vestibular para artes visuais no início do ano. Mas é a moda que tem consumido os pensamentos dos dois. “A gente tenta cada vez ficar com o acabamento mais perfeito”, revela André. “Olhamos as roupas de marca e procuramos analisar o que as diferencia das outras”, acrescenta Bia. A internet foi a principal ferramenta utilizada pelos irmãos como vitrine para os produtos e para a comunicação com os clientes. “A maioria das pessoas conheceu a gente pela internet, nos viu no Flickr”, fala André. Os dois criaram um blog onde as peças podiam ser vistas e encomendadas de qualquer cidade do país. Assim, receberam uma

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Fotos Lívia Condurú Fotos Gustavo Godinho

Acima, peças da primeira coleção. Abaixo, criações da coleção 2008, inspiradas no universo do cineasta Tim Burton. encomenda de 30 peças para serem vendidas em um brechó em São Paulo e ficaram conhecidos por clientes de Estados como Minas Gerais. Não ficaram só nisso: produziram vídeos bem-humorados para divulgar a marca no Youtube e as peças criadas para 2008. Na nova coleção, os irmãos incluíram vestidos, casacos, camisas e saias inspirados na estética noir do cineasta norte-americano Tim Burton. Buscaram criar peças conceituais, cujos preços variam de R$ 30 a R$ 300, mas com a preocupação de não se tornarem caricatos. “Apesar da estética ser carregada, a gente tem que transformar aquilo para que a pessoa possa usar no dia-a-dia”, explica André. Eles, que já foram do retrô ao clássico, tentam produzir roupas que se mantenham atuais “A moda muda muito. Agora a tendência são roupas coloridas. A gente tenta se encaixar, mas de uma maneira que a roupa se mantenha atual com o passar dos anos”, explica Bia. “Sempre fica aquela idéia de uma coisa mais clássica, que dá pra usar em qualquer lugar, que na próxima estação ela vai continuar sendo legal”, finaliza André. O ensaio fotográfico feito com as peças da nova coleção na Cidade Velha poderá ser conferido no site oficial da Coronel Mostarda a partir deste mês. Apesar da pouca idade, os irmãos mostram que têm visão de mercado. “A quantidade de peças que a gente faz é limitada, não é em larga escala porque para isso é preciso mercado. É o que a gente está procurando. Ainda estamos num processo de crescimento”, avalia André. Quando questionados sobre como é trabalhar entre irmãos, é Bia quem responde categórica: “É um pouco estressante porque é difícil juntar obrigações com alguém da família. Você está acostumado a brigar e tem certa liberdade para cobrar. É bom também”, revela em meio a risadas. Para André, fica complicado “quando um gosta da peça e o outro não”. Até aqui, a fórmula tem dado certo. Eles definitivamente já podem ser considerados inseridos no ainda tímido, porém crescente mercado da moda paraense.

“Sempre fica aquela idéia de uma coisa mais clássica, que dá pra usar em qualquer lugar, que na próxima estação vai continuar sendo legal”

Fotos Gustavo Godinho

André Morbach

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Humor patológico

• por Guerreiro Neto • fotos divulgação •

O sucesso da peça “Surto” e as participações em filmes como “Meu Nome Não é Johnny” fazem a carreira do ator paraense Wendell Bendelack deslanchar. Em novo trabalho no teatro, ele continua a explorar o que mais o seduz: fazer comédia.

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uando o ator paraense Wendell Bendelack leu o livro “Meu Nome Não é Johnny”, de Guilherme Fiúza, teve certeza de que aquela história viraria filme. Em pouco tempo, a produção do longa-metragem estava em andamento. Bendelack soube dos testes para um papel pequeno. Passou, releu o livro e seguiu para as filmagens. Esteve em apenas dois dias de gravação e aparece rapidamente no filme. Gaba-se, mesmo assim, por Sininho – seu personagem – salvar a vida de João Estrella, o jovem de classe média que se tornou um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro, no manicômio. Embora discreta, a participação no filme abriu as portas do cinema brasileiro ao ator, que já se ocupa com as gravações de um novo longa. “Elvis e Madona” é a história de um casal, digamos, pouco convencional: Elvis, uma jovem lésbica, e Madona, travesti de bagagem, formam o par romântico. Bendelack é Bill, melhor amigo de Madona, papel de mais destaque do que Sininho. “Este é um personagem com início, meio e fim”, garante o ator. Se começa a ganhar espaço no cinema, é no palco, de frente para uma platéia apinhada de gente às

gargalhadas, onde está sempre mais à vontade. Fazer comédia o seduz, mas o ator é modesto quando fala sobre ser engraçado. “Não me acho tanto”, confessa. O sucesso de “Surto”, peça em que divide a cena com Thaís Lopes, Rodrigo Fagundes e Flávia Guedes, o contradiz. O espetáculo está há quatro anos e meio em cartaz e as sessões continuam lotadas. Ele nem sabe bem por que o espetáculo tem esse nome. Os atores, aparentemente, não são psicóticos. Mas que, de algum modo, eles surtam em cena, ah, surtam! “A gente surta no sentido de improvisar muito”, admite Bendelack. A única patologia diagnosticada neles – ainda longe de ser curada – é o bom humor. “Surto” virou divisor de águas na carreira dos quatro atores. Na opinião de Bendelack, o sucesso da peça tem dois motivos: “Primeiro, a gente ama o que está fazendo. Segundo, (a peça) é feita com muita sinceridade. Tudo o que a gente fala é o que a gente pensa”, revela. O espetáculo é dividido em esquetes e brinca com a banalização que virou a profissão de ator. A personagem de Bendelack atende pelo nome

de Jezebel, uma atriz frustrada que virou professora de interpretação e vive dos workshops que ministra. Depois do tiroteio, o sucesso Wendell Bendelack de Paula Dias tenta apagar da memória o dia em que saiu de Belém, em março de 1996. A mãe estava triste a ponto de não acompanhá-lo até o aeroporto e nem sequer sair do quarto para se despedir. Em menos de um mês no Rio de Janeiro, o ator presenciou um tiroteio, cena que o abalou profundamente. Queria voltar, estava assustado com as mudanças. Ligou para a mãe, mas ela foi incisiva: “Não quis ir?! Agora fica aí!”. Ele ficou. Hoje, aos 34 anos, orgulha-se por viver da arte. Continua a temporada de “Surto” no Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping, com apresentações às 18 horas. Às 21 horas, já está pronto para entrar no palco de novo, dessa vez no Teatro Glória, para encenar “Mamãe Não Pode Saber”. Esta última peça, também uma comédia, estreou este mês e tem no elenco o mesmo quarteto de “Surto”. A direção é de João Falcão, para quem Bendelack não poupa reverências. “Ele é um mestre”, elogia.

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“Tudo o que a gente fala na peça é o que a gente pensa”

A última peça em que Bendelack atuou em Belém foi um musical infantil com texto de João Falcão, “Pequenino Grão de Areia”. No Rio, a admiração pelo diretor só fez crescer. O ator fez sua estréia no cinema em “A Máquina”, dirigido por Falcão, e também participou de “Sexo Frágil”, série de humor em que Falcão assinava a redação final. Bendelack pouco assistia e se interessava por teatro até participar, em 1992, em Belém, de uma oficina de interpretação com Edgar Castro, do Grupo Experiência. Iniciou a carreira como ator na peça “Rato por Lebre”, adaptação de “O Inspetor Geral”, de Nicolai Gogol, que ficou seis meses em cartaz no Teatro Margarida Schivasappa. Antes de zarpar para o Rio de Janeiro, esteve ainda no elenco de “A Gata Borralheira”, “Foi Boto, Sinhá” e “A Menina e o Vento”. Com a repercussão na mídia e os aplausos do público nas apresentações de “Surto”, Bendelack e seus companheiros de cena chegaram à televisão. O ator paraense participou de quase todos os programas humorísticos que estão no ar na TV Globo e fez aparições

nas novelas “Malhação” e “Duas Caras”. Saudosista, diz que é fã de “TV Pirata” e define em apenas duas palavras o humor que se faz hoje na televisão: “Bem medíocre”. Ator de direito Foi por insistência da mãe, Terezinha, que Bendelack entrou no curso de Direito da Universidade da Amazônia. “A pressão dela era feita pensando no futuro”, justifica o ator, que desde 2003 divide o apartamento do Rio com a mãe e fiel companheira. Com 21 anos, estava com o diploma nas mãos, mas pronto para investir em outra carreira. No Rio, matriculou-se na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Teve dinheiro para pagar os primeiros seis meses de curso, mas só concluiu os estudos ao assumir papéis diferentes na CAL – de manhã, era aluno; à tarde, recepcionista. Em 2000, passou a fazer produção de teatro e não negava o que mais aparecesse para ajudar no orçamento. “Fiz de tudo”, confirma. Até animação de

festas e eventos está em seu currículo. Vez por outra, participava de uma peça, mas precisava de estabilidade financeira, coisa que o teatro não dava. O jeito foi recorrer ao que aprendera nos bancos da universidade e aceitar uma oferta de emprego na Justiça Federal. Bendelack tirou o terno e a gravata do armário e passou a defender os mutuários contra a Caixa Econômica Federal. Trabalhou como advogado de 2001 a 2004. Às vezes, saía do escritório dizendo que ia ver como estava o andamento de um processo. Mentira. Atuava em algum espetáculo infantil e voltava correndo ao trabalho, ainda com resquícios de maquiagem no rosto. Durante os segundos que tem para trocar de roupa entre um esquete e outro de “Surto”, o ator agradece por fazer o que gosta. Na peça, a professora Jezebel dá um conselho – roubado de Fernanda Montenegro – para os iniciantes na arte de atuar: “Desista, desista, desista. Mas, se você quer muito, persista”. Bendelack não tem como discordar da personagem.

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entrevista • por Aline Monteiro • fotos de divulgação •

Em busca do outro Desde que Amyr Klink cruzou o Oceano Atlântico num pequeno barco a remo, completamente sozinho, em uma viagem que durou cem dias, há mais de 20 anos, seu nome é quase sempre associado à navegação em solitário e à figura do herói capaz de grandes exercícios de superação. Mas ao conversar com o navegador - falante, simpático e bem-humorado, embora reservado -, a idéia do recluso homem do mar rapidamente se desfaz. Em Paraty, cidade onde ele passou a infância e adolescência, foram antes os livros do que os barcos que o fizeram abrir os olhos para o mar. E antes o desejo de conhecer o outro no processo e ao final das viagens do que estar a sós em uma imensidão de água. Trocou a administração pelos veleiros porque sabia que essa era uma forma possível de viajar.

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myr sempre construiu os barcos em que viajou, mas diz que a experiência de estar em seu barco (hoje arrendado para o governo da Austrália) apenas como tripulante não incomoda nem um pouco. Anti-social? Ao que parece, outro clichê: cultiva amigos que encontra há anos em meio às viagens para os lugares mais remotos, e diz que em tempo de calmaria, há espaço para churrasco e bebedeira, a um modo bem brasileiro. Interessado em conhecer, tem se empenhado em pesquisar não só novas possibilidades de madeiras que substituam as espécies tropicais na fabricação de barcos, como os biocombustíveis de segunda geração. E se você pensa que a vida de Amyr Klink só se faz dentro de barcos, esqueça. O que ele sonha agora é com uma viagem pelas estradas da América do Sul em companhia da mulher Marina e das três filhas. Onde foi que começou essa sua relação com o mar? Tem a ver com a infância em Paraty? Acho que não. Até escrevi sobre isso. Eu teria pas-

sado a vida inteira em Paraty, criando craca nas canelas e não teria dado importância ao mar. Comecei a me interessar a partir dos livros. Comecei a estudar literatura francesa e lia os relatos dos viajantes. Um dia, vi chegar por lá um barco francês. Eu devia ter 14, 15 anos. Mais tarde, com 18, 19 anos, eu descobri que aquele barco era o Damien, que fez a invernagem na Antártica com um casal, Jérôme e Sally Poncet, que acabou tendo um filho lá. Descobri isso lendo o livro escrito por ela (1). Muito tempo depois, eu fiquei amigo deles. A gente se encontra a cada dois, três anos na Antártica. O que mais gostei no livro é que não tinha aquela coisa de herói, de alguém fazendo algo extraordinário. Eles trataram essa experiência de uma maneira muito simples. Detesto esse mundo dos aventureiros espetaculares. Foi daí que veio o interesse pelos veleiros? Em Paraty, quando a gente falava de ir para a Ponta da Juatuba, para Sepetiba, o mar era sempre um obstáculo. Depois que comecei a ver esses barcos

que chegavam por lá, percebi que o mar também era o meio, o caminho para chegar aos lugares. Quando avistei um veleirinho pequenino que estava indo para o Japão, a China, entendi que essa era uma forma de viajar, uma vez que você saiba o que fazer. O meu interesse maior eram as viagens. Para isso, saber fazer o próprio barco era preciso. Num barco, você mora dentro, vive lá, cozinha, escreve, trabalha lá. Você chegou a estudar administração. Como aconteceu de deixar tudo para virar velejador? Nunca imaginei o que aconteceria. Terminei o curso de literatura e depois de administração. Trabalhei com gado, com madeira. Tinha quase 30 anos quando fiz a primeira viagem com o barquinho a remo (2). Eu sabia que esses caras mesmos construíam seus barcos. Continuei com cuidado até o dia do barquinho a remo nesse exercício de projetar barcos. A idéia era trabalhar com algo que me desse prazer, que eram os barcos. Essa coisa de fazenda era muito burocrática. Mas existe também nisso tudo o que faço uma parte

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que é burocrática e que é pesada. É criativa, mas é pesada também. Eu sempre viajo em barcos concebidos no Brasil e para isso é preciso uma estrutura. Para mim, esse processo é interessante, porque você materializa, opera um projeto. Você criou duas empresas para organizar a infra-estrutura por trás das viagens. Nisso ajuda ter tido a experiência de administrador? Esse mundo do terno e gravata nunca me agradou. Acho que não usei nem quando meu pai morreu, só para o casamento, porque senão não tinha. Nunca quis trabalhar com isso. Mas não adianta ser sonhador se não resolver a parte do dia-a-dia. Tem que ser um gestor competente de pessoas e de projetos. Seria difícil viajar sem isso. A imagem que foi construída a seu respeito é de uma pessoa que aprecia a solidão. É isso mesmo? No começo, construí muitos barcos para navegar

sozinho. Mas por trás disso, existe a experiência com um grande número de pessoas para a construção – e das mais diversas. Desde o cara de Harvard, até o que não tem estudo nenhum. É interessante viajar com tripulação, porque você conhece as pessoas. No mar, não tem como o sujeito enganar os outros. Se tem bandido, vai mostrar o que é, o que se diz corajoso... Às vezes pessoas completamente desajeitadas dão ótimos marinheiros. Na convivência no mar a pessoa mostra o que é, cristalinamente. Já viajei com gente problemática, neurótica, indolente. Até quando a pessoa assume sua parca disposição para se mexer, é melhor. É interessante. Essa imagem que têm de mim é uma imagem feita a partir da cultura da orelha do livro, sem ler o livro. Não gosto de estar sozinho. Gosto da vela em solitário porque é uma técnica interessante, onde você não resolve nada na estupidez ou na força. É preciso que seja na calma, no talento. Mas mesmo nas viagens que fiz sozinho, sempre há muita gente em torno disso. O que não sou é muito de fazer social, de badalação, de festa VIP.

E o que você gosta de fazer quando está em terra firme? Gosto de andar para todo lado observando as pessoas, as coisas. Tenho mexido muito com madeira. Cansei da madeira tropical, que é usada em 85% dos barcos. Estou estudando substitutos como eucalipto e bambu que, quando laminado, produz madeira muito melhor. Estou pesquisando mudas na Costa Rica e na Colômbia, plantando mudas de bambu. Mas é difícil conciliar essa vida de viagens, muitas vezes sozinho, com a vida em família, sua esposa e filhas? A Marina, quando me conheceu, já foi desse jeito. De certo modo, ela também gosta um pouco disso. Quando nasceram as filhas, no começo achei que seria difícil. Mas hoje se tem o privilégio de ter um monte de meios de comunicação. E você sabe que essas ausências são por um período que tem fim. Claro que no caso de quem navega, não tem tudo tão planejado

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“No mar, não tem como o sujeito enganar os outros. Se é bandido, vai mostrar o que é, o que se diz corajoso... Às vezes pessoas completamente desajeitadas dão ótimos marinheiros. Na convivência no mar a pessoa mostra o que é, cristalinamente.”

Amyr, em 1991, na invernagem Antártica, projeto em que percorreu 27 mil milhas da Antártica ao Ártico, em 642 dias. Acima, as filhas do navegador na “casa de praia” dos Klink.

assim, porque acontecem imprevistos. Mas as viagens têm um final. Falando em imprevistos, qual a pior situação pela qual você já passou no mar? Foi na primeira volta ao mundo. Como era numa região onde nenhum barco tinha navegado continuadamente, eu errei completamente de estratégia. Achei que o meu principal problema seria me manter acordado, por conta das ondas gigantes. Eu me preparei para ter períodos de sono de apenas 40 minutos. Mas a maior dificuldade foram as calmarias. Às vezes se tinha 4, 5 ou 6 dias por semana sem vento. Não conseguia manter a média de velocidade para cumprir a meta de circunavegação pela Antártica. A gente constrói um universo de monstros imaginados e o mundo dos barcos é cheio dessas surpresas. São os pequenos detalhes e não as grandes catástrofes

que criam os problemas. Às vezes você dorme cinco minutos a mais e está feita a tragédia. Mas estar no mar não é só isso. Quando tudo está tranqüilo, também tem churrasco, bebedeira.

navegadores, porque ali se tem uma espécie de filtro. Não há espaço para você se diferenciar por condição social. Quem tem tendência a ser prepotente ou presunçoso, volta na mesma hora.

O que impulsiona você a pensar um novo projeto, uma viagem? O melhor é quando termina, é o alívio. É que nem andar de moto. O grande prazer é quando a gente desliga. É algo maior do que ter feito algo diferente ou especial. Você conhece gente interessante, culturas diferentes, quebra um pouco dessa casca de que o mundo é como a gente pensa. Descobre que quanto mais simples as coisas, melhor. Conheço muita gente que era funcionário obscuro de alguma empresa, ou que era dono de conglomerados e que depois que descobriu isso, não voltou mais para o terno e gravata. Acaba que se forma uma comunidade de

Você tem voltado à Antártica agora como guia? Como é esse trabalho? Tenho trabalhado com uma empresa norueguesa que faz viagens com turistas em bases de pesquisa, e também estão começando a montar uma estação própria, porque existe um precedente para isso quando você atua na manutenção dos sítios históricos. É algo que gosto de fazer. Não tenho preconceitos sobre de que forma eu vou para lá. Agora meu barco está arrendado para o governo da Austrália e, nesse caso, faço as viagens como tripulante, o que é legal, porque você não tem o estresse de estar comandando o barco. Quando vou com os noruegueses, vou

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“A gente constrói um universo de monstros imaginados e o mundo dos barcos é cheio dessas surpresas. São os pequenos detalhes e não as grandes catástrofes que criam os problemas. Às vezes você dorme cinco minutos a mais e está feita a tragédia.”

Referências citadas pelo autor durante a entrevista (1) Le Grand Hiver (O Grande Inverno), de Sally Poncet, livro publicado originalmente em 1982 pela Editions Arthaud, sobre a viagem que ela e o marido Jérôme fizeram à Antártida, onde passaram um inverno inteiro a sós a bordo do Damien 2, e onde ela deu à luz o filho Dion. (2) Em 10 de junho de 1984, Amyr Klink partiu sozinho de Lüderitz, na costa da Namíbia, com um barco a remo construído por ele mesmo para o que foi a sua primeira grande viagem marítima. Cem dias depois, aportou na Praia da Espera, no litoral baiano. Paratii 2 durante a viagem experimental do projeto Viagem à China, que alcançou o Círculo Polar Antártico.

para fazer logística. Agora vou levar as minhas filhas para lá pela terceira vez. É uma baita de uma preocupação ter crianças no barco, mas também é muito bom. Mas elas gostam mesmo é de ir no veleiro, quando estamos só nós, porque têm mais liberdade para ficar mais nos lugares onde a gente gosta. E qual é a relação delas com o espaço? Nunca quis forçar minhas filhas a isso, mas elas tratam a Antártica como se fosse a casa de praia da família, um parque em que elas vão nas férias. Ficam perguntando coisas como ‘será que vamos encontrar o filhote de pingüim que nasceu durante a última viagem?’ ou ‘será que aquela pena que deixamos da outra vez vai estar lá?’ Muito se fala sobre aquecimento global, mudanças climáticas. Nesses anos em que você

tem viajado pelo mundo, o que percebeu? Não sou a pessoa certa para falar sobre isso. Até porque os 20 e poucos anos em que viajo são um tempo muito curto para isso. Tudo o que vi acontecer confere com o que a gente vê nos noticiários, mas existe um certo exagero. Essa coisa de dizer que Nova Iorque vai ficar submersa. Daqui a cem ou 200 anos, talvez, mas até lá não existirá mais prédio de concreto em pé. Estamos no quarto ciclo glacial e a Terra já foi muito mais quente. Dentro de um largo espectro, não há nada de anormal no que está acontecendo, faz parte da história da humanidade. E quais são seus projetos atuais? Quero fazer três ou quatro viagens por ano para a Antártica. Não quero mais fazer barcos para mim, mas para os outros. Estou encantado com a história dos materiais renováveis e com os biocombustíveis

de segunda geração. Queria fazer projetos mais eficientes para os domos geodésicos também. Domos geodésicos? São esferas feitas de pentágonos e hexágonos que são as estruturas matemáticas mais interessantes. Houve um grande boom dessas estruturas há algum tempo. Podem ser usadas em residências, em coberturas de grandes espaços, porque têm baixíssimo peso e custo e altíssima resistência. Mas desandou um pouco porque faltou a evolução da técnica. E agora, existe alguma viagem nova sendo planejada? Quero fazer um projeto de viagem por terra, com a família, pela América do Sul. Espero continuar viajando, talvez trabalhar menos e passar mais tempo viajando.

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música • por Juliana Oliveira, Irna Cavalcante e Guerreiro Neto • fotos: Diana Figueroa e acervo • arte: Leandro Bender •

Pará cheio de bossa

No ano em que a bossa nova completa seu cinqüentenário, Living resgata histórias e curiosidades sobre como o movimento musical ecoou em Belém.

Galdino Penna, Paulo André Barata, Nego Nelson e Maca Maneschy relembram as antigas reuniões musicais embaladas pela bossa e mantêm o ritmo como influência em suas composições.

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aldino Penna é o primeiro a chegar. Ele se desculpa pela demora, mas não estranha o atraso dos demais entrevistados. O garçom logo o reconhece e pergunta: “Será uma cerveja?”. Ele retruca: “Uma água para tomar um remédio”, afinal, é preciso cuidar da saúde. Com o tempo fechado, há certa melancolia em nosso lugar de encontro. O Bar do Parque vai ficando vazio, mas assim como Galdino – o boêmio que hoje se vê obrigado a declinar uma cerveja –, ainda é o mesmo em essência. Ambos guardam as memórias das rodas de bossa da década de 70. A chuva começa e somos obrigados a nos refugiar no Teatro Waldemar Henrique. Em alguns instantes, Paulo André Barata e Maca Maneschy chegam. De cara, Paulo faz o gênero de inveterado boêmio, insiste em voltar ao bar assim que a chuva afina e avisa: “Não falo nada sem uma cerveja”. Maca, apontado por todos como o mais bossa-novista dos amigos, é, também, o mais lacônico. Depois da chegada do último entrevistado, Nego Nelson, datas, nomes e histórias embalam a conver-

sa, que se confunde entre gargalhadas, palavrões e saudosismo. Num feito classificado por eles como “quase inédito”, os quatro estavam juntos para relembrar o que significou a bossa nova para Belém nos primeiros anos do movimento musical. “Me pergunta o que é bossa nova”, dispara Paulo André, incisivo. “Eu te digo, é a exploração do contratempo e o uso dos acordes dissonantes”. Seguemse as intervenções de Nego, explicando que antes todos acordes musicais eram naturais. “Mozart foi o primeiro a segurar notas durante a execução musical e músicos como Busset, Ravel e Villa-Lobos criaram a base para os acordes dissonantes que seriam descobertos por João Gilberto”, ensina o volonista. “Em Belém, tudo começou com o De Campos, exímio violonista”, inicia Galdino. “Ele foi o primeiro aqui a tocar a batida e os acordes da bossa e a ensiná-los também”. Antes dele, eram as lamúrias chorosas dos boleros, que o público cantava junto, que faziam sucesso em Belém, assim como as valsas e a formação clássica do instrumentista Tó Teixeira. Daqui a pouco, alguém lembra: “Mas havia também o

Álvaro Ribeiro, ele era muito bom tocando bossa”. A referência era ao pianista português que muitas vezes, assim como outros músicos, integrou as rodas de bossa nova que aconteciam no Bar do Parque. Já José Guilherme Ribeiro de Campos, mais conhecido como De Campos, ou Zeca de Campos, era advogado, poeta e músico. Numa tarde de 1958, enquanto fazia a barba, ouviu no rádio “Chega de Saudade”, de João Gilberto. Alucinado com a descoberta, conta-se que saiu do barbeiro decidido a aprender aquela nova batida. Pouco tempo depois, tornou-se amigo de Nilo Queiroz - oficial da aeronáutica que foi parceiro de Vinícius de Moraes em “Ai de Quem Ama” - e de Billy Blanco, que o apresentou a nomes que depois se tornariam referência da bossa, como Elizeth Cardoso, Baden Powell e Roberto Menescal. Paulo André, então um molecote, teria sido o primeiro a aprender o gênero com De Campos, que era amigo de seu pai, o escritor e compositor Ruy Barata. “Lá por 1961, papai levou o De Campos em casa e me apresentou ele como sendo amigo do Baden e dos Cariocas.”

À esquerda, as movimentadas reuniões na casa de Hélio e Déa Castro, núcleo da bossa em Belém. À direita, Paulo André e Álvaro Ribeiro (ao piano) em ação.

de passagem pelo rádio Foi curto o tempo que a bossa nova tocou nas rádios paraenses. Na época, início dos anos 1960, a televisão começava a se estabelecer no Estado e não havia rádio FM. As duas únicas emissoras AM em funcionamento – Rádio Clube e Marajoara – recebiam discos de bossa nova de gravadoras cariocas como a Elenco, do produtor Aloysio de Oliveira, que logo iam para o ar. Só que os ouvintes se perguntavam: “Cadê aquele vozeirão dos cantores da Era do Rádio?” Em menos de cinco anos, os LPs de bossa nova foram arquivados para que

os reis do iê-iê-iê estacionassem seus calhambeques em frente às rádios e dominassem as paradas de sucesso. Segundo o radialista Edgar Augusto Proença, a bossa era apenas uma música simpática para os ouvintes e não estourou no rádio. “Quem gostava de bossa nova em Belém era uma classe mais sofisticada, que comprava os discos diretamente no Rio de Janeiro”, conta. No dial das emissoras paraenses, a bossa esteve de passagem, sem se tornar popular.

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Aí veio a reação em cadeia. O contato de Galdino com a bossa foi por meio do Paulo. “A primeira vez que ouvi, foi na antiga sede do Remo. O Paulo estava tocando, as meninas em volta, todo mundo querendo saber o que era aquela música e eu de olho para aprender”, relembra. “Antes era música cafona”, prossegue Paulo. “Lembro de uma vez que o Mauro Rodrigues, um músico da época, me chamou para acompanhá-lo no antigo Pará Clube, mas avisei que se ele começasse a cantar música cafona, eu iria embora. Quando começou com Altemar Dutra, parei. Ele insistiu, eu arranhei o violão. Da terceira vez, levantei e o deixei lá.” Nego Nelson - que assim como Galdino, atualmente é professor de música -, era um dos mais jovens do grupo, mas participou desde o princípio da agitação provocada por aquela nova música e logo se destacou por suas interpretações como instrumentista. “Ainda hoje digo para os meus alunos que quem quiser ser um bom músico precisa conhecer bossa nova. Quem não conhece, também não conhece a música brasileira”, diz Nego. Ele lamenta que exista pouca documentação em Belém sobre o que foi

produzido e tem se lançado num projeto de pesquisa dessa produção. Os amigos lembram que entre 1960 e 1970 existia um intercâmbio forte entre o Rio de Janeiro e Belém. De Campos realizava alguns saraus com importantes nomes da bossa em sua casa. Mesmo com toda essa influência, apenas Maca, o temporão do grupo, permaneceu fiel até hoje ao gênero. “Quando eles começaram, eu era muito jovem, e no início só tocava o rock iê-iê-iê. A bossa veio depois quando já não havia tanta movimentação em torno do tema.” Cada um dos amigos enveredou por um estilo diferente. As reuniões no Bar do Parque iam além da bossa. “Aqui ouvíamos muito música das Guianas, e cada um tinha um jeito de tocar bossa”, emenda Nego. Galdino lembra: “Na hora de pagar a conta, o garçom já tinha incluído nossa despesa na dos marinheiros e turistas”, diverte-se, mas ressalta que só o show que eles davam já pagava a conta. Nessas rodas de bossa, além dos amigos, outros músicos paraenses marcaram presença, como Everaldo Pinheiro, Ruy Barata, José Bastos, Sebastião Tapajós e tantos outros.

Bossa, praia e futebol Nesse intercâmbio cultural, alguns paraenses também passaram pelo Rio de Janeiro, como Galdino Penna e Paulo André. Tendo o músico João Donato como vizinho e João Gilberto como assíduo freqüentador do apartamento de Paulo, na década de 60 as influências ficaram cada vez mais fortes. “Uma vez bate à porta aquela figura franzina com um paletó enorme. Era o João Gilberto. Mas por um tempo ficou aquela tensão, porque pensamos que era um polícia, só víamos a roupa”, conta Paulo. O auge da convivência entre os músicos foi quando Galdino acabou expulso do pensionato em que morava, por mau comportamento – leia-se: companhias femininas constantes e variadas no seu quarto. Na mesma época, João Donato havia brigado com a namorada. “Como um apartamento ficava de frente para o outro, fazíamos de conta que era um só, as portas ficavam sempre abertas”. Durante esse período, eles aproveitaram a vida como bons cariocas de classe média: bossa nova, praia e futebol. De volta a Belém, em fins de 1960, o encontro entre os músicos passou à casa do advogado Hélio Castro e sua esposa, Déa. Lá se reuniam De Campos, Galdino Penna, Guilherme Coutinho, Ruy e Paulo André Barata, Nego Nelson, entre outros. As reuniões começavam às 21 horas e iam até o casal expulsar os convivas. Com o tempo, a casa da esquina da avenida Braz de Aguiar com a Dr. Moraes passou a ser conhecida como “Cortiço”. “Hélio tocava música clássica num piano da sala, tinha um sofá e umas cadeiras. A gente também sentava no chão e fazia música. Dali emendávamos caminho para boates e bordéis, as grandes músicas eram feitas nos ambientes das profissionais do sexo... o Álvaro Ribeiro tocava no Pagode e o Guilherme Coutinho, numa boate”, conta Paulo André. Para o compositor e pesquisador da história da música paraense e brasileira, Alfredo Oliveira, autor do livro “Ritmos e Cantares”, a bossa nova teve o mérito de introduzir a moderna música brasileira no Pará. “O Estado sempre foi um local de produção de todos os gêneros. Os que formaram movimentos mesmo foram o choro e o samba”, explica, afirmando que a bossa não seguiu o mesmo caminho. “Ela trouxe os acordes modernos, mas não criou movimento.”

Paulo André com De Campos, o primeiro músico a tocar e ensinar bossa nova em Belém.

Samba cosmopolita A abertura econômica e a promessa de crescimento acelerado disseminavam a idéia de progresso no Brasil dos anos 50. A música e outras artes ganharam esse espírito. “A bossa nova significou um arejamento, uma abertura de horizontes musicais, enfim, uma modernização na música popular”, explica José Estevam Gava, músico, doutor em história e professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Com esse som “moderninho”, a bossa ganhou adeptos. E críticos vorazes. Diziam que a música era alienada e americanizada. Segundo Gava, “críticas legítimas”. A bossa nova nasce junto à classe média, mais preocupada em atu-

alizar as formas musicais do que tratar de problemas sociais ou fazer críticas políticas. Na estética, guarda traços do cool jazz tocado na costa oeste dos Estados Unidos. O que a Bossa Nova reformulou no jeito de fazer música no Brasil influencia, até hoje, a produção do cancioneiro do país. Gava, autor de dois livros sobre o tema – A Linguagem Harmônica da Bossa Nova (Unesp, 2002) e Momento Bossa Nova (Annablume, 2006) –, acredita que a bossa já nasceu cosmopolita. Mas lembra um detalhe importante: “Bossa nova foi e continua a ser samba. Quer algo mais brasileiro?”

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Ele conta que uma das mudanças nacionais provocadas pelo gênero foi o modo de ouvir música. “Antes as pessoas cantavam com o cantor. A bossa era só para ouvir, aquela coisa mais subjetiva, de sentir a mistura do samba com jazz e música erudita, introduzida muito pelo Tom Jobim, já que a batida veio do João Gilberto”. Por aqui, ele cita dois grandes momentos: o De Campos, como divulgador do gênero; e Leila Pinheiro que, depois de Nara Leão, a primeira musa da bossa, tornou-se a segunda musa, a inspiradora. Samba de casa No meio de toda efervescência cultural que emergia pelos botecos e teatros do Rio de Janeiro nos idos dos anos 1950/60, nomes de paraenses como Billy Blanco, Ismael Netto e Severino Filho ajudaram – e ajudam até hoje - a escrever a história da bossa nova no Brasil. Para eles, falar de amor, dos encontros furtivos e da saudade era falar da beleza, harmonia e do bom humor que o dia-a-dia reserva para cada um de nós. Sempre acompanhados de um bom arranjo e um violão, cantavam a beleza das curvas femininas e as curiosidades do cotidiano. Foi assim que Billy Blanco, 84 anos, deu uma importante contribuição para a consolidação do movimento bossa-novista no Brasil. É dele a autoria dos versos – alguns ainda da pré-bossa nova – de “Samba Triste”, “Sinfonia do Rio de Janeiro”, “Estatuto da Gafieira”, “O Morro” e “Teresa da Praia”, esta última, aliás, eternizada nas vozes de Dick Farney e Lúcio Alves, e fonte de inspiração para artistas iniciantes naquela época, como Chico Buarque. “A Tereza nunca existiu. Na verdade, eu e Tom fomos chamados para escrever uma música que fizesse um joguete entre os dois, que eram tidos como os grandes cantores da época. Era uma forma de acabar com aquela história de rivalidade que queriam colocar entre os dois e foi um sucesso tremendo”, relembra Billy. Aos 19 anos, trocou Belém por São Paulo e, posteriormente, pelo Rio de Janeiro, para estudar arquitetura. Mas acabou descobrindo na música sua verdadeira vocação. Foram mais de 500 canções compostas, 300 delas gravadas, e uma infinidade de parcerias com os grandes nomes da música popular brasileira. De Tom Jobim a Baden Powell, passando por Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Radamés Gnatalli, João Gilberto e pelo também paraense Sebastião Tapajós. “As parcerias foram acontecendo naturalmente, era um que chamava o outro. As reuniões nas casas dos amigos e as músicas foram surgindo. Foi muito prazeroso pra mim participar deste movimento, que colocou a música brasileira em destaque no cenário mundial”, declara o compositor. Ele conta que, apesar da distância da capital paraense, nunca

Em início de carreira, Os Cariocas, uma das grandes referências do gênero.

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e de outros países. O que talvez a maioria das pessoas não saiba é que dois dos primeiros cariocas, os irmãos Ismael Netto e Severino Filho, eram, na verdade, paraenses. “Como toda invenção, a bossa nova não foi feita num só momento. Foi um detalhe aqui, uma outra experiência ali, que fizeram daquele arranjo no violão, o vocal arrumado, uma coisa nova. Em 1955/56 já tínhamos um vocal bonitinho, mas parece que sempre estávamos procurando mais. Sentíamos necessidade de sair um pouco daquele baticum ou das músicas estrangeiras que tocavam nas rádios, éramos jovens, queríamos falar das coisas da nossa terra sem todo aquele sofrimento dos sambas-canções”, relembra Severino Filho, 80 anos, que nasceu em Belém, mas mudou-se para o Rio de Janeiro com a família aos três anos de idade. Para se ter uma idéia do sucesso do grupo, entre 1962 e 1967, Os Cariocas gravaram seis álbuns de grande repercussão, lançando em primeira mão algumas canções que se transformaram em “hits” da bossa nova, como “Rio” (Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli), “Samba de uma Nota Só” (Tom Jobim e Newton Mendonça), ”Só Danço Samba” (Tom e Vinícius de Moraes), “Samba do Avião” (Tom Jobim), “Minha Namorada” (Carlos Lyra e Vinícius) e “Ela é Carioca” (Tom e Vinícius), entre outras.

”Era um momento muito bonito que o Brasil atravessava, não era como hoje, se tocava muita música de qualidade. A mídia dava espaço para inovações, os compositores eram muito procurados e os arranjos eram bem trabalhados”, lembra Severino. Dos momentos de glória, a incursão do grupo no circuito internacional é do que ele tem mais saudade. Na Argentina, México, Porto Rico e Estados Unidos, houve casas cheias em todas as apresentações. O sucesso do grupo - e da bossa nova - foi tanto lá fora que foi convidado a se apresentar no famoso programa da rede NBC, “The Tonight Show”, de Johnny Carson. “Foi um momento mágico. Era um regojizo ver a música brasileira fazendo sucesso lá fora, ver aquela orquestra que é reverenciada no mundo todo nos aplaudir de pé.” O grupo, que passou por cinco formações e alguns recessos (um deles de mais de vinte anos), continua na estrada até hoje. Ao lado de Severino (primeira voz e piano), estão Hernane Castro (segunda voz e bateria), Nil Teixeira (terceira voz e contrabaixo) e Elói Vicente (quarta voz, solista e violão). A explicação para tanto sucesso? Para Severino, a resposta está há 50 anos na ponta da língua: “A bossa nova é uma bênção para a música brasileira porque é de qualidade, permite caprichar nos arranjos, porque é leve e tem fôlego para sobreviver por muitas gerações.”

foto Marcel Blanco

deixou de beber na fonte de suas raízes na hora de compor. Tanto que fez composições especialmente sobre a Baía do Guajará, falou sobre a pupunha cozida, a pororoca, e tantos outros temas paroaras. “Tenho todas as referências boas e positivas do Pará e do tempo em que morei lá. Todos os anos volto sempre no mês de outubro.” Mesmo sem a agenda lotada de shows como antes, ele guarda com carinho as reflexões daquela época. “O Brasil devia se orgulhar de quem teve peito de mudar a música brasileira. Recomendo sempre: haja o que houver, nunca parem de cantar.” Mas falar da bossa nova no Brasil é falar também do show “O Encontro”, de 1962, na boate carioca Au Bon Gourmet, evento que reuniu pela primeira e única vez João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e o grupo Os Cariocas e que ficou 45 dias consecutivos em cartaz. Foi nessa época que foram apresentadas ao grande público canções como “Garota de Ipanema”, introduzida por um bate-papo em rimas. Os Cariocas, quarteto vocal e instrumental do Rio de Janeiro, aliás, é considerado até hoje um marco na MPB desde quando seu estilo trouxe uma nova perspectiva para os grupos vocais. Sua característica inovadora, aliada a arranjos sofisticados e elaborados, foi aclamada por críticos e adquiriu enorme prestígio junto ao público e entre os músicos do Brasil

À esquerda, Billy Blanco entre Oscar Castro Neves e Bebeto, do Zimbo Trio. À direita, durante a homenagem que recebeu em 2005, com a presença da nova musa da bossa, Leila Pinheiro.

Ela é carioca Além do baiano João Gilberto – um dos criadores da bossa nova – e dos paraenses Ismael Netto, Severino Filho e Billy Blanco, outros nomes importantes da bossa vieram de fora do Rio de Janeiro. João Donato, por exemplo, é do Acre. Roberto Menescal e Nara Leão, do Espírito Santo. Mas eles não se mudaram para o Rio à procura do novo estilo. Estavam lá antes, uns desde a infância, outros na juventude. Sob aqueles ares, se aprimoraram musicalmente. Mesmo com protagonistas vindos de outros lugares, não há como negar, a alma desse estilo musical é carioca. Para o jornalista, crítico e produtor

musical Zuza Homem de Mello, a bossa só podia nascer no Rio. “Não existia em outro lugar uma esfera musical como a do Rio de Janeiro.” Em pouco tempo, a bossa nova deslumbrou o mundo. Mas aqueles acordes foram dedilhados sem essa intenção. Para Zuza, autor do livro “João Gilberto“ (Publifolha, 2001), os bossanovistas não compunham para ganhar notoriedade. “Era para dar vazão a um sentimento”, revela. Como a trilha sonora de um filme, que deve estar de acordo com a cena, a bossa retratava o ambiente carioca da época. Zuza é categórico quando fala sobre a ligação entre Rio de Janeiro e bossa nova: “Essencial.”

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vida saudável • por Juliana Oliveira • arte e ilustrações de Leandro Bender •

Consciência interior

Relaxe, esvazie a mente, en-

Freqüentemente associada à ioga ou religiões orientais, a meditação pode ser praticada sem nenhum vínculo religioso e trazer benefícios físicos e psicológicos com apenas alguns momentos de trégua à mente.

cha os pulmões de ar. Ao fundo, toca algum mantra hindu do qual você não entende uma palavra, mas mesmo assim gosta, junto com aquela fumacinha que sai do incenso. Pensar em meditação quase sempre remete a imagens como essas, clichês que

incluem roupas brancas, pernas em posição lótus e as pontas de polegares e indicadores unidas, formando círculos. Mas o médico e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Roberto Cardoso, autor de “Medicina e Meditação”, garante que a meditação pode ser feita de acordo com a realidade de cada indivíduo e praticada nos momentos mais oportunos, como numa caminhada matinal. Para ele, meditar é conseguir treinar a atenção, pacificar as emoções e o corpo para chegar ao autoconhecimento.“ Meditar não é apenas parar, mas saber como parar, com técnica, densidade e harmonia”. Meditador há pelo menos duas décadas, ele garante que qualquer um pode ter momentos de bemestar com a prática da meditação sem que seja preciso tornar-se adepto de uma religião ou realizar mudanças drásticas no seu estilo de vida. “Não é preciso ser esotérico, nem tornar-se sisudo, mudar a postura social, nem deixar de sair à noite. Não é preciso deixar de beber, fumar, de fazer sexo, nem de comer carne”, resume o autor, que associa a meditação a diversos benefícios físicos em seus pacientes. Estudos em universidades americanas, como Harvard, comprovam que durante sessões de meditação há uma redução no ritmo do metabolismo e do consumo de energia pelo corpo, gerando, assim, um estado de relaxamento muscular. Essas reações físicas desencadeiam sensações de paz interior, felicidade e positividade, o que pode ser muito útil na recuperação clínica de um paciente. Além disso, os meditadores têm mais domínio nas situações de estresse e conseguem mais tranqüilidade psíquica porque têm mais conhecimento de suas reações. No livro - onde ele ensina passo a passo como se tornar um meditador, com técnicas para a escolha do ambiente, postura e respiração - ele explica que meditar é uma experiência individual e não tem uma finalidade definida. Seria a arte de “desligar” o computador que é a mente humana para, depois disso, produzir com mais eficiência. “Criamos um paradigma de que parar é perder. Contudo, por alguns minutos por dia, poderíamos dizer que parar é crescer.”

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Tarefas domésticas Que tal meditar enquanto corta umas cebolas ou temperando um assado? Quem faz o convite

Atividades Físicas

é Sônia Hirsch, no livro “Meditando na Cozinha”

Hobbies

(Editora Correcotia). Um verdadeiro desafio para quem costuma se perder nos pensamentos du-

Caminhar, correr e qualquer outra atividade

Movimento

física podem ser inspiração para uma vida me-

O mestre tibetano Chögyam Trungpa tornou-

ditativa. O monge vietnamita Thich Nhat Hahn

se conhecido por pregar a meditação em movi-

ensina uma série de técnicas para isso no livro

miksang, por exemplo, propõe meditar para ser

mento. Para ele não há diferença entre meditar

“Meditar Caminhando”.

capaz de enxergar a realidade de outra maneira.

sentado ou andando. Tudo seria uma questão de

Murmurar mantras ou realizar atividades praze-

concentração. Em seu livro “Meditação na Ação”

rosas podem ter efeito similar.

(Editora Cultrix), ele fala que o ideal é meditar 24

Realizar atividades manuais também pode ser um bom caminho para a meditação. A fotografia

rante as tarefas diárias.

horas por dia.

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conf raria

Design exclusivo A Vimex Concept trabalha com móveis em madeira aliando design exclusivo com responsabilidade ecológica. Um exemplo é esta bela cadeira com 1m de altura, 42cm de largura e 50cm de profundidade em madeira maciça tingida de preto com pastilhado em pau-amarelo.

foto Leonardo Mendonça

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Glamour moderno Bolsas de praia em plástico são a última moda desta estação. As bolsas funcionam em variadas formas sexy e podem ser usadas com traje de banho ou com seu jeans favorito e salto alto. Estas bolsas Guess têm detalhes em prata ou dourado e tamanhos diferenciados: 53cm x 31cm e 30cm x 15cm. Exclusividade Fábio Jóias Preço sob consulta Belém Shopping Iguatemi Telefone: 3250.5171

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Co nf r ar i a

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Tempo revelado A Orient, maior fabricante de relógios automáticos no país, traz do Japão os modelos da série limitada Orient Star Retrofuture. Os relógios são automáticos, com caixas quadradas ou redondas em aço inoxidável e vidros em cristal mineral. A inovação vem da tendência internacional skeleton e permite que você visualize o movimento da máquina. Um relógio feito para colecionadores. Exclusividade Fábio Jóias Preço sob consulta Belém Shopping Iguatemi – 3º Piso Telefone: 3250.5171

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décor

Contrastes contemporâneos

O projeto de Ana Perlla e José Júnior em um dos apartamentos do Torre de Louvre mistura materiais, intercala cores claras e escuras e aposta em móveis exclusivos. Tudo para mostrar como se faz decoração contemporânea com traços clássicos.

F

oram dois anos de trabalho até o design de interiores realizado pelos arquitetos José Júnior e Ana Perlla em um dos apartamentos no Torre de Louvre, da Construtora Leal Moreira, ficar pronto. Criado para um casal, o projeto abriu mão de uma das quatro suítes com sacada do imóvel de 385 m2 para ampliar a sala de estar. O espaço dá o tom da idéia da dupla: fazer um apartamento contemporâneo com tempero clássico. Aumentar a sala foi o primeiro passo para permitir aos arquitetos abusarem das minúcias em cada canto do lugar. Desde o piso, em mármore carrara, até as peças de marcenaria, tudo na sala de estar se encaixa na proposta de criar áreas adequadas aos moradores jovens, mas sem perder a sofisticação. “A idéia é causar contraste e estimular os olhos. Senão a obra passa monótona, sem ser percebida”, explica José Júnior. O primeiro contraste está logo na entrada do apartamento: quando a porta espelhada que marca o acesso principal é aberta, o hall em cores escuras fica tomado pela claridade que penetra na sacada e se espalha pelos cômodos. Mármore, madeira e couro marcam o resultado singular deste projeto. “A mistura de materiais é uma tendência e faz com que o apartamento tenha personalidade própria”, revela Ana Perlla.

• por Guerreiro Neto • fotos de Diana Figueroa •

A sala, dividida em três ambientes, deixa à mostra a linha sóbria do apartamento, intercalando cores claras e escuras, quase sempre neutras, com toques de dourado. Como nas poltronas dispostas na primeira parte do espaço. Onde antes era o quarto, foi criado um espaço para o home theater. Todos os ambientes estão projetados de frente para o telão que desce do teto, concentrando as atenções. Embora haja alguma sobriedade no projeto, os arquitetos optaram por não usar antigüidades, mas sim obras contemporâneas como as da artista plástica Mariângela Melo e do fotógrafo Reinaldo Silva Júnior, que foram valorizadas pela iluminação com traços cenográficos. Outro ponto forte da proposta foi o uso de espelhos pela casa. Como explica José Júnior, eles dão profundidade e deixam a luz entrar com mais intensidade no apartamento. Os móveis de ébano são exclusivos. Além de terem acabamento cuidadoso, cumprem papel importante na hora de organizar cada parte da sala. “Tem um móvel baixo integrando os três espaços da sala. Isso deixa o ambiente mais harmônico”, garante Ana Perlla. Na sala de estar, na sala de jantar e no lavabo, o revestimento nas paredes de fundo dos móveis é feito em couro preto.

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Na sala de jantar, o lustre de inspiração vintage que pende sobre a mesa chama a atenção de imediato. Recuperando o estilo Paco Rabanne dos anos 70, o lustre é um dos elementos que marcam, sem cair no excesso, o luxo do ambiente. Para completar, um espelho cusquenho em cujas bordas forma-se um mosaico com retalhos de espelho e madeira. O gabinete faz a separação entre as áreas social e íntima do apartamento. Com uma abordagem mais clássica, é lá que os detalhes masculinos tornam-se mais evidentes na decoração, como a cadeira de executivo. Uma porta em madeira e vidro divide a sala de estar do home íntimo, lugar aconchegante criado para o casal assistir televisão quando estiver a sós. Quando aberta, a porta fica escondida entre a parede e um painel de madeira colocado na sala. Nas suítes, os tons neutros são mantidos. Móveis de madeira e armários com espelhos na porta compõem o quarto do casal. As paredes do banheiro são revestidas por mármore carrara. A decoração limpa e leve, com preocupação com o conforto também foi a tônica para os quartos de hóspedes. O avesso da casa está na cozinha, segundo José Júnior. Em vez dos tradicionais pisos brancos, os ar-

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O lustre de inspiração vintage atrai os olhares na sala de jantar. Em todas as salas, a composição entre o mármore carrara e os vários espelhos cria a personalidade clássica e ao mesmo tempo contemporânea do projeto.

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quitetos optaram por granito preto, cor que também aparece nos armários. O contraste fica por conta do branco das pastilhas que revestem as paredes. Um televisor de LCD foi fixado na parede próxima à mesa usada para o café da manhã. Os clientes receberam o novo lar em outubro do ano passado. Quatro meses depois, quando o arquiteto José Júnior voltou ao local para acompanhar a visita da Living, ficou, no mínimo, satisfeito ao constatar que cada objeto escolhido continuava exatamente no mesmo lugar. Os proprietários não arredaram ou modificaram nada. “Eu entrei aqui pela primeira vez e já imaginei tudo pronto. Eu sinto muito prazer toda vez que entro nesse apartamento. Quando abro a porta de espelho e entro na sala, é uma satisfação”, confessa o arquiteto, que trabalha com Ana Perlla há 15 anos, com quem já executou cerca de 800 projetos. Da sacada do Torre de Louvre, ambientada com sofás e poltronas de fibra sintética, a vista para o rio Guamá é o derradeiro trunfo do apartamento. Este não pode ser creditado aos arquitetos.

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A vista privilegiada do apartamento para o rio foi aproveitada com a transformação da sacada em uma aconchegante årea de estar. Nos quartos, o estilo clean privilegia o conforto, sem perder o glamour.

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especial • por Caco Ishak • colaboraram Juliana Oliveira e Guerreiro Neto • fotos de Diana Figueroa •

Seja qual for a religião, o desafio atual é saber como seguir os preceitos das escrituras sagradas nos tempos modernos

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legenda

Irmã Rebeca prefere conhecer de perto o que há de ruim no mundo, como fez Jesus, e diz que a opção pela vida simples também é seguir o exemplo do filho de Deus.

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Acima, à esquerda, o rabino Elmescany: lei divina é lei e deve ser seguida. À direita, Rafael e a amada Luciana: sem contato físico antes do casamento.

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Decifrando

a Bíblia

Há pelo menos dez anos, o historiador e doutor em antropologia social André Chevitarese estuda o judaísmo helenístico e o cristianismo antigo. Ele é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e co-autor dos livros “Judaísmo, Cristianismo, Helenismo: ensaios acerca das interações culturais no Mediterrâneo Antigo” (Annablume, 2007) e “Jesus de Nazaré: uma outra história” (Annablume, 2006). Nesta entrevista à Living, Chevitarese fala sobre as origens da Bíblia, a não-comprovação histórica da ressurreição de Cristo e deixa claro: viver hoje como viviam Moisés ou Jesus é “inaceitável e impossível”. Sabe-se o período preciso em que os textos que compõem a Bíblia foram escritos e quantas pessoas deixaram suas considerações nesta obra coletiva? Temos como datar cada livro da Bíblia. O que nós chamamos Bíblia, na verdade, se constitui em dois corpos de textos com diferenças entre eles: o primeiro, vulgarmente conhecido como Antigo Testamento – prefiro dizer Primeiro Testamento –, é composto por textos introduzidos por autores judeus; e o segundo, popularmente conhecido como Novo Testamento – é melhor dizer Segundo Testamento –, foi produzido por autores judeus e cristãos. Nós temos um período de tempo para a sistematização do Primeiro Testamento que vai dos séculos 7 e 6 até o século 2 antes da era comum. O Segundo Testamento você pode perfeitamente datar nos séculos 1 e 2 da era comum. Agora, sobre quem escreveu, praticamente todos esses livros têm autoria duvidosa ou desconhecida. O fato de ter o livro de Daniel, não significa que um indivíduo chamado Daniel o escreveu. Pelo contrário, as autorias nada mais são do que grandes ficções ou o reforço da memória de um personagem conhecido na época. Um mesmo livro pode ter sido escrito por diferentes mãos. Hoje nós estamos sem saber dizer completamente quem são os donos dessas mãos. Como se percebeu a necessidade de criar um livro único que trouxesse todas essas referências religiosas? A idéia de ter um livro único é posterior ao contexto no Mediterrâneo. Até o século 17, quase a totalidade das pessoas era analfabeta. A escrita era dominada por poucos. Só o fato de ter um texto escrito que guardava as memórias das comunidades já significaria que você está lidando com uma elite letrada. É interessante saber que a imensa maioria tanto de judeus – inclusive Jesus – bem como de cristãos não sabia ler. Logo, antes de se admitir a existência de um livro que traga uma mensagem escrita, tem que se admitir a existência de uma comunidade que não precisava de um livro para se dizer judaica ou cristã. A comunidade religiosa se organiza em cima da oralidade, não da escrita. A Bíblia, tal qual conhecemos hoje, é resultado de escolhas que

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incluíram alguns livros e excluíram outros. Um grupo fez escolhas em detrimento de outros grupos que escreveram outros textos, que nós conhecemos, mas não fazem parte da Bíblia. Hoje é possível encontrar Bíblias traduzidas em linguagem moderna e mais acessível ao leitor leigo. As diversas traduções e possíveis adaptações, no decorrer dos séculos, são capazes de mudar o sentido de certas passagens? Completamente. Porque cada tradutor tem um sistema de crenças, não apenas religiosas, mas também políticas, sociais, econômicas... Isso vai, sem dúvida, interferir no que ele está produzindo. Então, em determinadas passagens, ele vai tender a fazer escolhas segundo seus interesses, suas percepções. Vou dar um exemplo: no Evangelho de Lucas, Capítulo 4, há uma passagem que diz que Jesus entrou em uma sinagoga, na Galiléia, abriu o rolo da Torá e leu uma passagem do livro do profeta Isaías. Aí vem a questão: quando você pega o verbo grego “anágnosis”, o tradutor entende que Jesus “leu” determinada passagem, mas outro tradutor pode dizer que ele “sabia de cor”. Um pouco antes, eu disse que Jesus era analfabeto. O leitor vai pegar a passagem e dizer: “Não, não. Jesus sabia ler.” Só que isso é resultado de uma escolha que o tradutor fez para o leitor dele. Uma tradução é sempre resultado de escolhas. O tradutor não é alguém isento. Na Bíblia, fica claro o que é preceito religioso e o que é costume dos povos da época? Faz-se esta distinção? Sem dúvida. Uma passagem bíblica informando determinada prática vai aparecer em outros textos de outros autores que não compartilhem inclusive aquele sistema de crenças. Então você tem prova e contraprova. A gente desconfia quando a informação advém de uma única fonte. A prática romana de crucificação, por exemplo, impedia que o corpo do crucificado fosse enterrado. O corpo ficava preso à cruz depois que a pessoa morria e não era sepultado. Nos milhares de casos encontrados, a arqueologia só identificou o exemplo de um único judeu crucificado e enterrado.

Todo o resto, nós nunca tivemos notícia dos corpos. Tudo indica que Jesus nunca foi sepultado. Portanto, nunca houve ressurreição. Este é um sistema de crença, de religiosidade. Com esse tipo de sistema, os historiadores ficam com a orelha em pé, quer dizer, isso pode ser fruto de uma invenção e não de uma questão histórica. Como vivia uma pessoa comum no período histórico que a Bíblia retrata? Eu diria que a imensa maioria das pessoas se constituía de camponeses, que poderiam ser pequenos proprietários, e gente de origem camponesa que se deslocava para centros urbanos. Logo, uns viviam de agricultura e outros de subempregos no interior de espaços urbanos. As pessoas viviam no limite da sobrevivência. Eram, na maioria, analfabetas. Praticamente não viajavam, viviam e morriam no seu lugar de nascimento ou nos arredores. As suas visões de mundo eram muito específicas e particulares. Os valores de honra e vergonha eram importantes e constitutivos da vida das pessoas. Essa sociedade tendia a ser falocrática, ou seja, o homem tinha mais poder do que a mulher. As expectativas de vida eram muito baixas, mulher com 25 anos era velha e homem com 30 anos era velho. E, por fim, a mortalidade infantil era altíssima. Faz sentido viver, hoje, cumprindo à risca as recomendações bíblicas? Na medida em que a pessoa toma essa decisão, portanto ela julga que seria importante para ela, eu diria que faz sentido. Agora, o que não é aceitável do ponto de vista histórico é a argumentação dessas pessoas quando alegam que estão vivendo da mesma forma que Moisés, Jesus ou Daniel. Isso se torna inaceitável e impossível na medida em que o tempo e o espaço determinam comportamentos, hábitos e atitudes que não se repetem. O cristianismo, tal qual é praticado hoje por milhões de indivíduos, nada tem a ver com Jesus por uma questão simples e óbvia: Jesus nasceu judeu, viveu como judeu e morreu como judeu. Então, se ele voltasse à vida, a primeira coisa que perguntaria era: “o que é ser cristão?”

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m u a d a c e u O q sobre... a g e r p

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• arte de Leandro Bender •

É sagrado e instituição divina. Tem como função perpetuar a espécie e trazer felicidade ao casal. A prática do sexo deve existir só depois do casamento e o uso de métodos contraceptivos é desaconselhado. Homem e mulher são iguais em relação às responsabilidades domésticas, inclusive o provimento do lar.

Prega-se o uso responsável. Nenhum dinheiro ganho deve ser tomado apenas como resultado de um esforço pessoal. Por isso, não deve servir a um objetivo egoísta, já que todo dinheiro tem função social e deve ser usado para o bem da família e, no caso de uma empresa, para o bem de todos os funcionários.

As únicas restrições estão na Quarta-feira de Cinzas, que marca o início da Quaresma, e na Sexta-feira Santa, quando é proibido o consumo de carne. Para os católicos, não há alimento impuro porque Deus os purificou.

Instituição criada por Deus como base para a sociedade. O sexo é visto como uma parte vital do relacionamento matrimonial, mas não a principal. Só pode ser praticado depois do casamento. A camisinha só é aconselhada como método contraceptivo e dentro do casamento, assim como os outros anticoncepcionais. (Mateus, cap. 19, versículos 4-6)

É algo necessário para todas as questões da vida, mas não deve ser idolatrado. O homem é visto como o protetor e provedor do lar e deve ser o responsável pelo sustento material. A mulher é responsável pelos cuidados com a educação e administração da casa. (I de Timóteo, capítulo 6, versículo 10)

Não há restrição a nenhum tipo de alimento e em nenhuma época do ano. (Atos dos apóstolos, capítulo 10, versículos de 12 a 16)

O objetivo do homem e da mulher para a perpetuação. O sexo só é permitido após o casamento e o banho purificador, chamado niddá. Homens e mulheres que não sejam casados não podem manter contato físico, ainda que acidental. Mesmo depois do casamento é aconselhável que o homem não toque a esposa em lugares públicos. (Provérbios, último capítulo)

O ideal é que homem só estude as Leis. Em Jerusalém e outros países, recebe da comunidade só para estudar, mas no Brasil muitos judeus trabalham também. A mulher tem que administrar a casa, tomar conta da educação dos filhos e é fundamental na promoção do sustento. (Levíticos, capítulo 15)

Todo alimento consumido por judeus deve ser supervisionado por um rabino especializado, o shochet. O consumo da carne de porco, considerada impura, é proibido. Já a carne de gado só pode ser consumida quando abatida por um shochet. Para ingerir a parte traseira do animal, só depois do nervo ciático extraído. (Gênesis, cap. 32, versículos 30-33)

O casamento é recomendável para conservar os pudo- Deve ser proveniente de meios legais. A restrição previsres e não direcionar pensamentos para coisas ilícitas da ta é que não se pode ganhar e utilizar dinheiro da forma vida. O ato sexual só ocorre após o casamento. O homem ilícita. (“As Mulheres”, 4ª Surata do Alcorão) pode escolher se quer ter várias esposas ou se prefere uma só. No Islã, não existe namoro. (“A Luz”, 24ª Surata do Alcorão / “As Mulheres”, 4ª Surata)

Há restrições quanto à carne de porco. No mês do Ramadan, os muçulmanos que têm condições físicas devem se abster de qualquer comida e bebida, jejuando do nascer ao pôr-do-sol. (“A Vaca”, 2ª Surata do Alcorão)

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portf ólio • por Suelem Lobão • fotos de Diana Figueroa •

Moderno e imponente Construtora Leal Moreira inaugura em breve o Metropolitan Tower, prédio comercial que alia localização privilegiada à infra-estrutura completa para um movimentado centro de negócios.

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esde o hall de entrada com pé-direito duplo, o visitante percebe a magnitude do novo empreendimento. “Ele é imponente, mas com suavidade”, caracteriza Severino Marcos, arquiteto responsável pelo projeto do Metropolitan Tower - inovador entre os prédios comerciais não por ser o maior em área construída de Belém, mas por comportar toda a infra-estrutura que um escritório precisa para atender da melhor forma aos clientes e aos próprios funcionários. Foi o que a Leal Moreira buscou com a construção e entrega do Metropolitan Tower, fugindo dos padrões básicos. “Queríamos mudar a cara da cidade, dar um refinamento e um toque nova-iorquino e modernista ao prédio”, explica o arquiteto. A começar pela localização privilegiada, na Rua dos Mundurucus, a construtora também pensou em um dos problemas mais recorrentes de empresas e lojas espalhadas pelo centro da cidade: onde deixar o carro. O Metropolitan Tower possui um estacionamento rotativo para 500 veículos, proporcionando segurança e comodidade para todos. Uma vantagem pouco encontrada nos grandes centros urbanos. A segurança não está restrita ao estacionamento. Está presente também nas 198 salas distribuídas pelos 28 andares do edifício, por meio de um sistema inteligente que faz do Metropolitan um dos prédios mais bem protegidos do Norte. Além disso, possui dois grupos de geradores, ou seja, problemas com eventuais faltas de energia vão virar mito por lá. Outro destaque da infra-estrutura oferecida pelo Metropolitan Tower é o Centro de Convenções, localizado no 9° andar, com um auditório com capacidade para

156 pessoas. Nesse mesmo pavimento encontram-se também o lounge de espera, sala de reuniões com mesa redonda e um mini-auditório. O objetivo é não deixar faltar nada para os clientes da Leal Moreira, que contam também com internet de banda larga, TV a cabo, elevadores de última geração e shopping de serviços. “É hoje o prédio comercial que oferece melhores condições ao proprietário empresário”, acrescenta Severino. O empresário Sérgio Chady, cliente da Leal Moreira, comprova: “É um projeto bastante arrojado, grande e completo. Atende de forma mais eficaz às pessoas que ali vão trabalhar”, elogia. O restaurante com vista panorâmica, o café, o terraço aberto e a área de lazer foram projetados pensando nos momentos de coffee break e também considerando as necessidades dos visitantes do Metropolitan Tower. “Foi tudo pensado de forma a proporcionar conforto e praticidade aos freqüentadores do local, de forma a obter um resultado harmônico do conjunto, com a preocupação de valorizar os espaços e os elementos construtivos”, garante a arquiteta Linda Schweidzon, uma das responsáveis pelo projeto de ambientação. Em um mercado de trabalho competitivo, quem quer começar um empreendimento em Belém deve fazer a escolha certa do local onde realizá-lo, como princípio para o sucesso. No Metropolitan Tower, itens como comodidade, qualidade e segurança já garantem essa conquista. “O que me fez comprar duas salas no Metropolitan foi a credibilidade e confiança na construtora. É um investimento que sei que vai dar certo”, acredita Sérgio Chady.

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destino • por Tylon Maués • fotos de Diana Figueroa •

A casa do Sol Vários caminhos levam à praia de Jericoacoara. A maioria entre as dunas. É ao final deles, quando se sai direto na enorme faixa de areia e não na vila de mesmo nome da praia, que acontece o primeiro impacto. Mesmo que a vista seja meio prejudicada pelos olhos cerrados por causa dos ventos, é impossível disfarçar o sorriso que brota diante da paisagem. Os pensamentos vão longe e na mesma velocidade que os guias que te levam pela imensidão branca. Dez, 15, 30 minutos, sabe-se lá quanto tempo passou desde que o mar se abriu à nossa frente. A hipnose acaba porque o destino chega e a vida segue. Mas o sorriso continua no canto da boca. O interior do Ceará é quase sinônimo de praias exuberantes. Poderia ser um clichê, mas é a pura verdade. Canoa Quebrada e Jericoacoara, por exemplo, povoam o imaginário brasileiro há tempos e por motivos semelhantes. Beleza natural, rusticidade aliada a conforto, boa comida e tranqüilidade. Mas ambas deixaram de ser destino de poucos em busca de paisagens exóticas: têm estrutura de primeira, com hotéis e restaurantes para todos os bolsos e gostos. 68

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Além das belezas naturais, o visitante pode aproveitar passeios de bugue, bares e restaurantes e, se tiver coragem, esportes radicais. Há instrutores para kitesurfe, parapente e windsurfe.

Canoa Quebrada ficou conhecida na década de 70 e ganhou a simpatia dos turistas, especialmente do estrangeiros. Ao lado, a Garganta do Diabo: paredão que termina em fontes de água natural.

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ocalizada a dez quilômetros do município de Aracati (este a 150 Km de Fortaleza), Canoa Quebrada ficou conhecida por muitos anos como o refúgio de jovens em busca de isolamento para as farras à beira do mar. A proximidade da capital e o fato de ter ao lado uma cidade de porte médio ajudava a atrair toda a sorte de bichos-grilos na década de 1970. Desde então, Canoa passou a ser uma referência, deixou de lado o aspecto de “lar dos mais jovens”, foi descoberta pelos turistas, especialmente os estrangeiros, e ganhou estrutura. O mesmo aconteceu com Jericoacoara um tanto depois. A partir dos anos 80, a praia do município de Jijoca passou a ter notoriedade mundial, sendo considerada por muitos como uma das mais bonitas do planeta. “Jeri” tem uma estrutura até maior, já que a procura por ela nos últimos anos também cresceu. Mas ambas tem vantagens muito semelhantes, tais como serem cercadas de outras praias e lagos de igual beleza, o que dá ao visitante a liberdade - ou seria a obrigação? - de alongar o passeio para conhecer melhor as maravilhas ao redor. Num final de semana ou mesmo em um mês, dificilmente se conseguirá aproveitar como se gostaria todos os encantos de Canoa e Jeri. Até porque a tranqüilidade proporcionada pela paisagem - inver-

samente proporcional às baladas da noite - provoca uma preguiça danada e, nas férias, preguiça é bom. Portanto, cuidado! Se não quiser correr o “risco” que aflige muitos turistas, vá com a passagem de volta comprada. A tentação de querer ficar sempre um pouquinho mais é grande e contagiosa. Águas multicolores Dependendo do horário do dia, as águas de Canoa Quebrada e de suas praias vizinhas assumem cores diferentes, com nuances de verde e azul. O sol aparece de manhã e com ele um verde vivo e brilhante. Ao meio-dia, ele dá lugar a um tom quase azulado. “É o mar mais bonito do Ceará”, não cansam de dizer os moradores. De fato, a beleza é inebriante e nos rouba preciosos momentos apenas para o vislumbre. Mas além das belezas naturais, o visitante pode aproveitar passeios de bugue, bares e restaurantes e, se tiver coragem, esportes radicais. Há instrutores para kitesurfe, parapente e windsurfe. Se quiser apenas sossego, vá à água, quase sempre na temperatura ideal para se refrescar sem ficar com frio. Um dos maiores baratos das praias de Aracati são as falésias que as rodeiam. O visual é impressionante e lembra muitas vezes um cenário de filme de fic-

ção científica. Para preservar o paredão de areia, as construções começaram a passar pelo crivo das autoridades, como aconteceu na Vila de Esteves, por exemplo, berço da vila de Canoa Quebrada. As falésias, por si só, valem um passeio a pé nas beiradas – não tão na beira, afinal é um paredão de areia. Indo mais adiante, chega-se à praia de Majorlândia. A partir daí a quantidade de casas diminui e quase metade delas é de veraneio, permanecendo fechada fora de temporada. Seguindo, chega-se a Lagoa do Mato e Murici. As praias são todas semelhantes, igualmente belíssimas. Mas a partir de Canoa o que grassa é a tranqüilidade. As marés baixas deixam lagoas naturais na beira das praias, perfeitas para quem estiver com crianças ou quiser simplesmente relaxar. Na volta, um os baratos é parar no Mirante de Canoa, o local mais alto da vila. De lá, uma multidão espera diariamente pelo pôr-do-sol. Dias nublados são raríssimos, daí a quase certeza do espetáculo diário. Hora de descansar e partir para outras atrações. Canoa é como uma mini-cidade. Cosmopolita, conta com restaurantes com culinária de vários cantos do planeta, inclusive com comidas típicas brasileiras. As pousadas não são de luxo, mas são quase todas muito aconchegantes e confortáveis. Quem

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As dunas de Canoa são cenário perfeito para os passeios de bugue. Ao lado, a Casa de Câmara e Cadeia, prédio mais antigo de Aracati.

ganha com isso é o bolso. As diárias variam de R$ 40 a R$ 150, basta procurar. A noite local é assunto para mais adiante. Banho de beleza Durante os passeios pelas praias em Canoa, o que não faltam são peculiaridades. Em Murici há a mais estranha e uma das mais bonitas delas: a Garganta do Diabo. O nome de desfiladeiro de filmes de faroeste, nada atrativo, não serve para afastar ninguém de verdade. A saliência no paredão de areia revela um caminho de beleza fabulosa que termina em fontes de água natural, levemente salobra e, ainda assim, própria para o consumo. Grande parte dos turistas que entram ali aproveita para se banhar na lama... isso mesmo. A mistura da areia com a água potável cria um esfoliante natural que é chamado de “Banho de Toá”. Passado na pele, deixa-a sedosa como se tivesse sido untada pelos mais caros produtos de beleza. Não raro encontramse os visitantes todos besuntados com o Toá. Um pouco antes, em Majorlândia, chama a atenção a Pousada Refúgio Dourado (85-3241-8085/8253). Além dos bangalôs em estilo rústico, o mais curioso é que toda a decoração é feita com a reciclagem de objetos trazidos pelo mar. Toras de madeiras são transformadas em bancos ou esculturas. Mas o mais exuberante na pousada são as esculturas feitas nas falésias. Quase todos os paredões são ornamenta-

dos pelas figuras feitas pelo artista plástico local Toinho da Areia Colorida, que misturou argamassa à areia para que elas tivessem maior durabilidade. Figuras mitológicas misturam-se às de passagens bíblicas na pousada inaugurada há sete anos, que tem história semelhante a de muitas do interior cearense: surgiu depois que um turista resolveu fixar residência no local. No caso, o médico paraense Heitor Vieira Dourado. Castelos de areia Toda vez que se lembra do litoral nordestino, algumas imagens vêm à mente. Praias de areias brancas, mar límpido, frutos-do-mar e jangadas ao fundo. Entre essas reminiscências está o mar de dunas que formam paisagens intermináveis e em eterno movimento. Em Canoa, esse clichê aplica-se à perfeição. Em certos momentos não se vê outra coisa ao longe que não areia e mais areia, como se estivesse em alto-mar e as margens não passassem de miragens. Logo no início da rua Dragão do Mar, está a Associação dos Bugueiros de Canoa Quebrada. Dê preferência a quem conhece a região e, a menos que tenha experiência em dirigir em terrenos arenosos, evite o volante. O preço básico (preço de janeiro) é de R$ 100, mas há vários tipos de passeios. O mais caro, e o mais espetacular, é o que vai até Natal, que sai por R$ 1,6 mil. A capital potiguar é também notó-

ria pela beleza de suas dunas. Depois de um breve passeio pelas ruelas de Canoa Quebrada, é a vez de ir às Dunas Móveis, nomeadas assim, obviamente, pelo caráter dinâmico que os fortes ventos dão às montanhas de areia. A pergunta do condutor se o passeio deve ser com ou sem emoção já é de praxe. Se a opção escolhida for a primeira, segure-se bem, prepare-se para emoções fortes e muita, mas muita diversão. Quando você se depara com aquele monte de areia enorme e íngreme, não imagina que aquele pequeno carro de fibra conseguirá descer ali. Mas pode ir, e com um sorriso de orelha a orelha, que o carrinho agüenta. Pelo caminho, vários oásis passam ao nosso lado até se chegar ao Mirante da Canoa, um morro monumental que termina numa piscina natural onde se pode descer de esquibunda ou tirolesa. Descer aquela altura toda e cair em água doce geladinha já valeria por si só o passeio. Mas o melhor mesmo é curtir a catarse que é quase flutuar sobre as dunas. Não fosse o ronco dos bugues, a sensação de quase voar sobre as nuvens seria praticamente completa. Centro histórico Às vezes se fala em Canoa e se esquece do município de Aracati. Um pecado. A sede da praia é uma cidade de porte, uma das mais antigas do Ceará, com cerca de 60 mil habitantes e a uma hora e meia

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Panorâmica da praia de Jericoara, que reserva um mar azul dos mais convidativos e onde o pôr-do-sol merece aplausos diários.

da capital cearense. Os turistas ainda precisam descobrir o lugar, às margens do rio Jaguaribe (o mais importante do Estado), e seus casarões antigos. O município ainda conserva parte do seu conjunto arquitetônico de meados do século 18. São antigos casarões com paredes cobertas por preciosos azulejos portugueses. A maior parte deles está localizada na rua Grande, antiga rua do Comércio. O prédio mais antigo da cidade é a Casa de Câmara e Cadeia, construída em 1779. O imóvel, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), já abrigou o Paço Municipal e a Cadeia Pública. Hoje, ironicamente, é sede da Câmara Municipal. Para conhecer melhor os detalhes dessa rua histórica é necessária uma caminhada. Só assim para apreciar jóias como o Teatro Francisca Clotilde, antigo e desativado cinema que hoje abriga o ateliê do artista plástico Hélio Santos. Lá é possível comprar obras dele e de outros artistas locais, assim como apreciar bonecos articulados, alguns deles para serem usados no carnaval. Em tempo: Aracati tem fama de promover o melhor carnaval do interior cearense, com trios elétricos e blocos culturais. Ao lado do museu municipal - o maior casarão da cidade, que atualmente passa por reformas - está o Beco do Museu. Lá, conta a lenda, não se pode passar de madrugada sob o perigo de ser engolido pela ruela. Pelo sim, pelo não, a rua Barão de Mes-

sejana, entre as ruas Coronel Alexanzinto e Coronel Alexandrino é pouco freqüentada a partir das doze badaladas. Depois de uma boa caminhada sob sol quente, a pedida é parar na Casa Ponciano, misto de mercearia e taberna que existe desde 1950 e que serve desde então o tradicionalíssimo suco de tamarindo com especiarias, cuja receita é segredo de família. Não adianta pedir com gelo, o suco só pode ser apreciado quando servido extremamente gelado. Adeus ao Pôr-do-sol Em Jericoacoara, mistura-se um pouco do rústico e do sofisticado. Enquanto possui hotéis e pousadas com todos os preços e níveis de conforto, reserva também passeios a cavalo ou charrete para se conhecer melhor aquela enorme faixa de areia branca banhada por um mar azul dos mais convidativos. Todo esse encanto vem depois de cerca de 40 minutos de caminhos tortuosos entre dunas e trilhas, transpostos apenas por automóveis com tração 4x4. Dependendo do caminho tomado, essa jornada já é o começo da diversão, com dunas de mais de dez metros contrastando com um céu de azul inacreditável. Se não estiver hospedado em Jeri, a melhor pedida é ficar debaixo dos guarda-sóis que os moradores locais disponibilizam – alugam - na praia (R$ 5). Windsurfe, kitesurfe e o surfe são os esportes mais

Aracati, município sede de Canoa Quebrada, é um dos mais antigos do Ceará. Localizado às margens do rio Jaguaribe, conserva o conjunto arquitetônico do século 18 e lendas urbanas pitorescas. comuns, embora uma indefectível pelada seja um programa certo na maré baixa. Entre as peculiaridades e quitutes servidos na areia, não deixe de experimentar o pastel de arraia (R$ 1,50) da dona Miriam, a Tia do Pastel, como é mais conhecida. Quando vai chegando o entardecer, se o visitante não estiver inteirado sobre algumas tradições locais, vai acabar estranhando o fluxo de gente para o lado esquerdo da praia, justamente para a maior das dunas de Jeri. Com 30 metros de altura, a Duna do Pôr-do-Sol é o mirante local. Os turistas se reúnem lá para apreciar um espetáculo que é o mesmo todo santo dia, mas que é sempre de tirar o fôlego. Mesmo sem perceber, você vai acabar aplaudindo a saída do sol. Mas não tema pagar um mico - ao seu lado, centenas de outras pessoas estarão fazendo a mesma coisa. Trilhas e lagos Depois de curtir a praia de Jeri, é hora de explorar outros horizontes. Se tomar o rumo oeste, o destino certo será Tatajuba, já no município de Camocim,

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Em Tatajuba, os esportes aquáticos como o kitesurfe são quase onipresentes. Ao lado, o bar Taverna, point animado em Jericoacoara.

mas muito mais perto de Jijoca. O caminho, mais uma vez, já é um espetáculo. Percorrer as trilhas entre as dunas e lagoas é sensacional. Um dos primeiros pontos altos é a travessia do Rio Guriú. A água salobra tem o mesmo azul do mar e, com paisagem tão bonita, chega-se a desejar que a travessia dure mais que os quase cinco minutos que os condutores das balsas levam para virá-las e atracá-las na outra margem. De manhã, a travessia sai por R$ 10; à noite, pelo dobro. Em seguida, mais trilhas pelas dunas levam à antiga Tatajuba, um mausoléu a céu aberto com topos de casas e igrejas tentando respirar sob toneladas de areia. É um visual ao mesmo tempo bonito e melancólico. Algumas barracas ao longo do caminho preservam fotografias antigas que dão uma dimensão do que foi soterrado. Em seguida, é a vez da nova Tatajuba, mais especificamente o Lago da Torta. Perene, o lago mantémse sempre no mesmo nível, um deleite para quem quiser descansar. Se for essa a opção escolhida, as barracas de palafita sobre o lago oferecem redes que resvalam na água para completar a sesta. Quem quiser aproveitar o vento constante terá a possibilidade

de praticar o quase onipresente windsurfe. Provavelmente estará atracada na beira do lago a jangada Olivan Drinks, com uma sorte de drinks que, de tão bons e refrescantes, fazem realmente valer o aviso nas publicidades de bebidas alcoólicas: moderação. Experimente as caipirinhas de abacaxi, maracujá e limão (R$ 4) e, pense consigo mesmo, “moderação”. A pedida para o almoço é o Rei do Grelhado. Mas o nome oficial é bem menos conhecido. É melhor perguntar pelo Didi, o proprietário. Se ele quiser lhe indicar o melhor prato, não dê muita bola. Tudo é bom, basta testar. Mergulho cristalino Distante 318 km de Fortaleza, Jijoca de Jericoacoara oferece uma infra-estrutura razoável, com supermercados, postos de combustíveis, bancos, pousadas (boas), restaurantes, etc. Vale lembrar que na praia há tudo isso também, mas é um ponto turístico e sabe-se que os preços recebem um pequeno acréscimo nessas condições. Além disso, posto de combustível, só na cidade. Quem não tem carro com tração 4x4 ou desco-

nhece as peculiaridades do caminho deve deixar o carro na cidade e contratar um guia. O percurso entre a cidade e Jeri é feito através de uma trilha sinuosa, entre dunas, riachos e pequenos lagos formados pela água da chuva, onde o cenário muda constantemente. Pare primeiro na Lagoa do Paraíso, ainda em Jijoca. As águas cristalinas remetem às primeiras imagens que vêm à mente sempre que se lembra do Caribe. Com a água pouco acima da cintura, é possível ver os próprios pés, dada a transparência. A falta de chuva pode prejudicar um pouco esse passeio. Em janeiro último, quando a equipe de reportagem esteve por lá, choveu muito, depois de quase sete anos marcados pela seca. A segunda parada deve ser feita na Lagoa Azul, menor, mas mais profunda que a primeira - ótima para um mergulho. Na verdade, trata-se da mesma lagoa que ganha outra nomenclatura. Broadway cearense Tanto Canoa Quebrada quanto Jericoacoara não têm os atrativos resumidos ao poder do sol. Quando ele se põe, entram em ação os baladeiros, os que

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Dos barzinhos da Broadway, em Canoa, aos restaurantes de Jericoacoara, as duas praias reservam lugares interessantes para quem quer mais do que aproveitar o sol e o mar.

Entre o rústico e o requintado, o restaurante Chocolate, em Jeri, mistura regional e alta culinária.

preferem o ritmo da madrugada. Mas os dois distritos praianos têm suas diferenças nesse aspecto. Em Canoa, tudo começa mais cedo, até porque o centro urbano lá é mais concentrado, todo na rua Dragão o Mar, conhecida como “Avenida Broadway”. Lá estão todos os restaurantes e casas noturnas. Em Jeri, os estabelecimentos são mais esparsos, com maiores opções. A rua Dragão do Mar é toda calçada e, apesar da agitação, guarda um atrativo dos mais interessantes: não é barulhenta. Há o burburinho normal de um local com uma grande concentração de pessoas, mas a proximidade das pousadas criou um código de costumes próprio. Nem pensar em música no talo e o bate-estaca no ouvido. Em qualquer ponto da via dá para de conversar tranqüilamente sem precisar gritar. A partir da meia-noite as portas se abrem e alguns bares se tornam boates. É o começo da noitada. Não há cobrança de ingresso – o que por si só já deixa a noite mais agradável. As festas geralmente são regadas a muito forró e música eletrônica e só terminam quando o sol teima em dar as caras. Em Jericoacoara, tem que se andar mais para aproveitar as festas e bares, mas tudo é compensa-

do. Um dos points mais concorrido é o Sky, na beira da praia. Ao lado, no Planeta Jeri, o movimento é o mesmo, com a vantagem de cantinhos reservados para descansar ou até jogar bilhar. Assim como em Canoa, de quarta-feira até sábado as boates estão apinhadas de turistas e moradores. Nos arredores, o que não faltam são barzinhos para se recarregar as energias. Uma dica é o Taverna, creperia e pizzaria com cara de pub. Aproveite e experimente o frozzen de tangerina e vodca, a Tangirosca, espécie de drink local. Depois da balada (ou durante), uma obrigação é ir à Padaria Santo Antônio, que além da excelência dos pães, tem a especialidade do horário de funcionamento. Aliás, de inusitado também. Abre às duas horas e fecha às sete. Originalmente servia apenas pescadores que iam encarar o mar. Com a chegada do turismo, a clientela aumentou sensivelmente. No fim, boa comida. As opções de restaurantes em Jeri são enormes. Multicultural, o que não faltam na cidade são comidas típicas de todos os cantos. Uma boa pedida é assuntar os pequenos bistrôs que se espalham

pelas ruas de areia. Logo saindo da praia, na rua do Forró, há o Chocolate (88-3669-2190/ chocolatejeri@hotmail.com). Restaurante entre o rústico e o requintado, serve pratos com toques de regionalimos e de alta culinária e que valem cada pedaço saboreado. O ambiente é dos mais agradáveis, com teto de palha que garante o frescor mesmo com sol a pino do lado de fora. Lampiões e cabaças dão um charme especial. A proprietária, Patrícia Andrade Maia, chef de cozinha paulista, desembarcou em Jeri há alguns anos para uma oficina com donos de restaurantes locais e nunca mais voltou. “Como vou sair daqui com toda essa beleza?”, pergunta e responde ao mesmo tempo Patrícia, ou melhor, Pat Gateau. O Filé de Peixe ao Molho de Camarão (R$ 29) é para ser comido com um misto de reverência e paciência. Cada garfada é como se fosse a última. Durante a degustação, aproveite o papo de Patrícia, sempre com histórias quase tão saborosas quanto os produtos na mesa. Já o Risoto de Frango ao Curry com Maçãs (R$ 24,50) tira qualquer poder de reação desde o nome descritivo do prato. O que sobrar de forças vai para o espaço quando ele é servido.

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enquanto isso Coimbra - Portugal

Randy Rodrigues estudante de história randy.rodrigues@gmail.com

Coimbra não é uma cidade funcional. Na verdade ela é velha, muito velha, mas quem se importa? O charme reside justamente na sua idade e na idéia de que a maioria dos que aqui residem estão somente de passagem, gente do mundo inteiro a fim de aproveitar. Por conta disso, tem-se a sensação de que a cidade vive em festa. Os cafés estão sempre cheios de gente bonita e à noite ouvem-se os gritos da “malta” animada pelos shotts ou pelo vinho traçado, bebida típica do estudante que freqüenta a tradicionalíssima Universidade de Coimbra. A fundação da faculdade data de meados do século 16 e, até hoje, uma palavra pode definir não só a instituição como a realidade urbana da cidade: tradição. Às vezes fico um pouco assustado em cruzar com as Tunas formadas por estudantes vestidos a rigor, cobertos pela tradicional capa negra com suas insígnias, atravessando a cidade entoando cânticos e “praxando” os calouros menos avisados. A praxe é uma prática secular, um tipo de “trote” praticado pelos veteranos. A maioria das aulas é ministrada em anfiteatros fechados, com carteiras duplas, giz e quadro negro, “sim senhor!”, numa atmosfera de “Another Brick in the Wall”, sem a palmatória. Cheguei para estudar e, de certa forma, tentar levar uma vida nova. Dei de cara com um lugar muito frio e cheio de ladeiras sem

fim. As fachadas com azulejaria riquíssima e seus parques e jardins inspirados em diversos estilos ainda não se mostravam tão interessantes por conta de um sentimento básico e comum para todo estudante estrangeiro: sobreviver na primeira semana. Tarefas aparentemente simples como alugar um quarto, fazer uma refeição, lavar roupa ou até mesmo pegar um ônibus mostramse incrivelmente difíceis. Passado o susto, o lugar começou a tomar conta da rotina e o caminho de casa até a faculdade obrigou-me a descobrir detalhes diferentes para um olhar pouco acostumado com a falta de engarrafamentos, jardins bem cuidados, a tal da faixa cidadã em perfeito funcionamento e um patrimônio histórico bem conservado. Tudo gira em torno da universidade e os pontos turísticos mais conhecidos concentram-se num centro histórico que um dia foi cercado por uma grande muralha. Ao aproximar-me da zona mais antiga da cidade, topo, por exemplo, com a Sé velha, uma igreja do século 12, e nessas horas me sinto um sujeito de sorte por estudar história e ter oportunidade de vaguear pelos mesmos caminhos onde mouros, romanos e cruzados acenderam fogueiras, tomaram café da manhã e até mesmo afiaram suas espadas. Coimbra é uma cidade velha que teima em continuar a mostrar-se bonita.

••Fique por dentro•• Universidade de Coimbra: www.uc.pt/ - 20k Para conhecer os melhores lugares a visitar: www.portugalvirtual.pt/_tourism/costadeprata/coimbra/ ptcity.html

Stuttgart e Berlim - Alemanha

Lívia Roberta estudante de odontologia liviaroberta@yahoo.com.br

Dos países que conheci na Europa, afirmo que a Alemanha é o mais interessante e o que mais gosto, não apenas por ter morado lá, mas também pelas lindas paisagens do campo, pelas vilas interioranas que nos fazem imaginar que estamos na idade média, pelas cidades grandes - minimetrópoles que oferecem diversão à noite e uma variedade de museus e atividades também durante o dia. Das cidades alemães que conheci, destaco duas: Sttutgart e Berlim. Enquanto fiz intercâmbio e um estágio durante um ano em Stuttgart, capital do estado de Baden-Württemberg, vivenciei a vida no sudoeste do país. A região é repleta de cidades medievais e castelos e lagos, que no verão ficam lotados, assim como no inverno, que é um espetáculo à parte, já que há muita neve! No outono, as folhas douradas e avermelhadas encantam os olhos de todos e, na primavera, as flores estão por todo canto! É algo realmente impressionante ter uma experiência como essa e notar o quão diferente são, não apenas o clima, mas a cultura, língua e comportamento, para alguém da nossa região aqui no Norte do Brasil. Stuttgart é uma das cidades mais bem centralizadas na Europa. Dela, você se locomo-

ve facilmente e em poucas horas para Paris, Amsterdã, Praga e Milão. O povo alemão é caloroso, gentil e hospitaleiro, contrariando o que muito se ouve. Outra característica dele é a disciplina. A maioria das crianças vai para cama às 8 horas da noite. E os trens e ônibus são, além de pontuais, muito organizados, assim como toda a infra-estrutura das cidades. Berlim é a capital do país e se localiza em outro extremo, no nordeste alemão. Do ponto de vista cultural, ela é completamente diferente de Stutgart. Quando se anda por suas ruas, você se imagina em outro país, já que além das paisagens serem diferentes, há prédios modernos, e a cidade não é tão limpa e segura quanto no sul. Percebe-se nas ruas o movimento punk, os famosos estilistas de moda, cafés e bares alternativos e muitos museus. A história da cidade é incrível, passando pelos Kaisers do período prussiano, pelas guerras mundiais, por Hitler, pelo Muro de Berlim, maior símbolo da Guerra Fria, entre outros momentos históricos. A cidade também é cosmopolita, multicultural e com o maior número de estrangeiros. Conheci e fiz amizades com pessoas de diferentes lugares do mundo.

••Fique por dentro•• Intercâmbio Acadêmico na Alemanha: rio.daad.de Conheça a Alemanha: www.destinoalemanha.com Casa de Estudos Germânicos: www2.ufpa.br/ceg2005/ Stuttgart: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estugarda Berlim: http://pt.wikipedia.org/wiki/Berlim

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p ets • por Elianna Homobono • fotos de Diana Figueroa •

Vida de cachorro? De olho no amor incondicional dos donos por seus bichinhos de estimação, pet shops investem nos tratamentos de luxo para animais.

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eia luz, música ambiente, pétalas de rosas e sais de camomila com pau-rosa. Assim Cléo, cadelinha da raça shih-tsu de um ano e oito meses, inicia seu quinzenal banho de ofurô. Não podemos dizer que Cléo é escrava da beleza, mas já está acostumada com privilégios como esse, que se tornaram indispensáveis na sua rotina. Cliente assídua de um pet shop especializado em tratamentos estéticos para animais, Cléo também aproveita semanalmente vários tipos de cuidados com os pêlos, de hidratação com chocolate até escova progressiva - afinal, nem os animais poderiam ficar de fora desta “coqueluche capilar”. Para alguns, luxo demasiado. Para os donos, apenas cuidados especiais com aqueles que são os responsáveis pela alegria da casa. É com este sentimento de zelo e carinho que a fonoaudiologa Daniela Guerra, dona e “mãe” da pequena shih-tsu, justifica tantos mimos. “Sempre quisemos um bichinho de estimação, mas nos preocupávamos com a higiene, o cheiro. Até que nos foi indicada a raça shih-tsu, por ser tranqüila e dócil. Escolhemos a Cléo quando ela tinha três meses. Quero dar o melhor a ela, quero que ela se sinta bem. O ofurô é exemplo. Ela fica tão relaxada, e sei que ela percebe e se sente feliz sendo nossa filhinha”, relata Daniela, considerada menos “babona” que o “pai” de Cléo, o empresário André Guerra. “Quando André viu Cléo, se apaixonou. Na primeira semana saímos para comprar caminha, casinha e brinquedos. Ele é quem a traz para o pet shop, fica esperando enquanto ela faz os tratamentos. E ela retribui isso: é louca por ele”, confessa Daniela, sem ciúmes. Enquanto não têm filhos, Daniela e André, gaúchos residentes há três anos em Belém, cuidam de Cléo. Ao contrário do que muitos pensam, eles dizem que não é uma forma de substituição. “Ela tem o espaço dela enquanto animal. Quando tivermos filhos, vamos dar outro tipo de atenção a eles. Sabemos que a Cléo é um bichinho, não a tratamos como ser humano. O cachorro só traz alegria. Minha casa tem mais movimento, ela preenche os espaços, e damos o melhor a ela”, justifica Daniela, enquanto faz carinhos em Cléo.

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Alguns cuidados vão além do supérfluo e ajudam a manter os cães saudáveis. Nas fotos abaixo, Daniela e a “filha” Cléo, e a empresária Carolina Loureiro, que aposta em produtos diferenciados para animais.

A idéia de que o cachorro é o melhor amigo do homem acaba influenciando nos cuidados com o animal, diz a psicóloga Karla Lobato. “Além de ser uma questão cultura o que é importante manter o equilíbrio e saber separar as necessidades de tratamento para com o animal e o humano.” Segundo Karla, todo cuidado é normal, desde que se mantenha o discernimento entre o papel que cada ser constitui no seio familiar. “Atualmente é muito comum casais jovens adotarem um cãozinho ou gatinho enquanto não podem dar atenção a uma criança, o que não significa que há uma relação de substituição”, completa a psicóloga. Para a empresária Carolina Loureiro, dona do pet shop pioneiro em tratamentos estéticos para animais em Belém, alguns cuidados não são de necessidade básica, mas trazem benefícios para a saúde e qualidade de vida do animal. “Não é frescura ou supérfluo. Dependendo dos sais que colocamos no ofurô podemos tratar a pele do cão, tirar fungos ou carrapatos, ou proporcionar um relaxamento para aqueles bichinhos que estão muito estressados. Além de ser uma satisfação para o dono ver seu animal com o pêlo bonito e bem tratado”, explica Carolina, que fez quatro especializações em São Paulo e trouxe as diversas modalidades de hidratação e o ofurô para Belém em primeira mão. “Antes só havia banho e tosa normal. Sempre me preocupei com o pêlo do animal. As hidratações, por exemplo, são ótimas, não agridem, porque usamos produtos específicos”, explica a empresária. Se é luxo, mimo ou carinho, isso depende de como cada um percebe esse amor incondicional entre o dono e seu animal de estimação. Na certa, os bichinhos só têm a ganhar com os tratamentos especiais que recebem. Com uma vida assim, que atire a primeira pedra quem não preferia levar essa vida de cão...

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g aleria • por Aline Monteiro • fotos de Diana Figueroa •

Diálogo com a matéria Sempre movido pela pesquisa e pela busca das possibilidades dos materiais que usa, Acácio Sobral construiu uma obra livre da “síndrome da influência”.

“Em cada trabalho, existe um relacionamento no fazer, entre para onde ele quer ir e o que eu quero dele. É um diálogo que persiste até que a obra se bote em pé. E a grande característica do artista é saber exatamente a hora em que ela está pronta”. A declaração de Acácio Sobral diz bem o que tem sido seu modus operandi em mais de 30 anos de produção artística, laureada com prêmios e com o reconhecimento da crítica especializada. Da resina plástica dos primeiros anos à encáustica, suas obras sempre foram pautadas pela experimentação e pela pesquisa constante, algo que ficou claro em seu projeto mais recente, “Universo em Constante Movimento”, um conjunto de duas exposições que ele agora quer levar para fora do Estado. Acácio Sobral também está entre os artistas da exposição retrospectiva sobre 40 anos de

arte no Pará que marca a reinauguração do Museu Histórico do Estado do Pará. Montado em uma área contígua ao quarto de Acácio, o ateliê dele é um reflexo disso. Prateleiras atulhadas de livros convivem com bancadas cheias de panelas onde são derretidas as ceras usadas nas encáusticas (técnica de pintura conhecida desde a antigüidade que alia pigmentos e cera tratada a quente ou a frio), ferramentas das mais diversas, potes de pigmentos e elementos que ele foi recolhendo e incorporando às obras, como os bicos e rendas herdados das tias portuguesas. “O (artista plástico e arquiteto) Osmar Pinheiro, que foi quem projetou o ateliê e que orientava meus exercícios de desenho e de pintura, dizia que eu era um artista matérico. E é com o que me identifico, com artistas como Tàpies.”

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Resistência ao impacto

Resistência ao impacto

Facilidade de encaixe

Dupla segurança em estanqueidade

Acácio Sobral começou a produzir suas obras na década de 1970, mas durante muito tempo dividiu o fazer artístico com o trabalho como administrador na empresa da família. “Sempre gostei de desenho, mas não me assumia como artista. Fui contabilista, advogado, mas o artista me cutucava nos fins de semana. Eu ia estudando e desenhando, reproduzindo as obras dos livros, coisas que eu fazia para exercitar o meu conhecimento. Um dia usei uma vasilha de margarina com aguarrás para limpar os pincéis e a vasilha começou a se dilatar. Fiquei tão deslumbrado que comecei a experimentar isso. Aí surgiu o artista. Comecei a derreter o plástico e a misturar com areia. O (Valdir) Sarubbi foi o primeiro a ver esses trabalhos.” Até meados da década de 1990, Acácio trabalhou com a resina plástica, derretendo objetos como copos de liquidificador e plastificando panos, por exemplo,

Mineralizado auto extinguível

Alta resistência a produtos de limpeza em geral

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“Eliminei as cores, há a mudança da linha reta para a linha livre, mas todo o meu trabalho está encadeado. Tudo ainda é a linha.”

primeiro em obras bidimensionais, depois em esculturas. Foi também Osmar Pinheiro quem o apresentou à encáustica e foi nesse encontro que Acácio acabou chegando à sua identidade como artista. A técnica acabou virando uma referência de sua produção, assim como o uso da linha. Nada, porém, que tenha levado Acácio à acomodação. Em 2004, ganhou o grande prêmio do Salão Arte Pará com uma videoinstalação que refletia sobre a vida e o fazer artístico e fazia referência a uma imagem recorrente na história da arte, a do tirador de espinho. Nas obras mais recentes, o artista brinca com os efeitos translúcidos da encáustica, deixando as cores surgirem em manchas aleatórias sob camadas de branco e de ranhuras feitas na cera – agora não mais esquadrinhadas e sim feitas à mão livre, reproduzindo o gesto da pincelada. “Eliminei as cores, há a mudança da linha reta para a linha livre, mas todo o meu trabalho está encadeado. Tudo ainda é a linha. É como se eu estivesse buscando me esgotar”, declara.

A linha também surge nos desenhos que Acácio tem feito paralelamente à pintura, com interferências sobre fotografias, folders, páginas de revistas e outros tipos de impresso, num processo de apropriação e desconstrução que surgiu quando ele estava fora de Belém e longe das possibilidades de seu ateliê. Agora ganham forma em dobraduras, compondo espécies de móbiles. “Sempre acho que as obras caminham para a tridimensionalidade. No momento estou pesquisando soluções para garantir a durabilidade do material”, explica. Aos 65 anos, Acácio Sobral permanece inquieto em busca do novo, mesmo quando é necessário arriscar caminhos. Uma característica que fez o curador de “Universo em Constante Movimento”, Orlando Maneschy, comparar a vivacidade da produção de Acácio com a de um jovem artista. Acácio ri do comentário. “Talvez ele diga isso por conta de uma inquietação na busca da pesquisa que vai me levando até eu esgotar as possibilidades de um material.”

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Complemento Acrílico

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lançamento • por Alexandra Cavalcanti • fotos de Diana Figueroa •

Conheça seu próximo imóvel Torre Umari, lançamento da parceria entre Construtora Leal Moreira e Agra Incorporadora, reúne em um único empreendimento conceitos essenciais na arquitetura moderna, como praticidade, flexibilidade e conforto, aliados à melhor localização, o Umarizal, bairro com o metro quadrado mais valorizado de Belém.

L

eal Moreira e Agra Incorporadora lançaram no final de fevereiro seu mais novo empreendimento, o Torre Umari. Localizado no bairro do Umarizal, ele traz entre seus diferenciais a possibilidade de adaptar os ambientes de acordo com a necessidade do cliente. O apartamento de 107 metros quadrados traz a opção de uma suíte e dois quartos; ou uma suíte, um quarto e living ampliado. A sala de estar ganha amplitude com a sala de jantar e o terraço com churrasqueira, um ambiente a mais para reunir a família. A dependência de empregada pode tornar-se um home office, com espaço para computador, mesa e tevê. Próximo à cozinha, área de serviço com banheiro. A valorização dos mais de 2.800 metros quadrados do terreno pode ser medida pela área condominial completa, projetada para atender todas as necessidades da família, com sala de ginástica, quadra, playground, piscina, churrasqueira, descanso, praça temática, espaço gourmet, salão de festa, salão de festa infantil e ainda duas vagas na garagem. Tudo isso num dos melhores endereços da cidade, Travessa D. Romualdo de Seixas, entre as ruas Antônio Barreto e Domingos Marreiros. Com 32 andares e quatro apartamentos por andar, o prédio traz linhas modernas com a valorização do vidro na fachada e se torna um das melhores opções para quem não gosta de perder tempo e faz questão de estar perto dos lugares onde as coisas acontecem. A um passo dos melhores bares e boates da cidade, supermercados, praça, shopping, farmácias e escolas. Um bairro que se encaixa em todos os estilos, assim como o novo empreendimento da Leal Moreira, criado para atender a necessidade do casal com filhos, dos recém-casados, dos solteiros e dos que buscam apenas tranqüilidade.

Amplo Para quem gosta de mais espaço, sem perder o padrão de qualidade e prima pela tranqüilidade de um bairro arborizado, a Leal Moreira e Agra oferecem outra opção, o Torre Vert, com apartamentos de 156 metros quadrados, com uma generosa varanda, na avenida Gentil Bittencourt, entre a avenida Generalíssimo Deodoro e a travessa Quintino Bocaiúva, no tradicional bairro de Nazaré. Com apenas dois apartamentos por andar, traz a comodidade e segurança do hall exclusivo para cada unidade, similar à de um apartamento por andar. Os espaços internos também podem ser adaptados. Para valorizar a funcionalidade, o cliente decide se prefere três suítes, sendo uma delas em formato máster com closet e home office ou aumentar o número de quartos transformando o gabinete em dormitório. É possível optar ainda por um living e sala de jantar ampliados, ganhando mais espaço compartilhado, ou um ambiente para receber os amigos. Outro diferencial é a varanda, espaçosa e com um novo conceito, que leva o espaço gourmet para a sacada, com churrasqueira integrada ao espaço. Os ambientes se completam com a sala de jantar e estar, cozinha e área de serviço. No espaço externo é possível ver a valorização do lazer e do conforto. O prédio conta com quadra poliesportiva, área de descanso com sauna, salão de jogos, bar tropical, piscinas infantil e adulto, academia de ginástica. Um dos destaques é o salão de festas. O hall é um casarão, no melhor estilo neoclássico, tombado como patrimônio histórico e cuidadosamente restaurado, preservando as linhas originais, inclusive dos azulejos portugueses usados na fachada. A singularidade do projeto fica por conta de um jardim, que emana tranqüilidade, uma exclusividade para o cliente Leal Moreira.

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“A localização e o acabamento foram fundamentais na decisão da compra”, ressalta a cliente do Torre Umari, Marcela Martins.

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“São prédios que trazem o conceito de clube, cercados de opções de lazer para todas as idades, de áreas verdes, jardins floridos, espaço para meditar, onde é possível vivenciar todas as sensações, cercados de segurança”, resalta o arquiteto Herlon Oliveira.

Bem-estar Em comum nos dois empreendimentos, a preocupação com o aconchego da família. “São produtos distintos, mas que se aproximam em vários aspectos, como a preocupação do bem-estar dos moradores”, explica o arquiteto Herlon Oliveira, responsável pelos dois projetos, em parceria com o escritório de arquitetura paulista MCAA. Toda a área condominial foi elaborada visando o lazer e a segurança das famílias. “São prédios que trazem o conceito de clube, cercados de opções de lazer para todas as idades, de áreas verdes, jardins floridos, espaço para meditar, onde é possível vivenciar todas as sensações, cercados de segurança”, descreve. Nos apartamentos, o projeto busca fundamentalmente resgatar o convívio familiar. “A idéia de fazer a churrasqueira na sacada é justamente para que os moradores possam interagir com seus vizinhos na área de condomínio e também aproveitar o convívio familiar, dentro de ambientes comuns, como a própria varanda, as salas de estar e jantar”, detalha. Inovação Os lançamentos do Torre Vert e Torre Umari, resultados da parceria entre Construtora Leal Moreira e Agra Incorporadora, trazem ao mercado imobiliário de Belém um novo conceito de morar, que engloba ao mesmo tempo praticidade e bom gosto, direcionado a diferentes públicos. No caso do mais novo empreendimento lançado no início do mês de março, o Torre Umari, alia-se o estilo de construção já consolidado no mercado a uma das mais nobres localizações da cidade. “É o padrão Leal Moreira no coração do Umarizal, o bairro que mais oferece opções de serviços da cidade. Somado a isso, a flexibilidade de escolher a melhor planta para o aparta-

mento, com dois ou três quartos”, afirma o diretor de marketing da construtora, André Moreira. Outro destaque do Torre Umari é a funcionalidade dos espaços. “Assim como no Torre Vert, esse novo empreendimento apresenta a sacada integrada à sala de estar e com churrasqueira, um diferencial a mais para o cliente”, ressalta Paulo Machado, diretor executivo da Leal Moreira. O diretor da Agra para a Região Norte, Luiz Sérgio Araújo, destaca ainda o que ele chama de “relação de honestidade com o cliente”. “Esse segundo empreendimento lançado por meio da parceria entre a Agra e a Leal Moreira concretiza mais uma vez, com o estande de um apartamento decorado, a possibilidade de o cliente vivenciar como serão realmente os ambientes, com suas verdadeiras dimensões, para que ele possa ter a real noção do que está comprando”, justifica. Pela inovação na maneira de construir e comercializar, os dois lançamentos já são considerados sucesso. “A soma de qualidade advinda da parceira entre a Leal Moreira e a Agra só trouxe benefícios para o mercado imobiliário paraense, o que pode ser comprovado com o sucesso de vendas do Torre Vert, lançado no final do ano passado e já está com mais de 90% das unidades vendidas, sucesso que deve se repetir no Torre Umari”, analisa o diretor regional da CIA Lançamentos Imobiliários, Luiz Fernando Barcellos, responsável pelas vendas. O casal Marcela Martins, arquiteta, e Murilo Leal, bancário, é um dos novos clientes Leal Moreira/Agra. Eles adquiriram um imóvel do Torre Umari. “A localização e o acabamento foram fundamentais na decisão da compra”, ressaltou a arquiteta, durante visita ao estande do novo empreendimento. Para ela, a churrasqueira na sacada e a possibilidade de escolher a planta que melhor se encaixa às necessidades do casal também foram pontuais na opção pelo imóvel.

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O Torre Vert leva o espaço gourmet para a sacada, com churrasqueira integrada ao ambiente.

Serviço: O estande com apartamento decorado do Torre Umari pode ser visitado na travessa D. Romualdo de Seixas, 1500, e do Torre Vert, na avenida Gentil Bittencourt, entre as avenida Generalíssimo Deodoro e Quintino Bocaiúva.

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gourmet

• por Alexandra Cavalcanti • fotos de Diana Figueroa •

Regional e sofisticado Transformar os exóticos ingredientes da cozinha regional paraense em pratos sofisticados, dignos dos paladares mais exigentes, foi o desafio proposto ao chef de cozinha Alexandre Righetti.

A

curiosidade de sentir de perto os sabores únicos da nossa culinária regional levou o chef Alexandre Righetti, recém-formado em Arte Culinária e Gestão Hoteleira pelo Instituto Paul Bocuse, em Lyon, na França, a atravessar o País em busca de novas matérias-primas na capital do Pará. Natural de Pindamonhangaba, cidade a 156 quilômetros de São Paulo, ele chegou a Belém há pouco mais de dois anos e meio, apenas para conhecer os sabores típicos da região. “Estavam muito na moda os ingredientes da Amazônia, como o jambu, o bacuri e o cupuaçu. As pessoas comentavam bastante”, lembra. “O projeto inicial era apenas conhecer esses ingredientes, mas acabei sendo convidado para assumir a cozinha do restaurante Manjar das Garças.” Desafio aceito, Alexandre passou por um período de experimentos até apurar cada um dos sabores, frutos da diversidade da floresta. “Demorei um pouco para entender os ingredientes e as combinações, mas hoje, cerca de 85% do cardápio do Manjar é regional”, comemora. Entre todos os sabores desvendados pelo chef, um em especial caiu em suas graças. “Gosto muito das ervas, como a chicória e o jambu”, diz. O estudo teórico e a prática no país considerado uma das referências da gastronomia mundial renderam a Righetti habilidade para reconhecer quando está diante de um ingrediente promissor. “Na França tive oportunidade de trabalhar com chefs renomados durante os estágios, e como a culinária ainda é uma arte muito artesanal, o estágio é essencial para conhecer a prática e adquirir esses conhecimentos.”

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Mil folhas de salmão defumado com creme azedo e jambu: você se rende já na apresentação do prato.

Por isso, Alexandre orgulha-se de ter passado por restaurantes de uma e duas estrelas, indicação de qualidade atribuída pelo Guia Michelin, o mais importante e renomado guia de hotéis e restaurantes do mundo, publicação em que todo grande chef faz questão de ver seu nome citado. Foi do modo de fazer francês, aliado aos ingredientes amazônicos, que Alexandre conseguiu criar delícias como o “Mil Folhas de Salmão Defumado com Creme Azedo e Jambu”, uma das entradas mais requisitadas dentre as preparadas pelo chef. A combinação entre torradas finas de pão italiano, pinceladas com manteiga clarificada (derretida e sem nata), creme azedo preparado com suco de limão, creme de leite, pimenta e sal, e o sabor singular da erva, refogada apenas no azeite e alho, resulta em uma espécie de sanduíche requintado, com um toque regional. O segredo, revelado pelo chef na hora do preparo, está na montagem. “Sobre a torrada, coloca-se o creme azedo e sobre ele, o jambu e, em seguida, uma fatia de salmão defumado. Depois, coloca-se outra fatia de torrada, na mesma seqüência. Por último, é só pôr outra torrada para formar um sanduíche.” Outro segredo do chef Righetti nessa receita é usar o pão italiano congelado e passá-lo na máquina de cortar frios para obter fatias bem finas. Após saborear a entrada, o prato principal chega em grande estilo, unindo o sabor popular do filhote, típico peixe dos rios amazônicos, com o harumaki de origem chinesa, temos então o “Filhote com Crosta de Amêndoa e Harumaki de Alho-poró com Cogumelos e Molho de Ervas”. Neste caso, o peixe é temperado não ao modo francês, mas seguindo as tradições da culinária paraense, que manda temperar com bastante limão.

“Essa é uma particularidade daqui, porque em algumas capitais, como São Paulo, e na própria França, não usamos o limão, que por ser ácido acaba cozinhando um pouco a carne. Mas em Belém não há como fazer diferente”, diz. Além do suco de limão, o chef acrescenta sal e pimenta-do-reino. O toque especial fica por conta da crosta de amêndoa, que dá ao peixe um sabor crocante. Para obtê-lo, ensina o chef, basta usar amêndoa sem pele e torrada, miolo de pão e manteiga clarificada, bater tudo no liquidificador e, em vez de levar direto para o forno, deixar esfriar na geladeira. Só depois disso é que se deve colocar a mistura sobre a posta e levar ao forno. O harumaki é preparado da forma tradicional. A diferença está na escolha do recheio. Alexandre usa cogumelos shimeji, shitake, alho-poró e cebola refogados com sal e pimenta a gosto, que em seguida são embrulhados na massa para rolinho primavera. No óleo quente, os rolinhos são fritos até dourar. Para o molho de ervas, o chef utiliza alecrim, tomilho e cenoura. Na montagem, o harumaki é partido ao meio, com as duas partes sendo colocadas lado a lado como acompanhamento do peixe. A finalização fica por conta do molho de ervas. Para acompanhar, o chef sugere um bom vinho. Para quem ficou com água na boca, ainda há a sobremesa de crumble, clássica receita inglesa feita com frutas frescas que nas mãos de Righetti ganha ares paraenses, com o uso do doce de bacuri acrescido de sorvete de creme. Para a massa do crumble, ele utiliza açúcar, trigo, manteiga e farinha de castanha batidos no liquidificador e levados ao forno a 180º. Para o recheio, doce de bacuri e sorvete de creme.

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Mil Folhas de Salmão Defumado com Creme Azedo e Jambu. Torrada Ingredientes: 1 pão italiano e 100 ml de manteiga clarificada (derretida com a nata retirada). Preparo: pegue o pão congelado e passe na máquina de cortar frios para adquirir fatias bem finas. Espalhe as fatias numa forma e, com um pincel, embebede com a manteiga clarificada. Leve ao forno aquecido a 160º durante seis minutos. Creme Azedo Ingredientes: 200 gramas de creme de leite, suco de um limão, sal e pimenta-do-reino. Preparo: misture todos os ingredientes numa tigela. Jambu Ingredientes: 1 maço de jambu, 2 dentes de alho e 1 colher de azeite. Preparo: lave o jambu e refogue no alho picado. Montagem: sobre a torrada, coloque o creme azedo, o jambu e, em seguida, uma fatia de salmão defumado. Coloque outra fatia de torrada e repita a mesma seqüência até fechar com outra torrada, formando um sanduíche.

Filhote com crosta de amêndoa, acompanhado por harumaki de alho-poró e cogumelos com molho de ervas. Ingredientes para o peixe: postas de 180g de filé de filhote, limão, sal, pimenta-do-reino, 200 g de amêndoas sem pele e torradas, 100g de miolo de pão, 100g de manteiga clarificada. Preparo: tempere o peixe com o limão e depois o sal e a pimenta e reserve. Misture as amêndoas, o pão e a manteiga, bata tudo no liquidificador e deixe esfriar na geladeira. Coloque sobre as postas de peixe e leve ao forno até dourar. Harumaki Ingredientes: meia cebola cortada em cubos, 1 alho-poró picado, 100g de cogumelo shimeji, 100g de shitake, 1 pacote de massa para rolinho primavera. Preparo: refogue tudo, colocando sal e pimenta a gosto e reserve. Enrole na massa e depois frite até dourar. Molho de Ervas Ingredientes: 1 cenoura, 400 ml de caldo de peixe, 5 ramos de alecrim, 180 g de manteiga. Preparo: cozinhe a cenoura no caldo, depois bata no liquidificador e coe. Em seguida, acrescente o tomilho e o alecrim picados, juntamente com a manteiga derretida. Montagem: arrume a posta de peixe e o harumaki no centro do prato e regue ao redor com o molho de ervas.

Crumble (biscoito) com bacuri e sorvete de creme Massa Crumble Ingredientes: 250 g de açúcar, 250 g de trigo, 250 g de manteiga, 250 g de farinha de castanha (batida no liquidificador) Preparo: misture tudo até formar uma massa e leve ao forno aquecido a 180º durante 25 minutos. Doce de Bacuri Ingredientes: 1 quilo de açúcar e 400 g de polpa de bacuri Preparo: leve ao forno até derreter e ficar corado. Montagem: coloque o crumble e, em seguida, o doce de bacuri. Finalize com uma bola de sorvete de creme.

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“Demorei um pouco para entender os ingredientes e as combinações, mas hoje, cerca de 85% do cardápio do Manjar é regional” 89

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um quê a mais

Lançamento I A parceria entre Leal Moreira e Agra Incorporadora apresentará em breve mais duas ótimas novidades para o mercado imobiliário de Belém. A primeira será anunciada no mês de maio, mas trouxemos alguns detalhes para você. Em localização privilegiada no Marco, na travessa Enéas Pinheiro, o novo prédio terá apartamentos de 137 metros quadrados, sendo quatro por andar, em duas torres. São 9 mil metros quadrados de área do imóvel.

Passeio virtual Quer fazer um passeio virtual por um apartamento do novíssimo Torre Vert? Então visite o site www.lealmoreira.com.br, onde você encontra imagens de um imóvel mobiliado de três suítes, com 156 metros quadrados de área privativa e mais duas vagas na garagem. O tour leva apenas alguns segundos, mas é suficiente para dar um pequeno aperitivo do padrão de qualidade da empresa.

Lançamento II A outra novidade está reservada para agosto. Será um empreendimento com quatro torres no bairro da Sacramenta. Conta com excelente localização na avenida Senador Lemos, principal via de acesso do bairro e próximo a supermercados, bancos, farmácias, entre outros serviços e opções.

Parceria Uma parceria entre a Leal Moreira e a Prefeitura Municipal de Belém dará novos ares à Praça do Jaú, no bairro da Sacramenta. A construtora será responsável pela restauração e manutenção do espaço público a partir da assinatura de um convênio previsto para os próximos meses. A colaboração faz parte do projeto “Padrinhos do Verde”, em que empresas comprometidas com responsabilidade social assumem logradouros públicos.

Aniversário No último dia 21 de fevereiro a Construtora Leal Moreira comemorou 22 anos de sólida trajetória de atuação no mercado imobiliário. Durante uma pequena comemoração que reuniu diretores e funcionários no Café Leal, localizado na sede da empresa, foram ressaltadas como principais preocupações e metas da Construtora o compromisso com os clientes e a busca por oferecer o melhor.

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Parceiros

Cartão Leal Moreira

para sua casa

Actual Home Armazém Sofisticatto Aspectho Móveis Belém Shopping Vidros Blinporte Bordalo Gesso Casa e Cia Chamsi Brunini Design da Luz Ebbel Eletroluz Eliza Ferraz Evviva Bertolini Florense GramaPedras Guerreiro Guimarães Imperador das Máquinas Intercouro IT Center/Tudo Casa Le Luci Márcia Lima Paisagismo M. Martan Máxima Naveta Novitá Ortobom Perfini Pompano Projetar Rezende’s SCA Sol Informática Spazzio del Bagno Visão

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para seu lazer

Parceiros Leal Moreira

Cantina Italiana Chocolate e Licores Hikari Kaluanã Le Massilia Manjar das Garças Salinas Up Grade Xícara da Silva

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para você

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um quê a mais

Torre Umari O mais novo empreendimento da parceria entre Leal Moreira e Agra Incorporadora foi lançado em grande estilo no final de fevereiro. Clientes e convidados puderam conhecer de perto as qualidades da nova Torre a partir de um apartamento em tamanho real, construído e decorado para visitação.

01. 02.

03. 01. Murilo Leal e Marcela Martins. 02. Helen Cristina, Sheila Franco e João Elias. 03. Agustinha e Alessandra Quadros.

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um q uê a m a i s

projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento acabamento

Check List das obras Leal Moreira

Torre Umari Torre Vert Torre de Farnese Sonata Residence Torre de Belvedere Torre de Bari Torre de Saverne Torre de Toledo Metropolitan Tower

em andamento concluído 93

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a rtigo • Ilustração de Leandro Bender •

Educação Gerencial: desafio da era da competitividade

Nara d´Oliveira Gestor Consultoria

Uma fala constante nos discursos de diretores e presidentes versa sobre a necessidade de fortalecimento de seu corpo gerencial e a necessidade de desenvolver parceiros para o futuro. Pessoas que possam suportar os planos de crescimento da organização. Em quem apostar, como desenvolver “as pessoas de confiança” (parentes) versus “as pessoas de mercado”, as pessoas que obedecem versus aquelas que possuem críticas, recrutar, ensinar, colher, reter e poder contar? Este é um dos assuntos do dia e algo que será atendido de forma integrada, estratégica e muito, muito discutida. O homem ideal não existe. A realidade é que há pessoas que possuem competências alinhadas com as quais precisamos e que suas crenças acerca de trabalho e realização são também alinhadas com o que oferecemos em nossas organizações. As questões mais complexas da vida não possuem receitas, elas são construídas no dia-a-dia de forma caseira, por assim dizer. Mas, se não possuem receitas, possuem algumas poucas verdades, cunhadas pelo bom senso e experimentação: “Identifique quem possui os mesmos valores que sua organização. Quem acredita em coisas diferentes nunca irá conseguir desenvolver algo de valor”; “Estabeleça uma relação baseada na confiança e na honestidade de comunicação, só assim você poderá acompanhar de fato o trabalho deste profissional”; “Faça coaching, ou seja, acompanhe e suporte as dificuldades de execução do profissional levando-o ao aprendizado concreto do como fazer”; “Mostre-se disponível para a solução de suas dúvidas e discussão de seus problemas”. Há, contudo, aquelas pessoas que nos causam dúvidas. Que, apesar de muitos pontos de discordância, julgamos que são importantes. Para estas temos que afinar as chuteiras e entender que a solução são caneladas diárias, ou seja, muita conversa no decorrer. Mais ainda, gerente não nasce de um processo seletivo. Ele se desenvolve dentro da organização, é cria da casa, reconhece e se identifica com a cultura, possui expertize técnica e the most only, gosta desta empresa.

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cartas

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B iná

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a ês ,T oc a, v as il) c d i e d bl ma lin ial Pú r eG é r s N o I t a õe o (p a e ito LIV evist m l u laç a t r m Re Pau o, vis ! A o e n ã e r r S e a s a

ad mod bén ce brig ra Re o O ual Pa it ) vis ira... u ail M m rime , e-m o r c o r e p o! e (p u n e A d ss so sig –P ce m de ém, um é l su e Be o el a a e, tic m B rand la, ep s P á e o e lo l e i e b p s (p qu ou m de a Ro t a s e t i t art que e es cida san u s So esso aulo sta tere ing! P ne is in Liv nf co São ho a a m )é de quin ão m i u ç po lica ra m p b u p os en m bi

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o ar ora z i it n , ed ois be rra Ba il) ara da ta! P ra, a p a is s rei vis Ge r e-m de você a re Mo reas o p ( á ão d al e res ria Le rsas (e n a, o sta dor e d s à o v o G liza di lic liza a ero a ea gad r as púb raz ção r e p li id a o eu a nta m m co smo e ju do s neir agra u a i e m te d m seg sse n re de elen co inte c te) de en a ex m m u so l ivi m co oC r i e lis

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h en ng ia E tar to, il) os ova en a g m n -m e ci a ue as or e a ist um e é q o o N A (p v d e r e r P a u úd d Ric ém – da são ho q onte l o . lu Be Ac o c uit

Atendimento: A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, e no sábado, plantão das 8h às 12h. Ou então, fale diretamente com um dos nossos corretores: Benedito Pereira (9985.9379), Edilson Beckman (9942.0418), Gilberto Carneiro (9982.5381) e Marcelo Seixas (9114.0077).

Telefones: ++55 91 4005 6800 // 4005 6820 // 4005 6821

On line: Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com. br. Nele, você fica sabendo sobre todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras. Você também pode fazer um tour virtual por um apartamento decorado do Torre Vert, o mais recente lançamento da Leal Moreira.

Acesse: www.lealmoreira.com.br

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inc os. xar pleto m sto rir a carr dei om o G uge ra is c re s pa a ob de ão s ndo da m a ç t in se á fal ga t es Livin da

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a, a o im ort da tra ári nd e p sm qua do cit u i o 3 l br o. e o b o a u a o 1 e, i m ta s Ca ã ,P e r , a ia is rac nte diç as Tiv úme eira m tér a e stico rev ui ag ura a eix l) a r o S a a f n á eve m i o m t m c i t a a t i s e u l n o M o e é d o da a ú a fa est ia, Líg r e-m ria d cid on m r al n ist o o sta la u ista Le anta nhe ém, uit da (p o ue ânc e h l o G c m v m a ê c e n e c en vel q inf tas e i b . i r l s e B s e e e a a t t a o b i e í s v m sm u d d ce ar rec artig a nh sa ha ive e Go do p um e fun mi as fa Es de der s m n m t s l s t a o . s a cê e . O a o a e r c n n e e e r . m vo ão in Zi m d ta e m idad e t ob de p nte a m nde s s o o n ç e c n a c a zo Alé traç rese utra hom qu ra tua no eir nte ori das e g sso e da dad e o p as o sse ho erpe eni s e H a e d d d t c m p r a lo p ri “M ça de , a uit ve nsa Be s tra osid rias al e a m cob des o crian riar a i e e s m a c a im i em açõ prec m vá sion r e r o o d id u is pa om as iam r os bil a f aq form ma ei co prof c a s d h m na s e o in e u tilh o e De ribue ssos entr e p ndo do. d ar rcuit a A u o n t p q n -P ce ” ab qua sã om ci co su inho dia e lém c u e e s m B já m es. de luqu em eira z e o, a e ad d do izad an og Ma hoje inca de v v u L ista r Ad s am e , b e a d s v d si m m ais tre As m eoga tos a en mbé m rio il) o f é d a a g u vI ara oi t Ro e-m as er e is 14) p a. F hec lent or a (p t n e e leg ão co exc ess vis s ito (ediç à re e de sa u cia no i M eu idad e es onhe me ela an d v r Pio ela ortun sob ão c e e que e t n l qu a op ais nte cien isua m e s v m n o alm co u o uc po z. Re ais om c i atr o m ado . p lad ocu trou s e pr on m de

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crônica

Outras musas! “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”. O verso do poeta, no que diz respeito às musas atuais eleitas pela mídia, não mais exprime a verdade. Elas agora estão masculinizadas demais, barriga com os músculos à mostra, pernas de jogador de futebol, braço de lutador de boxe, verdadeiras estátuas de mármore. Talvez perfeitas nas estéticas, mas cadê sentimento, cadê o calor que é marca registrada da mulher brasileira? Estátuas são feitas pra se poder olhar. Já a dona dos versos da canção “Garota de Ipanema” era, em primeiro lugar, natural, trejeitos absolutamente femininos, corpo com curvas delicadas, um jeito de andar próprio de mulher que sabe e gosta de ser mulher e, importante, tinha celulite, claro que não muita. Por falar em celulite, um dia ouvi da boca de uma amiga a afirmação que mulher que não tem celulite não é boa de cama! Quando questionada, foi logo expli-

cando: - Mulher para não ter celulite tem que malhar o dia inteirinho, a noite não tem disposição pra mais nada. Quando você a leva a um restaurante, em vez de comer um belo e suculento prato, pede uma folha de alface com uma rodela de tomate, acompanhada de água mineral sem gás. Uma mulher assim gosta de transar? Tenho percebido uma mulherada cada vez mais insatisfeita, sempre correndo atrás de perder dois quilos, como se neles estivesse contida toda a felicidade, gente que aposta todas as fichas somente na beleza física. Aí, passam noites de sábado estonteantes e ao acordarem no domingo (depois das 14 horas), sem companhia e sem nenhum telefonema, saem correndo atrás de perder outros dois quilos. Já aviso: não adianta! O problema não está nos quilos a mais, está em não perder a graça!!!

Bob Menezes - fotógrafo

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Living nº 16 março de 2008

GENTE COMPORTAMENTO DESIGN ESTILO IDÉIAS CULTURA TECNOLOGIA ARQUITETURA

Leal Moreira

Distribuição gratuita

ano 4 número 16 março 2008

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Amyr Klink Dispensando a imagem de herói solitário, o navegador diz, em entrevista exclusiva, que seu interesse é conhecer as pessoas.

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