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Distribuição gratuita
ano 5 número 19 dezembro 2008
Ana Botafogo
Primeira dama do balé brasileiro estuda uma nova carreira nos palcos, agora como atriz
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entrevista
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Em mais de trinta anos de carreira, Ana Botafogo conseguiu a proeza de tornar-se ícone cultural do país. Agora, aos 51 anos, a bailarina avalia o momento certo de trocar as sapatilhas por novas experiências nos palcos, dessa vez como atriz.
Culinária, arquitetura, artes, história... o número de atrações que a Itália oferece é tão vasto que citar algo em particular é tarefa difícil. Nesta edição, preparamos um roteiro especial para você conhecer mais um pouco da Velha Bota, que encanta o mundo inteiro com seu charme eterno.
Vida Saudável
Com São Francisco de Assis nascia o costume de encenar o nascimento do menino Jesus. Séculos depois, os presépios continuam fortes como uma das grandes tradições do período natalino. De todos os formatos, eles se transformaram em motes para a criação de verdadeiras obras de arte.
destino
natal
Consciência ambiental, saúde e praticidade. Em pleno século XXI, a boa e velha bicicleta continua como um dos meios de transporte mais usados no mundo. Em tempos de cuidados com o planeta, a magrela volta a ser a bola da vez.
especial
capa: Ana Botafogo, da fotógrafa Alice Bravo
Há algumas décadas, o assunto infertilidade beirava o tabu. Hoje, com o desenvolvimento de técnicas cada vez mais eficazes de fertilização, a chance de casais vencerem os problemas para trazer ao mundo herdeiros bonitos e saudáveis é cada vez maior.
Galeria O cineasta paraense Cássio Tavernard, autor do curta de animação “A Onda: Festa na Pororoca”, lançado em 2005, colhe bons frutos do trabalho junto a público e crítica, e começa a preparar uma série baseada na obra, a pedido da TV Cultura Nacional.
Comportamento Houve um tempo em que Estados Unidos e Inglaterra ditavam o ritmo da vida cultural da juventude. De uns anos pra cá o jogo virou: o Japão, com seus animes, mangás e brinquedinhos eletrônicos, invadiu corações e mentes da garotada. E Belém não está fora disso.
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carta ao leitor
Caro leitor,
André Moreira, diretor de marketing da Leal Moreira
A arte de se recriar não é, definitivamente, para qualquer um. Buscar novos horizontes, fugir da acomodação e manter-se motivado para os desafios: eis as características que distinguem os comuns dos notáveis, aqueles que acabam fazendo a diferença e são reconhecidos como referências absolutas em suas especialidades. Este é o perfil que buscamos para as personalidades que ilustram as páginas da Living. E a entrevistada desta edição é um bom exemplo disso. Com mais de 30 anos de carreira, Ana Botafogo mostra que sempre é possível ir um pouco mais longe. Primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e em plena forma, a carioca começa a planejar a aposentadoria – da dança profissional, mas não dos palcos. Aos 51 anos, ela se prepara para abraçar uma nova carreira, a de atriz, e o batismo deve acontecer já no ano que se aproxima, quando vai encenar uma peça ao lado de Marília Pêra. Novos caminhos se abrindo. Como estamos às proximidades do Natal, preparamos um material sobre o grande símbolo da época: o presépio, tradição nascida com São Francisco de Assis em 1224 e que, em pleno século XXI, continua forte a ponto de encantar católicos e não-católicos ao redor do mundo. Em Belém, a encenação do nascimento de Cristo é usada em lares e ateliês como mote para a criação de pequenas obras de arte, que você vai conferir com detalhes. Ainda nesta edição abordamos um assunto que há não muito tempo ainda era tabu e motivo de frustração para muitos casais: infertilidade. Em uma matéria esclarecedora, o especialista em reprodução humana Arivaldo Meireles esmiúça os principais problemas relacionados ao assunto, além de informar sobre as mais modernas técnicas de fertilização, que têm renovado as esperanças de muitas pessoas que sonham em trazer ao mundo herdeiros bonitos e saudáveis. Quando a conversa é sobre beleza, aliás, poucos lugares do planeta são mais indicados do que a Itália, tema de uma de nossas reportagens sobre turismo. Em seis páginas, mostramos um pouco do que faz o país em formato de bota ser um dos roteiros preferidos por turistas de todos os lugares. História, culinária, arte, futebol: é só escolher o assunto que o país estará lá, firme como referência. Aproveite as boas dicas de hospedagens e lugares para curtir da melhor forma um passeio na terra de Leonardo Da Vinci. Boa leitura. Abraços. André Moreira
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Revista Living Leal Moreira
João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Gerente de Marketing: Lilian Almeida
Idealização: Double M comunicação Coordenação e realização: Publicarte Editora Diretor editorial: André Leal Moreira Diretor comercial : Juan Diego Correa Diretor de arte: André Loreto Editor-chefe: Elvis Rocha Produção editorial: Elianna Homobono Design: Leandro Bender Fotografia: Luiza Cavalcante Comercial: Juan Diego Correa / Lana Vasconcelos
comercial@doublem.com.br e (91) 4005-6868 Reportagem: Alan Bordallo, Débora Mcdowell, Dominik Giusti, Elianna Homobono, Elvis Rocha, Juliana Oliveira, Lucas Berredo. Colunistas: Álvaro Jinkings, Angelo Cavalcante, Bob Menezes, Celso Eluan, Guto Lobato, Marcelo Viegas, Nara D’Oliveira e Saulo Sisnando Revisão: José Rangel Gráfica: Santa Marta Tiragem: 15 mil exemplares
Fale conosco: (91) 4005-6868 / 4005-6878 redacao@editorapublicarte.com.br Living Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
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Pará
Le Pizzeria Agora a Cidade Velha esconde um pedaço tradicional da Itália. O Le Pizzeria traz aos amantes de pizza a genuína receita italiana. Pizza de tamanho único e tomate vindo de terras italianas são alguns detalhes que fazem desde a massa ao ponto até o recheio com ingredientes importados um deleite e uma homenagem - a cada detalhe - à especialidade do país com formato de bota. O sabor se une ao agradável ambiente com escadarias e pé-direito alto. Não por acaso o casarão escolhido para acolher as delícias italianas fica ao lado da Catedral da Sé. Decoração com objetos retirados do imaginário paraense compõe um cenário que dialoga entre a bella Itália. Rua Dr. Malcher, 15 – Cidade Velha. Fone: (91) 3222-9952
Expojóias O universo das águas amazônicas será o ponto de partida para designers de jóias do estado apresentarem suas peças no V Pará Expojóias – Amazônia Design - que acontece de 9 a 14 de dezembro, no Espaço São José Liberto. Apresentando peças de nomes de peso como Lidia Abraim e Celeste Heithman (no detalhe), a quinta edição da única exposição de jóias do Norte do Brasil irá mostrar aos apreciadores do setor joalheiro o prestigiado trabalho dos designers paraenses. Sob o tema “Jóias do Pará: a poesia das águas na Amazônia”, artistas e público irão mergulhar na poética de um dos principais elementos culturais da região. Expojóias de 9 a 14 de dezembro Espaço São José Liberto, Praça Amazonas, s/n Fone 3244-3514
foto Elza Lima
Marujada
foto Walda Marques
foto Elza Lima
Cores e fitas enfeitam a cidade de Bragança no mês de dezembro, durante a tradicional festa da Marujada. A comemoração bicentenária acontece entre os dias 12 e 26 de dezembro em uma das cidades históricas mais bonitas do Pará, que se prepara anualmente para receber mais de 8 mil visitantes. São quinze dias de louvor e alegria. A música entoada pela rabeca, principal instrumento do festejo, invade a cidade e leva moradores e turistas para dançar e cantar nas ruas bragantinas, em homenagem a São Benedito. Informações: Secretaria Executiva de Cultura do Estado (Secult). Telefone: (91) 4009-8707.
A Taberna São Jorge continua iluminando as tortuosas ruas da Cidade Velha. Em novo endereço, o espaço se mantém no charmoso bairro belenense com a mesma proposta visual - em referência ao guerreiro da Capadócia. Mais amplo, o lugar conta agora com uma galeria de arte, que apresenta ao público, desde a entrada, exposições de arte e fotografias. O bar, que é uma verdadeira obra de arte, reproduz nas paredes, mesas e decoração uma mistura de estética “cult” e crença popular, convidando o público a enfrentar o dragão do dia-a-dia com boa música, comidinhas e amigos. Travessa Féliz Roque, Cidade Velha Fone: (91) 8146-4546
foto Walda Marques
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Brasil Futebol Os apaixonados por futebol que moram ou estão de passagem por São Paulo agora têm mais um motivo para festejar. O Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, foi inaugurado para contar, de forma interativa, a história do esporte mais popular do país. Em uma área de 6,9 mil m², o visitante pode conferir 1.400 imagens, seis horas de vídeos, além de conferir exposições temporárias sobre os maiores craques e feitos do futebol brazuca. Uma loja de artigos esportivos e suvenires funciona no local para quem estiver disposto a levar para casa uma lembrancinha. O museu não abre em dias de jogos. Local: Estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, S/N) Preço: R$ 6,00 (R$ 3,00 a meia entrada para estudantes e idosos) Horário: das 10h às 18h, Telefone: (11) 3663-3848 Site: www.museudofutebol.org.br
Buddha Bar A Villa Daslu recebe a primeira filial aberta na América Latina do badalado Lounge restaurante Buddha Bar, de Paris. A decoração do ambiente já mostra, desde a entrada, a proposta do lugar: uma passarela temática invadida pela música lounge. Diferente da matriz, que conta com uma das mais disputadas pistas de dança do mundo, a atmosfera do Buddha Bar em São Paulo é mais especializada nos prazeres da culinária. No interior, o teto de vidro deixa entrar luz natural, iluminando o sofisticado restaurante aberto no horário de almoço e jantar. Além de trazer para o Brasil a cozinha asiática comandada pela chef Bel Coelho, o ambiente possui um espaço lounge e um sushi bar. Av. Chedid Jafet, 131, Bloco B, Vila Olímpia Reservas: (11) 3044.6181 http://www.buddhabarsp.com.br
Ashes and Snow São Paulo recebe em janeiro de 2009 o Museu Nômade do fotógrafo canadense Gregory Colbert. A exposição reúne imagens de mais de 60 viagens que o artista realizou, a partir de 1992, à Índia, ao Egito, à Namíbia, a Bornéu e outras regiões do mundo, filmando mais de 130 espécies e capturando momentos extraordinários de contato entre o homem e a natureza. “Ashes and Snow” já foi visitada por mais de nove milhões de pessoas em várias regiões do planeta, tornando-se a exposição mais visitada de um artista vivo de toda a história. Califórnia, Tóquio e Cidade do México foram as últimas cidades a receberem o museu itinerante. http://www.rolex.com
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TWG Tea Após percorrer o mundo e apreciar diversas receitas de chás com especiarias do mundo inteiro, os empresários da TWG Tea lançaram a primeira boutique de chá do mundo, em Cingapura. A decoração inspirada nos bules e porcelanas da China faz referência a um dos países mais tradicionais no consumo da bebida milenar. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado para promover uma experiência completa, incluindo as patseries (tortas) elaboradas pelo chef francês Philippe Langlois, especialista em combinar sabores para promover a degustação correta de cada tipo de chá. http://www.twgtea.com
Orloj O Orloj, único remanescente dos três grandes relógios fabricados no século XV pelo matemático Jan Sindel em Praga, na República Tcheca, é uma tentativa de representar a ciência moderna (que dava então seus primeiros passos) ao lado da religiosidade cristã e da cultura pagã vividas na Idade Média. O monumento tem ponteiros representando astros do sistema solar, que passeiam pelos signos do zodíaco. Cercado pelos 12 apóstolos de Cristo, ele traz ainda em seu desenho anjos e demônios como sentinelas. Um dos pontos turísticos mais visitados no Leste Europeu, o relógio voltou a funcionar após uma fiel restauração em 1948 e hoje encanta moradores e turistas, apresentando a beleza e a engenhosidade mecânica da época.
San Alfonso Com 1 km de extensão e 80 mil m², a piscina do luxuoso resort San Alfonso é a maior do mundo e atração internacional na praia de Algarrobo, no sul do Chile. Além de nadar, é possível praticar caiaque, vela, mergulho e utilizar serviços de transporte para navegar de um extremo ao outro da piscina - que equivale a 6 mil piscinas normais. O lago artificial navegável, com 250 m³ de água cristalina, é seis vezes maior que a piscina do Hotel Casablanca, no Marrocos, que detinha anteriormente o título de maior piscina do mundo. http://www.sanalfonso.cl
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perfil • por Elvis Rocha • foto Luiza Cavalcante • arte Bender (sobre tela de João Bento) •
Visagens em festa
Walcyr Monteiro recebe título nacional em reconhecimento ao trabalho de quatro décadas de divulgação das lendas amazônicas
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noite do último dia 14 de setembro foi especial para lendas, visagens e assombrações amazônicas. Em São Paulo, o paraense Walcyr Monteiro recebia a outorga de Folclorista Emérito do Brasil, título concedido pela Comissão Nacional de Folclore em reconhecimento a quase quatro décadas dedicadas ao prazer de contar boas estórias – uma tarefa que, 36 anos depois da publicação do primeiro causo da “Matinta Perera do Acampamento”, no suplemento cultural da finada “A Província do Pará”, parece estar longe de chegar ao final. Os que freqüentam livrarias em Belém já possuem, em maior ou menor grau, familiaridade com Walcyr Monteiro. Sua obra mais famosa, “Visagens e Assombrações de Belém”, uma compilação das mais curiosas estórias sobrenaturais da capital, faz dele um dos poucos autores regionais a ocuparem espaço nas prateleiras, em par de igualdade, com Veríssimos e Paulos Coelhos. Nada mal para um sociólogo que teve que driblar preconceitos ao pôr no papel uma tradição eminentemente oral e bastante ligada às classes mais populares. “Quando lancei meus primeiros trabalhos, alguns colegas diziam: ‘Mas Walcyr, você, um sociólogo, incentivando essas estórias e crendices do povo...’ Anos depois esse reconhecimento me deixa gratificado, principalmente pelo trabalho ter alcançado pessoas de diferentes tipos e gerações.” Nascido na Cidade Velha em 1940 e remanescente de uma Belém pré-urbanização, Walcyr travou contato desde muito cedo com as estórias que anos mais tarde povoariam os seus livros. Foi nas calçadas do bairro em que cresceu que o então menino descobriu todo o universo que se escondia atrás da fachada de tranqüilidade belenense. “As famílias se reunirem em frente às suas casas para contar estórias era algo muito comum há algumas décadas em Belém. Quando comecei a compilar os causos que entraram nos meus livros e que ouvia desde que era criança, foi para não deixar morrer uma tradição que, principalmente após a chegada da televisão, começou a ser deixada de lado.” Desde a edição de “A Província do Pará” que circulou nos dias 7 e 8 de maio de 1972, muita água já rolou embaixo da ponte de Walcyr Monteiro. Ele, que garante nunca ter tido a pretensão de ser escritor – “Só queria registrar as estórias que conhecia” -, lançou seis outros livros, acompanhou seu trabalho virar roteiro do longa-metragem Lendas Amazônicas (de Moisés Magalhães e Ronaldo Passarinho, lançado em 1998), foi mote para espetácu-
los de teatro e dança, virou tema de enredo de duas escolas de samba, transformou-se em um dos dois únicos paraenses – ao lado do pesquisador Vicente Salles - a constar como verbete no “Dicionário de Folcloristas Brasileiros” e teve sua obra traduzida para nada menos do que cinco idiomas (Francês, Inglês, Espanhol, Alemão e Japonês). A maior glória para Walcyr, no entanto, é o fato da coleção de 13 cadernos “Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia”, que amplia o leque antes restrito à capital com causos coletados em toda a região, ter sido incluída como tema de estudo por professores de diversas escolas paraenses. “Sei que meu trabalho muitas vezes é quixotesco, mas vendo esses frutos sei que minha luta pela valorização do que é nosso, das nossas tradições, não tem sido vã”, diz o escritor, que gosta de se definir como um resistente cultural. “É um trabalho de cunho político também.” Aposentado há treze anos, o atual presidente do Centro Paraense de Estudos do Folclore tem uma série de projetos em pauta para o futuro. Além de estar preparando um livro sobre lendas, crendices e superstições de Belém, ainda sem data para publicação, ele pretende organizar uma equipe para a produção, a médio e longo prazo, de um catálogo que mapeie geograficamente as origens das lendas e mitos da Amazônia. “Tenho muito mais a publicar do que já publiquei. Viajo pela região toda em busca de material sobre boas estórias e espero poder levar ao público todo esse material rico que tenho tido a oportunidade de conhecer nessas minhas andanças.” Quando o assunto é a relação das novas gerações com o imaginário tradicional amazônico, Walcyr aproveita para fazer algumas observações que considera pertinentes. Segundo ele, que diz ter começado a escrever por conta da influência da Televisão nos costumes locais, ainda nos anos 70, é importante que os jovens – público-alvo da maioria de suas palestras – tenham equilíbrio para absorver o que de melhor um mundo globalizado oferece, mas que não deixem de conhecer e levar adiante o que, segundo Walcyr, “é verdadeiramente nosso”.“Antes de querer ir à Disney, conheça a sua terra. Viaje pelo estado e conheça toda a riqueza que a região tem para oferecer. Nesses anos todos correndo pra cá e pra lá, eu aprendi que quanto mais eu sei da Amazônia, mais ainda existe para ser conhecido. Aproveite a riqueza cultural do lugar onde estão as suas raízes.”
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Mais um pouco... A Moça do Táxi
• “Visagens e Assombrações de Belém”, o livro lançado em 1986, uma das publicações responsáveis pela fama de Walcyr Monteiro, já está na 4ª tiragem da 5ª edição. Nos cálculos do autor, já foram vendidos mais de 12.500 exemplares do livro, um número bastante razoável para o mercado editorial paraense. • Hoje, o escritor ocupa seu tempo livre entre pesquisas pela região amazônica e palestras para estudantes em escolas de primeiro, segundo grau e universidades. A pergunta que mais tem que responder, lógico, é se ele, que escreve tanto sobre lendas e folclore, também acredita na existência de seres sobrenaturais. A resposta, curiosamente, é “não”. • Divorciado duas vezes, Walcyr tem três filhos: Waleiska (40), Átila (39), e Enorê (18). Segundo o autor, o trabalho de pesquisa para a produção de seus livros acabou fazendo com que os filhos tivessem uma relação que mistura orgulho e ressentimento com seu trabalho. “Imagine que quando eles eram crianças eu quase não parava em casa, e aos domingos, um dos programas que fazíamos era ir visitar os cemitérios de Belém.” • Walcyr pode não acreditar nas estórias sobrenaturais que coleta, mas defende com veemência a existência de vida em outros planetas. O paraense é membro do conselho editorial da revista UFO, que circula nacionalmente divulgando matérias e pesquisas sobre a possibilidade de não estarmos sós no universo. “Está sendo preparada uma edição da revista que será dedicada a fenômenos ufológicos na região. A Amazônia é riquíssima em episódios com objetos não-identificados, muito mais do que imaginamos.”
Um dia qualquer do ano. Porém sempre uma data certa. A moça faz sinal para o táxi, geralmente de quatro portas, sentando-se atrás. Solicita ao motorista que vá ao bairro da Cidade Velha. Pede para ir devagar pelo Largo da Sé (Praça Frei Caetano Brandão); volteia o largo do Carmo, faz questão de ir ao Porto do Sal, dirige-se em seguida ao Arsenal da Marinha, solicitando sempre marcha lenta. O motorista, meio aborrecido, pergunta: - Mas afinal, onde a senhora quer ficar? - Depois lhe direi. Não se aborreça comigo, por favor. O senhor cobrará depois quanto quiser. No momento não vou a lugar nenhum. Estou apenas passeando. Sabe? Hoje é meu aniversário, e meu pai, todos os anos, me dá de presente uma volta de táxi pela cidade. Ele pagará quanto o senhor pedir. (...) Depois da Cidade Velha, outros bairros se seguiram. A moça olhava demoradamente os quarteirões, as casas, fazendo observações. (...) E como se só saísse uma vez durante o ano, a moça relatava as modificações nos vários bairros de Belém. Depois de tê-los percorrido, pediu para ser deixada no cemitério de Santa Izabel. - Pode deixar-me aqui. Agora eu vou andar um pouco a pé. Muito obrigada por tudo, principalmente pela sua paciência comigo. - Muito bem, moça. Feliz aniversário. Mas...e a corrida? - Ah, sim, desculpe, ia esquecendo. Cobre com meu pai, neste endereço. Diga-lhe que é meu presente de aniversário! Muito obrigada de novo. Té logo. (...) No dia seguinte, pela manhã, o motorista foi ao endereço dado pela moça. - Bom dia! Mora aqui o senhor fulano? - Bom dia! Sim, mora. O que o senhor deseja? - Vim cobrar uma corrida... - ???! - Vim cobrar uma corrida de táxi da filha dele. - Não é possível! - Ora, não tenho porque lhe mentir... - Mas ontem uma moça assim, assim, correu toda a cidade em meu carro e me mandou cobrar aqui, dizendo ser filha do senhor fulano e que o passeio era o seu presente de aniversário (ou então refere-se à casa-Cemitério ou vice-versa). A senhora empalidece. - Olhe, já lhe disse que não temos filhas... Nesse momento, pela porta entreaberta, o motorista nota o retrato de uma moça. E apontando-o, diz: - A moça é aquela ali! A senhora rompe em soluços. - Não é possível... aquela moça era nossa filha... Mas ela já morreu há tanto tempo... E, realmente, o pai costumava lhe dar de presente uma volta de táxi pela cidade. O motorista começa a ficar nervoso. Já não se interessa nem em cobrar a corrida. Só quer esclarecer se a moça que pegou o seu carro estava viva ou não. O caso é solucionado pela chegada do marido, que afirma a morte da moça, prontificando-se a levá-lo ao cemitério. E lá, mostra o túmulo, onde o motorista vê um retrato igual ao que havia na casa... (Trecho do livro “Visagens e Assombrações de Belém”)
Obras • Visagens e Assombrações de Belém (1986), Editora Falangola; • Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia - N° 1 ( de uma série de 13 cadernos) (1997), diversas editoras; • As Incríveis Histórias do Caboclo do Pará (1998), Smith Produções Gráficas; • Presente de Natal (2003), publicado no Japão em Português, Espanhol, Inglês e Japonês pela Shinseken, em 2003; • Histórias Portuguesas e Brasileiras para as Crianças, em co-autoria com o escritor português Fernando Vale ((2003), publicado em Portugal pelo Instituto Piaget; • Histórias Brasileiras e Portuguesas para Crianças, em co-autoria com Fernando Vale (2005), Editora Paka-Tatu; • Miscelânea ou Vida em Turbilhão (poemas), Smith Produções Gráficas (2001); • Cosmopoemas (poemas), Smith Produções Gráficas (2001); • Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia - Coleção Azul (Contendo os números 1 a 5 da série), patrocínio do Banco da Amazônia, (2005); • Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia - Coleção Marrom (Contendo os números 6 a 10 da série), patrocínio do Banco da Amazônia, (2005); • CD “Na Rede dos Sonhos” - letras de Walcyr Monteiro musicadas por Alcyr Guimarães (2004).
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perfil
Kirmayr ajudou o tênis brasileiro a conquistar admiradores enquanto esteve nas quadras profissionalmente, e agora transmite suas experiências às novas gerações de tenistas
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• por Elvis Rocha • fotos Luiza Cavalcante •
O rei das quadras Muito antes de Guga, Carlos Alberto Kirmayr já levava o Brasil a uma posição de destaque no cenário do tênis mundial
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uando Gustavo Kuerten ainda era um menino e talvez nem sonhasse com as primeiras raquetes, outro loiro com pinta de roqueiro já rodava o mundo na luta para popularizar um esporte que, a passos lentos, tentava conquistar o país do futebol. O paulista Carlos Alberto Kirmayr esteve nas quadras por mais de 20 anos, e num tempo em que jogar tênis era uma atividade mais diletante que profissional, ajudou a pavimentar o caminho que, décadas mais tarde, levaria aquele garotinho magrelo de Santa Catarina a ocupar espaço entre os maiores ídolos do desporto nacional. Kirmayr, 58 anos, esteve em Belém no último mês de outubro para coordenar uma das etapas do projeto que idealizou, em parceria com a Assembléia Paraense - e patrocínio da Construtora Leal Moreira e Agra Incorporadora -, para qualificação de novos professores e tenistas. De três em três meses pelos próximos dois anos, ele estará na capital paraense fazendo aquilo que mais gosta: repassar as lições aprendidas na carreira e divulgar a idéia de que o tênis, que começou a praticar ao mesmo tempo em que era alfabetizado, pode ser uma boa opção para os interessados em “um esporte para a vida”. “O tênis é um esporte inteligente e sutil. Exige paciência, preparo, uma administração constante dos próprios erros e ajuda a manter firme a motivação física e psicológica. Uma pessoa com mais de 80 anos ainda terá condições de praticá-lo”, defende. Os primeiros passos do antigo ídolo no mundo das raquetes não foram muito diferentes dos de muitos meninos que começam a praticar a modalidade no país. Influenciado pelos pais, Kirmayr aprendeu os fundamentos básicos do tênis aos quatro anos, no clube que a família freqüentava, em São Paulo. A partir de então, passou a dividir a atenção entre os estudos, as brincadeiras de garoto e a paixão pelas quadras. “Eu não planejei nada. As coisas foram acontecendo e me conduzindo para este caminho. O profissionalismo no tênis ainda nem existia na época em que eu era apenas um menino sonhador”, lembra o veterano, que começou a disputar pequenas competições e a tomar ainda mais gosto pelo esporte a partir dos dez anos. Alguns anos mais tarde, ainda na adolescência, surgiria a oportunidade de transformar o que era apenas um ótimo pas-
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satempo em algo menos amador. Bancado pelos pais, Kirmayr viajou para os Estados Unidos com a intenção de disputar um torneio, e por lá ficou mais de 45 dias. Quando um olheiro local notou o talento do jovem brasileiro, apareceram os convites de duas instituições de ensino (Modesto Junior College e San Jose State University) para que Kirmayr continuasse na Terra do Tio Sam estudando, ao mesmo tempo em que disputava competições no circuito universitário americano. “Foi a partir daí que tudo começou realmente. Estudei Marketing e Educação Física enquanto jogava os torneios. Com isso as oportunidades foram aparecendo mais e mais”, diz. Uma dessas oportunidades ajudou a construir a fama de Carlos Alberto Kirmayr como um dos ídolos do tênis nacional. Em 1971, o então capitão da Seleção Brasileira, Alcides Procópio, o convocou para integrar a equipe que disputaria a edição daquele ano da Copa Davis. Foi o início de fato da carreira profissional de Kirmayr e de uma trajetória de 15 anos ininterruptos defendendo o selecionado verde-amarelo, feito superado apenas por outro grande nome do esporte brazuca, o gaúcho Tomas Koch, recordista brasileiro de participações e vitórias, tanto em simples como em duplas, na competição internacional. E não foi só. Contemporâneo de lendas como o sueco Bjorn Borg e o americano John McEnroe, Kirmayr conseguiu manterse entre os mais bem colocados no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP) durante cinco anos – chegou a ser o 31º melhor tenista do planeta – e traz no currículo vitórias sobre craques como Ivan Lendl e o já citado McEnroe. “A vitória sobre o McEnroe talvez tenha sido a de maior repercussão na mídia, porque dali a apenas dois meses ele se transformaria no tenista número um do mundo”, recorda. Jogando em duplas, o brasileiro teve um desempenho ainda mais memorável. Chegou a 15 finais de torneios da ATP e, ao lado de Cássio Mota, ocupou, no início dos anos 80, a quinta posição no ranking das melhores duplas do mundo. Destaque nas quadras, fora delas Kirmayr também fez história. Após abandonar a carreira de tenista profissional, passou a se dedicar à vida de treinador, destacando-se como manager da argentina Gabriela Sabatini e das espanholas Arantxa Sánchez e
Em Belém
O tênis exige paciência, preparo e ajuda a manter a motivação física e psicológica para a vida Conchita Martinez, todas figurinhas fáceis entre as top mundiais. Foi com a tenista portenha que Kirmayr construiu a reputação de um dos melhores técnicos do circuito mundial feminino. Sob a tutela do brasileiro por quatro anos, Sabatini alcançou o posto de segunda melhor do mundo, conquistando o Aberto dos Estados Unidos em 1990 e o vice-campeonato do tradicional torneio de Wimbledon, um ano mais tarde, quando foi derrotada pela alemã Steffi Graffi na decisão. “Para ser um bom treinador não é preciso apenas cuidar da parte técnica. É preciso sintonia com a realidade do seu pupilo. O técnico é um professor, um amigo, um ombro em quem o tenista precisa confiar para desenvolver o melhor dentro de quadra. Foi assim que construí minha carreira e passei a ser reconhecido”, ensina. Lob Feminino Maria Esther Bueno é um nome facilmente reconhecível por quem aprecia o esporte no Brasil. Entre as décadas de 60 e 70, a tenista desfilou seu talento pelas quadras do mundo e levou o tênis brasileiro a um patamar que só voltaria a ser alcançado anos mais tarde, quando Gustavo Kuerten roubou a cena em Roland Garros e conquistou o planeta com seu jeitão de surfista desencanado. Nas duas décadas em que atuou, a paulista venceu nada menos do que 589 torneios internacionais – entre eles o tricampeonato de Wimbledon (1959, 1960 e 1964) e quatro competições do Grand Slam –, uma realidade quase inacreditável quando se avalia o atual momento do tênis feminino no país, que há quase 20 anos não consegue emplacar uma tenista entre as 100 melhores da WTA (Women Tennis Association) –, a última foi Andréa Vieira, que em 1989 ocupou a 76ª colocação no ranking. Foi pensando nestas dificuldades que Carlos Alberto Kirmayr decidiu lançar, em agosto de 2005, o projeto “Lob Feminino”,
Ajudar na revelação e aprimoramento de novos atletas, aliás, foi a razão da vinda de Carlos Alberto Kirmayr a Belém. A convite da Assembléia Paraense, o tenista organizou um projeto no qual empresta o know-how de sua equipe para que os treinadores e praticantes do esporte no tradicional clube paraense possam receber orientação não só técnica, mas também sobre como se organizar para uma possível carreira dentro do mundo do tênis. Desde o mês de março, Dênis e Lia Kirmayr, coordenador e personal trainer da equipe de Kirmayr, estão em Belém para trabalhar junto aos professores de tênis da Assembléia. Além de incentivar a prática do esporte no clube, a contratação da equipe revela um objetivo maior. “Nossa intenção é melhorar o nível do tênis infanto-juvenil na região”, diz Oscar Pessoa, responsável pelo projeto na AP. Com a vinda dos profissionais paulistas, os cinco professores que trabalham hoje no clube - com cerca de 200 alunos matriculados, de todas as idades - recebem orientações sobre preparação técnica, física e psicológica. De três em três meses pelos próximos dois anos, o próprio Kirmayr virá a Belém conferir in loco a quantas anda o trabalho, direcionado de acordo com os objetivos dos praticantes – desde aqueles que vêem o esporte apenas como lazer até os que sonham com a vida nas quadras. Dentro desse último grupo, oito jovens talentos, incluídos na categoria “alto rendimento”, recebem atenção especial. São neles que a AP aposta para “melhorar a imagem do tênis do Pará”. Lucas Bentes, Brenda Rique, Brenda Moreira, Vinícius Fialho, Felipe Del Teto, Davi Martins, Erick Marcelino e Alex Barata – todos na faixa entre 11 e 16 anos – viajam para disputar torneios pelo país contando com o apoio e infra-estrutura fornecida pela grife Kirmayr. “A parceria prevê, caso algum deles pretenda mesmo levar o tênis adiante, um estágio no centro de treinamento em Serra Negra e até, mais tarde, a possibilidade de estudar e treinar nos Estados Unidos, por conta dos contatos do Kirmayr”, explica Pessoa, que elogia o apoio dado pela Construtora Leal Moreira e Incorporadora Agra ao projeto. “Tem sido uma parceria ótima em todos os sentidos. Cedemos espaço institucional no clube e em troca recebemos apoio para levar adiante esse trabalho, que deve render bons frutos para o esporte do Pará em um futuro bem próximo”, completa.
que visa, a médio e longo prazo, devolver o tênis feminino verdeamarelo ao top 100 do planeta. “A idéia nasceu a partir de um desafio lançado em 2002 por um empresário chamado Roger Wright, que em uma conversa questionou a razão de não termos uma tenista entre as cem do mundo há tanto tempo”, explica Kirmayr, que assina o projeto ao lado da esposa, a jornalista e empresária Cecília Yoshizawa. Em Serra Negra (SP), o casal mantém um hotel-fazenda onde seis jovens tenistas – entre 13 e 18 anos – vivem com toda a estrutura necessária para desenvolver as respectivas carreiras. Escolhidas pelo próprio Kirmayr em viagens pelo Brasil, Paula Gonçalves, Fernanda Faria, Nicole Herzog, Nayara Moraes, Maria Luiza Thomas e Natália Melibeu são as apostas iniciais para que a categoria volte a desfrutar de uma boa reputação em âmbito internacional. “No hotel-fazenda contamos com 12 quadras de tênis, piscina, restaurante e alojamentos. Elas treinam, estudam e têm sua base residencial em Serra Negra por conta do projeto, que é mantido por investidores”, informa. Cinco treinadores, dois preparadores físicos, um fisioterapeuta e uma nutricionista compõem a equipe de trabalho. “Além de profissionais de outras áreas contratados eventualmente.” A esperança de Kirmayr e do staff que o acompanha no Lob Feminino é que em pouco tempo o objetivo inicial seja alcançado. Paula, Fernanda e Nicole já estão dando os primeiros passos no circuito internacional – as duas primeiras já chegaram inclusive a semifinais dos torneios “Future” (uma espécie de porta de entrada para o tênis profissional) promovidos pela International Tennis Federation (ITF). “Elas passam por avaliações físicas e técnicas periódicas e recebem apoio e condições para se concentrarem na carreira que escolheram. Com sorte, dentro de três anos já poderemos estar comemorando os primeiros resultados com essas meninas”, finaliza.
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i ntervalo • ilustração Bender •
Ética de Botequim
Celso Eluan empresário
Num artigo recente, fiquei reflexivo sobre a questão da ética. Afinal o que é ética? Quando nos lembramos dela fora do círculo político e das teias da corrupção? Aliás, até parece que seu significado se resume a ser a antítese da corrupção. A desdita palavra normalmente é lembrada para reclamar da sua ausência por parte dos outros. Como a articulista sugere, o problema com a ética começa na sua utilização emocional, no calor de uma justa reclamação, nos brados patrióticos contra os que nos usurpam. Aí ela se esgota. Falta reflexão e este deveria ser o mote básico da questão. Diz-se que empatia é a capacidade de avaliar uma situação pelo olhar de outra pessoa. Seria a dialética de botequim: analisar uma questão colocando-se nos dois lados do balcão, ora cliente, ora garçom. Mas aí vem um problema: não fomos criados para isso. Num livro de 1967, “O Macaco Nu” - uma interessante análise da raça humana sob o olhar de um zoólogo, Desmond Morris - ele descreve um comportamento do ser humano que chamou de “conversa catadora”. Como os chimpanzés que, para mostrar atenção e respeito, criaram o hábito de catar piolhos no outro, o ser humano criou mecanismos similares para se aproximar e propiciar um ambiente amistoso a partir de conversas simples, vagas, mas “bem educadas”, como um “bom-dia”, “como o dia está quente hoje”, “esse trânsito está insuportável”. Na malha de relacionamentos que criamos ao longo da vida - família, amigos, co-
valeça, usamos sempre a diplomacia das “conversas catadoras” e pouco avançamos em terrenos pantanosos como o conflito de idéias. Além disso, a proximidade gera cumplicidade quando passamos a conhecer a pessoa como um todo, convivendo com ela e descobrindo que além de político, empresário, torneiro-mecânico, aquela pessoa também é pai, irmão, cunhado, amigo, colega, cúmplice enfim da nossa vida. Ou vocês acham que só o mocinho do filme tem família, parentes, pessoas que o amam? Aí começam os problemas pra falar de ética. Como avaliar com isenção o comportamento de alguém tão próximo? Como questionar sua atuação se no fundo sabemos que aquela pessoa é do bem? Ora, sem essa proximidade e cumplicidade podemos facilmente apontar defeitos e sair atirando contra outros, mas como fazer isso com aquela pessoa tão doce que está ao nosso lado? O interessante é que a sociedade começa a deglutir melhor esse questionamento, que se reflete na televisão, o principal espelho social. A partir da “Família Soprano”, em que um chefe mafioso vive em divãs psicanalíticos sem se furtar a sair trucidando adversários, séries de TV passaram a retratar personagens de comportamento questionável sob um prisma de proximidade onde não falta do público simpatia pelo bandido. A lista foi analisada recentemente pela revista Veja, culminando com o personagem título da série Dexter, um serial killer que faz picadinho somente de outros assassinos.
legas de trabalhos, cúmplices em geral - para que a harmonia nos relacionamentos pre-
Como as linhas são poucas e o tema infinito, acho que vou seguir a máxima da dialética de botequim e virar garçom. Alguém aceita um drink?
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e special
Viver na magrela Em tempos de preocupação com o Meio Ambiente, a bicicleta ganha cada vez mais adeptos pelo mundo
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• por Elianna Homobono • fotos Luiza Cavalcante • arte Bender
S
obre duas rodas, capacete, mochila nas costas e luvas, o publicitário Luiz Paulo Jacob segue para mais um dia de trabalho. Há um ano e meio, Lupa, como é conhecido, optou por se locomover pela cidade de Belém em cima de uma bicicleta. O que no começo era apenas uma aquisição por esporte ou lazer passou a ser um meio de transporte econômico, politicamente correto e saudável. Essas são as principais prerrogativas para um número cada vez maior de pessoas nos grandes centros optarem pela magrela, apelido carinhoso da graciosa bicicleta. A tendência trazida de países europeus como França, Holanda e Inglaterra para uma vida mais saudável, sem o estresse habitual do trânsito, tem contaminado capitais de países latino-americanos, incluindo o Brasil, onde têm surgido discretamente politicas públicas mais focadas em aumentar o número de ciclistas no meio urbano, diminuindo assim o tamanho de um temido monstro chamado engarrafamento. Medidas para implementação de ciclofaixas e ciclovias são alternativas mais estruturais, assim como a disponibilização de bicicletas para aluguel em pontos estratégicos das cidades, como já acontece em Paris com o serviço de “self-service Velib”, já podem ser notadas nas principais capitais do Brasil. Mas é graças aos cicloativistas ou bikenights - denominação para as pessoas engajadas na causa da adesão da bicicleta por um mundo melhor - espalhados por diversas cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, que ações têm sido feitas para conscientização do uso da bike no dia-a-dia. Convencer é um passo difícil, mas depois da adesão a prática vira um vício, como afirma o professor universitário Pacheco Franco. O gaúcho, 60 anos, vive em Belém há 11 e diz que desde que começou a pedalar, em 1994, não consegue mais parar. “É um bom vício, pior do que cachaça”, brinca Pacheco, hoje proprietário de três bicicletas e membro mais velho do grupo EART – Equipe de Aventura e Ratos de Trilha – principal representante do cicloativismo em Belém. Assim como o professor universitário, Lupa também participa dos encontros semanais do EART, que acontecem toda quartafeira, com concentração na Travessa Três de Maio, às 20h30, local de partida para uma volta em grupo de 25 quilômetros, onde já pode ser percebido o crescimento desse movimento pró-bicicleta na cidade. Para o publicitário, o fato da bicicleta ser um transporte econômico – afinal, não precisa de combustível -, é o principal motivo pela escolha da magrela. “Fiz um balanço do quanto deixei de gastar em um ano andando de bicicleta e reinvesti parte do dinheiro comprando acessórios para ela”, afirma, ao relembrar da importância de certos cuidados antes de pedalar no trânsito.
Lupa ganhou tempo, dinheiro e um pouco mais de qualidade de vida
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Pedalar ativa o sistema cardiovascular, o metabolismo e fortalece os músculos inferiores Chamar a atenção para os cuidados do ciclista no tráfego, aliás, é a intenção dos passeios de bicicleta às quarta-feiras, segundo Sérgio Bezerra, um dos idealizadores do EART, que também tem o cuidado de alertar sobre a postura do ciclista no trânsito e a educação de motoristas e pedestres para boa convivência nas ruas e avenidas da cidade. “Todo meio de transporte que invade o espaço do outro acaba em problema. Poucos sabem que pela lei motoristas deveriam manter pelo menos 1, 5 m de distância dos ciclistas. Já alguns ciclistas insistem em andar na contramão, por exemplo. O que a gente faz são passeios de conscientização para que se respeite o direito de ir e vir de cada individuo”, explica Sérgio, que está no projeto desde o início, quando era apenas uma reunião entre quatro amigos para fazer trilha ao redor de Belém, os primeiros passos do cicloturismo no Estado. Hoje com 650 ciclistas cadastrados no grupo e com média de 70 pessoas pedalando pela cidade em circuitos semanais, Sérgio diz que ainda há muito o que fazer para a cidade absorver um maior número de adeptos. “Belém é uma cidade propícia, pois é plana. O que agrava é o trânsito, falta de segurança e ações públicas como maior número de ciclovias, ciclofaixas e bicicletário”, acredita.
Conscientização é a palavra de ordem para os integrantes do EART
Pensando Bem! As estatísticas também estão a favor da bicicleta. Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), divulgada pelo jornal Correio Braziliense em 2006, afirma que nas grandes cidades, em distâncias de até 15 km, a bicicleta é mais rápida que os automóveis. Com a velocidade média de 33 km/h, a bike permite cortar caminhos, além de não dar problema com estacionamento, ao contrário do carro, que ocupa o espaço de seis bicicletas em apenas uma vaga. Para a saúde e o bem-estar, o ciclismo também é uma boa alternativa. Junto com a natação, o ciclismo é o esporte mais completo que há. “Além de ser saudável, pois a pedalada ativa o sistema cardiovascular, o metabolismo e fortalece os músculos inferiores, é também um esporte prazeroso, pois libera a adrenalina [hormônio responsável pelo bem-estar]”, explica Flávio Nery, professor de educação física de uma academia de Belém. Segundo Flávio, pode-se alcançar um grau de condicionamento físico praticando pelo menos três vezes por semana, e de forma moderada. Não é à toa que Lupa não vê problema em ir ao trabalho pedalando todos os dias. “Quando chego parece que estou mais disposto, com mais energia; seria o contrário se eu estivesse enfrentando trânsito no automóvel ou de ônibus” afirma Luís Paulo, que também é o primeiro funcionário a chegar na agên-
Regulamento e precauções Mantenha-se sempre visível; Sinalize sua intenção com o braço; Evite trafegar pela calçada e não coloque pedestres em risco; À noite, use roupas claras, refletores e farol; Evite vias de trânsito rápido e intenso; Ande sempre à direita e nunca pela contramão; Use sempre luvas e capacete; Obedeça aos sinais de trânsito
cia onde trabalha. Para não enfrentar um trânsito muito congestionado e o sol a pino, o publicitário sai mais cedo de casa. O planeta agradece. Uma pesquisa realizada pelo Instituto AKATU mostrou dados alarmantes sobre a quantidade de dióxido de carbono emitido pelos veículos movidos a gasolina. Segundo os números da avaliação, um quilômetro de carro joga para a atmosfera 150g do principal gás poluente responsável pelo aquecimento global. Para o Instituto, cada pessoa faz diferença. Deixar carro na garagem uma vez por semana durante um ano – portanto, 52 dias – deixa de emitir o que uma árvore nativa da Mata Atlântica (típica da região Sudeste onde foi realizada a pesquisa) absorve durante 37 anos pelo processo de fotossíntese em seu crescimento. Portanto, andar de bicicleta também é uma dica ecológica. Sílvio Gustavo, membro do EART, não se considera um ambientalista, mas tem consciência dos beneficios para o planeta trazidos pela sua escolha em andar de bicicleta. “A reflexão ambiental é uma conseqüência da prática de bicicleta. Uma coisa puxa outra. A gente acaba trazendo isso pra nossa vida e trazendo isso para as nossas programações”, afirma, ao citar também atividades de trilha realizadas pelo grupo. As viagens em bicicleta são outra mostra de como o ciclismo pode ser encarado como potencial, mesmo de maneira turística. No Pará, os “ratos de trilha” abriram caminho para amantes da natureza e do esporte aproveitarem mais de perto a paisagem amazônica, com viagens que promovem um contato direto com o meio ambiente. “Aqui tem um potencial incrível, mas ainda não tem infra-estrutura”, afirma Sérgio, que já pedalou por diversos municípios e regiões do Estado, chegando até o Tocantins numa viagem de quatro dias com um grupo de ciclistas. Em Curitiba, o cicloturismo é mais profissional. O jornalista curitibano Marcelo Rudini divulga por meio do site www.ondepedalar.com.br roteiros e trilhas nacionais e internacionais para serem traçadas de bicicleta. “Usar bike nas viagens de turismo ajuda a perceber mais. A velocidade é grande o suficiente para ir rápido e lenta o bastante para você perceber tudo, ver, cheirar e parar para bater papo. É mais divertido e sobre duas rodas
Faixas especiais e ciclovias têm ganhado espaço na capital paraense
você vai a lugares que nem um 4x4 levaria”, conta Rudini, que iniciou o cicloturismo depois de ter feito o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, em cima de uma bicicleta. “O meu site tem por proposta facilitar o uso da bike em turismo. Não só no sentido de dar a volta ao mundo de bicicleta ou passar 30 dias pedalando, mas que as pessoas levem as bikes embaladas em ônibus e aviões e as usem para explorar o novo lugar. Ou que encontrem agências desses locais que os levem a conhecer lugares pedalando”, completa.
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Pedala Belém! Para o estudante de arquitetura Rodolfo Ferreira, a bicicleta é o transporte do futuro. “Durante as discussões na disciplina de urbanismo percebi que a bicicleta é o melhor meio de transporte. Ali começou a entrar na minha cabeça que era o ideal para a cidade”, diz o estudante, que há cerca de três meses vem utilizando a bike como meio de locomoção entre a casa e o trabalho, principalmente. Neste pouco tempo, Rodolfo diz estar passando por um período de adaptação para encarar as ruas da cidade. A falta de educação de motoristas e o número insuficiente de ciclovias exigem uma postura muitas vezes corajosa. “Disputo hora a hora espaço com ônibus e carros, dou uma de corajoso para impor a prioridade que é minha segundo as regras do trânsito; por exemplo em cruzamentos, prevalece a lei do mais forte sobre o mais frágil”, confessa. Por isso, o universitário não dispensa equipamentos básicos para uma pedalada segura, como capacete, luva e óculos especiais para proteger os olhos da poeira. “A gente costuma dizer que são nossos pára-brisas”, ironiza. Para não chegar suado no trabalho, leva o uniforme na mochila para trocar no vestiário da empresa. Belém ainda é deficiente em número de ciclovias, apesar de nos últimos 10 anos ter havido um aumento considerável, de acordo com o engenheiro de urbanismo da CTBEL Onofre Veloso. “Ainda há muito a se fazer em Belém e em outras capitais brasileiras para que a bicicleta seja utilizada com mais freqüência. Entretanto, nos últimos 10 anos houve um aumento considerável dos investimentos em infra-estrutura cicloviária.” As avenidas Almirante Barroso e Independência, incluindo a Orla de Mosqueiro, somam 9,5km de ciclovias prontas no município de Belém. As ciclofaixas atendem maior número de vias na capital, com 28,7 km, contando com Icoaraci, Augusto Montenegro e Av. João Paulo II. Obras em fase de término na Marquês de Herval, Av. Pedro Alvares Cabral e rodovia Augusto Montenegro irão integrar mais 26 km de ciclovias na cidade. Mesmo com a implantação de mais quatro vias com espaço para ciclistas, Onofre reconhece a dificuldade de construção desse tipo de sinalização. “Nossa cidade apresenta uma urbanização consolidada nos bairros centrais, onde as vias não foram dimensionadas para receber um fluxo mais intenso de automóveis. Recentemente a Prefeitura implantou cerca de 3.5 km de ciclofaixas em Icoaraci. Houve a necessidade de eliminação de parte das áreas destinadas ao estacionamento de automóveis, o que gerou uma reação muito forte dos comerciantes do local, que alegaram que a redução das vagas de estacionamento acabaria por afetar suas atividades comerciais”, explica o engenheiro da CTBEL. Por enquanto, os ciclistas belenenses vão criando suas próprias estratégias para contornar os problemas estruturais da cidade. Pedalar por ruas mais tranqüilas e evitar o trânsito intenso é uma das possibilidades para chegar ao destino com a cabeça fria e o pé quente.
Capacetes, luvas... Rodolfo (abaixo) é um dos que não dispensam cuidados básicos
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A bicicleta Com o slogan “Deixe sua vida de consumo em casa para viver numa cidade de sonho”, ciclistas de diversos países participaram do Dia Mundial sem Carro. A ação acontece há 10 anos no dia 22 de setembro. Com a intenção de diminuir o número de veículos particulares nas grandes cidades, o manifesto iniciado em 1998, na França, conquista cada vez mais adeptos no planeta – incluindo Belém pelo segundo ano consecutivo. Sinal de que uma boa alternativa para o transporte do futuro talvez seja mesmo aquele com uma das histórias mais antigas da modernidade. Datando em registros anteriores à revolução industrial, o trajeto da bicicleta até os dias de hoje foi longo, acompanhando o homem moderno. Desde o desenho do projeto de Da Vinci, por volta de 1490, até a bicicleta oficial, foram quatro séculos de adaptação para o modelo que conhecemos. Selim, pedais e sistema de freios foram sendo incorporados um a um através dos séculos. A França abraçou a bicicleta em 1903, quando lançou o Tour de France, a competição de bicicleta em volta do país que dura até hoje, uma das principais atrações esportivas do país. Pelo fato do percurso inicial da bicicleta ter sido essencialmente europeu, os países deste continente são exemplos até hoje quando o assunto são políticas eficazes para a utilização da magrela como transporte público. Holanda, Inglaterra e França ensinam ao mundo sobre a importância do uso de bicicletas comunitárias para diminuir a dependência de carros particulares. Unindo tecnologia e boas estratégias – como vagas para bicicletas em metrô e bicicletários a cada 300m - as bicicletas de aluguel possuem até rastreadores por satélite contra roubos. Já no Brasil, a história da bicicleta é recente. A popularização aconteceu em 1960 com a entrada das marcas Caloi e Monark, mas ainda é vista como veículo das camadas menos favorecidas
Holanda: Com mais de 40% da população se locomovendo por ruas e ciclovias, a Holanda é o país com maior infra-estrutura para o ciclismo. Por onde se passa é perceptível a presença da bicicleta na cultura do país. Sinalização, bicicletas para aluguel, multas e até mesmo carteiras de habilitação para maiores de 12 anos demonstram a conscientização de um dos países mais desenvolvidos da Europa.
Paris: O serviço Velib – contração de velo (bicicleta) e liberté (liberdade) - é a aposta da capital francesa contra o trânsito e poluição - incluindo a visual provocada pela confusão dos carros. O esquema self service implantado pela prefeitura parisiense colocou, em julho de 2007, cerca de 20 mil bicicletas de aluguel, retiradas e deixadas em 1.451 pontos da cidade (um a cada 300 metros). Através desse tipo de incentivo, a Cidade Luz pretende desbancar Amsterdam do posto de capital da bicicleta. Inglaterra: Em Londres o sistema “vale-bicicleta” mostra o interesse de criar mais ciclistas circulando pela capital inglesa. Depois de passar a cobrar pedágio para os carros circularem no centro da cidade, o que aumentou o número de ciclistas na região, agora as empresas dão dinheiro para funcionários comprarem a bicicleta como benefício trabalhista, uma espécie de vale-transporte. Tudo pelo traffic calm – termo criado na Holanda em 1960 para pregar um trânsito mais lento e menos agressivo nas metrópoles.
Colômbia: A cidade de Bogotá tem realizado uma série de ações em favor de uma cidade mais humana e mais limpa. Uma destas ações é a transformação de 112 km de ruas da cidade em ciclovias nos domingos e feriados, entre 7 da manhã e 2 da tarde, por onde circulam 2,2 milhões de pessoas, a terça parte dos habitantes da cidade. Parte das pistas ainda fica destinada aos automóveis e a outra parte é tomada por bicicletas e pedestres, funcionando como áreas de recreação e convivência.
Brasil: No Rio de Janeiro surgiram os primeiros movimentos em prol da bicicleta como meio de transporte. Hoje com a maior malha de ciclovias do país, com 140 km de espaço de uso para o ciclista, entre obras prontas e em andamento, a prefeitura da cidade começou a implantar em 2008 a política das bicicletas públicas, a primeira do país.
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t e ndência • publieditorial •
Climatize sua varanda
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v i da saudável
Arivaldo Meireles: ajudando a realizar sonhos
Sonho possível Avanços na medicina reprodutiva garantirão, num futuro próximo, a extinção dos problemas de fertilidade
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• por Juliana Oliveira • fotos Luiza Cavalcante
U
m casamento harmonioso, uma carreira promissora... e um grande vazio pessoal. Para os casais de classe média e alta que integram os 20% da população mundial com dificuldades reprodutivas - estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) -, engravidar é mais do que um momento de realização: é uma batalha, cuja vitória está condicionada em reconhecer as dificuldades e buscar auxílio profissional competente. “Se você fizer uma projeção da população em idade reprodutiva - dos 18 aos 35 anos -, que é de 120 milhões de brasileiros, há um número de casais com problemas de fertilidade muito grande”, explica o médico especialista em reprodução humana Arivaldo Meireles. Há algumas décadas falar em infertilidade era tabu. No modelo do ocidente patriarcal, os filhos eram parte indispensável do “pacote” do casamento, e nos casos de infertilidade, as mulheres quase sempre eram responsabilizadas e tinham de conviver com a vergonha e a frustração dos maridos. Com os avanços da medicina e as mudanças sociais, sabe-se que vários fatores podem dificultar o processo de concepção, tanto para homens como para mulheres, mas que a maioria dos casos pode ser resolvida com tratamento adequado. Cerca de 15% dos casais que chegam aos consultórios especializados apresentam os principais fatores de infertilidade na população: inflamações no aparelho reprodutor masculino, que atinge 40% dos homens, e feminino, que atinge 50% das mulheres. As inflamações podem ser causadas por doenças sexualmente transmissíveis, doenças bacterianas ou até mesmo condições genéticas. Além das inflamações, Arivaldo explica que há outras condições nos gêneros que podem trazer dificuldades para a concepção. Para as mulheres os principais problemas são: irregularidade no processo ovulatório, com a ovulação irregular ou incapacidade de oferecer um óvulo saudável para a reprodução; anomalias intra-uterinas, como miomas e pólipos; anomalias congênitas, quando a mulher já nasce com o útero não apto para o processo gestacional; e o fator imunológico feminino. “Este último está crescendo muito, é quando o organismo feminino inicia a produção de anticorpos contra os espermatozóides, de forma a inativar o trajeto dele. A mulher pode ter falhas no seu sistema imunológico que não reconhece o embrião e vê o material genético como corpo estranho e aborta”, explica. Em relação às causas masculinas ainda se sabe pouco delas. Além das inflamações, algumas vezes o homem produz espermatozóides mas não ejacula, e para isso já há técnicas de coleta. Existem, ainda, problemas hormonais e genéticos que podem causar a infertilidade. Mudança Nos consultórios a faixa etária de quem procura tratamento está entre 25 e 35 anos. “Hoje recebemos casais na maioria de
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35 anos, porque a mulher postergou o período para engravidar. Primeiro ela cuida da carreira, só depois casa e vai querer ter filhos”, analisa o médico. Ele afirma que essa mudança social também está fazendo crescer um outro público nos consultórios, que são mulheres no limite da fertilidade. “Dos 35 aos 40 anos há um pico decrescente da fertilidade feminina, mas hoje a medicina oferece avanços que promovem qualidade de gestação nesses extremos e, com isso, os casais têm perdido o medo de anomalias genéticas.” Atualmente, grande parte das síndromes genéticas pode ser evitada com o mapeamento do histórico de saúde do casal. Se existirem casos de doenças na família o casal já é encaminhado para avaliar qual o risco. Se considerado alto, os pacientes são desmotivados a engravidar ou podem optar por engravidar sabendo as conseqüências. Entre os outros métodos estão os softwares que avaliam a possibilidade da mulher ter alguma anomalia durante a gestação. “Hoje as especialidades já dão outra qualidade de vida e inserção social para o downs, que é a síndrome mais comum, por exemplo, o que diminui o medo dos pais. Você pode fazer no início da gravidez, por meio da análise do líquido amniótico, o diagnóstico genético do bebê.” Em todo caso, ele ressalta que algumas medidas podem garantir uma gravidez de qualidade com a diminuição no risco de doenças, por meio do aconselhamento genético, avaliação do risco determinado pela idade da mãe e o uso de ácido fólico e das vitaminas C e E, que estão ligadas à divisão celular e reduzem a possibilidade de doenças e síndromes. “Na fertilização in vitro você pode fazer o diagnóstico genético pré-implantação, com a biópsia no embrião antes de colocálo no útero. Esse procedimento é feito em casais que tenham doenças no histórico familiar, assim, se for constatada alguma anomalia, o embrião não precisa ser implantado.” Possibilidades Em Belém, as clínicas especializadas ainda são poucas. “Ainda não há possibilidade de atender toda demanda de casais, porque é um atendimento restrito à iniciativa privada e, mesmo assim, em Belém, o número não chega a ultrapassar uma dezena de profissionais.” Uma defasagem que existe até mesmo em grandes centros urbanos, como São Paulo, que para a rede pública de saúde só conta com três centros. Segundo Arivaldo, isso acontece porque no Brasil a subespecialidade de reprodução humana não é constituída; é apenas um ramo da ginecologia e há poucos centros que oferecem especialização na área. Mesmo com o número limitado de profissionais, as técnicas avançaram tanto que ele acredita que daqui a um tempo não existirá nenhum caso de infertilidade que não possa ser tratado. “A medicina avançou tanto que hoje se fala em oferecer potencial reprodutivo à população.”
d ecor
A luminotĂŠcnica ĂŠ uma ciĂŞncia que estuda tipos de luz adequados para cada ambiente, seja em grandes empreendimentos ou na rotina do dia-a-dia
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• Por Elianna Homobono • fotos Luiza Cavalcante e divulgação •
Luzes, luzes
Arquitetura de iluminação ajuda a compor ambientes e melhorar o conforto e bem-estar
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luminar já não é a única função da luz. Saber usá-la pode
da luz e o hormônio cortisol, responsável pela regulagem do
transformar ambientes, provocar mais conforto e beleza, além
sono no organismo de uma pessoa.
de reformar, sem precisar tinta ou mudar os móveis. As di-
A manipulação das tonalidades de luz branca e amarela é um
versas possibilidades são produzidas por meio de um jogo sutil,
dos segredos e a chave para um resultado satisfatório do projeto
envolvendo tipos, tonalidades e até mesmo temperaturas de luz
de iluminação. A escolha correta da tonalidade de luz garante a
resultando em realce de detalhes, garantindo volumes aos obje-
cada espaço da casa ou estabelecimento comercial o efeito ade-
tos ou priorizando espaços de acordo com a intenção desejada.
quado. “Como a luz branca imita a luz natural, quando devemos
Criar um ambiente agradável, aconchegante e harmônico é
estar acordados, ela ativa o cortisol e nos mantêm despertos, já
possível pelo domínio da luminotécnica, como é chamada a ar-
a luz amarela mantém a vista da pessoa descansada”, explica.
quitetura de iluminação, uma tendência recém-chegada a Belém
Esse conhecimento tem o nome de “ciclo circadiano”, e permite
pelas mãos do arquiteto Leonardo Alves, que acaba de trazer
que o arquiteto encontre o padrão de luminância específico para
nas malas a experiência de quatro anos trabalhando no escritó-
o quarto, sala, escritório ou cozinha.
rio L+A (Lighting Architecture), em São Paulo, responsável pelos maiores projetos de iluminação do país.
Além dessas estratégias, o trabalho de luminotécnica é minucioso e preciso, possível por meio de cálculos matemáticos pró-
Sob o comando de Esther Stiller, que utiliza os recursos da luz
prios para responder à necessidade de luz em cada ambiente,
no Brasil desde a década de 70, Leonardo participou de impor-
levando em conta qualidade da lâmpada, tipo especifico da lu-
tantes projetos, como os novos quiosques na orla de Copacaba-
minária, abertura e alcance da luz e sobreposição de luzes para
na, no Rio de Janeiro e o imponente Faria Lima Financial Center,
não causar espaços sem iluminação. O cuidado com os tipos
em São Paulo. Os anos de experiência mostraram ao especialis-
de luz também passa por uma preocupação com a saúde dos
ta que a iluminação é uma ciência.
olhos, pois a luz usada de maneira inadequada provoca ofusca-
“São vários os efeitos sensoriais provocados pela iluminação no ser humano”, afirma, ao mencionar estudos sobre a relação
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mento e cansaço na vista; por isso, todo fabricante tem que dar a fotometria (medida de intensidade de luz) da luminária.
Uma intervenção realizada na Faculdade Armando Alvares Penteado, em São Paulo
A manipulação das tonalidades é um dos segredos para uma boa iluminação
Jardins, piscina e áreas externas também podem ser muito mais valorizadas com os cálculos de luminância. Leonardo ainda explica que os projetos funcionam muito mais durante a noite, quando é possível perceber melhor os efeitos de iluminação com a percepção do jogo de luz e sombra. “Isso é interessante, pois o horário da noite é quando as pessoas começam a curtir a sua casa, quando chegam do trabalho prontas para descansar. A iluminação é um trabalho para ser apreciado a noite.”
Além dos efeitos diferenciados, o uso da melhor luz também reduz os gastos com energia
Tonalidade adequada para cada cômodo
Na arquitetura contemporânea a utilização da luz tem se tornado indispensável em projetos atuais e sofisticados, mas também vem
Cozinha
crescendo nas grandes capitais pela preocupação com o consu-
Luz branca, para manter o cozinheiro esperto. Florescente, luminárias com pro-
mo de energia. A indicação da escolha de luminárias, lâmpadas e
teção para evitar acidentes com o aquecimento pelo fogão. Em restaurante esta
o aproveitamento da luz natural durante o dia influenciam sensivel-
é uma norma.
mente nos gastos com energia. Uma consultoria consegue dimi-
Sala de estar
nuir em até 60% dos gastos de um espaço comercial. Dispensan-
Luz de tonalidade quente se for uma sala para descanso.
do luzes perdidas, sem foco ou objetivo, os projetos têm o cuidado
Quarto
de promover luz onde precisa, procurando sempre manter climas
Luz amarela para não produzir cortisol e provocar dificuldade na hora de dormir.
para o conforto e deleite. “Ao contrário de outras cidades, onde a
Lavabo
arquitetura de iluminação tem esse como o principal objetivo, em
Iluminação direta e calma.
Belém a maior procura ainda é pela valorização do ambiente e
Escritório
não pelo consumo”, afirma Leonardo.
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d ecor
Conforto e bem-estar foram as diretrizes do projeto idealizado para os consult贸rios
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• da redação • fotos Luiza Cavalcante
Três em um A boa utilização de espaços pode garantir a uma sala comercial ar moderno, chique e prático
A
ntes do início das obras, o odontólogo Arcelino Lobato
teriais, garantida pelas portas, ora de vidro ora revestidas de lâ-
demorou a acreditar que as três salas adquiridas no Edi-
minas metalizadas.
fício Metropolitan iriam comportar os 16 cômodos previs-
Além de televisão e sofás confortáveis, a sala-de-estar recebeu
tos para instalar os consultórios em parceria com a esposa o e
tecnologia wireless com uma proposta de cyber café para o pa-
sobrinho, Ângela e Ruy Lobato. Cada um com uma especialidade
ciente não perder tempo esperando. “A gente tentou quebrar a
diferente e personalidades distintas, o trabalho encomendado à
idéia de que a odontologia está ligada à dor. Reproduzir um living
arquiteta Vera Namias virou um desafio para conciliar de maneira
é poder tirar a sensação desagradável, fugir do aspecto enclau-
harmônica o clássico, o feminino e o jovial.
surado, fechado e de austeridade das clinicas de odontologia.”,
Apesar de ter que combinar estilos em um único ambiente, a
explica Lobato.
clínica de odontologia da família Lobato ganhou um resultado
Já os corredores possuem armários embutidos também lami-
contemporâneo, proporcionado por uma negociação entre áreas
nados, como se fosse um painel, o que economizou espaço. O
comuns e individuais. “A mudança foi um investimento no pa-
que pode parecer uma parede é um espaço prático para guardar
ciente, no conforto e bem-estar”, assegura Arcelino, afirmando
papéis e arquivos.
que desde a escolha do edifício aos objetos de decoração, tudo foi pensado para dar uma sensação agradável ao consultório. “Segurança, estacionamento e o estilo nova-iorquino tornam o padrão do Metropolitan único em Belém”, elogia.
Individualidade e estilo Cada consultório é um pequeno escritório com decoração alusiva à personalidade dos dentistas. Este foi o segredo de Vera
Desde a entrada, a clínica é convidativa. Luminárias foram dis-
para fazer o três em um. Para Arcelino, foi pensado um esti-
tribuídas pelo corredor para dar a noção do tamanho externo do
lo mais sóbrio, com objetos antigos e uma parede dedicada a
consultório. No interior, a clínica conta com cômodos obrigatórios
afrescos de sua coleção particular. Caneta tinteiro, porta-retratos
em qualquer espaço comercial: sala-de-estar, copa e banheiro
e pequenas esculturas fazem parte do tom mais clássico descrito
deram à área compartilhada um ar moderno com a escolha da
pelo próprio Arcelino.
neutralidade dos tons de cinza e da liberdade na mistura de ma-
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Especialista em procedimentos estéticos, a odontóloga Ângela
A personalidade de cada um dos clientes foi impressa nos espaços pela decoração
Lobato preferiu preencher o escritório com cores fortes e objetos alegres. A cadeira de acrílico vermelha deu leveza à mobília ao mesmo tempo em que deixou o ambiente mais intenso. O telefone em formato de boca contrasta com o consultório de atendimento, que pede um ar mais suave e cores frias. Para não influenciar no procedimento clínico, o tom alegre recebe uma decoração religiosa e calma. Para o jovem Ruy Lobato, cirurgião dentista, o escritório recebeu um toque nova-iorquino, com paredes revestidas de couro desde o hall de entrada do seu consultório – já no último corredor da clínica – para situar o paciente; papel de parede em tons do marrom e objetos high tech, como um porta-retrato digital, completam o estilo. Também foi adicionada uma saleta para Ruy trocar de roupa antes das cirurgias. Na tentativa de não destoar completamente um escritório de outro, alguns elementos foram repetidos nas três salas, como a luminária de alumínio e as portas de correr em vidro, usadas tanto para economizar espaço como para garantir maior luminosidade e dar sensação de amplitude oferecida pela propriedade translúcida do material.
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f i m de ano • por Débora Mcdowell • fotos Luiza Cavalcante
O berço do Natal
Símbolo máximo da maior festa cristã, o presépio pode ser o ponto de partida para criação de obras de arte
F
oi há cerca de 500 e tantos anos que no Brasil aportaram os portugueses. Trouxeram consigo a cultura européia, seus costumes e, principalmente, sua religião. O catolicismo fin-
cou os pés em terras brasileiras através de seus tradicionais cultos e rituais, dentre os quais, aquele que junto à Páscoa é considerado a celebração máxima da Igreja Católica: o Natal. Já por volta de 1950, a casa dos católicos apresentava os mais populares símbolos natalinos, como as árvores de Natal e bonecos de Papai Noel, principalmente por conta do apelo comercial e a variedade de formatos, que são reinventados a cada ano. No entanto, três centenas de anos antes do 22 de abril de 1500, o maior dos emblemas natalinos já havia sido arquitetado na cidade de Assis, na Itália. Foi em 1224 que São Francisco de Assis encenou o primeiro presépio de Natal. “São Francisco de Assis, com o objetivo de tornar mais acessível o ensino do Evangelho, resolveu popularizar a história do nascimento de Jesus com a montagem do presépio”, explica o Pe. José de Anchieta, nascido em Salvador e há um ano membro da Capela de Lourdes, no bairro de Nazaré. “Através de imagens esculpidas em materiais como argila, madeira e pedras, o Natal foi narrado às pessoas mais comuns da localidade”, explica. A idéia, um tanto inovadora para a época, foi bem aceita pela comunidade franciscana e logo popularizou-se dentro da Igreja e das famílias cristãs ao redor do globo, que adotaram como tradição tanto a confecção quanto a teatralização do nascimento de Cristo. A própria Capela de Lourdes realiza no mês de dezembro a encenação do presépio com as crianças da catequese, na missa intitulada pelas mesmas como a “Missa das Crianças”. O menino Jesus na manjedoura, Maria, José e os Três Reis Magos foram os principais personagens do cenário e já se tornaram também peças fundamentais no lar de muitas famílias. É o caso
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A tradição, vinda da família, faz com que a cearense Célia Bezerra não passe um ano sequer sem montar um presépio
de D. Célia Bezerra, que aos 65 anos não passa um Natal sequer sem realizar a montagem do presépio, que já possui seu lugar de destaque na sala de estar do apartamento. Nascida no interior do Ceará, na cidade de Juazeiro do Norte, ela conta que desde a infância o período natalino resumia-se exclusivamente ao nascimento do Salvador. “A cidade era tomada em festa e todos os anos havia a montagem do presépio. Assim criei meus quatro filhos, tendo em vista o que é a festa do Natal de verdade. No presépio está inserido seu verdadeiro significado: o nascimento de Jesus Cristo, que nos deu uma lição máxima ao vir ao mundo no lugar mais humilde possível, um estábulo.” A tradição familiar que a montagem do presépio possui existiu não só na casa de Dona Célia, como também na de Carlos Marques. Há 70 anos, quando ainda tinha 10, ele já confeccionava as primeiras peças na casa da avó, reunindo toda a família. O que não se podia imaginar, na época, era que algumas décadas depois ele se tornaria famoso por montar um dos mais belos presépios de Belém. Morador do Conjunto do Basa, seu Carlos mantém essa tradição desde 1985, quando se aposentou e transformou a paixão pela imagem do nascimento de Jesus em obraprima. Em um galpão da própria casa, ele leva de três a quatro meses na produção das peças, que em meados de dezembro formam aquela que será a atração do Natal da vizinhança. Jornal, papelão e isopor são as principais matérias-primas dos personagens, locações e adereços do presépio, que tem como suporte principal o “pau-de-malva” – espécie de graveto de onde é extraída a fibra e se aproveita a parte mais resistente - trazido de Bragança, que dá suporte a toda estrutura da obra. Não satisfeito somente com o tamanho e a quantidade de elementos, o artesão autodidata ainda decidiu incorporar um pouco mais de emoção ao cenário. Liquidificadores, ventiladores e máquinas de costura resultaram em cinco motores que dão vida aos
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Seu Carlos monta uma verdadeira parafernália em casa. Nascimento de Cristo vira mote para a criação.
O primeiro presépio de que se tem notícia foi encenado em 1224 por São Francisco de Assis Cláudio Assunção usa materiais pouco convencionais na produção de presépios
personagens, que vão de Papai Noel a pescadores. Um tanto inu-
imagem da vinda de Cristo ao mundo um aspecto completamen-
sitado quando não se sabe que a cada ano o presépio apresenta
te diferenciado.
um tema diferente, em ambos os sentidos. Não é à toa que a
“Esses materiais dão uma boa liberdade de criação. Gosto tam-
temática deste ano é a “Conquista do Espaço”. “Além de montar
bém de trabalhar a composição, o jogo de elementos, perspec-
o presépio sozinho, também faço a escolha dos temas, baseado
tiva. A montagem do presépio é um grande prazer, praticamente
sempre no que acontece atualmente. No ano passado usei a figu-
um trabalho autoral.”
ra do Cristo Redentor, por ter sido escolhido uma das Maravilhas do Mundo.”
No ano de 2006 a Fundação expôs seu presépio em tamanho real, moldado em papel, que demorou cerca de 40 horas para ser
A paixão de seu Carlos pelo ícone que é o presépio vem de
produzido. Todo fim de ano o Curro Velho atrai de 20 a 30 alunos,
longa data, e foi se concretizando desde a época em que era fun-
que participam da Oficina de Montagem de Presépio. Cláudio ex-
cionário do Banco da Amazônia e já fazia seus rascunhos.
plica a razão: “Existe uma magia muito grande no Natal, logo é
Hoje em dia, um de seus maiores prazeres é ver esse projeto
um prazer trabalhar com estes símbolos, cada um com sua sig-
em prática, na Noite de Natal, rodeado de gente. “É a melhor noite
nificância. A última peça a ser confeccionada e a mais importante
do ano. Ver a casa cheia, o presépio em ação, as crianças ado-
é a do menino Jesus.”
ram. É bom saber que de um jeito ou de outro estou ajudando a
Não existe data estipulada para a exposição do presépio. Na
conservar essa tradição, principalmente entre elas.” A obra-prima
Europa costuma-se montá-lo um mês antes do dia 25; nos Es-
do aposentado funciona na noite da véspera de Natal das 19h até
tados Unidos, um dia antes. Já no Brasil não há dia exato para a
3h da manhã, e atrai toda a vizinhança, familiares e amigos. “Eu
montagem: comumente é desmontado no Dia de Reis, quando
adoro fazer isso”, ele conclui.
conclui-se o ciclo natalino.
A montagem do presépio já ultrapassou as portas dos lares e
Esta tradição, sim, apresenta não o sentido, mas verdadeira-
o conceito de passatempo. Há quem já tenha institucionalizado a
mente o motivo real das mesas cheias das noites de 25 de de-
cena clássica em obra de arte. É o caso do artista plástico Cláudio
zembro, independente do tempo de exposição, seu tamanho,
Assunção, da Fundação Curro Velho, que todo ano participa da
material ou leitura. O presépio vem tomando aos poucos seu lu-
confecção do presépio natalino, uma das mais importantes ativi-
gar de direito nos lares, estabelecimentos e (inclusive) galerias,
dades do instituto.O domínio de diferentes materiais como suca-
em meio às pomposas árvores de Natal e seus bonecos de Papai
tas de plástico e papel, garrafas pet e gesso, imprime à tradicional
Noel. Bem, o bom velhinho que nos perdoe.
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e ntrevista
Ana Botafogo, a personalidade mais importante da hist贸ria do bal茅 brasileiro
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• por Elvis Rocha • fotos Divulgação
Vida é no palco Ana Botafogo, primeira dama do balé brasileiro, já planeja o futuro... como atriz
C
ertas personagens da vida cultural brasileira dispensam grandes apresentações. São aqueles notáveis que, ao longo da vida, conseguem a proeza de associar suas personalidades às atividades nas quais se destacaram. Pelé, Guga, Chacrinha, Roberto Carlos, Niemeyer... Na high society ou no botequim, a simples menção a estes nomes gera identificação quase instantânea. E assim funciona com Ana Maria Botafogo Gonçalves Fonseca, ou apenas Ana Botafogo, a mulher que virou quase sinônimo de balé clássico no país. Com a vida inteira dedicada à dança, Ana chega aos 51 anos em plena atividade como primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro - posição que ocupa desde 1981 -, mas admite: o momento de pendurar as sapatilhas está chegando. “Quero parar enquanto estou dançando bem.” Abandonar os palcos, no entanto, é uma possibilidade que não existe. Após ter feito uma participação especial na novela “Páginas da Vida”, da Rede Globo, na qual interpretou a professora de dança Elisa, a carioca se prepara para encarar pela primeira vez o teatro - dessa vez como atriz. A convite da amiga Marília Pêra, Ana deve participar, no segundo semestre de 2009, da adaptação da peça “Vórtice”, de Noel Coward, uma empreitada que pode definir o futuro da primeira dama do balé. “Será um batismo muito bom. Deixar a dança e passar para algum tipo de teatro falado é uma possibilidade para o futuro, sim.” Nesta entrevista, feita por telefone em uma noite de terça-feira, durante o intervalo de alguma das mil atividades nas quais está envolvida, Ana Botafogo falou com simpatia e solicitude sobre o início da carreira, os projetos para o futuro, de como a dança a ajudou a superar dramas pessoais - como a morte dos dois maridos - e até de suas melhores recordações da capital paraense. Confira.
Li sobre um episódio de quando você ainda era uma menina. O pianista que a acompanhava nas aulas de música no Conservatório da Urca teria dito: “Ela vai ser bailarina, porque bailarina não é só pés, mas sobretudo cabeça”.Qual o significado dessa frase para você? Na verdade era uma pianista. Um bailarino precisa ser muito musical, precisa sempre colocar todos os passos, dançar conforme a música, porque é muito agradável quando a música e a coreografia caminham juntas. Então acho que ela teve uma visão, dizendo: “Essa já tem o primeiro passo para ser bailarina, porque é musical, porque se dedica”. Claro que você pode aprender, mas quando já tem isso nato ajuda muito. Quantos anos você tinha? Devia ter uns sete, oito anos...
Ainda criança, Ana já mostrava o talento que a faria um ícone da dança no Brasil
Então não houve dúvida em nenhum momento da sua vida sobre qual carreira ia seguir.. Na realidade houve. Eu adorava dançar, mas não decidi logo que eu queria ser bailarina. Eu gostava, mas achava que era uma carreira muito difícil, longe da minha realidade. Quando era pequena fazia balé muito pouco, duas, três vezes por semana. Até dez, onze anos, não era uma coisa muito séria. Depois dos onze é que fui para a Academia de Balé Leda Yuki... Aí sim, era balé todo dia, ensaios... Depois dos doze anos eu vi que (dando ênfase na voz) aquilo sim eu gostava (risos)... E se você não tivesse enveredado pela dança, qual caminho poderia ter trilhado? Eu fiz vestibular pra Letras, porque queria ser tradutora. Gosto muito dessa área de Línguas, Letras, Humanas... Antes de ser bailarina eu já tinha entrado pra Faculdade de Letras visando isso. Claro que meu sonho era dançar. Eu dançava junto e tive inclusive oportunidade de ir a Paris para aperfeiçoar não só o francês, mas também para estudar balé. Foi quando tive o meu primeiro contrato profissional. Ali virei bailarina. Foi o momento decisivo pra sua carreira... Totalmente decisivo. Fui pra passar quatro meses e acabei ficando para ser contratada pelo Balé de Marseille, do Roland Petit. Eu tinha um mês de experiência, podia não gostar, eles podiam não gostar... No primeiro mês eu decidi que aquela era a vida que eu queria. Aliás, no primeiro mês, não! Na primeira semana! Ali foi a grande virada da minha vida. Ali que me tornei bailarina. Fui bailarina primeiro lá antes de ser aqui. Quanto tempo você passou na França? Passei dois anos na França e depois seis meses na Inglaterra. Como foi a volta ao Brasil? Voltei com muita esperança de dançar aqui no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E logo que voltei fiquei muito decepcionada porque ele estava fechado para obras - e ficou assim por uns três ou quatro anos. Então pensei que meu sonho seria um pouco retardado. Dois meses depois da minha chegada surgiu a oportunidade de dançar no balé do Teatro Guaíra. Eles estavam precisando de uma bailarina, o coreógrafo já tinha me visto e sabia que eu estava voltando da Europa. Então ele me convidou pra fazer um teste em Curitiba, onde fui ser a primeira bailarina. Dancei lá e só um tempo mais tarde é que vim para o Rio de Janeiro.
Você poderia falar um pouco dos sacrifícios que precisou fazer em nome da carreira? Acho que o maior sacrifício é não poder encontrar com os amigos, a família, principalmente em tempos de muito ensaio. Eu estou numa época dessas: não estou conseguindo fazer nada, encontrar com ninguém. Ensaio o dia inteiro e ainda estou fazendo faculdade agora. Os maiores sacrifícios ao longo da carreira foram me privar de estar com meus amigos, sobretudo quando se está em turnê, viajando: você acaba convivendo mais com seus colegas de trabalho do que com a própria família. Recentemente você participou do espetáculo “Viúva Alegre” e disse que era um dos que faltavam no seu currículo... É, eu nunca tinha feito, e este ano fizeram uma produção completa em Curitiba. Adorei fazer porque nunca tinha feito e é mais um personagem que eu coloquei no meu currículo. Tenho dançado alguns pas-de-deux (coreografia executada por um bailarino e uma bailarina) desse balé em algumas ocasiões. Aí mesmo em Belém eu dancei o pas-de-deux do último ato desse espetáculo. Depois de mais de 30 anos de carreira, quais os espetáculos que você ainda gostaria de fazer? Eu adoraria fazer a Dama das Camélias. Existem várias versões muito interessantes e que eu nunca fiz. Claro que eu posso fazer qualquer balé que seja criado especialmente... poderia ser alguma heroína brasileira... Ano que vem, no segundo semestre, vou fazer uma peça de teatro em que fui convidada pela Marília Pêra. Então estou muito animada com esse convite, vai ser uma empreitada nova na minha vida, fazer teatro, o que nunca fiz. Ana já teve oportunidade de atuar ao lado de alguns dos melhores bailarinos do planeta
E como nasceu esse convite? Ela me ligou e disse: “Olha, tô montando uma peça e tem uma personagem maravilhosa pra você, que é amiga íntima da personagem que vou fazer”. Quer dizer, eu vou contracenar com a Marília Pêra, que é um mito do nosso teatro, então estou achando que vai ser um batismo muito bom, por ser a minha primeira vez e estar ao lado dela. Recentemente você participou da novela “Páginas da Vida”. Como foi essa experiência? O Manoel Carlos veio ver um espetáculo meu e, ao final, fez o convite, dizendo que tinha uma novela que ele ia escrever dali a um ano, um ano e meio, iria tratar de várias profissões e gostaria de falar de balé, de bailarinas. Eu achava que isso não ia acontecer, porque o convite era com tanta antecedência – acho que isso foi no início de 2004, não sabia que eles começavam a trabalhar tanto tempo antes. Um dia ele soltou numa entrevista dele em um jornal que uma das novidades da novela seria a minha participação. Foi assim, pelo jornal, que eu soube que estava confirmada (risos)! Foi muito bom, porque eu pude ser uma professora de dança, falava da minha profissão, e foi uma divulgação muito boa pro balé e pra dança em geral. Estava em um núcleo muito bom, com o Tarcísio Meira e a Glória Menezes, e foi um aprendizado muito interessante. Nunca havia feito nada usando a palavra, na televisão. Aprendi muito nos dez meses que fiquei lá gravando e agora estou aflita com essa história do teatro, porque teatro e televisão não têm nada a ver um com o outro. São veículos diferentes na maneira de interpretar, na intensidade, no volume de voz, de tudo. Estou superaberta para fazer outra coisa na televisão. Foi bem difícil pra mim, porque apesar de ter diminuído meus espetáculos, nunca deixei de ser bailarina e precisava fazer minhas aulas diárias, meus ensaios, então tra-
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A técnica e a graciosidade no palco são as marcas registradas da bailarina, que chega aos 51 anos planejando o momento certo para a aposentadoria balhei em dobro, mas foi um aprendizado maravilhoso que eu adoraria repetir, mas em um tempo mais calmo em que eu não tivesse tantos compromissos com a dança. Ser atriz é uma carreira que a agrada para o futuro? Acho que sim. É um futuro até bem próximo. Para que eu não deixe os palcos, talvez deixar a dança e passar para algum tipo de teatro falado seja uma possibilidade. Não sei se isso será uma carreira tão longa como foi a minha de bailarina, mas acho que pode ser bom também para que eu não sinta essa ruptura e largue os palcos da noite pro dia. Acho que pode ser o fio de uma continuidade, sim. E você já planeja a aposentadoria no balé? Eu quero parar o balé enquanto eu estou dançando bem. Então eu acho que será em breve, ainda não tenho uma data, mas quero aproveitar esse momento bom que eu tenho. Vamos ver como vai ser essa temporada de teatro, se vai me tomar muito tempo, se eu vou ter tempo de fazer um pouco de dança. Tudo a gente tem que ir fazendo gradativamente. Você está fazendo faculdade de dança. Por que decidiu investir na carreira acadêmica? Eu não terminei a minha faculdade de Letras. Sempre foi um sonho voltar a estudar, mas com a minha vida superagitada não era possível. Há dois anos surgiu uma parceria de uma faculdade aqui do Rio chamada UniverCidade com o Teatro Municipal, para que formássemos uma turma só de bailarinos para licenciatura em dança. Formamos uma turma de 25 pessoas. Trabalhamos no Municipal até as quatro horas da tarde, a faculdade começa às cinco em uma sede que é em frente ao teatro, nós só precisamos atravessar a rua. Toda a parte acadêmica, teórica, é feita nessa faculdade. A parte prática, de ensino, didática, dança contemporânea, composição e improviso fazemos na nossa própria sala do Teatro Municipal, de cinco às oito. Como a faculdade foi a mim, achei que não podia perder essa oportunidade. Quando a gente tem temporada de balé,
suspendem as aulas, que são repostas depois. Era muito sob medida para eu não fazer. Estou amando. Fiz isso também pensando no meu futuro, porque posso não só ensinar, mas também coordenar. Eu já coordenei muitos professores em diferentes locais e acho que coordenando com conhecimento de causa vai ser muito melhor. Agora estou estudando didática, sistema de ensino, tudo isso está abrindo muito a minha mente. Sempre vou estar envolvida com a dança. Haverá momentos de fazer teatro, TV, mas até eu morrer vou estar na dança de alguma maneira. Além do balé clássico você já fez alguns espetáculos com o dançarino Carlinhos de Jesus, foi coreógrafa de escolas de samba. O que aprendeu no contato com essas manifestações mais populares da dança? Acho que a bailarina tem que ser eclética e fazer vários estilos de dança. Fiz uma participação no espetáculo do Carlinhos de Jesus e adorei; usei um pouco da minha técnica clássica, dancei dança de salão, chorinho brasileiro. Quando fiz o espetáculo com o Carlinhos já tinha várias danças e coreografias feitas pra mim assim, mais populares, contemporâneas. Acho que todo tipo de dança é válida e até uma bailarina clássica precisa experimentar outros tipos de dança, que fazem o nosso corpo se movimentar de maneira diferente. Existem alguns projetos no país que tentam levar a dança a comunidades menos favorecidas. Você conhece alguma iniciativa que mereça ser destacada? Eu sou madrinha aqui no Rio de um projeto que já tem doze anos, o “Dançando para não dançar”, que começou pequeno, numa favela do Rio, com uma única professora, a mentora do projeto, Tereza Aguilar, e hoje trabalha com mais de 500 crianças em doze comunidades. Hoje tem outros professores, patrocínio, cresceu muito, e atende não só as crianças, mas suas famílias, que têm acompanhamento psicológico, dentário. Acho que a gente pode transformar através da dança. Esse projeto tem feito isso e também descoberto talentos, que são manda-
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Em 2009, Ana vai fazer a estréia nos palcos como atriz, ao lado da amiga Marília Pêra
dos depois para a escola do Teatro Municipal aqui do Rio. O outro que eu ando encantada é um projeto menor, com apenas doze bailarinos, que é um projeto social de uma companhia chamada “Deanima”. São doze ou quinze jovens bailarinos. É um trabalho com dança contemporânea sensacional. É um outro projeto que está crescendo bastante. O que a dança pode ensinar para a vida? Disciplina, trabalho em conjunto, saber respeitar e ceder a vez ao outro. Disciplina não só pessoal, mas para a vida. Acho que sobretudo essa interação com o outro, o respeito, saber ceder. E também a superação de desafios. Como no balé lidamos com o físico, estamos sempre tentando superar algum movimento difícil, alguma técnica que não podemos fazer. Superar obstáculos e vencer desafios é uma proposta da dança em geral, que acho que mesmo quem não vira bailarino profissional pode levar para a vida. A atriz Flávia Monteiro está fazendo um documentário sobre a sua vida. Tem acompanhado a produção? Faz dois meses que a gente não tem feito nada, mas tenho acompanhado sim. Converso muito com ela, respondo tudo que ela precisa saber e já dei alguns nomes para os depoimentos do documentário. Ela tem me filmado em ensaios, temporadas... tem sido bem interessante. Ela já tem muito material e depois fará a seleção. Existe previsão de lançamento? Acho que só no segundo semestre do ano que vem.
E os mais difíceis? Cito todos aqueles em que estive machucada. A volta sempre foi muito penosa. Eu nunca tive nada grave, mas já torci o pé, uma vez tive uma compressão de um nervo e tive que ficar parada quase quatro meses. Esses momentos de contusão são os mais difíceis para a bailarina. Outros momentos foi quando tive que dançar e tinha ficado viúva, mas tinha que dançar, pois era minha vida. Eu fiquei viúva duas vezes (Ana Botafogo perdeu dois maridos, o bailarino inglês Graham Bart e o advogado Fabiano Marcozzi) e foram dois momentos muito difíceis. Em um deles eu estava inclusive em vésperas de estrear um balé completo, o “Lago dos Cisnes”. O público foi maravilhoso. Eu sabia que eles estavam lá para me dar força e dizer que sabiam que eu tinha que vencer e continuar lutando, indo em frente com a minha dança, e foi o que eu fiz. Qual foi a primeira vez que você veio a Belém? Em 1979, a convite da Clara Pinto para um espetáculo da companhia dela. Dancei com o Alain Leroi, um bailarino francês que estava radicado aqui no Rio. Quais as suas principais recordações da cidade? Primeiro o Teatro da Paz, porque chego e estou sempre lá desde 79.... Depois tem o porto, como chama? Nas Docas (Estação das Docas), que tem todos aqueles bares. A primeira vez que eu fui não tinha, mas agora está bonito, gostoso, na beira do rio. Eu estive aí uma vez e andei de barco por uns igarapés, foi lindo, mais rústico, mas que eu também amei.
Você conseguiria elencar os momentos mais marcantes da sua trajetória? Sempre gosto de citar a minha entrada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro como primeira bailarina. Meus primeiros convites internacionais como primeira bailarina também; primeiro fui à Venezuela, depois dancei o “Ballet Giselle” não só na Inglaterra como em Cuba, que é a terra da “Giselle do século”, a Alicia Alonso. Outro momento importante
Qual o grande legado que você acredita que vai deixar para a dança no Brasil? Minha vida toda eu tratei a dança com muito profissionalismo. Pouco a pouco fui deixando esse caráter de que a dança tinha que ser tratada como uma profissão e não só como uma diversão, além da importância do bailarino no cenário brasileiro. Eu tentei popularizar, mas sempre deixando a figura da bailarina numa posição de destaque no nosso cenário cultural. No mais, gostaria de deixar registrado que a dança tem que ser feita com
foi quando eu fui para Roma. Não conhecia ninguém e as críticas foram excelentes.
muita paixão. Só quem se entrega com paixão a ela consegue fazer uma carreira tão longa quanto a minha.
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Móveis e decoração não incluídos no contrato de venda. CRECI: 223J Empresa filiada à ADEMI
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Sonata Residence: Alvará 04616/2004 – Mem. Incorporação R03 M M 445 FLS 445 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 2º oficio. Torre de Bari: R03 M 193 FLS 193 L.2I.J - 01/06/04 Cartório de registro de imóveis 2º ofício. Torre de Toledo: Alvará 176/2003. Mem. Incorporação R02 M 266 FLS 266 L. 2-I.F – 16/16/2003 Cartório de registro de imóveis 2º ofício. Metropolitan Tower: Alvará 0128/2001. Mem. Incorporação R03 M 410 L.2-HY – 10/09/01 Cartório de Registro de imóveis 2º ofício.Torre de Saverne: Alvará 0270/2003. Mem. Incorporação R04 M 251 FLS 251 L.2 – H.S – 31/10/03 Cartório de registro de imóveis 2º oficio. Torre de Belvedere: Alvará 0367/2004 . Mem Incorporação R04 M 41670 FLS 270 L.2-EH 11/01/2005 Cartório de registro de imóveis 1º ofício. Torre de Farnese: Alvará 0496/2004. Mem Incorporação R05-42500EM L.2 – E.K.M 42500 FLS 200 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 1º ofício.
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Desde o pórtico de entrada, Gramado já mostra por que é um dos endereços mais procurados por turistas de todo o país
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• por Dominik Giusti • fotos divulgação •
Onde tudo vira atração Gramado é um exemplo de como investimentos em infra-estrutura e respeito à história podem transformar uma cidade em um grande centro turístico
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ata de araucárias e hortênsias compõe o cenário de uma cidade que revela a cada esquina como se produz um centro turístico. A calma e pacata Gramado fica a 115 km de Porto Alegre e tem pouco mais de 32 mil habitantes. Investimentos em infra-estrutura e a criação de festividades a tornaram o quarto destino mais visitado do país - só fica atrás de Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Durante o ano, 2,5 milhões de turistas passam pelo município, onde tudo é atração: de elementos pensados em adornar a cidade à cultura imaterial, herdada dos imigrantes europeus. A colonização européia é percebida em toda a cidade: na arquitetura, na culinária e nas tradições. As casas em estilo alemão enxaimel (ou fachwerk) ainda podem ser vistas no local, apesar de não serem em grande número. Os imigrantes italianos, que chegaram depois na cidade, vindos principalmente de Caxias do Sul, também marcaram a arquitetura. O basalto, pedra comum na região, foi muito usado pelos colonos pela sua alta durabilidade. Os terrenos em declive eram usados para a construção de porões, onde ficavam produtos como queijos, salames e vinhos produzidos pelas famílias, e o basalto ajudava a conservá-los. As casas eram erguidas à mão. Os colonos reuniam-se e construíam as casas da comunidade. A Casa Centenária, na Linha Bonita – zona rural, a quatro quilômetros de Gramado – é um dos exemplares do estilo italiano. Devido à intensa industrialização da cidade, essas casas diminuíram em número, mas algumas ainda servem para abrigar famosos restaurantes. Gramado oferece opções de restaurantes que vão desde cafés coloniais até cozinhas internacionais, como a alemã e a (bem conhecida e aprovada pelos brasileiros) italiana. Existem também estabelecimentos que oferecem carnes de caça e nobres, além das cozinhas suíça, japonesa e mediterrânea. O preço dos restaurantes é bastante variado, dos mais simples até os mais luxuosos. Carnes de caça podem ser degustadas no tradicional restaurante La Caceria. Cafés e chocolates para uma tarde fria? A casa Bella Vista, um dos exemplares do estilo arquitetônico alemão, oferece bolos, pães caseiros e geléias de frutas da estação e chocolates quentes e cafés.
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Um pouco de história A cidade começou a ser povoada no final do século XIX, com a chegada dos portugueses e, mais tarde, no começo do século XX, com a intensa imigração européia para o Brasil, chegaram os alemães e italianos. A origem do nome da cidade também está relacionada com a presença dos primeiros habitantes e, claro, com a vegetação da localidade, as gramíneas. Existem duas versões: a primeira conta que, no século XIX, o território onde hoje é a cidade era passagem para tropeiros que tocavam os gados até a Serra, e que neste local havia um campo verde e muito agradável. Muitos acreditam que este campo, ou gramado, tenha dado nome à cidade. A segunda versão diz que um dos únicos acessos do Vale dos Sinos à Serra Grande se dava pela passagem da região onde hoje é a cidade, e que já naquela época era popularmente chamada de Gramado e assim teria permanecido. O município só foi emancipado em 1954 das cidades vizinhas Taquara e São Sebastião do Taí. Desde então, investimentos em atividades e empreendimentos turísticos passaram a ser os principais objetivos dos gestores que governaram a cidade, que é hoje bastante conhecida pela infra-estrutura que oferece para a realização de feiras e eventos e por ter se tornado sede de grandes festivais, estratégias turísticas que impulsionam a economia local. Hortênsias A trajetória de investimentos em turismo começou em 1958 com a criação da Festa das Hortênsias, evento que dava visibilidade à cidade e atraía visitantes das cidades vizinhas. A festividade aconteceu durante vinte anos seguidos; teve uma interrupção nos anos setenta, e em 1986 passou a se chamar Festa da Colônia, que no ano anterior teve sua primeira edição, mas dentro da Festa das Hortênsias. O turismo começava a despontar e no mesmo ano aconteceu a primeira apresentação de coral do “Natal Luz”, hoje um dos maiores eventos natalinos do país. Foi também durante a Festa das Hortênsias em 1969 que aconteceram as primeiras mostras do Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, hoje chamado Festival de Cinema de
Lago Negro, Festival de Gramado, Igreja de São Pedro e Minimundo: em sentido horário, algumas das atrações que Gramado reserva aos visitantes
Gramado por receber filmes de outros países da América do sul. A Festa da Colônia é promovida anualmente e tem o objetivo de divulgar a cultura do interior e os produtos da zona rural de Gramado. Os descendentes de italianos e alemães, que produzem artigos artesanais como mel, pães e vinhos, vão à cidade durante os dias do evento expor suas tradições e seus produtos. A festa serve também para um grande encontro entre as pessoas que moram no interior e os habitantes da região urbana. A festa tem duração de dez dias e acontece no primeiro semestre, nos meses de março ou abril. Na programação estão incluídos desfiles, apresentações da vida no campo, degustação de produtos artesanais, o que dá um impulso na venda desses produtos. Há aproximadamente três anos, as comunidades rurais de Gramado também foram alvo do planejamento turístico e hoje existem roteiros programados para esses lugares, como o “Mergulho no Vale”, “Raízes Coloniais” e “O Quatrilho”. Além de festividades voltadas para a própria cultura, foram criados também festivais que pudessem reunir pessoas do país inteiro, como é o caso do Festival de Cinema de Gramado. Oficializado em 1973, o evento superou os períodos de censura durante os governos militares e hoje promove a cultura brasileira e a produção cinematográfica da América do sul. O símbolo do evento, o Kikito, foi criado por Elisabeth Rosenfeld, considerada “mãe do artesanato gramadense”. Primeiro, ele tornou-se símbolo da cidade e depois, passou a simbolizar também o festival e a sua estatueta passou a ser o prêmio do festival. O Festival de Turismo também faz parte do projeto de comercialização de produtos e destinos turísticos, que desde 1989 divulga a cidade. Reúnem-se sempre no mês de novembro, representantes de agências de viagens e turismo, companhias de transporte aéreo e de navegação, hotéis e empresas ligadas ao
setor. O turismo é responsável por 90% da receita da cidade, que recebe cerca de 2,5 milhões de visitantes ao longo do ano. O Festival Internacional de Gastronomia, Vinhos e Espumantes, que integra o Circuito Brasileiro de Cultura e Gastronomia, é o mais novo na cidade. Sua primeira edição aconteceu em 2007 e é voltado para a promoção da gastronomia local, com a produção de receitas feitas por chefs de cozinha, degustação de vinhos e programação cultural, como apresentações de teatro, além de ofertar cursos e oficinas. Além do turismo, a economia de Gramado é fortalecida por uma malha fabril, com indústrias moveleira, têxtil e de construção civil, além de fábricas de chocolates. A agroindústria é um setor da economia gramadense que tem recebido mais investimentos durante os últimos anos. O setor emprega famílias inteiras, principalmente de imigrantes alemães e italianos, em mais de setenta empresas que fabricam produtos artesanais ou semi-artesanais, como mel, vinhos, queijos e pães caseiros. O Natal Luz de Gramado Papai Noel, duendes, fábrica de brinquedos e o universo mágico do Natal compõem a maior festa natalina realizada no país. Em 2007, aproximadamente 700 mil turistas foram à cidade conferir os encantos do Natal em forma de espetáculos e apresentações para adultos e crianças. A 23ª edição do Natal Luz de Gramado acontece este ano de 13 de novembro a 11 de janeiro. A programação é elaborada durante todo o ano e conta com atrações como pirotecnia, espetáculo de marionetes, desfiles e demonstrações do Natal gaúcho. Mais de duas mil pessoas estão envolvidas nos preparativos do evento, que envolve a decoração da cidade, preparação de cenários, confecção de roupas, bonecos e materiais para os espetáculos. Atores e dançarinos ensaiam desde maio as coreografias e apresentações dos even-
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Se você for a Gramado no período das festas de fim de ano, não deixe de conferir a beleza do Natal Luz
Atrações Natal Luz Fantástica Fábrica de Natal – Em sua terceira edição, este musical narra a história de uma criança que é levada por um anjo até a fábrica de brinquedos do Papai Noel. Chegando lá, todos os brinquedos ganham vida, encantando a todos que assistem. Esta atração envolve um elenco de mais de 40 pessoas. Grande Desfile de Natal – Papai Noel, Mamãe Noel, duendes e outros personagens de Natal fazem um grande desfile de trenó pela cidade de Gramado, com bonecos gigantes, anjos, patinadores, e 200 atores vestidos para encantar o público. Nativitaten – Show pirotécnico apresentado desde 2001 e que conta a história da humanidade, mostrando a criação do mundo até o nascimento do menino Jesus, mostrando toda a religiosidade e o espírito natalino. O espetáculo conta com cantores líricos, águas dançantes e um movimento de luzes. Árvore Cantante – Esta atração está localizada na Rua Coberta, uma das atrações turísticas de Gramado, onde uma árvore de Natal gigante é instalada. À noite, um coral dá o toque especial ao lugar com apresentações das tradicionais músicas natalinas. Natal Gaúcho – Os artistas e a cultura do Rio Grande do Sul também fazem parte do Natal Luz de Gramado e os shows de músicas natalinas ganham um toque gaúcho. Show de Acendimento de Luzes – Durante dos dias do evento, ao anoitecer, músicas e efeitos de iluminação são programados para o acendimento de simultâneo de todas as luzes do Natal Luz e uma árvore de Natal de oito metros de altura faz parte do cenário. Encontro de Papais Noéis – Acontece também no Natal Luz o Encontro Brasileiro de Papais Noéis, que este ano está na sua quarta edição. Durante o encontro são ofertados cursos e oficinas para Papai Noéis, como postura, vestimentas e cuidados com crianças. Janelas do Advento – Esta atração está ligada à cultura alemã presente na cidade. Na Alemanha, no domingo que antecede o Natal, as pessoas abrem as janelas de suas casas. E em Gramado, nos quatro fins de semana que antecedem o dia de Natal, a Igreja de São Pedro é transformada em palco para este espetáculo, com apresentação de corais. Tannenbaumfest - A tradicional Festa dos Pinheiros é quando a população se reúne para enfeitar os pinheiros, símbolo da árvore de Natal, na principal avenida de Gramado. Teatro de Marionetes – Atrações pedagógicas e lúdicas, estas apresentações de marionetes falam sobre a cultura gaúcha e sobre os pontos turísticos de Gramado. Vila de Natal – Esta Vila é um verdadeiro parque de exposições, com atrações para crianças e adultos. É composta por feira de artesanato, praça de alimentação, brinquedos como carrossel, trem a vapor, além de teatro de marionetes. Também tem espaço para oficinas e encontros diários com Papai Noel durante todo o período no Natal Luz. Arca de Noé – A mais nova atração do Natal Luz é feita com marionetes e bonecos eletrônicos gigantes. Uma superprodução que imita uma pequena comunidade rural, com bichos que fazem a festa, como o pato tenor Antenor, o poleiro cantante das galinhas caipiras, a rena sanfoneira Renata, o porco percussionista Mimoso e outros. O espetáculo é apresentado pelo simpático cachorro Abelardo e a música é executada pelos cachorros da Banda Salsicha Recheada. Os ingressos para cada atração podem ser adquiridos pelo site: www.natalluzdegramado.com.br ou pelo telefone 4003 2330 para capitais e regiões metropolitanas, ou (02311) 4003 2330 para demais localidades, de segunda a domingo das 9h às 21h. Natal Luz: (54) 3286 6795, de segunda a sexta das 9h às 11h30 e das 13h30 às 17h30.
tos principais como a Fantástica Fábrica de Natal e o Grande Desfile de Natal. O patinador Marcel Stümer, bicampeão nos Jogos Pan-americanos, será o anjo do Grande Desfile e já esteve na cidade para ensaiar. Na Vila de Natal serão expostos artesanatos natalinos produzidos na Região das Hortênsias, que tem tradição na confecção de artigos de Natal. Ao todo, 25 artesãos participam da Vila, que foram selecionados pela perfeição no acabamento e criatividade das peças: tudo para garantir que o turista seja agradado. O mais novo espetáculo é a Arca de Noel, com bonecos gigantes em forma de animais, como patos, cachorros e porcos, e que garantem o entretenimento da criançada em um show muito divertido. Este ano, uma área especial também foi elaborada para aqueles que desejam assistir ao espetáculo Nativitaten com luxo e conforto. É o Tapete Vermelho, situado no Lago Joaquina Rita Bier, espaço em que será oferecido um coquetel e que garante vista privilegiada do show de fogos. O Natal Luz de Gramado tem parceria com as secretarias municipais de Educação e Esporte, Obras, Viação e Saneamento para coleta de garrafas Pet, que se transformam em matéria-prima para a composição de ornamentos para a cidade. A atividade de coleta de Pets envolve 11 escolas do município, 5 creches, 3 escolas rurais e 3 escolas estaduais, e só no ano passado foram arrecadados mais de um milhão de garrafas, que se converteram em guirlandas, bolas de natal e flores, ajudando o orçamento da festa e garantindo cuidados com o meio ambiente. No dia 12 de novembro aconteceu a abertura oficial do Natal Luz, momento em que o prefeito da cidade entregou as chaves do município ao Papai Noel, com o acendimento de luzes e apresentação de um concerto com Coral e Orquestra de Lajeado (RS).
Fonte: www.natalluzdegramado.com.br
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Detalhe do teto da galeria Vittorio Emanuelle, em MilĂŁo. Na ItĂĄlia, a arte sempre teve um solo mais do que fĂŠrtil.
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• Por Dominik Giusti • fotos André Moreira
O eterno charme A história do Ocidente percorre cidades, ruas e avenidas da Itália, encantadora para todo o sempre
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empre temos uma referência que nos faz lembrar a Itália: a pizza, a macarronada, o Milan de Kaká, o Papa, o Coliseu. O país com famoso formato de bota é uma península no Mar Mediterrâneo, faz fronteira com França, Suíça, Áustria e Eslovênia e sua extensão territorial corresponde ao estado do Rio Grande do Sul. É também um enorme emaranhado de culturas e tradições. Em cada região, um povo diferente, um dialeto único, uma paisagem nova. A Itália é multiétnica: etruscos, gregos, romanos, celtas e fenícios já habitaram o território italiano e deixaram marcas profundas no estado-nação de hoje. As origens do país remontam ao período da Antiguidade Clássica. As conquistas do Império Romano e as grandes mudanças no pensamento intelectual, como o movimento Renascentista, transformaram-no em um centro cultural e científico para o Ocidente. No século XIX teve início o processo de unificação das regiões do território italiano, que só terminaria em 1929 com o Tratado de Latrão. Essa fase é chamada de “Risorgimento”. Mesmo com a unificação, o país ainda mantinha fortes diferenças em seu território, percebidas no próprio desenvolvimento italiano, com o Norte industrializado e o Sul agrário, até que a constituição de 1948 decretou a criação de vinte regiões conforme as características sócio-culturais de cada uma. Estas são as primeiras subdivisões do país e são compostas por 107 províncias, que são, por sua vez, divididas em comunas, equivalentes aos municípios no Brasil, que atualmente são 8.100. A capital do país, Roma, também é a capital da região do Lácio. Tem como característica, típica de grandes metrópoles, a existência de diferentes ambientes. A cidade possui três bem definidos: uma antiga, por conter marcas da época do império; uma nova, por ser uma das cidades mais modernas da Europa; além da simbologia cristã e da religião católica, representadas
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pelo figura do Papa e pelo Vaticano. Um dos destinos mais visitados na Europa, a cidade concentra uma infinidade de monumentos, praças, fontes e museus, que retratam muito bem a diversidade cultural do país. A história da fundação da cidade tem origens lendárias. Segundo escritos de Tito Lívio e do poeta Virgílio, a cidade teria sido fundada pelos irmãos Rômulo e Remo. Os irmãos eram filhos da Reia Silvia, rainha de Alba Longa, com o deus Marte, e o seu marido, o rei Amúlio, revoltado com a situação, teria jogado os irmãos no Rio Tibre. Mas uma loba os encontrou, os amamentou e eles sobreviveram. Quando adultos, os dois irmãos voltaram à cidade de Alba Longa, depuseram o rei Amúlio e fundaram Roma em 753 a.C. Segundo a lenda, Rômulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de Roma. Essa lenda está viva: o Palatino, na parte da cidade chamada antiga Roma, é o lugar onde supostamente a cidade foi fundada no século XVIII a.C. É onde estão dois dos maiores cartões-postais do país: o Fórum Romano e o Coliseu, representantes da arquitetura da época do Império, com forte influência grega. O Caminho Sagrado também é muito famoso entre os cristãos, por lugares como o templo de Vesta e a Cúria Romana. Em Roma estão outros pontos muito conhecidos, como a Basílica de São Pedro, a Piazza di Spagna – ponto de encontro de turistas do mundo inteiro -, além do Vaticano, centro do Catolicismo no Ocidente, onde fica a Capela Sistina, que teve o teto pintado com afrescos de Michelangelo, e os Museus do Vaticano, uma série de espaços que expõem arte etrusca, religiosa, moderna e contemporânea. As feiras da capital italiana também são uma boa pedida: artigos variados, miudezas e peças antigas são encontradas nas feiras do Campo Dei Fiori e na Feira de Antiguidades, bem no centro da cidade.
Invadida pelas águas do Mar Adriático, Veneza é um dos pontos turísticos mais requisitados por aqueles que visitam o país em formato de bota Os museus também fazem parte da rota turística. Em Roma, relíquias arqueológicas da Antiguidade Clássica e do Oriente estão no acervo do Museu Barracco, criado por Giovanni Barracco, um fidalgo da região da Calábria, que doou sua coleção para a comuna de Roma em 1904. As obras foram encontradas em escavações feitas pela reforma urbanística na cidade, no final do século XIX. Obras do Egito, da Mesopotâmia e até da Grécia estão neste museu, além de peças etruscas e fenícias. O museu possui uma pequena seção de arte medieval. A arte moderna está na Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporânea. Mastroianni, Kandisky, Cézanne, Degas e Klimt são alguns artistas que têm obras expostas neste museu, instalado em um prédio neoclássico do século XIX. Com os grandes problemas de trânsito em Roma, como os famosos engarrafamentos, uma boa solução é escolher para que parte da cidade ir e por lá fazer um passeio a pé e observar de perto a arquitetura, as fontes, as igrejas e passear em museus, cafés e nas famosas cantinas italianas, saboreando as delícias da culinária do país. Além de Roma, cidades como Florença, Veneza e Milão estão entre os principais roteiros turísticos da Itália. Estas cidades são grandes centros urbanos e reúnem um mistura de arte e arquitetura clássicas que convivem com aspectos da conturbada movimentação urbana. Em Milão está a essência da indústria têxtil e da moda; o requinte das grandes grifes como Armani, Prada, Gucci e Versace,
e a atmosfera caótica do desordenamento urbano. A cidade é palco de muitas manifestações culturais, desde as tradicionais até a dos muitos imigrantes e italianos da região Sul. A capital da Lombardia também é lembrada pelos clubes de futebol Internazionale e Milan, time em que jogam Kaká e Ronaldinho Gaúcho, dois expoentes do futebol brasileiro. É também um grande centro financeiro e comercial, sede da Bolsa de Valores italiana. Essa efervescência da vida urbana contrasta com os imponentes museus, palácios e igrejas, que estão espalhados por toda a cidade. A mais famosa catedral, a Duomo, é uma das maiores do mundo: construída em mármore rosa de Candoglia, tem 92 metros e demorou séculos até ser completamente erguida. O início da obra data de 1386! A catedral dá nome à praça onde ela está situada, e é perto de uma galeria muito popular, a Vittorio Emanuele, com cafés, lojas diversas e livrarias. Ainda no centro de Milão está o Teatro alla Scala, de estilo neoclássico, que conta com apresentações de tenores famosos no mundo da ópera. Próximo ao teatro está o Palácio de Brera, onde foram instaladas a Academia de Belas Artes, a Biblioteca Nacional e o Observatório Astronômico. Prédios em estilos gótico, barroco, neoclássico e neogótico fazem da cidade uma verdadeira exposição de arquitetura. Prédios e peças tradicionais da arte italiana fazem parte de Florença, conhecida como berço do Renascimento. Nas ruas da cidade já podem ser vistas as razões da denominação. A capital
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Castelo de Fortezza, em Montalcino, região onde é produzido o famoso vinho Brunello
Um exemplo da arquitetura que pode ser apreciada em quase todas as cidades italianas
A famosa estátua de Perseu segurando a cabeça de Medusa, em Florença
da região da Toscana, a 230 km de Roma, é famosa também por sediar diversos museus, com obras de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Giotto, além de ser a cidade natal de Dante Alighieri, autor de “A Divina Comédia”, clássico da literatura universal. Na praça mais famosa da cidade, a Piazza della Segnoria, está a réplica de Davi, a conhecida estátua de mais de cinco metros esculpida em mármore no século XVI por Michelangelo. Na época, a estátua representava o poder político do novo governo e por isso foi colocada na praça, em frente ao Palazzo Vecchio. A original encontra-se desde 1873 na Galleria dell’Accademia por questões de segurança. Outras peças tornam a praça um verdadeiro museu a céu aberto, com esculturas que representam a mitologia grega, como a estátua de bronze de Perseu segurando a cabeça da Medusa, de Benvenuto Cellini, que tem na base Mercurio, Minerva, Giove e Danae. A Galeria dos Ofícios, ou Galleria degli Uffize, é uma das mais conhecidas do país. As salas do museu foram nomeadas de acordo com o artista mais importante que tem peças expostas nelas. Os quadros “Primavera” e “O Nascimento de Vênus”, de Botticelli, e obras de alguns dos maiores artistas do mundo, como Rafael e Rubens, estão na Galeria dos Ofícios. Um lugar curioso em Florença é o Pitti, uma tentativa de construção de um palácio em estilo renascentista feita por um antigo banqueiro da cidade, que faliu logo após a edificação. O prédio já teve muitos donos e já serviu até como base militar para Napoleão. Hoje o
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prédio é sede dos Museus da Porcelana, da Prata, do Vestuário, de Arte Moderna e da Galeria Palatina, e ficou conhecido no mundo inteiro pelos floridos jardins. A arte, claro, também está presente em Veneza, seja no poético passeio de gôndolas ou mesmo na configuração da cidade, invadida pelas águas do Mar Adriático, o que sempre leva à discussão se um dia ela vai desaparecer. Constituída por um arquipélago de 118 ilhas, Veneza fica ao Norte da Itália e é a capital da região do Vêneto. A Praça de São Marcos é o ponto de partida para outros locais turísticos da cidade. Com várias opções de bares e cafés instalados em prédios neoclássicos, a praça também abriga a Basílica de São Marcos e o Palácio Ducale. Em frente a esta praça fica a Basílica de Veneza, em formato de cruz grega e com elementos da arte toscana, medieval e bizantina, com mosaicos e esculturas. A cidade sedia ainda a importante Bienal de Veneza, com artistas do mundo inteiro e que envolve exposições de moda, artes plásticas e design. Além dos grandes centros Sentir de perto a cultura italiana, provar as comidas típicas feitas pelas mãos de pequenos produtores rurais e apreciar as diferentes paisagens do país. Para quem fica mais tempo na Itália, pode ser interessante fazer um tour em roteiros menos tradicionais. Sair das grandes metrópoles e se refugiar em pequenas cidades, que garantem conforto e tranqüilidade; conhecer as
Escadaria em pedra na cidade de Cortona, que foi palco do filme “Sob o sol de Toscana”
Na capital Roma, vestígios do Império que deu ao mundo ocidental parte de sua cultura
comunas próximas aos grandes centros pode ser também uma boa aventura. A 80 km de Florença está Lucca, cidade na região da Toscana, no centro da Itália. A comuna de origem etrusca é um convite aos passeios de bicicleta ou mesmo às longas caminhadas a pé para conhecer onde são produzidos azeites e vinhos artesanais. A Piazza Anfiteatro, o Museu Nacional de Guinigi, o jardim botâ-
da cidade também oferece ao turista uma verdadeira aula de história antiga: a Catedral fundada pelos normandos no século XI e a Igreja Santo Spirito, do século XII, com o interior em estilo barroco. Agrigento também tem belas praias, com águas cristalinas e grandes falésias brancas, como Licata, San Leone e Punta Bianca. Para os católicos, conhecer Assis é quase uma obrigação. A
nico Orto Botanico Comunale di Lucca são outras atrações, além das inúmeras igrejas construídas em diferentes períodos – o que dá à comuna o título de “Cidade das Cem Igrejas”. As mais conhecidas são a Catedral de São Martinho, a Basílica de San Frediano e a Igreja de San Michele de Foro. Em julho, a cidade fica movimentada com o Festival de Verão de Lucca, que reúne italianos e turistas para conferir apresentações de artistas nacionais e internacionais. É a terra natal do músico Giacomo Puccini, que compôs as óperas “Madame Butterfly” e “La Boheme”, e do artista plástico Alfredo Volpi, que veio ainda bebê para o Brasil, e ficou famoso por pintar as bandeirinhas de São João. Na ilha da Sicília, Agrigento é um dos destinos para quem quer conhecer um pouco da história da formação do país. A cidade teve influência e já foi habitada pelos gregos, está na chamada região da Magna Grécia. Na comuna ainda existem construções da antiguidade clássica, como as ruínas do Templo da Concórdia, no conhecido Vale dos Templos. As peças do Museu Arqueológico de Agrigento foram retiradas desta região. O centro
cidade é conhecida por ser a terra de São Francisco e por ficar no alto de uma colina, que oferece ao turista uma vista incrível das paisagens naturais da região. A arquitetura medieval pode ser vista em casas e prédios de pedra, em ruas cobertas, nas escadarias, nas fontes, além das igrejas. A mais conhecida é a Basílica de São Francisco de Assis, considerada um patrimônio cultural pela Unesco. Ela começou a ser construída pelo mosteiro em 1228 e só ficou completa vinte e cinco anos depois. A parte chamada basílica inferior tem afrescos pintados por Cimabue e a superior por Giotto, que retratou cenas da vida do santo. A Piazza di Comune, a praça mais célebre da cidade, reúne o Palazzo del Capitano del Popolo e o Palazzo dei Priori, construções datadas do século XVIII. Todo mês de maio ocorre na cidade a Festa da Primavera, ou Calendimaggio em italiano. No mesmo mês, a comuna recebe os participantes da “Marcha da Paz”, que reúne estudantes, professores e demais grupos sociais, que partem de Perugia, a capital da Umbria, à basílica de São Francisco, tudo em nome da paz.
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Vista da fonte em frente ao Panteon, em Roma. A História bem ao alcance dos olhos. Roma Restaurante Le Sorelle. Fica no quarteirão da moda de Roma, perto da Piazza di Spagna. Cozinha contemporânea. É indicado que se faça reserva, pois o ambiente é aconchegante e pequeno. www.lesorelle.it Hotéis Condoci Palace Apart. Fica no centro chique da cidade, a 100m da Piazza di Spagna. www.condottipalace.com Hotel White. Hotel fica a 200m da Fontana di Trevi, em um prédio do século XIX no centro de Roma. www.whitehotel.com
Florença Restaurante Osteria del Porcelino. Perto da Piazza della Signoria e da Ponte Vecchio, este restaurante oferece ao turista a típica comida da toscana. www.osteriadelporcellino.it Mammamia. A melhor pizza italiana. www.mammamiafirenze.it Hotel Hotel Balestri. De excelente localização, fica a menos de 50m da Piazza della Signoria e da Ponte Vecchio. www.hotel-balestri.it
Veneza Restaurante Bàcaro Jazz. A casa oferece uma excelente comida, ao som de jazz. www.bacarojazz.com Hotel Albergo Bonvecchiatti. Luxuoso hotel em estilo veneziano. http://bonvecchiati.hotelinvenice.com
Milão Restaurantes: Alta moda Caffé. Ambientado com temas da moda. Cozinha contemporânea. Primafila. Aberto dia e noite para uma experimentar a excelente cozinha italiana. www.ristoranteprimafila.it Peck. Um local para enlouquecer qualquer gourmet. Em estilo de supermercado, o Deck oferece ingredientes de ótima qualidade, como queijos, salames e azeites.
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Hotel: Starhotels Rosa. Fica atrás da Piazza Duomo, permitindo fácil acesso aos demais pontos turísticos. www.starhotels.com Montalcino Enoteca La Fortezza di Montalcino. Montalcino é comuna onde são produzidos os famosos vinhos Brunello di Montalcino. www.enotecafortezza.com Cortona Ristorante La Bucaccia. Ideal para ir com a família e provar a culinária típica italiana. O dono do restaurante é o chef e também garçom. É bom que ele dê a sugestão do prato. www.labucaccia.it Assis Brancaleone da Norcia. Casa de produtos da região da Úmbria. Salames, queijos, azeite, vinhos, carnes. www.brancaleonedanorcia.it
s ex & sábado
A última sessão de cinema
Saulo Sisnando Escritor
Quantas pessoas existem no seu bairro? Milhares, certo? Pense então no país! Há mais de cem milhões de pessoas mais ou menos iguais a você. Imagine que nessa infinidade de pessoas, você escolheu “um” para amar. Agora vamos passar pela cabeça a remota possibilidade de que, mesmo existindo esse oceano de pessoas, ocorreu a conjunção cósmica perfeita, que fez o “um” que você ama te amar de volta. Matematicamente, parece ser um resultado bem improvável, pois é uma sorte danada você amar exatamente a pessoa que te ama. Se você é um dos felizardos dessa loteria dificílima: agarre esse homem, case logo e tenha muitos filhos. Porque a vida não é um filme da Doris Day. Agora, se você é um dos sofredores, um dos ímpares dessa bizarra matemática, resta esperar... Esperar o telefone tocar, mesmo tendo certeza de que ele não vai ligar; resta abrir o Orkut a cada 5 minutos para ver se ele não respondeu aquele scrap. Enfim, resta sofrer! Mandar mensagens pelo celular perguntando como ele está passando (e ele nunca responde!), escrever cartas apaixonadas, porque nos filmes de Jane Austen, elas sempre funcionam. Enfim, resta se arrumar com a roupa mais bonita para passear no shopping, pois da última vez que você o encontrou, foi na praça de alimentação do Iguatemi. Há horas em que se tem certeza de que tudo é carma de alguma encarnação passada, quando ele foi arrasado, espezinhado, pisado e maltratado por você. Pronto, é isso! Agora nessa vida você é que vai ter de pagar pelo que fez. Só mesmo um carma para que ele sempre te encontre no pior dia... Quando você foi ao cinema assistir High School Musical 3 de óculos escuros (para não ser reconhecida) e vestindo aquela blusa vermelha de listras amarelas, que te deixa enorme de gorda (um bolo-fofo). Só mesmo carma para explicar a sua voz que treme tanto todas as vezes que você o encontra; só carma para fazer com que, na hora H, você esqueça todas as perguntas e opiniões que o fariam te achar tão inteligente. Se esse lance de vidas passadas for mesmo sério: dê um tempo! Espere. Faça coisas. Matricule-se em aulas de fotografia, escreva bem muito, dedique-se ao estudo da oceanografia. Leia livros malucos, tente entender os filmes do David Lynch e a teoria da Ressonância Mórfica. Viaje! Veja de perto os quadros do Francis Bacon. O tempo vai passando, passando, e você pode ir embora. Se mudar lá pro Nepal depois que passou no Instituto Rio Branco e virou embaixadora. Talvez ele vá mesmo lá pros Estados Unidos fazer aquela pós-graduação em reengenharia de software. Vão ficar vivendo, independentes um do outro, até o belo dia em que, numa lotada sessão de cinema, aquele belo coroa alvo senta ao seu lado e você se vira e reconhece aquelas covinhas. Ele vai olhar para você e não vai te ver com a sua melhor roupa (mas também não vai te ver com aquela blusa vermelha medonha), as frases prontas continuarão fugindo da memória. Mas vai gostar de você mesmo assim, então vão chorar pelo tempo perdido, e se consolar pelo grande caminho de tijolos amarelos que ainda resta pela frente, caminharão de mãos dadas, num passo acertado de quem não tem tempo a perder. Um belo final, não?! Só precisa ter paciência. Portanto, meu amor, depois disso tudo, só me resta dizer uma última coisa: “Eu estou te esperando nalguma sessão de cinema!”
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Agora você pode utilizar todo seu espaço com conforto, graças ao moderno sistema de fechamento de varandas Marglass System
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DVD
h oras vagas
Guto Lobato Jornalista gutomlobato@gmail.com
O poder do biografismo
DVD Filmes
Quer uma fórmula fácil para o sucesso no cinema? Faça a biografia de algum astro polêmico do mundo da música. Afinal de contas, todo mundo já teve, tem ou terá seus ídolos intocáveis algum dia, e a sensação de vê-los nas telonas desperta certo fascínio. Alguém pode até argumentar que o público deste gênero é seleto, segmentado; mas que o filme será pago nas bilheterias e dará o que falar sem dificuldades, isso é certo. Afinal, antes de ser posto à prova pela crítica especializada, ele vai ter de ser assistido por uma enxurrada de fãs ávidos. Felizmente, figuras míticas deste universo têm ganhado cinebiografias que em nada devem aos melhores livros do gênero – são relatos realistas e sensíveis, que, mesmo sob um olhar por vezes glorificador, expõem o lado humano delas sem remover-lhes o ar de genialidade. Duas produções recentes, a meu ver, merecem destaque neste sentido: “Piaf – um hino ao amor” (França/ República Tcheca/ Inglaterra, 2007, 140 min.), biografia da diva da chanson Edith Piaf; e “Control” (EUA/ Inglaterra/ Austrália/ Japão, 2007, 122 min.), longa sobre a trajetória do líder do Joy Division, Ian Curtis. Cada um brilha à sua maneira ao recriar dois heróis polêmicos de épocas distintas. No primeiro, o diretor Olivier Dahan conseguiu fazer um retrato emocionante da vida de Piaf (1915-1963), muitas vezes vista apenas como uma pré-junkie de voz privilegiada da música francesa. Sua trágica história de vida, que oscila entre a mendicância
nas ruas de Paris, o estrelato e a decadência, ganhou ares de obraprima com a atuação impressionante (e devidamente oscarizada) de Cotillard e com o roteiro, que não dispensa boas doses de melodrama e tragédia para emocionar o público. Nas 2h20 de filme, é difícil evitar o choro. Já “Control” é o tipo de filme que emociona, mas tem na poética visual e musicalidade seus principais trunfos. Afinal, se há um astro do rock cuja vida daria um grande filme, este é Ian Curtis (19561980), líder da pedra fundamental do pós-punk inglês, o grupo Joy Division. Assim como em “Piaf”, a narrativa recebe dosagens fortes de drama e melancolia, no embalo da história do jovem de 23 anos que cometeu suicídio no auge do estrelato – mas o mais legal é que Anton Corbjin, o diretor, tomou cuidados especiais com o aspecto imagético da coisa. Não bastasse o elenco (o Ian das telonas, Sam Riley, é um fenômeno!), o filme ainda esbanja uma ousada ambientação em preto e branco, que prioriza os cenários cinzentos da Inglaterra e as recriações de performances ao vivo do grupo. Ver canções como “Shadowplay”, “Disorder” e “Love will tear us apart” reproduzidas no cinema, por sinal, é uma experiência etérea - e, sendo você fã ou não, a experiência evidencia por que Curtis e seu Joy Division são ícones da música contemporânea. E, por extensão, garantias de sucesso no audiovisual.
O Nevoeiro (Terror, EUA, 2007)
Angelo Cavalcante Publicitário angelocavalcante@gmail.com
A cidade de Maine é devastada por uma estranha tempestade. Temendo que os alimentos se esgotem, David e Billy, pai e filho, correm rumo ao supermercado. Chegando lá, são surpreendidos por um estranho nevoeiro, que os mantém presos junto com outras pessoas. Assim é o roteiro do
filme “O Nevoeiro”, mais um longa baseado em um livro de Stephen King. A direção é de Frank Darabont, que já esteve à frente de produções como “Um Sonho de Liberdade” e “À Espera de Um Milagre”, que também é uma adaptação de um livro de Stephen King.
O Rabo do Tigre (The Tiger’s Tail”, Drama e Suspense, Irlanda / Inglaterra, 2006) Lian é um bem-sucedido empresário, corrupto e ausente na família, que passa a ser perseguido por uma pessoa idêntica a ele. Essa situação faz com que Lian busque explicações sobre seu passado, enquanto o “sósia” tenta roubar seu lugar na empresa e na família. “O Rabo do Tigre” se
desenvolve numa trama de suspense e drama. No elenco Bredan Gleeson (”Harry Potter e a Ordem de Fênix“) e Kim Cattrall (Sex And The City). A Direção é de John Boorman, que já dirigiu grandes produções, como “O Alfaiate do Panamá” e “Excalibur”.
Polaróides Urbanas (Comédia, Brasil, 2008) Uma atriz em decadência que sofre de síndrome do pânico e uma mulher amargurada com a vida tem seus caminhos cruzados no consultório de uma terapeuta que não consegue resolver seus problemas familiares. Assim é a trama do filme “Polaróides Urbanas”, que marca a estréia
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de Miguel Falabella como diretor de cinema. O filme foi baseado na peça teatral “Como Encher Um Biquíni Selvagem”, que teve mais de um milhão de espectadores. No elenco estão as atrizes Marília Pêra, Natália do Valle e Arlete Salles.
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Livros
h oras vagas
Álvaro Jinkings
música
Empresário alvaroedamazonia@yahoo.com.brr
Marcelo Viegas Músico yellowwire@gmail.com
Noiva da revolução/ Elegia para uma re(li)gião Autor: Francisco de Oliveira Editora: Boitempo
Caio Prado Júnior, o sentido da revolução Autor: Lincoln Secco Editora: Boitempo
A cidade, com suas construções e acidentes geográficos, só existe quando percorrida pela memória; é a experiência humana que trafega por suas ruas e lhe confere sentido – particular e coletivo. Neste livro, quem nos convida a conhecer a cartografia do Recife são as reminiscências de um dos maiores intelectuais brasileiros: Francisco de Oliveira. Testemunha de fatos políticos e sociais que marcaram o Brasil e o Nordeste, o sociólogo pernambucano desenvolve, em Noiva da revolução, um ensaio históricopolítico-sentimental munido de suas lembranças, “duas mãos e o sentimento do mundo”, como registra. Além do ensaio inédito sobre o Recife, o volume, publicado pela Boitempo, traz nova edição de Elegia para uma re(li)gião, uma das principais obras de Chico de Oliveira. Escrito em 1977, trata-se de um estudo sobre as relações do Estado com a sociedade brasileira e nordestina, abarcando a experiência da Sudene – criada em 1959, extinta em 2001 por FHC e relançada pelo presidente Lula, em 2003.
Longe de ser apenas uma biografia de Caio Prado Júnior, o livro de Lincoln Secco relaciona a vasta produção acadêmica de seu personagem a uma trajetória dedicada à militância política, compondo um retrato rico da vida e obra de um dos mais relevantes intelectuais marxistas brasileiros. Publicado pela Boitempo Editorial como parte da Coleção Paulicéia, traz elementos fundamentais para a compreensão das transformações, lutas sociais e conflitos enfrentados pelo Brasil durante o século XX, tornando-se, nas palavras de Ricardo Musse, autor da orelha do livro, “um esboço da história do marxismo brasileiro”. O historiador, economista, geógrafo e militante comunista Caio Prado Júnior não dissociou suas atividades intelectuais das políticas e direcionou seu pensamento para o estudo e a superação dos problemas do país em que viveu e pelo qual lutou. Tanto a originalidade de sua produção teórica como seu pioneirismo ao formular uma imagem marxista do Brasil estão contemplados na obra de Lincoln Secco.
Kind of Blue (1959) – Miles Davis Duvido que alguém que goste de jazz ainda não tenha escutado falar de “Kind of Blue”. Muito já se falou desse que para muitos críticos e fãs do trompetista é o melhor álbum de sua carreira. Fatores positivos não faltam: a começar pelos músicos que compõem o sexteto, a mística que existe em torno do processo de gravação do álbum, até o lugar que ele veio ocupar como marco definitivo e máximo do cool jazz (vertente que o próprio Miles havia dado início, há 10 anos, com o genial “Birth of the Cool”
tom acima do que foi originalmente tocado no estúdio). Gravado em duas sessões no lendário 30th Studio, em Nova Iorque, o que se ouve são os músicos improvisando em 7 faixas até então nunca antes tocadas pelo grupo – algo inusitado para músicos de jazz em uma sessão de gravação. Embora esse fato sugira desleixo, nada mais foi do que a forma de chegar ao clima que Miles havia imaginado para o disco. Sendo assim, reserve a audição desse disco para um dia bem despretensioso e mergu-
– que só seria lançado em 1957). Recentemente a Sony relançou o disco com o acréscimo de mais um take de “Flamenco Sketches” e uma pequena correção na velocidade da fita master (o que fazia o disco soar meio
lhe nas improvisações suaves, modais e cheias de lirismo de Miles e seu escrete pelos lendários temas como: “So What”, “Blue In Green”, “All Blues” e “Flamenco Sketches”. Fundamental e fantástico.
Continentrio (2003) – Continentrio Disco de estréia do grupo carioca, que chama a atenção por apresentar um direcionamento musical bem variado e bastante maduro. Formada pelos irmãos Continentino – Kiko, teclados; Jorge, saxofone e flauta; Alberto, baixo e guitarra – e com o acréscimo do seguro André “Limão” Queiroz na bateria, o grupo passeia por 13 faixas instrumentais misturando inclinação jazzística com funk, soul e música brasileira sem perder a força e a pegada. Tamanha maturidade se deve ao fato dos irmãos possuírem vasta experiência como músicos de apoio, em shows e
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gravações de vários artistas famosos como João Bosco, Ed Motta, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Edu Lobo. Com um currículo desses, não é de surpreender quando os primeiros acordes de “Pane” - fazendo a introdução para a maravilhosa “Twb” - são escutados. A espontaneidade e entrosamento do conjunto logo cativam os ouvidos. Destaques também para o clima malemolente de “Lúcia”, o samba “Novas esquinas”, dedicado a Milton Nascimento e o Clube da Esquina, e o funk-soul “ContraAtaque”. Belíssima estréia.
AnĂşncio Santa Marta
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I TOUCH Depois de Steve Jobs fazer tanto suspense chega ao mercado o aparelho mais famoso do mundo. A mais atual versão do Ipod agora é 100% TouchScreen, além de ser mais fino que o Nano e com capacidade de conexão à internet sem fio e um minibrowser com o YouTube já integrado. Eleito pela revista britânica T3 como o melhor aparelho do ano de 2008, o IPOD TOUCH tem duas versões: de 8 GB e a de 16 GB. www.apple.com
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n ovidade • por Alan Bordallo • fotos Luiza Cavalcante
Adeus, clichês Revista “Pororoca” chega às bancas disposta a falar da Amazônia, longe dos estereótipos sobre a região
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Rogério e sua cria. Revista “Pororoca” oferece uma visão bem distante dos lugares-comuns sobre a Amazônia.
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ançada em 15 de outubro deste ano, em São Paulo, a revista “Pororoca” logo de cara assumiu o caráter da famosa onda que a batizou e, como o fenômeno amazônico, atraiu, em uma autêntica enxurrada, mais de 500 pessoas para prestigiar seu nascimento, na Livraria da Vila, no bairro de Vila Madalena. E o saldo da primeira noite foi animador: 250 exemplares vendidos. A publicação surpreendeu a todos. E este é mais um ponto em comum com a Amazônia, assunto tema da revista. Com um projeto gráfico inovador e um linguajar que permite ao leitor - mesmo o que, por ventura, more no Chuí, extremo Sul do País - entender e participar do imaginário amazônico, a Pororoca, que é bilíngüe, se propõe a desbravar também a cultura do povo que mora na tão falada mas pouco conhecida região amazônica, em todas as suas nuances. A revista pretende deixar de lado os estereótipos que ainda circundam as questões ligadas à região. Para isso, conta com uma equipe com experiência internacional e qualidade inquestionável, e tem como editor-executivo o fotógrafo paraense Rogério Assis, que mora em São Paulo há mais de vinte anos. Ele é um dos mentores da idéia de implantar a análise de um “olhar estrangeiro” por sobre as nossas mazelas e riquezas, com o objetivo de realmente entender a complexidade da região e perceber o que para nós, de tão corriqueiro, passa despercebido. Sem deixar de valorizar o caboclo nativo. Trazer outra perspectiva e uma nova noção de prioridades de preocupação ambiental, além de manter o público-alvo informado sobre o lado “B” da cultura local são algumas das preocupações da nova publicação, que passará a ser comercializada em Belém em parceria com a Double|M e a revista Living. Rogério Assis falou à Living sobre a criação da Pororoca, os planos para o futuro e a parceria com a Leal Moreira.
Quando começou o seu interesse pela fotografia? Eu fazia faculdade de Direito e aos poucos fui me interessando por fotografia. Comecei a fotografar em São Paulo. Saí daqui (de Belém) com 19 anos, no amadorismo total. Tenho um tio, que era o meu padrinho, que viajava muito e gostava de fotografar. Ele tinha uma grana e sempre comprava equipamentos de ponta e me ensinava. Comecei a trabalhar em um estúdio em São Paulo, do Amir Campos. As coisas não estavam como eu queria e resolvi voltar para Belém. Aqui eu comecei a trabalhar como fotógrafo da DCampos, uma produtora. Nesse período que fiquei em Belém, eu fiz a oficina do Miguel (Chikaoka), a FotoAtiva, uma oficina que usa a foto como meio de expressão. É um lugar onde você aprende, através da fotografia, a se libertar para sua expressão pessoal, aprende a enxergar o mundo de maneira mais crítica. É um lugar que eventualmente acabou formando fotógrafos, apesar de não ser uma escola. Como surgiu a idéia de criar a “Pororoca”? Eu tenho dois parceiros nesta empreitada, o Everton Ballardin e a Teté Martinho, que são o editor de fotografia e a editora-chefe da revista, respectivamente. Nós queríamos fazer uma revista que preenchesse a lacuna do mercado brasileiro. Já temos muitos anos de experiência trabalhando no mercado, e não estávamos satisfeitos com o que produzíamos para os nossos clientes, então falamos: “Se não estamos satisfeitos com isto, vamos fazer alguma coisa para que nós tenhamos prazer e possamos sobreviver disso”. E o buraco no mercado era a Amazônia. Existem muitas revistas sobre a Amazônia, mas elas são muito regionalizadas. Falam da Amazônia para a Amazônia. Nós queríamos inverter esta lógica, falar da região para fora dela. Então o importante era que este olhar que lançamos pudesse perceber coisas que passem batido no cotidiano das pessoas daqui, dar um olhar estrangeiro. Por isto eu acho que a “Pororoca” conseguiu um certo sucesso. Trouxemos uma visão para as pessoas sem nos viciar nos clichês amazônicos, digamos assim. Eu tenho 44 anos, já passei mais tempo de vida fora daqui e acho que descobri muito mais sobre a Amazônia depois que saí do que quando morei em Belém.
uma floresta, e ponto. E não se pode reduzir a isto, é uma burrice. É uma paisagem muito distinta, tem cerrado, tem floresta, muitos tipos de rios, rios de corredeira, rios não navegáveis, outras coisas que não imaginam. Ninguém conhece o que se passa aqui. Estamos terminando a primeira década do século 21, e ainda tem gente que acredita que virá a Belém do Pará, ou a Manaus, ou a Rio Branco, e vai atravessar a rua e dar de encontro com um jacaré. É impressionante! Isto, para mim, é a má influência da TV, especialmente das novelas. Acho que as novelas reduziram a cultura do Brasil aos grandes centros. Idealizou-se uma vida nacional que não existe. Quais são os planos para o futuro da revista? Como diria um amigo meu, o Hélio Campos Melo, editor da “Brasileiro”, fazer uma revista não é difícil, o difícil é fazer a segunda. E a terceira mais difícil que a segunda. E assim sucessivamente. Então o projeto é que, quando chegarmos na quinta edição, consigamos fazer um produto de qualidade como conseguimos com a primeira. Queremos chegar no décimo número com o mesmo padrão de qualidade, com o mesmo carinho e a mesma precisão com que fizemos o primeiro número. Não queremos um sucesso editorial comercial. Não queremos fazer matérias de desmatamento, apenas. Claro que faremos, se forem pertinentes, mas sem aquela história de manter referências do tipo “campo de futebol”. “Desmataram uma área equivalente a seis Maracanãs”. Mas ninguém fala das propostas que existem para reflorestar dois Maracanãs, por exemplo. Se você chegar em uma redação de um veículo, isso eu te falo com a experiência de pauteiro, e falar sobre um projeto de preservação de tartarugas na Amazônia e sugerir uma reportagem, o teu editor vai rir na tua cara e dizer: “Eu vou gastar 3.000 reais com passagens, tu vais ficar quatro dias fora da redação, pra falar de preservação de tartaruga?”. Mas se você falar que mataram oito araras azuis, ele vai te mandar lá. Queremos mostrar uma outra face da região.
Queríamos inverter a lógica e falar da região para fora dela
Incomodava a abordagem feita sobre a região nos grandes veículos? Teve uma coisa que sempre me incomodou muito. Eu trabalhei 15 anos em vários veículos, como contratado, como freelancer etc. E o veículo que trabalhei mais tempo e com o qual eu mais me identifiquei foi a Folha de São Paulo. Lá, notava que quando a Amazônia tinha um espaço, em um contexto geral, ou era notícia de desmatamento, a morte do Chico Mendes, ou o velejador que foi assassinado, a tragédia de Eldorado dos Carajás, ou turismo! Parece que a região se resumia a isto: ou é um lugar exótico, para se conhecer, ou é um lugar caótico, desgovernado. Poxa, nós estamos agora em um ambiente que poderia estar em qualquer lugar do mundo. Belém tem restaurantes maravilhosos, tão bons quanto em São Paulo. Tem passeios turísticos diferentes daqueles usuais que os cadernos de turismo costumam vender, e as pessoas não sabem disso. A Amazônia ocupa um terço do país. Se você pensar, as pessoas enxergam a Amazônia como
E como surgiu a parceria com a Living? Nós temos uma grande identidade com a Living. Conheço o André (Moreira, diretor de marketing da Leal Moreira) há muitos anos, o Carlos (Eduardo, diretor executivo da Double M) também, são amigos pessoais, e acho que a Living tem uma preocupação semelhante à da “Pororoca”. É um veículo de qualidade excepcional, uma revista diferenciada. E tem potencial para ir além de Belém. Em comum a gente nota a mesma preocupação plástica, de fazer uma revista bem feita, institucional, como a Pororoca. Foi um casamento tranqüilo e fácil de conduzir, porque enxergamos o negócio da mesma maneira, com o mesmo foco. A preocupação da Living também não é ajudar ninguém a vender mais carro, mais celular, ou mais coisas. É ajudar as pessoas a terem preocupação institucional com a sua marca. Associar a sua marca a um produto de qualidade. A Living vem ao encontro dos ideais da Pororoca e não houve nenhuma dificuldade em fazer um acerto. Além do fato de que precisamos de um representante comercial aqui e um colaborador editorial também, porque a Living tem muito a nos oferecer também em termos de pautas, afinal de contas, eles estão aqui e enxergam a região de uma forma peculiar.
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As personagens de Cรกssio Tavernard conquistaram as crianรงas do Estado e se preparam para ganhar o Brasil
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• por Lucas Berredo • fotos Luiza Cavalcante
Um cara da onda Cineasta paraense Cássio Tavernard colhe bons frutos do curta “A Onda: Festa na Pororoca” e prepara série baseada na obra
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julgar pelas minuciosidades técnicas observadas em seu último curta-metragem – e, por enquanto, sua obra mais contundente -, A Onda: Festa na Pororoca (2005), seria estranho considerar que o cineasta, arquiteto e desenhista gráfico Cássio Tavernard não pensava, há alguns anos, em produzir algo do gênero. A animação, como uma atividade profissional, surgiu por um acaso na vida do autor. “Sou um consumidor voraz”, comenta. “Sempre gostei muito de desenhar e fui uma criança de sofá e tevê, por isso sou míope e péssimo jogador de futebol. No início da minha carreira, quis entrar no curso de educação artística, mas sabia que era algo mais voltado para a pedagogia. Me formei então como arquiteto. Antes de eu terminar o curso, trabalhei no Curro Velho, onde fazia esculturas e miniaturas com giz. Lá tive contato com diversas linguagens artísticas e também comecei a trabalhar com programação visual. Quando vi, já estava trabalhando com programas de planejamento gráfico como Photoshop e Corel Draw. Daí foi um passo para a animação.” Ironicamente, o arquiteto Tavernard ainda colhe os frutos da repercussão de A Onda, curta-metragem de 12 minutos em que combina técnicas de animação 3D com um roteiro baseado em elementos da cultura paraense. Atualmente, ele desenvolve, a convite da TV Cultura de São Paulo, uma série com as personagens do curta premiado para veiculação nacional. O programa, produzido em parceria com a Central de Produção Cinema e Vídeo da Amazônia, terá 13 episódios e se chamará A Turma da Pororoca. “Os personagens são os mesmos, mas foram remodelados”, explica.
assegurar seu controle criativo sobre o programa. “As conversas iniciaram com a gestão anterior da tevê”, explica. “A Onda foi exibido em um canal de tevê fechada, o Rá-Tim-Bum, e a diretoria fez o convite para trabalharmos em uma série. Nas primeiras conversas, eles iriam patrocinar o trabalho mas, em detrimento disso, como o produto acabaria sendo deles, poderíamos perder a autonomia sobre a obra. Então eu fiz uma contra-oferta: ‘Se eu produzir, vocês me cederiam espaço na TV?’. Eles aceitaram logo, pois não precisariam captar recursos para o programa e nem colocar o dinheiro deles ‘em risco’.” De acordo com Tavernard, ao contrário da veiculação, produzir uma animação é um dos desafios mais difíceis para se consolidar na área. Enquanto a repercussão de uma obra parece, aos olhares do cineasta, um fator mais ligado à empatia natural – ou não – da crítica do que uma estratégia “racional” de divulgação, a produção ainda depende de verbas abundantes para ter um padrão admissível de qualidade. “Empatia é um negócio que não dá para dizer”, comenta Tavernard, que ainda está captando os recursos para a conclusão de A Turma da Pororoca. “No caso da Pororoca, o humor é algo que chama a atenção. Aliás, tentei rumar para esse lado. Mas o custo é alto. Estou preocupado de não produzir os 13 episódios, embora a repercussão inicial da série seja muito boa, porque, para as empresas locais [de Belém], o custo ainda é alto. O legal é que, quando tudo estiver pronto, poderemos enviar para o mundo inteiro. Animação é produto que vende mais fácil em outros países: é a linguagem mais universal do mundo.” Apaixonado por música – no decorrer da entrevista, chegou a
“Basicamente, a estética da série é uma estética de cartoon, só que a técnica é de 3D, computação, modelagem. A brincadeira é fazer com que os desenhos parecessem reais. Nossa base de produção são duas horas e meia, quase que um longa-metragem. Quando terminarmos a série, vamos fazer um longa.” Embora a TV Cultura inicialmente tivesse a pretensão de patrocinar a série, Tavernard preferiu propor uma contra-oferta para
arriscar um trecho de “Sons de Carrilhões”, de João Pernambuco, no violão -, Tavernard analisa o som como um ingrediente essencial para consolidar uma idéia na animação. O convite do amigo Ricardo Aquino, maestro da Amazônia Jazz Band, para
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Do rascunho ao produto final: cuidado nos detalhes para apresentar um material de qualidade ao público
produzir um clipe comemorativo aos 20 anos da orquestra foi o pontapé inicial para o cineasta unir as duas paixões. “O Tynnôko [Costa, compositor paraense] nos deu uma música chamada Pororoca, um solo interessante de xilofone composto para a orquestra”, explica. “Resolvemos aproveitar o convite deles e começamos a trabalhar em um clipe no qual as personagens da série interagem com os músicos da Amazônia Jazz Band, em carne e osso, no Theatro da Paz. Claro, usamos a técnica do chroma key [N. do E.: técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem real sobre uma outra, geralmente animada, por meio de anulamento de uma cor padrão, como por exemplo o verde ou o azul] para reproduzir os músicos debaixo d’água, além do próprio Theatro da Paz, e também pudemos encenar uma ‘batalha’ de solos entre o Caranga [uma das personagens da história] e o Ricardo Aquino. Então o que seria inicialmente apenas um clipe comemorativo também poderá servir como um episódio para a série. Temos o Theatro da
Barroso, que escreve o roteiro – emprestam as vozes às personagens. Tavernard ainda convidou quatro profissionais de São Paulo para garantir uma maior qualidade técnica à série. “A Onda tem alguns defeitos técnicos”, explica. “Colocar 20 personagens em um cenário era dificílimo para nós. Com esses profissionais a mais, poderemos melhorar isso, principalmente a qualidade gráfica do trabalho.”
Paz, um patrimônio artístico cultural daqui, e uma ótima trilha da Jazz Band. Música é um prato cheio para a animação.” As temáticas abordadas na série são variadas: alguns episódios alertam para problemas ambientais como reciclagem e desmatamento, enquanto outros abordam situações corriqueiras em contextos típicos do Estado, como o Festival de Caranguejo, em São Caetano de Odivelas, e as festas de aparelhagem em Belém. Tavernard também analisa a questão de direitos autorais para levar a Turma da Pororoca ao Reino das Águas Claras, de Monteiro Lobato. “Elaboramos 13 sinopses, mas ainda não fechamos nada”, explica. “Por enquanto, estamos trabalhando apenas nos dois primeiros episódios.” Cerca de vinte artistas colaboram com Tavernard na produção da série. Adriano Barroso e Rodrigo Aben-Athar, responsáveis, respectivamente, pelos roteiros de A Onda: A Turma da Pororoca e O Rapto do Peixe Boi, escrevem os episódios. Nomes experientes no teatro local como Aílson Braga, André Mardock, Paulo Ricardo, Ester Sá e Adriana Cruz – além do próprio
o que é o contexto ecológico da Amazônia e de como as pessoas se comportam por aqui. Inclusive a gente pretende que os DVDs da Turma possuam links explicativos para as expressões da Amazônia, até porque serão veiculados em outros locais do Brasil. Eu acho legal isso, mas penso que faço algo para todas as idades, mesmo porque as piadas não são para crianças.” O uso de expressões nortistas e de cenários com vegetações desconhecidas para o público nacional não incomoda Cássio. Para o cineasta, o processo de assimilação é semelhante ao de um brasileiro que assiste séries estrangeiras como Os Simpsons e Monty Python and the Flying Circus – cheias de citações a fatores norteamericanos e ingleses. “Não é a questão de ser regionalista”, explica. “Mas a Pororoca é um cenário rico. É boa para o processo criativo. Temos uma fauna riquíssima em que podemos aproveitar muita coisa, vários personagens para usar e, além disso, consumimos muitas séries de lá, por que eles não podem consumir o que vem daqui? A Amazônia é uma das palavras mais faladas do mundo. Podemos explorar um infinito de detalhes.”
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Público Embora Tavernard sustente que, durante o processo criativo, não possua um público-alvo em mente, ele admite que, tanto A Onda como seus trabalhos subseqüentes, o curta O Rapto do Peixe Boi – premiado recentemente pelo Ministério da Cultura (MinC) – e a série A Turma da Pororoca, caiam, talvez pela riqueza visual, mais facilmente no gosto das crianças. “É de onde vem um ótimo retorno”, explica. “Muitos professores usam a Turma da Pororoca como uma forma de explicar às crianças, de uma forma didática,
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g ourmet • da redação • fotos Luiza Cavalcante •
Divino Sabor “Cordeiro à Provence” é uma ótima pedida para deliciar convidados de todos os tipos
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resente em passagens bíblicas, a carne do cordeiro se tornou símbolo de sacrifício e representação do corpo de Jesus Cristo, assim como também é prato tradicional na
mesa judaico-cristã e árabe. Mas, independente da religião, naturalidade ou tradição, a saborosa carne vem conquistando cada vez mais o cardápio do brasileiro, por ser nobre, saudável e macia. Não é à toa que o empresário Carlos Gonçalves tem, entre suas preferências culinárias, o cordeiro como especialidade. Criando receitas requintadas, desenvolvidas após anos de prática na cozinha, experimentando temperos e modos de preparo, o chef dos amigos agrada até mesmo ao paladar mais cético. A convite da Revista Living, Carlos reproduziu no Espaço Living, da Leal Moreira, mais um jantar entre os amigos próximos, como costuma fazer na sua propriedade em Benevides. O “Cordeiro à Provence” foi a escolha para despertar nos convidados elogios, arrancados com o ponto exato de maciez que o chef consegue com uma receita simples, prática e sofisticada. Cozinheiro por hobby e, principalmente, “por curiosidade”, Carlinhos, como é chamado pelos mais íntimos, nega qualquer aspiração profissional na cozinha. “Eu morava sozinho no Rio de Janeiro e tinha preguiça de sair pra comer fora. Por isso, comecei a aprender a cozinhar, seguindo livros de receitas”, diz. Hoje, com uma coleção específica de culinária superior a 40 livros - desde receitas da escola francesa Le Cordon Bleu até dicas do chef brasileiro Alex Atala - o empresário afirma, sem modéstia: “Não há nada que eu não consiga fazer.” Se cozinhar é uma arte, cujo resultado depende de combinações, medidas e paladar apurado, o cordeiro é a obra-prima do cozinheiro convidado. Ao vinho branco, com miniervas, mel, ou “à provence” são algumas das maneiras que Carlos encontrou para deliciar a carne. Alagoano, ele credita às raízes nordestinas o bom hábito de apreciar a carne de bovinos em geral. Fonte de proteína de qualidade elevada e com baixa taxa de gordura, o cordeiro é uma ótima opção para quem preza por pratos mais saudáveis. Mas o cozinheiro não se importa com esses índices. Para ele o sabor especial está justamente na gordura. “A gente sempre dá um jeito de acrescentar gordura à carne com
Carlos Gonçalves preparou um “Cordeiro à Provence” que deliciou amigos e convidados
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A espera pelo prato valeu a pena, e foi regada a muito bate-papo entre amigos
outros ingredientes, incluindo a manteiga.” A preferência por receitas simples e práticas faz deste prato uma possibilidade para quem quer ficar o mínimo na cozinha e a maior parte do tempo entre os amigos, fumando um charuto, quem sabe? Esta é a sugestão de Carlos, que vê na cozinha uma maneira de confraternizar. “Na minha casa preparo um happy hour da comida. É um prazer para mim reunir as pessoas em torno de uma mesa, bater um papo, tomar um bom vinho e apreciar a minha comida.” A facilidade do “Cordeiro à Provence” está na pouca mão-deobra. Para começar, não precisa marinar a carne. “Acho um assassinato isso de marinar. Você tira todo o sabor do cordeiro, que é extremamente perceptível”, revela. Após temperar, o trabalho fica todo com o forno. Para esta receita, o tempo de preparo é entre 4 ou 5 horas, dependendo da potência do fogão. “Existe uma receita em que o tempo de cozimento chega até 8 horas”, afirma o empresário. Enquanto o cheiro vai envolvendo a sala de jantar, os convidados conversam e visitam a cozinha de vez em quando para fazer elogios ou apressar o chef. Mas não adianta: a maciez depende do tempo no forno. Por isso, Carlos escolheu dois acompanhamentos tão práticos e saborosos quanto o cordeiro: risoto de parmesão e batatas ao murro. “Você tem que procurar simplificar. Sempre opto pelo risoto. Existem várias versões. Risoto é uma praia, pode ser de lingüiça, de chitaque, já fiz de foie gras, mas esse é mais difícil de encontrar”, diz. E como na Bíblia, nas tradições ou festas, o cordeiro deve ser sempre acompanhado por um bom vinho. “Italiano e tinto de preferência”, revela. Muitos risos, dois charutos e quatro horas depois o prato está na mesa. Escutar “humm!” pra lá e “humm!” pra cá não é novidade, mas é sempre um prazer para Carlos, que brinda mais uma deliciosa reunião à la Cordeiro. Para Arthur Lobo, seguidor das receitas do amigo, o segredo está na amizade de Carlos. “O cordeiro vem de muito tempo. Vem das ceias cristãs. Pessoas reunidas em volta de uma mesa para celebrar a amizade, saúde e companheirismo. O gostoso da mesa é brindar o encontro entre os amigos”, afirma.
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CORDEIRO Ingredientes (14 pessoas) Pernil de Cordeiro 2 frascos de ervas à provence Sal Pimenta do reino em grãos Azeite Saco de polyester Preparo Tempere o pernil esfregando sal e pimenta do reino - moída na hora - em toda a carne. Depois, cubra o carneiro com a erva à provence. Embale o pernil no saco de polyester próprio para ir ao forno. Atenção! Abra um pequeno furo de mais ou menos 2 cm próximo do local onde foi fechado o saco. Importante para a bolsa não abrir com o vapor durante o tempo de preparo. Coloque o pernil em uma assadeira já untada com azeite de oliva. Leve
O pernil deve permanecer no fogo por um período de 4 a 6 horas, tempo para um bom bate-papo entre amigos
ao forno com no máximo 200º durante 4h ou 6h, dependendo da potência do fogão. Retire e desembale o pernil. Está pronto para servir. MOLHO Ingredientes 200g de manteiga sem sal Erva de provence Sal Preparo Derreta a manteiga em uma panela. Quando começar a ficar levemente queimada, jogue a erva de provence e sal a gosto. Desligue o fogo e comece a mexer até ficar homogêneo. É importante que o molho comece a ser feito quando o pernil estiver saindo do forno. ACOMPANHAMENTOS Risoto de queijo parmesão Ingredientes 1 cebola 1 cabeça de alho Arroz Arbóreo
O risoto de queijo parmesão é o acompanhamento ideal para a carne do cordeiro
Vinho branco 2 tabletes de caldo de legume 4 pacotes de queijo parmesão ralado Preparo Derrame em uma panela azeite de oliva a gosto. Refogue cebola e alho até dourar. Enquanto isso, ferva em uma chaleira água com os dois tabletes de caldo de legume. Na panela jogue o arroz de acordo com a quantidade de pessoas até refogar com o alho e a cebola. Coloque duas xícaras de vinho branco e mexa. Quando o arroz estiver al dente comece a jogar o queijo parmesão. A medida que o arroz for secando acrescente a água fervida e vá mexendo até ficar no ponto. Batatas ao murro Ingredientes
14 batatas Alecrim fresco Azeite Preparo
Embrulhe cada batata em papel alumínio, coloque em uma assadeira e leve ao forno durante três horas. Após o tempo de ficar macia, tire do forno e retire o papel alumínio. Coloque as batatas em uma travessa e esmague uma a uma com uma colher grande. Salpique folhas de alecrim e jogue bastante azeite.
De preparo fácil, a batata ao murro complementou a noite de degustação no Espaço Living, da Leal Moreira
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C omportamento
O Visual Kei, movimento que congrega música e visual extravagante, é um dos exemplos da influência exercida pela cultura jovem japonesa na garotada paraense
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• por Lucas Berredo • fotos Luiza Cavalcante
Eles preferem o (diferente) Japão Nada de Estados Unidos ou Inglaterra. É a Terra do Sol Nascente que conquista, cada vez mais, corações e mentes da juventude de Belém
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ouve um tempo em que o comportamento do jovem brasileiro, até pela natural proximidade cultural e político-econômica, refletia os hábitos, gostos e valores das sociedades norte-americana e européia. O punk, os Beatles, Woodstock, a produção cinematográfica de Hollywood, a moda vigente em Carnaby Street e os heróis atemporais e imbatíveis dos “comics”, entre outros clichês lançados ao longo do século 20, foram alguns dos ícones assimilados em terras tupiniquins. Contudo, nos últimos anos, hábitos como comer bolinhos de arroz com palitinhos, usar uniformes escolares semelhantes a roupas de marinheiro, ler histórias de quadrinhos com personagens magros, com grandes olhos e cabelos coloridos e espetados, e aprender alfabetos sem quaisquer referências latinas, como o hiragana e o katakana, tornaram-se familiares aos adolescentes. É o fenômeno conhecido como Japop (contração de japanese pop culture), um assunto recente no Brasil, mas reconhecido no exterior há pelo menos uma década. Derrotado na Segunda Guerra Mundial (1939-45) e hostilizado pelos países ocidentais durante as décadas de 40 e 50, o Japão foi talvez o único país que conseguiu quebrar a hegemonia norte-americana na exportação de influência cultural. Historicamente visto como uma nação sisuda e aristocrática, o país mudou aos poucos sua imagem tradicional ligada à ética dos samurais, bonzais e geishas para uma visão mais ocidentalizada em forma – fato em parte creditado à redemocratização e à influência norte-americana. O pontapé inicial foi nos anos 60, quando produções japonesas de animação e live-action foram exportadas e televisionadas, sem uma estratégia comercial solidificada, para os países do Ocidente. O sucesso de séries como National Kid e Ultraman lançaram as bases para um marco decisivo na expansão do Japop: os animes, desenhos animados geralmente baseados em histórias de quadrinhos (os “mangás”) que se tornaram um rápido veículo divulgador da cultura japonesa. Embora desenhos como A Princesa e o Cavaleiro e Kimba, o Leão Branco tenham sido grandes sucessos de bilheteria nos anos 70, foi a partir da dé-
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cada seguinte que a produção desses filmes se multiplicou. Nessa época, as editoras resolveram sincronizar a produção de mangás com séries adaptadas para TV, permitindo que o público pudesse acompanhar as histórias em dois tipos de mídia. Assim, esquemas de produção para as massas possibilitaram com que, só em Tóquio, se concentrassem mais de dez mil animadores profissionais. No Brasil, as tokusatsu, séries de live-action que misturavam ação, drama e efeitos especiais – Changeman, Flashman e Goggle Five são alguns exemplos -, iniciaram a febre, mas foram animes como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e Pokemón que se tornaram fenômenos de massa e influenciaram de forma mais contundente o comportamento jovem. “É uma questão de identificação”, explica o estudante Helton Nery, que integra o grupo Animangá, responsável por divulgar e promover eventos ligados à cultura pop japonesa em Belém. “Os personagens dos animes são humanos, no sentido amplo da palavra. Os desenhos japoneses não abordam apenas diversão e luta, como nas animações norte-americanas, mas questionam relações sentimentais e familiares, presentes na vida do jovem de qualquer parte do mundo.” A popularização dos animes e, conseqüentemente, da cultura pop japonesa no Brasil se deu em razão de diversos fatores. Primeiro, ao desenvolvimento do mercado editorial sobre o assunto no país, a partir de meados da década de 90. Inicialmente dividindo seu espaço entre reportagens de HQs e filmes norteamericanos, revistas como Herói, Heróis do Futuro e, posteriormente, a especializada Anime-Do ajudaram a aumentar o público interessado em anime no Brasil, que pôde se informar sobre desenhos ainda não divulgados no país. Em seguida, a criação de convenções especializadas na cultura pop nipônica, como o AnimeCon e o Anime Friends - que reúne anualmente cerca de 70 mil pessoas -, que possibilitou aos fãs brasileiros conhecerem de forma mais profunda o universo dos animes: pela primeira vez, aficionados do país tiveram acesso a workshops de ilustração, história e culinária japonesa, shows de bandas e
Os grupos Animangá e Shogun são as referências paraenses quando o assunto é a cultura envolvida em torno de animes e mangás vindos da Terra do Sol Nascente
A internet permitiu aos fãs mais exigentes se organizarem em busca de mais informação
Desde os que consomem vorazmente as obras dos luminares do mangá até os adeptos dos visuais mais espalhafatosos, existe espaço para tudo entre os “amantes do Japão”
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concursos de cosplay. Na capital paraense, já existem quatro convenções: Animazon Connection, Animazon no Nichi, Animazon no Taikai e Otaku no Matsuri. A mais antiga, o Otaku no Matsuri, é organizada anualmente pelo grupo local Shogun. Como os demais eventos do gênero, o Otaku reúne exposições de mangá, concursos de cosplay e videoclipes, mostra de animes, gincanas, salas de exibição alternativas e shows de J-music (música pop japonesa). Em seis anos de existência, o Otaku já se tornou um ponto de encontro entre os fãs de anime e cultura pop japonesa em Belém. “No início, fizemos o evento em conjunto com o Animangá”, explica a comerciante Nilda Costa, fundadora do grupo. “Depois, por diferença de objetivos, eles saíram e promovemos o evento por nós mesmos. Criamos o Otaku porque não havia cosplay, por exemplo, em Belém. Muita gente queria fazer isso e não tinha espaço. A primeira resposta do público foi muito boa, com cerca de 700 pessoas no evento. Assim, o legal do Otaku é que reúne um público de diversas faixas etárias. É freqüente encontrarmos pais que gostavam de animes na adolescência acompanhando os filhos.” Além de promoverem o Otaku, os membros do Shogun se reúnem de quinze em quinze dias para discutir e trocar informações sobre novidades da cultura japonesa. A paixão pela cultura nipônica, dividida entre as irmãs Nilce e Nilda Costa, surgiu no final dos anos 80, quando ambas tiveram contato com animes como Macross e Honey Honey. “Gostávamos daquilo, mas não
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sabíamos, até pela tenra idade, dizer se era japonês ou não”, explica Nilce. “Veio então o sucesso de Cavaleiros do Zodíaco e a popularização dos animes no Brasil e logo descobrimos que nossa paixão era, na verdade, pelo que vinha do Japão. Logo passamos a trocar idéias pela internet com fãs de outros países. Na época, era muito difícil obter qualquer material, pois boa parte dos desenhos não vinham para o Brasil. Então tivemos a idéia de criar um grupo em Belém que pudesse colocar em contato os fãs, para trocar material.” O já citado Animangá surgiu de maneira informal em junho de 1999. A idéia era reunir interessados por animes em Belém que pudessem trocar material audiovisual, livros, revistas e raridades do universo pop japonês. Ao conseguir uma liberação para usar a sala de exibição na gibiteca do Centur, às sextas-feiras, o grupo se popularizou no meio, chegando a reunir cerca de 100 pessoas em suas sessões. No acervo, eram incluídos desenhos e filmes que não eram distribuídos à época no Brasil. “Conseguíamos a maioria dos filmes com fãs da Espanha e Portugal, que nos repassavam o material por correspondência”, explica Rogério Santos, um dos membros do grupo. Com o advento da internet e, conseqüentemente, uma maior disponibilidade de acervo de animes para o grande público, as sessões audiovisuais no Centur perderam espectadores. O grupo resolveu então mudar de foco: exibe apenas animes que ainda não foram lançados no Brasil, na íntegra. Além disso, o grupo sempre é convidado pelo Consulado Ja-
Allan chegou até a cogitar a possibilidade de morar no país asiático e estudou por conta própria a língua japonesa
ponês para organizar workshops de mangá, anime e cultura japonesa em eventos. Recentemente, eles participaram da Feira do Livro, onde montaram um estande com novidades do mercado audiovisual no Japão. O desenvolvimento da internet permitiu aos fãs mais exigentes que se organizassem em grupos de discussão para trocar idéias e informações sobre o universo dos mangás e animes, assim como acompanhar fielmente os episódios de animes no Japão pela rede. É o caso do estudante Allan Felipe Alencar, de 18 anos, que embora não participe de nenhum grupo de discussão específico, realiza diariamente downloads de animes. “O que eu acho legal são os temas abordados nos animes”, explica. “São roteiros bem elaborados que geralmente englobam histórias do cotidiano, que qualquer pessoa normal poderia viver, além dos traços, que são muito peculiares. Às vezes, os desenhos norte-americanos são patrióticos demais. Embora os animes mostrem um pouco da culinária e dos costumes japoneses, não há nada ali que engrandeça o Japão de forma política, como ocorre nas animações dos Estados Unidos.” Apaixonado não apenas por animes, mas pela cultura japonesa em geral, Alencar vislumbrou morar no Japão, antes de saber das dificuldades enfrentadas pelos estrangeiros no país. “Para conseguir um emprego, você precisa ter diversos contatos, o que complica qualquer planejamento a longo prazo por lá.” Enquanto conjeturava uma transferência para a Ásia, Allan também chegou a estudar as três escritas ensinadas no Japão: o hiragana, o katakana e o kanji. “Como estou sem prática, não me considero fluente”, explica. “Mas não são alfabetos difíceis, depois que você decora todos os símbolos usados.”
Assim como o anime, a moda pop japonesa, divulgada pelo fator anterior, também é assimilada pelos fãs brasileiros. Atualmente, há diversos elementos de moda japonesa sendo usados pelas brasileiras. O caso mais popular está na área de calçados: os zõris modernizados - sandálias tipo havaianas de plataformas altas e largas – caíram no gosto nacional. Em algumas “tribos”, já existem garotas e garotos que abusam da cor, estampa e textura nas roupas, como os adolescentes japoneses que passeiam nos fins de semana na estação de Harajuku – área que se tornou famosa a partir do final dos anos 80 por ter sido ponto de encontro de jovens artistas da street fashion japonesa. A sobreposição de regatas sobre camisetas e vestidos, tão comum entre os adeptos da cultura “indie” e “clubber” no Ocidente, por exemplo, é originária da cultura street fashion no país asiático. O Visual Kei, um movimento que agrega música e imagem, foi um dos produtos dos encontros em Harajuku. Uma das peculiaridades do movimento é a ênfase na aparência de seus artistas, muitas vezes extravagante, outras vezes mais leve, mas quase sempre misturada com a androginia e shows chamativos. Seu visual exige ousadia e uma quebra de conceitos comuns na cultura ocidental, como roupas justas e grandes decotes. Diferente disso, o Visual Kei – um irmão mais ousado do glam rock – fez a escolha por figurinos exagerados, com roupas pouco ajustadas e largas, que mistura, algumas vezes, conceitos do Japão tradicional com o Japão metamorfoseado pela cultura ocidental. Em Belém, um grupo de adolescentes quebrou o gelo e resolveu adotar o estilo. Formado por pouco mais de dez garo-
A partir dos anos 90 o consumo dos produtos Made in Japan cresceu consideravelmente
tos e garotas, todos entre 13 e 18 anos, eles tomaram contato com a cultura Visual Kei por meio dos animes e das bandas de J-Rock – em especial o X-Japan, principal expoente do gênero - e, de acordo com seus personagens/músicos preferidos, montaram suas roupas. “O Visual Kei é feito para chocar”, explica o estudante Jaime Mello, de 17 anos. “Isso porque grande parte dos estudantes no Japão possui uma vida metódica: estudam de segunda a sábado, em tempo integral. Quando eles saem, eles querem se libertar. O Visual Kei parte muito desse sentimento. O estilo se propagou muito porque, em Harajuku, uma estação de metrô e, por excelência, um ponto de encontro, havia fotógrafos do mundo inteiro para registrar os modelos. Então logo várias grifes de moda urbana adotaram e assimilaram o estilo.” Como o estilo não determina propriamente um tipo de expressão, há vários tipos de Visual Kei: algumas tendências, como o angura e o oshare, privilegiam figurinos complexos, inspirados em obras de pintura e identificados com a contra-cultura norteamericana, enquanto outras preferem roupas pouco chamativas e maquiagens leves, como o soft visual kei. Há alguns estilos eróticos, como o eroguro, que procuram representações decadentes de sexualidade, horror e humor sádico. Embora ainda sofram preconceito do público paraense – muitos os identificam como emos ou góticos -, os adeptos do Visual Kei acham que o movimento tende a crescer. “No Brasil, ainda é um pouco complicado”, explica a estudante Lara Dahas, 19. “Há um excesso de agressividade no figurino. E quando você faz moda, você precisa ter uma grife para as pessoas comprarem as roupas. Como o Visual Kei não tem um estilo definido, pois abrange várias tendências, é muito difícil que as pessoas cheguem e digam: ‘vou comprar algo Visual Kei.’”
p ortfolio • da redação • foto Luiza Cavalcante •
As referências à cosmopolita Nova Iorque estão presentes desde a entrada do Metropolitan Tower, que oferece um conceito diferente em serviços de cerimonial na capital paraense
Um novo conceito Estrutura inovadora e de primeiro mundo é a marca registrada do Centro de Convenções no Metropolitan Tower
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aisagem com quase 360º de vista panorâmica para Belém e tecnologia de ponta em áudio e som. Estas são algumas das vantagens encontradas no Centro de Convenções suspenso no 9º andar do Edifício Metropolitan Tower. Com uma vista voltada para a baía do Guajará, o novo espaço para eventos na cidade deu início, no mês de novembro, a um conceito diferente de serviço em cerimonial na capital paraense. Após sete meses, desde a festa de lançamento do edifício, realizada no salão de festa do 9º andar, o prédio abre as portas para o público em geral. São dois auditórios e duas salas de reunião para executivos, dividindo espaço com um amplo salão de festas, além de uma ventilada área externa em volta do edifício, que oferece uma vista completa da cidade. São 872 m² com cinco ambientes e estrutura para os diversos gêneros de eventos, desde conferências a comemorações de formaturas. Idealizado desde a planta, o Centro de Convenções era uma área imprescindível no projeto de um edifício comercial que tem referências tão fortes à cosmopolita Nova Iorque. “Por ser um prédio de escritório havia a necessidade de proporcionar ao proprietário todo tipo de serviço inerente a um edifício comercial, para não terem o trabalho de sair do prédio”, afirma Karen Casseb, arquiteta da Leal Moreira. Já em relação ao estilo, o espaço não destoa do ar contemporâneo do restante do Metropolitan. “O estilo e a ambientação foram pensados para acompanhar toda a concepção do edifício”, completa.
Já os móveis foram pensados para garantir estética e conforto durante seminários, congressos e conferências. No auditório são 150 poltronas, acrescidas de espaço para cadeiras, totalizando capacidade para 230 lugares. Em formato de anfiteatro, o espaço foi projetado para realizar eventos de grande porte. Tecnologia wireless e aparelhos de exibição de última tecnologia, incluindo equipamentos para teleconferência, foram algumas escolhas para atender quaisquer necessidades dos executivos, desde data show até filmagem dos eventos para registrar e reproduzir na íntegra palestras e cerimônias. A escolha da Cineplast para realizar o projeto de sonorização não foi por acaso. À frente de projetos de áudio no Palácio da Alvorada e na rede de cinemas Moviecom, a empresa paulista foi convidada para trazer a Belém tecnologia específica de acústica. Serão instalados no Metropolitan os equipamentos mais atualizados do mercado. “Nós fomos chamados para fazer o melhor e estamos trazendo algo que ainda não existe parecido em Belém”, afirma o empresário Fernando Faria. Outros serviços já apreciados pelos freqüentadores mais assíduos do edifício também estarão disponíveis aos eventos. Como o único estacionamento de Belém com 500 vagas rotativas, além dos manobristas, outra exclusividade do Metropolitan Tower. “O melhor possível foi pensado para o prédio de primeira em Belém. Tudo foi feito para trazer o diferencial no Metropolitan, incluindo o atendimento”, afirma Antônio Wilson, administrador do edifício.
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fale com a gente
u m quê a mais Reforma Beneficente A Leal Moreira reformou e entregou no mês de outubro novo muro para Associação Beneficente Milton Pereira Melo. Firmando seu compromisso de responsabilidade social, a empresa destinou recursos e mão-de-obra à instituição filantrópica de
apoio a crianças, adolescentes e adultos portadores de necessidades especiais. A ação veio após o instituto receber ameaça do muro lateral desabar. A obra colaborou para segurança e privacidade das atividades na instituição.
Atendimento:
Leal Moreira continua na João Balbi Prédio da Rua João Balbi é reformado para abrigar nova concepção de espaço e trabalho das empresas Leal Moreira e Double M. Mais leve e moderno, a construtora e agência ganham um estilo mais contemporâneo. Os primeiros andares, referentes às atividades da Leal Moreira terão um ar mais contemporâneo. Já a Double será decorada com aparência de ambiente de fábrica, bastante moderno.
As mudanças não se limitam à estrutura física do prédio e à decoração clean, o sistema de trabalho será reorganizado e serão criadas estações de trabalho, uma maneira de haver maior integração entre os setores das duas empresas. As obras iniciaram em setembro e estão previstas para terminar ainda no primeiro semestre de 2009.
A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, e no sábado, plantão das 8h às 12h. Ou então, fale diretamente com um dos nossos corretores: Benedito Pereira (9985.9379), Edilson Beckman (9942.0418), Gilberto Carneiro (9982.5381) e Marcelo Seixas (9114.0077).
Telefones: ++55 91 4005 6800 // 4005 6820 // 4005 6821
On-line: Standes em eventos A divulgação dos empreendimentos Leal Moreira
vinho, refrigerante e petiscos para um público de
com a parceira Agra tem acontecido nos principais eventos comerciais da cidade. A ação promocional aconteceu em setembro com stande da construtora no Claro Fashion Days - nos dias 13 a 15 de outubro, no Hangar. Houve distribuição de material informativo da Torre Ekoara e Umari. Compradores e visitantes foram servidos pela parceira Treviso com
100 pessoas por dia. Em outubro a empresa participou do Supernorte, principal feira de supermercados do Norte do país. O estande distribuiu material de divulgação, serviu visitantes com um buffet da La Pomme D’or e ainda 600 sacolas ecológicas, feitas de material de fibras, utilizadas para uso nas compras de supermercado.
Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com. br. Nele, você fica sabendo sobre todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.
Acesse: www.lealmoreira.com.br
Escreva para: mkt@lealmoreira.com.br Rua João Balbi, 167 • Nazaré • Belém/PA - Brasil cep: 66055-280
100% vendido Obra do empreendimento Vert da Leal Moreira teve início no mês de setembro. A previsão de iniciar os trabalhos em dezembro foi adiantada em três me-
ses por ter100% dos imóveis já vendidos. Com isso, o prazo de entrega diminuiu e está previsto para acontecer em setembro de 2010.
Marca da Leal O bom gosto e os melhores produtos escolhidos pela Leal Moreira são o diferencial no mercado em Belém. A utilização de 60% do revestimento dos empreendimentos da construtora com cerâmica de
pocelanato impulsionou uma mudança no setor da construção na cidade. A tendência trazida por arquitetos e engenheiros da empresa tem se tornado uma marca do padrão Leal Moreira.
Ação Funcionários da Leal Moreira participaram de palestras sobre primeiros socorros. A programação aconteceu no período de 17 a 20 de novembro como a primeira de uma nova política de Recursos Humanos na empresa. O curso deu noções básicas de
salvamento para empreiteiros e trabalhadores dos canteiros de obras da Leal Moreira. Para 2009 já estão sendo negociados outros ciclos com atividades envolvendo temas como segurança no trabalho e indústria saudável.
Atendimento: Para saber mais sobre as revistas da editora, dar sugestões de pauta, fazer comentários ou críticas, e conhecer nossas tabelas de anúncios, escreva para gente, ou telefone. A Publicarte funciona de 8 às 21 horas.
Telefones: ++55 91 4005 6878 // 4005 6868
Escreva para: Pela Vida A Associação Pará Vidda - de apoio às famílias dos portadores de HVI - recebeu apoio da Leal Moreira com a doação de revestimento e argamassa para recuperação da cozinha do instituto.
redacao@editorapublicarte.com.br
Em agosto, por incentivo de D. Casilda Moreira a organização ganhou cerâmica com material de porcelanato cinza e com textura, uma qualidade da construtora.
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MAIS TECNOLOGIA EM TUBOS E CONEXÕES
artigo
• Ilustração de Leandro Bender •
O Futuro pertence a você
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Nara d´Oliveira Gestor Consultoria Um novo ano se aproxima, um novo ciclo se inicia. É chegado o momento para analisarmos mais profundamente os resultados colhidos em 2008, o cenário econômico do mundo, Brasil e seu estado e planejarmos o próximo ciclo. Quem navega deixando o vento levar o barco, termina por não conseguir concretizar nada. Os recentes acontecimentos financeiros nos EUA e seus desdobramentos ao redor do globo trouxeram mais fortemente a necessidade de analisarmos com profundidade o contexto antes de tomarmos decisões importantes. Contudo, no frigir dos ovos, o que nos resta é chorar pelo leite derramado ou procurar (e encontrar) outra vaca. Sugiro que você procure outra vaca. De fato, as pessoas vão continuar transportando-se, indo ao supermercado, almoçando, procurando lazer e, portanto, comprando. Algumas dicas de como planejar-se para atravessar um momento restritivo com menos dificuldades. Antes de mais nada, quero dizer que é nestes momentos que percebemos quem realmente é bom. Em um momento de bonança é fácil administrar uma organização e ter bons resultados, o difícil é fazê-lo com restrição de crédito, dólar alto, etc. Conheça seus pontos fortes e aqueles que você precisa desenvolver. Analise processos, ferramentas, produtos, pessoas, sistemas de gestão enfim. É muito importante que a análise seja realizada em conjunto com o corpo estratégico de sua empresa. Mais ainda, qual seu diferencial no mercado, no que você é realmente bom? Seus concorrentes, quem são? Quais são aqueles que concorrem diretamente com seus produtos e segmentos e os demais que simplesmente atuam no mesmo setor? Produtos, estratégias, preço, prazo, serviços, imagem. É de fundamental importância conhecer o mais profundamente possível seus concorrentes. Reveja ou desenhe sua Missão, definindo qual a razão de ser de sua empresa. Faça o mesmo com sua Visão. Esta deve ter um texto claro, inspirador e parâmetros. A partir deste passo, podemos começar a construir objetivos que levem sua empresa a realizar a Missão e atingir a Visão. Objetivos por si só não ajudarão você a chegar lá, sua organização terá que dividi-los em metas quantificáveis com prazo e valor. São as metas, pequenas partes dos objetivos, que fazem com que você chegue lá. Um bom plano certamente constitui uma boa bússola, contudo seu barco precisa desatracar e correr o rio, para tanto você precisará desenhar um plano de ação que incorpore suas metas, bem como seus objetivos. Estamos quase lá. Para que a engrenagem ande e o Book de Planejamento Estratégico não seja apenas um adorno em sua mesa, teremos de ter um sistema de gerenciamento e de monitoramento de indicadores para que você possa mensurar ganhos, readequar rotas e continuar crescendo. Afinal o mundo é globalizado e, portanto, competitivo. Sucesso.
c r ônica
Bob Menezes - fotógrafo
foto acervo Galeria Brasil
Nesta última Feira Pan-Amazônica do Livro, que por sinal esteve excepcional, tive a oportunidade de conhecer algumas figuras de renome nacional. Affonso Romano, Marina Colasanti, Rubem Alves, Ariano Suassuna, Arnaldo Antunes, Serginho Groisman e até Gabriel, o Pensador. Todas personalidades muito interessantes. Mas o meu maior encantamento foi conhecer a imortal Nélida Piñon. Pessoa, obviamente, de rara inteligência e ao mesmo tempo um papo simples e agradável. Conversamos um pouco sobre o Brasil, seu povo, hábitos e costumes, e até mesmo sobre culinária. Em nosso capítulo gastronômico, o motivo dessa crônica, disse a ela uma frase que ouvi muitas vezes de minha avó: “O melhor tempero para comida é a fome”. Ela demonstrou alguma surpresa e perguntou se aquela seria uma frase portuguesa. Respondi que provavelmente, já que minha ascendência é de Portugal. Ela parou um pouco e proferiu uma das maiores verdades que já ouvi: “É, Bob, a fome, realmente, simplifica as pessoas”. Fiquei vários dias com tal afirmação na cabeça. Foi a primeira vez que ouvi pessoalmente uma grande frase de uma grande intelectual. Me senti privilegiado. Há alguns dias, num almoço entre uma reunião e outra, uma amiga me contava sobre sua vida e dizia que depois de mais de trinta anos de um bom casamento, sempre cercado de muito conforto e lugares finos e requintados, chegara a hora da separação. Foi quando decidiu, então, realizar alguns simples desejos, como aprender a dançar. Matriculou-se numa escola de dança de salão e, rapidamente, se viu maravilhada com a possibilidade de deslizar embalada pelos mais diferentes ritmos. Logo levou uma amiga, outra e depois mais outra, até que formou um “time” de dançarinos. E aí começou um tal de procura lugar para dançar, já
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que em Belém eles não são tão comuns. O resultado das buscas? Passaram a freqüentar qualquer lugar que oferecesse a possibilidade de trocar uns passinhos. O mais interessante é que com isso já não havia mais a preocupação com a sofisticação, com o requinte e muito menos com a classe social, ou mesmo nível cultural do parceiro de dança. A única coisa que valia mesmo era a capacidade de flutuar pelos salões até que o cansaço determinasse o fim da diversão. Na verdade, ela até me disse que às vezes, quando o parceiro de dança percebia que ela fazia parte de uma classe econômica mais privilegiada, tinha um certo cuidado exagerado com os passos e as viradas que o ritmo pedia. Certo dia foi até forçada a cobrar uma postura mais viril do acompanhante: “Rapaz, acabe com esse cuidado, quero é chacoalhar mesmo”. Lembrei de cara do papo com a Nélida Piñon e tive a convicção de que a fome simplifica as pessoas.
Double M
2009
Viva o Novo Ano
Viva um Leal Moreira