Double M
Living nº 23
A felicidade vem de dentro pra fora.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Leal Moreira
Viva um Leal Moreira.
ano 6 número 23
R$ 12,00
Erasmo Carlos Quase cinco décadas de música nas confissões do Tremendão
Arte inclusiva Arthur Dapieve Céu Gourmet Jordânia Música Paraense Restauração Silvia Mecozzi
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CARGAS VÊM E VÃO. O DESENVOLVIMENTO FICA.
COMPANHIA DOCAS DO PARÁ. HÁ 42 ANOS FORTALECENDO NOSSA ECONOMIA.
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índice
entrevista
ano 6 número 23
R$ 12,00
(UDVPR &DUORV
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Artistas, historiadores e operários. Estes são os restauradores, profissionais que se debruçam sobre o objeto de seu trabalho horas, dias e até meses para devolver o máximo possível de juventude a obras importantes para a conservação do patrimônio histórico de uma comunidade.
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Dizem que a vida começa aos 40. Clichê ou não, o certo é que muitos, ao alcançarem a maturidade, reconciliamse com alguma aptidão sepultada pelo corre-corre da vida adulta. Confira a história daqueles que resolveram, na segunda curva da existência, apostar no aprendizado de alguma atividade artística em nome dessa tal felicidade.
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galeria
capa Erasmo Carlos fotografado por Felipe Hellmeister
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Erasmo Carlos ajudou a escrever, ao lado do parceiro Roberto, a história da música jovem brasileira no século XX. Perto de completar cinco décadas de carreira, o eterno Tremendão abriu o baú para contar, em uma conversa exclusiva, sua trajetória.
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Nos últimos 15 anos, a artista plástica paulistana Silvia Mecozzi vem acumulando, desde sua primeira exposição, uma coleção de obras que materializam em metáforas sua subjetividade, seus anseios, temores e desejos. Arte em estado bruto para falar de certas delicadezas do ser.
comportamento
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especial
Quase cinco décadas de música QDV FRQ¿VV}HV GR 7UHPHQGmR
perfil Educada na melhor tradição da MPB, a cantora Céu, com apenas dois álbuns, conquistou crítica e público fora do Brasil. Agora, a paulista investe num verdadeiro trabalho de formiguinha para ganhar, com sua voz e repertório de bom gosto, os ouvidos brasileiros.
living dicas
pg 10
Celso Eluan
pg 58
confraria
pg 68
destino
vinhos
pg 80
O mais “ocidental”entre os países árabes, a Jordânia é uma espécie de oásis de estabilidade no Oriente Médio. Há tempos o país tenta se desvincular da imagem de instabilidade da região para atrair mais turistas. E boas atrações, acredite, não faltam.
horas vagas
pg 82
Arthur Dapieve
pg 86
gourmet
pg 94
decor
pg 98
tech
pg 102
novidade
pg 104
intitucional
pg 127
sex & sábado
pg 138
especial O que Fernanda Takai, Vanessa da Mata e outros nomes de destaque da nova música brasileira têm em comum? A profunda admiração pelos ritmos paraenses e pela obra de dois senhores fundamentais para a cultura de nossa região: Pinduca e Mestre Vieira. 6
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editorial
Caro leitor,
A música está em todo lugar. Nos corredores, nas repartições, em estádios de futebol e celulares, é impossível escapar da influência que canções, boas ou ruins, exercem sobre o nosso diaa-dia. E finalizando a pauta desta Living, percebemos que a música virou, por um desses mistérios que só quem vive a rotina de produção de uma revista compreende, o fio condutor de boa parte do material produzido. Isso é ruim para uma publicação que não trata exclusivamente do assunto? Acreditamos que não. E por isso temos orgulho de apresentar, nas próximas páginas, o novo, personificado na bela e talentosa Céu, e reforçar a importância de um dos personagens mais marcantes do cancioneiro popular nas últimas décadas: Erasmo Carlos, o Tremendão. Num papo descontraído, o parceiro do Rei falou sobre vida, morte, a relação com as novas gerações e a empolgação para, após quase 50 anos de carreira, seguir na loucura de ensaios, gravações e apresentações Brasil afora. Mas nem só de música e músicos se fez esta Living. Nas 140 páginas que você passa a folhear a partir de agora, há a arte inclusiva de Darcilene Costa, as obras da paulista Silvia Mecozzi, a importância dos restauradores, os encantos da Jordânia e muito, muito mais.
Boa leitura. Abraços. André Moreira
expediente
Revista Living Leal Moreira
João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Diretor Técnico: José Antonio Rei Moreira Gerente de Marketing: Ana Paula Guedes Gerente de Clientividade: Murilo Nascimento
Coordenação e realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor executivo Hilbert Nascimento (Binho) Diretor comercial Diego Correa Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editor-chefe Elvis Rocha Produção editorial Mayara Luma Design e ilustrações Leandro Bender Fotografia Luiza Cavalcante Reportagem Ana Danin, Eder Chiodetto, Gil Sóter, Leandro Lage, Leonardo Aquino, Lucas Berredo, Mayara Luma e Tylon Maués. Colunistas Arthur Dapieve, Álvaro Jinkings, Celso Eluan, Marcelo Viégas e Saulo Sisnando. Revisão José Rangel Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares
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Comercial Rede Holms São Paulo 11 3464.6464 Antonio Manuel Silva
Fale conosco: (91) 4005-6868 / 4005-6878 redacao@editorapublicarte.com.br Living Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Tiragem auditado por
Um condomĂnio que inspira qualidade de vida
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Viva em um lugar que reúne os encantos da natureza, com o privilégio de estar próximo ao centro. Escolha o Torres Floratta, um condomínio com mais de 15 opções de lazer localizado numa avenida tipicamente residencial, a 25 de setembro. Um lugar que convida para a vida saudável.
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Living Pará
Grand Cru
Belém tem agora um novo endereço para os amantes do vinho curtirem sua paixão. A rede de wine bar e wine shop Grand Cru, uma das melhores do mundo, chegou recentemente à cidade com uma loja ampla e agradável. A loja oferece cerca de 500 rótulos das mais variadas nacionalidades, desde as tradicionais, como Argentina e França, até o Japão e Marrocos. Por ser também um wine bar, o espaço dispõe de uma delicatessen e um delicioso menu de petiscos, além de algumas opções de vinhos servidos em taças. O espaço conta ainda com um wine flight, uma espécie de menu degustação no qual se pode experimentar três tipos de vinho, que é alterado constantemente. Avenida Braz de Aguiar, 50 • 91 32127002
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El Bandolero
Imagine ter a oportunidade de conhecer um típico vilarejo mexicano do século XIX. Pois para viver esta experiência basta ir ao restaurante El Bandolero. A decoração da casa é uma recriação perfeita das antigas cidades do faroeste. O cardápio explora a chamada culinária tex-mex, que é a mescla da gastronomia mexicana tradicional com a norte-americana, em especial do Texas. Um dos melhores dias para visitar o restaurante é às quintas-feiras, quando há música mexicana ao vivo. Já o buffet, servido na hora do almoço, é ideal para quem deseja conhecer a culinária do lugar, pois a variedade de pratos permite que se prove um pouquinho de cada coisa.
Avenida Senador Lemos, 377 • 91 32242964
Toca Restô Bar
Inaugurado recentemente, o Toca Restô e Bar tem tudo para se tornar a nova sensação da noite paraense. Fruto da ideia de trazer algo novo e diferente para Belém, o Toca é um misto de bar e restaurante que tem como cenário um espaço aconchegante e intimista. Quem procura o local para jantar, não pode deixar de provar o “Peixe da Toca”, um pirarucu com açaí e farinha regional, ou a costelinha suína regada ao molho agridoce. Já os que procuram pelo bar, a grande pedida é o drinque “Secreto”, que, como o próprio nome diz, só indo lá para descobrir seu sabor. Aos sábados e domingos, tem feijoada e samba de raiz ao vivo na hora do almoço. Avenida Braz de Aguiar, 53 – Galeria Bangalô • 91 41415314
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Living Brasil
Tivoli Ecoresort
Tranquilidade, relaxamento e convivência harmoniosa com a natureza são palavras de ordem no Tivoli Ecoresort. Localizado na paradisíaca Praia do Forte, litoral da Bahia, o hotel é perfeito para os que procuram dias de descanso ou atividades ecoturísticas. Sua arquitetura, composta de elementos naturais, valoriza a exuberante natureza que integra o cenário do entorno do hotel. Além de três excelentes restaurantes, nos quais as especialidades são a culinária baiana e os frutos do mar, os hóspedes contam com um spa especializado nas técnicas de thalassoterapia, ou seja, na busca da saúde por meio da água. Avenida do Farol – Praia do Forte • 71 36764000 • www.tivolihoteis.com
L’entrecôte de ma tante
Rua Dr. Mario Ferraz, 17. Jardim Europa • 11 30345324 / 11 30344808 • www.bistroentrecote.com.br
Avenida das Américas, 500 • 21 30845202 / 21 30845203 • www.rositacafe.com.br
Rosita Café
Prestes a comemorar nove anos, o Rosita Café figura entre os melhores do Rio de Janeiro. A casa, com ares de bistrô, é comandada por dois chefs, mãe e filho, que, por terem formações gastronômicas diferentes, acabam por imprimir marcas bastante peculiares ao cardápio. A mescla da culinária clássica francesa com as novas tendências
da cozinha moderna resulta em pratos únicos, como o peixe ao molho de caju e leite de coco e o croquete de cordeiro com geleia de hortelã. O bistrô dispõe ainda de uma excelente carta de vinho com cerca de 130 rótulos. Para tornar o ambiente ainda mais aconchegante, muito jazz e MPB compõem a trilha sonora do café.
Imagine um restaurante que não oferece mais que uma opção de entrada e prato principal. Assim, é o L’entrecôte de ma tante, inaugurado recentemente em São Paulo e comandado pelo famoso chef Olivier Anquier. Lá, o único prato servido é o que dá nome ao restaurante: o tradicional entrecôte francês, um corte especial de carne bovina. O grande segredo do sabor do prato está no molho, uma antiga receita criada pela tia do chef. O cardápio só se faz necessário na hora da sobremesa. Apesar das várias opções, a grande pedida é o Royal de chocolate, de sabor intenso e que, contrariando o costume francês, é servido em tamanho família.
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Shopping Pátio Belém, 3º Piso - Visão www.lelis.com.br 13
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Living mundo
EME Fusion Hotel
C/Alemanes, 27, 41004\ • +34 954 560 000 / +34 954 561 000 • www.emehotel.com/ O EME Fusion Hotel, na cidade espanhola de Sevilha, é uma espécie de déjà vu às avessas: pode ser visitado mais de 50 vezes que sempre gerará em seus hóspedes a sensação de que nunca estiveram por lá. Parece estranho, mas não é. O grande barato do hotel é a profusão de estilos que compõem a decoração de seus 60 quar-
tos, completamente diferentes um do outro. O hotel conta ainda com quatro restaurantes, também dotados de estilos próprios, e com um luxuoso spa. A localização central dá um charme a mais ao hotel, que tem vista privilegiada para a Giralda, a famosa torre da catedral da cidade.
Dar Moha Quem escolhe se sentar à mesa do restaurante Dar Moha, em Marrakech, experimenta muito mais do que “apenas” deliciosos pratos preparados sob os cuidados rigorosos do renomado chef que dá nome ao restaurante. Lá, os clientes são tratados como verdadeiros reis e a decoração dá o tom para que qualquer um se sinta no interior dos luxuosos palácios daquela região. Com tantas qualidades, não é estranho que o restaurante seja considerado um dos melhores de todo o Marrocos. Entre as delícias do menu, que mescla a típica culinária marroquina com a internacional, o tajine especial da casa e as criativas sobremesas são destaque.
Via di Porta Pinciana, 14 • +39 06 42168838 • www.mirabelle.it/
Mirabelle
Quem procura por luxo e requinte encontra no restaurante Mirabelle, em Roma, o local ideal. Localizado no coração do centro histórico da capital italiana, no sétimo andar do hotel Splendide Royal Home, o restaurante oferece vários tipos de cardápio com as mais variadas opções de pratos, que unem a típica culinária italiana à gastronomia contemporânea. Mas não é só pelo excelente menu que o restaurante é procurado. O cenário que compõe seu entorno é um dos maiores atrativos da casa. De seu agradável terraço, é possível contemplar a enorme área verde do parque Villa Borghese e alguns pontos históricos da cidade. Para quem escolheu Roma para as festas de fim de ano, o Mirabelle é uma ótima pedida para passar a virada do ano com glamour e sofisticação. O chef Giuseppe Sestito preparou um cardápio especial para a ocasião. 81, Rue Dar El Bacha – Médina • 00 212 24386400 • www.darmoha.ma
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perfil
Darcilene Costa à frente de sua obra mais famosa. Com o minicírio, ela já rodou o país levando a bandeira da arte inclusiva.
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Ana Danin
Luiza Cavalcante
todos Para
Darcilene Costa prova que não existem limitações que impeçam o desfrute da arte
“
Sempre tive o maior interesse por cores, me chamava atenção tudo que era colorido. Tinha necessidade de expressar a minha criatividade.” Assim a artista plástica paraense Darcilene Costa define a origem de seu gosto pelas artes. Natural de Almeirim, no Baixo Amazonas, mas criada em Belém, a Darcilene de hoje se distanciou muito da menina “Lene”, que um dia chegou a sonhar em ser freira. Pois a menina cresceu, casou, estudou, obteve a graduação em Educação Artística e se tornou professora especializada em Inclusão Educacional, sendo uma referência nessa área, graças ao trabalho desenvolvido principalmente com cegos e pessoas com baixa visão, mas que também se estende aos deficientes auditivos. O olhar inspirado na diversidade humana nasceu ainda nos tempos de aluna da Universidade da Amazônia (Unama), quando atuava como estagiária em galerias e teve um encontro com o ex-professor de Literatura e deficiente visual Raimundo do Vale Lucas. “A partir daquele encontro, eu voltei pra galeria e pensei: ‘Seria possível ensinar arte a uma pessoa cega?’. Naquele momento eu comecei a ficar inquieta. Era justamente quando eu tinha que fazer o meu Trabalho de Conclusão de Curso”, explica. Da pesquisa para a graduação, surgiu a exposição, já atuan-
do como curadora, a partir de obras do artista plástico Bichara Gaby, no ano de 2000. “Era uma exposição adaptada, onde as pessoas podiam tocar na obra do artista, totalmente feita de elementos da Amazônia”, recorda. Ainda no ambiente acadêmico, por intermédio do ex-reitor da Unama, Édson Franco, e de uma colega, Odileuza Carvalho, Darcilene Costa foi apresentada à Diretoria da Festa de Nazaré, em uma curadoria de obras com a temática do Círio, feita em parceria com profissionais como Emanuel Franco e Eliene Tenório. O trabalho com a diretoria continuou e, em 2002, já deu os primeiros passos rumo à interação com a arte inclusiva, em uma exposição que contava com descrições em braile, intérpretes da linguagem de sinais e visitas de pessoas com necessidades especiais ao espaço. “Aí foi quando tudo iniciou, de fato e de direito. E em 2003 nós já fizemos uma oficina de sensibilização para a inclusão, por meio do tema Círio”, ressalta. Minicírio Essas e outras parcerias, como uma oficina de brinquedos de miriti, acabaram abrindo as portas para o desenvolvimento de uma de suas obras mais conhecidas: o minicírio, criado também em 2003. “Nesse ano, nós resolvemos brincar com »»»
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A réplica da maior procissão religiosa do Brasil já ultrapassou as cinco mil peças, número que deve crescer com o passar dos anos
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uma pequena instalação, de 50 peças (em miriti) e duas igrejas – a Basílica Santuário e a Igreja da Sé. E foi um encantamento. As pessoas gostaram muito”, lembra. Darcilene Costa ressalta que a ampliação do minicírio, hoje com 4 mil peças, partiu de uma percepção muito peculiar da maior festa do povo paraense. “Todos nós, como paraenses, ou as pessoas que vêm de fora, temos o olhar em Nossa Senhora. Nós estamos tão presos à Imagem - ela é nosso elo mais forte -, que a gente não consegue ver o todo porque nós vivemos partes do Círio. Nós vemos fragmentos. Aí foi quando eu resolvi passar de 50 para 700 peças”, recorda, destacando que a ideia era dar justamente a visão completa da procissão, com réplicas em miriti de todos os carros e outros ícones da maior festa do povo paraense. As peças foram criadas pelo artesão de Abaetetuba, Amadeu Sarges, e pintadas pela própria Darcilene. Em 2007, a exposição do minicirio já contava com 2.500 pe-
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ças e foi levada ao Senado Federal e à paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, em Brasília. Já em 2009, um acervo de 4 mil peças foi levado para as comemorações do Círio de Nazaré no Rio de Janeiro. Paralelamente ao trabalho do minicírio, surgiu, em 2006, a proposta dos mantos sensoriais. “O projeto era para que toda pessoa que fosse visitar a exposição do Círio fosse capaz de ter a noção de como seria o manto. ‘Ah, mas eu não vejo! Mas degusto, toco, cheiro, eu consigo perceber’. Então a gente vai trabalhando os sentidos remanescentes. E isso a gente levou para Brasília, São Paulo e pro Rio”, destaca. Em 2009, surgiram os mantos feitos de lona texturizada, voltados para as pessoas videntes, ou seja, sem deficiência visual, uma forma de proteger o manto oficial da Virgem de Nazaré. “Como nós, videntes, também temos a necessidade de ver, de tocar, queremos fotografar, eis os mantos texturizados”, explica. Os mantos são reproduções fiéis dos que foram usa- »»»
Os mantos sensoriais: arte inclusiva ligada às tradições paraenses é um dos pontos fortes das obras de Darcilene
dos nas procissões do período de 2001 a 2009 e ficaram em exposição na Praça Santuário, em Belém, exatamente no dia do lançamento oficial do manto do Círio 2009 (7 de outubro). A artista já prepara uma exposição denominada “Aparência e Transparência”, que poderá ser visitada ainda em dezembro deste ano, como parte das comemorações pelo Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro. Leal Moreira E é com toda essa experiência da arte sensorial e inclusiva que Darcilene Costa aceitou o convite e mobilizou seus alunos da Unidade Educacional José Álvares de Azevedo, especializada em atender pessoas com deficiência visual, para elaborarem um conjunto de 12 desenhos que estarão na agenda 2010 da Construtora Leal Moreira. Os desenhos foram desenvolvidos por alunos com idades que variam entre 6 e mais de 40 anos, entre cegos de nascença, pessoas com baixa visão e ainda com a deficiência visual adquirida. “Há desenhos da Praça Batista Campos, Estação das Do-
cas, do shopping, carrinhos, e até uma representação do Re x Pa em braile. Tem a corda do círio, que não poderia faltar, entre outros trabalhos com o tema ‘Como você percebe Belém do Pará?’”, informa a artista. “A escola inteira já está na expectativa da agenda porque é um retorno à sociedade, um retorno de capacidade, de dizer que não é porque eu sou cego que eu não desenho”, completa. Parcerias novas, como a firmada com a Leal Moreira, e antigas, como a desenvolvida com a Diretoria do Círio, mostram a artista plástica o quanto a arte inclusiva já se desenvolveu no Pará desde aquele encontro entre uma estagiária e um professor cego, em 2000. Darcilene se orgulha de tudo que ajudou a construir, mas sabe que o caminho a percorrer é muito longo. “O quanto já foi feito ainda é muito pouco perante os trabalhos que ainda precisam ser feitos para que a nossa sociedade perceba que não é porque ele seja cego, seja surdo, tenha uma limitação sensorial, cognitiva, qual seja... ele é um ser humano. E um ser humano que precisa de educação, de cultura e precisa de arte porque a arte te dá a possibilidade de adentrar em todas as linhas de conhecimento”, conclui.
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Descanso para seus ouvidos.
Espaço Living Leal Moreira. Rádio Unama FM 105,5. Programação inteligente e agradável como você gosta: tem música, literatura, cinema, viagens, gastronomia e muito mais. É a Revista Living agora ao pé do ouvido. Sexta-feita, das 20 às 22 h. Reapresentação aos domingos, das 18 às 20 h. 21
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Com apenas dois álbuns lançados na carreira, a cantora vem conseguindo espaço cada vez maior dentro e fora do país
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Gil Sóter
Divulgação
Céu
Com apenas dois álbuns lançados, cantora paulista faz de seu som “nômade” uma das boas surpresas da recente música brasileira
N
o RG, Maria do Céu Whitaker Poças, 29 anos, brasileira natural de São Paulo. Nos palcos, uma mulher de beleza estonteante que entoa sua voz mundo afora e atende por um singelo apelido: Céu. Pode ser que você ainda não conheça esta moça, mas ela é, atualmente, o nome mais representativo da nova safra da música brasileira no exterior. Com apenas sete anos de carreira, a cantora e compositora traz consigo uma trajetória para poucos: com o disco de estreia, lançado em 2005, Céu se tornou a artista brasileira mais tocada nos Estados Unidos desde Astrud Gilberto, intérprete da canção “Garota de Ipanema”, que encantou os gringos na década de 1960 ao som da Bossa Nova. Além de romper com quase meio século de reinado unânime de Astrud, Céu lançou seu disco em vários países da Europa e alcançou a primeira posição de world music na lista da mundialmente conhecida Billboard. O feito, por si só bastante significativo, parece ainda mais curioso diante do fato de Céu ser uma artista independente - e mais: cantar exclusivamente em português. Depois de um abre-alas estrondoso, que ainda rendeu à artista um prêmio Grammy, a paulistana apresenta seu segundo álbum, o elogiado “Vagarosa” que traz a participação de novos músicos e também se aproxima de nomes já consagrados, como Jorge Benjor e Luiz »»»
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“A primeira vez que eu comi um pirarucu grelhado na beira do rio foi um momento incrível”
Acostumada a ouvir os clássicos da MPB desde o berço, Céu não teve dificuldades para somar outras influências e definir quais caminhos iria tomar na carreira
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Melodia. Acompanhada por um punhado de artistas talentosos de sua geração, Céu fica à vontade para experimentar sonoridades. Com sua batida malemolente, a cantora reverencia o samba, ritmo que ela mesma aponta como sendo o fio condutor de sua produção musical. Mas a sonoridade de Céu nasceu nômade. De espírito inventivo e curioso, a artista pesquisa várias culturas pelo mundo e faz da sua música um brinquedo de montar. Passeando por ritmos como o electrojazz e o afrobeat, Céu flerta até mesmo com o hip hop e diz que pensa na música como algo muito além do cantar. “Minha escola musical está nos vinis, ouvindo os grandes gênios, mas o que eu faço apenas passa por eles, e não para ali. Não me interessa apenas cantar. Eu gosto muito de perceber a música, de brincar com os instrumentos. Não sei exatamente onde estou, mas vivo no meio de várias possibilidades e influências”, diz. Em entrevista à Living, Céu falou sobre sua trajetória, o desafio de tocar para o público estrangeiro e sobre seu mais recente projeto. Vamos partir do início: seu pai é compositor, sua mãe artista plástica e foi brincando com seu irmão, também músico, que você começou a cantar. Enveredar para o palco parece uma consequência quase inevitável. Quando nasceu a vontade de fazer da música uma carreira? Minha ligação com a música vem desde pequena, graças aos meus pais. Eu tive muita sorte. Desde muito menina estou habituada a escutar preciosidades como Pixinguinha, Baden Powell. Meu pai teve total influência na minha carreira. Ele sempre me motivou a cantar, nós sempre conversamos muito sobre música. Lá pelos 15 anos, gravei uma música com meu irmão de brincadeira, para testar o estúdio que ele tinha armado em casa. Eu imitava todas as favoritas, Betty Carter, Nana
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(Caymmi), homens também, como João Gilberto, Ray Charles. Então gravamos juntos num cassete uma canção que a Nana cantou de Dolores Duran. Ele tocando piano e eu cantando. Aí a coisa começou a se formatar. Acabei curtindo e querendo levar adiante. Fui estudar canto lírico, piano, violão... Mas as coisas ainda levaram algum tempo para acontecer. Você se mudou para os Estados Unidos e não vivia exclusivamente de música por lá... Mudei para Nova York e foi muito bom para que eu ficasse um tempo sozinha, estudando, procurando “qual era a minha” dentro do vasto mundo da música. E foi maravilhoso, porque lá que conheci cantoras que me influenciaram muito como Erykah Badu, Jill Scott... Acabei misturando toda escola de sons brasileiros com sonoridades mais novas, como rap e dub. Paralelo a isso, eu tinha que me virar. Fiz gravação de jingle publicitário, fui garçonete, faxineira, guardadora de casacos. E foi nessa época que eu comecei a compor, justamente pela distância da minha cultura e da minha família, pelo isolamento. Foi uma época importante, mas não há nada como o Brasil. Além de cantar, você também compõe. Algumas de suas letras são bem femininas, falam de amor, meninos, outras falam mais das influências das cidades, dos ritmos. Sobre o que você mais gosta de escrever? Minhas letras são resultado de uma espécie de diário pessoal. Adoro escrever, desenhar, tenho muitos cadernos para rabiscar mesmo. São impressões minhas, experiências próprias e às vezes histórias que crio, sem necessariamente tê-las vivido. A cidade, o dia-a-dia, o amor, são assuntos que me interessam sempre. A composição veio muito naturalmente. Intuitivamente, eu sempre escrevi. Mas era algo muito para mim, eu nunca »»»
Mesmo cantando em português, Céu conseguiu abrir espaço no concorrido mercado de música dos Estados Unidos
imaginei que isso iria se oficializar um dia e acabou acontecendo quando começamos a pensar o primeiro em 2000. Foi quando eu comecei a escrever minhas próprias canções, sem muitos pudores. O receio inicial existe, ainda mais porque eu cresci ouvindo caras muito bons, só gênios da música. Então eu tive pudores de começar a compor, a escrever. E desde o primeiro disco, achei que a letra também poderia carregar essas minhas impressões. O seu disco de estreia conquistou o mercado norteamericano e lhe rendeu várias boas surpresas. Como foi fazer o debut longe do seu país e ter um resultado tão receptivo? No começo, você é uma total desconhecida. É todo um desafio você se fazer entender, até porque não é em inglês que eu canto, é em português. O mercado americano é muito voraz e único. Eles são bem fechados para músicas que não sejam em língua inglesa. Mas eles se encantam pela nossa batida, pelo nosso gingado. Na minha opinião, a música brasileira é a mais bonita do mundo. Então, eles se encantam pela harmonia, por tudo. A parceria com a rede de distribuição da Starbucks também foi peça fundamental na história, não? Sem dúvida o estopim da história foi a venda do disco pela Starbucks. Eles têm um selo e vendem discos nessa rede de café. Eles queriam um disco brasileiro atual e calhou de ser o meu disco, que foi gravado por um selo independente. Isso foi um bom
pontapé para que os americanos conhecessem o meu trabalho. Depois dos Estados Unidos, seu disco chegou à Europa e até ao Japão, e se tornou o álbum brasileiro mais vendido no Reino Unido. O que a sua música tem que encantou tanto os gringos? Como uma brasileira de selo independente chegou a tantos lugares, todos tão diferentes? Não sei direito, não penso muito nisso. Mas sinto que tem a ver com uma certa sinceridade com a música, “olhá-la” com respeito e fazer o que você gosta mesmo, sem fórmulas, o que vem do seu coração. Além do mais, na verdade, as distâncias estão muito curtas. É um clichê, mas é isso mesmo. A internet nos permite mostrar o nosso som para o mundo todo. Recebo recados até de gente da China pelo MySpace. Tocar na Europa, no Canadá, por exemplo, foi algo que eu nunca pude imaginar. E é estimulante aprender a encarar plateias totalmente diferentes das que estamos habituados. Você é paulistana, seu sotaque é até acentuado, mas sua música é bem cadenciada, africana, mas não nega a sonoridade urbana, que fica por conta do DJ da sua banda. Quais são suas maiores influências? Os discos de vinil do meu pai foram uma escola. Eu cresci ouvindo as cosias maravilhosas que foram feitas, ouvi os sábios. Eu particularmente curto muito música antiga. Então, de casa eu trouxe essas referências da música brasileira, porém a gente cresce, fica adolescente e começa a procurar outros
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“Não me interessa apenas cantar. Eu gosto muito de perceber a música. Não sei exatamente onde estou, mas vivo no meio de várias possibilidades“
sons... Foi aí que passei a ouvir Erykah Badu, que é uma grande referência pra mim, sons da Jamaica, da África. Talvez venha daí essa cadência... E o lado urbano vem mesmo de quem não “suaviza” o sotaque e se inspira muito na cidade, em seus vários prós e contras, nas figuras que por aqui passam, na rua mesmo, na vida noturna. Depois de uma estreia tão estrondosa, foi complicado dar o segundo passo e lançar o novo disco? Como foi lidar com a expectativa para o “Vagarosa”? Por que ele demorou tanto para sair? Eu procurei focar no trabalho. O que eu toco tem que estar de acordo com o que eu sinto, e isso vale para a banda toda. A música é o mais importante, está muito acima do ego. Quando se perde a noção que a prioridade é essa, é preciso dar um tempo e voltar para a essência da coisa. E os últimos quatro anos foram de muito trabalho. Fizemos shows em vários países e aproveitamos cada momento. No seu mais recente disco, “Vagarosa”, você evidencia essa batida africana e opta por sons menos eletrônicos, em comparação com o álbum anterior. O que mais mudou nesses últimos quatro anos, que separam o disco de estreia desse novo trabalho? A maior diferença entre os dois discos é que no “Vagarosa” eu optei por uma sonoridade mais orgânica, de banda mesmo. Eu não queria dar nenhum caráter eletrônico. Praticamente não tem percussão. A bateria está bem em evidência. O primeiro
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disco tem mais beats, mais referências eletrônicas. O segundo disco demorou bem menos para ser produzido, mas é o resultado dos últimos anos na estrada. Rodamos muito com o primeiro disco, até que chegou a hora de contar novas histórias. E também tudo o que eu andei passando, as experiências novas também estão bem impressas no “Vagarosa”. E nesse meio tempo eu tive a minha filha, Rosa, que mudou muito a minha vida, me trouxe o melhor momento que eu já vivi. É um amor que cresce cada dia mais e se espalha. Tudo isso refletiu no segundo disco. Seu trabalho é majoritariamente autoral, mas você não deixa de incluir algumas regravações. “Vagarosa” traz uma música do Jorge Benjor e também uma parceria com o Luiz Melodia. Fala um pouco dessa vontade de prestar reverência aos mestres. No primeiro disco, gravei “Concrete Jungle”, do Bob Marley, pela minha admiração pela Jamaica, sons negros. Também incluímos um samba de João Bosco e Aldir Blanc, parceria que sempre me agradou muito. E o samba é o grande fio condutor da minha música. Nos shows, canto também Moacyr Santos, Martinho da Vila. Ter o Melodia nesse disco é uma grande honra. Para mim, ele é um dos melhores cantores do Brasil. Eu compus “Vira-lata” num sopro, inspirada justamente pela nossa parceria. Quanto ao Jorge Benjor, incluí “Rosa, menina Rosa” no disco em homenagem à minha filha. A minha relação com a música brasileira sempre foi forte, então me aproximar do que foi a minha escola musical é algo muito natural.
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Viva novas ideias.
especial
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Gil Sóter
Leandro Bender
Geleia ao
Tucupi Mistureba de sons vindos da terra do açaí ganha reverências da nova geração da MPB
E
les estão entre os pupilos do novo cenário da música brasileira e têm algo em comum: andam prestando muita atenção no som que vem aqui do Norte. E os ouvidos estão voltados para dois nobres senhores da cultura popular paraense: o “Rei do Carimbó”, Pinduca, e Mestre Vieira, criador das guitarradas. A dupla construiu a “tradição moderna” da música regional, misturando o batuque caboclo à guitarra elétrica. “Esses mestres nos mostram que o Brasil ainda tem coisas valiosas a revelar. O Pará é dono de uma tradição musical incomum, miscigenada e atual que vem da fusão de sons de várias partes do mundo”, diz Pedro Alexandre Sanches, crítico cultural, escritor e jornalista, além de ser, declaradamente, um novo entusiasta da produção musical “made in Amazônia”. No mesmo time de Pedro, estão nomes como a cantora mineira Fernanda Takai, vocalista do grupo Pato Fu; Vanessa da Mata, uma das mais aclamadas cantoras da nova MPB; e os elogiados rapazes da banda Cê, que tocam ao lado de Caetano Veloso. Todos, de tempos para cá, têm lançado trabalhos que flertam com sonoridades originalmente paraenses. “O que a cultura popular produz no Pará é muito original. Só aqui os sons se misturam desse jeito. Isso não se vê em nenhum outro lugar do país. A música tem um tempero diferente. É como se fosse uma especiaria das Índias que as pessoas vêm buscar”, diz o anfitrião da casa, Pio Lobato, músico e pesquisador cultural. Uma das mais recentes mostras desse tempero paraense na sonoridade de fora foi a versão pop-rock de Fernanda Takai para o hit “Sinhá Pureza”, de Pinduca. A canção faz parte do seu novo trabalho, “Luz Negra”, o primeiro DVD solo da carrei-
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ra de Takai. A artista amapaense, radicada em Minas Gerais, carrega consigo pomposos méritos: viu a banda que fundou, há 17 anos, ser eleita, em 2001, uma das melhores do mundo pela conceituada revista norte-americana Time, que também colocou Fernanda entre as dez principais cantoras contemporâneas do mundo. E foi nesse terreno fértil onde o carimbó encontrou espaço. Em “Luz Negra”, Fernanda reverencia seus ídolos ao regravar algumas de suas canções prediletas. E o nome de Pinduca está lá, entre Roberto Carlos, Nara Leão, Duran Duran e Michael Jackson. “Pinduca mostra como a música brasileira tem viço, alegria. A letra de ‘Sinhá Pureza’ é simples, bonita e marcou muita gente da minha geração”, diz Fernanda, que conheceu o trabalho de Pinduca ainda quando criança, em Jacobina, na Bahia. “Nessa época, ‘Sinhá Pureza’ era muito popular na cidade. A Eliana Pittman (cantora carioca) regravou algumas coisas do Pinduca e eu ouvia essas canções tanto quanto ouvia Jovem Guarda. Eram os discos que minha mãe tinha em casa, as músicas que mais tocavam no rádio.” Isso foi na década de 1970, quando os primeiros discos do nosso carimbozeiro o fizeram tão popular quanto outro “Rei”. “Nas cidades do Norte e do Nordeste, os álbuns do Pinduca vendiam tanto quanto os discos do Roberto Carlos, que era o top de linha das gravadoras e do mercado fonográfico brasileiro na época”, diz Pio Lobato. Pinduca foi o primeiro artista a reverberar a tradição musical paraense para além das fronteiras regionais. Isso já faz quase quatro décadas. As suas primeiras notas musicais foram ensaiadas quando ainda era garoto, ao lado do pai, José Plácido Gonçalves, professor de música. Depois de tocar em festejos »»»
pela pequena Igarapé-Miri, sua cidade natal, Noca - como era conhecido Aurino Quirino Gonçalves antes de ser coroado rei do carimbó, mudou-se para Belém e começou a se apresentar em bailes, como baterista. Até que, no final da década de 1960, já entrosado com a música que tocava nas casas de show da capital e mantendo na memória o batuque ribeirinho, fez uma das fusões rítmicas mais decisivas da história da música popular paraense. Com seu chapelão de palha e suas roupas de cetim, Pinduca cantava composições caboclas acompanhadas por teclado, bateria e guitarra: um mestre da tradição com silhueta de pop star. “Ele foi inovador. Colocou a guitarra no carimbó, som de raiz indígena Tupinambá. Ninguém fazia isso e até hoje há quem o condene por essa modernização. Mas foi graças ao Pinduca que muita gente conheceu o cenário paraense. Ele foi a porta para que artistas como o próprio Verequete ganhassem visibilidade. Pinduca se tornou a grande referência da música do Norte”, diz Pio. Entre centenas de ouvintes do sirimbó, que chegava a vários lugares do país pelas ondas do rádio na década de 1970, estava Vanessa da Mata. “Escutei de tudo na infância. De Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva. E lembro muito do carimbó. Um dos meus tios, que viajava muito pelo Brasil, trazia discos do Pinduca para mim”, diz Vanessa, que também acaba de introduzir no repertório de seu mais recente show a canção “Sinhá Pureza”. E não se trata de algo pontual. O carimbó é visto pela cantora como uma referência marcante. “Minha música é muito ligada aos sons do Norte e
do interior do Brasil”, diz. “A pegada das guitarras, o suingue da música regional no Pará, que remete ao Caribe, ao batuque negro. Isso sempre me soou como algo de muita personalidade, pulsante. E miscigenação é a palavra-chave. Eu sou totalmente misturada nas minhas origens: não sei onde começa uma coisa e termina outra. A pluralidade do som paraense sempre me despertou identificação e curiosidade”, diz. Ao lado de Fernando Catatau, considerado um dos guitarristas mais talentosos de sua geração, e de Kassin, produtor do mais recente disco da cantora mato-grossense, intitulado “Sim”, de 2007, Vanessa decidiu homenagear sua ligação com a música paraoara. “No novo disco, eu me aproximei ainda mais desses ritmos porque o Catatau e o Kassin também se interessam muito pela cena musical do Norte. Nosso encontro nos fez sentir ainda mais à vontade para reforçar essa proximidade com o carimbó”, diz. O caráter de geleia geral que agrega originalidade aos ritmos paraenses também encontra berço esplêndido no dedilhado de guitarra assinado por Mestre Vieira, premiadíssimo no exterior pelas suas peripécias com o instrumento. O músico, natural de Barcarena, é autodidata e construiu sua sonoridade a partir do encontro de vários ritmos, da música caribenha, ao samba, passando pelo choro até o iê-iê-iê. “A própria posição geográfica de Belém possibilitou a criação de ritmos como a guitarrada e a lambada, que surgiram do diálogo entre a cultura da perife-
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ria e os vários sons vindos de outros países. Por ser uma cidade portuária, desde os anos 1950 chegavam aqui discos de rock dos Estados Unidos e discos de cumbia e merengue do Caribe e das Guianas”, diz Pio. Mas eis que o grande pulo-do-gato se deu, curiosamente, pela falta. Como não tinha equipamentos, Vieira desenvolveu um modo particular de fazer música: o mestre toca guitarra sem o auxílio de pedais de efeitos. O resultado? Aquilo que Vieira mesmo chama de “guitarra viva”. “O músico e o instrumento, nada mais. Não há recursos de distorções. O que se ouve é produzido organicamente, graças ao domínio do músico sobre a guitarra”, diz Pio. A maneira inovadora de tocar e a perícia como músico fizeram o paraense ser eleito pelos escoceses, em 2001, o melhor guitarrista do mundo. Entre os músicos que declaram admiração por esse senhor de 75 anos estão Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, dupla que, ao lado de Pedro Sá, compõe a Banda Cê, grupo que toca com Caetano Veloso desde 2006 e vem colhendo elogios pelo desempenho nos recentes álbuns do eterno tropicalista. Nos shows, os garotos já apresentaram o carimbó “Água”, de Kassin, e acompanharam Caetano numa versão à la Pinduca para a música “Vampiro”, de Jorge Mautner, com uma levada de carimbó elétrico. A história dos músicos com os ritmos daqui começou bem antes deles agregarem seus talentos ao do artista baiano. Com
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seus amigos Gustavo Benjão e Gabriel Bubu, Ricardo e Marcelo formaram a banda Do Amor, projeto que se debruça em um calhamaço incontável de influências, e que declara as guitarradas e o carimbó entre as mais instigantes. “O Mestre Viera faz um som que tem um caráter próprio, onde a gente pode ouvir acordes vindos da sonoridade caribenha à Jovem Guarda. É uma música muito bem tocada, bem feita”, diz o guitarrista Gabriel Bubu. O primeiro do quarteto a dedicar mais atenção aos mestre paraenses foi Callado, o baterista do grupo. “Conheci a música do Pinduca quando comprei alguns discos num sebo. Isso foi em 1994. Aí a gente começou a estudar melhor o ritmo e o Gustavo (Benjão, guitarrista) passou a compor nossos carimbós”, diz. “Justamente pela liberdade sonora das guitarradas e do carimbó, eu vejo neles grandes possibilidades. Então, eles nos servem de inspiração. Quando a gente toca alguma coisa que flerta com essas sonoridades, o resultado sai à nossa maneira”, diz Benjão. O elemento pop que permeia a produção musical paraense também é um dos grandes laços que aproximam os cariocas desses mestres. “São músicas alegres por excelência. Quando assistimos ao Vieira, no Terruá Pará (festival de artistas paraenses que percorreu cidades do sudeste brasileiro), tocando guitarra com pente, celular, até com pata de caranguejo, aquilo foi uma atração à parte. Ele é performático. Vieira domina o instrumento e brinca com toda liberdade”, diz Marcelo. “Eu faço para alegrar o povo. Podendo brincar, a gente brinca e agita o pessoal”, diz o Mestre que, mesmo sem perceber, revela elemento importante da sua alquimia sonora: a música como celebração popular. “Estamos falando de gêneros musicais que nasceram na festa. Os bailes foram os ambientes que fomentaram a criação desses ritmos. Então, a identificação do público é parte fundamental do enredo. E o termômetro mais certeiro se mostra ali mesmo: se as pessoas dançam, então é porque funciona”, resume Pio Lobato. E como o público se reno- »»»
va, a música popular também não pode parar. Antenado, Mestre Vieira mantêm os olhos e ouvidos interessados até mesmo na música pop, curiosidade que funciona como um combustível ilimitado para a constante mutação do som que sai das mãos do guitarrista. “Dia desses, eu estava ouvindo um disco recente da Madonna, e o Mestre parou, prestou atenção e logo ele já tinha se apropriado de uns timbres da canção”, diz Pio. “Essa é uma marca da personalidade desses mestres: enquanto alguns são mais puristas e dizem ‘isso é meu e ninguém mexe’, outros recebem a novidade com muito desapego e seguem a filosofia ‘é meu e eu mudo do jeito que quiser”, diz. Luciana Medeiros, jornalista e diretora do documentário sobre o guitarrista, conta que o músico não titubeou quando foi perguntado sobre com quem ele gostaria de tocar. “Herbert Viana e Pepeu (Gomes)”, elegeu Vieira. Parte do pedido foi realizado recentemente num encontro histórico com o líder do Paralamas do Sucesso. Durante quase uma hora, o rock star e o mestre paraense trocaram acordes, conversaram e aproximaram linhas musicais distantes, aparente desconcerto que se mostrou ínfimo diante da mútua admiração e do talento da dupla. No repertório, Lulu Santos, RPM, Legião Urbana e, claro, Paralamas e Mestre Vieira. “Para mim foi uma maravilha”, disse o paraense, ao final do encontro com o músico paraibano e um dos mais aclamados nomes do rock nacional. Nesse mosaico musical, há quem enxergue traços de uma revolução cultural que fez história no Brasil. “O Pará é dono de uma cultura democrática. O Pinduca é um verdadeiro triturador de tudo o que passa por ele. Ele toca carimbó, mas também tem no repertório “La Bamba”, “Vollare” e até “Aquarela do Brasil”, tudo tocado ao modo dele. É a antropofagia dos modernistas da Tropicália que ainda há de render muito para a cultura nacional”, profetiza Sanches. Que assim seja. Vida longa aos mestres!
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entrevista
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Ricardo Schott
Gilda Midam / arquivo pessoal
bom Ele é o
Prestes a alcançar 50 anos de carreira, Erasmo Carlos volta a abraçar o rock num disco chamado Rock´n roll e num livro de memórias. E volta a falar ao público jovem
A agenda de Erasmo Carlos, 68 anos, sempre foi das mais movimentadas. Mas em 2009, ela não parou. O parceiro do rei Roberto Carlos, personagem único na MPB, dono de uma assinatura musical inconfundível – que urde rocks e baladas certeiros, de poucos acordes, com letras de apelo quase cinematográfico – só chega ao meio século de carreira em 2010. Mas, na pré-temporada, pegou o ano que termina para chamar de seu. Voltou ao rock de discos como 1941-1972 – Sonhos e memórias (1972) e 1990 – Projeto Salva Terra (1976) num disco sintomaticamente chamado Rock´n roll, que uniu a seus velhos escudeiros o frescor da banda carioca sessentista Filhos da Judith. É o primeiro disco que lança pela gravadora Coqueiro Verde, dirigida por seu filho Leonardo Esteves, e que tem inundado as lojas com uma safra de CDs e DVDs que inclui raridades como as apresentações de Elvis Presley no Ed Sullivan Show e shows de bandas recentes como Primal Scream. “Os que gosto, pego logo para mim”, diz o Tremendão.
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E, após quatro anos de rabiscos – por sinal digitados no computador pelo filhão Léo – sai o primeiro livro de Erasmo, Minha fama de mau (Editora Objetiva), que compila contos sobre sua vida. Narram temas como a Jovem Guarda, a história de sua parceria com Roberto, a morte de pessoas queridas (Tim Maia, o DJ Big Boy e a ex-esposa Narinha, entre eles) e causos engraçados envolvendo pessoas nem sempre associadas a Erasmo, como Milton Nascimento, Rildo Hora e João Nogueira – este, metido numa situação hilária, em que o Tremendão vai lhe dar um abraço de aniversário e acaba lhe desabotoando a camisa. “É um livro de memórias. Tudo que tem ali, são coisas que me lembro que aconteceram. Não confirmei nada com ninguém”, afirma. A vida movimentada do eterno menino Erasmo, que pula de show em show e não sente o peso da idade – e nem a idade como um peso - acabou fazendo com que este papo fosse marcado por telefone. Mas com a generosidade e a simpatia de sempre.
Felipe Hellmeister Com a turma da Jovem Guarda, Erasmo criou moda e ajudou a fortalecer o conceito de mĂşsica para o jovem pĂşblico consumidor
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Como anda a divulgação do disco e do livro? Você está muito ativo no Twitter. Como é usar essas mídias novas? É, tem o Twitter, que eu uso, mas eu dou muita importância mesmo é ao MySpace, que é um site no qual eu troco ideias musicais. E o livro é uma experiência radicalmente nova. Nunca tinha me aventurado pelas letras antes. Já era um velho sonho seu lançar um livro. Uma vez você anunciou que estava começando a fazer um livro chamado A banda dos contentes (mesmo nome do disco de Erasmo lançado em 1976), cujo enredo girava em torno de um homem e o que se passava dentro do corpo dele. O que aconteceu com esse livro? Esse eu nem cheguei a fazer. Desisti porque não achava o final do livro. Aí nunca mais tinha tentado nada de livro, até que chegou a hora. Eu acredito muito nisso, tudo tem seu momento de acontecer... Não ficou nem uma linha do A banda pronta? Não, acabou, morreu. Meu livro mesmo é Minha fama de mau, que são casos engraçados e curiosos, que aconteceram na minha vida, que eu fui escrevendo. Quando vi, tinha uma porção de casos e comecei a separá-los por temas: infância, adolescência, jovem guarda, casos que acontecem pela vida, comigo mesmo, com minha família, com meus amigos, sejam eles do meio artístico ou não... Não assumo que Minha fama de mau seja uma biografia, porque biografia para mim é uma coisa mais séria, rebuscada. Se fizesse uma biografia eu iria ferir um monte de pessoas, sem necessidade. Preferi assumir um termo mais honesto, de memórias.
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Ficou bem forte sua assinatura no livro. Tem imagens que você evoca em que se percebe bem que é você que está escrevendo, poderiam até estar nas letras das suas músicas. É, bicho, o estilo acabou sendo o mesmo, né? Não sabia como eu era escrevendo. Foi novidade para mim, reescrevi vários contos. Quando eu estava lá pelo décimo conto, eu já estava pegando um estilo de escrever, voltava, reescrevia, fui me descobrindo aos poucos. No fim vi que era bem parecido com minhas músicas. Até porque eu me considero um contista quando faço música. Driblar a saudade enquanto escrevia o livro não deve ter sido fácil. E o choro também, né, bicho? O choro veio muitas vezes. Dizem que você relembrando o passado, vive a história novamente. Então eu chorei pra caramba revivendo meus momentos felizes. Imagina se eu tivesse posto os momentos terríveis! Seria um masoquista, ou um “sádico de mim mesmo” (brinca). O nome do livro é Minha fama de mau, mas ele abre com uma foto sua tomando café com sua mãe. E termina com uma foto sua dando autógrafo para uma criança. São lados bem diferentes, não? O ser humano geralmente é assim, né? Minha fama de mau é uma música minha e a editora realmente achou interessante para criar o antagonismo da parte familiar com a parte, digamos assim, bandida. Foi bom esse título para causar curiosidade nas pessoas. Sempre fui um cara família e caseiro. As vezes em que andei para outros lados foram circunstâncias da vida, foi a necessidade que me levou. Mas rapidinho eu voltei! (risos) A família »»»
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é a coisa mais linda do mundo e sempre achei que família tem que ser unida para ser forte. Você fala do Monteiro Lobato numa passagem do livro. Você lê muito? Qual a sua relação com a leitura? Não, eu não sou um leitor assíduo não, bicho. Leio de vez em quando, claro que na minha infância lia mais. Lia muito Monteiro Lobato, os poucos livros de sacanagem que tinham... Li O pequeno príncipe, livros inesquecíveis. Um livro que mudou minha maneira de pensar foi Eram os deuses astronautas. Leio história do rock´n roll, algumas biografias... Até o livro Racional Superior eu li também. O Tim Maia te mandou? Mandou para mim, com uma dedicatória malcriada mas mandou... O que você lembra de ter achado do livro? Cara, é uma lavagem cerebral, né? Uma coisa repetida à exaustão, as regras e mandamentos do livro são repetidos várias vezes. E o segundo e o terceiro volumes eram o primeiro disfarçados, e assim por diante. Em Rock´n roll você acrescentou à sua banda uma galera nova: o pessoal da banda Filhos da Judith, que são novos mas fazem um som anos 60. Como você os conheceu? O Liminha (que produziu o disco) me apresentou. No disco eles acabaram gravando só vocal, não sabia que eles tocavam. Fui descobrindo e eles hoje estão na minha banda, na turnê que a gente está fazendo. Uni juventude com experiência, mas nem foi algo pensado.
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Muitos dizem “finalmente o Erasmo lançou um disco de rock”. Mas sua carreira sempre teve discos assim. Mas um disco só voltado para rock, com guitarras, com teclado em segundo plano, os fãs cobravam. Calhou de ser assim, o resultado está sendo bom. Não teve ninguém que falasse mal nem do disco nem do livro! O que me leva a saudar 2010, ano em que eu completo 50 anos de estrada. Mas 2009 já está sendo maravilhoso. Você sentia que não havia uma aceitação para um disco de rock seu no mercado? Não, dependia mais do momento que eu vivia. As coisas surgem, a vida da pessoa muda, o estado emocional varia... Tudo isso reflete na música que a gente faz. Eu fico feliz por sempre ter sido honesto nas coisas que eu faço, podiam ser coisas ruins ou boas, mas sempre honestas, sempre como a vida me possibilitava fazer naquela época. Se era bom ou ruim, era outro assunto. Como disse o Tim Maia para mim uma vez...porque ele foi o cara que me ensinou os três acordes para eu aprender a tocar violão, né? O mi maior, o lá e o ré. Ele sempre brincava comigo quando me encontrava: “Me arrependo de ter ensinado esses três acordes para você, porque você e o Roberto só fazem merda! Fazem umas músicas de merda, de branco comercial. Mas admito que são merdas bem-feitas!” (risos). A morte dele deve ter sido um baque para você. Como foi? Pô, qualquer morte é terrível... Como foi também a do Big Boy e outros tantos amigos que eu perdi. É um choque, é um pedaço da gente que vai embora. Mas aí, o que fazer? Vamos ter o nosso dia e é um negócio de resignação até. Tem que saber que a vida é assim e viver. »»»
Erasmo em sua primeira comunhão. O menino católico anos mais tarde conquistaria o país com irreverência e uma penca de sucessos.
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Antes de lançar Rock´n roll, você lançou dois discos bem legais que não emplacaram, o Pra falar de amor (2000, Abril music) e o Santa música (2004, Indie records). Como foi para você ver que eles não chegaram ao público? Claro que dá frustração, mas pela metade. E eu não tinha rádio, as minhas gravadoras não tinham dinheiro para pagar jabá para tocar nas rádios. Você acabou experimentando a mesma sensação do personagem da sua música Quem vai ficar no gol. (que fala em “Paulo gravou um disco que não tocou em nenhum lugar/se o povo não escuta, não cai no gosto e não vai comprar”). É, falo disso na música. Se não tocar no rádio, o povo não compra o disco. Voltando um pouco à questão da juventude, é engraçado que em 1985, quando você se apresentou no Rock In Rio, rolou uma inadequação do teu trabalho com aquela juventude que estava lá - no caso, os fãs de heavy metal. Já hoje, as coisas são diferentes: tem muito jovem indo no teu show, procurando conhecer seu trabalho... Bicho, a juventude de hoje é bem mais cabeça aberta. Quando eles ouvem minha música, analisam simplesmente se é boa ou ruim. Em épocas passadas talvez existisse preconceito contra a jovem guarda, como até hoje tem. Mas acho o jovem de hoje com a mente mais aberta e o ouvido também. Nem querem saber se eu tenho 68 anos ou 15.
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E as bandas que a juventude aplaudiu no Rock In Rio hoje são, assim como você, consideradas medalhões, clássicos. Mas é claro, são bons pra caramba! O cara que é bom, é bom. Não é com um disco, uma música, que você vai provar que é bom. É com o tempo. Claro que você tem altos e baixos. Bota tudo no liquidificador, os seus altos e seus baixos e vê o suco - ou a vitamina - que dá. Se for gostosa, é porque você é bom. Ninguém engana tanta gente por muito tempo. Você tem uma música, Sou uma criança (não entendo nada) que virou meio que sua assinatura. E deve ter sido uma das primeiras músicas suas feitas sem a parceria com o Roberto Carlos. Como ela foi feita? Foi um texto do Giuseppe Ghiaroni (jornalista e escritor) que ele publicou num livro chamado A canção do vagabundo. E tinha esse poema, achei uma filosofia linda e musiquei. As mudanças que fiz foram poucas, só para caber na métrica da música. Me fascinou a filosofia dele de vida, que é uma verdade muito bonita. E muito curiosa. É uma música que será atual sempre. Você cultiva esse seu lado criança? No livro você fala que se veste de super-heroi para animar seus netos. Tenho esse lado sim. Tenho que ser criança, sempre, todo mundo deveria ser assim. Me considero um cara antenado, tenho que saber dos problemas do Irã com o Brasil e tenho que saber do Bob Esponja para conversar com meu neto de igual para igual. Sempre como amigo. Nunca como pai ou avô. Na minha família, a hierarquia é feita sempre pela sabedoria, nunca pela autoridade. »»»
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Como é tua vida hoje? Atualmente você mora sozinho? Moro, meus filhos estão casados, cada um na sua casa, mas todos eles perto daqui. Eu estou solteiro, por convicção. Ou até quando alguém quiser (risos). Estou aberto para os imprevistos que a vida oferece pra gente. Verdade. Você até falou uma vez que sonhava com um encontro inusitado, tipo um carrinho batendo no outro, no supermercado... Ah, isso é uma maravilha. A coisa mais linda é isso, é o imprevisto, o amor quando surge do nada e pega você no contrapé. Você sempre foi um cara que gostou de unir as pessoas. Continua assim? Ah, sempre gostei disso, de dar festas, de juntar músicos, caras que nunca se conheceram, gerações diferentes. Gosto muito disso e tem realmente nos meus discos. Uma pessoa que analisar esse lado vai ver sempre as misturas de músicos. E isso realmente me fascina. Gosto muito disso, de juntar pessoas. Influências, inclusive. Como você está vendo esse resgate da obra do Wilson Simonal? Sempre tem alguém que resgata a vida de uma pessoa, faz um trabalho e o público jovem fica tomando conhecimento do que foi a pessoa. Isso virou até moda. Gostei de ver as pessoas relembrando o Simonal mas nem vi ainda o filme, vou esperar sair em DVD ou passar no Canal Brasil porque não vou mais a cinema.
O Carlos Imperial, de quem você foi secretário, também está tendo a obra resgatada, saiu até uma biografia (Dez! Nota dez! - Eu sou Carlos Imperial, de Denilson Monteiro)... É, no meu livro eu também falo bastante dele. Mas o Imperial era uma pessoa polêmica por natureza. Ele era um cara muito inteligente, então ele criava as polêmicas. Quando o ego do cara é muito grande, chega a esse ponto de se achar um exemplo para a humanidade, né? Mas era como o ego dele achava que ele fosse. Tudo o que ele fazia eu guardava para mim, as coisas boas eu guardava para mim. Faço isso com todas as pessoas. Tudo o que o Roberto Carlos faz de bem eu guardo, o mesmo com Andre Midani, tudo de bom com todas as pessoas. No show do Roberto Carlos no Maracanã, você chorou muito, se emocionou mesmo. Como foi o momento antes de subir no palco? Foi muita tensão porque estava chovendo pra caramba. Iam até cancelar o show, porque inundou tudo, as pessoas saíram correndo. E de repente a chuva parou e voltou e aí foi o momento... Mas estar lá no palco com Roberto e Wanderléia foi bonito, a partir do momento em que se faz uma reflexão sobre a vida e sobre a vida de seus amigos. Pô, 50 anos depois estamos aqui no maior estádio do mundo, com 90 mil pessoas assistindo não sei nem quantas tinham de verdade - e falando para o Brasil inteiro, cantando nossas músicas para o Brasil inteiro. Claro que isso dá uma sensação de vitória. E isso aumenta, multiplica a emoção da gente. Isso é tão sincero e é tão verdade, que acaba passando para o público e emociona as pessoas também. »»»
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Dos anos 1960 pra cá, são mais de quatro décadas de carreira. “Quebrei a cara em algumas coisas, acertei em outras. E fui seguindo.”
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Na música Cover, do disco novo, você fala de covers de Raul Seixas, Roberto Carlos... Que foram pessoas que você conheceu ou conhece pessoalmente. Qual a sensação de ver covers desse pessoal, que é próximo de você? Deve ser no mínimo engraçado. Não, é a mesma de ver um outro qualquer: de Marilyn Monroe, Carlitos... Mas é engraçado sim, de qualquer jeito, é como você ver um palhaço. Você ver uma pessoa que vive a vida da outra pessoa... Porque o cover é isso, ele vive a vida da outra pessoa mesmo, ele anda igual à pessoa, fala igual à pessoa, estuda a vida da pessoa e passa a ser ela. Ele deixa de ser ele mesmo para ser outro. E isso é fascinante. Ele é produto, claro, de reflexão, e porque não dizer, de riso. Agora até com a morte do Michael Jackson, o que mais tem é cover dele... Os covers se multiplicaram, bicho. E é engraçado que tem sempre um momento marcante. O cover do Michael é sempre quando ele faz o moonwalk, o cover do Elvis é o rebolado, sei lá. O da Marilyn é o da saia levantando, do filme O pecado mora ao lado. É sempre o momento principal do artista. Já que falamos em cinema, vamos recordar um pouco sua fase de ator. Os machões, que você fez em 1972, te deu um prêmio (o antigo Coruja de Ouro, como melhor ator coadjuvante). E era um filme que tinha uma carga politicamente incorreta bem grande, que hoje você vê até em filmes americanos, mas não no Brasil. É algo que você acha que faz falta? Isso, é uma comédia erótica. Tem filmes assim como Os machões, Os paqueras, comédias erotizadas, sem sexo explícito, de graça e de mau gosto. Depois as pornochanchadas é que entraram com essa. Isso aí faz falta sim. O Brasil tem umas coisas engraçadas... Agora ficaram zangados com o Robin Williams por causa do que ele falou no programa do David Letterman (o ator americano disse que o Brasil ganhou a competição para sediar as Olimpíadas por que “enviou 50 strippers e meio quilo de pó” ao comitê). Então, bicho, claro que a gente escuta isso e não gosta, mas encara como piada e segue adiante. Quem é confiante, quem é seguro, não liga para essas coisas. Tem
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umas coisas no Brasil que eu não gosto... Ih, perdi o fio da meada um pouco... A gente falava do politicamente incorreto nos filmes... Ah, sim. Então, uma pessoa como Carlos Imperial, já que falamos dele, faz falta no Brasil de hoje. O tipo do cara que sacaneia tudo (Imperial, além de compositor, dirigiu vários filmes da mesma safra de Os machões, como O sexomaníaco). Imagina só o que ele não faria com o caso agora do cara botando dinheiro na meia, o cara que botou dinheiro na cueca? Ele faria um carnaval com isso. Ia fazer uma música, mandar meia para o cara, jogar meia de helicóptero na casa do cara. No fim da vida dele, ele queria que eu gravasse uma música que ele fez para aquela confusão da Zélia e do Collor, cheia de palavrões. Eu não gravei, não ia deixar meu trabalho artístico para fazer paródia de nada, né? Muitos ex-jovem guardistas não conseguiram fazer a mesma virada para uma música mais adulta, que vocês fizeram. Como você encara isso? Deve ter sido um desastre pra muita gente o término daquele período... Foi, claro. Foi ruim acredito que para todo mundo. Mas cada um seguiu seu caminho como pôde, né, bicho? Alguns não conseguiram por alguns motivos. Não sei quais são, cada pessoa é um universo diferente. Eu sempre fiz meus caminhos, bicho. Quebrei a cara em muitas coisas, acertei em outras. E fui seguindo. O bonito é olhar para trás e pensar: pô, to fazendo 50 anos e sobrevivi. E sobrevivi direito. Mas entre erros e acertos, conseguimos seguir uma estrada honesta e digna. Você acredita em sorte? Acredito, em muitos momentos da minha vida dei sorte. Mas chegar onde eu cheguei não foi sorte, foi fruto de anos de batalha, muita lágrima, muito suor. Dei sorte em certos momentos, em certas coisas que aconteceram. Que nem o cara que ganha na loteria. Mas chegar aos 50 anos de carreira foi mais capacidade de sobrevivência, de uma forma bonita e forte. É mérito meu.
Vinho combina com queijo , que combina com Jerr y , que combina com Tom , que combina com Vinícius , que combina com poesia , que combina com livro , que combina com cabeceira , que combina com cama , que combina com preguiça , que combina com açaí , que combina com farinha , que combina com água , que combina com chuva , que combina com B elém , que combina com tacacá , que combina com fim de tarde , que combina com happy hour , que combina com sex ta-feira , que combina com sábado , que combina com cinema , que combina com pipoca , que combina com manteiga , que combina com pão , que combina com hambúrguer , que combina com catchup , que combina com maionese , que combina com salada , que combina com tomate , que combina com molho , que combina com macarrão , que combina com I tália , que combina com Ferrari , que combina excelência , que combina com Leal Moreira , que combina com Elo .
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Double M
Para combinar com mais pessoas, a Leal Moreira lançou a Elo, uma Incorporadora que nasce com a qualidade e experiência de mais de 20 anos de mercado. Voltada para o segmento de imóveis econômicos e supereconômicos, a Elo traz a possibilidade de realizar sonhos. Uma missão desafiadora que combina com desenvolvimento e combina com você.
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comportamento
Sandra Perlin: o teatro descoberto quase aos 50
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Lucas Berredo
Arte, fruto maduro Com a vida feita, eles investiram em sonhos antigos. Tudo em nome de uma tal felicidade.
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ostuma-se dizer que “a vida começa aos 40 anos”, embora a ambiguidade (ou o ar vago) da frase induza à pergunta: que vida? Já que, por volta dessa faixa etária, sente-se, pela primeira vez, o medo de morrer, além de contar os louros, os fracassos e as expectativas cumpridas ao longo de todos os anos? Talvez o atrevimento na frase é auto-explicativo somente aos que já chegaram à fase: é o que os psicólogos chamam de “adolescência tardia”, um período no qual as pessoas podem se tornar mais criativas, ousadas, impulsivas ou até intolerantes, em resposta ao medo de perder para si mesmas. Ou a aflição em colher fracassos e não ter o tempo necessário para remediar a situação. Ou mesmo o saudosismo de algo que não viveu, uma simples vontade de “renascer” e obter novas experiências. Em todo caso, não há como negar que o período pode se transformar em uma fronteira importante e determinar os anos no horizonte. Sobre o tema, há uma infinidade de livros disponíveis no mercado, principalmente os de auto-ajuda, que se referem ao delicado tema como “crise da meia-idade” ou “crise dos 40”. Ou
“crise dos 50 anos”. Mas não há tanta verdade no aplicação do termo “crise” à transição. Até porque, nessa luta “tardia” pelo auto-descobrimento, alguns adultos optam em retornar aos seus anseios da juventude. Quer dizer, ao completarem as etapas comuns da vida (como constituir família, trabalhar e comprar uma casa), possuem mais tempo para refletir sobre a profissão, o convívio com a parceira(o) e suas próprias paixões pessoais. Por isso, é tão comum as reviravoltas no cotidiano: aprender a tocar um instrumento ou se dedicar à pintura. Em relação à aprendizagem, por exemplo, sabe-se que a criança, com uma maior capacidade de dividir momentos de relaxamento com concentração, aprende com mais rapidez do que o adulto, embora não com a mesma consciência empírica dos mais velhos. Talvez aí seja a vantagem de se aprender depois dos 40 anos. Como o professor norte-americano Malcolm Knowels, especialista em andragogia, afirma em The Modern Practice of Adult Education (1970), “a experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da metodologia de sua educação é a análise das experiências.” »»»
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Luiza Cavalcante
Perlin no cenário da peça “O Abraço”, de Cláudio Barradas. O costume de “observar as pessoas” revelou era um dom para as artes cênicas.
Dom adormecido Enquanto trabalhava no departamento de mídia de uma agência de propaganda em Brasília, em meados dos anos 1980, a atriz de teatro Sandra Perlin, hoje com 53 anos, já observava os movimentos e os olhares da pessoas com atenção e se perguntava por inúmeras vezes: “Por que eu sou assim?”. Na época, ela não sabia como poderia aproveitar alguns hábitos classificados (pela própria Sandra) na época como “inúteis”. Posteriormente, Perlin descobriu seu mètier: o teatro. “A verdade é que eu morria de inveja das pessoas”, explica. “Alguém dizia: ‘O que você vai querer ser quando crescer?’. E o outro respondia: ‘Médica, fotógrafa’. Ou sei lá o quê. E eu nutria esse passatempo de analisar o comportamento das pessoas... como elas mexiam as mãos e as pernas. Pensava que isso não servia para nada. Quando tudo me levava a ser uma ovelha negra social, cheguei ao teatro e percebi que talvez ali pudesse aplicar aquele conhecimento.” Mas antes de chegar ao teatro, Perlin acumulou outras funções. Aos 23 anos, ela, até então morando em Brasília, engravidou e resolveu voltar à cidade natal Belém. “Publicitários não podem ir ao divã”, brinca a atriz, referindo-se ao fato das frequentes consultas ao psicanalista no auge da estressante vida nas agências. Na capital paraense, resolveu inaugurar uma sorveteria e, dizendo ela, “se estabilizou economicamente”. Até o momento em que foi vítima de dois assaltos no negócio e resolveu desistir. “Foi uma boa ideia: vender sorvete em um local que nunca faz frio”, justifica. “No entanto, me deu um ‘tilt’, já que depois dos as-
saltos, não havia clima para trabalhar mais ali. Meus pais tinham uma madeireira, então durante um certo tempo, trabalhei com o meu irmão, em uma marcenaria. Até hoje, ainda vivo de oficinas de teatro e cachês de peças, e também de vender cadeiras para bebês, fabricadas pelo meu irmão.” Em 2003, com 47 anos, Sandra ouviu o conselho de uma amiga e frequentou uma oficina de teatro. Gostou do negócio e resolveu prestar o curso técnico de teatro pelo Instituto de Ciências e Artes da UFPA (ICA). Atualmente, ela integra a companhia atores independentes, que desenvolvem estudos sobre o teatro, seus mitos tradicionais e suas possibilidades de comunicação com outras linguagens e espaços alternativos. Entre seus trabalhos mais reconhecidos, está “O Outro e a Mulher Morta”, inspirado pelo clássico da dramaturgia grega “Medeia”, de Eurípedes. “Hoje eu me permito fazer uma coisa que é a minha cara”, afirma. “Todo mundo diz assim: o palco é um lugar perigoso. Mas para mim, o palco é o meu útero. Não há um lugar mais seguro do que o tablado. E olha que eu venho de dois trabalhos árduos com teatro de rua.” Perlin parece mesmo ter se encontrado no teatro. Fala com orgulho dos personagens vividos – de uma prostituta a um jagunço assassino –, de sua companhia e dos autores que ainda quer interpretar, além de reconhecer a própria inexperiência. “Não tenho vergonha nenhuma de admitir que, às vezes, estou no palco e percebo que estou ao lado de meus ídolos”, confessa a atriz, que não tem nenhuma vontade de retornar aos antigos ofícios. “O mais importante foi ter me encontrado e, além disso, ter a oportunidade de mudar.”
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Gilvan convive com a música desde a infância, mas só recentemente tomou coragem para investir no aprendizado do saxofone, seu instrumento predileto
Paixão revivida O documentarista Gilvan Capistrano, 41, convive com a música desde os 11 anos, quando começou a tocar flauta doce. A irmã Gilvânia o influenciou no apreço pela música brasileira dos anos 70 e as árduas aulas de prática na escola de música o levou a caçar antigos vinis de Walter Azevedo, Pixinguinha, Cartola e Lupicínio de Andrade, “a nata da boa música que agora parece tão distante”, como o próprio diretor define os artistas. Após terminar os estudos na escola técnica, Gilvan mudou radicalmente de ramo profissional. Trabalhou durante sete anos em uma agência de seguros, algo que não se sustentou durante muito tempo. “Estava infeliz”, confessa o documentarista, que logo resolveu montar uma produtora de vídeo, a Belle Epóque. A partir daí, produzindo vídeos para prefeituras do interior do Estado e documentários periódicos, Capistrano voltou a se interessar pela música, muito pela necessidade de enquadrar backgrounds adequados a seus trabalhos. “Escolhendo determinadas canções para cada documentário, tive a impressão de que poderia voltar a trabalhar com música”, afirma. “Antes de montar a produtora de vídeo, trabalhei em uma agência de propaganda. E com isso, tive que produzir jingles, acompanhar edições de vídeo e isso me aproximou muito da produção musical, e me motivou a voltar a estudar essa arte por meio do saxofone, influenciado pelo jazz. Sempre foi meu instrumento predileto.” Capistrano conheceu o jazz por meio de um casal de amigos, Paulo Thomaz e Nildes, donos de uma magnífica coleção de vinis. Nessa época, ele soube quem era Miles Davis, Dexter
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Gordon, John Coltrane e Charlie Parker. E até hoje a paixão continua. “Gosto muito de jazz e bossa nova. Escolhi o saxofone alto por causa da base semelhante à flauta doce. A embocadura é diferente, mas a estrutura e as partituras são as mesmas. O som do saxofone é encantador. Assemelha-se à voz humana”, afirma o documentarista, que resolveu aprender a tocar o instrumento há apenas seis meses. “Estou com 41 anos apenas e prefiro contar os anos para a frente, não para trás. Ao menos, se morrer daqui a 25 anos, vou dizer: ‘Foram 25 anos estudando música e curtindo o instrumento. Melhor isso do que dizer: ‘Eu poderia ter feito isso ou aquilo’.” É o mesmo raciocínio da simpática artista Maria Assmar Maia, 82, que no início da década, resolveu retomar uma velha paixão: a pintura. Viúva e mãe de quatro filhos, ela dedicou a vida inteira ao marido e à família. “Comecei a pintar na adolescência, mas tive que parar quando me casei, em 1955”, explica. “Lembro-me que, naquela época, era muito difícil conseguir um material apropriado para pintura em Belém. Meu irmão morava no Rio na época e ele enviava para mim. No início dessa década, voltei a pintar, porque acho que nunca devemos parar de exercer nossa criatividade, nossa vontade de viver.” Maria tem um traçado versátil: em sua obra, dedica-se a pinturas a óleo, pequenas esculturas, paisagens, pinturas em acrílico e colagens. Seu principal tema é descrever seu diaa-dia na Amazônia e a paisagem do caboclo, além de suas impressões sobre o mundo, dependendo do formato da obra. “Tento abrir a cabeça para novos tipos de abordagem na pintura »»»
Viúva e mãe de quatro filhos, Maria Assmar encontrou na pintura mais do que uma maneira de exercer a criatividade, mas sim a “vontade de viver”
e novas tendências. É sempre bom a gente manter a mente renovada, mesmo com 80 anos”, brinca Assmar. Sociedade de massas Certamente, a transição do joystick ao “Guitar Hero” não foi muito fácil de ser assimilada para os adultos nascidos no Ocidente, nos anos 1960. Muitos dizem que a opulenta vida na sociedade das massas e a aparente idiossincracia das classes média e alta nos EUA, Europa e América Latina levam à insatisfação com o sistema, a ansiedade e a busca incessante por emoções intensas em uma época à primeira vista não considerada para isso. Uma reportagem veiculada pelo jornal “El País”, da Espanha, divulga um exemplo disso, ao relacionar o caso de um consultor de empresa familiar do escritório que transformou sua crise profissional em grandes problemas existenciais. “Não sei o que acontece, mas perdi a ilusão e a vontade de trabalhar”, afirmou Manuel Pavón. “É como se tudo pelo que lutei nos últimos 15 anos tivesse perdido o sentido. Sinto-me decepcionado. Apesar de todos os meus esforços, me parece que nunca chega o momento em que eu possa demonstrar que sou um bom diretor”, conclui o homem frustrado.
Uma pesquisa realizada por uma equipe de economistas da universidade de Warwick, no Reino Unido, e do Dartmouth College, nos EUA, intitulada “Is Well-Being U-Shaped Over the Life Cycle”, ilustra bem o que acontece. Os responsáveis pelo projeto, Andrew Oswald e David Blanchflower, avaliaram os hábitos de cerca de duas milhões de pessoas com 44 anos, em 80 países, e ao que parece, a midlife crisis atinge o mundo inteiro. Segundo os economistas, a meia-idade, como um ponto culminativo no meio de uma jornada, é o mais incerto e intranquilo. Por isso, identificam a crise como uma curva em formato de U, afirmando que a felicidade surge no início e retorna no final da vida. “O efeito médio é muito amplo”, afirma Andrew Oswald, citado no site de informações científicas AlphaGalileo. “Acontece tanto a homens como mulheres, como ricos e pobres, sem distinção. A causa desta consistência é desconhecida.” No meio do caminho, há as pessoas intranquilas que, pela angústia ou inquietação, decidem mudar de vida, muitas vezes para melhor ou para pior. Ou seja, prestar um novo vestibular, fundar uma nova empresa, escrever um livro, abrir um restaurante, fazer um curso de pintura, aprender a tocar guitarra. Resumindo, recuperar a evolução até conquistar a utópica (ou não?) felicidade.
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Declare seu
amor por
uma grande
ideia 10 anos de Amor por grandes ideias 57
O Estado e o Todo Poderoso Essa coisa de esquerda e direita em política parece filme de faroeste, a eterna luta do mocinho contra o bandido. O mocinho, claro, é canhoto e defende as moças virgens e os indefesos contra o ataque especulativo dos bandidos. O fato é que temos de admitir que houve um trabalho de imagem muito bem feito pelos mocinhos (ah aquela foto do Che!) que colou o mito do aventureiro que defende os oprimidos. Acho que isso vem desde a época de Cristo. Enfim, imagem é tudo. Além disso, tem aquela síndrome de time pequeno, todo mundo torce pro David contra o Golias. Ih, não quero mexer em tema bíblico de novo, mas parece que o cristianismo foi o primeiro partido de esquerda. Só que estes acreditam numa solução em outro mundo, mas enquanto estamos nesse, temos que nos unir companheiros. A crença no poder do Estado muitas vezes me parece a crença no poder divino: tudo pode, tudo vê e tudo resolve. Está nas mãos Dele ou do Estado. Essa crença é infinita, sempre achamos que o governo é responsável por tudo, que cabe ao governo a solução dos problemas. Damos o tratamento ao governo como o fazemos ao Todo Poderoso, esperando dele a solução de tudo. No entanto, o governo não é uma abstração, é composto por pessoas falíveis como nós e de uma engrenagem extremamente complexa que mesmo quem está no topo do poder não consegue acioná-la a contento. Recentemente nosso presidente afirmou que se Cristo fosse governar hoje teria que fazer acordo com Judas. Também concordo, dado o nível de interes-
ses contraditórios no seio do governo e da própria sociedade. O problema é que o Estado é a mocinha do filme: bilionária, linda, gostosa, ingênua, desprotegida, uma verdadeira tentação. Como resistir? Pra mim só tem um jeito: fazer dela alguém sem maiores atrativos, que a faça não ser percebida. Ah e claro, um cinto de castidade pra qualquer eventualidade de um tarado. Precisamos tirar do Estado sua atração, torná-lo algo meio como um condomínio, onde só vai ser síndico quem tem espírito público. Isso implica retirar funções (e verbas) da influência do Estado (na realidade dos políticos que falam em nome do governo). Volta a discussão do tamanho que deve ter o Estado. Com a recente crise mundial muita gente tirou da cartola a tese de que o Estado precisa ser forte e que só ele é que pode salvar (de novo as teorias salvacionistas religiosas). O que não se fala é que toda a dinheirama espalhada para amenizar os efeitos da crise foi retirada da sociedade na forma de impostos ou dívida. Governo não fabrica dinheiro nem tem varinha de condão, apenas manuseia o que recolhe da sociedade e sua função básica deveria ser dar a melhor aplicação ao que tira da sociedade em benefício dela mesma. Imaginar que um Estado Todo Poderoso é a solução remete à perigosas idéias concentradoras e totalitárias. Se as religiões têm um ser justo que tudo vê e resolve, o Estado tem pessoas sujeitas às tentações do mundo. O resultado disso não tem sido muito interessante ao longo da História.
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Celso Eluan empresário
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galeria
Conjugar epidermes, promover encontros, afetos. Arte em estado bruto para falar de certas delicadezas do ser. Silvia Mecozzi escreve com firmeza sua pr贸pria hist贸ria.
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Eder Chiodetto
AgressĂŁo
delicadeza e
Desde a mais tenra idade a paulistana Silvia Mecozzi busca - e consegue - a transcendĂŞncia por meio da arte
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A mistura de materiais e a busca por temas que reflitam sobre a condição do homem contemporâneo fazem parte do universo da artista
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A
ponta seca agride uma superfície, cria um sulco, uma marca, uma cicatriz. No embate entre a força e o vigor do movimento e a resistência da matéria, a artista plástica paulistana Silvia Mecozzi vem realizando nos últimos 15 anos, desde sua primeira exposição, uma coleção de obras que materializam em metáforas visuais e táteis sua subjetividade, seus anseios, temores e desejos. A tinta, que irriga e transforma simbolicamente os sulcos criados no cobre, no acrílico, na madeira, é material absolutamente familiar. Silvia Mecozzi é neta e filha de pintores. Quando Vicente Mecozzi, seu pai, morreu, a artista tinha apenas oito anos. Idade suficiente para que em sua memória ficasse impregnado o cheiro, as cores, as formas e, sobretudo, a capacidade de alcançar um estado de transcendência por meio das tintas e da arte. A jovem estudante de artes soube escolher bem seus pares. Estudou com Carlos Fajardo e Sergio Fingermann. Foi assistente de Luis Paulo Baravelli. Soube também esperar que as inquietudes do espírito se apaziguassem. Sem pressa, com a serenidade que lhe é peculiar, realizou sua primeira individual em 1994, aos 38 anos. O tempo era de colheita e essa sua primeira mostra organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo recebeu o Prêmio Revelação de Pintura da Associação Paulista de Críticos de Arte. Serenidade, no entanto, está longe de significar comodismo, assim como está distante da falsa ideia de alguém que nega seus dilemas, seus demônios internos. Pelo contrário, a obra de Silvia Mecozzi, nos últimos anos, tem se pautado por uma série de auto-referências que tocam em questões bastante espinhosas e particulares de sua vida pessoal, de sua personalidade marcante. Ao buscar dentro de si, mais do que em sua biografia, tais questionamentos, sua obra teve seu repertório de significados ampliado. Seus trabalhos, alguns extremamente originais e surpreendentes pelo uso e mistura de materiais, ecoam os desvãos do homem contemporâneo e os labirintos da afetividade. Ao investigar tais meandros sua obra deixou de se reportar de forma mais direta a sua história familiar e passou a refletir, intensamente, seus questionamentos acerca da prevalência do olhar na sociedade contemporânea em detrimento de outros sentidos. Por esse veio, a artista se lançou na pesquisa por outros materiais, passando a ser a pintura apenas mais um dos elementos possíveis em sua busca expressiva. »»»
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Suas obras da série “Ouriças”, por exemplo, são campos que instigam na mesma intensidade olhos e o tato. Elas são formadas por grandes planos compostos por pedaços de fios de plástico e a matéria ganha inesperada leveza e movimento. São obras “peludas”, uma espécie de vegetação rasteira. Essas inesperadas formas escultóricas se redesenham a cada novo ângulo de visão. Pedem a contemplação contida, repelem olhares velozes, seduzem mãos, corpos. “Me incomoda muito a forma como aceleramos nossos sentidos hoje em dia. Parece que estamos perdendo o tempo da contemplação. Tudo é rápido, um clic, um botão... Esse apelo pela eficiência e velocidade tende a tirar nosso poder de observação das coisas. Gosto de pensar que algumas de minhas obras consigam impelir as pessoas a um outro tempo. Menos racional, mais sensorial. É preciso desacelerar”, diz a artista enquanto constrói um mosaico com suas gravuras no piso de seu ateliê na Vila Madalena, em São Paulo. Suas criações, que ao longo de sua carreira orbitaram em sua maioria entre as gamas de preto, branco e cinza, recentemente foram inundadas pelo vermelho. Se autoquestionando, a artista rememora um momento especialmente delicado, mas que se tornou uma espécie de turning point em seu roteiro pessoal e, ao que tudo indica, em sua criação também. Uma cirurgia bastante complexa levou-a a realizar previamente uma bateria de exames. Num dado momento seu médico, por meio de uma microcâmera, examinava seu cérebro. “Prefiro não ver”, disse Mecozzi. Mas a curiosidade foi mais forte. “Abri apenas um dos olhos, observei temerosamente a imagem. Mas, de repente, fui seduzida completamente pela beleza estética daquelas microestruturas nervosas com suas conexões em formas surpreendentes, vermelhas, intensas e delicadas ao mesmo tempo. Percebi uma nova metáfora dessas formas com o meu trabalho, com minhas incisões nos materiais, os desenhos erráticos nas chapas das gravuras. Naquele dia saí do exame leve e com a sensação de ter descoberto um novo mundo. Provavelmente isso me ajudou no tratamento e na cura”, comenta. Novos caminhos. Num canto do ateliê repousa uma chapa acrílica, com centenas de incisões provocadas pela ação da artista, que posteriormente absorveram uma tinta vermelho san- »»»
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“O apelo pela eficiência e velocidade tende a tirar nosso poder de observação das coisas”, diz Silvia, para quem “desacelerar é preciso”
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As obras de Silvia, nas quais os tons em brancos e preto sempre mereceram destaque, recentemente ganharam o vermelho como cor predominante
guíneo. De novo o aporte orgânico e a dor latente que convida ao toque, ao afeto, ao cuidado. Uma nova série de gravuras ganhou formas arredondadas, avermelhadas. Reunidas em mosaico, como a artista gosta de observá-las, remetem a um sistema planetário, mas também faz emergir uma sensualidade da forma, da cor. “Não dá para negar que passa a existir um viés mais feminino. A experiência de ser mãe, esposa, mulher, é inevitável que tudo isso vá criando novas fronteiras no trabalho”, diz. Entre o orgânico, as formas aparentemente abstratas que ganham significados mutantes, o aporte de sua subjetividade e o exercício diário da prática em seu atelier, Mecozzi segue construindo meticulosamente um mundo de sutilezas pelo qual podemos observar a vida por um ponto de vista mais onírico, menos demarcado pela racionalidade da crença da vida virtual, on-line, objetiva. Como escreveu a crítica de arte Angélica de Moraes, “Silvia Mecozzi propõe um olhar amoroso que não se encerra na posse fugaz. Busca a permanência possível dos encontros, vistos como conjugação de epidermes tentando atingir dimensões impalpáveis, amplificadoras de nosso estar no mundo”. Conjugar epidermes, promover encontros, afetos. Arte em estado bruto para falar de certas delicadezas do ser.
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Uma árvore só não faz jardim
Paisagismo Julianne Elaboração • Implantação e manutenção de projetos paisagísticos com sustentabilidade
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Um toque de sofisticação para seu ambiente. Projetos de marcenaria com design inovador e adaptados ao seu espaço.
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destino
Encravada nas pedras da montanha de Wadi Araba, Petra ĂŠ considerada desde 2007 uma das novas sete maravilhas do mundo
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Tylon Maués
Divulgação
pedra Oásis de
Com sua fascinante história e seus monumentos eternos, a Jordânia está pronta para conquistá-lo
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onsiderado o mais ocidentalizado entre os países árabes, a Jordânia é uma espécie de oásis de estabilidade no meio
do Oriente Médio. Este pequeno reino pouco maior que o estado de Santa Catarina, com pouco mais de 5,5 milhões de habitantes, tenta há tempos se desvincular da imagem de instabilidade da região para atrair mais turistas. Atrações não faltam a esse país basicamente desértico. No entanto, não há como não reconhecer que a maior atração da região é a cidade de Petra. Encravada na pedra nas montanhas de Wadi Araba, Petra é desde 2007 considerada uma das novas sete maravilhas do mundo. Embora a cidade de pedra seja inegavelmente a maior atração da Jordânia, ela não está só. Quem visitar o país terá a oportunidade de conhecer vários locais citados na Bíblia, como o Monte Nebo, onde Moisés teria avistado a Terra Prometida, e o Rio Jordão, onde Jesus Cristo teria sido batizado. Segundo estudos do começo da »»»
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Apesar de basicamente desértico (foto ao lado), o país reserva uma série de boas atrações para os turistas, principalmente as obras esculpidas em pedra
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década, Cristo teria sido batizado na margem jordaniana do rio. Da ocupação romana ficaram as ruínas de um imenso
de Madaba. Datado do século 6 a.C., o mosaico retrata toda a Terra Santa.
teatro na capital, Amã, a principal cidade do país, e Jerash, cidade dos césares e que está num impressionante estado de conservação. Para continuar na aula de história, os cava-
Um dos orgulhos de Madaba é ter uma das maiores comunidades cristãs da Jordânia, por isso se denomina “cidade da vida em harmonia”, devido à convivência harmoniosa entre
leiros cruzados deixaram o Castelo de Karak para ser apreciado até os dias de hoje.
cristãos e muçulmanos. A presença do islamismo é outro elemento religioso enriquecedor do país. A Jordânia é um
Nos arredores da capital estão os principais pontos de interesse para os peregrinos da Terra Santa. De Amã é muito fácil chegar ao Monte Nebo, ao Rio Jordão e a Madaba. É na
país onde a população é 95% composta por muçulmanos e isso coloca os visitantes em contato com valores e uma cultura muito comentada, mas pouco conhecida no Ocidente.
cidade também que estão algumas das mais belas mesquitas do país, como a Mesquita do Rei Abdullah I e a Mesquita do Rei Hussein.
Divisor dos territórios entre Jordânia e Israel, o Rio Jordão guarda pouco das características bíblicas e em alguns trechos parece mais um córrego. Nas margens do Jordão é
A região do Monte Nebo fica a pouco mais de meia hora de Amã. O local é bem conservado e abriga um pequeno museu com relíquias das escavações, mas a atração princi-
permitido colher água do rio como recordação, mas existe uma pia de pedra que contém água tratada do rio, já que o Jordão tem suas águas bastante barrentas. Jesus Cristo,
pal do lugar é o mirante com vista para Israel. A apenas 10 km do Monte Nebo está a cidade de Madaba, local visitado pelo papa Bento XVI no começo do ano. Em Madaba está a igreja ortodoxa de São Jorge, cujo piso contém um mosaico bizantino parcialmente restaurado conhecido como o Mapa
entretanto, não foi batizado exatamente no Jordão. O encontro de Cristo com São João Batista se deu em um braço do Jordão, hoje praticamente seco. Quem quiser ver além do turismo histórico ou de caráter religioso, há as praias. Duas, em especial, sobressaem pelas »»»
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peculiaridades únicas. A primeira a de Aqaba, no Mar Ver-
faz a viagem a Petra parecer uma aventura saída dos mais
melho, a segunda a do Mar Morto. Localizado a 400 metros abaixo do nível do mar e com água quase dez vezes mais salgada que a dos oceanos, no Mar Morto boiar não requer
emocionantes livros de história. Se para um brasileiro é preciso atravessar o mundo para ir a Petra, essas primeiras impressões dão a certeza de que
nenhum esforço e, dizem, as águas e a lama são ótimas para a saúde. Na verdade, o Mar Morto é um lago, o Asfaltite. Por causa da alta salinidade não possui peixes.
mais duas horas de viagem de Amã até lá fazem tudo valer a pena. Há passeios para o sítio arqueológico que saem diariamente da capital, geralmente saindo com o nascer do
Mas quando se fala em turismo na Jordânia é Petra mesmo que vem à mente. A cidade de pedra é quase mítica e permaneceu “perdida” durante mais de mil anos. Só no início do século passado é que as escavações começaram a descobrir as fachadas greco-romanas esculpidas nas encostas
sol e retornando à noite, mas há a possibilidade de se passar a noite em Petra, com o atrativo mais do que especial do passeio noturno. Para tanto os turistas precisam se hospedar nos hotéis na vila de Wadi Musa ou vale de Moisés, pequena localidade
de seus morros. Para chegar até lá é preciso passar por um canyon estreitíssimo de dois quilômetros até que se aviste a primeira famosa fachada, denominada “Tesouro”.
voltada basicamente para o turismo. O passeio começa por uma via que sai da vila e segue por cerca de dois quilômetros, passando por obeliscos até a fenda dentro do desfila-
Por mais que já se tenha visto alguma foto da fachada de Petra ou mesmo assistido ao terceiro filme do arqueólogo Indiana Jones (A última Cruzada), a primeira visão do Tesouro
deiro que dará na cidade. Em tempo, entre maio e setembro a temperatura chega a passar dos 40ºC e é bom valorizar qualquer sombra que for encontrada.
é de tirar o fôlego. As ruínas de Petra já seriam impressionantes por si só e onde quer que estivessem, mas a localização após um canyon estreitíssimo e aparentemente interminável
Na fenda do desfiladeiro, denominada Siq, pode-se encontrar um pequeno aqueduto esculpido na pedra. Ao longo dos 1,2 mil metros do caminho encontram-se as primeiras casas »»»
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de Petra, que na verdade são buracos cavados na pedra. Após a interminável caminhada abre-se Petra. Além do Tesouro, destacam-se na cidade o monastério Jabal al Deir e o Grande Templo. Para visitar esses pontos é preciso subir muitos degraus, mas quem quiser um pouco mais de conforto pode alugar um burro junto a um dos beduínos. Estes, por sinal, estão por toda parte. São os únicos com autorização para comercializar produtos no local. DICA Experimentar a comida árabe é uma obrigação, e se conseguir fugir dos restaurantes voltados apenas para turistas o preço fica bem mais razoável. Porém, é bom lembrar que por ser quase que todo território muçulmano o consumo de bebida alcoólica é pequeno, por isso as bebidas são sobretaxadas. Uma cerveja pode sair por até US$ 10 dólares.
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A partir da capital, Amã, pode-se chegar facilmente a vários destinos que fizeram parte inclusive de passagens biblícas
Onde fica A Jordânia é situada no Oriente Médio, limitada ao norte pela Síria, a leste pelo Iraque, a leste e sul pela Arábia Saudita e a oeste pelo Golfo de Aqaba (Fronteira marítima com o Egito), por Israel e pelo território palestino da Cisjordânia.
Transporte Aeroportos 17 Linhas de ferro 505 Km Estradas Total: 7.500 Km Portos e terminais Al’ Aqaba
Comunicação Código de país 962 Código de país na Internet .joe
Cidades mais populosas Petra, Aqaba, Sweimeh, al-Karak, Amman, Madaba, Wadi as-Sir, Waqqas,
Tempo de viagem Para chegar à Jordânia em geral se gasta entre 10 e 12 horas de voo até algum país da Europa, e entre 4 e 5 horas até chegar ao destino final.
O que levar na mala É bom lembrar que a Jordânia é um país de maioria muçulmana, então roupas decotadas, curtas e afins não devem ser usadas em qualquer lugar. Quase todas as mulheres usam roupas que cobrem o corpo e lenços que escondem os cabelos. Melhor levar roupas confortáveis e discretas. Protetor solar, hidratante e manteiga de cacau devem também estar na mala.
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vinhos Duval Leroy Fleur de Champagne Vintage 1996 País: França Região: Champagne Como estamos nos aproximando das festividades de final de ano, não poderia deixar de indicar um Champagne. Criada em 1859 da junção de duas famílias da região de champagne, DUVAL-LEROY está entre os 10 melhores produtores da França. No seu rótulo, DuvalLeroy Vintage 1996, temos um vinho feito 100% de Chardonnay, com coloração dourada e reflexos verdes, bastante mineral na boca e com aromas de frutas secas, baunilha e amêndoas. Para momentos únicos. Rodrigo Aguilera empresário
Preço: R$305,00
Domaine Weinbach Riesling Reserve 2007 País: França Região: Alsácia Tradicional produtor da Alsácia, o Domaine Weinbach produz vinhos brancos de qualidade excepcional. Herdeira do Domaine, Laurence é considerada uma das melhores vinificadoras do mundo. Aqui apresento o seu Riesling Reserve 2007, um vinho branco feito com a cepa Riesling, bastante aromático, com uma fina e delicada fruta e uma boa acidez e persistência, na medida para dar água na boca. Para aqueles que querem tomar um grande vinho branco. Preço: R$138,00
Clos de los Siete 2006 País: Argentina Região: Valle de Uco - Mendoza Projeto do enólogo e consultor francês Michel Rolland no Valle de Uco, em Mendoza, que prevê o lançamento de sete vinícolas em uma área de 800 hectares. A proposta é que cada vinícola produza um vinho distinto, porém uvas de cada propriedade são utilizadas em um corte comum a todos chamado Clos de Los Siete. Um blend de Malbec, Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon, bastante estruturado e com potencial de guarda. Vermelho intenso com aromas de frutas vermelhas e final persistente. R$103,00
Cobos Felino Malbec 2007 País: Argentina Região: Luján de Cuyo - Mendoza Para aqueles que gostam de seguir notas, a viña Cobos é a vinícola que possui o vinho mais premiado por Robert Paker na América do Sul. O Cobos Felino Malbec 2007 é um exemplo do que esta emblemática cepa pode alcançar na Argentina. Um vinho com notas de pimenta e licor de cerejas, corpulento e de taninos marcantes, para ser bebido agora. Par perfeito para qualquer corte de carne dos hermanos argentinos. R$70,00
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Livros
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Alvaro Jinkings Jornalista
CORONEL SANGRADO - Inglês de Souza A Editora Amazônia começa a resgatar grandes obras de autores paraenses. Iniciar com “Coronel sangrado”, de Inglês de Souza, é no mínimo um reconhecimento ao grande escritor paraense, nascido em Óbidos(1853). E o livro trata da Óbidos de 1870. Esta bela e histórica cidade paraense é o cenário deste romance, que foi publicado pela 1ª vez em 1877, em Santos-SP. Então com este resgate a Editora Amazônia nos proporciona uma agradável caminhada pelos costumes e pela vida política de Óbidos do século XIX e a incrível semelhança com qualquer cidade brasileira do século XXI. As paisagens da cidade de Óbidos se misturam, é como se parassem no tempo tornando a época imperial muito próxima da tranquilidade de hoje, mesmo com a globalização e a internet. É por meio do boticário Anselmo e sua mania de maldizer que vamos conhecer o Coronel Sangrado, Miguel, Rita, Capitão Martins e principalmente o talento de Inglês de Souza. “Coronel Sangrado” é um tesouro literário resgatado em bela edição que reafirmo, valoriza muito esta importante obra brasileira e paraense.
*da redação
Leite derramado (2009) – Chico Buarque
O menino do pijama listrado (2007) – John Boyne
Ensaio sobre a cegueira (1995) – José Saramago
O que a Google faria? (2010) - Jeff Jarvis
Em seu mais novo romance, “Leite Derramado (Companhia das Letras), Chico Buarque assume características machadianas para dar vida à saga de uma família outrora de posses e tradicional na sociedade carioca. A história é contada em primeira pessoa por Eulálio d’Assumpção, um senhor de 100 anos que agoniza em uma cama de hospital. Enquanto espera a chegada da morte, o idoso narra à sua filha e às enfermeiras a trajetória decadente de sua família. De um pai influente como senador na República Velha a um tataraneto traficante de drogas, Eulálio conta sua história tendo como pano de fundo as mudanças sócio-culturais ocorridas no Brasil no último século. Mas as desgraças familiares perdem importância para a figura de Matilde, sua exesposa e grande amor que, depois de abandoná-lo, passa a assombrar suas memórias.
Este não é um livro sobre guerras, apesar de muitas vezes ser considerado como tal. “O menino do pijama listrado” (Companhia das Letras) é, na verdade, um livro sobre a inocência infantil face aos horrores da guerra. Esta história ganha vida na figura de duas crianças que se conhecem e passam a manter uma amizade proibida. O primeiro é Bruno, um menino alemão de nove anos que vive nas redondezas do campo de concentração de Auschwitz, onde seu pai trabalha. Já Shumel é um garotinho judeu que vive a degradação atrás da cerca. A amizade dos dois se fortalece na mesma medida em que Bruno passa a compreender o que está acontecendo com o mundo naquele momento. Com um final surpreendente e emocionante, o livro alcançou, merecidamente, o posto de best-seller mundial.
Alguma vez você já se perguntou o que aconteceria se ficássemos todos cegos? Pois foi esta pergunta que José Saramago se fez para escrever o livro “Ensaio sobre a cegueira” (Companhia das Letras), uma resposta perfeita para um questionamento aparentemente simples. O livro conta a história de um mundo onde todos foram afetados de forma súbita por uma espécie de cegueira branca. A doença, pouco a pouco, vai acabando com o senso de civilidade e acaba por transformar a todos em animais irracionais. Não por acaso a adaptação do livro para o cinema foi um sucesso. A escrita brilhante de Saramago nos permite visualizar mentalmente cada uma das mais absurdas situações descritas. Acima de tudo, o livro é uma profunda reflexão sobre o comportamento humano quando a lei que vale é a da própria sobrevivência.
O que aconteceria se o mundo inteiro pensasse e agisse como a Google? É esta pergunta que o jornalista e blogueiro Jeff Jarvis tenta responder no livro “O que a Google faria?”, lançado recentemente no Brasil pela editora Manole. O autor destaca os pontos positivos da empresa e imagina um mundo em que todos tomassem atitudes como as dela. Jarvis enfatiza pontos como simplicidade, gratuidade e foco no usuário como as características que garantem o sucesso da Google e as aplica em outros ramos de mercado, o que acaba por gerar situações engraçadas e altamente improváveis. Por sua criatividade, o livro consegue apresentar soluções interessantes para antigos problemas e possibilita ao leitor ver o mundo de outra forma. Leve e envolvente, as 249 páginas do livro podem ser lidas em pouco mais de uma semana.
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Música Marcelo Viegas Músico
Coisas de Mestre Moacir Santos é, com toda a justiça, um capítulo à parte na história da música brasileira. Maestro, arranjador, compositor, instrumentista, foi responsável por uma moderna e pessoal maneira de compor. Uma música rica em harmonia, melodias encantadoras, sempre com um pé no jazz e outro em vários ritmos brasileiros. Nascido em São José do Belmonte, Pernambuco, em 1926, Santos percorreu um longo caminho Brasil afora integrando o naipe de metais (como tenorista e clarinetista) de vários conjuntos de música brasileira e por várias jazz bands de rádios, atrás de sua formação musical. Começou a compor sem o conhecimento das regras de arranjo até ser iniciado em teoria musical pelo fantástico compositor e instrumentador César Guerra Peixe. Depois foi estudar com o musicólogo alemão Hans Joachim Koellreutter, de quem se tornou assistente por alguns anos. Graças a sua grande facilidade para o entendimento da orquestracão, torna-se maestro e arranjador da Rádio Nacional. Na década de 1960, vira professor e passa a compor trilhas sonoras para diversos filmes brasileiros – entre eles: “Ganga Zumba, de Cacá Diegues”; “Os Fuzis”, de Ruy Guerra; “Love in the Pacific”, “Seara Vermelha” de
Rui Aversa; “O Santo Médico” de Sacha Gordine. Em 1965, grava sua primeira obra-prima, o álbum “Coisas” (resenhado abaixo) pelo extinto selo Forma. Apesar de ter sido muito apreciado por músicos à época, o álbum não despertou grande interesse e nem recebeu a merecida atenção nas rádios e na crítica brasileira . Dois anos depois Moacir decide viver nos Estados Unidos, onde ficou dando aulas até ser descoberto pelo pianista de jazz Horace Silver e assinar com a então famosa e brilhante Blue Note. Com um estilo de composição e instrumentação voltada para big bands, o maestro lembra muito outro grande gigante da música universal: Duke Ellington. Moacir Santos se torna único por ter conseguido mesclar a vasta linguagem brasileira (samba, bossa nova, xaxado, maracatu, coco) com a sofisticada, livre e improvisada estética jazzística. Recomendo a todos a busca pela obra desse grande mestre da música brasileira . Tão grande que foi merecedor das belas palavras proferidas por Vinícius de Moraes, na música “Samba da Bêncão”. “A bênção, maestro Moacir Santos/Que não és um só, és tantos/ como o meu Brasil de todos os santos.(...)”
Coisas (1965)
The Maestro (1972)
Saudade (1974)
Carnival of Spirits (1975)
Uma verdadeira obra-prima da música instrumental brasileira, fortemente ligada aos ritmos do nosso país e à linguagem do jazz. Lançado em 1965 pelo selo Forma, e relançado em 2004 pela Universal, o primeiro grande disco e a primeira prova da genialidade de Moacir Santos. Com todas as faixas recebendo o nome “coisa” mais uma numeração aleatória, o álbum nos dá uma maravilhosa noção da criatividade e originalidade do maestro. “Coisa, nº 4”, “Coisa, nº 10”, “Coisa, nº 5” são alguns dos destaques do álbum, todo ele de uma regularidade e brilhantismo impressionante, não pecando em nenhum aspecto, soando bem leve e inebriante, apesar da numerosa instrumentação e da complexidade dos arranjos. E era só a estreia.
Lançado sete anos após “Coisas”, esse estupendo álbum marca a estreia de Moacir Santos na Blue Note. Gravado no A&M studios, em Los Angeles, com os extraordinários músicos de sessão da gravadora, “The Maestro” mostra um som - ainda que composto por uma vasta instrumentação - muito mais orgânico que “Coisas”. Algo até natural devido à guinada e orientacão que sofria o jazz no início da década dos 70. Moacir Santos escolheu “Nanã” para a faixa de abertura, e encarregou-se de fazer um pequeno monólogo no começo da canção, apresentando sua composição e a si mesmo. “Coisas” encarregouse de mostrar a belíssima música de Moacir Santos ao Brasil. “The Maestro” , à época, encarregouse de mostrar a belíssima música do “Maestro” para o mundo.
Continuando a bela e reconhecida trajetória do disco anterior, “Saudade” é o disco do maestro que apresenta o maior número de faixas vocais. Tanto esforço para compor as vozes não prejudicou em nada o trabalho da orquestra. O enfoque nos sopros e nas harmonias leves e trabalhadas ainda tem leveza e inspiração suficiente para encantar os ouvintes. Na mesma linha de “The Maestro”, “Saudade” também foi gravado com um time de grandes músicos de sessão – Lee Ritenour, na guitarra e Mark Levine, no piano, são alguns deles- e apesar de não ter recebido tamanha notoriedade como o o disco anterior, serviu para consolidar o nome de Moacir Santos e preparar caminho para mais dois discos futuros no catálogo da Blue Note.
A cadência bem brasileira de “Quiet Carnival”, cheia de vozes ao fundo e com um vocal muito belo de Shiela Wilkinson, abre o quarto disco de Moacir Santos. Apostando na mesma dinâmica dos outros dois lançamentos pela Blue Note, “Carnival of Spirits” chega a ser superior pela qualidade e dinâmica do disco. Impossível não se deliciar com a levada de “Jequié” e “Sampaguita”; o maravilhoso groove de “Kamba”; a belíssima releitura de “Coisa, nº2”, muito mais livre e improvisada que a versão contida em “Coisas”. Embora o jazz seja a tendência predominante, o som da orquestra passeia cada vez mais livre por uma vasta gama de estilos – música afro-brasileira, funk, samba. Todos eles com um toque inconfundível e sofisticado. Obra-prima.
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Woody Faço parte de uma geração privilegiada ao menos numa coisa: os filmes a que assistíamos na TV, nas sessões da tarde da vida, eram bem melhores. Não é pouca coisa. Enquanto hoje os garotos têm de se virar com aventuras de outros garotos ou de bichinhos fofos, invariavelmente “aprontando todas numa aventura comovente”, nós conhecíamos os cachorros grandes do cinema. Lembro-me de ver à tarde, por exemplo, O dia em que a Terra parou, o perturbador clássico preto e branco de 1951. Agora, nem a recente bobagem homônima, com Keanu Reeves, pegaria a sessão da tarde, no máximo uma tela quente. Além de bons filmes avulsos, frequentemente eram exibidos verdadeiros ciclos ou de comédias, como as dos Três Patetas, do Oscarito ou do Jerry Lewis, um gênio que só será reconhecido quando morrer, ou de melodramas açucarados de Elvis Presley. Conheci até Woody Allen numa sessão vespertina, graças a Um assaltante bem trapalhão. Aquele no qual seu personagem chega no guichê do banco, entrega o bilhete e o caixa não consegue entender as letras que deveriam anunciar o assalto. Ficam ele, colegas e clientes discutindo o que está escrito no papel. Não dá para imaginar tamanho nonsense hoje. Desde então, e já se vão uns quarenta anos, tem sido um prazer acompanhar os lançamentos deste atormentado judeu do Brooklyn nova-iorquino. São, em média, dois por ano. E mesmo seus trabalhos menores parecem maiores perto de grande parte da concorrência. Não gostei particularmente, por exemplo, do recente Vicky Cristina Barcelona, mas acredito que ele tem lá os seus achados. Além do mais, é lindo de se ver, e não apenas pelas presenças da morena Penélope Cruz e da loura Scarlett Johansson. No livro Shakespeare – A invenção do humano, o crítico literário americano Harold Bloom defendeu uma tese tão polêmica quanto sedutora. Segundo ele, o bardo de Stratford-upon-Avon sem saber ensinou o homem ocidental a sentir, por intermédio de suas peças de teatro. Forneceu-nos o arquétipo da vingança em Hamlet, o do ciúme em Otelo, e assim vai. Claro que isso faz pouco caso de uma multidão de outros criadores, entre eles Flaubert, autor de um romance chamado A educação sentimental, mas estabelece um marco zero. Seja como for, creio que Woody Allen disponibilizou uma atualização desse “tutorial Shakespeare”. Certo, se o inglês nos ensinou a sentir, o americano adaptou nossos sentimentos à era da neurose urbana, da psicanálise, do pós-Holocausto. Lembre-se de Alvy (Allen) saindo atônito pelas ruas de Nova York, em Noivo neurótico, noiva nervosa, perguntando aos passantes e até ao cavalo da polícia se é verdade que o amor acaba. Depois de uns dois séculos de Roman-
Arthur Dapieve jornalista
tismo, a cena dói enquanto faz rir. Essa, aliás, a marca registrada do diretor e roteirista. Algo como “só dói quando eu rio”. Ao mesmo tempo, Allen sempre foi um corpo estranho no cinema americano. Com duplo sentido. Não apenas pelo universo extremamente pessoal, mas ainda pelos estreitos laços com o cinema produzido do outro lado do Atlântico Norte, em especial na obsessão por Bergman. De certa forma, Allen já fazia cinema europeu antes de filmar em Londres ou em Barcelona. Tanto que os dois cineastas mais próximos a ele – senão em forma, em espírito – são do Velho Continente: o espanhol Pedro Almodóvar e o italiano Nanni Moretti. Em ambos, dá para identificar o humor e a dor no mesmíssimo fotograma. (Não à toa, em Dirigindo no escuro, o filme que o personagem de Allen dirige enquanto está cego no final é aclamado na França. Era uma piada judaica privada, autodepreciativa. Era Allen cuspindo no prato de queijos em que sempre comeu melhor do que nos EUA. A autodestrutividade também é um tema recorrente em sua obra.) Semanas atrás, participei de um debate sobre Allen no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Na plateia, estavam dezenas de espectadores atentos. Todos woodymaníacos, como os debatedores. O papo fazia parte da mais extensa mostra de filmes do diretor já realizada no país, batizada A elegância de Woody Allen. A certa altura do debate, alguém, acho que o cineasta gaúcho Gustavo Spolidoro, fez uma observação particularmente interessante: os filmes dele cabem muito bem na televisão. Ao ouvinte ou leitor desatento, isso poderia soar como condenação, pensei. Nessa condenação, Allen caberia muito bem na televisão por uma de duas coisas (ou pelas duas): seus filmes se adequariam à xaropada reinante nesse meio de comunicação e/ou seus filmes seriam feitos, tecnicamente falando, já tendo a exibição na TV em mente. Porém, nada seria mais falso, e não foi isso que se quis dizer. No entanto, este é um fato: A rosa púrpura do Cairo ou Todos dizem eu te amo nada perdem ao encolher para a tela quente, quase parecem preferi-la. Experimente fazer o mesmo com Steven Spielberg. Atinei, então, que isso acontece porque Allen filma pessoas com a peculiar mistura de candura e sarcasmo que o caracteriza e para filmar pessoas é preciso chegar perto delas, embora, no seu caso, raramente com um invasivo close-up. Os famosos grandes planos de Manhattan – e, nos últimos anos, de pontos turísticos de Londres e de Barcelona – servem apenas para os personagens e os espectadores respirarem. Afinal, o que interessa a Allen é a Humanidade, em carne, osso e neurose, a Humanidade com todas suas glórias e misérias, com todos seus pequenos dramas e micos, a Humanidade tipo assim... hã... Woody Allen.
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especial
A Catedral da Sé, em Belém, é um exemplo de como um bom trabalho de restauração é capaz de revigorar obras e conceder-lhes novo brilho
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Leonardo Aquino
Luiza Cavalcante
Senhores do
eterno
Misto de artistas, historiadores e operários, restauradores ajudam, com seu trabalho, a eternizar monumentos e manter a História viva
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uando um pintor termina uma tela, ele a admira com um encanto que ninguém mais vai sentir. O tempo vai tirar o frescor das pinceladas, diminuir a intensidade das cores e pode até colocar a estrutura física da pintura em risco. Eternizar esse instante pode até ser impossível, mas existem pessoas que trabalham minuciosamente para prolongar a vida das obras de arte. São os restauradores, que têm um pouco de artistas, de historiadores e até de operários. Elas mergulham em longas pesquisas para descobrir as técnicas e cores utilizadas centenas de anos atrás. Procuram estudar o contexto histórico em que a peça foi criada para poder entender estilos e referências. E se debruçam sobre o objeto de trabalho horas e horas por dia, às vezes ao longo de meses e meses, para devolver a ela o máximo possível de sua »»»
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Nos detalhes, o cuidado para preservar os aspectos originais das obras nas quais os profissionais efetuam seu trabalho
juventude. E quando o resultado é positivo, não importa se a obra tem 10 ou mais de 500 anos: ele vai saltar aos olhos. Em 1999, a Capela Sistina, no Vaticano, foi reaberta depois de uma restauração que durou 20 anos. As pinturas de Michelangelo, Botticelli, Rosselli e outros artistas dos séculos 15 e 16 praticamente renasceram. As palavras do então Presidente do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, cardeal Edmund Szoka, não deixam mentir: “Essas restaurações nos permitem contemplar as pinturas como se estivéssemos presentes ao momento em que elas foram exibidas pela primeira vez”. A restauração é um trabalho multidisciplinar. Os profissionais desta área podem ter diversas formações: artes plásticas, história, museologia ou até mesmo química, já conhecer as propriedades de tintas, solventes e outros materiais é fundamental. Para entender melhor a missão dos restauradores, é preciso fugir de comparações óbvias com uma cirurgia plástica ou com a reforma de uma casa. Nesses dois exemplos, a finalidade é basicamente a mesma: transformar. Afinal de contas, ninguém encara o bisturi para ficar com o mesmo nariz ou promove um quebra-quebra na cozinha para deixá-la exatamente como era antes. Diferente disso, a restauração artística busca ao máximo preservar os aspectos originais da obra de arte. O respeito ao significado estético e histórico das peças é uma espécie de juramento previsto no código de ética da profissão, elaborado pela Associação Brasileira de Encadernação e Restauro. As diferenças não ficam apenas no conceito, mas também na prática. “O restauro tem critérios e normas particulares, além de produtos exclusivos para esta finalidade. A tinta que usa-
mos em uma restauração, por exemplo, não é a mesma de uma reforma”, explica Renata Maués, diretora do Sistema Integrado de Museus do Pará, o SIM. O SIM, aliás, é referência no cuidado de acervos museológicos públicos no Pará. A coordenadoria de preservação, conservação e restauro tem apenas cinco pessoas, mas faz contratações temporárias dependendo da demanda. Recentemente, a equipe concluiu a restauração de uma escultura em madeira de São Benedito pertencente a uma igreja de Bragança, no nordeste do Pará. A peça do século 18 tem 80 centímetros de altura e estava com a pintura bastante danificada. Os restauradores do SIM fizeram um estudo de prospecção, que é a verificação de cada uma das camadas de pintura da imagem. Foram identificadas cinco repinturas na peça principal e seis na imagem do menino Jesus que São Benedito carrega. As cores originais foram as escolhidas para o trabalho que levou seis meses para ser concluído. “Nem sempre se opta pela última camada. Mas no caso do São Benedito, fizemos essa escolha porque as pinturas mais recentes não tinham valor histórico”, explica Renata Maués. Agora, a escultura do padroeiro de Bragança está pronta para a Marujada, principal festa religiosa do município, que acontece no final de dezembro. Uma obra que chegou recentemente às mãos dos restauradores do SIM foi a pintura “Cólera Morbus”, de Pedro Constantino Chaves da Mota. É uma obra do final do século 19 que pertence ao Museu Histórico de Cametá. A equipe certamente terá um longo trabalho pela frente, já que a peça está cheia de rasgos e com o verniz oxidado, o que deixa as cores bem mais escuras que o original.
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Tempo e pesquisa são fundamentais para que nenhum detalhe escape durante a realização das restaurações
“Vamos precisar fazer intervenções muito delicadas, como enxertos com tecido similar, costuras e a remoção do verniz. A estimativa é que a gente leve um ano para concluir a restauração”, explica Renata Maués. No processo de restauração artística, demora não é capricho. É necessidade. E quanto pior o estado de conservação da obra, maior o tempo de trabalho. A Catedral Metropolitana de Belém passou quase cinco anos fechada enquanto era totalmente restaurada. Pinturas, paredes, forro... Tudo estava muito comprometido, já que não passavam por uma grande restauração desde o final do século 19. “Algumas pinturas se desfaziam quando tocadas. Além disso, o telhado estava muito danificado por goteiras e infiltrações”, lembra o engenheiro Luís Carlos Moreira, responsável pela restauração da Sé. Mais de 100 pessoas trabalharam na obra, todas paraenses. Mas para recrutar todos esses trabalhadores, foi preciso promover oficinas de qualificação. “Não é fácil encontrar gente especializada. O operário pode até ser um bom carpinteiro para fazer forro, mas numa obra de restauração o trabalho é bem diferente”, explica o engenheiro Moreira. A restauração, concluída em setembro deste ano, custou cerca de 13 milhões de reais. E a mão-de-obra não é o único fator que encarece este valor. “Existe também a condicionante do estado de conservação: quanto pior, mais cara a obra. Além disso, uma restauração não tem uma produtividade padronizada. Não dá para estabelecer que se restaure um determinado número de peças por dia. Há apenas um resultado que interessa, e a boa restauração vai demorar o tempo que for preciso para atingi-lo”, diz Moreira. »»»
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A Leal Moreira tem investido na conservação de prédios históricos da capital paraense
No Torre de Toledo, empreendimento da Leal Moreira, o casarão funcionará como espaço cultural
A conservação do patrimônio histórico no Pará não tem sido missão exclusiva do poder público, mas também virou alvo de ações da iniciativa privada. É o que a Leal Moreira faz no edifício Torre de Toledo, no bairro do Umarizal, em Belém. O terreno onde o prédio é construído engloba um casarão neoclássico do início do século 20. O imóvel estava num estado de conservação muito ruim, com muitas rachaduras, telhado comprometido e risco de desabamento. Em abril deste ano, começou o trabalho de restauração. Uma equipe de 13 pessoas trabalhou para resgatar os aspectos originais, como a cor azul mediterrânea, os vasos coloniais na fachada e as colunas romanas. Depois de sete meses, a obra ficou pronta e o casarão vai funcionar como um espaço cultural no empreendimento Leal Moreira. Jaques Santos foi o restaurador responsável. A empresa dele trabalha há 36 anos no ramo e participou de algumas restaurações importantes em Belém, como a do Theatro da Paz e a do Palácio Antônio Lemos. Mesmo assim, cada novo trabalho é mais um motivo de satisfação. “Fico alegre por colaborar com a conservação do patrimônio histórico. E acho que apesar de haver muita gente trabalhando há muito tempo com isso, só agora estão começando a ter a consciência de preservar”, diz Jaques.
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gourmet
Codorna ao alecrim: uma delicia para os olhos e para o paladar
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Tylon Maués
O autenticidade tempero: Enzo Luzi, da Cantina Italiana, ensina como é possível ser, ao mesmo tempo, inovador e apegado às tradições culinárias da Bota
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á 25 anos em Belém, o restaurante Cantina Italiana meio que se tornou sinônimo de comida da Bota na capital paraense. Primeiramente no Comércio e, depois, na Travessa Benjamin Constant, seu atual endereço, o restaurante sempre tentou primar pela autenticidade, tanto que somente há dois anos a casa começou a vender cerveja. Fundada por Cláudio Luzi, 55 anos, italiano de Bolonha, que descobriu no Brasil a profissão de chef de cozinha, a Cantina passou a ser referência quanto à comida italiana de boa qualidade. Hoje, ele divide a chefia da cozinha com o filho Enzo, 22, formado em gastronomia na Alma Scuola di Cucina, faculdade de Parma e uma das mais conceituadas da Itália. “Ele é mais organizado, tem mais técnica. Mas continuo aqui na cozinha também”, explica Cláudio, referindo-se ao filho. Enzo garante que mesmo tendo estudado no Velho Mundo, nunca pensou duas vezes para voltar a Belém. “A ideia sempre foi a de voltar para dar continuidade à tradição da Cantina Italiana”. O sotaque ainda carregado de Cláudio é apenas um indicador de que ali só entra comida típica italiana. As paredes são forradas com enfeites que lembram o país europeu. O futebol é uma constante com camisas da Vecchia Signora e da Squadra Azzurra alternando-se entre si. Outra paixão italiana que Cláudio escancara é pelos carros de corrida vermelhos da Ferrari. “Poderia ser diferente?”, pergunta ele
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com bom humor. O respeito pelos pratos típicos faz com que Cláudio busque ingredientes importados, que se encaixem ao máximo com a originalidade dos pratos. “Não dá para importar todos os peixes, mexilhões ou camarões. Mas prefiro trabalhar com produtos do mar, mesmo os paraenses gostando mais dos peixes de água doce. Há um problema aqui que é o condicionamento dos frutos do mar. Eu não tenho um vendedor de confiança, por isso acabo comprando de empresas locais que exportam o pescado”. Esse cuidado com os ingredientes e com o cardápio faz, inclusive, que a Cantina não se renda a modismos e experimentações tão comuns na culinária. A pizza sabor paraense ou de jambu, fartamente encontrada na maioria das demais casas especializadas em cozinha italiana, por exemplo, não dá as caras na Cantina. “Nem passa pela minha cabeça fazer pizza com jambu. Aqui é comida italiana tradicional, o que realmente incomoda muita gente”. Resistir a esses pedidos, conta Cláudio, até que foi fácil. Difícil, no começo de funcionamento do restaurante, foi convencer os fregueses que alguns dos gostos fortes da culinária italiana deveriam ser degustadas como mandam as receitas originais. “No começo estranharam muito. Lembro que muita gente achava que o Gorgonzola estava estragado ou que o carpaccio era uma carne muito mal passada”.
Luiza Cavalcante
Entrada
Tartar de búfalo, com creme de grana padano e salada de salsão crocante Ingredientes para 4 pessoas • • • • • •
80g Carne picada 1 c.s Azeite aromatizado ao alho 2 c.c Senape Sal e pimenta a gosto Procedimento: Temperar a carne com todos os ingredientes.
Creme de grana padano • • • •
300g Leite 500g Grana padano ralado 30g Manteiga Sal e pimenta a gosto
Preparo • Derreter o grana padano com o leite e a manteiga a fogo bran do, temperar com sal e pimenta. • Composiçao do prato: Espalhar no centro do prato o creme de grana padano,posicionar sobre a tartar,decorar com salsão e azeite .
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Prato principal
Risotto de geleia de cebola roxa com codorna ao alecrim Ingrediente para 4 pessoas • 100g geleia de cebola roxa batida • 200g arroz arborio • 30g de cebola picada • Caldo de galinha • 100ml de vinho branco • 100g de manteiga • 50g de parmesão ralado • 4un de codorna dividida em coxa e peito • 100ml de vinho branco • Alecrim • 50g de manteiga
Preparo Em uma panela refogue a cebola com um pouco de manteiga. Acrescente o arroz e continue a refogar, quando o arroz estiver aquecido coloque o vinho branco e deixe evaporar, sal e pimenta a gosto. Continue o cozimento do arroz com o caldo de galinha, ao final do cozimento acrescente a geleia de cebola, manteiga e queijo parmesão ralado, deixando bem cremoso. Temperar as codornas com sal e pimenta. Aquecer em uma panela a manteiga com um pouco de alecrim. Acrescentar as codornas deixando dourá-las em fogo brando. Acrescentar 100 ml de vinho, deixe evaporar e continue o cozimento com o caldo de galinha. Servir o risotto bem quente no prato as codornas ao centro e decorar com alecrim
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decor
Os designers hoje tĂŞm muito mais liberdade para trabalhar em ambientes com a cara do proprietĂĄrio
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Redação
Hugo Marques
Liberdade para ousar Foi-se o tempo em que existiam regras para o uso de cores na decoração de ambientes. Portanto: fique à vontade.
ão é novidade para ninguém a história de que as cores podem exercer influência significativa sobre os nossos comportamentos e que, por isto, é preciso dedicar es-
N
A arquiteta explica ainda que, nos dias atuais, os projetos de decoração interior estão superdemocráticos e que as antigas convenções que excluíam as cores fortes de determinados es-
pecial atenção na hora de usá-las. Embora os estudos científicos provem que as cores podem, realmente, influenciar nossas atitudes, o uso delas nas mais diferentes atividades está, hoje,
paços ficaram para trás. O mais importante é que a casa tenha a cara do morador, que transmita, realmente, a sua personalidade. “É claro que é preciso ter bom senso sempre. Por exemplo,
bem mais diversificado e livre dos antigos padrões. Não é só a moda atual que vem ousando com o uso e a mistura das mais diversas tonalidades - a arquitetura moderna se vale desta
mesmo que um cliente me diga que ama o vermelho e quer pintar o quarto inteiro desta cor, eu vou ter que orientá-lo de que esta tonalidade pode atrapalhar seus momentos de descanso, o
liberdade para criar ambientes estilosos e com a cara do proprietário. Até bem pouco tempo, os antigos conceitos de design de interiores determinavam cores específicas para cada ambiente. Por exemplo, o quarto das meninas deveria ser pintado em tons
que não significa, no entanto, que ela não possa estar presente naquele local.” A tendência hoje, segundo Heluza, são os ambientes neutros que podem receber, em seus detalhes, toques de qualquer tonalidade. No caso de um quarto, por exemplo, as cores fortes
de rosa. Já os meninos podiam escolher entre o verde e o azul, sendo esta a cor mais indicada para os cômodos de descanso, pois sempre esteve ligada à harmonia e à paz espiritual. É claro
podem adornar as cortinas e os acessórios. Já os ambientes brancos permitem uma ousadia ainda maior, como uma cor diferente para cada móvel. É interessante também a facilidade
que, hoje, os projetos de decoração estão muito mais ousados e permitem uma variação de estilos maior, mas a escolha das cores permanece como um dos pontos cruciais.
com que os ambientes neutros são reformados. Não é necessário pintar paredes ou trocar o piso - mudando apenas os móveis o espaço ganha uma cara totalmente nova.
Atualmente, além do que os estudos físicos das cores demonstram, os arquitetos estão procurando valorizar as preferências do cliente, da pessoa que vai viver e usufruir do ambiente,
Por mais ousados que estejam os projetos atuais de decoração de interiores, ainda é preciso tomar cuidado com a utilização das cores. É preciso sempre enfatizar que a liberdade para
como explica a arquiteta Heluza Sato. “Não adianta colocarmos os estudos óticos acima de todas as coisas. Às vezes, a cor
usar as mais diversas tonalidades não significa que se pode pintar a casa de qualquer jeito, sem critério nenhum. O mais indica-
ideal para um determinado espaço é uma que o cliente odeia. O arquiteto precisa saber ouvir o cliente para conseguir conciliar seus gostos com a técnica profissional”, afirma.
do, principalmente quando se deseja uma decoração ousada e moderna, é procurar um profissional da área, que é quem pode fazer da idealização uma realidade harmônica e agradável.
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Comodidade Com o GPS TOMTOM XL Brasil você nunca mais vai se perder. Considerado um dos mais modernos do mercado, o aparelho oferece tecnologia map share, aponta pontos de interesse, como restaurantes e teatros, sugere pausas na direção e ainda avisa quando o condutor ultrapassa o limite permitido de velocidade. Além de tudo isso, já vem com mapas pré-instalados da região de quem vai utilizá-lo. www.intersol.com.br
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Os preços e disponibilidade dos produtos são de responsabilidade dos anunciantes
tech
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novidade
Inaugurado no mês de novembro, o Shopping Boulevard é a mais nova opção de consumo e lazer da capital paraense
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Leandro Lage
Luiza Cavalcante
Imponência e
sofisticação Shopping Boulevard: 35 mil metros quadrados de consumo e lazer
Para os sociólogos, são templos de culto à mercadoria. Para os empreendedores, são robustos equipamentos de varejo. Para nós, clientes, são apenas espaços de lazer, nos quais abrir a carteira é praticamente inevitável. Mesmo quem tem outra justificativa aparente para ir ao shopping, como eu, que fui somente para escrever esta matéria, acaba comprando o presente de natal da esposa, do filho, comendo alguma coisa... Foi assim na tarde do último sábado de novembro, quando conheci o Boulevard Shopping Belém. Como tudo o que acaba de ser inaugurado em Belém, o lugar estava abarrotado de gente. Não acreditava que tantos carros fossem caber no estacionamento. A rampa de acesso é que me deixou preocupado. Ainda mais para quem já tinha um pé atrás com a ladeira da travessa Tiradentes. Do lado de fora, o Boulevard dá mesmo uma ideia de imponência arquitetônica. A fachada é de mármore, o revestimento de granito e há vidro por todos os lados. Do lado de dentro, a impressão de grandiosi-
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dade é a mesma. Os corredores são largos e, mesmo entupidos de clientes, com sacolas e carrinhos de neném, ninguém se esbarra ou precisa esperar fila nas escadas rolantes. Apesar da sofisticação que a arquitetura do lugar transmite, foi um pequeno detalhe que chamou minha atenção: pela primeira vez andei por um estacionamento de shopping sem sentir aquele bafo quente de motor de carro. As pessoas até paravam no guardacorpo para apreciar a vista do lugar e tirar foto. Lá do alto, dá para ver quase todo o bairro do Reduto. Com a desativação do antigo shopping Doca Boulevard, aquele era um quarteirão abandonado há mais ou menos cinco anos. Tomado por ambulantes, digase de passagem. O novo shopping mudou um pedaço considerável da Doca. Transformou a paisagem, aumentou o movimento de pessoas e alterou o trânsito. Foram construídas duas pontes, da Aristides Lobo para a Diogo Móia e do Cais do Porto à Ó de Almeida. Dentro do shopping, são 35 mil m² de áreas com lojas, o que faz dele um dos maiores do norte do país.
Grifes internacionais, lojas de departamento, restaurantes e espaços de serviço fazem parte da gama de atrações do shopping
Ao todo, segundo Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém, 225 operações preenchem esse espaço. São grifes internacionais, lojas de departamento, restaurantes e espaços de serviços, como casas lotéricas, casas de câmbio... “Estávamos há praticamente 15 anos sem um novo equipamento de varejo nessa magnitude”, diz Severino. “E, em 15 anos, Belém cresceu muito. O perfil econômico do paraense mudou e a capacidade de compra da população aumentou”, completa o diretor. E o shopping é consequência disso. Pelo que indica a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), deveríamos ter pelo menos mais quatro shopping centers em Belém. A quantidade de espaços como esse tem dobrado a cada cinco anos nas cidades brasileiras. Não foi à toa que, antes mesmo de abrir o Boulevard, a high society belenense - a lower e a middle também, por que não? - já comentava a chegada de
novas lojas, como a Renner, a Centauro... as chamadas âncoras, assim como a C&A, a Visão, a Marisa, a Riachuelo e as Lojas Americanas. Eu, particularmente, estava mais ansioso pela vinda dos restaurantes Capital Steakhouse e La Pasta Gialla. Economicamente, um novo shopping em Belém veio a calhar. Pelas estimativas da Aliansce Shopping Centers e da Status Empreendimentos, responsáveis pelo Boulevard Shopping, foram gerados 3,5 mil empregos diretos. Além disso, os paraenses têm, agora, mais uma opção para gastar o R$ 1,4 bilhão injetado na economia todo fim de ano, com o 13º salário. Outro motivo pelo qual o Boulevard é bem-vindo são os cinemas. Belém certamente estava precisando das sete novas salas, administradas pelo grupo mexicano Cinépolis, o maior da América Latina. Uma delas, por sinal, rodará filmes em 3D, o que nenhum outro cinema da capital paraense faz. A previsão dos administradores do shopping é que as salas abram no
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Desde um sorvete descompromissado até exames de laboratório, os frequentadores do espaço têm uma gama de opções de serviço
início de 2010. No final das contas, e do passeio, a impressão que o Boulevard deixa é a de que veio para suprir demandas reprimidas: um novo espaço comercial, um novo projeto arquitetônico, novas lojas e marcas, uma nova rede de cinemas, enfim, uma nova opção de lazer em Belém. Serviços Embora sejam centros de consumo, os shoppings transformaram-se em complexos de serviços. Oferecem tudo para que os clientes não precisem sair de lá. Nem para rezar. Na entrada do Boulevard Shopping Belém, por exemplo, logo se enxerga a placa indicando onde fica a capela. É uma igreja pequena e jeitosa, feita para os devotos da padroeira Virgem de Nazaré. Casa lotérica, estúdio de fotografia, correios... Tudo isso é comum nos shoppings, mas colocar uma capela para a “Nazica” dentro de um é no mínimo inusita-
do. Nas primeiras semanas, as pessoas mais queriam conhecer o lugar e tirar fotos do que agradecer à santa ou fazer promessas. Mas é questão de tempo para que a santinha de lá ganhe os primeiros devotos. O Boulevard é um desses shoppings híbridos, que oferecem as soluções para boa parte dos problemas da vida moderna. Da clínica de diagnóstico por imagem aos pet shops, da lavanderia à casa de câmbio. “Cada pessoa que vai ao shopping tem um interesse. E esses serviços, na verdade, são uma questão de conveniência”, comenta Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém. Alguns deles, inclusive, funcionarão em horários diferentes do costumeiro “de 10 às 22 horas”. Para os clientes da clínica SOM Diagnósticos, a entrada do shopping pela Aristides Lobo abrirá mais cedo. Já para os clientes boêmios, os restaurantes da entrada do Boulevard funcionarão até mais tarde, assim como o estacionamento.
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Pequenas cidades Shoppings são planejados para serem pequenas cidades, só que voltadas essencialmente para o consumo. “O objetivo do equipamento shopping center é ser um lugar para a família. E que, lá dentro, essa família encontre as facilidades para que possa satisfazer suas necessidades”, explica Fernando Severino. O objetivo, de fato, é fazer com que as pessoas sintam-se à vontade e passem mais tempo nos shoppings. E, segundo o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado (IPDM), isso tem mesmo acontecido. Nos últimos anos, o tempo médio de permanência dos consumidores nos shoppings aumentou de 73 para 79 minutos. Quem vai para fazer compras, fica pelo menos duas horas. E quem procura serviços, passa uma hora, em média. A diferença entre um shopping e outro é justamente o que eles oferecem. No Boulevard, nem os banheiros escaparam do planejamento. Todos são adequados aos
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Grifes como a tradicionalíssima Calvin Klein usaram a inauguração do Shopping Boulevard para aportarem em Belém
tipos de clientes. Os banheiros femininos têm toucadores para que elas retoquem a maquiagem e os infantis e teen têm TVs de LCD. Para os homens, não há nada de muito diferente além das relevantes divisórias entre os mictórios. A formatação do Boulevard surpreendeu até mesmo os visitantes de outros estados. “É um shopping da nova geração”, comenta o professor Ronaldo Coelho, de passagem pela capital paraense. “Moro no Rio de Janeiro, onde há muitos shopping centers novos e grandes, mas é notável que este já traz algumas inovações na decoração, na amplitude, na arquitetura e no que oferece aos visitantes em termos de serviço”, diz. Novidades Metade dos consumidores que vão ao shopping quer bater perna e fazer compras. Por isso o mix de produtos é tão relevante quanto o tamanho e a arquite-
tura do shopping. No caso do Boulevard, entre as 225 lojas, mais de 40 são inéditas em Belém. Dessas, as principais são a Renner, considerada a segunda maior rede de departamentos do Brasil, e a Centauro, a maior rede de produtos esportivos da América Latina. O que faltava para essas lojas abrirem filiais em Belém era justamente um empreendimento de grande porte. O potencial do varejo local nunca foi problema. “Não tínhamos uma oportunidade qualificada”, conta Haroldo Rodrigues, diretor de compras da Renner. “Se o shopping tivesse inaugurado em 2006, certamente já estaríamos em Belém naquela ocasião. A empresa estuda o mercado paraense há quatro anos”, revela. Com o Boulevard Shopping também vieram a loja oficial da Nike, a grife Calvin Klein e as brasileiras Folic, Francesca Romana Diana, Bobstore... No segmento alimentício, a praça tem 20 opções gastronômicas. As novidades são a Pelé Arena, primeira rede de cafeterias temáticas do Brasil, além dos restau-
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Antes de chegarem à cidade, as principais redes encomendaram pesquisas para ter acesso a um perfil detalhado do consumidor paraense
rantes Capital Steakhouse, de Brasília, e do La Pasta Gialla, de São Paulo. Antes de virem a Belém, as principais redes fizeram pesquisas de mercado e traçaram o perfil do consumidor paraense. Todas chegaram, basicamente, ao mesmo resultado: “Os belenenses são exigentes. Conhecem de moda e sabem o valor do seu dinheiro”, diz Fábio Vasconcellos, diretor comercial da Calvin Klein Jeans no Brasil. “Se não entendermos isso, não venderemos bem. Por isso tomamos nota do comportamento de consumo dos clientes”, acrescenta Haroldo Rodrigues. Além de estar adequado às características do mercado local, o mix de produtos do shopping foi planejado para tentar contemplar todas as classes sociais. Até porque, no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), tanto os ricos quanto os pobres costumam ir ao shopping. Quem vai para fazer compras gasta, em média, R$ 140. Os clientes
das classes sociais mais altas não costumam passar dos R$ 196, enquanto os menos favorecidos gastam pelo menos R$ 79. O mix de produtos, a localização e a arquitetura fazem com que o Boulevard Shopping Belém aparente ser um “shopping para ricos”. Mas essa é só a primeira impressão. Embora tenha lojas de marca e grifes internacionais, o shopping também abriga lojas de departamento que atendem todas as classes, como a Riachuelo, a C&A, a Visão, a Marisa e, em 2010, as Lojas Americanas. Essas lojas mais, digamos, economicamente abrangentes são necessárias. Os clientes das classes C e D representam 21% dos consumidores do shopping. Portanto, também precisam ser atendidos pelo mix de produtos. “É um projeto inovador, o que dá a ideia de que se trata de um shopping de elite. As pessoas tendem a enquadrá-lo nesse estereótipo, mas não é o caso. O
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Boulevard é um shopping para Belém, para pessoas sofisticadas e de bom gosto. Não precisa ter classe social para isso”, defende Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém. Cinemas Shoppings são lugares de consumo, complexos de serviços e ambientes de lazer. Depois que as salas de exibição migraram para dentro dos centros comerciais, os cinemas tornaram-se a principal forma de diversão dos clientes de shoppings. E, apesar dos anúncios pessimistas que apontam para uma crise no mercado de exibição de filmes, todas as 14 salas de Belém continuam lotadas nos fins de semana. Com a inauguração do Boulevard Shopping, a capital paraense terá uma nova rede de cinemas: a Cinépolis, que inaugurará sete novas salas em 2010. A rede mexicana é a maior da América Latina, com mais de duas mil salas em operação, e pretende abrir outras sete fi-
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Com vista privilegiada do centro da cidade, a praça de alimentação reúne os interessados para um bom bate-papo ou aquela comida gostosa
liais no Brasil para competir com as também gigantes Cinemark, Severiano Ribeiro e UCI Brasil. “Belém vai receber uma rede inédita de cinemas, que é líder na indústria cinematográfica. E, com isso, vai experimentar um conceito inovador de entretenimento. A previsão é de que no primeiro semestre do próximo ano o cinema já esteja em operação”, diz Marcos Fernandes, superintendente do Boulevard Shopping. As novas salas ficarão no quinto andar do Shopping Boulevard e terão, cada uma, 1.400 lugares. O formato dos cinemas é o stadium, no qual as poltronas ficam dispostas em degraus, de forma semelhante a uma arquibancada. Uma das salas terá tecnologia de projeção em três dimensões, ainda pouco explorada no Brasil. As imagens dos filmes produzidos em 3D ganham vida. Elas se assemelham às animações criadas em computadores. Para assistir às sessões e perceber o
realismo dos filmes, os espectadores precisam usar óculos com lentes polimerizadas que lembram os que eram usados nas velhas sessões de filmes 3D. A tecnologia em três dimensões é, na verdade, uma estratégia da indústria do cinema para reconquistar os espectadores, atraídos pela popularização dos home-theaters, das TVs de LCD e plasma, do DVD e do Blu-Ray. “Quase todas as produções de filmes infantis, hoje, já saem com cópias em formato 3D. A impressão que dá é a de que se está participando do filme”, explica Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém. De acordo com o site Filme B, que acompanha o mercado de cinema no Brasil e no mundo, nos anos 70, o público de cinema no país chegava a 250 milhões de espectadores. Nos anos 90, caiu para 70 milhões e, em 2003, voltou a crescer e alcançou 100 milhões. De janeiro a setembro de 2009, o público total nos cinemas brasileiros foi de 84 milhões
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A inauguração perto das festas de final de ano deve dar um bom gás inicial para as vendas do shopping
de espectadores. Para Severino, embora sofra mudanças, o varejo eletrônico continuará em crescimento. O motivo, diz ele, é simples: encontrar os amigos, ir ao cinema, comprar pipoca e assistir a um bom filme ainda são experiências únicas. “Na verdade, são experiências necessárias. Tanto é que, em Belém, o cinema não tem caído. As salas vivem cheias. O que está acabando é o cinema de rua”, argumenta o diretor. A sensação de segurança oferecida pelos shoppings, segundo Fernando Severino, também contribui para manter a fidelidade do público belenense às telonas. “O shopping e o cinema serão sempre espaços de lazer, de extensão do lar”, comenta o diretor. Festas Natal tem cara de shopping. Tem cara de comércio, na verdade. Por isso a data de inauguração do Boulevard Shopping Belém não poderia ser mais oportuna.
Para os clientes, as lojas já abriram com promoções natalinas e estoques reforçados. Para os lojistas, o período garante o retorno imediato dos investimentos feitos no novo empreendimento. O shopping chegou num momento em que o mercado está aquecido e apto para comprar. Os clientes têm dinheiro no bolso, intenção de consumir e, principalmente, curiosidade para conhecer o novo espaço. A pensionista Ana Maria Furtado, por exemplo, esteve no Boulevard um dia após a inauguração e voltou na semana seguinte para fazer as compras de natal. “É a época em que o povo faz compras. O shopping veio na hora certa. E, pelo tamanho dele, dá para ver que é possível encontrar tudo. Só é preciso procurar. Dá até para pesquisar os preços de uma loja para outra”, contou Ana Maria, durante a pausa entre as sessões de compras. “Tem lojas mais caras e tem as que cabem no bolso, como diz o caboclo”, brincou. Como de costume, nos fins de semana que prece-
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dem o Natal os horários de funcionamento do Boulevard foram estendidos. Mesmo aos domingos, tanto as lojas quanto a praça de alimentação funcionarão de 10 às 22 horas. Isso porque, junto com as compras, o movimento do shopping também aumenta durante esse período. Tudo favorece o consumo. Até a decoração de Natal. Pelo menos é o que indica o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado (IPDM), que avaliou o nível de satisfação dos frequentadores de shopping centers no Brasil. A conclusão a que o estudo chegou é que os consumidores “encantados” com a decoração e com o mix ficam mais tempo dentro dos shoppings. E, consequentemente, compram mais do que os clientes “satisfeitos” e “insatisfeitos”. A administração do Boulevard optou por uma decoração de natal tradicional. “Buscamos um projeto que simbolizasse o sentimento natalino, mas sem tirar o brilho da estrela principal, que é o novo shopping center”, diz Marcos Fernandes, superintendente do Boulevard Shopping.
Para a autônoma Kátia Barbosa, o que tem mesmo “encantado” os consumidores, além dos preços baixos, claro, são as formas flexíveis de pagamento. “Além das promoções, o que acredito que atrai as pessoas é a facilidade do cartão, por exemplo. Posso comprar agora e só pagar em janeiro”, argumenta Kátia. Os clientes de shopping, segundo o IPDM, usam quase duas vezes mais o cartão do que o próprio dinheiro para fazer compras. Em média, 23% deles preferem os cartões de débito, 40% usam os de crédito e apenas 35% pagam em dinheiro. A inauguração do shopping em época de vendas expressivas é, ao mesmo tempo, um desafio e uma vantagem para os empresários varejistas. “Traz um retorno imediato para o lojista, mas, por outro lado, algumas lojas ainda não estavam prontas e precisaram correr para chegar a tempo de aproveitar as vendas de Natal”, revela Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém.
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Para os pais, a opção de levar suas crianças para se divertir com segurança num espaço recheado de alternativas
Garotada Levar criança para shopping é sempre um desafio para qualquer pai. Curiosas, elas querem ver os produtos de perto, tocá-los, experimentá-los e visitar seção de brinquedo por seção de brinquedo. O atendimento aos consumidores mirins e juvenis também foi previsto pelo Boulevard Shopping Belém. Em cada corredor do novo empreendimento há pelo menos uma loja para os públicos infantil e adolescente. Para quem não quer comprar, ou ser levado pelos pequenos a comprar, a segunda opção de passeio é o parque Magic Games, ao lado da praça de alimentação, onde eles se distraem com os jogos eletrônicos. “As crianças trocaram a terra pela tecnologia”, comenta o sanitarista Gilfrei Mácola, enquanto olha as filhas brincarem no parque. “Vir a esses espaços já faz parte da programação. Pelo menos sabemos que elas estão no mundo delas, com outras crianças da mesma idade, em um ambiente seguro”, diz Mácola.
Para Gilfrei, com as opções de lazer que o shopping oferece, o passeio com as crianças acaba ficando mais leve. Principalmente na hora de dizer “não” quando elas pedem demais. “Os pais precisam vir preparados para explicar: ‘Olha, vamos brincar, almoçar, mas não vamos comprar nada’. Se não fizerem, o passeio se transforma em sofrimento”, diz Mácola. Com a estrutura de lazer e segurança que oferecem, os shoppings têm tomado o espaço das praças públicas. “Hoje, é mais seguro trazer os filhos para cá, onde podemos ficar tranquilos, do que leválas a uma praça e ficarmos preocupados com a violência e com o trânsito”, garante o militar Fernando Rojas, pai de Eduardo Rojas, de 2 anos. Além do parque, está prevista para as próximas semanas a inauguração da Fun City. A operação, comum nos centros do Rio de Janeiro e São Paulo, é voltada para os pequenos com até seis anos. A loja oferece profissionais aptos para cuidar e divertir as crianças enquanto os pais circulam pelo shopping.
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“É uma cidade feita para as crianças, na qual elas podem simular a vida num centro urbano de verdade”, detalha Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém. “Os profissionais são treinados não apenas para lidar com as crianças, como também para fazer atividades recreativas”, completa. Até os banheiros do Boulevard foram construídos de acordo com as necessidades de cada faixa etária. Há um toalete exclusivo para os pequenos, com espaços personalizados para meninos e meninas e ambientes adequados às idades, com lavatórios mais baixos, vasos sanitários menores e, pasmem, até TV de LCD com filmes infantis. No banheiro teen, construído para jovens de 13 a 17 anos, também há uma tela de LCD sintonizada na MTV. Há, também, um fraldário para que as mães recentes possam amamentar durante o passeio. “Se queríamos um shopping para a família, então precisávamos prepará-lo para as crianças também. E a resposta foi uma surpresa para nós. Na primeira semana, os banheiros estavam cheios de adultos tirando foto e conferindo a novidade”, conta Severino.
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Velocidade O Boulevard Shopping Belém levou cinco anos para ser materializado, mas apenas 22 meses para ser edificado. Em 2004, a ideia dos empresários José Severino Filho e Fernando Severino era construir um mini-shopping com torres comerciais. Até que os empreendedores conheceram o terreno onde ficava o extinto Doca Boulevard e pensaram num projeto mais robusto. “Um dia comentei com o Severino que o Doca Boulevard estava sendo vendido. Fomos até lá para conhecer o terreno e, na hora, ele mudou de ideia e disse: ‘Vamos construir um shopping. Conseguir um parceiro e trazer um shopping para cá’”, conta Fernando Severino, diretor do Boulevard Shopping Belém e da Status Empreendimentos, responsável pela idealização do shopping. A dupla de empresários, então, partiu para a aquisição do terreno, que demorou sete meses para ser concluída. Em seguida, começaram a elaborar os projetos e o estudo de impacto de trânsito, para saber se
O novo shopping mudou o entorno e a cara da avenida Doca de Souza Franco
era possível criar um shopping em plena Doca sem prejudicar o tráfego. De acordo com Severino, nessa época, o tamanho do empreendimento era menos expressivo. O Boulevard foi crescendo com o tempo e teve mais de 30 projetos até a planta final. O passo seguinte foi buscar o apoio de uma companhia com experiência em administração de shopping centers. “Tivemos algumas dificuldades. Algumas empresas não quiseram nem sequer conhecer Belém porque achavam que a cidade não tinha potencial”, lembra Severino. A Status só fechou a negociação com a Aliansce Shopping Centers em 2007. “Tínhamos receio que um grande grupo viesse a Belém e quisesse fazer o shopping de qualquer forma, mas acabamos acertando com uma empresa de alto padrão e expertise nessa área”, conta Severino. Depois do acerto com a Aliansce, a Status contratou o arquiteto Eduardo Mondolfo, autor do projeto arquitetônico do Shopping Leblon, considerado um dos mais modernos do país. E as obras, de fato, só começaram em julho de 2008, pela demolição e pela fundação, que demoraram mais tempo que o
esperado. Em seguida, o projeto de construção começou a ser executado. O projeto do Boulevard levou em consideração todos os detalhes do shopping, dos banheiros às garagens. As empresas Status e Aliansce também fizeram um investimento considerável para adaptar o trânsito da Doca, com a construção de duas pontes, a implantação de semáforos e sinalização da avenida Visconde de Souza Franco. Depois de iniciadas as obras, começaram a ser desenvolvidas pesquisas de mercado, para avaliar os anseios dos consumidores paraenses. Foram três, no total. Segundo Fernando Severino, os estudos indicavam um desenvolvimento expressivo da cidade e do mercado varejista local. A economia belenense, portanto, tinha espaço para abrigar um empreendimento do porte do Boulevard Shopping Belém. “Pela localização, pelo público e pela demanda reprimida, buscamos fazer um shopping no nível dos melhores do Brasil. Assim, conseguimos trazer algo em torno de 40 marcas inéditas para Belém”, conta Fernando Severino.
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CIA Belém Lançamentos Imobiliários. Rua dos Mundurucus, nº 3100, 20° andar – Ed. Metropolitan Tower - Belém – PA – CRECI J-300. Diariamente das 08 às 18:00, inclusive sábados e domingos. SETA Imobiliária. Av. Gov. José Malcher, 815, lj 06, Térreo – Ed. Palladium Center – CRECI 305-J. Diariamente das 08 às 18:00, inclusive sábados e domingos. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas ilustrativas como sugestão de decoração. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte integrante do contrato. As medidas são internas e de face a face das paredes. Memorial de incorporação registrado no Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício – Comarca de Belém - R-11/43172, em 25/09/2009.
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Double M
Você vai querer novos ares. Piscina
Brinquedoteca
Living Ampliado
Varanda
2 ou 3 quartos, sendo 1 suíte 79m privativos. 2
Financiamento:
2 quartos, sendo 1 suíte 65m privativos 2
Incorporação, Planejamento e Construção:
Comercialização:
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Planejamento, Realização e Incorporação:
Double M
Agora você pode utilizar todo seu espaço com conforto, graças ao moderno sistema de fechamento de varandas Marglass System.
Aumento de área útil Proteção contra vento, chuva, poluição e maresia Valor e qualidade otimizados, propondo maior custo/benefício, uma vez que proporciona maior comodidade e conforto Segurança com uso de vidros temperados Rod. BR 316, KM 2 Alameda Moça Bonita, nº 14 Guanabara Ananindeua/PA Fone: [91] 3235.5395 / 3235.5313
Praticidade em seu manuseio e limpeza
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Institucional 127
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Torre de Farnese: Alvará 0496/2004. Mem Incorporação R05-42500EM L.2 – E.K.M 42500 FLS 200 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 1º ofício. Torre de Belvedere: Alvará 0367/2004 . Mem Incorporação R04 M 41670 FLS 270 L.2-EH 11/01/2005 Cartório de registro de imóveis 1º ofício. Sonata Residence: Alvará 04616/2004 – Mem. Incorporação R03 M M 445 FLS 445 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 2º ocio.
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reforma Casa do menino Jesus A Leal Moreira e a Agra Incorporadora, em parceria com o banco Banpará, estão promovendo a reforma de um dos prédios da instituição Casa do Menino Jesus, que recebe crianças do interior do estado, que estão em tratamento na rede pública contra o câncer, e suas acompanhantes. Além de promover toda a reforma da fachada do prédio, a Leal Moreira também convidou alguns de seus arquitetos parceiros para decorar os ambientes internos. Ao todo, quinze espaços receberão o toque especial dos arquitetos: Heluza Sato e Maurício Toscano, Ana Perlla e José Jr., Marco Nascimento, Luciana Serra, Vanessa Piva, Ester Castaneira, Wallace Almeida, Isabela Kalume, Isolda Contente, Lucila Ribeiro, Albina Cruz, Giselle Zouein e Larissa Chady e equipe de arquitetos Leal Moreira.
Torres Trivento O Torres Trivento, empreendimento lançado recentemente pela Leal Moreira e Agra Incorporadora, já é um sucesso de vendas. Em um mês, foram comercializados mais de 50% dos apartamentos. Os três prédios estão localizados na avenida Senador Lemos, próximo ao It Center, e contam com ampla área de lazer, que oferece piscina, brinquedoteca, quadra de esporte, sala de ginástica, sauna, entre outras opções.
Prêmio IEL A Leal Moreira foi premiada, por meio do estudante de Engenharia Civil Bruno Robert da Silva Freitas, estagiário da construtora, pelo Intituto Evaldo Lodi (IEL) na edição 2009 do Prêmio Paraense IEL de Estágio. O estudante foi o segundo colocado na categoria Empresas de Médio Porte. Este prêmio é concedido às empresas que desenvolvem as melhores práticas de estágio.
réveillon
agenda
Para comemorar a chegada do novo ano, a Leal Moreira distribuiu a todos os seus funcionários uma blusa para a passagem do réveillon. A estampa da roupa foi desenvolvida pelo publicitário Rodrigo Cantalício e a chamada, que deseja um ano de realizações, foi pensada pela também publicitária France Rocha, ambos da equipe da Double M.
Já está pronta a agenda para o ano de 2010 da Leal Moreira. Com o título “Belém das sensações”, a agenda traz em suas páginas pinturas feitas por deficientes visuais que retrataram a cidade segundo suas imaginações. A agenda foi produzida em parceria com o Instituto José Álvares de Azevedo, que atende e oferece educação inclusiva a portadores de deficiência visual. Faça parte deste projeto: Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo. Rua Presidente Pernambuco, 497. Telefone 91 3222-5930
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T O R R E S
E K OA R A C
projeto
lançamento
fundação
estrutura
Torres Trivento
alvenaria
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revestimento acabamento
Check List das obras Leal Moreira
Torre Résidence Torres Ekoara Torre Umari Torre Vert Torre de Farnese Sonata Residence Torre de Belvedere Torre de Bari Torre de Toledo
em andamento concluído 132
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32361031 32546977 32238140 32220601 40065000 32428034 32254729 84122772 32301075 32251933 32304234 40086464 32355395 40063351 32238347 32222492 40053747 32277336 40050700 32234498 32012000 33237100 32498990 32427700 32245555 32221122 32414040 32229420 32242856 30871512 32520263 32423451 30731400 40064500 32244500 40060400
para seu lazer
Cantina Italiana Chocolate e Licores Hikari Kaluanã Le Chef Le Massilie Manjar das Garças Xícara da Silva
32252033 32303758 32410328 32255915 32236651 32247147 32421056 32410167
para você
Cartão Leal Moreira
Adriana Dahmer Auto Chek Clínica NIO Doctor Feet Elvira Matilde Fábio Jóias Kopenhagen Lele Grello Atelier Macedo Seguros Minds English School REAGE Salinas Sheila Calandrini Specialité - Saúde Oral S.O.S Pet Shop Up Grade
32239104 32720051 32301787 32506666 32410567 32425200 32505784 32252552 32102800 40067850 32241928 32251252 32220762 32425880 32668585 32254656
Atendimento: A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 h e de 14h às 18:30h
Telefones: ++55 91 4005 6800
On-line: Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fica sabendo sobre todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.
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Atendimento: Para saber mais sobre as revistas da editora, dar sugestões de pauta, fazer comentários ou críticas, e conhecer nossas tabelas de anúncios, escreva para gente, ou telefone. A Publicarte funciona de 8 às 21 horas.
Telefones: ++55 91 4005 6878 // 4005 6868
Escreva para: redacao@editorapublicarte.com.br redacao@revistaliving.com.br ou Rua João Balbi, 167 • 3° andar • Nazaré Belém/PA - Brasil • cep: 66055-280
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Para o grande
amor da minha vida
Sou solteira. Sim! Solteiríssima! Convicta! Não sou solteirona, nem titia, nem encalhada. Por isso, fico p* da vida quando alguém me pergunta se não sinto falta de um grande amor. Como é que é? Quem foi que disse... Onde está escrito que o grande amor de sua vida precisa ser alguém com quem você transa? Nossa!, que visão mais tacanha. O amor é muito mais do que sexo. Aliás eu acredito que amor e sexo só se confundem mesmo na TV e nas comédias românticas... Pois na vida real esses dois institutos podem viver muito bem distantes um do outro. Eu, por exemplo, tenho um amor. E este amor é tão grande e tão completo, que nem preciso transar com ele para afirmálo meu. Mas sem duvida é amplo. Imenso. Via lácteo. É tão extraordinário, que decerto deve ser cármico, ou cósmico, ou, em último caso, apenas uma maravilhosa obra do acaso. Mas o que importa é que está aqui... Ao meu lado. Vivendo em alma dentro da carne do meu melhor amigo. Sim, eu amo o meu melhor amigo! Porque é para você, melhor amigo, que eu ligo quando meu carro quebra. É para você que pergunto a melhor configuração do computador que quero comprar; os DVDs que devo locar e os quadros que tenho de colocar na sala. Ah, meu companheiro, é com você que cultivo o sonho de montar uma editora e é você que, mesmo sem querer, me prende a Belém, pois toda vez que penso em ir embora, sei que não terei coragem de ir te deixando aqui... Afinal sempre fomos dois contra o mundo. Foi ao seu lado que, ao longo dos anos, superei o bug do milênio, o apagão e as profecias do Nostradamus. Foi você quem me fez conhecer o mundo dos quadrinhos e as profundidades da língua inglesa. E é com você que estou, duas vezes por semana, nas aulas de francês... Reclamando da professora, do método, das reformas da escola, mas feliz por estar ao seu lado. E muito obrigada, melhor amigo, por ter sido o primeiro a embarcar numa loucura de virar artista, só porque eu estava precisando de um ator para uma peça que ninguém botava fé. E não é que você se tornou um Raul Cortez marajoara!? Eu te amo de maneira tão certa e segura, que sei que será a sua mão que irei segurar quando publicar meu livro e serei eu quem estará presente, na primeira fila, no dia da defesa de sua tese de mestrado, mesmo que eu não entenda patavina sobre reengenharia de software. Eu te amo muito... E tanto... Que às vezes tenho medo de te perder de repente. Num instante. Por isso te incluí em minhas orações, pedindo a Deus para que me leve primeiro, visto que não terei forças para te ver partir antes. Mas, por outro lado, sei que ele não suportará me ver partir também. Portanto, meu Deus, diante deste impasse, te peço: nos leve bem velhinhos... Mas juntos... Nalgum acidente aéreo relâmpago, que não dê nem para sentir dor ou medo, só para que eu não precise sofrer sua ausência, nem ele sofra a minha. Posto que, nesta última fronteira, será a mão dele que desejarei apertar, até que recomece tudo de novo... Juntos... Num outro tempo... Num outro planeta, ou neste... Quem sabe... como Maria Eduarda
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Saulo Sisnando Escritor
Double M
Living nº 23
A felicidade vem de dentro pra fora.
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Leal Moreira
Viva um Leal Moreira.
ano 6 número 23
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Erasmo Carlos Quase cinco décadas de música nas confissões do Tremendão
Arte inclusiva Arthur Dapieve Céu Gourmet Jordânia Música Paraense Restauração Silvia Mecozzi