Double M
Living nº 24
Em cada detalhe, o seu estilo de viver um Leal Moreira.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 6 número 24
R$ 12,00
Bruno Mazzeo
Aos 32 anos, ator e roteirista colhe os frutos de muito trabalho com reconhecimentos vindos do teatro, da Tv e do cinema.
Adegas África do Sul Eduardo Kobra Fotografia Lorena Lobato
Leal Moreira
Double M
A Le Leal al M Mor orei or eira ei ra,, ne ra ness sses ss es s2 24 4a an nos o , nu nunc n a par nc pa aro rou rou de c cre resc re scer sc er. E se er semp mp pre c com om map pre re eoc o up upaç ação aç ão ã o de se s mant ma nter nt er pró róxi xima xi ma às pe pess ssoa ss oas. Porr iss oa sso o se sepa paro pa rou ro u su suas ua as s ati t vi v da dade de d es em trê rês s di divi visõ vi sõ ões es:: IIn nco corp rpor rp orad or ador ad ora or a, En Enge nge enhar nh har aria ia e Imo obi bili liár li árria a. É as assi sim si m qu que e a Le Leal all M re Mo eir i a cr cres esce es ce e e mel elho hora hora ho a cad a a ve vez z ma m is o rela re la aci cion onam on amen am ento en to com om seu eus s pa p rc cei eiro r s, forrne ece cedo dore do re res es e pr prin prin inci cipa ci pa alm men ente te cli lien e te en tes, s, pa s, para r q ra que ue e con onti tinu ti nue nu e
Um novo cartão na mão e muitas Plan Pl anej an eja ej a e rre eal aliz i a os iz e pr em pree eend ee n im nd i en e to tos s do o Gru rupo po. po vantagens na manga. se emp mpre re e dan ndo d bon ns fr f ut utos os a tod dos os.
Cons Co n trrói ns ói edi difí ifíci fííci cios os os de e qu ua ali lida ida dade de para arra a su ua vi vida vida da. da.
Co ome merc cia iali liza liza li za os empr em mp prree eend end ndim imen im ento nto tos s pa para para a a en at e de der os os seus eus so eu sonh nhos nh hos os. s.
A Leal Moreira reserva agradáveis surpresas para você. Está a caminho o novo cartão Leal Moreira que trará novas parcerias e vantagens exclusivas. Tanto privilégio parece até passe de mágica. Para ter acesso, basta ser um cliente Leal Moreira.
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É como uma árvore que cresce, mas se mantém sempre perto.
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É como uma árvore que cresce, mas se mantém sempre perto. A Le Leal al M Mor orei or eira ei ra,, ne ra ness sses ss es s2 24 4a an nos o , nu nunc n a par nc pa aro rou rou de c cre resc re scer sc er. E se er semp mp pre c com om map pre re eoc o up upaç ação aç ão ã o de se s mant ma nter nt er pró róxi xima xi ma às pe pess ssoa ss oas. Porr iss oa sso o se sepa paro pa rou ro u su suas ua as s ati t vi v da dade de d es em trê rês s di divi visõ vi sõ ões es:: IIn nco corp rpor rp orad or ador ad ora or a, En Enge nge enhar nh har aria ia e Imo obi bili liár li árria a. É as assi sim si m qu que e a Le Leal all M re Mo eir i a cr cres esce es ce e e mel elho hora hora ho a cad a a ve vez z ma m is o rela re la aci cion onam on amen am ento en to com om seu eus s pa p rc cei eiro r s, forrne ece cedo dore do re res es e pr prin prin inci cipa ci pa alm men ente te cli lien e te en tes, s, pa s, para r q ra que ue e con onti tinu ti nue nu e se emp mpre re e dan ndo d bon ns fr f ut utos os a tod dos os.
Plan Pl anej an eja ej a e rre eal aliz i a os iz e pr em pree eend ee n im nd i en e to tos s do o Gru rupo po. po
Cons Co n trrói ns ói edi difí ifíci fííci cios os os de e qu ua ali lida ida dade de para arra a su ua vi vida vida da. da.
Co ome merc cia iali liza liza li za os empr em mp prree eend end ndim imen im ento nto tos s pa para para a a en at e de der os os seus eus so eu sonh nhos nh hos os. s.
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editorial Caro leitor,
Em ano de Copa do Mundo, metáforas futebolísticas sempre aparecem aos montes. Uma das mais famosas reza que “em time que está ganhando não se mexe”. Verdade absoluta? Nem tanto, nem tanto. Às vezes, mudar pode ser a melhor alternativa para que o time não caia na armadilha do comodismo e passe a encarar cada partida como se fosse a mais importante da trajetória de um clube, de uma seleção etc. Este preâmbulo na linguagem dos boleiros foi feito para dizer que, a partir desta edição, a Revista Living Leal Moreira, um time que vem colecionando vitórias e mais vitórias ao longo dos últimos cinco anos, passa a se chamar, oficialmente, Revista Leal Moreira Living, uma sutil mudança mas que faz diferença na mão do leitor que aprendeu a admirar esta empresa. Além de um reposicionamento da marca no mercado, é uma maneira de dar crédito definitivo a quem, afinal de contas, apostou neste projeto que, ao nascer, escreveu, com ousadia e criatividade, um novo e definitivo capítulo na história das publicações produzidas no Norte do país e uma forma arrojada e especial de se relacionar com seus clientes. Ousadia e criatividade, aliás, são palavras que se aplicam bem ao nosso entrevistado desta edição. Filho de Chico Anysio, o ator e roteirista Bruno Mazzeo saiu há muito tempo da sombra do pai, e com talento vem construindo seu caminho na TV, no Teatro e, mais recentemente, no Cinema. Um bate papo descontraído mostra um pouco da trajetória deste carioca que, aos 32 anos, faz da inquietação um dos dos mantras definitivos da carreira profissional. E como iniciamos este papo falando em Copa do Mundo, a Revista Leal Moreira Living se antecipa em alguns meses e apresenta um roteiro da África do Sul, o primeiro país africano a sediar o maior evento esportivo do planeta. São boas dicas para quem deseja passar uns dias ou mesmo fixar residência na terra de Nelson Mandela curtindo seus caminhos, idiossincrasias e múltiplos sotaques. Homens que se dedicam à culinária, o boom da fotografia como hobby, os múltiplos talentos de Lorena Lobato e Eduardo Kobra, além de nossas tradicionais seções e colunistas, são assuntos que você confere a partir de agora, na sua Revista Leal Moreira Living. Um grande abraço e boa leitura. André Moreira
expediente Representante comercial | Rede Holms
Revista Leal Moreira Living
João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br
Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Diretor Técnico: José Antonio Rei Moreira Gerente Financeiro: Dayse Ana Batista Santos Gerente de Marketing: Ana Paula Guedes Gerente de Clientividade: Murilo Nascimento
Criação e coordenação Double M Comunicação Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor executivo Hilbert Nascimento (Binho) Diretor comercial Juan Diego Correa Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editor-chefe Elvis Rocha Produção editorial Tyara de La-Rocque Ilustrações Gabriel “Gabiru” Cavalcante Fotografia Luiza Cavalcante Reportagem Arthur Nogueira, Guto Lobato, Leonardo Aquino, Lucas Berredo e Tyara La-Rocque. Colunistas Arthur Dapieve, Álvaro Jinkings, Celso Eluan, Marcelo Viégas e Saulo Sisnando. Revisão José Rangel Gráfica Santa Marta Tiragem 12 mil exemplares
Comercial Belém Emília Rodrigues Cel: 55 91 4005-6878 comercial@editorapublicarte.com.br
Fale conosco: (91) 4005-6868 / 4005-6878 editorapublicarte@gmail.com
Leal Moreira Living é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
São Paulo Rua Geraldo Flausino Gomes, 78 – cjto.33/34 Brooklin Novo – São Paulo – SP – CEP.04575-060 F.11-3464-6464 Sócio Diretor: Antonio Manuel Silva manoel@holms.com.br Diretor Comercial: Isidro de Nobrega nobrega@holms.com.br F. 11 3464 – 6464 Cel: 11 8288 – 6489 Brasília SQN – 305 – BLOCO “L” – APTº.208 – 2ºANDAR ASA NORTE – Brasília – DF – CEP 70737-120 F.61 – 3328 – 2644 Diretor Comercial: Odair Carneiro brasília@holms.com.br Rio de Janeiro Rua Voluntários do Pátria 292/602 Botafogo Rio de Janeiro RJ – CEP 22270-010 Diretor Comercial: Maurilo Senna rio@holms.com.br Tiragem e distribuição auditadas por
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índice
entrevista
ano 6 número 24
R$ 12,00
Bruno Mazzeo Aos 32 anos, ator e roteirista colhe os frutos de muito trabalho com reconhecimentos vindos do teatro, da Tv e do cinema.
Adegas África do Sul Eduardo Kobra Fotografia Lorena Lobato
O ator e roteirista Bruno Mazzeo cresceu, literalmente, em meio ao burburinho dos anos de ouro da televisáo brasileira. Filho do comediante Chico Anysio, há tempos o carioca deixou a sombra do pai para ganhar luz própria em trabalhos marcantes na TV, no teatro e, agora, no cinema. É o bom papo desta edição.
Ter uma adega em casa é sinal de bom gosto e sofisticação, certo? Pois o empresário Carlos Gonçalves foi além. Não satisfeito em apenas armazenar vinhos de boa safra em sua residência, no município de Benevides, ele criou uma ambientação inspirada na Idade Média que impressiona. Confira.
Ao contrário do que reza o ditado machista, a cozinha não é (nunca foi) lugar exclusivo para mulheres. É cada vez maior o número de homens que se aventura no mundo da culinária, seja para ganhar a vida ou apenas para servir e impressionar amigos, namoradas e familiares.
Decor
comportamento
A tecnologia trouxe inúmeros benefícios para quem ama a fotografia e curte dar seus cliques por aí. Com a chegada de câmeras digitais, flickrs, fotologs e afins, o ato de fotografar popularizou-se ainda mais e um novo universo se abriu para novos e velhos apaixonados pela imagem.
Especial
capa Bruno Mazzeo fotografado por Fernanda Brito
perfil A paraense Lorena Lobato não cabe em uma definição simples. Radicada em São Paulo há treze anos, a cantora, atriz e musicista abraça a arte sem se preocupar com rótulos e vai construindo, com discrição e talento, uma sólida carreira no sul do país.
dicas
pg 10
Celso Eluan
pg 30
confraria
pg 42
horas vagas
pg 50
Arthur Dapieve
pg 54
tech
pg 58
destino
vinhos
pg 80
Ano de Copa do Mundo e os olhos do planeta se voltam para a África do Sul. Marcada durante décadas pela segregação racial, a terra de Nelson Mandela faz um esforço reconhecido pela comunidade internacional para mostrar que mazelas do passado não são invencíveis.
gourmet
pg 82
intitucional
pg 89
sex & sábado
pg 98
galeria Como boa parte de sua geração, o paulista Eduardo Kobra cresceu influenciado pela cultura negra americana. Ganhou as ruas com um spray nas mãos e, décadas mais tarde, o grafiteiro de traço personalista vê seu talento reconhecido até pelo tradicional Museu do Louvre.
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dicas Pará
Sushi Ruy Barbosa
Com um ambiente diferenciado, proposta inovadora e ótima localização, o Sushi Ruy Barbosa já é uma das melhores opções da noite de Belém. Uma ótima opção para o jantar é o Magret de pato com risoto de frutas secas. Para os amantes de sushi, o Gunkan de atum com Foie gras é uma boa. Todos os pratos são exclusivos e assinados pelo chef Nao Hara. O restaurante conta com apresentações diárias de DJs residentes, com destaque para as sextas e sábados, quando as luzes ficam mais baixas e o som um pouco mais alto, transformando-o em um verdadeiro dinning club, com drinques incríveis assinados pelo mixologista Marco De la Roche, como o delicioso e refrescante Fresh Manzana ou o sofisticado Ruy Barbosa Martini, transformando o jantar em uma experiência diferente e divertida.
Rui Barbosa, entre Conselheiro Furtado e Mundurucus • 91 3223 4497.
Cantina Italiana
Café Donuts
Travessa Benjamin Constant, 1401, Nazaré • 91 3225.2033
Rua Osvaldo Cruz, 207 • Campina - Centro - Belém - PA • 91 3223.3097 Já sentiu água na boca ao assistir a um seriado tipicamente americano e observar aquelas rosquinhas de aparência deliciosa? Essa é uma das maiores apostas do Café Donuts. O doce é um símbolo da cultura estadunidense e combina perfeitamente com o café, excelente para um rápido lanche durante as mais apertadas horas do dia. O espaço é aconchegante e conta ainda
com um cardápio variado e adaptado às preferencias do povo brasileiro, incluindo além da combinação tradicional já citada: muffins, brownies, pão de queijo, folhados, sanduíches, milk shakes, mate batido, chocolate, chás, enfim, uma diversidade de delícias para todos os gostos. Um ótimo lugar para relaxar e conversar naqueles famosos 15 minutos de folga.
Com vinte e cinco anos de existência, a Cantina Italiana já é tradição em Belém. Um ambiente tranquilo, adequado para uma boa conversa e apreciação de excelentes vinhos e pratos da culinária italiana. Na decoração, tudo remete ao país do famoso cineasta Frederico Fellini: a bandeira, os quadros e camisa de futebol, as fotos de família e até os filmes italianos. Todos os dias, o restaurante oferece um menu diferente preparado pelos chefs Enzo e Claudio Luzi. Às sextas-feiras a programação é diferenciada; com a confraria da frigideira, na qual uma receita nova é apresentada aos clientes e parte do dinheiro arrecadado é destinada a uma associação beneficente.
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dicas Brasil
Aquavit
Localizado no setor de mansões do Lago Norte, em Brasília, o restaurante Aquavit oferece uma vista privilegiada para quem o visita, com um panorama que abrange o Plano Piloto, o Lago Paranoá, Palácio da Alvorada e reserva do Parque Dom Bosco. O espaço é amplo, com uma decoração discreta e refinada, bastante frequentado por literatos, enólogos e destino de confrarias de gastrônomos. É ideal para os que apreciam pratos leves e em porções que valorizam a degustação e o paladar. A especialidade da casa tem suas raízes nas tradições da culinária dinamarquesa, sob o comando do chef Simon Lau Cederholm. As refeições sempre são acompanhadas por pães assados na hora, como o típico pão ácido de farinha de centeio dinamarquês. Mas, bons pratos brasileiros também podem ser apreciados no local e a cada mês é apresentado um menu variado aos clientes. Setor de Mansões Lago Norte • ML 12 Conjunto 1 casa 5 •61 3369 2301 • www.restauranteaquavit.com
Os Esquilos
Estrada Barão D’Escragnolle s/nº, Floresta da Tijuca • 21 2492-2197 • www.osesquilos.com.br
Rua Conselheiro Pedro Luiz, 311, Rio Vermelho • 71 3335 0025 • www.zenthairestaurant.com.br
Zen Thai Restaurant
Com um projeto arquitetônico contemporâneo e imponente, três ambientes, um deles no terraço, destinados a jantares à luz da lua, o Zen Thai Restaurant é um pedacinho da culinária tailandesa na Bahia. A decoração temática e a iluminação fazem toda a diferença para manter o clima aconchegante e agradável. Localizado no tradicional e agitado bairro Rio
Vermelho, a casa é uma excelente opção para os amantes da gastronomia oriental, vinhos e cervejas, na qual o mesmo oferece variedades. No final de março, a comida japonesa será mais uma das opções do cardápio. Para os que têm um bom paladar e gostam de aliar beleza e sofisticação, ele deve ser parada obrigatória na terra de todos os santos.
A arquitetura colonial do século XIX e o ar romântico em plena natureza exuberante da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, sem dúvidas, é o que torna o restaurante Os Esquilos tão especial e charmoso. Construído em 1850, o local já foi residência de vários administradores de fazendas de café, e desde 1945 funciona como restaurante e realiza eventos comemorativos na área externa gramada do ambiente. Entre os destaques da casa estão a feijoada, preparada especialmente num fogão a lenha, e o prato da culinária francesa Steak au Poivre (Filé com pimenta). Para os fins de tarde mais frios, os fondues e vinhos são uma excelente opção.
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e
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apresentam:
Você vai querer mudar de ares.
Leve a vida como sempre sonhou, tenha o padrão Leal Moreira e Agre. No Torres Trivento, você conta com mais de 15 opções de lazer para sua felicidade lçar voos mais altos.
2
quartos,
sendo
1 suíte
65m
2
privativos
Av. Senador Lemos, 3253, ao lado do It Center. Vendas: (91) 3236-2243
Incorporação e Planejamento: Construção:
Financiamento:
Planejamento, Realização e Incorporação:
Comercialização:
CIA Belém Lançamentos Imobiliários. Rua dos Mundurucus, nº 3100, 20° andar – Ed. Metropolitan Tower - Belém – PA – CRECI J-300. Diariamente das 08 às 18:00, inclusive sábados e domingos. SETA Imobiliária. Av. Gov. José Malcher, 815, lj 06, Térreo – Ed. Palladium Center CRECI 305-J. Diariamente das 08 às 18:00, inclusive sábados e domingos. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas ilustrativas como sugestão de decoração. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte integrante do contrato. As medidas são internas e de face a face das paredes. Memorial de incorporação registrado no Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício – Comarca de Belém - R-11/43172, em 25/09/2009. Validade da parcela até 30/04/2010. ** Tabela referente a março/2010. Válido até 30 de abril de 2010 ou enquanto houver unidades disponíveis. Sujeita a alteração sem aviso prévio.
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dicas mundo
Intercontinental Amstel Amsterdam
Em meio à modernidade e ao liberalismo da capital holandesa, o hotel da famosa rede Intercontinental é um reduto de tradição e memória de Amsterdã. Localizado às margens do rio Amstel em um prédio com mais de um século de história, o hotel é considerado um dos melhores e mais belos do mundo. Com excelentes business services, o hotel é conhecido por ser ideal para realizar grandes conferências e importantes reuniões de negócios. Seu completo fitness center é um convite ao relaxamento e à manutenção da boa forma. Mas é com a gastronomia que o hotel conquista os hóspedes: o sofisticado restaurante La Rive - com vista para o rio, menu francês e extensa carta de vinho - figura entre os melhores da Holanda.
Professor Tulpplein 1• +31 20 6226060 • www.intercontinental.com
Oberoi Udaivilãs, Udaipur
Quem procura por luxo, requinte e sofisticação tem uma ótima opção no Oberoi Udaivilãs, Uidapur, na Índia. Considerado o melhor hotel do mundo pelos leitores da revista Travel + leisure, ele dispõe de uma área de 30 hectares às margens do lago Pitchola, em meio ao belíssimo cenário das colinas Aravalli, propiciando aos hóspedes a sensação de estar em um luxuoso palácio indiano, com fontes suaves, jardins verdejantes, piscinas que refletem o céu e a vista de tirar o fôlego - aliados à excepcional qualidade dos serviços oferecidos. A estadia nesse magnífico hotel é nada menos do que inesquecível.
Udaipur, Rajasthan - 313001, Índia • 91-11-2389 0505 • www.oberoihotels.com 48 Oriental Avenue, Bangkok 10500, Thailand • + 66 (2) 659 9000 ext. 7203 • www.mandarinoriental.com
Mandarin Oriental, Bangkok Fundado em 1876 e localizado às margens do rio Chao Phraya, o Mandarin Oriental, Bangkok tem 393 luxuosos quartos e suítes, uma seleção única de restaurantes e bares e um premiado spa. O hotel tem ótima reputação internacional e já ganhou diversos prêmios pela qualidade de seus serviços ao longo de mais de um século. Com padrão de qualidade acima da média, ele oferece para seus hóspedes um mordomo privado, assim como manobrista e serviço de lavagem de roupas diário, sem esquecer de comodidades tecnológicas, como a conectividade do quarto com computadores e Ipods, televisores de LCD e um sistema de som incrível.
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perfil
Radicada em Sรฃo Paulo hรก 13 anos, a paraense Lorena Lobato vem construindo uma sรณlida carreira nos palcos, no cinema e no teatro
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Guto Lobato
Fernanda Brito
arte
A serviço da
Bailarina, atriz e cantora profissional, paraense Lorena Lobato investe em carreira múltipla no Sudeste brasileiro
A
voz pausada e o jeitão tímido não condizem com a mulher de múltiplos talentos – embora o termo lhe dê arrepios – que se esconde dentro dela. Aos 34 anos, Lorena Lobato acumula funções com rara naturalidade. Bailarina desde a infância, atriz e cantora de formação apurada, a paraense estabeleceu carreira em São Paulo após largar emprego, estudos e uma vidinha pacata em Belém. Passou pelo balé clássico, pelo teatro, pelo cinema e pela música, e hoje se esforça para dedicar tempo a tudo isso sem perder o fio da meada. O currículo de atriz de Lorena não é marcado por papéis e postos de grande repercussão; o que surpreende, de fato, é a versatilidade – e o peso – das parcerias por ela acumuladas. De Suzana Amaral a Selton Mello, Heitor Dhalia e Antunes Filho, a paraense não hesitou em se aproximar das pessoas certas e, à custa de muito treino, conquistar espaço nos elencos. O resultado são participações em filmes como “O cheiro do ralo”, de Heitor Dhalia, e “O sonho bollywoodiano”, que ganhou destaque na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cinema Brasileiro, que acontece no mês de maio, em Paris. “Hotel Atlântico”, longa-metragem de Suzana Amaral (de “A hora da estrela”), é o mais recente trabalho de Lorena no cinema. Nos últimos meses, a maior dedicação tem sido à música – ela está em temporada de shows num dos hotéis mais
luxuosos de São Paulo –, mas um monólogo de sua autoria está prestes a estrear no circuito de teatro paulista. Conheça mais sobre as múltiplas carreiras da paraense nessa entrevista concedida em seu apartamento no Sumaré, em São Paulo, poucas semanas antes de uma mudança para o interior do estado. “Não tem jeito, muito pequena aprendi que não dava para separar música de dança e, mais tarde, do ofício de interpretar.” Essa frase está na descrição do teu blog. Entre tantas atividades, tem como se organizar e distribuir o tempo? Tudo aconteceu de um jeito natural, mesmo. Minha mãe me colocou no balé aos três anos de idade – e eu não cheguei aos oito, dez anos enjoada do balé, como acontece com muitas meninas. Fiz balé clássico até meus 26 anos. Com oito anos também entrei no Conservatório Carlos Gomes, para estudar piano, e acabei aliando as duas coisas. Aos 17 anos tinha de escolher uma profissão, entrar na faculdade. Aí entrei em jornalismo e larguei a música. Depois vim para São Paulo e acabei entrando no teatro, por indicação de umas colegas de pensão. Aí outros caminhos me levaram de volta até o canto. São coisas que não consigo ver separadas. Às vezes me perguntam: você não devia focalizar uma atividade só? E eu simplesmente respondo que não vejo como fazer isso. »»»
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O monólogo “Sem Concerto” é a mais recente investida da paraense, que deve estrear a peça ainda este ano nos palcos paulistas
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Tomaste um rumo semelhante ao de muita gente que trabalha em teatro, cinema e artes em geral no Brasil: o de se mudar para o eixo do Sudeste. Geralmente o motivo para essa transferência é a falta de oportunidades na terra natal. Tiveste muitas dificuldades em Belém? Minha vida em Belém estava toda arrumada. Fazia faculdade, dava aula, dançava e era funcionária pública. Mas comecei a sentir falta de algo, nem sabia o que era... acabei me mudando para São Paulo para preencher uma lacuna. A princípio, a ideia era me dedicar à dança. Vendi meu carro, pedi demissão do emprego. Nem sabia o que ia acontecer comigo, mas vim do mesmo jeito. E já estou aqui há 13 anos... Certamente trazes algo na bagagem sobre Belém. Que lembranças e vivências da cidade mais te marcam até hoje? Vou falar uma coisa: acho que cada artista traz sua bagagem e contribui com ela em qualquer meio. As pessoas aqui me acham misteriosa, não sabem direito o que se passa em mim... acho que é algo que trago de Belém, que é uma cidade sensorial, cheia de fragrâncias, sabores... a cidade é misteriosa, repleta de histórias fantásticas. Acho que todo esse charme da mata vem para o meu trabalho, mesmo que de forma sutil. Tua estreia no cinema foi em “O cheiro do ralo”, um filme de orçamento pífio (330 mil reais) que ganhou destaque internacional. Como foi a convivência com o Selton Mello e o resto do elenco? O Selton é o tipo de ator que entende muito do negócio, foi um apoio fundamental. Por exemplo, quando ia fazer a cena com ele, havia os dois momentos: primeiro a filmagem com foco nele, depois na gente. Um ator que não seja muito generoso nem se esforça em atuar na hora que as câmeras não estão em sua direção. Mas quando eu fui gravar minhas cenas – foram cinco, mas só uma acabou sendo aproveitada na versão final do filme –, ele atuou da mesma forma, com a mesma dedicação. Tudo para me ajudar. Que elementos marcantes podes atribuir à tua personagem? No filme, ela ficou meio solta. Mas, mesmo assim, virou uma personagem engraçada, porque é a única que realmente contesta o personagem do Selton, que trata todo mundo mal, humilha. Mas sou muito amiga do Lourenço (Mutarelli), que escreveu o livro, e na obra original a personagem é bem mais profunda. Ela começa de um jeito, meio pudica, e com o tem-
po vai percebendo o jogo que pode fazer com o cara. É aí que ocorre a transformação que resulta na “mulher casada” que aparece no filme. A velha história de que uma coisa leva à outra também figura nos textos do teu blog. De fato, depois do “Cheiro do ralo” conseguiste reunir com colegas de elenco e ir parar na Índia para filmar “O sonho bollywoodiano”, que estreou na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Como foi essa viagem? A gente tinha um roteiro que a diretora levou daqui, já estava pronto. Até achei que a gente podia ter descoberto mais coisas por lá, vivenciando esse argumento das três atrizes que vão na cara e na coragem fazer carreira num país distante. Mas enfim, visitamos nove cidades indianas... foi uma experiência fundamental. Quando estreou, o filme repercutiu muito bem, ficou entre os dez destaques do público na mostra de cinema em São Paulo. Todas as sessões estavam lotadas. Teve até um amigo meu que tentou ver o filme e não conseguiu ingresso (risos)... E o interessante é que, na mesma época, estrearam um filme (“Quem quer ser um milionário?”) e até uma telenovela (“Caminho das índias”) ambientados na Índia... Pois é... e a produção do “Sonho bollywoodiano” começou no ano de 2007, isso que é engraçado. É uma coincidência incrível, um monte de coisa da Índia ter aparecido no ano passado. Mas eu vejo muitas vezes isso acontecer: se a gente não executa ideias na hora em que elas aparecem, alguém faz. Parece que certas ideias “pairam” em determinados momentos. Tenho vários amigos atores que já passaram por isso; pensam em algo e, quando menos esperam, se deparam com uma peça igualzinha estreando no circuito. Vamos falar agora de parcerias de peso – que, por sinal, parecem uma constante na tua carreira. Teu trabalho mais recente no cinema é “Hotel Atlântico”, da Suzana Amaral. Ela é uma das mais respeitadas diretoras do Brasil. O que aprendeste ao lado dela nesse filme? Quando ouço falarem desse filme, meu coração derrete. Foi aquela coisa: trabalhar ao lado de um mestre. A Suzana e o Antunes Filho são ícones para mim até hoje. E a Suzana é a mulher que mais conhece de ator no Brasil. Ela sabe muito bem o que quer extrair de cada um, tem um gosto muito apu- »»»
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Envolvida com mĂşsica desde a infância, Lorena ensina ao filho Gabriel, de sete anos, os primeiros acordes no piano da famĂlia
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Na internet
www.lorenalobatoblog.blogspot.com www.monologosemconcerto.blogspot.com
No cinema
O cheiro do ralo (2007, dir. de Heitor Dhalia) O satélite (curta-metragem, 2007, dir. de Bruno Mancuso) Fofo (curta-metragem, 2009, dir. de Patrícia Batitucci) O sonho bollywoodiano (2009, dir. de Beatriz Seigner) Hotel Atlântico (2009, dir. de Suzana Amaral)
rado. Eu guardei todos os papeizinhos que ela escrevia para mim, com orientações. Vou emoldurar qualquer dia desses (risos). Fiquei completamente satisfeita com o que fiz em “Hotel Atlântico”. Isso é raro para um ator, não? Muito. Só aconteceu por conta do apoio da Suzana. Geralmente um diretor gasta horas montando cenário, organizando as coisas e, quando tudo está no ponto, chama o ator para gravar direto. Com ela, foi o contrário. Ela passava horas e horas sozinha com o ator. Mandava todo mundo embora (risos). Só quando ficávamos prontos é que ela chamava a equipe técnica para gravar as cenas. E ainda tem o Antunes Filho, com quem trabalhaste no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), que é um dos grandes nomes do teatro contemporâneo brasileiro... Pois é, fiz o teste para o CPT por indicação de umas amigas. Lá são 20 vagas, sendo que se inscrevem umas 900 pessoas em cada seleção. Fiz primeiro uma entrevista, depois mais duas fases eliminatórias. Passei, fiz um curso e o Antunes Filho me chamou para fazer parte do grupo dele – foi quando entrei no elenco da “Medeia”. Engraçado é que muita gente fala mal dele... do seu jeito ríspido de tratar o ator. Parece que conheço outra pessoa, porque penso em Antunes e vejo alguém muito sensato. Toda a rigidez dele é em nome de algo muito maior. Por falar em rigidez, também mencionaste no teu blog que a dança “te indicou todas as direções”. Em que sentido? A vida de bailarina, cheia de regras e aprendizados, orientou de que forma tuas experiências posteriores? A dança me ensinou, primeiramente, a ter domínio sobre o corpo. Você consegue encontrar ali, após horas de esforço, o eixo para dar três, quatro piruetas, se equilibrar em uma perna só, e tudo isso é fruto de muito esforço e disciplina. Quando você consegue algo difícil com o corpo, sente que é capaz de fazer o resto. Outro aprendizado é que, com a rotina extenuante, aprende-se que nada cai do céu. Eu nem acredito nessa história de talento... Como assim? Acredito mesmo em trabalho e persistência. Também acredito em influências e oportunidades associadas às pessoas com quem você cresce junto. O que te cerca e te influencia define muita coisa. Hoje dizes ser “mais cantora que atriz”. É algo que
tenhas planejado? É o momento que vivo agora. Já passei por alguns grupos de pop rock, MPB e blues desde que me mudei para São Paulo. Há seis meses estou em temporada no Baretto (bar situado dentro do Hotel Fasano, na capital paulista), toda segunda e terça-feira. Canto por lá junto a um grupo... não é nem um grupo, na verdade. Eles têm um time de músicos que acompanham os cantores nos shows. É um pessoal extremamente experiente. O baterista já tocou com Toquinho, Vinicius, o baixista tocou com o Roberto Carlos, com a Elis Regina... então eles me fornecem um aprendizado imenso. É a isso que estou me dedicando mais. Que referências adotas atualmente? No Baretto temos um repertório orientado pra bossa nova e pro jazz. De cantoras, pessoalmente, admiro muito a Etta James. Falo que quando aprender a cantar direito vou cantar blues. O povo do jazz diz que não precisa de grande apuro, porque só são três acordes, mas acho que o blues é muito mais que isso. É um estilo de vida. Tens um filho de sete anos (Gabriel) que toca piano e estuda violino. Estimulaste-o a correr atrás disso? Olha, procurei umas escolinhas, mas acho que é muito lento o processo aqui no Brasil. No Canadá, eles dão aula pra criança dentro da barriga, desde os dois anos de idade, é natural. Aqui subestimam muito a capacidade da criança. Acabei dando aulas de piano para ele em casa. Recentemente, ele pediu para fazer violino. Aí chamei um professor particular, músico da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). E o moleque está indo firme. Como tenho amigos músicos e vivo tirando coisas no piano, ele também convive neste ambiente. É mais fácil. Teu atual projeto é o monólogo “Sem concerto”, que está em processo de elaboração e é 100% autoral. Isso indica um retorno com força total ao teatro? Isso aprendi com o Antunes Filho: a pensar muito mais em dramaturgia, em criar, do que na técnica, no “como atuar”. Acabei elaborando essa história de uma mulher russa que conta as estratégias que criou ao longo da vida para transformar o filho em um grande concertista. E aí ela vai contando várias histórias absurdas no meio de tudo... é uma mulher bem estranha. Apresentei o projeto para o Sesc, passei nas seleções, agora só falta marcar uma data. Mas não deixo de lado a música, muito menos o cinema, a dança. Todas essas coisas caminham em paralelo. Além de atriz, bailarina e cantora, também consigo ser mãe. E limpar a casa (risos).
No teatro Medeia (2001, dir. Antunes Filho) Sem concerto (2010, em produção)
Na música
Contralto (2000) Tocatta (2000) Lorena Lobato (2009-2010) em temporada no bar Baretto
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Torre de Farnese: Alvará 0496/2004. Mem Incorporação R05-42500EM L.2 – E.K.M 42500 FLS 200 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 1º ofício. • Torre de Belvedere: Alvará 0367/2004 . Mem Incorporação R04 M 41670 FLS 270 L.2-EH 11/01/2005 Cartório de registro de imóveis 1º ofício. • Sonata Residence: Alvará 04616/2004 – Mem. Incorporação R03 M M 445 FLS 445 – 25/10/05 Cartório de registro de imóveis 2º oÀcio. • Torre Vert: Memorial de Incorporação registrado sob R.04, na Matrícula 3.854, livro 2 - IU, no 2º- Cartório de Imóveis - Belém - PA. • Torre Umari: Memorial de incorporação registrado sob nº 158.976, livro 2IU/3854-R.4, no Cartório de Imóveis 2º Ofício de Belém. • Torres Ekoara: Memorial de incorporação registrado sob nº 163.071, livro 2-IV/4784-R.3, no Cartório de Registro de Imóveis 2º Ofício de Belém. • Torre Résidence: Memorial de incorporação Registrado no Cartório do 2º Ofício, sob o nº de matrícula 7227 R.1, livro 2-J.E, 04.05.2009 protocolo 171.653. • Torre Trivento: Memorial de incorporação registrado no Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício – Comarca de Belém - R-11/43172, em 25/09/2009. • Torre Floratta: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício - Comarca de Belém - R1/8130JH, em 26/11/2009. Protocolo 176.465.
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especial
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Leonardo Aquino
Foto
hobby Eles só querem retratar a vida e espalhar suas impressões em álbuns, Flickr ou seja lá onde for
A
ntes, o máximo em termos de instantaneidade eram os laboratórios que revelavam os filmes em uma hora. Mas a suposta rapidez agregava o risco de “queimar” a imagem. Hoje, um piscar de olhos separa o clique da primeira visualização do resultado. E se não deu certo, é só repetir o processo. Até bem pouco tempo atrás, fazer mais de 36 fotos numa sequência implicava uma operação de troca de rolos, quase sempre desastrada. Agora, dependendo do tamanho do seu cartão de memória e da resolução da sua câmera, os limites praticamente deixaram de existir. E se para mostrar o resultado de uma sessão de fotos aos amigos era necessário gastar um bom dinheiro com revelação, em 2010 um álbum online no Flickr ou no Picasa pode sair de graça e ainda tira a necessidade de fazer sala para alguém. Não é difícil entender por que a fotografia se tornou um hobby muito comum e permitiu que os donos de câmeras digitais pudessem seguir um caminho intermediário entre os registros primários nos aniversários de família e as fotos imaginadas com uma concepção artística, mas sem a pretensão de se tornar profissionais. »»»
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Aline Müller Equipamento: Canon Rebel XSI profissional Na internet: http://afotofala.blogspot.com Gosta de fotografar: situações do cotidiano
Aline Müller (ao lado) começou a fotografar em 2005. Válvula de escape para a solidão virou paixão.
É claro que a tecnologia facilitou essa proliferação de fotógrafos amadores. Mas os motivos à moda antiga continuam aproximando pessoas e câmeras: sempre tem aquele que herda uma máquina de um parente, aquele que entrou num curso de fotografia junto com um amigo, aquele que começou o hobby como uma maneira de se distrair num momento de mudança na vida. Este último caso aconteceu com Aline Müller, auditora de uma empresa mineradora em Barcarena, a 87 quilômetros de Belém. Ela começou a fotografar em 2005, quando morou durante um ano em New Jersey, Estados Unidos. A fotografia juntou duas necessidades: ocupar o tempo que passava sozinha longe de casa e compartilhar com parentes e amigos a vivência no exterior. “Eu passava muito tempo só e precisava registrar tudo para lembrar mais tarde. A fotografia foi uma companhia e um passatempo para mim”, relembra. Aline diz que gostava de fotografar pessoas nas estações de trem e metrô, pelo simbolismo das chegadas e partidas. “Tenho uma queda por coisas cotidianas e simples, aqueles segundos despretensiosos que anunciam sensações implícitas que muitas vezes passam despercebidas. Gosto da ideia de eternizar esses instantes”, explica.
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Diego Ventura (abaixo): amigos conquistados e boas imagens para guardar
O professor de inglês e estudante de publicidade Diego Ventura deve concordar com Aline. Ele gosta de fotografar paisagens e pessoas, mas sempre procurando fugir do convencional. “Aprendi sempre a objetivar um ângulo diferente, uma composição que prenda o olhar de quem vê. Então o que me atrai sendo o que eu estiver fotografando é essa oportunidade criativa que a fotografia te traz”, explica. O evento favorito das lentes de Diego é o Círio de Nazaré. A berlinda, os promesseiros, a corda, os brinquedos de miriti, o arraial... Todos os símbolos da maior festa religiosa da Amazônia estão no álbum de Diego no Flickr, o serviço de armazenamento de fotos mais popular da internet, com 4 bilhões de fotos hospedadas em outubro de 2009. E foi no Flickr que o jovem, que herdou uma câmera do avô, aprofundou ainda mais o gosto pelo hobby. Fez vários amigos, começou a sair em grupo para fotografar com eles e acabou aprendendo novas técnicas. “Montamos uma espécie de fotoclube e organizamos uma oficina. Acabei conhecendo um fotógrafo de Curitiba, Silvio Ribeiro, que veio para cá fotografar o Círio. Depois fui até o Paraná fazer um curso com ele”, conta, descrevendo a rede social que fez em torno da fotografia. »»»
Diego Ventura Equipamento: Nikon D90 e Nikon D70s Na internet: flickr.com/photos/diegoventura Gosta de fotografar: paisagens e pessoas
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Foi compartilhando fotos no Flickr que Cláudia Tavavres conheceu o atual namorado, que mora nos EUA
Cláudia Tavares Equipamento: Canon XS Digital e Diana F analógica. Na internet: flickr.com/photos/Claudia Gosta de fotografar: pessoas
Mas em termos de interação social envolvendo a fotografia e a internet, quem tem uma história ainda melhor é a estudante Cláudia Tavares, que conheceu o namorado no Flickr. Ele mora nos Estados Unidos e ela em Belém. Um encontrou o álbum do outro, elogiou as fotos do outro... e assim eles ficaram conversando durante um ano, até assumir o relacionamento. Mas mesmo se não existisse o Flickr, eles encontrariam na fotografia um hobby em comum. “Eu já gostava de foto há muito tempo, desde que ganhei uma câmera de presente e comecei a fuçar informações. De tanto ficar olhando os manuais de instruções, sempre descubro algum recurso novo”, conta. Cláudia mora no centro da capital paraense e encontra na vizinhança os principais personagens de suas fotos. “Por aqui sempre passa muita gente, o tempo todo. E quase sempre são umas figuras diferentes, inusitadas. Quase sempre faço fotos espontâneas delas. Mas às vezes peço para parar, fazer pose...”, explica. E a nova menina dos olhos de Cláudia é um equipamento retrô, uma réplica da Diana, uma câmera de plástico que era produzida nos anos 1960 e 70 e hoje é cultuada por vários fotógrafos artísticos. “Pena que nenhum laboratório revela os filmes dela, que têm uma especificação diferente dos comuns. Mas as fotos dela são
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Para ler:
Equipamento Fotografico “Teoria E Pratica” Thales Trigo Editora Senac São Paulo
Fotografia Moderna No Brasil Renato Rodrigues da Silva Editora Cosac Naify
Para navegar: www.clicio.com.br
belíssimas”, diz. Se tem alguém que não estranha este boom do hobby de fotografar é Miguel Chikaoka. Renomado profissional com mais de 30 anos de carreira, ele é responsável pela iniciação de várias pessoas na fotografia por meio de oficinas ministradas em Belém na associação Fotoativa. “É uma tendência natural, que já existia antes mesmo do surgimento das câmeras digitais. Quando elas passaram a ser automáticas e compactas, foi uma febre também”, conta. Pode-se imaginar que um fotógrafo experiente como Chikaoka fique apreensivo com uma possível “invasão dos amadores” no mercado ou com a banalização do termo “profissional”. Mas não. A preocupação é com a perda da consciência de que a fotografia é muito mais que um simples apertar de botão. Para ele, a tecnologia da sua câmera não significa que você não possa mergulhar na reflexão mais aprofundada sobre a fotografia. “Eu faço uma comparação com o ato de comer. O fast food é prático, mas não substitui o prazer do ritual de comer uma refeição. Mesmo assim, a gente costuma comer muita porcaria. E com a fotografia não é diferente. No final, apenas os ‘pratos nobres’ sobrevivem”, filosofa.
Sobre Fotografia Susan Sontag Editora Companhia das Letras
A Câmara Clara Roland Barthes Editora Nova Fronteira Novo Manual De Fotografia, O Guia Completo Para Todos Os Formatos John Hedgecoe Editora Senac São Paulo
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Vidaboa Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br
Essa crônica começa de uma forma bem incisiva: não sou nem pretendo me candidatar a uma vaga de crítico musical. Aliás, o meu conhecimento nessa área não me permitiria ir além de uma análise superficial do grande clássico “Parabéns a você”. Feita a ressalva quero ocupar esse espaço pra falar de um disco: Vidaboa da banda Tzan Dai. Não conhece essa banda? Eu também, mas basta dizer que todas composições são do Almirzinho Gabriel e muitos músicos conhecidos de Belém: Adelbert Carneiro, Baboo, Nazaco, Esdras. É impressionante a qualidade desse CD, a começar pelo fato de que minhas filhas, de 10 e 7 anos trocaram os High School Musical e as Hanna Montana pelas músicas do Almirzinho. São composições contagiantes de alegria e vibração como poucas. O conjunto é uniforme, bem humorado, alto astral pra derrubar depressão pós parto. Das onze faixas nenhuma pode ser considerada fraca. É certo que muitas estão acima da média e poderiam estourar em qualquer canto do país. A começar pela melodiosa Clarão da Lua, já gravado anteriormente pela Nazaré Pereira que recebeu um delicado arranjo de metais do Humberto Araújo. Uma vocação minimalista nas letras se revela em três composições, bem ao estilo Arnaldo Antunes da época dos Titãs: letras mínimas e repetitivas, mas com trocadilhos bem humorados. Uma é ‘Cara sem Cara’, uma pequena aula de economia doméstica pra ser usada em supermercado: Coisa sem cara é barata Coisa com cara é mais cara Já a décima faixa prega uma solução pros problemas existenciais: É bom ser bom, mas não ser besta Porque ser besta não é bom Por fim um achado metafísico em “Igual Diferente”: Pra ser igual tudo tem que ser diferente
Pra ser diferente tudo tem que ser igual Simples (e até por isso mesmo), mas os arranjos e o pique musical colocam essas mensagens num panteão dourado das minhas preferências. Almirzinho ainda brinca com a língua bretã em “Shout You Love Me” e “By de Bike”, essa última uma elegia ao despojamento: Eu gosto é de conversar fiado Namorar caboca Safar meu troco assobiando e tocando banjo Animando a festa O regionalismo está presente em muitas faixas, desde carimbó, guitarrada, boi, mas longe de ser um ponto fraco sobressai-se por uma releitura ao estilo world music, com belos arranjos e uma produção esmerada. Aliás, numa feliz coincidência, o disco foi mixado nos estúdios do Zeca Baleiro em São Paulo, pois ele também é reconhecido por esse tratamento diferenciado do regional, dessa construção de uma versão universal pra música de raiz, como o fez nos primeiros trabalhos “Por Onde Andará Stephen Fry” e “Vô Imbolá”. O único senão vai pra mania do Almirzinho de querer disfarçar seu nome assinando Gabriel Gabriel, que ninguém sabe quem é. Um nome é uma marca que pra ser vendida tem que ter um significado, tem que ser compreendida e absorvida. Quem olha pra capa não sabe de quem é o disco e essa pérola acaba ficando perdida na concha. De resto, é uma obra e tanto como há muito eu não via não só no cenário local, mas em âmbito nacional. E pensar que quando nos conhecemos ainda muito jovens, em rodadas de violão e cachaça em Algodoal, ele vivia me pedindo pra ficar calado, pois eu era (e ainda sou) tão desafinado que até batendo palmas eu atravessava. Dessa vez resolvi não me calar.
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entrevista
O bom humor peculiar de Bruno o acompanha desde o início da carreira. O jeito espontâneo e irreverente são um dos traços marcantes nas produções do artista. “O humor é a minha zona de conforto”.
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Guto Lobato
Fernanda Brito
Mazzeo Bruno
Aos 32 anos, ator e roteirista carioca confirma diversidade emplacando projetos na TV, no teatro e no cinema brasileiros
E
le não é o tipo de artista que atrai os holofotes para si. Na verdade, gostaria de viver bem longe deles. Mesmo assim, tem como linguagem preferida o humor escrachado, tipicamente brasileiro. Não se importa de estar diante das câmeras, embora prefira às vezes ficar por trás delas. Ah: também sonhou em ser rockstar e acabou participando de uma telenovela das sete. Paradoxal? Sim, mas basta alguns minutos de conversa para que o roteirista e ator carioca Bruno Mazzeo, 32 anos, explique suas contradições internas. Nascido e criado nos corredores da Rede Globo, emissora que capitaneou o sucesso de seu pai, o ator e humorista Chico Anysio, Bruno não tardou a descobrir em si a mesma verve cômica que tornaria seu pai um mestre da TV brasileira. Aos 14 anos, tirou os escritos autorais da gaveta e os aplicou à “Escolinha do Professor Raimundo”, humorístico protagonizado por Anysio. De lá, Bruno conquistou espaço próprio na emissora e encadeou vários trabalhos como roteirista – de “Sai de baixo” até “A diarista” –, ator e produtor no teatro, no cinema e na TV, além de ter escrito um livro, “Brasil 2020 - Socorro!!! O Futuro Chegou”. Seu trabalho de maior visibilidade foi “Cilada”, primeira sitcom a ser produzida pela TV a cabo brasileira, no canal Multishow, que rendeu seis temporadas, ganhou prêmios, virou quadro do programa “Fantástico”, da Globo, e divertiu espectadores em todo o país. Desde o final do ano passado, porém, Bruno decidiu revirar tudo – a inquietação falou mais alto. Encerrou a participação como ator na peça “Enfim, nós”, que estava há três anos em cartaz, encerrou o “Cilada” e apostou as fichas em projetos no cinema e em um novo humorístico da Globo, ainda sem data
definida de estreia. Bem mais sério e reflexivo do que seus personagens – criados ou interpretados –, o carioca divorciado e pai de um filho de cinco anos falou de política e de sua relação com a mídia, com a família e com as próprias criações em um batepapo num final de tarde no Itaim, em São Paulo. Confira alguns momentos: Inevitável a gente deixar de falar da tua, digamos, “herança familiar”. Ser filho do Chico Anysio e de uma atriz deve trazer algum tipo de influência para ti. Tua opção pela vida de roteirista e ator teve um empurrãozinho dos pais? Olha, se não fosse filho do Chico Anysio não estaria aqui, dando essa entrevista. Na verdade, só comecei a gostar da coisa por causa dele. Começando pelo ambiente: eu frequentava os estúdios da Globo, acompanhava as gravações. Quando ele viu que havia interesse, me estimulou de tudo que é jeito: comprou minha primeira máquina de escrever, leu meus primeiros textos, trocou dicas, indicou caminhos... a influência e a minha admiração por ele são totais, tanto do ponto de vista do espectador quanto na rotina, em casa. Falando no Chico Anysio, afirmaste certa vez que o personagem dele que mais te marcou foi o Justo Veríssimo, o político que eternizou o bordão “eu quero é que o pobre se exploda”. É um figura atual até hoje, olhando para os rumos da política brasileira... O Justo Veríssimo vive até hoje! É de 30, 25 anos atrás, e você vê como ele é atual. Isso é triste, porque mostra que nosso país nada evoluiu nesse quesito de seriedade e transparência políti- »»»
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Filho do ator e humorista Chico Anysio e da atriz Alcione Mazzeo, a descoberta do talento artĂstico nĂĄo demorou a aparecer. Aos 14 anos, Bruno fez seu primeiro trabalho como roteirista para o programa Escolinha do professor Raimundo, da Rede Globo.
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Televisão Ator
Roteirista
2009 - Chico e Amigos 2009 – Malhação (part. especial) 2008 - Casos e Acasos 2008 - Beleza Pura 2007 - Pé na Jaca (part. especial) 2005/09 – Cilada 2004 - Sítio do Picapau Amarelo
2005/09 - Cilada 2004/07 - A Diarista 2003 - Carol e Bernardo 1998/99 - Vida Ao Vivo Show 1997/00 - Sai de Baixo 1996 - Chico Total 1991/94 - Escolinha do Professor Raimundo
ca. É a mesma sensação que se tem quando se ouve “A gente somos inútil”, do Ultraje a Rigor, e “Que país é esse?”, da Legião Urbana, sabe? Ele não é só um exemplo, como também é um personagem cômico que tem conteúdo, alia diversão e crítica. Quer que o pobre se exploda e ponto final, só quer saber de pobre em época de eleição. É o político mais sincero: diz exatamente o que pensa (risos). Chegaste a falar com teu pai sobre o suposto “hiato forçado” que a Globo teria imposto a ele? Teve até campanha organizada pelo “Pânico na TV” exigindo a volta do Chico aos programas de humor... Acho que o meu pai teve durante mais de 30 anos um programa semanal. De repente, passou a fazer participações no “Zorra total”, em novelas... o ritmo baixou. Talvez isso tenha incomodado, porque era uma coisa com a qual ele não estava acostumado. Mas acho que isso faz parte da carreira do artista. Inclusive acho que ele deveria investir mais em outros tipos de participação, ele não tem mais idade para ter programas de humor naquele formato... tem que trocar maquiagem toda hora, é preciso muito pique! Se eu me canso, imagina ele. De um lado, tens uma carreira sólida como roteirista. De outro, já atuaste em uma telenovela (“Beleza pura”) e participaste de várias montagens no teatro e no cinema. Existe algum ramo, dentre esses, ao qual estejas te dedicando mais recentemente?
Dei um tempo no teatro, parei de viajar para me dedicar a outros projetos na televisão e no cinema. E, nessa área, o processo é muito lento. Acabou que neste ano estou me dedicando a três projetos de cinema em especial, além de ter pintado uma possibilidade na televisão. Então creio que 2010 vai ser focado nisso. Mas continuo fazendo de tudo, faço muita coisa ao mesmo tempo e sempre fui desse jeito. Já quis ser rockstar, queria ser o Mick Jagger, mas me conformei com a vida de ator e roteirista (risos). Ou estou atuando, ou escrevendo, ou fazendo os dois, ou produzindo... agora vou tentar diminuir um pouco o ritmo, controlar a inquietação e a ansiedade que todo artista sente. Falando nisso, certa vez disseste a uma jornalista de fofocas que não és celebridade coisa nenhuma, e sim artista. Qual a diferença que vês entre esses dois termos? É um equívoco muito comum. Celebridade é uma pessoa célebre – óbvio, mas verdade –, conhecida na sociedade, mas pouco a pouco o termo foi estendido a todo mundo que aparece na mídia, incluindo, aí, os artistas. Por outro lado, nem todo mundo que aparece nas revistas e é célebre pode ser considerado artista. Celebridades seriam Chiquinho Scarpa, Narcisa Tamborindeguy, Vera Loyola – nada contra eles, são pessoas maravilhosas. Mas é bem diferente do Wagner Moura, do Selton (Mello), de mim, até. Somos atores, artistas. Começaram a botar tudo no mesmo saco e eu, sinceramente, não quero estar nesse saco. »»»
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Avesso aos holofotes, prefere que as pessoas conheçam o seu trabalho e não a sua vida. “Sou um artista e não uma celebridade”.
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Teatro 2007 - A Volta das que Não Foram (co-autor) 2006/09 - Enfim, Nós (ator, co-autor e co-produtor) 2003/04 - Os Famosos Quem? (ator, co-autor e produtor) 2003 – Balada (ator) 2003 - Nós Dois e Grande Elenco (apresentador) 2002/07 - Os Segredos do Pênis - Os Segredos Que Só os Homens Têm (autor) 2002 - Meninas de Rua (ator) 1996 - O Piauí É Aqui - Ou Não (co-autor)
Evitas manter relações muito próximas com a imprensa? Não, que nada! O relacionamento é ótimo. Se eu estou na entrada de uma festa, na estreia de uma peça ou algo assim, podem me fotografar à vontade, até porque isso faz parte. Mas tenho meus truques para ser gentil na hora de evitar exposição desnecessária. Não faço confusão por isso, mas realmente acho que publicar foto minha num site não vai fazer o Brasil melhor (risos). Sair em coluna social caminhando na orla do Rio de Janeiro, “ficando” com alguém ou passeando com meu filho, o João, não serve para nada. Pelo contrário, só faz expor nossa vida – e, nesse mundo violento em que a gente está hoje, todo cuidado é pouco. A verdade é que queria que as pessoas conhecessem meu trabalho, não necessariamente a minha pessoa. Cheguei a dar um toque num fotógrafo uma vez: meu filho estava passeando comigo, vestindo o uniforme da escola, e o cara lá, tirando fotos escondido. Cheguei para ele e falei: “Você tem noção de que amanhã ele pode ser sequestrado por conta dessa exposição?”. Até escrevi sobre isso para o meu blog, para ver se algumas pessoas se tocam. Dá para levar numa boa a missão de ser pai em meio a essa rotina louca de exposição? Isso sem contar o dia-a-dia de trabalho... A dificuldade maior é que tenho uma vida sem rotina. A sorte é que eu e minha ex-mulher somos grandes amigos. Ela entende meus horários estranhos. Às vezes estou no trabalho em pleno domingo, às vezes fico de bobeira numa quarta-feira. Aí procuro
me dedicar em tempo integral ao meu filho. Procuro ser o mais presente possível, levo no colégio, vou em reunião de pais... coisa bem tradicional. O “Cilada”, exibido no Multishow, que escreveste e protagonizaste, inovou ao ser o primeiro programa produzido para a TV a cabo brasileira. Ele teve audiência expressiva e chegou a ser apresentado como quadro no “Fantástico”, da Globo. Pensando num contexto maior, achas que propostas como essa vão definir o futuro da dramaturgia televisiva no Brasil? Eu acho que a TV fechada tem que ser melhor utilizada. O “Cilada” foi quase que um teste. Deveria haver mais programas desse tipo, mas praticamente não há recursos para produzi-los. Seria bacana se a própria Globo usasse a GloboSat, por exemplo, para testar novos formatos, coisas novas, com gente nova. Fui muito feliz com o “Cilada”, pretendo continuar com outros projetos no Multishow, inclusive. Temos uma liberdade imensa na TV fechada. Não que não a tenha na Globo – nunca tive problema com isso, lá sempre houve autonomia. Mas é que a responsabilidade, vamos dizer assim, é menor. Fala-se com mais gente na TV aberta, e a audiência não dá para comparar. Aliás, acho que nunca vai dar para comparar. Por que o “Cilada” parou de ser produzido? Desgaste mesmo. De minha parte e da Rosana Ferrão, minha parceira nos textos, além vontade de fazer outras coisas. »»»
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O trabalho de maior visibilidade, “Cilada”, exibido na TV a cabo brasileira e em um quadro do Fantástico, da Globo, divertiu espectadores de todo o Brasil e o consagrou como um dos melhores humorístas do país.
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Literatura 1996 - Brasil 2020 - Socorro!!! O Futuro Chegou
Para mim já não estava mais funcionando, na última temporada dei meu melhor, mas não tinha mais o mesmo tesão. Já queria outras coisas. Foi simplesmente isso. Creio que seria mais doloroso o trabalho de escrever, gravar, se não tivesse a mesma vontade de fazer. Foram seis temporadas no Multishow e três no “Fantástico”. Mas olha, pode ser que volte no ano que vem, daqui a uns semestres, enfim... o programa teve boa receptividade entre todas as classes e faixas etárias, mostrava situações típicas que qualquer um vive no dia-a-dia. Não é um ponto final para essa fórmula. Já atuaste em “Beleza pura” e fizeste participação em outras produções de ficção da Globo, como “Malhação”. Recentemente, negaste dois convites para participar de outras telenovelas. O motivo foi a falta de tempo ou a preferência por outros gêneros? Foi tempo, porque a novela é uma coisa que toma muito tempo, é quase impossível fazê-la junto com outras coisas. Quando fiz “Beleza pura”, estava encerrando uma temporada em São Paulo e só ia gravar o “Cilada” quase um ano depois. Nesse período não tinha nada concreto, só tinha de escrever os episódios do “Cilada”. Então o convite pintou na hora certa, a novela era justamente até o início do programa. Acabei uma e comecei o outro duas semanas depois. Dizem que todo ator fica acabado durante as gravações de uma telenovela... No meu caso, nem foi tanto, até porque o personagem que eu
interpretava não era protagonista. Mas a rotina era meio incerta. Tinha semana que eu gravava todo dia. Tinha semana que gravava dois, três dias. Mas sempre tinha que estar à disposição. Chegou a acontecer de eu gravar de segunda-feira até sábado, direto. Enfim, foi uma experiência ótima, e quero ter outra chance. Mas o papel teria de valer a pena. Entre os programas de humor que escreveste para a Globo, teve algum que te marcou em especial? Vários, e por vários motivos diferentes. Posso citar a “Escolinha do professor Raimundo”, porque foi o primeiro. Tinha 14 anos quando comecei a trabalhar nele. Depois, teve o “Sai de baixo”, porque foi o primeiro programa que fiz sem o meu pai, foi uma prova de fogo. “A diarista” foi o primeiro que teve minha redação final, além de ter sido revolucionário por colocar uma doméstica como protagonista. E o “Cilada”, no Multishow, claro, por ter sido um divisor de águas na minha carreira. Mas tem vários outros que adorei fazer. Passaste por Belém para apresentar o espetáculo de teatro “Enfim, nós” no ano passado. Houve algo que te marcou de forma especial na cidade? A gente viajou pelo Brasil inteiro com a peça. Fomos a quase todas as capitais e sempre fomos bem recebidos, com plateia lotada e boas críticas. Mas Belém marcou muito pelo público e pela beleza do Teatro da Paz. Durante a turnê, a gente tinha o hábito de bater foto lá do fundo do palco na hora do agradecimento, então ficava a gente de costas diante do público. Pois é, e a foto do Teatro da Paz ficou tão bonita que eu botei num »»»
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Cinema 2010 – Muita calma nessa hora
Internet Blog – http://bloglog.globo.com/brunomazzeo Twitter – http://twitter.com/BMAZZEO Site do filme „Muita calma nessa hora‰ – http://www.muitacalmanessahora.com.br/
porta-retrato na minha casa (risos). Foi emocionante, três noites num teatro lindo e lotado, com uma plateia quente. Em resposta a comentários no teu Twitter, disseste que não usas a rede social como humorista, e sim como “pessoa que trabalha com humor”. As pessoas exigem de ti outro comportamento na web? Exatamente. Eu trabalho com humor, mas sou uma pessoa normal. Acho até chato o cara que fica fazendo piada toda hora. No Twitter, às vezes escrevo uma coisa séria, ou dou uma dica, uma informação, e sempre tem um babaca que vem e diz “ei, não achei engraçado, qual é a graça?”. E eu respondo: “Quem disse que era pra ser engraçado?”. Ser engraçado é meu trabalho, e normalmente eu cobro por isso (risos). Além do mais, posso até ter ficado conhecido pelo humor, mas não vai ser sempre assim. Posso fazer outras coisas. Esta semana, por exemplo, estava prestes a filmar um filme sério, um drama... não rolou por falta de tempo. Então sair do humor é uma possibilidade? Eu não pretendo, porque é o que, e digo isso entre aspas, eu domino. É minha zona de conforto. Claro que se eu for fazer um filme de humor hoje, vou ter mais facilidade do que fazer um drama – quer dizer, eu acho, porque dizem que fazer humor é mais difícil mesmo –, mas nada impede novas experiências. Meu currículo é todo no humor, mas posso ter uma inquietação e aí vou fazer um filme, uma peça, um programa, uma novela com direcionamento diferente, seja atuando, dirigindo, produzindo. É o tipo de coisa que acontece com qualquer artista. Estás com um humorístico encaminhado para estrear na programação da Globo ainda esse ano. O que podes adiantar dele? Não posso adiantar muito, mas é um programa que tem sido divulgado como a nova “TV Pirata”, apesar de não ter muito a ver com isso. A semelhança é que, assim como a “TV Pirata”
foi há 20 anos, nós vamos dar espaço para novas pessoas que vêm fazendo humor. É uma nova geração, da qual fazem parte o Fábio Porchat, o Gregório Duvivier, eu... além disso, também se tratará de assuntos cotidianos. A direção vai ser do Maurício Farias, da “Grande Família”, e a direção de núcleo será do Guel Arraes, que era o criador da “TV Pirata”. Estamos muito empolgados com o rumo que a coisa está tomando, e já vamos começar a gravar nas próximas semanas. Também estás envolvido no roteiro do filme “Muita calma nessa hora”, que deve chegar às salas de cinema brasileiras no segundo semestre desse ano. A história é bem curiosa – trata de uma viagem organizada por três meninas que vivenciaram situações tragicômicas no Rio de Janeiro e decidem fugir para Búzios. Como surgiu esse argumento central? A ideia, na verdade, não foi minha. O argumento já existia e era do Augusto Casé e do Rick Nogueira, e eles me chamaram para fazer um novo tratamento para o roteiro. Não estavam satisfeitos com a primeira versão. Comecei tudo do zero, aproveitando a ideia deles, e acabou tomando um rumo bem interessante. O elenco é uma mistura de destaques de vários segmentos: tem o Lúcio Mauro Filho, o Marcelo Adnet, o Marcelo Tas, o Hermes & Renato, o Marcos Mion, a Fernanda Souza e a Maria Clara Gueiros... acabou sendo uma boa experiência de erros e acertos para os próximos projetos na área de cinema de que participo. Podes dar detalhes sobre esses projetos futuros? No total, são seis. Mas tem três que vão sair do papel neste ano e no ano que vem. Um é o “Cilada ponto com”, que começa a ser rodado em outubro e é, digamos, livremente inspirado no “Cilada”. Tem também a versão cinematográfica do “E aí, comeu?”, do Marcelo Rubens Paiva, o “Jardim perfumado”, do Johnny Araújo... esses aí já são para o ano que vem. Tudo ao mesmo tempo agora (risos).
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galeria
Erasmo em sua primeira comunhão. O menino católico anos mais tarde conquistaria o país com irreverência e uma penca de sucessos.
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Tyara de La-Rocque
Luiza Cavalcante/Airton Gontof
Luiza Cavalcante
Das ruaspara as
Galerias Um spray na mão e mil ideias na cabeça. Assim é o trabalho - reconhecido até pelos curadores do Museu do Louvre - do grafiteiro Eduardo Kobra.
A
natureza inquieta do grafiteiro, muralista e artista plástico Eduardo Kobra pouco deixa transparecer a timidez e discrição marcantes deste paulista de 34 anos, apaixonado por arte. Kobra trocou os rabiscos ilegais da pichação nas ruas de São Paulo pela satisfação de levar beleza – por meio da pintura - para os espaços públicos da cidade. Quem vê de longe não acredita que o seu trabalho é feito em grafite. Mais de perto, a dúvida ainda martela na cabeça. As imagens retratadas por Eduardo Kobra, de tão reais, parecem ter vida, num viés que mistura nostalgia e modernidade. Os traços bem desenhados e definidos, com sombras, luz e brilho, e as criações ricas em detalhes mostram a existência de um estilo »»»
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fotos Airton Gontof
Divulgação
Da pixação nos muros paulistas a trabalhos produzidos em espaços públicos, galerias e apartamentos de luxo, foram muitos anos de dedicação do artista.
A obra exposta no Museu do Louvre, na França. Um reconhecimento ao trabalho do brasileiro.
próprio e marcante que reflete a ousadia, dedicação e, acima de tudo, o amor pela arte que este artista possui. Autodidata, Eduardo é a prova de que quando há esforço, determinação e força de vontade, o talento passa a ser um detalhe – importante, mas um detalhe. Seus traços começaram a ganhar as ruas de São Paulo ainda na adolescência, mais precisamente aos 12 anos. No começo, era a pichação, bem comum na paulicéia dos anos 1980. “Na época, pichar era moda. Porém, comecei a perceber que isso também me trazia diversas situações complicadas e vi que precisava sair dessa. Logo depois conheci o grafite e escolhi pintar de forma legalizada”, lembra. O grafite ou grafito - do italiano graffiti- por um bom tempo foi visto como uma técnica de menor expressividade, o que,
avaliando-se o trabalho de artistas como Kobra, é uma visão bastante discutível. No grafite existe a criação de uma linguagem para interferir no espaço urbano. Este se torna a principal tela para os artistas. “O desenho é a característica que predomina no grafite e o diferencia da pichação. É uma outra forma de expressão. No próprio grafite também é possível encontrar várias vertentes, inclusive a marginal, onde as pessoas têm a mesma intenção da pichação e pintam de forma ilegal os muros”, ressaltou. Como na maioria dos estilos artísticos, o grafite passa por um processo de adaptação e aceitação e, na opinião de Kobra, atualmente virou moda: talvez, por conta disso, o preconceito tenha diminuído. E foi pelo simples prazer de pintar que Eduardo Kobra se apaixonou pela grafitagem e aprimorou a sua técnica, conseguindo
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O estilo próprio que Kobra imprime em suas obras já virou referência para muitos dos que começam a carreira no mundo do grafite.
com isso desenvolver um estilo próprio, hoje reconhecido internacionalmente. Ele lembra que, no início da carreira, não tinha grandes pretensões neste universo, pelo fato de não ter ideia de que alguém pudesse sobreviver de arte. Não que ele tenha a opinião, hoje, de que é fácil viver como artista em um país como o Brasil. Pelo contrário: tem a certeza de que, se comparado aos países de primeiro mundo, o Brasil ainda está muito atrasado na valorização da produção artística, principalmente no que diz respeito a incentivos. No entanto, para ele as coisas acabaram tomando um rumo diferente; aos poucos as pessoas tiveram contato com as suas obras, as encomendas começaram a surgir e o seu trabalho foi valorizado. “Cada um pedia uma coisa: um autorretrato, uma reprodução da Monalisa e até mesmo pinturas em carros. Eu aprendi tudo sozinho, na prática mesmo. Dessa maneira aperfeiçoei o meu trabalho.” As propostas aumentaram. A carreira artística engrenou. E hoje Eduardo Kobra está entre os melhores grafiteiros do país. Dos muros das ruas de São Paulo, suas produções começaram a ganhar as galerias, bares da moda, lojas, residências, restaurantes, grandes parques como o Playcenter e Beto Carreiro Word e
chegou, em dezembro de 2009, no Museu do Louvre, em Paris, onde participou de uma mostra brasileira contemporânea no Salon National Des Beaux-Arts (SNBA). A exposição reuniu produções de outros 14 artistas brasileiros, mas na modalidade grafite somente o trabalho do paulista foi selecionado. “Foi um privilégio levar uma obra minha a um dos maiores museus do mundo. Tudo aconteceu tão rapidamente, de repente... Quando me dei conta estava vendo uma pintura minha no Louvre, em Paris. Foi realmente muito gratificante”, diz, orgulhoso. Terceira dimensão Mesmo com o currículo extenso, Kobra garante que pintar em espaços públicos continua sendo a sua grande paixão. “Quando colocamos um trabalho numa galeria, restringimos as produções a um público específico. Acho sensacional e válida a ideia de expor nesses locais e até levar as minhas obras para locais particulares, como apartamentos e casas, por exemplo, mas prefiro manter as minhas origens e continuar com as pinturas na rua porque assim posso levar a arte ao acesso de todas as pessoas.” »»»
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fotos Airton Gontof
Os trabahos em 3D foram desenvolvidos com muito estudo e podem ser apreciados em muitas cidades espalhadas pelo Brasil
Kobra também é conhecido pelas obras em terceira dimensão (3D) ou ilusionística - a mais famosa foi o carro que fez na Praça Patriarca, em São Paulo. Pioneiro neste estilo no Brasil, durante quatro anos o artista estudou intensamente a técnica, e se inspirou, em especial, nos trabalhos do norte-americano Kurt Wenner e do inglês Julian Beever. “O grande barato na pintura em 3D é a possibilidade de criar um espaço que não existe, uma ilusão de ótica. Estou sempre aberto a novas tendências e gosto de pesquisar bastante.” Com os desdobramentos que a sua arte urbana ganhou e com um trabalho amadurecido, Kobra conta hoje com uma equipe de 12 pessoas para desenvolver todas as solicitações vindas de diversos locais do Brasil. Hoje pode dizer com convicção que tem um estilo definido: a linguagem histórica. Ele criou o projeto “Muro das Memórias”, no qual resgata, por meio de imagens do início do século passado, a memória de uma cidade. “Sentia falta de algo que caracterizasse mais as
minhas obras. As pinturas estavam dispersas, sem identidade e com as referências muito voltadas para a cultura americana e hip hop. Queria algo que representasse mais o Brasil e pintei bastante também na linha de literatura de cordel. Mas as pinturas históricas, agora, são a minha especialidade”, comenta. Na Cidade das Mangueiras, Kobra também registrou seu trabalho. O cenário do Ver-o-Peso, em especial, foi o que mais despertou a atenção do artista. Lá ele deixou a sua marca com imagens da Belém do passado. A obra não passa despercebida no local; é praticamente impossível não notar a beleza e o “ar” nostálgico do painel que mostra a rua Conselheiro João Alfredo, em 1915. “Gosto da ideia de despertar nas pessoas o interesse em apreciar e conservar o patrimônio histórico.” Só não tente imaginar Kobra sem pintar. A razão? Ele mesmo responde: “A pintura é a minha forma de comunicação, é como expresso meus sentimentos. É o que dá sentido a minha vida”.
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Livros
horas vagas
Alvaro Jinkings Jornalista
Revoluções - Michael Löwy Esta obra histórica reúne os principais registros fotográficos dos processos revolucionários do final do século XIX até a segunda metade do século XX. O livro convida o leitor a percorrer a diversificada experiência das lutas populares por meio de imagens. Para Michael Löwy, organizador da obra, “as fotos de revoluções revelam ao olhar atento do observador uma qualidade mágica, ou profética, que as torna sempre atuais, sempre subversivas. Elas nos falam ao mesmo tempo do passado e de um futuro possível”. As experiências são narradas por intelectuais como Gilbert Achcar, Rebecca Houzel, Enzo Traverso, Bernard Oudin, Pierre Rousset, Jeanette Habel e o próprio Löwy. A Comuna de Paris, a Revolução Mexicana de 1910–1920, as duas Revoluções Russas (1905 e 1917), as Revoluções Alemã e Húngara de 1919, a Revolução e a Guerra Civil Espanhola (1936–1937), as Revoluções Chinesas e a Revolução Cubana são retratadas em ensaios textuais ágeis, que acompanham a farta documentação iconográfica. A obra resgata a trajetória daqueles que viveram movimentos contra hegemônicos e de inspiração igualitária, aliando rostos de anônimos que protagonizaram as lutas de classe aos registros de dirigentes eternizados como Vladimir Lenin, Leon Trotski e Che Guevara. O último capítulo passa em revista ainda uma série de eventos revolucionários dos últimos 30 anos como a Revolução dos Cravos em Portugal (1974–1975) e a queda do Muro de Berlim (1989). Em apêndice para a edição brasileira, Löwy faz também uma reflexão sobre os momentos de resistência que marcaram a história do Brasil. As imagens e os ensaios foram imprescindíveis para a compreensão de alguns dos episódios mais emocionantes da história universal contemporânea”.
*da redação
Os Filhos de Húrin (2007) J.R.R Tolkien
Nova Reunião (2009) Carlos Drummond de Andrade
Borges/Osvaldo Ferrari (2009) Jorge Luís Borges
Peanuts Completo: 1950 a 52 (2009) - Charles M. Schulz
Considerada uma obra trágica e comparada ao nível de excelência de “O Senhor dos Anéis”, o livro “Os Filhos de Húrin” é um convite a histórias ora doces ora amargas e a favor dos “não finais felizes”. Para os amantes das leituras com um viés mais obscuro, a obra do escritor J.J.R Tolkien é um prato cheio. Húrin é um dos guerreiros humanos de antigas eras aprisionado e amaldiçoado por Morgoth. A impossibilidade de escapar de uma condenação ditada por Morgoth e a incapacidade de um homem assumir as próprias rédeas do destino e desafiar as forças que o aprisionam são mostradas no desenrolar da trama. Publicado em 2007, o livro foi lançado pelo filho do autor, Cristopher, que colheu notas e escritos soltos do pai e assim recuperou a obra, iniciada por Tolkien em 1918. Uma boa pedida para quem quer conhecer um pouco mais de Tolkien.
Carlos Drummond de Andrade dispensa maiores apresentações e merece todos os elogios. Os que aprenderam a amar a poesia desse mineiro de Itabira ganharam, no final do ano passado, mais algumas boas razões abrir o sorriso - e a carteira. “Nova Reunião”, lançada pela editora Best Bolso, é um conjunto de três livros, em formato pocket, que abrange toda a carreira do poeta, desde “Alguma poesia”, de 1930, até o póstumo “Farewell”, lançado após sua morte, em 1987. Ao todo, são 23 obras compiladas. Disponibilizados com preços bem acessíveis, a trinca é um ótimo ponto de partida para neófitos na obra de um dos maiores poetas do mundo, assim como velhos admiradores podem enriquecer suas coleções. Um excelente mimo à sensibilidade nossa de cada dia.
E por falar em trilogias e livros de bolso, a editora Hedra vem se especializando no lançamento de clássicos da literatura universal em formato menor e preços bastante convidativos. Um dos melhores lançamentos do ano passado é uma compilação de entrevistas concedidas pelo escritor argentino Jorge Luís Borges ao jornalista e poeta Osvaldo Ferrari entre 1984 e 1985 - e divididas em três livros. Produzidos originalmente para transmissão pela Rádio Municipal e mais tarde publicados pelo jornal Tiempo argentino, os diálogos dos três volumes passeiam por assuntos que vão de Dante aos faroestes, de Aristóteles a Montaigne. Com sabedoria e elegância, Borges nos faz concordar sem dificuldade quando, em dado momento, sentencia: “O diálogo é uma das maiores dádivas que nos legaram os gregos”. Para ter na cabeceira.
Poucas figuras do universo dos quadrinhos foram mais influentes do que o americano Charles M. Schulz. Do argentino Quino a o brasileiro Mauricio de Sousa, são muitos os que devem tributo ao criador de Charlie Brown e Cia. Em “Peanuts Completo: 1950 a 52”, a editora L&PM disponibiliza aos fãs brasileiros a oportunidade de conferir os primeiros anos de criação de Mr. Schulz, que, ao emprestar às crianças sentimentos e reflexões comuns ao mundo dos adultos, mudou toda a concepção de quadrinhos americanos e, por consequência, do planeta. Nesta primeira edição, além de conferir os traços em formação de Snoopy - bem diferente do que ganharia o planeta e se tornaria uma das marcas mais lucrativas da história -, é possível conferir uma longa entrevista em que Schulz expõe suas influências, seus métodos de trabalho e suas paixões.
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Música Marcelo Viegas Músico
A Música Universal de Hermeto Compositor, arranjador, regente, multi-instrumentista (com domínio e originalidade em mais de oito instrumentos), além de um grande experimentador de sons não convencionais em qualquer tipo de objeto, ser ou coisa. Hermeto Pascoal se confunde facilmente com música. Melhor dizendo, Hermeto Pascoal é a música. Detentor do ouvido absoluto – capacidade de formar uma imagem auditiva interna de qualquer tom musical- e de uma surpreendente e notável facilidade para tudo que emane som, o “Crazy Albino” – como Miles Davis o chamava - começou bem cedo a espalhar sua música pelo Brasil, não demorando a atingir o mundo, ou como o próprio músico diria, o Universo. Compositor prolífico, Hermeto Pascoal produz, toca e pensa música de uma maneira singular. Tão única e original que o próprio acabou por nomear o estilo em que cria: Música Universal. E o que englobaria a Música Universal? Simplesmente qualquer som que puder ser produzido pelo homem. Ou não. É a música sem fronteiras, sem preconceitos; experimental ou convencional; passional ou raivosa; frenética ou vagarosa; primitiva ou elaborada; cheia de cores e nuances, na qual vozes e sons de animais, barulhos de máquinas e do vento são
o mais puro canto. Analisando de uma maneira orgânica, o toque de Hermeto passa muitas vezes por uma forte raiz nordestina, englobando uma mescla de frevo, baião, forró, combinadas a várias outras linguagens como o jazz, a valsa e o choro. Tudo isso envolto em uma particularidade sonora e experimentalismo surpreendentes que nos leva a não conseguir associar sua música a nenhuma linguagem específica e a nenhuma outra referência. É muito comum ao ouvirmos discos de variados artistas, escutarmos sonoridades e ideias que remetem a outros músicos, geralmente suas influências em estilo e conceito. Ao ouvirmos Hermeto Pascoal, só se ouve Hermeto Pascoal. Algo que poucos músicos, sendo eles geniais ou não, conseguem. Abstenho- me totalmente de citar e enumerar dados biográficos e históricos da vida desse gênio alagoano. Como o próprio músico diz, tudo isso não passa de segundo plano. O que realmente importa é a sua música (aqui ilustrada em quatro discos). Música essa que já está totalmente disponibilizada para download na Internet, autorizada pelo próprio Hermeto, como mais uma prova de sua sabedoria. É lá que estão as respostas. Até para esses dados de segundo plano. É só procurar. É livre. É Universal.
A Música Livre de Hermeto Pascoal (1973)
Slave Mass (1977)
Só Não Toca Quem Não Quer (1987)
Por Diferentes Caminhos (1989)
Gravado no Brasil, logo após a volta de uma bem-sucedida temporada nos EUA, Hermeto já possuía todos os elementos que caracterizariam sua música daí pra frente. Levando a cabo a ideia do disco, fielmente expressa em seu nome, o “Crazy Albino” toca piano, sax soprano, flauta, sapho, percussão, além de utilizar sons sampleados de vários animais. Ao final, podemos ouvir seis faixas, que formam um repertório belo, original e como o título sugere, livre. Prova disso são as releituras de “Carinhoso” e “Asa Branca” onde, além de tocar o tema principal, Hermeto sente-se à vontade para incluir passagens autorais extremamente inusitadas e experimentais, dando a essas duas famosas canções do repertório popular uma roupagem única.
Gravado em 1976, nos EUA, e lançado em 1977, Slave Mass é para muitos o melhor álbum de Hermeto Pascoal. Com um time forte de músicos, Slave Mass encanta pela força de suas músicas. A começar por “Mixing Pot”, com as frases hipnóticas de Hermeto; “Slave Mass”, inicia com sons de porcos e violão, caindo em uma levada frenética e totalmente experimental; “Little Cry for him”, ou “Chorinho Para Ele”, destaca a bela condução de Airto Moreira e o baixo preciso de Ron Carter; “Cannon”, feita em homenagem ao saxofonista Cannonball Adderley, traz experimentalismo com flautas, vozes aceleradas e frases desconexas. Uma peça solo ao piano (“Just Listen”), uma bela valsa (“That Waltz”), seguida por uma mágica peça instrumental concluem esse disco impecável.
Com dezenove faixas, “Só Não Toca Quem Não Quer” segue todo o ritual de invenções variadas de Hermeto Pascoal. “De Sábado Para Dominguinhos” abre o disco e nos leva a um turbilhão de músicas instrumentais intensas. Uma particularidade desse disco é a participação de um membro da musical família Zwarg, Antônio Bruno, irmão do baixista Itiberê, cantando duas composições de sua autoria: “O barco” e “O Correio”. Outros destaques são “Quiabo”, com baixo de Arismar do Espírito Santo; “Intocável”, chorinho com participação de Raphael Rabello no violão: “Viagem”, com grande solo de clavinete de Hermeto; “Zurich”, com bela introdução de piano e cheia de vocalizações feitas por Silvana Malta.
Gravado no fim da década dos 80, “Por Diferentes Caminhos” é um álbum bastante intimista. Único projeto de piano solo de Hermeto, o músico deixa de lado muito da expressão excêntrica e experimental de sua obra para executar belas peças, cheia de cores, paisagens e sensações. O disco conta com 16 faixas, onde dez são composições próprias, somadas a interpretações impecáveis de compositores como Pixinguinha, Johnny Alf, Luiz Gonzaga, Walter Santos, Marcos de Albuquerque, entre outros. Destaque para”Bebê”, com sua malemolente introdução; “Nascente” com sua confusa melodia, cheia de altos e baixos;”Nenê”, música bela e intensa. O ponto alto das interpretações é a música “Amanhã”, de Walter Santos, com perfeito toque e cheio de beleza.
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Arthur Dapieve jornalista
O último modelo Antes de mais nada, peço licença aos leitores mais jovens para usar a expressão “há apenas seis anos”. Sei que, dependendo de suas idades, esse período é tempo à beça. Em 2004, o carinha que hoje tem 18 anos e carteira de motorista ainda brincava com miniaturas de automóveis. Tendo mais que o dobro da idade dele, porém, acho que posso me queixar, por exemplo... Há apenas seis anos comprei “o último modelo” do meu disco de rock favorito, London calling, do quarteto inglês The Clash, e ele já está meio desatualizado. E não mais por causa de avanços tecnológicos. Comprei meu primeiro modelo de London calling no século passado. Para ser preciso, trinta anos atrás, quando o disco saiu aqui. Era um álbum duplo. Dois LPs socados dentro de uma capa simples, com a famosa foto de Paul Simonon quebrando o seu baixo elétrico. Dois LPs envoltos por envelopes de plástico que, por sua vez, eram envoltos por envelopes de papel com as letras impressas de, entre outros clássicos da minha geração, Lost in the supermarket e The guns of Brixton. Durante uns bons quinze anos, ou seja, até meados da década de 90 do século passado, esse foi o único modelo de London calling disponível na praça. Então, apareceu o tal do CD. A indústria fonográfica logo entendeu que poderia vender duas vezes o mesmo produto e se apressou a lançar muito do que já lançara em LP no novo formato digital. Quase sempre o trabalho foi feito sem nenhum cuidado, ou seja, gravava-se o LP num CD como se as duas mídias não tivessem características acústicas bastante diferentes. Na hora, nenhum consumidor parou para pensar nisso. Importava era garantir a sobrevivência da música amada num suporte físico que não estava sujeito a deformações e arranhões como o vinil, quiçá fosse eterno. (De quebra, num caso como o de London calling, os dois LPs viraram um único CD, eliminando trocas de lado e de disco). Ficamos contentes, bobos. Até que começaram a aparecer as edições remasterizadas dos mesmos discos, que agora passavam pelo processo que leva em conta as tais diferenças acústicas. E a diferença era gritante. A favor, logicamente, dos “novos” CDs. Sentimo-nos um pouco ludibriados, mas compramos os discos, uma terceira vez. Fazer o quê? Com a obra dos Beatles, essa questão veio a se colocar bem tardiamente, no ano passado, aliás, com o lançamento das versões remasterizadas de todos os seus álbuns. E em duplicata: uma discografia quase inteira em mono, vendida, por enquanto, apenas numa caixa branca, importada; e uma discografia inteira em estéreo, vendida em separado ou numa caixa preta ainda maior, também importada (atenção: eles só usaram esse formato que separa o canal esquerdo do canal direito a partir de Yellow submarine, de 1969). A diferença em relação aos CDs dos Beatles antes disponíveis é ululante.
De volta ao Clash, até outubro de 2004 “a última palavra” era aquele disquinho remasterizado, bastante bacana já. Foi quando a efeméride do 25° aniversário de London calling – que saiu na Grã-Bretanha em 1979 – motivou o lançamento de uma edição comemorativa. Nela, além do álbum original, vinham um CD extra com versões alternativas e músicas inéditas e um DVD com cenas da gravação do disco. OK, eu era um otário. Mas como eu poderia seguir vivendo sem isso? Não poderia. Comprei meu quarto modelo de London calling e acreditei que afinal chegáramos à “última palavra”. Ledo engano. No ano passado, o disco do Clash completou trintinha. E saiu lá por cima mais uma edição comemorativa, dessa vez imitando a capa de papel do LP, sendo que um dos disquinhos é o álbum propriamente dito e o outro, o mesmo DVD que pintou em 2004. Isto é, nada de novo ou de extra em London calling, só o fetiche do modelo diferente. Sólidos princípios morais, e alguma vergonha na cara, impediram-me de comprar a quinta versão do disco. Parece piada daquele tipo “se você não parar de me beijar em três horas, eu grito!” E é piada. Essas edições especiais têm algo de comédia. Nós. Ainda atônita diante da revolução representada pela troca de arquivos na internet, a indústria fonográfica, ou o que resta dela, decidiu apelar aos velhos e fiéis consumidores, o pessoal que tem mais de 35 anos de idade. Se, de lambuja, a garotada se convencer de que afinal está na hora de comprar, melhor. Porém, creio que a ideia principal é vender os mesmos discos às mesmas pessoas, quantas vezes for possível, acrescentando coisas aqui e ali, de modo a fazê-las salivar, crentes que não podem viver sem “o último modelo”. Não se trata de demonizar a indústria fonográfica. Ela continua prestando bons serviços à música. Quando lança, por exemplo, a edição comemorativa do 20° aniversário do álbum homônimo de estreia dos Stones Roses, remasterizado, com as indefectíveis versões alternativas (excelentes, aliás) e o DVD de um show. Por acaso, as três bandas mencionadas neste artigo são inglesas, mas os americanos também exploram o filão, inclusive na indústria cinematográfica, por intermédio dos DVDs e blu-rays turbinados. No Brasil, o filão não é muito contemplado, a não ser como na recente caixa Salve, Jorge!, de Jorge Ben, que, além dos 13 discos gravados para a Philips entre 1963 e 1976, traz um duplo com raridades. E o filão resta quase inexplorado não é por uma bondade tropical inata, nada disso. No fundo, tremo ao imaginar que a bagunça pátria simplesmente não permite que existam – ao menos não de uma maneira organizada, bem conservada e, portanto, acessível – fonogramas inéditos que possam enriquecer discos já clássicos. Oxalá eu esteja errado, e um dia possamos escutar as sobras de estúdio de João Gilberto.
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“O apelo pela eficiência e velocidade tende a tirar nosso poder de observação das coisas”, diz Silvia, para quem “desacelerar é preciso”
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destino
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Divulgação
foto José Ricardo
Alan Bordallo
Ao sul da
Africa
Uma natureza tão grandiosa quanto os contrastes sociais. Mistura étnica faz do país uma verdadeira salada cultural.
É
impossível eleger um motivo em especial para se in-
a chave para os sul-africanos se livrarem da herança in-
teressar pela África do Sul. Pluricultural, com colonização portuguesa, holandesa e inglesa, 11 idiomas oficiais, paisagens naturais que variam de savanas a praias
cômoda deixada pelo Apartheid, regime segregacionista que dividiu socialmente o país por quase 50 anos. A África do Sul quer mostrar que, mais do que ser visitada, precisa
paradisíacas, ou paisagens artificiais que remetem a grandes metrópoles, dono de uma culinária cosmopolita e de
ser vivida. A África do Sul tornou-se República a partir de 1961, quan-
costumes particulares, o país transpira diversidade. Hoje em voga pela proximidade da Copa do Mundo, que sedia pela primeira vez, a África do Sul se prepara para bater o recor-
do ainda vigorava o regime do Apartheid, que determinava por lei uma suposta superioridade da “raça” caucasiana sobre as demias etnias nativas do país. O regime desumano,
de de visitantes estrangeiros: em 2007, mais de 9 milhões de pessoas escolheram o país para viagens de férias ou a negócios. O grande evento esportivo, que congrega culturas
que entre outras coisas limitava o acesso de negros a diversos locais públicos, incluindo até praias do litoral sul-africano, até hoje é uma mancha na história do País, e é difícil calcu-
e nacionalidades das mais distintas, é também visto como
lar o número de vítimas do preconceito vigente à época. O »»»
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A natureza exuberante favorece a prática de esportes radicais, como o bungee jump, rapel , windsurf, entre outros.
maior expoente da luta contra a segregação racial, e célebre
camente. A saudação, aliás, precede normalmente nomes
vítima dos efeitos da intolerância, é o advogado e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que passou 27 anos de sua vida preso por ser considerado terrorista pelo regime
como “Robinho”, “Kaká” ou “Ronaldinho”. Apaixonados por futebol, os sul-africanos não escondem a idolatria pelo futebol e pelos craques brasileiros.
governista. Mandela tem, em várias cidades sul-africanas, monumentos em sua homenagem. Décadas de preconceito não são esquecidas facilmente,
A moeda corrente na África do Sul é o Rand. Sua cotação corresponde a um quarto do valor do Real no mercado internacional, o que coloca também os brasileiros em uma
e geram muita desconfiança. Uma simples caminhada de cinco minutos em qualquer cidade sul-africana, é o suficiente para perceber a complexidade do país. Na rua, conversas acontecem em xhosa, anúncios são feitos em zulu, ofertas aparecem em inglês, idioma oficial, ou africânder. Todas as
posição privilegiada quando visitam o país. Esse é um dos motivos pelos quais a África do sul vem se tornando um destino turístico atrativo para os tupiniquins. A jornalista Renata Castelli, paulista radicada em Belém, confessa que nunca havia lhe passado pela cabeça conhecer a África do Sul, lu-
línguas são reconhecidas como idiomas oficiais da África do Sul, tendo, inclusive, cada uma, uma estrofe no hino do País. Porém, na hora de se comunicar os negros preferem utilizar
gar que sempre associava ao panorama geral do continente africano. O interesse surgiu depois que começou a namorar um sul-africano, com quem hoje é casada. “Quando fui ain-
os idiomas nativos. Nada disso, no entanto, é capaz de inibir a hospitalidade do povo do país. Principalmente quando se trata de receber brasileiros, sempre saudados simpati-
da não se falava tanto em África do Sul. O país ficou mais visado a partir do momento em que foi escolhido pra sediar a Copa deste ano e, para ser sincera, nunca tinha me pas-
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Apesar da triste herança histórica do regime desumano do Apartheid, o povo sul africano é bastante conhecido pela alegria e hospitalidade.
sado pela cabeça visitá-lo. Acabei indo porque meu
Cabo. Um deles é a visita ao Green Market Square,
marido é sul-africano e como na época estávamos namorando, ele me levou pra conhecer a família e a cidade dele. Nunca imaginei que ia me deparar com
um mercado tradicional, que oferece aos turistas o artesanato característico da África. Na cidade também fica o Victoria & Alfred Waterfront, que fica ao
um lugar tão bonito, tão estruturado e tão diferente de tudo o que a gente costuma pensar sobre a África em geral. Foi uma surpresa e tanto”, conta.
norte do centro da cidade: um centro portuário de compras e lazer, com muitos bares e restaurantes charmosos, onde há também um excelente aquário
Como a maioria dos turistas, Renata escolheu Cape Town como ponto de partida do passeio. Segunda cidade mais populosa do país e com o maior potencial turístico, Cape Town oferece um leque variado de opções aos visitantes. A cidade é banhada pelo
com um pouco da rica fauna marinha da costa sulafricana. A poucas horas de viagem, uma mudança radical. Fruto da influência francesa na cidade, nasceu a Franschhoek, um vilarejo que, segundo a jornalista, mais parece uma cidade encantada, e ficou
oceano Atlântico e oferece um litoral privilegiado aos turistas. Uma das paisagens que mais chamaram a atenção da jornalista é uma combinação entre o mar
famosa pela vinícola que funciona no local. É possível degustar vinhos de qualidade, próximos ao padrão francês, sem gastar fortunas.
e as montanhas, em especial a Table Mountain, que corta quase toda a extensão da cidade. Para Renata, há alguns passeios indispensáveis na Cidade do
Renata conta que a África do Sul guarda semelhanças perceptíveis com o Brasil, a começar pela mistura étnica que os dois países abrigam. A paisa- »»»
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Os grandes centros urbanos oferecem boas opções de bares, restaurantes, boates e redes de hotelaria. O país preserva as tradições tribais e ao mesmo tempo dispõe de estruturas de primeiro mundo.
gem da Cidade do Cabo, o contraste entre o mar e as mon-
Turismo Liana Freire, que morou na Cidade do Cabo por cin-
tanhas, lembram as belezas do Rio de Janeiro. As mazelas sociais também não podem ser ignoradas. “Os dois países
co meses e meio. Matriculada em uma escola que oferece o ensino da língua esclusivamente para turistas, ela teve a
têm coisas em comum, como a violência e a pobreza que ainda existe na África do Sul. Lá, as favelas, por exemplo, ficam mais distantes do centro da cidade, menos entranha-
oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro, o que, para ela, foi uma das maiores vantagens da viagem. “Acho que é a melhor maneira para amadurecer, perder precon-
das. Não é como no Rio de Janeiro onde em plena Copacabana há becos que levam para favelas, bem pertinho dos bairros residenciais. Fora isso tem também o calor humano,
ceitos e expandir os horizontes. Quando você viaja, vive uma realidade diferente da sua e conhece pessoas que vivem em realidades diferentes, a visão de mundo muda.
a energia vibrante do local, as belezas naturais que lembram bastante o Brasil, além da cultura afro, os ritmos, as danças… Mas quanto à organização e estrutura, eu costumo dizer que Cape Town é um Rio de Janeiro melhorado, pois é uma cidade tão bonita quanto (talvez ainda mais), com ser-
Você aprende a realmente dar valor ao que é seu e passa a ver o que o mundo tem pra te oferecer de melhor também”, diz a estudante. Um dos programas “Lado B” que ela viveu foi saltar de bungee jump. Entre Cidade do Cabo e Port Elizabeth, outra
viços que funcionam, estradas sem buracos, ruas e parques limpos”, explica. A África do Sul também é uma opção mais barata para
cidade que recebe muitos turistas, e próximo ao balneário de Jeffrey’s Bay, paraíso dos surfistas no país, fica o maior bungee jump do mundo, na região de Garden Route. O nome é
quem quer aprender inglês. Esse foi o caso da estudante de
“Face Adrenalin”, ou “Encare a Adrenalina”, e o motivo fica
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explicado ao se encarar os 216 metros de queda livre. O
haviam sido comercializados pelo site oficial da entidade e
salto custa aproximadamente 800 rands, algo em torno de R$ 200, e dá direito também a fotos e vídeos da aventura.
11 jogos já tiveram os bilhetes esgotados, incluindo as finais e semifinais do torneio e a partida entre Brasil e Portugal. A
“É muito difícil de descrever a emoção de saltar de bungee jump. Posso dizer que foi a ocasião em que me senti mais viva na vida. É uma sensação de suicídio quando você se
FIFA começou a vender em fevereiro o terceiro lote de ingressos para os jogos e, caso todos não se esgotem, até o dia 7 de abril a compra poderá ser feita pelo site.
joga e de vida após o suicídio quando a corda levanta de novo”, explica. Os saltos podem ser agendados online pelo site www.faceadrenalin.com ou pagos no local. O problema
A seleção brasileira está no grupo G da Copa do Mundo, ao lado de Portugal, Coreia do Norte e Costa do Marfim. A estreia da seleção no torneio acontece no dia 15 de junho,
é que, deixando para cima da hora, o visitante corre o risco de esperar por quase duas horas até chegar sua vez. Copa do Mundo Com a proximidade da Copa do Mundo, a revista Living
contra a Coreia do Norte, no estádio Ellis Park, em Joanesburgo. A segunda partida da seleção também será em Joanesburgo, ocorrendo mudança apenas no estádio, que será o Soccer City. O jogo contra Portugal, o último da seleção brasileira na fase de grupos, será em Durban, a 500 km de
oferece ao leitor um guia completo das cidades onde a seleção brasileira vai jogar no torneio. Se você, leitor, ainda estiver buscando ingressos para os jogos, então é melhor correr.
Joanesburgo, no estádio Moses Mabhida. A fase eliminatória ainda é uma incógnita, então dividiremos o destino da seleção até a final da Copa do Mundo de
Segundo dados da FIFA, quase 2 milhões de ingressos já
acordo com as hipóteses de classificação da seleção brasi- »»»
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Onde fica?
A ˘frica do Sul está situada no continente africano, e faz fronteiras com Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Suazilândia a leste; e com o Lesoto, território totalmente rodeado pelo território sul-africano. O país é banhado pelas águas dos oceanos ¸ndico e Atlântico.
Transporte Aeroportos: Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban, Port Elizabeth, East London, George, Kimblerly, Upington, Bloemfontein e Pilansberg abrigam os dez principais aerportos do país, que conta com mais de 50 companhias aéreas. Linhas de ferro: 22.000 Km de linhas férreas Estradas Total: 754.000 Km de estradas Portos e terminais: Richards Bay e Durban, na província de KwaZulu-Natal, East London e Port Elizabeth, no Cabo Oriental, e Mosel Bay, Cidade do Cabo e Saldanha, no Cabo Ocidental
Comunicação Código de país: 27 Código de país na Internet: .za
Cidades mais populosas Estádio Moses Mabhida onde acontecerão as semifinais da Copa de 2010. Joanesburgo, Pretória, Cidade do Cabo e Durban leira na primeira ou segunda colocação do grupo.
Tempo de viagem
Classificação em 1° lugar: Caso o Brasil confirme as expectativas e alcance a classificação em 1° lugar, a seleção voltará a jogar em Joanesburgo nas oitavas-de-final, no Ellis Park, contra o segundo colocado do grupo H. Avançando, a seleção irá jogar a partida de quartas-de-final em Port Elizabeth, no estádio Nelson Mandela Bay, contra a seleção vencedora do confronto entre o 1° do grupo E e o 2° do grupo F. As semifinais nesse caminho
Os voos nacionais com destino à ˘frica do Sul saem do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Para chegar a Joanesburgo a viagem dura 10 horas.
acontecerão na Cidade do Cabo, no estádio Green Point. A final está marcada para o Soccer City, em Joanesburgo.
O que levar na mala
Classificação em 2° lugar: Torcemos para que não seja essa a condição do Brasil, pois, em caso de classificação na vice-liderança, a seleção brasileira terá que passar por um deslocamento de quase 1.300 km para a Cidade do Cabo, onde enfrentará, nas oitavas-de-final, no estádio Green Point, o 1° colocado do grupo H. Avançando, a seleção jogará as quartas-de-final em Joanesburgo, no Ellis Park, contra o vencedor do confronto entre
Dependendo do período que se escolher para visitar a ˘frica do Sul, sua bagagem pode mudar. Se optar por viajar ao País entre novembro e março, o ideal é levar roupas leves, já que esse é o período do verão sul-africano. Se o objetivo é acompanhar a Copa do Mundo, leve casacos, jaquetas e até cachecóis, já que de maio a agosto é inverno na ˘frica do Sul. Protetor solar, hidratante e manteiga de cacau são itens indispensáveis em qualquer viagem internacional.
o 1° do grupo F e o 2° do grupo E. As semifinais, por esse caminho, acontecerão em Durban, no estádio Moses Mabhida. O caminho para a final é o Soccer City, em Joanesburgo, porém, caso o Brasil fique de fora das finais, disputará o 3° lugar em Port Elizabeth, no Nelson Mandela Bay Stadium.
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comportamento
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Lucas Berredo
Luiza Cavalcante
Lugar de
homem
é na...
Homens de várias idades invertem o chavão e mostram que, sim, a cozinha também é o espaço deles
“
Cozinhar é uma prova indiscutível de carinho e até de
patrícios na Roma Antiga, assim como em boa parte das
amor. Transcende o simples processo da alimentação.” A afeiçoada afirmação é do consultor de empresas Marcelo Magalhães, 32, que começou a se interessar pela culi-
civilizações mesopotâmicas e na Grécia. Mais importante do que isso, a rica tradição culinária europeia, desenvolvida durante a Idade Média e o Renascimento,
nária durante as frequentes reuniões de amigos no fim de semana e que, à beira do fogão, dispensa o pragmatismo do dia-a-dia nos negócios e celebra a amizade. “Identifico-
foi quase que inteiramente construída pelos chefs homens, imensamente prestigiados nas cortes do Velho Mundo por agradarem aos paladares dos monarcas absolutistas. Em
me com a frase ‘Como para viver, cozinho para celebrar’, da Marisa Ono”, justifica o consultor. “Cozinho para agradar os meus.” Se a história de Marcelo soar uma exceção em uma época em que o modismo do homem ir à cozinha parece novo à
um grau menor de importância, não podemos nos esquecer de expedicionários, piratas, navegadores, aventureiros e soldados que, se não tinham o apuro dos grandes chefs, também precisavam se virar durante as guerras dessa época. O que acontece então, apesar do histórico, com o fato inu-
maioria das pessoas, saiba que a história do toque masculino na cozinha vem de milênios. A paixão pela improvisação, o prazer do paladar e a construção de pratos – excepcional-
sitado de um homem cozinhar? Por que a experiência, de algumas décadas para cá, tornou-se um modismo, uma curiosidade? O nosso amigo gourmet, Marcelo Magalhães,
mente por homens – pode ser comparada, em suas devidas proporções, à própria expressão artística e à eterna curiosidade do sexo masculino na história.
por exemplo, desconhece a questão e afirma que nunca foi alvo de brincadeiras na roda dos amigos homens. “É impressionante, porque isso (o estranhamento no fato de
No livro História da Alimentação, organizado por Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari, constata-se que eram os escravos homens que preparavam os fartos manjares dos
um homem cozinhar) nunca passou pela minha cabeça e acho que nem dos meus amigos”, afirma. “Eu acho que, inclusive, não se trata de mim: os homens, em geral, estão »»»
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Não são poucos os homens que vão além do básico para encarar e inventar receitas mais elaboradas na cozinha
indo para a cozinha. A diferença é que o homem não faz isso
ditismo por trás da ideia do homem na cozinha, não se nega
por obrigação, e sim por prazer. Ele, por exemplo, é aquele que faz o churrasco no fim de semana e não o que precisa fazer o arroz ou elaborar o prato do dia. Acho que isso termi-
que algumas áreas da culinária são identificadas diretamente com o universo masculino. Além do tradicional churrasco, há uma explicação racional ao exclusivo preparo de sushis
na sendo gostoso porque ele cozinha com mais disposição ou alegria. Além do mais, historicamente, o homem sempre esteve na cozinha, talvez não tão próximo quanto a mulher.”
por homens: as mãos das mulheres seriam inadequadas ao manuseio de ingredientes, por serem mais quentes do que as do sexo masculino, de acordo com as tradições.
Outro aficionado, o ultrassonografista Arthur Lobo, lembra de algo fundamental: “Quando era pequeno, via minhas avós e minha mãe cozinhando. Lembro-me de que ficava curioso com aquilo e, claro, ficava à espera do bolo, porque, como qualquer criança, gostava de comer as sobras do alimento”.
O alquimista da cozinha A maioria dos homens “entra” para o mundo da cozinha pelos ímpetos ou necessidades naturais que o caracterizam, como a impaciência para esperar pela comida da mãe (e
As recordações de Arthur, a sabedoria e o “estranhamento” popular poderiam nos levam a uma teoria: nossas próprias mães eram enfáticas em relação à cozinha. Aquele território,
derivados) ou o simples fato de morar sozinho, por exemplo. Foi assim que o aficionado Arthur Lobo começou a cozinhar. “Quando você mora sozinho, paulatinamente enjoa das co-
durante a infância, era praticamente proibido aos homens – um terreno quase inviolável. Em uma recente entrevista à revista Vida Simples, da editora
midas de rua. Assim, começa a inventar algumas coisas, quer dizer, do ovo, você vai para o omelete e, em seguida, o suflê, e daí para alimentos mais trabalhados. Não me
Abril, o restaurateur paulista Fabrizio Fasano, dono de uma das principais casas gastronômicas do país, lista um episódio interessante à questão: “Na cozinha de minha mãe, tudo que eu fazia era descascar as batatas e amassar o nhoque com a colher. E só”. De qualquer forma, mesmo com todo o ine-
considero um cozinheiro, e sim um curioso da cozinha”, explica o ultrassonografista, que costuma ir ao fogão todos os fins de semana. “Você começa como todo mundo faz, cozinhando um churrasco no final de semana. Depois, começa a busca pelos
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Para mostrar às pessoas como é fácil fazer uma comida simples, saborosa e rápida, o renomado chef inglês Jamie Oliver recorda um ministério criado pelo governo britânico por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o Ministério da Comida (Mi-
Revolução na Cozinha Jamie Oliver Ed. Globo • 2009 360 páginas.
nistry of Food, título original do livro). Possui receitas com diversos tipos de ingredientes, além de seguir uma forma racional e saudável.
Os grandes chefs da mais famosa escola de culinária do mundo, a Le Cordon Bleu, ensinam mais de 200 receitas de pratos doces e salgados, através de fotos coloridas que orientam passo a passo as técnicas de culinária.
Le Cordon Bleu: Todas as Técnicas de Culinária Eric Treuille e Jeni Wright Marco Zero • 2006 351 páginas.
A “Bíblia” da culinária brasileira, este livro originalmente publicado nos anos 40 teve uma reformulação completa para facilitar o prazer de cozinhar. Com a aber-
Comer Bem: Dona Benta Alberto Lorencato Ibep • 2004 1.120 páginas.
tura das importações, ingredientes que antes eram raridade ou nem existiam no Brasil, foram incluídas 200 sugestões de sabor contemporâneo, todas testadas. São tentações como o apetitoso risoto italiano de cogumelos secos e um tiramisu. Para completar, alguns clássicos brasileiros e internacionais aparecem pela primeira vez nas páginas do livro: arroz de carreteiro, caldinho de feijão, cambuquira, filé ao molho mostarda e crêpes suzettes.
O consultor Marcelo Magalhães faz da culinária um bom pretexto para reunir os amigos
temperos. Gosto muito de carnes, então faço um carré de
dade de temperos. Não sei preparar feijoada ainda, nem a
cordeiro, ou um filé com molho de laranja. Então finalmente, vêm as experiências. Outro dia, por exemplo, peguei um filé mignon que restou do almoço e transformei aquela tira em
culinária regional.” Fascinado por risotos, Marcelo Magalhães se encorajou pelo incentivo de amigos, a maioria cozinheiros amadores,
um estrogonofe. Faço muito assim: pego o que sobrou do almoço na geladeira e preparo um prato diferente”, explica Lobo, que não dispensa a mesa farta e os elogios. “O legal é
há aproximadamente três anos. “Tenho uma grande paixão pelo arroz e, um de meus amigos, Eduardo Ferreira, prepara divinamente um risoto”, explica. “Lembro-me claramente do
apurar os sentidos, quer dizer: você apura o paladar, o tato e até a audição, quando recebe um elogio”, brinca. A culinária, aliás, é um fator fundamental na construção das relações na vida de Arthur, já que, graças a um jantar, ele conheceu sua atual esposa, cerca de 30 anos atrás. “Fazia
primeiro dia em que ele me ‘autorizou’ a ajudar na preparação e, a partir daí, fui aprimorando até chegar a um ponto em que fazia muito bem aquilo.” No caso de Marcelo, as tradicionais reuniões de amigos costumam ser o palco ideal para suas experiências culinárias.
residência médica no Rio de Janeiro quando, uma vez, liguei para uma prima, Norma, e ela (a esposa) atendeu do outro lado da linha. Após desligar o telefone, minha esposa per-
Ele brinca que é mais fácil convidar os companheiros a um jantar do que combinar um encontro no bar da esquina. “A mesa agrega e une as pessoas”, afirma. “De modo geral, na
guntou a ela: ‘De quem era aquela voz bonita que falou com você?’. E Norma disse que era eu, que iria lá (na casa da prima) algumas horas depois. Minha esposa retrucou: ‘En-
cozinha, as pessoas se sentem mais à vontade para conversar e se aproximar. Se trago alguém fora da roda, ela conhece os membros da mesa enquanto eu ou outro amigo
tão diz para ele que farei uma sobremesa quando ele estiver aqui’. Quer dizer, a comida e os sabores foram fundamentais até para que eu casasse”, brinca o ultrassonografista, que costuma se arriscar no preparo de vários tipos de alimentos. “Faço massas, risotos, carnes, peixes. Tudo com uma varie-
cozinha. Quer dizer, é uma experiência social.” A primeira receita do consultor, por sinal, foi batizada com o nome de uma amiga, Denise Farah. “Queria criar algo diferente. Copiei e colei de algumas receitas ali e aqui e logo percebi que o prato se parecia muito com a personalidade »»»
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Good Guide
Fancy Fast Food
(www.goodguide.com). Em inglês. Site que oferece informações sobre calorias e nutrientes presentes
(www.fancyfastfood.com). Em inglês. O site compra alimentos e ingredientes produzidos em cadeias
nos principais produtos do mercado gastronômico. Um recurso inusitado é o aplicativo para iPhone,
de fast food (como McDonald’s e Burger King) e transforma em pratos de culinária chique.
em que você consegue ler os códigos de barra dos produtos no supermercado mesmo.
Sebastião Rosivaldo, do Senac, é reconhecido nascionalmente como um dos melhores professores de gastronomia. “Somos privilegiados em Belém.”
dela: álcool, conhaque, pimenta, entre outros ingredientes.
o instrutor de gastronomia Sebastião Rosivaldo, do Serviço
Ela ficou muito feliz com aquilo e logo outros amigos começaram a me pedir pratos semelhantes. É muito louco isso,
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), garante que já existe um crescimento do mercado na capital paraense.
porque este episódio é mais uma prova de que cozinhar não deixa de ser um grande apreço emocional pela família, esposa, namorada ou amigo.”
“Temos uma cozinha muito peculiar em relação às outras do Brasil”, explica. “A comida paraense é literalmente diferenciada porque você ainda mantém aqui uma cultura in-
Mercado Não há dúvida de que, quando o homem decide cozi-
dígena, em que a matéria-prima é dificilmente encontrada em outros Estados do Brasil. Diria que somos privilegiados em Belém.”
nhar, pelo menos a maioria assume uma faceta diferente do pragmatismo habitual no trabalho. Adoram os detalhes, pesquisam as raízes dos ingredientes, comparam utensílios de diversas marcas e constroem um verdadeiro arsenal na cozinha: raladores, pegadores de fio de macarrão, facas de
O também banqueteiro Sebastião é um desses homens que se destacam no mercado gastronômico nacional. Frequentemente, ele é escolhido como jurado em pesquisas sobre o tema em revistas nacionais – como representante do Pará –, além de manter um segmento-empresa que atende diver-
legumes, batedores de claras, entre outras bugigangas. Os números do sexo masculino no mercado gastronômico brasileiro são interessantes. Em meados da década de
sos refeitórios do Estado, em especial os que realizam jantares nos leilões agropecuários. No Brasil, segundo Rosivaldo, a instituição que melhor oferece uma formação profissional
2000, uma pesquisa publicada na revista Veja constatava que 60% dos compradores de livros de gastronomia são homens e que 90% dos fogões italianos da marca Ilve, ven-
na gastronomia é o Senac, coincidentemente, a entidade em que trabalha. “No Senac, há uma estrutura física em todos os segmentos
didos no Brasil a R$ 70 mil cada um, são comprados por indivíduos do sexo masculino. Além disso, 60% dos frequentadores de escolas de culinária chique são homens.
da cozinha e, além disso, quando você finaliza o curso, já está completamente apto para o mundo de trabalho”, justifica o instrutor, formado no Senac de Águas de São Pedro,
Em Belém, não existem números oficiais sobre isso, mas
em São Paulo.
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decor
Vinhos das mais variadas cepas compþem a adega do empresårio Carlos Gonçalves, que investiu pesado para realizar um antigo sonho.
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Arthur Nogueira
Luiza Cavalcante
filme
Coisa de
Empresário Carlos Gonçalves monta adega inspirada na Idade Média e impressiona visitantes.Você também pode ter a sua.
“
Mandem a equipe lá, senão eles não vão entender do que se
trata.” O empresário Carlos Gonçalves tinha razão. Para divisar a sofisticação da adega que possui em casa, foi necessário conferir in loco: ao todo, o projeto abrange aproximadamente 100m² e consiste em hall de entrada, cozinha e salão para degustação, além da cave propriamente dita, que acolhe 2.000 garrafas de vinho. Com paredes de pedra, o espaço é como um cenário do filme do Rei Arthur, com direito a uma “távola” redonda para apreciar a bebida em grupo e mais portas de madeira maciça, barris e peças de antiquário. A propriedade fica em Benfica, região metropolitana de Belém. Aos poucos, o caminho de paralelepípedos revela uma casa amarela, enorme, no alto de uma colina. “Ali é meu refúgio, minha vida é trabalhar e ir àquela casa”, explica o empresário. O projeto de construir a adega no porão surgiu pelo prazer de receber amigos e cozinhar para eles. “Vinho é uma coisa que agrega, seja bom ou »»»
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Desde a entrada até os pequenos detalhes internos, tudo na adega construída pelo empresário impressiona os visitantes, que podem conferir uma decoração diferenciada e vinhos de ótima qualidade
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ruim, caro ou barato – o melhor é a companhia”, diz o chef, que há dez anos se dedica à gastronomia. Responsável pelo projeto da adega, o casal Rogério e Melania Monteiro explica que um espaço como esse em casa é algo além de um recurso de decoração. “É preciso que haja amor por vinhos, você não pode simplesmente comprar as garrafas e colocá-las ali”, advertem. Uma adega implica cuidados de armazenamento e também um controle da bebida, com o registro da data da compra, da safra e do local de origem. “Isso também é um hobby”, assegura o casal. De fato, a prática pode se tornar um vício. De acordo com Carlos Gonçalves, vinho é um prazer progressivo - “depois que começa, você está sempre em busca do melhor”. E foi assim que ele passou a colecionar títulos. Primeiro adquiriu uma adega de 60 garrafas, depois uma de 200, até que decidiu construir a sua própria. Segundo ele, o melhor vinho é aquele que agrada ao paladar. “Chateau Margaux 82, Luis Pato Vinhas Velhas 2007 e Quinta do Vallado eu acho maravilhosos porque em determinado dia, com determinada companhia, tiveram o sabor perfeito”. E afirma, taxativo: “Não leio sobre vinhos, tudo o que sei é sobre os que bebi”. Celebrada com entusiasmo pelo proprietário e pelos projetistas, a adega já recebeu nomes ilustres da gastronomia mundial. “O brasileiro Alex Atala e até um espanhol, Ferran Adrià, chefs conhecidos no mundo inteiro, foram até lá, a convite do Paulo Martins [chef paraense], e ficaram apaixonados”, conta Melania Monteiro. »»»
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Montando uma adega... Para se ter uma adega em casa a regra é simples: entender a complexidade que envolve o ato de apreciar e armazenar o vinho. Segundo o designer de interiores Erinaldo Lucena, o espaço ideal requer tratamento cuidadoso, porque se trata de um ambiente funcional, com fim nobre: potencializar o aroma e o sabor da bebida. “É como um cofre, que guarda um tesouro valioso não só do ponto de vista material, mas também imaterial”, poetiza. Um projeto de adega depende inicialmente da quantidade de garrafas que o cliente quer armazenar. “Para quem não tem muito espaço em casa, a alternativa são as adegas portáteis”, indica. Tratam-se de dispositivos refrigerados, com capacidade de 6 até 200 garrafas, que mantêm a luminosidade, a temperatura - entre 11ºC e 15ºC - e a umidade - entre 70% e 80% - recomendadas para a estocagem da bebida. Em nossa região, o cuidado térmico deve ser redobrado e, como uma geladeira, a adega nunca deve ser desligada. De acordo com os profissionais, existem projetos de adega que atendem todos os tipos de ambiente, desde espaços maiores, como é o caso da casa de Carlos Gonçalves, até espaço menores, como escritórios e apartamentos. “Dá pra fazer, basta gostar de vinho”, garantem.
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Rodrigo Aguilera empresário
Para essa coluna foi-me proposto o seguinte tema: “Quais vinhos combinam numa noite a dois?”. Sem pensar duas vezes disse: “Pinot Noir!”. Não canso de exaltar esta uva e explico o porquê. Embora esteja associada à região da Borgonha na França, esta variedade produz excelentes vinhos em outras regiões como: Marlborough (Nova Zelândia), Oregon (Estados Unidos) e Vale do Casablanca (Chile). De difícil cultivo e produção - sensível a diversas variáveis - , adapta-se melhor a regiões de climas mais frescos. Seus aromas podem sugerir cerejas, frutas vermelhas, caça e aromas vegetais, apesar de que seus vinhos podem variar bastante de estilo dependendo da região cultivada. Geralmente de corpo ligeiro ou médio, quando bem produzidos são vinhos delicados e elegantes. Alguns chegam ao ponto de fazer comparações extremamente criativas como a crítica de vinhos Jancis Robinson, que certa vez o comparou em estilo a uma “moça atrevida”. Outros, como Joel Fleischman, da revista Vanity Fair, dizem que “...é o mais romântico dos vinhos, com um perfume tão voluptoso, doce nas pontas, e tão poderoso que um soco, como se apaixonar, eles fazem o sangue correr quente...”. Ou como o controverso crítico Robert Parker: “Quando bem feito, produz os mais complexos, hedonistas e extraordinariamente emocionantes vinhos tintos do mundo”. Acho que, agora, vocês devem ter compreendido o porquê do Pinot Noir ser perfeito para um jantar a dois. A seguir, indico excelentes vinhos feitos da uva.
Tabalí Especial Reserve Pinot Noir 2007 Saint Clair’s Vicar’s Choice Pinot Noir 2008 Origem: Nova Zelândia Produtor: Saint Clair Uva: 100% Pinot Noir G.A: 13% Envelhecimento: 8 meses em barricas de carvalho Preço: R$ 84,00 Este vinho é um grande exemplo da qualidade que se atingiu na Nova Zelândia com a Pinot Noir. Rubi intenso, notas evidentes de cereja, encorpado porém de taninos redondos, acidez equilibrada e gosto persistente no final. Para beber agora ou até em cinco anos.
Origem: Chile - Valle del Limarí Produtor: Viña Tabalí Uva: 100% Pinot Noir G.A: 13,5% Envelhecimento: 11 meses em barricas de carvalho Preço: sob consulta A viña Tabalí foi uma das pioneiras ao se instalar no Valle del Limarí. O Chile tem conseguido nos mostrar cada vez mais excelentes resultados com esta cepa, que apesar de ter características de um vinho feito de pinot noir, em estilo, é completamente diferente do que se produz na França, por exemplo. Num vermelho claro, notas de groselhas, morangos maduros e baunilha. Encorpado e de taninos redondos.
Bouchard Père & Fils Gevrey-Chambertin 2006 Origem: França- Borgonha - Côte-D’or Produtor: Bouchard Père & Fils Uva: 100% Pinot Noir G.A: 13% Preço: R$ 250,00
Gevrey-Chambertin é a comuna da região conhecida como Côte-D’or, onde estão concentrados os grandes produtores da Borgonha. O produtor Bouchard Père & Fils é um importante produtor da região, com grandes vinhos no seu portifólio. Neste vinho, frutas escuras integradas com o carvalho, mineral e com taninos ainda firmes. Melhor para beber até 2015.
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Mosaico de
sabores Atum crocante com shitake e molho de ostras: a nova aposta do chef Allan Renato, do Manjar das Garças
A
os 28 anos de idade, Allan Renato é um chef de cozinha com um currículo extenso. Trabalhou nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país, montou restaurantes refinados em várias capitais, trabalhou em badaladas casas de São Paulo, teve contato com a culinária francesa, italiana, turca... Mas quem lê essa breve história nem imagina que a carreira de Allan começou quase por acaso. “Quando eu tinha 15 anos, fui me inscrever no curso do SENAC para garçom em Belo Horizonte. Só que não tinha mais vagas. Só tinha lugar para tentar entrar no curso de cozinheiro. Resolvi encarar porque já tinha alguma noção de cozinha, sempre via minha avó cozinhando no forno a lenha e criando porcos no quintal de casa”, relembra o chef, que nasceu em Barbacena, interior de Minas Gerais. Allan acabou passando em segundo lugar na seleção, mas nem precisou ir até o final do curso. “Oito meses depois, eu fui chamado pra chefiar a cozinha de um hotel-pousada no Rio de Janeiro e o pessoal do SENAC disse que mandaria o meu certificado depois. Mas acabei nem precisando usá-lo”, brinca. De lá para cá, Allan teve algumas experiências marcantes. Trabalhou no Spot, um dos restaurantes mais badalados da região da Avenida Paulista, em São Paulo. Montou o restaurante francês Chateau Blanc em Aracaju. Mas criou laços fortes no Pará. Veio ao estado pela primeira vez em 2003 para a cervejaria Amazon Beer, na Estação das Docas, em Belém. Dois anos depois, inaugurou o Manjar das Garças, um dos restaurantes mais requintados da capital paraense, instalado no parque ambiental Mangal das Garças. E mesmo tendo
nascido em um estado conhecido por sua gastronomia típica, Allan Renato é só elogios à sua atual casa. “O Pará é incrível em termos de produtos gastronômicos. Tem uma diversidade gigantesca de matérias-primas, de temperos, de peixes...”, diz. O prato que Allan Renato decidiu apresentar na revista Living é um exemplo do mosaico de influências gastronômicas que ele acumulou ao longo da carreira. O atum fresco, o cogumelo shitake e o molho de ervas são muito utilizados na cozinha japonesa. Eles ganham a companhia de sabores exóticos como o do palmito selvagem, extraído da pupunheira, uma palmeira muito comum na Amazônia. Mas a inspiração para criar este prato veio de um fato não muito sofisticado. “Todo mundo gosta de comer coisas crocantes, como batata frita. Então eu pensei nisso ao elaborar este atum”, explica. A crosta do peixe é feita com farinha panko, que também é típica da culinária oriental e tem o processo de elaboração inverso ao da farinha de rosca que utilizamos no Brasil: o pão é primeiro batido e depois, torrado. Como o atum fica crocante por fora e cru por dentro, o sabor lembra o dos hot sushis que ficaram tão populares nos últimos anos. O atum é acompanhado do shitake, um dos cogumelos comestíveis mais consumidos no mundo e que, dizem, tem propriedades medicinais. O atum crocante com shitake e molho de ostras deve ser uma das novidades no cardápio do Manjar das Garças ainda no primeiro semestre de 2010. “É um prato para degustar e apreciar cada um dos sabores”, diz Allan Renato, que sugere um vinho chileno Gran Taparacá para acompanhar.
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receita
Atum com farinha panko, shitake e molho de ostras
Ingredientes • • • • • • • • • • • • • • • •
80g de atum fresco 2 ovos 1 cogumelo shitake 25g de manteiga sem sal 10g de salsa 1 ervilha torta 20g de palmito selvagem azeite de manjericão 30g de farinha panko 30g de farinha de trigo 20ml de molho de ostras 20ml de azeite 10ml de aceto balsâmico 1 xícara de caldo de legumes óleo de cozinha sal e pimenta branca a gosto
Preparo • Tempere o atum com sal e pimenta branca a gosto. É importante temperar a posta de peixe de todos os lados. • Passe o atum na farinha de trigo e depois nos ovos, que devem estar batidos com clara e gema. Depois, passe o peixe na farinha panko. Repita o procedimento para criar uma crosta bem densa. Reserve. • Coloque um fio de azeite numa frigideira para grelhar o shitake por 8 a 10 minutos. Tempere o cogumelo com sal e pimenta branca. Coloque na frigideira também o palmito selvagem, a ervilha torta e a salsa. • Em outra frigideira, prepare o molho. Misture o caldo de legumes, a manteiga e o molho de ostras. Deixe ferver e misture a salsa. • Esquente o óleo numa panela pequena. Deixe esquentar bastante, até 180 ou 200 graus. Depois coloque o atum no óleo por cerca de cinco segundos. É o tempo suficiente para deixar a crosta crocante e manter o peixe cru por dentro. Corte o atum em rodelas. • Para montar o prato, jogue o molho sobre o atum e acrescente azeite e aceto balsâmico misturados, além de azeite de manjericão para dar o aroma.
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Um presente para
Belém
Leal Moreira entrega o Torre de Toledo e revigora o patrimônio histórico da capital paraense
“
A Leal Moreira atingiu o máximo.” Foi com essa frase que o diretor da construtora, Carlos Moreira, iniciou seu discurso na festa de entrega do Edifício Torre de Toledo, no dia 15 de dezembro de 2009, em Belém. Ao som de clássicos da música brasileira, executados ao vivo por um violinista, os novos moradores foram recebidos no palacete Chermont, um belo casarão neoclássico que compõe as dependências do prédio. E a noite de terçafeira ainda reservou surpresas: apresentações de dança flamenca e smooth jazz fizeram jus ao requinte do imóvel, o maior empreendimento da Leal Moreira já lançado. O Torre de Toledo possui 32 pavimentos e um apartamento por andar, de 495m². As luxuosas instalações oferecem cinco suítes, quatro vagas na garagem, três elevadores, áreas de esporte e lazer e entrada com porte-cochére. Tudo isso a um quarteirão da Doca, com duas entradas possíveis, pela Trav. João Balbi e pela Av. Governador José Malcher. Segundo o morador Carlos Vinagre, em Belém não há condomínio melhor. “Minha família sempre optou por prédios da Leal Moreira, mas esse aqui é acima das expectativas. E ainda temos esse belo casarão, que teve uma restauração perfeita”, elogiou o advogado. Construído no Século XIX, o palacete é um plus ao luxo que todo o projeto, elaborado pelo arquiteto Severino Marcos Ferreira, abarca. “Nosso desafio era alcançar um padrão inédito em Belém, oferecendo todos os diferenciais possíveis de lazer e ainda agregar valor histórico, por meio da restauração do casarão”, explicou o diretor de marketing da Leal Moreira, André Moreira. As áreas de esporte e lazer do Torre de Toledo oferecem academia, salão de jogos, piscinas com raia para natação, quadra poliesportiva e uma inovação à construção civil em Belém: uma quadra de tênis coberta. “Estou pensando até em me inscrever em Winbledom”, brincou o empresário Celso Eluan. Proprietário de um dos apartamentos, ele reiterou que a estrutura condominial, o conforto e a segurança oferecidos são fatores que fazem a diferença na hora de realizar um investimento desse porte. Sofisticação, qualidade e confiança, aliás, é um trinômio recorrente nos depoimentos dos novos moradores do Torre de Toledo. O casal Shigeki e Regina Oiso foi o primeiro a adquirir um imóvel no edifício. “Compramos nosso apartamento ainda na planta porque acreditamos na Leal Moreira”, ressaltaram. A confiabilidade se reafirma nas palavras de outra cliente, a empresária Conceição Aguilera. “É o que há de melhor em Belém, a infra-estrutura condominial e o projeto interno são um espetáculo”, vislumbrou. Com a entrega do novo empreendimento, Carlos Moreira declara completa a chamada “trinca espanhola no centro de Belém”, composta pelas Torres de Ávila, Alhambra e, agora, Toledo, localizadas no mesmo quarteirão, no bairro do Umarizal. Com produção efervescente, a Leal Moreira lança mais dois edifícios em 2010, Torre de Belvedere e Torre Farnese. O advogado Márcio Vinagre assina embaixo. “As obras realmente têm nome e sobrenome. E ficam marcadas para sempre.”
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Cartão Leal Moreira Os clientes Leal Moreira mal podem esperar. O Cartão Leal, que já oferecia várias vantagens aos seus clientes, está sendo reformulado e deve reaparecer, muito em breve, renovado, com novo layout, formato e muito mais novidades. É esperar para conferir.
Casa do Menino Jesus A arquiteta Conceição Barbosa engrossou a lista de craques que estão cuidando da reforma da Casa do Menino Jesus. A profissional será responsável pelo projeto de reforma da parte externa do prédio, que abriga crianças portadoras de câncer vindas do interior do estado. As reformas começaram em novembro do ano passado, capitaneadas por um time de arquitetos voluntários que pretendem dar uma nova cara à instituição. O projeto é da Leal Moreira e Agre em parceria com o Banpará.
Bela Vida A parceria entre a Elo Incorporadora e Asa Incorporadora coloca no mercado seu primeiro empreendimento. Trata-se do Bela Vida, cujas vendas foram iniciadas em janeiro. Localizado na Rodovia do Tapanã, a 300 metros da rodovia Augusto Montenegro, conta com apartamentos de 2 e 3 quartos, área privativa e a maior área de lazer entre os empreendimentos do mesmo segmento. Aos interessados, vale informar que o Bela Vida atende ao programa Minha Casa Minha Vida, da Caixa Econômica Federal. Mais informações pelo telefone 3223.0023. Vendas na Governador José Malcher, esquina com a Doca de Souza Franco. Horário de atendimento: de 2ª a 6ª de 8h às 19h.
Aniversariantes do mês Os canteiros de obras dos empreendimentos da Leal Moreira não são locais voltados apenas para o trabalho. Há momentos voltados para a confraternização, e um deles é o “Aniversariante do Mês”. Idealizado pelo setor de Recursos Humanos da construtora e realizado desde janeiro deste ano, na última sextafeira do mês os operários aniversariantes do mês são homenageados com uma pequena comemoração envolvendo a participação de todos.
Leal Moreira Imobiliária A partir de agora, quem administra exclusivamente a comercialização dos empreendimentos da Leal Moreira é a Leal Moreira Imobiliária. À frente da atividade estão Zé Angelo Miranda, Gilberto Carneiro, Debora Guanais, Edilson Beckman, Marcelo Seixas, Pereira e, entre outros parceiros; todos com nome reconhecido no mercado imobiliário. Visite nossos estandes! Leal Moreira Imobiliária Rua dos Mundurucus, 3100. Metropolitan Tower – sala 13. Contatos: (91) 8116 7199 / (91) 9982 5381.
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o Torre de Bari chega para embelezar ainda
prédio. Desde a pequena Amanda, que ficou
mais o centro de Belém. Com localização pri-
contente pelo fato do Torre de Bari “ter muitas
vilegiada, na José Malcher entre Alcindo Ca-
opções de lazer para as crianças”, à mãe Mô-
cela e 14 de Março e a conhecida qualida-
nica, todos se demonstraram satisfeitos com o
de que só os empreendimentos Leal Moreira
sonho realizado.
podem propiciar, o prédio conta com sistema
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de segurança, grupo gerador de área condo-
seus compradores, o Torre de Bari con-
minial, central de gás, poço artesiano, TV a
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cabo e internet de alta performance, tudo isso
do, salão de jogos, piscina adulto e infantil,
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sauna, churrasqueira e playground, ótimos
A entrega do empreendimento, em um co-
lugares para descansar e festejar, tendo tam-
quetel realizado no salão de festas exclusivo
bém quadra poliesportiva, quadra de squash
para os novos moradores, foi um sucesso. “É
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Há 16 anos no mercado.
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Toalha
de retalhos
Fui eu mesma quem remendou aquela toalha que está sobre a mesa. Ela estava rasgada fazia tantos anos! Procurei por todos os cômodos da casa um pedaço de tecido da mesma cor e mesma textura e recortei no tamanho exato da fenda, que os ratos tinham feito. Malditos roedores! Lembro-me de todos! Sentei-me na cadeira e costurei, costurei com bastante cuidado e esmero para que não se pudesse ver a linha, perdida na própria textura do tecido. Fiz tudo sem pressa, para que ficasse perfeita. Os talheres talvez não fossem de ouro. Mas brilhavam como. E os pratos eram antigos, porcelana guardada num baú de família. Abri a velha arca, com uma dor de quem invade privacidade de si próprio, e limpei os pratos um por um. Voltaram a ser alvos, cheios daquelas rachadurazinhas de porcelana antiga. Um espelho branco, frio. Uma face distorcida no reflexo da luz. Tudo estava pronto! Uma meia luz trazia o clima de cinema antigo. A música era a mais bela que pude encontrar. Tudo estava perfeito, tenso, esperançoso.
Saulo Sisnando Escritor
E o meu vestido... Branco! Justo nas ancas. Frouxo nas pernas; uma bela saia rodada. Escondia o que tinha de esconder e mostrava o que merecia. Sobre os seios, zircônio, strass, vidro, cristal, mas naquela hora tudo parecia diamante. Eram pedrarias de inestimável valor. Sentei-me à mesa e te esperei entrar. Imaginei a roupa, os sapatos, a forma como estava penteado o teu cabelo. Virias já segurando um cigarro na mão, frouxamente entre dedos? Teus óculos, aqueles que te deixavam tão mais bonito, um ar de filósofo; teria os óculos presos à face? Ou viria míope, com mágicos olhos perdidos, apenas para que eu não olhasse pra ti como um deficiente? Qual a cor do teu terno? A cor de tua gravata? Qual seria tua primeira palavra? Mas, de repente, senti que a sala estava em silêncio doentil. O disco de Gardel girava na vitrola sem agulha. Nada. A lua não aparecia: nova. As horas passavam e me sentia desconfortável entre tantas pedras preciosas. Então, um apito. Um carteiro chegou nas altas horas da noite. Entregou-me um envelope branco; poderia ser vermelho, verde ou mesmo preto. Mas era branco! Pálido. Destoante de todo o clima da sala montada. Segurei sobre o peito, as pedras faziam barulho. Tilintavam ainda inconscientes. Não tinha coragem de abrir. Sentei na cadeira novamente, prendi o envelope na palma da mão. O calendário ao canto da sala dizia que era lua nova. Abri o envelope e calmamente li cada uma das quatro palavras escritas: “Eu não te amo”. Assim, soube que eu não veria como tu tinhas arrumado o cabelo, como estavas a segurar o teu cigarro, ou qual era a cor da tua gravata. Soube que mesmo que estivesse a poucos passos, pro resto da minha vida estaria longe: Egito, Madagascar, Canárias. Teus olhos pretos permaneceriam pretos. Teu olhar perdido, perdido. Tua perna arqueada pra trás. Tudo em ti permaneceria igual. Apenas eu não estaria por perto para viver-te. Quanto trabalho eu tive na toalha de retalhos! Larguei a carta sobre a mesa. Passeei pela última vez a mão no remendo da toalha: estava perfeita! Apaguei a luz, tranquei a porta. A sala estava, mais uma vez, morta. Eu nunca mais entraria lá. Nem pra ver de longe toda a poeira sobre os móveis, o vento invadindo tudo pela janela jamais fechada, os castiçais caídos, as folhas secas transformando a paisagem. A toalha estaria lá, a se amarelecer ao longo dos anos, estragando todo o meu trabalho, o meu orgulho de ter feito tudo tão perfeitamente e novamente livre para ser roída por ratos. Quanto trabalho eu tive para unir a toalha ao retalho. como Maria Eduarda
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Living nº 24
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Bruno Mazzeo
Aos 32 anos, ator e roteirista colhe os frutos de muito trabalho com reconhecimentos vindos do teatro, da Tv e do cinema.
Adegas África do Sul Eduardo Kobra Fotografia Lorena Lobato
Leal Moreira