RLM nº 44
Futebol, paixão e arte. Viva o talento brasileiro.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Leal Moreira
Leal Moreira e você torcendo com o Brasil.
ano 10 número 44
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Raça, amor e paixão Duzentos milhões de brasileiros e um único desejo: a sexta estrela.
Tostão e Júnior Frida Kahlo Walério Araújo Janaína Rueda
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UM OLHAR MUDA TUDO LEAL MOREIRA, PATROCINADORA OFICIAL DA
CASA COR PARÁ 2014
A Revista Leal Moreira 44 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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capa
índice
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COPA DO MUNDO O Brasil sediará, pela segunda vez, a Copa do Mundo e a Revista Leal Moreira traz um especial sobre a maior paixão dos brasileiros.
perfil
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JANAÍNA RUEDA Dona Onça queria ser cantora, mas apaixonou-se por pela gastronomia boemia, típica de São Paulo.
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Casais que se conheceram na juventude e retomaram suas relações na maturidade.
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A maior big band do Norte do país mostra o melhor da influência do jazz e swing norte-americanos, com sotaque paraoara.
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Mágica, transcendental. Viajamos para a Índia e trouxemos experiências inesquecíveis na bagagem.
especial namorados
especial Amazônia Jazz Band
destino
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WALÉRIO ARAÚJO Polêmico, ousado, fora do comum. Conheça o estilista que tem reinventado a moda brasileira.
gourmet
FRIDA KAHLO Ela transcendeu toda a dor física e tornou-se sua melhor obra de arte. O Brasil recebe fotos do acervo pessoal da pintora mexicana.
galeria
capa Agustin Cuevas Brazil Photo Press/Folhapress
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dicas confraria especial fotografia Anderson Araújo comportamento especial 400 anos tech Celso Eluan especial copa horas vagas Felipe Cordeiro enquanto isso Gabriel Vidolin vinhos decor institucional Nara D’Oliveira
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editorial
Amigos, Junho chegou e com ele, haverão de dizer, chegou a metade do ano. “Como 2014 está voando”, complementarão. Ante a irreversibilidade do tempo [e do passar dele], é mais sábio contemplá-lo, afinal, a sabedoria só vem com ele. Com junho chegam noites mais límpidas; o calor ainda mais abafado de Belém. Com ele vem a Copa do Mundo, tema central desta edição, e que sempre gera debates acalorados, gestos apaixonados. Nesta belíssima edição, você vibrará com Tostão e Júnior “Capacete”, ídolos de outras gerações que falam sobre a seleção brasileira de futebol que chega ao mundial de 2014. Vai se emocionar com a exposição de fotos de Frida Kahlo e com histórias de casais que se reencontraram em suas maturidades para (re)viver suas histórias de amor. Aproveite para conhecer mais da história do estilista Walério Araújo e de sua inseparável Mazé - e guarde o nome dele, porque, em pouquíssimo tempo, ele vai dominar o país. Viajamos para a Índia e na volta de lá, conversamos com o poeta-jornalista João Carlos Pereira, em mais uma matéria da série “Belém-400 anos”. Reserve um tempo para dedicar a esta edição. Boa leitura.
palavras do leitor
André Moreira
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Acho muito legal esta iniciativa do André, que já é uma prática na sua Revista Leal Moreira -muito bem editada e produzida, elogiada por todos. Ela é um meio, veiculo que dissemina a importância daquilo que se pode produzir nas artes plásticas e visuais na nossa terra. Isso é maravilhoso. Aurélio Meira (em entrevista ao site da Revista Leal Moreira)
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Uau! Que revista surpreendente!!! Linda! Recheada de beleza pelo tamanho, qualidade, cores, modernismo, informação e cultura. Algo bem envolvente! Como é bom ler sobre arte, gente que faz acontecer, lugares que já visitei (...) fotografias belíssimas! Saibam, com toda certeza, que uma revista “grande” é aquela que é “grande“ na alma de quem a lê. Quero me sentir sempre “grande “ com as próximas edições. PARABÉNS e muito SUCESSO... Felicidade para todos vocês criativos e sensibilizadores! Nádia Maria Nazar (por e-mail) Envie sua opinião, críticas e sugestões para nós: contato@revistalealmoreira.com.br
expediente
Tiragem da edição 44 da Revista Leal Moreira auditada por
PwC Revista Leal Moreira
Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Editora assistente e produção Camila Barbalho Fotografia Dudu Maroja Reportagem Ana Carolina Valente, Bruna Valle, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Fábio Nóvoa, João Neves Leivas, Lorena Filgueiras, Lucas Ohana, Mayara Luma e Tatiana Brisolla Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Felipe Cordeiro, Gabriel Vidolin, Nara Oliveira e Raul Parizotto. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone e Bruna Valle Versão Digital Brenda Araújo, Guto Cavalleiro Revisão Marília Moraes e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares
Errata Jardim de Luxemburgo - capa da RLM42
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Belém
Flambot Respeitando a tradição italiana na confecção de sorvetes, a Flambot é uma marca que levou quase quatro anos em processo de desenvolvimento de suas receitas. O resultado de tanto cuidado é um produto livre de gordura trans, pouco calórico e extremamente refinado. O requinte também está na apresentação ecofriendly: a embalagem é reciclável e os palitos do picolé são de madeira reflorestada. São diversas opções de sabor. Destacamos o de chocolate belga com coco da Malásia, o de limão siciliano e o inconfundível cupuaçu com Stratcciatella e castanha do Pará. Vale experimentar.
www.flambot.com.br
Kahori Sushi Bar Os amantes da gastronomia asiática têm endereço certo: o Kahori. No coração de um dos bairros mais charmosos da capital paraense, o sushi bar é um dos pontos tradicionais do segmento em Belém – com quase vinte anos de funcionamento. O carpaccio de salmão é um dos itens que sugerimos provar, assim como os deliciosos cones. Dentre esses, destacamos o Corneto Kahori - arroz, salmão, ervilhas fritas, queijo polenghi e couve caramelizada. Avenida Serzedelo Corrêa, 880, entre Mundurucus e Pariquis • 91 3222.0033 www.revistalealmoreira.com.br
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Anderson Araújo Ilustrações: Rodrigo Cantalício
Cantina do Chef Bem localizado, aconchegante e de extremo bom gosto, a Cantina do Chef é mais uma opção em Belém para os entusiastas do mundo gourmet. O sucesso da casa é tão grande que é preciso fazer reserva ou se antecipar para não encarar uma boa fila de espera. O lugar tem recebido elogios não apenas pelo ambiente, mas pela qualidade do atendimento e do cardápio – assinado pelo respeitado chef Paulo Silva. Nele, destacam-se sabores inventivos, como o ketchup de cupuaçu e o molho teriyaki de açaí. Recomendamos experimentar, para além das iguarias, o risoto de camarão ao pesto paraense, com anchova negra, queijo do Marajó e castanha do Pará.
Rua Jerônimo Pimentel, 201, entre Doca e Wandenkolk. • 91 3212.6906
Brasil
OBÁ Restaurante Cosmopolita – não há palavra que defina melhor o restaurante “Obá”, instalado em uma colorida e confortável casa, no sofisticado Jardins, coração de São Paulo. A casa, sob o comando de Hulgo Delgado (que cuida pessoalmente de absolutamente tudo lá), oferece culinárias autênticas do México, Brasil, Itália e Tailândia. Permita-se essa bela harmonia e peça os rolinhos de risoto ao pesto (servidos em berinjela) e experimente o pollo em mole verde (frango em molho de semente de abóbora, folhas e japaleño – um clássico da milenar cozinha mexicana). Ou aposte no tradicional sucesso do picadinho com arroz e farofa de banana.
Rua Dr. Melo Alves, 205 – Jardins – São Paulo/SP • 11 3086.4774 • oba@obarestaurante.com.br
Ibérico Uma parceria de sucesso (com o gastrobar “Entretapas”, localizado em Botafogo), o chef Jan Santos e o restaurateur Antonio Alcaraz partiram para uma empreitada mais ousada: o restaurante Ibérico, inaugurado no começo de março. Do couvert (que foge ao tradicional e promete surpreender os clientes) ao prato principal, o Ibérico é uma feliz experiência. Peça a sopa de fria de amêndoas
com atum defumado de entrada e sugerimos ainda o leitão assado, guarnecido de farofa de pão com bacon, linguiça, páprica e uvas. Além do cardápio cuidadoso e esmerado, a casa tem iluminação de LED, telhado verde, aproveitamento de água da chuva, captação de energia solar e móveis de material reciclado.
Rua Saturnino de Brito, 84 - Jardim Botânico – Rio de Janeiro/RJ • 21 3197.4227 • www.iberico.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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mundo
La Chinesca Um charmoso lounge de inspiração cinematográfica e clima envolvente. Essa é a proposta do La Chinesca – um bar cuja cozinha mescla inspirações mexicanas e chinesas, mas curiosamente refuta o rótulo de fusion. Sua decoração é marcante: tijolos expostos, concreto e iluminação estratégica dão o tom da casa. O aspecto moderninho (assim como a sociedade entre um artista plástico e um respeitado empresário da noite de Hong Kong) atraiu para a casa um público formado por intelectuais e descolados da cidade, além de turistas que se hospedam nos hotéis das proximidades. O chef Daniel Salcedo é quem assina o simples, porém interessantíssimo, menu. Recomendamos experimentar o Hot Numbing Pork – costeletas assadas, acompanhadas de brioche. Vão bem com a caliente tequila mexicana.
Basement, 71 Collins St. Melbourne 3000 • +61 3 9663 8333 • www.lachinesca.com.au
Liza Beirut
Metropolitan Club - Rue Doumani, Trabaud, Achrafieh, Beyrouth • +961 1 208 108 • www.lizabeirut.com www.revistalealmoreira.com.br
No primeiro andar do Metropolitan Club, na capital libanesa, encontra-se o Liza Beirut – um verdadeiro ícone de requinte na cidade. O lugar – que já foi moradia do prefeito local – é a filial de um projeto bem sucedido em Paris, e rapidamente se tornou referência em Beirute. Suntuoso e bem decorado, a casa abusa da luz, do dourado, dos azulejos típicos da região e de outras grandezas do gênero. Várias salas compõem o ambiente, cada uma com atmosfera e nome próprios. A gastronomia segue a tradição do país em releituras contemporâneas. O must-try do Liza é o shanklish – espécie de queijo árabe apimentado, feito de leite de ovelha –, velho conhecido dos apreciadores da comida libanesa. Também há opções personalizadas para vegetarianos e pessoas com outros tipos de restrição alimentar.
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perfil
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Mayara Luma
Bernie Walbenny
O dono
cidade
da
Irreverência e ousadia são componentes do trabalho e da personalidade de Walério Araújo, que já vestiu nomes como Sabrina Sato, Elke Maravilha e Claudia Leitte e se firmou no concorrido cenário de moda do Sudeste
E
nquanto ele atendia a um telefonema da Elke Maravilha, eu analisava curiosa o cenário excêntrico ao meu redor, na companhia de uma cadelinha fofa com a qual dividia uma chaise com estampa de onça. O manequim preto que funciona como abajur contrasta com os vários objetos de inspiração retrô, no melhor estilo casa da vovó. Assim como o barulho do centro agitado de São Paulo que entra pela janela contrasta com o gostoso som da cortina de miçangas, que divide a sala e a cozinha do apartamento no edifício Copan. Depois de uma breve observação, dei por mim. Como esperar menos da casa de Walério Araújo, este estilista pernambucano polêmico, diferente e que não tem medo de extrapolar na cota da originalidade? Simpático, Walério abriu as portas de casa com um sorriso no rosto e logo me convidou para sentar. Tive o prazer de dividir o assento com Mazé [cujo nome é a junção de Maria e José, uma homenagem a seus pais], sua cadelinha meio Border Collie, meio vira-lata e que é celebridade na internet com diferentes looks. “Tem gente que me diz que segue a Mazé, mas ela não tem Instagram, então é no meu que posto as fotos dela”, diz Walério aos risos. Na conversa, deu para perceber o quanto Walério é falante: conta muitas histórias, recorda suas origens, fala de sua numerosa família [ele tem oito irmãos], do início da vida em São
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Paulo como vendedor. Lembra sempre com muito carinho de Elke Maravilha e de outros amigos essenciais para alavancar sua carreira, de talento, inspirações. Ufa! Foi difícil seguir um roteiro com este pernambucano agitado, que contabiliza em seu portfólio clientes como Claudia Leitte e Sabrina Sato. Me conta da Mazé, que veio logo me fazer companhia quando entrei. Ela faz o maior sucesso na internet, trabalhada nas melhores grifes, inclusive na do papai. Como essa brincadeira começou? Eu tive uma cadela antes da Mazé que viveu oito anos e que só saía toda arrumada. Ela participou de várias matérias. Tive a ideia de repetir a história com a Mazé, mas ela é grande, então comecei a exagerar para ficar caricato mesmo. Acho que o mais engraçado é que não faço roupas especiais para ela, são todas peças que a gente vai adaptando. Até a Ivete [Sangalo] outro dia parou o trio e mandou um beijo para ela. (risos) Vamos falar um pouco de origens? Você vem do Nordeste, que é uma região bastante peculiar, desperta curiosidade, alimenta o imaginário de muita gente que não a conhece e, às vezes, é até alvo de preconceito. O que você acha disso? Acho que a gente vem com um certo peso para ocupar um lugar. Por exemplo, a Gaby »»»
Veja mais
No alto do edifício Copan, um símbolo no coração da capital paulistana, Walério recebeu nossa equipe.
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[Amarantos], que é minha amiga querida, tinha todo aquele peso de “Beyoncé do Pará”, que tinha que ser excêntrica, chamar atenção. Comigo também foi assim: fiquei conhecido na noite, fazia vestidos de drag queens, travestis. Trazia um diferencial no meu trabalho e sabia que as pessoas iam olhar, analisar. Algumas gostavam, outras não. É assim até hoje com todo artista, né? Mas preconceito acho que não sofri; não. Ainda nas origens. Você vem de uma cidade bem pequena [Walério é natural de Lajedo], que não chega a ter 40 mil habitantes hoje, certo? Imagina na época que você saiu de lá. Você veio para São Paulo, imagino, guiado pelo sonho da cidade grande, por esse mito que é a maior cidade brasileira... É uma cidade bastante pequena mesmo, onze horas da noite já não tem mais nada! Na verdade, vim para São Paulo por instinto, via as boates na televisão, essa coisa toda de moda que me interessa muito. Era muito novo, tinha 17 anos, não tinha noção de nada: perigo, violência, as dificuldades profissionais e pessoais. Quando vim pela primeira vez, fazia um curso de desenho de meio período e trabalhava numa loja de decorações de festa. Cheguei a voltar para Lajedo, mas tinha uma necessidade sempre maior de crescer, de li-
berdade e sabia que lá eu não ia conseguir nada disso. Então, vim para São Paulo de vez, fiquei desempregado, depois consegui um emprego de vendedor numa loja popular no comércio. Com a ajuda de um amigo, fui para a Rua São Caetano (conhecida em São Paulo como a “rua das noivas”) e depois para uma loja de tecidos finos na 25 de Março. Paralelo a isso, conheci a Elke. Além da visibilidade, conviver com ela me deu muita segurança porque pude desenvolver mais minha personalidade profissional, com a certeza de que existia público para as minhas criações. Mas quando você veio tinha o sonho de se tornar um grande estilista ou só queria trabalhar com o que realmente gostava e poder viver disso? Nunca tive essa pretensão. Acho que nem sabia exatamente o porquê de vir morar em São Paulo... Você sabe que é uma exceção. Milhares de pessoas passam a vida no anonimato. Há quem diga que é sorte. Eu acho que tem mais a ver com talento. As pessoas me perguntam qual é o segredo para ficar famoso. Ora, é trabalhar! Não adianta todo o talento do mundo se você não for competente, não tiver disciplina. O mais importante é o QI [quem indica], porque ninguém vai indicar uma
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porcaria, né? Você trabalha sério e as coisas vão se expandindo. Sempre trabalhei com gente de peso, grandes responsabilidades e nunca deixei ninguém na mão. E também nunca deixei de viver por isso. Principalmente no Carnaval, a gente bebe e dança antes, durante e depois do trabalho (risos). Seu talento e paixão pela moda são hereditários. Você é de uma família de costureiras e bordadeiras, o que, inclusive, são atividades tradicionais no Nordeste. Pode ser clichê e até óbvio, mas isso influenciou você? Influencia até hoje? Acho que influenciou, sim. Na minha família, todas as mulheres costuravam, faziam enxovais inteiros, a maioria tinha máquina de costura em casa. Eu sempre gostei de desenhar e, com as minhas irmãs, fazia almofada, toalhas de crochê, pintava. E o mais legal, eu acho, é que não caí em um regionalismo. Sempre misturei muito as influências que trazia de lá com o que me deparava no mundo. De lá, acho que trago muito o bordado manual, que eu amo fazer, é uma terapia! A carreira, a mudança de cidade, a homossexualidade, tudo isso foi sempre bem aceito pela sua família? »»»
Com MazĂŠ, companheira inseparĂĄvel. A cachorrinha ĂŠ modelo dos looks criados pelo estilista. revistalealmoreira.com.br
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Acho que eles nunca tiveram o que falar de mim. Sempre ganhei meu dinheiro com meu trabalho honesto, sendo respeitado, querido. Isso desde Lajedo. Meus pais chegavam em casa e encontravam a high society, a mulher do prefeito, as donas das escolas particulares que me chamavam para desenhar uniforme... (risos). Quanto a ser homossexual, nunca precisei me assumir para a família. Eu era excêntrico, diferente dos meus irmãos, aquilo ficava claro. Meu pai, infelizmente, já morreu, mas minha mãe, hoje, quando vou visitá-la, me pergunta se vou com o namorado, como deve arrumar o quarto. Recentemente, você fechou a loja que tinha aqui no Copan, certo? Isso. Foram sete anos muito bons, de muita visibilidade, tinha um espaço bom para receber produtores, clientes, fazer gravações, fotos. O problema é que abri a loja muito mais por pressões dos outros do que desejo meu mesmo, até porque nunca tive pronta entrega. E manter uma loja é muito difícil também, além de ser caro e envolver uma burocracia inacreditável. Já tinha dois anos que queria fechar e não conseguia, tem que tirar as coisas, resolver problemas. Além disso, eu ficava muito preso, não conseguia viajar, era cansativo demais, não tinha mais tempo para mim. Agora, só estou atendendo com hora marcada. Nunca é demais perguntar. Quais são suas maiores influências? Ah, pelas temáticas dos meus desfiles, acho que é cotidiano, o comportamento, a convivência com as pessoas. Mudo muito, radicalizo, mas acho que faço tudo em cima do ser humano. Exploro muita cultura, como a minha coleção passada, que foi sobre a África, a Grécia e a Índia; comportamen- »»»
Considerado um dos maiores nomes da moda no país, Walério se considera diferente. Polêmico? De jeito algum. “Ousado”.
tos, um visual e aí misturo tudo no meu universo e no das pessoas que gostam do meu trabalho. Acho que eu já tenho uma identidade muito bem formada. Todo mundo fala que você é polêmico. Por quê? Você se vê assim? O que eu acho é que você é diferente, original e dono de uma autenticidade difícil de ver num mundo que cada vez mais parece uma cópia de alguma coisa que a gente já viu antes... Hoje, acho que, apesar de o mundo ser super democrático, as pessoas são medrosas, não mudam, se vestem todas iguais. Parece que buscam refúgios para não se soltar mais. Eu me acho descarado! E olha que já me limpei bastante desde que cheguei aqui. Hoje já não uso mais cabelão, me acho bem melhor careca. Gosto de preto. Ponho um salto e aproveito a roupa do dia para sair à noite. Se sou polêmico? Não, me acho ousado. Hoje os estilistas estão por demais discretos, parece que têm medo de se mostrar realmente, medo de que o pessoal se sobreponha ao profissional. Mas você parece não ter receio disso porque a revistalealmoreira.com.br
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autenticidade, a originalidade estão em ti, na tua imagem. Antes, o estilista tinha que fazer o lord, estar de terno nas festas. Eu nunca fui assim. Uso salto alto! Tenho muitos fãs e seguidores nas redes sociais que gostam de mim porque acham que eu bato de frente, que talvez quisessem ser como eu, mas não têm a oportunidade, por causa de idade, de estar preso a alguma situação, de não ser independente. Tem quem me considere arrogante, mas acho que sou é imponente. Arrogante ninguém tem que ser, mas imponência não é defeito, é uma forma de se apresentar. Pois é, você tem uma carreira profissional consolidada, mas a tua pessoa conquistou um espaço incrível. Nessa entrevista, por exemplo, falamos pouco de moda mesmo... É, são coisas totalmente diferentes, mas que se completam. Minhas clientes não querem só falar de moda, elas chegam aqui e ficam à vontade, se abrem, conversam. Acho que conquisto a confiança delas com as roupas, que caem muito bem, que ficam exatamente como esperavam, e aí o relacionamento vai se expandindo.
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confraria
STAR WARS: A TRILOGIA – SPECIAL EDITION O próximo episódio da saga Guerra nas Estrelas – agora produzido pela Walt Disney Pictures - já tem data marcada para acontecer. Enquanto isso, que tal reviver em detalhes a primeira leva dos filmes que vieram de uma galáxia muito, muito distante? A DarkSide Books lançou, em uma edição especial, um livro que reúne os romances inspirados na primeira trilogia de George Lucas. O volume, de capa dura e qualidade impecável, tem 528 páginas cheias de Luke Sywalker, Han Solo, Princesa Leia, Mestre Yoda, Darth Vader e Chewbacca. Item de colecionador, obrigatório para os apaixonados pelo universo fantástico de Mr. Lucas. Preço sugerido: R$ 63,90 Onde: livrariasaraiva.com.br
TENTSILE STINGRAY TREE TENT A Tentsile reuniu estilo, modernidade e segurança para criar a barraca que virou tendência entre os aventureiros da Europa. A Stingray Tree Tent é uma tenda suspensa, que fica presa em árvores por meio de fitas semelhantes às de slackline. Ela pesa 6 kg e é fácil de montar e desmontar, com capacidade para até quatro pessoas. Para acessar o interior, é preciso utilizar escada ou corda. A grande vantagem desse modelo de acampamento é a proteção contra animais de solo, formigas e mesmo do chão lamacento. Perfeito para aqueles que gostam de acampar em viagens – ou para os que sempre sonharam em brincar numa casa de árvore. Preço sugerido: US$ 1.350,00 Onde: tentsile.com
Três pads-sensores de bateria por tira
LIX 3D PRINTING PEN
Botão permite selecionar mais de 100 sons e timbres diferentes
Personalizado, velcro ultra-fino se prende e solta facilmente de qualquer roupa
Não é mais ficção: é possível desenhar no ar. A Lix Pen é uma versão melhorada de protótipos que já vinham aparecendo no mercado. Unindo as funções de caneta com impressora 3D, o item tem design sofisticado, é leve e funciona com baixo consumo de energia – é só ligar o dispositivo ao notebook e começar a desenhar. O traço é feito com plástico ABS, que chega à temperatura de 82 °C durante o processo e se resfria rapidamente. Ideal para designers, arquitetos e estilistas interessados em realizar protótipos tridimensionais de seus projetos. A Lix Pen atingiu a meta de seu financiamento coletivo e já é uma realidade no mercado.
Pensado especialmente para os batucadores de pernas e outras variáveis de aspirantes a músicos, o DrumPants é uma ideia simples e extremamente criativa. Tyler Freeman é a mente por trás desse produto – que consiste em faixas de tecidos com sensores de velocidade, colocados sob as roupas e presos com velcro. Os pads são configurados via app para Android ou iOS, e possuem saída para computador e fone de ouvido. Pronto: é só selecionar dentre os mais de 100 tipos de instrumentos – bateria, percussão, sintetizadores, guitarras, pianos... – aqueles que você quer “tocar” e começar a se divertir. Além disso, ainda é possível programar outros tipos de ações, como controlar apresentações de slides, silenciar o telefone e navegar pelo Netflix.
Preço sugerido: US$ 139,65 Onde: lixpen.com
Preço sugerido: US$ 99 Onde: drumpants.com
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DRUMPANTS
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especial fotografia
Foto Eduardo Iketani
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Bruna Valle
Unidos
Dudu Maroja
arte pela
De diferente, as profissões e os caminhos que os levaram até as lentes. Em comum, a amizade e a paixão pela fotografia. Conheça o grupo que descobriu, na maturidade, o hobby de registrar o mundo de um jeito especial.
“F
otografar é colocar, na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração” – era o que Henri Cartier-Bresson, um dos maiores ícones do fotojornalismo, pensava. Parece que ele tinha razão: a afeição à fotografia transparece nos olhos de quem fala sobre ela. Às vezes, a paixão se manifesta cedo, como um talento vindo desde o útero; outras, a vontade de explorar a arte fica por ali, dormindo, até que um dia vem à tona. Foi o caso de Eduardo Iketani, Moisés Unger, Condurú Neto e Carlos Guedes. Embora tenham chegado à fotografia por caminhos diferentes, eles têm em comum o apreço por seus registros das mais diversas paisagens, pessoas e momentos. Não só isso: neles, o hobby surgiu com a maturidade, o que lhes garantiu outro olhar – e também os uniu. No grupo de amigos, há médicos, empresários e professores. Eles garantem que estudar a fotografia é essencial para educar a maneira de ver, antes de qualquer coisa. Depois, é preciso soltar a imaginação e deixar o coração decidir o que move sua inspiração - sem deixar de lado os conselhos de quem entende dessa arte. Cada um tem a sua história particular com o fazer fotográfico; e, a partir delas, todos chegaram ao mesmo denominador comum: a
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missão de registrar tudo que os comove. Conheça-os. A facilidade digital Desde garoto, o médico Eduardo Iketani, 62, teve contato com máquinas de fotografia – afinal, os equipamentos e máquinas para este fim eram algo comum à cultura nipônica, da qual descende. “Tenho origem japonesa. Meu pai tinha uma câmera e isso era uma coisa passada de pai para filho. Fazer fotos da família era uma herança. Todos os japoneses gostavam muito de fotografia. Como o dinheiro era pouco, comprávamos modelos descartáveis, que não tinham recurso algum além do simples clique”, conta. De lá para cá, o gostinho pelo hobby só foi crescendo e ganhando novos aliados - principalmente graças à inovação dos equipamentos, que se transformaram em verdadeiras plataformas digitais. O avanço contribuiu bastante para intensificar suas atividades como fotógrafo amador. “Gosto de fotografia desde o tempo do filme e foi uma época difícil. Antes, você comprava a máquina, o filme, fotografava, mandava revelar... E quando chegava, vinha a decepção: de 24 fotos, somente quatro prestavam”, brinca. “Hoje não existe isso. Você faz a foto e »»»
foto Moisés Unger foto Moisés Unger
O empresário Moises Unger fez do hobby uma extensão do trabalho. revistalealmoreira.com.br
foto Moisés Unger
já vê logo se ficou boa ou não e então você descarta na hora. Tudo mudou muito. Agora temos recursos diversos com a câmera digital. Além disso, atualmente tem muita literatura, internet... Você se atualiza, trata as imagens. Não é à toa que todo telefone tem uma câmera fotográfica. É importante registrar os momentos, as pessoas gostam de ter este registro”. Embora tenha conhecido cedo esse universo, Eduardo só começou a praticar intensivamente a arte com o advento das câmeras digitais e com os amigos com quem divide essa paixão. Diferente de alguns dos integrantes da ‘Confraria Imagética’, o médico de 62 anos não pretende mudar seu caminho. Para ele, a fotografia é um belo passatempo, que permite a reunião de outros fatores aos quais ele dá bastante valor: “distração, companheirismo, amizade; reunimos para conversar e até para fotografar. A fotografia nos une”. Amor incondicional O empresário Moisés Unger, de 43 anos, também faz parte do grupo de diletantes. Porém, suas atividades acabaram o afastando um pouco do convívio com os companheiros de lentes
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e obrigando-o a se dedicar por conta própria. Ele manteve o mesmo afinco nos estudos – para ele, um fator imprescindível para quem quer se aventurar por esses caminhos. “A seriedade na hora de fotografar começou há uns dez anos. Mesmo assim, desde pequeno, eu já sentia que ia gostar de fazer isso. Um dia, minha esposa me presenteou com uma máquina profissional. Foi quando eu comecei a estudar a respeito. Passei por grupos que fotografavam e saiam juntos para isso e fui me interessando cada vez mais”, conta. “Estudei muito e pude consultar vários profissionais do ramo em conversas corriqueiras nas saídas fotográficas. Tenho uma boa biblioteca sobre o assunto. Sou 50% paixão fotográfica e 50% teoria - compro livros o tempo todo, me atualizo sempre sobre o assunto”. Moisés uniu o útil ao agradável: ele já possuía a fábrica de joias com a qual trabalha até hoje e aproveitou para retratar seu negócio pelo próprio olhar – o que lhe rendeu bons registros e muito mais experiência. O conhecimento adquirido não só somou em sua carreira, mas em seu humor e em sua vida de maneira geral. “Participei do ‘Bem Belém’ [grupo de retratistas], foi quando encontrei grandes fotógrafos e amigos. »»»
foto Eduardo Iketani
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Terapia O médico anestesiologista Carlos Alberto Guedes, 60, tem uma história de superação com seus cliques. Antes de começar a fotografar, ele nunca havia se interessado genuinamente por nenhum passatempo, embora tivesse tentado um bocado deles. Quando recebeu a notícia de que estava desenvolvendo uma doença pela vida estressante, vieram as recomendações para encontrar algo que o relaxasse. O alento foi encontrado nas lentes. “Eu tive vitiligo. Fui a vários médicos, que receitaram diversos tratamentos, inclusive em Cuba. Não tive êxito. Até que um disse que eu teria que fazer alguma coisa me deixasse mais tranquilo, e que eu não abandonasse. Decidi então fazer um curso de fotografia com o [Miguel] Chikaoka”, rememora. A experiência não poderia ter sido mais frutífera: além de descobrir uma aptidão, Carlos deparou-se também com algo que o deixava em paz. “Dizem que o vitiligo é uma doença de fundo emocional, e, na minha profissão, estou sempre sob muita pressão. Fotografar melhorou muito a minha vida”. Os pontos positivos não pararam por aí. Entre as alegrias que vieram com a fotografia, surgiu »»»
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foto Eduardo Iketani
Tive muitos professores lá, profissionais que deram dicas maravilhosas... Conheci muita gente boa. Aproveitei o conhecimento para aperfeiçoar meu trabalho”. Unger viu o interesse crescer e tomar um espaço cada vez maior no seu dia a dia. “A fotografia é um divisor de águas. Ela deixou de ser só um passatempo para ser uma paixão. Começou como uma brincadeira e hoje ocupa um tempo enorme na minha vida. Uso o que eu aprendi com a fotografia no meu trabalho, faço as fotos do meu material de joias, produzo tudo. Nossa fábrica produz joias e eu os catálogos”. Para Moisés, a dedicação cresceu junto com o sentimento de responsabilidade, que veio quando percebeu que era possível contar histórias ao mundo com sua maneira de enxergar. “A fotografia já deixou, há tempos, de ser apenas um lazer. É uma forma de apresentar para as pessoas a minha forma de olhar. Não existe nada que você consiga apresentar como você vê. É possível até descrever e estimular a imaginação do outro. Mas, ao fotografar, você mostra exatamente o que você viu, congela ali seu vislumbre. O grande prazer de todo fotógrafo é mostrar o seu trabalho”.
foto Eduardo Iketani
O médico Eduardo Iketani começou o hobby com fotos descartáveis.
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foto Carlos Guedes
O médico Carlos Guedes começou na fotografia como uma válvula de escape ao stresse.
a capacidade de enxergar muito mais belezas do que antes. O que antes seria uma cena comum do cotidiano, sob as mais simples luzes ou situações corriqueiras, passou a possuir uma aura especial. “Hoje, eu olho para um lugar e vejo as coisas diferentes. O pôr do sol, um fim de tarde...sempre há uma poesia no momento”, avalia. E, apaixonado pela arte, ele aproveita para se declarar. “A fotografia me encantou na vida. Se eu não fosse o que sou, seria fotógrafo. Ela acaricia minha alma, mexe com meu íntimo. Vejo minhas fotos e eu gosto do que eu faço. Outras pessoas podem não ver com bons olhos, mas eu sim. Minha aspiração com a fotografia é só como hobby - minha profissão não permite mais que isso. Mas quero poder fotografar sempre”. Para não perder nenhum registro, Carlos Alberto está sempre preparado: “não saio de casa sem câmera. Esqueço tudo, menos isso. Sem ela, me sinto desnudo. É algo que toma conta da vida da gente”, diz. Ele conta que já esbarrou em algumas dificuldades por isso, mas nem cogitou mudar a prática. “A única coisa ruim é a questão da segurança. Já fui assaltado com equipamento, por exemplo. Mas isso é um obs-
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táculo, não um impedimento”. Carlos já foi mentor de outros companheiros de lente e não cansa de recrutar pessoas. Ele acredita que esse é um dos segredos do aprendizado fotográfico: o compartilhamento de conhecimento e ideias. “O bom da fotografia é que o outro sempre tem algo a nos ensinar. Tento trazer as pessoas da minha área para vir fazer isso com a gente. Algumas já aderiram e estão gostando. O legal é poder sair junto e aprender cada vez mais uns com os outros”. Amizade Aos 58 anos, compartilhar conhecimento já está na essência do engenheiro agrônomo Condurú Neto. Ele começou a praticar o hobby por meio de Carlos Guedes e com o amigo continua espalhando a semente dessa arte que congrega pessoas de toda sorte com um só objetivo: capturar um momento extraordinário. “Em 2008, meu amigo Carlos Guedes me vendeu um equipamento semiprofissional e passou a me levar com ele para me ensinar. E eu passei a gostar. Foi então que fiz um curso e, a partir daí, não parei mais. Depois que eu recebi treinamento, instrução, meu olhar mudou”, revela. Ele atribui »»»
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foto Condurú Neto
Começar com mais idade fez toda a diferença para Condurú Neto.
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à experiência de vida a maturidade com que encarou o passatempo. “Foi diferente começar com mais idade, porque somos mais responsáveis e gastamos menos, por conhecer nossos limites financeiros. Estudamos mais, compramos muitos livros; a visão é mais séria”. Condurú conta que quem tem esse hobby gosta de ter tudo o que é necessário para fazer o melhor retrato e, nesse caminho, quer abraçar o universo e fotografar tudo que vê pela frente. Apesar disso, seu afeto é mesmo pelas imagens de arquitetura, que não param de se multiplicar em sua coleção pessoal. “’Hobbista’ gosta de gastar dinheiro. Você vai trocando, inovando. Quando você começa, quer fotografar tudo; depois, sua preferência pessoal prevalece. No meu caso, gosto das construções, dos prédios históricos. Acredito que, por ser engenheiro, o coração bate mais forte por fotografias de arquitetura”. Professor universitário, Neto vê sua atividade como a melhor forma de contar suas histórias – que não param por aí: se transformam em projetos futuros e até em possibilidades profissionais para depois da aposentadoria. O motivo? Qualidade de vida. “A fotografia é uma forma de eu contar histórias. Eu tenho um blog onde coloco minhas fotos, até criei um projeto. A ideia é visualizar fotos antigas de Belém pareadas com imagens atuais, minhas, para mostrar o que era antes e o que é hoje. Sonho em transformar isso em livro com a ajuda de meu
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amigo Aurélio Meira. Ano que vem, me aposento como professor. Quem sabe não transformo meu hobby em profissão? Sem maiores preocupações, com outra fonte de renda, passar realmente a produzir e a vender”, planeja. O que é inegável na fotografia é o poder dos vínculos que ela cria. Condurú acredita que os laços alimentados por este interesse em comum só tem a acrescentar para todos os envolvidos. “Nós ligamos e combinamos saídas para fotografar, conversar... Já alugamos um barco para atravessar e clicar outras paisagens. E tem outros grupos aonde vamos eventualmente, em que os jovens são maioria e nós somos como os vovôs”, brinca. “É interessante essa interação. Eu pergunto, por exemplo, ‘como é que vocês fazem para cobrar?’. Eu não faço nenhuma ideia. É importante a convivência para diversificar o olhar e entender mais de fotografia”. Para o professor e engenheiro, fotografar depende muito de esforço pessoal – mas é no contato com o outro que quem tá por trás das lentes se engrandece. “É preciso estudar muito, fotografar demais e conviver bastante com fotógrafos, profissionais ou ‘hobbistas’. Esse é o grande segredo, porque você ganha empolgação. Quando eu comecei, não sabia nem onde ligar a câmera. Com uma pessoa auxiliando é mais fácil. Cria-se um encantamento, um entusiasmo. Compartilhar conhecimento, e multiplicar isso, é essencial”.
Anderson Araújo jornalista
Pontes Atravessar pontes, chegar ao outro lado e in-
um farol, a sós, como em um filme dos anos 70.
cendiá-las. O fogaréu atrás de si, o calor lembran-
Esforçou-se para não perder o foco, tampouco fi-
do os velhos verões e a luzes amarelas como as
car por baixo: ergueu a marreta. Fraco, caiu para
de mercúrio dos passeios na madrugada. O pas-
trás.
sado inteiro para trás no acender do isqueiro, na brasa do cigarro, no rastro de pólvora. Estava Rosa agora diante da sua. De madei-
ajuda-lo. Ele aceitou o gesto e sentiu como a pele
ra. Torta, rachada e seca de ressequidões cons-
daquelas mãos pequenas era fina, familiar, convi-
tantes, periódicas e insistentes. Prestes a ruir,
dativa. Só que, entre lembrança e outra, sacudiu
apodrecida. Enquanto embebia tudo com obsti-
a terra dos fundos das calças. Fechou a cara e
nação, método e querosene, lembrava como er-
retomou a posição.
gueu, com capricho, a frágil ligação nos últimos
Ela entendeu: voltou ao posto. Riscou outro pali-
anos. Entusiasmo a cada tábua, prego, arremate
to, queimou-se e levou os dedos à boca. Machu-
a cada palmo a mais na construção.
cou? Indagou o homem. E foi socorrê-la, como
No outro lado, Jorge, pesando 85 quilos de
se houvesse presenciado um desastre. Segurou
desgosto, várias lutas, nenhuma vitória, traçava
as mãos, como um pai zeloso. Silêncio, olhos nos
o plano para por abaixo sua porção que, por con-
olhos. A ponte dele era pedra sólida de novo.
tingências da vida, era de concreto. Avariado, re-
Rosa também viu o tempo reverter e seus es-
calcado, carcomido, esfarelado, no entanto, com
teios ganharem viço e as partes podres recupera-
sinais de um dia ter sido uma densa e exemplar
rem o aspecto da inauguração. O verniz fajuto de
estrutura. Fogo seria inútil. A saída era o desmo-
tantas vezes. Sorriu. Desvencilhou-se sem culpa
ronamento simples, portanto. Um golpe apenas.
para cumprir o propósito. E cumpriu.
Um único e bem aplicado para se livrar de vez. Pronta e ansiosa pelo fim, Rosa acendeu o fósforo. E olhou a chama, dramática, afeita a rituais. Iluminou-se. Jorge viu os olhos amarelos e se lembrou de algum sábado, os dois contemplando
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Ela riu. E o sopro da risada apagou o lume. Aproximou-se do homem. Estendeu a mão para
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Foi-se embora gingando, cantarolando, chamuscada e mais bonita do que nunca, certa de que destruir pontes não era para qualquer um. Às costas, a coluna de fumaça negra dos incêndios gloriosos.
foto Popperfoto/Getty Images
especial futebol
Tostão, vitorioso. Começo da Copa de 1970. www.revistalealmoreira.com.br
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João Neves Leivas
Bola pro mato Craques de duas gerações de torcedores, Tostão e Júnior falam sobre a Copa, a seleção de Felipão e o legado que o mundial de futebol vai deixar para o Brasil
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o Brasil, ser ídolo no futebol é mais ou menos como ser um semideus, uma divindade especial, com seus poderes, segredos, seus lances geniais que fazem rir e chorar. Nesse “panteão de deuses da bola”, dois nomes têm lugar reservado: Tostão, craque eterno, gênio e campeão do tri de 70, e Júnior, o lateral e meio-campista de jogadas inesquecíveis. Os dois já vestiram a camisa da seleção e foram ídolos em seus times. Juntos, possuem números que fazem – até hoje – qualquer torcida delirar. Tostão jogou as Copas do Mundo de 1966, na Inglaterra e a de 1970, no México e marcou mais de 300 gols pelo Cruzeiro, Vasco da Gama e pela Seleção Brasileira. Júnior jogou as Copas do Mundo de 1982, na Espanha e 1986, no México e foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Flamengo, ultrapassando as 800 partidas pelo clube mais popular do Brasil. Tostão foi o maior artilheiro do campeonato mineiro por quatro anos seguidos: 1965, 1966, 1967 e 1968. Junior passou para a memória afetiva dos torcedores do Flamengo quando, aos 35 anos, ficou conhecido como “vovô-garoto”, o “maestro” que comandou o time nas conquistas da Copa do Brasil de 1990, Campeonato Carioca de 1991 e Campeonato Brasileiro de 1992. Agora, são comentaristas do esporte-arte que mais emociona o povo. Estilos diferentes em cam-
po; jeitos semelhantes na hora de comentar os lances entre as quatro linhas. Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, e Leovegildo Lins da Gama Júnior, o Júnior, são ponderados, equilibrados, compreendem, de forma crítica, as derrotas e vitórias. Com a sabedoria característica de quem já vestiu a camisa e suou nos campos do Brasil e do mundo, Tostão e Júnior falam sobre a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, que já passou para a história, as chances do time, a polêmica sobre os preparativos, os recursos, a falta dos recursos. Incisivo, Tostão adota uma postura realista. “Os erros [na preparação] são graves e frequentes”, afirmou. Sobre o favoritismo dos canarinhos, Júnior alerta para o perigo de o time entrar no clima da euforia de jogar em casa. “A pressão da torcida ajuda, mas tem que se preparar pra isso. Em outros países, a pressão acabou atrapalhando”. Quando chega a hora de avaliar a seleção do técnico Luís Felipe Scolari, entretanto, os dois são otimistas. Para os dois craques, o time é bom, Felipão acertou na convocação e Neymar é o grande destaque do time. “A Seleção está muito bem, muito melhor do que imaginava que estaria”, diz Tostão. E Júnior faz coro: “Acredito, sim, que o Brasil vai ser campeão. Quem trabalha com esporte tem que acreditar”. A partir do dia 12 de junho, é “bola pro mato, que o jogo é de campeonato”. »»»
Getty Images Brasil/ Internet
foto Rolls Press Popperfoto/Getty Images
Tostão comemora o quarto gol, contra a Itália, na copa de 1970. Na foto abaixo, outra comemoração - nas eliminatórias para a copa de 70, no Maracanã - com o campanheiro Pelé.
Qual a importância de realizar uma Copa do Mundo aqui no Brasil? Tostão - Seria ótimo, para o futebol brasileiro e para o país, mas, com tantos problemas, com tanto dinheiro excessivamente gasto, fica a dúvida se vale a pena. Júnior - Pelas experiências que eu tive em Copa do Mundo, trabalhando e participando, desde 1982, eu acho que a visibilidade, a entrada de recursos econômicos, a questão do legado que vamos deixar são positivas. Talvez a gente não estivesse preparado para assumir tudo isso, porque sabemos o que uma Copa do Mundo pode dar e, principalmente, o que pode e deve deixar para a população. Naturalmente, a gente sabe dos problemas que vêm acontecendo, que não vamos estar 100%, mas eu acho que, no lado esportivo, tranquilamente vai ser uma Copa do Mundo que vai agradar muita gente. Você são ídolos do futebol brasileiro, participaram de muitos jogos internacionais, muitos jogos da seleção. Para vocês, quais lembranças ficaram mais fortes nos jogos de seleção de que vocês participaram? Qual a sensação do jogador quando ele coloca o uniforme da seleção? Tostão - Nunca me esquecerei de quando o Brasil fez o terceiro gol contra a Itália [Copa do
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Mundo de 1970] e tive a certeza de que seríamos campeões. Júnior – Primeiro, é uma vitória pessoal. É a realização de um sonho que você tem: que é o de jogar futebol. Isso vem acima de tudo. E quando você chega à seleção é o auge da carreira. Um momento que eu nunca mais vou esquecer foi o gol que eu fiz com a camisa da seleção, na Copa do Mundo de 82. Para mim, foi um momento mais do que especial. Menino franzino, gênio do futebol. Sabe aquele menino magrinho, baixinho, para quem os colegas não dão nada e fica sempre de fora das peladas do bairro? Pois era assim Eduardo, durante sua infância, em Belo Horizonte. Nascido em 1947, na capital mineira, certo dia, foi chamado para enfrentar os meninos do Atlético Mineiro. Deixou o banco apenas no segundo tempo. Franzino, sumia no meio dos adversários, galalaus de 12, 15 anos. Eduardo jogou, dominou e marcou um gol, o gol da vitória e foi festejado pelos colegas. Devido à sua aparência, o garoto recebeu a alcunha da moeda de menor valor na época: tostão. Seguir dos campos de várzea de Belo Horizonte para os gramados profissionais foi um caminho natural. Virou atacante, por sinal, um dos atacan- »»»
foto Popperfoto/Getty Images
Tostão e Pelé, no México [1970]. Treino pré-torneio.
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foto Rolls Press Popperfoto/Getty Images foto Rolls Press Popperfoto/Getty Images
À esquerda: seleção brasileira, no jogo contra a Inglaterra [7 de junho de 1970]. Em pé, da esquerda para a direita: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo, Everaldo e Admildo Chirol. Agachados, também da esquerda para a direita: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé, Paulo César. Acima, a foto mais famosa da comemoração final: Tostão é despido pelos torcedores mexicanos.
tes mais clássicos do futebol brasileiro. Quando Tostão levantava a cabeça, olhava onde estava o companheiro de time e chutava. A bola sempre rolava para as chuteiras certas. Tostão só conseguiu chutar com o pé direito na Seleção Brasileira, depois de fazer um exercício que incluiu dar 200 chutes com a perna direita. Virou um meia completo. Mais do que isso: antecipou o “futebol intelectual”, aquele em que o que corre é a bola, não o jogador. O futebol dos passes de longa distância, das jogadas ensaiadas e perfeitas, o futebol que a Holanda jogaria em 1974, que encantou o mundo, com um esquema tático jamais visto, e que legou-lhes o título de “laranja mecânica”. O futuro não poderia ser diferente: o menino esmirrado, menino da várzea mineira conquistou a Copa do Mundo de 1970 – na considerada “a melhor Seleção Brasileira de todos os tempos” -, um campeonato brasileiro, cinco campeonatos mineiros consecutivos, de 65 a 69. E o Tostão virou milhão. Vestir a camisa da seleção mexe em alguma coisa com o jogador? Júnior – Lógico. A partir do momento que você veste aquela camisa você sabe que está representando o seu país. Sendo que o resultado pode significar e determinar muito, inclusive o bom humor
das pessoas. Por isso acho que os jogadores devem ter estrutura para poder lidar com a cobrança, com a pressão que atinge os jogadores do Brasil. Para essa Copa, por exemplo, nós só podemos convocar 23 jogadores, mas antes a regra dizia que poderíamos chamar 25. Então, é uma pressão muito grande que o jogador tem que estar preparado para receber. Disputar uma Copa do Mundo em casa facilita ou dificulta para o país-sede? Tostão - Acho que ajuda muito. Será um dos trunfos do Brasil. Mas é possível ocorrer o contrário. A pressão de vencer, sendo tão grande, pode atrapalhar os jogadores. Júnior – Facilita. Mas você tem que se preparar para isso. É completamente diferente. Se é diferente para quem está trabalhando, que é o meu caso, já cobri duas copas do mundo trabalhando na imprensa, imagine para quem vai estar jogando. Mas acho que vai haver um trabalho da comissão técnica para os jogadores não se deixarem levar por essa pressão. A Copa das Confederações (realizada no ano passado, da qual o Brasil foi campeão) já foi uma demonstração de que você pode tirar proveito de estar jogando um campeonato em casa. Em outras situações, por exemplo, como na Itália em 1990, como na Alemanha em 2006, sele- »»»
foto Bob Thomas/Getty Images
JĂşnior no jogo contra a Argentina, na Copa de1982.
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ções terminaram fora, e são seleções tradicionais, seleções vencedoras, mas acabaram sofrendo a pressão muito grande por parte de todo mundo.
Campeonato mundial interclubes, no Japão, em 1981. Jogo contra o Liverpool.
O que vocês acharam da seleção do Felipão? Quais seriam os destaques? Tostão - A Seleção está muito bem, muito melhor do que imaginava que estaria. Os dois grandes destaques são Neymar e Thiago Silva. Todo o time é bom, apesar de ter poucos jogadores que estão entre os melhores do mundo em suas posições. Júnior – O destaque da seleção é sem dúvida o Neymar, não é? Mas acho que o grupo é que vai fazer com que o Neymar seja o ícone da seleção. Uma seleção, quando não tem contestação na convocação, na verdade quer dizer que prevalece o equilíbrio entre os nomes. Acho que ele foi coerente nas suas escolhas. Silêncio: maestro em campo Quando Leovegildo Júnior pisava no gramado, a “nação” rubro-negra ficava mais tranquila. O “maestro” estava em campo. Era uma garantia de que, estivesse como estivesse o dia do time, os passes da lateral esquerda sairiam perfeitos. E, se tivesse uma falta próxima da grande área adversária, era meio-gol. Jogar com Júnior era garantir grande parte da vitória, antes mesmo de a partida começar. Ele era calmo, organizado em campo, olhava as jogadas que queria fazer e fazia. Marcava e atacava. O bom preparo físico, responsável por grande parte do desempenho de Júnior nos gramados, tinha sido adquirido no futebol de areia. Nascido em João Pessoa, em 1954, Júnior gostava mesmo era, quando jovem, de jogar peladas nas lendárias areias de Copacabana. Uma provação para os mais fracos: se você não corre, você afunda. E Júnior era veloz já na areia. Jogando assim foi descoberto por Modesto Bria, técnico do Flamengo, e seguiu para Gávea. Foi amor à primeira vista. Júnior chutava com as duas – chutava bem – era lateral esquerdo exemplar. Por causa de seu penteado black power, ganhou o apelido carinho de “capacete”. Venceu seis Taças Guanabara, seis campeonatos cariocas, Copa do Brasil, quatro brasileiros, uma Libertadores da América, um Mundial Interclubes, na chamada “Era de Ouro do Flamengo”. Júnior foi atuar no futebol italiano e, já depois dos 30 anos, voltou a jogar a pedido do filho, que queria vê-lo em ação. Voltou, e voltou a ser campeão com 35 anos. Ganhou novo apelido: “vovô-garoto”, de tanto que corria em campo. Depois de deixar os campos, Júnior voltou à sua origem: o futebol de areia. E a torcida delirava. Depois, foi cantor. E a torcida, mais uma vez, aplaudiu. »»»
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foto Bob Thomas/Getty Images
Júnior no jogo contra a Inglaterra. Junho de 1984.
Como ambos veem as críticas feitas à organização brasileira para esta copa? Acham que o Brasil cometeu mais erros de preparação, do que outros países? Tostão - Os erros são graves e frequentes. Júnior – Acho que o grande erro que foi cometido é que, há sete anos, quando nós tivemos a notícia da escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo, tínhamos que ter tocado o negócio. E acho que as atividades de preparação tinham que ter começado imediatamente. Demoramos a dar o pontapé inicial para os preparativos. De alguma maneira, a imagem do país fica arranhada com os preparativos para a copa? Tostão - No exterior, só falam mal da situação do Brasil. Evidentemente, há muitos exageros. Isso pode se reverter, se tudo der certo no Mundial. Júnior – É mais uma questão de vontade. Recursos não faltaram. Primeiro porque não são recursos privados, o que era para acontecer. São recursos que eu, você, todo mundo está pagando por essa Copa do Mundo, o que não era pra ser. Que herança a copa deixará para os brasileiros? Tostão - Se o Brasil for campeão, todos vão comemorar. Infelizmente, o legado tão prometido não vai ocorrer. Júnior – Acho que vai ficar alguma coisa, principalmente em termos de estrutura urbana, pelo menos isso, não é? A gente vê que as obras estão acontecendo, mas não vão ficar prontas. Nós não seremos a cidade de Barcelona como aconteceu na Olimpíada, em 1992. Porque, quando se fala de legado, a cidade de Barcelona é a maior referência. A gente espera que fique alguma coisa para o público, para povo, principalmente, que é quem está pagando por tudo isso. Mas acredito que o Brasil será campeão. Quem trabalha com esporte tem que acreditar.
Memória e revisão final: Drauz Reis e Marcelo Mello
comportamento
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Bruna Valle
Sem
conexão
Será possível viver desconectado das redes em tempos como os nossos? Bom, acredite: algumas pessoas ainda usam o celular apenas para suas funções mais básicas – e nem se incomodam em acessar seus perfis ou notificações.
H
á dez anos, começavam a surgir e se popularizar as chamadas “redes sociais”.E, quem diria, elas rapidamente se tornaram alguns dos endereços mais acessados por dia, a cada minuto, a cada segundo. Quem nunca viu um amigo checando seus perfis sociais a cada quarto de hora, ou se percebeu com um desejo irrefreável de dar uma olhadinha se alguém gostou da sua nova fotografia compartilhada nas redes? Pouquíssimas pessoas podem se gabar do feito, hoje hercúleo, de resistir à comunicação instantânea e cheia de atrativos visuais e interativos. Uma pesquisa no ano passado, feita em julho pelo Ibope/YouPix, apresentou um resultado significativo sobre os brasileiros nas redes sociais – em particular sobre o Facebook, que, em 2012, já encabeçava a lista líder de audiência na internet. Os dados indicam que 92% dos jovens que têm acesso à grande teia deram pelo menos uma passadinha pelas redes sociais disponíveis. Sem o critério da faixa etária, esse número equivale a 78% dos internautas. Portanto, não é por acaso que encontrar pes-
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soas que estejam fora deste redemoinho comunicativo virtual é quase tão difícil quanto achar uma agulha em um palheiro. Mas elas existem - e não economizam nos argumentos para não fazer parte da maioria. A Revista Leal Moreira apresenta uma “raça” em extinção: os desconectados. Para o economista Paulo Oliveira, 28 anos, esse conhecimento não o permite ver as mídias sociais sem a sombra de sua função comercial – e sem as segundas intenções nelas presentes. Segundo ele, não dá para conviver com o fato de que “o que importa é seu valor potencial como consumidor. Não é de graça que você está lá: você faz parte do lucro deles. Todos que estão inseridos neste contexto têm um valor monetário. Essas plataformas digitais utilizam a interação para se autopromover no mercado”. O estudante acredita ainda que existe certo exibicionismo de quem não vive sem alimentar seu perfil; e explica que sua recusa a fazer parte disso deve-se também à superexposição, que, em sua opinião, é maléfica. “A grande maioria está nas redes porque gosta de exibir um pouco a sua vida »»»
e vê isso como uma coisa boa. Para mim, não é. As pessoas acabam expondo toda a sua privacidade de maneira não regrada, em mínimos detalhes. Incomoda qualquer estranho poder acompanhar o que eu faço. Além disso, não tenho paciência para ficar atualizando meus passos. Prefiro viver ”. No dia a dia, Paulo investe seu tempo em coisas diversas, como estudos, leituras, filmes e até a culinária– conjunto de atividades que ele considera valer mais à pena na hora de preencher os espaços livres. “Quem tem rede social, passa bastante tempo atualizando, checando... Eu estudo bastante, tenho atividades físicas, leituras, filmes e até mesmo novos conhecimentos pra adquirir. Tem várias coisas para fazer. As pessoas é que não querem muito isso. Eu até me aventuro na culinária - tentar uma receita nova é uma coisa criativa que toma tanto tempo quanto uma rede social. Se as pessoas pensassem nisso, talvez fizessem mais coisas diferentes”. Quem também achou que o seu tempo estava sendo gasto de maneira errada foi o advogado e empresário Victor Oliveira.Há um tempo, ele
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foi alguém ativo no meio virtual... mas resolveu fazer outras coisas. “Eu tinha Facebook, porém logo percebi que ficava olhando perfis de quem eu conhecia, de pessoas com quem eu não falava mais e até de quem eu não conhecia. Vi que estava empregando um tempo considerável em algo desnecessário. Assim, decidi excluir minha conta. E não me arrependo”. Ao contrário do que pode pensar a maioria, Victor Hugo garante que, em sua vida, não houve problema por estar fora do contexto das redes sociais. “Não ter perfil não cria nenhuma espécie de barreira em minha vida.Se eu preciso me comunicar com alguém, simplesmente envio uma mensagem ou ligo pelo celular”.Mesmo assim, as pessoas reclamam e insistem para que o advogado volte a ter uma convivência virtual ativa. Ele responde sempre tentando contornar a situação já que essas discussões se transformaram em verdadeiros ringues de batalha dos aficionados contra os desconectados. “Eu digo que não tenho, mas não gosto de me indispor com ninguém sobre esse assunto.Para mim, se tornou religião, fé,crença... cada um tem sua concepção indivi-
dual sobre rede social. Prefiro não discutir, mas não desrespeito quem tem”. Embora o advogado saiba exatamente o que fazer com as horas que consegue poupar longe das redes de relacionamentos, reconhece que o potencial econômico é muito forte e isso poderia influenciar positivamente em sua própria imagem. “A principal vantagem é que sobra tempo para fazer algo mais produtivo, pessoal ou profissionalmente. A desvantagem é perder um pouco na promoção de seu marketing pessoal já que as redes funcionam como excelentes veículos de publicidade”. Já para a pedagoga Eliete Simões, a utilidade da internet está apenas nas fontes de pesquisas - que são inúmeras e muito ricas, em sua opinião. Das redes sociais e dos aplicativos no celular, ela só ouve falar. “Eu uso a internet só para consultas técnicas dentro da minha área. Meu celular é dos mais simples. Não compro smartphone porque eu não vou usar as tecnologias. É parte do meu perfil, não tenho esse desejo. Talvez eu faça parte desse pequeno percentual porque eu trabalho 12 horas por dia, e não tenho tempo para utilizar esses recursos”. Mas não se engane: não é só por causa da rotina extensa de trabalho que Eliete não parti-
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cipa das redes de relacionamento. É também porque não gosta do contato virtual. Ela é do time dos que preferem – por formação e costume – a relação presencial. “Na minha função de pedagoga, faço muito contato visual. Então eu não me preocupo em usar a virtualidade. As minhas ações são pessoalmente - eu e o aluno, ou eu e projetos: no toque, no frente a frente.Eu gosto assim”. A pedagoga reconhece a importância desse fenômeno na sociedade, mas prefere ficar de fora. Embora conviva o tempo todo com jovens nas escolas em que dá aula, ela escolheu se afastar desse tipo de interação. Mas, por vezes, tem de conviver com a cobrança das pessoas para que se inclua nesse universo. No entanto, além de exigirem sua presença, ainda criam perfis em seu nome que ela se recusa a utilizar. “Mesmo em contato com jovens, não participo das mídias. Eu busco me informar sobre este movimento social, mas não uso. As pessoas perguntam se eu tenho [um perfil em alguma rede], me convidam e eu sempre digo não. Criaram um pra mim que eu nunca alimento. Eu não gosto, não tenho afinidade. Talvez pela minha faixa etária, por não ter sido estimulada a usar...”. Como tudo tem uma razão de ser, Eliete dá »»»
sinais que não é só por falta de identificação. É sim uma forma de proteger sua intimidade algo que a maioria das pessoas que orbitam no universo virtual não vê problema em evidenciar. “Há certa exposição, uma ostentação da vida social das pessoas. Isso é muito negativo. A maioria expõe ao extremo sua vida particular. Exibe onde come, onde vai... Na minha opinião, isso não interessa a ninguém. Fazendo isso, elas se colocam em perigo sem perceber. O jovem expõe o corpo por meio de imagens que o ‘objetificam’, e isso é péssimo para a formação dele. Essa exposição exagerada, que, de onde estão, precisam postar imagens suas para outros comentarem ou curtirem, é desnecessária”, opina. Para quem não imagina uma vida longe do movimentado mundo virtual, uma rotina como a de Eliete pode parecer fora de realidade, ela, porém,acredita fazer parte de uma minoria, que investe no contato presencial como o mais eficaz na comunicação, na amizade e na manutenção das relações duradouras. “É totalmente possível viver desconectado, embora convivamos com a conectividade o tempo todo. Prefiro estar perto de alguém para conversar sobre alguma coisa. Creio que o calor humano é de suma importância nas relações pessoais. Não suporto o distanciamento e isolamento causados pelo convívio via rede social. Escolho sempre estar perto das pessoas de carne e osso”. E ela finaliza com uma reflexão: “Será que não é o momento de nos desligarmos um pouco das telas e conversar mais com quem está ao nosso lado?”.
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especial 400 anos
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Carolina Menezes
Dudu Maroja
Fico porque
amo te
O
escritor, crítico literário, professor, jornalista, membro da Academia Paraense de Letras do Conselho Estadual de Cultura do Pará e do Conselho de Museologia , João Carlos Pereira, entra na série “Belém 400 Anos” como um daqueles que reclama da dureza do osso, mas nem por isso deixa de roê-lo. Crítico ferrenho dos problemas urbanos expostos todos os dias nos jornais e na TV, como a desorganização do tráfego viário e os transtornos causados tanto pelo excesso de calor quanto pelo excesso de chuvas, ele, a cada situação apontada, não deixa de mostrar que tem esperança por dias melhores e que crê em uma sociedade melhor que resulte de uma união de forças indissociável entre população e poder público. “A cidade é de todos e todos os segmentos precisam conviver harmoniosamente”, afirma. E diz, rindo, que um de seus maiores desejos para o aniversário tão esperado é estar vivo para comemorá-lo! Confiante nos frutos que a atual gestão municipal do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) deixará para o futuro – “É um trabalho que começa agora para passar por várias gestões até que as pessoas entendam como as coisas precisam funcionar. A cidade vai ter de se acostumar a ser cidade”, avalia Pereira -, ele chega a falar na sua Belém de criança, dos anos 50, com algum saudosismo do tempo em que o respeito pelo individual era um valor que prevalecia, mas nem se atreve a comparar a realidade de ontem com a de hoje. “O pre-
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sente carrega suas alegrias e as suas dores – assim como também foi com o passado!”, justifica. E ‘joga’ em Nossa Senhora de Nazaré toda a ‘culpa’ por acabar nunca conseguindo deixar Belém por algum lugar, por assim, dizer, menos cheio de problemas. “Às vezes, penso em ir para outro lugar, mas onde eu estiver, vou reclamar também, porque onde houver um aglomerado humano, haverá problemas!”, admite. “Outubro é o mês-âncora. É o mês que mexe com a minha história, com a minha fé e que me renova com Belém”, conta o escritor. Confira a entrevista: Belém chega aos seus 400 anos daqui a pouco mais de dois anos. Quais são as suas expectativas para essa grande chegada? A primeira delas é estar vivo pra comemorar (risos)! É verdade mesmo, espero estar vivo e em Belém para comemorar. Mas eu espero, sobretudo, encontrar Belém com 400 anos, não com essa marca quatrocentona, e sim com uma marca humanizada. Que a cidade tenha 400 anos, mas que esteja bem pra gente viver, com calçadas mais apropriadas... Eu, que ando muito pela cidade a pé porque eu caminho e faço exercício de natureza aeróbica, vejo a dificuldade que é para quem já tem as pernas boas, imagina para quem tem dificuldade para se locomover. Nós enfrentamos alguns problemas que tornam Belém uma cidade, de certa forma, ingrata, mas são problemas que não cabem somente ao poder público,mas »»»
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também ao morador de Belém, que não tem disciplina, que não respeita o espaço que é seu e também dos outros.É o lixo deixado em qualquer canto, o trânsito, já que se vive reclamando que não tem ninguém para organizar, mas, quando tem, o motorista não pode esperar, tem mais pressa que o outro e fecha cruzamento, queima a faixa de pedestres, o sinal, o ônibus não respeita a sua faixa exclusiva e quer andar em qualquer uma das pistas, a moto é a mesma coisa... É claro que a prefeitura tem o seu papel nessa organização, mas se a população não faz a sua parte, não tem como fazer muita coisa. Você estudou a Belém mais antiga. Tem como comparar a cidade de antes com a de hoje, transformada pela passagem do tempo até agora? Eu não gosto de dizer ou comparar passado com presente. Por exemplo, a minha casa é toda feita de passado (fala apontando a decoração, que inclui pratarias, lustres e outras peças visivelmente antigas) porque eu sou daqueles que acredita, como é mostrado no filme “Meia Noite em Paris”(Woody Allen, 2011), que a época de ouro não é a que a gente vive. Então, a Belém do passado, a Belém que eu vivi não pode ser comparada à cidade que temos hoje, em nenhum aspecto. Antigamente, nos anos 50, as famílias não iam ao comércio: as lojas mandavam os sapatos, as roupas em casa para a gente experimentar e devolver, o leite era vendido na porta, o peixe, o caranguejo, o pão era deixado na porta de casa. Isso era uma maravilha, e não dá para querer comprar
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o hoje com esse tempo. Imagina! Se alguém deixa um litro de leite na porta de casa, o primeiro que passar, leva – a gente volta para a questão da falta de educação. Então antes o respeito de habitante para habitante era maior...? Era outro tempo. Claro que o trânsito é um aspecto impossível de ser comparado porque, antes, a vida era mais calma e tranquila. Era um tempo em que ir para a sede campestre da Assembleia Paraense era o equivalente a fazer uma viagem! A Tito Franco, como antes se chamava a avenida Almirante Barroso, assim como o bairro do Coqueiro (hoje integrante do município de Ananindeua) e o bairro da Pedreira eram chamadas de áreas de veraneio. Ali havia sítios, granjas, era para se passear e não para se morar. Naquela época, passou da travessa Três de Maio, meu Deus do céu... já era o fim do mundo! A cidade de Belém vivia muito em função da Cidade Velha... Acho que eu posso dizer que o presente carrega suas alegrias e as suas dores – assim como também foi com o passado! O que você responderia a alguém de fora que te perguntasse se Belém é uma boa cidade para se morar? Talvez não seja o melhor lugar do mundo. Tem um trânsito insuportável... Faz muito calor. Mas aqui tenho minha família, meu trabalho e meus amigos. A Lindanor Celina [escritora] dizia que trabalho e família atam uma pessoa à cidade. Eu »»»
estou atado a Belém de tal forma que não dá para desatar. Além do que há o céu de Belém e eu me pergunto, repetindo o meu amado poeta Mario Quintana: como vou levar o céu de Belém para o céu? Se eu for para céu, é claro. Mas trânsito é um problema das grandes capitais de um modo geral... É, mas aqui parece ser mais sério. Não só pela falta de opção de escoamento, mas também pela falta de respeito entre seus atores. Acredito que agora algumas coisas estejam sendo feitas em prol de uma mudança nesse sentido, como o prolongamento da avenida João Paulo II (que inicia em São Brás e hoje acaba quase junto ao complexo do Entroncamento e deve ser estendida até o viaduto do Coqueiro, que dá acesso a Ananindeua e a Rodovia BR-316), além do mais tem o clima, que fica cada vez mais quente. E tem quem esteja pensando na Belém do futuro? Em uma Belém melhor? Eu acho que sim. Acho que o prefeito Zenaldo Coutinho é um que não pensa só na cidade de hoje, posso dizer isso porque acompanho o trabalho dele. O projeto “Belém Rumo aos 400 Anos”, criado por ele, está colocando o povo para pensar, para reunir ideias, e eu fico feliz que seja ele o prefeito da Belém dessa idade tão marcante, primeiro por uma questão pessoal, de simpatia que tenho por ele; depois, por uma questão de admiração que nutro por ele desde quando ele entrou na faculdade, fazia poemas e ganhava prêmios. Sempre foi um homem sensível e com
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visão de futuro, penso que irá fazer de Belém um lugar melhor. Você disse que existe um problema sério de educaçãoem Belém. Como um gestor municipal e sua equipe conseguem ir contra isso? Contra quem reclama que a cidade está suja, mas que só coloca o lixo na porta de casa depois que o caminhão da coleta já passou contra quem critica o trânsito, mas faz fila-dupla por qualquer motivo e em qualquer lugar... Não consegue. Perde o jogo o prefeito, o Governo, quem luta contra isso. Se a coletividade não toma para si a noção de que a resolução dos problemas também precisa de esforço por parte da população, precisa de conscientização. Você lembrou ter vivido em uma época em que as pessoas se respeitavam mais, respeitavam o espaço e, principalmente, o direito do outro. O que aconteceu? Existia uma consciência maior de respeito pelo individual. Não precisava de campanha do tipo “ame Belém”, isso não era uma coisa dita ou anunciada, simplesmente era assim que era! A cidade cresceu muito, os espaços foram ocupados muito rapidamente e Belém perdeu a sua identidade de pequena cidade. Virou cidade grande de todos e de ninguém. Eu não consigo ver Belém como uma cidade que vai entrar nos eixos agora. É um trabalho que o Zenaldo começa agora para passar por várias gestões até que as pessoas entendam como as coisas precisam funcionar. A cidade vai ter de se acostumar a ser cidade. »»»
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Temos exemplos a seguir em outros estados do Brasil? Acho que não dá para se espelhar em ninguém. São metas simples. O ônibus tem a faixa aqui, então tem que andar aqui, pronto, é isso! Se vai respeitar o pedestre, o ciclista não vai achar que a cidade é dele, tampouco quem dirige ônibus, caminhão. A cidade é de todos e todos os segmentos precisam conviver harmoniosamente. Em Veneza, na Itália, muito lembrada pelo transporte aquático, circula ônibus na parte interna. E, se no letreiro da parada está escrito que o ônibus vai passar na parada tal as 16h34, pode esperar que vai passar. Em Paris é a mesma coisa. E as pessoas sobem, sentam e a condução segue viagem. Aqui ‘queimam’ parada, ninguém respeita o pedestre, motorista para quando quer, dependendo do seu humor. Não há disciplina em nada. O motorista particular que para em cima da faixa e que fecha o cruzamento não é diferente. Cada um dirige por si. Belém só vai mudar quando eu pensar que eu não estou só, que eu vivo em um ambiente coletivo, que o canal em frente de casa não é o lixeiro para eu jogar o sofá, o guarda-roupas que eu não quero mais, porque isso vai trazer problemas para mim e para todos os que coabitam esse espaço.
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Resumindo: uma dose bem dada de bom senso resolveria boa parte dos problemas da cidade? Acho que sim. Essa consciência faria a diferença, sim. Os problemas da cidade, por si só, na segurança, na educação, na saúde, no transporte, já são muitos, mas não é por isso que se vai jogar uma bomba aqui e acabar com tudo, não. Tem que ter um jeito. Se cada um fizer sua parte, se todo mundo, se todos os moradores fizerem um pouco, se os governantes cumprirem as suas metas, esse jeito vai chegar, vai aparecer. Apesar dos problemas que você citou, e que a maioria dos belenenses enfrenta diariamente, existe uma ligação inegável entre você e a capital paraense criada pela sua devoção à Nossa Senhora de Nazaré, com a festa do Círio. É isso o que te mantém em Belém? Eu sempre acho que essa minha ligação se expandiu com a cidade, eu não consigo viver fora daqui. É como Rubem Braga (escritor carioca, 1913-1990) dizia, “eu brigo, reclamo, xingo, mas eu fico”. Às vezes, eu penso em ir embora para Paris, porque lá eu vou estar quieto. Nada. Lá eu também vou reclamar e xingar porque onde houver um aglomerado urbano, humano, haverá algum tipo de problema. E eu acho que se estamos aqui, se Deus nos colocou aqui é porque »»»
temos como ajudar a melhorar as coisas. Então, não adianta só reclamar, tem que ficar e ajudar. E eu procuro fazer a minha parte. Não é muito, mas se eu, você, ele fizermos, as coisas mudam, sim. Então sair de Belém em Outubro é algo que nem se discute na sua casa...? De jeito algum. Eu trabalho muito nessa época, é quando eu mais trabalho. Tenho atividades de jornal, de rádio, de televisão... É assim: eu estudei o Círio, como fez a dona Mizar Bonna [paraense criadora de 12 mantos que vestiram a imagem da Virgem de Nazaré para as procissões], o Emanuel Matos [sociólogo e poeta] e espero que outras pessoas também se interessem por esse tema, porque as pessoas que se dedicaram a estudar o Círio vão passar. Alguém tem de estar com o domínio dessa história. Eu sempre estudo e aprendo mais alguma coisa a cada ano e acredito no meu compromisso e obrigação de contar essa história, passar adiante. Adoro a época porque mexe com a minha história, com a minha fé, com a minha relação com Nossa Senhora, relação que mexe comigo não só em Belém e não só em outubro. Mexeu quando fui à Turquia, apenas para conhecer a casa onde viveu Nossa Senhora. Mexe quando vou a Lourdes, no sul da França, para onde viajo todos os anos, há muitos anos, apenas para ter um momento de retiro, no lugar onde a Senhora apareceu e se anunciou como sendo a Imaculada Conceição. Isso é muito forte, porque se trata da Mãe de Deus.
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Outubro é o mês em que novas os laços com Belém também? Sem dúvida. É o mês-âncora. Vivo o ano todo esperando por ele. É como canta o Emanuel [Matos, sociólogo e poeta]: “quando eu morrer, vou pedir para ser outubro, para estar no meio daqueles anjos do Círio de Nazaré”. Não sei se vou estar no meio dos anjos, mas quero, pelos menos, vê-los passar (risos)! De uma forma ou de outra, aniversário sempre é motivo pra comemorar. E o que Belém vai comemorar em 2016, quando chegar ao seu 400º ano de vida? A gente tem sempre o que comemorar em Belém. Eu tenho esperanças, ou já teria ido embora. O transporte deve melhorar com o BRT [Bus Rapid Transit, projeto de transporte público em expansão executado pela Prefeitura de Belém], na questão do saneamento tem a macrodrenagem, realizada desde a época em que Almir Gabriel [1932-2013, prefeito de Belém entre 1983-1986 pelo PMDB e governador do Estado pelo PSDB entre 19942002]foi prefeito e que continua sendo levada em frente... Eu penso: o que seria de Belém, se não fosse o Paulo Chaves, que cuidou de embelezar a cidade, como um Antônio Lemos do século XXI? Não tenho a ilusão de calçadas lindas e retas, mas acho que vamos melhorar em segurança, saúde, transporte, e a cidade também tem essa esperança. De ter uma dor de barriga e ter um bom hospital para recorrer. De precisar de uma mamografia sem precisar passar um mês na fila do exame. De »»»
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querer viajar e tenha ruas, estradas transitáveis. De não precisar morar junto com o sapo pelo excesso de alagamentos. Pode ser romantismo da minha parte, ou até mesmo utopia, mas eu tenho essa esperança. E eu queria muito que a mobilidade funcional fosse algo que alcançasse não só a quem tem carro, mas a todos. Que o lazer seja prioridade para todos, e não tratado como supérfluo. Uma cidade para todos é a minha esperança. A geração de hoje já tem essa consciência? Sua filha mais nova tem 12 anos, ela é dessa geração mais atual que pode mudar isso? Você acha que os jovens, que os mais novos tomam isso para si ou já caíram no entendimento de que nada vai mudar e é isso mesmo e pronto? Enquanto houver um coração que seja, vai existir alguém querendo algo melhor para todo mundo. Se estiveres na festa dos 400 anos, lá no Ver-o-Peso, com chance de soprar as velas daquele bolo enorme que é servido todos os anos, o que irás pedir para Belém? “Com quem será, com quem será, que Belém vai casar...” (risos). Eu ia pedir uma cidade melhor e mais justa, mas como isso não cai do céu, eu pediria também que cada um se comprometesse, que se casasse um pouco com Belém, que se sentisse responsável por essa grande família que é a nossa cidade. www.revistalealmoreira.com.br
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especial namorados
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Carolina Menezes
Nosso
amor
de ontem...
e de depois
E se o fim não for o fim? Na maioria das vezes é, especialmente quando se fala das questões do coração. Mas, de novo: e se não for? E se o tempo não curar tudo? É possível ,então, que esse mesmo tempo seja apenas o elemento necessário para que o amor perdure...?
A
quele amor que é, que foi, que era, que é de novo, que deixa de ser, até que o tempo passa, passa e acaba sendo de uma vez: quem já não teve um desses pelo menos conhece alguém que teve ou já ouviu muito falar sobre, nem que seja nos filmes e livros. O todo-poderoso das Organizações Globo, Roberto Marinho (1904-2003), conheceu a socialite Lily Monique de Carvalho (1920-2011) em 1941, quando ela era casada e, ao final dos anos 80, ao reencontrá-la já viúva, fez questão de lhe descrever o vestido que ela usava à ocasião daquele primeiro encontro, quase 40 anos antes. O casamento deles aconteceu antes do início da década seguinte e durante os quase 15 anos de união, sempre que tinha a oportunidade, em seus discursos, o empresário declarava-se à amada, admitindo que lhe era persistente, por muitos anos, a ideia de que era apenas uma questão de tempo até que eles ficassem – finalmente – juntos. O casal mais polêmico da história do cinema, Elizabeth Taylor (1932-2011) e Richard Burton (1925-1984), iniciou um tórrido romance no início da década de 60 enquanto ambos eram casados com outras pessoas. Casaram-se em 64 e, juntos, entre ta-
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pas e beijos e bebedeiras homéricas, ficaram por dez anos. Quando não se aguentavam mais, se divorciaram, e casaram de novo, um ano após o rompimento, em 1975. Ainda que a última união tenha durado apenas um ano, viveram a partir de então sob a aura de que, em algum momento, estariam juntos novamente – esperança que se quebrou com a morte de Burton e, em parte, visto que, mesmo em outros casamentos posteriores, a bela dos olhos de violeta nunca negou que pertencia, de corpo e alma, ao seu grande e conturbado amor. E, naturalmente, não podemos deixar de fora os artistas Frida Kahlo [a quem dedicamos a Galeria desta edição] e Diego Rivera. O casal, tão problemático quanto talentoso, resolvia muito de suas infelicidades mantendo casos extraconjugais. Frida amava loucamente Diego, que... teve um caso [e seis filhos] com a irmã caçula de Frida – fato que culminou na separação de ambos. Mas não por muito tempo. Dois anos depois, em 1940, ambos decidiram se casar novamente. O final feliz, afinal? Mais ou menos [como não poderia deixar de ser na trajetória de dois gênios], mas quando da morte de Frida, Rivera declarou que sua felicidade morrera junto. Coisas do amor. »»»
divulgação
E como o clima do Dia dos Namorados chegou de vez também à redação da RLM, apresentamos duas histórias que superaram o maior dos senhores, o tempo, para não deixar de existir. Ou de (re) nascer. A história da odontóloga Márcia Barbalho, 45, e do funcionário público Marcelo Barbalho, 47, enquanto casal, tem uma linha do tempo com muitas marcas. Em 1984, eles eram namorados de colégio; em 1987 e recém-chegados à faculdade, o relacionamento chegou ao fim. O tempo passou. Cada um seguiu a sua vida e, de alguma forma, em 2002, eles estavam juntos de novo para não se separar mais. “Confesso que não sou boa com datas, por exemplo: eu lembro o ano do meu casamento porque nossa filha tinha dois anos de idade e hoje ela tem oito. Inclusive eu costumo dizer que eu e ele temos história, e não memória!”, brinca a esposa. No final da década de 80, o relacionamento terminou, relativamente, em bons termos. Embora afastados, seguindo suas rotinas, os dois sempre, digamos assim, se sabiam um do outro. “Temos muitos amigos em comum, então eu acabava sabendo de algumas coisas que ele fazia, assim
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como ele também sabia de mim”, lembra, Márcia. Ela casou, ele também casou, ela foi morar fora, ele começou uma carreira no setor público e, em meados de 2002, veio o reencontro. “Eu estava divorciada, ele também. Não teve nada combinado, nós, por acaso, nos reencontramos e estávamos solteiros novamente. Eu tinha três filhos do primeiro casamento, o Marcelo também tinha outro, nós juntamos os nossos ‘trapinhos’ e ainda tivemos mais um filho!”, enumera. “Os amigos acharam engraçado, ainda tínhamos alguns que acompanharam o namoro e também acompanharam a nossa reunião e, apesar da surpresa, acharam legal nos ver juntos de novo”, afirma. Se estava ou não escrito nas estrelas esse segundo round do relacionamento, ou mesmo a história como um todo, Márcia não se arrisca a responder, mas não nega o quanto foi bom e diferente a oportunidade de se relacionar, já na fase adulta, com quem namorou na época da adolescência. “Tudo bem que mulher sempre amadurece mais rápido, mas, de qualquer forma, nos relacionamos em duas épocas distintas da vida. Eu devia ter uns 15 quando começamos, terminamos logo depois de entrarmos na faculdade.
Quando ficamos juntos de vez, além de já termos tido, cada um, uma experiência com o casamento, ambos tínhamos mais de 30 anos de idade, foi uma outra história”, avalia a odontóloga. Uma das memórias de infância da jornalista Ana Carolina Valente, de 28 anos, se refere às visitas que o irmão mais velho recebia em casa. O que ela nem sonhava era que um desses visitantes seria, anos mais tarde, o pai de seu filho. “Eu tinha uns seis, sete anos, andava de calcinha, brincava com eles, era criança, né? E foi quando eu conheci o Floriano, que é oito anos mais velho que eu. Hoje, eu tiro graça com ele, dizendo que ele me viu de calcinha quando eu era criança e quis ver de novo depois de adulta!”, diverte-se a jovem, ao falar do companheiro, o músico Floriano Neto, de 34 anos, com quem divide o mesmo teto e a filiação do pequeno Ícaro, de apenas três anos. Como nenhuma perspectiva de união estava no script inicial, o destino deu uma forcinha para que os dois acabassem se reencontrando, já adultos. “Foram mais de 15 anos até a gente se ver de novo e voltamos a nos falar por uma questão de trabalho. Eu intermediava o envio de material para
uma coluna sobre música que era publicada em um jornal local e tinha um material dele para enviar. Deu problema no e-mail que ele me passou e, para resolvermos, nos adicionamos no MSN Messenger [programa hoje extinto, que possibilitava a troca de mensagens online]. Vi a foto, sabia que conhecia de algum lugar e perguntei se ele lembrava de mim. Quando ele se tocou de quem era, disse ‘eras, tu estás desse tamanho?!?’. Pronto. Viramos amigos”, recorda a jovem. Cada um com o seu relacionamento amoroso em andamento, a amizade girou por mais de um ano em torno de um mesmo assunto que muito interessa aos dois: música. “Como falar com ele sobre outro assunto? Eu sou rockeira, ele também, o papo fluía sempre nesse sentido. A gente nem imaginava que, dali a algum tempo, acabaria se envolvendo”, expõe. “Até que fui, como costumava acontecer, a um show dele. Só que eu estava solteira há algum tempo e ele também. E acabou o show, papo, cerveja e nós acabamos ficando juntos. Houve muito vai e volta, no total são cinco anos de história, foi quando o Ícaro nasceu que nós colocamos os pingos nos ‘is’”, detalha. Carolina conta que quem foi alvo de brincadei- »»»
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ras por muito tempo foi justamente o irmão-cupido-sem-querer do casal. “No início, teve ciúme, teve olhar torto, afinal, era uma pessoa que era amigo dele, que estava sempre em casa. Mas depois ficou tudo em casa, hoje eles se abraçam, se chamam de irmãos e tudo!”, admite. “O que é mais engraçado é lembrar de tudo o que aconteceu, dessas lembranças lá de casa, quando eu era criança e de nunca, jamais ter passado pela minha cabeça que eu conheci o pai do meu filho, que me chama de esposa com tão pouca idade!”, impressiona-se.
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Camila Barbalho
Dudu Maroja
Back to the
Big Bands!
No coração do Norte, uma orquestra é o exemplo vivo e vibrante da qualidade musical no extremo do país: a Amazonia Jazz Band celebra as influências do mundo sem perder o sotaque local.
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Theatro da Paz, ainda fechado, parece ainda maior do que é. No centro do palco, saxofones, trombones, trompetes. Um contrabaixo acústico, guitarra, piano de cauda. Bateria, percussão. Um xilofone! Passo o olho pelo espaço e vou identificando os instrumentos, alguns dos quais eu nunca tinha visto assim, de perto. Os músicos também estão lá, rindo, brincando uns com os outros. Sendo uma banda, como bandas normalmente são – só que grande: vinte e um ao todo. Alguns rostos são conhecidos de outros trabalhos. “Vi Robenare Marques, o pianista, improvisando lindamente no Café da Sol”, eu penso. “Augusto Castro, o Baboo, não é baixista do Fruta Quente?”, é o me ocorre em seguida. Sim, ele é. Também estão lá Marcos Puff, Esdras de Souza... Gente famosa da cena artística paraense. Embora tudo esteja muito leve, não consigo deixar de antecipar certa atmosfera de solenidade. Pode ser só minha natureza ansiosa, mas não é de se esperar algo grandioso com tantos instrumentos – e instrumentistas – glamorosos reunidos? Então a Amazônia Jazz Band começa sua passagem de som, sob o comando de seu regente e diretor musical, o maestro Nelson Neves. De repente, torna-se real e viva a ideia matemática de que música é vibração. O som está em tudo:
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na madeira do chão, no pesado tecido preto das coxias. Nas minhas mãos, no peito, nos pés. Não é mais 2014, não é mais Belém, nem mesmo é mais teatro. É jazz. É um swing dos anos 40. A descontração agora é aura. Observo Nelson, e de cara sei que ele também sente, e sente mais. Dá para ver na sua compenetração, no olhar atento a cada músico, que retribui em igual intensidade. No gesto forte, nos sinais e entregas de cada papel dentro da engrenagem. Nas mãos certeiras, no sorriso que vem com olhos fechados quando um movimento da big band sai preciso. Em sua contagem peculiar – “one, two, oh, oh”. Ele interpreta cada passagem, cada solo, cada crescente. As notas, assim como todos os que as executam, são parte do maestro - o cérebro e o coração de um organismo brilhante e em perfeita sintonia. Estou lá para entrevistá-lo quando o ensaio geral acaba. Conversamos em seu camarim, sobre sua formação nos Estados Unidos, a responsabilidade de reger a Amazônia Jazz Band e a modernização que o grupo viveu desde sua chegada. Se Nelson é um erudito na música, ele é um rockstar na atitude em cena e no jeito de falar. Carismático, bem articulado e muito consciente de seu papel frente ao grupo. Terminamos o papo. Ele volta para o palco; eu, para a coxia. O Theatro está cheio. A big band começa a tocar. O tempo muda, »»»
e lá está a música em tudo outra vez – inclusive nos meus olhos marejados. Há quanto tempo você rege a Amazônia Jazz Band? Eu cheguei no início de 2012 dos Estados Unidos, onde fiz mestrado e doutorado, e recebi o convite do secretário de cultura para assumir a Amazônia como maestro e diretor musical. No dia primeiro de fevereiro do mesmo ano, eu assumi. Portanto, estou há dois anos à frente do grupo. A formação de hoje, então, é anterior à sua chegada? Sim. E antes de eu ir para os Estados Unidos, fui pianista da Amazônia Jazz Band. Eu não sei precisar o tempo em que fiquei na banda. Acredito que foram uns cinco anos. Viajamos muito pelo Brasil, tocando em festivais; viajamos até pela América do Sul. Então eu tenho uma história com o grupo que vai muito além da que teve início em 2012. Como foi o caminho de pianista a maestro? O meu instrumento é mesmo o piano. Eu sou um pianista. Mas independente disso, eu sempre me interessei por regência. Antes de pensar em reger a AJB, eu regia corais pela cidade. Regi o coral da Petrobrás, o da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, de igrejas... Já tinha essa formação, e vinha desenvolvendo a prática. Aí viajei para estudar. Lá nos Estados Unidos, os profissio-
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nais são formados não só para o seu instrumento. Você não é contratado para lecionar só o seu instrumento. Você ensina, por exemplo, História da Música, Apreciação Musical ou alguma matéria teórica... Eles sempre contratam um músico-professor que possa exercer outros papéis dentro da universidade, proporcionar uma visão mais ampla. Já pensando nisso, aprimorei esse conhecimento – fiz classes de regência, por exemplo. Dirigi, regi grupos, big bands, orquestras. Tudo isso tornou esse caminho mais natural. O que significou passar a liderar um grupo do qual você já fazia parte? Nesse tempo que eu estive fora, tive notícias de que a AJB passava por uma fase complicada. Andavam meio sumidos, e estavam realmente precisando de alguém que levasse em frente o trabalho com esses músicos, que são excepcionalmente talentosos. Em primeiro lugar, em função da minha história com eles, já tínhamos um vínculo. Inclusive mandei CDs dos trabalhos que realizei fora do país, para que eles ouvissem o que eu vinha desenvolvendo. Realmente foi motivo de muita alegria pra mim, poder voltar e assumir a Amazônia Jazz Band, que é um grupo incrível – agora não mais do lado de lá, como músico, mas aqui na frente. É uma responsabilidade tremenda dirigir esses músicos, que são profissionais, e acima de tudo estudiosos. Temos professores na formação! E ao mesmo tempo, seria uma honra »»»
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para qualquer regente que esteja à frente desse grupo. Eu me sinto dessa maneira. De uns tempos pra cá, A Amazônia Jazz Band adotou uma postura mais descolada e versátil na seleção do repertório – shows temáticos, funk americano, música popular... Como é que você monta o programa? Isso é uma preocupação minha, e que eu estendo aos músicos também, de agradar ao público. A princípio, a linha da Amazônia trilha a tradição das big bands americanas. É inclusive um privilégio para Belém ter uma banda desse porte - contamos nos dedos de uma mão quantos Estados possuem uma banda como essa – e ainda apoiada pelo governo. Então nós poderíamos priorizar esse jazz clássico, tradicional – como o de uma das bandas mais respeitadas do mundo, e que está em evidência, que é a da Maria Schneider. Mas é aquela apresentação que você vai apenas se você gostar, se identificar muito com o gênero. Nós usamos essa linguagem também. O jazz tradicional continua sendo nossa espinha dorsal. Mas a questão da cultura popular também pesa, não é? Sim. Estamos em Belém, no Brasil, um país onde a cultura popular é fortíssima. Então essa é uma das minhas preocupações. Eu abro esse leque por crer que o ecletismo é fundamental na construção desse repertório. Nesses dois anos
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em que estou aqui, a Amazônia toca swings, funk, música latina, samba, bossa nova... Até carimbó (risos)! Nós temos que ser ecléticos para agradar esse público diverso, para criar essa aproximação. Claro que o pré-requisito é que as coisas sejam bem feitas, que tenham um arranjo marcante. A Amazônia não toca qualquer coisa. É um repertório de alto nível. Às vezes nós testamos um arranjo e abrimos mão dele, porque não tá no nível da banda. Portanto, fazemos o possível para agradar e ampliar nosso público, somos ecléticos, mas sempre com muita qualidade. Se não tiver qualidade musical, preferimos não fazer. É dessa maneira que pensamos. É uma consequência disso que a AJB esteja tocando com maior frequência? Sem dúvida, esse é um fator. Mas, além disso, nós – como um grupo da Secult e da Academia Paraense de Música – temos o compromisso de fazer ao menos um concerto por mês. Ocasionalmente, fazemos de fato mais que isso, quando alguém convida a Amazônia para outra apresentação. Como é a rotina de ensaio da banda? Nós ensaiamos por enquanto no Teatro Gasômetro, mas teremos em breve sede própria, na Avenida Magalhães Barata. Nossos encontros ocorrem às segundas, quartas e sábados. É bem intenso. Os ensaios são muito puxados. Somos 21 »»»
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pessoas, mais equipe de apoio, os montadores. Sem eles, não é possível fazer um grande espetáculo. A cumplicidade de vocês é visível. Como é o clima nos ensaios? Nossa relação é muito boa. O clima é realmente de uma família, de amigos. Eu exijo muito, cobro muito deles. Eles entendem isso, e procuram atender às cobranças. Mas tudo é sempre num clima de descontração, de respeito mútuo, carinho. É por isso que nós temos esse relacionamento. Não é fácil manter essa relação com tanta gente envolvida, mas as coisas caminham com tranquilidade. Você ainda fica ansioso antes de uma apresentação? Sempre. Não somos máquinas, né? Há adrenalina, tensão, expectativa de que tudo dê certo. Na verdade, eu sempre estou preocupado e pensando no concerto que virá a seguir. Termina um e eu fico pensando no outro. Faz parte do jogo. O que um músico de uma banda como a AJB precisa ter? Sem dúvida, ele precisa estar continuamente estudando, praticando. Nós trabalhamos com um estilo de música que exige muito do profissional. Eu comparo o jazz com a música erudita. São os dois estilos que possuem essa obrigatoriedade da dedicação constante. A música clássica é a fundação, né? Praticamente todos eles possuem essa base de erudição. O músico precisa estar o tempo todo em contato com seu instrumento, estudando e ouvindo outros músicos. Precisa estudar harmonia, improvisação. Eu sempre que posso abro um espaço e dou alguma aula para eles. O músico precisa estar em dia com a técnica, buscando um desenvolvimento auditivo cada vez maior – e um desenvolvimento sonoro, que é algo fundamental para o jazz. Além de, sem dúvida, estar atento ao outro. Somos músicos de câmara, né? Às vezes, perto de um concerto, costumo dizer a eles para ir ao banheiro com seu instrumento. Isso sinaliza o nível de compromisso que um músico deve ter. revistalealmoreira.com.br
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Saúde e
educação para todos? Um fino e delicado equilíbrio define a relação entre liberdade de mercado e intervenção do estado. Correntes de economistas e políticos se alinham entre os dois lados, nunca nos extremos, pelo menos nos regimes democráticos, até porque democracia implica em liberdade de escolha, não só de governantes pelo voto, mas, e principalmente, pelo estilo de vida de cada um. No entanto, além de técnico os posicionamentos são muitas vezes oportunistas, em função de um clamor popular. E, oportunismo aqui não tem conotação pejorativa, é regra do jogo democrático. Então vejamos algumas situações aparentemente contraditórias nesse tabuleiro do jogo democrático. É consenso que alguns direitos e deveres básicos do ser humano exercem maior poder na definição das regras e desse equilíbrio entre liberalismo e intervencionismo. Saúde, educação, alimentação e segurança são princípios basilares. No Brasil está até na Constituição o direito do cidadão a estes quesitos e a obrigação do estado de provê-los. É aí que entra o conflito entre a obrigação do estado e o direito do cidadão. A Constituição não estabelece, e nem deveria estabelecer, se a responsabilidade do estado implica em provisão total desses direitos ou apenas sua regulação. O debate se estabelece entre os dois limites. O que está em jogo é o custo e financiamento disso, até porque, diferentemente do que muitos ingenuamente pensam alguém tem que pagar a conta desse jantar. Se couber ao estado essa obrigação tem-se que buscar nos impostos o custeio. Se ficar a cargo do mercado, vem a regulação das obrigações de quem vai prover esses serviços. O normal é a divisão entre esses extremos, o estado cuida de quem tem menos posses e regula a ação para quem pode e exerce o direito de escolha dentre os provedores de serviços. O problema surge quando a intervenção do estado, movida por pressão popular ou por mera vocação intervencionista (a sensação de poder exerce um fascínio incontrolável de querer controlar tudo), desequilibra esse jogo e torna insustentável a oferta desses serviços. Vejamos alguns exemplos.
Na educação o governo estabelece os índices máximos de reajuste para as escolas privadas, o que já me parece descabido, pois se o cidadão tem o direito de escolha de onde seu filho vai estudar, se uma escola exagera no aumento tem-se a liberdade de buscar outras opções. Não há imposições de limites para o reajuste de leite em pó, a livre concorrência controla naturalmente os preços. Mas, pior que isso, a escola fica praticamente impossibilitada de cobrar dos pais de alunos inadimplentes, pois a ação do governo não só inibe como proíbe ‘constrangimentos’, limitando apenas a não permitir matricular no ano seguinte. Por esse mecanismo basta trocar de escola todo ano e teremos uma verdadeira parceria público-privada de ensino gratuito, só que nessa parceria o estado entra apenas com a força da lei e a escola que se dane. Algumas escolas reclamam de inadimplência superior a 40%. O que isso implica? Na visão do governo e de muitos cidadãos cegos ou ingênuos, o empresário apenas perdeu parte de seus exuberantes lucros, é um castigo merecido. Na prática isso envolve a necessidade absoluta de redução de custos da escola: menos professores, menos material didático, menos estrutura de segurança e limpeza, menos apoio administrativo, menor qualidade de ensino. Ora, como o governo também é um péssimo gestor de custos, com sua insaciável fome de verbas e desvios, o ensino público há muito já é de péssima e duvidosa qualidade. Temos enfim o sonho de muitos: ensino igual para todos, nem que seja nivelado por baixo. Aí o país não decola em produtividade, com péssimos indicadores de educação em todos os testes internacionais e novamente voltamos a criticar os governantes pelo péssimo nível de ensino no país. Mas todos acham justo limitar aumentos e não permitir que as escolas cobrem dos pobres pais que não podem pagar suas mensalidades. O ciclo pernicioso da péssima educação. Mas isso não basta pra tornar um país subdesenvolvido. Em saúde agimos da mesma forma. O governo não consegue oferecer serviços públicos de qualidade, aliás, nem mesmo de péssima
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qualidade, nesse quesito praticamente nem oferece atendimento, aí o cidadão busca um plano e vem o governo regulamentar. Aqui também limita os reajustes e, a cada dia, impõe uma nova cobertura, uma nova exigência. Seguro saúde é como qualquer outro seguro trata-se de dividir o risco, todos pagam para somente alguns usarem. Isso vale para seguro de vida, de carro, de viagem, etc. Se todos que tiverem seguro baterem seus carros ou a seguradora quebra ou no ano seguinte tem que reajustar considerando o risco de 100%. No caso da saúde é essa mesma lógica que prevalece. Então, se o governo impõe novas obrigações e não permite o reajuste com base nesses novos custos, ou a seguradora quebra, como já aconteceu com muitas, ou faz como as escolas, diminui custos e com isso a qualidade do serviço. Então, novamente estamos todos iguais: público ou privado o serviço será sempre péssimo. A questão mais preocupante é que a maioria acha que o problema é do governo que não fiscaliza, que não age, que não cobra, que não exige um serviço de maior qualidade dos planos de saúde, quando na realidade o problema é de fato do governo, mas pela sua veia intervencionista, populista e milagrosa, porque só por milagre divino alguém tem seus custos elevados sem contrapartida e ainda sobrevive. Ora, se educação e saúde são fundamentais, por que alimentação, que é mais essencial ainda não tem as mesmas imposições de controle? Imagine que o governo resolvesse criar uma agência para regulamentar restaurantes e supermercados. O preço do prato no restaurante ou do leite em pó no supermercado não pode aumentar além da inflação. Teríamos somente supermercados na linha bolivariana, totalmente desabastecidos e restaurantes bandejão. Consequência do corte de custos e necessidade de sobrevivência. Aliás, não fazem isso porque já tentaram no passado (lembram-se dos Planos Cruzado, Verão e tantos outros antes do Real) e viram que é um desastre. Então por que deixamos isso acontecer com a saúde e educação?
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frase, cunhada por Nelson Rodrigues, dá o tom da paixão que temos por futebol. Seu autor entendia [como poucos] a grandeza de ser brasileiro, de torná-la flagrante, indiscutível. E é inevitável não recorrer ao gênio Rodrigues em momentos como o que experenciaremos este ano: seremos os anfitriões da Copa do Mundo. Sessenta quatro anos se passaram desde que o Brasil sediou, pela primeira vez, o maior e mais importante evento do futebol. Naquele inesquecível 1950, a nação inteira foi calada pelo Uruguai. Se isso nos desmotivou? Pouco provável, já que a seleção canarinho é uma das que mais colecionam o desejado título. Entramos em campo mais uma vez – cheios de expectativas e jogadas infalíveis. E é nessa atmosfera, totalmente envolvida e inebriada pelo espírito futebolístico, que a Revista
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Leal Moreira vestiu a camisa e entrou em campo. Afinal, bola na trave não altera o placar... “Gosto de futebol desde a barriga da minha mãe” O empresário Cracin Kimmel, 44 anos, é um desses brasileiros viciados em esportes. Mas a paixão maior, diga-se, sempre será a “gorduchinha”, segundo o eterno locutor Osmar Santos. “Gosto de futebol desde que sai da barriga da minha mãe”, brinca. Ele não teve a influência paterna para gostar da bola – pois o perdeu aos 9 anos de idade –, mas os amigos da escola e as peladas de rua redimiram sua paixão. Ele torce pelo Atlético Ibirama, clube de Santa Catarina. Não sabe qual é? Pois é o que revelou o Leandro Damião, revela Cracin. Hoje, sofre pelo time no campeonato catarinense pela internet e »»»
“O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho.” Carlos Drummond de Andrade
TV a Cabo. Isso porque mora em Belém há 18 anos e já escolheu sua nova “casa”: o Paysandu. “Em 2001, fui ver um jogo entre Paysandu e Avai, na Curuzú. Aí, não teve jeito”. Kimmel vai sempre ao estádio e leva os filhos juntos: um rapaz de 14 e uma menina de 6 anos. “Eu compro camisa, levo pro estádio. Hoje, é meu filho que me cobra para ir ao estádio, então, tenho que levá-lo”, reitera. Cracin tentou comprar ingressos para assistir aos jogos da Copa, mas não conseguiu, revela, desapontado. “Quando teve jogos da seleção em Belém contra o Marrocos, a Venezuela e a Argentina, eu fui ao estádio. Agora, em outros estados, não poderei ir”, diz. Mesmo assim, o ritual para torcer já está planejado. “Já tem a camisa, vou fazer um churrasco, convidar os vizinhos e participar desse momento sagrado”, avisa ele, que também irá torcer pela Alemanha, terra do avô. A Utopia da Bola “Será que ele (ou ela) vai torcer pro meu time?”. É a angústia de um pai brasileiro de primeira viagem. Daí, ele resolve comprar uma camisetinha do clube de coração para a criança. E assim, nos anos seguintes, o filho é dogmatizado a “sofrer” por aquele escudo, aquelas cores, xingar o juiz e decorar os nomes dos jogadores (de todos, desde as categorias de base). E juntos vão ao estádio. Quando se é pequeno,
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“Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio” Armando Nogueira, jornalista
o local parece um imenso coliseu, onde ele sobe as rampas com orgulho ou fica pendurado ali no colo do pai. Das arquibancadas, ele contempla aquela imensidão verde, cheia de gente. Ao redor, muito barulho, bandeiras, risadas e provocações. Ele vê o vendedor ambulante e não sabe se pede um picolé ou uma rosca amarela, dessas que grudam no céu da boca e tem o sabor da infância. Aquele é o seu ritual de iniciação. Seu Bar Mitzvah esportivo. A anunciação da bola. Nada será como antes. O estadual vira embate, o Campeonato Brasileiro, um duelo sangrento de arena. Cada gol feito, cada lance perdido, cada impedimento dado é um teste para corações fracos e almas apaixonadas. Mesmo que seja a terceira rodada do estadual contra um time que você nunca ouviu falar. E haja desespero, ódio, lágrimas, mordidas na camisa, unhas roídas, cabelos arrancados, gargantas inflamadas. Como é sofrido ser torcedor. Mas é uma catarse boa, dessas que a gente sente assistindo a um filme de terror. Um vício que nenhuma reabilitação é capaz de se fazer largar. Mas os anos passam, os filhos crescem, alguns mudam de time [mesmo sob ameaças fraternas]; outros, rezam no mesmo santuário clubístico montado no quarto do pai. Para
essa religião, as quartas e domingos são dias sagrados. O técnico é o Deus e o diabo, dependendo do resultado. Os jogadores, os santos intercessores. A obsessão se espalha pelas ruas. Basta um campinho, uma bola e duas traves. Às vezes, nem isso. Garrafas, sandálias, latas e tijolos são improvisadas como o gol. Pode ser grama, areia, cimento, asfalto. Onde tem um grupo de crianças, há uma competição pedindo para ser feita, uma jogada de craque pronta para ser executada, mesmo sem os holofotes e os replays das câmeras de última geração. Existem, ainda, os peladeiros profissionais. Marca-se o compromisso, briga-se com a namorada (ou namorado, afinal, mulher também joga bola), “tira no par ou ímpar”, escolhe a equipe, começando pelos melhores. Os pernas-de-pau ficam pro final. Ou na “grade”. Ou viram juiz. Aqui, gritar e brigar são permitidos. Mas só ali dentro. Saiu da linha, tudo vira pagode. Se os ingleses inventaram o futebol, no século XIX, os brasileiros tomaram para si a alegria e o direito registrado em cartório de serem os melhores do mundo. “Ninguém é penta, só nós”, diz o brasileiro para o amigo argentino. E ninguém leva tanta gente ao »»»
“De que planeta veio Garrincha?” Capa do jornal chileno El Mercurio, em 1962
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1950: O dia [a copa] que não acabou O Brasil sediou a Copa do Mundo de 1950, que foi o primeiro torneio a acontecer depois da II Guerra Mundial. O Brasil tinha a certeza de que seria campeão do mundo. A confiança no título nascera quatro anos antes, quando foi definido que o Brasil seria a sede do Mundial. Para isso, os dirigentes resolveram erguer no Rio de Janeiro – na época capital - o estádio do Maracanã, o maior do mundo, palco perfeito para a conquista histórica. E foi no Maracanã que a seleção brasileira fez a sua estreia - o México foi derrotado por 4 a 0. Depois, a seleção jogou mal e empatou em 2 a 2 com a Suíça no Pacaembu e saiu do campo vaiada. No jogo contra a Iugoslávia, o Brasil ganhou por 2 a 0 e se classificou para a fase final. O primeiro adversário do Brasil no quadrangular foi a Suécia, que foi goleada por 7 a 1. Quatro dias depois, 150 mil pessoas foram ao Maracanã assistir ao duelo com a Espanha que, na primeira rodada do quadrangular, havia empatado em 2 a 2 com o Uruguai. O Brasil começou arrasador e venceu por 6 a 1, o cenário foi completado pela enlouquecida torcida, que cantou em coro a marcha carnavalesca “Touradas em Madri”, de Alberto Ribeiro e Braguinha. Foi nesse clima de “já ganhou” que mais de 200 mil pessoas foram ao estádio do Maracanã na tarde de 16 de julho. O Brasil precisava só do empate para ficar com o título e partiu com tudo para cima da seleção uruguaia. Teve um gol no primeiro tempo do Brasil e um empate marcado por Schiaffino. Animado com o gol, o Uruguai se lançou ao ataque e conseguiu o que parecia impossível: derrotar o Brasil. Aos 34min, Ghiggia superou novamente Bigode e entrou na área para chutar à esquerda de Barbosa. O goleiro do Vasco saltou, mas não conseguiu agarrar a bola, que morreu no fundo da rede. O gol acabou com a empolgação da torcida brasileira, que viu o Uruguai segurar o jogo nos minutos restantes para ficar com o título de campeão mundial pela segunda vez. O episódio entrou para a história como “Maracanazo”, uma das maiores zebras de todos os tempos.
“Senna, aceleramos juntos. O Tetra é nosso!”
Faixa exibida pela seleção brasileira após a vitória contra a Itália em 1994. Ayrton Senna havia morrido dois meses antes
1958: 195 95 9 58: 8 Op primeiro rim meir eiro título títu tulo ulo om mun mundial un undia diall No ano No no em m qqu que ue aaconteceram contec con ecera e m as as eeleições leeiçõ çõe õees ggera gerais era raaisis di rai direta dir diretas, etass,s, a Sele eta SSeleção eleção ele ção ã Br BBrasileira ras asilei asi leiirraa - ccom om um om m ele eelenco nco fabul ffabuloso fa abbu bul u ooso so qqu que ue m mesclava esccla lav a a ccraques raqques uees es exp ex experientes xperien erientes es e jove jov jovens ovens enns ta talentos alen leentos tos conquista conqu co con onnquuista ssttaa o pri primei primeiro mei me eiiro títít ttítulo ííttulo u da Copa Copa doo Mu Mun M Mundo uunndo ddee Fut Futebo Futebol. ebol bol. A equ equipe quipe es estreou streou tre reou contra contra a Áustria Áuusttria vencendo vence ve nccendoo por poor 3 a 0. 0. O ssegundo eguunndo do du duelo eloo ffo foi oi ccont contra ont nttraa a Ingl IInglaterra n ate ng ngl teerra e não ão pa passou asso ssouu de um m 0 a 0. Pa Para ra o tterceiro eerrceir erc rcceir e o jog jjogo, ogo,, cont ogo ccontra ontra a Uniã ont UUnião nião ião SSoviética, ovviééttica, o téc té técnico nicoo Vice nic VVicente icente nte Fe Feola ola fez feezz du duas u s aalt alterações: ltera eraçõe çõees: s: PPel Pelé elé eentrou el nt ou ntr ou no lug lugar uggar uga ar dee Maz M Mazzola azzol olla e Ga Garr Garrincha rrinch rri nchaa nnaa vaga nch vaga ga de Jo Joel Joel. el.l As As m mud mudanças daan anç nçass der dderam am m ccer certo. eertto. too O Bra Br Brasil sil de ddeuu uum m bbaile ailililee nos nos os soviét sov soviéticos oviét i ico c s e ve co vence venceu nce ceuu por por 2 a 0. 0. Nas as quartas quar qu artas art ar as dee final, f al,l, a retranca fin ret ret re e ran ranca ca de d País PPaí Pa aí a s de de Gales Gale Gale aless quase quuas aase conseguiu cons o eg on eguuiu seg segura segurar ur r o at ura atataa quee br bbrasileiro, assiilleeeiro as ro, ma mas as uma umaa jogada joggadaa genial jo geenia niall de ni de Pelé Pelé e dentro deentr ntroo da da área área garantiu garan ga rantiu antiu a vitória vitór vi vit ó a óri por or 1 a 0 e a vvaga aga ga nnaa se sem semifinal. mifina mif inal.l. A ppartir aartrttiirr dda ar daí daí, aaí, o qu qque ue ssee vviu iuu foi o um ve verda verdadeiro rrda d dei deeiro ro show sho how dee gol ggolss e jo jjogadas oga gad adas a de efe efeito eito to qu que ue eencantaram nca canta ntttaaram ntaram raaam m o mun mu mundo. uundo do. Contr do. CContra ontra a Fr França ranç ançaa defi ddefiniu efiniu efi niu a vitória v tóóri vit óriia de de 5 a 2. 2. Na Na fin final nal al ccontra ontra ra a Sué Suécia, uéécia c , ooss bbrasileiros ras ra assile iilleeiro roos aaplicaram plil car pli caaram m um uma ma golea goleada lea eada da de 5 a 2. 2. At Atéé ooss ttorcedores o edo or orc edoores ed reees su ssuecos uec eeco ccos ssee rrenderam endder endera era ram aaoo ttalento a ento ale ennto to daa se sseleção leção leç ão e aaplaudiram plaudi pla uudi ddiram ram m de de péé oss cam campeões ampeõ am mpeõ p es es mun m mundia mundiais. uundia diaais. is Na N ce cerimônia eririm i ôni ôônnia ddee ence encerramento, errra rramento ramen meento, me men to o ca to ccapitão apitã tãoo Bell BBellini, ellini llini ini,i a ppedido ed ddoo da edi da leg legião eggiião iãã de d fo ffotógrafos otóggraf graf rafoss qu qque u te ttentava n va reg nta registrar giist issstrar arr o mom momento, ment e o, lev levant levantou a tou ou o trtrooféu f u pa fé ppara ara ra o aalto ltlto, lto o, ggesto e o qque est es uee pas ppassou assou sooouu a serr re rrepetido eppet epet ettido do po por or todo ttodos odos odo os ooss ccampeões. am mpeõees.s mp troféu alto,
“Só três pessoas calaram o Maracanã: o Papa, Frank Sinatra e eu” Ghiggia, jogador Uruguaio da Copa de 50
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1970: Tri e o time dos sonhos A marchinha “A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa...” poucas vezes fez tanto sentido como em 1970. A seleção brasileira era uma verdadeira máquina. Contava com craques como Rivellino, Tostão, Gérson, Clodoaldo, Carlos Alberto e Jairzinho, além do maior de todos: Pelé. Nem mesmo a troca de técnico (por pressão da ditadura militar, João Saldanha foi substituído por Zagallo, depois que a equipe obteve a classificação) atrapalhou o bom momento da seleção: vitórias sobre Tchecoslováquia (4 a 1), Inglaterra (1 a 0) e Romênia (3 a 2). Nas quartas de final, os peruanos foram goleados por 4 a 2. Na semifinal, o Brasil bateu o Uruguai por 3 a 1 e vingou a derrota na final de 1950. A final contra a Itália, que valia a posse definitiva da taça Jules Rimet, teve selada uma goleada por 4 a 1. Com forte cobertura na mídia, a vitória da seleção brasileira em 1970 foi usada como instrumento de propaganda do regime militar. Pela primeira vez na história, o Brasil foi campeão vencendo todos os seus jogos - foram seis vitórias em seis jogos, 19 gols a favor e sete contra -, uma campanha irretocável que culminou com a conquista do tri e os brasileiros puderam esquecer um pouco as agruras da ditadura militar que assolava o país na época.
“No Brasil, o futebol está em casa” Dilma Rouseff
2002: É penta, é penta! A sorte começou a sorrir para a seleção brasileira já no sorteio das chaves - o país caiu no grupo C, ao lado das modestas Turquia, Costa Rica e China. Com isso, o técnico pressionado Felipe Scolari ganhou tempo e tranquilidade para preparar a equipe e dar ritmo de jogo aos seus principais craques. Na estreia, os europeus saíram na frente, mas Rivaldo lançou Ronaldo, que empatou de carrinho. Nas duas outras partidas da primeira fase, duas fáceis goleadas sobre China (4 a 0) e Costa Rica (5 a 2). No dia 17, a Copa finalmente começava para o Brasil. O adversário do primeiro “mata-mata” era a Bélgica, quando o árbitro jamaicano Peter Prendergast anulou equivocadamente um gol e fechou-se a complicada vitória por 2 a 0. Ronaldinho Gaúcho foi o destaque da vitória sobre a Inglaterra. Os ingleses aproveitaram uma falha de Lúcio e abriram o placar no início do jogo. Já nos acréscimos do primeiro tempo, Ronaldinho fez grande jogada individual e serviu Rivaldo, que bateu de primeira e empatou. Na segunda etapa, ele cobrou uma falta da intermediária direto para o gol, surpreendendo e encobrindo o experiente goleiro Seaman, finalizando a vitória. A Turquia voltou a cruzar o caminho brasileiro na semifinal e deu trabalho aos comandados de Scolari. Porém, o gol de bico de Ronaldo foi o suficiente para colocar o Brasil na decisão. A final foi um encontro inédito de dois gigantes: Brasil x Alemanha. O jogo nervoso durou até os 22min do segundo tempo, quando Ronaldo roubou a bola e serviu Rivaldo. Kahn não segurou o chute do meia e a bola sobrou limpa para o Fenômeno fazer 1 a 0. Pouco depois, Rivaldo fez um belo corta-luz para Ronaldo marcar o segundo e definir a conquista do pentacampeonato. Coube ao capitão Cafu, único jogador a disputar três finais consecutivas em Copas, a honra de levantar a taça.
1994: O tetracampeonato Com um hiato de 24 anos, o Brasil não era tido como favorito e, mesmo sem o brilho de outras equipes, a seleção brasileira soube impor seu jogo e superar as adversidades. O time de Carlos Alberto Parreira era considerado defensivo demais, o que contrariava o estilo do futebol brasileiro. No decorrer da competição, entretanto, o Brasil foi ultrapassando barreiras, vencendo Camarões e a Rússia, e empatando com a Suécia. Nas oitavas-de-final da Copa, eliminou os Estados Unidos e, nas quartas-de-final, em jogo emocionante, eliminou a Holanda para, nas semifinais, encontrar com a Suécia, despachando o país escandinavo. Na final, derrotou a Itália nos pênaltis, após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. Passaria, assim, a ser a primeira seleção a conquistar quatro copas do mundo e a primeira a conquistar o título através da cobrança de penalidades máximas. Combinando organização e talento e mesclando disciplina à tática, a seleção brasileira acabou com a agonia da torcida conquistando o seu primeiro título mundial sem Pelé e recuperando o prestígio da camisa verde e amarela.
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Por Ana Carolina Valente Revisão final: Marcelo Mello
“Foi a vitória do futebol arte sobre o futebol força”
Zagallo, técnico da seleção em 70, após a conquista do título
estádio. Ninguém torce como nós. E não gosta de nossos times como gostamos. Quer dizer, podem até ser melhores em algumas dessas coisas, mas jamais vamos admitir isso. De todas as paixões brasileiras, o futebol é uma das maiores. Tema de mesa de bar, de gracejos entre rivais nas feiras livres, na portaria dos prédios, nos corredores dos escritórios, na laje da obra. Ninguém se mantém incólume aos bate papos sobre isso, mesmo que você não goste. Em algum momento, alguém vai perguntar seu time, seu palpite, sua visão de jogo ou vai lhe incluir na conversa a contragosto. Segunda-feira com os pós-clássicos então.... cada minuto e atuação de jogadores é reanalisado, ressignificado, reinventado. Seja FlaxFlu, GrexNal, SanxSão ou RexPa Remo e Paysandu. Nada é capaz de descrever a sensação de um Mangueirão lotado, dividido, tomado. O paraense tem uma ligação umbilical com o futebol. Ele é fanático, possessivo, defensor ferrenho. Mesmo se um deles estiver lá embaixo da tabela. “Nós acreditamos”. São sonhadores. Carregamos uma utopia gigante que só um estádio gigante como o Edgar Proença pode aguentar. O torcedor paraente é imenso, do tamanho do seu estado. Chegou! É Copa do Mundo! Agora, após quatro anos, vem o momento sagrado. O rufar das trombetas. A gênesis da bola.
“Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola” “A bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque” Nelson Rodrigues, escritor
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“Campeonatinho mixuruco tem segundo turno!”
nem
Garrincha, durante a comemoração da conquista da Copa do Mundo em 58
“O melhor psicólogo de centroavante é a rede do adversário” Galvão Bueno
A Copa do Mundo. Aquele mês quando ninguém na sua roda de amigos fala outra coisa. E você gasta metade do seu salário em figurinhas. E a outra metade em churrasco e cerveja. Se sobrar algum troco, esse irá para o tira-gosto. É tudo festa. Na rua, o “coletão” [vaquinha é para os fracos] para os enfeites. Um deleite para a criançada. O verde e amarelo pavimenta o asfalto e desliza pelos barbantes nos postes. Nas ruas, o look do dia é verde e amarelo. Ou a camisa do clube de coração. Ou do segundo time preferido. Os passos são apressados. O jogo já vai começar. Nos bares, restaurantes, hotéis, barraquinhas de água de coco, todos os olhos estão voltados para a televisão. Em casa, o sofá é pequeno para tanta gente. Dá tempo para um selfie igual ao do Oscar. Vai pro Instagram e pro Facebook. Só o cachorro e o gato não aparecem. Estão escondidos da barulheira das cornetas e dos gritos. Quando a bola rola, o silêncio... de alguns segundos, é claro. Até o primeiro lance na área adversária ou erro daquele lateral que você não gosta. Por 90 minutos ou mais um pouco, é uma corrente de energias positivas, de um extremo a outro do país. A seleção venceu?. É hora de abrir mais uma latinha e acabar com aquela picanha que quase era
esquecida na churrasqueira. Foi pros pênaltis? Não, pênaltis, não. Não pode, não pensaremos nisso! Em campo, vinte e dois gladiadores espartanos. Uma batalha campal nos gramados Não há espadas, escudos e bigas. Há uma sede por marcar um gol. Dois. Três. Goleada pode, só não vale humilhar. Japão, Irã, Camarões. Cada país aonde nunca fomos, mas já gostamos. Gostamos de torcer pelos mais fracos, mas também para as seleções dos nossos antepassados. “Meu tatatatataravô é espanhol, a Espanha é meu segundo time”. Gostamos de zapear os canais, ver vários jogos ao mesmo tempo. Marcar a tabela com caneta, rever os lances nos telejornais. Relê os mesmos lances nos jornais impressos. Escutar a narração estridente no rádio ou ir para a internet sacanear com os seguidores do Twitter. A Copa não distingue raças, credos, etnias. É um evento mundial para milhões, bilhões de pessoas. Uma chance única e global de revermos nossas atitudes e buscar a união sobre a terra, a paz para os torcedores de boa vontade. Exagerado? Talvez. Mas deixa eu pensar nisso agora, nesses tempos. Depois a gente volta à realidade. O apito final será dado, afinal. E só daqui a quatro anos de novo.
Bruno Sobral [diretor comercial do Grupo Simões] Acredito que o Brasil fará uma grande campanha, pois temos um time muito forte e equilibrado, tanto na defesa quanto no meio de campo e no ataque. O time jogando o que jogou na Copa das Confederações, teremos uma competitividade alta para o mundial na nossa casa. Vejo que teremos grandes candidatos à vitória da Copa - como Alemanha, pelo conjunto; Argentina, pela qualidade individual; e Itália, pela tradição. Mas para ser vencedora, a nossa seleção é a maior candidata. Acredito que vamos ser campeões, pois temos um grande time - e dentro de casa, com a nossa torcida junto, seremos mais fortes ainda
Lia Sophia [cantora] Eu torço muito para que a seleção brasileira ganhe o mundial e acho ela está preparada para isso. Infelizmente, estamos em ano de eleição e essa vitória pode “esconder” muitos problemas que precisam ser resolvidos no país... Sobre quem vai ganhar, preciso ser otimista - então, vai dar Brasil!
Arthur Dapieve [jornalista e cronista] Acredito que a seleção brasileira pode se sair melhor do que se meramente somássemos seus valores individuais, que não são tantos assim. Para isso, contribuiriam o espírito de equipe que o Felipão sabe criar e a força da torcida empurrando o time. Não acho, porém, que isso seja o bastante para nos assegurar o hexa... Eu chutaria que a campeã será a seleção portuguesa.
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Daryan Dornelles [fotógrafo] É boa a expectativa para a campanha da seleção! O Brasil, em qualquer Copa, é um dos favoritos - ainda mais jogando em casa. Quanto ao vencedor, temos boas seleções - Argentina. Alemanha, Espanha, Uruguai, Itália... todas com chance de levar.
Sérgio Ribeiro [diretor comercial da Sky] Sobre a campanha brasileira, posso dizer que estou otimista com a seleção, principalmente por jogarmos em casa. Quanto a quem vai ganhar o mundial, acredito que o Brasil será campeão.
Luiz Felipe Scolari [técnico da Seleção Brasileira de Futebol] São seis jogadores que têm experiência na Copa do Mundo [na escalação]. Vamos passar nossa experiência e vamos convidar alguns ex-campeões mundiais, com bagagem muito boa, para que venham e nos ajudem com palestras - para nós termos um ambiente e colocarmos algo a mais nos nossos jogadores. (...) Uma parte que consideramos importante é a montagem da equipe. Todo mundo no Brasil sabe oito ou nove titulares da seleção brasileira. Demos ao povo a ideia de qual é a base do time. Aqueles jogadores da Copa de 2002 já tinham muito mais experiência em Copa do Mundo do que esses. Nessa, são 17 jogadores que ainda não jogaram uma Copa. Mas a experiência que eles estão ganhando nas competições em que jogam atualmente me faz acreditar que não sentirão muito a diferença.
Edyr Proença [jornalista, escritor e radialista] Será que o Brasil vai ganhar a Copa? E a competição, será eternamente assim? O brasileiro Diego, atacante que se tornou famoso jogando no Atlético de Madri, convocado para a seleção brasileira, prefere jogar pela Espanha. Tem suas razões. Não jogou suficientemente no Brasil. Ninguém o conhece a não ser pela tv. Isso me levou a pensar sobre uma nova Copa do Mundo. Por favor, leia antes de me esculachar. Considere. Quando Jules Rimet inventou a Copa do Mundo, a realidade era outra. As seleções viajavam de navio para o local do torneio. As comunicações também eram lentas. Assim, em uma Copa, era uma delícia assistir ao enfrentamento das diferentes escolas de futebol do planeta. Os russos e seu futebol científico. Os ingleses com suas bolas aéreas. Brasileiros e argentinos. Enfim. O mundo mudou. Muito. Acabaram as distâncias. As comunicações. Os meios de transporte. O profissionalismo fala mais alto. Há muito dinheiro envolvido. Patrocínios, prêmios, salários. Jogadores brasileiros estão espalhados pelos mais longínquos lugares. Outras nacionalidades, também. Os clubes, que gastam fortunas, detestam ceder atletas para seleções. Atrapalha o calendário. Há risco de contusão. Há desgaste. A Fifa está cada vez mais frágil, mercê de escândalos internos. E os jogadores? Para alguns, ser convocado significa prestígio. No Brasil, empresários ladinos conseguem convocações para então negociar atletas. Para os craques, um fardo. Vivem outra realidade, um mundo diferente na Europa. De repente, precisam vir ao Brasil. Viverão sobre uma lâmina. Ou heróis ou fracassados. Muita pressão de todos os lados, até em casa. Hoje, nossos jogadores (maioria) jogam lá fora. Há uma nova maneira de jogar. Sua habilidade é importante, mas há toda uma dinâmica à que assistimos na tv. Um jogo diferente do praticado aqui por jovens atletas, loucos para se destacar e ir embora; e veteranos que não vingaram lá fora e retornaram para encerrar carreira. A Copa deixou de ser um encontro de escolas de futebol. É como se os europeus formassem novas equipes para um torneio rápido, realizado em período de férias, com tudo a perder no que diz respeito ao descanso dos jogadores e ao reinício de seus campeonatos. Minha ideia: cada país faz uma seleção dos atletas que atuam em seu território. Sim, seria uma disputa entre Inglaterra e Espanha, primordialmente, mas seria mais interessante. Como você escalaria a Espanha? E nós, escalaríamos como nossa seleção? Vaga para uruguaios, argentinos e chilenos que aqui jogam? Para mim, seria muito mais interessante em todos os aspectos. Torceríamos para jogadores com os quais convivemos. Um torneio totalmente profissional. A Copa é totalmente profissional. Para entrar em campo, há prêmios altíssimos aos atletas. Interesses envolvidos. O patriotismo está lá atrás nas prioridades. E esse negócio de cantar hino antes era usado no tempo das batalhas medievais. Melhor cantar o hino da Premier League e pronto. Considere. Brasil vai ganhar a Copa. Ou não.
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Por 20 anos, Walt Disney (Tom Hanks) tentou adquirir os direitos de Mary Poppins, da escritora australiana P.L. Travers (Emma Thompson), que sempre se recusou a vendê-los para ele, mas a crise financeira faz com que Travers mude de ideia e negocie. Ela viaja para os Estados Unidos e passa a trabalhar juntamente com a equipe escolhida por Walt Disney para “dar vida” à Mary Poppins. Minuciosa e extremamente enciumada com a própria obra, ela começa a encontrar problemas de todo o tipo. Como o contrato lhe dá o direito de cancelar a cessão dos direitos, caso não concorde com a adaptação, Disney e sua equipe precisam aceitar seus caprichos para que o filme, enfim, saia do papel.
DICA
WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS Direção:John Lee Hancock Elenco: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley
PHILOMENA Direção: Stephen Frears Com: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark
DESTAQUE
Em 1952, a jovem Philomena Lee (Judi Dench) vive em um convento quando descobre estar grávida. Aos quatro anos de idade, a criança é tirada dela e adotada por um casal americano, que desaparece. Ao sair do convento, Philomena começa uma busca pelo filho e conta com a ajuda do jornalista desempregado, Martin Sixsmith (Steve Coogan). Ambos decidem ir para os Estados Unidos percorrer as pistas em busca do filho de Philomena. A história é tocante e surpreendente. A produção foi indicada ao Oscar de melhor filme, melhor atriz, trilha sonora e roteiro adaptado.
CLÁSSICOS
Grande ganhador do Oscar de 2014, “12 anos de escravidão” quebrou um tabu: a Academia deu, pela primeira vez, o Oscar de melhor filme a um cineasta negro: o britânico Steve McQueen, diretor do longa. O filme é uma adaptação das memórias de Solomon Northup, negro livre da Nova York de meados do século XIX, que foi sequestrado e vendido como escravo para fazendeiros do Sul. “12 anos de escravidão” ganhou os prêmios de melhor roteiro adaptado e atriz coadjuvante, de um total de nove indicações.
INTERNET
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
BLOG DO JUDÃO Bem humorado e cheio de boas imagens, o blog do Judão é uma delícia para quem quer ler sobre cinema e o que faz sucesso fora das telonas. http://judao.com.br/
47 RONINS - A GRANDE BATALHA SAMURAI Direção: Carl Erik Rinsc Quando um mestre samurai é morto por um senhor da guerra, seus discípulos decidem vingar sua morte. Apesar das intenções, o grupo se dispersa, ante a ausência de um líder. Eles encontram em Kai (Keanu Reeves) a esperança de levarem seus planos adiante. O filme é recheado de efeitos especiais. Um épico.
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LANÇAMENTO
DESTAQUE
POESIA TOTAL Waly Salomão
TEMPOS EXTREMOS Míriam Leitão DICA
“Poesia Total” reúne pela primeira vez a obra poética completa de Waly Salomão, desde “Me segura que eu vou dar um troço”, de 1972, até “Pescados vivos”, de 2004. O volume traz ainda uma seção de canções inéditas em livro, além de apêndice com os mais relevantes textos sobre sua obra, assinados por nomes como Antonio Cícero, Francisco Alvim e Davi Arrigucci Jr. [Com informações da Cia das Letras - editora]
TEMPO BOM, TEMPO RUIM Jean Wyllys
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COMO OUVIR AS CRIANÇAS Claude Halmos Dedicada a ouvir os “por quês” das crianças, a escritora e psicanalista Claude Halmos responde e ensinar a lidar com essa fase [e perguntas embaraçosas]. Incluídas no livro, suas respostas poderão ajudar pais a descobrirem a melhor maneira de estabelecer contato com seus filhos e a compreenderem com mais clareza os sentimentos, dilemas e inquietações tão comuns nessa fase da vida.
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Dono de uma trajetória imprevisível e surpreendente, Jean Wyllys saiu da pequena cidade de Alagoinhas, no interior da Bahia, estudou jornalismo, venceu o Big Brother Brasil em 2005, para se tornar, enfim, um dos grandes defensores das minorias e dos direitos humanos no Congresso Nacional - e um dos deputados mais atuantes do país. Tempo bom, tempo ruim fala sobre assuntos que vão desde as manifestações populares de junho de 2013 até a homofobia e o racismo no futebol, passando pela telenovela, a legalização da maconha e o impacto das tecnologias da comunicação. Com lucidez, erudição e honestidade implacável, Jean Wyllys revê sua trajetória e as lutas que trava diariamente, revelando ao leitor os conflitos sociais e raciais do Brasil, um país de avanços e retrocessos, de tempo bom e tempo ruim. [Com informações da Cia das Letras – editora]
CLÁSSICO MARY POPPINS P.L. Travers Mary Poppins está presente no imaginário de todo adulto que teve a felicidade de crescer vendo Disney. Quem de nós não desejou ter uma babá mágica? O livro que inspirou Disney foi o primeiro de uma série de oito livros infanto-juvenis escritos pela escritora australiana Pamela Lyndon Travers (ou P.L. Travers), publicado originalmente em 1934, em Londres. O personagem principal é uma babá mágica inglesa, que aparece em uma tempestade de vento para cuidar das crianças da família Banks.
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O Primeiro romance da jornalista Míriam Leitão reúne elementos para surpreender seus leitores. Tendo como cenário uma antiga fazenda em Minas Gerais e uma família isolada por causa das chuvas. Sem muito a fazer, alguns segredos vem à tona, em meio a conversas sussurradas e diálogos reveladores.
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VÍDEO
LIVE FROM ABBEY ROAD Sucesso na TV paga, o Live From Abbey Road é um programa que parte de uma premissa muito simples: um lugar emblemático + bandas incríveis tocando ao vivo, sem plateia. Naturalmente, funcionou muito bem. Mais de 128 artistas filmaram no Abbey Road, um dos estúdios mais importantes de Londres. Tem gente de todo tipo - de ícones do rock a representantes da música indie. Algumas das melhores participações foram reunidas em um DVD duplo. Na coletânea tem Damien Rice, Jamiroquai, Norah Jones, John Mayer, Iron Maiden, David Gilmour e muitos outros nomes memoráveis.
DICA AEROPLANO Ditadura da Felicidade Três anos separam o Voyage, primeiro disco da banda paraense Aeroplano, do Ditadura da Felicidade, lançado no início do ano. Parece bem mais: o álbum chega surpreendentemente amadurecido, com letras reflexivas e o perfeito equilíbrio entre doçura e tenacidade. A sonoridade também apresenta mudanças, tornando a cara do trabalho mais consciente e coesa. O Ditadura da Felicidade é ótimo – para quem precisa de uma porta que leve a conhecer a produção local de rock, e para quem já acompanha a cena faz tempo. Destaque para a faixa-título e Bazar.
CONFIRA ZAZ Recto Verso
CLÁSSICO
INTERNET
A francesa Zaz é a responsável por trazer frescor à chanson, gênero francófono que andou apagado nas últimas décadas. A cantora, com carinha de menina e 12 anos de carreira, estourou na Europa (e, em seguida, no resto do mundo) em 2010, com seu primeiro disco solo. Recto Verso - o segundo trabalho, lançado no ano passado - sustenta o estilo jazzy e a tradição de seu país, mas flerta um pouco mais com o pop e os refrãos memoráveis. Bem recebido pela crítica, o álbum firma o nome de Zaz entre os bons exemplos da música contemporânea mundial.
NO DOUBT Tragic Kingdom
SPOTIFY Serviço líder de música em streaming no mundo, o Spotify tem menos de seis anos de vida e mais de 40 milhões de usuários ativos. Um pouco diferente de seus correlatos, como Deezer e Grooveshark, é preciso baixar o player para usufruir do arquivo de inúmeras playlists – cinco milhões delas são adicionadas por dia, seja por consumidores ou pela curadoria da marca. É possível ouvi-las, baixá-las, criar versões personalizadas e ainda selecionar algumas delas para ouvir offline. O Spotify acabou de chegar ao Brasil, e está disponível tanto em versão gratuita quanto premium, que custa R$14,90 por mês e permite outras atividades dentro do programa.
Já se vão quase vinte anos desde o lançamento de Tragic Kingdom, o terceiro disco dos norte- americanos do No Doubt. Liderada por Gwen Stefani, a banda foi uma das maiores expressões do “rock misturado” dos anos 90, mesclando influências de punk, hard core, ska e reggae. Foi graças a Don’t Speak, décima faixa do álbum, que eles atingiram o sucesso mundial - vendendo mais de 15 milhões de cópias. O hit impulsionou outras canções que viraram grandes marcos da época, elevando o CD ao ranking dos melhores da década. Vale a ouvida - tanto pelo saudosismo de quem tem trinta e poucos quanto para ouvidos novos e carentes de outras sonoridades.
horas vagas • Rio & Sampa
QUEENS OF THE STONE AGE
As programações a seguir foram cedidas e podem ser modificadas, sem qualquer aviso prévio.
O grupo incluiu o Brasil pela primeira vez em sua world tour e passa por São Paulo, no dia 25 de setembro e Porto Alegre, no dia 27 do mesmo mês. A turnê mundial divulga canções do sexto e mais recente álbum “...Like Clockwork”, como “I Sat by the Ocean”, “My God Is the Sun” e “Kalopsia”. Com 18 anos de existência, o grupo conta com Josh Homme (vocais, guitarra e piano), Troy Van Leeuwen (guitarra, backing vocals, teclados e lap steel), Michael Shuman (baixo, teclados e backing vocals), Dean Fertita (teclados, guitarra, percussão e backing vocals) e, desde 2013, Jon Theodore (bateria e percussão). Mais informações pelo telefone (11) 3864-5566 ou no link: http://bit.ly/1kIX2Iy e pelo site: www.livepass.com.br
OMARA PORTUONDO A grande dama da música cubana volta aos palcos com a tour Magia Negra, acompanhada de um quarteto formado por piano, contrabaixo, percussão e bateria. Omara Portuondo tem, em seus mais de 60 anos de carreira, diversas premiações como Billboard e Grammy, além do destaque para sua participação no premiadíssimo projeto Buena Vista Social Club. Magia Negra foi seu álbum de estreia, marcado por sutil sonoridade rica em texturas, com uma combinação da música cubana com o jazz norte-americano - incluindo versões de “That Old Black Magic” e “Caravan” de Duke Ellington. Apresentação marcada para o dia 28 de agosto, no Teatro Bradesco Rio. Ingressos pelo site www.ingressorapido.com.br
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SAIR DO COMUM PODE SER FEITO
DENTRO DE CASA
Gk j]n]klae]flgk naf±da[gk J]nÛ ]p g^]j][]e Yg k]m ]khY¬g Y kgÚ kla[Y¬ªg ] ]d]_¨f[aY im] l]e lm\g Y n]j [ge ng[¯& G lgim] \a^]j]f[aY\g \Y kmY a\]fla\Y\] Yg k]m YeZa]fl]&
GARDEN LINE
PREMIUM LINE
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INDUSTRIAL LINE
Uma marca da:
Tv. Mariz e Barros, nº 1021 B • +55 91 3244-7848
foto Diva Nassar
horas vagas • New York
BRUNO MARS E PHARRELL WILLIAMS Em turnê, The Moonshine Jungle Tour, Bruno Mars recebe uma presence especial em sua única apresentação no Madison Square Garden: Pharrell Williams. Ambos se apresentam nos dias 14 e 15 de julho. Ingressos custam entre US$54.50 e US$ 155. Informações detalhadas e vendas no www.thegarden.com
MICHAEL BUBLÉ Depois que seu álbum de estreia ficou algumas semanas na primeira posição no Canadá e no Reino Unido, em 2003, Michael Bublé nunca mais saiu das paradas de sucesso. Seu último trabalho, To be loved, lançado em abril de 2013, foi considerado um grande sucesso em todo o mundo. Ele se apresenta em NY, também no Madison Square Garden, em duas datas (07 e 08 de março, sendo que a segunda está completamente esgotada), portanto corra para garantir seu ticket. Os valores dos ingressos vão de US$80 a US$140. Informações e vendas: www.thegarden.com
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horas vagas • iPad
Hotel Urbano Microsoft Word, Excel e PowerPoint para iPad A suíte de aplicativos de escritório mais conhecida do mercado finalmente está disponível para iPad. E o melhor de tudo: completamente de graça. Você já pode baixar o Microsoft Word, o Microsoft Excel e o Microsoft Power Point. As funcionalidades dos três aplicativos foram completamente adaptadas para a tela touch do tablet da Apple.
O Hotel Urbano, agência de viagens online, acaba de lançar seu primeiro app para iOS e Android. Ele permite a pesquisa em mais de 180 mil hotéis ao redor do mundo. Além disso, o aplicativo também indica quais são os mais próximos de onde você está, o preço e a disponibilidade de vagas.
Raul Parizotto empresário parizotto@me.com
Custo: Free
Custo: Free
Flappy Golf O jogo oficial do filme O Espetacular Homem-Aranha 2 chegou à App Store! Controle o Homem-Aranha e salve Manhattan de vilões como Duende Verde e Venom. Você também desbloqueia novos uniformes, à medida em que avança no jogo — ou pode comprá-los no aplicativo.
Se você imagina que a onda do Flappy Bird acabou, está muito enganado. O game Flappy Golf é mais uma das inúmeras variações que inundaram o mercado, mas com alguns diferenciais. Seu objetivo aqui é guiar uma bolinha de golfe até o buraco. Quanto menos toques na tela você der para conseguir o seu objetivo, melhor será a sua pontuação.
Custo: US$ 4,99
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The Amazing Spider-Man 2
Penultimate
Fantastical Um dos melhores apps de agenda para o iPhone, o Fantastical ganhou uma versão para iPad que aproveita muito bem o espaço extra da tela do tablet, com visualizações pra lá de práticas, como o Day Ticker e uma lista de próximos eventos. Apenas para iPad. Custo: US$ 9,99
Feito pelo Evernote, o Penultimate tenta imitar um caderno em todos os aspectos possíveis. A última atualização vai nesse sentido: agora você pode folhear as páginas, escolher as cores das canetas e configurar suas favoritas, tudo para você não sentir saudades dos seus cadernos de papel. Apenas para iPad. Ideal para uso no colégio. Custo: Free
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MOLHO NEGRO o rock vivo do Pará
Felipe Cordeiro Músico
Quando o tecnobrega saiu das quebradas de Belém e começou a ganhar os espaços do hype Brasil afora, houve uma preocupação: seria o gênero, em termos comportamentais e mercadológicos, uma espécie de “novo-axé”? Em outros termos, será que o tecnobrega com sua popularidade iria ofuscar e reduzir toda a criatividade e diversidade da música do Pará? Como eu já esperava, não. Aliás, esse holofote em torno das vertentes mais populares da música do Pará ajudou todo mundo, inclusive abastecendo de criatividade as outras. Nesse contexto, em meados de 2012, nasce o conjunto de rock Molho Negro: desencanado, criativo, divertido e barulhento, muito barulhento. Sobre esse contexto pós-tecnobrega, já que mesmo as aparelhagens hoje se dedicam, em boa parte, aos chamados “Baile da Saudade” (bregas clássicos, marcantes e músicas dançantes de outras épocas), a banda fez, no primeiro álbum, uma crônica chamada “Aparelhagem de Apartamento”, em que os conflitos comportamentais e discussões em torno do gênero aparecem de forma bem humorada: “Tudo começou quando eu conheci o DJ Cremoso / achando tudo aquilo extraordinariamente novo / os vizinhos não entendem o que acontece por aqui / com a camisa do Iron Maiden atuando no clipe da Gaby”. Essa música foi um dos destaques do primeiro disco da banda, lançado em 2012. O segundo e mais recente álbum da banda saiu há pouco tempo para audição no soundcloud do grupo. Intitulado “LOBO”, o disco traz 11 faixas vigorosas, nas quais crueza e peso se aliam à diversão e levadas dançantes. New-wave e synthpop estão presentes entre as referências; na faixa Ponto Morto, vemos ecos dos The B52s. A faixa “Concurso” que satiriza a escolha de um sujeito que fez concurso público, mas acha sua vida no trabalho um tédio, ganhou um clipe dos mais arrasadores que já foram feitos na capital paraense, com produção da Muamba Filmes. O trio, formado por João Lemos (guitarra e voz), Raoni Pinheiro (baixo), Augusto Oliveira (bateria), promete e cumpre rock‘n’roll clássico e contemporâneo, leve e barulhento, criativo e clichê, tudo ao mesmo tempo e com muita competência. Talvez aí more o grande barato do Molho Negro, todo concerto em um golpe furioso.
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Lorena Filgueiras
Museu Frida Kahlo / acervo da artista
La mirada
Frida de
Exposição inédita de fotografias de Frida Kahlo chega ao país obedecendo ao testamento de Diego Rivera. A mostra revela fatos da vida do casal de artistas e aprofunda o lado humano de ambos.
U
m mês antes de sua morte, já muito debilitado, Diego Rivera chamou um tabelião para deixar registradas suas últimas vontades. Era uma carta extensa e boa parte dela foi tomada por instruções expressas de que seu acervo pessoal deveria ficar sob os cuidados de Dolores Olmedo [colecionadora de arte e uma das musas de Rivera décadas antes, além de executora do testamento do artista], que não deveria abrí-lo por até quinze anos após a morte do pintor. O banheiro da Casa Azul [onde o casal viveu grande parte de sua vida, até seus últimos dias e que abriga o Museu Frida Kahlo-México] ficou selado por mais de cinquenta anos. Olmedo manteve a “proibição” até morrer, em 2002. Conta-se que Olmedo tinha ciúmes de Frida, que nutria uma antipatia por ela e que rechaçava seu talento como artista. Conta-se que Dolores e Diego tiveram um affair [fato, aliás, que não surpreenderia, em se tratando de Diego Rivera, que costumava alardear que era “biologicamente incapaz de ser fiel”]. Conta-
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-se, porque pouco se sabe dos reais motivos que levaram Dolores Olmedo a manter o cômodo lacrado por mais quase meio século. Em 2004, enfim, o banheiro foi aberto e o que “jazia” lá dentro foi comparado a um tesouro inestimável. Segundo a diretora do Museu Frida Kahlo, Hilda Trujillo Solo, em conversa com a Revista Leal Moreira, descortinava-se ali um período importantíssimo da cultura mexicana. “Foram encontrados mais de 22 documentos, 6.500 fotografias, desenhos, objetos pessoais e muito sentimento”, conta. Mas apenas três anos depois, em 2007, o acervo foi visto pela primeira vez por um público ansioso e apaixonado. Pergunto à Hilda como a revelação do acervo alterou a história que se conhecia de Frida e Diego, ao que ela revela que o legado aprofunda muito o entendimento dos amores, do engajamento político e desencantos do casal. “Muito mais do que mudar a história, a abertura do acervo a enriqueceu; aprofundou a vida pessoal, os sentimentos. Tudo »»»
Frida Kahlo, por Guillermo Kahlo, 1926.
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Para melhor compreender a exposição
A mostra fotográfica foi divida em seis seções: A primeira retrata os pais da artista mexicana. Foram as numerosas imagens de seu pai, que fotografava a si mesmo em diferentes ocasiões, que deixaram uma marca permanente na pintora: o autorretrato. A segunda destaca a Casa Azul, as primeiras poses de Frida para seu pai e as diversas reuniões que lá aconteceram. A Casa Azul é a residência que foi dos pais da pintora, no bairro de Cocoyacán, na Cidade do México e que atualmente abriga o Museu Frida Kahlo, de onde vieram as obras dessa exposição. A terceira revela o lado íntimo dela. Há imagens feitas e estilizadas por ela, recortes fotográficos mutilados, dos quais Frida elimina ou elege alguns dos protagonistas. Na quarta concentram-se os amores. São fotografias de seus amigos mais próximos, familiares, alguns dos seus amantes e, principalmente, Diego Rivera. A quinta traz um numeroso arquivo reunido por Frida, tanto pela qualidade visual, no caso das anônimas, como pelo seu valor, no caso das assinadas por grandes artistas. Nessa seção, há desde cartões de visita do século 19 até retratos realizados por autores de destaque da história da fotografia e amigos pessoais. A sexta e última seção é dedicada às imagens relacionadas com as questões políticas. “Esta é uma exposição importantíssima, pois mostra, por meio das fotografias, como foi a vida de Frida Kahlo. Vemos através do seu corpo, seu sofrimento e sua arte, suas alegrias e suas dores”, ressalta Estela Sandrini, diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer em Curitiba, onde a exposição ficará permanecerá até o dia 02 de novembro.
tem contribuído para aumentar o conhecimento do lado humano, que sempre há por trás de um grande criador”. “Encontramos uma carta de Albert Einstein agradecendo Diego Rivera por tê-lo pintado em um mural; cartas de artistas como Remedios Varo [pintora surrealista. 1908-1963], Wolfang Paalen [pintor surrealista. 1905-1954], Alice Rahon [poetisa e artista plástica. 1904-1978], dentre muitos outros que pediam que Frida os ajudasse a deixar a França depois da queda da República Espanhola e a chegar ao México. Encontramos ainda cartas de Trotsky, [André] Breton e Isamo Noguchi. O arquivo revela um tempo fantástico”, diz Hilda. Voltando ao começo “Frida nasceu cercada pelo mundo da fotografia [o pai e o avô eram fotógrafos]. Não é possível explicar a sua vida e obra, sem esta influência. Costumava-se dizer que Frida fez autorretratos porque não podia mover-se ou sair de sua cama, por conta da coluna quebrada... e encontramos no arquivo mais de
trinta autorretratos de seu pai, em um deles posando nu. Por isso, o autorretrato [tão recorrente na obra de Frida] é uma influência do pai”, diz a diretora do Museu Frida Kahlo. São registros fotográficos da artista desde a infância, tiradas por dois fotógrafos profissionais de sua família [seu pai, Guillermo e seu avô materno]. Há também momentos eternizados pela alemã Gisèle Freund e pelo húngaro Nickolas Muray, dois fotógrafos que conviveram com Frida por anos, além de fotografias tiradas pela própria Frida e por outras pessoas, imagens que a pintora gostava de guardar, olhar e se inspirar. Chegar ao resultado “final”, [as 241 imagens que compõem a exposição, em um universo de 6.500 imagens] foi desafiador – tudo que pudesse jogar mais luz sobre o conturbado relacionamento de Frida e Diego naturalmente despertaria interesse do grande público. “Foi uma seleção muito difícil... trabalhamos nessa missão por dois anos, mas escolhemos imagens que poderiam ser parte de um diário de Frida – com seu amor e suas inquietudes”. »»»
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Diego Rivera (no seu estúdio San Ángel), Anónimo, ca. 1940.
Frida de barriga para baixo, por Nickolas Muray, 1946.
Sobre a itinerância “A obra original não podia sair de casa de Frida, de acordo com a vontade, em testamento, de Diego Rivera. Para tornar essa exposição uma realidade, tivemos de fazer uma edição fac-simile, com Gabriel Figueroa, filho do grande cineasta. Portanto, é uma edição única, que já foi vista em outros lugares – e agora no Brasil - e é a única maneira que podemos mostrar essas imagens. A seleção foi feita tendo como objetivo fazer um álbum de fotos para mostrar as diferentes influências e facetas de Frida Kahlo”, revela Hilda. No Brasil, a exposição ficará aberta ao público até o dia 02 de novembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A escolha não foi por acaso [e
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pouco tem a ver com o fato de o próprio Niemeyer ser comunista, tal como Rivera] e sim resultado de anos de negociação. “O Brasil é um país fascinante; uma potência cultural. O privilégio de expor tais imagens em um prédio tão emblemático, idealizado pelo grande arquiteto Oscar Niemeyer, é um verdadeiro privilégio. Sempre levamos em consideração o compromisso de pensar nos países da América Latina, como forma de fortalecer nosso intercâmbio cultural”. “Essa é uma exposição importantíssima, pois mostra, por meio das fotografias, como foi a vida de Frida Kahlo. Vemos através do seu corpo seu sofrimento e sua arte, suas alegrias e suas dores”, ressalta Estela Sandrini, diretora cultural do MON.
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Das dores à redenção Frida Kahlo nasceu Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, em 6 de julho de 1907, na casa de conhecida como La Casa Azul [A Casa Azul – hoje o Museu Frida Kahlo], onde seus pais moravam, em Coyoacán. O pai, Guillermo Kahlo, nasceu na Alemanha e era fotógrafo. A mãe de Frida, Matilde Gonzalez y Calderón, era de origem indígena e espanhola. Tiveram quatro filhas e “Friducha” [como era carinhosamente tratada pelo pai] era a terceira delas. Mesmo estando rodeada de mulheres a maior parte do tempo, era com o pai que Frida se identificava. Aos seis anos, contraiu poliomielite, o primeiro de uma série de males que padeceriam seu corpo. A »»»
Frida no hospital de Nova Iorque, por Nickolas Muray, 1946.
Frida Kahlo, por Guillermo Kahlo, 1932.
Para ver Filme Frida – 2002 Com Salma Hayek, no papel da pintora mexicana Frida Kahlo. 2h. Documentário Frida Kahlo – La cinta que envuelve la bomba Para ler “Frida – a biografia” - Hayden Herrera “O Segredo de Frida Kahlo” - Romance de Francisco Haghenbeck “Frida Kahlo – Suas fotos” - Cosac Naify “Diego e Frida” - Jean-Marie Le Clézio Frida Kahlo recém-operada, por Antonio Kahlo, 1946.
Frida pintando o retrato de seu pai por Gisèle Freund, 1951.
Frida Kahlo por Lola Álvarez Bravo, ca. 1944.
doença deixou uma perna mais curta que a outra – o que a estimulou a usar longas saias [aliás, marcas registradas do vestuário e personalidade da artista]. Em 1925, aos 18 anos, sofre o acidente que mudaria sua vida. O bonde, no qual viajava de volta para casa, chocou-se com um trem. O pára-choque de um dos veículos perfurou-lhe as costas, atravessou sua pélvis e saiu pela vagina, causando uma grave hemorragia – que deixou Frida por muitos meses internada em um hospital, entre a vida e a morte. Incontáveis foram as operações, os coletes de gesso, as vestes em couro [para firmar a musculatura]. E foi nesse período, de recuperação, que começou a pintar – estimulada pelo pai.
e Diego tiveram um casamento tumultuado. Ambos tinham personalidades fortes e compensavam suas infelicidades com inúmeros casos extraconjugais. O casamento acabou [pela primeira vez] quando Frida descobriu que Rivera mantinha um relacionamento de anos com sua irmã mais nova, Cristina. Mas em 1940, casou-se novamente com Diego. Promessa de paz? Não. De brigas ainda mais violentas. Decidiram que morariam em casas separadas, uma ao lado da outra, conectadas por uma ponte. Frida engravidou algumas vezes, mas, em função do útero comprometido [ainda o acidente do bonde], as gestações nunca chegaram ao final. Morreu em 13 de julho de 1954.
Solidão a dois “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles” – Frida Kahlo, em diário. Casou-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929. Desde o começo [apesar de todas as advertências da mãe, que o considerava um horror], Frida
“13 julho de 1954 foi o dia mais trágico da minha vida. Eu tinha perdido minha amada Frida para sempre. Muito tarde, agora, eu percebi que a parte mais maravilhosa da minha vida tinha sido o meu amor por Frida.” Diego Rivera
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Frida e Diego com amigos Anónimo, California 1945.
Frida Kahlo com o médico Juan Farill, por Gisèle Freund, 1951.
Frida pintando na sua cama, Anónimo, 1940.
Das dores à redenção Várias podem ser as motivações e inspirações da arte: da felicidade à dor extremada. A depressão, afirmam os biógrafos, fez com que Van Gogh extirpasse uma de suas orelhas. Oscar Wilde, melancólico, produziu alguns de seus mais belos versos no auge de suas crises. Platão acreditava [e creditava] em uma espécie de “loucura divina”, que servia de pedra fundamental à toda criação e ao processo de criação. Mas Frida Kahlo tornou-se sua melhor obra de arte: transgrediu as criações e pensamentos artísticos vigentes à época. Transcendeu sua própria dor e encontrou em si – de sua primeira experiência dolorosa [a poliomielite], passando pelo acidente que a lacerou até o casamento com Rivera [“o pior de todos os acidentes”, segundo a própria] – e em seu sofrimento sua maior beleza. Uma conclusão cruel e desumana. E são essas as características que Frida reuniu em cada um de seus quadros. “Pinto a mim mesmo porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”, confidenciou ao seu diário. Não podia estar mais certa. Das dores físicas – lancinantes – ao sofrimento emocional, Frida sofreu como poucos. E pintava toda a intensidade de sua dor, ao mesmo tempo em que é pontualmente visível perceber o lampejo de esperança de um dia ver-se livre de tanta miséria. Não bastasse toda a fragilidade de seu corpo, um ano antes de morrer, Frida teve de amputar o pé direito. Mais uma vez transformou a dor em beleza. Mais uma vez segredou ao seu diário. “Pés para que os quero, se tenho asas para voar?” O diário, único que serviu-lhe com a fidelidade e lealdade almejadas, ainda guardou uma última declaração, sobre a morte [e a alteração da percepção de sua própria partida). “Espero que minha partida seja feliz e espero nunca mais regressar”
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Frida com 5 anos , Anônimo, 1912.
Nickolas Muray e Frida Kahlo, por Nickolas Muray, 1939.
Serviço Frida Kahlo – suas fotografias Onde: Museu Oscar Niemeyer (MON) Quando: de 17/07/2014 a 02/11/2014 Terça a domingo: 10h às 17h30 (com permanência até as 18h) Segunda: não abre Primeira quinta-feira do mês: horário estendido até as 20h Preço: R$ 6 (½ entrada: R$ 3) No primeiro domingo de cada mês a entrada é gratuita Primeira quinta-feira do mês entrada gratuita entre 18h e 20h
Agradecimentos Terra Esplêndida (Portugal) Museu Frida Kahlo (México) Museu Oscar Niemeyer (Brasil) Frida Kahlo na Casa Azul, Anônimo, 1930. revistalealmoreira.com.br
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destino
Veranasi ĂŠ considerada a cidade habitada mais antiga do mundo e uma das paisagens mais conhecidas da Ă?ndia.
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Tatiana Brisolla / edição Camila Barbalho
acervo pessoal
Viagemao centro si de
Visitar a espiritualizada Índia pode ser bem mais a descoberta de belas paisagens e pessoas interessantes: pode ser uma intensa jornada de autoconhecimento.
Q
uem nunca sonhou com as belezas e mistérios da Ásia e sua grande sabedoria? Quem nunca se transportou para perto de iogues, faquires e de todo o exotismo de um mundo tão distante e diferente do nosso? No dia em que descobri a existência da Índia, por meio das lindas mulheres vestidas como princesas e com as mãos decoradas de henna, percebi que algo muito além da minha compreensão existia nessa região do mundo. Fiquei intrigada sobre como vivem estas pessoas, saídas de um conto de fadas. Até então, era apenas um sonho, irrealizável. Mais tarde, aos 18 anos, uma amiga me levou para uma aula de yoga. Ao entrar na sala, descobri que éramos as mais novas; e que, em cada nova postura proposta, eu aprendia sobre as capacidades e limites do meu próprio corpo. Pratiquei Ioga nessa escola por três anos, duas vezes na semana. A cada aula eu melhorava: me aprofundava nas posturas, na respiração, no relaxamento e na aventura do autoconhecimento. Apesar da distância, a Índia já me acolhia e me ensinava a viver melhor comigo mesma e com o mundo.
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Dez anos mais tarde, fui visitar uma amiga na França. Caminhando pelo metrô, dei de cara com uma promoção de voo Paris/Chennai (sul da Índia), por 300 euros ida e volta... O tempo e minha respiração pararam. Meu coração batia tão alto que pareciam passos - passos de uma viajante que berrava dentro de mim. Imediatamente comprei a passagem, organizei meu visto e liguei pra casa: eu não voltaria em duas semanas, mas seguiria viagem até a Índia. Era um chamado. Como sou bióloga, logo pesquisei na internet sobre lugares interessantes para fazer voluntariado em Educação Ambiental. Todos eles propõem casa e comida em troca de trabalho - algo bem comum na Índia. Planejei ficar por três meses. Busquei informações sobre os costumes e a cultura, coloquei quatro mudas de roupa na mochila, levei a câmera na mão e embarquei para a maior aventura da minha vida. Ao descer do avião, eu não podia acreditar onde estava e nem sabia exatamente o que fazer, pra onde ir... Eu só queria sentar e observar. Mas já era hora do almoço, e eu ainda tinha um longo caminho, de ônibus, pra encarar até meu »»»
Em sentido horário: mulheres indianas com os trajes tradicionais - os saris -, as tatuagens de henna e os ícones da fé dos asiáticos.
primeiro pouso. Consegui me virar em inglês e pegar quatro horas de condução em um veículo velho, lotado. Viajei em pé, junto com galinhas vivas, cestos de peixe e pessoas simplesmente apaixonantes, com um sorriso constante no rosto, o olhar brilhante e uma simplicidade indescritível. Eles não falavam uma palavra de inglês, apenas Tamil. Ainda assim, passamos horas conversando e trocando sorrisos. Eu era a única “branca” do ônibus. Senti-me segura e acolhida por todos. Ao chegar a Pondicherry, cidade de colonização francesa, todos sabiam que era a minha parada e me avisaram que era pra descer. Enquanto o ônibus partia, ainda cheio, todos acenavam pela janela, despedindo-se com sorrisos enormes. Comecei então a trabalhar em uma ecovila chamada Auroville, uma das maiores do mundo. Lá, ensinei mulheres de vilas vizinhas a utilizar um fogão e forno solar - para evitar o desmatamento pelo uso de lenha para cozinhar e as mulheres não terem de caminhar cada vez mais longe para achar madeira, carregá-la, afastar-se de suas crianças e correr riscos ao caminhar sozinhas pelas florestas. Também criei um programa de conscientização sobre o lixo com as escolas locais e me juntei a um grupo de mulheres que produzem belíssimas bolsas de restos de tecidos e de sacos
de cimento, possibilitando que elas sejam independentes financeiramente. Morei mais tarde em uma fazenda de produtos orgânicos, onde cultivava a terra, de cinco da manhã até meio dia, também em troca de casa e comida. Andei o primeiro mês de moto, depois aprendi a delícia de viver de bicicleta. Perdi-me no tempo e no espaço. Eu vivia o momento como nunca antes em toda minha vida. Trabalhei pelo coração e não pelo dinheiro. Descobri o prazer em ser útil ao mundo e fazer o bem. Descobri minha capacidade e minha força. Quando me dei conta, percebi que passei três meses apenas naquela comunidade e ainda tinha muito que viver e descobrir pela Índia toda. Liguei pra casa e avisei que seguiria viagem. A densidade populacional da Índia é muito impactante. Muita gente gera muito movimento, barulho, carros, cheiros, lixo, agitação - além das festas e músicas constantes. O clima depende do local onde se está. O Sul é bem tropical e turístico, enquanto o Norte é mais variado - entre desertos, montanhas, florestas e cidades de todos os tamanhos. A famosa ‘monção’ é um período de chuvas intensas que devem ser consideradas no planejamento da viagem. O melhor é passar o verão entre junho e julho nas alturas mais frescas do norte e o inverno que dura dezembro e janeiro no »»»
calor do sul. O período de trabalho intenso e sem fim de semana me deixou exausta, assim decidi tirar férias. Junto a um rapaz francês que lá conheci e com quem muito me identifiquei, segui para a cidade sagrada de Varanasi, onde todos querem ser cremados. Eles acreditam que, assim, escapam do ciclo de vida e morte. As cinzas são então jogadas no famoso rio Ganges, conhecido por retirar os pecados de quem entra em suas águas. Infelizmente, nesse ponto ele é extremamente poluído. Varanasi é considerada a cidade habitada mais antiga do mundo, datando do século VII antes de Cristo. Suas ruelas parecem labirintos, onde se perder oferece o grande prazer de descobrir lugares incríveis. Também conhecida como capital da musica na Índia, estudantes do mundo todo passam por lá e, por onde se anda, se ouvem janelas musicais. Ao longo dos corredores, vemos vacas comendo lixo, cachorros que brigam com macacos e cenas completamente inesperadas. Seguimos viagem de trem até Rishikesh, outra cidade sagrada na beira do Ganges, no pé das montanhas. O rio é cristalino, lindo, vivo e rodeado de natureza. Foi lá que entramos pela primeira vez em suas águas e fizemos nosso ritual de purificação. Por todo o país, vemos pessoas praticando rituais com flores, incensos, oferendas, mantras e muita devoção. Mesmo sem entender o que estão dizendo, é uma experiência incrível. Aprende-se muito sobre humildade. Em Rishikesh, existem vários cursos de ioga que atraem turistas, assim como os ashrams - centros de estudo voltados à espiritualidade, visando à evolução para atingir a libertação. Vive-se em retiro, como em um monastério, para aprender práticas cotidianas: rituais, mantras, a ioga com sua filosofia e os ensinamentos de um guru específico. Vivemos uma semana intensa em um ashram fora da cidade, em meio à natureza. Passamos rapidamente por Nova Delhi para renovar meu passaporte na embaixada do Brasil e saímos rapidamente de lá, porque cidades grandes são caóticas e cansativas. Na Índia, há uma grande preocupação em vestir-se de maneira apropriada. Roupas apertadas, curtas ou decotes são muito mal vistos. Mulheres, principalmente, devem usar calças largas e longas, com batas de manga comprida. Um lenço para cobrir a cabeça em templos é recomendado. O melhor é comprar roupas por lá mesmo - como uma combinação chamada salwar kameeze, que já vem com um lenço. Deixamos sempre os sapatos nas entradas dos templos. Os costumes também são um bocado diferentes do que estamos habituados. Por »»» A deslumbrante paisagem do Nepal
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A alegria e as cores são características da cultura indiana
exemplo, deve-se evitar apontar os pés na direção de alguém. Outro comportamento comum é que homens andem de mãos dadas - porém é bom evitar contatos físicos românticos em público, de maneira geral. Pechinchar faz parte da cultura. Pedir dinheiro, canetas e comida é bem frequente, principalmente com as crianças. É importante saber dizer não sem ofender ou cooperar quando possível. O “sim” é gesticulado com a cabeça com um balançar similar ao “não”, o que confunde bastante no início. De Nova Dheli, seguimos para o Nepal, onde passamos dez dias caminhando nos Himalaias, para finalmente chegar ao Campo Base da montanha nevada Annapurna. Uma experiência transformadora, mágica do início ao fim. Meu companheiro de viagem teve de voltar pra França e nos despedimos ali, transbordando em alegria e gratidão profunda à vida. Por meio de contatos ao longo do caminho, descobri mais duas fazendas orgânicas que aceitam voluntários em troca de comida e hospedagem. Fui morar na casa de nepaleses ainda mais simples e maravilhosos que os indianos, durante outros três meses. Cozinhei com as ammas (mães), trabalhei com o solo, as plantas, o composto, os búfalos, os bodes e os nativos mais incríveis que já conheci. revistalealmoreira.com.br
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Fui convidada a um casamento tradicional, participei de festas enormes em templos lotados, me diverti com crianças curiosíssimas e muito inteligentes; passei apertos em ônibus em estado deplorável, abandonei um deles a pé junto com a multidão por causa de uma greve que fechou a estrada por horas, caí dentro de um bueiro aberto e quase quebrei a perna; comi as comidas mais gostosas, engordei seis quilos, aprendi a apreciar pimenta, descobri o prazer de comer com a mão. Deparei-me com as vantagens anatômicas e o bem estar de utilizar um vaso sanitário indiano (de cócoras!), com a ideia de escovar os dentes com o mínimo de água e tomar banho de baldinho. Também passei a produzir o mínimo de lixo, pois não tem coleta, nem tratamento - tínhamos de queimar tudo e essa experiência é chocante. Fui morar num monastério budista, aprendi a viver com três mudas de roupa, a viajar leve e a me deixar viver em paz. Mudei para Lumbini, cidade onde Buda nasceu. Lá, pratiquei por dez dias uma meditação silenciosa chamada vipassana uma técnica desenvolvida por ele. Comemorei silenciosamente meus 30 anos nesse retiro, o que foi um grande presente pra mim. Voltei para a Índia e trabalhei em outra ONG em Dehradun. Subi até a fonte do Ganges, nas »»»
Dicas Dinheiro Índia – Rupias Indianas Nepal - Rupias Nepalesas
montanhas de Gangotri, atravessei um glaciar a pé... Subi ainda mais e senti os efeitos de altitude que não me deixavam força pra dar mais de cinco passos de cada vez. Dormi num abrigo feito de pedras, criado e cuidado por uma senhora que vive de doações apenas para ajudar peregrinos; conheci um homem que está em retiro de silêncio nas montanhas há 15 anos e que tem um olhar tão puro e vivo quanto o de uma criança. Chorei por horas de tanta emoção e força que me atravessavam o coração. Não cabia em mim de tanta gratidão. Fui então efetuar a última meta da viagem, e finalmente fazer um curso de yoga. Mudei-me pra Mumbai, onde - depois de 12 meses de prática pessoal - me formei para dar aula para jovens e crianças. Quando o dinheiro acabou pela terceira vez, eu finalmente aceitei o fim dessa aventura. A minha viagem planejada inicialmente para durar três meses se transformou em um ano de aprendizado intenso e profundo. Por isso, recomendo: compre um guia de viagem sobre a Índia, organize-se com um amigo, viaje leve, abra sua mente e seu coração para uma nova visão do mundo.
Língua A língua principal é o Hindi, porém existem por toda a Índia centenas de dialetos. Portanto, a língua oficial do turismo é o inglês, e em alguns locais se fala francês. Como chegar - Índia Chennai – Avião, trem ou ônibus. Pondicherry – Trem ou ônibus de Chennai até Pondicherry Auroville – Táxi ou riquixá (triciclo motorizado) de Pondicherry até Auroville Varanasi – Trem ou ônibus Rishikesh – Trem ou ônibus Dehradun - Trem ou ônibus Gangotri - Ônibus Nova Dehli – Avião, trem ou ônibus. Mumbai – Avião, trem ou ônibus. Como chegar - Nepal Pokhara, começo da trilha pra o Campo Base do Annapurna – Ônibus, riquixá ou táxi. Lumbini – Ônibus, riquixá ou táxi. Lugares mais famosos Agra: Taj Mahal Hampi: Templos e formações rochosas impressionantes. Goa: praias e festas Kerala Backwaters: Passeios de barco pelas aguas salobras em meio a natureza exuberante. Rajastão: Deserto, montanhas, vilarejos isolados e monastérios
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Renée Moura mestranda em Cultura Digital
Bergen Vim para a Noruega por meio do Erasmus - um intercâmbio acadêmico europeu adotado pela minha universidade, na Finlândia. Escolhi esse lugar por ser um centro de referência no mestrado que eu faço em Cultura Digital. Além disso, Bergen é a cidade do black metal. Minha dissertação é sobre o gênero musical, e eu sou uma “metalhead” assumida. A natureza e a geografia daqui são incríveis. Os sete montes ao redor da cidade são, sem dúvida, os elementos que mais me impressionam pela grandiosidade. Mas o que há de mais bonito aqui pelas redondezas são os fiordes, especialmente se vistos de cima. Bergen em si também é belíssima. É uma cidade portuária com um centro histórico de tirar o fôlego, especialmente pra amantes de cultura nórdica e medieval. A grande desvantagem daqui são os preços altíssimos, especialmente de mantimentos e produtos de higiene. A Noruega hoje é um multiverso de culturas tão rico e heterogêneo que fiquei, inicialmente, perdida. Mas acho que o mais marcante mesmo é a cena metal. Apesar de mais brando, o estilo ainda é um traço importante da cidade. Esse ano, em feverei-
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ro, trabalhei como voluntária num festival chamado Blastfest e foi incrível. Além disso, frequento o Hulen (em tradução livre, “caverna”) - um antigo abrigo antibombas da Segunda Guerra, que foi transformado em bar e casa de shows para rock e metal. É um lugar que vale a pena conhecer. Também recomendo as inúmeras global food stores, que geralmente são mantidas por imigrantes de países árabes e muçulmanos. Lá, vendem de tudo que você possa imaginar em termos de comidas e temperos – outro dia, encontrei até cuscuz e café brasileiros! Os lugares mais visitados por turistas são as montanhas Ulriken e Fløyen. Em vez de passar entre duas e três horas subindo a pé, alguns preferem gastar 100 coroas norueguesas - mais ou menos 40 reais - pra subir de teleférico ou bonde. Além delas, há muito outros lugares interessantíssimos: o centro histórico Bryggen; a igreja de madeira em Fantoft (uma igreja do século XII que foi queimada por Varg Vikernes, nos anos 90, e depois reconstruída aqui em Bergen); o Gamlehaugen, que é o castelo de verão da família real da Noruega; o porto; uma infinidade de museus... O clima aqui é geralmente frio entre setembro de
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abril, com temperaturas que variam entre -15°C e 10°C. E chove muito. Chove até demais! Trazer roupas de casa é quase sempre uma péssima ideia especialmente pra quem vem do Norte ou Nordeste brasileiro. O melhor é comprar ou emprestar tudo por aqui. As roupas aqui são muito mais baratas e de melhor qualidade que as vendidas no Brasil - especialmente roupas de frio. Uma curiosidade é que aqui o transporte público não tem cobradores nem catracas, como nos ônibus e metrôs brasileiros. Você compra um cartão que pode ser usado por certo período. Daí, vez ou outra tem uma fiscalização, quando seguranças verificam quem tem um passe válido. Mas isso é muito raro, daí tem muita gente que usa o transporte coletivo na clandestinidade, por assim dizer. Para fãs de atividade física e esportes, é ótimo visitar os sete montes e os fiordes. Existem vários grupos que organizam caminhadas todas as semanas. Pra quem gosta de arquitetura com pitadas de história, Bryggen e igreja de Fantoft são os marcos principais da cidade. Já pra quem curte metal, bem, é só vir pra cá em qualquer tempo - e ir a um dos shows ou festivais que acontecem o ano inteiro!
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- Bom dia, eu gostaria de fazer uma reserva. - Perfeitamente senhor, nossa mesa é única e nela somente o senhor se sentará. - A reserva será para amanhã. Chegarei pontualmente ao meio dia e, como já sou conhecido da casa, pagarei tudo ao final do mês. - Perfeitamente, senhor Rodrigues. - Até amanhã, vos quero muito bem. Ao meio dia da manhã seguinte: -Bom dia, senhora. Infelizmente terei de cancelar minha reserva. É que os canos que trazem a água deixaram de funcionar em minha casa por alguma razão que ainda desconheço e não me atreveria a sentar-me à tão estimada mesa sem fino trato. Portanto, sinto muito. E diga ao proprietário que faço questão de pagar, ao final do mês, todas as despesas causadas com minhas palavras sofisticadas e sinceras. - Sem problema, senhor Rodrigues. Naquela mesma tarde: - Perfeitamente, senhor, nossa mesa é única e nela somente o senhor se sentará. - A reserva será para amanhã, chegarei pontualmente ao meio dia e, como já sou conhecido da casa, pagarei tudo ao final do mês. - Perfeitamente, senhor Rodrigues. - Até amanhã, vos quero muito bem. Na manhã seguinte: -Bom dia, senhora. Infelizmente terei de cancelar minha reserva. É que os sapatos que protegem meus pés amanheceram rachados, provavelmente pela brusca mudança de temperatura e, como manda a etiqueta, não devemos frequentar distinto espaço, a não ser finamente trajado. Portanto, sinto muito e diga ao proprietário que faço questão de pagar, ao final do mês, todas as despesas causadas com minhas palavras sofisticadas e sinceras. E saiba que vos quero muito bem. Até mais. Na mesma tarde, outra reserva foi feita. E, na manhã seguinte, outra reserva foi cancelada. Essa história, se repete há cem anos e tornará a se repetir por mais mil até que o pai encontre seu descanso... e o filho seu conforto.
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Casamento perfeito Comida boemia com toque gourmet e tempero generoso. Conheça Janaína Rueda, a chef que resgatou [e ressignificou] receitas tradicionalmente paulistanas
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aulistana da gema. Poderia ser um trocadilho, em se tratando da protagonista do Gormet desta edição da Revista Leal Moreira, mas é a definição mais perfeita para a chef Janaína Rueda. Nascida no Brás, filha de uma cozinheira, Janaina começou a carreira cedo. Não porque pilotasse as chamas dos fogões desde criança, mas porque os curiosos olhos azuis [marcas registradas] acompanhavam a mãe, Rejane Rodas, nas jornadas de trabalho nos extintos [e lendários] Hippopotamus, Gallery, The Place e Paddock. Quando pergunto se Janaína já saberia que seria cozinheira, ela surpreende [aliás, só uma das tantas, até o final da conversa] e diz que queria mesmo era ser cantora. Cozinhava de maneira intuitiva, ainda menina e foi assim que enveredou [mesmo sem ter essa consciência] por um caminho sem volta. Foi sommelière, trabalhou em respeitadas multinacionais quando conheceu o marido, o também chef Jefferson Rueda [da respeitada casa Attimo] – aí, já não havia outro desfecho, que não assumir o que a vida lhe reservara. “Ser cozinheira foi uma forma de acompanhar a vida do meu marido, Jefferson Rueda. O que agradeço
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muito. Gosto de servir as pessoas”, ela conta. Coube a Jefferson a alcunha pela qual a chef também é conhecida: onça, em uma referência à fama de brava da chef. “Eu afugentava as pretendentes do Jefferson quando ainda namorávamos”, declarou entre risos quando questionada sobre o apelido. “Me parece que vocês namoram até hoje... ele foi tua maior inspiração?” “Sim, até hoje ele é minha inspiração. Quando necessário, cozinhamos juntos”. Jefferson também foi responsável pela realização de outro sonho de Janaína: um restaurante para chamar de seu, o “Bar da Dona Onça”, localizado no térreo do icônico edifício Copan. O Bar da Janaí... dona Onça Mesmo trabalhando em endereços diferentes, Jefferson Rueda sempre dá um jeito de aparecer na “casa” da esposa. Sorte dupla dos clientes, porque enquanto o chef assume o fogão, Janaína circula entre as mesas, conversa com os clientes, recebe os amigos. Ou vice-versa. O Bar da Dona Onça tem personalidade tão marcante quanto o da chef, com muita ousadia e... »»»
animal print. Não podia ser diferente. A Gastronomia de resgate boêmia é o prato principal do lugar e, em vez de chope, a casa sugere vinhos tintos e brancos em taça. Por lá, é recorrente encontrar quem saia de casa e atravesse a cidade para se deliciar com sabores “domésticos”. Comfort food pura. “Minha cozinha que resgata a gastronomia boemia paulistana. Espero que eles [os clientes e amigos] se sintam felizes e acarinhados”. No menu, arroz de fígado acebolado com ovo, macarrão com frango caipira, “pf” de omelete [“o mais vendido de São Paulo”, avisa]. Não por acaso, é comum que os clientes se sintam amigos e os amigos vivam por lá. O estilista Walério Araújo [que também ganha destaque nesta edição], compadre de Jefferson e Janaína, está sempre por lá. “Amo a Janaína e o Jefferson, amo a atmosfera deste lugar, a comida. Amo tudo”, derrete-se. Uma onça na Amazônia Janaína foi uma das chefs convidadas do Ver-
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-O-Peso da Cozinha Paraense, o maior e mais longevo festival gastronômico do Norte do Brasil [promovido pelo Instituo Paulo Martins] e que teve, pelo terceiro ano consecutivo, patrocínio da Leal Moreira. A entrevista com a chef ocorreu dias antes. Pela primeira vez em Belém, ela arregalava os olhos azuis. “Nesta primeira vez no VOP, quais são tuas expectativas? Que ingrediente amazônida [ou ingredientes] anda povoando teus sonhos, Janaína?” “Eu sou uma pessoa que não gosta de criar expectativas. Já sei que vou comer bem, mas conto tudo depois do evento (risos)”. O movimento começa e... Vem a última pergunta. “Quando tens algum tempo livre, o que gostas de fazer? Cozinhar?” Janaína abre um sorriso largo, pisca e aquela garota de 7 anos de idade reaparece. “Cantar é minha segunda paixão. Nunca tenho tempo livre para cozinhar, pois sempre estou cozinhando”. Sorte a nossa.
receita Receita Cuscuz de Galinha Caipira (receita para 2 pessoas) INGREDIENTES • • • • • • • •
250g de frango caipira cozido desfiado 100g de farinha de milho flocada (artesanal) Azeitonas verdes e pretas Milho verde Alho Cebola Salsinha Cebolinha
MONTAGEM Hidrate a farinha na água e sal entre 5 e 10 minutos. Refogar a cebola e alho, coloque o frango desfiado e um pouco de pimenta biquinho. Com a panela quente, adicione o milho, a farinha, as azeitonas, a cebolinha e cozinha por cinco minutos. Sirva com salada de alface baby e caviar de tomate, que é a parte com sementes. Você pode servir ele quente, frio ou morno.
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Região: Mendoza – Vale de Uco – Finca Los Miradores. Composição de castas: 100% Malbec (Vinhas de 10 anos – seleção massal) Graduação alcoólica: 14,5° GL Características organolépticas: Cor purpúrea luminosa. Incontestável riqueza olfativa de amora fresca, incenso, terra úmida, especiarias doces, violeta e ornatos balsâmicos. Encorpado, excitante pelo frescor de altitude, textura perfeita, sedutora; longo final a frutas secas tostadas. Por que comprar esse vinho: Vale do Uco: origem dos Malbecs mais excitantes no momento!! Estilo Luigi Bosca: distinção e caráter Impactante e belíssima apresentação; Máxima expressão do terroir! Alta avaliação já na primeira safra. Premiação mais relevante: Tim Atkin 92 pontos Onde comprar: Decanter www.revistalealmoreira.com.br
Região: Cataluña – Cava. Classificação legal: Cava D.O. Composição de castas: 30% Macabeo, 30%Xarel-Lo, 30% Parellada, 10% Chardonnay Graduação alcoólica: 11,5° GL Características organolépticas: Cor palha delicada, tons esverdeados, bolhas muito finas. Nariz de cítricos maduros, tons amendoados e a típica mineralidade terrosa. Mediano no corpo, sápido, espuma bem integrada ao conjunto. Por que comprar esse vinho: Cava de excepcional relação preço/prazer; uma seleção do poderoso grupo de exportação ARAEX (Luis Cañas, Amaren, Artero Bodegas Muñoz, etc.) Estilo frutado, fresco, aberto e consensual, ideal para festas! Onde comprar: Decanter
Cyprès de Climens Grand Vin de Sauternes Brasac 2006 Denominação de origem: AOC Sauternes Brasac Composição de castas: 100% Sémillon Graduação alcoólica: 13,5% Premiações relevantes: 90 RP e 93 Wine Spectator Há uma sutil diferença entre as denominações irmãs Sauternes-Brasac. Sauternes, a mais famosa e reverenciada, e Barsac - não menos importante, mas menos conhecida. Contudo, sob essas denominações, são elaborados os vinhos doces mais concentrados e famosos da França. Cyprès de Climens 2006 é o segundo vinho do Château, criação de Berenice Lurton, uma jovem vignerone, que representa a terceira geração de viticultores da famosa família de Bordeaux. Seu pai André Lurton é uma verdadeira lenda viva. O nome Cyprès de Climens (Cipreste de Climens) deriva de uma antiga tradição: quando os barcos tinham o “direito de passagem” pelo Rio Ciron, recebiam um ramo de Cipreste azul (cupressus arizonica). Desse vinho são produzidas 15.000 garrafas com mais uma curiosidade digna de nota, é elaborado com 100% de uva Sémillon. Como uma raio de sol na taça, rico e sofisticado, é a essência de um grande produtor dentro de uma das denominações mais fascinantes da França. Com aromas surpreendentemente alegres e com notas que vão desde delicadas flores frescas, mel aos aromas evoluídos das frutas secas, principalmente do damasco, na boca surpreende seu equilíbrio de frescor e acidez que brilha com maravilhoso dulçor. Esses dois elementos se equilibram perfeitamente e dão vida ao paladar. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
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MALBEC TERROIR LOS MIRADORES 2011 - LUIGI BOSCA
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Produttori del Barbaresco Composição de castas: 100% Nebbiolo Graduação alcoólica: 14,5% Origem: Piemonte, Itália Premiações relevantes: 3 bicchieri Gambero Rosso (Itália) Conhecido como o piccolo Barolo e mesmo sem os apelativos nobres do “rei dos vinhos da Itália”, o Barbaresco é, sem dúvidas, um vinho muito singular e elaborado com a Nebbiolo, uva nativa do Piemonte, casta muito sensível inclusive a pequenas variações do tipo de solo e de clima. Da Nebbiolo, nascem vinhos com grandes complexidades gustativas e aromáticas; menos austeros e “musculosos” que o Barolo. Enfim, é um vinho mais “feminino”. As melhores diferenças entre esses dois grandes tintos são percebidas à mesa, já que o Barbaresco [menos estruturado] harmoniza com pratos de massa recheada como raviólis e agnolotti, enquanto que o Barolo pede carnes e assados. É interessante notar como esses dois grandes tintos, mesmo sendo elaborados com a mesma uva cultivada a poucos quilômetros de distancia, tenham personalidades tão distintas. A denominação Barbaresco faz parte do clube fechado dos vinhos DOCG (denominação de origem controlada e garantida) desde 1980, produzidos exclusivamente nos municípios de Barbaresco, Treiso e Neive e em uma pequena fração do vilarejo de S. Rocco Seno d’Elvio. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
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Elas estão no nosso imaginário de casa bem cuidada e tem desde sempre importância fundamental por criar a atmosfera de um lugar. Direto do final do espetáculo para o meio dos palcos, neste Decor, a cortina é nossa atriz principal.
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esde o início do mundo, as cortinas atravessam séculos se fazendo presente nos ambientes. Sua função primordial era impedir a passagem da luz e diminuir a intensidade do som. Eram volumosas, apresentadas em tecidos pesados e escuros. Há anos, esse conceito vem sendo modificado, garantindo espaço para sua aplicabilidade em outros âmbitos, como decoração, onde já é peça fundamental de uma ambientação em apresentações mais leve e tons mais claros, dando fim aos volumes e babados. Sendo o “toque final” da decoração interior, sua escolha é determinada principalmente pelo estilo do cômodo e seu mobiliário, cor das paredes e o cabedal de acessórios que temos disponíveis no mercado. Tamanha sua importância, a cortina ganhou avanços tecnológicos, como sistema de cordas (que abrem e fecham a cortina sem encostar evitando marca de mão na mesma) e a motorização (a queridinha do momento, em um click no controle remoto pode-se escolher quão a claridade entra – ou não no ambiente).
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Os tecidos permitem toda a diversificação que a cortina pode trazer e em qual ambiente deve melhor compor. Inúmeros podem ser utilizados para confeccionar uma bela cortina, basta ter bom senso para escolher o ideal agradável. Sendo os mais utilizados: o linho, a seda, o voil, a cambraia, a camurça e o misto que agrega o poliéster, seda e algodão em um único tecido. Em relação às cores, há que se ter cuidado, pois tons fortes demais podem cansar. O ambiente deve ser transmissor de algo calmo e os tons mais sóbrios como o bege são propícios para tal, sem mencionar que têm a vantagem de combinar com praticamente qualquer coisa, tendo como ideia decidir quais elementos do ambiente quer-se enfatizar. Conversamos, para tirar todas nossas dúvidas e aguçar nossa criatividade – com a empresária Eliza Ferraz, proprietária de um dos maiores show rooms de design de interiores da cidade. Ela nos explica as diferenças, os detalhes e como fazer a melhor escolha de tecido e cor para cada ambiente. Delicie-se e inove-se!
Cortina Blackout Impede a entrada da luz e reduz consideravelmente o calor. Aconselha-se sobrepor com outro tipo de tecido mais leve, como o voil, para dar mais suavidade ao ambiente. São usadas normalmente em home theater - evitando o reflexo na TV e criando uma experiência de “cinema” - e em salas de consultórios.
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Cortina no linho Tecido mais vendável, com barrados altos em renda feitos à mão que permitem chegar à altura desejada para pés diretos altos. Ideal para salas, em tons nude, compondo com a cor da parede, sofás e tapetes. Há de se ter cuidado para não ter informação demais, principalmente por muitas salas serem conjugadas e com vários outros artigos de decoração.
Cortinas listradas Trabalhada no sistema de varão wave, onda dois (maior profundidade de prega) e embutida (saindo direto do cortineiro), esta cortina está em um tecido voal de seda listrada. O tom de azul é uma cor que não cansa e não briga com a decoração, muito favorável para quarto de adulto, já que normalmente a tônica de um quarto costuma ser o sossego ao final de um longo dia.
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Cortina modelo Prega V Cortina em tecido palha de linho com a antiga e famosa prega americana e com barrados de 60cm de sianinhas e varão com gola provençal. Charmosa, é excelente opção para cozinhas, dando um toque de aconchego remetendo à cozinha da casa de vó.
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Cortina estampada ou de renda O lugar indicado para ter leves estampas ou cortinas de rendas são os infantis e de bebês, respectivamente. A brincadeira pode surgir em ponteiros de modelos diferentes como pipas, bolas, lápis, ilhós coloridos ou em madeira, braçadeiras em formas de carrinhos, borboletas e etc. Neste da foto, um quarto de bebê para uma menina, a cortina vem com pregas mais largas e caprichadas no acabamento como a aplicação de guipure entre o voil de seda pura e a renda francesa. Detalhe e encantamento para a coroa da princesa.
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LEAL MOREIRA UTILIZA TECNOLOGIA INOVADORA EM OBRAS DO TORRE UNITÁ A Leal Moreira, comprometida com a qualidade dos seus produtos e com a satisfação dos clientes, inovou em tecnologia e deu mais um passo à frente em busca de melhores resultados: a construtora, em parceria com a Universidade Federal do Pará, foi a primeira empresa na região Norte a executar prova de carga monitorada em estaca, teste que mostra com precisão o desempenho dessa estrutura nas obras. O engenheiro Júlio Alencar, docente da UFPA e coordenador do projeto de pesquisa responsável pelo teste, explica a diferença entre provas de carga monitorada e provas de cargas convencionais. “A prova de carga monitorada mede as pressões ao longo do comprimento da estaca. Já as outras provas de carga só medem na extremidade superior da estaca. Conhecendo a distribuição ao longo do corpo da estrutura, temos um melhor entendimento sobre como ela está trabalhando.” Assim, pode-se verificar com mais praticidade se o desempenho da estaca é o mesmo que foi estipulado inicialmente no projeto do empreendimento. “Isso contribui para a qualidade das obras e para conhecer melhor o comportamento do sistema, gerando mais economia e eficiência”, ressalta Júlio. Esse tipo de teste é um processo tecnológico sofisticado que exige a instalação de sensores importados e sistemas computadorizados. Poucas empresas no Brasil já utilizam a tecnologia. Na Leal Moreira, ela foi aplicada em março na fase de fundação do Torre Unitá. “Nós pretendemos ainda fazer outro teste nas obras do Torre Unitá: deixamos os sensores na estaca e a ideia é medir a carga durante a construção do prédio. Se concretizarmos, será o primeiro realizado no Brasil”, disse Júlio.
LEAL MOREIRA COMEMORA ÓTIMOS RESULTADOS DO 10º FEIRÃO DA CAIXA A Leal Moreira participou pelo segundo ano consecutivo do Feirão da Caixa e recebeu os clientes com condições especiais no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Durante os três dias de evento - de 16 a 18/05 -, a construtora superou em mais de 30% as vendas de apartamentos comparando com a sua participação na edição do ano passado. O casal Reinaldo Ferreira e Maria do Socorro aproveitou as facilidades e adquiriu um Leal Moreira. “Achei uma oportunidade boa e foi interessante a proposta que fizeram. A Leal Moreira tem um grande conceito na nossa cidade e isso me motivou a procurá-la no Feirão da Caixa”, disse Reinaldo. O vigilante Ronald Araújo e a sua esposa, a pedagoga Elizelma Abreu, também garantiram um Leal Moreira no evento. “A satisfação é imensa. Nós conseguimos tudo que queríamos no Feirão e estamos muito felizes com a Leal Moreira.”
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LEAL MOREIRA PATROCINA TORNEIO DE TÊNIS A Leal Moreira foi patrocinadora do Circuito Regional de Tênis, torneio realizado de 29/05 a 01/06 no condomínio Cristal Ville. O evento reuniu mais de 150 atletas nas categorias 10, 12 e 14 anos; adulto, sênior e dupla. A premiação total foi de R$4.500, além de pontos para o ranking do circuito. Mauro Rodrigues, coordenador do torneio, destacou a importância do patrocínio da construtora. “A Leal Moreira sempre se preocupa em ajudar o esporte no Pará, investindo, assim, na qualidade de vida de seus clientes e do público em geral. Com esse apoio o estado só tem a ganhar.” Além da competição, o circuito promove também atividades sociais para crianças carentes. No dia 24/05, por exemplo, mais de 65 alunos da escola estadual do bairro da Pratinha II tiveram a oportunidade de participar de uma aula de tênis.
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SALÃO DE IMÓVEIS LEAL MOREIRA SURPREENDE E CONSOLIDA O VALOR DA MARCA O Salão de Imóveis Leal Moreira, realizado de 02/05 a 11/05 no 2º Piso do Boulevard Shopping, foi um sucesso! A Leal Moreira superou em mais de 100% as vendas de apartamentos em relação ao seu Salão de Imóveis de 2013. O professor universitário Mário Honorato foi conferir as oportunidades. “O Salão foi interessante. Gostei do Torre Vitta Home e aproveitei as condições favoráveis. Pelas características do empreendimento, foi um bom negócio. A localização é próxima aos lugares que eu tenho que ir todos os dias e a região do Marco é bem tranquila.” O casal Waldir Castro e Ana Paula Almeida também aproveitou a oportunidade e adquiriu um imóvel no Torres Devant. “Nós não estávamos à procura de apartamento, mas vimos que realmente o nosso sonho estava mais próximo do que imaginávamos. Temos um filho de um ano e sete meses e isso também impulsionou para comprarmos o imóvel”, disse Waldir. O diretor comercial e de relacionamento da Leal Moreira, José Angelo Miranda, enfatizou que o Salão de Imóveis superou todas as expectativas. “Além das condições especiais que oferecemos, a localização no Boulevard Shopping foi outro diferencial para o sucesso do evento.”
LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ 2014 Faltando três meses para o início da Casa Cor Pará 2014, a Leal Moreira já está se preparando para a mostra e promete encantar os visitantes! O evento, que será realizado de 30 de setembro a 20 de novembro no 4º Piso do Boulevard Shopping, é a maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas e a segunda do mundo. A construtora terá seu ambiente assinado pelos talentosos arquitetos José Jr. e Ana Perlla. “As expectativas para a Casa Cor são as melhores possíveis. Nós estamos elaborando para a Leal Moreira um loft especial para casal, estilo contemporâneo. A surpresa do projeto será como os elementos que remetem à construtora estarão inseridos no ambiente”, disse José Jr. Desde a primeira edição da Casa Cor em Belém, em 2011, a Leal Moreira é premiada pela criatividade de seus projetos, sempre aliando bom gosto e sofisticação. Na edição deste ano, a proposta é continutar surpreendendo e inspirando as pessoas.
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foto Dudu Maroja
foto Dudu Maroja
foto João Ramid/VOP2014 foto Tarso Sarraf/VOP2014
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LEAL MOREIRA NO VER-O-PESO DA COZINHA PARAENSE 2014 foto Tarso Sarraf/VOP2014
A Leal Moreira foi patrocinadora pelo terceiro ano consecutivo do maior evento gastronômico da Amazônia: o Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. A 12ª edição do festival foi realizada de 01/05 a 01/06 e reuniu grandes nomes da Gastronomia do estado e do Brasil. O badalado Alex Atala foi um dos chefs que marcaram presença. Ele realizou uma tarde de autógrafos no dia 31/05 na Arena Show do festival, no 4º Piso do Boulevard Shopping, e participou do tradicional Jantar das Boieiras com uma receita de vatapá de açaí, criada com a Hildely Porpino, vendedora de refeição do Ver-o-Peso. A programação do festival contou com fórum, exposição, jantares, concursos, aulas temáticas, circuito gastronômico - além de novidades como o Boteco Veropa, em que o público teve a oportunidade de degustar petiscos regionais deliciosos. No dia 01/06, o encerramento foi em grande estilo com o Chefs na Praça, uma grande festa gastronômica na praça Batista Campos. Joanna Martins, diretora-executiva do Instituto Paulo Martins – entidade que realiza o Ver-o-Peso da Cozinha Paraense -, destacou a relevância da participação da Leal Moreira no evento. “É muito interessante que uma empresa como a Leal Moreira, que não é do segmento da gastronomia, tenha a visão de perceber o potencial do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. A programação deste ano teve várias novidades e o festival foi um sucesso.” revistalealmoreira.com.br
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DIA DAS MÃES NA LEAL MOREIRA Uma lembrança carinhosa deve ter um ingrediente indispensável: afeto. Foi com esse sentimento que a Leal Moreira comemorou o Dia das Mães no dia 09/05: colaboradoras da construtora foram homenageadas com mimos de beleza. Alexandra Magno, corretora da Leal Moreira Imobiliária, destacou que a iniciativa foi maravilhosa. “É muito bom ser lembrada na empresa, que é a nossa segunda casa.” Quem também se emocionou foi a coordenadora de análise de crédito Rosângela Félix. “Para nós, que fazemos parte da Leal Moreira, é uma valorização e um grande reconhecimento. Foi muito gratificante.” A auxiliar de limpeza Celina Martins lembrou que a data é comemorada anualmente na construtora. “Desde quando eu entrei na Leal Moreira nós sempre somos lembradas e homenageadas no Dia das Mães.”
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LEAL MOREIRA REALIZA “SEMANA DA SAÚDE” Hipertensão e diabetes são doenças de alto risco e atingem milhares pessoas no mundo todo. Pensando nisso, a Leal Moreira realizou de 07 a 11/04 a campanha “Semana da Saúde Leal Moreira” para seus colaboradores. O projeto, que teve parcerias do Laboratório Sabin e da Hapvida, contou com palestras e exames médicos gratuitos. A corretora Edileuza Mourão, da Leal Moreira Imobiliária, foi uma das participantes. “Achei muito importante a iniciativa da empresa em possibilitar que nós fizéssemos no horário de trabalho a avaliação da nossa saúde, que é a coisa mais importante que temos. Como nossa vida é corrida e, às vezes deixamos de ir ao médico, esse momento serviu para dar uma prévia de como estamos.” O auxiliar de limpeza Antônio de Oliveira também aprovou a iniciativa. “Para nós a palestra foi muito importante. É sempre bom quando a empresa traz conhecimentos para alertar sobre a nossa saúde, que é um bem tão precioso. Com a saúde perfeita, nosso trabalho rende e a gente trabalha feliz.” O biomédico e palestrante Marcelo O’brien do Laboratório Sabin, parceiro do projeto, ressaltou a relevância de iniciativas do gênero. “A partir do momento que uma pessoa adquire conhecimento de que determinada doença causará tantos problemas na sua vida, ela começa a refletir e passa a mudar seus hábitos, transmitindo isso também para a família dela. Essa é a grande importância de ações como a ‘Semana da Saúde’.” www.revistalealmoreira.com.br
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EKO
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Check List das obras Leal Moreira projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .
Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torre Résidence 3 suítes (174m²) • cobertura 4 dorm. (3 suítes - 361m²) • TV. 3 de Maio, 1514 (entre Av. Magalhães Barata e Av. Gentil Bittencourt). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: maio de 2014
Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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em andamento
concluído
Check List das obras ELO projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: maio de 2014
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Nara D’Oliveira Consultora empresarial
Esses números se mantêm mesmo em um período de baixa de oferta de empregos formais. Segundo o DIEESE, no mês de abril, o estado do Pará fechou com um saldo positivo de 3.023 empregos, ou seja, entre o número de contratações e de demissões, tivemos um número maior de admissões. Em abril de 2013, o saldo foi positivo com 150 postos de trabalho. Esses números são imensamente inferiores dos existentes em 2009 a 2011, por exemplo, e refletem a situação econômica que o Brasil vem enfrentando. O Brasil ocupa 38º posição em formação educacional de seus trabalhadores. O primeiro colocado é a Rússia, seguida do Canadá e de Israel. Os EUA ocupam a 5ª posição. A pesquisa é da OCDE. Uma ação que é determinante para o desenvolvimento de habilidades é a educação profissional oferecida pelas organizações a seus colaboradores. No Brasil, ainda há a cultura de corte dessa atividade com a restrição de caixa Essa preferência mostra a descrença na educação como força motriz de trans-
Os Desafios do Emprego no Pará
não possuem o saber), com nenhuma universida-
formação e desenvolvimento, e concorre para a bai-
de de primeira linha, os profissionais paraenses que
xa qualidade de nossa mão de obra.
conseguem disputar posições são sobreviventes de
Profissionais ecléticos, com alto poder de adap-
um mar de percalços e infortúnios. Notadamente,
tação também são forjados nos bancos de aula
quem possui condições de comprar uma educação
de educação profissional e por meio da pedida da
particular é quem consegue engrossar os nossos
cultura organizacional. No Pará, a maioria das em-
números. Contudo, mesmo esses não possuem
presas ainda possui processos seletivos altamente
muitas opções, tais como escolas bilíngues ou um
restritivos: só contrata quem possui experiência com
leque grande de graduações a escolher.
alta similaridade aos cargos, não absorvendo pro-
Poder de adaptação, capacidade de resposta a
O problema não é centrado em um dos estados
fissionais com vivência correlata ou com potencial
ambientes com grande mutação, agilidade na ob-
mais pobres da Federação. Segundo a OCDE, o
para desenvolver uma nova e diferente posição. Tal
tenção de novos conhecimentos, disponibilidade
clube dos países ricos, menos de 1% dos brasilei-
conduta de atração de profissionais reflete uma es-
para o novo: é esse profissional de que o mercado
ros consegue alcançar os dois níveis mais altos de
tratégia organizacional e, consequentemente, uma
precisa. O Pará não consegue entregar esta mão de
conhecimento em matemática no PISA, exame in-
forma de condução dos negócios.
obra.
ternacional que a OCDE, realiza a cada dois anos.
Múltiplos fatores concorrem para que o Pará seja
O tempo médio de fechamento de uma posição
no conhecimento, as empresas precisam ter poder
hoje um estado carente, no que diz respeito à forma-
estratégica na Gestor Consultoria é de 90 dias,
de inovação para enfrentar e responder ao mercado.
ção de mão de obra. Não temos vagas para todas
sinal
profissionais
Esse enfrentamento está diretamente relacionado
as nossas crianças, somos carentes de escolas de
disponíveis e o que as empresas buscam. Quando
à capacidade de resposta das pessoas que com-
nível médio técnico (o Pará dispõe de seis), corroídos
falamos de algumas posições técnicas de níveis de
põem as empresas. Portanto, empresário, levante
pelo problema do analfabetismo funcional (em que
coordenação ou análise, esse time cai para 30 dias,
de sua cadeira e vá repensar a forma de preparação
mesmo as pessoas que possuem o diploma, mas
o que é considerado absurdo pelas organizações.
das pessoas para este novo momento.
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do
descasamento
entre
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os
Em um mundo com modelo econômico baseado
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RLM nº 44
Futebol, paixão e arte. Viva o talento brasileiro.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Leal Moreira
Leal Moreira e você torcendo com o Brasil.
ano 10 número 44
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Raça, amor e paixão Duzentos milhões de brasileiros e um único desejo: a sexta estrela.
Tostão e Júnior Frida Kahlo Walério Araújo Janaína Rueda