UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO AVALIAÇÃO FINAL ORIENTANDO: Denis Jesus Mignoli ORIENTADOR: Profº Ms. Sérgio Luiz Salles Souza TEMA: Museu da Pessoa conexão e requalificação ao eixo cultural da Luz novembro | 2017
“Em seu interior, o museu transformou-se em um lugar destinado à afluência
maciça de um público ativo, aos estímulos, à interação e também ao consumo em seu sentido mais amplo (cafeterias, restaurantes, lojas, livrarias, etc). Em sua relação com o exterior, o museu reforçou sua dimensão coletiva e converteu-se em um dos lugares públicos mais característicos da cidade contemporânea.” (Montaner, 2003, p.148)
RESUMO Este trabalho propõe um espaço cultural na região da Luz, apoiado no acervo montado por anos pelo Museu da Pessoa. Além de projetar uma sede adequada para o Museu e promover uma conexão com o entorno imediato, é abordado também a relação com os outros espaços públicos e culturais do distrito Luz, com o intuito de potencializar e demostrar como uma instituição pode contribuir para a construção da identidade e apropriação da área. O projeto também apresenta grande pesquisa a respeito da sustentabilidade, dos mais diversos assuntos, abordando economia de energia, ventilação natural e uso de materiais para obter maior economia energética. A organização do caderno foi montada com o intuito de transmitir o processo de trabalho ao longo do ano. As citações e referências, exceto periódicos, estão de acordo com as diretrizes para apresentação de dissertações e teses da USP (SiBi/USP).
URBANIDADE
INTERVENÇÃO
qualidade de um espaço-tempo cotidiano
qualidade de um espaço-tempo da intervenção
DISTRITO LUZ E REGIÃO moradia
restaurantes arte
MUSEU DA PESSOA
praia urbana
lojas
bares
coletivos
função social da propriedade
pavilhão
lazer
livrarias banheiros
Figura 1.Diagrama síntese do trabalho deste caderno
água
mobiliários experimentais
cinema aberto
coworking
Imagem da capa: demonstra a ligação dos equipamentos culturais e áreas verdes com o Museu da Pessoa
Figura 2. - Fonte: Google Earth
Agradecimentos Dedico este trabalho a todos que ajudaram diretamente ou indiretamente para a conclusão deste: Marina, Carol, Paloma, Regiane, Camila e tantos outros da vida acadêmica. Agradeço aos queridos professores que me apoiaram durante todos esses anos e certamente são uma inspiração para a vida: Andrea Tourinho, Ana Paula Koury, Pedro Telecki, Luciana Brasil, Guilherme Castro, Eneida Almeida, Carlos Verna, Hebe Olga, Vanessa Guilhon, Kátia Azevedo e Anníbal Montaldi. Agradeço especialmente ao professor Sérgio Salles, por todo este último ano de muito aprendizado e esforço e que demostra grande paixão pelo que faz. Agradeço também aos professores Seixas e Vanessa Guilhon pelas contribuições ao TFG. Finalmente, agradeço aos pesquisadores científicos que embasaram meu trabalho e que certamente mostram a importância desta. Sem investimento em ciência o país estará fadado ao subdesenvolvimento.
SUMÁRIO
Capítulo 1. O MUSEU DA PESSOA........................................................ 7 HISTÓRIA..................................................................................... 8 MUSEU EM NÚMEROS.................................................................. 13 VISITA AO MUSEU......................................................................... 14 Capítulo 2. INTRO............................................................................... 17 Capítulo 3. ANÁLISE DO LUGAR........................................................... 19 PERTINÊNCIA DO LUGAR............................................................... 20 DISTRITO LUZ.............................................................................. 23 VAZIO GERADO............................................................................. 25 PONTO ESTRATÉGICO................................................................... 26 HABITAÇÃO SOCIAL...................................................................... 27 LEGISLAÇÃO................................................................................ 28 Capítulo 4. PROJETO.......................................................................... 29 PREMISSAS................................................................................. 30 PROPOSTAS................................................................................. 31 1º E 2º SEMESTRE - MUDANÇAS................................................... 35 MATERIALIDADE E CONSTRUÇÃO................................................... 36 PROGRAMA................................................................................. 37 LINGUAGEM................................................................................. 40 DETALHAMENTOS........................................................................ 65 Capítuo 5. SUSTENTABILIDADE............................................................ 67 ACÚSTICA.................................................................................... 70 TÉRMICO..................................................................................... 73
6
VEGETAÇÃO................................................................................. 78 VENTILAÇÃO................................................................................ 80 Capítulo 6. SISTEMA URBANO............................................................. 81 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA .................................................. 82 A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO NA LUZ................................ 89 PREMISSAS................................................................................. 92 PROPOSTAS................................................................................. 93 USO DO SOLO.............................................................................. 94 DESENHOS.................................................................................. 98 Capítulo 7. INTERVENÇÕES TEMPORÁRIAS........................................... 109 POTENCIAL TRANSFORMADOR...................................................... 110 PAVILHÃO MUSEU DA PESSOA...................................................... 112 DESENHOS.................................................................................. 113 Capítulo 8. PROJETO DE REFERÊNCIA.................................................. 121 CARRÉ D’ ART.............................................................................. 122 CENTRO CULTURAL CASTELO CAMBRO......................................... 124 MAXXI......................................................................................... 125 HUMANIDADES2012..................................................................... 127 MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA.................................................. 128 AXEL SPRING CAMPUS................................................................. 129 MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS........................... 130 Capítulo 9. REFERÊNCIAS................................................................... 133 BIBLIOGRAFIA.............................................................................. 134 LISTA DE FIGURAS........................................................................ 137
O MUSEU DA PESSOA
1
HISTÓRIA ............................................................................................... 1.1 MUSEU EM NÚMEROS....................................................................... 1.2 VISITA AO MUSEU .............................................................................. 1.3
7
1.1
HISTÓRIA “ democratização da construção de nossa memória social” O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo fundado em 1991 por Karen Worcman (Figura 3), com o objetivo de transformar histórias em fonte de conhecimento, conexão e compreensão entre as pessoas, constituindo uma ‘Rede Internacional de Histórias de Vida’. A importância do Museu se dá do ponto de vista do indivíduo, transformando histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão entre pessoas e povos, tornando-se também um importante difusor de diversas culturas espalhadas pelo Brasil. No Museu da Pessoa o visitante possui um papel participativo, no qual pode criar suas próprias coleções de histórias, sendo um curador, bem como registrar sua história, se tornando parte do acervo. De acordo com o Museu as principais linhas de ação são quatro:
Figura 3 - Karen Worcman - fundadora do Museu da Pessoa.
•Conte Sua História: Canais de registro, sistematização, preservação e divulgação de histórias de vida. •Museologia: Acervo digital e físico constituído por narrativas de vida em áudio, vídeo, texto e fotos e documentos digitalizados. •Educativo: Disseminação do conceito e da metodologia do Museu da Pessoa em escolas, comunidades, organizações e grupos de indivíduos. •Memória Empresarial: Registro, sistematização, preservação e divulgação de memória das organizações. O programa, ‘Conte Sua História’ (Figura 5), acaba destacando-se dentre todas as outras atividades por conta da sua abrangência de temas e livre participação. Dentro deste programa são feitas gravações em estúdio físico, estúdio itinerante, (museu que anda), expedições, viagens temáticas pelo país para registrar histórias de vida de pessoas em comunidades e espaços que sofrem grandes transformações tais como a Amazônia.
8
1.1
A primeira atividade do Museu da Pessoa foi a exposição ‘Memória & Migração’ no MIS (Museu da Imagem e do Som, SP) em dezembro de 1991, que narrava a trajetória dos imigrantes judeus para o Brasil. Dentro desse espaço havia uma cabine que permitia que qualquer pessoa contasse sua história e foi a partir daí que se mostrou atrativa a ação de recolher depoimentos e transformá-los em fonte de conhecimento. Em 1994, foi realizada uma exposição relacionada à Memória Empresarial, na qual foram procuradas pessoas que poderiam dar uma nova perspectiva para a montagem do memorial do Museu do São Paulo Futebol Clube, tais como jogadores, cozinheira e telefonista. Ainda em 1994, foram contadas histórias do comércio em São Paulo, com parceria do Sesc-SP, cujo atividade gerou um dos primeiros CDROMs históricos e interativos do Brasil e seis exposições. Neste momento houve também parceria com o CUT para registrar as histórias das profissões em extinção (MUSEU DA PESSOA 1997-2003, 2017) Antes da popularização da internet, o Museu iniciou uma nova forma de coletar depoimentos: o Museu que Anda (Figura 4). Eram cabines de capação de vídeos que recolhiam depoimentos e circulavam por espaços públicos e privados das cidades brasileiras. Foram usadas mais de 200 destas cabines no programa. Em 1996, foi criado o primeiro site do Museu da Pessoa na Internet. No ano seguinte foi aberta a possibilidade de enviar histórias de vida dos usuários por meio do e-mail, utilizando-se de datas comemorativas como Dia das Mães, dos Pais para se popularizar a atividade proposta. As primeiras histórias enviadas eram relacionadas ao amor, história de famílias ou de uma grande superação pessoal.
Figura 4. Uma das 200 cabines usadas pelo Muse da Pessoa no programa Museu Que Anda.
O Museu da Pessoa tinha como premissa a ‘democratização da construção de nossa memória social’ e, para isso ocorrer, foi trabalhada a ideia dos grupos sociais serem capazes de registrar suas próprias histórias. Um dos primeiros programas chamava-se ‘Agentes da História’, que ensinava idosos a entrevistarem outros idosos. Outro programa, em sequência, foi o ‘Memória Local’, em 2001, cujo local de atuação foram as escolas públicas do Estado de São Paulo em que os professores eram treinados para realizar atividades de memória com seus alunos (Figura 6). 9
1.1
De acordo com o museu, a metodologia para programa ‘Memória Local’ era a seguinte: Após uma série de discussões e leituras (são realizadas práticas de leitura, construção de bibliotecas sobre memórias e biografias), os alunos passam a pesquisa e, a partir daí cada turma ‘escolhe’ alguém da comunidade para ser o grande entrevistado. Os alunos discutem o que é um roteiro, uma história de vida, trazem seus pais para narrar suas histórias, aprendem algumas posturas de entrevista, organizam suas curiosidades, fazem muitos exercícios de desenho e em grupos (uns entrevistam, outros desenham...) e partem para realizar a ‘grande entrevista’ que, uma vez realizada é processada pelos próprios alunos. Todo o material sofre um processo de curadoria e é organizado em uma coleção virtual no site do Museu da Pessoa. Os textos escritos e os desenhos são transformados por um cenógrafo em uma exposição (Figura 5) em um local público da cidade (MUSEU DA PESSOA 1997-2003, 2017).
Figura 5. Entrevista sendo realizada no estúdio do Museu da Pessoa para o programa “Conte sua história”.
É também no começo do séc. XXI que o Museu da Pessoa irá ganhar ainda mais experiência em uma das suas principais linhas de ação: a ‘Memória Empresarial’. Entre as empresas interessadas em montar um acervo de memória estão a Petrobras, a Vale, a Votorantim, o Grupo Algar e o Sindicato de metalúrgicos do ABC. A metodologia para isso, seguindo o Museu, era a seguinte: De início fazíamos sempre uma pré-pesquisa para, em uma linha do tempo simplificada, identificar os grandes marcos da trajetória da empresa. Identificávamos a cadeia produtiva da instituição e, em um mapeamento, fazíamos uma grade de nomes que representassem diferentes momentos históricos da empresa, cargos e funções. Em seguida, fazíamos as entrevistas, todas de história de vida. Do conteúdo de pesquisa e das histórias, nasciam os produtos: centros de memória físicos e virtuais, livros,exposições, vídeos, etc (MUSEU DA PESSOA 1997-2003, 2017).
10
No começo dos anos 2000 foi iniciado o programa ‘Brasil Memória em Rede’ (Figura 7) que envolveu diretamente cerca de 100 organizações em todo país para articularem suas ações em torno da memória. Em 2007, o Museu da Pessoa tornou-se
1.1 um “pontão” de memória, que possibilitou a construção de polos regionais de memória, responsáveis pela articulação de projetos de memória em seus territórios. Na sequência foi iniciada o movimento ‘Um Milhão de Histórias de Vida de Jovens’, com o intuito de estimular os próprios jovens dessas organizações a se tornarem facilitadores de círculos de história e a criarem suas histórias para serem compartilhadas em uma plataforma digital. A ampla atuação do Museu da Pessoa inspirou a criação de três museus fora do Brasil: Portugal, 1999; EUA, 2001; Montreal- Canada, 2003. A afinidade e promoção conjunta veio em 2007 com a ideia de constituir um Dia Internacional de Histórias de Vida. Em 2010, foi lançada uma plataforma digital que permitia, por meio de um Google Maps, a inserção colaborativa da iniciativa. Ao final de nossa última versão, em 2012, havia mobilizado cerca de 30 países e mais de 220 organizações. Durante a crise financeira internacional de 2008, o Museu enfrentou desafios financeiros e permitiu que focassem na digitalização de parte do acervo e transcodificasse todo o material em formato hi 8, betacam, mini dv, VHS. A partir dessa sistematização foi sentido pela equipe que o material que possuíam era “um patrimônio único do Brasil” e assim vislumbraram temas a serem explorados, tais como memória do desenvolvimento industrial no Brasil, da saúde, do comércio, de mulheres empreendedoras, de futebol, de moradia, de imigrantes variados entre tantos outros temas.
Figura 6. Exposição externa referente ao programa ‘Memória Local’, feito em escolas públicas.
Desde 2006 foi desenvolvida uma linha de trabalho chamado Memória dos Brasileiros. Organizado, inicialmente, em quatro linhas temáticas segundo o museu: “Brasil que muda (histórias de Empreendedores Sociais e lideranças de todas as áreas); Brasil que não muda (histórias de antigas formas que traduziam a realidade histórica do Brasil como, por exemplo, o trabalho escravo,) Saberes e Fazeres (histórias de pessoas que possuem grande parte da cultura oral) e Brasil Urbano (histórias de cidade, de periferia, de migração e imigração)”. O resultado do trabalho foram mais de 300 histórias coletadas, seis expedições culturais pelo país (abrangendo 15 estados e 42 cidades) (MUSEU DA PESSOA 2008-2014, 2017). 11
1.1 Em 2013, com o apoio institucional dos Correios, foi realizado uma grande expedição pelo país procurando histórias de conexão de pessoas antes da internet. Este projeto, ‘Aproximando pessoas’, envolveu uma campanha virtual de histórias, o registro de 84 histórias de vida, uma exposição (Figura 8) e uma publicação. Em 2014 foram realizadas as expedições ‘mulheres empreendedoras’, ‘ouvir o outro’ (registro de histórias de vida de pessoas que participam de cadeias produtivas), ‘a Gente na Copa’ e atividades educacionais em escolas públicas de Cubatão, Itapevi e Alumínio. Em 2015 foi realizada uma curadoria de histórias e fotos para a preparação da exposição Resiliência, em 2016 no Musée de La Civilization em Quebéc, o projeto ‘Todo Lugar tem uma História para Contar’ e o projeto ‘Transformações Amazônicas’. Figura 7. Site do programa “Brasil Memória em Rede”.
12
Figura 8. Exposição montada a partir das expedições que o Museu promoveu ao longo do país.
MUSEU EM NÚMEROS
1.2
ACERVO 17 mil histórias de vida 60 mil fotos e documentos 25 mil horas de gravação em vídeo TECNOLOGIA SOCIAL DA MEMÓRIA 4.500 professores 45.000 estudantes, profissionais e lideranças comunitárias 1.300 organizações e escolas PROJETOS E PRÊMIOS 252 projetos 19 prêmios PRODUTOS 74 exposições 68 publicações 8 exposições permanentes e centros de memória
13
1.3
VISITA AO MUSEU Atualmente o Museu da Pessoa possui uma sede administrativa e um pequeno espaço expositivo, cerca de 25 m², na Vila Madalena, São Paulo (Figura 9). O piso térreo da edificação é dedicado ao visitante, cujos projetos do museu são apresentados de forma breve (Figura 10) e é neste nível também que se localiza o estúdio para gravações (Figura 11). Acima desta área se encontra a área administrativa e aos fundos do lote há um espaço para pequenas oficinas e palestras (Figura 13). A visita foi extremamente importante, pois demostrou o quanto o espaço é limitado comparado com a abrangência e quantidade de trabalhos que o Museu elabora. Em conversas com funcionários, é possível perceber o anseio de um espaço maior e intenções de trazê-lo a uma categoria de museu físico de grandes proporções, tais como os principais museus da Cidade de São Paulo.
Figura 9. Fachada do Museu da Pessoa em sua sede administrativa.
Figura 10. Pequeno espaço expositivo..
14
1.3
Figura 11. Estúdio de gravação.
Figura 12. Pequeno espaço expositivo.
Figura 13. Área dos fundos para pequenas oficinas e palestras.
15
INTRO
2
OBJETIVO................................................................................................ 2.1 JUSTIFICATIVA...................................................................................... 2.2
17
2 OBJETIVO O trabalho tem como objetivo propor um museu baseado no acervo do Museu da Pessoa e inserí-lo no distrito da Luz com o intuito de incrementá-lo naquele eixo cultural. O Museu, como principal instrumento de intervenção na área da Luz, necessita sua total explanação e atividades que exerce antes de ser abordado o sistema urbano, pois suas atividades trazem maior coesão e lógica em como requalificar os espaços livres da região. Assim, este trabalho é estruturado em seis partes principais: O Museu da Pessoa, Análise do Lugar, Projeto, Sustentabilidade, Sistema Urbano e Intervenções Temporárias. JUSTIFICATIVA A materialização do Museu da Pessoa se faz necessária por possuir um acervo de grande riqueza social e, transformá-lo em um museu de grande porte da cidade, evidenciará sua importância perante os demais equipamentos culturais e será um instrumento investigativo utilizado para requalificação urbana de um ponto de vista pouco abordado pelas políticas públicas no distrito da Luz ao longo de sua história.
Figura 14. Proposta do arquiteto Jaime Lerner para o Museu da Pessoa.
18
É relevante informar que O Museu da Pessoa já possuiu uma proposta de projeto elaborada pelo arquiteto Jaime Lerner, que não foi realizada e possui poucas informações gráficas (figura 14). A importância de ser concebido na região da Luz está em ser caracterizado como museu contemporâneo, com acervo dinâmico, capaz de trazer nova experimentação dos espaços, renovação e ligação ao eixo cultural da Luz.
ANÁLISE DO LUGAR
3
PERTINÊNCIA DO LUGAR.............................................................. 3.1 DISTRITO LUZ....................................................................................... 3.2 VAZIO GERADO................................................................................... 3.3 PONTO ESTRATÉGICO..................................................................... 3.4 HABITAÇÃO SOCIAL.......................................................................... 3.5 LEGISLAÇÃO......................................................................................... 3.6
19
3.1
PERTINÊNCIA DO LUGAR
O distrito da Luz, região central da Cidade de São Paulo é bem servido de infraestrutura, possuindo grandes equipamentos de transporte urbano (figura 15) e abriga inúmeros edifícios de valor reconhecido como patrimônio histórico e bem cultural (figura 16). Os equipamentos educacionais também são relevantes na área (figura 17).
De forma conjunta, o distrito favorece a implantação do Museu da Pessoa como oportunidade para este equipamento atuar no bairro e requalificar o Eixo Cultural da Luz.
Transporte público sob trilhos Lote do projeto
20 Figura 15.
3.1 Equipamentos culturais e educacionais (ensino superior e tĂŠcnico) Lote do projeto
Figura 16.
21
3.1 Equipamentos educacionais (ensino infantil, fundamental e mĂŠdio)
Figura 17.
22
DISTRITO LUZ
3.2
A partir de 1860 o bairro da Luz sofreu grandes transformações urbanas com a construção da ferrovia The São Paulo Railway Company e a construção da primeira estação da Luz em 1867. Esta estação se tornou ponto chave do tráfego urbano e comercial do centro de São Paulo, atraindo elites para a área e consequentemente investimentos públicos sobretudo em infraestrutura. Até 1950 a região da Luz atraiu diversos equipamentos culturais como Museu Belas Artes, Pinacoteca do Estado e o Liceu de Artes e Ofícios, demostrando a inigualável qualidade dessa região central da cidade de São Paulo. A desvalorização do bairro se iniciou com o deslocamento da elite paulistana para o eixo sudoeste da capital, em direção à região da Av. Paulista e à Marginal Pinheiros, posteriormente. Esse deslocamento foi justificado pelo declínio do transporte ferroviário já na segunda metade do século XX e a valorização do transporte rodoviário (CASTILHO, 2013). Contudo uma das principais causas desse esvaziamento veio da construção da estação rodoviária nos anos 60 ao lado da estação Júlio Prestes, claramente equivocada se observado a capacidade e desenho do viário existente no bairro do Campos Elíseos. O grande fluxo de pessoas na região, e a degradação dos edifícios em seu entorno, permitiram a marginalização da área e contribuíram com o surgimento da Cracolândia, um espaço cujo consumidores de droga se reúnem, vendem e consomem tais alucinógenos. A saída da estação rodoviária do bairro agravou ainda mais a degradação do bairro e sua ausência trouxe um vazio urbano e de uso para o bairro. As tentativas do poder público desde a década de 70, como Monumenta Luz (2002) e Luz: Renovação Urbana (1972), demonstraram-se falhas e incapacitadas de lidar com a complexidade existente na Luz.
23
3.2
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
24
Figura 18, 19, 20 e 21.
CENTRO DE SÃO PAULO
LOTE MUSEU DA PESSOA
3.3
VAZIO GERADO
O lote escolhido para o Museu da Pessoa se situa ao lado da Estação da Luz da CPTM e também ao lado estação da Luz da linha 4 amarela do Metrô.
Tobias R. Brig .
Av. Ca sper L íbe
ro
A área, sem nenhuma edificação existente, foi fruto de desapropriações necessárias para a construção da linha 4 amarela do Metrô como se pode observar nas imagens satélites ao lado esquerdo.
2002
Algumas propostas para o terreno desocupado pertencente ao Metrô foram estudadas pela empresa Via Quatro, tais como shopping ou uma faculdade (“Nova estação da Luz terá faculdade, hotel ou shopping”, Estadão, 15/09/2011).
s R. Brig . Tobia
Av. Ca sp
er Líbe
ro
Figura 22.
A ideia inicial era que a superfície acima da estação da Luz do Metrô seria devolvida ao bairro como uma praça, porém foi observado em pesquisa de campo pouca fluidez e permanência dos pedestres, além dos acessos à estação se voltarem contra a própria praça criada (Figura 25 e 26).
2007
LOTE
Figura 23. Figura 25. Vista da Av. Casper Líbero em direção à praça e ao lote (direita).
2016
s R. Brig . Tobia
Av. Ca sp
er Líbe
ro
LOTE
Figura 24.
Figura 26. Vista da rua Brigadeiro Tobias em direção à praça e ao lote (esquerda).
25
3.4
2
4
2
2
4
1 1
2
R. M
auá
2
Figura 27. Dos eixos estruturadores ao lote.
3
1
3
1
3
1
4
5
Vias primárias
1 4
1
4
s
dente
3
Av. T ira
R. Pr ates
PONTO ESTRATÉGICO
3 3
Vias de acesso à praça
3
Potencialidades na área
26
Av. Tiradente s
4
R. Br ig. To b
Av. Ca sp
Lote do projeto
ias
er Líbe r
o
Linha férrea
Conflitos na área 1 Equipamentos culturais isolados do ponto de vista do pedestre 2 Áreas livres ociosas 3 Conflitos de pedestres e carros
1
Inúmeros equipamentos culturais próximos uns dos outros
2
Áreas verdes/desocupadas presentes
3
Transporte de massa próximo | facilidade de acesso
4
Proximidade com ruas comerciais de grande movimento
4
Falta de mobiliário urbano que incentive a permanência do pedestre
5
Possibilidade de requalificação da praça da estação ao lado do lote
5
Praça isolada fisicamente e sem uso pertinente
Figura 28.
HABITAÇÃO SOCIAL Habitações sociais previstas pelo Plano Diretor (Lei nº 16.050/14)
Figura 29.
3.5
Não é objetivo deste trabalho propor habitações dentro do perímetro do distrito da Luz, já que está previsto pela lei de zoneamento (Lei nº 16.402/16) uma zona de ZEIS 3, há o programa Renova Centro da Prefeitura da Cidade de São Paulo, cujo objetivo é ocupar 53 prédios abandonados do centro da cidade mas que esbarra em dificuldades burocráticas (Fonte: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,apos-3-anos-so-7-predios-foram-reformados-no-centro-de-sp,959438>) e existe o Complexo Júlio Prestes sendo construído pelo Governo do Estado de São Paulo com 1.202 apartamentos (figura 29), que embora haja um debate acerca do ingresso dessas moradias pela população do centro com baixo poder aquisitivo, se procura valorizar a construção desse tipo de empreendimento em pleno centro de São Paulo. Neste trabalho me comprometo a explorar a importância de reocupar os espaços públicos, no sentido de alçar maior urbanidade à área e construir a identidade do bairro, através de melhorias em seu suporte físico e também através de intervenções temporárias utilizando o Museu da Pessoa como uma das ferramentas.
Figura 30. Complexo Júlio Prestes da autoria do escritório Biselli & Katchoborian Arquitetos Associados.
27
3.6
LEGISLAÇÃO O terreno proposto para intervenção, com área de 5.810m², está situado no bairro da Luz, pertencente à Subprefeitura da Sé. Conforme o plano diretor estratégico, Lei nª 16.050/14, a área é classificada como Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana e de acordo com o Art.10 da mesma lei, um dos objetivos desta macrozona é a orientação dos processos de reestruturação urbana de modo a repovoar os espaços com poucos moradores, fortalecer as bases da economia local e regional, aproveitar a realização de investimentos públicos e privados em equipamentos e infraestruturas para melhorar as condições dos espaços urbanos e atender necessidades sociais, respeitando as condicionantes do meio físico e biótico e as características dos bens e áreas de valor histórico, cultural, religioso e ambiental. Conforme Lei de Uso e Ocupação do Solo vigente, Lei nº16.402/16, o lote é indicado como ZC – zona de centralidade e possui os seguintes parâmetros: •
Coeficiente de aproveitamento máximo (C.A.) máximo: 4 = 23.240m²
C.A. usado= 9106 m² de acordo com a quantidade de áreas expositivas e demais espaços coerentes com o acervo do Museu. • Taxa de ocupação (T.O.) para lotes igual ou superior a 500 metros: 70% = 4.067m²
T.O. usado= 754 m²
•
Gabarito máximo: 48 metros
Gabarito do edifício: 26 metros
•
Taxa de permeabilidade: 25% = 1.452,5 m²
•
Recuo mínimo de frente: 5m
• Recuo lateral obrigatório a partir de 10 metros de altura: dispensado conforme Art. 66., quando o lote vizinho apresentar edificação encostada na divisa do lote. 28
PROJETO
4
PREMISSAS.............................................................................................. 4.1 PROPOSTAS............................................................................................ 4.2 1º e 2º SEMESTRE - MUDANÇAS..................................................... 4.3 MATERIALIDADE E CONSTRUÇÃO............................................ 4.4 PROGRAMA............................................................................................ 4.5 LINGUAGEM.......................................................................................... 4.6 DESENHOS............................................................................................. 4.7 DETALHAMENTOS............................................................................. 4.8
29
4.1
PREMISSAS Tendo em vista a área de intervenção ser situada ao lado da praça da estação Luz e ter uma topografia predominantemente plana foram definidas as seguintes premissas para o projeto:
Rua Mauá
• Potencializar os fluxos existentes e requalificar áreas passíveis de permanência; • Requalificar a praça ao lado do lote de modo a ressignificá-la de acordo com o Museu implantado;
ro Av. Casper Líbe
Rua Brig. Tobias
• Permitir livre circulação de pedestres em parte do nível térreo do Museu, enfatizando o caráter público deste; • Procurar não haver distinção dos espaços expositivos com o corpo do edifício; • Potencializar a relação visual do Museu com seu entorno imediato; • Inteligação física entre o Museu e o Metrô; • Viabilizar as áreas expositivas em quantidade coerente com o acervo do Museu.
Pontos de chegada à área Figura 31.
30
ÁREA ATUALMENTE escala 1:1250
10
20
30m
N
Fluxos principais de pedestres
4.2
PROPOSTAS O Partido Arquitetônico e decisões projetuais: • Desloca-se os acessos para o Metrô de modo a valorizar a praça em sua superfície (com consulta a Companhia do Metrô para saber a viabilidade de tal proposta - 1);
• É viabilizado uma área expositiva abaixo do nível térreo e integrado com o espaço de acesso do metro (ver subsolo - 4.7); • Utiliza-se lajes recuadas conforme a altura sobe de modo a gerar um espaço interno único voltado tanto para si como para a praça (ver linguagem – 4.6);
740
Rua Mauá
Fluxos de pedestres Novos pontos de chegadas à área V
Área passível de grande concentração de pessoas V
Ligação entre as duas ruas (Teatro Munguzá)
Rua Brig. Tobias
V
ro Av. Casper Líbe
eneral
Rua G
V
1
1
Couto
D
ães
Magalh Figura 32.
ÁREA ATUALMENTE Área com as propostas e o térreo do Museu esc 1:1250 1:1250 escala
10
20
30m
N
31
4.2 R
RUA B
OBIAS
RO T IGADEI
ÍBERO
AV.
Figura 33.
32
ER L CASP
• Pavimento térreo articula a transição entre as dependências do Museu e a Praça da Estação da Luz, criando espaços coletivos nestes;
4.2 ADEIRO G I R B A
TOBIAS
RU
BERO
R LÍ ASPE
AV. C Figura 34. Fonte: Elaboração própria
• Com o intuito de valorizar o conjunto arquitetônico-cultural da Luz e por questão de eficiência energética, as passarelas implantadas na face nordeste tratam de interligar os espaços internos de exposição, além de promover visuais à paisagem construída Pinacoteca, Estação da Luz e a Praça; • Permite-se a entrada ao Museu pela praça e incrementa possibilidades de usos de permanência à esta;
33
4.2 BIAS
RO TO IGADEI
R
RUA B
ÍBERO
ANTES
AV.
ER L CASP
ADEIRO G I R B A
TOBIAS
RU
DEPOIS
BERO
R LÍ ASPE
AV. C
Figura 35 e 36.
• Estando ciente da preexistência da Galeria Almira Gonçalvez, paralela ao lote do projeto, propõe-se ligação desta com o térreo do Museu.
34
1º E 2º SEMESTRE - MUDANÇAS
4.3
De acordo com o que foi observado na pré-banca realizada no dia 09/07/2017, as mudanças que foram realizadas podem ser dividas em três tipos: urbana, projetual e teórica. Do ponto de vista urbano foi realizado levantamento de usos da área urbana delimitada, produzido diagramas que mostrem a relação entre os equipamentos culturais e as áreas livres e revisão de intervenções viárias: Av. Tiradentes e Av. Cásper Líbero. No âmbito projetual, foi alçado maior clareza na distribuição programática dos níveis do Museu, de forma a estabelecer usos mais claros para cada. A circulação vertical também foi mudada, passando a ser principalmente por rampas. O térreo e subsolo do Museu mereceram um desenho mais apurado de forma a obter maior integração com a Praça da Estação da Luz e a Galeria Almira Gonçalvez. O auditório foi descolado para o 1ºpavimento com o intuito de estar mais próximo da circulação pública e se relacionar mais com o espaço à sua volta. Já na parte teórica, realizei uma pesquisa com o objetivo de demostrar a importância do espaço público, especialmente na região da Luz, baseando-se no trabalho de Mauro Calliari: “Espaço público de São Paulo: o resgate da urbanidade”. Outra pesquisa baseada no trabalho de Adriana Fontes, “Intervenções temporárias, marcas permanentes: apropriações, arte e festa na cidade contemporânea”, procurou demostrar a grande capacidade que as intervenções temporárias têm em transformar o espaço.
35
4.4
MATERIALIDADE E CONSTRUÇÃO
O edifício será composto por estrutura mista em concreto armado (subsolo) e estrutura metálica (demais pavimentos). A proposta da utilização de laje nervurada no subsolo se justifica nos grandes vãos que são alçados, na economia de aço e concreto, redução no desperdício da obra e a possibilidade de fixação direta de instalações, dispensando o uso do forro. A intenção é alcançar uma arquitetura com linguagem que expõe o material bruto, sem revestimentos, em contraposição com os demais espaços do Museu. Diferentemente do subsolo, os demais pavimentos possuem estrutura metálica por ser mais coerente com os grandes vãos e com a transparência e fluidez volumétrica adotadas. Além dessa vantagem, são estruturas mais leves, precisas, rápidas de serem montadas, tem alta maleabilidade e permitem um canteiro de obras muito mais limpo.
36
4.5
PROGRAMA
SUBSOLO
TÉRREO
Espaço para recebimento de material expositivo externo
ÁREA TÉCNICA
1ºPAVIMENTO M2
M2
2ºPAVIMENTO M2
3ºPAVIMENTO M2
M2
M2
241
Sanitários
60
Sanitários
60
Sanitários
60
Sanitários
60
Sala de máquinas
353
Sanitários ‐ auditório
22
Sanitários ‐ auditório
22
22
30 12
Sanitários ‐ administração
22
Sala central de inteligência Sanitário para funcionários Estacionamento com 20 vagas (com carga e descarga) Sanitários (exposição)
Sanitários ‐ administração
44
Recepção
40
Sala para instruções
26
Estúdio de gravação Acervo Administração Sala curadoria Sala direção e coordenação
80 135 83 102
Sala reunião
60
Copa
8
Área expositiva
520
750 60
Copa para funcionários
10
Restaurante
107
Sala para conferencistas
Área para fiscalização de veículos
10.5
Loja
50
Sala de apoio
50
ÁREA ADMINISTRATIVA
ÁREA EXPOSITIVA‐ COMUNITÁRIA
4ºPAVIMENTO
Exposição temporária
867
Oficinas
434
Hall de entrada
480
Auditório (305 lugares)
443
Área comum
120
Foyer ‐ mesas
332
Área expositiva
710
Midiateca
772
66
564
Cafeteria
168
Oficinas
233
37
4.5 ÁREA EXPOSITIVA ÁREA MIDIATECA ÁREA EXPOSITIVA SUBSOLO ÁREA AUDITÓRIO ÁREA ADMINISTRATIVA
Figura 37.
38
memória empresarial e educativa do Museu
museologia do Museu
área expositiva temporária
4.5 Justificativa de alguns programas que são pertinentes de serem explanados • Área expositiva do subsolo Essa área está vinculada tanto ao Museu como a praça da Estação da Luz, e tem como objetivo ceder o espaço para contar a história riquíssima do distrito da Luz, assim como de seus fatos contemporâneos. Como forma de exemplificação, o espaço pode ser cedido para artista que abordam temas como a Cracolândia, de forma a apresentar seu ponto de vista e contribuir para o debate. Alguns desses artistas são Jaime Lauriano e Raphael Escobar, cujos trabalhos entrei em contato atráves de pesquisa na Internet (figura 38). Assim o espaço se torna coerente com sua generosa abertura para o espaço livre e o Museu entra como “mediador do conflito”. • Midiateca O espaço da midiateca é importante para trabalhos acadêmicos e possui grande capacidade em transmitir o trabalho do Museu da Pessoa para aquelas pessoas que queiram se aprofundar e discutir mais sobre os temas. • Auditório Tem capacidade para abrigar palestras de forma a funcionar independentemente do Museu, podendo se tornar uma fonte de receita. O mesmo acontece com o restaurante e espaço de convívio/foyer do prédio. • Área expositiva (2º pavimento) Espaço dedicado a apresentar a museologia do Museu, umas das principais linhas de ação do Museu. • Área expositiva (3ºpavimento) Espaço dedicado a apresentar trabalhos referentes a memória empresarial e educativa do Museu. • Área expositiva temporária (4ºpavimento)
Figura 38. Obra de Rafael Escobar.
Assim como em todo museu de grande porte, a área expositiva é um dos principais espaços e por carregar tal responsabilidade, é reservada para ela pé-direito alto de 7,5 metros assim como iluminação natural com o intuito de valorizar as peças em exposição e ser também mais sustentável.
39
4.6
LINGUAGEM
O espírito do Museu da Pessoa refletido no espaço arquitetônico criado
Diferentemente do que acontece na maior parte dos museus, que possuem espaços expositivos compartimentados, o projeto para o Museu da Pessoa se propõe a ter um espaço interno contínuo, sem barreiras, favorecendo uma multiplicidade de atividades (figura 39). Essa permeabilidade visual gera uma área de encontro de diferentes pessoas, conectando e estimulando a troca de ideias, que vai muito de encontro com a interação e comunicação que já é praticada pelo Museu da Pessoa. Essa característica também incentiva o visitante a explorar o edifício de forma integral. ESPAÇO COMPARTIMENTADO
O acesso ao edifício possui uma permeabilidade acentuada, com diversas aberturas para seus espaços, da mesma forma que cede grande parte de seu espaço térreo à praça e à galeria, contribuindo ainda mais com o desenvolvimento social e o progresso comunitário, valores do Museu da Pessoa. As conexões entre os espaços são claras e destinadas a terem as melhores percepções visuais tanto do entorno imediato quanto das atividades internas. Uma dessas conexões são as rampas na fachada norte do edifício que estabelecem um vínculo simbólico com o local e a natureza circundante. Outro ponto de conexão é o acesso ao espaço expositivo do subsolo, cujas escadarias podem ser usadas como arquibancadas para eventos e até oficinas externas.
ESPAÇO PROPOSTO Figura 39.
40
Figura 40. Ilustração da praça adjacente ao Museu
Figura 41. Ilustração do acesso à área expositiva do subsolo
Figura 42. Ilustração do espaço expositivo do Subsolo
Figura 43. Ilustração do hall de entrada do Museu
Figura 44. Ilustração do espaço expositivo interno
Figura 45. Croqui demonstrando a praça da Estação da Luz e o Museu da Pessoa.
Figura 46. Ilustração da entrada do Metro pela exposição do subsolo
4.8
DETALHAMENTOS
porca sextavada
chapa perfurada furo redondo esp: 2 mm área aberta: 52% rebite
haste estojo
tubo retangular aluminínio 40 x 30 mm
chapa metálica
laje DETALHE - FIXAÇÃO DA CHAPA PERFURADA
66
escala 1:5
SUSTENTABILIDADE
5
LUGAR...................................................................................................... 5.1 CONCEPÇÃO DO PROJETO............................................................ 5.2 ACÚSTICA................................................................................................ 5.3 TÉRMICO................................................................................................. 5.4 VEGETAÇÃO.......................................................................................... 5.5 VENTILAÇÃO........................................................................................ 5.6
67
5
LUGAR O lugar que o projeto do Museu da Pessoa se localiza possui uma boa oferta em infraestrutura, cuja área envoltória possui duas estações do Metrô (Luz, da linha amarela e da linha azul do Metrô), duas estações de trem (Estação da Luz e Estação Júlio Prestes) e 14 linhas de ônibus, o que dispensa o uso do automóvel para grande parte dos visitantes e já contribui significativamente para a redução da pegada ecológica do edifício em cerca de 30,7% (Jourda, 2013, p.03). Concebendo o edifício em um perímetro já urbanizado, cujo lote se encontra vazio em uma área rica do ponto de vista cultural, social e econômico é relevante mencionar a importância da ocupação e utilização das áreas vazias do centro da cidade de São Paulo, contribuindo-se com uma maior dinamização da área, atraindo maior densificação e inibindo a expansão urbana. CONCEPÇÃO DO PROJETO Os espaços internos do Museu possuem áreas predominantemente compartilhadas e potencializadas através de grandes vãos da malha estrutural, sem distinção entre um ambiente e outro, o que contribui para a interação e comunicação dos usuários, além de possibilitar economia de área e consequentemente de recursos. Desde as primeiras ideias para o projeto, foi definido como uma das premissas a abertura das áreas livres que se encontram no térreo, ligando tanto à praça como à galeria adjacente e beneficiará um número muito maior de pessoas, que podem ou não estarem ligadas ao museu. É decidida uma circulação vertical por rampas na fachada voltada para o norte com o intuito de proteger a área interna dos raios solares, minimizando seus efeitos principalmente no verão. Essa iluminação natural na circulação vertical (figura ao lado) também incentiva os usuários a preferir usá-las ao invés dos elevadores e promove uma conexão visual com a praça da Estação da Luz e os outros equipamentos culturais e de lazer da região (Estação da Luz, Jardim da Luz e Pinacoteca).
68
O projeto prevê reaproveitamento das águas pluviais, visto que é um museu de grande porte e se faz necessária tal proposta. A água coletada servirá para irrigação da vegetação e nas descargas de bacias sanitárias pertencentes ao edifício.
Figura 47. Ilustração da rampa de circulação do Museu
5.3
ACÚSTICA
DIVISÓRIAS PARA AMBIENTE DE TRABALHO DO MUSEU
ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO
As divisórias com acústica são propostas nos ambientes em que é necessário isolamento acústico para permitir melhor concentração e trabalho. As paredes estão presentes no 3 pavto. deste projeto.
O estúdio de gravação, onde é gravado o programa “Conte Sua História” , necessita de um ambiente totalmente isolado do ruído sonoro. Para isso, a área técnica se posiciona como intermediário entre o estúdio e a área comum. São previstos também paredes não paralelas afim de obter menor reverberação.
parede de gesso acartonado com lã mineral portas duplas composta por painéis de MDF 18 mm sobre lã de vidro (e = 25 mm - D = 20 Kg/m³)
01 02 01
01 - gesso acartonado 12,5 mm 02 - lã mineral de baixa densidade 25 mm
ISOLAMENTO DE APROXIMADAMENTE 32dB
70
1
vidros duplos 8 e 10 mm
3 2
escala 1:175 1 - Técnica 2 - Depósito 3 - Estúdio de gravação
piso em granito e tabeiras em madeira
parede de concreto celular sob o piso flutuante
5.3 CAIXA “DENTRO” DA CAIXA - BASE ELÁSTICA
Painel absorvente cimento amianto esp: 6 mm
Painel refeltor de gesso esp: 12 mm
Carpete esp: 5 mm
Painel absorvente de madeira esp: 25 mm
AUDITÓRIO - 305 assentos
Contrapiso esp: 40 mm
escala 1:175
Lã de rocha - base elástica esp: 20 mm
71
5.3 ISOLAMENTO DO RUÍDO AÉREO
NÍVEL DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO SEGUNDO NBR 10.152, 1987 LOCAIS
dB (A)
NC
AUDITÓRIOS INTERNO
EXTERNO
35 - 45
30 - 35
PISO FLUTUANTE PARA ESTRUTURA METÁLICA - RUÍDO ESTRUTURAL
80 dB 39 dB
Salas de conferência, Cinemas, Salas de uso múltiplo
41 dB 01 - placas de gesso acartonado 12,5 mm 02 - lã de vidro 50 mm
1
02 1 Piso elevado
Tabuado Ethafoam 5 mm
ISOLAMENTO ACÚSTICO DAS PORTAS DO AUDITÓRIO
porta madeira maciça 3 cm juntas de feltro porta madeira maciça 3 cm
72
Base Painel Wall 40 mm Lã de vidro E= 25 mm, D= 100 Kg/m³
Steel Deck
TÉRMICO FACHADA NORTE - até 21 de junho
FACHADA NORTE - após 21 de junho
Figura 48. Carta Solar.
Figura 49. Carta Solar.
chapa perfurada furo redondo esp: 2 mm área aberta: 52%
5.4
FACHADA NORTE - brise escala 1:100
A chapa perfurada metálica foi optada no projeto por conseguir filtrar grande parte da incidência solar presente na fachada norte e permitir ao mesmo tempo a vizualização do exterior de modo muito equilibrado e nítido. A chapa e a rampa da fachada formam conjuntamente uma grande estrutura que se articula como um grande brise e uma ótima e eficiente solução para os desafios propostos.
vidro rampa - circulação vertical do edifício
FACHADA NORTE (outra seção) - brise escala 1:100
73
Figura 50. Ilustração do átrio do Museu
FACHADA LESTE - até 21 de junho
FACHADA LESTE - após 21 de junho
Figura 51. Carta Solar.
Figura 52. Carta Solar.
FACHADA OESTE - até 21 de junho
FACHADA OESTE - após 21 de junho
Figura 53. Carta Solar.
Figura 54. Carta Solar.
5.4
FACHADA LESTE - brise escala 1:100
FACHADA OESTE - brise escala 1:100
75
5.4 AR QUENTE EXAUSTORES
CALOR CHAPA PERFURADA
AR FRIO
Figura 55. DIAGRAMA VERÃO
76
EFEITO CHAMINÉ
No verão (figura 55), a chapa metálica perfurada protege a fachada do sol mais forte, mas permite que parte da incidência atravesse o vidro e aqueça o átrio. Assim como em uma grande chaminé, o ar quente do átrio puxa o ar dos ambientes, fazendo entrar ar do jardim e do subsolo (naturalmente com clima mais ameno). Além de renovar o ar internamente, permite uma ventilação natural, reduzindo muito a necessidade de ar condicionado. São previstos também quatro exaustores industriais na cobertura que podem ser acionados para drenar mais rapidamente o calor. No inverno (figura 56), quando o sol está mais baixo, a fachada recebe maior incidência de raios e aquece rapidamente. Com a exaustão fechada e ventos frios vindos do jardim e do subsolo, o calor gerado aquece o espaço deixando-o confortável. Caso o ambiente aqueça excessivamente, pode-se abrir a cobertura para a retirada do ar quente.
5.4 VENTOS DE INVERNO
CALOR
AR FRIO
Figura 56. DIAGRAMA INVERNO
77
5.5
VEGETAÇÃO
A partir de medições realizadas no bairro da Luz realizadas por Shinzato (Shinzato; Duarte, 2011, 2012) para se compreender quais são os efeitos da vegetação no ambiente urbano, verificou-se que a densidade das copas das árvores é o principal fator de qualidade de sombreamento e sua influência na temperatura do ar e das superfícies, assim, quanto maior a densidade e distribuição das folhas, melhor para a área. A partir dessa observação buscou-se criar uma massa vegetativa abundante (figura 58) no entorno do projeto, principalmente na praça adjacente. Devido ao metrô passar debaixo da praça, uma área considerável se tornou inviável para o plantio de mudas, procurando-se compensar em outras áreas onde fosse possível plantar. Assim, para aumentar as trocas úmidas dentro desse perímetro urbanizado e seco, procurou-se criar um espelho d’água (maior taxa de evaporação- figura 57), aumentar a superfície com solo exposto e criar massa vegetativa expressiva. Figura 57. Espelho d’água destacado.
78
Figura 58. Massa vegetativa.
Figura 59. Ilustração da área externa arborizada do Museu.
5.6
VENTILAÇÃO
O espaço do átrio tem um papel central na eficiência da ventilação natural dos ambientes internos do museu, pois sua grande dimensão propicia pontos de exaustão que corroboram com taxas de movimento de ar nos ambientes internos, o efeito chaminé e ventilação cruzada.
刀 唀 䄀
䈀 刀 䤀 䜀 䄀 䐀 䔀 䤀 刀 伀
吀 伀 䈀 䤀 䄀 匀
Figura 60. Estratégia geral da ventilação e o papel do átrio em maximizar a ventilação cruzada nos espaços internos.
80
SISTEMA URBANO
6
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA............................................ 6.1 A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO NA LUZ................. 6.2 PREMISSAS.............................................................................................. 6.3 PROPOSTAS............................................................................................ 6.4 USO DO SOLO....................................................................................... 6.5 DESENHOS............................................................................................. 6.6
81
6.1
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA A região da Luz foi objeto de diversos projetos de recuperação urbana do ponto de vista cultural e social, sendo os principais: Renovação Urbana (1972-1979), Luz Cultural (1985 -1986), Pólo Luz (1995-2002), Monumenta Luz (2002) e Projeto Urbanístico Nova Luz (2005-2012). Este subcapítulo tem como objetivo demonstrar os pontos fortes e fracos de cada programa de modo a permitir maior apuramento de decisões na proposta de intervenção deste caderno.
82
Figura 61.
Luz: Renovação Urbana (1972-1979)
6.1
A primeira proposta de reabilitação da região da Luz foi a partir da Lei de Zoneamento de 1º de novembro de 1974, que tinha como premissa impedir a descaracterização e orientar o desenvolvimento do bairro. Oo trabalho foi feito pelo escritório Rino Levi Arquitetos Associados e esta proposta se concentrava em temas de circulação e transportes (MOSQUEIRA, 2007, p.129). A única medida que saiu do papel foi a implantação da linha norte-sul do metrô. Em relação ao uso do solo foi proposto um aumento de áreas para uso residencial e comercial (preferencialmente de uso misto vertical). Os espaços destinados aos equipamentos institucionais seriam reduzidos a 15% da área pelo motivo de muitos deles apresentarem pouca ligação e usos conflitantes tais como edifícios culturais, que visam o público, e quartéis ou bases da polícia militar presentes também na região. A proposta para esse problema era a substituição de áreas institucionais não relacionadas à cultura por áreas verdes e de lazer e equipamentos comunitários de âmbito local deficientes ou inexistentes na região, especialmente creches, postos de saúde e áreas esportivas (CÉSAR et. al., 1977, p. 131). A proposta fracassou devido ao desinteresse do mercado imobiliário, em consequência dos baixos índices de aproveitamento do solo estabelecidos pela lei, medida tomada pela Legislação para evitar a descaracterização do tecido urbano existente, contrariando o plano pretendido do programa. Luz Cultural (1985 - 1986) O projeto Luz Cultural, desenvolvido pela Secretaria da Cultura e coordenado pela arquiteta Regina Prosperi Meyer, pretendia dinamizar a área à partir do mapeamento dos equipamentos urbanos existentes na região. As premissas valorizavam o potencial cultural da área através da divulgação e ampliação das atividades que nele se realizam, tanto no interior dos edifícios que abrigam usos culturais quanto nos espaços públicos abertos, e a incorporação destas atividades na vida cotidiana dos moradores da região, tornando-os protagonistas das mesmas (MEYER, 1987, p 78). 83
6.1
Um diferencial do projeto foi planejar o programa a partir da indução de mudanças na vida social dos moradores que pudessem refletir posteriormente em nível espacial executadas pelo Estado, ou seja partindo de uma escala crescente iniciada dentro do núcleo comunitário. Entre os eventos iniciados estavam ateliês de desenho e pintura no Jardim da Luz por exemplo. Outra realização do projeto Luz Cultural foi a instalação das Oficinas Culturais Três Rios, atualmente Oficina Cultural Oswald de Andrade, que oferece cursos e especializações nas áreas de teatro, cinema, música, dança e produção audiovisual. Polo Luz (1995-2002) Partindo da mesma ideia do Projeto Luz Cultural, o projeto parte da utilização do grande potencial cultural da região para a reabilitação urbana. As principais intervenções promovidas pelo Governo do Estado foram a reforma da Pinacoteca do Estado em 1998 e a abertura do Complexo Cultural Júlio Prestes em 1999, este último com estudos urbanísticos da Arquiteta Regina Prosperi Meyer e do escritório UNA Arquitetos. O investimento do Estado no Complexo Cultural Júlio Prestes, em torno de 50 milhões de reais, se justificava na intenção de estabelecer um marco que irradiasse um processo de reabilitação do tecido urbano adjacente, caracterizado por concentrar habitações e pontos de tráfico e prostituição (MOSQUEIRA, p. 143), o que de fato não aconteceu e foi muito criticado por não priorizar investimentos em políticas habitacionais na região. Neste período foram concebidos outros espaços culturais importantes para a cidade, tais como o Museu da Língua Portuguesa em 2006, a Estação Pinacoteca, destinada a exposições e oficinas, no antigo prédio da administração da estrada de ferro Sorocabana, o Museu da Energia Elétrica e a reforma do palácio dos Campos Elísios. Era previsto também a transformação de parte das vias expressas da Avenida Tiradentes, no trecho entre as ruas Mauá e João Teodoro, em túnel para possibilitar a transformação desta em um arborizado boulevard – com quiosques para o funcionamento de cafés, bares e livrarias. (FERNANDES et. al. , 2017)
84
6.1
Apesar de ter atraído grande números de visitantes para a região, estes equipamentos culturais de grande porte ainda se relacionam melhor com o âmbito metropolitano do que com seu entorno imediato (MOSQUEIRA, 2007, p. 144). Segundo Wisnik (et. al. , 2001) o Complexo Cultural Júlio Prestes é um exemplo claro desse isolamento, pois seu estacionamento se encontra na parte posterior do prédio e com capacidade suficiente para todos os convidados, de modo que não tenham a necessidade de sair do edifício. Monumenta Luz (2002) O programa de Preservação do Patrimônio Histórico Urbano – Monumenta, foi uma parceria do Governo Federal com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na qual são aplicados recursos provenientes do empréstimo e também contrapartidas dos Estados e Municípios, visando a longo prazo atrair a iniciativa privada e viabilizar financeiramente os projetos urbanos das regiões selecionadas por estes. O programa agraciou o conjunto histórico da região da Luz em 2002 e foi elaborado pela Unidade Especial de Projeto –UEP, ligada a EMURB. Entre as premissas estavam preservar áreas prioritárias do patrimônio histórico e artístico urbano sob proteção federal, aumentar a conscientização da população acerca desse patrimônio, aperfeiçoar sua gestão e estabelecer critérios para implementação de prioridades de conservação e, em curto prazo, aumentar a utilização econômica, cultural e social das áreas de intervenção (MinC; BID, 2002). Foram também elaboradas intervenções no espaço urbano (Plano Estratégico Urbanístico), como alargamento de calçadas, principalmente entre os monumentos, e reestruturação da malha viária para facilitar a circulação de carros de passeio. Com recursos reduzidos a partir de setembro de 2005, o Plano Estratégico Urbanístico foi totalmente abandonado, sendo concebido apenas a reurbanização da Praça Cel. Fernando Prestes. Outro motivo para seu abandono foi por conta da valorização imobiliária que seria induzida com as intervenções em monumentos (MOSQUEIRA, 2007, p. 152). O programa Monumenta Luz foi a primeira proposta a incluir a escala urbana em suas ações, tendo como diagnóstico equipamentos culturais isolados e eixos viários que 85
6.1
não permitiam a relação com os demais usos da região e com o tecido urbano. Projeto Urbanístico Nova Luz (2005-2012) Lançado pela Prefeitura Municipal de São Paulo em dezembro de 2005, teve como meta revitalizar a área conhecida popularmente como cracolândia através de incentivos fiscais e demolições de edifícios que, segundo a prefeitura, contribuem com a degradação da área assim como atrapalham projetos do programa. A morfologia utilizada para a região foi a de quadras-abertas, que procura traçar novos fluxos. Uma das críticas quanto ao projeto de forma geral é a descaracterização das particularidades àquele centro urbano ao se utilizar uma morfologia que não qualifica a rua, pois abre novos caminhos por dentro da quadra e dá as costas a toda uma ocupação variada e intensa da rua naquele perímetro (COELHO Jr., p. 266). Com as desapropriações e demolições na antiga cracolândia, foi observado que a atividade que antes se concentrava em um ponto passou a ser dispersa e ainda ativa, atingindo pontos residenciais e também históricos nas vias adjacentes, como por exemplo na esquina da Rua Helvetia com a Alameda Dino Bueno (Fonte: <g1.globo.com/noticias/saopaulo/0,,mul360760-5605,00-a+cracolandia+não+acabou+apenas+mudou+de+endereço.html> Acesso em 25/03/2017).
Planos urbanos da Luz sob a perspectiva atual Desde a década de setenta o poder público tenta revitalizar a área da Luz e Campos Elísios. Somente no final do séc. XX é que a estratégia de investimento cultural se tornou predominante em detrimento da construção viária, porém sem sucesso por vários motivos: não foi proposto uma forma de projeto comum; não houve preocupação em integração social das famílias carentes presentes no bairro; se idealizava que a classe dominante (abastada) se mudaria para o centro a partir dessa ancora cultural, porém, de forma antagônica, eram feitos investimentos viários na região sudoeste do município, tal como a Operação Faria Lima. De forma geral todos os planos fracassaram do ponto de vista prático e financeiro. É notável a gama de proposta ao longo do tempo para a Luz: Renovação Urbana (1972-1979) se ateve a circulação, transporte, e uso do solo como objetivo do progra86
6.1 ma; Luz Cultural (1985-1986) e Pólo Luz (1995-2002) utilizaram-se do melhoramento e criação de edifícios culturais como ferramenta para revitalização da área, de modo que seriam indutores de melhorias urbanas; Monumenta Luz (2002) atuou pontualmente em edifícios com valor histórico para o bairro e tinha como intensão a ligação destes, nunca realizado, mas pretendido pela primeira vez entre os programas; Projeto Urbanístico Nova Luz (2005-2012) se ateve na mudança morfológica do bairro e demolições em séries de edifícios que segundo o plano deterioravam a região, incluindo a cracolândia. Como se pode notar acima, projetos não faltaram para a região, cuja ações falharam do ponto de vista urbano. A premissa da requalificação pela cultura se demonstrou equivocada ao longo do tempo, tendo exemplos práticos tais como a Sala São Paulo que nada mais era do que uma das “ilhas num mar de degradação” que podem ser tranquilamente frequentadas pelo seu público seleto (MOSQUEIRA, 2007, p. 171). Esses equipamentos culturais ensimesmados, trouxeram público de expressiva quantidade para o bairro, mas ligado ao fim em si do edifício, nada além disso. Não houve mudanças significativas no entorno destes, como empreendimentos imobiliários, nem o conflito social presente na rua deste bairro (JOSÉ, 2010, p. 109). O programa Nova Luz (2005-2012) foi o mais polêmico de todos, muito criticado por alterar a morfologia das quadras, explorando excessivamente o conceito de quadra aberta além de prever uma grande quantidade de demolições de edifícios que seriam desapropriados pelo poder público. Quanto às desapropriações, com alto custo pelo Estado e Município, previstas no plano Nova Luz, não são utilizados instrumentos previsto no Estatuto da Cidade (fundamentados no 4º artigo 182 da Constituição de 1988), na qual prevê a aplicação sucessiva dos seguintes instrumentos no imóvel que não cumprir a função social definida pelo Plano Diretor: parcelamento, edificação ou utilização compulsórias, IPTU progressivo no tempo e, finalmente, desapropriação com títulos da dívida pública. A não aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade gera consequências desastrosas, do ponto de vista
87
6.1 financeiro para os cofres públicos (SOMEKH, 2008). Atualmente a gestão do Prefeito de São Paulo, João Doria, propõe novamente a desapropriação de cerca de 50 lotes entre a Rua Helvetia e a Alameda Glete, com participação privada na fase de projetos (Fonte: <exame.abril.com.br/brasil/doria-vai-desapropriar-e-demolir-imoveis-da-cracolandia/> acesso: 22/03/2017). Mesmo se caracterizando como uma parceria pública-privada (PPP), ainda há capital público desperdiçado nas desapropriações e o êxito do projeto está sujeito ao interesse privado na área, fato difícil de realizar se considerarmos todos as tentativas dos programas que o bairro sofreu nestes últimos 45 anos.
88
A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO NA LUZ Espaço público e a cidadania
6.2
Ao longo da história as cidades ocidentais estabeleceram um equilíbrio entre a vida pública e privada. A existência desses espaços compartilhados sempre permitiu que seus cidadãos exercessem a cidadania e entrassem em contato com diversas outras pessoas, tanto em origem como em posse distintas das suas. Desde sempre a diversidade de pessoas e de espaços públicos garante a experiência de diversidade e ajuda a constituir a própria identidade do homem urbano. O sociólogo Richard Sennet correlaciona o comportamento público e a diversidade:
O comportamento público é antes de tudo, uma questão de agir a certa distância do eu, de sua história imediata, de suas circuns- tâncias e de suas necessidades; em segundo lugar, essa ação implica a experiência de diversidade (SENNET, 1988, p.115).
Apesar da relevância dos espaços públicos nas cidades ocidentais como mantenedor da prática cidadã, houve um rompimento do equilíbrio entre a vida pública e a privada. Esse rompimento foi decorrente do capitalismo, cujo sistema provocou deslocamento de populações pobres para as fábricas e mudanças no hábito de consumo e na comercialização de mercadorias, e da secularização, na qual o EU passou a ser o ponto de vista predominante, e por consequência se prevaleceu os fluxos sobre os lugares e o privado sobre o público (CALLIARI, 2014, p. 21). Na cidade de São Paulo, a região da Luz passou por um processo de degradação de seus espaços públicos durante o século XX, porém antes da deterioração dos seus espaços foi a primeira região da cidade a receber um espaço público de grande porte com o Jardim da Luz inaugurado em 1825 pelo poder público, cujo equipamento reflete a preocupação com a fruição da vida pública naquela época. Como reflexo de todos os processos de conflitos sociais e políticos na Luz, o que se vê no Jardim da Luz é uma frequência baixa de visitantes e uma sensação de insegu-
89
6.2
rança no local. Na região da Estação da Luz, diferentemente do que ocorre no Jardim, há uma grande quantidade de pessoas circulando, mas que apenas geram um espaço de fluxo e um não lugar, afirmação baseada na citação de Mongin: “ o espaço dos fluxos não é, portanto, sem lugar, mas esses lugares permanecem não-lugares no sentido de que eles são aleatórios, provisórios” (MONGIN, 2009, p. 61). Outro problema enfrentado na Luz e relacionado aos espaços públicos, são os chamados lugares vazios entre os equipamentos culturais (figura 62). São lugares desprovidos de significado e alguns frutos de desapropriações feitas pelo município, corroborando ainda mais para a degradação do bairro, na medida em que não continuava os procedimentos para se estabelecer uma continuidade de uso. Os espaços públicos e o Museu da Pessoa É relevante dizer que o bairro da Luz já possui um dinamismo e vida, visto que há uma grande circulação de pedestres, seja por motivos de trabalho ou habitar. O grande desafio para a região central como um todo está na permanência dos seus espaços, cujos locais estão desprovidos de infraestrutura e mobiliário. Portanto a circulação de pessoas passa a ser o instrumento propulsor que permitirá apropriação e construção da identidade aos espaços e assegurará a conservação e manutenção destes (BOTELHO e FREIRE, 2003, p. 15). Importante salientar que o espaço público mencionado se refere às áreas que podem ser tanto propriedades privadas como públicas. São espaços que permitem a manifestação da coletividade, sendo assim referidos como espaços coletivos. Solà-Morales menciona a importância desses lugares intermediários como partes estimulantes do tecido urbano multiforme e que foram considerados neste trabalho.
Figura 62.
90
Assim, ciente da definição e da importância dos espaços públicos para o meio social, sobretudo na região da Luz, as atividades do Museu da Pessoa propostas não se limitam ao lote e a praça adjacente e ocupam os diversos vazios urbanos e espaços coletivos apresentados, através de um pavilhão móvel que divulgará parte do acervo do
6.2
Museu, interagirá com os pedestres e será um “mediador de conflito” na região. As informações adicionais para essa intervenção temporária são mencionadas no capítulo 7.
1 - PESSOAS
+
A programação do Museu inserida no espaço urbano como um todo ampliará o raio de atuação do equipamento, contribuirá para a transição entre um espaço a outro e entre um equipamento cultural a outro e permitirá que atinja públicos mais diversificados corroborando com a democratização da cultura, visto que há uma desigualdade de acesso à cultura nas cidades brasileiras, especialmente em São Paulo. Sintetizando, o espaço público pode ser constituído de três elementos: pessoas, que já estão presentes na área da Luz (1); usos, o qual o Museu entra como uma dos dispositivos (2); e o suporte físico (3) (figura 63).
2 - PAVILHÃO
+ 3 - SUPORTE FÍSICO
Figura 63.
91
6.3
PREMISSAS Tendo em vista a vocação do lugar como polo atrativo cultural metropolitano e sabendo-se da facilidade de acesso via transporte de massa, a premissa é a criação de um percurso de pedestres cujo objetivo seja a ligação entre os equipamentos culturais culminando no espaço gerado pelo Museu da Pessoa. Ao todo, o comprimento do percurso tem um total de 1.500 metros (Figura 64), sendo perfeitamente percorrido em menos de vinte minutos. A conceitualização de tal premissa parte do estadunidense Jeff Speck em sua publicação chamada “Cidade Caminhável”. A pesquisa de Jeff Speck sintetiza quatro maneiras para tornar as cidades caminháveis: apresentar um motivo para caminhar; ato de caminhar seja percebido como uma prática segura; cômoda; interessante. DOIS EIXOS ESTRUTURADORES DO PROJETO
Figura 64. Equipamentos a serem ligados Percursos
92
Figura 65.
PROPOSTAS
1
1
Recomposição das quadras conforme época anterior à linha férrea;
2
Ligações entre os dois lados da ferrovia por meio da gare da Estação Julio Preste e o hall de entrada para a Sala São Paulo;
3
Área verde proposta conforme projeto original do Arq. Nelson Dupré;
4
Área verde proposta em uma área subutilizada para estacionamento de trens e que servirá de respiro a já movimentada rua José Paulino;
5
Revitalização da Praça Júlio Prestes conforme projeto proposto pelo escritório UNA Arquitetos;
6
Requalificação do Largo General Osório;
7
Área verde proposta junto ao Teatro Munguzá;
8
Ligação entre a Av. Casper Líbero e a R. Gen. Couto Magalhães, com o intuíto de ligar o Museu ao Teatro, encurtando também o tamanho da quadra para o pedestre que vem de Santa Ifigênia;
9
Proposta de alteração de duas faixas da Av. Tiradentes em Boulevard cuja dese- nho se baseia no passado da avenida antes da politíca rodoviarista ser aplicada.
9
2 2
3 5 6
4 7 8
Figura 66.
6.4
As propostas são baseadas na pesquisa de Marcio Novaes Coelho, ‘Processos de in- lificação de áreas degradadas ou subutilizadas através da melhoria do mobiliário urbano, tervenção urbana: Bairro da Luz’. (COELHO JR., Marcio Novaes. Processos de intervenção como postes de iluminação, bancos, calçadas alargadas e arborizadas de modo a dar urbana: Bairro da Luz. Tese de Doutorado, FAUUSP, 2010.) e na proposta urbanística Nova preferência ao pedestre. Luz (2015-2012) do ponto de vista do espaço público e viário. O papel do Museu da Pessoa entra nessa área como peça chave, já que as Partindo da ligação dos equipamentos culturais com o intuito de reforçar um eixo ligações chegam a ele e por se tratar de um museu contemporâneo, diferentemente dos cultural metropolitano percorrido a pé e sabendo-se que a boa qualidade do espaço físico outros equipamentos existentes no bairro, é capaz de dinamizar suas exposições em favorece a permanência em uma espacialidade tranquila, o desenvolvimento de atividades áreas livres através de um pavilhão ao longo do percurso. socias e, consequentemente, vitalidade urbana, é proposta ao longo do caminho a requa93
6.5
USO DO SOLO
Comercial - serviços; Especial (base policial, igreja, educacional) Equipamento público Residencial / Comercial - Serviço Residencial Industrial
0
94
Figura 67. Levantamento de usos na região.
50m 100m
200m
N
Subutilizado
6.5 O perímetro estabelecido neste trabalho abrange áreas das mais diversas caracteristicas e desafios. A área escolhida para a intervenção foi as quadras entre a Estação Júlio Prestes e a Estação da Luz, ambas da CPTM, por estarem sujeitas a uma deterioração maior e não apresentarem uma diversidade de usos e espaços que as demais regiões destacadas na imagem ao lado.
Parte do bairro Bom Retiro caracterizado pelo uso misto com boa dinamização de seus espaços;
Região exclusivamente comercial cuja espaço se caracteriza como centro comercial especializado em tecidos; Campos Elíseos e Luz- grande concentração de lotes subutilizados por estacionamentos que ocupam o que antes eram edifícios comerciais/ serviços; Quadrante no qual a intervenção deste trabalho focará. Figura 68.
95
6.5
Os lotes subutilizados destacados abaixo demonstram grande concentração em um pequeno conjunto de quadras e reforça ainda mais a necessidade de intervenção, de modo que cumpram sua função social em um ambiente ofertado com boa infraestrutura e fácil acessibilidade, conforme o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001). A propriedade urbana cumpre sua função social quando seu uso é compatível com a infraestrutura, equipamentos e serviços públicos disponíveis, e simultaneamente colabora para a segurança, bem estar e desenvolvimento dos usuários, vizinhos e, por fim, da população como um todo. É, portanto, condição para efetivar o Direito à Cidade (Fonte: SMLU, 2015,
p.03).
Sendo assim, é definido utilização desses lotes para comércio musical, livrarias, espaços de trabalho coletivo (coworking) , bares e restaurantes que juntos ampliarão o horário de funcionamento dos estabelecimentos da região, incentivando sua ocupação e refletindo em um ambiente mais seguro. Do ponto de vista de viabilização, seria utilizada a legislação para conceder beneficíos fiscais aos estabelecimentos, parcerias com o SEBRAE e celebração de convênios de cooperação entre o Poder Público e pessoas de iniciativa privada, de modo a incentivar pequenos e médios empresários a investirem na região (BOTELHO e FREIRE, 2003, p. 37).
A partir de levantamentos em campo e segundo a pesquisa de Isaura Botelho, a atividade econômica da região da Luz carece de maior dinamização de horários alternativos ao horário de trabalho e usos que consigam trazer maior apropriaçao dos espaços e que sejam coerentes com o vocação cultural do distrito.
0
Figura 69.
96
50m 100m
200m
N
Subutilizado - garagem
6.5
0
50m 100m
200m
N
Figura 70.
Figuras 71, 72, 73 e 74. Fonte: Arquivo pessoal.
97
6.6
DESENHOS
Proposta de reconexão de alguns pontos da malha urbana dos bairros Bom Retiro e Campos Elíseos
Intensidade de fluxo de veículos nas principais vias da região
Figuras 75 e 76
98
6.6 Viรกrio destinado a receber melhorias para pedestres
Espaรงos livres propostos
Figuras 77 e 78
99
6.6 Avenida Tiradentes escala 1:500 Praça Cel. Fernando Prestes Ligação Praça Estação da Luz
Se propõe na av. Tirandentes um pequeno e longo boulevard capaz de ligar a praça Cel. Fernando Prestes e a Praça da Estação da Luz e o Museu da Pessoa, valorizando o percurso a pé e explicitando a relação dos dois lugares.
5m Situação existente
1,75m
100
2m 3,5m
Situação proposta
12 m
2,8m 2,8m
1m
14 m
19m
1,6 m
1,5m
13,5 m
13,6m
2m
2m
12 m
3m
12m
3m
6.6 Avenida Duque de Caxias | Rua Mauá escala 1:500
Se propõe alargamentos das calçadas da rua Mauá e Av. Duque de Caxias com o intuito de valorizar o pedestre e ligação entre os equipamentos culturais destacados.
Praça Júlio Prestes Ligação Teatro Munguzá Praça Estação da Luz 4m
10m
4m
10m
5m
Situação existente
4m
6,7m
Situação proposta
6,7m
2m 3m
10,6m Figura 79.
101
6.6 Avenida Cápes Líbero
Se propõe alargamento da calçada da Av. Cásper Líbero formando um boulevard. Atualmente a calha viária é grande e não condiz com a intensidade de veículos que circulam.
escala 1:500
Boulevard Praça Estação da Luz 5,5m
10m
2,5m
10m
4,5m
Situação existente
8m Situação proposta
102
3m 2m
7m
2m
10,5m Figura 80.
6.6
Para viabilizar parte do trecho da Av. Tiradentes para os pedestres sem perder o acesso à rua Brigadeiro Tobias e sem prejuízo ao trânsito foi projetado uma via de acesso próximo a passarela Véus das Noivas.
Pontihão para pedestres preservando a vista para a Estação da Luz e trânsito somente de ônibus com velocidade reduzida
Acesso à rua Brigadeiro Tobias
Av. Tirandentes
Pontilhão
Rua Mauá
Passarela Véu das Noivas (existente)
te-Sul
or Nor
Corred
Rua Brigadeiro Tobias
Via de acesso à rua Brigadeiro Tobias escala 1:500
103
6.6 A quadra adjacente do projeto do Museu da Pessoa possui comprimento excessivamente longo, prejudicando a locomoção do pedestre. É proposta abertura nela, de forma a interligar o Teatro Munguzá, o Museu da Pessoa e o acesso ao metrô de quem vem pela rua Santa Ifigênia.
Teatro Munguzá
Metrô Museu da Pessoa
315 m de comprimento
Santa Ifigênia
Figura 81. Quadra com acesso de pedestres no meio - sem escala. 104
6.6
Figura 82. Proposta de experimentação do espaço do Largo General Osório.
107
6.6
108 Figura 83. Proposta de experimentação do espaço adjacente ao teatro Munguzá .
INTERVENÇÕES TEMPORÁRIAS
7
INTERVENÇÕES TEMPORÁRIAS E SEU POTENCIAL TRANSFORMADOR..................................... 7.1 PAVILHÃO MUSEU DA PESSOA...................................................... 7.2 DESENHOS............................................................................................. 7.3
109
7.1
POTENCIAL TRANSFORMADOR O papel do espaço público, atribuído pelo Sennet e abordado neste caderno, se encontra no encontro com a sociabilidade – capacidade de aprender a viver com estranhos – e a subjetividade – referente ao autoconhecimento, uma vez confrontado com o diferente. A Cia. Munguzá, companhia de teatro recentemente instalada na Luz, possui esse intuito, ao querer que não apenas um determinado público frequente seus espaços (figura 84). O ator Marcos Felipe, integrante da companhia, deixa claro esse ideia em uma de suas entrevistas: Você irá assistir ao espetáculo ao lado do ‘hipster’ da Vila Madalena, da madame de Moema, do morador em situação de rua que ficou com vontade de entrar porque viu a peça através do vidro, ao lado do usuário de drogas em fase de redução de danos… e terá que aprender a lidar com as diferenças. (Disponível em: <tempofestival.com.br/simultaneo/aqui-nao-e-ou-sera-um-local-para-um-segmento-unico-da-sociedade-uma-entrevista-com-marcos-felipe-da-cia-mungunza-sobre-o-teatro-de-conteiner-localizado-na-regiao-da-cracolandia-em-sao-paulo/>)
A intervenção temporária entra nesse contexto de forma a potencializar a sociabilidade e construção dos espaços requalificados neste caderno. Esta efemeridade, característica das intervenções se torna coerente na medida em que vivemos em um contexto temporal transitório característico da sociedade contemporânea. A ruptura do cotidiano intrínseco ao efêmero, cria um caráter de uso excepcional que tende a aproximá-las, diminuindo o espaço pessoal entre elas e criando um espaço “coletivo”. O atributo desse espaço se chama “amabilidade urbana”, conceito abordado pela Adriana Fontes no seu livro “Intervenções temporárias, marcas permanentes: apropriações, arte e festa na cidade contemporânea”. A amabilidade urbana está correlacionada as intervenções, e se refere ao espaço manifestado através de conexões, encontros, intercâmbios, cumplicidades e interações entre pessoas e espaço, reagindo ao individualismo (Figura 85 e 86). Diferentemente do Figura 84. CIA. MUNGUZÁ
110
7.1
INTERVENÇÕES TEMPORÁRIAS
USOS
Apropriações
Arte Pública
GRANDES
COTIDIANOS
espontâneas
Festas locais
EVENTOS
que ocorre na urbanidade, que está vinculada a qualidade espaço-tempo cotidiano e é abordado também no caderno – a partir de novos usos propostos na região -, a amabilidade é vinculada ao espaço-tempo da intervenção (FONTES, 2013, p. 14). Outra qualidade referente a este tipo de atuação é ser “projetado de baixo para cima”, pois para ser realizado é necessário a participação social, ação, interação e subversão. Em contraposição ao projeto caro, permanente e de grande escala, a intervenção está inserida no âmbito do transitório, da pequena escala, da comunicação, características semelhantes com o trabalho do Museu da Pessoa.
Transitória
Ativa
Pequena
Interativa
Pequeno
Relacional
Subversiva
Grande
Espontâneo
Participativa
Particular
Projetado Eventual
Constante Intenção transformadora
Figura 85. Intervenções temporárias entre usos cotidianos e grandes eventos.
INTERVENÇÃO
INTERVENÇÃO
TEMPORÁRIA
TEMPORÁRIA
PESSOAS Figura 86. Processo de manifestação da amabilidade urbana. A intervenção reformata o espaço e promove conexões.
ESPAÇO POTENCIALEMNTE ATRAENTE
INTERVENÇÃO TEMPORÁRIA
AMABILIDADE URBANA
111
7.2
PAVILHÃO MUSEU DA PESSOA Sabendo-se da importância das intervenções temporárias, o Museu da Pessoa já apresentou um produto referente a efemeridade: O Museu que Anda. Neste capítulo é apresentado um novo pavilhão baseado nessa ação, de forma a percorrer pelas diversas áreas livres mencionadas. O pavilhão será utilizado para a divulgação do trabalho do Museu e servirá também como um espaço de encontro dos pedestres, de forma a atraí-los para o tema da memória de vida dos brasileiros, podendo até contribuir para o acervo. A corrente frequência com que ocorrerá tal intervenção, será de extrema importância, pois é a partir da repetição que será capaz de aos poucos transformar permanentemente o lugar.
Figura 87.Projeto Yarf Furniture por PPAG.
Outro ponto importante é basear-se na intervenção do ponto de vista cultural, pois atrai variados atores e maior quantidade de pessoas. São intervenções com maior articulação social cujo produto leva a legados sociais mais sólidos, inclusive relacionados a construção coletiva, à memória coletiva ou mesmo à gestão da intervenção (Fontes, 2013, p. 385). Juntamente com o pavilhão, pode-se propor outras intervenções inspiradas no projeto Yard Furniture, por PPAG( Anna Popelka e Georg Podushka), que consiste em transformar a praça em um playground através da composição de 226 elementos idênticos em diferentes arranjos e sem uso predefinidos (figura 87). Outra inspiração para ser utilizada nos espaços urbanos é o programa Mi Parque, criado em 2007, uma ação coletiva de moradores, organizados através de uma fundação, que “põe a mão na massa” para recuperar os espaços livres das áreas residenciais onde vivem, na cidade de Santiago, no Chile (figura 88). No âmbito nacional, existem coletivos que estão ganhando destaques em termos de utilização do espaço coletivo. São eles: Instituto A Cidade Precisa de Você e A Batata Precisa de Você
Figura 88.Projeto Mi Parque.
112
DESENHOS
7.3
REFERÊNCIA O pavilhao utilizado como referência foi o Serpentine Gallery Pavillion do ano de 2005 projetado pelos arquitetos Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura por dois motivos: sua grande transparência tanto de quem esteja internamente quanto externamente e a sua estrutura composta por peças de madeira avulsas que a partir de um encaixe preciso conformam o espaço do pavilhão, abrindo a possibilidade de ser montada e desmontada.
Figura 89.Serpentine Gallery Pavillion por Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura.
113
7.3 O pavilhao do Museu da Pessoa, baseando-se na referência apresentada, caracteriza-se pela sua forma circular com raio de 12 metros e 3,7 metros de altura. As peças de madeira são encaixadas e presas a um anel na base, travando completamente a estrutura. O espaço servirá para divulgar o trabalho da instituição, Museu que Anda, e também abrirá espaço para assuntos dos mais diversos, procurando ser um mediador em meio ao espaço urbano.
114
7.3 Peças independentes que compõe o pavilhão
+
115
7.3 Organização dos encaixes das peças de madeira
116
Figura 90. Ilustração do pavilhão Museu da Pessoa.
Figura 91.Pavilhรฃo Museu da Pessoa na praรงa Cel. Fernando Prestes.
Figura 92. Pavilhão Museu da Pessoa na praça Júlio Prestes.
PROJETO DE REFERÊNCIA
8
CARRÉ D’ ART....................................................................................... 8.1 CENTRO CULTURAL CASTELO CAMBRO................................. 8.2 MAXXI....................................................................................................... 8.3 HUMANIDADE2012............................................................................. 8.4 MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA............................................. 8.5 AXEL SPRING CAMPUS..................................................................... 8.6 MUSEU DA MEMÓRIAS E DOS DIREITOS HUMANOS........ 8.7
121
8.1
CARRÉ D’ ART
CARRÉ D’ ART, NIMES, FRANCE, 1993 - NORMAN FOSTER O equipamento cultural Carré d’ Art em Nimes, França, projetado por Norman Foster é uma referência para o projeto pois lida com a pré-existência de uma praça onde se situa o Maison Carré, templo Romano de grande importância histórica pra cidade juntamente com a Arena de Nimes mais afastada.
Carré d’ Art
Maison Carré
O estudo de como incorporar a praça ao projeto se assemelha a postura proposta ao Museu da Pessoa. No caso do Carré d’ Art foi pensado em uma grande clareira, após passar pelas ruas arborizadas da região o que corrobora para a conexão visual entre os dois edifícios e seus vários desníveis cabíveis de diversas formas de ocupação (Figura 93). A entrada se situa na esquina do edifício para corresponder à Avenue Victor Hugo, que avança em diagonal para o Carré d’ Art. A calçada é parcialmente cedida para o acesso ao edifício por meio de escadas que podem ser usadas como espaço de contemplação para a praça, além de estarem cobertas por uma cobertura retrátil em aço, um sobrecéu com venezianas (Figura 95).
Figura 94.
122
Arena Nimes
Figura 93 Elaborção própria seguindo croqui do arquiteto Norman Foster- Percurso e ligação entre equipamentos de Nimes.
Figura 95. Croqui do arquiteto Norman Foster.
Acessos restritos
O escritório decidiu pavimentar 7069m² entre Maison Carré e o próprio edifício com granito e pedra calcária local, o que tornam visualmente ainda mais correlacionados (Figura 97). Do ponto de vista arquitetônico, o espaço utiliza de bastante transparência e minimalismo, tendo como principais materiais o vidro, concreto e aço. A busca por essa relação entre os edifícios por meio da transparência é um instrumento utilizado no Museu da Pessoa.
8.1
Acesso público. 8m
Átrio central
O programa se atém a uma biblioteca (situada no subsolo e iluminada através de um átrio central com altura de cinco andares [Figura 96), o Museu da Arte Contemporânea, uma midiateca, um auditório e um café, totalizando uma área construída de aproximadamente 18.000m².
8m
5m
10 m
Acessos restritos
Figura 96.
Figura 97.
Figura 98.
Figura 99.
123
8.2
CENTRO CULTURAL CASTELO CAMBRO
CENTRO CULTURAL CASTELO CAMBRO, DEVESA, PORTUGAL, 2013 - JOSEP LLUÍS MATEO O centro cultural Castelo Cambro se tornou uma referência para o projeto pela maneira como tratou seu térreo de forma a ser uma continuidade do grande espaço público existente em frente ao edifício. Essa generosa implantação permitiu a possibilidade de conceber uma pista de patinação de modo a transformar o local em um ponto de encontro forte em pleno centro da cidade (Figura 101).
Figura 100.
O terréo passa a ser nada menos que um espaço de transição para os níveis acima do edificio, permitido por dois núcleos de circulação vertical (Figura 102). O balanço do auditório também chama a atenção para o projeto, de modo a se debruçar sobre a praça e atrair a vista para ela de quem está na praça (Figura 100).
Figura 101.
Figura 102.
124
Figura 103.
MAXXI MAXXI, ROMA, ITÁLIA, 1999 - ZAHA HADID ARCHITECTS
8.3
Com uma área construída de 27.000m², Zaha Hadid ganhou o concurso internacional promovido pelo Ministério Cultural Italiano. O projeto tem uma capacidade de integrar-se ao meio que insere e capacitá-lo a dar continuidade ao espaço público. A principal ferramenta utilizada neste trabalho foi o desenho dos fluxos e caminhos que permeiam tanto o espaço aberto como o espaço interno e concebe a espacialidade do conjunto (Figuras 104 e 106). Por utilizar o fluxo como partido, o projeto se torna referência para este trabalho, na medida em que há uma tentativa de captar o público que percorre o bairro. Outra semelhança é a implantação da edificação em 270º para um espaço aberto com um entorno composto por edificações com importância histórica. Figura 104.
Figura 105.
Figura 106.
125
8.3 A planta baixa do MAXXI também é reveladora no sentido de sua vocação para propiciar um ambiente aprogramático, visto que as salas enumeradas estão ligadas sem barreiras, corroborando para um ambiente mais dinâmico e não monótono.
Figura 107.
Figura 109
126
Figura 108.
HUMANIDADES2012 HUMANIDADE2012, RIO DE JANEIRO, BRASIL, 2012 - CARLA JUAÇABA + BIA LESSA
8.4
Apesar de se tratar de uma exposição temporária a premissa do espaço era não haver separação entre o que estaria exposto e o prédio propriamente dito, motivo este que o tornou referência neste trabalho. Segundo as arquitetas do projeto a infinidade de pessoas que interferem com aqueles objetos e espaços urbanos criam uma vida própria e revelam com muita clareza a função de cada lugar.
Figura 110.
Figura 111.
127
8.5
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, SÃO PAULO, BRASIL, 2006 - PAULO MENDES DA ROCHA O Museu da Língua Portuguesa é uma referência para este trabalho do ponto de vista programático. Seu espaço limitado (retângulo 14x120m) trouxe desafios para sua implementação e expõe um acervo em constante mudança: a língua portuguesa, mostrada nas versões prosa, verso, imagem, sentidos. Para alcançar tal objetivo se faz uso da tecnologia e informatização, um acervo digital e este meio de transmitir e expor as informações é a referência para o trabalho.
Figura 113.
Figura 112.
128
AXEL SPRING CAMPUS AXEL SPRINGER CAMPUS, BERLIM, ALEMANHA, 2014 - OMA
8.6
Este novo empreendimento na cidade de Berlim se torna uma referência por conta de espaço fluído interno, na qual contribui para conformar um espaço único de convívio, independentemente de seu uso não corresponder a um espaço expositivo. Mesmo assim o ambiente interno gerido não se volta para si mesmo, mas sim propõe visuais à cidade de modo que mantenha uma relação de quem esteja internamente com quem esteja externamente e vice-versa. A relação visual com a cidade é a característica que fez selecionar este projeto e não a OCA no Parque Ibirapuera, projeto do Oscar Niemeyer, pois assim como Axel Springer Campus, a OCA possui ausência de distinção de seus espaços expositivos, porém é ensimesmada, não há intenção explicitamente em se relacionar com a cidade. O grande espaço comum do campus induz a uma informalização de tais ambientes e os tornam livres para serem usados das mais diversas formas. Tal característica também é levada ao projeto do Museu, pois há uma intenção de aproximar o público a participar de forma mais ativa em seus espaços e essa aproximação se dá ao criar ambientes em que os visitantes se sintam confortáveis.
Figura 115. Cheios e vazios
Figura 114.
Figura 116.
129
8.7
MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS
MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS, SANTIAGO, CHILE, 2009 ESTÚDIO AMÉRICA Como o nome já diz, o Museu da Memória de Santiago é dedicado a preservar a memória do Chile, cujo grande parte do seu espaço é voltado aos Direitos Humanos e lembrança das 30 mil vítimas da ditadura chilena (1973-1990). O edifício se torna referência programática, pois os responsáveis pelo projeto, Estúdio América, se comprometem a conceber um espaço não linear e da forma mais ampla e imparcial possível. Para alcançar tal meta, o espaço museográfico é distribuído em três níveis e envolto por uma série de caixas de vidro transparente, o que permite a entrada de luz em seu interior e também uma conexão visual de todo o conjunto expositivo em cada nível. Fragmentos de vida que juntos corroboram para a formação de uma nação: “Em seu interior, as caixas de vidro, a transparência necessária, a vivacidade; a memória que vivida em fragmentos, mas que formam, em conjunto, o repertório da idiossincrasia de uma nação. A massa é o cristal.” (FERNANDES, 2011)
Figura 118.
130
Figura 117.
Figura 119.
8.7
Figura 120 - Diagrama programático
O conjunto programático se divide em dois: museográfico e o museológico como mostra no diagrama acima. A “ barra” possui três pavimentos de material expositivo, enquanto que a “base” possui um caráter de abrigar atividades relacionadas ao museu, como a pesquisa e área administrativa. É interessante observar uma semelhança com o projeto do Museu da Pessoa quanto à existência de uma entrada de metrô que foi integrada com o conjunto edificado da qual o museu pertence.
Figura 121.
131
REFERÃ&#x160;NCIAS
9
BIBLIOGRAFIA...................................................................................... 9.1 LISTA DE FIGURAS............................................................................. 9.2
133
9.1
BIBLIOGRAFIA
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LISTA DE FIGURAS Figura 1. - Fonte: Elaboração própria
Figura 25. Fonte: Google Earth
Figura 2. - Fonte: Google Earth
Figura 26. Fonte: Google Earth
Figura 3. Karen Worcman - fundadora do Museu da Pessoa - Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/ explore/noticias/assista-quem-se-importa-a-serie> Acesso em 13/03/2017 Figura 4. Uma das 200 cabines usadas pelo Muse da Pessoa no programa Museu Que Anda Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/entenda/historia/1991-1996> Acesso em 14/03/2017. Figura 5. Entrevista sendo realizada no estúdio do Museu da Pessoa para o programa “Conte sua história” - Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/home> Acesso em 13/03/2017 Figura 6. Exposição externa referente ao programa ‘Memória Local’, feito em escolas públicas Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/entenda/historia/1997-2003> Acesso em 13/04/2017. Figura 7. Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/entenda/historia/2004-2008> Acesso em 14/03/2017. Figura 8. Fonte: <www.museudapessoa.net/pt/entenda/historia/2008-2014> acessado em 13/03/2017. Figura 9. Fonte: Arquivo pessoal, 2017 Figura 10. Fonte: Arquivo pessoal, 2017 Figura 11. Fonte: Arquivo pessoal, 2017 Figura 12. Fonte: Arquivo pessoal, 2017 Figura 13. Fonte: Arquivo pessoal, 2017 Figura 14. Fonte: <http://designforum.com.br/blog/?p=3566> Acesso em 25/10/2017 Figura 15. Fonte: Elaboração própria - Fonte das informações: Indicado na bibliografia Figura 16. Fonte: Elaboração própria - Fonte das informações: Indicado na bibliografia Figura 17. Fonte: Elaboração própria - Fonte das informações: Indicado na bibliografia Figura 18. Fonte: GeoSampa Figura 19. Fonte: GeoSampa Figura 20. Fonte: GeoSampa Figura 21. Fonte: Google Earth Figura 22. Fonte: Google Earth Figura 23. Fonte: Google Earth Figura 24. Fonte: Google Earth
9.2
Figura 27. Fonte: Elaboração própria Figura 28. Fonte: Google Earth Figura 29. Fonte: Google Earth Figura 30. Fonte: <https://www.arcoweb.com.br/noticias/arquitetura/comecam-na-luz-obras-do-complexo-julio-prestes> Acesso em 25/10/2017. Figura 31. Fonte: Elaboração própria Figura 32. Fonte: Elaboração própria Figura 33. Fonte: Elaboração própria Figura 34. Fonte: Elaboração própria Figura 35 Fonte: Elaboração própria Figura 36. Fonte: Elaboração própria Figura 37. Fonte: Elaboração própria Figura 38. Fonte: <https://medium.com/revista-bravo/entre-o-fluxo-e-a-cultura-fd2331ea6a66> Acesso em 13/08/2017 Figura 39. Fonte: Elaboração própria Figura 40. Fonte: Elaboração própria Figura 41. Fonte: Elaboração própria Figura 42. Fonte: Elaboração própria Figura 43. Fonte: Elaboração própria Figura 44. Fonte: Elaboração própria Figura 45. Fonte: Elaboração própria Figura 46. Fonte: Elaboração própria Figura 47. Fonte: Elaboração própria Figura 48. Fonte: Software SOL-AR Figura 49. Fonte: Software SOL-AR Figura 50. Fonte: Elaboração própria
137
9.2
Figura 51. Fonte: Software SOL-AR
Figuras 77. Fonte: Elaboração própria
Figura 52. Fonte: Software SOL-AR
Figuras 78. Fonte: Elaboração própria
Figura 53. Fonte: Software SOL-AR
Figura 79. Fonte: Google Earth
Figura 54. Fonte: Software SOL-AR
Figura 80. Fonte: Google Earth
Figura 55. Fonte: Elaboração própria
Figura 81. Fonte: Elaboração própria
Figura 56. Fonte: Elaboração própria
Figura 82. Fonte: Elaboração própria
Figura 57. Fonte: Elaboração própria
Figura 83. Fonte: Elaboração própria
Figura 58. Fonte: Elaboração própria
Figura 84. Fonte: Arquivo pessoal
Figura 59. Fonte: Elaboração própria
Figura 85. Fonte: FONTES, 2013, p 30.
Figura 60. Fonte: Elaboração própria
Figura 86. Fonte: FONTES, 2013, p 35.
Figura 61. Fonte da imagem: Google Earth - diagrama montado pelo próprio autor
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Figura 62. Fonte: Elaboração própria Figura 63. Fonte: Elaboração própria Figura 64. Fonte: Elaboração própria
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Figura 65. Fonte: Elaboração própria
Figura 90. Fonte: Elaboração própria
Figura 66. Fonte: Elaboração própria
Figura 91. Fonte: Elaboração própria
Figura 67. Fonte: Elaboração própria
Figura 92. Fonte: Elaboração própria
Figura 68. Fonte: Elaboração própria Figura 69. Fonte: Elaboração própria Figura 70. Fonte: Elaboração própria Figuras 71. Fonte: Arquivo pessoal Figuras 72. Fonte: Arquivo pessoal Figuras 73. Fonte: Arquivo pessoal Figuras 74. Fonte: Arquivo pessoal
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