ISSN 2176-9451
Dental Press Journal of
ORThODONTIcs
Índia da etnia Xicrin, língua Kaiapó da família linguística Jê, habitante do Rio Bacajá, afluente do Xingu-Pará.
Volume 15, Number 3, May / June 2010
Versão em português Dental Press International
v. 15, no. 3
Dental Press J Orthod. 2010 May-June;15(3):1-160
May/June 2010
ISSN 2176-9451
EDITOR CHEFE Jorge Faber
Brasília - DF
EDITORA ASSOCIADA Telma Martins de Araujo
UFBA - BA
EDITORA ADJUNTA (artigos online) Daniela Gamba Garib
HRAC/FOB-USP - SP
EDITOR ADJUNTO (Odontologia baseada em evidências) David Normando UFPA - PA EDITORA ADJUNTA (revisão língua inglesa) Flávia Artese
PUBLISHER Laurindo Z. Furquim
UERJ - RJ
UEM - PR
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Adilson Luiz Ramos UEM - PR Danilo Furquim Siqueira UNICID - SP Maria F. Martins-Ortiz Consolaro ACOPEM - SP Consultores INTERNACIONAIS Adriana C. da Silveira Univ. de Illinois / Chicago - EUA Björn U. Zachrisson Univ. de Oslo / Oslo - Noruega Clarice Nishio Université de Montreal Jesús Fernández Sánchez Univ. de Madrid / Madri - Espanha José Antônio Bósio Marquette Univ. / Milwaukee - EUA Júlia Harfin Univ. de Maimonides / Buenos Aires - Argentina Larry White AAO / Dallas - EUA Marcos Augusto Lenza Univ. de Nebraska - EUA Maristela Sayuri Inoue Arai Tokyo Medical and Dental University Roberto Justus Univ. Tecn. do México / Cid. do Méx. - México
Roberto Rocha Rodrigo Hermont Cançado Sávio R. Lemos Prado Weber José da Silva Ursi Wellington Pacheco Ortopedia Dentofacial Dayse Urias Kurt Faltin Jr. Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana Laudimar Alves de Oliveira Liogi Iwaki Filho Rogério Zambonato Waldemar Daudt Polido Dentística Maria Fidela L. Navarro Disfunção da ATM Carlos dos Reis P. Araújo José Luiz Villaça Avoglio Paulo César Conti
Consultores NACIONAIS Ortodontia Adriano de Castro UCB - DF Ana Carla R. Nahás Scocate UNICID - SP Ana Maria Bolognese UFRJ - RJ Antônio C. O. Ruellas UFRJ - RJ Ary dos Santos-Pinto FOAR/UNESP - SP Bruno D'Aurea Furquim CLÍN. PARTIC. - PR Carla D'Agostini Derech UFSC - SC Carla Karina S. Carvalho ABO - DF Carlos A. Estevanel Tavares ABO - RS Carlos H. Guimarães Jr. ABO - DF Carlos Martins Coelho UFMA - MA Eduardo C. Almada Santos FOA/UNESP - SP Eduardo Silveira Ferreira UFRGS - RS Enio Tonani Mazzieiro PUC - MG Fernando César Torres UMESP - SP Guilherme Janson FOB/USP - SP Haroldo R. Albuquerque Jr. UNIFOR - CE Hugo Cesar P. M. Caracas UNB - DF José F. C. Henriques FOB/USP - SP José Nelson Mucha UFF - RJ José Renato Prietsch UFRGS - RS pucpr - pr José Vinicius B. Maciel Júlio de Araújo Gurgel FOB/USP - SP Karina Maria S. de Freitas Uningá - PR Leniana Santos Neves UFVJM - MG Leopoldino C. Filho HRAC/USP - SP Luciane M. de Menezes PUC-RS - RS Luiz G. Gandini Jr. FOAR/UNESP - SP Luiz Sérgio Carreiro UEL - PR Marcelo Bichat P. de Arruda UFMS - MS Márcio R. de Almeida UNIMEP - SP Marco Antônio Almeida UERJ - RJ Marcos Alan V. Bittencourt UFBA - BA Maria C. Thomé Pacheco UFES - ES Marília Teixeira Costa UFG - GO Marinho Del Santo Jr. BioLogique - SP Mônica T. de Souza Araújo UFRJ - RJ Orlando M. Tanaka PUC-PR - PR Oswaldo V. Vilella UFF - RJ Patrícia Medeiros Berto CLÍN. PARTIC. - DF Pedro Paulo Gondim UFPE - PE Renata C. F. R. de Castro UMESP - SP Ricardo Machado Cruz UNIP - DF Ricardo Moresca UFPR - PR Robert W. Farinazzo Vitral UFJF - MG
O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419).
O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é uma publicação bimestral da Dental Press International. Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / PR - Fone/ Fax: (0xx44) 3031-9818 - www.dentalpress.com.br - artigos@dentalpress.com.br. Diretora: Teresa R. D'Aurea Furquim - Analista da informação: Carlos Alexandre Venancio - PRODUTOR EDITORIAL: Júnior Bianchi - Diagramação: Fernando Truculo Evangelista - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Comochena - Revisão/COPYDESK: Ronis Furquim Siqueira - TRATAMENTO DE IMAGENS: Andrés Sebastián - Biblioteca: Alessandra Valéria Ferreira - NORMALIZAÇÃO: Marlene G. Curty - Banco de Dados: Adriana Azevedo Vasconcelos E-commerce: Soraia Pelloi - coordenação de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Cursos e Eventos: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin - INTERNET: Carlos E. de Lima Saugo - Financeiro: Márcia Cristina Plonkóski Nogueira Maranha - Roseli Martins - Comercial: Roseneide Martins Garcia Secretaria: Michaele Rezende - Impressão: Gráfica Regente - Maringá/PR.
Indexação:
Fonoaudiologia Esther M. G. Bianchini Implantologia Carlos E. Francischone Biologia e Patologia Bucal Alberto Consolaro Edvaldo Antonio R. Rosa Victor Elias Arana-Chavez Periodontia Maurício G. Araújo Prótese Marco Antonio Bottino Sidney Kina Radiologia Rejane Faria Ribeiro-Rotta
UFSC - SC Uningá - PR UFPA - PA FOSJC/UNESP - SP PUC - MG CLÍN. PARTIC. - PR UNIP - SP FOB/USP - SP UNIP - DF UEM - PR CLÍN. PARTIC. - DF ABO/RS - RS FOB/USP - SP FOB/USP - SP CTA - SP FOB/USP - SP CEFAC/FCMSC - SP FOB/USP - SP FOB/USP - SP PUC - PR USP - SP UEM - PR UNESP - SP CLÍN. PARTIC. - PR UFG - GO
COLABORADORES CIENTÍFICOS Adriana C. P. Sant’Ana FOB/USP - SP Ana Carla J. Pereira UNICOR - MG Luiz Roberto Capella CRO - SP Mário Taba Jr. FORP - USP
IBICT - CCN
Bases de dados:
LILACS - 1998 BBO - 1998 National Library of Medicine - 1999 SciELO - 2005 Dental Press Journal of Orthodontics
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Sumário
5
Editorial
12
Calendário de Eventos / Events Calendar
13
Acontecimentos / News
16
O que há de novo na Odontologia / What’s new in Dentistry
19
Insight Ortodôntico / Orthodontic Insight
31
Entrevista com Ademir Roberto Brunetto / Interview Artigos Online / Online Articles
46
Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática
Evaluation of the applicability of a North American cephalometric standard to Brazilian patients subjected to orthognathic surgery Fernando Paganeli Machado Giglio, Eduardo Sant’Ana 48
Biodegradação de braquetes ortodônticos: análise por microscopia eletrônica de varredura
Analysis of biodegradation of orthodontic brackets using scanning electron microscopy Luciane Macedo de Menezes, Rodrigo Matos de Souza, Gabriel Schmidt Dolci, Berenice Anina Dedavid Artigos Inéditos / Original Articles S S0
52
ad2 Ba
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Ptm
Dimensões nasofaringeanas e faciais em diferentes padrões morfológicos
Nasopharyngeal and facial dimensions of different morphological patterns Murilo Fernando Neuppmann Feres, Carla Enoki, Wilma Terezinha Anselmo-Lima, Mirian Aiko Nakane Matsumoto 62
Avaliação cefalométrica das alterações verticais e anteroposteriores associadas ao uso do expansor maxilar com cobertura oclusal
Cephalometric evaluation of vertical and anteroposterior changes associated with the use of bonded rapid maxillary expansion appliance Moara De Rossi, Maria Bernadete Sasso Stuani, Léa Assed Bezerra da Silva 71
Avaliação da atresia maxilar associada ao tipo facial
Evaluation of maxillary atresia associated with facial type Marina Gomes Pedreira, Maria Helena Castro de Almeida, Katia de Jesus Novello Ferrer, Renato Castro de Almeida 78 I – Diagnósticos Musculares a - dor miofascial b - dor miofascial com limitação da abertura II – Deslocamentos do Disco a - deslocamento do disco com redução b - deslocamento do disco sem redução e com limitação da abertura c - deslocamento do disco sem redução e sem limitação da abertura III – Artralgia, osteoartrite e osteoartrose a - artralgia b - osteoartrite da articulação temporomandibular (ATM) c - osteoartrose da articulação temporomandibular (ATM)
Possíveis fatores etiológicos para desordens temporomandibulares de origem articular com implicações para diagnóstico e tratamento
Possible etiological factors in temporomandibular disorders of articular origin with implications for diagnosis and treatment Aline Vettore Maydana, Ricardo de Souza Tesch, Odilon Vitor Porto Denardin, Weber José da Silva Ursi, Samuel Franklin Dworkin
87
16% 14% 12% 10%
Mulheres
Factors predisposing 6 to 11-year old children in the first stage of orthodontic treatment to temporomandibular disorders Patrícia Porto Loddi, André Luis Ribeiro de Miranda, Marilena Manno Vieira, Brasília Maria Chiari, Fernanda Cavicchioli Goldenberg, Savério Mandetta
Homens
6 5
6
7 6
4%
11
11
6%
14
14
8%
2
2% 0%
Sucção de dedo/ chupeta
Deglutição atípica
Respiração bucal
Respiração mista
Fatores predisponentes de desordem temporomandibular em crianças com 6 a 11 anos de idade ao início do tratamento ortodôntico
Bruxismo
94
A extração de segundos molares superiores para o tratamento da Classe II
Extraction of upper second molars for treatment of Angle Class II malocclusion Maurício Barbieri Mezomo, Manon Pierret, Gabriella Rosenbach, Carlos Alberto E. Tavares 106
Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com resinas ortodônticas fluoretadas
Evaluation of shear bond strength of brackets bonded with orthodontic fluoride-releasing composite resins Marcia Cristina Rastelli, Ulisses Coelho, Emígdio Enrique Orellana Jimenez 114
Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial
Statement of the 1st Consensus on Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain Simone Vieira Carrara, Paulo César Rodrigues Conti, Juliana Stuginski Barbosa 121
Raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar
Race versus ethnicity: Differing for better application Diego Junior da Silva Santos, Nathália Barbosa Palomares, David Normando, Cátia Cardoso Abdo Quintão 125
Caso Clínico BBO / BBO Case Report Má oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle com sobremordida exagerada e discrepância acentuada
Angle Class II, division 2 malocclusion with severe overbite and pronounced discrepancy Daniela Kimaid Schroeder 134
Tópico Especial / Special Article Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico Tooth extraction in orthodontics: an evaluation of diagnostic elements Antônio Carlos de Oliveira Ruellas, Ricardo Martins de Oliveira Ruellas, Fábio Lourenço Romano, Matheus Melo Pithon, Rogério Lacerda dos Santos
158
Normas para publicação / Information for authors
Editorial
Tratamento da disfunção temporomandibular (DTM) e dor orofacial consultório. Todos apresentaram queixas de dor e diagnóstico de DTM ao início do acompanhamento. Para simplificar o raciocínio, vamos considerar que temos dois possíveis resultados de tratamento: com melhora e sem melhora. Se o resultado final indicar que 35 pacientes melhoraram, o tratamento como um todo foi um sucesso, certo? A resposta correta é: errado. Não podemos concluir nada que não seja que esse tratamento talvez funcione. Algumas condições têm caráter cíclico ou transitório, e pode ser que os pacientes que melhoraram com essa terapia para DTM fossem melhorar de qualquer maneira. Portanto, um grupo controle deveria ser incluído, desde que se conclua de que seria eticamente aceitável deixar essas pessoas sem tratamento. Assim, se o grupo controle fosse incluído no estudo e apenas 20 pacientes melhorassem sem tratamento (Tab. 1), teríamos uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos Controle e Tratamento (p < 0,001), com o último grupo exibindo muito mais melhora do que o primeiro. Podemos, então, concluir que o tratamento proposto é eficaz? Não, pelo menos ainda não. Ao se refletir sobre o apresentado, é concebível imaginar que uma parcela de pessoas tratadas tenha uma melhora em suas queixas em decorrência do efeito placebo do tratamento. É quase impossível incluir um efeito placebo propriamente dito em uma terapia não-medicamentosa como a da DTM. Assim, falsos tratamentos podem ser
É intrigante perceber como a informação flui na área da saúde. Em especial, é curioso notar que certos conceitos caducos, de assuntos esgotados, sofrem às vezes um refluxo e contaminam muitos clínicos. Essas ideias de tratamento provocam azias naqueles que acompanham a ciência e — mais grave ainda — prejudicam os que se submetem a tais tratamentos. Quanto menos letal uma condição é, mais suscetível está a essa impropriedade. Um artigo desse número oferece uma visão única sobre um dos temas mais acometidos pelo que descrevi: o tratamento da disfunção temporomandibular e outras dores orofaciais. Analise as seguintes perguntas sobre DTM. Seu tratamento é controverso? A Ortodontia faz parte dos métodos de tratamento? A tomografia da articulação deve ser a rotina na análise do problema? Os espaços articulares são relevantes para o diagnóstico, e é objetivo do tratamento ajustá-los? Se você respondeu sim para uma ou mais dessas perguntas, precisa ler o artigo de Carrara, Conti e Barbosa. A forte relação da dentição com a DTM foi estabelecida — erroneamente — há décadas. As conclusões equivocadas originaram-se da interpretação de resultados retrospectivos de estudos de séries de casos. Esse é o desenho de estudo mais frequentemente realizado por clínicos em seus consultórios, simplesmente porque o paciente vai a uma clínica para tratar algum tipo de problema. Desse modo, após alguns anos, todos coletamos material de uma série de casos sobre algum tema. Para entender como esse desenho de estudo é deficiente para apontar saídas para os problemas que enfrentamos, acompanhe a seguinte linha de raciocínio. Um profissional hipotético analisa os resultados de tratamento ortodôntico de 41 pacientes de seu
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TABelA 1 - Resultados de um estudo hipotético que propõe um tratamento ortodôntico para DTM. TRATAMENTO
CONTROLE
FALSO TRATAMENTO
35
20
33
MELHORA
5
SEM MELHORA
6
19
8
TOTAL
41
39
40
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Editorial
outros meios, para divulgar as conclusões tiradas das séries de casos tratados em seus consultórios, sem se dar conta da complexidade que existe por trás da formulação de estudos clínicos. Foi na tentativa de ajudar essas pessoas, que fazem parte das comunidades odontológica e médica, e também a população que sofre de DTM e dor orofacial, que Carrara, Conti e Barbosa escreveram o Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Esse artigo tem características únicas porque reflete não apenas a opinião dos autores, mas também a dos principais profissionais da área no Brasil. Eles endossaram o artigo e demonstram que o tema não é controverso. Ademais, o artigo mostra que a evidência disponível permite concluir muitas coisas: a Ortodontia não faz parte dos métodos de tratamento corriqueiros do problema, a tomografia da articulação não deve ser utilizada como rotina, a análise do espaço articular não é relevante para o diagnóstico, não é objetivo do tratamento ajustar os espaços articulares, entre outras conclusões. O artigo é um marco na área e recomendo sua leitura na íntegra.
implementados como, por exemplo, braquetes colados aos dentes sem um arco que desencadeie as forças, ou uma placa de acrílico que não cubra as superfícies oclusais dos dentes. Em nosso estudo hipotético, um grupo de Falso Tratamento foi avaliado. Os resultados mostraram que 33 pacientes melhoraram com o falso tratamento e não há diferença entre os grupos Tratamento e Falso Tratamento (p = 0,63). Assim, a nova terapia — ou velha, se for o refluxo de um conceito antigo — não é mais eficaz do que um falso tratamento. O croqui de ensaio clínico com três grupos descrito acima dá uma visão geral sobre o processo de construção da informação para tomada de decisão clínica. Entretanto, a simples criação dos três grupos ainda é uma ação incompleta e, por isso, insuficiente. Questões importantes relacionadas à aleatoriedade da assinalação dos pacientes para tratamento, à prospectividade do estudo, à análise de intenção de tratar, entre outros itens relevantes ao desenho de um ensaio clínico, sequer foram mencionadas. Até porque muitas páginas seriam consumidas para avançar sobre esses aspectos. Ao mesmo tempo, esse croqui retrata uma falha comum: muitos profissionais bem-intencionados utilizam especialmente congressos, mas também
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Jorge Faber Editor chefe faber@dentalpress.com.br
6
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17º Congresso Brasileiro de Ortodontia - SPO Data: 14 a 16 de outubro de 2010 local: Anhembi – São Paulo / SP Informações: www.spo.org.br
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A c o n t ec i m e n t o s
Sessão Anual da AAO 2010 Jorge Faber, editor-chefe do Dental Press Journal of Orthodontics, foi o ganhador do “CDABO Case Report of the Year, for the best case report published during 2009”. Seu trabalho publicado no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics (AJO-DO) foi eleito pelo corpo editorial do periódico como o melhor relato de caso publicado em 2009.
A entrega do prêmio aconteceu durante o almoço do Colégio dos Diplomados do American Board of Orthodontics (CDABO), em Washington DC, onde foi realizada a 110th AAO Annual Session (Congresso da Associação Americana de Ortodontistas), entre os dias 30 de abril e 4 de maio. A entrega do prêmio foi feita pelo Dr. Vincent Kokich (próximo editor do AJO-DO).
Dr. Vincent Kokich entrega prêmio ao autor do trabalho premiado, Dr. Jorge Faber, e à coautora, Dra. Flávia Velasque.
Dr. David Turpin, atual editor do AJO-DO, recebe exemplar da edição do Dental Press Journal of Orthodontics onde foi entrevistado.
Dr. Adilson Luiz Ramos, ex-editor dessa Revista, e o renomado Dr. Larry White.
Dr. Orlando Tanaka e a editora dessa Revista, Dra. Telma Martins de Araujo.
Feira comercial da 110ª edição do Congresso da Associação Americana de Ortodontistas.
Drs. Bruno Furquim, Marcos A. Lenza e Eduardo B. Lenza.
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2010 May-June;15(3):13-5
o
quE há dE novo na
odontologia
As atividades cerebrais de julgamento da beleza e da moral são divididas e possivelmente explicam o estereótipo Belo-é-Bom Jorge faber*, Patrícia Medeiros Berto**
os tipos de julgamento. As regiões mostraram-se negativamente correlacionadas uma com a outra, o que indica uma relação oposta entre esses centros neurais durante o julgamento da atratividade e da moral. Esses achados explicam de forma importante o estereótipo Belo-é-Bom, que percebemos no dia a dia. É comum pessoas julgadas como atrativas terem também sua personalidade julgada positivamente, seja como uma pessoa de boa conduta, virtuosa ou até honesta. Haja vista que, ao primeiro olhar, é possível um ser humano considerar outro atrativo ou não e também atribuir valores morais a essa pessoa. O estudo mostrou uma possível explicação para isso: os mesmos mecanismos neurais são ativados ou desativados durante esses tipos de avaliações. Assim, talvez possa esclarecer como aquele que é avaliado como belo embute em si uma avaliação de boa pessoa — ou seja, como o belo torna-se bom.
O estereótipo Belo-é-Bom assume que pessoas atrativas possuiriam personalidades desejáveis e altos padrões morais. Essa percepção sugere que os mecanismos neurais de julgamento da beleza, personalidade e padrões morais se sobrepõem, ou seja, estão localizados nos mesmos centros do cérebro. A hipótese dessa sobreposição foi investigada por Tsukiura e Cabeza1 e publicada em março desse ano na Revista Social Cognitive and Affective Neuroscience. Os participantes da pesquisa foram escaneados com ressonância magnética funcional enquanto faziam julgamentos sobre a atratividade de faces e sobre a bondade de ações hipotéticas. Detectou-se, nos exames, um aumento da atividade do córtex orbitofrontal medial e uma diminuição da atividade do córtex insular, tanto durante as avaliações de atratividade quanto nas de bondade. A ativação das regiões do córtex mostra a contribuição de cada uma em ambos
* Editor do Dental Press Journal of Orthodontics. Doutor em Biologia - Morfologia pelo Laboratório de Microscopia Eletrônica - UnB. Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial - UFRJ. ** Especialista em Ortodontia – Universidade Federal de Goiás (UFG). Revisora do Dental Press Journal of Orthodontics.
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2010 May-June;15(3):16-8
O que há de novo na Odontologia
está fortemente correlacionada com a sua satisfação com o tratamento. O resultado desse estudo tem implicações clínicas para cirurgiões bucomaxilofaciais e ortodontistas. A atenção à excelência da técnica e o uso de tecnologias avançadas são, atualmente, preocupações cotidianas dos profissionais. São, certamente, indispensáveis para garantir o êxito de uma cirurgia, contudo, deve-se somar aos requisitos técnicos de uma cirurgia a satisfação do paciente — pois é possível a coexistência de uma cirurgia que preencha os quesitos técnicos e de um paciente insatisfeito com o resultado, e esse seria um cenário de insucesso. O que o artigo sugere é a necessidade de, na fase pré-cirúrgica, desde a primeira consulta, avaliar e estimular o paciente quanto aos resultados. Quanto mais motivado e focado, maior a probabilidade de se alcançar o sucesso em seu sentido pleno. Eis aí uma evidência que podemos aplicar na clínica sem maiores dificuldades.
com respostas de 95 pares de pais-pacientes. A motivação dos pacientes antes da cirurgia foi avaliada determinando-se o quanto eles estavam entusiasmados pelos pensamentos que tinham sobre si mesmos após a cirurgia; e quanto estavam focados nos resultados. Os pais completaram questionários paralelos sobre a motivação de seus filhos. Já a satisfação do paciente foi determinada com um questionário de satisfação no período pós-cirúrgico. Os dados coletados indicaram que quanto mais entusiasmados os pacientes estavam antes da cirurgia, mais satisfeitos eles ficaram com os resultados. Da mesma forma, quanto mais esses pacientes estiveram focados em mudanças estéticas e funcionais, mais satisfeitos eles ficaram com os resultados. As avaliações feitas pelos pais em relação à motivação de seus filhos antes da cirurgia eram consistentes com os relatos dos filhos e correlacionadas com a satisfação dos pacientes no pós-cirúrgico. Assim, a automotivação de jovens pacientes para a cirurgia ortognática
REfERências 1.
2.
3.
Tsukiura T, Cabeza R. Shared brain activity for aesthetic and moral judgments: implications for the Beauty-is-Good stereotype. Soc Cogn Affect Neurosci. 2010 Mar 15. [Epub ahead of print]. Schyns PG, Petro LS, Smith ML. Transmission of facial expressions of emotion co-evolved with their efficient decoding in the brain: behavioral and brain evidence. PLoS One. 2009 May 20;4(5):e5625. Meade EA, Inglehart MR. Young patients’ treatment motivation and satisfaction with orthognathic surgery outcomes: the role of possible selves. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Jan;137(1):26-34.
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Endereço para correspondência Jorge faber Brasília Shopping Torre Sul sala 408 CEP: 70.715-900 – Brasília/Df E-mail: faber@dentalpress.com.br
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2010 May-June;15(3):16-8
inSight ortodôntiCo
Saucerização de implantes osseointegrados e o planejamento de casos clínicos ortodônticos simultâneos Alberto Consolaro*, renato Savi de Carvalho**, Carlos Eduardo francischone Jr.***, Maria fernanda M.O. Consolaro****, Carlos Eduardo francischone*****
de discorrer sobre o conceito da saucerização especialmente para questionar: existiriam necessidades ou cuidados específicos na movimentação e na finalização de casos ortodônticos para os dentes vizinhos aos implantes osseointegrados, se consideramos a ocorrência da saucerização?
O campo de atuação do ortodontista se amplia com o surgimento de novas abordagens diagnósticas e terapêuticas em todas as especialidades médicas e odontológicas como a Implantodontia, Medicina do Sono, Cirurgia Ortognática, Tomografia Computadorizada, Gerodontologia, etc. Isso requer o domínio de novos conceitos e termos técnicos próprios do jargão de cada área específica. Esse domínio se faz importante nas discussões sobre diagnósticos e planejamentos de casos clínicos com profissionais das demais especialidades. Um exemplo ocorre com os implantes dentários osseointegráveis que, nos últimos 20 anos, mudaram por completo a prática e a amplitude da Odontologia. Muitos pacientes adultos ortodônticos são portadores ou estão planejando e/ou necessitando colocar implantes osseointegráveis. Muitos pacientes jovens ortodônticos também têm implantes osseointegrados em decorrência de perdas dentárias por traumatismos ou em função da anodontia parcial. A saucerização nos implantes osseointegrados representa um fenômeno a ser reconhecido e considerado no planejamento ortodôntico para estabelecimento de prognóstico do ponto de vista funcional e estético. Este Insight tem o objetivo
* ** *** **** *****
O conceito da osseointegração e uma particularidade dos dentes e implantes em nosso corpo: importância dos tecidos moles cervicais A osseointegração representa a ancoragem direta de um implante por formação de tecido ósseo ao redor do implante sem crescimento ou desenvolvimento de tecido fibroso na interface osso-implante3,5. Os dentes representam as únicas estruturas do corpo que atravessam ou penetram um revestimento ou cobertura epitelial (Fig. 1, 2, 3). Por extensão, o implante dentário também tem essa característica e a ancoragem propiciada pela osseointegração é um pré-requisito para a estabilidade do implante. A retenção por longo tempo de um implante depende da união do epitélio e do tecido conjuntivo com a superfície de titânio, pois um completo selamento cervical de tecido mole protege o osso do meio bucal altamente contaminado8,10,15,22,23,26.
Professor Titular em Patologia da FOB-USP e da Pós-Graduação da FORP-USP. Professor Doutor de Implantologia da Universidade Sagrado Coração (USC). Professor Mestre de Implantologia da USC. Professora Doutora de Ortodontia e da Pós-Graduação em Biologia Oral da USC. Professor Titular da FOB-USP e de Implantologia da USC.
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Saucerização de implantes osseointegrados e o planejamento de casos clínicos ortodônticos simultâneos
REfERências 1.
2.
3. 4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
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EntrEviSta
Uma entrevista com
ademir Roberto Brunetto • Graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1976. • Pós-graduado em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade da Califórnia – Los Angeles/EUA, em 1984. • Consultor Científico do Dental Press Journal of Orthodontics. • Ministrante de vários cursos e palestras no Brasil e exterior. • Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO) em 2004. • Diretor do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).
É, para mim, motivo de muita satisfação e orgulho poder coordenar os trabalhos da entrevista com o Prof. Dr. Ademir Brunetto, pessoa de destaque no cenário ortodôntico brasileiro. Amigo de longa data, pudemos estreitar nossa amizade durante a realização do 1º exame de diplomação do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), quando, ao mesmo tempo, nos colocamos na posição de examinados. Diplomado em 2004, posteriormente foi convidado a integrar a Diretoria do BBO, motivo pelo qual tenho tido a oportunidade de encontrá-lo com bastante frequência e, a cada dia, passo a admirá-lo mais pela profundidade de seus conhecimentos científicos, especificamente na área da Ortodontia e Ortopedia Facial, pela sua conduta ética, pela sua tranquilidade e bom senso ao analisar os assuntos mais complexos e pela sua alegria contagiante. Nascido em Concórdia, no extremo oeste do estado de Santa Catarina, onde passou sua infância e adolescência, transferiu-se ainda cedo para Curitiba, tendo cursado Odontologia na Universidade Federal do Paraná, graduando-se em 1976. Estagiou em clínicas de Ortodontia durante o curso de Odontologia e, posteriormente, já graduado, prestou concurso para professor auxiliar e passou a lecionar na disciplina de Ortodontia da UFPR, a partir de 1981, onde permanece até os dias atuais. Realizou seus estudos de pós-graduação na Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA, tendo alcançado o título de Mestre em Ortodontia por aquela Universidade, no ano de 1984. Está estabelecido na cidade de Curitiba, Paraná, onde procura aplicar e difundir seus conhecimentos em sua clínica particular. Como derivativo de suas atividades profissionais, é muito dedicado à família e um exímio pescador, tendo predileção pela pesca oceânica. Em suas respostas aos entrevistadores, mostrou conhecimento profundo ao abordar temas bastante atuais como correção das Classes III, aplicação das novas técnicas de imagem por tomografia de feixe cônico, ancoragem absoluta e preparo ortodôntico para cirurgia ortognática. Tenho certeza de que os caros leitores irão apreciar esta entrevista.
Deocleciano da Silva Carvalho
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entrevista
casos aonde há maior necessidade de deslizamento. h) Notamos um desenvolvimento transverso de arco, que necessita um acompanhamento a longo prazo para avaliar sua estabilidade. A parte mais crítica, com certeza, é a colagem que, por melhor que seja, acaba exigindo reposicionamento de braquetes no decorrer do tratamento.
f) Pacientes em retratamento, que já haviam usado aparelho convencional, têm feito uma avaliação positiva (menor incômodo). g) Em relação ao tempo de tratamento, minha experiência mostra um ganho de aproximadamente 10% no tempo de tratamento — apesar de eu não ter nenhum estudo científico —, principalmente nos
FIGURA 12 - Jig confeccionado em fio de aço 0,021” X 0,025” e mola NiTi intermediária para potencializar o efeito e elástico intermaxilar de Classe II 3/16” médio.
agRadEcimEntOs Agradeço à Dra. Keila Rodrigues Correia, pelo auxílio na organização, e ao Dr. Daniel P.
Brunetto, pelo apoio e suporte na área de tomografia e documentação digital na realização desta entrevista.
REfERências
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deocleciano da silva carvalho
Luciano castellucci
-
-
graduado em Odontologia – USP/São Paulo. Mestre em Ortodontia – USP/São Paulo. Doutor em Odontopediatria – USP/São Paulo. Diretor do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia facial.
Luís antônio de arruda aidar
graduado em Odontologia – UfBA. Mestre e Doutor em reabilitação Oral – fOB/USP. Professor Adjunto – fO/UfBA. Diretor Científico e Professor dos Cursos de Especialização em Prótese Dentária e Implantodontia da ABO/BA.
mirian aiko nakane matsumoto
- graduado em Odontologia – UNIMES/Santos/SP. - Especialista e Mestre em Ortodontia pela UMESP (Metodista/São Paulo). - Doutor em Ciências (Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço) – UNIfESP (EPM/São Paulo). - Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da faculdade de Odontologia da UNISANTA (Santa Cecília/ Santos). - Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da faculdade de Odontologia da UNISANTA (Santa Cecília/Santos).
- graduada em Odontologia – fOrB/USP (ribeirão Preto/SP). - Mestre e Doutora em Ortodontia – UfrJ. - Livre-Docente - fOrB/USP (ribeirão Preto/SP). - Diplomada pelo BBO.
márcio sobral Endereço para correspondência Ademir roberto Brunetto Av. 7 de Setembro, 4456 – Batel CEP: 80.250-210 – Curitiba/Pr Email: ortobrunetto@terra.com.br
- Mestre em Ortodontia – UfrJ. - Professor do Curso de Especialização em Ortodontia – UfBA.
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artigo onlinE*
Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática fernando Paganeli Machado giglio**, Eduardo Sant’Ana***
Resumo Objetivo: avaliar a aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes
brasileiros submetidos à cirurgia ortognática, por meio da comparação dos traçados cefalométricos pós-tratamento ortodôntico-cirúrgico de 29 pacientes que passaram por cirurgia de maxila e mandíbula, com o padrão cefalométrico utilizado como orientação para o planejamento dos casos. métodos: os traçados foram gerados pelo programa Dolphin Imaging 9.0 a partir de telerradiografias em norma lateral digitalizadas, nas quais foram marcados 48 pontos de referência dentários, ósseos e tegumentares. Assim, obteve-se 26 grandezas cefalométricas lineares e angulares para posterior comparação com os valores normativos, considerando-se o dimorfismo sexual e as eventuais modificações feitas no planejamento em virtude de necessidades individuais de cada caso e das possíveis diferenças étnico-raciais. Os dados da amostra foram confrontados com o padrão por meio da comparação das médias e desvios-padrão pelo teste “t” de Student. Resultados: para os homens, as médias da amostra foram significativamente diferentes do padrão em cinco das grandezas estudadas; enquanto, para as mulheres, nove apresentaram diferenças estatisticamente significativas. No entanto, apesar da similaridade das médias na maioria das medidas em ambos os gêneros, os dados mostraram grandes variações individuais. conclusões: a análise dos resultados obtidos sugere que o padrão cefalométrico norte-americano empregado é aplicável como referência para o planejamento de casos ortodôntico-cirúrgicos de pacientes brasileiros, desde que se atente às variações individuais de acordo com as necessidades de cada paciente. Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Análise facial. Padrão cefalométrico.
* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. ** Mestre e Doutor em Estomatologia pela FOB-USP. *** Mestre em Diagnóstico Bucal e Doutor em Periodontia pela FOB-USP. Professor Livre-Docente de Cirurgia da FOB-USP.
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Giglio FPM, Sant’Ana e
Questões aos autores
Resumo do editor Diversos autores, das mais variadas regiões do mundo, estabeleceram padrões cefalométricos de normalidade para tecidos duros e moles específicos para suas populações, com o propósito de guiar o planejamento dos tratamentos de acordo com as características peculiares de cada grupo étnico-racial. No presente trabalho, comparou-se os resultados cefalométricos póstratamento de pacientes submetidos à cirurgia ortognática com os valores normativos1 utilizados como orientação no planejamento dos casos, para se verificar a aplicabilidade ou não de tal padrão para esse grupo de pacientes. Para ambos os gêneros, houve diferença estatisticamente significativa para o overbite, exposição do incisivo central superior e espessura do lábio inferior, sempre com os dados da amostra menores que os do padrão. Para os homens, as outras duas grandezas discrepantes em relação ao padrão foram o ângulo formado pelo incisivo central inferior e o plano oclusal da mandíbula e a distância horizontal entre os pontos A’ e B’ (relação anteroposterior maxilomandibular para tecidos moles), com os pacientes da amostra apresentando valores significativamente maiores que os do padrão. Por outro lado, para as mulheres, houve diferenças no ângulo formado pelo incisivo central superior e o plano oclusal da maxila e espaço interlabial (menores que o padrão); altura do lábio superior, altura do lábio inferior, altura do terço inferior da face e altura facial total (maiores que o padrão). Os padrões cefalométricos devem ser considerados como guias para o planejamento e não como diretrizes para o tratamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades individuais de cada caso.
1) Quais as principais diferenças cefalométricas entre americanos e brasileiros com oclusão normal/aceitável? Na verdade, encontramos diferenças em quase todos os pontos cefalométricos e grandezas do perfil mole, mas a mais marcante foi que os norte-americanos possuem face mais longa e mento mais protruído. 2) O que explicaria tais diferenças? Essa diferença se explica por eles serem basicamente anglo-saxônicos e nós, brasileiros do grupo estudado, basicamente mediterrâneos. 3) Os resultados dessa pesquisa os surpreenderam? Não, os resultados não nos surpreenderam porque já havíamos percebido que, com as medidas propostas por Arnett, os pacientes brasileiros ficavam com o queixo mais forte e protruído.
REfERências 1.
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Endereço para correspondência fernando Paganeli Machado giglio rua André rodrigues Benavides nº 67 ap. 403 – Pq. Campolim CEP: 18.048-050 – Sorocaba/SP E-mail fpmgiglio@uol.com.br
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artigo onlinE*
Biodegradação de braquetes ortodônticos: análise por microscopia eletrônica de varredura Luciane Macedo de Menezes**, rodrigo Matos de Souza***, gabriel Schmidt Dolci***, Berenice Anina Dedavid****
Resumo Objetivo: analisar, por meio de microscopia eletrônica de varredura, as alterações químicas
e estruturais de braquetes metálicos submetidos a um processo de biodegradação in vitro. métodos: a amostra foi dividida em dois grupos, de acordo com a marca comercial dos acessórios — Grupo A = Dyna-Lock, 3M/Unitek (AISI 303) e Grupo B = LG Edgewise Standard, American Orthodontics (AISI 316L). Os corpos de prova, aparelhos ortodônticos simulados, permaneceram imersos em solução salina (0,05%) por um período de 60 dias, a 37ºC, sob agitação. As alterações decorrentes da exposição dos acessórios à solução salina foram investigadas através da observação com microscópio eletrônico de varredura (MEV) e análise da composição química (EDX), realizadas antes e após o período de imersão (T0 e T5, respectivamente). Resultados: em T5, houve formação de produtos de corrosão sobre a superfície dos braquetes, especialmente no Grupo A, além disso, houve alterações na composição da liga metálica dos braquetes de ambos os grupos, sendo que, no Grupo A, houve redução dos íons ferro e cromo e, no Grupo B, redução de íons cromo. conclusão: os acessórios do Grupo A apresentaram-se menos resistentes à biodegradação in vitro, o que poderia estar associado ao tipo de aço utilizado em sua fabricação (AISI 303). Palavras-chave: Corrosão. Biocompatibilidade. Braquetes ortodônticos. Níquel.
Resumo do editor Tem se tornado cada vez mais frequente a ocorrência de hipersensibilidade causada pelo níquel presente nas ligas de aço inoxidável, amplamente utilizadas no tratamento ortodôntico. Braquetes, bandas e fios ortodônticos são universalmente confeccionados a partir dessa liga, que contém aproximadamente 6 a 12% de níquel e 15 a 22% de cromo. Além da alergenicidade, efeitos carcinogênicos, mutagênicos e citotóxicos têm sido atribuídos ao níquel e, em menor proporção,
ao cromo. Um dos fatores determinantes da biocompatibilidade das ligas metálicas usadas na Odontologia é a sua resistência à corrosão. Contudo, apesar da alta resistência dos aços inoxidáveis austeníticos, principal liga usada na confecção de braquetes ortodônticos, diversos estudos têm evidenciado a corrosão desses acessórios. Devido aos inúmeros fatores associados ao processo corrosivo e à suscetibilidade dos braquetes ortodônticos a esse processo, o objetivo do presente estudo é analisar, por meio de microscopia eletrônica de
* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. ** Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora do Curso de Mestrado em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da PUCRS. *** Mestres em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUCRS. **** Doutora em Engenharia, coordenadora do Centro de Microscopia e Microanálise da PUCRS.
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Menezes lM, Souza RM, Dolci GS, Dedavid BA
sob agitação por 8 horas diárias, com temperatura constante de 36±1ºC (Banho Dubnoff, Nova Tecnica®), por um período de até 60 dias. A análise microscópica (MEV), em T0, indicou que os braquetes do Grupo A apresentavam melhor acabamento superficial do que os do Grupo B. Foram constatadas alterações nas superfícies dos braquetes após terem permanecido 60 dias imersos em solução salina (T5), sendo mais evidentes no Grupo A (Fig. 1). Como observado nos gráficos 1 e 2, houve diferenças na composição da liga metálica dos braquetes antes (T0) e depois de terem permanecido 60 dias imersos em solução salina (T5). Os braquetes do Grupo A apresentaram uma redução da quantidade de ferro e cromo (p < 0,05). Já os braquetes do Grupo B apresentaram redução de íons cromo (p < 0,05). Ressalta-se que a opção de utilizar ligas metálicas que apresentem menor biodegradação reduziria o risco de danos à saúde do paciente.
varredura (MEV), as alterações químicas e estruturais de braquetes metálicos de duas marcas comerciais submetidos a um processo de biodegradação in vitro. Dois diferentes braquetes foram analisados: Dyna-Lock Standard Edgewise (3M Unitek, Monrovia, CA, EUA) e LG Edgewise (American Orthodontics, Sheboygan, Wisconsin, EUA), os quais foram divididos em dois grupos experimentais, de acordo com a marca comercial dos acessórios. Para avaliação ao MEV (Philips XL30, Eindhoven, Holanda), foram selecionados aleatoriamente 70 braquetes, que foram analisados em dois momentos: T0 (na condição “como recebidos”) e T5 (60 dias após a imersão dos acessórios em solução salina). Os corpos de prova foram imersos em tubos de ensaio que continham 10 mililitros de solução aquosa salina (NaCl 0,05%, Departamento de Bioquímica da PUCRS) e submetidos a um processo de “envelhecimento químico-mecânico”. Eles permaneceram
A
B
C
D
FIGURA 1 - Vista geral (50x) dos braquetes do Grupo A em T0 (A) e T5 (B); e vista geral (50x) dos braquetes do Grupo B em T0 (C) e T5 (D). Observa-se, em T5, a formação de produtos de corrosão, principalmente sobre os acessórios do Grupo A.
Grupo A
% 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Grupo B
% 80 70 T0 T5
T0 T5
60 50 40 30 20
Fe
Ni
10 0
Cr
GRáFICO 1 - Composição química (eDX) da liga metálica dos braquetes pertencentes ao Grupo A, em T0 e T5. Houve redução das quantidades de ferro (p < 0,05) e de cromo (p < 0,05).
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Fe
Ni
Cr
GRáFICO 2 - Composição química (eDX) da liga metálica dos braquetes pertencentes ao Grupo B, em T0 e T5. Houve redução da quantidade de íons cromo (p < 0,05).
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Biodegradação de braquetes ortodônticos: análise por microscopia eletrônica de varredura
2) Quais seriam as soluções para reduzir a biodegradação de braquetes ortodônticos metálicos? Em primeiro lugar, deve-se usar materiais de boa qualidade, de modo que os efeitos da corrosão sejam minimizados. O uso de braquetes reciclados deve ser evitado. Essa questão foi investigada avaliando-se o padrão de liberação de íons de braquetes novos e reciclados, de aço inoxidável. Para tanto, os braquetes foram imersos em soluções com diferentes valores de pH ao longo de um período de 48 semanas. A liberação de íons níquel, cromo, ferro, cobre, cobalto e manganês foi analisada por espectrofotometria de absorção atômica. Os resultados mostraram que os braquetes reciclados liberaram mais íons do que os braquetes novos. Esse estudo demonstra que ambos os braquetes, novos e reciclados, sofrerão corrosão no ambiente bucal12. Entretanto, os procedimentos de limpeza e esterilização envolvidos no processo de reciclagem resultam em alterações microestruturais que aumentam a corrosão. Deve-se considerar, também, a possibilidade de utilização de produtos alternativos, como braquetes sem níquel (“nickel-free”), de cerâmica, de titânio, de policarbonato ou banhados a ouro.
Questões aos autores 1) como surgiu o interesse por esse tema de estudo? O interesse pelo assunto biocompatibilidade teve início com uma reação alérgica de um paciente à parte metálica da tala cervical do aparelho extrabucal. Na época, em 1996, a paciente chegou ao consultório relatando urticária e irritação na pele do pescoço. Ao exame clínico, foi observada uma área eritematosa com vesículas no pescoço, uma lesão de cada lado, correspondendo em tamanho e localização com as partes metálicas da tala do aparelho extrabucal. A análise da história clínica da paciente revelou alergia a brincos (que não fossem de ouro), com inflamação local e descamação da pele após o uso dos mesmos. Dessa maneira, foi diagnosticada uma dermatite de contato. O tratamento realizado consistiu da remoção do estímulo (troca da tala cervical por uma onde a parte metálica não entrasse em contato com a pele). Quinze dias após, a paciente retornou sem nenhum sinal de reação alérgica1. Desde então, começamos a estudar de diferentes maneiras, através de estudos in vitro2 e in vivo3-8, as causas e consequências dessas reações orgânicas, que podem se manifestar no local ou em regiões distantes do corpo humano. Um dos pontos determinantes da biocompatibilidade das ligas metálicas em Odontologia é a resistência à corrosão6. A corrosão representa uma perda de metal ou sua conversão num óxido. No ambiente úmido da cavidade bucal, todas as ligas sofrem corrosão, pelo menos em alguma extensão9. Diversos são os fatores que podem interferir no processo de liberação iônica de uma liga: o método de fabricação, o tipo de liga e as características superficiais do acessório; as características do meio em que a peça está inserida, como composição, temperatura, pH, flora bacteriana, atividade enzimática e presença de proteínas10; além de fatores como o uso (envelhecimento) da liga, que pode estar sujeita a adversidades como estresse, tratamento térmico, reciclagem ou reutilização de componentes, dentre outros11.
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3) seria importante avaliar a citotoxicidade dos agentes químicos liberados na corrosão dos braquetes de aço? Para a biocompatibilidade de um determinado material é necessária uma resposta adequada do hospedeiro, o que, em Odontologia, significa a não-ocorrência de reações adversas, ou a ocorrência de reações adversas toleráveis, do organismo frente a esse material14. A ocorrência de qualquer reação adversa é chamada de toxicidade. Já a citotoxicidade, ou avaliação da toxicidade em cultura de células, é um fenômeno in vivo complexo, o qual pode manifestar um amplo espectro de efeitos, desde uma simples morte celular até aberrações metabólicas, nas quais não ocorre morte celular, mas apenas alterações funcionais15. Na literatura, é grande a diversidade de trabalhos com enfoque na liberação de íons metálicos de braquetes ortodônticos — principalmente ferro, cromo
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Menezes lM, Souza RM, Dolci GS, Dedavid BA
quantidade maior em condições dinâmicas. Mesmo assim, a quantidade estimada de liberação de níquel de um aparelho ortodôntico completo é menor do que 10% da quantidade ingerida diariamente na dieta17, sendo considerada negligenciável do ponto de vista toxicológico16. Barrett, Bishara e Quinn17 ressaltam que ainda precisa ser determinado quanto desses produtos de corrosão é realmente absorvido pelo paciente. Bergman et al.18 ressaltaram não ter qualquer informação sobre quando a dissolução do níquel das ligas se inicia e quando se estabelece a máxima concentração de níquel nos vários tecidos, sobre o padrão e a dinâmica de liberação de níquel, além da absorção e excreção desse metal pelo organismo3. Portanto, sabe-se, ainda, muito pouco sobre os reais efeitos do níquel sobre o funcionamento dos órgãos e tecidos expostos ao mesmo e, apesar dos vários estudos existentes, muitas questões ainda permanecem sem respostas, confirmando a necessidade de mais investigações sobre o tema.
e níquel, que representam os principais produtos da corrosão do aço inoxidável. Entretanto, outros íons metálicos presentes na solda de prata utilizada na aparelhagem ortodôntica — como o cádmio, o cobre e o zinco — podem ser liberados na cavidade bucal. Esses já são considerados produtos químicos potencialmente perigosos, sendo incluídos na lista de substâncias e processos considerados de grande risco para a vida humana. Em estudo sobre a liberação iônica e citotoxicidade da solda de prata, Freitas7 observou alta toxicidade desse material para fibroblastos, denotando alterações na adesão, proliferação e crescimento celular, bem como liberação significativa dos íons constituintes da solda de prata, com concentrações elevadas imediatamente após a instalação do aparelho, em ordem decrescente, de cobre, prata, zinco e cádmio, representando risco de absorção e retenção desses íons pelo organismo humano. Kerosuo, Moe e Kleven16 observaram in vitro que parece ocorrer liberação detectável de níquel e de cromo dos aparelhos ortodônticos, sendo a REfERências 1.
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Endereço para correspondência Luciane Macedo de Menezes Av. Ipiranga, 6681, prédio 6, sala 209 CEP: 90.619-900 – Porto Alegre / rS E-mail: luciane@portoweb.com.br
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artigo inédito
Dimensões nasofaringeanas e faciais em diferentes padrões morfológicos Murilo fernando Neuppmann feres*, Carla Enoki**, Wilma Terezinha Anselmo-Lima***, Mirian Aiko Nakane Matsumoto****
Resumo Objetivo: o presente estudo propõe-se a comparar as dimensões da nasofaringe e as caracterís-
ticas esqueléticas avaliadas por exame cefalométrico, em indivíduos com padrões morfológicos distintos. métodos: foram utilizadas 90 telerradiografias de pacientes de ambos os gêneros, de 12 a 16 anos de idade, as quais foram igualmente divididas em três grupos distintos, referentes aos padrões morfológicos — braquifacial, mesofacial e dolicofacial. Foram realizadas medições específicas da região nasofaringeana (ad1-Ptm, ad2-Ptm, ad1-Ba, ad2-S0, (ad1-ad2-S0-Baad1/Ptm-S0-Ba-Ptm) X 100, e Ptm-Ba) e relativas ao padrão esquelético da face. Resultados: observou-se que os pacientes dolicofaciais apresentaram menor profundidade sagital óssea (Ptm-Ba) e da via aérea da nasofaringe (ad1-Ptm e ad2-Ptm). Sugere-se que essas diferenças estejam relacionadas a um posicionamento relativamente mais posterior da maxila, comum a esses pacientes. Todavia, não foram detectadas diferenças quanto à espessura de tecido mole na parede posterior nasofaringeana (ad1-Ba e ad2-S0), ou à sua proporção em relação a toda a área delimitada para a nasofaringe [(ad1-ad2-S0-Ba-ad1/Ptm-S0-Ba-Ptm) X 100]. conclusão: sugere-se, portanto, que as características faciais de excesso vertical encontradas em pacientes dolicofaciais podem ocorrer, dentre outros fatores, em virtude da obstrução da via aérea nasofaringeana, uma vez que tais dimensões se apresentaram menores para os dolicofaciais. Palavras-chave: Respiração oral. Nasofaringe. Cefalometria.
intROdUÇÃO Uma das maiores dificuldades encontradas pelos pesquisadores tem sido determinar o verdadeiro papel desempenhado pela obstrução da via aérea no desenvolvimento das características craniofaciais. Evidências experimentais têm sugerido forte correlação entre a respiração oral e o
desenvolvimento vertical da face8,12,14,20. Porém, as opiniões divergem quando se tenta estabelecer um vínculo direto de causa e efeito entre essas duas condições. Enquanto alguns autores5,16,28 consideram a respiração oral como o principal fator etiológico no desenvolvimento da “síndrome da face
* Mestre em Ortodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - MG). Doutorando pela Universidade Federal de São Paulo (EPM - UNIFESP). ** Doutora em Patologia Experimental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP - USP). Professora do Curso de Especialização em Ortodontia da Fundação Odontológica de Ribeirão Preto (FUNORP). *** Doutora em Otorrinolaringologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP - USP). Professora Associada do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. **** Doutora em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FO - UFRJ). Professora Associada do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP.
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Dimensões nasofaringeanas e faciais em diferentes padrões morfológicos
faciais, além de garantir uma adequada inter-relação maxilomandibular, independentemente do tipo facial analisado. A partir de uma revisão realizada, e de evidências demonstradas pelos resultados, considerou-se plausível atribuir a reduzida dimensão da via aérea nasofaringeana à expressão de caracteres faciais de natureza essencialmente vertical em pacientes dolicofaciais.
padrões distintos. Sugere-se que essa diferença seja decorrente de um posicionamento distal da maxila comum aos pacientes de face longa. O posicionamento da maxila, distinto para cada grupo, foi acompanhado pela rotação da mandíbula — ora em sentido horário, no caso dos dolicofaciais; ora em sentido anti-horário, para braquifaciais —, o que exerceu influência sobre alturas e índices
Nasopharyngeal and facial dimensions of different morphological patterns abstract Objective: The purpose of this study was to compare the dimensions of the nasopharynx and the skeletal features—evaluated by cephalometric examination—of individuals with different morphological patterns. methods: Were used cephalometric radiographs of 90 patients of both genders, aged 12 to 16 years, which were also divided into three distinct groups, according to their morphological patterns, i.e., brachyfacials, mesofacials and dolichofacials. Measurements were performed of specific nasopharyngeal regions (ad1-Ptm, ad2-Ptm, ad1-Ba, ad2-S0, (ad1ad2-S0-Ba-ad1/Ptm-S0-Ba-Ptm) X 100, and Ptm-Ba), and relative to the facial skeletal patterns. Results: Dolichofacial patients were found to have lower than average bone depth sagittally (Ba-Ptm) and lower nasopharyngeal airway depth (ad1-Ptm and ad2-Ptm). Arguably, these differences are linked to a relatively more posterior position of the maxilla, typical of these patients. No differences were found, however, in the soft tissue thickness of the posterior nasopharyngeal wall (ad1-Ba and ad2-S0), or their proportion in the whole area bounded by the nasopharynx ((ad1ad2-S0-Ba-ad1/Ptm-S0-Ba-Ptm) X 100). conclusions: We therefore suggest that the excessively vertical facial features found in dolichofacial patients may be the result, among other factors, of nasopharyngeal airway obstruction, since such dimensions were shown to be smaller in dolichofacials. Keywords: Mouth breathing. Nasopharynx. Cephalometry.
REfERências 1. 2. 3. 4. 5. 6.
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Enviado em: agosto de 2008 Revisado e aceito: novembro de 2008
Endereço para correspondência Murilo fernando Neuppmann feres rua rui Barbosa, nº 261, apto. 74 – Centro CEP: 14.015-120 – ribeirão Preto/SP E-mail: muriloneuppmann@yahoo.com.br
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artigo inédito
Avaliação cefalométrica das alterações verticais e anteroposteriores associadas ao uso do expansor maxilar com cobertura oclusal Moara De rossi*, Maria Bernadete Sasso Stuani**, Léa Assed Bezerra da Silva***
Resumo introdução: os aparelhos expansores maxilares com cobertura oclusal têm sido sugeridos para controlar o aumento na dimensão vertical da face após a expansão rápida da maxila, porém ainda não há um consenso na literatura sobre seus reais efeitos. Objetivo: o objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações cefalométricas verticais e anteroposteriores associadas à expansão da maxila realizada com o aparelho expansor com cobertura oclusal. métodos: a amostra foi composta por 25 crianças, de ambos os gêneros, com idades entre 6 e 10 anos, portadoras de mordida cruzada posterior esquelética. Após a expansão maxilar, o próprio aparelho expansor foi utilizado como contenção fixa. Foram analisadas telerradiografias em norma lateral tomadas antes do início do tratamento e após a remoção do aparelho expansor. conclusão: com base nos resultados, pôde-se concluir que o uso do aparelho expansor com cobertura oclusal não alterou significativamente as medidas cefalométricas verticais e anteroposteriores das crianças. Palavras-chave: Expansor com cobertura oclusal. Expansão rápida da maxila. Cefalometria.
intROdUÇÃO A expansão rápida da maxila (ERM) é um procedimento amplamente aceito e recomendado para a correção da atresia maxilar relacionada à mordida cruzada posterior7,8. A abertura da sutura palatina mediana promove um aumento da largura maxilar e do perímetro da arcada dentária, possibilitando a coordenação das bases dentárias superior e inferior e a correção da mordida cruzada. No entanto, além da correção da discrepância transversal, a ERM também provoca alterações como o deslocamento inferior da maxila,
extrusão e inclinação dos molares superiores e rotação mandibular no sentido horário, com consequente aumento da altura facial e abertura da mordida anterior4,14,15,20,21,26. Angell1, em 1860, relatou o primeiro caso de expansão maxilar realizada por um aparelho com um parafuso colocado transversalmente à maxila. A partir de então, diferentes aparelhos foram sugeridos para a separação das hemimaxilas, apresentando modificações, especialmente, no tipo de material e ancoragem utilizada, em diferentes modos de ativação5,10,12,14,18,22,23.
* Mestre em Odontopediatria pela FORP/USP. Doutora em Odontopediatria pela FOP/UNICAMP. ** Professora de Ortodontia da FORP/USP. *** Professora Titular do Departamento de Odontologia Infantil, Preventiva e Social da FORP/ USP.
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Rossi M, Stuani MBS, Silva lAB
da realização de trabalhos onde a amostra seja padronizada de acordo com o padrão de crescimento e relação maxilomandibular, visando um maior esclarecimento acerca dos possíveis benefícios proporcionados pelo aparelho expansor com cobertura oclusal em pacientes Classe II e hiperdivergentes.
rações normais previstas durante o crescimento. Dessa forma, acredita-se que o aparelho com cobertura oclusal seja uma opção para a correção da mordida cruzada posterior e atresia maxilar, independentemente de problemas verticais e do padrão facial do paciente. A ausência de bandas reduz o trabalho clínico, facilitando o preparo e instalação do expansor maxilar com cobertura oclusal. Porém, deve-se ter especial atenção no ajuste oclusal para que o contato do acrílico com os dentes inferiores seja bilateral e balanceado, evitando uma possível queda do aparelho e desconforto do paciente. Salienta-se, por fim, que a amostra do presente trabalho foi selecionada com base apenas na dimensão transversal maxilar reduzida, não sendo levados em consideração os aspectos relacionados ao padrão de crescimento e relação sagital maxilomandibular. Dessa forma, verifica-se a necessidade
cOncLUsÃO Considerando-se as condições específicas do presente trabalho, pode-se concluir que a expansão rápida da maxila, realizada em crianças com o aparelho expansor com cobertura oclusal de acrílico, não promoveu alterações cefalométricas verticais e anteroposteriores. agRadEcimEntOs Agradecemos a Dental Morelli, em especial o Sr. José Damian, pela doação do material para a confecção dos aparelhos expansores.
Cephalometric evaluation of vertical and anteroposterior changes associated with the use of bonded rapid maxillary expansion appliance abstract introduction: Bonded rapid maxillary expansion appliances have been suggested to control increases in the vertical dimension of the face after rapid maxillary expansion but there is still no consensus in the literature concerning its actual effectiveness. Objective: The purpose of this study was to evaluate the vertical and anteroposterior cephalometric changes associated with maxillary expansion performed using bonded rapid maxillary expansion appliances. methods: The sample consisted of 25 children of both genders, aged between 6 and 10 years old, with skeletal posterior crossbite. After maxillary expansion, the expansion appliance itself was used for fixed retention. Were analyzed lateral teleradiographs taken prior to treatment onset and after removal of the expansion appliance. conclusion: Based on the results, it can be concluded that the use of bonded rapid maxillary expansion appliance did not significantly alter the children’s vertical and anteroposterior cephalometric measurements. Keywords: Bonded rapid maxillary expansion appliance. Rapid maxillary expansion. Cephalometry.
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Avaliação cefalométrica das alterações verticais e anteroposteriores associadas ao uso do expansor maxilar com cobertura oclusal
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Enviado em: março de 2007 Revisado e aceito: novembro de 2007
Endereço para correspondência Moara De rossi rua Ipê Ouro, 633, Condomínio rio das Pedras CEP: 13.085-135 – Barão geraldo – Campinas/SP E-mail: moderossi@yahoo.com.br
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artigo inédito
Avaliação da atresia maxilar associada ao tipo facial Marina gomes Pedreira*, Maria Helena Castro de Almeida**, Katia de Jesus Novello ferrer***, renato Castro de Almeida****
Resumo Objetivos: associar a atresia maxilar aos tipos faciais, verificar o dimorfismo entre os gêneros masculino e feminino, bem como a correlação entre os gêneros e os tipos faciais. métodos:
inicialmente, a amostra constou de 258 telerradiografias da cabeça, em norma lateral. Após aplicada a análise do Vert de Ricketts, foram excluídas 108 telerradiografias, por não satisfazerem o critério de seleção. Portanto, a amostra final foi de 150 telerradiografias e 150 modelos pertencentes a 150 indivíduos brancos na faixa etária de 14 anos a 18 anos e 11 meses, independentemente do tipo de má oclusão. A mesma foi dividida em: 50 mesofaciais; 50 braquifaciais e 50 dolicofaciais. Para os 150 modelos, aplicou-se a análise de Schwarz. Resultados: a presença da atresia maxilar na amostra selecionada correspondeu a 64% nos dolicofaciais, 58% nos braquifaciais e 52% nos mesofaciais. conclusões: não houve evidência de associação da atresia com o tipo facial. Quanto ao dimorfismo de gênero, foi proporcionalmente maior para o dolicofacial masculino enquanto o feminino não apresentou proporções diferentes. Palavras-chave: Atresia maxilar. Análise de Schwarz. Tipos faciais.
intROdUÇÃO E REVisÃO dE LitERatURa A forma das arcadas dentárias é fundamental durante o diagnóstico das más oclusões, pois, para a estabilidade e função ideal, faz-se necessária a perfeita intercuspidação dos dentes. A atresia maxilar é a deformidade dentofacial na qual observa-se uma discrepância da maxila em relação à mandíbula, no sentido transversal, podendo apresentar mordida cruzada posterior uni ou
bilateral. Consiste em um estreitamento da arcada superior, apresentando palato ogival profundo, muitas vezes associado à disfunção respiratória. Pode estar camuflada devido ao posicionamento sagital da maxila e mandíbula, aparentemente não apresentando deficiência transversal³. Witzig e Spahl10 afirmam que Pont, em 1909, avaliando indivíduos bascos do sul da França, determinou uma constante fixa para a forma ideal
* Mestre em Ortodontia pelo CPO São Leopoldo Mandic. Coordenadora e Professora da Especialização e Aperfeiçoamento na área de Ortodontia pela FUNORTE/SOEBRÁS núcleo Alfenas-MG. ** Especialista em Ortodontia pelo CFO. Professora Titular em Ortodontia pela FOP/UNICAMP (aposentada). Professora do Programa de Mestrado em Odontologia do CPO São Leopoldo Mandic. *** Especialista em Ortodontia pela UNICASTELO. Mestre em Odontologia, área de Ortodontia, pela UNICASTELO. Doutora em Ortodontia pela FOP/UNICAMP. Professora do Programa de Mestrado em Odontologia do CPO São Leopoldo Mandic. **** Especialista em Ortodontia pelo CFO. Especialista em Radiologia pela FOP/UNICAMP. Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOP/UNICAMP. Coordenador e Professor do Programa de Mestrado em Odontologia, área de Ortodontia, do CPO São Leopoldo Mandic.
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Pedreira MG, Almeida MHC, Ferrer KJN, Almeida RC
Evaluation of maxillary atresia associated with facial type abstract Objectives: To associate maxillary atresia with facial types, investigating whether dimorphism occurs between males and females and evaluating the percentage of such dimorphism according to gender and facial type. methods: Initially, the sample consisted of 258 lateral cephalometric radiographs. After analyzing Ricketts’ VERT index, 108 radiographs were excluded for not meeting the selection criteria. Therefore, the sample consisted of 150 lateral cephalometric radiographs and 150 models of 150 Caucasian individuals aged 14 years to 18 years and 11 months, regardless of malocclusion type. The sample was divided into 50 mesofacials, 50 brachyfacials and 50 dolichofacials. The Schwarz’s analysis was applied to all 150 models. Results: The presence of maxillary atresia in the sample consisted of 64% in dolichofacials, 58% in brachyfacials and 52% in mesofacials. conclusions: There was no evidence showing that atresia is in any way associated with facial type. Gender dimorphism was proportionally greater in dolichofacial males while females did not exhibit different proportions. Keywords: Maxillary atresia. Schwarz’s analysis. Facial types.
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Enviado em: agosto de 2008 Revisado e aceito: outubro de 2009
Endereço para correspondência Marina gomes Pedreira rua Amélio da Silva gomes, 106, Centro CEP: 37.130-000 – Alfenas / Mg E-mail: marinapedreira@yahoo.com.br
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artigo inédito
Possíveis fatores etiológicos para desordens temporomandibulares de origem articular com implicações para diagnóstico e tratamento Aline vettore Maydana*, ricardo de Souza Tesch**, Odilon vitor Porto Denardin***, Weber José da Silva Ursi****, Samuel franklin Dworkin*****
Resumo
Os fatores envolvidos na etiologia, diagnóstico e tratamento das desordens temporomandibulares (DTM) de origem articular foram revisados. Critérios específicos de inclusão e exclusão para o diagnóstico de DTM são essenciais, mas apresentam utilidade limitada. Atualmente, os Critérios Diagnósticos de Pesquisa para Desordem Temporomandibular (RDC/TMD) oferecem a melhor classificação baseada em evidências para os subgrupos mais comuns de DTM. O RDC/TMD inclui não apenas métodos para a classificação diagnóstica física, presentes em seu Eixo I, mas ao mesmo tempo métodos para avaliar a intensidade e a severidade da dor crônica e os níveis de sintomas depressivos e físicos não-específicos, presentes em seu Eixo II. Embora historicamente as más oclusões tenham sido consideradas como fatores de risco para o desenvolvimento das DTM, incluindo as predominantemente articulares, em muitos casos a associação estabelecida entre essas variáveis parece ter tomado direção oposta. No que diz respeito aos desarranjos internos da ATM, os resultados de estudos prévios sobre a redução induzida do ramo mandibular, secundária ao deslocamento anterior do disco articular, indicam que o reposicionamento do disco deslocado em crianças ou adolescentes jovens pode fazer mais sentido do que previamente imaginado. O uso terapêutico de suplementos alimentares, como o sulfato de glicosamina, parece uma alternativa segura ao uso dos medicamentos anti-inflamatórios normalmente utilizados para controlar a dor relacionada à osteoartrite da articulação temporomandibular (ATM), embora a evidência em torno de sua eficácia para a maioria dos pacientes de DTM não tenha sido completamente estabelecida. Palavras-chave: Desordens temporomandibulares. RDC/TMD. Deslocamento do disco. Osteoartrite. Má oclusão.
* ** *** **** *****
Especialista em DTM e Dor Orofacial – Faculdade de Medicina de Petrópolis/ABO Petrópolis. Especialista em Ortodontia – ABO Petrópolis. Coordenador do Departamento de DTM e Dor Orofacial da Faculdade de Medicina de Petrópolis. Especialista em Ortodontia. Professor Associado – Departamento de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis. Professor Associado – Departamento de Ortodontia da Universidade do Estado de São Paulo – São José dos Campos. Professor Emeritus. Department of Oral Medicine School of Dentistry. Department of Psychiatric and Behavioral Sciences School of Medicine University of Washington.
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Maydana AV, Tesch RS, Denardin OVP, Ursi WJS, Dworkin SF
Possible etiological factors in temporomandibular disorders of articular origin with implications for diagnosis and treatment abstract The authors reviewed the factors involved in the etiology, diagnosis and treatment of temporomandibular joint disorders (TMD). Although essential, specific criteria for inclusion and exclusion in TMD diagnosis have shown limited usefulness. Currently, the Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) offer the best evidence-based classification for the most common TMD subgroups. The RDC/TMD includes not only methods for physical diagnostic classification, comprised in Axis I, but also methods to assess the intensity and severity of chronic pain and the levels of non-specific depressive and physical symptoms, in Axis II. Although historically malocclusions have been identified as risk factors for the development of TMD—including those predominantly joint-related—in many cases the association established between these variables seems to have taken opposite directions. Regarding internal TMJ derangements, the results of studies on the induced shortening of the mandibular ramus, secondary to anterior articular disk displacement, indicate that repositioning the displaced disk in children or young adolescents may make more sense than previously imagined. The therapeutic use of dietary supplements, such as glucosamine sulfate, seems to be a safe alternative to the anti-inflammatory drugs commonly used to control pain associated with TMJ osteoarthritis, although evidence of its effectiveness for most TMD patients has yet to be fully established. Keywords: Temporomandibular disorders. RDC/TMD. Disk displacement. Osteoarthritis. Malocclusion.
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Possíveis fatores etiológicos para desordens temporomandibulares de origem articular com implicações para diagnóstico e tratamento
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Enviado em: setembro de 2006 Revisado e aceito: novembro de 2008
Endereço para correspondência Aline vettore Maydana rua Marechal Deodoro 46 sala 207 – Centro CEP: 25.620-150 – Petrópolis / rJ E-mail: alinemaydana@hotmail.com
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artigo inédito
fatores predisponentes de desordem temporomandibular em crianças com 6 a 11 anos de idade ao início do tratamento ortodôntico Patrícia Porto Loddi*, André Luis ribeiro de Miranda*, Marilena Manno vieira**, Brasília Maria Chiari***, fernanda Cavicchioli goldenberg****, Savério Mandetta*****
Resumo introdução: atualmente, considera-se multifatorial a etiologia da desordem temporomandibular
(DTM), na qual fatores psicológicos, parafunções orais, má oclusão morfológica e funcional constituem possíveis causas para o desenvolvimento dessa disfunção. Objetivo: avaliar as crianças que procuram por tratamento ortodôntico preventivo, visando compreender melhor suas queixas e avaliar a prevalência de sinais e sintomas de desordem temporomandibular. métodos: sessenta e cinco crianças, com idades variando entre 6 e 11 anos, foram avaliadas por dois examinadores. Resultados: o bruxismo foi o sintoma que apresentou o maior índice de prevalência na amostra estudada e a deglutição atípica apresentou o maior índice dentre os fatores predisponentes. conclusão: recomenda-se que a avaliação dos possíveis sinais e sintomas da DTM em crianças seja adotada como rotina durante o exame clínico inicial. Palavras-chave: Transtornos da articulação temporomandibular/diagnóstico. Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular. Epidemiologia. Crianças.
intROdUÇÃO A desordem temporomandibular (DTM) é um termo genérico que representa os sinais e sintomas envolvendo os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular e estruturas associadas. Atualmente, considera-se multifatorial a etiologia da DTM, na qual fatores psicológicos, parafunções orais, má oclusão morfológica e funcional
consistem em possíveis causas para o desenvolvimento da disfunção. Há uma evidência crescente de que as disfunções da articulação temporomandibular (ATM) podem ter origem no início do desenvolvimento craniofacial e que sinais e sintomas precoces de problemas temporomandibulares apresentam-se frequentemente associados com as más oclusões morfológicas10.
* Doutores em Ciências da Saúde pela UNIFESP-EPM. Mestres e Especialistas em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Professores da disciplina de Ortodontia Preventiva da Faculdade de Odontologia da UMESP. ** Professora Doutora Adjunta da Disciplina de Distúrbios da Comunicação Humana (DCH) e Coordenadora do Curso de Aperfeiçoamento/Especialização em Fonoaudiologia da UNIFESP-EPM. *** Professora Titular do Departamento de Fonoaudiologia e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em DCH: Campo Fonaudiológico da UNIFESP-EPM. **** Professora Doutora Responsável pela Disciplina de Ortodontia Preventiva da Faculdade de Odontologia e do Programa de Pós-Graduação em Odontologia: área de concentração em Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo. ***** Professor Doutor Adjunto do Departamento de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo. Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo.
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loddi PP, Miranda AlR, Vieira MM, Chiari BM, Goldenberg FC, Mandetta S
factors predisposing 6 to 11-year old children in the first stage of orthodontic treatment to temporomandibular disorders abstract introduction: The etiology of temporomandibular disorders (TMD’s) is currently considered multifactorial, involving psychological factors, oral parafunctions, morphological and functional malocclusion. Objectives: In keeping with this reasoning, we evaluated children who seek preventive orthodontic treatment, to better understand their grievances and to assess the prevalence of TMD signs and symptoms in these patients. methods: Two examiners evaluated 65 children aged 6 to 11 years. Results: In our sample, bruxism featured the highest prevalence rate, whereas atypical swallowing displayed the highest rate among predisposing factors. conclusion: We therefore recommend that the evaluation of possible TMD signs and symptoms in children be adopted as routine in the initial clinical examination. Keywords: Temporomandibular joint disorders/diagnosis. Temporomandibular Joint Dysfunction Syndrome. Epidemiology. Children.
REfERências 1.
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Enviado em: setembro de 2006 Revisado e aceito: setembro de 2008
Endereço para correspondência Patrícia Porto Loddi rua Conselheiro Lafayete, 760 Barcelona CEP: 09.550-000 – São Caetano do Sul/SP E-mail: patricialoddi@hotmail.com
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artigo inédito
A extração de segundos molares superiores para o tratamento da Classe II Maurício Barbieri Mezomo*, Manon Pierret**, gabriella rosenbach***, Carlos Alberto E. Tavares****
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma abordagem alternativa para o tratamento ortodôntico das más oclusões de Classe II. Através de uma revisão da literatura, verificou-se que a extração de segundos molares superiores demonstrou ser uma alternativa viável para o tratamento desse tipo de má oclusão. Essa opção terapêutica possibilita maior rapidez na distalização dos primeiros molares com menor necessidade de cooperação por parte do paciente. Porém, a análise do grau de formação, posição intraóssea e morfologia do terceiro molar deve ser cuidadosamente realizada para proporcionar o correto posicionamento do mesmo no lugar do segundo molar extraído. Dois casos clínicos apresentarão a sequência do diagnóstico e tratamento com essa mecânica, exibindo resultados adequados dos pontos de vista funcional e estético. Palavras-chave: Tratamento ortodôntico. Segundos molares. Extrações. Classe II.
REVisÃO dE LitERatURa A proposta de extração de dentes permanentes como parte do tratamento ortodôntico gerou opiniões divergentes desde seu início, com Angle e Tweed. Atualmente, é rotina no planejamento ortodôntico a extração de pré-molares, principalmente os primeiros. Tais exodontias são indicadas em casos de apinhamento, biprotrusão e presença de perfil esteticamente desagradável (quando se torna benéfica a retração dos dentes anteriores). Esses dentes estão próximos do centro de cada quadrante da arcada e, normalmente, estão próximos do local do apinhamento. Entretanto, em algumas situações a extração de outros dentes pode ser mais apropriada e vantajosa. As extrações de molares não são recentes. Chapin6, em 1939, já sugeria a remoção desses
* ** *** ****
dentes como alternativa à remoção de pré-molares. Diversos autores têm sugerido a remoção do segundo molar superior para a correção da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, com excessiva inclinação vestibular dos incisivos e sem diastemas, com mínima sobressaliência e presença dos terceiros molares em boa posição e forma adequada3,8. Casos de pacientes com padrão facial dolicocefálico, tendência de crescimento vertical e necessidade de distalização dos primeiros molares são especialmente beneficiados pela extração dos segundos molares, pois a tendência de abertura da mordida é diminuída22. Além de serem analisadas as indicações para essa forma de tratamento, alguns critérios devem ser considerados. É imprescindível a presença dos terceiros molares e esses devem
Especialista em Ortodontia pela ABO-RS. Mestre em Ortodontia pela PUC-RS. Professor do curso de Odontologia da UNIFRA – Santa Maria/RS. Especialista em Ortodontia pela ABO-RS. Especialista e Mestre em Ortodontia pela UERJ. Professora do curso de Especialização em Ortodontia da ABO-RS. Mestre e Doutor em Ortodontia pela UFRJ. Professor do curso de Especialização em Ortodontia da ABO-RS.
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Mezomo MB, Pierret M, Rosenbach G, Tavares CAe
Extraction of upper second molars for treatment of Angle Class II malocclusion abstract The purpose of this article is to present an alternative approach to the orthodontic treatment of Angle Class II malocclusion. According to a literature review it was observed that the extraction of upper second molars has proven to be a viable alternative for the treatment of this type of malocclusion. This therapeutic option enables faster first molar retraction and requires less patient compliance. However, the level of development, intraosseous position and morphology of the third molar should be carefully evaluated to ensure its correct positioning in place of the extracted second molar. Two clinical case reports will demonstrate that the sequence of diagnosis and treatment used with this mechanics yields satisfactory functional and aesthetic results. Keywords: Orthodontic treatment. Second molars. Extractions. Class II.
REfERências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.
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Enviado em: dezembro de 2006 Revisado e aceito: setembro de 2009
Endereço para correspondência Maurício Barbieri Mezomo rua francisco Manuel 28 / 404 CEP: 97.015-260 – Santa Maria/rS E-mail: mezomo@ortodontista.com.br
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artigo inédito
Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com resinas ortodônticas fluoretadas Marcia Cristina rastelli*, Ulisses Coelho**, Emígdio Enrique Orellana Jimenez***
Resumo Objetivo: avaliar a resistência ao cisalhamento de braquetes metálicos colados com resinas que
contêm flúor, comparando-as a uma resina convencional; e analisar a quantidade de adesivo remanescente na superfície do esmalte. métodos: sessenta pré-molares foram divididos aleatoriamente em 3 grupos: Grupo I – Concise (3M), Grupo II – Ultrabond (Aditek do Brasil) e Grupo III – Relya-Bond (Reliance). Após a colagem dos braquetes, as amostras foram termocicladas (500 ciclos) nas temperaturas de 5°C e 55°C. Após 48 horas, foram submetidas aos ensaios mecânicos de cisalhamento na direção oclusocervical, com velocidade de carga de 0,5mm/min, em uma máquina MTS 810. Resultados: foram observadas resistências médias ao cisalhamento de 24,54±6,98MPa para o Grupo I, de 11,53±6,20MPa para o Grupo II e de 16,46±5,72MPa para o Grupo III. A Análise de Variância determinou diferença estatística entre as médias de resistência ao cisalhamento entre os grupos (p < 0,001). O teste de Tukey evidenciou que as médias dos três grupos foram significativamente diferentes entre si (p < 0,05), com a maior resistência para o Grupo I e a menor para o Grupo II. O teste de Kruskal-Wallis não mostrou diferença estatística significativa na quantidade de adesivo remanescente entre os grupos (p = 0,361). conclusão: todos os materiais apresentaram resistência adesiva adequada para uso clínico, com maior resistência ao cisalhamento para a resina Concise, sem diferenças significativas para o Índice de Adesivo Remanescente entre os grupos. Palavras-chave: Cisalhamento. Braquetes. Resina com flúor.
intROdUÇÃO Vários foram os avanços que contribuíram para o aperfeiçoamento da técnica da colagem de acessórios ortodônticos, tais como: a introdução do condicionamento ácido do esmalte por Buonocore7, e a sua associação às resinas compostas à base de bisfenol A glicidil metacrilato (Bis-GMA). Isso fez com
que essa técnica passasse a ser o método de escolha para a colagem dos acessórios ortodônticos11,12. Porém, durante o tratamento com aparelho ortodôntico fixo, existem alguns problemas que poderão ocorrer, como: (1) fraturas ou até mesmo a perda do esmalte, que podem estar relacionadas ao pré-tratamento da superfície do esmalte durante a
* Mestre em Clínica Integrada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR. ** Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP. Pós-Doutor em Bioengenharia pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná. Professor Adjunto da Disciplina de Ortodontia da Universidade Estadual de Ponta Grossa e do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Brasileira de Odontologia de Ponta Grossa. *** Mestre em Clínica Integrada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR. Doutorando em Ortodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Curitiba/PR. Professor Titular de Ortodontia da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Brasileira de Odontologia de Ponta Grossa.
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Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com resinas ortodônticas fluoretadas
do esmalte. A remoção da resina remanescente não é um procedimento de difícil execução, além de ser uma rotina na clínica ortodôntica, porém é necessária habilidade neste procedimento, pois também poderá ocasionar danos ao esmalte.
nos três grupos avaliados, pois a descolagem indicou pouco ou nenhum adesivo remanescente nos dentes. Além disto, não foi observado nenhum dano à superfície do esmalte após a descolagem, com exceção de duas amostras do Grupo I (Concise) que apresentaram fratura do esmalte. Penido et al.18 também observaram maior quantidade de fraturas na interface adesivo-esmalte em estudo in vitro. Porém, em estudo in vivo, Penido et al.18 verificaram que a falha na adesão ocorreu na interface adesivo/ braquete e que esse tipo de fratura é frequentemente encontrado na clínica, sendo o mais desejável, já que a fratura na interface adesivo-esmalte poderá ocasionar danos ao esmalte, e isso ocorre devido a um estrangulamento da resina que fica entre a malha do braquete, tornando essa área mais frágil. Pithon et al.19,20 verificaram que a fratura ocorreu na interface adesivo-braquete, e acham importante que os materiais para colagem apresentem uma maior quantidade de adesivo remanescente na superfície dentária após a remoção do braquete, pois isso irá proporcionar uma maior segurança, mantendo a integridade do dente e evitando a fratura
cOncLUsõEs Após a análise dos resultados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Todos os materiais testados apresentam resistência ao cisalhamento adequada para suprir as necessidades clínicas, ou seja, resistência suficiente para suportar os esforços gerados pela mecânica ortodôntica e pela mastigação. Entretanto, a resina Concise apresentou resistência maior do que as resinas Rely-a-Bond e Ultrabond. 2. Com relação ao Índice de Adesivo Remanescente, não houve diferença entre os grupos e, apesar das fraturas terem ocorrido na interface adesivo-esmalte, não foi observado nenhum dano à superfície do esmalte após a descolagem, exceto em duas amostras do Grupo I (Concise) que apresentaram fratura do esmalte.
Evaluation of shear bond strength of brackets bonded with orthodontic fluoride-releasing composite resins abstract Objective: To evaluate the shear bond strength of stainless steel brackets bonded with fluoride releasing composite resins, comparing them with a conventional resin and to analyze the amount of resin left on the enamel surface. methods: Sixty premolars were randomly divided into three groups: Group I – Concise (3M), Group II – Ultrabond (Aditek do Brasil) and Group III – Rely-a-Bond (Reliance). After bonding, the samples were thermocycled (500 cycles) at 5ºC and 55ºC temperatures. After 48 hours they were subjected to shear bond strength testing, in the occluso-gingival direction, using an MTS 810 Universal Testing Machine with load speed of 0.5 mm/min. Results: The results demonstrated a mean shear bond strength of 24.54 ± 6.98 MPa for Group I, 11.53 ± 6.20 MPa for Group II, and 16.46 ± 5.72 MPa for Group III. Analysis of Variance (ANOVA) determined a statistical difference in the mean shear bond strengths between groups (p < 0.001). The Tukey test evidenced that the averages of the three groups were significantly different (p < 0.05), with the highest values for Group I and the lowest for Group II. The Kruskal-Wallis test did not show significant differences in the amount of resin left on the enamel in any of the three groups (p = 0.361). conclusion: All materials exhibited adequate adhesive bond strength for clinical use. Concise exhibited the highest degree of shear bond strength but no significant differences were found in Adhesive Remnant Index (ARI) between the groups. Keywords: Shear bond strength. Brackets. Composite fluoride resin.
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Rastelli MC, Coelho U, Jimenez eeO
REfERências 1. 2. 3.
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Enviado em: dezembro de 2006 Revisado e aceito: setembro de 2009
Endereço para correspondência Marcia Cristina rastelli rua Santana, 276 – Centro CEP: 84.010-320 – Ponta grossa / Pr E-mail: marciarastelli@yahoo.com.br
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artigo inédito
Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial Simone vieira Carrara**, Paulo César rodrigues Conti***, Juliana Stuginski Barbosa****
Resumo
O Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial* foi criado com o propósito de substituir divergências por evidência científica dentro dessa especialidade da Odontologia. O documento oferece informações claras e fundamentadas para orientar o cirurgião-dentista e demais profissionais de saúde sobre os cuidados demandados pelo paciente, tanto no processo de diagnóstico diferencial quanto na fase de aplicação das terapias de controle da dor e disfunção. O Termo foi aprovado no mês de janeiro de 2010 em reunião realizada durante o Congresso Internacional de Odontologia do Estado de São Paulo e converge o pensamento dos profissionais mais conceituados do Brasil na especialidade Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Palavras-chave: Bruxismo. Articulação Temporomandibular. Transtornos da Articulação Temporomandibular. Cefaleia. Odontologia. Cervicalgia.
intROdUÇÃO Por definição, dor orofacial é toda a dor associada a tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas ou músculos) da cavidade oral e da face. Usualmente, essa dor pode ser referida na região da cabeça e/ou pescoço ou mesmo estar associada a cervicalgias, cefaleias primárias e doenças reumáticas como fibromialgia e artrite reumatoide1. As principais fontes de dor orofacial são problemas odontogênicos, cefaleias, patologias neurogênicas, dores musculoesqueléticas, dores psicogênicas, câncer, infecções, fenômenos autoimunes e trauma tecidual1. Historicamente, a Odontologia tem se dedicado fundamentalmente ao diagnóstico e tratamento da
dor odontogênica (pulpar e periodontal). Não se pode, porém, descuidar da identificação de outras fontes de dor orofacial como processos inflamatórios típicos (sinusites, parotidites), dores neuropáticas contínuas ou intermitentes (nevralgias, dor por desaferentação, dor mantida pelo simpático), cefaleia e disfunção temporomandibular. Faz parte de um atendimento de qualidade prestado pelos profissionais das áreas de Saúde identificar a dor orofacial e encaminhar o portador à terapia apropriada com a celeridade exigida. O profissional que se dispuser a tratar esses pacientes deve conhecer profundamente o diagnóstico diferencial da dor orofacial e suas subclassificações,
* Nota dos relatores: embora o Conselho Federal de Odontologia designe a especialidade com o termo “Têmporo-Mandibular”, existe amplo questionamento sobre a sua correta grafia. Consulta realizada no site da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br) verificou a ausência daquele termo, encontrando-se alternativamente “Temporomandibular”. Por tal motivo, esse será o termo utilizado ao longo do presente documento, antecipando-se à sua futura efetivação como nomenclatura oficial da especialidade. ** Especialista em DTM e Dor Orofacial. *** Professor Associado do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Aplicadas da FOB-USP. “Diplomate”pelo American Board of Orofacial Pain. **** Especialista em DTM e Dor Orofacial. Mestranda em Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP.
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resultados desejados. A existência de pacientes refratários é bastante comum no manejo de doenças crônicas. A proposta de prestação do serviço, no entanto, deve informar que os recursos empregados visam à redução dos níveis de dor, à melhora da qualidade de vida e ao restabelecimento da função.
para reconhecer e orientar os pacientes portadores de tais distúrbios. A semiologia incompleta subtrai do paciente a oportunidade de ter um tratamento adequado com melhora em sua qualidade de vida. Há carência de políticas públicas que visem divulgar a patologia e acolher os indivíduos que sofrem de DTM. É insignificante o volume de atendimentos proporcionados pelo Estado. Essa falta de assistência e informação, invariavelmente, frustra o paciente, provocando uma insistente busca por outras especialidades que tratam sintomas semelhantes, mas não promovem controle adequado do problema em questão. A especialidade de “Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial”, regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia, é esquecida dentro do contexto da saúde bucal. É importante, ainda, salientar que os procedimentos dedicados ao tratamento de DTM não compõem as tabelas de honorários divulgadas pelos sindicatos, associações de Odontologia e planos de saúde. Essa omissão pode desgastar a relação entre o profissional e o paciente, além de dificultar a divulgação de técnicas de tratamento adequadas a profissionais de outras especialidades. Com relação à responsabilidade civil do prestador de serviços na área da Dor Orofacial, considera-se que o respectivo contrato encerra obrigação de meio e não de resultado. Isso porque, mesmo quando o profissional utiliza todos os recursos disponibilizados na literatura científica, é possível que não se obtenham os
cOnsidERaÇõEs finais A especialidade DTM e Dor Orofacial foi criada em 2002 pelo Conselho Federal de Odontologia. A despeito disso, mesmo entre profissionais da saúde, essa especialidade ainda é pouco conhecida. A adoção da disciplina de DTM e Dor Orofacial na grade curricular dos cursos de graduação de Odontologia é indispensável e urgente. O reconhecimento e o apoio, por parte das autoridades que gerenciam a política de saúde pública, são necessários para que o atendimento primário ao paciente com dor orofacial seja viabilizado de forma eficaz. Essas medidas reduzirão o sofrimento desses indivíduos e a sobrecarga financeira sobre eles. Deve ser considerada postura antiacadêmica estabelecer protocolo ou promover cursos de Educação Continuada apoiados na terapia oclusal como forma de terapia definitiva para o controle de sinais e sintomas de DTM. As pesquisas sobre a dor orofacial contribuíram para aprimorar os tratamentos propostos, porém é indispensável que novos estudos elucidem questões relevantes e que as outras especialidades da Odontologia absorvam e apoiem essas novas conquistas.
Statement of the 1st Consensus on Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain abstract This Statement of the 1st Consensus on Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain was created with the purpose of substituting controversies for scientific evidence within this specialty field of dentistry. The document provides clear and well-grounded guidance to dentists and other health professionals about the care required by patients both in the process of differential diagnosis and during the stage when they undergo treatment to control pain and dysfunction. The Statement was approved in January 2010 at a meeting held during the International Dental Congress of São Paulo and draws together the views of Brazil’s most respected professionals in the specialty of Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain. Keywords: Bruxism. TMJ. Temporomandibular joint disorders. Headache. Dentistry. Cervicalgia (neck pain).
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ana cristina Lotaif – Mestre em DTM e Dor Orofacial pela Universidade da Califórnia (UCLA). Diplomada pelo American Board of Orofacial Pain. Ex-professora Assistente na Clínica de Dor Orofacial e Medicina Oral da Universidade do Sul da Califórnia. carlos dos Reis Pereira de araújo – Doutor e Mestre em Odontologia/Reabilitação Oral (USP-Bauru). Especialista em Implantes (Universitat Frankfurt, Alemanha). Especialista em Dores Orofaciais (Rutgers, The State University of New Jersey/EUA). Especialista em Odontologia/Prótese (University of Washington, EUA). Especialista em Desordens Temporomandibulares (University of Rochester, EUA). Professor da graduação e pósgraduação na USP-Bauru. cinara maria camparis – Mestre e Doutora em Dentística Restauradora pela Universidade Estadual Paulista. Pós-doutorado em Dor Orofacial pelo Hospital das Clínicas-USP e Instituto do Sono-UNIFESP. Professora Adjunta da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Coordenadora do Grupo de Assistência, Pesquisa e Estudo em Dor Orofacial e Cefaleia (GAPEDOC) da Faculdade de Odontologia de Araraquara, UNESP. daniela aparecida de godói gonçalves – Especialista em DTM e Dor Orofacial. Mestre em Neurociência pela USP de Ribeirão Preto. Doutora em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Araraquara. denise cahnfeld – Especialista em DTM e Dor Orofacial. Eleutério araújo martins – Coordenador do Curso de Especialização em DTM e Dor Orofacial da ABO/RS. francisco josé Pereira junior – Mestre e Doutor em DTM e Dor Orofacial pela Universidade de Lund/Suécia. guiovaldo Paiva – Ex-presidente e sócio-fundador da Sociedade Brasileira de ATM e Dor Orofacial (SOBRAD). Especialista em Prótese Dental e Periodontia. Pós-graduação em Oclusão pelo Centro de Investiagion y Ensino em Rehabilitacion Oral (CIERO, México/DF). joão Henrique Krahenbuhl Padula – Especialista em Dentística Restauradora pela UMESP. Curso de Especialização em Morfologia, Desordens da ATM e Músculos da Mastigação pela UNIFESP. Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pelo CFO. jorge Von Zuben - Mestre em DTM e Dor Orofacial pela UNIFESP. Especialista em DTM e Dor Orofacial pelo CFO. Especialista em Prótese Dentária pelo CFO. Coordenador dos cursos de Aperfeiçoamento e Especialização de DTM e Dor Orofacial da ACDC Campinas/SP. josé Luiz Peixoto filho - Especialista em Ortodontia pela UERJ. Especialista em DTM e Dor Orofacial pela Odontoclínica Central do Exército/RJ. josé tadeu tesseroli de siqueira – Doutor em Farmacologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP e pós-doutor no Departamento de Psicobiologia (Medicina do Sono) da UNIFESP. Supervisor do Curso de Aprimoramento em Odontologia Hospitalar, área de Dor Orofacial, do PAP/FUNDAP do Hospital das Clínicas da FMUSP. Pesquisador e Orientador do Departamento de Neurologia e do Programa de Fisiopatologia Experimental da FMUSP. Membro da International Association for the Study of Pain (IASP). Membro da diretoria da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Professor Visitante e orientador credenciado da Universidade Estadual de Campinas. Membro do corpo editorial do Journal of Oral Rehabilitation, da Revista da EAP/APCD e da Revista Dor (São Paulo). juliana s. Barbosa – Especialista em DTM e Dor Orofacial e Mestranda em Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/SP. Membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) e da Sociedade Brasileira de Estudo para Dor (SBED). Lílian c. gionnasi marson – Doutora em Engenharia Biomédica/Distúrbios do Sono. Mestre em Engenharia Biomédica/Tratamento da apneia do sono com aparelho intra-oral. Membro da Associação Brasileira de Sono (ABS). Especialista em Dentística Restauradora pela UNICAMP. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares (São José dos Campos/SP).
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marta solange Rampani – Especialista em Prótese e Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Paulo césar conti – Doutor em Odontologia (Reabilitação Oral) pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pela University of Medicine and Dentistry of New Jersey, EUA. Professor da Universidade de São Paulo e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Oral e vice-presidente da Comissão de Pós-Graduação da mesma faculdade. Diplomado pelo American Board of Orofacial Pain. Renata campi de andrade Pizzo – Especialista em DTM e Dor Orofacial e Doutora pelo departamento de Neurociências do Hospital das Clínicas Universidade de São Paulo. Presidente do Comitê de Dor Orofacial da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe). Renata silva melo fernandes – Professora Adjunta da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco. Coordenadora do curso de especialização em DTM e Dor Orofacial da Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas. Reynaldo Leite martins jr – Professor do curso de Odontologia do Centro Universitário Várzea Grande/MT (UNIVAG). Membro do corpo clínico do setor de Odontologia do Hospital do Câncer do Mato Grosso. Ricardo de souza tesch – Especialista em Ortodontia pela Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas. Mestre em Ciências da Saúde pelo Hospital Heliópolis de São Paulo. Professor dos Cursos de Especialização em Ortodontia da ABO Seções Petrópolis e Duque de Caxias. Coordenador do Curso de Especialização em DTM e Dor Orofacial da Associação Brasileira de Odontologia - Seção Petrópolis. Rodrigo Wendel dos santos – Especialização e Mestrado pela UNIFESP - Participou como banca examinadora no CRO para reconhecer especialistas em DTM e DOF. sandra Helena dos santos – Doutora em Radiologia - UNESP SJC, Div. Odontologia do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial – CTA. sérgio nakazone jr – Mestre e Doutor em Prótese Dentária pela USP-SP. Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pelo CFO. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares pelo CFO. Ex-Presidente da ABFCOC - Academia Brasileira de Fisiopatologia Crânio-Oro-Cervical. Membro do Serviço de Oclusão e ATM da FOUSP (SOA-USP). Coordenador do curso de Especialização em Reabilitação Oral pela CIODONTO. simone Vieira carrara – Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Membro da Sociedade Brasileira de Cefaleias (SBCe). Membro da Sociedade Brasileira de Estudo para Dor (SBED). Wagner de Oliveira, – Mestre e Doutor pela FOSJC - UNESP. Especialista em Prótese e DTM e Dor Orofacial, responsável pelo “COAT” (Centro de Oclusão e ATM da FOSJC). Autor do livro Disfunções Temporomandibulares. Série EAP/APCD São Paulo. Docente do Curso de Especialização em Acupuntura do IOT da FMUSP.
Enviado em: fevereiro de 2010 Revisado e aceito: março de 2010
Endereço para correspondência Simone vieira Carrara SHLS 716, Bl. E, nº 503 – Asa Sul CEP: 70.390-700 – Brasília/Df E-mail: simonecarrara@terra.com.br
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artigo inédito
raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar Diego Junior da Silva Santos*, Nathália Barbosa Palomares*, David Normando**, Cátia Cardoso Abdo Quintão***
Resumo
Frequentemente, estudos que utilizam populações são questionados quanto à homogeneidade de suas amostras em relação à raça e etnia. Esses questionamentos procedem, pois a heterogeneidade amostral pode aumentar a variabilidade dos resultados e mascará-los. Esses dois conceitos (raça e etnia) são confundidos inúmeras vezes, mas existem diferenças sutis entre ambos: raça engloba características fenotípicas, como a cor da pele, e etnia também compreende fatores culturais, como a nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e as tradições de um determinado grupo. A despeito da ampla utilização do termo “raça”, cresce entre os geneticistas a definição de que raça é um conceito social, muito mais que científico. Palavras-chave: Etnia e saúde. Distribuição por raça ou etnia. Grupos étnicos.
de um determinado estudo12. Na Ortodontia, a tentativa de identificar o grupo racial em uma amostra tenta controlar a variação inerente às características faciais específicas a determinados grupos raciais. Este artigo tem como objetivo esclarecer: (1) A diferença conceitual entre raça e etnia. (2) As categorias raciais determinadas por alguns estudos.
intROdUÇÃO Embora a categorização de indivíduos em raça e etnia seja amplamente utilizada, tanto em diagnóstico quanto na pesquisa científica, seus significados são frequentemente confundidos ou mesmo desconhecidos no meio acadêmico. O uso da raça como uma característica distintiva nas populações ou indivíduos que procuram por assistência médica é um costume bem aceito na área de saúde. Apesar da origem dessa prática refletir atitudes preconceituosas do passado, seu uso atual tem sido defendido como um meio útil de aprimoramento de diagnóstico e de esforços terapêuticos7. A classificação de raça pode ser utilizada para verificar se estudos randomizados foram bemsucedidos. Também pode ser útil para os leitores como uma descrição da população participante
HistÓRicO dO tERmO “RaÇa” A primeira classificação racial dos homens foi a “Nouvelle division de la terre par les différents espèces ou races qui lhabitent” (Nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam) de François Bernier, publicada em 168411. Em 1790, o primeiro censo americano classificou a população em homens brancos livres,
* Alunos do Curso de Especialização de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). ** Mestre em Clínica Integrada pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - USP. Especialista em Ortodontia pela PROFIS - USP/ Bauru. Professor Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutorando em Odontologia pela UERJ. *** Doutora e Mestre em Odontologia (Ortodontia) pela UFRJ. Professora Adjunta de Ortodontia da UERJ.
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Raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar
das características que compõem uma raça. Entretanto, apesar do uso frequente na Ortodontia, um conceito crescente advoga que a cor da pele não determina a ancestralidade, principalmente nas populações brasileiras, altamente miscigenadas. Etnia refere-se ao âmbito cultural; um grupo étnico é uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas, culturais e semelhanças genéticas. Essas comunidades geralmente reclamam para si uma estrutura social, política e um território.
cOncLUsõEs Raça e etnia são dois conceitos relativos a âmbitos distintos. Raça refere-se ao âmbito biológico; referindose a seres humanos, é um termo que foi utilizado historicamente para identificar categorias humanas socialmente definidas. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e genética. Portanto, a cor da pele, amplamente utilizada como característica racial, constitui apenas uma
race versus ethnicity: Differing for better application abstract Studies involving populations are often questioned as to the homogeneity of their samples relative to race and ethnicity. Such questioning is justified because sample heterogeneity can increase the variability of and even mask results. These two concepts (race and ethnicity) are often confused despite their subtle differences. Race includes phenotypic characteristics such as skin color whereas ethnicity also encompasses cultural factors such as nationality, tribal affiliation, religion, language and traditions of a particular group. Despite the widespread use of the term “race”, geneticists are increasingly convinced that race is much more a social than a scientific construct. Keywords: Ethnicity and health. Distribution by race or ethnicity. Ethnic groups.
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Enviado em: agosto de 2009 Revisado e aceito: setembro de 2009
Endereço para correspondência Diego Junior da Silva Santos Av. rui Barbosa, 340 ap. 701, Liberdade CEP: 27.521-190 – resende/SP E-mail: djrsantos@bol.com.br
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CaSo ClíniCo BBo
Má oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle com sobremordida exagerada e discrepância acentuada* Daniela Kimaid Schroeder**
Resumo
Este artigo relata o tratamento de uma jovem paciente, com 13,8 anos de idade, que apresentava uma má oclusão Classe II, segunda divisão de Angle, retenção prolongada de dentes decíduos, mordida cruzada dentária, sobremordida exagerada, dentre outros desvios da normalidade. Inicialmente, a abordagem ortodôntica envolveu uma expansão da maxila, seguida pelo uso do aparelho extrabucal de Kloehn e aparelhagem ortodôntica fixa. O resultado obtido demonstra a importância de um diagnóstico e planejamento criteriosos, bem como a necessidade de colaboração do paciente durante o tratamento ortodôntico. Este caso clínico foi apresentado à Diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), representando a categoria livre, como parte dos requisitos para a obtenção do título de diplomado pelo BBO. Palavras-chave: Classe II, segunda divisão. Mordida cruzada. Sobremordida acentuada. Retenção prolongada de dentes decíduos.
diagnÓsticO Em relação ao padrão dentário (Fig. 1, 2), apresentava Classe II, 2ª divisão, subdivisão direita, de Angle, incisivos superiores e inferiores com excessiva verticalização, sobremordida exagerada de 100%, desvio das linhas médias superior e inferior de 3mm para direita, falta de espaço para erupção do dente 13 e alinhamento de outros dentes, mordidas cruzadas dentárias e arcadas atrésicas. Apresentava harmonia esquelética, com ANB igual a 4º, e bom posicionamento maxilar e mandibular. Como mencionado, os incisivos superiores e inferiores encontravam-se bastante
HistÓRia E EtiOLOgia A paciente procurou tratamento ortodôntico aos 13,8 anos de idade. Apresentava como queixa principal o fato de que os dentes demoravam muito a cair e tinha vergonha de sorrir. Sua história médica e odontológica não possuía registros significativos. Sua má oclusão, com a característica principal de falta de espaço para o alinhamento de alguns dentes — o que comprometia consideravelmente sua estética facial (Fig. 1) —, teve como fator etiológico primário a retenção prolongada dos dentes decíduos. A menarca havia ocorrido aos 12 anos de idade.
* Relato de caso clínico, categoria livre, aprovado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. ** Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
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Schroeder DK
o tempo de tratamento para 48 meses. A colaboração da paciente com o uso do AEBK era instável, com momentos de muita colaboração e outros de relaxamento, embora essa necessidade fosse sempre enfatizada durante o tratamento. Como pode ser observado nos registros finais, o resultado geral foi considerado bom no que diz respeito à oclusão e estética facial e dentária.
levar os dentes para fora de suas bases ósseas, as chances de estabilidade, após a correção, são elevadas1. Mesmo assim, a contenção foi cuidadosamente planejada e com objetivo de acompanhamento semestral. O tempo previsto para o tratamento foi de 30 meses. Porém, a paciente foi estudar fora da cidade por dois anos e faltava com muita frequência nesse período, o que aumentou significativamente
Angle Class II, division 2 malocclusion with severe overbite and pronounced discrepancy abstract This article reports the treatment of a young patient at 13.8 years of age who presented with an Angle Class II, division 2 malocclusion, prolonged retention of deciduous teeth, dental crossbite and severe overbite, among other abnormalities. At first, the approach involved rapid maxillary expansion followed by the use of Kloehn headgear and fixed orthodontic appliance. Treatment results demonstrate the importance of careful diagnosis and planning as well as the need for patient compliance during treatment. This case was presented to the Brazilian Board of Orthodontics and Facial Orthopedics (BBO). It is representative of the free category and fulfills part of the requirements for obtaining the BBO Diploma. Keywords: Class II, division 2. Crossbite. Severe overbite. Prolonged retention of deciduous teeth.
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Enviado em: março de 2010 Revisado e aceito: abril de 2010
Endereço para correspondência Daniela Kimaid Schroeder rua visconde de Pirajá, 444, sala 205 – Ipanema CEP: 22.410-002 – rio de Janeiro / rJ E-mail: danikimsc@gmail.com
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tópiCo ESpECial
Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico Antônio Carlos de Oliveira ruellas*, ricardo Martins de Oliveira ruellas**, fábio Lourenço romano***, Matheus Melo Pithon**, rogério Lacerda dos Santos**
Resumo
Algumas más oclusões exigem do ortodontista capacidade de diagnóstico para decidir pela melhor maneira de tratar o paciente. O objetivo dos autores deste artigo foi apresentar casos clínicos e discutir alguns elementos de diagnóstico utilizados na elaboração do plano de tratamento, auxiliando na decisão de extrair dentes. Foi dada ênfase em cada elemento de diagnóstico: aspectos relacionados à cooperação, discrepância de modelo, discrepância cefalométrica e perfil facial, idade esquelética (crescimento) e relações anteroposteriores, assimetrias dentárias, padrão facial e patologias. Sugere-se que a associação dos aspectos citados é importante para a decisão correta. Todavia, algumas vezes, uma característica, por si só, pode definir o plano de tratamento. Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Diagnóstico. Extração dentária. Planejamento ortodôntico.
intROdUÇÃO Desde os primórdios da Ortodontia discutese sobre a necessidade de extrações dentárias em algumas situações ortodônticas. Angle, no início do século XX, defendeu o tratamento ortodôntico sem extrações baseando-se no conceito da linha de oclusão23. Segundo o autor, havia potencial para que os 32 dentes se posicionassem corretamente na arcada dentária e, quando isso acontecia, os tecidos adjacentes (tegumento, osso e músculo) se adaptavam a essa nova posição. Pensando dessa forma, ensinou aos seus alunos e tratou inúmeros casos24. Um dos maiores opositores de Angle foi Calvin Case, que defendia o tratamento ortodôntico com
extrações em alguns casos. Relatava que extrações dentárias nunca deveriam ser realizadas com a finalidade de facilitar a mecânica ortodôntica, mas para propiciar o melhor tratamento ao paciente2. Tweed, um dos mais brilhantes alunos da escola de Angle, durante muitos anos seguiu fielmente os conceitos de seu mestre, realizando tratamentos sem extrações dentárias. Como clínico criterioso, observou que muitos de seus casos recidivaram, principalmente aqueles em que os incisivos inferiores não terminavam em posição vertical em relação à base óssea. Dessa forma, retratou pacientes com extrações de quatro pré-molares e obteve melhores resultados estéticos e funcionais. De seguidor fiel, Tweed
* Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor Associado de Ortodontia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). *** Doutor em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Doutor de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP).
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Ruellas ACO, Ruellas RMO, Romano Fl, Pithon MM, Santos Rl
cOncLUsÃO A decisão quanto à necessidade de extrações de dentes durante a terapêutica ortodôntica não está apenas na dependência da falta ou presença
de espaços nas arcadas. Outros aspectos devem ser avaliados para se conseguir correção adequada da má oclusão, manutenção ou melhora da estética facial e estabilidade dos resultados obtidos.
Tooth extraction in orthodontics: an evaluation of diagnostic elements abstract Certain malocclusions require orthodontists to be capable of establishing a diagnosis in order to determine the best approach to treatment. The purpose of this article was to present clinical cases and discuss some diagnostic elements used in drawing up a treatment plan to support tooth extraction. All diagnostic elements have been highlighted: Issues concerning compliance, model discrepancy, cephalometric discrepancy and facial profile, skeletal age (growth) and anteroposterior relationships, dental asymmetry, facial pattern and pathologies. We suggest that sound decision-making is dependent on the factors mentioned above. Sometimes, however, one single characteristic can, by itself, determine a treatment plan. Keywords: Corrective Orthodontics. Diagnosis. Tooth extraction. Orthodontic planning.
REfERências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
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Enviado em: março de 2010 Revisado e aceito: abril de 2010
Endereço para correspondência Antônio Carlos de Oliveira ruellas rua Expedicionários nº 437, ap. 51 – Centro CEP: 37.701-041 – Poços de Caldas / Mg Email: antonioruellas@yahoo.com.br
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Artigo inédito
Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática Fernando Paganeli Machado Giglio*, Eduardo Sant’Ana**
Resumo Objetivo: estudar a aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes
brasileiros submetidos à cirurgia ortognática, por meio da comparação dos traçados cefalométricos pós-tratamento ortodôntico-cirúrgico de 29 pacientes que passaram por cirurgia de maxila e mandíbula, com o padrão cefalométrico utilizado como orientação para o planejamento dos casos. Métodos: os traçados foram gerados pelo programa Dolphin Imaging 9.0 a partir de telerradiografias em norma lateral digitalizadas, nas quais foram marcados 48 pontos de referência dentários, ósseos e tegumentares. Dessa forma, obteve-se 26 grandezas cefalométricas lineares e angulares para posterior comparação com os valores normativos, considerando-se o dimorfismo sexual e as eventuais modificações feitas no planejamento em virtude de necessidades individuais de cada caso e das possíveis diferenças étnico-raciais. Os dados da amostra foram confrontados com o padrão por meio da comparação das médias e desvios-padrão pelo teste t de Student. Resultados: os resultados mostraram que, para os homens, as médias da amostra foram significativamente diferentes do padrão em cinco das grandezas estudadas; enquanto, para as mulheres, nove apresentaram diferenças estatisticamente significativas. No entanto, apesar da similaridade das médias na maioria das medidas em ambos os gêneros, os dados mostraram grandes variações individuais. Conclusão: a análise dos resultados obtidos sugere que o padrão cefalométrico norte-americano empregado é aplicável como referência para o planejamento de casos ortodôntico-cirúrgicos de pacientes brasileiros, desde que se atente às variações individuais de acordo com as necessidades de cada paciente. Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Análise facial. Padrão cefalométrico.
INTRODUÇÃO Nos últimos anos, observa-se um aumento na demanda por tratamentos ortodôntico-cirúrgicos para a correção de discrepâncias ósseas severas. As principais razões para isso são a crescente preocupação estética, a grande quantidade de pacientes
adultos com necessidade de correções oclusais e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas7. O plano de tratamento das mudanças faciais é complexo, especialmente pela necessidade de integração com a correção oclusal, devendo englobar: o julgamento clínico, a observação das
* Mestre e Doutor em Estomatologia pela FOB-USP. ** Mestre em Diagnóstico Bucal e Doutor em Periodontia pela FOB-USP. Professor Livre-Docente de Cirurgia da FOB-USP.
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46.e1
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Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática
relações funcionais entre os tecidos duros e moles, o conhecimento das respostas tegumentares às movimentações dentoesqueléticas, a experiência dos profissionais envolvidos e os anseios dos pacientes em relação ao tratamento. Assim, a oclusão e a estética facial são interdependentes, devendo ser tratadas como um objetivo simultâneo do tratamento18. As análises cefalométricas baseadas nas telerradiografias em norma lateral desempenham um importante papel no diagnóstico, planejamento, prognóstico e proservação de casos que envolvem Ortodontia e Cirurgia Ortognática21. Diversas análises foram propostas com o intuito de se qualificar e/ou quantificar perfis faciais estéticos. No entanto, diagnósticos baseados somente na cefalometria podem não gerar resultados estéticos satisfatórios, pois enfocam principalmente estruturas dentoesqueléticas, com pouca ou nenhuma atenção dada aos tecidos moles suprajacentes4. Particularmente importantes, valores cefalométricos normativos têm sido buscados para guiar o diagnóstico e as decisões quanto às movimentações ósseas e dentárias2. Contudo, apesar de contribuírem para a determinação dos objetivos do tratamento, deve-se considerar que a aparência dos tecidos moles é apenas parcialmente dependente dos tecidos duros subjacentes. Por isso, vários autores têm sugerido a necessidade de uma detalhada análise dos tecidos moles para guiar o tratamento das más oclusões e das mudanças estéticas faciais, em associação às radiografias, fotografias e modelos3. Diversos autores, das mais variadas regiões do mundo, estabeleceram padrões cefalométricos de normalidade para tecidos duros e moles específicos para suas populações, com o propósito de guiar o planejamento dos tratamentos de acordo com as características peculiares de cada grupo étnico-racial17. Dentre eles, Arnett et al.5 lançaram sua análise cefalométrica dos tecidos moles, baseada no exame clínico de traços faciais laterais e frontais2,3, desenvolvida para servir de guia para
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ortodontistas e cirurgiões como ferramenta diagnóstica e de planejamento para pacientes com más oclusões associadas ou não a discrepâncias esqueléticas. Os autores empregaram a linha vertical verdadeira20 (LVV) como principal parâmetro para determinação das relações anteroposteriores. Essa linha é perpendicular ao plano horizontal, determinado pela posição natural da cabeça, passando pelo ponto subnasal, como ilustrado na figura 1, numa radiografia utilizada para a obtenção do erro do método. Uma das particularidades dessa análise é o enfoque objetivo ao posicionamento final dos tecidos moles componentes do perfil, para posterior planejamento das mudanças dentárias e ósseas necessárias para alcançar os objetivos estéticos. É uma das análises mais completas empregadas atualmente em Cirurgia Ortognática e se baseia em valores cefalométricos normativos propostos pelos próprios autores, obtidos de uma população norte-americana, do estado da Califórnia (EUA). A proposta do presente trabalho é avaliar a aplicabilidade desse padrão cefalométrico norteamericano5 em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática, considerando as eventuais adaptações feitas ao planejamento devido às possíveis diferenças entre as populações, comparando-se o resultado pós-operatório com o padrão cefalométrico empregado no planejamento. MATERIAL E MÉTODOS Amostra A amostra foi colhida dentre pacientes adultos, leucodermas, que passaram por tratamento ortodôntico-cirúrgico, com cirurgia bimaxilar, analisados e planejados com auxílio do programa Dolphin Imaging 9.0 (Dolphin Imaging Systems), seguindo o padrão cefalométrico proposto por Arnett et al.5 Foram selecionadas 29 telerradiografias em norma lateral tomadas após a finalização ortodôntica. Para ser incluídas, as radiografias deviam ser de boa qualidade, permitindo adequada identificação dos pontos cefalométricos de interesse, além de apresentar padronização durante a sua tomada, com a cabeça
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Giglio FPM, Sant’Ana E
cirúrgicos, que permite a inserção e a comparação de radiografias e fotografias intra e extrabucais e de modelos, servindo como ferramenta de armazenamento e gerenciamento de casos de maneira prática e organizada10,16. Para a inserção no programa, as radiografias foram digitalizadas em um scanner de transparências (HP Scanjet 4C/T), com resolução de 300 dpi e manipuladas no Adobe Photoshop 7.0 para ajustes no brilho e contraste, melhorando a visualização das estruturas de interesse. Seguindo os passos indicados pelo programa, procedeu-se à determinação, com auxílio do mouse, dos 48 pontos cefalométricos dentários, ósseos e tegumentares para a elaboração do traçado cefalométrico, a saber: pório, orbitário, pterigomaxilar, sela, násio, básio, glabela mole, násio mole, ápice nasal, ponte do nariz, subnasal, “A” mole, lábio superior, stomion superior, stomion inferior, lábio inferior, “B” mole, pogônio mole, mentoniano mole, gnátio mole, pescoço/mandíbula, “B”, pogônio, mentoniano, gnátio, gônio, ramo mandibular, ramo médio, chanfradura sigmoide, articular, côndilo, espinha nasal anterior, “A”, espinha nasal posterior, oclusal do primeiro molar superior (Mx6), oclusal do primeiro molar inferior (Md6), distal do Mx6, mesial do Mx6, distal do Md6, mesial do Md6, junção amelo-cementária (JAC) vestibular do incisivo central inferior (Md1), incisal do Md1, ápice radicular do Md1, JAC lingual do Md1, JAC vestibular do incisivo central superior (Mx1), incisal do Mx1, ápice radicular do Mx1 e JAC lingual do Mx1. Todos os traçados foram elaborados pelo mesmo operador. Após a marcação de todos os pontos, o programa os uniu para o desenho do traçado (Fig. 2). Automaticamente, surgem sobre a imagem radiográfica os valores respectivos a cada uma das medidas, lineares ou angulares. A ferramenta de medidas do software fornece a listagem de todos os dados cefalométricos aferidos, bem como a comparação com a norma e seu respectivo desvio-padrão (Fig. 3).
FiGurA 1 - representação da linha vertical verdadeira.
em posição natural (PNC), a oclusão em relação cêntrica (RC) e os lábios em repouso2. A amostra foi composta por 14 pacientes do gênero masculino e 15 do gênero feminino, com idades entre 16 e 44 anos (média de 27,2). Todos os pacientes eram descendentes de mediterrâneos e oriundos de cidades dos estados de São Paulo e Paraná, tendo sido tratados por quatro experientes ortodontistas e operados pelo mesmo cirurgião. Sobre as cirurgias realizadas, em 13 pacientes foi realizada cirurgia de maxila, mandíbula e mento; enquanto nos outros 16 pacientes não foi realizada intervenção no mento. É válido ressaltar que todos os pacientes foram tratados sem extrações de pré-molares e que não houve critérios referentes ao padrão facial para a inclusão na amostra. As técnicas cirúrgicas empregadas incluíram: osteotomia Le Fort I para a maxila, com ou sem multissegmentação; osteotomia sagital bilateral da mandíbula, associada ou não à osteotomia de linha média; e mentoplastia. Elaboração dos traçados cefalométricos O Dolphin Imaging 9.0 é um programa para análise facial e geração de traçados cefalométricos para diagnóstico, planejamento, prognóstico e proservação de pacientes ortodônticos e/ou
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Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática
FiGurA 2 - Traçado cefalométrico concluído.
FiGurA 3 - Todas as medidas listadas.
Erro do método O Dolphin Imaging, conforme descrito, exige que o operador marque com o mouse os pontos de referência de interesse na telerradiografia para a confecção do traçado. Apesar da clara definição de cada um dos pontos, pode haver subjetividade nas marcações. Com o intuito de verificar a presença ou não de tais variações, fez-se necessária a avaliação do erro ou confiabilidade do método. Para o cálculo do erro do método foram utilizadas 24 telerradiografias em norma lateral, aleatoriamente selecionadas dos arquivos da disciplina de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo, obedecendo a um único critério: apresentarem boa qualidade quanto à imagem. Todas as radiografias foram digitalizadas e submetidas ao programa da mesma forma que as da amostra, para a obtenção de dois traçados cefalométricos cada uma, com um intervalo de 15 dias entre ambos. A determinação do erro do método consistiu na análise das diferenças entre os valores obtidos nas duas ocasiões, utilizando 25 medidas cefalométricas lineares. Calcularam-se os erros sistemático (teste “t” pareado) e casual (Dahlberg). Os resultados do cálculo do erro do método estão sumarizados na tabela 1 e mostram que não houve diferenças estatisticamente significativas entre os traçados, sugerindo que o erro inerente
ao método não demonstrou capacidade de influenciar os resultados da pesquisa.
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Grandezas cefalométricas aferidas Após a obtenção dos dados, iniciou-se a interpretação dos mesmos. Para tanto, seguem as 26 grandezas cefalométricas consideradas para a comparação dos resultados pós-operatórios da amostra com o padrão empregado no planejamento: 1. ângulo entre o Mx1 e o plano oclusal da maxila, 2. projeção do Mx1 à LVV, 3. ângulo entre o Md1 e o plano oclusal da mandíbula, 4. projeção do Md1 à LVV, 5. overjet, 6. overbite, 7. altura anterior da maxila (Sn-Mx1), 8. altura anterior da mandíbula (Md1-Me’), 9. altura do lábio superior, 10. espaço interlabial, 11. altura do lábio inferior, 12. altura do terço inferior da face (Sn-Me’), 13. altura facial total (Na’-Me’), 14. exposição do Mx1, 15. espessura do lábio superior, 16. espessura do lábio inferior, 17. espessura do mento (Pog-Pog’), 18. projeção nasal à LVV,
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Giglio FPM, Sant’Ana E
Aplicou-se o teste t de Student para comparação das médias das medidas pós-operatórias dos pacientes com o padrão para cada uma das grandezas cefalométricas, sempre considerando o dimorfismo sexual.
19. 20. 21. 22. 23. 24. 25.
projeção do ponto A’ à LVV, projeção do lábio superior à LVV, ângulo nasolabial, projeção do lábio inferior à LVV, projeção do ponto B’ à LVV, projeção do ponto Pog’ à LVV, distância tegumentar maxilomandibular (A’-B’), 26. distância horizontal entre os lábios superior e inferior.
RESULTADOS As tabelas 2 e 3 mostram os resultados obtidos para os gêneros masculino e feminino, respectivamente.
TAbElA 1 - Erro do método (erros sistemático e casual - valores em mm). Radiografias
1º traçado
2º traçado
erro
t
p*
35,29
1,831
0,077
0,54
16,40
28,51
1,856
0,074
0,98
17,82
33,78
1,804
0,082
0,91
30,64
20,64
30,63
2,027
0,052
0,27
32,73
18,06
32,86
1,586
0,124
0,93
16,38
29,89
16,44
30,84
0,228
0,821
0,78
15,45
31,23
15,34
31,54
0,428
0,672
0,83
rx 8
19,43
32,79
19,50
33,07
0,414
0,682
0,55
rx 9
17,55
33,89
17,53
33,20
0,117
0,907
0,65
rx 10
16,92
31,04
17,16
30,94
1,270
0,214
0,62
rx 11
20,56
35,70
20,01
35,50
1,967
0,059
0,96
rx 12
14,61
30,73
14,65
30,26
0,161
0,873
0,71
rx 13
13,10
30,28
13,23
31,01
0,428
0,672
0,95
rx 14
17,07
35,04
16,68
35,15
1,339
0,191
0,95
rx 15
15,20
30,27
15,58
30,66
1,742
0,092
0,72
rx 16
16,24
32,11
16,48
32,66
1,206
0,238
0,67
rx 17
16,03
35,11
15,68
35,69
1,519
0,140
0,75
rx 18
15,52
36,10
15,77
36,00
0,811
0,424
0,98
rx 19
16,75
35,24
17,23
34,90
1,892
0,068
0,85
rx 20
17,16
30,15
16,96
30,22
1,850
0,075
0,36
rx 21
15,65
29,54
15,56
29,59
0,650
0,521
0,41
rx 22
12,02
26,77
12,05
26,79
0,113
0,911
0,67
rx 23
17,92
32,66
17,93
33,47
0,027
0,979
0,94
rx 24
15,67
30,91
15,62
30,17
0,208
0,837
0,73
média
d.p.
média
d.p.
rx 1
18,96
35,16
18,66
rx 2
16,95
28,30
rx 3
17,33
33,92
rx 4
20,48
rx 5
17,61
rx 6 rx 7
* Significância para p < 0,05 e Dahlberg > 1.
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(Dahlberg)*
Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática
TAbElA 2 - resultados para o gênero masculino. Grandeza
Amostra
d.p.
Padrão
d.p.
Diferença
Classificação*
t
p**
1
55,2
6,2
57,8
3
2,6
0
1,630
0,1130
2
-12,3
4,8
-12,1
1,8
0,2
0
-0,171
0,8654
3
70,1
7,5
64
4
6,1
+++
3,078
0,0043
4
-14,9
4,5
-15,4
1,9
0,5
0
0,446
0,6589
5
2,6
1,2
3,2
0,6
0,6
0
-1,927
0,0630
6
1,8
1
3,2
0,7
1,4
---
-4,812
0,0000
7
28,3
4,5
28,4
3,2
0,1
0
-0,076
0,9400
8
54,4
2,1
56
3
1,6
0
-1,719
0,0953
9
25,7
3,6
24,4
2,5
1,3
0
1,245
0,2221
10
2,1
1,7
2,4
1,1
0,3
0
-0,626
0,5359
11
53,3
3,1
54,3
2,4
1
0
-1,060
0,2969
12
81
5,6
81,1
4,7
0,1
0
-0,056
0,9553
13
138,7
7,8
138
6,5
0,7
0
0,285
0,7777
14
2,6
1,8
3,9
1,2
1,3
---
-2,532
0,0165
15
14,9
2,5
14,8
1,4
0,1
0
-0,149
0,8824
16
11,9
1,4
15,1
1,2
3,2
---
7,146
0,0000
17
14,5
2,5
13,5
2,3
1
0
-1,204
0,2374
18
17,2
1,8
17
1,7
0,2
0
-0,330
0,7438
19
0,5
1,9
-0,3
1
0,8
0
-1,599
0,1196
20
3,8
2,6
3,3
1,7
0,5
0
-0,679
0,5019
21
103,2
8,7
106
7,7
2,8
0
0,989
0,3299
22
0,6
5,4
1
2,2
0,4
0
-0,299
0,7667
23
-8,2
7,2
-7,1
1,6
1,3
0
0,785
0,4382
24
-3,7
8,8
-3,5
1,8
0,2
0
0,099
0,9215
25
9
6,1
6,8
1,5
2,2
+++
-1,556
0,1294
26
3,1
3,4
2,3
1,2
0,8
0
-0,974
0,3372
* --- = abaixo do padrão; 0 = dentro do padrão; +++ = acima do padrão. ** Diferença estatisticamente significativa para p < 0,05.
ca que, ao alcançá-la, o perfil será sempre equilibrado. É comum encontrar-se um contorno facial equilibrado ainda que uma má oclusão esteja presente e vice-versa15. Isso tem levado ortodontistas e cirurgiões bucomaxilofacias a investir em estudo e recursos para proporcionar um melhor diagnóstico e tratamento a seus pacientes. Nesse contexto, as técnicas de planejamento e visualização do tratamento por meio de programas de computador têm evoluído muito, tornando-se cada vez mais importantes para a comunicação entre pacientes e profis-
DISCUSSÃO Diagnóstico, plano de tratamento e execução do tratamento são os passos envolvidos no cuidado das más oclusões2. Essa tríade é interdependente, de modo que a falha em uma das etapas pode levar ao insucesso do caso. Importante ressaltar que não se deve atentar somente à correção da oclusão, mas também à melhora ou à manutenção dos traços componentes da estética facial, determinados por ossos, tecidos moles e dentes. Uma oclusão normal é importante para a harmonia da face, mas não signifi-
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TAbElA 3 - resultados para o gênero feminino. Grandeza
Amostra
d.p.
Padrão
d.p.
Diferença
Classificação*
t
p**
1
54,1
7
56,8
2,5
2,7
---
1,792
0,0809
2
-9,2
3,5
-9,2
2,2
0
0
0,000
1,000
3
67
6,7
64,3
3,2
2,7
0
1,749
0,0882
4
-12,1
3,2
-12,4
2,2
0,3
0
0,355
0,7242
5
2,9
1,1
3,2
0,4
0,3
0
-1,263
0,2142
6
2,2
0,7
3,2
0,7
1
---
-4,406
0,0001
7
26,6
3,9
25,7
2,1
0,9
0
0,964
0,3409
8
50,4
4,2
48,6
2,4
1,8
0
1,753
0,0874
9
23,6
3,1
21
1,9
2,6
+++
3,340
0,0019
10
1,7
1,3
3,3
1,3
1,6
---
-3,796
0,0005
11
49,5
5,1
46,9
2,3
2,6
+++
2,248
0,0303
12
74,8
7,2
71,1
3,5
3,7
+++
2,218
0,0324
13
130,1
8,5
125
4,7
5,1
+++
2,484
0,0174
14
2,9
2,5
4,7
1,6
1,8
---
-2,817
0,0076
15
12,6
2,2
12,6
1,8
0,6
0
0,000
1,000
16
11,2
1,5
13,6
1,4
2,4
---
5,152
0,0000
17
12,9
2,2
11,8
1,5
1,1
0
-1,903
0,0645
18
17,3
1,9
16
1,4
1,3
0
-2,510
0,0163
19
-0,2
1,9
-0,1
1
0,1
0
0,222
0,8258
20
2,9
2,4
3,7
1,2
0,8
0
1,427
0,1616
21
105,6
8,2
104
6,8
1,6
0
-0,673
0,5050
22
1,3
3,8
1,9
1,4
0,6
0
0,729
0,4702
23
-6,1
3,8
-5,3
1,5
0,8
0
0,959
0,3437
24
-2,2
4,5
-2,6
1,9
0,4
0
-0,399
0,6924
25
5,8
3
5,2
1,6
0,6
0
-0,838
0,4069
26
1,6
1,7
1,8
1
0,2
0
0,476
0,6366
* --- = abaixo do padrão; 0 = dentro do padrão; +++ = acima do padrão. ** Diferença estatisticamente significativa para p < 0,05.
e na recuperação dos dados; além da possibilidade de rápida comparação entre dados para a realização de estudos retrospectivos16. No presente trabalho, comparou-se os resultados cefalométricos pós-tratamento de pacientes submetidos à cirurgia ortognática com os valores normativos utilizados como orientação no planejamento dos casos, para se verificar a viabilidade ou não de tal padrão para este grupo de pacientes. Não foi objeto de estudo a análise
sionais antes e durante o tratamento14, principalmente no que tange à previsão dos resultados. Dentre as vantagens dos métodos computadorizados, pode-se citar a possibilidade de manipulação das imagens, permitindo melhor visualização de áreas com baixa resolução ou excesso de sobreposições; economia de tempo; facilidade na escolha e na troca de análises cefalométricas; rapidez na superposição de radiografias seriais; simplicidade no armazenamento
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Avaliação da aplicabilidade de um padrão cefalométrico norte-americano em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática
padrão cefalométrico empregado e o resultado final do tratamento em pacientes submetidos à cirurgia ortognática é muito difícil, devido ao grande número de possíveis fontes de imprecisão, como por exemplo: identificação dos pontos de referência, método de digitalização radiográfica, precisão na transferência das movimentações planejadas para o articulador, exatidão na cirurgia de modelos e na confecção do guia cirúrgico, execução da técnica cirúrgica, capacidade e experiência da equipe (ortodontistas e cirurgiões), assentamento dos tecidos moles sobre as movimentações dentoesqueléticas e recidiva8. Ainda, é importante lembrar que a maioria dos métodos de planejamento trata de representações bidimensionais de estruturas tridimensionais19. O método empregado na confecção deste trabalho visou eliminar, ou ao menos minimizar, as fontes de variação supracitadas. Outro fator a ser considerado é que quanto maiores as movimentações cirúrgicas, maiores as dificuldades de precisão nos resultados1. No presente trabalho, todos os pacientes passaram por cirurgias de maxila e mandíbula, com ou sem mentoplastia; ou seja, tiveram grandes alterações espaciais dentárias, ósseas e de tecidos moles, aumentando a dificuldade de obtenção precisa dos resultados, especialmente a longo prazo. Cirurgias envolvendo apenas a maxila ou a mandíbula são de mais fácil previsibilidade e obtenção dos resultados planejados9. O tempo de proservação dos pacientes também parece influenciar a análise dos resultados. Os estudos que utilizaram radiografias pós-operatórias imediatas tendem a apresentar dados mais precisos e quanto maior o intervalo entre a cirurgia e a tomada radiográfica final, maiores as imprecisões entre os planejamentos e os perfis finais. Um acompanhamento de pelo menos 18 meses é necessário para a coleta de dados estáveis, quando se refere à avaliação dos resultados, pois os dados obtidos a curto prazo estão propensos à grande variabilidade nas mudanças
da precisão do prognóstico dos resultados. Porém, pode-se extrapolar que, na medida que se guiou o tratamento seguindo determinados valores normativos, espera-se que os resultados alcançados estejam dentro da referida norma. Essa torna-se um prognóstico “gold standard”, sujeito às alterações requeridas para cada caso, que pode ser usado como ferramenta de comunicação entre pacientes e profissionais. Neste trabalho, foi utilizado o programa Dolphin Imaging versão 9.0 (Dolphin Imaging Systems), que gera traçados cefalométricos por meio da marcação de diversos pontos de referência dentários, ósseos e tegumentares, trabalhando-se sobre a imagem radiográfica previamente digitalizada. Esse programa foi escolhido por ser um dos mais completos do mercado. Apesar de todas as vantagens apresentadas e de estes programas representarem, hoje, uma realidade no cuidado às más oclusões, possuem certas limitações, também presentes nos métodos manuais, como a possível imprecisão na identificação dos pontos de referência, podendo alterar o traçado gerado6. A averiguação do erro do método tornou os traçados confiáveis, por constatar a calibração do operador quanto à marcação dos pontos de referência. No que diz respeito às amostras empregadas em estudos desta natureza, a uniformidade das características dos pacientes é bastante importante. Diferenças étnico-raciais, dimorfismo sexual, inclusão de pacientes jovens com potencial de crescimento após o tratamento, ou pacientes com fissuras lábio-palatais, podem comprometer os resultados dos estudos. A amostra colhida para essa pesquisa foi de indivíduos leucodermas, dos estados de São Paulo e Paraná, descendentes de mediterrâneos, separada em grupos quanto ao gênero, tendo sido evitados pacientes que passaram por quaisquer tipos de cirurgias plásticas, corretivas ou reconstrutivas. A determinação da quantidade de discrepância encontrada entre o planejamento ou o
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houve diferenças no ângulo formado pelo incisivo central superior e o plano oclusal da maxila e espaço interlabial — menores que o padrão; altura do lábio superior, altura do lábio inferior, altura do terço inferior da face e altura facial total — maiores que o padrão. Apesar da grande concordância encontrada entre as médias dos resultados obtidos e o padrão, houve grande variação individual, explicitada pelo valor alto dos desvios-padrão da amostra. Uma possível fonte de variação entre os dados obtidos e o padrão, neste trabalho, é que os planejamentos seguiram como guia um padrão cefalométrico específico, entretanto não foram padronizados entre si. Isto pode significar que estavam sujeitos a variações no planejamento de acordo com a necessidade de cada caso, no sentido de se propiciar o melhor resultado possível. Ou seja, após a elaboração do planejamento baseando-se nos valores normativos preconizados por Arnett et al.5, este poderia ser modificado objetivando um melhor resultado em determinada área do perfil facial. Este foi exatamente o propósito deste trabalho, avaliar a viabilidade ou não na prática ortodôntico-cirúrgica da utilização de um padrão cefalométrico norte-americano para o planejamento em cirurgia ortognática de pacientes brasileiros, considerando possíveis alterações feitas no planejamento em virtude de eventuais necessidades específicas de cada caso. Em suma, avaliar se as possíveis diferenças étnico-raciais entre essas duas populações distintas, muito embora intensamente miscigenadas, são suficientes para contraindicar a utilização do padrão cefalométrico de uma para o planejamento de pacientes da outra. Contudo, é válido ressaltar que os padrões devem ser considerados como guias para o planejamento, e não como diretrizes para o tratamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades individuais de cada caso. A utilização de reconstruções faciais tridimensionais, por meio de tomografias computadorizadas
espaciais entre os tecidos duros e moles ocorridas ao longo do tempo, referentes a adaptações teciduais que seguem-se às abruptas alterações ósseas realizadas na cirurgia13. Na amostra empregada neste trabalho, optou-se por utilizar radiografias obtidas ao final da Ortodontia pósoperatória com o intuito de se minimizar essa variável, uma vez que o tempo médio de finalização ortodôntica foi de 1,4 anos. Na prática ortodôntica, o diagnóstico e o planejamento são determinados, em parte, pela comparação das medidas cefalométricas do paciente com valores normativos, sendo a maioria desses padrões estabelecidos em amostras de pacientes caucasianos europeus ou norte-americanos 11. Devido à extensa variação existente nos valores médios das normas cefalométricas, expressa por grandes valores de desvios-padrão, existe a necessidade de se utilizar os padrões cefalométricos com cautela, considerando sempre os valores dos respectivos desvios-padrão para a realização das análises, diagnósticos e planejamentos 12. Especificamente sobre os dados encontrados, pôde-se verificar que, das 26 grandezas cefalométricas estudadas, houve concordância das médias dos resultados obtidos nos pacientes da amostra com o padrão empregado no planejamento em 21 medidas para os homens, e 17 para as mulheres (80,8% e 65,4%, respectivamente). Para ambos os gêneros, houve diferença estatisticamente significante para o overbite, exposição do incisivo central superior e espessura do lábio inferior, sempre com os dados da amostra menores que o padrão. Para os homens, as outras duas grandezas discrepantes em relação ao padrão foram o ângulo formado pelo incisivo central inferior e o plano oclusal da mandíbula e a distância horizontal entre os pontos A’ e B’ (relação anteroposterior maxilomandibular para tecidos moles), com os pacientes da amostra apresentando valores significativamente maiores que o padrão. Por outro lado, para as mulheres,
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e scanners faciais, está em estudo para que, num futuro próximo, possam aliar-se definitivamente ou até mesmo substituir os atuais modelos bidimensionais. Isso permitiria refinar o planejamento e as previsões de tratamento para os casos de cirurgia ortognática, especialmente no que diz respeito aos tecidos moles22,23. A versão 10 do Dolphin Imaging já apresenta esses recursos 3D.
CONCLUSÃO Após análise e discussão dos dados obtidos, conclui-se que, apesar das grandes variações individuais encontradas, é viável a aplicação do padrão cefalométrico proposto por Arnett et al.5 em pacientes brasileiros submetidos à cirurgia ortognática, ainda que eventuais adaptações sejam feitas ao planejamento em virtude de diferenças étnico-raciais.
Evaluation of the applicability of a North American cephalometric standard to Brazilian patients subjected to orthognathic surgery Abstract Objectives: To study the applicability of a North American cephalometric standard to Brazilian patients subjected to orthognathic surgery by comparing the post-surgical/orthodontic treatment cephalometric tracings of 29 patients who had undergone surgery of the maxilla and mandible with the cephalometric standard used as guidance in planning the cases. Methods: The tracings were generated by the Dolphin Imaging 9.0 computer program from scanned lateral cephalograms in which 48 dental, osseous and tegumentary landmarks were defined. Thus, were obtained 26 linear and angular cephalometric measurements to be compared with normative values, considering sexual dimorphism and possible modifications to the treatment plan to meet the individual needs of each case, as well as any possible ethnic and racial differences. The sample data were compared with the standard using Student’s t-test means and standard deviations. Results: The results showed that for males, the sample means were significantly different from the standard in five of the measurements, while for women, nine were statistically different. However, despite the similarity of the means of most measurements in both genders, the data showed marked individual variations. Conclusions: An analysis of the results suggests that the North American cephalometric standard is applicable as a reference for planning orthodontic-surgical cases of Brazilian patients, provided that consideration is given to variations in the individual needs of each patient. Keywords: Orthognathic surgery. Facial analysis. Cephalometric standard.
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Enviado em: maio de 2007 Revisado e aceito: fevereiro de 2009
Endereço para correspondência Fernando Paganeli Machado Giglio Rua André Rodrigues Benavides nº 67 aptº 403 - Pq. Campolim CEP: 18.048-050 - Sorocaba/SP E-mail: fernando.giglio@uol.com.br
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Artigo inédito
Biodegradação de braquetes ortodônticos: análise por microscopia eletrônica de varredura Luciane Macedo de Menezes*, Rodrigo Matos de Souza**, Gabriel Schmidt Dolci**, Berenice Anina Dedavid***
Resumo Objetivo: analisar, por meio de microscopia eletrônica de varredura, as alterações químicas
e estruturais de braquetes metálicos submetidos a um processo de biodegradação in vitro. Métodos: a amostra foi dividida em dois grupos, de acordo com a marca comercial dos acessórios, sendo Grupo A = Dyna-Lock, 3M/Unitek (AISI 303) e Grupo B = LG Edgewise Standard, American Orthodontics (AISI 316L). Os corpos de prova, aparelhos ortodônticos simulados, permaneceram imersos em solução salina (0,05%) por um período de 60 dias, a 37ºC, sob agitação. As alterações decorrentes da exposição dos acessórios à solução salina foram investigadas através da microscopia eletrônica de varredura e análise da composição química (EDX); realizadas antes e após o período de imersão (T0 e T5, respectivamente). Resultados: os resultados indicaram, em T5, formação de produtos de corrosão sobre a superfície dos braquetes, especialmente no Grupo A. Além disso, houve alterações na composição da liga metálica dos braquetes de ambos os grupos, sendo que, no Grupo A, houve redução dos íons ferro e cromo e, no Grupo B, redução de íons cromo. Conclusão: de acordo com os resultados obtidos neste experimento, pode-se concluir que os acessórios do Grupo A apresentaram-se menos resistentes à biodegradação in vitro, o que poderia estar associado ao tipo de aço utilizado na sua fabricação (AISI 303). Palavras-chave: Corrosão. Biocompatibilidade. Braquetes ortodônticos. Níquel.
INTRODUÇÃO Nos últimos 20 anos, a biocompatibilidade das ligas odontológicas tem sido produto de muitas pesquisas. Entretanto, os estudos nessa área têm gerado muitas questões sem respostas, confirmando a necessidade de se aprender muito mais sobre a biocompatibilidade desses materiais. Devido a esse processo não ser totalmente esclarecido, há certa dificuldade por parte dos ortodontistas em escolher uma liga que seja segura biologicamente para seus pacientes.
Tem se tornado cada vez mais frequente a ocorrência de hipersensibilidade causada pelo níquel presente nas ligas de aço inoxidável, amplamente utilizadas no tratamento ortodôntico4,20. Braquetes, bandas e fios ortodônticos são universalmente confeccionados a partir dessa liga, que contém aproximadamente 6 a 12% de níquel e 15 a 22% de cromo24. Além da alergenicidade, efeitos carcinogênicos, mutagênicos e citotóxicos têm sido atribuídos ao níquel e, em menor proporção, ao cromo.
* Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora do Curso de Mestrado em Ortodontia da PUCRS. ** Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUCRS. *** Doutora em Engenharia, coordenadora do Centro de Microscopia e Microanálise da PUCRS.
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Biodegradação de braquetes ortodônticos: análise por microscopia eletrônica de varredura
Visto os inúmeros fatores associados ao processo corrosivo e a suscetibilidade dos braquetes ortodônticos a esse processo, o objetivo do presente estudo é analisar, por meio de microscopia eletrônica de varredura, as alterações químicas e estruturais de braquetes metálicos de duas marcas comerciais submetidos a um processo de biodegradação in vitro.
Um dos fatores determinantes da biocompatibilidade das ligas metálicas usadas na Odontologia é a sua resistência à corrosão19,27. Contudo, apesar da alta resistência dos aços inoxidáveis austeníticos, principal liga usada na confecção de braquetes ortodônticos, diversos estudos têm evidenciado a corrosão desses acessórios3,9,13,16,18,28,29. O próprio processo de fabricação dos braquetes os expõe a fatores físicos e químicos que estimulam sua corrosão. Dentre eles, destacam-se: tratamento térmico12, soldas5 e agentes de polimento17. Macroscopicamente, a corrosão sofrida pelos braquetes é caracterizada por perda de brilho, descoloração e rugosidade superficial, frequentemente associados à deposição de produtos de corrosão30. Essas características, quando presentes, podem contribuir para o aumento da resistência friccional e interferir na mecânica utilizada, afetando o progresso do tratamento11. De acordo com Edie, Andreasen e Zaytoun7, a observação das características superficiais, a fim de se detectar produtos de corrosão, constitui-se no método mais direto para se avaliar o processo de biodegradação. Vale salientar que a análise visual das imagens microscópicas, metodologia usada neste estudo para avaliar a homogeneidade da matriz metálica, é eficaz para tal aferição. Chappard et al.6 verificaram uma relação positiva entre índices de rugosidade medidos com profilometria de contato e análise da rugosidade por meio da microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Grupo
MATERIAL E MÉTODOS Análise microscópica dos braquetes (MEV) Duas marcas comerciais de braquetes foram analisadas: Dyna-Lock Standard Edgewise (3M Unitek, Monrovia, CA, EUA) e LG Edgewise (American Orthodontics, Sheboygan, Wisconsin, EUA), sendo que cada marca constituiu um dos dois grupos experimentais estudados (Quadro 1). Para avaliação ao MEV (Philips XL30, Eindhoven, Holanda) foram selecionados aleatoriamente 70 braquetes, que foram avaliados em dois momentos: T0 (na condição “como recebidos”) e T5 (60 dias após a imersão dos acessórios em solução salina). Os corpos de prova que simulavam uma hemiarcada inferior foram constituídos de braquetes de incisivos (n = 2), caninos (n = 1) e pré-molares inferiores (n = 2). Para os molares (1º e 2º) foram usados braquetes de incisivos superiores, totalizando sete acessórios. Os braquetes foram amarrados a fios com ligadura elástica, sendo suas bases cobertas com cera nº 7. Esse procedimento serviu para evitar a corrosão de tal região e tornar
Braquetes n
Marca
Especificação
Tipo de aço
Composição química (% Max)
Observação
AISI 303
C=0,15%, Cr=17-19%, Ni=5,0-10%, Mn=2,0%, Si=1,0%, Fe=restante
Ausência de solda unindo o corpo à base
AISI 316L
C=0,030%, Cr=16-18%, Ni=10-14%, Mn=2,0%, Si=1,0%, Fe=restante
Presença de solda de prata unindo o corpo à base
a
140
3M/ Unitek
Dynalock, Edgewise Standard, Slot 0,022”
B
140
American Orthodontics
LG Edgewise Standard, Slot 0,022”
qUADrO 1 - Divisão dos grupos experimentais.
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2e) Inferior específica – observou-se duas regiões em cada braquete, a um aumento de 500x (regiões a e b) e 2.000x (região 2f). Em T0, avaliou-se qualitativamente as diferenças de acabamento superficial dos acessórios ortodônticos dos Grupos A e B. Após, foram comparadas as imagens obtidas inicialmente (T0) com aquelas obtidas após os acessórios terem permanecido 60 dias imersos em solução salina (T5). Todas as imagens foram avaliadas, de forma qualitativa, por um único examinador.
mais fácil a remoção do material da base do braquete após o período do experimento. Os corpos de prova foram imersos em tubos de ensaio que continham 10ml de solução aquosa salina (NaCl 0,05%, Departamento de Bioquímica da PUCRS) e submetidos a um processo de “envelhecimento químico-mecânico”. Eles permaneceram sob agitação por 8 horas diárias, com temperatura constante de 36±1ºC (Banho Dubnoff, Nova Técnica®), por um período de até 60 dias. Fotomicrografias foram realizadas nas mesmas regiões, dos mesmos braquetes, sob as mesmas magnificações, nos dois períodos (T0 e T5). Para análise ao MEV, os braquetes foram montados em stubs, e observados por um examinador. Registraram-se as seguintes imagens (Fig. 1): 1) Frontal geral – braquete em sua totalidade (50x de aumento). 1e) Frontal específica – observou-se duas regiões pré-determinadas em cada braquete: região a, na aleta oclusal/incisal esquerda, e região b, no slot do lado esquerdo (500x de aumento). 2) Inferior geral – braquete em sua totalidade (50x de aumento).
Análise da composição química dos braquetes Utilizou-se o EDX (Energy Dispersive XRay), recurso disponível no MEV para avaliar a composição química dos braquetes ortodônticos. As características de trabalho do MEV foram padronizadas. O EDX foi realizado em oito braquetes de cada grupo, nas superfícies vestibular e gengival das aletas (imagens frontal e inferior, respectivamente). Assim, foi possível quantificar e comparar os íons ferro, níquel e cromo
a b
1
a
1e
b
2f 2
2e
2f
FIGUrA 1 - 1) Imagem frontal geral: setas indicam as regiões a e b onde se realizaram imagens específicas a 500x de aumento. 1e) Imagem frontal específica. 2) Imagem inferior geral: setas indicam as regiões a e b onde se realizaram imagens específicas a 500x de aumento. 2e, 2f) Imagens inferiores específicas a 500x e 2.000x de aumento, respectivamente.
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Já a análise das imagens inferiores gerais e específicas indicou que as regiões afetadas com mais intensidade, no Grupo A, foram as bordas das aletas, especialmente o ângulo formado entre a aleta e a base do braquete. Nos braquetes do Grupo B, a região da solda, localizada entre a base e a aleta, foi a mais afetada pelo processo corrosivo (Fig. 4).
presentes nas ligas metálicas dos braquetes, antes (T0) e depois de permanecerem 60 dias imersos em solução salina (T5). Tratamento estatístico Os dados advindos da observação microscópica não foram tratados estatisticamente, pois eram informações qualitativas de comparação entre as imagens. Para o processamento dos dados referentes à análise da composição química dos braquetes, foi utilizado o software SPSS versão 10.0 (Chicago, IL, EUA). Comparou-se a média de íons ferro, níquel e cromo existente na liga metálica de braquetes na condição “como recebidos” (T0) e após permanecerem 60 dias imersos em solução salina (T5). Para análise intragrupos da diferença dos valores do EDX em T0 e T5, utilizou-se o teste não-paramétrico de Wilcoxon.
Análise da composição química dos braquetes Como observado nos gráficos 1 e 2, houve diferenças na composição da liga metálica dos braquetes antes (T0) e depois de terem permanecido 60 dias imersos em solução salina (T5). Os braquetes do Grupo A apresentaram uma redução da quantidade de ferro e cromo (p < 0,05). Já os braquetes do Grupo B apresentaram redução de íons cromo (p < 0,05). DISCUSSÃO Análise microscópica dos braquetes A homogeneidade superficial da liga metálica é um importante fator na prevenção da corrosão por pits e por frestas2,21. Superfícies rugosas, com inúmeras imperfeições, facilitam o processo corrosivo, além de aumentar a área de dissolução do metal2,15. Deve-se relembrar do papel do processo de fabricação dos braquetes sobre a resistência à corrosão dos mesmos. Os acessórios do Grupo A foram fabricados em uma única peça, por uma única liga metálica. Já os acessórios do Grupo B foram fabricados em duas peças (corpo e base), as quais são unidas por solda de prata. Segundo Maijer e Smith23, a solda usada para a confecção de braquetes parece ser um fator significativo na iniciação do processo corrosivo desses acessórios. Lee e Chang22, em 2001, verificaram que o aquecimento de fios ortodônticos (NiTi e Optimalloy) a 250ºF por 20 minutos leva a um aumento do número de pits e da corrosão dos mesmos.
RESULTADOS Análise microscópica dos braquetes A análise microscópica (MEV), em T0, indicou que os braquetes do Grupo A apresentavam melhor acabamento superficial do que os do Grupo B. Foram constatadas alterações nas superfícies dos braquetes após terem permanecido 60 dias imersos em solução salina (T5); sendo mais evidentes no Grupo A (Fig. 2). Nas imagens frontais, gerais e específicas (50 e 500x de aumento), foram identificados produtos de corrosão em ambos os grupos. Tais produtos apresentaram-se de maneiras distintas: puntiformes, em aglomerados e em camadas. Os braquetes do Grupo A apresentaram com mais frequência a formação de aglomerados e camadas, ou seja, a superfície desses acessórios apresentou-se mais alterada do que a superfície dos braquetes do Grupo B (Fig. 2, 3). O EDX realizado sobre os produtos de corrosão mostrou que eram compostos basicamente por ferro (48,82%), oxigênio (19,56%), cromo (17,9%) e níquel (4,73%).
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B
C
D
FIGUrA 2 - Vista geral (50x) dos braquetes do Grupo A em T0 (a) e T5 (B) e; vista geral (50x) dos braquetes do Grupo B em T0 (C) e T5 (D). Observa-se, em T5, a formação de produtos de corrosão, principalmente sobre os acessórios do Grupo A.
a
B
C
D
FIGUrA 3 - Imagens frontais específicas de braquetes do Grupo A, em T0 e T5 (a e B, respectivamente); e imagens frontais específicas de braquetes do Grupo B, em T0 e T5 (C e D, respectivamente). Observa-se, em T5, a formação de produtos de corrosão, principalmente sobre os acessórios do Grupo A.
microscópicas indicaram haver maior concentração de produtos de corrosão nos braquetes do Grupo A (Fig. 2, 3, 4). Acredita-se que esse resultado esteja ligado à composição das ligas usadas nos diferentes grupos: Grupo A (AISI 303) e Grupo B (AISI 316L).
Assim, poder-se-ia considerar que os acessórios do Grupo B seriam mais suscetíveis à corrosão, pois apresentaram mais irregularidades da matriz metálica, além da solda de prata unindo corpo e base dos braquetes. Contudo, após 60 dias de imersão, as imagens
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a
B
C
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FIGUrA 4 - Imagens inferiores específicas (500x) dos braquetes do Grupo A em T0 e T5 (a e B, respectivamente); e imagens inferiores específicas de braquetes do Grupo B, em T0 e T5 (C e D, respectivamente). Observa-se, em T5, a formação de produtos de corrosão, principalmente sobre os acessórios do Grupo A.
braquetes; 3) camadas de produtos de corrosão recobrindo partes específicas da superfície dos acessórios; 4) remoção das camadas de corrosão da superfície (provavelmente por fatores mecânicos) e início de um novo ciclo de corrosão. Nesse último estágio, poderão ser observadas alterações na anatomia da peça metálica. Essencial lembrar que, no presente estudo, as regiões mais afetadas pela corrosão foram aquelas que apresentavam algum tipo de defeito da matriz metálica, concordando com outros estudos2,17,21,25. Isto parece comprovar que a maior rugosidade superficial é um fator predisponente ao processo corrosivo, uma vez que tende a aumentar a área de contato entre a matriz metálica e a solução de imersão. Por outro lado, Grimsdottir e Hensten-Pettersen15 ressaltaram que os defeitos superficiais observados em fios ortodônticos de níquel titânio não são grandes o suficiente para agir como áreas mais propensas à corrosão. Essa parece ser uma área de controversa discussão e, por isso, deve-se lembrar que o processo corrosivo é determinado por multifatores1,14,16.
Deve-se ressaltar que, apesar da biodegradação dos acessórios do Grupo B ocorrer de maneira menos intensa, a região da solda de prata foi a mais atacada pelo processo corrosivo (Fig. 4), concordando com estudos prévios5,12. Além disso, observou-se, em T5, que os acessórios do Grupo A apresentaram frequentemente a formação de camadas de corrosão superficiais. Supõe-se que tais camadas de corrosão sejam um estágio que faz parte da dinâmica do processo corrosivo. Oliveira et al.26, em 2000, salientaram que o processo corrosivo inicia-se pela penetração de eletrólitos em irregularidades da matriz metálica (pits, frestas), reagindo com o metal e formando óxidos/hidróxidos, os quais irão se acumulando gradativamente. Os resultados deste estudo parecem confirmar essa dinâmica do processo corrosivo, sugerindo a ocorrência de um ciclo de corrosão nos braquetes metálicos, o qual é determinado pelos seguintes eventos: 1) preenchimento de pits por produtos de corrosão; 2) formação de aglomerados de produtos corrosivos sobre a superfície dos
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Análise da composição química dos braquetes O EDX é uma ferramenta pertencente ao microscópio eletrônico de varredura que permite identificar e quantificar os metais pertencentes à liga metálica, sendo que essa identificação é aproximadamente proporcional às frações em peso de cada elemento. Dessa maneira, pode-se medir a liberação de níquel, cromo e ferro de forma indireta. De acordo com Eliades et al.10, essa metodologia possui relevância clínica e apresenta resultados com significativo grau de confiabilidade. A análise da composição da liga metálica indicou que os braquetes do Grupo A, na condição “como recebidos”, apresentavam quantidades de íons ferro, níquel e cromo compatíveis com aquelas descritas para a composição do aço AISI 303. Por outro lado, os braquetes “como recebidos” do Grupo B (AISI 316L) apresentaram uma quantidade de íons níquel menor do que aquela estabelecida para esse tipo de aço. Esse menor conteúdo de níquel na liga poderia prejudicar características como ductilidade, soldabilidade e resistência à corrosão. Verificou-se, em T5, uma redução significativa de íons ferro e cromo na liga metálica do Grupo A, e redução de íons cromo na liga do Grupo B (Gráf. 1, 2). Tais dados estão de acordo com os achados obtidos na análise microscópica, onde os acessórios do Grupo A também foram os mais afetados.
80 70 60 50 40 30 20 10 0
T0 T5
Fe
Ni
Cr
GráFICO 1 - Composição química (EDX) da liga metálica dos braquetes pertencentes ao Grupo A, em T0 e T5. Houve redução da quantidade de ferro (p < 0,05) e cromo (p < 0,05).
Grupo B
% 80 70
T0 T5
60 50 40 30 20 10 0
Fe
Ni
Cr
GráFICO 2 - Composição química (EDX) da liga metálica dos braquetes pertencentes ao Grupo B, em T0 e T5. Houve redução de íons cromo (p < 0,05).
quais os principais fatores que determinam o processo corrosivo. A liga metálica e o processo de fabricação dos acessórios ortodônticos parecem desempenhar um papel importante sobre a resistência à corrosão dos mesmos 13. O fato é que a relação entre corrosão e biocompatibilidade dos aparelhos ortodônticos parece uma questão que está longe de ser encerrada. Por isso, a biodegradação de acessórios ortodônticos observada neste estudo não deve ser considerada desprezível ou clinicamente insignificante, sendo necessárias maiores investigações para que se realize tal afirmativa.
CONSIDERAÇõES FINAIS Mesmo com o grande número de estudos que investigam a liberação iônica de acessórios ortodônticos, ainda não existem evidências conclusivas com respeito à cinética e composição dos produtos corrosivos 8. Ressalta-se que a opção de utilizar ligas metálicas que apresentem menor biodegradação reduziria o risco de danos à saúde do paciente. Por isso, pesquisadores têm se empenhado em investigar
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CONCLUSõES Com base nos resultados do presente estudo, pôde-se concluir que: a) Ao MEV, observou-se a presença de produtos de corrosão sobre os braquetes, especialmente no Grupo A. As regiões mais afetadas foram aquelas que apresentavam alguma irregu-
laridade da matriz metálica. b) A análise da composição química dos braquetes, antes (T0) e depois do experimento in vitro (T5), revelou alterações na proporção de íons. No Grupo A, houve redução de íons ferro e cromo; e, no Grupo B, redução de íons cromo após a imersão (T5).
Analysis of biodegradation of orthodontic brackets using scanning electron microscopy Abstract Objective: The purpose of this study was to analyze, with the aid of scanning electron microscopy (SEM), the chemical and structural changes in metal brackets subjected to an in vitro biodegradation process. Methods: The sample was divided into three groups according to brackets commercial brand names, i.e., Group A = Dyna-Lock, 3M/Unitek (AISI 303) and Group B = LG standard edgewise, American Orthodontics (AISI 316L). The specimens were simulated orthodontic appliances, which remained immersed in saline solution (0.05%) for a period of 60 days at 37°C under agitation. The changes resulting from exposure of the brackets to the saline solution were investigated by microscopic observation (SEM) and chemical composition analysis (EDX), performed before and after the immersion period (T0 and T5, respectively). Results: The results showed, at T5, the formation of products of corrosion on the surface of the brackets, especially in Group A. In addition, there were changes in the composition of the bracket alloy in both groups, whereas in group A there was a reduction in iron and chromium ions, and in Group B a reduction in chromium ions. Conclusions: The brackets in Group A were less resistant to in vitro biodegradation, which might be associated with the type of steel used by the manufacturer (AISI 303). Keywords: Corrosion. Biocompatibility. Orthodontic brackets. Nickel.
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Enviado em: maio de 2007 Revisado e aceito: novembro de 2007
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6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo) e não como elemento gráfico (imagem não editável).
Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32.
7. Declaração de Cessão de Direitos Autorais — todos os manuscritos devem ser acompanhados da seguinte declaração escrita, assinada por todos os autores: “O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos autorais do manuscrito [inserir título do artigo aqui] para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. O(s) autor(es) abaixo assinado(s) garante(m) que o artigo é original, não infringe qualquer direito autoral ou outro direito de propriedade de terceiros, não está sendo analisado por outra revista e não foi publicado anteriormente, seja em mídia impressa ou eletrônica. Eu (nós) assino (assinamos) e aceito (aceitamos) a responsabilidade de publicar este material.” — digitalize esse termo de liberação de direitos autorais e o envie pelo site*, junto com o artigo.
Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção. [dissertação]. Bauru: Universidade de São Paulo; 1990.
8. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética.
Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.
9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”.
Dental Press J Orthod
* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpress.com.br/pubartigos
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C omuniCado
aoS
a utorES
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C onSultorES - r EgiStro
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E nSaioS C líniCoS
controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros
1. O registro de ensaios clínicos
primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical
Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo pro-
Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (Internatio-
jeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista
nal Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRC-
intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de
TN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possí-
causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter
vel, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para
interferência sobre a saúde dos envolvidos.
os recomendados pela OMS.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clí-
A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem
nicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados
ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação,
e registrados antes de serem iniciados.
data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financia-
O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de
mento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinado-
identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos
res, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas,
resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas cien-
título público do estudo, título científico, países de recrutamento, pro-
tíficas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como
blemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e ex-
pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de
clusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário,
instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com
tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de
interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite
resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três
reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas,
categorias:
observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas
- Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e
nos assuntos.
contribuem para o Portal;
Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões inter-
- Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas
nacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas
enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários;
científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic
- Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria
Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Ca-
do Portal, ainda não contribuem para o Portal.
ribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de
3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics
registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área
O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia
da saúde.
as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial
Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Jour-
da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/en/) e do International
nal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que
Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.
exijam dos autores o número de registro no momento da submissão
org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup.htm),
de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos
reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divul-
Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos en-
gação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso
dereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados,
aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS
os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios
para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão
estabelecidos pela OMS.
aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE,
2. Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros
cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.
de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Se-
org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final
arch Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com
do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o
interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa,
registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.
nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para
Atenciosamente,
a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede
Jorge Faber, CD, MS, Dr
recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical
Editor do Dental Press Journal of Orthodontics
Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores
ISSN 2176-9451
dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e
E-mail: faber@dentalpress.com.br
Dental Press J Orthod
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