SARACURA E O VAI VAI: BERÇO DO SAMBA PAULISTANO! Foram os descendentes de escravizados que fundaram uma das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo, o Vai-Vai. A região do Quilombo Saracura foi um dos berços paulistanos do samba de bumbo e do batuque. O local era palco de sambas de roda, choros e blocos carnavalescos. Não é por acaso que a quadra do Vai-Vai funcionava naquele local. Foi ali que surgiu, em 1930, o cordão carnavalesco que lhe deu origem: o Vae-Vae. Seus fundadores eram sambistas dissidentes da torcida do clube de futebol “Cai-Cai”, conhecidos na época como a “turma do Vae-Vae”. Os sambistas escolheram para o cordão as mesmas cores do Cai-Cai, só que de forma invertida: o clube era branco com preto e o cordão nasceu preto com branco, combinação que se mantém até hoje. O Quilombo Saracura e o Vai-Vai estão ligados de diversas formas. Além de ter surgido na área do quilombo, a Escola recebeu o apelido de Saracura. Inicialmente, o apelido foi tido como pejorativo, mas com as vitórias acumuladas pela Escola tornou-se motivo de orgulho. Saracura, além de ser o nome do córrego ao longo do qual o Quilombo se estabeleceu, é também o nome de um pássaro que habitava a região ribeirinha. Coincidência ou não, a espécie guarda algumas afinidades com os habitantes do quilombo e seus descendentes. Como os negros fugitivos, procura fazer seus ninhos em lugares de difícil acesso, comumente em áreas de vegetação fechada, a fim de não ser pega pelos predadores. Já com o Vai-Vai, compartilha o canto estridente.
ONDE FICA?
a escola mudou temporariamente de lugar por conta das obras do metrô. Mas, deve retornar ao seu lugar de origem após construção de uma nova quadra próxima da estação. Os ensaios têm acontecido na Vila Itororó e na quadra do Sindicato dos Bancários. Informações: www.vaivai.com.br
ESCULTURA DE MADRINHA EUNICE Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. Foi fundadora da Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga da capital paulista ainda em atividade, e é considerada um símbolo do carnaval paulistano. Saiu da sua cidade natal, Piracicaba, no interior paulista, e foi para São Paulo aos 12 anos. Passou a morar na Liberdade. Ali, fundou a Lavapés, que celebrou 85 anos em 2022. Por sua importância e por ser simbólico para a comunidade negra, o local foi o escolhido para a instauração da obra, a primeira a ser instalada ali em homenagem a personalidades negras. A escultura é da artista Lídia Lisboa.
ONDE FICA?
Praça da Liberdade, Liberdade, São Paulo. Saída do metrô Japão - Liberdade
SÃO PAULO NEGRA:
SÃO PAULO, TERRITÓRIO DO SAMBA! Quando fui eleita pela primeira vez em 2010, fiquei pensando como eu poderia conduzir um mandato parlamentar. Afinal, eu sou e sempre fui uma artista. Então, peguei todos os meus discos, reli tudo que cantei e defendi, fiz uma lista de temas e defini minha caminhada na política. Neste sentido, não poderia faltar a cultura popular, com destaque para o samba e o carnaval. Nestes anos, homenageados escolas, comunidades, baluartes, artistas e grandes personalidades que fizeram do samba paulista a potência que é hoje. Este segundo guia é dedicado ao mês do samba. Por isso, focamos em alguns dos espaços em que o povo negro deixou marcas de resistência política, social e cultural a partir do Samba, que sempre foi e continua sendo um grito por liberdade, dignidade de vida e alegria!
IGREJA DA ACHIROPITA É SEDE DE UMA PASTORAL AFRO! A Pastoral Afro da Paróquia N.Sra. Achiropita originou-se de um grupo que se reunia na Paróquia, sob o nome de “Grupo da Amizade”. Por ocasião das comemorações pelos 100 anos da libertação dos escravizados, em 1988, o grupo realizou a primeira celebração inculturada: liturgia romana com elementos da cultura negra. Com mais de 30 anos de existência, a Pastoral atua em atividades religiosas e socioculturais com o objetivo de resgatar as raízes e dignidade do povo afro-brasileiro.
ONDE FICA?
R. Treze de Maio, 478 - Bela Vista, São Paulo. Reuniões da Pastoral acontecem 2 vezes ao mês, em domingos alternados
Confira e aproveite!
BELA VISTA, O BIXIGA Ponto importante de concentração da população negra é o bairro mais vinculado aos imigrantes italianos de São Paulo. Historicamente, os negros fugitivos foram os primeiros a chegar no Bixiga. Tratava-se de uma concentração de pequenas moradias de mulheres negras libertas. Era uma zona ribeirinha entre o riacho do Anhangabaú e o Rio Saracura. Os negros viviam em cortiços e moradias coletivas e passaram a dividir estes espaços com os italianos somente no fim do século 19. Saiba o que acontece no Bixiga acessando: portaldobixiga.com.br
ONDE FICA?
localizado na região do Centro, desde a rua Major Diogo até as Avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luís Antônio
ESCADARIA DO BIXIGA A influência negra na formação do bairro está gravada de diversas formas, a começar pelos nomes de locais públicos como a Rua 13 de Maio, que remete à data de assinatura da Lei Áurea. A Escadaria do Bixiga, um dos pontos históricos da região, é lavada anualmente no Dia da Abolição, 13 de maio, em um tradicional ritual de matriz africana realizado pelo bloco afro de mulheres Ilú Obá De Min, semelhante à famosa Lavagem do Bonfim, em Salvador, na Bahia. É considerada um marco da aproximação entre os brancos – que habitavam mansões localizadas no alto do morro – e os negros que habitavam a parte baixa e pobre da cidade. Todo segundo sábado de cada mês, a Escadaria do Bixiga vira palco de um show de Jazz ao ar livre.
ONDE FICA?
escada ao ar livre que liga a Rua Treze de Maio com o Morro dos Ingleses
Expediente: O informativo “Territórios Negros” é uma publicação do gabinete da deputada estadual Leci Brandão. Jornalista responsável: Carla Nascimento Mtb: 064/AM – Redação: Ninna Franco Mtb: 74039/SP. Redação: Ninna Franco Mtb: 74039/SP. Diagramação: Movimento MKT / Tiragem: 7 mil. Fale conosco: Palácio 9 de Julho - Av. Pedro Álvares Cabral, 201, sala 308, Ibirapuera, São Paulo-SP. Tel.: (11) 3886-6790 – Secretaria e agenda: lecibrandao@al.sp.gov.br – Assessoria de Comunicação e Imprensa: deputadalecibrandao@gmail.com
QUILOMBO SARACURA
Fachada da Igreja e registro da festa de São Benedito organizada pela pastoral
O lugar que abriga hoje a Praça 14-Bis, na Bela Vista, era ocupado pelo Quilombo Saracura até o início do século XX. Ele era formado por escravizados fugitivos que escapavam das fazendas ou de feiras realizadas no Vale do Anhangabaú, onde eram colocados à venda por seus senhores. O quilombo não foi descrito nos livros que contam a história oficial da cidade, mas ficou guardado na memória da comunidade negra e começou a ganhar publicidade a partir de achados arqueológicos surgidos durante escavações realizadas para a construção de uma estação de metrô. Quem visitar hoje o local ainda não terá acesso a esse acervo, mas poderá testemunhar a luta do movimento negro, arqueólogos, instituições culturais e moradores do Bixiga pelo resgate desse sítio arqueológico. Cartazes com os dizeres “Não somos contra o Metrô, somos contra o apagamento histórico”, traduzem suas duas principais reivindicações. A primeira é a criação de um memorial educativo permanente que resgate a história do Quilombo Saracura e lhe dê um lugar na história de São Paulo. A segunda é a troca do nome da estação – prevista para se chamar 14-Bis em alusão ao nome da praça – para Saracura Vai-Vai, em homenagem ao quilombo e à tradicional escola de samba cuja quadra funcionou historicamente no local e foi desalojada para a realização das obras. O Saracura foi um dos primeiros quilombos de São Paulo, e acredita-se que deve ter servido, inicialmente, como ponto de descanso na rota de fuga de escravizados, consolidando-se mais tarde como lugar de moradia permanente. Suas casas estendiam-se em linha reta ao longo do córrego Saracura, um afluente do rio Anhangabaú, atualmente canalizado. Segundo registros no início do século XX, a área do Quilombo era conhecida como Pequena África. Mais tarde, o local passou a ser chamado de Quadrilátero Negro ou Quadrilátero do Saracura, apelidos que de alguma forma permanecem até hoje.
ONDE FICA?
Viaduto Dr. Plínio de Queirós, 688 - Bela Vista, São Paulo. Foi batizada como Praça Capitão Dino Struffaldi após revitalização promovida pela Prefeitura em parceria com a entidade do comércio