Revista de Idiomas Vol. 1 Lições do Idioma Ticuna ~ Cagüücü Tikuna (Lucas Quirino)
Introdução
Meã ipe’ ngugü / Sejam bem-vindos Eu, Lucas Quirino, da etnia Ticuna, nasci em 26 de outubro de 1992 na comunidade indígena Novo Porto Lima, que pertence ao município de Benjamin Constant, no estado do Amazonas. Sou filho de Quirino Coelho e Maria Ramos. Meu pai nasceu no Peru e minha mãe, no Brasil (amazonense). Estudei em escola indígena, onde me apaixonei pela educação. Terminei o ensino fundamental por lá, apesar de todas as dificuldades que vivi na minha escola indígena. Cursei o ensino médio no município de Benjamin Constant, que fica a 30 quilômetros da minha aldeia. Nos anos compreendidos entre 2012 e 2014, fiquei na cidade, terminei os 3 anos do ensino médio e comecei a falar e compreender um pouco mais a língua portuguesa. Atualmente, estudo na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar – Campus Sorocaba. Entrei em 2016. Revista de Idiomas Vol. 1 - Lições do Idioma Ticuna
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Vogais As vogais em Língua Ticuna são:
NASAL - Ã - Ẽ - Ĩ - Õ - Ũ - Ü - Ü̃ ORAL - A - E - I - O - U
Alfabeto Esse é o alfabeto em Língua Ticuna: A – B – C – TCH – D – E – G – NG – I – M – N – NH – O – P – Q – R – T – U – W – Y
Sílabas Na Língua Ticuna, as sílabas são parecidas com as da Língua Portuguesa. Por exemplo:
da, de, di, do, du, dü ba, be, bi, bo, bu, bü Mas existem algumas diferentes do português, como:
nga, nge, ngi, ngo, ngu, ngü.
Frases básicas
_Cumprimentar Meima ngune`ü! Bom dia!
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Meima Yauane’ü! Boa tarde!
Meima y tchütaü! Boa noite!
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Números
wüi tare’ tama’ẽpü ãgümücü wüi me’ẽpü
um dois três quatro cinco
Cores
yauraü verde
yau azul
dauraü rosa
waü preto
tchoü branco
da’u’ vermelho
mama’ mãe
papa pai
tchauene irmão
tchaueya irmã
o’i vovó
no’ẽ vovô
Família
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Pronomes
Tchama Cüma Nüma, tüma Yiemagü Pema’gü Nümagü, tüma’gü
Eu Tu, você Ele, ela Nós Vós, vocês Eles, elas
Substantivos mais usados
ãcü ipata nguneü̃
coisa casa tempo
taunecü ngooneü̃ yatü
ano dia homem
ãẽgacü nge’tüücü pacü
senhor/senhora moço moça
guthinü norügu’ norütaã
errado último próprio
Adjetivos mais usados
meü taütchi’i iraü
bom grande pequeno
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meĩ melhor yeeraü pior me’tchinü certo
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Verbos Básicos
_Verbo comer / tchibü presente Tchama Eu Cüma Tu Nüma, tüma Ele, ela Yiemagü Nós Pema’gü Vós Nümagü, tüma’gü Eles, elas
Tchatchibü Como Cutchibü Comes Natchibü Come Tatchibüe Comemos Petchibüegü Comeis Natchibüegü Comem
passado Tchama Eu Cüma Tu Nüma, tüma Ele, ela Yiemagü Nós Pema’gü Vós Nümagü, tüma’gü Eles, elas
Marü Marü Marü Marü Marü Marü
tchatchibü Comi cutchibü Comeste natchibü Comeu tatchibüe Comemos petchibüegü Comestes natchibüegü Comeram
O verbo comer no passado é praticamente o mesmo do presente, o que muda é o prefixo. A palavra Marü é igual a “já”, então a frase fica assim: eu já comi ou seja, eu já almocei.
futuro Tchama Eu Cüma Tu Nüma, tüma Ele, ela Yiemagü Nós Pema’gü Vós Nümagü, tüma’gü Eles, elas
Tchatchibüta Comerei Cutchibüta Comerás Natchibüta Comerá Tatchibüeta Comeremos Petchibüegüta Comereis Natchibüegüta Comerão
_Exemplos: frases Tchama rü poi tá tchango. Eu vou comer a banana. Tüma rü tá aiyata. Ela vai tomar banho. Ngiã ta’ tchibüe. Vamos almoçar/vamos jantar.
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Palavras / Deagü
Üa’cü Sol
Tawemücü Lua
Algumas palavras que não têm como traduzir em Língua Ticuna
Papel higiênico Tomada Caixa de som
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Esta publicação é parte do projeto e website “Descolonizando o Brasil” de Maria Thereza Alves em colaboração com estudantes indígenas da UFSCar - Campus Sorocaba realizado em 2018 a convite dos estudantes e Sesc Sorocaba. Os colaboradores são: Aldine Tukano (Aldine Daiana Barreto), ~
Cagüücü Tikuna (Lucas Quirino), Kaly Tariano (Agostinho Brazão Barbosa), Kuhupi Waura, Ñorõ Tuyuka (Reginaldo Ramos), Omawalieni Baniwa (Eliane C. Guilherme), Potira Kambeba (Rosangela B. Braga), Rayana Atikum (Rayana S. Freire), Sileia Tukano (Sileia Massa Alves) e Sunia Yebámahsã (Jonas Prado Barbosa). O trabalho é resultado do desdobramento de uma série de workshops que aconteceu de julho a setembro de 2018 no campus da UFSCar, na Floresta Nacional de Ipanema e no Sesc Sorocaba. Esses encontros deram origem a ações performativas, um e-book, sete revistas de idiomas, vídeos e peças teatrais que estão reunidos em um website-obra e em exposição no Sesc Sorocaba de 19 de setembro de 2018 a 3 de fevereiro de 2019.
www.descolonizandobrasil.com.br