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Aclyse Mattos
Aclyse Mattos
É escritor, poeta e professor da Faculdade de Comunicação e Artes da UFMT. Livros publicados: Motosblim: a incrível enfermaria de bicicletas (infantil – 2019) O sexofonista (contos - 2018), Sabiapoca – Canção do Exílio sem Sair de Casa (infantil – 2018), Festa (poesia – 2012), Quem muito olha a lua fica louco (poesia – 2000).
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ERA UMA VEZ UM GRAFITI
Era uma vez um grafiti Pintado numa parede, Bem na curva de uma rua. Parecia um Dom Quixote sonhando com novos moinhos
Infelizmente sentado num cavalo-bicicleta Pintado numa parede, bem na curva de uma rua. Não podia passear Como pode um cavaleiro andante Não andar nem cavalgar?
Do outro lado da rua Uma donzela moderna Com quase 2 metros de perna Também vivia parada Do alto de alguma sacada
Bem vizinho do campinho Onde a bola corria solta Um sacizinho-grafiti assistia, chutava e torcia Infelizmente pregado Num tapume abandonado.
Porém o sol que ilumina Dormiu na curva da esquina E a lua surgiu lá em cima Um brilho de prata e neblina Era uma neblina mágica Que dava vida aos desenhos! E a história triste e trágica Daquelas pinturas paradas Virou outra mais animada
Dom Quixote das latinhas Se despegou da parede E foi com a bicicletinha Pedalando pelas ruas
A cada sinal fechado Vermelho sobre as esquinas O cavaleiro de bike Se pendurava e sorria - Não tem pão e não tem vinho, Mas isto é pior que moinho! E a donzela esquisitona Deixou a sua janelinha Caprichou na maquiagem E na luz das lamparinas Se enfeitou nas esquinas
O sacizinho deu pulos. Chutou, correu e marcou Dois gols no primeiro tempo E assim o tempo passou.
A lua foi-se sumindo E ainda deu um bem-vindo Ao sol que vinha chegando À mão da lua beijando.
E a cidade que acordava Não estava entendendo nada Como os desenhos de antes Estavam em outros lugares
Que cavaleiros andantes Que donzelas modernosas Que sacizinhos arteiros Não eram mais como antes
E assim é o mundo do sonho Do imaginário e da arte Pondo vida em toda parte Fazendo do mundo uma arte
São os carros que se mexem? Os pedestres que desviam? Ou é o cão desenhado Que se moveu no grafite?
Repare agora nas ruas (à luz do sol ou das luas) Como está vivo o grafiti Se você sonhar permite.