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Eduardo Mahon

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Sylvia Cesco

Sylvia Cesco

DESBRAVADOR

À M. Mourivaldo

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Para que perder-se em caminhos virgens E sair do lar sem destino certo? Não haverá ninguém esperando de braços abertos Com a mesa posta e a roupa lavada Nem quem arrume as camas, dobre os lençóis Faça o café, sirva a omelete e sorria de manhã

Seja lá onde for que se queira pisar pela primeira vez Na mudez do desconhecido, será um deserto de gente E então, após o gozo dos descobridores de terras novas, Você saberá que foi longe demais por ter ido sozinho Saberá que bandeiras não tremulam sem o vento da pátria Saberá, ainda, que o seu lar está nos abraços dos amigos Nos beijos das amantes, no cheiro do pão fresco Que faz da esquina da sua antiga rua um solo sagrado

À noite, nos seus exílios visionários de vanguarda, Sob estrelas que não testemunham seus feitos inéditos Você há de lembrar da sua casa e querer voltar Com notícias de espanto e orgulho de sobrevivente Vai querer segredar as conquistas aos parceiros de copo Amar a mulher que ainda usa o mesmo perfume Beijar os seus filhos que, já crescidos, não correm pela casa E proclamar a todos do seu condomínio que voltou diferente

Eduardo Mahon

43, é carioca da gema, advogado e escritor. Mora em Cuiabá com a esposa Clarisse Mahon, onde passa sufoco com seus trigêmeos: José Geraldo, João Gabriel e Eduardo Jorge. Autor de livros de poemas, contos e romances, publica pela Editora Carlini e Caniato.

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