lume MATO grOSSO
Revista nº. 1 • Ano 1 • Novembro/2015
Santo Antônio de Leverger Encravado na região sul de Mato Grosso, o município possui importante acervo arquitetônico, do período das usinas de açúcar, que merecem ser preservados Pag. 24
FEBRE FEBRE DO DO OURO OURO NA NA SERRA SERRA DO DO CALDEIRÃO CALDEIRÃO AVENTURA MULTIESPORTIVA NO AVENTURA MULTIESPORTIVA NO PANTANAL PANTANAL ARTE CONTEMPORÂNEA DA 31ª BIENAL ARTE CONTEMPORÂNEA DA 31ª BIENAL DE DE SP SP LICÍNIO VENEZA: BRUXO OU SANTO CUIABANO LICÍNIO VENEZA: BRUXO OU SANTO CUIABANO MITOLOGIA: MITOLOGIA: FUNERAL FUNERAL BORORO BORORO
................. R$13,00
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Tons de Mato Grosso
terra da paz chapada dos guimar達es foto mario friedlander
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editorial
joão carlos vicente ferreira Editor Geral
Ampliando conhecimentos
O
LUME: Luz intensa, tornar patente, vir à luz, ilustração, saber ou ainda ter conhecimento
título Lume Mato Grosso nos remete à luz intensa. Ao saber. A tornar patente, trazer coisas e informações à tona, ao lume. É conhecimento. Instrumento tão necessário para o mundo globalizado que carece de informações consistentes e verdadeiras. Ao entregarmos a revista Lume Mato Grosso à sociedade, o fazemos com o desejo de demonstrar, em nossas editorias, através de entrevistas, análises e informações, facetas e momentos pouco conhecidos de nossa terra e nossa gente. Buscaremos trazer à luz fatos, personagens e personalidades que, muitas vezes no anonimato, constroem , colocando suas vidas e seu tempo à disposição da sociedade. É importante destacar que, mesmo tratando de temática diferenciada, cada artigo ou reportagem traduz a preocupação e o compromisso de nossa
equipe, no sentido de ampliar, aprofundar e mesmo provocar questionamentos, à luz de tudo que se conhece ou se pretende conhecer sobre Mato Grosso. Queremos juntos buscar os momentos de conquistas e dificuldades vividas e vencidas de nossa gente, desde os primeiros tempos da construção de nossa história até a contemporaneidade. A informação sob a forma de registro histórico torna importantes nossos atos. Buscaremos produzir reportagens interpretativas, com matérias criativas, elegantes e documentais. Queremos romper as amarras da padronização cotidiana e oferecer textos prazerosos aos nossos leitores. Por conta disso o desempenho de nossa equipe de produção está baseado em pesquisas e valorização de atos e fatos de nossa gente. Com valiosos profissionais e parceiros colaboradores Boa leitura!.
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eleonor cristina ferreira Direção/Revisão Geral joão carlos vicente ferreira Editor Geral marlene renck Diretora Financeira maria rita uemura Jornalista Responsável Beatriz saturnino e alline marques Redação maria rita uemura, mÁrio friedlander, maria angélica de moraes, caroline pilspinnov e milton pereira de pinho Colaboradores andré romeu, Beatriz saturnino, júlio rocha, laércio miranda, lenine martins, luíz marquetti, marcos Bergamasco, maria rita uemura, maricelle lima, mÁrio friedlander, rogério florentino, salescap e maYke toscano Fotos
LUME - MATO GROSSO é uma publicação mensal da editora memÓria Brasileira Distribuição Exclusiva no Brasil rua professora amélia muniz, 107, cidade alta, cuiaBÁ, mt, 78.030-445 (65) 3054-1847 | 3637-1774 9284-0228 | 9925-8248 WWW.faceBook.com/revistalume Lume-line redacao@revistalume.com.Br Matérias e sugestões de pauta cartas@revistalume.com.Br Cartas comercial@revistalume.com.Br Para anunciar design dos guimarães Projeto Gráfico ruínas da usina maravilha em santo antÔnio de leverger - foto jcvf Capa
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eXpediente
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sumÁrio
12. 18.
ENTREVISTA
08. 34. PERSONALIDADE
ECONOMIA
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
36. 48. SUSTENTABILIDADE
BEM ESTAR
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52. TURISMO
62. 78. 86. 82. CULTURA
NOVEMBROS DE NOSSA HISTÓRIA
ARTIGO
LITERATURA
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personalidade
Moacyr Freitas
O genial Moacyr das artes plásticas, da construção e da vida Por Beatriz Saturnino
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minal Rodoviário de Cuiabá - Engenheiro Cássio Veiga de Sá, a avenida perimetral Miguel Sutil, dentre outros projetos importantes. Moacyr Freitas é pioneiro em quadrinhos em Mato Grosso e considerado um dos melhores desenhistas do Estado.Ele lê a história e interpreta em desenho. Hoje está na última fase, das quatro etapas de sua vida, assim como define,em que se empenha no estudo bíblico e já produziu um total de 881 gravuras em quatro meses. Começou a leitura para detalhar e desenhar o Novo Testamento pelo evangelista São Mateus até São João. E agora está em Atos dos apóstolos com textos curtos em cada quadrinho. “Estou estudando a espiritualidade para procurar saber
a vida verdadeira. Sou uma pessoa tranquila, com saúde, vivendo com a minha família. Tenho satisfação de ter recebido uma educação que me mostrou o caminho para a compreensão da vida neste mundo. Entendo que aqui estou como os demais humanos, como corpo terrestre visível para viver um determinado tempo, porém sei que minha vida verdadeira está na invisibilidade”, diz. “Vivo neste corpo terreno para me preparar para a verdadeira vida na eternidade. Um dia vou deixá-lo, terminado o meu tempo, para viver na morada do meu pai, meu Deus, que me colocou neste mundo para ser submetido á prova de ser digno de viver com ele na sua morada. Morada da felicidade eterna”, continua. Cuiabano, nascido no bairro Porto, Moacyr é filho de pai piauiense, tenente do exército, que veio para Cuiabá a trabalho e aqui se casou com sua mãe e teve três filhos.
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E
le faz valer o dia, o enérgico arquiteto, quadrinhista, desenhista, pintor e escritor Moacyr Freitas é um incansável projetista, um exímio pesquisador, idealizador que construiu e realizou sonhos e feitos importantes para Mato Grosso e sua vida pessoal. Coleciona 41 anos como professor titular fundador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde lecionou na faculdade de Engenharia Civil. Sem descuidar da arquitetura e urbanismo, em Cuiabá, idealizou o Centro Político Administrativo, o Te r-
Terminal Rodoviário de Cuiabá projetado pelo arquiteto Moacyr Freitas
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personalidade
Cabanagem, no Pará, desenho de Moacyr Freitas
No livro “... e o tempo passou” Moa explicou detalhes e até desenhou aqueles saudosos acontecimentos que desfilavam em seu espaço inesquecível que viveu ali na simples casa do Porto, com os irmãos Josias, José Maria e familiares. No tempo em que pouco entendia deste mundo complicado, quando não havia mesmo nada que o preocupasse. Então percorreu seus primeiros anos de existência, foi até os seus 15 anos ou pouco mais. Numa despretensiosa contribuição aos estudiosos de Cuiabá, por meio de lembranças da década de 1930 em diante. “Meu pai tinha ido embora... viajou – falavam assim. A fotografia sempre esteve presente num porta-retratos sobre o móvel, ao lado do antigo relógio despertador.”, descreve no livro, que foi o primeiro dos sete que produziu. Na época, em 1995, foi datilografado com a ajuda da filha Janini. Neste ano ele já era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT), onde ingressou, em 1991, mesmo ano que se aposentou na UFMT. Foi quando mergulhou no processo de pesquisa histórica e também começou a pintar em acrílico sobre tela, a partir de uma “receita” passo a passo por um livro da editora Ediouro.
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Dentre suas telas, sessenta delas (60cmX80cm) , advindas de um projeto cultural feito com o historiador Paulo Pitaluga, foram doadas para o Museu Histórico de Mato Grosso, onde só faltou o período Republicano do Estado. Em 2000, produziu trinta telas sobre o período Colonial e, em 2002, mais outras trinta do período Provinciano. Qual o Estado que tem a história contada em telas? Somente Mato Grosso. Suas pesquisas como membro do IHGMT também resultaram num trabalho de gravuras, além de textos e desenhos em livros e duas maquetes: um bonde a tração animal de Cuiabá e o primeiro hidroavião, um D.W.34, que transportava quatro pessoas, e que desceu no Rio Cuiabá. Não fosse arquiteto Moacyr conta que seria médico, pois foi a primeira idéia quando estudava para vestibular no curso Galote, no Rio de Janeiro. Mas no meio do caminho mudou para arquitetura, pois não podia se dedicar somente aos estudos, tinha que trabalhar. Porém, desenhava como ninguém. Então veio para Cuiabá com o estilo moderno de construção, formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Brasil, em 1961. Período em que Brasília estava sendo construída.
em escolas de segundo grau, além de desenho geométrico, desenho básico, desenho técnico e geometria descritiva na UFMT. Foi da comissão de notáveis que escolheu o melhor lugar para o estádio Verdão, como é conhecido, ou José Fragelli, e sua opinião sugerida foi aceita onde está agora a Arena Pantanal. No momento sua genialidade está concentrada nas gravuras que retira das histórias da Bíblia, que herdou de seu sogro, um sacerdote. Portanto, bem antiga, com uma linguagem mais profunda e original. E suas assinaturas foram reduzidas para a letra M, conta Moacyr, pela praticidade mesmo. Tem um blog administrado pelo neto Thiago, de 14 anos, que o ajuda na produção da página na internet, quando vai a sua casa, no bairro Goiabeiras. O sorridente e carismático Moacyr é modesto, porém um homem verdadeiramente comprometido com a história de Mato Grosso. É daqueles cuiabanos apaixonados e que soube utilizar bem os dons que a vida lhe deu.
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Logo em 1970 idealizou o plano do CPA, oferecido ao governador de Mato Grosso, José Fragelli, que acatou o projeto e encaminhou ao engenheiro Satiro Moreira de Castilho, diretor de obras do Estado do governo. Moacyr também foi responsável pela abertura da avenida perimetral Miguel Sutil e outras vias, como plano emergencial do sistema viário de Cuiabá, no mandato do prefeito Vicente Emílio Vuolo. E depois permaneceu na prefeitura por 11 anos, onde projetou a praça Santos Dumont, na avenida Getúlio Vargas, que na verdade era chamado de Bosque Municipal. Nele continha um mini lago e um coreto a céu aberto. Enquanto esteve a serviço do Estado desenvolveu o projeto do terminal rodoviário de Cuiabá, estruturado em concreto, com grandes vãos livres e ampla circulação de ar, próprio ao clima quente da cidade. O projeto foi citado na imprensa nacional como o melhor terminal rodoviário da América Latina, por ser arrojado e moderno. Como professor deu aulas de desenho
À esquerda Praça Santos Dumont, à direita trecho da Av. Miguel Sutil, ambas projetos originais do arq. Moacyr Freitas
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Telma Maria Ribeiro Preza
Coordenadora das Ações Institucionais, Doações e Voluntariado da Santa Casa
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Por Beatriz Saturnino
Santa Casa de Cuiabá se torna referencia de atendimento após ações solidárias e uma média de 40 a 50 cirurgias ao dia. Com quase 200 anos de história, a arquitetura colonial e as paredes grossas da Santa Casa abrigam amplas salas de atendimento à um público ávido e necessitado de atendimento médico de qualidade. Se hoje o hospital é referência, tal fato não ocorria nos primeiros meses de 2014, com o enfrentamento de muitas dificuldades de infraestrutura, sem climatização adequada, infiltrações e dívidas de mais de R$ 4 milhões. O risco de fechamento ocorreu de fato, o que seria
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fotos arquivo pessoal e lenine martins
perda irreparável para Cuiabá e Mato Grosso. Tais fatores negativos se deram por um conjunto de ações que envolve repasses financeiros, em todos os níveis, ocasionando descontinuidade de atividades e, consequentemente, desmotivação. A situação sensibilizou os voluntários que envolveram famílias cuiabanas, médicos, associações, federações e tantos outros, formando uma corrente do bem. À frente desta iniciativa se posicionou a advogada Telma Preza, na função de Coordenadora das Ações Institucionais, Doações e Voluntariado da Santa Casa. Com boa vontade, perseverança, dedicação e organização, Telma Preza optou por colaborar com seu
esposo, o médico Antônio D´Oliveira Preza, Provedor e Presidente da Santa Casa, à reestruturar o lugar. Telma buscou conhecer os problemas do hospital, organizou um grupo de pessoas para ajudá -la, montou projetos e foi a luta. Pediu ajuda a sociedade para que pudessem salvar a casa. Foi criado o Programa Estratégico de Recuperação e Revitalização da Santa Casa e os resultados são ótimos. Vamos saber mais com a entrevista feita com Telma Preza, que além de advogada é professora de Letras e tem formação em Moda. Nas horas vagas escreve sobre a memória de suas atividades e ainda tira tempo para ser avó.
O que te leva a se dedicar às causas humanitárias e sociais da Santa Casa de Cuiabá? »»A dor e sofrimento humanos causadas pelas enfermidades são coisas que me tiram a paz. As pessoas quando estão doentes se encontram em condição de vulnerabilidade e carência, precisam do atendimento para a doença do corpo e para a alma. E, por isso acredito que mereçam um atendimento digno e condizente à situação em que se encontram. Meu marido é médico da Santa Casa há 37 anos, sendo um dos fundadores da UTI infantil da Santa Casa de Cuiabá e coordenador por muito tempo. Neste período acabei, por tabela, vivenciando o cotidiano
do hospital, sentindo suas carências e observando a luta diária de todos que aqui escolheram exercer sua profissão. Hoje, meu esposo Dr. Antônio Preza encontra-se exercendo a função de Provedor dessa instituição bicentenária. Senti-me na obrigação de contribuir para a reconstrução e revitalização da Santa Casa. Como é atuar em causas sociais em meio a uma crise econômica nacional? »»Atuar em causa sociais em meio à crise econômica é um desafio constante, mas sempre encontramos pessoas e empresas que se empenham em ajudar e retribuir as boas coisas que aconteceram em sua vida e exercem a filantropia na mais pura acepção da palavra, ou seja, filantropia - “amor à humanidade”. São construtores de uma sociedade melhor, mais justa e acreditam nisso. E, mais, acreditam que, mesmo na crise, uma atitude de doação sempre irá contribuir para uma melhoria nas condições econômicas em geral, pois trata-se de uma ati-
tude de fé, que replica como uma onda, ampliando seus efeitos e produzindo resultados que são vistos nos rostos de nossos pacientes.
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Quem é Telma Maria Ribeiro Preza? »»Acredito no amor, simplesmente!!! Sou mulher, esposa, mãe, avó, advogada, professora, design de moda. Gosto de aprender todos os dias com as pessoas e a vida. Gosto de gente que ri, faz as coisas acontecerem, gente que luta e tenta superar dificuldades. Sou otimista em relação às pessoas e à vida. Sei que existem boas pessoas em número infinitamente maior que não sabem viver em harmonia com o próximo. Por isso acredito nas mudanças. Todavia, tem que partir de cada um o primeiro passo para concretizá-las. E, assim levo a vida, sempre olhando para o futuro e as coisas boas que haverão de vir.
Parceiros e investidores se interessam por questões humanitárias? Cite um caso. »»Obtivemos muitas parcerias de pessoas que atenderam ao apelo da ação “Adote uma Enfermaria”, um de nossos programas traçados em nosso planejamento estratégico, para reformar e revitalizar as dezenas de enfermarias do SUS, ações meramente humanitárias e sociais. São eles: CDL Social; HOMAT – Hotéis Mato Grosso, Cacc – Eunice Polla – Primavera do Leste; Família Lebrinha; Armando de Oliveira e esposa Neila Leite de Barros Oliveira; Dr. Augusto Aurélio e família, Marcelo Duarte e amigos; Sala da Mulher da ALMT que doou parte do evento Cuiabá Fashion e bilheteria do Show da Solidariedade; da empresária Denise Gomes (que reformou e revitalizou 2 enfermarias do SUS); além da ACOMAC E SINDICOMAC/MT.
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Tivemos, ainda, doação de camas hospitalares pelo Sindialcool, colchões especiais pelo Sindipetróleo, doação de gêneros alimentícios, roupas, entre outros. É interessante ressaltar, que houveram doações com gestos de agradecimento pela vida salva, pela vida de uma pessoa da família e até doação de serviço, como o caso do pintor de paredes, Sr. Ângelo, que doou os serviços de pintura de toda a fachada da Santa Casa em agradecimento por ter sido tratado de um acidente por cerca de um ano. A família Lebrinha, muito nos emocionou, quando o Sr. Roberto Almeida narrou, que assim que seus pais chegaram a Mato Grosso a sua mãe ficou gravemente enferma, sendo tratada gratuitamente na Santa Casa. O Sr. Marcelo Duarte Monteiro levou todos à comoção quando narrou o acidente de carro que sofre-
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ra quando tinha 14 anos de idade e fora o único sobrevivente, tendo seu avô morrido na ocasião. Foi salvo e operado na Santa Casa, tendo muita gratidão por isso e retribuiu reformando completamente e revitalizando uma unidade semi-intensiva de três leitos. Enfim, são muitos casos interessantes em que a Santa Casa foi protagonista de bem sucedidas intervenções e socorro aos doentes. A verdade é que “todos nós” temos uma relação de amor e gratidão com a Santa Casa, seja através de um amigo ou ente querido que ali fora tratado com amor e muita competência. Destaque movimentos que integram melhoras na infraestrutura e de doação de órgãos. »»A campanha #salvenossacasa encontrou eco na sociedade civil e comunidade cuiabana e matogros-
sense em geral. Encontramos aliados dentre nossos artistas plásticos, jornalistas, colunistas, músicos, empresários, donas de casas, etc. Na parte de transplantes Mato Grosso está ainda engatinhando e todas as vezes que surgem campanhas para doação de órgãos participamos ativamente na divulgação. Na última campanha para cadastro de doação de medula óssea a Santa Casa participou ativamente, oferecendo o trabalho de seus enfermeiros e técnicos na coleta de sangue e amostra para o cadastro de possíveis doadores. Vamos lançar agora, a exemplo do Outubro Rosa, a campanha Novembro Azul (Câncer de Próstata). Existem grandes dificuldades na manutenção da Santa Casa? »»A maior dificuldade da Santa Casa hoje é direta-
mente vinculada ao custeio. Pois, a tabela do SUS encontra-se defasada e segundo a Confederação das Misericórdias do Brasil – CMB, para cada R$ 100,00 gastos ao paciente do SUS internados nas Santas Casas o SUS remunera, em média, apenas R$ 60,00. Este fato, vem ampliando o déficit destas instituições. Portanto a conta não fecha nunca. Temos aproximadamente 700 colaboradores e atendemos à diversas especialidades de pequena, média e alta complexidade. Das muitas vitórias obtidas junto à sociedade, cite algumas. »»Ao longo destes dois anos de atuação como Coordenadora Voluntária da Santa Casa, conseguimos com o trabalho de nossa valorosa equipe reformar e revitalizar 12 enfermarias do
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SUS, postos de enfermagem, abrimos o Brechó da Santa para ajudar nas despesas do dia a dia do hospital frente às necessidades dos pacientes. Com a renda do Brechó foram adquiridos 05 aparelhos de ar condicionado 36000 BTUs e 01 de 18000 BTUs para as enfermarias. Foram coadquiridos também através das ações do voluntariado aparelhos para o Centro cirúrgico. Consertamos a Autoclave que esteriliza todo o instrumental do centro cirúrgico. Conseguimos mais de mil metros de tecido para lençóis e uniformes do centro cirúrgico, entre outros ganhos. As campanhas e ações promovem a visibilidade dos problemas e soluções emergenciais do hospital, onde conclamamos a sociedade, políticos, artistas e profissionais. Enfim, a Santa Casa mostra a que veio, o que proporciona de atendimento aos doentes e todo o seu potencial. Particularmente, aprecio muito a seguinte frase de Bill Gates e tenho convicção de sua veracidade e efetividade. “Eu acredito que se você mostrar às pessoas os problemas e você mostra-lhes as soluções, elas serão movidas à ação.” E creio que: “O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto da arte não é a feiúra, é a indiferença. O oposto da fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença.” Elie Wiesel.
É interessante ressaltar, que houveram doações com gestos de agradecimento pela vida salva, pela vida de uma pessoa da família e até doação de serviço
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NOTAS
Efervescência legislativa
Aproximação A nova gestão da Assembleia Legislativa tem trabalhado na aproximação do parlamento com a população de Mato Grosso. Somente no primeiro semestre foram realizadas mais que o dobro das audiências públicas que aconteceram no ano passado. Além disso, o projeto “Assembleia Itinerante” também já levou serviços e ouvir a sociedade.
A 18ª Legislatura começou a todo vapor. Com renovação de quase 50% do Parlamento, os deputados novos não querem perder tempo e buscam chamar atenção. Prova disso é a criação de Câmaras Setoriais e Frentes Parlamentares, dos mais diversos assuntos, na Casa, além das populares Comissões Parlamentares de Inquérito. Atualmente, estão abertas três CPIs.
Mudanças Os rumores de possíveis mudanças no staff do governador Pedro Taques (PSDB) começam a aumentar com a chegada do fim do ano. Além daqueles que deverão sair para disputa eleitoral no ano que vem, há possibilidades de trocas em algumas pastas. Especula-se que as Secretarias de Meio Ambiente, Segurança Pública e até Ciências e Tecnologia podem sofrer alterações.
Motivo Não é insatisfação dos gestores. O fato é que as pastas de Meio Ambiente e Segurança, por exemplo, são comandadas pelos promotores de justiça Ana Luiz Peterlini e Mauro Zaque, com os trabalhos a que propuseram fazer, já concluídos. Com relação a professora Luzia Helena Trovo Marques de Souza, a motivação seria porque a parte dela estaria cumprida com relação aos estudos e pesquisas que foram priorizadas neste primeiro ano. Agora com a instalação do parque tecnológico, pode haver uma troca para um gestor com perfil mais executivo.
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Debates E os debates em plenário também aumentaram consideravelmente nesse ano. Enquanto muitos questionam e ficam espantados com as discussões, o presidente Guilherme Maluf, já opinou várias vezes que este é um dos pontos fortes do parlamento neste ano, que é o amplo debate em um poder que tem este objetivo, de produzir legislações e fiscalizar o Poder Executivo.
lumeMatoGrosso COM MOrAl O governador Pedro Taques ingressou no PSDB com moral, tanto que já vem se tornando uma das principais lideranças do partido, tendo a imagem inserida no horário eleitoral gratuito. O ato de filiação de Taques foi exibido no programa com pronunciamentos de Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin e Nilson Leitão. Com prestígio na mídia nacional desde o tempo que foi senador, Taques já é um tucano que reina no ninho.
A CPI da Sonegação e Renúncia Fiscal ganhou mais destaque pós a Operação Sodoma, mas ela ainda tem a árdua missão de investigar as cooperativas. Já a CPI das Obras da Copa ficou muito tempo parada, mas tem trazido à tona informações que comprometem exgestores. A CPI das OSS, de perfil mais técnico, tenta constatar falhas em contratações e repasses municipais.
eCOnOMIA Com a devolução inédita, de R$ 20 milhões, da Assembleia Legislativa para o governo estadual, foram adquiridas 150 ambulâncias para atender os 141 municípios. Enquanto em nível nacional, se observa a crise economia que afeta setor privado e público, o legislativo matogrossense contribui para a aplicação do recurso público para atender nossa sociedade.
frenTeS PArlAMenTAreS
Mês agitado no meio jurídico com as eleições da OAB-MT, marcadas para o dia 27 de novembro. Os candidatos são Leonardo Campos, Cláudia Aquino, José Moreno, Pio da Silva e Fábio Capilé. O orçamento da entidade é orçado em R$ 10 milhões.
Deputados resolveram formar grupos por afinidades, seja pela região, como a Frente do Vale do Rio Cuiabá, seja por interesses como a retomada das obras do VLT. Os parlamentares começaram a entender também que assim eles ganham mais força para conseguir benefícios para o Estado. Resta torcer para que eles continuem com todo esse fôlego até o final do mandato
TrAnSPArênCIA Outra ação é o aumento da transparência no legislativo, com a construção de um projeto em conjunto com o MP, onde foi anunciada a divulgação dos gastos com combustível, transporte, locação, controle de uso e manutenção de frota, redução de despesas com publicidade, equiparação de servidores efetivos e comissionados nos cargos administrativos e adesão ao Fiplan.
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economia
Rebanho e Mercado
A ovinocultura matogrossense vem apresentando altas taxas de crescimento de seu rebanho, apresentando ganhos significativos aos produtores em quantidade e qualidade
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Por paulo de tarso
oje Mato Grosso tem, da “porteira para dentro”, uma série de quesitos que impulsionam, garantem e estimulam os produtores através de bons insumos, genética, instalações e manejo adequados ao seu perfil geoclimatológico. Da “porteira para fora”, os ovinocultores apresentam linha de beneficiamento de car-
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foto altagenetics
ne e elaboração de cortes que invadem as gôndolas das grandes e melhores redes de supermercados da capital, Cuiabá, e de importantes municípios do interior matogrossense, como Rondonópolis, Primavera do Leste, Campo Verde, Sinop, Sorriso, dentre outros, demonstrando o grande desenvolvimento e potencial desse mercado cada vez mais em expansão.
lumeMatoGrosso Rentabilidade A ovinocultura, especialmente em áreas “dobradas”, que dificultam o desenvolvimento da lavoura, se apresenta como alternativa muito interessante. Com uma lotação mínima próxima a 1 UA (Unidade Animal) de cordeiro (450 kg de P. V. – peso vivo), apresentam impressionantes rentabilidades similares à soja em áreas planas:
Renda/ha Soja
Cordeiro
Valor Unitário
R$ 64,52/sc de 60kg
R$ 7,20/kh de P.V.
Produção/ha
50 sc.
450 kg
R$ 3.226,00
R$ 3.240,00
Total Renda/ha
Fonte: APROSOJA, OVINOMAT e IMEA. Se a lotação de cordeiros for mais concentrada, usando para isso tecnologias mais avançadas na produção ovina (cruzamento de raças especializadas e confinamento), poderemos obter resultados surpreendentes:
Renda/ha Soja
Cordeiro
Valor Unitário
R$ 64,52/sc de 60kg
R$ 7,20/kh de P.V.
Produção/ha
50 sc.
650 kg
R$ 3.226,00
R$ 4.680,00
Total Renda/ha
Fonte: APROSOJA, OVINOMAT e IMEA. A produção de cordeiros gordos, em áreas dobradas de propriedades rurais, usando genética adequada e confinamento, aumenta em 30,77% a renda por hectare, provando, por conta da apresentação dos gráficos, ser um excelente e lucrativo negócio. Conclusão Em vista da rentabilidade aqui apresentada e das condições cada vez mais propícias ao desenvolvimento da atividade, a ovinocultura merece, por parte do produtor, uma atenção maior como meio de diversificação e aumento de rentabilidade das propriedades rurais.
PAULO DE TARSO Zootecnista pela UFSM-RS, especialista em produção e nutrição de ruminantes pela UFMT, premiado pelo CRMV-Z /MT “Zootecnista do Ano” em 2010 e 2012. Coordenador no programa MT Regional, instrutor no SENAR-MT, gestor técnico/ comercial de empresas de nutrição e diretor da PlannerZoot, empresa de genética animal (SEMEX DO BRASIL) e de nutrição de plantas (PRIME AGRO). Contato: zootpaulodetarso@gmail. com (65) 3682-1346 | 9604-8162
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economia
Professor Antônio Humberto de Oliveira, da UFMT, que não vê crise econômica e sim política, de identidade e de credibilidade.
Afinal, o Brasil está em crise? “e agora josé?”, exalta o poema de Drummond, perfeito para o propalado momento de crise no país. Por conta disso o povo brasileiro não está num leito de rosas, notadamente com as altas dos combustíveis e do dólar que agregam outros aumentos por Beatriz saturnino
O
foto Beatriz saturnino
professor Antônio Humberto de Oliveira, da UFMT e consultor financeiro do IPED - Empresa de Pesquisa Desenvolvimento, Gestão e Prestação de Serviço, se posiciona em desacordo com a tese de crise financeira nacional, creditando esta situação à desorganização dos três poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário, que deixaram de fazer a lição de casa.
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“Nós não planejamos o Brasil”, explica o professor citando que as questões de obras públicas inacabadas ou mal executadas, assim como a criação de leis de novos impostos e taxas, acaba elevando o custo Brasil, com reflexos diretos na sociedade. A DeSCrençA “Nós estamos conclamando, pedindo uma reforma previdenciária, tributária e eleitoral há muito tem-
po. E como isso não acontece a descrença toma conta da população”, diz o professor, que não aceita a falta de planejamento do poder central brasileiro que apresenta orçamento com déficit de dezenas de bilhões de reais e previsões pessimistas no crescimento do PIB - Produto Interno Bruto. De acordo com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a previsão da inflação para 2016, ficou em 5,4%.
Planos econômicos No Plano Cruzado, no governo Sarney, o Brasil chegou a ter inflação de dois dígitos ao mês, chegando ao patamar de 90%. Nessa época a sociedade preferia investir em poupança ao invés de pagar suas dívidas, conseguindo melhor resultado financeiro nestas operações. Quando o presidente Fernando Collor de Mello assumiu o governo foi criado o Plano Collor, que sequestrou o dinheiro da população. Poucos receberam seu dinheiro de volta, ou parte, com cartas precatórias, e muitos estão ainda na justiça na tentativa de resgatar o que perderam. O Plano Collor foi estendido até o dia 31 de julho de 1993 e aí veio o Pla-
no Real, no governo de Itamar Franco, que determinou a criação da nova moeda, o Real, por meio de uma medida provisória que instituiu a Unidade Real de Valor (URV). O objetivo principal do Real era o controle da hiperinflação que assolava o país, em 46,58% ao mês em junho de 1994, época do lançamento desta nova moeda. E foi o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação, ampliando o poder de compra da população, e remodelando os setores econômicos nacionais. Enfim, este plano de estabilidade econômica gerou uma meta de inflação de 4,5%, uma média de 5% e o limite máximo de 6,5%. “No entanto, a inflação nos últimos 12 meses está em 9,8%, bem salgada. A energia, o combustível, o transporte coletivo, o plano de saúde e a mensalidade escolar aumentaram. E porque reajustar o valor da passagem se o transporte público é um caos, por exemplo?”, questiona o professor. Faltou planejamento Para o professor Humberto a atual crise brasileira é política, com reflexos negativos para a sociedade que se ressente da falta de boa educação, saúde, segurança, transporte e infraestrutura. Com o país em dificuldades, os políticos não deveriam apoiar e muito menos priorizar espetáculos mundiais de esporte como os jo-
gos Panamericanos, a Copa do Mundo e agora as Olimpíadas de 2016. “Ainda, o Brasil está ajudando o Haiti, Cuba e os países africanos. O Brasil não colonizou ninguém. Nós fomos colonizados. Então quem tem que ajudar são os Estados Unidos, a França, a Inglaterra e Portugal, que nos colonizou e levou nosso ouro embora”, contesta. Quais o setores fortes no Brasil? Na visão do economista Antônio Humberto são os informais e os independentes, tais como a imprensa, o sistema financeiro representado pelos bancos e a igreja. Teoricamente o economista defende que estes tem mais credibilidade do que os três poderes que alicerçam o país. “A palavra crise é muito forte para nós neste momento. Agora é o toma de lá para cá, com o governo que não fez a lição de casa. E não adianta reduzir ministérios, de 39 para 29, transferir as peças, A para o lugar de C e o B para o A. Onde não existe planejamento se vive a mercê da sorte. Ou seja, vivemos uma crise de gestão de poderes”, conclui. De acordo com Antônio Humberto, a economia tem o princípio do equilíbrio, anda sozinha e é livre. Também que a economia é o mercado e não tem fundo. “Então não se pode dizer que ela está no fundo do poço. A conclusão é que eu não vejo uma crise econômica, mas sim de identidade e de credibilidade”, conclui.
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Trilhão de reais Hoje já se fala em trilhão de reais. Com a esperança de uma receita líquida da União R$ 1,180 trilhão, e uma despesa total prevista de R$ 1,210 trilhão, o que significa um aumento de R$ 104,8 bilhões nos gastos. Se você citar números eles amanhã não serão os mesmos. Essa matriz irá mudar rapidamente, conforme ressalta o professor e economista Antônio Humberto, que para ele é um cenário que se instalou e parece que não vai mudar rapidamente. Isto faz com que parte da população venha se lembrar de outras épocas de crise no país, onde o dragão de sete cabeças, a inflação, atormentava os brasileiros.
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economia
Febre do ouro na Serra do Caldeirão Muitos dos que aparecem nestes registros fotográficos feitos no garimpo de ouro da Serra do Caldeirão, no município de Pontes e Lacerda, a 442 km distante de Cuiabá, via BR-070 e BR174, e produzidas pelo repórter fotográfico Mário Friedlander, são realmente garimpeiros e negociantes de ouro, conhecem e sabem desse ofício FOTOS MÁRIO FRIEDLANDER
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Grosso, o experiente fotógrafo, documentarista e pesquisador, Mário Friedlander, em sua permanência na Serra do Caldeirão se viu diante do inusitado e afirmou -”Estive em vários garimpos anteriormente, mas confesso que este me deixou confuso, nunca vi tantas famílias trabalhando juntas, tantas turmas de trabalho formadas por amigos de infância ou do peito, tantas mulheres de todas as idades e classes sociais ombro a ombro com os homens. Nunca vi garimpeiros distribuindo terra com ouro em pó para quem quisesse levar num saco qualquer, nunca vi tanta vontade de melhorar de vida e sair da tal crise que assola muitas pessoas, principalmente nos interiores de toda parte.” Também ambientalista e defensor da preservação do meio ambiente, Friedlander não poupou críticas à forma de atuação dos garimpeiros que, ávidos por encontrarem pepitas voluptosas, feito as disseminadas pelo Facebook, e emendou: - “A demonização dos garimpeiros e do garimpo, isso sim me pareceu uma grande discriminação, a derrubada das árvores, o lixo jogado, os buracos feitos por todo lado, isso me pareceu tão familiar quanto qualquer periferia de qualquer cidade”. Adiante o experiente fotógrafo faz uma análise da conjuntura social vivida entre as
pessoas que procuram ouro na Serra do Caldeirão, - “Lá, nesse garimpo, não vi brigas, nem violência, vi muita simpatia e generosidade, vi muita gente pobre e um bocado de gente rica, os pobres querendo enricar ou pagar as dívidas e os ricos querendo ficar milionários. Confesso que ainda estou confuso e triste pela repressão a esta experiência de vida diferenciada que aglutinou muitas pessoas, iguais a nós, que só procuram uma vida mais digna.” Muita coisa foi dita e feita sobre o destino final desta história do garimpo da Serra do Caldeirão. Foram feitas prisões, apreensões de equipamentos, cerceamentos de acessos ao garimpo e ocorreu ação e intervenção das autoridades constituídas da União e do Estado. O município quer a liberação do garimpo e trabalha politicamente para que isso aconteça logo. É claro, a movimentação no comércio local mais que triplicou. Apesar de tudo os garimpeiros continuam trabalhando. Neste novembro de 2015, com certeza, muita coisa acontecerá no garimpo de ouro da Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda. Aguardemos, pois, esperando que o caldeirão não ferva.
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iveram isso em outras frentes e lugares, os mais estranhos possíveis, mas sempre em busca do sonho de encontrar pepitas gigantescas, tal qual as mídias sociais alardearam, mundo afora, feito um rastilho de pólvora, aflorarem aos borbotões naquelas bandas do oeste de Mato Grosso. No entanto, significativa parcela das pessoas que se abalaram para uma desenfreada corrida do ouro no oeste matogrossense nunca foram profissionais do garimpo. São cidadãos comuns, notadamente das periferias das cidades, não apenas matogrossenses, mas de várias partes do Brasil. Homens e mulheres que nunca tinham pego em ferramentas grotescas e manuais utilizadas nesse tipo de atividade, no qual, a força física humana é a principal arma. Vêem-se mulheres, senhoras com suas vestimentas do seu dia-a-dia, bateando e lavando cascalho. Nem suas roupas estão sujas, ainda, mas estão na lida. Impressionante. Vêem-se jovens, garotos, garotas, que mormente com sacos plásticos nas mãos, vazios ou cheios de cascalhos, com possíveis pepitas escondidas pela terra e poeira, estão tentando se encontrar naquele lugar que mais lhes parecem ser cenas de um filme, certamente de muita aventura. Responsável por produzir parte significativa das melhores imagens feitas por fotógrafos profissionais nas últimas três décadas em Mato
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Santo Antônio de Leverger Berço da industrialização em Mato Grosso
Com forte tradição na economia e cultura, imenso potencial turístico a ser explorado, mas sem ter muito o que comemorar em sua recente história política, Leverger deve tornar à luz e se reconduzir ao seu antigo esplendor. Foto: Mário Friedlander
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ximadamente seis meses secos. Define-se por xeromorfas as plantas que possuem adaptações, estruturais ou funcionais, que impedem a perda de água por evaporação, como folhas coriáceas e pilosas, tortuosidade, sub desenvolvido, tanto no tronco como nos galhos e número reduzido de folhas em algumas espécies.
FOTO júlio rocha
assim como também o Cerrado, com seus galhos retorcidos e rios de águas cristalinas e, de quebra, contribui com a nascente de um dos mais importantes rios da bacia da Amazônia matogrossense, o Rio das Mortes, que deságua no Rio Araguaia. De intensa vocação faunística, o bioma Cerrado é uma vegetação xeromorfa, de clima estacional, de apro-
O bioma Pantanal é uma planície periodicamente inundável, cujo fenômeno é regulado pelas cheias e vazantes da Bacia do Rio Paraguai. Nestes ciclos das águas, estas invadem os campos, tomando quase que todas as suas terras. Nesta estação, as plantas se reproduzem e criam toda vegetação exuberante que marca com beleza este
oásis biológico, de água, luz e terra. Na vazante do Pantanal suas terras ainda mais ricas e férteis, são invadidas pelos pássaros que buscam suas lagoas para pesca e alimentos necessários, este fato transforma a região num imenso viveiro natural. Durante o estio anual, as águas correm entre os barrancos que margeiam os rios, transformando na estação de chuvas, quando alagam campos e matas, formando as baías e lagoas, que constituem o principal biótipo dos peixes pantaneiros. Na época de enchente/ cheia, que começa em outubro e termina em abril, os peixes vão para as lagoas do Pantanal, verdadeiros lares de alimentação, retornando aos rios durante a vazante/ seca, que compreende os meses de abril a outubro. A grande característica da fauna pantaneira é o domínio populacional de um número relativamente pequeno de espécies de vertebrados de médio e grande porte, que são favorecidos pelo regime hídrico da região. A área é, também, bastante importante nas rotas de migração de várias espécies de aves não -residentes, proporcionando alimentação e refúgio sazonais. Concentra-se a fauna mamífera nas regiões onde o sal é encontrado e renovado.
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A NATUREZA Encravado na região sul de Mato Grosso, Santo Antônio de Leverger possui notáveis características geográficas, representadas por dois importantes ecossistemas, o Pantanal e o Cerrado. Seu extenso território, cortado pelo Rio Cuiabá, ocupa significativa parte do Pantanal com sua flora e fauna peculiares,
PRIMÓRDIOS DE SUA HISTÓRIA O solo santo-antoniense foi ocupado ancestralmente pelo povo indígena bororo, que possui remanes-
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FOTO mário friedlander
centes na Área Indígena Tereza Cristina, localizada no extremo sul do município. Registra-se, portanto, que parte da numerosa e histórica nação bororo compõe a formação étnica local, acrescida de brancos paulistas, portugueses e afrodescendentes. A história de Santo Antônio de Leverger é bela e singular, e é bem melhor contada por sua gente, que a conhece em todos os seus pormenores, pois há várias gerações se entrelaçam em casamentos, batizados e inumeráveis festejos. Desde os tempos do antigo “Rio Abaixo” a cidade sempre esteve ligada aos fatos históricos de Cuiabá. Por séculos, para se chegar à capital de Mato Grosso tinha-se primeiro que passar por Santo Antônio. O único caminho era pelas águas do histórico Rio Cuiabá e
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FOTO jcvf
só bem mais tarde é que formaram vias terrestres. Os registros históricos que nos levam à origem da cidade de Santo Antônio de Leverger vêm de uma monção paulista, em tempos de cheia do rio, que subia o Cuiabá, em demanda às minas de ouro descobertas por Miguel Sutil. A monção, que pela manhã, a duras penas vencia as águas barrentas do rio, havia sido vítima de ataque de índios paiaguá, que provocaram naufrágios de algumas embarcações e terrível matança de monçoeiros. Os batelões sobrados da refrega penetraram certo entardecer por uma boca de água remansosa, à beira do sangradouro para o pernoite, nas imediações do que é hoje a cidade de Santo Antônio de Leverger. Os paulistas, refeitos na manhã seguinte, aprontam-se novamente para a labuta da viagem,
quando um dos batelões fica preso, como se estivesse encalhado num banco de areia. Mesmo à força do remo e de zinga, os paulistas não conseguiram arrastar o batelão. A superstição toma conta dos rudes canoeiros. Por sugestão de um deles, desembarcam a imagem de Santo Antônio, que transportavam. O resultado não se fez esperar, pois o batelão se soltou e os paulistas puderam seguir viagem. Outra monção passou por aquele lugar e quis levar a imagem de Santo Antônio. O fenômeno de impedimento de viagem se repetiu. Os paulistas levantaram, então, uma primitiva capela, que não mais existe. Era uma capela sóbria e elegantemente original. O povoado se consolidou e, em 26 de agosto de 1835, por lei municipal, foi criado o distrito de Santo Antônio do Rio Abaixo. A
lumeMatoGrosso FOTO mário friedlander
emancipação ocorreu em 4 de julho de 1890, pelo Decreto nº 22, com território desmembrado de Cuiabá. Em 30 de março de 1900, foi criada a Comarca e em 25 de setembro de 1929, ocorre a elevação à categoria de cidade. Pela Lei nº 132, de 30 de setembro de 1948, a antiga Santo Antônio do Rio Abaixo passou à denominação de Santo Antônio de Leverger. O NOME DA CIDADE A denominação é homenagem ao santo padroeiro, Santo Antônio e ao Almirante Augusto Leverger - o Barão de Melgalço. Leverger nasceu na França e se destacou como militar, político, pesquisador, historiador e herói brasileiro por ter atuado na Guerra do Paraguai. Governou a Província de Mato Grosso em seis ocasiões, escreveu vários
livros e se tornou referência histórica e cultural de Mato Grosso. É uma honra para a cidade referenciar o nome de Leverger em sua nomenclatura, no entanto, pouco ou quase nada existe para lembrar quem foi verdadeiramente a razão da toponímia local. AS USINAS DO RIO ABAIXO O período mais importante da história sócio econômica e política da cidade deuse com a instalação de usinas de açúcar nas margens do Rio Cuiabá, em terras de Santo Antônio de Leverger, a partir do século XIX. Os usineiros, dos quais muitos se tornaram coronéis, tornaram-se os árbitros nas soluções de questões sociais e políticas em Mato Grosso. A usina era um setor industrial verdadeiramente organizado. O usineiro fazia-se valer de seu poderio
econômico e do contingente humano que liderava. De 1896 a 1906 as Usinas Conceição e Itaici apareceram como protagonistas na política de Mato Grosso. Também fizeram história e muito contribuíram com a vida econômica e política do lugar as usinas do Aricá, Maravilha, Tamandaré, São Miguel, São Sebastião e tantas outras, menores. Sobressaiu-se a figura de Antônio Paes de Barros - Totó Paes, de ancestral família matogrossense. Empreendedor, Totó Paes é chamado de “Pai da Indústria de Mato Grosso”, por sua ousadia na construção da Usina Itaici, em 1896. O equipamento da usina foi importado da Alemanha e a construção do prédio principal e os de apoio obedeceram a criterioso projeto arquitetônico. Foram construídas casas para todos os
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empregados, assim como farmácia, escola, padaria, armazém e foi em Itaici que pela primeira vez na história de Mato Grosso ocorreu iluminação elétrica. A usina tinha moeda própria e incentivava os filhos dos funcionários com aulas de música e ofícios. Também destacouse a Banda de Música da
lítica com a queda da produção. A decadência das usinas deveu-se a vários fatores. O Estado Novo, sob Getúlio Vargas, interferiu na produção da indústria açucareira, mas também colaborou para sua derrocada a relação entre usineiros e fornecedores, a comercialização, novas técnicas de produção
Óleo sobre tela de Sati, Antonio Paes de Barros - Totó Paes, o Senhor de Itaici
usina, que promovia alegres retretas com participação de grande número de espectadores. Por sua veia política, foi presidente do Estado de Mato Grosso, governando de 1903 até 1906, tendo sido ótimo governante. A partir de 1930, os usineiros perderam a força po-
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e, principalmente, com relação aos trabalhadores. Nessa ocasião o Estado, sob determinação do Interventor Antonino Menna Gonçalves, passou a reprimir os usineiros que se valiam, ainda, de trabalhos escravos, pois grande parte desses trabalhadores oriundos de sen-
zalas, mesmo sabedores de suas cidadanias conquistadas em 1888, não as exerciam, de fato e de direito. POLÍTICA CONTEMPORÂNEA A história política de Santo Antônio sempre foi complexa. Em algumas ocasiões levanta-se o pendão da revolta e, em outras, a sociedade comporta-se dócil aos acenos, apupos e promessas feitas pelos donos do poder de plantão. Há bom tempo o povo santo-antoniense não tem obtido êxito em suas apostas políticas. A cidade, os distritos, vilarejos e caminhos merecem, pelo simples fato de serem cidadãos contribuintes e pagarem impostos, um tratamento melhor do que tem se observado nas últimas décadas. Com escândalos políticos frequentes a cidade não se torna atraente para investimentos e acaba girando em torno de si mesmo, sem perspectivas concretas de futuro, numa dependência total de recursos de fundos da União e do Estado, sem contar a usual inadimplência fiscal com os órgãos de governo. A receita financeira do município poderia e deveria ser robusta, para que investimentos em áreas de infra estrutura, saúde, educação e segurança fossem a contento da sociedade. Não é isso que se verifica. Ocorre que os propósitos políticos e de crescimento, dito e redito em altos brados, em palanques de campanha, em períodos eleitoreiros, não são sérios.
com centenas de propriedades se dedicando à esta atividade, onde a produtividade é alta devido aos cuidados e equipamentos utilizados pelos pecuaristas, sempre se valendo de profissionais especializados que acompanham o desenvolvimento dos rebanhos com vacinas e indicativos da ade-
ECONOMIA Destaca-se a pecuária de corte pelo sistema de cria, recria e engorda. A agricultura é de subsistência na serra abaixo e no Pantanal. Na serra acima ocorre produção de grãos. O extrativismo mineral é praticado no leito do Rio Cuiabá e em fortuitas lavras auríferas. Turismo histórico, cultural e ecológico. Pesca. Indústria e Comércio. PECUÁRIA Fator importante na área econômica do município é a pecuária calcada no sistema de cria, recria e corte, que ocorre tanto em terra firme quanto em extensas áreas do Pantanal de Mato Grosso. Destaca-se, também, na pecuária, a produção leiteira,
do em grande parte dessas pastagens nativas. Este sistema se provou auto-sustentável e sem danos maiores para a fauna.
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Para reverter este quadro é preciso levar esta cidade, com imenso potencial na economia, com dignidade e autoridade moral, sobrepujando perigos e demonstrando seu valor a todo Mato Grosso. Importante papel deve desempenhar a sociedade local, notadamente aquela isenta de comprometimento nas urnas, cobrando bons resultados dos políticos nos quais votaram. É necessário enfrentar o desafio de transformação com a serenidade dos bravos, olhando sempre para o dia de amanhã, só assim é que Santo Antônio de Leverger poderá aspirar a um futuro promissor, cheio de esperanças e justificado orgulho de sua história.
AGRICULTURA A agricultura em Santo Antônio de Leverger se concentra no sistema de subsistência, mas também se
FOTO valdeci queiroz
quada alimentação. O resultado é sempre positivo. Verifica-se que o solo do município é rico em forrageiras naturais, sendo bem aproveitado por pecuaristas na região pantaneira. Essa atividade tem se mantido há séculos, através de um sistema de baixa produtividade por hectare, dependen-
destaca com culturas de hortaliças e grãos. O setor de agricultura familiar e de subsistência se vale das pequenas extensões e dispersas manchas de terras de boa qualidade, que permitem lavoura de bons resultados. Ali se planta mandioca, abacaxi, quiabo, milho, banana e prolife-
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ram hortaliças à base de hidropônicas, tendo como mercado preferencial a cidade de Cuiabá. Para a capital, o grande mercado consumidor, também é direcionada a produção, em notável ascensão, de ovinos, caprinos, suínos, aves e piscicultura. A produção de soja e milho em lavoura mecanizada é atividade pouco conhecida e divulgada em Leverger, pois se desenvolve na região chamada serra acima, imediações da Serra de São Vicente, divisa com o município de Campo Verde. A produção de grãos, que destaca a economia de Mato Grosso no cenário nacional, também tem seu quinhão em Santo Antônio, que acaba não participando de forma adequada deste lucrativo negócio, deixando, a exemplo do que acontece com Chapada dos Guimarães, todos os louros e lucros para o município de Campo Verde, que armaze-
FOTO mário friedlander
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na, industrializa e comercializa os grãos produzidos em solo levergense. O pior de tudo é que além de não obter lucro financeiro com a produção de grãos da serra acima, Santo Antônio fica com a parte ruim do negócio: resíduos de agrotóxicos. Com a expansão agrícola implantada nas áreas mais altas do município, ocorre a necessidade do uso de pesticidas e herbicidas nas lavouras, estes, com as chuvas, descem serra abaixo e passam a se agregar na cadeia alimentar, além de provocar a mortandade de peixes. EXTRATIVISMO MINERAL O extrativismo mineral é atividade que se desenvolve de forma legal e na clandestinidade, em Santo Antônio de Leverger. O extrativismo mineral legal é praticado por empresas que industrializam e comercializam água mineral.
Também é legal a extração de areia do Rio Cuiabá, no entanto, esta atividade não traz lucro financeiro e nem social ao município, apenas prejuízos ambientais, culturais e de saúde. Na clandestinidade atuam garimpeiros em busca de ouro, em várias partes do município, usando equipamentos de detecção de minérios e, em muitas ocasiões se utilizam de tratores de esteira para promoverem garimpagem mais proveitosa, causando, no entanto, danos irreparáveis ao meio ambiente. De vez em quando ocorrem ações de repressão às atividades extrativistas, tanto legais, quanto ilegais. Mas é de vez em quando mesmo. TURISMO O turismo expande-se através do Rio Cuiabá, Pantanal e no próprio sítio urbano, onde se destaca o Carnaval de Rua de Leverger, famoso
Morro Santo Antônio
lumeMatoGrosso Vista aérea de Santo Antônio Foto: Mário Friedlander
por nomes atípicos de seus blocos. Há que se destacar a intensa atividade comercial que se desenvolve ao longo das ruas e avenidas que cruzam a cidade, no sentido Cuiabá/Barão de Melgaço, onde pescadores e turistas se abastecem de alimentos, bebidas e material para pesca, notadamente em finais de semanas e feriados prolongados. O turismo santo-antoniense enquanto matéria prima existe e é de valor inestimável. É necessária a orquestração entre atores públicos e privados para a estruturação e promoção da oferta dos territórios na construção do produto turístico. Os roteiros turísticos existentes são de beleza ímpar e, deve-se, objetivar, através de ação conjunta, harmônica e bem coordenada, elevar o turismo santo-antoniense à sua posição de justiça, de forma a contribuir
com o processo de desenvolvimento econômico local e de Mato Grosso. O produto turístico principal é a beleza natural do município, da qual Santo Antônio de Leverger foi prodigamente contemplado, notadamente com o Pantanal, com sua exuberante fauna e flora, de beleza ímpar, um dos últimos santuários ecológicos do planeta, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. Além da fascinante Serra de São Vicente, com suas fantásticas fontes termais, rios, morros e o Cerrado com flora e fauna exuberantes. Com infra estrutura em crescimento, o município quer se firmar como pólo convergente de diversas práticas de turismo, a saber: TURISMO HISTÓRICO Interessante ponto de visitação são as ruínas da Usina do Itaici, inaugurada em
1896. Se localiza na margem direita do Cuiabá, pouco abaixo da barra do Rio Aricá. O patrimônio arquitetônico do sítio urbano ainda guarda alguns bons exemplares de casas de adobe ou taipa socada, no entanto, as mais antigas foram demolidas. Outro ponto de interesse histórico é o distrito de Mimoso, antiga povoação em que nasceu Cândido Mariano da Silva Rondon - o Marechal Rondon. TURISMO ECOLÓGICO O município possui imenso potencial para a exploração do turismo ecológico, são picos, morros, vales, rios e riachos, lagos, lagoas, baías, praias de rio, serras e montanhas, planaltos, planícies, terras insulares, parques e reservas da flora e da fauna e o Pantanal. TURISMO DE AVENTURA A cidade oferece o Morro
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Santo Antônio, localizado entre as cidades de Santo Antônio de Leverger e Cuiabá, como opção ao turismo de aventura. É ponto bastante utilizado aos praticantes do vôo de para-pentium. Outra modalidade utilizada no morro é a caminhada, sendo que a recompensa é grande, pois a visão que se tem do alto do monte é espetacular. Vê-se a Chapada dos Guimarães, a planície pantaneira, as cidades de Santo Antônio, Várzea Grande e Cuiabá. Essa modalidade atrai os praticantes da Bike, que pedalam no entorno do Morro Santo Antônio e comunidades adjacentes. Um dos pontos altos de modalidade esportiva é a prova de aventura TOROARI, promovida pela empresa ULTRA MACHO e realizada no entorno do Morro Santo Antônio. TURISMO DE SAÚDE E CONTEMPLAÇÃO Distante 86 km de Cuiabá, por asfalto, situa-se o Complexo Turístico das Águas Quentes, que oferece ampla área de lazer, invejável clima de montanha, cachoeiras, passeios a cavalo, piscinas térmicas e caminhadas ecológicas. Tudo isto dentro do Parque Florestal do Estado. As águas termais da Serra de São Vicente contam com boa infra-estrutura para o turismo, tendo sido edificado no local o Balneário de Águas Quentes, implantado dentro de um Parque Florestal de cerca de 1.500ha. A vazão total
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diária de onze fontes chega a 1.440m3, sendo classificadas como quentes, segundo Kent, mesotermais, conforme Castany e, balnealogicamente, consideradas hipotônicas. Como possuem temperaturas entre 31,6ºC e 41,6ºC, as fontes são denominadas hipertermais e, pelas características físico-químicas, oligominerais radioativas na fonte. TURISMO DE PESCA O Rio Cuiabá que banha o território da sede municipal recebe anualmente milhares de turistas e adeptos da pesca para consumo. Além do Cuiabá, outro rio que é paraíso de pescadores é o São Lourenço, rico em peixes, mas carente de boa infra-estrutura de apoio ao turismo. O Pantanal é outro destinado bastante procurado para a prática da pesca, sendo que o município possui boa rede de hotéis e pousadas nesta imensa região. CULTURA Santo Antônio de leverger espelha uma síntese cultural de vários grupos étnicos, responsáveis pela própria característica racial de seu povo. Dentro desta ótica evidencia-se a inclusão do branco, do índio e do negro nos diversos segmentos culturais do município, quer na cultura popular, literatura, artes plásticas, artes cênicas, música, artesanato, ou mesmo nos saborosos pratos da tradicional culinária levergense.
Essas três raças juntas formam a essência da história e tradição do povo de Leverger que têm na alma a alegria de viver e a ousadia de sempre buscar novos desafios. Hoje ainda presenciamos as influências dos primeiros habitantes deste lugar, caboclo na arte, na música, na dança, na culinária, no patrimônio histórico e, até mesmo nos gestos mais simples, explicitados pelo culto à fé, nas inúmeras festas de santos espalhadas por todos os rincões do município. Leverger é terra do cururu, do siriri, da viola-de-cocho, do ganzá, do boi-à-serra, do rasqueado, do lambadão e da alegria de viver. RONDON Cândido Mariano da Silva Rondon é um dos mais importantes nomes da historiografia do Brasil. Nascido na localidade de Mimoso, em 1865, às margens do Pantanal, é ganhador de diversos prêmios internacionais e ficou famoso por defender a causa indígena, quando celebrizou a seguinte frase: “Morrer se preciso for, matar nunca”. Em 2015, o governo de Mato Grosso instituiu o “Ano de Rondon”, com intensas comemorações pelos 150 anos de seu nascimento e anunciou a conclusão das obras do Memorial Rondon, iniciadas há 15 anos atrás e inconclusas. A memória histórica de Rondon só vai continuar viva se as pessoas e as instituições se unirem em torno desse ideal.
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foto j.c.v.f.
Duplicação e ciclovia na MT-040
Obras na MT-249
um pacote de obras anunciado pelo governo na primeira quinzena de novembro, inclui investimento da ordem de r$ 87 milhões em mobilidade urbana, restaurações e duplicações de rodovias com ciclovias em vários municípios matogrossenses
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entro deste “pacotão” está a retomada da duplicação da MT-040, com previsão de conclusão ainda em dezembro de 2015 e investimentos de quase R$ 22 milhões. O fator positivo é que além do ritmo acelerado das obras veio a notícia da implantação de ciclovia e ciclofaixas, em 26,5 km de extensão, ligando Cuiabá à Santo Antônio de Leverger.
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Há alguns anos parada e com manutenção precária, a MT-040 ou Rodovia Palmiro Paes de Barros, foi palco de dezenas de acidentes com vítimas fatais e prejuízos incalculáveis para o Estado e sociedade, com a conclusão das obras e a devida sinalização este quadro deve se alterar. Tais atividades sociais e de infra estrutura se encaixam no plano de governo de Pedro Taques, onde no
eixo nº 3, se destaca o tema “Cidades Para Viver Bem – Municípios Sustentáveis”. Fator a ser observado pelas autoridades estaduais é o tráfego permanente de carretas e caminhões transportando areia retirada do leito do Rio Cuiabá, na área urbana de Leverger, sempre com carga acima do permitido, visto não existirem balança nesta rodovia, com prejuízos à malha asfáltica.
lumeMatoGrosso CICLOVIA É SONHO ANTIGO A implantação de uma ciclovia entre Cuiabá e Santo Antônio de Leverger, é tema que vem sendo discutido e trabalhado há tempos pela classe política de Santo Antônio, com permanentes reuniões com cicloativistas e adeptos da modalidade, que só vem crescendo, não apenas em Mato Grosso, mas em todo o Brasil. Com a implantação da ciclovia de Leverger se torna realidade o desejo dessa prática esportiva e de lazer. É comum se observar quase que diariamente ciclistas utilizando a rodovia, que não oferece nenhuma segurança, sem acostamentos ou áreas de escape. Os ciclistas se valem de comboios e, por vezes, preferem passeios noturnos, quando, de longe, se parecem mais com uma revoada de vagalumes, tal é o efeito na escuridão e brumas das noites recheadas por pedaladas.
mais de R$ 18 milhões em recursos do Fethab. Trata-se de mais um compromisso cumprido pelo governador. As obras integram o programa Pró -Estradas, da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra), que reúne o maior conjunto de ações de construção, reconstrução e manutenção de rodovias de Mato Grosso. Somente para 2015 serão
entregues 500 novos quilômetros de rodovias e reabilitados outros 1.500 km de pavimento degradado devido à falta de manutenção adequada nos anos anteriores. A equipe de planejamento estratégico da Sinfra dividiu o trabalho na rodovia em três fases de obras, que irão facilitar o acesso a serviços públicos, o fluxo de pessoas e o escoamento da produção agrícola da região.
Pavimentação da MT-249
PRÓ-ESTRADAS Dentro da proposta de melhoria das estradas matogrossenses, o governador Pedro Taques, lançou há cerca de um mês as obras de reconstrução dos 137 quilômetros de asfalto da rodovia MT-249, entre Nova Mutum e o entroncamento com a MT235, rumo a Campo Novo do Parecis. Serão investidos
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Coleta seletiva para que te quero VocĂŞ jĂĄ parou para pensar para onde vai o lixo que sai de sua casa? fotos j.c.v.f.
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e a resposta for um lixão saiba que as coisas mudaram já faz algum tempo a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público Estadual (MPE) e a Prefeitura de Cuiabá, firmado em 2009. Agora, as mais de 560 toneladas de lixo produzidas ao dia pela população cuiabana são
ração do lixo, entre plástico, papel, metal e vidro. Também, há pouco tempo foi criada a campanha de separação entre lixo seco e úmido, que pode ser vista em lixeiras adesivadas e esparramadas pela cidade. O lixo úmido são restos de guardanapo, papel de picolé, resto de salgado ou lanche, por exemplo. A meta é que cada um separe seu lixo em casa para que a coleta seletiva seja feita, haja aumento da reciclagem, como já acontece em algumas cidades no Brasil, tal como Curitiba, que é exemplo em separação e seleção do lixo. Um sonho que agora poderá acontecer, a partir desta adequação do aterro sanitário e a implantação de programas, planos e projetos de melhoria da coleta seletiva, destino correto do lixo, com a ajuda das cooperativas, associações e catadores de materiais recicláveis. De acordo com o diretor de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, Abel Nascimento, em breve na unidade do aterro sanitário de Cuiabá será instalado um projeto de compostagem de resíduos orgânicos, provenientes de supermercados, feiras, restaurantes e lanchonetes. Será um Centro de Compostagem de Resíduos Orgânicos criado pela prefeitura e cooperativas. “Nós temos um plano efetivo para a coleta seletiva em toda a cidade. Estamos no início de um processo”, confessa Abel.
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destinadas ao aterro sanitário, em células de armazenamento de resíduos sólidos. Aquele local antes conhecido como lixão e que algumas pessoas clandestinamente jogavam coisas velhas, dentre sofás e utensílios domésticos em seu entorno, ou no caminho, está se adequando conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que prorrogou a normativa da Lei nº 12.305/10, para que se acabe com os lixões nos municípios, para até o ano de 2018. E para o final de novembro a Secretaria de Serviços Urbanos lança um plano de coleta da logística reversa de Cuiabá, que significa retirar da natureza e das residências os fogões, as geladeiras, os fornos micro-ondas, sofás, tanques lavatórios, televisores, computadores, celulares inutilizados, dentre outros utensílios velhos, para evitar os bolsões de lixo dispersos aleatoriamente pela cidade. Serão criados alguns pontos em Cuiabá para a coleta, chamados de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), por tempo indeterminado, onde a população poderá encaminhar este tipo de lixo proveniente de casa, que será destinado para o consumo adequado nas cooperativas e na única associação que existe no município. A conscientização e educação ambiental perante a população é extremamente importante, o que já vem acontecendo há mais de uma década, com a instalação de lixeiras com a sepa-
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s u s t e n ta b i l i da d e
OS CATADORES Existem em Cuiabá 20 comunidades trabalhando com a coleta seletiva em triagem, separação e destinação final ás unidades de processamento, que fazem a prensagem, enfardamento e venda dos produtos nas três cooperativas e associação no município. O lixo não reciclado tem dois destinos. Os de resíduos orgânicos, que são os restos de verduras, legumes, restos de restaurantes, que vão para os centros de compostagem e os secos para as cooperativas. O que resulta num salário em torno de R$ 1.100 a R$ 1.200 aos catadores cooperados. Em 2013 era uma média de R$ 100 a R$ 200. No entanto, ainda existem de 65 a 70 catadores atuando irregularmente no aterro sanitário controlado. “Nem todos aceitam trabalhar de forma cooperada, porque são indivíduos não governados, que não aceitam regras e normas. São independentes. Porém conforme a lei do governo Federal, do PNRS, é proibida a permanência deles. Ou seja, devem ser retirados e a prorrogação do prazo para adequação total não significa que eles podem permanecer no local até a data final”, ressalta o diretor de Resíduos Sólidos. A coleta funciona da seguinte forma: o município é quem fornece o caminhão, o motorista e o combustível para o transporte dos resíduos e as cooperativas e a
única associação entra com a parte da coleta, triagem, separação, prensagem e venda do material. A partir do processo licitatório que definirá uma empresa responsável pela coleta de lixo e destinação dos resíduos sólidos, bem como gestão plena do aterro, as cooperativas e a associação também terão que se adequar, onde passarão do quadro de 80 catadores para um número superior a 300. Ou seja, muitos dos catadores irregulares irão compor a esta necessidade, o que irá minimizar a clandestinidade. O que é o caso de Brasília, que ainda atua como lixão abrigando mais de 1 milhão de catadores, impossibilitando a adequação do PNRS. Sendo assim foi proposto a construção de um novo aterro para depois fechar o lixão. Abel conta que está em estudo uma lei que remunera os catadores como agentes prestadores de serviços ambientais, que tem como regra de ganho a somatória dos resíduos retirados que poderiam causar danos ao meio ambiente. O cálculo será feito a partir do valor correspondente do que poderia gerar impacto, como a garrafa pet que demanda 200 anos para degradar e por aí segue a idéia. LIXO ACIMA DA MÉDIA NACIONAL “Nós estamos acima da média nacional na produção de lixo, que seria 740 gramas por pessoa e Cuiabá apre-
São vários pontos a serem feitos ou corrigidos ainda. Porém estes são os emergenciais que já foram providenciados. Também providenciaremos cercas, pois a antiga foi parcialmente roubada. Este é o ponto que culminou com um acordo judicial e concomitantemente do cumprimento da lei 12.305 da PNRS, que estabelece a criação dos Planos Estaduais e Municipais de Resíduos Sólidos. E Cuiabá concluiu o seu plano em 2014, em seguida, criou a lei complementar municipal 364, de 26 de dezembro do mesmo ano, para a gestão plena dos resíduos sólidos da capital. LEI X LIXÃO A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) não trata expressamente em encerramento de lixões, mas esta é uma consequência da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos que deve estar refletida nas metas para a eliminação e recuperação destes lixões em seus respectivos planos de resíduos sólidos. A disposição de resíduos sólidos em lixões é crime desde 1998, quando foi sancionada a lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/98). A lei prevê, em seu artigo 54, que causar poluição pelo lançamento de resíduos sólidos em desacordo com leis e regulamentos é crime ambiental. Dessa forma, os lixões que se encontram em
funcionamento estão em desacordo com as Leis nº 12.305/2010 e 9.605/98. Assim, as áreas de lixões devem ser desativadas, isoladas e recuperadas ambientalmente. O encerramento de lixões e aterros controlados compreende no mínimo: ações de cercamento da área; drenagem pluvial; cobertura com solo e cobertura vegetal; sistema de vigilância; realocação das pessoas e edificações que se localizem dentro da área do lixão ou do aterro controlado. O remanejamento deve ser de forma participativa, utilizando como referência as políticas públicas para o setor. Isto permitirá desde a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública, à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos, até a coleta seletiva. Além disso, o município deve estabelecer metas de redução da geração de resíduos sólidos. Este são instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao Brasil no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. No ano passado os ministérios do Meio Ambiente, das Cidades e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) destinaram R$ 1,2 bilhão para implantar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, todo o país.
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senta 850 gramas por pessoa, relativo a população de 601 mil habitantes, do último censo do IBGE. Isso somente de resíduos sólidos domiciliares”, diz Abel. Aí você computa de demolição, restos de poda e volumosos em mais 900 toneladas, que são encaminhados para a concessionária pública Ecoambiental e instituições privadas. Tem mais os resíduos provenientes de limpeza pública, que é varrição, raspagem, podas públicas e roçadas das testadas de terrenos baldios, que gera em torno de 4 mil toneladas. Além dos resíduos de saúde, biológicos e químicos que requerem tratamento especial, sendo que parte deles é encaminhado ao aterro sanitário controlado, após tratamento. E os resíduos químicos e biológicos (remédios vencidos) são encaminhados para a unidade de tratamento externo, no Estado de São Paulo. O primeiro ponto cobrado pelo Ministério Público á prefeitura de Cuiabá perante o TAC foi a remoção de todo o lixo que tinha fora do perímetro da célula protegida para dentro delas. Foi resolvido 98%. A segunda cobrança foi a remoção de todo o chorume, que é o líquido proveniente da decomposição dos resíduos orgânicos, que ficavam dispostos irregularmente nas lagoas equalizadoras para os sistemas de lagoas de tratamento. Ele foi bombeado para destino certo.
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Aventura multiesportiva no Pantanal de Poconé O Circuito Ultramacho encerra o ano com uma etapa na maior planície inundável do planeta Por Maria rita ferreira uemura
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ato Grosso é um estado de grandes dimensões. Três ecossistemas e regiões completamente distintas dentro da mesma fronteira. Tamanha diversidade permite aos amantes dos esportes de aventura viver desa-
foto ultramacho
fios extremos sem ter que sair do estado. Entre os dias 28 e 29 de novembro o Circuito Ultramacho finaliza o ano com uma etapa no município de Poconé. É uma grande oportunidade para os atletas conhecerem uma das joias ecoturísticas de Mato Grosso.
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ESPORTE
“O Pantanal é um verdadeiro zoológico a céu aberto. Um lugar onde os animais e pássaros vivem em liberdade. Apesar da grande proximidade com a capital, pois fica a apenas uma hora de carro, ainda é pequeno o número de matogrossenses que visitam a região. Nossa ideia é aproximar o público da aventura deste local repleto de belezas que se situa praticamente em nosso quintal”, afirma o organizador do evento, Tomio Uemura. Cerca de mil atletas irão disputar uma das seis provas que compõem a etapa. Há provas para todas as idades e esportes de aventura: • UltraKids (28 de novembro): Corrida infantil (de zero a 12 anos), disputada em baterias de acordo com a idade. Prova inclusiva onde não há vencedor, todos os participantes recebem medalhas;
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etárias no total; •P ro (29/11): Prova multiesportiva em dupla masculina, feminina e mista que engloba corrida em trilha, canoagem em caiaques infláveis e mountain bike com percurso de aproximadamente 30 km. Troféu até o terceiro lugar geral. Esta prova não é revezamento. A dupla deve percorrer todo o trajeto junta; •E ndurance (29/11): Prova multiesportiva em quarteto com integrantes dos dois sexos em qualquer proporção que engloba
corrida em trilha, canoagem em caiaques infláveis e mountain bike com percurso de aproximadamente 30 km. Troféu até o terceiro lugar geral. Esta prova não é revezamento. O quarteto deve percorrer todo o trajeto junto. Os interessados em se inscrever para participar de um dos eventos da etapa devem acessar o site www. ultramacho.com.br, depois é só treinar e se preparar para um dia de muita aventura neste patrimônio natural de Mato Grosso.
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Cuiabá Arsenal Muitos motivos prá Do campo da UFMT para a Arena Pantanal Em quase 10 anos de existência o Cuiabá Arsenal marcou a história do Futebol Americano no Brasil Por caroline pilspinnov
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fotos rogério florentino pereira
ra 2002 quando a primeira bola de futebol americano começou a girar em Cuiabá. Na época, o ‘campinho’ da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) era o point do esporte que não reunia mais do que seis ou sete integrantes. O jogo se assemelhava mais a uma brincadeira entre amigos e ninguém
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poderia imaginar onde essa diversão de sábado à tarde poderia chegar. Foram quatro anos até o grupo se organizar e fazer das quatro equipes existentes na cidade, uma só. Foi então que surgiu o Cuiabá Arsenal – uma referência ao Arsenal de Guerra e uma homenagem à capital de Mato Grosso. Hoje, com 9 anos e meio de história, a equipe
comemorar chega ao ápice. Com a invencibilidade na Liga Centro-Sul do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, o time matogrossense conquistou também a chance de levar, pela primeira vez, uma partida para dentro da Arena Pantanal. A final de conferência será contra o atual bicampeão brasileiro, o CoritibaCrocodiles. Coincidência ou não, foi contra eles que o Arsenal conquistou os dois primeiros títulos brasileiros da equipe. O primeiro deles em 18 de dezembro de 2010, em Embu, São Paulo, com o placar de 49 x 21 para o time cuiabano, já em 2012 o jogo foi no Estádio Eurico Gaspar Dutra, dia 24 de novembro, e terminou com o placar de 31 x 23. O último título ficou gravado na memória de boa parte dos torcedores como
Primeiros passos
»» O fundador e ex-presiden-
te da equipe, Orlando Ferreira Junior, lembra dos grandes desafios dos primeiros anos. “Desenvolver em nosso Estado um esporte de uma
cultura totalmente distinta da nossa foi uma tarefa um tanto complicada. Eu diria um ato de ousadia, atrelado à ordem e disciplina. Motivos que permitiram a equipe alcançar o reconhecimento tanto do público como dos adversários”. Para ele, a Arena Pantanal marcará a história do Cuiabá Arsenal como marcaram o primeiro jogo oficial em 2006, a primeira partida com equipamentos em 2009, o primeiro título nacional em 2010, entre várias outras conquistas da equipe ao longo destes quase 10 anos história.
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é o caso do microempresário, Wagner Leite Curiel, de 41 anos, que viu a filha, Maria Fernanda, de apenas 6 anos, entrar em campo de mãos dadas com o capitão da equipe, Igor Mota. “Eu já acompanhava as partidas, mas aquele 24 de novembro foi realmente especial. O Croco jogou muito e eles são realmente bons, só que o Arsenal tinha uma torcida muito forte apoiando e incentivando do início ao fim. Nunca tinha visto uma partida tão emocionante”. Ele garante que aguarda um jogo tão disputado quanto para a Arena. “Vai ser difícil, mas acredito que o Arsenal sairá campeão. Novamente estaremos, minha filha e eu, na torcida, vibrando e empurrando o time para a vitória”.
Ajuda externa
»» Quem já foi no estádio sabe bem o quanto entender as regras do futebol americano é difícil. Só de faltas, são mais de 100 tipos diferentes. Agora, imagine para quem está começando a jogar o esporte. É por isso que a equipe investiu na vinda para Cuiabá de vários treinadores americanos. O primeiro deles chegou em 2010, TravisStoetzel, um especialista em treinamento de atletas de alto rendimento. Foi quem
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mostrou aos jogadores e a comissão técnica o que é o futebol americano de alto nível. Stoetzel também abriu as portas para a vinda de outros dois importantes treinadores, Matthew Rahn e Kenneth Joshen – o que mudou o patamar técnico da equipe. Joshen ainda está na liderança da equipe.
Avanços
»» Para 2015, quem assumiu a presidência do time foi o ex-jogador, Paulo César Ribeiro, que abarcou o desafio de popularizar o esporte e transformar Mato Grosso em uma referência nacional para a prática da modalidade. Para isso, o time passou a jogar em vários municípios do Estado, como Nossa Senhora do Livramento, Jaciara e Chapada dos Guimarães, experiência que revelou o potencial ainda existente para o crescimento do futebol americano. A equipe também ampliou o acesso de crianças ao esporte, com as escolinhas, uma delas inaugurada recentemente no bairro Residencial Coxipó e o projeto social realizado junto aos jovens reeducandos do Complexo Pomeri. A meta
»»
Em 2013, o Cuiabá Arsenal já tinha uma média de público de 2,5 mil pessoas em casa. Enquanto o campeonato matogrossense daquele ano recebeu cerca de 575,9 pagantes por jogo, o Arsenal conseguiu levar ao estádio Dutrinha cerca de duas mil pessoas em cada partida. Para a final de conferência, a equipe aposta em 10 mil pagantes, o que superaria o maior público de futebol
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americano de toda a história do esporte no país, registrado no estádio Couto Pereira, em Curitiba, entre CoritibaCrocodiles e o Fluminense Imperadores, em 2011.Se o objetivo é bater a ‘meta’, o time tem trabalhado duro dentro e fora de campo. “O nosso grande trabalho neste momento está na preparação psicológica dos jogadores para jogar na Arena. Sabemos da nossa responsabilidade em fazer um grande trabalho dentro e fora de campo e tenho certeza de que nossos atletas não vão decepcionar”, revela Paulo César Ribeiro.
Elenco
»» Hoje o Cuiabá Arsenal conta com cerca de 80 atletas na equipe principal, além da categoria de base. Entre eles, os quatro atletas que participaram do elenco da Seleção Brasileira - Brasil Onças, durante a Copa do Mundo de Futebol Americano, no mês de julho deste ano, em Canton, Ohio, nos Estados Unidos, Igor Mota, Hátila Fogo, Heron Azevedo e Andrei
Vargas. “Lembro-me como se fosse hoje quando montamos os times para realizarmos o primeiro Campeonato Estadual de Futebol Americano. Não tínhamos muita técnica e nem equipamentos, mas tínhamos muita força de vontade. Sempre fizemos as coisas acontecerem trabalhando muito e sabendo onde queríamos chegar: ser o melhor time de futebol americano do país. Vejo nessa trajetória o comprometi-
mento e o amor das pessoas que passaram e que estão no time. Essas duas características são a fórmula para que qualquer negócio prospere e caminhe para o sucesso”, comentou o vice-presidente do time, Marcelo Roversi.
O jogo
»» O jogo do dia 21 de novembro terá a dimensão e a organização de uma partida internacional.O show de abertura contará com uma performance surpresa do mascote da equipe, João Geleia, além da participação especial de Lorena Ly, banda Ponto 06 e Flauta Mágica. Durante todo o jogo, a torcida será embalada pela animação das Cheerleaders e bateria Turuna. No intervalo, quem comandará a festa será a cantora matogrossense, Ana Rafaela, que fará o show do centro da Arena. Quem estiver nas alas inferiores poderá desfrutar ainda do Espaço Gourmet. O esquenta com a bateria Turuna começará às 16h, nos portão F e G do setor leste.
Ingressos
»» Os
ingressos estão à venda na Livraria Janina da Unic, Univag, Centro, Shopping Três Américas, Pantanal Shopping e pelo site MT Ingressos. Para o setor Leste e Oeste inferior o custo será de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada); e para o setor Leste superior o custo será de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Já o setor Sul inferior, destinado à torcida do CoritibaCrocodiles, o custo será de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Não pagam ingresso as pessoas com deficiência (PcD) e crianças de até 8 anos.
Generosidade
»»
A partida entre Cuiabá Arsenal e CoritibaCrocodiles também terá pontos de coleta para doações de alimentos e brinquedos. As doações não são obrigatórias e também não valem desconto no ingresso. “Queremos estimular a generosidade. Sabemos que o público do FA é bas-
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tante consciente e solidário e como os ingressos estão a preços populares, acreditamos que muitas pessoas vão querer doar“, explica o presidente da equipe, Paulo César Machado. Os alimentos serão destinados para o Núcleo de Ações Voluntárias, do Governo do Estado. Trata-se de uma campanha de arrecadação voltada para o Natal, onde os alimentos serão doados para todos os municípios de Mato Grosso. O nome das instituições será disponibilizado no balanço final do projeto.
Títulos 2007
Pantanal Bowl I
2008
Torneio Capital II
2008
Sorocaba Bowl I
2009
Pantanal Bowl III
2010 2012
Campeonato Brasileiro Campeonato Brasileiro Campeão Mato-
2015
Grossense de Futebol Americano
2015
Desafio CentroOeste
SERVIÇO: Final da conferência Centro-Sul de Futebol Americano - Cuiabá Arsenal x Coritiba Crocodiles Dia: 21 de novembro Horário: 17h30 Local: Arena Pantanal - Cuiabá/MT
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b e m e s ta r
Vá de
Bike
bicicleta é garantia de saúde e bem-estar por Beatriz saturnino
O ciclismo trabalha as pernas, coxas, glúteos, quadríceps, panturrilha, musculatura abdominal, extensores da coluna, até os músculos do ombro, braço e antebraço são desenvolvidos no ciclismo. Além de ser bom para o coração e sistema cardiovascular.
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O
aumento da circulação melhora a oxigenação e a chegada dos nutrientes à pele, ainda libera endorfina que proporciona uma sensação de bem-estar. E inevitavelmente a alimentação é reinventada e alguns vícios tendem a diminuir ou deixar de existir na vida de quem se torna um praticante deste esporte. Quer mais? Então vá de
bike e descubra os benefícios que muitas pessoas estão atingindo no seu dia -a-dia. Uma oportunidade de se livrar do estresse, conhecer novas pessoas, respirar ao ar livre e até curtir um pouco o sol. Uma prática vantajosa ao meio ambiente, sem dúvida. O mês de novembro é convidativo para quem pretende começar a pedalar, pois ainda é primave-
No destaque, o ciclista Fabian Martinelli, presidente da Associação MTBikes
destaca o ciclista, que é presidente do MTBikers. Na verdade Fabian começou a pedalar em Milão, na Itália, pela necessidade de tempo e espaço, para ir ao trabalho, que de bike levava 45 minutos, num trecho de 25 km, e de trem era 1h15. Quando voltou para o Brasil, em Cuiabá, ficou quatro anos sem pedalar, até ingressar em um dos três grupos que existiam na época, há seis anos, de lojistas. Não demorou muito para criar o MTBikes com 15 associados. Hoje existe aproximadamente 42 grupos de pedal em Cuiabá. Portanto, todos os dias quem quiser pedalar com segurança e motivação, é possível. O gasto com a bike é somente no início, que é no valor dela e os equipamentos para o conforto e de segurança, como shorts almofadados, luvas, capacete,sinalizadores, o cantil, por exemplo. Depois gasta-se somente
com pneus, caso fure, lubrificação e cuidados com correntes e marcha, cujo valor é infinitamente menor do que a manutenção de um carro. A bicicleta pode custar no mínimo uns R$ 800, porém mais simples, para percorrer pequenos trechos, como ir ao supermercado, pois não exige tanto conforto. Existem com preços maiores, conforme a necessidade da pessoa. Fabian diz que a revisão também sai em média de R$ 80 a R$ 100, sendo uma vez por mês para quem pratica todos os dias e muitos kms. E, de uma a duas vezes, a cada seis meses, para quem pratica de duas a três vezes por semana. Como todo o cuidado é pouco, é fundamental que, com frequência, se verifique os freios e a calibragem dos pneus; observe e corrija, se necessário, folgas das partes móveis como a roda, caixa de direção e pedais.
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ra, que se encerra no dia 30, e poderá curtir a vista, já se aproximando do verão. O esporte em si já é convidativo, sendo capaz de atrair entusiastas a começar a praticar o ciclismo também. Principalmente quando os resultados são visíveis, no aumento da auto-estima, melhora da saúde, entre outros benefícios. Essa mudança de vida motivou o publicitário Fabian Martinelli a criar um grupo, há cinco anos, e que hoje é a Associação MTBikers, com cerca de 300 integrantes em Mato Grosso, com 180 em Cuiabá. “Eu quando comecei a pedalar tinha 25 quilos a mais. O que mais leva a pessoa ao pedal é perder peso ou sair de alguma depressão. Fazer novos amigos e interagir com a cidade. O legal também é observar os detalhes de Cuiabá ainda não vistos. Tem muita coisa que muita gente não sabe”,
fotos j.c.v.f.
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BEM ESTAR
foto salescap
O Código de Trânsito Brasileiro deixa claro quanto a utilização das ruas, ou vias, que podem ser compartilhadas por todos os modais, motorizados ou não. “Portanto, a ciclo, faixa criada pelo município, na verdade vem com o intuito educacional, para dizer aos motoristas que eles tem que saber dividir o espaço e respeitar quem está nela. Ensinar os motoristas que as ruas não são só deles”, frisa. Ou seja, a calçada é para pedestres e as vias para qualquer modal. Um local que utilizam sempre, mas que não foi concluída ainda pelo Estado é a ciclovia de Cuiabá até a Passagem da Conceição, em Várzea Grande. É importante não abusar da sorte e andar em locais propícios pra bicicleta é mais interessante. Também que se respeite os
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pedestres e carros e fique atento à sinalizações de trânsito. A condução defensiva é importante, então o ideal é não utilizar fones de ouvido que podem bloquear sons ao redor, essenciais para evitar se envolver em algum acidente. Os pedais do MTBikers acontecem interligando cidades, como de Cuiabá a Várzea Grande, Cuiabá a Santo Antônio, a Chapada dos Guimarães, entre outros rumos. Pode parecer engraçado, mas o ciclismo permite o abandono da espera por ônibus e da procura por vagas para estacionar. É para sorrir em pensar que irá economizar em tarifas do transporte público, combustível, estacionamento e multas de trânsito. Até usada como transporte a bike faz bem para a saúde, que aliada a uma
dieta equilibrada na rotina tornam-se fortes combatentes as doenças. Isso porque além de melhorar no desempenho físico o emocional muda completamente de forma positiva. É a perda de peso, a tonificação da musculatura do corpo, controle da pressão e triglicérides, ativados com o equilíbrio e confiança. O ciclismo traz benefícios físicos e emocionais, contribuindo muito para a qualidade de vida. Como atividade aeróbica, gera perda de peso, cerca de 600 calorias por hora da atividade. Uma dica importante que especialistas afirmam é que ciclistas que intercalam um ritmo acelerado, seguido de pedaladas mais lentas, podem queimar três vezes mais gordura corporal do que quem pedala em um ritmo constante. Ainda, a marcha
lumeMatoGrosso foto Acervo mtbikes
deve ser lenta para não sobrecarregar o joelho. Também ajuda a equilibrar a pressão e reduz os níveis de triglicérides, do colesterol total e LDL (colesterol ruim), com a prática constante do ciclismo. Isso resulta equilíbrio e confiança, além de relaxar e combater o estresse. Isso porque o ato de pedalar estimula a liberação das endorfinas (morfinas endógenas - que fazem com que o indivíduo seja mais feliz), aumenta também os níveis de serotonina (o chamado hormônio da felicidade), gerando o relaxamento, fatores essenciais para um sono saudável. Continuando com as vantagens de se pedalar, saiba que esta atividade feita com frequência tonifica os vasos sanguíneos (artérias e veias) e faz com que eles relaxem mais facilmente, con-
tribuindo com a diminuição da pressão arterial, que é um importante fator de risco para doenças coronarianas. Portanto, com a melhora na contração cardíaca, o sistema imune fica estimulado e eleva a produção de glóbulos brancos, ajudando o organismo a defender-se de vírus e bactérias. Para quem tem problema de insônia o ciclismo é uma ótima pedida, pois a atividade melhora a qualidade do sono. Quem sofre com dor nas costas, a notícia é que o ciclismo estimula os pequenos músculos das vértebras e pode ajudar a diminuir as dores as costas e outros problemas.A postura em cima da bicicleta e os movimentos cíclicos estimulam os músculos da parte inferior, onde as hérnias de disco são mais prováveis de aparecer. Assim, a coluna
vertebral é reforçada, mas o tronco precisa se manter alinhado ao quadril, com uma pequena inclinação à frente. A coluna lombar deve ficar em um ângulo de 30 a 40 graus com um bom apoio das mãos. Se tiver encurvada demais, pode gerar dor nos ombros. Uma bicicleta mal ajustada ou um erro de postura pode causar sobrecarga mecânica e consequentemente provocar dores na coluna lombar, cervical, joelhos, tornozelos e pés, além de formigamento nas mãos. Recomenda-se a prática 3 vezes na semana. O tempo pode ser aumentado gradualmente, partindo de 30 minutos. Como se pode constatar, o ciclismo é uma das atividades físicas mais completas por movimentar todo o corpo. É a promessa de um estilo de vida mais saudável.
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turismo
Turismo em processo Turismo de Mato grosso quer voltar a crescer e pede socorro com feira do Pantanal em 2016
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por Beatriz saturnino
assado o furacão Copa do Mundo no Brasil que, em divisas, pouco deixou para Mato Grosso, a não ser pontualmente no período dos jogos, com ínfimas visitações em pontos turísticos matogrossenses, a exemplo do Pantanal, Chapada dos Guimarães e outros destinos, quase tudo teve que ser reiniciar e se reinventar. Este processo de oxigenação é quase que um pedido de socorro do setor turístico de Mato Grosso, que teve a ocupação de hotéis em Mato Grosso derrubada após o evento. O costumeiro fluxo de 45 mil a 60 mil pessoas por ano em Cuiabá caiu para menos de 10 mil, em 2015. Para retomar esta força motriz que movimenta toda uma cadeia produtiva do Estado surge en-
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tão uma nova estratégia com a 1ª Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT), a ser realizada entre os dias 20 e 24 de abril de 2016, no Centro de Eventos do Pantanal. “Uma terra encantadora, decorada por uma flora riquíssima, banhada tanto pelo sol como pelas águas e escolhida por animais de rara beleza como seu próprio lar. Mato Grosso, um lugar que desperta emoções e apaixona a quem vive aqui. E como seria se quem é de fora descobrisse esse paraíso? Vem aí a FIT Pantanal, uma feira voltada a apresentar nosso Estado e encontrar soluções para desenvolver o turismo”, traz a chamada da FIT Pantanal. São esperadas 100 mil pessoas no evento, que antes era chamada de Fes-
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foto mÁrio friedlander
de revigoramento ta Internacional do Pantanal. Agora virou feira. As regiões do Pantanal, Cerrado, Amazônia, Araguaia e Vale do Rio Cuiabá serão os corredores turísticos que irão apresentar produtos e oportunidades, além da integração com a região do Mercosul, com a participação do Paraguai, Bolívia, Chile, Peru, Venezuela, Equador e a Colômbia. A hospitalidade local, a localização privilegiada, no Centro da América do Sul, poderá transformar Mato Grosso, em centro de atração e irradiação do turismo para todas essas regiões. No mesmo espaço estará o turismo tecnológico, de aventura, de contempla-
ção, de eventos, agronegócio e outras riquezas do Estado. A meta é desenvolver roteiros turísticos integrados para que os visitantes possam conhecer várias regiões de Mato Grosso. Uma das lutas do trade turístico de Mato Grosso é a internacionalização do aeroporto Marechal Rondon. Há muito tempo, os empresários esperam pela retomada do vôo entre Cuiabá e Santa Cruz de La Sierra. O vôo para a Bolívia possibilitará a conexão com vários países. Durante a Copa, o aeroporto Marechal Rondon operou em caráter provisório com vôos internacionais, que trouxeram as seleções para os jogos em Cuiabá.
E por falar em Copa do Mundo, quando Cuiabá foi escolhida para ser a cidade sede de 2014, passou a receber investimentos de infraestrutura. Foram construídos a Arena Pantanal, trincheiras, viadutos e trilhos, e muito mais que seguiu na área pública e privada. O número de leitos de hotéis praticamente dobrou, de 8,5 mil para 15.700 nos últimos cinco anos. Entre ampliações e novos hotéis foram mais de 20 construções, de médio e grande porte. O que aconteceu? A copa do Mundo não trouxe aquele resultado esperado. A ocupação de 100% dos hotéis ficou somente nos dias dos jogos. E aquele burburinho
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Nós pretendemos trazer durante esses dias de feira aproximadamente 100 mil pessoas para participar do evento”, esclarece Nigro. O objetivo é fomentar negócios entre operadores, agentes de viagens, hotéis, resorts, companhias aéreas e setores público e privado.Na programação constam seminários, palestras, conferências, fóruns, oficinas, cursos e workshops direcionados a agentes de fomento do turismo, além dos estandes e apresentações culturais. Será também vitrine do agronegócio com rodada de negócios e projetos. Ou seja, é a maior feira de oportunidades para o turismo e os negócios, e para quem quer conhecer Mato Grosso. A expectativa é que esta feira traga muitos benefícios para o setor que movimenta mais de 52 segmentos econômicos, que não é somente os bares, hotéis e restaurantes. Vai desde recepcionistas, taxistas, empresas de iluminação, gráfica, empresas de montagem, de decoração, entre outros. A esperança é que o turismo volte a crescer no Mato Grosso e a festa de abertura da temporada turística 2015 já foi um sinal para esta oxigenação. A FIT foi lançada em outubro deste ano e será promovida pelo Sindicato das Empresas de Turismo de Mato Grosso/Sindetur e o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e contará com o apoio do Ministério do Turismo, Embratur e outras entidades.
RUA 6 ESQUINA COM RUA PENN GOMES, 105, BOM CLIMA, CHAPADA DOS GUIMARÃES, MT 65 3301-2808 | 9941-6937
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de que iria faltar tudo na cidade, desde comida, taxis e hospitais não aconteceu. Após pouco mais de um ano é percebido que a Copa não trouxe impacto gigantesco positivo, e no médio prazo os turistas não vieram em continuidade do circuito turístico que se esperava ter durante o ano. “Depois que passou a Copa a queda de ocupação dos hotéis caiu de imediato. E até hoje nós estamos sentindo esta queda. Por dois motivos: Uma, a Copa do Mundo não trouxe resultado esperado em termos de aumento de turistas. O outro motivo é que os eventos de grande porte caíram tremendamente, como congressos, reuniões de empresas que geravam em torno de 45 mil a 60 mil pessoas ano em Cuiabá, em 2015 caiu para menos de 10 mil”, destaca o secretário adjunto de Turismo do Estado, Luis Carlos Oliveira Nigro, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec). E qual é a ideia da FIT? É realizar esta feira para mostrar todos os produtos turísticos nos diversos municípios de Mato Grosso, fazendo com que eles se tornem conhecidos a nível estadual, nacional e internacional. Isto não só para os atrativos turísticos, mas também cultural, artesanal e econômico das diversas regiões do Estado, que estarão presentes. “Será a mesma idéia da Festa Internacional do Pantanal, que parou em sua 15ª edição, em 2008, porém mais encorpado.
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pa r a q ua n d o voce for
VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE Distante 521 km de Cuiabá, é a primeira capital de Mato Grosso, fundada em 19 de março de 1752. De cultura peculiar, consistente e tradicional, tanto na culinária, quanto em festejos e danças, a cidade quer se firmar como destino turístico de Mato Grosso. Interessantes pontos de visitação são as ruínas da antiga catedral, palácio dos Capitães Generais, alicerces da antiga Igreja de São José dos Militares, localidade de Casalvasco, ruínas da antiga cidade de pedras de São Francisco Xavier, cachoeiras da Serra Ricardo Franco, o Rio Guaporé e o antigo casario da cidade. Como chegar: De Cuiabá até Cáceres pela BR 070, de Cáceres até Pontes e Lacerda pela BR 174 (Cáceres - Porto Velho) e até Vila Bela por rodovia estadual. Informações: Prefeitura Municipal • (65) 3259 1313
foto julio rocha
MUSEU HISTÓRICO DE MATO GROSSO Prédio construído em 1896, para funcionar o Tesouro do Estado. O museu abriga mobiliário, pratarias e utensílios que pertenceram á governantes de Mato Grosso, desde os tempos de Capitania. É ponto de encontro de artistas e uma das referências da arquitetura e da história matogrossense. Às sextas feiras ocorrem saraus. Localização: Praça da República, centro de Cuiabá/MT. Funcionamento: De terça à sábado, das 8:00h até as 20:00h. Informações: (65) 2136 9234 e 3613 9234
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INSTITUTO MEMÓRIA DO PODER LEGISLATIVO É um dos lugares mais procurados por pesquisadores sobre história de Mato Grosso. Trata-se de organismo diretamente ligado à Assembleia Legislativa de Mato Grosso, com objetivos de reunir, sistematizar, divulgar e preservar documentos históricos do legislativo matogrossense. O conjunto documental abarca a extensa baliza cronológica que vai de 1835 a 2015, incluindo em seu acervo documentos das mais variadas naturezas. Localização: Centro Político Administrativo - Av. André Maggi - Cuiabá/MT Funcionamento: De segunda à sexta, das 8:00h às 17:00h Informações: Telefones (65) 3313 6935 / (65) 3313 6936 / (65) 3313 6937 / (65) 3313 6938 foto acervo almt
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MUSEU DA HISTÓRIA DE CAMPO VERDE O primor arquitetônico vislumbrado na construção original deste prédio demonstra o apreço do governo com a importância das linhas telegráficas em fins do século XIX. Trata-se da primeira estação telegráfica implantada no interior foto acervo pm campo verde de Mato Grosso e sua construção para abrigar um museu histórico e sala data de 1896. Com a desativação do de projeções culturais para visitantes. telégrafo, o prédio foi abandonado, Localização: Município de Campo entrando em declínio e destruição a Verde, distrito de Coronel Ponce, partir da década de 1950. Com o antigo acesso pela Rodovia MT-344 prédio em escombros, em 2009, foi Informações: Prefeitura Municipal de construído uma réplica da antiga estação Campo Verde • (66) 3419 1244
BONSUCESSO
foto mario friedlander
DOMO DO ARAGUAINHA Ponto de interesse histórico e geográfico brasileiro, localizado entre as cidades de Araguainha e Ponte Branca, no leste de MT. Trata-se de espetacular acidente geográfico e uma das mais intrigantes formações de cratera produzida pela queda de meteorito no mundo, sendo o maior Astroblema da América do Sul O Domo é uma cratera erodida de natureza complexa, com 40 km de diâmetro, com inúmeras cavernas, lagos subterrâneos e abrigos sob rocha onde se observam vestígios de presença humana na extensa área do Astroblema. Localização: No interior do município de Araguainha, na região sudeste MT, distante 355 km de Cuiabá. Informações: Prefeitura Municipal • (66) 3476 1210
Distrito pertencente ao município de Várzea Grande, localizado na região do Vale do Rio Cuiabá. É lugar onde se festeja o dia de São Pedro com a distribuição gratuita de peixes, oferecida pelos pescadores da localidade. Atualmente a comunidade tem no turismo de gastronomia regional, à base de peixes, a sua principal fonte de economia. Localização: Acesso pela Rodovia dos Imigrantes, margem direita do Rio Cuiabá. Funcionamento: Diariamente, com movimento intenso em finais de semana
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culinĂ ria
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por Beatriz saturnino
fotos laĂŠrcio miranda
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Cozidão Cuiabano
Também é conhecido pelo nome de Ensopadão Cuiabano. Com qualquer nomenclatura o prato é gostoso, fácil e rápido de ser feito
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Cozidão enche os olhos e desperta o apetite. Ele traz o milho verde, a banana da terra, a batata doce, a batata inglesa, a cenoura, a carne bovina com costela e a ponta de peito. Também se acrescenta abóbora e mandioca. Para melhorar ainda mais você pode colocar folhas de repolho para encorpar o prato. A mandioca e quase todos os ingredientes são alimentos da cultura indígena, africana e espanhola. O Cozidão é um prato originado da herança cultural da época da escravidão e foi abraçado por nossos antepassados seguindo gerações. Não existe documentação oficial escrita, apenas a memória. Hoje já existe um documento registrado na culinária cuiabana. Edna Lara é gastrônoma e culinarista, formada pela Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. Autora de duas edições do livro “Diversidade da Gastronomia”. A segunda nas versões português e inglês
Receita de Edna Lara Ingredientes
»» 2 kg de carne bovina, ponta de peito »» 1 kg de costela bovina cortada mais ou menos em 5 cm
»» 1 kg de batata-inglesa (pequenas) »» 1 kg de batata-doce »» ½ kg de mandioca »» 1 abóbora de casca dura (cortada em cubos grandes)
»» 3 espigas de milho verde (cortadas ao meio) »» 3 bananas-da-terra (amarelas, mas não muito maduras)
»» 3 dentes de alho socados »» 2 cebolas médias picadas »» 2 pimentões verdes picados »» 2 colheres (sopa) de vinagre »» 3 cenouras (cortadas em cubos grandes) »» Sal e pimenta-do-reino a gosto »» Óleo »» Vinho branco seco (opcional) COMO FAZER
»» Lave e corte as carnes em pedaços grandes,
tempere com alho, sal, pimenta-do-reino e vinagre. Deixe repousar por duas horas no tempero. Leve uma panela grande ao fogo com óleo e frite todas as carnes. Pingue água quente aos poucos, até que elas estejam macias. Escorra o excesso de óleo e junte a cebola, o tomate, o pimentão e refogue. Cubra o suficiente com água, colocando primeiramente o milho verde e deixe cozinhar. Então coloque a batata, a mandioca e, por último, a banana-da-terra e a batata-doce. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto. Deixe cozinhar por mais 20 minutos. Depois de cozido, desligue o fogo e salpique cheiro-verde. É só servir e esperar elogios.
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Arte Contemporânea Cuiabá tem exposição itinerante da 31ª Bienal de São Paulo Por maria angélica de moraes
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ela primeira vez na região Centro-Oeste a 31ª Bienal de São Paulo - Como (...) coisas que não existem, ocorrida em 2014 no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, aporta em Cuiabá. A vinda de um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel, e responsável por projetar a obra de artistas internacionais e refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global, deixará transformações significantes na capital mato-grossense. “Com a vinda da Bienal de São Paulo o estado de Mato Grosso será inserido no roteiro das grandes
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FOTOS andré romeu
exposições. A maioria das pessoas não pode ir a São Paulo, a Nova York ou Paris, mas tem direito ao acesso às grandes obras que a humanidade produziu. Esta ação é importante também para artistas mato-grossenses em fase de formação de personalidade. É fundamental que conheçam e dialoguem com a vanguarda do pensamento criativo contemporâneo”, observa Leandro Carvalho, secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer. No Palácio da Instrução, local escolhido para receber a Bienal e que passou por obras de manutenção para estar à altura de um evento deste porte, são apresentados os projetos: 10.000
anos de arte popular nórdica, de Asger Jorn; É apenas o vértice do mundo interior, de Agnieszka Piksa; Casa de Caboclo, de Arthur Scovino; Ponto de encontro, de Bruno Pacheco; Vila Maria, de Danica Dakić; Não é sobre sapatos, de Gabriel Mascaro; Violência, de Juan Carlos Romero; Não-ideias, de Marta Neves; Handira, de Teresa Lanceta; Cartas ao leitor (1864, 1877, 1916, 1923), de Walid Raad; A leitora de café, de Michael Kessus Gedalyovich; A última aventura, de Romy Pocztaruk; Série Negra/Cabine telefônica aberta, de Nilbar Güreş; Nosso Lar, Brasília, de Jonas Staal; Sem título, de Vivian Suter e Ymá Nhandehetama, de Armando
lumeMatoGrosso Queiroz com Almires Martins e Marcelo Rodrigues. Uma amostra da experiência que se desenvolveu no último ano traz um conjunto de 49 obras à instituição anfitriã, projetando as questões da Bienal e o repertório de 16 artistas selecionados para novos públicos. A curadoria é de Charles Esche, Pablo Lafuente, Nuria Enguita Mayo, Galit Eilat, Oren Sagiv, Benjamin Seroussi e Luiza Proença. O título da 31ª Bienal – Como (...) coisas que não existem – é uma invocação poética do potencial da arte e de sua capacidade de agir e intervir em locais e comunidades onde ela se manifesta. O leque de possibilidades para essa ação
e intervenção está aberto – uma abertura que é a razão da constante alteração do primeiro dos dois verbos no título, antecipando as ações que poderiam tornar presentes as coisas que não existem. “Começamos por falar sobre elas, para em seguida viver com elas, e então usar, mas também lutar por e aprender com essas coisas, em uma lista sem fim” - explica a curadoria. Como parte da iniciativa a programação prevê encontros de educadores da rede pública de ensino de Cuiabá e Várzea Grande, além de debates, oficinas e encontros sobre arte contemporânea com artistas e o público matogrossense.
Para Luis Terepins, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, as itinerâncias “buscam expandir os intercâmbios possíveis entre a vida cultural de São Paulo e os espaços expositivos no interior e exterior, projetando as questões da 31a Bienal rumo a novos públicos e novas direções”.
SERVIÇO: 31ª Bienal de São Paulo • Obras selecionadas 3 de novembro a 6 de dezembro terça à sexta: 8h às 20h; sábado e domingo: 10 às 18h Entrada gratuita
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Galeria de Artes
Lava Pés
Cuiabá ganha novo equipamento cultural Por maria angélica de moraes
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ão há como falar de artes plásticas matogrossenses sem mencionar Dalva de Barros. A pintora cuiabana, nascida em 27 de outubro de 1935, completa 80 anos sendo mais de 50 deles dedicados a retratar as manifestações populares, as cenas cotidianas e a gente simples com a qual ela tanto se identifica. Dalva leva uma vida modesta, tem um olhar e um falar tranquilo e não cultiva outro desejo se não o de continuar pintando.
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FOTOs andré romeu
“Não posso viver sem arte, aí não faz mais sentido”, diz. No dia 28 de outubro Dalva recebeu uma homenagem à altura. Sua arte foi tema de abertura da Galeria de Artes Lava Pés, instalada no piso térreo da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), localizada na avenida de mesmo nome, no bairro Duque de Caxias, em Cuiabá. Além de telas, objetos pessoais, fotos, croquis e um vídeo-documentário produzido para a ocasião, a exposição contou a
participação especial de alguns dos discípulos da artista plástica como Adir Sodré, Benedito Nunes, Dirce Nestor, Márcio Aurélio, Regina Pena e Gervane de Paula. Cerca de 40 obras presentes na exposição ilustram tanto o talento nato de Dalva de Barros para retratar, com um olhar simples e atento, temas que nascem do próprio dia-a-dia da artista, quanto a sua presença inspiradora para uma geração de artistas plásticos mato-grossenses. “Dalva é uma pessoa as-
sertiva que soube conduzir e inspirar artistas de origem popular, cheios de timidez. Com sua simplicidade ela conseguiu quebrar esse gelo e atrair aqueles então jovens artistas para o seu lado”, revela Gervane de Paula, que é também o curador da exposição. Para Leandro Carvalho, titular da Secel, ter uma artista como Dalva de Barros como tema da exposição de abertura da Galeria de Artes Lava Pés é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. “Um dos nomes mais importantes das artes mato-grossenses, Dalva não é apenas uma pintora singular, em cujas obras estão presentes todos os elementos de uma grande artista, mas é
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS Educadores pedem criação de semana nacional dos contadores de história Educadores defenderam, recentemente, em audiência pública da Comissão de Cultura, na Câmara dos Deputados, em Brasília, proposta (PL 4005/12) que cria a Semana Nacional dos Contadores de História. O projeto prevê que as escolas públicas
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também fonte de inspiração e mestra querida de tantos outros talentos”, disse. Com 350 metros quadrados de área, a Galeria de Artes Lava Pés está equipada para receber exposições nos mais variados suportes, de telas a esculturas e videoinstalações, entre outros. “A estrutura controlável de iluminação se adapta aos mais diversos fins”, explica Robinson de Carvalho Araújo, arquiteto da Secel. Foram feitas melhorias no piso, paredes e janelas para oferecer o conforto adequado aos visitantes. O local, de acesso livre, dispõe ainda de banheiros masculino e feminino. Para que a população possa acompanhar a programação da galeria, haverá banners expostos na fachada do prédio informando sobre as exposições em cartaz. A mostra Dalva de Barros 80 anos! fica em cartaz até o dia 26 de fevereiro de 2016. A Galeria de Artes Lava Pés está aberta para visitação do público de segunda a sexta, das 8h às 18h, com entrada gratuita.
Um dos nomes mais importantes das artes matogrossenses, Dalva não é apenas uma pintora singular, em cujas obras estão presentes todos os elementos de uma grande artista, mas é também fonte de inspiração e mestra querida de tantos outros talentos. LEANDRO CARVALHO
de educação básica devem reservar, pelo menos, uma semana por ano para disseminar informações sobre o patrimônio cultural imaterial brasileiro e difundir as manifestações verbais, poéticas, literárias e musicais que formam a cultura nacional. Se passar, o projeto será importante para o ensino e para toda a sociedade, pois serve de resgate da identidade nacional.
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a g e n d a c u lt u r a l
Visitação: terça a domingo Horário: 9h às 17h Entrada gratuita Informações: (65) 3025-3221 Museu de Arte MT
ALTA FLORESTA ENCONTROS POSSÍVEIS A cidade de Alta Floresta, norte de Mato Grosso, sedia entre 27 de novembro e 1º de dezembro, o Festival de Teatro da Amazônia Mato-Grossense. Presenças confirmadas de nomes importantes das artes cênicas mundiais, a exemplo de Eugenio Barba e Julia Valey, do dinamarquês Odin Teatret, do indiano Mestre Sankar, do diretor mineiro Marcelo Bones e do ator Zar Alessandro Curti. Informações pelos telefones 3359-0336 e 8111-2597
GALERIA LAVA PÉS DALVA 80 ANOS Até o dia 26 de fevereiro de 2016 a artista matogrossense Dalva de Barros é contemplada na Galeria de Artes Lava Pés da Secretaria de Cultura do Estado (Secel). Dalva não é apenas uma pintora singular, em cujas obras estão presentes todos os elementos de uma grande artista, mas é também fonte de inspiração e mestra querida de tantos outros talentos como Adir Sodré, Gervane de Paula, Benedito Nunes, Dirce Nestor, Márcio Aurélio e Regina Pena que, nesta exposição especial, “Dalva de Barros 80 anos!” rendem suas homenagens à artista. A Galeria de Artes Lava Pés estará aberta para visitação do público de segunda a sexta, das 8h às 18h, com entrada gratuita.
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TEATRO DA UFMT MESA PRÁ 6 Show - O AMANHECER Música da melhor qualidade será oferecida pelo sexteto MESA PRÁ 6, no Teatro da UFMT. O grupo é formado pelos músicos Laís Epifânio, Thainá Pinheiro, Thuanny Godoy, Raul Fortes, Klauber Borges e Jefferson Neves. O repertório mescla o melhor da música brasileira e jazz clássico, eternizados nas vozes de J. Herman, George Gershwin e Cole Porter. Dias: 14 e 15 de novembro Horário: 20h Ingressos: R$ 40,00 inteira e R$ 20,00 (meia) Informações: pelos telefones 65-9649-0727
SESC ARSENAL NÚCLEO ARSENAL DE CINEMA CURSO PRODUÇÃO AUDIOVISUAL COM BRUNO VARGAS Com a popularização das câmeras DSLR as possibilidades de produção de vídeo aumentaram muito. Ver a produção do topo e auxiliar todas as equipes de um filme não é uma tarefa simples porém, que vai proporcionar uma grande experiência. Basicamente, os produtores são os responsáveis por fazer o filme acontecer. Sua função é dar todo suporte logístico necessário e não deixar
MUSEU DE ARTE DE MATO GROSSO Exposição Hemma Thomas, inspirada na violência doméstica. Em cartaz no Museu de Arte de MT a exposição Hemma Thomas, que traz imagens fortes, com uma arte inspirada na violência doméstica. São obras produzidas por um Coletivo de Cáceres, que traz o mesmo nome da exposição, composto pelos artistas Michel Pereira, Neuracy Pedra e Carlos Bosquê. A visita é gratuita e a mostra fica em cartaz até o dia 22 de novembro.
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faltar nada para a equipe, além de solucionar possíveis problemas. O produtor precisaconhecer as funções de todos os profissionais na equipe, coordenar o set, delegar e executar tarefas, entre outras funções. O professor do curso é Bruno Vargas, que atua em diversos projetos como Produtor Executivo, Coordenador de SET, Produtor Musical e Diretor de Fotografia. Dentre os trabalhos realizados estão: Videoclipes, Publicitários, Curtas, Institucionais, Webseries e Filmes para EAD. Tem experiência internacional, adquirida ao fazer a produção executiva do seriado IDO - Hollywood/CA. As inscrições já podem ser feitas com: 4 litros de leite ou R$15,00 Informações: fbarbosa@ sescmatogrosso.com.br O curso acontece de 17 a 20/11, de terça a quinta-feira, das 18h às 22h e Sext
MACP UFMT No Museu de Arte e Cultura Popular (MACP), da UFMT, continua com a exposição que traz Wlademir Dias-Pino e A AVE, para inspirar “vôo” literário de novas gerações, até o dia 26 de novembro, na quarta edição do Setembro Freire. É a Mostra Cuiabá Experimental justamente em um lugar muito especial para o homenageado Dias-Pino e para a Casa Silva Freire: o MACP da UFMT. Isso porque a instituição de ensino, além de ser um lugar fundado com a colaboração de Dias-Pino e Silva Freire, é também onde a visualidade poética do primeiro se faz manifesta junto à comunidade através da logomarca da UFMT e de escultura na entrada da instituição de ensino. A visita é gratuita, de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30.
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Grupo Musical Cinco Morenos, precursor do rasqueado cuiabano, Cuiabá, MT, década de 60
Rasqueado Ímpeto da volta à vida
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Por BEATRIZ SATURNINO
asqueado é a poeira que criou o cuiabano urbano, marcou a virada do século e tornou-se a primeira expressão cultural da música mato-grossense escrita em partitura. Assim define o cantor, compositor e pesquisador Milton Pereira de Pinho, o Guapo, apaixonado por esta musicalidade que tem um jeito próprio de dançar, e que há anos desenvolve trabalho de manter ativo o envolvente rasqueado cuiabano. Segundo Guapo, o rasqueado originou-se primeiramente da polca paraguaia e do siriri, logo após a Guer-
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ra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai), num ímpeto de volta a vida entre os ex -prisioneiros de guerra, refugiados e os ribeirinhos na região, onde hoje é o município de Várzea Grande. A base rítmica e melódica dessas duas danças deu origem ao pré-rasqueado que recebe a influência no jeito de cantar do cururu, conservando a improvisação de verso. Ao longo de 40 anos recebeu influência do maxixe e do chorinho por causa das bandas marciais que surgiram, como a do Mestre Ignácio, nos anos 1920. Estes recebiam partituras do Rio
de Janeiro e mesclavam os arranjos dessas músicas na nova expressão local. Com isso desaparece os cantores de improvisação do pré-rasqueado para dar lugar ao instrumentista solo, tal como aconteceu com o maxixe e o chorinho. Era a época do surgimento também das grandes Big Band, aumentando assim a sua conotação de música urbana. Por isso não se encontram letras de rasqueado dessa época e sim partituras e, a música e a dança era chamada de “limpa banco”, pois não ficava uma pessoa se quer sentada, pois todos saíam a dançar.
lumeMatoGrosso Obviamente, mais tarde já foi batizada de “Rasqueado Cuiabano” pelo violinista Tote Garcia, líder do Conjunto Serenata, e as pianistas Zulmira Canavarros e Dunga Rodrigues, ainda nos anos 1940, sendo elas as primeiras mulheres a escreverem partituras de rasqueado para piano solo em Cuiabá. Paralelamente acontecia em Santo Antônio do Rio Abaixo (Leverger,) na Usina do Itaici, aulas com os mestres João Marinho da Fonseca e Francisco Ferreira Men-
des que ensinavam música na escola da usina. A partir da formação antropológica e cultural do povo cuiabano pode-se entender porque o Axé e o Reggae não pegaram de forma intensa ou permanente em Cuiabá, pois estas são danças soltas e individuais mais ligadas a cultura religiosa das aldeias nativas africana e, na Baixada Cuiabana houve pouco ou quase nenhuma influência do culto afro. O caráter festeiro foi marcando também pela cristan-
dade que forjou as centenas de festas de santos particulares ao longo de todo ano. A formação antropológica do povo cuiabano foi em maioria constituída de brancos, negros e índios, dando origem à gente hospitaleira e festeira. Vem do índio o costume da hospitalidade, que em tempos de clima muito quente buscam a beira dos rios para se banharem, pescarem e fazer comida. A característica dançante vem dos negros e com conotação vinda das colônias por-
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raízes
tuguesas católicas da África, no qual suscitou o costume do branco europeu da dança de par, influenciando assim o ímpeto anímico na formação do folclore e danças populares da terrinha. Sendo assim o aparecimento do rasqueado no final do século 19 e hoje com o lambadão que também é dança de par. Esta marca histórica da dança de par permanece como motivo condutor do jeito de dançar do povo cuiabano. O aparecimento do lambadão Corria o final do ano de 1997 e o projeto Rua do Rasqueado, criado pelo músico Guapo, havia resgatado a dança popular desde 1993, para o centro de Cuiabá. O rasqueado chegou ao seu auge com empreendimentos de grandes shows, como “Encantação Mato Grosso”, que teve quatro edições, “Rasque’ Art”, com duas edições, e a gravação do CD ao vivo feito pela gravadora Atração de São Paulo intitulado: “ A Grande Noite do Rasqueado Cuiabano”,
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que reuniu no palco do bairro CPA II, os maiores nomes do rasqueado da época, bem como um público expressivo. “Eu infelizmente não participei por que estava lançado meu 1º CD – Pantanal Preto e Branco em São Paulo. Tudo ia bem, as Rádios da Capital tocava rasqueado direto na programação, nas TVs tudo cheirava rasqueado, os artistas tinham trabalhos toda semana, tanto em Cuiabá como nas cidades da Baixada Cuiabana”, conta Guapo. Mas nos bastidores dos shows corria uma nova onda musical. As bandas ScortSom, os Maninhos e o cantor Chico Gil tocavam um ritmo mais acelerado e a melodia não tinha nada com a herança musical do siriri, do cururu e muito menos do velho rasqueado dos mestres Ignácio, Albertino, Agnello, entre outros. Estava nascendo o lambadão que havia sido trazido do Pará pelo cantor poconeano Chico Gil, quando começou a cantar a música “Ei Amigo!”. E que, depois de gravada vai se tornar o primeiro hit
da nova onda que ainda conservava o solo de guitarra do Mestre Vieira, um dos criadores da lambada, de Belém do Pará, junto ao cantor Pinduca. Do rasqueado a lambadinha Por volta de 1997, quando começou o aparecimento do lambadão, o músico Guapo relata que a maioria das rádios da capital começou a cobrar propina dos artistas para executarem suas músicas e diz que cobram até hoje. Também, o público, os cantores e as bandas que já faziam celebração com o resgate do rasqueado nas noites cuiabanas começam a tocar mais o lambadão e menos rasqueado, surgindo grandes nomes de bandas tais como Estrela Dalva (Poconé), Os Maninhos (Cuiabá) e Stylo Pop Son (Nobres), que arrebanhavam multidões. Como o lambadão é uma dança muito rápida, difícil e cansativa, ao longo dos anos, os músicos começaram a suingar o rasqueado e misturar com o lambadão, dando origem à lambadinha, um jeito mais suave de dançar e que hoje é o mais executado nas noites cuiabanas.
lumeMatoGrosso Como é visto o lambadão e a lambadinha no âmbito nacional? Para Guapo, tanto o lambadão, quanto a lambadinha não são diferentes do sertanejo universitário, do pagode, do axé, do sertanejo dançante, do tecnobrega do Pará, tampouco do forró universitário. O que os dividem são as classes econômicas e sociais. “O aparecimento do lambadão e lambadinha foi mais uma resposta musical antropológica da juventude da capital e da Baixada diante da imposição que as rádios da capital, que recebem propina das agencias do Rio e São Paulo, tentando corromper as bandas daqui com essas músicas acimas citadas, vindas
de outra região do país. Querendo com isso fazer mercado no Estado, tal como o Funk”, opina o músico e pesquisador. Ele considera um ato heróico dos jovens cuiabanos de manterem a tradição, o qual tem um vínculo com as danças amazônicas, tal como o brega e o zouk, com costumes antropológicos muito parecidos, mas que não deixaram dominar o mercado local. Hoje a noite cuiabana é balançada pelo lambadão, rasqueado e lambadinha, sendo a lambadinha mais tocada “por que você pode dançar e namorar”, como disse ao músico Guapo, um dos frequentadores destas vertentes. As casas que “esquentam” as noites cuiabanas são inú-
meras, a exemplo da “Pirâmide”, no bairro Três Barras, “Casa dos Artistas”, “Giros”, no CPA3, “Reserva”, na Rodovia Emanuel Pinheiro, sentido Chapada dos Guimarães, e que funciona somente no fim de semana. Ainda tem o “Colônia”, no Jardim Industriário I, “Lua Morena”, na Estrada do Moinho e o “Top Fest”, na avenida Beira Rio. Em Várzea Grande tem o famoso “Galpão”, a mais antiga casa, no bairro Cristo Rei. Também a “Cabana do Dudu”, “Salão Dona Ana”, no Jardim Glória I, “Espaço de Evento do Carlinhos”, no Jardim Glória II, “Laço de Ouro”, no bairro da Manga, e “Espaço Robertão”, na Alameda Júlio Müller.
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história
Guerra do Paraguai Patrimônio tosquiado e vilipêndio
Por João Carlos Vicente Ferreira
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Guerra da tríplice aliança ainda apresenta cicatrizes abertas para o povo paraguaio que nunca conseguiu se recuperar completamente de toda a destruição provocada pelo armistício. Esse triste episódio da história brasileira tem uma ligação intrínseca com Mato Grosso por ter-se iniciado, de forma oficial, com a prisão, em 12 de novembro de 1864, em
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território paraguaio, de Frederico Carneiro de Campos, recém eleito presidente da província matogrossense, em viagem do Rio de Janeiro à Cuiabá, onde viria tomar posse. Mato Grosso sofreu em demasia com essa guerra, notadamente com a invasão de seu território e o flagelo de epidemia que dizimou milhares de homens, mulheres e crianças. Naquela época Cuiabá possuía 12 mil ha-
bitantes e metade da população morreu de varíola trazida por soldados vindos de campos de batalha à Capital. Correntes históricas, tanto do Paraguai como também de outros países sul americanos, a exemplo do Brasil, dão como motivação para esse armistício interesses escusos de norte americanos e ingleses, que fortaleceram financeiramente e incentivaram o eixo Brasil, Argentina e Uru-
Rendição de Uruguaiana Tela de Victor Meirelles
ção bélica constituída pelas potências não se deveu tão somente ao real progresso financeiro, político, social e militar do Paraguai, mas sim pelo temor do que essa situação poderia representar no sul de nosso continente. Por conta disso trataram de desmantelar toda e qualquer possibilidade de reação do país guarani que viu o purgatório em vida, sentindo-se tomado de amargura e sobressaltos. Para compreendermos como o povo paraguaio não se rendeu e atendeu ao chamamento da defesa do solo pátrio, há que se destacar o seu extremado sentimento de nacionalismo, mesmo tendo sido esbulhado e espoliado em seu próprio território, suportando todo tipo de humilhação e condição de penúria imposta pelo vencedor ao vencido. O guerreiro paraguaio, mesmo em sabida desvantagem, afrontou a morte de cabeça erguida e peito descoberto, face a face, frente a frente, arca por arca. Desde sempre o povo paraguaio ama sua terra, sua cultura e seus costumes. Por séculos de história paraguaia, os jesuítas, que ali se estabeleceram ainda no século XVI, protagonizaram inserção de valores, costumes de fé e hábitos de cultivar a terra na gente paraguaia que os repas-
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queles tempos. Certamente as respostas, às perguntas, enigmas e porquês dessa guerra morreu com López, em Cerro Corá, naquele 1º de março de 1870. Esse armistício esquartejou a nação e a população paraguaia, reduzindo-a, de Estado livre e soberano à condição de párias sul-americanos por décadas a fio. O país ainda busca acertar seu conta corrente com a história há pelo menos um século e meio, motivado por sua inestimável perda. Por conta do determinismo de sua gente o Paraguai conseguiu, apesar de imensas adversidades, preservar notável conjunto de bens culturais e, especialmente seus valores. Se possível fosse determinar as verdadeiras causas dessa guerra pouca coisa seria atribuído ao Paraguai. No entanto, foi sua gente que sofreu a derrota e suas nefastas consequências, chegando a tirar conclusões como a do escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Paraguai foi exterminado. O único país hispano -americano deveras livre foi paradoxalmente assassinado em nome da liberdade”. Até os dias de hoje a gente paraguaia, a quem a natureza concedeu grandes privilégios, não aceita o resultado dessa guerra, pois se concluiu que a movimenta-
Os homens eram preparados para serem agricultores e não guerreiros
guai, outras não, inclusive algumas paraguaias. Historiadores diversos acusam Solano López de querer ter sido o Napoleão das Américas, por influência advinda de seu comportamento e desejo em imitar Bonaparte, obtido durante o período em que morou na França e conheceu outros países europeus e a histórias, então recentes, dos feitos napoleônicos, ainda frescos na memória daquela gente, na-
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história
fotos arquivo nacional
saram aos seus filhos e netos. Os homens eram preparados para serem agricultores e não guerreiros. Se utilizavam de arados e da força dos animais, onde cultivavam o tabaco, o milho, a mandioca e desenvolviam modesta pecuária. Dedicavam-se à preparação da erva mate para uso próprio e seu comércio. Dessa forja nacionalista surgiu o paraguaio. Com seu peculiar modo de se vestir, seus costumes, seu hábito de utilizar de forma característica a erva mate e sua mania de nominar lugares mesclando o guarani e o espanhol. Essa gente sempre fomentou belos contos e cantos, angariando simpatias alhures. No entanto, em largo espaço de sua história, entre gestos de deboche e gargalhadas de escárnio foi imolado de justiça por conveniências políticas de plantão de seus vizinhos do Prata. Ao deixarem em escombros o Paraguai no pós guerra, tanto brasileiros quanto argentinos pilharam cidades, lugares e retiraram quase todo o sol de entendimento que ainda iluminava os poucos corações que restaram daquele morticínio.
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Com a debilitação do povo e da nação paraguaia, com soldados meninos, descalços e famintos a manusear fuzis, desapareceu uma das poucas repúblicas sólidas e progressistas da América do Sul, consolidada em meados do século XIX, sob Francia e depois pelos López. Por seu estilo, o presidente paraguaio Solano López foi acusado de colocar a paz sul-americana em perigo e, sem rima e sem causa aparentemente justificada, objetivou-se matar a afronta de Solano López, aplicandolhe a Solução Final. Foi verdadeiramente este o objetivo final da Guerra da Tríplice Aliança. Há tempos se verifica que na América do Sul o risco à democracia sempre foi um dos pretextos mais usuais para se extirpar regimes que os imperialistas não tem sob controle. Contemporaneamente ocorre algo similar em países como a Venezuela, Bolívia e Equador, além de outros países da Europa, África e Ásia. A questão não é quem são, mas a serviço de quem. Quem são os iluminados da vez? No período que antecedeu a Guerra do Paraguai,
entre o México e a Argentina surgiram repúblicas que não possuíam espírito revolucionário, mas compreendiam que a destruição do Paraguai seria o começo da desintegração de seus propósitos nacionalistas e progressistas. Em 1970, quando eu morava na cidade de Dourados, hoje Mato Grosso do Sul, em uma manhã qualquer do começo do mês de março, toda a cidade foi acordada, às 5 da manhã, por laudativo foguetório que exprimia o gozo da alma de quem os soltava. Saímos à rua para saber o que acontecia. Eram famílias de paraguaios que moravam na cidade há tempos. Congratulavamse e riam, às gargalhadas. Tratava-se de uma data especial para eles, março de 1970, centenário do final da guerra. Segundo alguns registros históricos, notadamente paraguaios, ao término do armistício havia se dado um Tratado de Paz, onde os vencedores haviam feito a divisão dos bens que lhes convieram e ainda aplicaram honorável multa de guerra ao Paraguai. A parte brasileira dessa dívida foi perdoada no governo de Getúlio Vargas.
lumeMatoGrosso Naqueles tempos não haviam fronteiras bem definidas entre o Brasil e o Paraguai, e em várias regiões hoje brasileiras falava-se apenas o espanhol e guarani. Essas vilas, cidadelas, estâncias e grandes extensões eram tidas como territórios paraguaios. No Tratado de Paz, que a rigor não existe, ficando somente no imaginário da população guarani, tais territórios, mesmo ocupados por brasileiros, seriam devolvidos aos paraguaios, incluindo-se o que era a extensa região da cidade de Dourados. Daí o pitoresco divertimento. A cidade viveu um dia de bastante apreensão por parte dos que não sabiam o motivo da festança. Alguns aceitaram, outros não. Este foi, sem dúvida, mais um grande golpe sofrido pelos nacionalistas paraguaios, que sentiram-se ludibriados pelos cem longos anos de espera pela devolução de parte do solo pátrio. O Paraguai busca se reabilitar e se recuperar desta tragédia Pode e deve seguir o exemplo do que aconteceu com o Japão e a Alemanha, no pós guerra, que tiveram destroçados seus territó-
rios e dignidades, sendo hoje parte do grupo dos países mais ricos do mundo. Em relação ao espólio havido no pós guerra, aos poucos muita coisa está voltando a quem de direito. O presidente da República, João Batista Figueiredo (1980-1984), procedeu a restituição da espada que Solano López tinha em mãos no momento de sua morte. Nesta mesma linha de recomposição histórica a Biblioteca Nacional do Brasil, após proceder à elaboração de cópias e digitalização de documentos históricos, levados por militares brasileiros à época do final da guerra, de Assunção ao Rio de Janeiro e pertencentes à Coleção Rio Branco, devolveu os originais para seu local de origem, possibilitando que a população e pesquisadores paraguaios tenham acesso aos documentos originais de sua própria história, notadamente o de 1844, que declarava a soberania paraguaia: o “Ato de Reconhecimento da Independência e Soberania da República do Paraguai”. Em Montevidéu foi feita uma estátua em homenagem
ao “El Mariscal López” a cavalo. O presidente Juan Domingos Perón procedeu à devolução de relíquias e tesouros tomados por pilhagem ao Paraguai. A presidente Cristina Kirchner mandou que fosse batizado um regimento do Exército argentino com o nome de Francisco Solano López. Com o saque e vilipêndio a honra e dignidade paraguaia foi atingida e sua gente pede para sua completa reabilitação a devolução do “Canhão Cristiano” ou “Canhão Cristão”. Trata-se de uma peça de bronze de mais de dez toneladas, fundida em 1867, tendo sido usados como matéria prima os sinos da catedral de Assunção. Esse canhão foi confiscado pelos brasileiros e se encontra em exposição no Museu Histórico do Rio de Janeiro desde o fim da guerra. Existem negociações em curso para a devolução dessa peça histórica que simboliza a luta e o sacrifício feito pelo povo paraguaio em uma guerra absurda e injusta que quase dizimou o país. Para o Brasil o “Canhão Cristão” não passa de um troféu de guerra, mas existe orgulho nisso?
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história
Cronologia da Guerra do Paraguai
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Francisco Solano López, Presidente do Paraguai
1811 »» 15 de maio - Independência do Paraguai é proclamada. 1844 »» 14 de março - Início do governo de Carlos Antônio López, no Paraguai. Em setembro do mesmo ano o Brasil reconhece a independência do Paraguai e, a Argentina, oito anos depois. 1860 »» Bernardo Berro é eleito presidente do Uruguai. Adota posição mais dura com relação à penetração brasileira através do Rio Grande do Sul. 1862 »» Francisco Solano López assume a Presidência do Paraguai, depois da morte de seu pai, Carlos Antônio López. O general Bartolomé Mitre, governador de Buenos Aires, se torna o primeiro presidente constitucional de uma Argentina unida. 1863 »» Abril - O general uruguaio Ve-
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nâncio Flores, do Partido Colorado, apoiado por Mitre e pelos liberais brasileiros do Rio Grande do Sul, invade o Uruguai. Julho - Missão uruguaia em Assunção tenta aliança com López contra a Argentina e o Brasil. Em seguida o Paraguai alerta a Argentina sobre a necessidade de preservação da independência uruguaia para não haver quebra do equilíbrio de poder na região do Prata.
1864 »» Fevereiro- Mobilização militar geral no Paraguai. »» Março - O presidente Bernardo Berro renuncia no Uruguai e entrega o Poder Executivo para Atanásio Aguirre, presidente do Senado. O Brasil envia representante ao Uruguai, que vivia uma guerra civil, para discutir as ameaças sofridas por cidadãos brasileiros em território uruguaio. »» 30 de agosto - Paraguai dá ultimato ao Brasil para que não intervenha no Uruguai. »» 16 de outubro - Tropas brasileiras invadem o Uruguai em apoio a Venâncio Flores. Marinha do Brasil bloqueia Montevidéu. Paraguai considera a agressão como um ato de guerra. »» 12 de novembro - Paraguai toma o navio a vapor brasileiro Marquês de Olinda em Assunção. O navio transportava o novo governador da província de Mato Grosso. O Brasil responde cortando relações diplomáticas com o Paraguai. »» 13 de dezembro - O Paraguai formalmente declara guerra ao Brasil e inicia a invasão de Mato Grosso.
1865 »» 7 de janeiro - O governo brasileiro cria os corpos de voluntários da pátria. São prometidas recompensas para quem se voluntariar à luta. No mesmo mês, a Argentina não dá permissão para que tropas paraguaias cruzem seu território de Misiones para atacar o Rio Grande do Sul. »» Fevereiro - Tropas brasileiras tomam Montevidéu. Colorados ganham a Guerra Civil uruguaia. »» 18 de março - Paraguai declara guerra à Argentina e invade a província de Corrientes. »» 1º de maio - Assinatura do Tratado da Tríplice Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Seus objetivos são a derrubada de Solano López, a livre navegação dos rios da bacia do Prata e uma cláusula secreta - a anexação de parte do território em disputa com o Paraguai por Argentina e Brasil. »» Maio/junho - Exército paraguaio invade o Rio Grande do Sul, em São Borja. »» 11 de junho - Batalha naval do Riachuelo. Esquadra paraguaia ataca a brasileira, mas é derrotada. Com isso, o Paraguai torna-se bloqueado, incapaz de receber armas e auxílio do exterior. »» 5 de agosto - Tropas paraguaias capturam Uruguaiana (RS). No mesmo mês, Mitre é escolhido comandante-emchefe das forças aliadas. »» Setembro - A casa bancária Rothschilds empresta 7 milhões de libras esterlinas ao Brasil. »» 14 de setembro - Estigarribia
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se rende ao Imperador Dom Pedro 2º (foi sua única visita aos campos de batalha), Mitre e Flores, em Uruguaiana. Setembro/novembro - For ças paraguaias se retiram ao longo do rio Paraná e iniciam fase defensiva da guerra, mas ainda mantém ocupado território em Mato Grosso.
1866 »» 24 de maio - Forças aliadas invadem o Paraguai e ocorre a Batalha de Tuiuti, que é considerada a mais importante e uma das mais sangrentas da guerra. »» 22 de setembro - Batalha de Curupaiti se torna a maior derrota aliada da guerra. Tropas são massacradas ao atacarem de peito aberto as trincheiras paraguaias. »» Outubro - Duque de Caxias assume o comando das forças brasileiras de terra e mar. O Decreto nº 3.725-A, do Império do Brasil, liberta escravos que servissem no exército contra o Paraguai. 1867 »» Maio/junho - Fracassa expedição brasileira em Mato Grosso, no episódio conhecido como a Retirada da Laguna. »» 22 de julho - Forças aliadas, sob comando temporário de Caxias enquanto Mitre está na Argentina, iniciam manobra para flanquear a fortaleza paraguaia de Humaitá, que bloqueia o acesso rio acima. 1868 »» 13 de janeiro - Caxias substitui Mitre como comandante aliado. Neste momento,
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a maior parte das tropas da aliança é brasileira, com contingentes simbólicos argentinos e uruguaios. 18 de fevereiro - Couraçados brasileiros forçam a passagem rio acima por Humaitá. 19 de fevereiro - Rebelião no Uruguai liderada pelo ex -presidente Bernardo Berro. Flores é assassinado, mas a revolta fracassa e Berro também é morto. 22 de fevereiro - Navios brasileiros bombardeiam Assunção e, no mês seguinte, López foge para o norte do Paraguai. 12 de junho - Eleições na Argentina. O aliado de Mitre, Rufino Elizalde, é derrotado por Domingo Faustino Sarmiento, que faz campanha contra a guerra. 16 de julho - Assume gabinete conservador no Brasil, liderado pelo Visconde de Itaboraí. 5 de agosto - Aliados ocu pam Humaitá. Nos meses subsequentes Caxias vence os paraguaios em uma série de batalhas conhecidas: Dezembrada, Itororó, Avaí, Lomas Valentinas, Angostura. López consegue escapar do cerco em Lomas Valentinas.
1869 »» 1º de janeiro - Tropas brasileiras invadem e saqueiam Assunção. A capital paraguaia é ocupada por Caxias, que considera a guerra terminada e se retira do teatro de operações. »» 15 de abril - O Conde d’Eu, genro de Dom Pedro 2º, se torna novo comandante-emchefe das forças brasileiras e manda destruir a Fundição de
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Ibicuí, fabricante de armas do exército paraguaio. 11 de junho - Governo provisório paraguaio assume em Assunção e, na sequência, as forças aliadas tomam a capital provisória de López, Peribebuí. 16 de agosto - Batalha de Acosta-Ñu, nesta data 20 mil soldados da Tríplice Aliança enfrentaram e venceram as tropas formadas por 6 mil paraguaios, em sua maioria idosos e crianças. Em homenagem às vítimas, 16 de agosto se tornou o Dia das Crianças no Paraguai.
1870 »» 1º de março - Em Cerro Corá, o presidente Solano López é ferido com um golpe de lança pelo brasileiro José Francisco Lacerda, o Chico Diabo, e foi atingido por um tiro de fuzil. A morte de López encerra a guerra. »» Julho - Eleições para Assembléia Constituinte no Paraguai. Constituição promulgada em novembro. 1872 »» 9 de janeiro - Tratado de paz cede ao Brasil o território paraguaio entre os rios Apa e Branco, em Mato Grosso do Sul. 1876 »» Fevereiro - Tratado de paz cede para à Argentina os territórios em litígio das Misiones, entre os rios Bermejo e Pilcomayo. »» 22 de junho - Saem os últimos soldados de ocupação brasileiros do Paraguai. Em 1879, sairão os últimos soldados de ocupação argentinos.
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memória
Licínio Veneza Bruxo ou santo cuiabano?
Reminiscências de um paranormal que conseguia mudar o trajeto de uma procissão pela força de seu pensamento, que mandava pessoas em espírito para viagens instantâneas, de onde narravam tudo o que viam, que curava pessoas com o simples toque de suas mãos ou com água magnetizada, e que nunca cobrou nenhum centavo pelas curas que fazia, tendo uma vida reta e honesta e feliz.
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e estatura mediana, olhar profundo e enigmático, Licínio de Augusto Veneza, nascido na Fazenda Boa Vista, em Nossa Senhora do Livramento e criado em Cuiabá, desde muito jovem, entrou para a história como o mais espetacular paranormal que existiu em Mato Grosso. Licínio Veneza era maçom, tendo sido Venerável de sua loja, Grande Oriente do Brasil, em Cuiabá. Bacha-
relou-se em ciências e letras em 1905 e passou a trabalhar nos Correios e Telégrafos, onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1941. Impoluto e religioso, Licínio Veneza levou a vida fazendo o bem, ajudando pessoas, curando doentes e se divertindo muito ao levar amigos a passear, em espírito, às vizinhanças, à países da Europa ou mesmo ajudando a encontrar animais perdidos de seus donos. Deta-
nal do século XIX. No entanto a biblioteca particular de Licínio possuía mais de 50 títulos sobre ciências ocultas, aos quais seguiu à risca em seus ensinamentos. Na realidade Licínio era uma pessoa aberta a todo tipo de conhecimento, e sabia desde muito cedo de seus dons e, por conta disso buscou ler e aprender para se conhecer melhor ao ponto de precisar dia e hora e sua morte. Segundo Afrânio Corrêa, dentre os feitos que celebrizaram Licínio de Augusto Veneza estava o de hipnotizar pessoas e multidões, ou mesmo de curá-las com o simples toque de suas mãos. Para Sebastião de Oliveira - o Dr. Paraná, pai do governador Dante de Oliveira, que testemunhou ser Licínio Veneza capaz de mudar o trajeto de uma procissão pela força de seu pensamento, disse que o poder de Licínio Veneza vinha da força magnética do seu pensamento que, concentrado em determinado tema podia modificar o comportamento da pessoa e que ele, Licínio pode ter sido um hipnotizador, um superdotado, um mago, um alquimista, um magnetizador, um santo, mas nunca um embusteiro. Possivelmente as décadas de 1920/30 foram as em que Licínio mais trabalhou para a cura de pessoas que o procuravam para receberem a água magnética por ele produzida. Licínio colocava a mão esquerda em baixo de um copo ou garrafa e a mão direita em
cima, por longos 10 minutos de extremada concentração. As pessoas bebiam dessa água e curas inexplicáveis se concretizavam através da água magnetizada. Um dos depoimentos mais contundentes sobre Licínio Veneza vem do sacerdote Firmo Pinto Duarte Filho, cacerense radicado em Cuiabá e filho da professora Maria Dimpina. Padre Firmo foi o último sacerdote a ser ordenado por Dom Aquino Corrêa. Para padre Firmo o Licínio Veneza era um santo, a quem se valia em suas orações para pedidos de ajuda: Ele tinha o dom da cura, pois bastava tocar em uma pessoa e ela estava curada - disse em depoimento à Afrânio Corrêa, afirmando que a igreja não condenava a prática do hipnotismo, desde que orientado para o bem das pessoas. Padre Firmo concordava que Licínio fora escolhido por Deus, que lhe dera o poder de curar pessoas, lembrando que já no leito de sua morte, Licínio Veneza recebeu a extrema unção das mãos do padre Mário Brandino, que havia sido enviado por Dom Aquino Corrêa para esse fim. Hoje, quase três quartos de século depois do passamento de Licínio Veneza ainda fica a pergunta no ar: Quem Era Licínio Veneza?, o jornalista Afrânio ajudou a desvendar um pouco de seus mistérios, mas ainda é pouco, precisamos cavoucar mais esta fantástica história.
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lhe importante de sua história é que não se valia de seus conhecimentos e dotes para auferir lucro financeiro. Infelizmente, Licínio não teve em seu período áureo de atividades espirituais e paranormais quem registrasse seus feitos, ficando apenas na memória oral sua fantástica trajetória de vida. Possivelmente isso se deveu ao temor que as pessoas, notadamente os jornalistas e intelectuais da época tinham em lidar com esse tema. Sempre foi tabu. Todos o conheciam, sabiam de seus dons espirituais de cura, se valiam deles, mas não falavam, não escreviam e nem gravaram imagens sobre tais fatos. Daí termos pouca coisa sobre essa figura singular de nossa história. Quem estudou, discutiu e pesquisou sobre Licínio foi o jornalista cuiabano Afrânio Estêvão Corrêa, que publicou, em 2002, pela Editora Buriti, o livro “Quem Era Licínio Veneza?”. Ali o autor, por capricho nas pesquisas e pelo texto acurado, deixou muitas respostas aos que apreciam este tema. Para uns, Licínio não passava de um bruxo, por suas curas milagrosas, seu hipnotismo por vezes brincalhão e seus poderes paranormais que afloravam com um simples toque de suas mãos. Os incrédulos também não admitiam seu gosto à literatura ocultista traduzidos em livros como Fenômenos Psíquicos Ocultos, de 1908, Dogma e Ritual da Alta Magia, de 1914 e Apparições, de fi-
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novembros de nossa história
Dia 1/1943 Nasce em Poconé o magistrado e escritor Leopoldino Marques do Amaral, falecido no Paraguai, em 7 de novembro de 1999, vítima de crime envolto em mistério e não solucionado.
Dia 5/1891
»» Falece Antônio Augusto Ramiro de Carvalho. Patrono da Cadeira nº 16, da AML. Poeta, atuou na vida pública e na política. Era monarquista e suas poesias, de muita qualidade, eram tidas como satíricas e combativas.
Dia 11/1929
Falece Antônio Lopes Molon, colonizador de Mirassol d´Oeste, oeste de MT.
»» Falece o major Otávio Pitaluga, militar, político, sertanista e jornalista. Membro da Comissão Rondon, Pitaluga traçou o projeto da cidade de Rondonópolis. Colaborou em vários jornais de Cuiabá e foi membro do IHGMT.
Dia 7/1911
Dia 11/1966
Dia 6/1962
»» Morre Generoso Paes
Leme de Souza Ponce, influente político da história de MT. Em 1894 foi eleito senador e, em 1907, presidente do Estado.
Dia 10/1836
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»» Nasce em Cuiabá o sertanista, militar, geógrafo, matemático e historiador Francisco Antônio Pimenta Bueno. Escreveu e publicou vários livros, dentre História da Província de Mato-Grosso, que não foi impresso, tendo seus originais tomado rumo incerto. Foi membro do IHGB. É nome de cidade em Rondônia.
»» Falece Manuel Balbino de Carvalho - o Carvalhinho, protagonista de homéricas batalhas, na década de 1920, nos garimpos de diamantes do leste de MT e adversário do engenheiro José Morbeck, de quem havia sido compadre. Depois da vida errante de guerrilhas dedicou-se à política e comércio em Goiás.
Dia 12/1864
»» Aprisionado no Paraguai, por ordem de Solano López, em viagem pelo Rio Paraguai, nas imediações de Assunção, com destino à MT, o militar e político Frederico Carneiro de Campos, presidente recém nomeado da Província matogrossense.
Dia 12/1892
»» Nasce Ignácio de Siqueira - o Mestre Inácio, músico que é mito na cultura de MT. O rasqueado cuiabano tomou forma sob sua batuta, sendo que a famosa Banda do Mestre Inácio existiu até 1981.
Dia 12/1895
»» Nasce em Cuiabá o violonista e compositor Levino Albano Conceição. Cego desde os 6 anos de idade, foi compositor sublime e tornou-se atemporal, sendo considerado um dos maiores violonistas do Brasil.
Dia 13/2014
»» Falece o poeta cuiabano Manoel de Barros, em Campo Grande/MS. Barros tornou-se um dos mais importantes nomes da literatura nacional das últimas décadas, sendo indicado, em 2013, para o prêmio Nobel de Literatura. Dia 14/1895
»» Nasce Zulmira Canavarros, uma das personalidades mais importantes da cultura cuiabana. Ajudou na criação do Clube Feminino, do Mixto Esporte Clube e da rádio A Voz d´Oeste. Seu nome está ligado à popularização do rasqueado cuiabano.
Dia 15/1928
»» Inauguração solene dos jardins da Praça da República, no centro de Cuiabá.
Dia 19/1911
»» Falece no Rio de
Janeiro o médico, político, empresário e banqueiro Joaquim Duarte Murtinho.
Dia 20/1926
Chegada de Rodrigo César de Menezes, governador de SP, às Minas do Cuiabá, com objetivos de organizar cobrança de impostos e dar consistente vida política à nascente povoação.
»» Batalha entre a Coluna Prestes e moradores de Barra do Bugres. O enfrentamento resultou numa carnificina, com a morte de 15 barra-bugrenses, que lutaram bravamente, mas estavam sem armamento adequado e não possuíam prática de guerrilha.
Dia 21/1866
Dia 17/1900
Chega em Cuiabá o francês Augusto João Manoel Leverger - o Barão de Melgaço. Em 23 de novembro de 1930, centenário de sua chegada, por interferência de intelectuais e políticos, liderados por Antonino Menna Gonçalves e Virgílio Corrêa Filho, ocorreu a destinação à sede definitiva do IHGMT e AML do antigo casarão em que residiu o Barão de Melgaço.
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Dia 16/1726
Dia 25/2002
»» Falece no Rio de Janeiro o magistrado, historiador, poeta e literato António de Arruda, da AML e do IHGMT. Presidiu a AML e o TJMT.
Dia 26/1916
»» Assume o governo de MT, por Carta Imperial o militar, advogado e historiador José Vieira Couto de Magalhães, em plena Guerra do Paraguai.
»» Criado o Grêmio Literário Júlia Lopes, para incremento de atividades literárias em geral e feminina de forma especial.
Dia 30/1966
Dia 22/1910
Instalação do Observatório Meteorológico Dom Bosco, fundado por salesianos.
Dia 18/1807
»» Assume o governo de MT o capitão general João Carlos Augusto d’Oeynhausen de Gravenberg, tendo fundado a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
»» Morre o almirante João Baptista das Neves, vítima de motim, a bordo do navio Minas Gerais, que se encontrava fundeado em águas cariocas.
Dia 23/1830
»» Criada a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, sendo diretor do Escritório Regional de MT, o historiador Rubens de Mendonça.
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mitologia
Funeral Bororo foto valdeci queiroz
A cerimônia de funeral realizada pelo povo bororo tem ritualística ancestral e demora dias, semanas, meses, para se consumar, envolvendo toda a sociedade tribal
O
povo bororo que contribui para a gene matogrossense, tem visão da morte de forma diferenciada, para eles a passagem para outro plano é uma questão de continuidade e não de interrupção. Quando alguém morre numa aldeia bororo toda a comunidade se movimen-
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ta em função do funeral daquela pessoa, cujos ritos irão permitir que sua lembrança não seja esquecida, sendo sempre cultuado em seus rituais e na vida cotidiana de amigos e parentes. Pela tradição, na hora de sua morte o indivíduo se transforma num animal que possa ser comido por uma onça. Pela ritualística o mor-
to passa a ter um pai e uma mãe rituais que cuidarão dele e de sua alma, que terá um substituto social, a sua metade oposta. Trata-se de um índio devidamente preparado para os ritos do funeral e que tem por obrigação caçar uma onça. Antes da partida do substituto social para a caça ocorrem cantos, festas e rituais,
lumeMatoGrosso fotos museu do índio
no entanto, ele só poderá voltar após o êxito da empreitada. Essa é uma passagem extremamente importante, pois, com a morte da onça, ocorre a recuperação espiritual do falecido, já que a onça devorou o animal em que o morto havia se transformado. A mitologia bororo entende esse rito como uma compensação pela perda do indivíduo, e que, mesmo não trazendo-o à vida, crêem em sua transformação numa onça, um dos animais mais ferozes da terra. Após ser abatida, a onça é carneada e distribuída aos presentes, sendo que o couro do animal é entregue ao parente mais velho do morto que o repassa a um mais jovem, para que durma com o couro da onça, ato seguido por todos os parentes. Depois de todos terem dormido com o couro da onça o mesmo volta ao mais velho, de forma definitiva.
Em forma de agradecimento ao substituto social do morto, a família estabelece vínculo permanente e procede ritualísticas de presentes como flecha, adornos e tranças de cabelos de mulheres, por elas arrancados durante o funeral. Por conta de toda essa ritualística compreende-se que existe no funeral uma força simbólica que impele o morto para dentro de si mesmo, pois seu espírito vai para o distante mundo das almas, no qual o bororo acredita ser igual ao mundo dos vivos. Essa situação se reflete nos parentes do falecido que se fecham em copas e suspendem suas vidas sociais. Para isso é necessário que o funeral cumpra sua ritualística e dure o tempo suficiente para que a alma do falecido não permaneça conturbada com sua passagem da vida para a morte.
No período do funeral bororo os rituais têm que ser seguidos à risca, inclusive as pescarias, caçadas e encontros. Fato curioso é que as crianças que venham a nascer nesse período só receberão seus nomes após a conclusão do funeral com seus rituais de transformação que elevam o falecido à categoria de Aroe. Nomina-se Aroe-maiwu o substituto legal, que no período do funeral adquire capacidade de comunicação com o mundo das almas. É relevante o papel adquirido pela mulher no funeral bororo, que na qualidade de mãe ritual do indivíduo morto adquire um caráter mítico, pois além de cozinhar para o substituto social, cabe à ela a preparação do cesto que receberá os ossos do falecido, não sem antes terem chorado muito, arrancado cabelos e cortado partes de seus corpos.
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l i t e r at u r a
foto luis marchetti
Luciene Carvalho Compõe poesia como alma da música
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ão é bem novembro. A fase agora é se dedicar à parceria no “p” do Rap (Ritmo e Poesia) de Mato Grosso, representado pela artista e escritora Luciene Carvalho, em sua palavra, declamação e poesia, como diria o dj Spinha, “esse “p” é a letra da poesia, do ritmo, da linguagem do Rap”. Ela é da literatura, com suas crônicas e poesias, faz cênica como declamado-
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Por beatriz saturnino
ra nata e se envolve com a música há algum tempo, o que culminou em um projeto de gravação de CD. Após sua posse em 13 de agosto na Academia Mato-grossense de Letras (AML), assumindo o número da cadeira ao inverso da data, a 31, começou a gravar dois CDs de Rap. O primeiro Luciene já concluiu a sua parte e o segundo está gravando desde outubro. Pois bem, você sabe o
que é “Slam”? Antes de contar, no mês de setembro Luciene e o mano Raul embarcaram para dois shows de poesia e percussão em Londrina, no Estado do Paraná. Foram para o “Londrix”, um Festival Literário que trabalha com escritores renomados de todo o lugar do Brasil. Lá é encontrada uma visão bem mais ampla da Literatura. É vídeo-poesia, são livros, poesia cênica, espetáculos poéticos, além de
apresentação, seguida de um bate-papo em que confessaram o prestígio. E em Cuiabá voltou a encontrar o Slam numa oficina do Sesc Arsenal com Bobby Baq, um poeta de São Paulo e que a convidou para duelar na cidade da garoa após o empate que tiveram no encerramento do projeto. Não sabe aonde e nem quando será este embate. Mas quem vencer o Circuito Nacional de Slam representará o Brasil na Copa do Mundo de Slam, em Paris, na Europa. De Cuiabá a selecionada já é Luciene Carvalho. “Eu percebi que através do meu relacionamento com o mano Raul, dimensionei de uma forma diferente a minha identidade artística e percebi o meu processo muito similar a de outros artistas do movimento hip hop. E mais, que através do hip hop a minha obra, a literatura que eu faço poderia alcançar uma plateia, um leitor que eu nunca tinha alcançado antes”, confessa Luciene. O pessoal do hip hop é muito ligeiro, antenado e conectado com o movimento que faz e isso desperta a atenção da artista e literária, que se identifica com a cena. E foi assim que veio a ideia de produzir um CD com suas poesias, deste relacionamento nutrido há alguns anos, de convívio, pesquisa e encontros. “Eu descobri que o que eu encontrei foi a mim mesma multiplicada. No caminho que eu ia jamais encontraria essa Copa do Mundo, pois me reduzia a uma pla-
teia mais formal, acadêmica e elitizada. O meu movimento dos últimos anos é esparramar ainda mais o meu poema encontrando os meus iguais”, diz. O trabalho com o dj Taba é fruto de um prêmio nacional que ele recebeu pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), que é uma instituição de apoio e fomento à arte vinculada ao Ministério da Cultura (Minc). Este primeiro CD chama-se “Ação pedagogia de rua”, onde tem seis faixas de poesias de Luciene e terão outras participações de poesias de rap. O segundo CD é do Conduta do Gueto, que tem um trabalho continuado de Luciene, desde 2012, alinhado à poesia, ás vezes escrevendo temas encomendados por eles: Xito e Eduardo. A parceria inspirou o grupo na música principal do CD chamada “Declarado Morto”, de uma leitura feita sobre o livro “Insânia”, de Luciene Carvalho. O Xito, que faz dupla com o Eduardo, leu e ficou emocionalmente mobilizado enquanto artista e compôs o rap. Este CD não tem patrocinador e nem lei que apoie. É uma conquista diária. Enquanto Xito faz plantão na recepção do Hospital do Câncer, em Cuiabá, Eduardo é fotógrafo e trabalha com audiovisual para garantir o “corre” do cotidiano, na boa linguagem do hip hop. “Eu acho lindo ocupar a cadeira da Academia de Letras e me juntar com o hip hop. É sonho para mim, ecoar
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palestras. E quem permitiu a entrada dela neste circuito nacional foi a indicação do pós-doutor em Literatura Brasileira, Mário César Leite, que no ano passado apresentou um trabalho com a obra de Luciene Carvalho em Londres. Daí, nesta viagem para Londrina descobriu que existe uma categoria internacional do Hip Hop chamada de Slam, que é a batalha da poesia sendo o centro da cena, em que o poeta utiliza da voz e do corpo. Nele não pode ter cenário, figurino, trilha sonora e nem iluminação. Então bingo! É isso o que ela iria desenvolver. Na verdade, a certeza veio quando viu que o Slam é algo que Luciene fez a vida inteira e não sabia. Ainda, há mais de três anos trabalha numa parceria forte com um grupo de rap de Cuiabá, o “Conduta do Gueto”. Dentre tanta gente interessante que conheceu batalhando a literatura em nível nacional, Roberta Estrela Dalva, que é o grande nome do Slam nacional lhe chamou a atenção, mesmo em desencontro. Infelizmente enquanto Luciene estava desembarcando em Londrina com seu mano Raul, a Roberta decolava a outro destino após um show na noite anterior da apresentação da declamadora matogrossense. Lá teve uma experiência que lhe abriu a mente e oxigenou sua produção. Pode encontrar pessoas que conheciam o seu trabalho e estavam lá prestigiando sua
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Temo o degredo e abro meu segredo Me banho em medo para livre ser. TRECHO DO LIVRO INSÂNIA
enquanto poeta nas plateias mais elitizadas e instituídas e provocar a mesma emoção em plateias periféricas e humanizar de forma ampliada minha função social poética”, expressa Luciene Uma vez que o poeta é a voz da alma das “gentes” e a poesia não é supérfluo, mas essencial. Descansa as pessoas do esforço de se explicar, de se entender e se traduzir. O poeta é o tradutor daquilo que se tem e não encontra. Para Luciene Carvalho, depois do ar e da água vem
a poesia. “Em termos de importância do mundo você precisa respirar ar, beber água e viver a poesia”, conclui. E para novembro tem a chance de ser contemplada no edital “Prêmio de Literatura” apresentado ao Conselho Estadual de Cultura, com o projeto “O Quilombo do Possível”. Importante, social e artístico em sua concepção, apresenta um material inédito, que pode contribuir e enriquecer as Letras matogrossenses. Agora é só torcer!
Dicas de Leitura Serelepiando com poesias (2011) Iraci C. Romagnolli Dias
»» 15 poemas compõem a obra delicadamente ilustrada por verdadeiras poesias visuais. Os textos falam sobre uma enorme riqueza natural brasileira valorizando a diversidade de sua fauna, flora, biomas e do próprio ser humano, em versos singelos. No entanto permeia também a obra um forte alerta aos cuidados que devemos ter.
sósias (2015) Santiago Villela Marques
»» 12 contos contemporâneos que tratam das dualidades e dos antagonismos. Urbanidade e natureza; passado e futuro; vida e morte; homem, máquina e animal, o espelho que não retrata apenas o que projeta. As instigantes profundezas da mente abordadas com lucidez e criticidade.
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egundo dados oficiais do Instituto Nacional de Câncer, o Brasil apresenta em todas as Neoplasias, para o período de 2014/2015, com base no mês de outubro, a estimativa de 576.580 novos casos de câncer, sendo 302.350, para homens e 274.230, para mulheres. Tais números apresentam como sendo o quadro mais severo para o público masculino o câncer de Próstata, com 68.800, e para o feminino é o de Mama, com 57.120 diagnósticos. Existem mais de 200 tipos diferentes de câncer, mas 10% apenas desta cifra é que estão na lista dos casos mais frequentes, e podem, inclusive, se desenvolver em qualquer tipo de célula do corpo humano, pois cada tipo de tecido é formado por tipos específicos de células. Os óbitos advindos dos mais diferentes tipos de câncer tem aumentado sistematicamente, no ano anterior morreram em torno de 13 mil pessoas vítimas de Câncer de Mama, mesmo com a intensificação de campanhas de prevenção, a exemplo do Outubro Rosa, ocorrido em todo o país, com significativo envolvimento de ativistas e autoridades matogrossenses. Há alguns meses, de forma intensa, a mídia nacional destina espaços generosos em horários nobres de TVs, jornais de circulação nacional, revistas e, especialmente
Por joão carlos vicente ferreira
sites e redes sociais à fosfoetanolamina ou simplesmente fosfo, uma substância química estudada desde o começo da década de 1990, pelo professor de química, aposentado, da USP de São Carlos, Dr. Gilberto Orivaldo Chierice, e que tem ajudado ao longo desse período a curar milhares de pessoas, que oferecem depoimentos de êxito que não podem ser desconsiderados. Ocorre neste período um grande embate entre os favoráveis à sua produção e distribuição imediata e os que se posicionam contrários aos seus resultados por não ter tido, ainda, o registro da ANVISA, órgão que responde pelos resultados científicos de novas substâncias, dentre as quais a fosfoetanolamina, que atua em células cancerosas eficazmente. Correm boatos que a sua liberação contraria interesses de grandes laboratórios que disputam a primazia de sua fabricação. Causou estranheza poderoso meio de comunicação nacional se posicionar, em horário nobre, de forma contrária á distribuição da fosfo, buscando desconstruir um trabalho de pesquisa de décadas do professor Chierice, um homem simples e aparentemente comprometido com o resultado de seus esforços, pois buscou produzir essa substância sintetizada naturalmente e distribuí-la gratuitamente aos que o pro-
curavam. A comunidade científica não reconhece a eficácia da fosfoetanolamina contra o câncer, no entanto, inúmeras ações e atividades em favor de sua fabricação, distribuição e reconhecimento de ação que atua nas células cancerosas, estão acontecendo país afora. Com certeza esse é o assunto mais discutido depois da crise política nacional, que oferece, todos os dias, novos e dantescos episódios. O Senado Federal promoveu uma audiência pública, no dia 29 de outubro, para discutir a fosfo e sua utilização em caráter experimental. Lá estavam cientistas, pacientes que deram depoimentos emocionados, técnicos da área da saúde e diversos senadores, dentre os quais o matogrossense Blairo Maggi. O senador paranaense Álvaro Dias fez veemente defesa - “Quem sabe a ciência brasileira não esteja oferecendo ao mundo uma revolução. Essa oportunidade não pode ser desperdiçada”. Técnicos do governo federal foram bem taxativos em seus posicionamentos e defenderam que a substância passe pelos protocolos científicos para posterior liberação pública. A pergunta que fica no ar é essa: Porque não fizeram, ainda, os testes científicos numa substância que há mais de 20 anos prova sua eficácia? É hora de acordar.
Pílulas de vida do Dr. Chierice
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