agosto_2011
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GALERE
´ SUMARIO _GALERÊ _EDITORIAL _PRÊT-À-PENSER
Alan Gonçalves @alangonca Diagramação Amanda Madruga @amanda_mad Direção de arte
_BRAINSTORM
Julia Reinhardt @juliareinhardt Fotografia web
_VITRINE
Karina Weber @karinuva Diagramação
_ARTIGO
Lanna Collares @lannacollares Conteúdo Luiz Marcel @luizmarcel_ Conteúdo
Renata Araújo @renatavsaraujo_ Produção Gráfica Taline Velasques @talinesv Web
02_PROJETO PORVENTURA
E NOSSAS IDEIAS
Camila Wohlmuth @Camilaws Produção Gráfica
_VIDA DE DESIGNER
_PRATA DA CASA
SOBRE NÓS
Ana Bandeira @anaflag Coordenação
Débora Alves @deboraalves__ Direção de arte
_TENDÊNCIAS
EDITORIAL
*ANA BANDEIRA
e Digital da UFPel. E também do que está lá fora e nos influencia, agrada, complementa e instiga. É mostrar que os dois cursos interagem, aqui, o tempo todo, vide nossas duas edições/versões, virtual e impressa. Não é uma tarefa tão fácil, mas contando com uma turma de alunos talentosos e cheios de vontade, que estão aprendendo como se faz design editorial (olha eles ali do lado), com alguns professores disponíveis prontos a opinar sobre o que selecionamos, filtramos, escolhemos e com a parceria da Editora e Gráfica de nossa Universidade possibilitando a concretização desse projeto, vamos tentando, e se por ventura calhar de dar certo, já terá valido o empenho dessa empreitada que muito despretensiosamente, lançamos . Leia, compartilhe, opine, participe! É só o que queremos.
Então um dia Lanna e Débora me enviaram um email: “Profe, vamos transformar a Porventura na revista do Centro de Arte?”. “E por que não?”, pensei. Afinal, design editorial é minha praia, e uma revista que tenha como tema a nossa profissão, feita dentro do e para o nosso Centro, não poderia ser mais pertinente. Foi assim que uma ideia pelas duas, em sala de aula, como prática de Projeto Gráfico I, se transformou nessa publicação que agora se tem em mãos (ou na tela, ou...). Na verdade, a Projeto Porventura foi lançada na cola de uma iniciativa que já havia dado certo. As gurias, cercadas de colegas bem intencionados e com muito gás, já haviam lançado dois números virtuais mostrando a cara de gente legal, dando visibilidade pra conceitos, formas e profissionais do bem. Agora, a intenção não é menos nobre: assumimos a missão de mostrar a cara de nosso Centro de Artes, a maneira – e os motivos – pelos quais se faz design aqui, no sul do Rio Grande do Sul. Fomos lá conversar com quem já saiu dessa casa há tempos (os veteranos dos veteranos dos...) e está lá fora, fazendo design e arte como gente grande. Falamos também com figuras que ainda serão grandes, mas que encontram-se ainda aqui, dentro da casa. Falamos de tendências, de opiniões, de pesquisa, de projeto, de prática e de teoria. A intenção, nesse pontapé inicial, é apresentar algumas das várias possibilidades, demandas, necessidades, do que se produz e do que se pode vir a inventar nos bancos dos cursos de Design Gráfico
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TENDEN CIAS
What the Folk
?
*LUIZ MARCEL
Pense na figura de um lenhador. Por mais estranho que possa parecer, esse estilo de vida que não se assemelha em nada ao de um designer nos oferece uma série de referências gráficas as quais adotar. O aspecto rústico e envelhecido, texturas de madeira e xadrez, tipografias “desgastadas”, formas de animais típicos dos países nórdicos, compõem esse estilo que conhecemos como FOLK.
A volta da
A banda mais comentada de todas as cidades
caligrafia *LANNA COLLARES Esses tempos ministrei uma oficina de como usar tipografia (produzi-las deixo para quem realmente sabe) e para preparar a tal aula vi que deveria estudar muito mais do que imaginava. Acabei montando um material bem diferente sobre as novidades que estão pintando por aí, tipografia se tornou (mais agora do que nos últimos anos) um lifestyle abrangente e significativo que dá muito pano pra manga. Dos destaques de coisas legais, a reinterpretação da caligrafia, que sai dos parâmetros do “convite de casamento” e se bem aplicada, vira um diferencial nos trabalhos (principalmente os autorais).
*LANNA COLLARES A banda mais comentada de todas as cidades, ninguém agüenta mais. Mas que de fato foi sucesso total, todo mundo deve concordar. O clipe de “Oração” d’A banda mais bonita da cidade apareceu e logo se tornou uma febre nacional. Daí que a gente logo lembrou do THE TAKE AWAY SHOW e pensou que, se o pessoal gostou tanto da banda dos “Novos Curitibanos” também gostaria de ver os vídeos produzidos por Vincent Moon, no blog La Blogothèque. Vincent é francês, cineasta, e tem o prazer de viajar pelo mundo gravando vídeos malucos das bandas mais sensacionais que temos visto por aí, como Phoenix, Arcade Fire, Beirut e The Antlers. Produções bem parecidas com o visual descolado da banda mais retwitada da cidade, mas com uma pitada francesa bem interessante.
O estilo FOLK além do design tem como trilha sonora um estilo musical que estourou nos anos 60 e hoje é representado por bandas como Fleet Foxes e Edward Sharpe and the Magnetic Zeros. E basta conferir o visual desses músicos para entender um pouquinho mais do que estamos falando.
Link para se esbaldar: http://www.blogotheque.net/
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BRAIN STORM
E O DA VINCI
VOLTOU!
BRAIN STORM
VITRINE
E O DA VINCI VOLTOU!
E pra mostrar que nada do que foi dito é balela, confira a habilidade do nosso “brain” em alguns de seus trabalhos:
*LUIZ MARCEL Ainda há quem diga que para ser um bom designer é preciso saber desenhar. Verdade ou não, encontramos um jovem mestre dos desenhos no Design Gráfico da UFPel, que apresenta todos os atributos para poder brilhar no cenário internacional. Leonardo Alves ,22 anos, está no 5º período do Design Gráfico e sem demora demonstra ter total domínio na prática da ilustração. Conheça um pouco do trabalho do Léo e descubra como foi seu treinamento de jedi. porventura: Quando começou a desenhar? Leonardo: Comecei por volta dos 5 anos de idade, com rabiscos e linhas aleatórias como qualquer criança da minha idade. Quando criança não desenhava muito, e costumava me divertir com meus amigos, jogar futebol, video-game. PV: O que fazia/gostava antes de iniciar o curso? L.: Sempre gostei de esportes, arte, animação e design. Desenhava muito no estilo japonês dos mangás e gostava de quadrinhos. Tive um período da minha vida (lá pelos 14 anos) em que havia me dedicado muito mais ao futebol, e praticamente não desenhava. Mas após conhecer um estúdio de animação chamado Estúdio Laços e desenhistas incrivelmente talentosos, voltei a fazer desenhos, ilustrações e comecei a estudar animação e 3D. Isto me motivou bastante para continuar. Estudei dois anos de Artes Visuais Bacharelado, que foram extremamente essenciais para mim, e fiz a reopção para o curso de design gráfico, onde estou atualmente.
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BRAIN STORM PV: Por que a ufpel? O que está achando do curso? L.: Escolhi a Ufpel porque tem cursos que são direcionados a áreas que me identifico –artes, design e animação- e dispõe de bons professores, além de ser localizada na minha cidade de origem. Fazer o curso de design gráfico sempre foi meu objetivo. Através do design consigo fazer projetos gráficos dos meus próprios trabalhos, produzir produtos e manuais de identidade de personagens das ilustrações que faço. Realmente mudou minha percepção acerca de muitas coisas. PV: O que pretende fazer da vida? L.: Sinceramente, ainda não sei ao certo. Pretendo fazer um mestrado. Gostaria de trabalhar com muitas coisas, como exposições de arte, produzir ou dirigir uma série de anime (animação japonesa) e quem sabe trabalhar com as ilustrações da Wizards of the Coast. Mas parar de desenhar e projetar é o que não pretendo. PV: Influências L.: Recebo influências de milhões de coisas. Se tratando de ilustração, gosto muito dos trabalhos dos ilustradores digitais Jason Chan, Genzoman e dos ilustradores do estudio “Imaginary Friends” da Singapura. Gosto dos mangakás (quadrinistas japoneses) que trabalham para o público infanto-juvenil. Gosto muito também de arte hiper-realista como as obras de Gottfried Helnwein. Curto bastante arte urbana como graffiti, sticker art, lambe-lambe,etc. Sem falar em músicas pop-punk, que me inspiram muito.
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BRAIN STORM
PV: Dicas a dar L.: Uma dica que costumo dar a quem gosta de desenhar é estudar muito. Muito mesmo. Não basta apenas você saber tratar de elementos técnicos e de representação de figuras e objetos. Você tem que saber formar um repertório, uma poética, uma identidade própria. E isso se conquista com muito estudo. Outra dica é não se limitar a um estilo único quando se trata de ilustração. Sempre haverão clientes que pedirão trabalhos muito diversos. E é bom estar preparado para isso e assim aprender o máximo que puder nas diversas categorias de ilustração. PV: O que é design ? L.: Design primeiramente envolve concepção, configuração e a elaboração de um determinado projeto com fins de solucionar um problema específico. A partir dos conceitos que estudo no curso, eles se tornam indispensáveis na minha produção dos trabalhos, tanto na parte gráfica como na digital. O design é o que apóia os meus trabalhos. PV: Recado aos leitores L.: Meu recado para aqueles que desejam seguir nesta linha que envolve o desenho como fundamento, é não impor limites a vocês mesmos. Se alguém foi capaz de realizar determinado trabalho, que é considerado incrível, não diga que é impossível superá-lo. Apenas estude e diga a vocês mesmos que podem ser tão bom quanto aquele que realizou o trabalho. O importante é não colocarmos barreiras em nossas vidas para nada. Só depende de vocês.Muito.
Uma dica que costumo dar a quem gosta de desenhar é estudar muito. Muito mesmo. Não basta apenas você saber tratar de elementos técnicos e de representação de figuras e objetos.
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VITRINE
Confira mais do trabalho do nosso“brain”
leonardo alves
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‘‘ ARTIGO
CINEMA E DESIGN, UMA “NÃO COISA” SÓ *EDUARDO HARRY “De que são feitas as coisas que percebemos do início do nosso dia até o momento de nos deitarmos para dormir? Sobre a influência midiática à qual está exposta a população dos Estados Unidos, tomando o exemplo de uma nação que é uma espécie de “pulmão” que emana pulsões informativas constantemente a todo o globo, estima-se que cada indivíduo esteja submetido a mais de 1500 emissões publicitárias por dia, sob formas ostensivas, disfarçadas ou subliminares1, dado referente ao ano de 1993, quando a internet ainda representava uma importância muito menor no dia-a-dia do americano do que hoje, por exemplo. Por meio de nossos sentidos, captamos estas marés de informação composta que giram em fluxo constante nas ruas, no ambiente em que vivemos, e que estão por toda a parte, em ressonância. Bebemos todos da afluência da comunicação, ao mesmo passo em que sintetizamos a informação, atribuímos significado, seja de forma voluntária ou não. Algumas partes dessa captação se relacionam conosco de uma forma pessoal, íntima, afetiva, de acordo com nosso trajeto antropológico. Este trajeto consiste em ser, segundo definição de Gilbert Durand: “a incessante troca que existe ao nível do imaginário entre as pulsões subjetivas e assimiladoras e as intimações objetivas que emanam do meio cósmico e social” (DURAND, 2002, p. 41).
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Eduardo Harry formou-se no curso de Artes Visuais, hab. Design Gráfico, no Centro de Artes da UFPel em 2010, mas até hoje continua sua pesquisa pelo mestrado em Comunicação Social na PUCRS. Seu trabalho de conclusão de curso buscou investigar as relações do design com o imaginário, apoiando-se na linguagem visual dos cartazes de filmes como vertente no realismo fantástico, e foi, literalmente, nota 10 .
Diante de tais definições, podemos especular que o comunicador visual, bem como o social, é um mediador na relação das possibilidades do campo imaginal com a sociedade. Essa relação se expande de maneira ainda mais desenfreada através de meios de comunicação que transcendem fronteiras territoriais, em casos como o do cinema, e é ainda mais latente na internet. São 7 formados circuitos de informações inapreensíveis, porém decodificáveis. Isso tudo assume uma perspectiva imaterial de não-coisa (FLUSSER, 2007, p.54). Segundo Flusser, essa nova configuração de ambiente está impregnada nas gerações atuais e estará nas futuras, trazendo um estado de necessidade de não coisas. Cada vez menos o homem interessa-se em possuir coisas, ao passo que cada vez mais ele quer consumir informação. Esta noção, na prática, pode ser verificada através do uso dos meios de comunicação supracitados, por exemplo.
Uma particularidade, ainda assim, serve para dar consistência ao meio do cinema em relação ao poder de interação com o imaginário das pessoas: a afetividade. O cinema é capaz de sensibilizar, tocar às pessoas de uma forma sutil, incitar, estimular, seduzir. O imaterial transpassa a tela, para diluirse ao imaginário do espectador. O design pode se apresentar ao cinema de diversas maneiras. A direção de arte, de fotografia, ou mesmo a criação de peças promocionais do filme, como cartazes, teasers e outdoors, podem estabelecer o link entre a produção cinematográfica e o imaginário sustentado coletivamente. A construção de ambientes, cenários, personagens, irá contribuir para levantar a ponte entre a atmosfera do filme e o espectador. Além disso, o cartaz e as peças gráficas criadas para promoção do audiovisual poderão ser a entrada mais simples do sujeito, para mergulhar na atmosfera visual desta produção. Este trabalho pretende investigar as relações do design com o imaginário através da linguagem visual dos cartazes de filme da vertente do realismo fantástico.”
http://www.designemartigos.com.br/ design-e-imaginario-cartazes-de-filmes-do-realismo-fantastico/
^ PRET A PENSER
Sobre uma filosofia de boteco e boas idéias
*LANNA COLLARES
*LANNA COLLARES Era o primeiro texto que escrevi para a revista Projeto Porventura. Um projeto que começou como um trabalho de aula, ganhou idéias aladas, e se tornou uma união de “botar para fazer” de um monte de gente bacana. Foi o primeiro texto em que eu escrevi com essa sensação de estar indo embora, com essa sensação de ser da “turma dos formandos”, que não é nem de maturidade total – porque estamos morrendo de medo -, mas que também não pode ser de muita insegurança. Fui atrás – e nem precisei ir muito longe – dos meus anseios, vontades, temores de um estudante de Design como todos os outros. Lembrei dos primeiros eventos onde qualquer profissional que apresentasse um portfólio com Strokes de trilha a gente já se acabava, recordei o documentário que mudou a minha visão sobre a realidade do ensino do Design no Brasil, “A folha que sobrou do caderno”, e também de “Morte aos Papagaios” do Piqueira que mudou a minha visão sobre tudo isso. Sem esquecer dos melhores momentos que o curso pode me proporcionar – e isso inclui toda a problemática de varar as madrugadas e
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O problema é não pensar no Design como reflexão destruir o estômago com tanto café. Mas nem tudo é só saudade. Como uma boa “cronista”, eu deveria colocar a boca no trombone e reclamar de alguma coisa, deveria polemizar, bater panela, terminar esse texto fazendo brotar a dor da dúvida no coração do leitor. Talvez não seja assim, mas entre tantas lembranças – “ah, parece que foi ontem!” – eu elejo o PRAGMATISMO como alvo das minhas críticas. Está certo que ninguém entra no Design sonhando que irá virar escritor. Que no início da faculdade o que queremos mesmo é cerveja gelada e papo furado. E claro que também , às vezes, alguém com 17, 18 anos, não está muito afim de estudar História da Arte. E isso é totalmente compreensível. Acontece que, a meu ver, a coisa anda meio que “degringolada” – termo do meu pai, já que, a cada ano que passa, me pareço mais com ele. E isso não tem nada a ver com “micreiros” (geralmente quem mais fala
nisso é quem apresenta os piores trabalhos), nem com “a quantidade de formandos de design”, e nem “o mercado não ter lugar para todo mundo”. Meu problema com os pragmáticos começou quando li um texto do Marcos Beccari, sobre “Filosofia do Design”, onde ele aborda o design como objeto de estudo filosófico. Enquanto lia senti aquela mesma sensação que os apaixonados sentem quando lêem uma poesia, acreditei que aquilo realmente era para mim. Me refiro ao problema pela falta de conteúdo poético, do elemento encantador, do toque genial, da falta de interesse com a teoria, com o ser pensante. O que eu me refiro é do simples pragmatismo de abrir o Illustrator e conceber, quase como quem vai a padaria e pede “pão”. Isso porque sempre aparece aquela velha pergunta no meio da aula: “E como eu aplico isso ao mercado?”. Cara, não aplica. Devido a forma com que os professores lidam com essa situação
– sem generalizar, é claro. De um lado temos os professores teóricos que aparecem com aulas preparadas há cerca de cinco anos, que somente sentam em suas cadeiras, apresentam alguns textos e tchau. Do outro, temos professores da parte prática que contentam-se com explicações furadas de trabalhos que poderiam ser feitos pelo meu sobrinho. Em praticamente quatro anos de faculdade nunca presenciei nenhum professor dizer: “Infelizmente você não conseguiu me convencer com este trabalho feito nessa madrugada”. Assim nos tornamos ótimos enroladores e menos pensadores. O problema é começar a ler Flusser no último ano, e esquecer do Kant que apareceu no primeiro semestre. O enigma de desconhecer as reais possibilidades do design – que vai além de usar wayfarer, ter um iphone, e encher a boca para dizer que conhece a Bauhaus. O problema é não pensar no Design como reflexão. E perceber, que as idéias mais geniais que eu já vi só saíram de mentes que realmente sabiam do que estavam falando. O mistério é não pensar somente no fantasma do “mercado”. Esse é tão falado que praticamente se tornou uma pessoa de carne e osso. “Bom dia Sr. Mercado, tudo certo?”. Logo foi esquecido que o tal “mercado” é a vida real. Foi a vida que escolhemos, o tal caminho que devemos trilhar. Há quem escolher fazê-lo de forma superficial e rasa, tudo bem. Mas serão aqueles que viverem essa realidade de forma profunda e intensa, que estarão mostrando suas idéias geniais ao som de Strokes para estudantes como eu. Esse texto não está aqui para solucionar os problemas. Não é rabugento, nem tende a revolução. É somente uma tentativa de ser um daqueles textos que a gente lê ,em alguma revista de design, e que nos faz sentir a vontade de vestir a camisa. Somos muitos, geralmente usamos armações de óculos grossas e somos bonitos. Que sensacional seria se fossemos tão inteligentes quanto parecemos.
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PRATA DA CASA
JOBS
PABLO DE LA ROCHA *LUIZ MARCEL porventura Nome completo e idade? Pablo: Pablo Araujo de La Rocha – 30 anos. PV: Porque/Quando se interessou por Design? P: Na verdade eu só fui me interessar por design quando já estava cursando a faculdade. Acontece que eu era muito jovem, acho que ninguém deveria escolher a sua profissão aos 17 anos. Eu estava decidido a cursar história, simplesmente por ter interesse. Por sorte, na época da inscrição para o vestibular, caiu em minhas mãos um folder falando da recém criada faculdade de design gráfico. Eu mal sabia o que era design, de fato sempre gostei muito de história em quadrinhos mas não tinha o menor talento pra ser ilustrador, e gostava de jogos de computador mas não teria a menor chance de cursar as disciplinas de matemática de um curso de informática, aquele folder me pareceu uma boa opção. Um meio termo. Descobri o que era design muito vagarosamente. Na verdade acho que só fui entender e pensar no design quando entrei para o mercado de trabalho mesmo. PV: O que fazia/gostava antes de iniciar o curso? P: Era estudante do ensino médio. Gostava muito de ler HQs e jogar games. Tocava bateria em uma banda também, pois música sempre me chamou muita atenção.
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Quero fazer projetos mais criativos sem as amarras de uma grande empresa PV: Porque a ufpel? O que achou do curso? P: Bom, a UFPel foi a única opção, na verdade por questões financeiras. Se a minha vontade, na época, era fazer história não tinha o porque cursar em uma universidade particular. A escolha do curso foi meio que “vamos ver no que vai dar” e acredito que deu muito certo. Um grande diferencial do curso na época que eu estudei, era a grande proximidade com as artes plásticas/visuais. Acho que algumas disciplinas, como história da arte, pintura, escultura e gravura, por exemplo, foram bem mais aprofundadas do que na maioria dos cursos de design do país, pois hoje vejo que todo o seu embasamento é de imensa utilidade.
Petrobras P: Esse projeto mudou a minha vida como designer. Um dos maiores sites que já me envolvi, levou mais de 1 ano para ficar pronto, tamanha a burocracia e o número de processos para chegar ao resultado final. Foi um aprendizado incrível e um processo de olhar pro meu próprio trabalho e eliminar os excessos. Água é Vida P: Esse site permanece como uma grande vitória minha. Foi feito em 24horas para o concurso do Webdesign International Festival. Garantiu a mim e a minha equipe (+ 1 htmler, 1 flasher e 1 motion designer) o primeiro lugar na etapa brasileira do concurso. Fomos à final na França (onde não tivemos a menor chance). Warland P: Site que pra mim foi só diversão de criar. Ele envolve um game de tabuleiro e a estética é toda inspirada em alguns dos mais famosos games e quadrinhos que tanto curti antes da faculdade. O resultado ficou bem legal.
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PRATA DA CASA PV: O que pretendia fazer da vida? P: História era uma das minhas paixões. A música eu gostava muito, mas sabia que não daria muito certo. Para falar a verdade eu estava BEM perdido.
PV: O que o curso de Design UFPel te proporcionou que o diferencia dos demais profissionais? P: Acredito que o que mencionei acima é um grande diferencial. Sempre gostei muito de experimentações no design principalmente quando cursava a facul-
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dade. Foi um período de explosão criativa. A liberdade que tive em algumas disciplinas para criar, forjaram muito do meu estilo de trabalhar hoje. Tanto que estou deixando os grandes clientes e grandes agências de lado para ter esta liberdade, para poder experimentar mais. PV: Influências P: Bom, não dá pra dizer que são influências porque não há semelhança nenhuma entre o meu trabalho e qualquer um destes artistas, mas admiro muito a arte de Shepard Fairey e do Banksy, da street art. No meio online, sou fissurado no que a Agency net (http://www.agencynet.com/) faz – os caras levaram vários FWAs assim como os franceses da Soleil Noir (http://www.soleilnoir. net/). Aqui no Brasil, admiro muito o trabalho da Cubo e da Gringo, sem surpresas. PV: Dicas a dar P: Não espere demais pra entrar no mercado de trabalho. Na
faculdade procure se envolver o máximo com projetos de todos os tipos e se possível, comece a trabalhar no ramo desde cedo. Muita coisa só se aprende na labuta e, rapidinho aquela idéia de brainstorms e glamour da criatividade, vira experiência e muitas noites mal dormidas , mas no fim, é muito recompensador. PV: O que é design ? P: Design pra mim é uma forma de expressão funcional. Ele pode ser tão libertador quanto a música ou a pintura, mas praa ser realmente bom deve haver um exercício forte do projetar. Acho que é “o encontro de dois mundos”: a criatividade com a usabilidade.
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PV: O que você faz da vida? P: Engraçado, pois hoje foi meu último dia como diretor de arte da 3YZ Comunicação Digital (www.3yz. com). Estou começando a estruturar minha própria empresa com base em Porto Alegre. É um desafio diferente, trabalhar não só com a parte gráfica, mas também administrativa de uma empresa. A Fuerza Studio por enquanto é uma empresa de dois homens somente, tentando manter uma estrutura bem pequena. Acontece que trabalhei durante 8 anos em algumas das maiores agências de web do estado ,e do país, e no decorrer desse período fui descobrindo muitas coisas que me levaram a tentar tocar alguns projetos do meu jeito. O ambiente de uma agência pode ser muito cruel, e junto com o conformismo, da filosofia do “faz assim que o cliente vai gostar” tende a deixar o trabalho mediano para evitar incômodos. Quero fazer projetos mais criativos sem as amarras de uma grande empresa. Hoje me divirto mais atendendo a clientes pequenos, que me dão liberdade criativa, do que clientes grandes que tem “Brand Plans” para o ano inteiro e “Budgets” astronômicos mas sem abertura.
ODESIGN... Acho que é o encontro de dois mundos: a criatividade com a usabilidade
PV: Recado aos leitores P: Para os alunos eu digo que aproveitem muito o ambiente da faculdade. É um bom momento pra experimentar bastante, além disso tem diversos projetos que valem muito a pena se envolver. É bom ter contato com outras coisas que não envolvam necessariamente o design. Muitos colegas se descobriram grandes artistas durante o curso – acho muito bom manter a cabeça aberta pra coisas diferentes. Já para os que não são alunos, o meu recado é uma palavra: Humildade. Convivi com tantos designers com egos inflados que, vou te dizer... é dose.
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INTER DISCIPLINAR
EL RIESGO ES QUE TE QUIERAS QUEDAR
UM PULO LÁ EM BOGOTÁ *CAMILA WOHLMUTH E KARINA WEBER A Fundação Tecnológica LCI Colômbia é uma das filiais da LaSalle College Internacional, fundada em 1959 em Montreal no Canadá. LaSalle College Internacional possui 23 escolas em 12 países ao redor do mundo. Os cursos oferecidos pela LCI Bogotá/Colômbia são moda, design visual, design gráfico, gastronomia e fotografia. Os cursos tecnológicos duram dois anos divididos em quadrimestres. Os professores são atuantes no mercado de trabalho, trazendo suas experiências para as salas de aula. A instituição permite que os alunos possam concluir ou passar um quadrimestre em qualquer uma das suas instituições ou em outras, assim como recebem estudantes de fora para a troca de experiências culturais. Foi o que ocorreu conosco. Depois da coordenadora de relações internacionais Lucy Delgado vir dar uma palestra, aqui em Pelotas sobre intercâmbios que ocorreu no Mercosul em junho de 2010, sua universidade e seu país, nós nos interessamos pelo intercambio e nos inscrevemos em um processo seletivo para concorrer a bolsa. Passando pela fase de aprovação corremos atrás de passaporte, passagens, documentos, então embarcamos para lá. Receberam-nos muito bem. As pessoas o tempo todo se mostraram atenciosas, perguntando se estávamos bem, nas aulas os professores sempre perguntavam se estávamos conseguindo acompanhar as explicações, muitas vezes sentavam ao nosso lado para nos explicar as coisas com maior atenção. E encontramos muitos brasileiros que viviam por lá, inclusive a dona da Lanchonete da LCI era brasileira, a querida Sandra! Surpreendemo-nos com o país, é muito lindo e as pessoas são muito cuidadosas. Pelo menos na capital não se vê lixo nas ruas, e como
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Bogotá é a capital das flores, a cidade se mantém enfeitada e muito colorida. Os colombianos tem uma visão estereotipada do Brasil, falam muito no samba, nas “brasileiras”, nas festas. Mas isso é normal, como nós tínhamos também uma imagem pré-concebida de lá antes de ir e vivenciar de fato o dia-a-dia deles. Antes, pensávamos que o país era bem menos urbanizado, não imaginávamos que eram tão bem desenvolvidos tecnologicamente, achávamos que as pessoas eram de origens indígenas, e que isso fosse claro fisicamente, mas é como aqui, há muita miscigenação. Tudo isso foi uma surpresa para nós, o que fez nos apaixonarmos ainda mais por esse país tão gostoso de estar. Nos sentimos muito bem, a comida era maravilhosa, a cidade super movimentada e com muitos atrativos o tempo todo! Além disso, fizemos muitas amizades, é claro! Notamos, também, que eles tinham muito mais dificuldade em entender nosso português, do que a gente entender o espanhol. Sempre explicávamos que era porque vizinhos ao nosso estado existem países como
Uruguai e Argentina, logo possuíamos mais contato com a língua espanhola. Quanto ao design no país, eles parecem estar mais preparados nesse ponto do que nós, pois lá eles já possuem um preparo no Ensino Médio, tem disciplinas de design chegando à faculdade com uma noção mais amadurecida do que é de fato a profissão. E embora o curso dessa Universidade na qual estivemos fosse mais focado na parte prática, era possível notar em muitas pessoas um caráter teorizado das ideias. Tivemos a oportunidade de participar do AniGames que é um encontro internacional de animação e games, onde possuíam estandes de diversas grandes empresas (como Sony, Nintendo, entre outras ) da área que vão apresentar suas mais novas tecnologias. Os palestrantes eram pessoas com experiências internacionais, muitos já haviam passado pela Pixar e Disney. Foi realmente uma ótima experiência, proporcionada pelo diretor de Design da LCI, que bancou nossa participação. A universidade fez questão que desfrutássemos ao máximo e aproveitássemos todas as oportunidades. Foi super válido ir, e mesmo passar quase cinco meses longe de casa, da família, dos amigos brasileiros, pois crescemos muito como pessoas, como designers, aprendemos uma língua linda, comemos coisas que nem sabíamos que existiam. Isso tudo não tem preço, é só vivendo!
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EM IMAGENS
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