Degustação Torre de Cynara

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Torre de Cynara


TORRE DE CYNARA

Ditado pelo EspĂ­rito Clara de Fontaine Psicografia de Elma Layde Lamounier Torres Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


Prefácio O mundo espiritual é praticamente uma continuação do mundo físico. Os laços de amor e saudade dos entes que aqui ficaram nos acompanham em nossa nova morada. Ficamos então à espera, lá, para os novos reencontros, quando é comum ouvir-se: “como você demorou a voltar!” “Há muito, estávamos à sua espera”. Não podia ser de outra forma, porque o amor é a mola mestra do universo. Aliás, foi num puro gesto de amor que fomos criados por Deus, nosso Pai de Bondade. Cynara é o nome de uma colônia espiritual próxima da Terra e pertencente ao ciclo evolutivo desse Planeta. A autora foi uma novelista famosa nos meios artísticos, até há bem poucos anos, quando voltou para o mundo espiritual, em decorrência de grave enfermidade. Devido os acontecimentos serem recentes, ela e vários outros personagens são citados com pseudônimos, por razões facilmente compreensíveis. Esta é uma história que muitos dirão fantástica, onde o real parece se confundir com o irreal mais fascinante que possamos imaginar! É livro para ser lido em voz alta, na presença de outras pessoas e comentado, à medida que vamos tomando conhecimento de como se vive no além, pois algumas cenas que nos são mostradas mais parecem sonhos e Torre de Cynara


até mesmo fantasias, tal a sutileza das revelações, ao sermos transportados a relatos assim: “o sino da torre (de Cynara) ribombava alegre e festivo, chamando a todos para a grande praça, onde os festejos iriam se realizar. Naquela tarde, todos os pombos resolveram sobrevoar a torre de Cynara. Iniciamos o passeio, em direção à cachoeira, aproveitando o aroma adocicado das acácias e da grama ainda úmida do sereno da noite”. É o Pai a revelar-se em todos os recantos do Universo, mostrando Sua Magnitude e Seu Amor por nós, Seus filhos muito amados. Ele quer que cresçamos, pois em todo o Cosmo há vida em diferentes graus evolutivos, numa escala infinita. À medida que vamos galgando a escada ascensional, de degrau em degrau, através de milhares e até mesmo de milhões de anos, visto que a nossa evolução é lenta, dependendo somente de nosso esforço, vamos habitando mundos, na forma física, cada vez mais perfeitos, os quais nos parecerão verdadeiros paraísos. Eis o sentido da vida, a razão para o nosso esforço em crescer sempre mais, para um dia chegarmos a Seus pés e dizermos: “Pai de infinita misericórdia, aqui está meu coração”. Então veremos que ele está completamente puro e resplandecente de luz. Jacyntho Alvim de Castro

Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


Prefácio Prefácio ............................................................................ I - Despertar de uma nova vida ................................... II - Primeiras tarefas ...................................................... III - Anjo protetor ........................................................... IV - Primeiro contato ..................................................... V - Confissões de Lúcio ................................................. VI - O poeta no solar de Júlia ....................................... VII - Luíza, a grande dama ........................................... VIII - O restabelecimento de Lúcio ............................. IX - André retorna ao plano espiritual ....................... X - André em Cynara .................................................... XI - Entrevista com o ministro Aron .......................... XII - Lembranças do passado ....................................... XIII - Sarah e Claude, um grande amor ...................... XIV - Confissões de Desirée ......................................... XV - Conferência em Cynara ........................................ XVI - Trabalho de doação .............................................. XVII - O Mosteiro de São Matias ................................. XVIII - Ajuda ao plano terreno ................................... XIX - Treinamento .......................................................... XX - Descida ao plano terra ......................................... XXI - Lições esclarecedoras ........................................... XXII - O crepúsculo solitário do deus dourado ......... XXIII - O Espiritualismo abrangerá todo o Planeta..... XXIV - Karen, o chefe das forças do mal .................... XXV - Missionários terrenos ........................................ XXVI - Preparativos para nova reencarnação ............ XXVII - Posto de salvamento ....................................... XXVIII - Mensagens de alerta ...................................... XXIX - A missão do Brasil ............................................ XXX - Planeta Terra, escola regeneradora .................. Torre de Cynara

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I DESPERTAR DE UMA NOVA VIDA

O meu despertar não foi repentino nem brusco, apenas abri meus olhos, mansamente, e vislumbrei, diante de mim, uma névoa rósea, como se fosse uma neblina envolvendo todo o ambiente. A princípio julguei que voltava, mais uma vez, daquelas crises da doença, quando somente o sedativo trazia-me alívio. Porém, nada havia ao meu redor que me pudesse lembrar o quarto hospitalar onde me encontrava. Tentei balbuciar alguma coisa, mas não ouvi nenhum som sair de meus lábios. Fechei novamente os olhos e comecei a rezar, para que pudesse encontrar forças, a fim de despertar e alcançar compreender o que estava me acontecendo. No meio à minha prece, uma grande angústia dominou o meu peito que arfava desgovernadamente. Os soluços vieram, enquanto eu abria novamente os olhos, para perceber que alguém tentava segurar minha mão fria e inerte. A freirinha jovem e mimosa sorria, sem nada dizer, enquanto afagava minha testa ainda molhada de suor, senti o calor reconfortante de um envolvimento total e acariciante de forças a me enlaçar. Parecia que o sol entrava ali através daquelas paredes brancas, ativando todo o meu ser. — Meu Deus, estou sonhando? O que é isto, o que está acontecendo comigo? Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


— Acalme-se, minha querida, apenas estamos fazendo pequena aplicação de raios restauradores, para que seu espírito saia deste torpor. Não se assuste, pois somos todos amigos e irmãos seus, e você não está sozinha nem abandonada, como estava se sentindo até há pouco. Agora minha memória começava a clarear, e eu podia perceber melhor o que se passava. Sabia que o mal que estava acometida não teria realmente cura, mas, quem sabe, uma atenuante neste flagelo permanente, onde a luta para sobreviver é sempre maior do que tudo no ser humano? Eu queria viver, sim, mesmo sabendo que o câncer, sendo incurável, um dia me destruiria totalmente. Mas a medicina sempre corre em busca de drogas e outros meios, para que o paciente aproveite para ver mais um dia começar e terminar. E era o que estava me acontecendo, com certeza, só que agora tudo está se modificando e não percebia a presença de meus queridos familiares, nem mesmo sentia que aquele local já me era comum. Enquanto as interrogações confundiam minha cabeça, a porta se abriu e por ela entraram dois senhores, que logo pude constatar serem também pertencentes àquele hospital onde me encontrava. O sorriso que vislumbrei estampado no rosto de um deles entrou dentro de minh’alma como se fosse um foguete e arrebentou, fazendo-me, naquele instante, sentir que Deus acabava de entrar por aquela porta e viera em meu socorro. — Clara, filha muito querida, seja bem-vinda em nossa casa, que agora passa a ter mais uma integrante. Há muito, estávamos à sua espera e o seu despertar hoje, tão sereno e calmo, tranqüiliza-nos muitíssimo, pois assim estamos certos de que sua recuperação será certamente bem mais rápida, para nossa alegria e felicidade. — Senhor, parece que não consigo ainda entender o que se passa, estou perplexa e confusa. Pode me dizer onde estou? — Certamente, você precisa ficar ciente de tudo, minha filha, mas procure não se esforçar, para que o tratamento feito não traga nenhuma complicação. Seu cérebro sempre foi poupado, justamente para que a recuperação não fosse brusca demais. Agora, queremos que você procure ficar serena, pois a revelação que vai lhe ser feita precisa encontrar seu espírito em harmonia. Clara, seu calvário na Terra expiTorre de Cynara


rou, sua missão junto aos terrenos foi cumprida e sua família espiritual está em festa com seu retorno. Foi necessário um tratamento mais longo em torno dos órgãos carnais afetados pela doença, que culminou com o seu desprendimento carnal. Sabemos que seu perispírito conserva ainda os liames que a prendem à sua família terrena. Porém, você sendo privilegiada com os bônus positivos, obtidos pelo seu trabalho, tranqüiliza-nos a todos a sua reação, nesta recuperação. Entendeu agora, minha filha? Estava atônita e perplexa. Senti que minha cabeça tombara e que minhas mãos tremiam. Apesar das histórias fantásticas que outrora dançavam em minha mente e dos casos impossíveis que levávamos ao entretenimento do público, agora me defrontava com o irreal mais real de todas as minhas fantasias! Acabava de ouvir as palavras de um mentor, declarando-me uma inexistência carnal, um espírito que abandonara o corpo de carne, uma morta. Eu, Clara, a grande metamorfose fenomenal, estava diante de uma realidade tão fantástica, quanto mórbida e aterrorizante! O silêncio dominou aquelas quatro paredes por longo tempo e, quando comecei a soluçar, a doce freirinha envolveu-me ternamente, deixando que suas carícias pudessem atingir o âmago da minha alma, agora tão sofrida e solitária! Foi assim que devo ter adormecido, pois uma brisa morna e reconfortante tomou-me de assalto e tudo se apagou novamente.

Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


II PRIMEIRAS TAREFAS

Naquela tarde, todos os pombos resolveram sobrevoar a Torre de Cynara e todas as flores que ornamentavam o salão de palestras pareciam verdadeira composição em degradé, onde as mais belas tonalidades embelezavam ainda mais o ambiente. Senti que o mundo que agora habitava era uma perfeição tão harmoniosa e caprichosa, onde o belo formava e elo com a perfeição, distribuindo serenidade, alegria e uma paz total! Quando formaram a mesa de debates, percebi o rubor à minha face e fui colhida de surpresa com o convite de Mestre Augusto para compor o número dos convidados de honra. Na platéia, apesar de lotar todo o salão, o silêncio ajudava-nos a nos tranqüilizar e relaxar, para darmos início ao debate. Mestre Augusto, com sua cabeleira longa e azulada, complementada pela barba fina, deu início à sessão, pedindo aos componentes da mesa que procurassem, com calma, responder às questões em pauta. O assunto girou em torno de levar ao plano terráqueo fórmulas mais simples de como educar o homem e prepará-lo, desde a tenra idade, para seu retorno aos planos espirituais. Senti ferver, dentro de minhas células mentais, aquelas alfinetadazinhas, roçando minha nuca e assim surgia a fonte geradora das grandes e tempestuosas fantasias. O quadro crescia, coloria e se contorcia, dentro de minha mente aguçada. De repente, aproveitando o Torre de Cynara


olhar endereçado a mim, pedi a palavra e comecei: — Irmãos, companheiros, como todos sabem, retornei há pouco do plano terreno, onde ainda estou presa pelos laços de amor, de saudade e de hábitos diários, que normalmente ainda permanecem aderentes ao nosso consciente. Portanto, depois de ler e reler sobre nossa matéria de hoje, gostaria de dar minha opinião sobre o problema em análise. Infelizmente, o homem na terra toma todos os devidos cuidados para seu ingresso nela e para sua permanência; mas poucos, bem poucos mesmo, preparam-se para o devido momento que fatalmente terão ao abandoná-la. Mesmo os espiritualistas, que estão em permanente colóquio com nossa Esfera, não usam o aprimoramento nem o estudo e a preparação para o seu retorno. Se pudéssemos lançar meios para alertá-los sobre essa finalidade... Porque saber da existência, eles sabem; entretanto, aceitá-la como uma situação natural e benéfica, disto somos cientes de que ainda precisam de muito esforço e muita renúncia para aceitá-la da forma como recebem os irmãos, quando se escravizam na carne. Como historiadora em meu país, poderia muito ter feito pelos meus irmãos, se tivesse o devido esclarecimento, mas a névoa da dúvida e do orgulho impediam nossa visão espiritual menos esclarecida e menos evoluída. Mestre Augusto interrompeu-me: — Sim, Clara, estamos de pleno acordo que deveríamos mandar um SOS para que o ser humano colocasse, em sua cartilha do A B C, o capítulo tão necessário e urgente, a fim de que a criança já crescesse ciente de sua preparação e conhecimento para o seu retorno. Assim a humanidade diminuiria, em dose bem maior, as dores e sofrimentos que são causados pela separação dos entes amados. Aprender a amar a vida, aprimorando-a, também para usá-la, para quando tiver que abandoná-la e passar para este outro nosso plano. Tem alguma idéia que possamos estudar, caríssima irmã? — Mestre, sempre usei minhas fantasias, minhas utopias e grandiosas miragens para encantar e eletrizar aqueles que se deixavam envolver no barco das minhas ilusões, através das fantásticas histórias, quando escritora na Terra. Agora, também eu poderia continuar a escrever e a mandar meus recados, anseios, gritos, versos e cânticos, através de outros irmãos nossos, que ainda habitam o Plano da Terra. Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


Poderíamos, no intercâmbio da psicografia, enviar nossa mensagem; porém, historiada, fantasiada, colorida e temperada com a pura realidade, que só sabemos quando estamos vendo e sentindo, mas sem mistificação nenhuma; portanto, a verdade verdadeira, não seria melhor assim? — Sim, Clara, entretanto, não será fácil a divulgação. A luta pelo poder na Terra sobrepõe-se a tudo e a todos. Iriam certamente usar seu nome famoso e endeusado para se promoverem e lucrarem materialmente com tudo que você enviasse. Precisaríamos da discrição, do anonimato, da humildade de irmãos capacitados para levarem nossa palavra. Que pensa em fazer? — Se todos estivessem de pleno acordo, gostaria inicialmente de levar a público um livro, contando o retorno de irmãos nossos que habitaram a Terra e que deixaram as marcas da fama, a fim de que o público se interessasse e procurasse conhecer toda essência de cada um. Sem misticismo e sem fantasias, somente a verdade, mesmo que ela venha machucar ou chocar, mas que será necessária, para despertar o homem para o realismo. Deve-se atrair o religioso e o ateu, sem deixar que iniciem uma guerra inútil. Mostrar Deus, sem precisar dar a Ele uma caricatura ou uma vestimenta. Apenas apresentá-lo na Sua pura e real figura, o Amor! Continuei falando, expondo, dissertando, numa euforia e entusiasmo tão grande, que em poucos instantes todos estavam ali juntos de mim, comungando comigo do mesmo ideal. Foi necessário que Mentor Augusto pedisse calma, pois os ânimos se exaltaram diante de nossos entusiasmos tão eloqüentes! A sessão terminou bastante alegre e divertida, principalmente depois que foi encerrada pelos irmãos da mesa, responsáveis pelo início e encerramento das palestras. Ao retornar à nossa residência provisória, onde fui instalada até que recebesse permissão para obter minha própria morada, entrei em meu quarto, completamente feliz. Agora eu estava realmente preparada para iniciar minha primeira obra após troca de plano, isto é, depois que voltara da Terra para o Espaço Sideral. Dormi sob o efeito de mil idéias passando em minha mente. Naquela ânsia de encontrar os meios por onde iniciar os primeiros esTorre de Cynara


critos, adormeci sem sentir e, sĂł ao acordar no dia seguinte, percebi que me esquecera de agradecer a Deus por haver me dado, mais uma vez, a oportunidade de tentar realizar um sonho meu: o de estar com cada ser, cada irmĂŁo, atravĂŠs de minhas palavras e de meus ideais! Fim da Amostra.

Elma Layde Lamounier Torres / Clara de Fontaine


Torre de Cynara


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