Me Dê Uma Razão Para Te Amar

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Me Dê Uma RAZÃO Para Te

Amar

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- Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


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ME DÊ UMA RAZÃO PARA TE AMAR Copyright © 2014 by Instituto Editorial D’ Esperance 1ª Edição | março 2014 | do 1º ao 5º milheiro Coordenação e preparação de originais Maria Luiza Torres Teixeira Capa Paulo Moran Projeto gráfico e editoração Instituto Editorial D’ Esperance Revisão Cristiane Prando Martini Toledo Instituto D’ Esperance Rua Iporanga, 573 - Novo Progresso Contagem | MG | Brasil Cep: 32.110-060 Tel: (31) 3357-6550 www.institutodesperance.com.br

Editora Itapuã é um selo do Instituto Editorial D’ Esperance DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO PÚBLICA D’ESPERANCE, Elizabeth (Espírito) Me dê uma razão para te amar Elizabeth D’Esperance (Espírito): psicografado por Jairo Avellar. Instituto D’ Esperance: Contagem, MG, 2014 552 p.

16 x 22,5

ISBN 978-85-67800-00-4 1. Espiritismo I. Título

2. Psicografia II. Avellar, Jairo

3. Romance

CDU 133.9 É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com autorização da Editora, nos termos da Lei 9.610/1998. 4

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Jairo Avellar pelo espírito

Elizabeth D’Esperance

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Amar E D I T O R A

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Prefácio Acontecimentos sutis movimentam as nossas vidas, muitas vezes a sutilidade dos acontecimentos, outras vezes a correria do dia a dia não nos deixa perceber a profundidade com que eles se manifestam e os níveis de relação destes para com as nossas vidas. Por vezes são acontecimentos grandiosos, desastres, catástrofes, epidemias incontroláveis a assolar a periferia de nossas vidas, fazendo-nos mergulhar numa grande onde de medo, desconfiança e insegurança generalizada. Contudo, a correria no dia a dia, as ocupações muitas vezes até medíocres têm empedrado o homem moderno, retirando-lhe todas as possibilidades de testemunhar e sentir. Assim por vezes, este homem moderno, tem permanecido plenamente insensível às dores e às lágrimas que rolam doridas ao nosso lado, através dos corações que muitas vezes no anonimato sorvem silenciosamente cálices amaríssimos. Na atualidade, a modernidade tem nos retirado tempo para construirmos amizades, para fazer novos amigos, para manter os velhos amigos e até mesmo para beber o néctar do prazer produzido pela convivência fraterna junto aos grandes amigos. Temos tido pouco tempo para priorizarmos o sentimento, para acolher as nossas emoções e para viver as benesses que a vida tem nos concedido. Vivemos um momento em que muitos tem tido vergonha de abraçar, de sorrir e de amar e, por isso, temos vivido a inércia plena dos sentimentos, permanecendo sonambúlicos ao nível das alegrias. Temos assim considerado tão somente aquilo que se refere às realizações pessoais, às posses, ao ter, ao poder, às coisas que privilegiam o imediatismo da vida. Não temos parado para a tão esperada reflexão nossa de cada dia. Esquecemo-nos de que tudo a nossa volta possui profundas ressonâncias com as experiências que nos são necessárias e que os acontecimentos que nos cercam são os professores do dia a dia, nos convidando a análises pontuais e lúcidas no sentido do realimento de nossos sentimentos e na revisão de nossas ações para a devida reprogramação de nosso curso perante a vida. É necessário acordarmos, em regime de urgência, dessa relação hipnótica a que estamos submetidos, em que nada tem sido mais importante, do que o materialismo, este ópio destruidor. O ter, o poder, a beleza estética e o comprazimento aos desejos mais imediatos, a vida fútil e o deleite pelo ócio têm causado incontáveis vítimas, desavisados e invigilantes têm sido colhidos pelas - Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


surpresas do caminho se vendo forçados a operar o retorno a pátria espiritual em dolorosa viagem que empreendem de improviso, não trazendo consigo nenhuma bagagem efetiva que lhes permita operar uma travessia mais amena e menos dolorosa. O passado tem sido hoje um presente constante. A cada esquina temos visto companheiros queridos reencontrarem-se com os desmandos do ontem a lhes exigir pesadas e imediatas retratações. As famílias têm sido o porto dos reencontros em que todo dia sobem e descem companheiros listados nos grandes projetos para as reaproximações inadiáveis. Os lares têm recolhido os náufragos extenuados solicitando, e por vezes exigindo, que as mãos lhes sejam estendidas momento a momento sem cobranças e sem exigências. Contudo, temos nos permitido invigilantemente viver sob o acicate impiedoso das vaidades, enquanto o perdão tem caído na caixa de nosso esquecimento e o amor em desuso pleno. Assim, projetos nobres de reconciliação e reaproximação inadiáveis a ser vividos em bases de fraternidade, perseverança e amor têm ficado pelo meio do caminho. (...) Elizabeth d’ Esperance

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1a. parte - Refletindo O Presente “O Hoje Das Oportunidades E Das Retratações”

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Capítulo 2 - Oi Dona Sofia, como vai a senhora? - Quem fala? - Ora Dona Sofia é Stefani, amiga da Leandra!... - Hummmm!... - Leandra está? - Leandraaaaaaaaa!... - Fala, Stefani!... - Maluca, quase desmaiei, me deu um frio quando vi que tinha sido sua mãe que atendeu... - E daí, dane-se ela!... - Nossa, eu quase desliguei!... - Doida, essa velha não sai do meu pé, parece até cola daquelas que num solta nunca, parece um obsessor, um demônio, sei lá!... Aliás, há uns tempos atrás fui num tal de Centro Espírita, e adivinha? - Advinha o quê? - Advinha o que eles me falaram lá? - Sei lá, num entendo dessas coisas, isso é com você Maluca!... - Pois é, eles me falaram que eu tenho um obsessor daqueles terríveis, e que era preciso trabalhar bastante para sair dele, olha confesso que até hoje tenho medo... - Medo? - Medo, claro que sim doida, esse negócio sei lá acho que deve ser perigoso, mas depois tive pensando e acho que eles estavam falando era da minha mãe mesmo, ela que é esse obsessor terrível, esse “vudu” na minha vida... - Nossa, cruz credo Maluca, nem gosto de falar nessas coisas, e ocê voltou lá? - Eu não!... Imagina!... O pessoal veio me dizendo que eu tinha que frequentar num sei quantas reuniões, e também vieram com uma conversa que eu deveria participar de algum tipo de tarefa lá, daí nem pensei mais e saí fora Doida!... - Tarefa, Maluca? - Sei lá, me falaram sobre a possibilidade de no futuro fazer parte das atividades de visita aos enfermos, distribuição de roupas, sei lá o que mais!... - Maluca, que piração desse povo hein!... - É menina, eles me disseram que esse obsessor daqui de casa fica me 10 - Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


vigiando, e vigiando o dia inteirinho e não desgruda de mim pra nada, ora só pode mesmo ser essa megera vigiando os telefones do meu pai e os meus o dia inteirinho... Nossa, coitado do velhote ela não dá sossego, ela fica escutando atrás da porta, e veja que ele já tá perdendo a paciência com ela. - Que ciúme hein Maluca? - É, mas o velhote não é mesmo flor que se cheira, acho que ele tem uns galhos por aí, de uma eu tenho certeza e quando essa megera daqui fica no pé dele aí é que ele fica doido para encontrar com a outra. Ela anda lá pelos lados do mercado, parece que é uma negra e a danada é até bem alinhada, ela vende umas miçangas por lá, já vi ele lá com ela menina!... - Maluca fala baixo, e se ela escuta aí o caldo entorna de uma vez!... - Doida cê acha que eu não escutei ela entrando no banheiro para tomar banho, demônio também toma banho menina. Aquele demônio tá lá tomando o seu banho, tomara que aquele chuveiro dê um curto circuito e mate ela eletrocutada, tomara!... - Bom minha chegada, vamos ao que interessa. Leandra, minha amiga, pintou um programaço para nós!... - Doida, fala, fala logo, o que é!... - Olha, o Fred, cê acredita que o danado me ligou? - Ligou, nossa cê tá mesmo fera, Maluca!... Hein? - Pois é, ele disse que vai rolar uma festinha bacana lá na casa do tal de Jaca, o cara acho que mora lá pros lado de Jacaré, acho que arrumaram uma casa lá que tá toda liberada, e aí a ocasião festiva vai rolar a noite toda, disse que vai ser a maior doideira, beleza mesmo e me convidou... - Nossa Maluca, o negócio vai ser mesmo de entornar!... - Daí, ele disse se eu tinha uma amiga para apresentar para um chegado dele, um tal de Marcelinho, disse que é o maior gente boa, disse que é gente limpa, tranquilo!... - Nossa amiga, olha euzinha aqui!... Tô nessa e não abro pra ninguém!... Parece que vai rolar mesmo uma festança braba!... - Olha, daí tô mesmo na sua mão, porque digo aqui que vou sair com você para um aniversário, e desço para sua casa já arrumada, e daí saímos, e eles nos apanham lá mais pra baixo, e ocê diz que tá saindo comigo que te convidei para um aniversário de um chegado meu!... - Nossa, daí voltamos que horas? - Num se preocupe, cê fala que dormiu na minha casa e que dormi na sua, daí logo cedo voltamos pra casa e tá tudo resolvido, amanhã é domingo mesmo tá tudo liberado!... - Vou dar um jeito aqui, mas nós vamos amiga, vai ser demais! ME DÊ UMA RAZÃO PARA TE AMAR - 11


- O amigo dele também tem uma moto, vamos de dupla, vai ser adrenalina só, você vai adorar, e daí encontramos na sua casa até lá pelas vinte duas horas, devemos sair logo, e daí doida é só paixão e adrenalina que vai rolar!... - Ok!... Vou desligar porque a bruxa má já saiu do banheiro!... - Fico então te esperando, vê se não fura hein!... Vai ser demais!... - Pois é Stefani, vou falar com a minha mãe e com meu pai para ver se eles deixam, o aniversário é do seu amigo não é, e é ai mesmo perto da tua casa né mesmo? Pois é vou fazer tudo para eu ir, adoro estas festinhas bacanas!... - Nossa Maluca, você finge bem demais!... - Ah ia me esquecendo... Eu poderia dormir na sua casa? Aí ficaria melhor mesmo, assim eu não voltaria muito tarde para casa, você sabe que é mesmo muito perigoso, tá, tá certo, vou fazer tudo para ver se posso ir, meus pais são gente boa, acho que vão deixar!... - Maluca, tchau, você é mesmo demais, finge bem demais!... - Você ouviu, Adamastor? - Sim, sim claro que ouvi, afinal de contas os sofrimentos de todos estes tempos não me fizeram surdo, escutei perfeitamente, eu sinto que está finalmente chegando a nossa hora, Almerindo está chegando a nossa hora... - Sim Adamastor, não interessa quantos séculos se passaram, milênios sei lá, isto na realidade é o que menos me importa, o importante mesmo é que mais dia e menos dia ela cairá nas malhas de nossa vingança e nestes dias seremos mesmo impiedosos... - Almerindo, eu não vejo a hora deste dia chegar, espero ansiosamente, por várias ocasiões ela já esteve em nossas mãos, e por um descuido nosso ela conseguiu escapar, já estivemos para matá-la naquele dia em que ela conseguiu escapulir das mãos de sua mãe, tudo foi por muito pouco e até hoje não entendo como aquele desastre não aconteceu... - Adamastor, você se lembra daquele dia lá na lagoa, ela já estava afogando, essa víbora dos infernos já estava quase em nossas mãos, e foi quando aquele homem apareceu por lá do nada e ainda conseguiu salvá-la, retirando-a já quase sem vida. Esta infame já estava em minhas mãos e eu lhe apertava ainda mais o tórax para esmagá-la de vez, para que ela pudesse morrer mais rápido e ela escapou e ainda assim não veio para nós... - Te confesso que eu não consigo entender até hoje como foi que tudo aquilo aconteceu, de onde surgiu aquele homem que parece ter brotado ali do nada, e que mergulhou sem medo e com total precisão, e foi direto ao encontro dela já quase sem vida. Ela já estava desfalecida em meus braços, e ainda assim ele providenciou todo o processo de ressuscitação, e ela foi muito pouco a pouco saindo de nossas mãos, e foi saindo, saindo, e foi lentamente retornando na direção do seu corpo apesar de todos os nossos esforços. Mas essa megera dos 12 - Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


infernos fantasiada de boa moça, não perde por esperar, temos tempo, temos a eternidade e também total paciência, nós aprendemos e sabemos aguardar, mas quando este momento chegar nós seremos implacáveis. - Essa sua gargalhada Adamastor me assusta!... - Você irá se assustar quando vê-la em minhas mãos, aí sim verá a minha ira, e poderá ver tudo de que sou capaz, aí sim você verdadeiramente irá assustar!... - Não se esqueça de nosso trato, ela pertence a mim em primeiro lugar, eu sou o verdadeiro dono dela, eu sempre fui o primeiro na lista de suas maldades e por isso essa primazia é minha e não se discute!... - Não... Nós acertamos que ela deverá pertencer a quem traçar o plano fatal, este sim terá o direito de possuí-la primeiro, e este serei fatalmente eu, esta é a minha vez de planejar as ações!... - Almerindo, realmente este foi o nosso combinado!... Agora você dá pressa em ir para casa da outra cobra, para garantir que ela não tenha problemas para ter a autorização dos pais, precisamos das duas, assim nos facilitará bastante as coisas, enquanto isso eu cuido para que as coisas aqui estejam mais do que certas e que não haja nenhum contratempo. Lembre-se de que desta vez não podemos falhar, passeio, bebidas, festas, motos, estradas, velocidade, embriaguez, meu parceiro nós temos todos os ingredientes necessários para atingir os nossos objetivos, tudo está correndo ao nosso favor, nós não podemos falhar... - Adamastor, o que depender de mim, todos os detalhes estarão em ordem e tudo estará pronto para que ainda hoje esta víbora esteja em nossas mãos!... Mas me desculpe a pergunta, nós teremos dois rapazes, a víbora e sua amiga, você pretende matar os quatro de uma só vez? - Almerindo, os quatro, os cinco, os dez, um ônibus inteiro, o que for preciso, na hora eu retiro a víbora e quem quiser que fique com o resto, nós somente queremos a nossa parte, o que sobrar, sobrou, alguém irá reclamar ou não, e daí seguimos nós com o nosso troféu, e nunca mais ela escapará de nossas mãos, agora mãos a obra, enquanto isso fico por aqui montando guarda para que não haja desânimos e nem contratempo, assim que terminar você volte imediatamente para cá, entendeu!... - Adamastor, seus gritos me amedrontam!... - Almerindo, tenha cuidado para não cair em nenhuma cilada por lá, desse pessoal podemos esperar de tudo, tudo mesmo!... - Sim, claro que sim eu sempre tomo cuidado... - Pois é, e procure retornar o mais rápido possível... Duas sombras deslizavam serpenteando pelo interior da casa de Leandra, oferecendo um espetáculo macabro e horripilante. Elas mais pareciam imensas massas gelatinosas e negras que se moviam sem cerimônia por todos os aposentos demonstrando estar bem familiarizadas com o ambiente. Por onde passavam ME DÊ UMA RAZÃO PARA TE AMAR - 13


elas deixavam ali um rastro também enegrecido e viçoso que demorava vários instantes para desaparecer, deixando assim suas marcas macabras por onde quer que passassem. A primeira era toda escura parecendo mais compacta, transparecia ser mais odiosa, mais malévola, enquanto a segunda parecia ser mais ardilosa, mais calculista, a primeira de humano somente deixava entrever a silhueta dos olhos, estes bastante avermelhados e esgazeados e com as mãos em forma de concha, a segunda era tão somente uma silhueta, bastante apagada, não se podia verdadeiramente analisar-lhe as feições, mas, contudo era a que deixava maiores marcas por onde passava. Causavam náuseas e calafrios constantes nos moradores daquela casa, e muitas vezes provocavam inconscientemente tonteiras e indisposições em qualquer visitante que para ali se dirigisse sem os devidos cuidados mentais, e que imediatamente também passavam a acusar muitas vezes um pouco de indisposição estomacal. - Mamãe, Stefani me ligou justamente para me convidar para irmos a um aniversário mais próximo da casa dela, ela viria aqui me apanhar e até me ofereceu para dormir em sua casa, visto o perigo de se voltar para casa mais tarde, posso? - De jeito nenhum, não confio nessa Stefani, aquilo ali parece danada!... - Insista com ela, fale que você precisa sair um pouco e que anda muito presa, ande, fale logo!... - Mamãe, por favor, eu preciso sair um pouco, ando meio deprimida, tenho vivido muito presa e a senhora não gosta de ninguém, deixa mamãe, deixa!... - Olha essa pobre menina, você não pode prendê-la dessa forma, você precisa ser mais amiga dela, mais compreensiva, vamos deixa, deixa logo, ande diga que pode!... - Por mim até que pode minha filha, mas fale antes com seu pai!... - Anda, vamos resolver isso logo, logo, vai lá agora falar com seu pai, ande, vamos lá falar com aquele banana, ele irá concordar!... - Paizinho, mamãe já deixou eu ir a uma festinha de aniversário com a Stefani, posso? O senhor também deixa? - Que diabo, não vê que tá me atrapalhando ver o futebol? Sua mãe já deixou, pronto, vai logo, vai logo!... - Pronto, liga agora para Stefani e diga a ela que está tudo certo e acerte a hora de saída, ande resolva isso logo, ligue agora aproveite que sua mãe saiu para conversar com a vizinha e já deixe tudo acertado!... Mais alguns instantes... - Doida, sou eu!... - Diga Leandra, não vai me dizer que melou... - Doida, aqui tá limpeza, já acertei com os dois, tá tudo certo, certinho, a que horas você passa por aqui? 14 - Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


- Maluca, passo aí por volta das dezenove, daí descemos e encontramos com os meninos lá embaixo e é só deixar rolar a festa!... - E você já conversou com os velhos? Já pediu? - Maluca aqui eu não peço, aqui eu mando, falo que vou e tá acabado, eles é que me obedecem, num quero nem saber o pessoal num tem as moral de me barrar não, se complicarem as coisas eu armo o maior barraco, ponho peito e peito aberto eles é que me obedecem, rosnam, rosnam mas me obedecem!... - Doida então tá certo, te vejo mais tarde, beijiiiiiinhos!... - Beijiiiiiiiiiinhos!... Mais alguns instantes... - Mãe, vou sair lá pelas sete, vou numa festinha lá por perto da casa da Leandra com ela... - Olha, cuidado com estas festinhas, cuidado com essa tal de Leandra essa menina não me parece boa coisa, veja se volta cedo!... - Ela me deu um toque para a gente dormir na casa dela, daí capaz de eu ficar por lá, daí venho no domingo pela manhã tão logo acordarmos... - Talvez assim seja mesmo melhor, mas não se esqueça de levar roupa para dormir!... - Capaz né mãe, até parece que na casa dela num tem roupa, ela me empresta lá!... - Olha, muito cuidado com esse negócio de roupa dos outros, isso é um perigo, muito cuidado, se não for para levar a sua roupa você não vai, onde já se viu isso de vestir roupas dos outros, já basta dormir em cama que você não sabe notícias da limpeza, e ainda não quer levar roupa de dormir!... - Não briga com ela, não briga, já está tudo resolvido, tudo certo, diga que vai levar essa maldita roupa, ande logo, acabe com isso!... - Ah mãe que canseira, tá bom eu levo a roupa de dormir!... - Leve também seu lençol!... - Tá bom eu levo!... - Ande, agora vamos de imediato as outras providências que são ainda mais importantes, ligue agora para esse teu amigo, ande, ande , vamos acertar isso logo, não se pode perder tempo, vamos, vamos logo!... A tarde já declinava bastante encalorada, o sol não dava mostras de cansaço e mantinha-se atrevido em seu posto, indiferente punha-se a iluminar e a aquecer impiedosamente a tudo e a todos, sentindo toda essa pressão, as pessoas procuravam avidamente pelas sombras que eram milimetricamente disputadas, enquanto que a criançada aqui e ali surgia com os seus picolés no que eram seguidos por seus pais que também pareciam aderir prazerosamente ao desejo dos filhos. Assim até mesmo os chups chups eram avidamente chupados, e quanto mais gelados estavam mais valorizados eram, enquanto isso pelas calçadas outras ME DÊ UMA RAZÃO PARA TE AMAR - 15


pessoas aproveitavam o ensejo para acalentar a desculpa da bebedeira sem limites como recurso para refrescar. Homens e mulheres desfilavam por aquela meio subida, iam e viam sem cessar e sem apresentar o mínimo cansaço, a maioria andava por ali seminus, na realidade aquilo ali também servia para muitos de disputada passarela onde os desejos de conquistas fervilhavam frenéticos através da insinuante troca de olhares, muitos ansiavam que o calor também lhes permitisse arrumar algum namorado ou namorada. Na mesma passarela desfilavam também um séquito enorme de desencarnados, companheiros residentes nas mais variadas dimensões que ali também se movimentavam movidos pelos mais diferentes interesses e condições. Alguns permaneciam ali totalmente alheios aos acontecimentos do cotidiano, outros sem nem mesmo anotá-los e sem registrar mínimas variações vibratórias, entretanto vários ali estavam seminus e encalorados, e davam pressa em esconder do sol, bem como também disputavam avidamente um lugar à sombra. Na realidade, cada um estava instalado na dimensão que lhes era própria, cada um vivia o terreno que o seu mundo mental lhe permitia, da mesma maneira que acompanhava ou fazia-se acompanhar de mentes encarnadas ou desencarnadas que lhe comungavam também faixas vibratórias idênticas. Vários desfilavam por ali em verdadeira simbiose, unidos aos seus pares encarnados, alimentando destes e com estes, e dividindo com eles suas mínimas expectativas, e assim tomavam parte de todos os acontecimentos. Na realidade, todos por ali possuíam níveis mentais muito próximos, porque não dizer eram bastante semelhantes, e por isso habitavam mundos mentais afins. O telefone toca... - Fred!... - Oi gatinha, e aí tudo limpo? - Tudo limpo!... - E aí conseguiu aquela sua amiga? - Claro, ela é gente boa, limpeza!... - Nossa, gatinha, vai ser demais, vamos azarar hoje!... - E a que horas nos encontramos? - Por volta das sete chegamos lá na baixada, ali perto do mercadinho, saca? - Sim, claro que sim!... - Então nos encontramos lá, vê se não fura, tamos combinados assim... - Claro que sim, daqui a pouco nos encontramos lá... - Beiiiiiiijos - Beijo. Naquela casa... - Almerindo tudo está correndo conforme planejamos, tudo certinho, certinho, agora é somente ultimar os preparativos, e pronto estará tudo consumado e ela estará em nossas mãos!... 16 - Jairo Avellar pelo espírito Elizabeth D’ Esperance


- Adamastor, liquidaremos também a Stefani? - Ora Almerindo, não temos nada com ela!... - Mas!... - Mas o que? - Pode ser que na hora ela se envolva também e daí como ficará? - Ora se ela está indo o problema é dela, se ela for também vitimada sem problemas, largamos ela para lá para quem queira e assumimos a nossa caça, a nossa valiosa caça, essa sim não podemos perder por nada!... - E os jovens? - Ora, estive conversando com um tal de Tartamudes, ele também está atrás desse tal de Marcelinho e ele estará conosco lá no tal encontro, nós o auxiliaremos no que nos for possível e ele no ajudará também, daí meu amigo, quem sabe não fechamos um pacote só, abatemos duas lebres num só golpe!... Uma gargalhada macabra ecoou pelos ares, inundando o ambiente de vibrações pestilenciais... - Adamastor, essa sua gargalhada me incomoda, me assusta!... - Almerindo, não é uma gargalhada meu amigo, é o sorriso da vitória!... - Adamastor, agiremos logo na ida ou deixaremos para a volta?... - Eu agiria na ida e na volta, mas esse tal de Tartamudes me aconselhou a até protegê-los na ida, encorajá-los a velocidade, incitar a aventura, e facilitar tudo ao máximo, assim eles ficam mais confiantes, e sabe como é né, o excesso de confiança em geral despreza os cuidados primários e daí meu amigo é somente dar um empurrãozinho e as coisas acontecem, fortalecer a confiança meu caro Almerindo é isso que vamos fazer!... - Mas e aí como daremos o golpe final? - A turma do Tartamudes localizou um motorista de um caminhão desses aí invigilantes, e arrumou umas mulheres para ele e há quase dois dias estão mantendo-o preso num restaurante ali ao lado da estrada. - Sim, sei!... - Pois é, a equipe do Tartamudes irá beber com ele até amanhã pela manhãzinha, quando saírem daqui ele sairá de lá, bebida aqui, bebida lá, o encontro será mesmo fatal, estarão dominados completamente e daí é somente cuidar para que os detalhes aconteçam, precisamos controlá-los para que eles se encontrem naquela curva lá da baixada, ali meu amigo não tem escapatória, e é somente caprichar bastante no planejamento que daqui a pouco estaremos nós com a nossa caça nas mãos!... Almerindo, eu também não suporto esse sorrisinho seco que você tem, sinto mal!... - Adamastor, eu não gosto de fazer barulho, você me conhece bem, os felinos andam quase que imperceptíveis por entre as folhas quando espreitam cuidadosamente a caça!... Muito barulho nunca é bom!... E nós o que faremos? ME DÊ UMA RAZÃO PARA TE AMAR - 17


- Estaremos todos lá na tal festinha, e vamos coordenar os embalos conforme as nossas necessidades e as nossas conveniências, e no mais incentivaremos ao máximo o consumo de bebidas e principalmente não os deixaremos dormir, bebida e insônia, estes são os explosivos perigosíssimos, meu caro Almerindo!... - Sim, perigosíssimos!... - No mais Tartamudes me informou que encontraremos também vários outros companheiros que lá estarão movimentando seus interesses na tal festinha, e que são todos muito bons e muito participativos e que é para não nos preocupar porque lá nos auxiliaremos mutuamente, de forma alguma não estaremos sozinhos, trabalharemos a muitos braços e sobre muitos interesses, disse-me ainda para que eu não me preocupe porque bebida, sexo e fantasias não faltarão sob nenhum pretexto, já está tudo arranjado para que corra da melhor maneira possível, entretanto temos que ficar atentos no tal caminhoneiro lá no posto, não podemos dar trégua para ele, e pensando bem é bom deixarmos alternativa para caso o plano A dê algum problema termos também outras opções. - Isso você pode deixar comigo, meu caro Adamastor, já estou desenvolvendo outros caminhos, plano A, plano B e C e se necessário for misturo todos eles num somente, mas desta vez ela não nos escapa... - Assim é que se fala Almerindo, amanhã sob os primeiros raios do sol, nos primeiros momentos do dia a caça será abatida, e teremos somente que comemorar, esperamos séculos, mas você verá que valerá a pena!... - Sorria Adamastor, está chegando o grande dia!...

Fim da Amostra.

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Itapuã é um selo editorial do Instituto Editorial D’Esperance

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