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Trabalho das qualidades físicas num atleta de futsal

O que são as qualidades físicas? São as qualidades que o atleta deve dominar, para que assim, o trabalho suplementar, individual e específico ajude a potenciarmos o seu rendimento.

No PerformanceLab treinamos atletas de futsal como forma de aglutinar e melhorar o atleta num todo e no contexto IN SEASON e OFF SEASON.

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Os padrões de movimento fundamentais para o PerformanceLab implica entendermos que o corpo é um sistema integrado, treinamos e privilegiamos exercícios e movimentos livres ajudando o atleta a utilizar de forma mais educada o corpo nas suas tarefas em campo, bem como a desenvolver ao longo da época, uma boa base de força e uma consciência corporal mais ampla.

Bruno Travassos Docente UBI Investigador CIDESD Fisiologista seleção nacional de futsal

Análise de dados no futsal: Que desafios?

No futsal, a capacidade para que o treinador tome boas decisões em relação aos jogadores, ao planeamento do treino ou à forma de jogar da equipa são cruciais nos dias de hoje. No entanto, para além da capacidade intuitiva que o treinador vai desenvolvendo ao longo da sua carreira para gerir melhor o seu grupo, para aferir melhor os métodos de treino a utilizar ou mesmo para gerir o jogo, hoje a quantidade de informação que tem ao seu dispor constituem-se como um aliado fundamental para sustentar as suas decisões. Aliás, nos dias de hoje o problema não passa pela capacidade de aceder a informação, mas sim pela capacidade para selecionar qual a melhor informação a utilizar.

Apesar da existência de alguns softwares para registo e/ou análise de ocorrências no jogo como sejam o VideObserver, ou o INSTAT, muitos destes dados não são ainda hoje utilizados pelos clubes e muito menos por treinadores. Podemos afirmar que hoje existe mesmo um mundo paralelo ao treino desportivo assente no desenvolvimento de métodos de análise de dados para desporto, fruto das dificuldades de comunicação existentes entre as duas áreas.

A que se deve então esta difícil relação entre a quantidade de meios e informação hoje disponível e a adoção de métodos ainda muito semelhantes aos utilizados no passado? Toda a tomada de decisão e ação de um treinador é realizada tendo por base postulados e pressupostos sustentados pelas suas crenças que por sua vez são baseadas em constructos teóricos sobre treino desportivo, psicologia, ou outros. Por sua vez, os dados quando olhamos sobre um qualquer prisma sem contextualização ou utilizados de forma inadequada, em vez de gerarem informação relevante que permite potenciar a intervenção do treinador, vão apenas gerar mais dúvida e levar a novas perguntas sem respostas complicando ainda mais o já por si difícil processo de intervenção do treinador. Neste caso, o maior problema da utilização da informação disponível não está nessa mesma informação, mas na (in)capacidade de analisar e transformar essa informação em conhecimento. Deste modo, a informação disponível ainda não está acessível de modo a capturar os problemas que os treinadores pretendem ver esclarecidos.

Isto é, a informação não é analisada e tratada tendo por base o ponto de vista e o problema do treinador, mas tendo por base pressupostos estatísticos ou meramente metodológicos que os analistas de dados colocam em prática da melhor forma que conseguem, mas que não respondem de forma funcional ao que se pretende. Tendo por base este desfasamento da realidade, são inúmeras as discussões do porquê de grande parte dos treinadores ignorar ou negligenciar as bases de dados estatísticas ou até os recursos que muitos dos clubes procuram colocar ao serviço dos treinadores em termos de análise de dados de jogo, de adversários ou mesmo de controlo e monitorização do treino. As apresentações e métodos de análise de dados são cada vez mais interativas, apresentadas sob formas de visualização fantásticas, mas no final, muitas vezes, as perguntas mantêm-se… Como é que isto me ajuda a perceber o processo da minha equipa? A tendência é interessante, mas continuo com o mesmo problemas, porque essa informação apenas reforça o que já sabia (o que já é um bom principio…). O problema na grande maioria das vezes não está nos dados nem nos treinadores, mas no modo como os analistas de dados e os treinadores terão que saber dialogar para convergir na utilização de ferramentas que respondam aos problemas do jogo, de como o treinador os coloca. Por experiência própria enquanto treinador de futsal, investigador e agora como fisiologista da seleção nacional de futsal, fui confrontado com diferentes problemas que me ajudaram a ter uma perspetiva mais alargada e simplificada sobre este processo, permitindo-me que o treinador, o investigador e o fisiologista dialoguem entre si no sentido de responder não apenas às melhores soluções em termos científicos ou estatísticos, mas às que se apresentam mais funcionais para que o treinador resolva os problemas do jogo e sobretudo potencie a ação dos seus jogadores. De facto, nenhum destes protagonistas tem a resposta correta. A capacidade para encontrar novas soluções dependerá da capacidade que todos eles terão em comunicar e em perceber os problemas / soluções dos outros.

Face a esta perspetiva, urge a criação de novos modelos de formação / intervenção que permitam: i) a capacitação pelos treinadores para interpretarem e discutirem os dados em análise; ou ii) o desenvolvimento da capacidade dos analistas de dados de comunicarem e compreenderem melhor os problemas dos treinadores de modo a desenvolverem análises mais adequadas aos seus propósitos.

Mais do que o desenvolvimento de duas áreas / mercados completamente distintos e de grande valor de mercado, mas que crescem em separado e de forma divergente, é na capacidade de convergir soluções que os processos de data analytics se poderão constituir como ferramentas reais para potenciar a intervenção do treinador e com valor ainda mais acrescentado. Dessa forma, poderemos encontrar novas ferramentas ou métodos de recolha, tratamento e visualização de dados que se constituam funcionais para potenciar os métodos de treino em futsal e não apenas para publicar umas análises muito bonitas mas que em nada contribuem para o treino / treinador.

Paulo Teixeira

Ex-árbitro de futsal

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