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DESIGN AUTORAL

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ARQUITETE-SE

ARQUITETE-SE

Na China, o dragão, ou lung, é depositário de todas as qualidades que almejamos: sabedoria, coragem, nobreza, força, beleza. Esse animal mítico é considerado um ancestral comum, uma entidade do próprio caráter do povo chinês. Um símbolo de boa fortuna onipresente, com totens espalhados por todo o país. A arte chinesa é a corrente mais antiga do mundo e conta com uma história de mais de 3000 anos. Conhecida por uma tradição sólida, que se manteve apesar de diferentes dinastias, a estética desse movimento tem como foco o equilíbrio e a beleza. Assim, produziu um legado incomparável, composto por trabalhos em cerâmica, pinturas e outros tipos de arte.

A cor laranja significa alegria, vitalidade, prosperidade e sucesso. “Gosto de inovar e fugir do convencional. Muitas vezes opta-se por bege e cinza a priori por segurança e talvez até por preguiça pensando numa situação pseudo-neutra. Embora as tonalidades também tenham sua pertinência”, explica o arquiteto. Xangai, na costa central da China, é a maior cidade do país e um núcleo financeiro global. O centro é o Bund, uma famosa área à beira-mar repleta de edifícios da era colonial. Do outro lado do rio Huangpu destaca-se o horizonte futurista do distrito Pudong, com a Torre de Xangai (632 m) e a Torre de TV Pérola Oriental, com as esferas cor-de-rosa. O grande jardim Yù Yuán tem pavilhões, torres e lagos tradicionais.

Simon Winchester narra a vida de Joseph Needham (190095), homem de ciência e imensa erudição, que contribuiu de forma substantiva para que o Ocidente descobrisse a incrível sofisticação cultural chinesa. Emérito professor de Cambridge, com interesses tão díspares que iam de motores a vapor e obras de engenharia civil a religião, danças folclóricas e línguas, Needham apaixonou-se pela aluna chinesa de bioquímica. Fascinado pela China, decide viajar ao lado da amante para as mais distantes fronteiras do chamado “Império do Centro”, onde embarcou em uma série de expedições extraordinárias.

A Poltrona Charles Eames com Puff Preta é laminada de madeira e possui base alumínio, ideal para levar elegância e conforto para os ambientes. O braço contém uma estrutura reforçada para evitar quebra, o assento e encosto são estofados, revestidos com couro macio e maleável. Além de toda a comodidade que proporciona, a Poltrona é reclinável.

ELE,

FERNANDO BRANDÃO

GOSTA DE

Xangai na China, aonde possui uma filial desde 2013. Vivendo entre o brasil e a china, o arquiteto revoluciona o mundo da arquitetura, explorando o que há de melhor entre os dois polos. “Gosto de arquitetura lúdica, divertida, bemhumorada, que conta uma história”.

Fernando Brandão, o arquiteto paulistano mais reconhecido na China do que no Brasil, nasceu na cidade de São Paulo em 15 de junho de 1960, formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU / Universidade de Santos em 1983. Atua nas áreas comercial, corporativa, promocional desde então recebendo os prêmios IAB, AsBEA, IDEA, RedDot e inúmeros outros na carreira. Foi diretor e vice-presidente da AsBEA.

DESTAQUE DÉCOR autoral D E S I G N

Esse é o espaço de valorização do traço autoral determinante para a criação de produtos autênticos e repletos de significados. Reunimos nessa edição peças de designers talentosos do Brasil

Acostumada a trabalhar a paisagem urbana com soluções verdes, a arquiteta e paisagista Juliana Castro, percebeu que apenas crianças podiam brincar nos balanços. Foi aí que surgiu a vontade de possibilitar que adultos também pudessem usufruir do momento especial do balançar e criou uma forma inspirada em uma ampulheta que faz alusão ao passar das horas. É um convite a voltar no tempo ou reter tempo para viver o lúdico no cotidiano. O balanço Tempo é totalmente de aço e suporta até 300 quilos, permitindo também o uso em grupo. A Galeria Botânica, em Pinheiros na capital - bairro que respira arte, cultura e gastronomia – foi o espaço de lançamento e showroom oficial do balanco Tempo. O espaço sensorial e com uma cenografia instagramável, inaugurado em 2019, surgiu para ir além e conectar pessoas por meio do universo artístico e botânico.

O Aparador Matera faz parte de uma linha de móveis desenhada por Caio Manus. É produzido na madeira Catuaba e tem 2.4m de comprimento. A peça contrapõe formas retas, econômicas e simples aos detalhes bastante orgânicos e fluídos presentes nos puxadores, que são furos criados nas faces das gavetas e portas, cada um com diferentes formas curvas e proporções. O nome Matera remete à cidade italiana onde desde a antiguidade os habitantes moram em pequenas cavernas e reentrâncias criadas nas encostas da montanha, com formas semelhantes à dos puxadores criados nesse móvel.

Bia Rezende tem contato com as artes desde os 7 anos de idade, mas foi depois de concluir os estudos em arte e design de mobília que entendeu que conseguiria unir a arte que tanto gostava com uma profissão cheia de propósito: criar uma peça de estética original e funcional que tenha um apelo afetivo. O estudo das formas circulares e da reflexão da luz em diferentes superfícies deu origem a esse objeto luminoso em que é possível contemplar a luz e o o fenômeno de reflexão. Circus é um objeto luminoso que desperta um interesse desinteressado na contemplação da reflexão da luz e os diferentes meios de propagação - regular e difusa – em que se explora a luminosidade na linha e na forma circular. Em uma metade, a peça é preenchida pela luz e na outra, há somente a linha iluminada em contraste com o vazio. O objeto luminoso, quando aceso remete as fases da lua, a luz amena traz todo o mistério por trás desse corpo celeste, que exerce tamanha influência no nosso planeta.

Mutáveis

PLANOS E SUPERFÍCIES LIMITADAS POR LINHAS TRADUZEM A EMOÇÃO ATRAVÉS DE PRODUTOS QUE AGREGAM PROCESSOS. AS PEÇAS DA DESIGNER MINEIRA INGRID PEIXOTO SÃO INSPIRADAS NO PAI E NAS MEMÓRIAS DA CRIAÇÃO NO CHÃO DE FÁBRICA.

Inquieta, Ingrid Peixoto cultiva o hábito de mudar as coisas de lugar em casa, dando sempre preferência para peças versáteis e mutáveis, adornando em ambientes distintos um dos outros e assumindo diferentes propostas. A busca pela antimonotomia nos objetos e pela movimentação praticável é muito presente nas criações como nos centros de mesa da coleção Sólidos que são compostos por peças que se encaixam e se desfragmentam, multiplicando as funcionalidades, importância que também atribui às luminárias que desenha.

O processo criativo da designer mineira Ingrid Peixoto tem o propósito de despertar a emoção através de produtos funcionais que incorporam o artesanal e as esferas da industrialização. Formada pela Universidade FUMEC em 2005 como designer industrial, Ingrid traz traços contemporâneos e linhas sofisticadas no desenvolvimento de mobiliário, luminárias e objetos de decoração utilizando os mais diversos materiais.

Ao longo dos 15 anos de experiência, Ingrid criou produtos para empresas como a Interpam e Líder Interiores, participou de mostras como CASACOR Minas, CASACOR Rio de Janeiro, CASACOR Rio Grande do Sul, Mostra Artefacto, entre outras. Além disso, a designer recebeu diversos prêmios e foi finalista em tantos outros, entre eles Prêmio Museu da Casa Brasileira, Minas Design, Bienal Nacional do Design, Abilux e IF Design Award.

As habilidades criativas, herdadas do pai desenhista industrial autodidata e ligadas às vívidas memórias da criação no chão de fábrica, somam-se à expertise nos processos produtivos e fazem de Ingrid uma das designers da nova geração mais completas e versáteis do cenário nacional. Esta é a identidade desafiadora de Ingrid Peixoto: desenhar peças carregadas de propósitos artísticos, funcionais e inspiradores que são capazes de se adaptar de acordo com as sensações que despertam nas pessoas.

DESTAQUE DÉCOR Site Specific

OBRAS INÉDITAS QUE PROVOCAM QUESTIONAMENTOS SOBRE A REALIDADE E A FICÇÃO DO ESPAÇO ARQUITETÔNICO. O TRABALHO MISTURA CENOGRAFIA, PINTURA E FOTOGRAFIA TRANSFORMANDO O PÚBLICO NO ATOR DA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA.

Um plano no espaço que gira em torno de formas geométricas simples, como o círculo, o quadrado, a elipse, o triângulo - às vezes sólido ou vazado -, pintado em cores primárias. Neste ponto focal, a forma parece flutuar como levitando sobre a arquitetura que cria uma relação de acolhimento. As obras híbridas que misturam cenografia, pintura e fotografia abrem inúmeras possibilidades para o público observar uma cidade, um bairro, um edifício ou um espaço cultural de diferentes formas. Esse é o principal elemento do trabalho de Felice Varini, artista suíço radicado em Paris, que cria obras em que o ponto de vista é importante, pois a pintura atinge todo o potencial quando o observador se posiciona em um espaço privilegiado. Ao sair dele, a obra gera infinitos pontos de observação. “Não é, portanto, por meio desse ponto de vista original que vejo o trabalho realizado. Ele ocorre no conjunto de pontos de vista que o observador pode ter sobre ele”, comenta o artista.

À medida que o espectador cria movimento, a forma bidimensional é desfeita, estende-se para estourar em dezenas de “pedaços de tinta” que são atomizadas no espaço tridimensional e cobrem as paredes, o teto, o corrimão da escada, entre outros espaços. O olhar sobre o ambiente é transformado e o observador então redescobre a arquitetura do lugar devido a essa nova informação pictórica. A arquitetura e o espaço urbano são as inspirações de Varini, que reconhece São Paulo como uma cidade singular pela arquitetura heterogênea com muitas estratificações históricas que, ainda visíveis, pontuam a cidade. Cada trabalho do artista suíço é único, pois é resultado de todas as experiências que envolvem o local expositivo. “Meu campo de ação é o espaço arquitetônico e tudo o que o constitui. Trabalho in loco cada vez em um espaço diferente e meu trabalho se desenvolve em relação aos espaços que encontro. Geralmente perambulo pelo local observando sua arquitetura, materiais, história e função. A partir desses dados espaciais e em referência à última peça que produzi, designo um ponto de vista específico a partir do qual minha intervenção toma forma. Começo a construir minha pintura a partir de uma situação. A realidade nunca se altera, se apaga ou se modifica, ela me interessa e me seduz em toda a sua complexidade. Eu trabalho aqui e agora”, reforça Varini, suíço de nascimento e radicado em Paris com uma trajetória marcada pelo domínio da delicada e fina técnica da anamorfose, a arte de criar a ilusão de uma forma geométrica sobreposta a um objeto tridimensional.

No espaço público, Felice é reconhecido por Mazan L’Abbaye, na França, em 2017; a vila suíça de Vercorin, em 2009; a Universidade de Nagoya, no Japão, em 2008; e a comuna francesa Saint-Nazaire. Na Bienal do Estuário, apresentou a obra 3 elipses para 3 eclusas, encomendada para a barragem da Baía de Cardiff, nas edições de 2007 e 2009. Em 2009, participou do Niigata Water and Land Art Festival, no Japão, e da Bienal de Cingapura em 2008. A Casa Vermelha / Fundação Antoine de Galbert dedicou-lhe uma exposição em 2007, assim como o Osaka Art Kaleidoscope e o Antoine Museum. Também produziu obras na Orangerie do Palácio de Versalhes em 2006. Na primeira exposição individual no Brasil ocupa os espaços do Instituto Artium, com curadoria do francês Franck Marlot.

Aqui no país a intervenção artística ocupa os espaços do palacete centenário, originalmente a residência do primeiro cônsul da Suécia e que hoje abriga um importante polo cultural da cidade de São Paulo. A partir de um minucioso estudo técnico, baseado nas observações arquitetônicas, características físicas do espaço e informações históricas do palacete, Felice criou digitalmente quatro instalações inéditas: Zig Zag De Quatorze Triangles, Doubles Cercles Concentriques, Sept Arcs De Cercles e Douze Petits Disques Dans Le Grand - que ocupam fisicamente a fachada exterior e três salas expositivas do Instituto. É a arte entre a realidade e o espaço ficcional, propondo ao público um convite para escapar da cidade pelas frestas do tempo.

Megaobra A RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA PRAIA CENTRAL DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ, ESPERADA HÁ DÉCADAS E AGORA CONCRETIZADA, TROUXE REVITALIZAÇÃO PARA O PRINCIPAL CARTÃO-POSTAL DA CIDADE.

A retirada dos tubos utilizados na obra de recuperação da Praia Central de Balneário Camboriú começou a marcar uma nova etapa na história da cidade. No total, 440 tubos de 12 metros cada foram utilizados na obra, tanto na linha aquática, que trouxe a areia nova da draga Galileo Galilei até a orla, quanto na tubulação usada na praia. Os acabamentos da obra, que são a terraplanagem, ajuste de degraus e a aeração da areia determinaram a conclusão desta megaobra na faixa de areia. Uma transformação que traz mais conforto e segurança aos frequentadores da praia e devolve à orla as condições do passado.

Este processo determinou a recuperação da faixa de areia, que passou de 25 metros de largura, em média, para 70 metros. A praia central tem 5,8 km e a areia veio de jazida a 15 km da costa. A obra de proteção estrutural da orla vem sendo debatida desde os anos 1990. Numa retrospectiva de todas as etapas desta megaobra um plebiscito em 2001, acompanhado pelo TRE/SC, apontou que 71% das pessoas manifestadas na época foram favoráveis ao alargamento da raia central. Apenas em 2018, depois da concessão da LAP, estudos são contratados em cumprimento com as 42 condicionantes. Em 15 de dezembro de 2020 a autorização da Licença Ambiental de Instalação (LAI) da recuperação da faixa de areia da Praia Central de Balneário Camboriú inicia efetivamente uma importante etapa da transformação da orla da cidade. Apenas três dias depois aconteceu a assinatura do contrato com o Consórcio DTA / Jan De Null, vencedor da licitação e a Draga Galileo Galilei começou o preenchimento em 22 de agosto de 2021.

A última descarga da draga aconteceu em 31 de outubro e a entrega oficial da nova orla da Praia Central, no dia 04 de dezembro, coincidiu com o início da temporada oficial de verão na cidade. “Está todo mundo de olho na nossa nova Praia Central, e por esse, e outros tantos motivos, essa temporada de verão promete ser uma das melhores da história de Balneário Camboriú. Muito feliz em fazer parte desse momento e ver nossa amada cidade prosperar cada vez mais!”, declarou o prefeito de Balneário Camboriú, Fabricio de Oliveira. Um projeto de anos e uma obra histórica para a cidade.

Alargamento faixa de areia de Balneário Camboriú, por João Acácio Gomes de Oliveira Neto, presidente da DTA Engenharia, líder do consórcio responsável pela obra.

A média da faixa de areia da praia passou de 25 para 70 metros. O que significa em termos de desenvolvimento da cidade e também econômicos

A praia é um valioso equipamento de esporte e lazer para a população. Essa praia com o tempo teve a sua faixa de areia diminuída, quer pela ação natural do mar sobre a costa em decorrência do aumento do seu nível, quer pela urbanização costeira. Uma boa praia atrai mais moradores, turistas e esportistas, impulsionando a cadeia econômica. Se Balneário Camboriú já crescia de forma marcante, crescerá ainda mais com essa nova praia!

As características da praia recuperada são muito próximas da praia original, com batimetria de 1 para 40, ou seja, a cada 40 metros para dentro d’água, a profundidade aumenta 1 metro. Esse cuidado é um indicativo de uma obra com sustentabilidade?

O projeto previu uma declividade natural que se estabiliza pela ação das ondas e correntes marítimas. A granulometria da areia também é fator relevante, outro cuidado do projeto para manter a areia estabilizando a praia.

A nossa experiência permite garantir que essa praia será perenizada nessa condição favorável à sua balneabilidade, vale dizer: projeto sustentável!

O alargamento vai trazer a proteção da orla contra o avanço das marés e a criação de espaços privilegiados. De que maneira essa premissa norteou os estudos e determinou um projeto que prevê a qualidade de vida e bem-estar?

Essa é uma engenharia sofisticada que poucos conhecem no Brasil e no mundo. Uma coisa é um projeto teórico, onde vale a frase de que “papel aceita tudo”. Outra coisa é a obra, onde a experiência e as técnicas de execução determinam o sucesso. Esse conjunto de expertises e equipamentos de porte adequado permitem obter-se o resultado almejado. Uma draga desse porte é caríssima e o uso é sempre super-planejado para quando chegar à obra todos os equipamentos e acessórios estejam instalados. Nosso time é especialista nesse tipo de obra e tudo ocorreu muito bem e dentro do cronograma! Obra boa e que dá resultado é obra rápida!

Apesar de existir a expectativa de que o sombreamento seja resolvido, esse não é necessariamente o objetivo da obra. O alargamento vai contribuir em que escala para a redução das ressacas?

R: A obra não visa acabar com o sombreamento, mas irá atenuá-lo. Quanto às ressacas, esse “colchão” de areia irá amortecer muito essa energia das ondas, protegendo sobremaneira a costa das ressacas. Esse é um outro grande impacto positivo dessa obra! Enfim, a relação custobenefício é excelente para BC ter optado por essa obra de recuperação! As respostas virão rapidamente!

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