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Residente do armário

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Darwen Cohen

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—O senhor pode arrumar suas coisas e ir embora imediatamente — disse o gerente. Olhava à parede logo atrás de Todeílton por medo do que pudesse encontrar em seus olhos. — O senhor não se adaptou ao regime de serviço e tem tomado atitudes meio estranhas nos últimos meses. Está assustando os outros empregados.

— Mas eu tenho trabalhado bem, senhor. Pelo amor de santo Antônio! Não posso ir para casa desempregado. Sabe o que vai acontecer?! Meu papai vai me matar!

— Lamento. Não posso pôr em risco toda uma empresa diante de suas, digamos, “manias”. — O gerente fez aspas com os dedos no ar. Para a percepção de Todeílton soou como puro escárnio. E, de repente, um horror ancestral adormecido despertou-se rubro nos olhos. Era a pura crueldade. Injetaram-se de sangue. Em seguida, pegou a cadeira giratória em que estava sentado e fez dela um martelo, esmagando o crânio do gerente no primeiro golpe. Era como se não houvesse osso, apenas pele rompida pelo metal. A sala havia adquirido uma nova decoração: paredes vermelhas com pedaços de miolos sobre os móveis. Belo. — Vamos molenga! — disse Todeílton rindo-ainda temos um andar inteiro pela frente.

Darwen Cohen: prefiro não falar sobre mim. Pode soar pior que uma história de horror, justamente por ser real. Brincadeira! Como a maioria dos escritores, Enredei por essa via obscura e obtusa desde cedo. Tornou-se parte fundamental. Desde as primeiras vezes que vi a morte de perto entendi a importância da literatura em mim. Não sou ninguém sem a escrita.

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