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Ritual
Ritual Felipo Bellini
”As sombras são mais intensas do que você pode imaginar, vá em frente e me mate, mas saiba que agora não pode mais voltar atrás.” Aquela palavras ecoaram venenosas pela cripta. Quem falava era alguém de estatura mediana, que encobria a palidez de seu magro e marcado rosto com um capuz como escondia a alma dos fantasmas que o assombravam. Aos seus pés ele via corpos mortos, silenciados pela arma que apontava para seu peito. Ele sabia que sua vida estava por um fio, que a pessoa a sua frente descarregaria a pistola, rasgando seu corpo e tirando sua vida sem o menor ressentimento, mas aquilo não era nem de perto o mais macabro da noite, e por isso falou aquelas palavras.
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Pelas paredes, de extremo a extremo subiam ossos humanos, ao centro um altar do mais negro mármore elevava as imagens do anticristo, enquanto sob seus sapatos ele sentia o sangue que escorria de seu pulso, se misturando ao sangue dos mortos ao chão e ao do homem que lhe apontava a arma, completando o ritual.
— Já esta feito? — a voz saiu esganiçada junto a um sorriso doentio. — O que está feito está feito, sei que serei cobrado no inferno e já sinto minha alma se misturando a do demônio, mas entre nós, serei o único a apreciar de nossa troca! E mais um estampido estourou naquela cripta, mais um corpo caia e o demônio se gabava de sua troca.
Felipo Bellini: nascido em Santa Maria, RS, veio ainda bebê para Natal no RN, estudante e apaixonado por textos de ficção, literatura brasileira e RPG, sempre esteve envolvido em grupos de proximidades literárias, do teatro e da música, como atualmente participa de grupos de troca de livros e estuda no Cefet-RN. Contato com o autor: familiabellini@gmail.com.