1 minute read

Laika

Emanuel R. Marques

OCadillac preto deixava um rasto de fumo que impedia que alguém pudesse ver o trágico bailado no banco traseiro. A rapariga do vestido ensanguentado aceitava alegremente a desgovernada velocidade e o seu cabelo descrevia afinidades com o vento quente da região.

Advertisement

Ele sabia que não deveria olhar directamente para trás, pois ouvira contar demasiadas vezes a história daquela aparição. Pelo retrovisor, percebeu a esguia silhueta que dançava, de pé, e pode ver os traços escarlates do seu vestido. Pobre criatura. Ninguém soubera ao certo quem fora responsável pela sua desgraça. Especulavam-se homens, espíritos e até extraterrestres. Ninguém conhecia ao certo as suas intenções, se vingativas, protectoras, reveladoras, benéficas ou maléficas, mas as lendas em seu torno agradavam a todas as teorias. Ele não acreditava em fantasmas, por isso tentava ignorar o seu espectral passageiro, mas a sua cadela, Laika, conhecia bem aqueles seres, e ladrava desenfreadamente.

Deste dia em diante, nunca mais a enigmática figura foi avistada. O mistério continua… ainda maior....

Emanuel R. Marques: nascido em Aveiro, Portugal. Formado em Comunicação Audiovisual. Autor do livro de contos “Sui Generis-Contos DeMentes” e do livro de poesia “Madrugadas indefinidas”. Colaborações/contos nas revistas “Miasma” (Espanha), “Gótica” (México), Juvenatrix (Brasil), Lama (Brasil), Revista da editora Alma Azul “O mal” (Portugal) e “Abismo Humano” (Portugal). Contacto com o autor:sumesest@hotmail.com.

This article is from: