Boletim Água Quente - Número 7

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boletim

Informativo do Projeto Água Quente Número 7 São Carlos, Maio de 2008

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Água Quente E

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Editorial

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Comunicados

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Folia de reis

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Lixo e Reciclagem

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Requalificação Ambiental

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Ipê

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Plantio Urbano

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Seminário Petrobras

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Dengue

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Cooperativas

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Encontro de Grupos

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Seção Escola

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TV Comunitária

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Divirta-se

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Fala-Povo

1° Plantio Urbano:

Arborizando as ruas da bacia

No início de 2008, o Projeto Água Quente deu início a uma nova ação: a arborização urbana. NesParticipantes plantando te primeiro momento o plantio ocorreu nas calçadas e quintais da Av. Paulo VI, com a participação dos agentes comunitários do projeto e de moradores da avenida e das proximidades. Além do plantio também foram distribuídas mudas de árvores e boletins comunitários aos passantes interessados. No futuro esta atividade será reproduzida em outras regiões da Bacia. (Pág. 8)

Questão urbana: Lixo e Reciclagem

São Carlos produz em média 150 toneladas por dia de lixo. Desse volume, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, aproximadamente 30% a 40% é material reciclável. A destinação correta do lixo urbano é um problema enfrentado pelas Catador de reciclaveis grandes cidades, mas existem maneiras para contribuir na diminuição da poluição e a degradação do meio ambiente. (Pág. 05)


Boletim Água Quente no 7

Editorial

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lguns meses depois, estamos nós aqui de volta. Engajados que somos na tentativa de agrupar pessoas, na procura de constituir um veículo de comunicação que contribua para articular os moradores da bacia hidrográfica do Córrego da Água Quente. Para aqueles leitores atentos, de

fato o boletim passado saiu como número seis e era o sexto, e este sairá como número sete e é o sétimo, dizemos isso porque o primeiro boletim foi o número zero e, portanto, o sexto deveria ter sido o número 5, no fim, erramos o número e acertamos a conta... No momento nos encontramos em um período pré-eleitoral, em que sabidas disputas passam a ficar mais visíveis no dia a dia de

PROJETO ÁGUA QUENTE Equipe Executora Coordenadores Daniel Marostegan e Carneiro Renata Bovo Peres Estagiários Adriana Keiko Nishida Costa Anna Kuhl Raphael Ricardo Zepon Tarpani Parceiros Projeto Brotar Projeto CESCAR Contatos Site do Projeto: http://aguaquente.teia.org.br e-mail do Projeto: aguaquente@teia.org.br

Educadores Ana Laura Herrera Audrey Fernandes Magaly Marques Paola Maia Lo Sardo Sara Monise de Oliveira Thais Troncon Rosa Apoio Acquavit COMDEMA São Carlos Prefeitura Municipal de São Carlos TEIA - Casa de Criação www.teia.org.br Fone/fax: (16) 3376-3110 Rua Rui Barbosa, 1950, Cep 13560-330 Vila Elizabete - São Carlos/SP

Organizações Participantes Catequese Madre Cabrini, Coopercook, Cooperlimp, Coral Rosa Mística, EMEI Otávio de Moura, Grupo de Coroinhas da Igreja São Francisco de Assis, Grupo Sagrado Coração de Jesus, Aprendiz Grupo de Mães, Catequese da Igreja São José Operário, Grupo de Oração da Capela Santa Luzia, Pastoral da Sobriedade, Poetas Anônimos, Projeto Meninos do Aracy, Projeto Social Dona Marízia, Resgate Social.

Boletim Água Quente Elaboração/textos: Ana Laura Herrera, Anna Kuhl, Audrey Fernandes, Daniel Marostegan e Carneiro, Gabriel De Santis Feltran, Magaly Marques, Paola Maia Lo Sardo, Renata Bovo Peres, Sabrina Maria de Amorim e Alunos das 8as séries da E.M.E.B. Artur Natalino Deriggi, sob a orientação da professora Pietra Mori. Edição: Anna Kuhl, Audrey Fernandes, Daniel Marostegan e Carneiro Imagens: Anna Kuhl, Daniel Marostegan e Carneiro, Juliana Soares, Rafael Rolim, Sabrina Maria de Amorim e Arquivo Pessoal – Asenildo Elisiário da Silva Autor da Tirinha: Silveira Neto Retirado do site: www.eupodiatamatando.com

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Revisão de Textos Carlos Alberto Gebara e Marta Maria Fuzato Produção gráfica e diagramação Beto & Guto Sguissardi olivreirope@gmail.com Tiragem 7.000 exemplares

todos. Pensando nisso, achamos importante marcar uma posição aqui, já que estamos conscientes da proporção política que envolve nossa ação comunicativa. De fato nossa atuação é política, o que não significa que seja partidária. Consideramos que todas as ações humanas são necessariamente políticas, e o importante é conseguir diferenciar, analisar e se posicionar perante os avanços

e retrocessos que envolvem nossa sociedade. Não podemos aceitar que violência, pobreza, desigualdade social, emprego, renda, injustiça, saúde, educação, meio ambiente, sejam tratados como assuntos separados, quando na realidade fazem parte de um mesmo sistema, que pretende manter cada um “em seu devido lugar” para o privilégio de poucos e o prejuízo de muitos.

Caso você, ou seu grupo, tenha interesse em indicar um ponto de distribuição do boletim, ou queira contribuir para a produção dos próximos conteúdos, entre em contato com a gente.

Reality show

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amos supor, você está no Nordeste, você chega. Eu tenho quatro ou cinco cômodos, ou eu tenho um quintalzinho. Você chegou do Ceará, você não tem emprego, você não tem condições de pagar aluguel pra uma família. Que acontece? A gente acaba dizendo: “- você pega uma madeira, uma coisa. você constrói um quartinho e um banheiro, você vai morando. Depois, quando você tiver uma “condições” melhor, você acaba indo pra outro lugar”. Mas isso não acaba. A família acaba morando junto. Aí depois, vai pegando material e vai construindo, e isso vai ficando na favela. Só que depois a família vai crescendo, acaba casando, acaba tendo filho. Você acaba construindo em cima de sua casa para que seu filho more lá, e assim a gente vai ficando... eu costumo dizer que aqui na fa-

vela nós partilhamos tudo, até aquilo que não temos, que é espaço. (...) Se você me pergunta quem são essas pessoas que moram na favela, a maioria são pessoas que ganham um salário mínimo, que não tem condições de sair daqui pra nada, que o que ganham, mal dá pra comer.◉ [Silmara, favela Maria Cursi, zona leste de São Paulo]. Esta coluna traz, a cada número do Boletim Água Quente, um trecho de narrativas contemporâneas das periferias das cidades obtidas por Gabriel de Santis Feltran, pesquisador em ciências sociais. Contato: gabrielfeltran@gmail.com.br


Maio de 2008

Comunicados

Conheça a Oficina Cultural de São Carlos A Oficina Cultural Regional Sérgio Buarque de Holanda, que leva o nome em homenagem ao historiador e ensaísta Sérgio Buarque de Holanda, foi inaugurada em novembro de 1990. Dispõe em sua estrutura de ateliês, laboratório fotográfico e auditório. Todos os meses a Oficina oferece palestras, oficinas, workshops e exposições. No momento, a Oficina esta com inscrições abertas para workshops na área de teatro e artes visuais e oficinas na área de literatura. A partir do dia 10 de junho estarão abertas as inscrições para os Cursos de Férias. Mais informações: 16 3372-8882 – Rua São Paulo, 745 Centro – segunda a sexta-feira das 13 h às 21 h 30 e aos sábados das 13 h às 18 h – www.assaoc.org.br

Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda

Arraial Araciense Dia 12 de julho, a partir das 20h, será realizado no Salão de Festas da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, o Arraial Araciense. Barraquinhas, comida típica, bandeirinha e muito mais. A Igreja Guadalupe fica na Rua Hilário Martins Dias, no. 305, Cidade Aracy I. Prestigie!

Curso de Geração de Renda para Organizações Comunitárias O curso apresentará uma visão geral sobre como estruturar um processo de geração de renda, abordando temas como: contabilidade, organização comunitária, plano de negócios e planejamento. Dia 6 de julho, domingo, das 14 h às 17 h na Escola Janete Lia. O curso será gratuito e as inscrições deverão ser feitas na Teia. Tel 3376-3110.

Arborize a sua rua! Após o Evento “Arborizando as Ruas da Bacia”, muitos moradores ficaram interessados em “adotar” uma árvore também. Se você ainda não adquiriu a sua, retire no Horto Florestal de São Carlos de segunda à sexta-feira das 7h30 às 10h30 ou das 13h às 15h que fica na Estrada Guilherme Scatena, perto do Parque Ecológico. As mudas são gratuitas. Dúvidas entrem em contato com o Horto através do 16 3361-8081.

Cursos Abertos ao Público Uma dica para quem deseja realizar cursos rápidos são os cursos de Corte e Costura e Alimente-se Bem oferecidos pelo SESI (Serviço Social da Indústria), com turmas abertas em todos os meses. Alguns cursos são gratuitos e outros, com preços acessíveis a toda população. Os cursos, na grande maioria, iniciam toda primeira semana de cada mês e tem duração de um mês, geralmente uma vez por semana. Para saber mais você pode entrar em contato através do 16 3368-7133 ou na própria unidade na Rua Coronel José Augusto de Oliveira Salles, 1325 – Vila Izabel.

http://aguaquente.teia.org.br

Site Projeto Água Quente atualizado! O site do Projeto Água Quente já se encontra com informações fresquinhas sobre o projeto, seus agentes, equipe, grupos, últimas notícias e muito mais. Divulgue entre seus amigos e comunidade. Visite! Opine! Afinal, precisamos da sua opinião para manter a nossa comunicação atualizada.

Errata:

1. Em nossa última edição, ficaram faltando os créditos das imagens da matéria do plantio em parceria com o Brotar. Estas imagens foram feitas por Camila de Carvalho Alves. 2. Na matéria sobre rádio comunitária, ficou faltando o crédito a Henrique Ferraz, que colaborou na elaboração deste material.

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Boletim Água Quente no 7

Folia de Reis, fé e cantoria

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folia de reis é uma manifestação religiosa popular de origem pagã, trazida ao Brasil pelos portugueses. A comemoração ocorre entre o final e início de cada ano, tendo como ponto culminante o dia 6 de janeiro, quando se comemora o dia dos Santos Reis. Essa festa mistura fé, danças, encenações, cantorias, violas e declamações de trovas. São grandes encontros com comes e bebes em que os fiéis louvam o Menino Jesus e a Bandeira da Folia, fazem e pagam promessas. Geralmente, o peditório (visitas às casas para pedir donativos) começa no dia 24 de dezembro e termina no dia 6 de janeiro. Em algumas regiões, é comum chamar o evento de Folia de Reisado, com algumas outras diferenças nos personagens, nomes e cantorias. Em São Carlos, existe um grupo que todos os anos manifesta sua fé por meio da Folia de Reis, o Grupo Estrela Guia. Começou em 1986, quando o atual mestre embaixador da Folia de Reis, Seu Asenildo Elisiário da Silva, substituiu o antigo mestre que havia falecido e assumiu a responsabilidade de cumprir as promessas deixadas por seu antecessor. Juntou amigos e parentes para realizar os peditórios, cantar

os versos e levar a bandeira da folia. Filho de uma família de violeiros, o mestre embaixador é cantador de versos desde os nove anos, quando a folia passou em sua casa, em uma fazenda na região do rio Mogi. Seu filho, André Artur da Silva, também é embaixador da folia. Seu Asenildo admite que a Folia de Reis é uma manifestação cultural, mas para ele é uma tradição religiosa levada com muita fé. As peregrinações do Grupo Estrela Guia geralmente se iniciam no primeiro sábado de setembro e seguem até o dia 6 de janeiro, sempre aos sábados, totalizando 12 eventos. Começa cedo, pois foi a maneira como a tradição se adaptou à correria do dia-a-dia dos peregrinos, que trabalham e às vezes fazem apresentações em outros lugares. Normalmente, tem início por volta das quatro horas da tarde do sábado e vai até o amanhecer. O primeiro dia é o mais longo, e a bandeira e os instrumentos ficam em uma casa escolhida e avisada. As demais casas recebem a visita de surpresa. A folia passa por vários locais da região - uma vila na usina Tamoyo, nas cidades de Bocaina, Araraquara, Américo Brasiliense, Santa Lúcia e por

O bastião, palhaço da folia, durante as cantorias.

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aí afora. Em São Carlos, a cidade inteira é percorrida. Cerca de 400 famílias são visitadas, numa média de 15 a 25 casas por noite. Os versos cantados durante as visitas são improvisados e com diversos temas: acordar a família, fazer saudações, pedir donativos, fazer pedidos e agradecimentos. Cada casa tem seu costume e seus santos de devoção, aos quais os versos se adequam. O mestre embaixador canta na frente, seguido pelo embaixador, primeira voz e segunda voz, contra-mestre e músicos que tocam diversos instrumentos, entre eles agogô, viola, violão, caixa, pandeiro, afoxé, zabumba e cavaquinho. Os palhaços, ou bastiões (como são chamados na região), são os únicos fantasiados, com uma farda diferente do resto do pessoal, própria do grupo. No interior paulista, os bastiões representam os reis magos. Por isso, não podem ser reconhecidos, não devem mostrar o rosto nem ter a identidade revelada, a não ser em frente a um presépio, pois encenam a fuga dos reis magos que se disfarçaram de mendigos para não serem pegos pelos guardas do rei Herodes. São guardiões da bandeira e levam facão e espada para

se defender. Em outras regiões, os palhaços têm outros nomes, como marungo ou alferes, e podem ter outras representações. Em alguns locais do norte, por exemplo, os palhaços personificam os soldados de Herodes, e não os reis magos. Para definir quem é quem na folia, é preciso aprender e se preparar durante as peregrinações. Para poder assumir outros cargos, não há uma hierarquia rígida quanto à idade: um jovem pode ser mestre embaixador, se estiver preparado. No terceiro domingo de setembro, também acontece o Encontro Regional da Folia de Reis na cidade de São Carlos. Vale a pena prestigiar!

Folia de Reis na Bacia No Bairro da Cidade Aracy, existem grupos de Folia de Reis, que estão parados no momento. Na 1° edição do Projeto Água Quente, havia a participação do grupo Estrela do Oriente, representado pelo Seu Antonio e sua esposa Elvira. Existe também o grupo do Seu Benedito, que se apresentou no último Encontro Regional de Folia de Reis.

Mestre Embaixador e os músicos cantam os versos.


Maio de 2008

Lixo e reciclagem

Vamos reciclar o lixo Um fato muito importante é reciclar o lixo. Mas como reciclar, e o que é que se pode reciclar? Muitas pessoas já estão reciclando, mas às vezes de maneira inadequada e sem nenhum cuidado e higiene. Então vamos aprender como? Primeiro, vamos separar o lixo: papel, plásticos, latas, vidros, descartáveis, pilhas e até baterias. Latas, vidros, garrafas pet devem ser bem lavadas antes de ir para o lixo. Por quê? Porque senão atraem e juntam insetos, ratos e até o mosquito da dengue. Não vamos mais poluir o meio ambiente com esses lixos que podem ser reaproveitados e que geram renda para muitas pessoas que estão desempregadas e vivem dessa reciclagem. Nós devemos cobrar dos órgãos públicos a coleta seletiva de lixo reciclável, pois ainda é um projeto que esta engatinhando nos meios públicos. Enquanto não se tem a coleta seletiva, vamos separando o lixo, pois sempre tem quem vem apanhá-lo. Vamos contribuir para a melhora do nosso planeta, pois afinal, é aqui que vivemos. Então, vamos reciclar. *Texto produzido por Sônia Maria F. de Paula, agente do Projeto Água Quente

Catador de recicláveis

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m praticamente todos os produtos que consumimos nas nossas ações diárias existe a produção de resíduos. Dessa forma, quanto mais consumimos maior será o volume de resíduos produzidos. O destino de todo este resíduo produzido é um grave problema ambiental, que atualmente não temos condições de resolver. O máximo que temos condições de fazer hoje é: primeiro - diminuir a produção de resíduos, consumindo menos e evitando o uso de materiais descartáveis; segundo – reaproveitar o resíduo, utilizando mais de uma vez todo tipo de material descartável e optando pelo uso de materiais duráveis; terceiro – reciclar os resíduos, o que normalmente depende de uma estrutura industrial e que, portanto, dificilmente po-

demos fazer em casa. São considerados RESÍDUOS RECICLÁVEIS aqueles que: podem ser transformados; que têm mercado e; que têm valor econômico. Para citar um exemplo, fraldas descartáveis que levam aproximadamente 450 anos para se decompor, são recicláveis (visite www.knowaste.com), mas no Brasil não há essa tecnologia (ainda) e nem um destino alternativo nos lixões e aterros sanitários para fraldas descartáveis. Logo, fraldas descartáveis no Brasil não são resíduos recicláveis. Este exemplo também é bom para demonstrar que não há “receita de bolo”, o que fazem no Japão é diferente do que fazem no Canadá, que é diferente do que podemos fazer em São Carlos. Devemos ter coerência com a realidade, isto é, a reali-

dade social, ambiental e econômica local. Deixamos aqui algumas dicas que servem para pensarmos sobre, e então, começarmos a mudar algumas atitudes nossas, dentro de casa, na rua, na escola ou no trabalho: • Reduzindo o desperdício: comprando produtos com menor quantidade de embalagem, pegando o mínimo possível de sacolinhas plásticas no mercado e tendo uma caneca em mãos para não usar copos descartáveis, já diminuímos a quantidade de resíduos que produzimos; • Reutilizando materiais: garrafas PET para fazer vasos ou guardar óleo de cozinha que não deve em hipótese alguma ser jogado em ralos ou pias, e posteriormente entregar em alguma instituição

que receba para a produção de sabão caseiro; • Separando recicláveis para a coleta seletiva: armazenar apenas materiais limpos é o mais importante como latas de molho, caixinhas de leite e outros. Sacos plásticos como de arroz, feijão, sal, etc são recicláveis. Se ficar na dúvida coloque na reciclagem, as pessoas que trabalham com isso separam depois. Uma informação importante, caso no seu bairro ainda não tenha a Coleta Seletiva, combine com algum catador a entrega do material. Desta forma, o material separado não ficará na sua lixeira na calçada, correndo o risco de ser misturado com resíduos não recicláveis. Reciclar não é difícil, basta se acostumar!! O meio ambiente e os catadores agradecem! 5


Boletim Água Quente no 7

Um exemplo de requalificação ambiental Córrego Tijuco Preto

O que é requalificação? É a transformação de um lugar para que ele possa ter um novo uso, uma nova utilidade. Por exemplo, uma área verde abandonada que vira uma praça ou um parque, um casarão velho que vira um centro cultural.

O

córrego Tijuco Preto, localizado no centro de São Carlos, apresenta diversos problemas ambientais como: áreas de inundações, depósitos de lixo e entulho, travessias precárias de carros e pedestres, nascentes canalizadas, desmatamentos, vazamentos de esgotos e falta de espaços de lazer. Esses problemas são conseqüências do modo como a cidade foi crescendo, não considerando a presença dos rios e os escondendo sempre que possível. Atuando pela transformação de parte desses problemas, o Ministério Público exigiu uma proposta da Prefeitura Municipal para a melhoria ambiental das margens

do Tijuco Preto. A partir disso, foi desenvolvido um Projeto de Requalificação Ambiental para uma parte do córrego que vai da nascente até a Rua Rui Barbosa, chamado PróTijuco. Diversos setores do município participaram deste projeto: Poder Público, Universidade de São Paulo, Empresas, Organizações Não Governamentais e também alguns moradores locais. A idéia do Projeto foi a transformação desta área em um Parque Linear com ciclovias, passeios de pedestres, espaços de lazer, iluminação, bancos, plantio de árvores, áreas de retenção de água etc. Esta idéia valoriza o córrego Tijuco Preto e afasta a possibilidade da construção de avenidas marginais muito próximas às suas margens, algo proibido pelo Código Florestal brasileiro mas muito praticado ao longo dos anos. Deste Projeto, apenas o trecho onde o córrego estava enterrado foi executado, entre as ruas Monteiro Lobato e Totó Leite. Para esta primeira intervenção foi exigido que toda a parte tamponada

do córrego fosse aberta, buscando deixá-lo mais próximo do seu estado anterior. Foi proposto então um canal aberto e pesquisadas técnicas de menor impacto ambiental, chamadas Ecotécnicas. Para isso foram utilizados materiais como madeira, pedras e biomanta com hidrossemeadura. Esta parte do projeto executivo foi desenvolvida pela empresa Silva Leme Engenharia e pela organização Teia – Casa de Criação.

Biomanta é uma manta de fibra natural (sisal ou coco) que impede a erosão das margens do córrego no início da obra. Hidrossemeadura é um jato em alta pressão de um líquido constituído por sementes, fertilizantes químicos, orgânicos e colantes naturais. Para quem quiser saber mais informações sobre este Projeto, entrar em contato com Renata ou Eduardo na Teia, 3376-3110, teia@teia.org.br.

Vista atual da área

Agentes visitam Córrego Tijuco Preto Em 2005 os Agentes do Projeto Água Quente foram conhecer a obra com o engenheiro responsável Paulo Silva Leme, que explicou toda a tecnologia utilizada. Esta proposta é considerada um exemplo muito positivo para a cidade e para o meio ambiente, pois utiliza materiais mais sustentáveis e ecologicamente corretos. Além disso, pretende transformar uma área abandonada, escondida e evitada em um local agradável de lazer e convívio. Mas ainda há muito o que fazer para a finalização de todo Parque Linear pensado. É muito importante que os moradores locais conheçam, se aproximem da proposta e se envolvam com a continuidade deste processo para que a requalificação seja realmente implementada. Agentes do Projeto Água Quente visitando a obra do Tijuco com o Engenheiro Paulo Silva Leme.

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Maio de 2008

Ipê: a árvore de muitas cores N

o inverno, é fácil encontrarmos nas ruas de São Carlos árvores floridas e muitas delas são os ipês carregados de flores amarelas, roxas, rosas ou brancas. O ipê é uma espécie de árvore que produz farta floração nas mais variadas cores e com uma madeira dura e resistente. Para se plantar um ipê deve-se saber que ele é espaçoso e algumas espécies, como o ipê-roxo, pode chegar a até 30m de altura e ter copas frondosas chegando a ter cerca de 5 m de copa. É uma espécie que pode ser utilizada para arborizaçao urbana, principalmente pelo fato de possuir raiz piovante, ou seja, raiz central para baixo, o que contribui para que as calçadas não sejam danificadas. Mesmo assim é recomendada para plantio aonde haja bastante espaço para cima, ou seja, locais sem perigo de atingir redes elétricas e que não tenha calçadas estreitas, sendo esta uma espécie mais indicada para quintais e praças. Os ipês costumam florir depois de 05 anos do plantio da muda, se bem cuidado, sem podas drásticas, cortes no tronco e desde que

esteja em solo fértil, com boa oferta de água e nutrientes.

Floração Na época de floracão perde totalmente as folhas para dar lugar às flores das mais variadas cores. De julho a setembro florescem e de setembro a outubro frutificam. Porém, isto também depende do tipo do ipê. Os diversos tipos de ipê recebem os nomes conforme as cores de suas flores ou madeira, como ipê-roxo, ipê-amarelo, ipêbranco e ipê-rosa. O ipê-roxo é o primeiro a florir no ano. As flores por sua exuberância atraem abelhas e pássaros, principalmente beija-flores que são importantes agentes polinizadores. Os ipês, assim como muitas outras espécies, além da função paisagística, principalmente em arborizações urbanas, proporcionam benefícios a todos, como a proteção contra ventos, a diminuição da poluição sonora, a absorção de parte dos raios solares, o sombreamento, a ambientação a pássaros e a absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos.

Ipê Branco

Curiosidades do Ipê • O ipê foi considerado a Árvore Nacional Brasileira até 1978, antes da lei no. 6507 declarar o Pau-Brasil; • Possui propriedades medicinais, principalmente sua casca; • É apreciado pela qualidade de sua madeira que é resistente ao apodrecimento e por servir para fins ornamentais e decorativos; • Tem a madeira preferida por músicos na fabricação de arcos de violino; • O ipê é da Família Bignoniaceae, nativo da região que vai do norte do México até o norte da Argentina; • Tem origem no cerrado e por este motivo não precisa de muita água, apenas no começo do seu plantio; • Em tupi-guarani ipê significa “árvore de casca grossa”. Ipê Amarelo

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Boletim Água Quente no 7

Projeto Água Quente realiza seu 1o Plantio Urbano a Prefeitura através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia que forneceu os tutores de proteção para as mudas e o Horto Florestal que doou parte das mudas.

O acompanhamento das mudas plantadas

Agentes entregam muda para moradora

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o dia 16 de fevereiro, o Projeto Água Quente realizou seu primeiro plantio em área urbana. Um pouco diferente dos outros plantios realizados pelo Projeto, para a realização do plantio nas ruas, a equipe e os agentes comunitários do Água Quente realizaram entrevistas com moradores da Avenida Paulo VI e travessas, no Jardim Cruzeiro do Sul, para informar e levantar os interesses em plantar árvores em frente às suas casas, estabelecimentos comerciais ou até nos quintais. Verificaram também os possíveis locais de plantio e as espécies adequadas junto com os moradores, para que todos conhecessem as principais regras da arborização urbana de forma que as árvores, com o passar do tempo, não causem problemas tais como atrapalhar a passagem de pedestres, não atinjam as redes elétricas, de água e esgoto, assim como não escondam as placas de sinalização, o que poderia causar acidentes e preocupações. A ação buscou e contou com a participação de diversas pessoas da comunidade, principalmente 8

dos moradores da própria avenida, os quais literalmente “adotaram” as mudas que foram plantadas, tomando para si a responsabilidade de cuidar delas, aguando-as e protegendo-as. No mesmo dia foram distribuídas mudas para os moradores de outras ruas interessados em plantar em suas casas. Dentre as espécies de árvores plantadas e distribuídas estavam os famosos ipês, símbolo nacional, resedás brancos e roxos, caliandras e flamboianzinhos. Também plantaram e distribuíram árvores frutíferas como amoreiras, pitangueiras, goiabeiras e tamarindeiros. Em cada árvore plantada foi colocado um tutor para proteção e condução, junto com uma placa informativa que apresenta o nome popular da árvore para que todos possam reconhecê-las. No total, 80 mudas foram plantadas nas calçadas e mais de 100 distribuídas. A ONG Ramudá que tem experiência em arborização urbana na cidade de São Carlos por desenvolver o “Projeto Rua Viva”, auxiliou na ação desde o planejamento até a execução. Outra parceira foi

A atividade não termina com o plantio, pois a parte mais difícil começa após o plantio. Por esse motivo o Projeto Água Quente está acompanhando o desenvolvimento das mudas, auxiliando os moradores, trocando informações importantes, tirando dúvidas, ajudando com as podas de condução das mudas e com o controle de formigas e fungos que podem acometê-las. A poda no início do desenvolvimento das mudas é

Agente preparando local para plantio

muito importante, pois a situação ideal é conduzir a árvore desde jovem, quando tem maior facilidade de regeneração e cicatrização, orientando seu crescimento para adaptar-se ao espaço: calçada, fiação, placas, toldos, etc. Em levantamento realizado pelos agentes comunitários do projeto, verificou-se que as mudas, 3 meses depois do plantio, estão em ótimas condições devido a atenção e aos cuidados dos moradores e da comunidade em geral em aguá-las e até protegê-las com a construção de cercados. A participação dos moradores na manutenção das mudas está sendo, e sempre será, essencial para o sucesso da ação de arborização urbana estimulada pelo Projeto e realizada pela comunidade da Bacia do Água Quente.


Maio de 2008

IPTU Verde Em São Carlos, a nova lei do IPTU oferece a possibilidade de descontos no valor da anuidade. Um incentivo econômico para o benefício ambiental de forma que todos os moradores que tiverem árvores na calçada em frente à residência e/ou quem possuir áreas permeáveis no terreno de sua casa (jardins e gramados, por exemplo) poderão solicitar descontos no IPTU. O requerimento de desconto do IPTU Verde deverá ser solicitado até o final de 2008 para que seja inspecionado pela Prefeitura e abatido do IPTU 2009. O contribuinte pode requerer o desconto pela internet, acessando o endereço www.saocarlos.sp.gov.br ou diretamente nas unidades do SIM (Serviços Integrados do Município), no Centro na esquina das ruas Major José Inácio e Dona Alexandrina ou na Vila Prado na Rua Bernardino de Campos, de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 16h30. A solicitação também pode ser feita na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, na Rua General Osório, 1.138, Centro. Para o preenchimento das informações é indispensável que o contribuinte esteja com o carnê de IPTU em mãos, tanto para a solicitação via Internet quanto nas unidades do SIM e da SMDSCT.

Próxima ação A próxima atividade de MANUTENÇÃO do plantio urbano será realizada dia 21 de junho na Avenida Paulo VI. Além da poda e reposição de mudas mortas ou doentes, estão programadas outras atividades, como oficina de produção de mudas para arborização urbana, doação de mudas, entre outras que serão realizadas na Praça Maraci Cristiane de Nardo. Toda comunidade está convidada a participar.

Placa de identificacão da muda

Poda de Condução Poda de Condução é o nome dado à poda adotada em mudas e árvores jovens com o objetivo de conduzir seu crescimento e adequá-las às condições do local onde se encontram plantadas. Esta ação indispensável pretende ajudar a deixar o tronco das árvores retos e em haste única, livre de brotos e a copa da árvore com seus galhos, elevada acima de 1,80 metros para que não atrapalhe a passagem dos pedestres e dos veículos.

Projeto Água Quente participa de Seminário organizado pela Petrobras

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articipantes de projetos de todo Brasil, reuniram-se no Rio de Janeiro entre os dias 11 e 13 de março para o 3º Seminário do Programa Petrobras Ambiental. O objetivo deste evento foi a integração e a troca de experiências dos 63 projetos que recebem patrocínio da Petrobras para a realização de suas ações socioambientais. O Projeto Água Quente é um desses projetos e está na sua segunda edição iniciada em 2007. Durante os três dias do Seminário houve apresentações da equipe do Programa Petrobras Ambiental e também apresentações de alguns projetos sobre os temas: formação de redes, sustentabilidade, boas práticas adotadas, divulgação e comunicação, educação ambiental, replicabilidade e relacionamento com a comunidade. Os projetos são experiências que vêm trabalhando com diversos tipos de comunidades: populações urbanas, trabalhadores

rurais, professores, pescadores, educadores ambientais etc. A maioria deles, assim como o Projeto Água Quente, trabalham com grupos de Agentes Multiplicadores que atuam como ponte entre projeto, grupos e população em geral, visando expandir conhecimentos e ações para a melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas. Os representantes dos projetos mostraram também uma grande preocupação em não dependerem exclusivamente de um patrocinador e a necessidade de buscarem alternativas para isso, como busca de outros patrocínios e estratégias de geração de renda. A participação em encontros deste tipo é muito importante para o Projeto Água Quente, pois mostra que existem ações parecidas sendo realizadas em diversas partes do Brasil e que podemos levar e divulgar nossa experiência, aprender e trocar coletivamente.

Equipe Projeto Água Quente divulgando o projeto

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Boletim Água Quente no 7

Dengue Parece que o mosquitinho chegou e não quer ir mais embora.

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culpa não é do mosquito. A Dengue é causada por um vírus e esse vírus é transmitido por um mosquitinho chamado Aedes aegypti, que é do tamanho de um grão de arroz. O mosquito pica uma pessoa doente, se contamina e transmite o vírus quando pica outra pessoa. Não se pega com contato íntimo, espirro ou objeto do doente.

Como não existem formas conhecidas de combate ao vírus, devemos combater o mosquito inibindo a sua reprodução, com a colaboração e participação de todos, não só do poder público, mas de todos os cidadãos. Uma vez por semana no mínimo é importante verificar todos os possíveis focos do mosquito transmissor (os criadouros – locais que acumulam água limpa) e removê-los. Os que não puderem ser removidos devem ser limpos ou tratados colocando produtos alternativos como sal grosso, detergente ou desinfetante. Segundo a assessoria de imprensa do Departamento de Vigilância Epidemiológica, São Carlos registrou até o começo de maio deste ano, 16 casos confirmados de Dengue, dos quais 13 foram contraídos em outros municípios e 3 em São Carlos. Durante todo o ano, o Departamento realiza visitas aos imóveis e em pontos estratégicos como borra10

charias, depósitos de ferro-velho e materiais de construção, cemitérios, entre outros. Esta é a forma: prevenir para não ser pego de surpresa! Uma pessoa com sintomas da Dengue, não deve tomar nenhum medicamento, deve procurar imediatamente um posto de saúde para hidrata-

Afirma ela que na homeopatia NÃO EXISTE nenhuma VACINA, nem contra dengue nem qualquer outra doença viral. As vacinas atuam estimulando uma resposta do corpo com produção de anticorpos específicos contra um agente específico. Não existe isto na homeopatia. Segundo ela, a homeopatia, quando praticada correta e adequadamente, atua estimulando a “energia vital” de todo ser vivo estimulando que cada pessoa tenha o seu corpo e mente funcionando regularmente, o que melhora as respostas do corpo a quaisquer agravos como vírus, bactérias e outros. ção e confirmação do caso. “Temos alguns medicamentos Muitas notícias sobre Dengue que atuam estimulando uma circulam por aí, recentemente melhor resposta para uma ou uma delas falava sobre uma outra situação, por exemplo, vacina homeopática, o que alguns melhoram situações deixou muitas pessoas con- de febre, tosse e diarréia, mas fusas. Por isso, procuramos a não “imuniza” qualquer pesDra. Telma Nery, médica que soa contra esta ou aquela situconfia, acredita e pratica a Ho- ação”, conta ela. meopatia há mais de 10 anos. Com a proximidade do inverno a tendência é a diminuição das chuvas e, portanto, o acúmulo de água é menor, dificultado a procriação do mosquito. Mas, ATENÇÃO, estudos relatam a adaptação do mosquito a temperaturas inferiores às descritas por especialistas, portanto é possível encontrar o mosquito em pleno inverno. Para solucionar este problema é essencial que cada um faça a sua parte. A dengue pode até matar, então não podemos deixar de lembrar que ela existe. Faça sua parte!


O que é Cooperativa C

onta a história que o cooperativismo e a primeira cooperativa do mundo surgiram em 1884, quando um grupo de tecelões em uma fábrica do norte da Inglaterra, se reuniram para enfrentar a pressão dos capitalistas e os negociantes intermediários que não obedeciam ao princípio da justiça do trabalho. A idéia era criar um sistema econômico que tivesse como base a ajuda mútua, a solidariedade humana, a cooperação, a honestidade e o esforço coletivo. O intuito da cooperativa era promover uma mudança estrutural que pudesse resultar em melhores condições de trabalho. No Brasil, o cooperativismo iniciou-se no começo do século XIX. Atualmente, o cooperativismo é regulamentado por leis especiais e subordinado ao

Sede da Cooperlimp

Conselho Nacional de Cooperativismo. A Lei do Cooperativismo Brasileiro regulamenta as cooperativas de trabalho, como formá-las e outras questões pertinentes. Entende-se que cooperativa é a associação de pessoas ou grupos de profissionais de uma mesma área, formando uma entidade própria. Todos os integrantes são sócios e com o mesmo poder de voto. A união dessas pessoas deve satisfazer a aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns. O cooperativismo tem como princípios: adesão voluntária e livre, gestão democrática e participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, formação e informação, intercooperação e interesse pela comunidade.

?

Maio de 2008

Coopercook no II encontro de grupos da bacia

Muitas cooperativas atuam no setor de prestação de serviços, área que gera o maior número de postos de trabalho do mercado. É o caso das duas cooperativas que fazem parte do Projeto Água Quente: a Cooperlimp, que atua no setor de limpeza, e a Coopercook, no setor de alimentação, ambas fundadas no bairro do Gonzaga, na Bacia do Água Quente. Não há restrições quanto ao tipo de serviço que uma cooperativa pode oferecer. Para ser fundada, é necessária a união de no mínimo 20 pessoas. O estatuto criado deve conter os

objetivos, determinar como será a administração e a divisão de tarefas, as despesas e lucros dentro da cooperativa e para seus cooperados. As cooperativas, assim como empresas, pagam alguns impostos. Em São Carlos, existe a INCOOP – Incubadora Regional de Cooperativas Populares, com a finalidade de colaborar em empreendimentos ­econômicos, coletivos e autogestionários. Visite o site www.incoop.ufscar.br e obtenha mais informações sobre os projetos e trabalho desenvolvidos por eles. 11


Boletim Água Quente no 7

III ENCONTRO DE GRUPOS

“Socializando e integrando ações na região do Córrego Água Quente”

O

Projeto Água Quente tem como um de seus principais objetivos fortalecer a interlocução e o diálogo com diferentes setores atuantes na região da Bacia Hidrográfica do Córrego Água Quente. Acreditamos que a mobilização e a articulação entre vários grupos potencializa discussões e ações direcionadas à melhoria da qualidade de vida e das condições socioambientais da região. Nesse sentido, o Projeto vem propondo a realização de uma série de encontros setoriais e coletivos com o intuito de promover um espaço de debates e de integração entre diversos grupos sociais. Em agosto de 2006, aconteceu o I Encontro, em que os participantes puderam discutir temáticas como cooperativismo e economia solidária, ações culturais e assistenciais, etc. No ano passado, em dezembro, realizamos o II Encontro, cujo objetivo foi debater, de forma

Credenciamento do encontro

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integrada, uma série de questões relacionadas à realidade social, econômica e ambiental dos bairros da região, tais como a história da ocupação da Bacia, as condições de moradia, de transporte, o problema da poluição e do desmatamento, dentre outras. Dando continuidade a esta iniciativa que, como se vê, vem sendo desenvolvida desde nossa primeira edição, no último dia 18 de maio, o Projeto realizou o III Encontro de Grupos da Região do Córrego Água Quente, cujo tema foi “Socializando e integrando ações na região do Córrego Água Quente”. O III Encontro de Grupos, que aconteceu na EMEB Janete Lia, funcionou como um espaço para que diversos grupos, associações e organizações da região apresentassem suas experiências de ação, visando o fortalecimento da rede que envolve a comunidade, sendo possível aprofundar contatos e diálogos

para que futuros trabalhos sejam desenvolvidos coletivamente. Além da apresentação da experiência do próprio Projeto Água Quente, o Encontro contou com a presença de outros 10 grupos convidados, que também apresentaram seus trabalhos – Cooperlimp, Coopercook, Projeto Madre Cabrini, Projeto Meninos do Aracy, Projeto Social Dona Marízia, Ponto de Cultura “Teia das Culturas”, ONG Espaço Cidadão, EMEB Janete Lia, EMEB Artur Natalino Deriggi, Associação de Moradores do Jd. Cruzeiro do Sul –, dando o ponta-pé para o desenvolvimento de um rico debate sobre possíveis formas de integração entre diferentes ações e atividades. Na parte da manhã, registramos ainda a presença de representantes de alguns outros grupos, totalizando cerca de 110 pessoas. À tarde, após o almoço coletivo oferecido pelo Projeto, instru-

mentos de comunicação comunitária foram explorados, com o objetivo de fortalecer ainda mais o contato e a interlocução entre os grupos. Foram desenvolvidas oficinas de rádio e fanzine (pequeno jornal feito à mão), potencializando a troca e a circulação de informações. É importante lembrar que este encontro, assim como os outros já realizados, integra um conjunto de atividades de articulação entre grupos setoriais e de ampliação da participação dos moradores da Bacia na discussão sobre os problemas e potencialidades ali presentes. Portanto, ainda este ano, no segundo semestre, o Projeto pretende promover mais um encontro de grupos e também um fórum, que deve funcionar como um espaço ampliado de participação para a elaboração de diretrizes e prioridades de ações de transformação socioambiental na região.

Grupo participando da oficina de fanzine

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Maio de 2008

Seção Escola

Pensando no Futuro

I

magine o mundo de amanhã. Será que nós estamos preocupados com o futuro de nosso planeta? “Água” nos faz lembrar “vida”. Além disso, percebemos que só em dizer “água” muitas palavras relacionadas com ela vêm em nossas cabeças. Portanto, deveríamos lidar com a água como se ela valesse ouro. Em alguns lugares do mundo há guerras para se conseguir uma pequena quantidade de água. No Brasil, a água é a nossa maior riqueza natural. Será que algum dia teremos que brigar por ela? Do jeito que as coisas andam, é muito provável que sim. Temos que valorizar cada gota d’água! Preservá-la é obrigação de todos! O mundo inteiro está se esbaldando com o pouco de água potável que nos resta. É triste saber que muitos pensam que a água nunca vai acabar... E não vai mesmo! A diferença é que está sobrando água, só que esta é poluída! Contaminada! Os mais velhos deveriam incentivar os mais jovens a diminuir o desperdício da água, assim como diminuir sua poluição. Cada litro de água potável desperdiçada significa um tempo a menos de nossa

sobrevivência. Se não prezarmos por ela, o planeta que nos abriga entrará em declínio e morrerá. Para diminuirmos a possibilidade de água saudável acabar, ou pelo menos dela durar um pouquinho mais, basta tomarmos algumas atitudes: • não jogar lixo nos rios e nas matas ciliares; • reutilizar água que foi usada para lavar roupas para lavar calçadas; • não deixar torneiras pingando e sempre verificar se há vazamentos nos canos; • diminuir o tempo no chuveiro, entre várias atitudes. É muito provável que todos vocês já saibam de tudo isso. Mas não vale somente “saber” – é preciso também “fazer”. Nós não podemos ficar sentados esperando que a cura ou a solução caia do céu, assim como a chuva! Precisamos salvar nosso bem tão preciso que está doente: nossa incolor, insípida e inodora ÁGUA. Este texto foi escrito pelos alunos das 8as séries do Ensino Fundamental regular da E.M.E.B. Artur Natalino Deriggi, sob a orientação da professora de Ciências, Pietra Mori.

Alunos das 8as séries da E.M.E.B. Artur Natalino Deriggi

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Alunos das 8as séries da E.M.E.B. Artur Natalino Deriggi

O Jogo O

“Água e Qualidade de Vida”

s alunos das 8as séries da E.M.E.B. Artur Natalino Deriggi tiveram oportunidade de aprender brincando com o jogo sobre “Água e Qualidade de Vida”. Isso ocorreu nas aulas de Ciências sob orientação da professora Pietra Mori. Aprender brincando é muito mais divertido! Além de o jogo ter conteúdos que os alunos já conhecem, ele também ensina e educa. As regras são simples: a professora faz uma série de perguntas de múltipla escolha e os alunos, divididos em grupos, discutem qual seria a resposta correta e, ao sinal de um apito, levantam placas com as letras A, B, C, D e E, correspondentes às cinco possíveis respostas para as perguntas feitas. A cada acerto o grupo move uma peça em um tabuleiro, sendo que vence o grupo que chegar primeiro até a casa final. O jogo tem por objetivos ajudar o aluno a compreender e ter

ciência da importância da água e sua relação com a qualidade de vida das pessoas, saber os efeitos da qualidade da água sobre seu cotidiano e entender seu próprio papel na conservação deste recurso. Além disso, o jogo apresenta enfoque sobre as propriedades físico-químicas da água, sua atuação e presença nos organismos e no meio ambiente e a qualidade de vida que ela pode oferecer. A utilização de “Água e Qualidade de Vida” como recurso metodológico contribuiu muito para a transformação do ensino de Ciências num processo eficiente e motivante para os alunos e professora. Todos se envolveram muito com a atividade e gostaram bastante do jogo. Depois da brincadeira, redigiram o texto “Pensando no Futuro” (veja-o ao lado). Espera-se que, brincando, o “saber” signifique realmente uma mudança no “fazer”, ou seja, que a teoria expanda-se e passe a fazer parte do dia-a-dia de todos. 13


Boletim Água Quente no 7

TV Comunitária:

transparência e inclusão

Equipamentos de gravação

O

Boletim Água Quente, como um meio de comunicação, tem a preocupação de discutir permanentemente o tema da “comunicação na comunidade”. Nas edições passadas já discutimos boletins e rádios comunitárias, agora vamos falar das TVs Comunitárias. A montagem e manutenção de uma TV Comunitária é algo um pouco mais complicado do que uma rádio comunitária, já que produzir e manipular vídeos atualmente exige equipamentos mais complexos e caros. De qualquer forma, os princípios que norteiam a idéia de uma TV comunitária são os mesmos: o conteúdo da programação é que faz a diferença. No Brasil existem dois tipos básicos de sinais de TV: o sinal aberto, de uso gratuito – caso das emissoras mais conhecidas, como a TV Globo, SBT, Bandeirantes, Record, Cultura, entre outras; e o sinal pago – canais ligados a distribuições privadas de TV a cabo 14

Gravação

ou de outra tecnologia, como a NET e a SKY, entre outros. Aqui nos interessa discutir os canais de sinal aberto, que são de uso gratuitos. O sinal em si, isto é, o direito de transmitir, é uma concessão pública, o que coloca a discussão da necessidade de que as transmissões abertas atendam aos interesses públicos. O que muitas vezes não é observado na programação dos grandes canais comerciais de TV aberta. Entre os canais de sinal aberto existem: os comerciais, os educativos e os comunitários. Os canais comerciais pautam sua programação pelo interesse em aumentar seus rendimentos, o que muitas vezes afasta sua programação de um conteúdo que responda ao papel informativo e educativo de um meio de comunicação que tem uma concessão pública. Já os canais educativos, normalmente procuram se pautar pelos interesses públicos de informação e comunicação, um exem-

plo no estado de São Paulo é a TV Cultura. Os canais comunitários normalmente se pautam pelos interesses da comunidade a que seu sinal abrange, portanto, são canais com um caráter mais local. Algumas emissoras locais retransmitem parte da programação de canais educativos. A rigor, são TVs locais normalmente destinados a universidades, prefeituras e fundações. Na programação das TVs educativas, há uma abertura para programas de conteúdo comunitário. Por lei, ficou estabelecido que 15% dos programas sejam produzidos localmente. Nesse espaço, são inseridos programas, em geral chamados de “comunitários” e com apoio cultural local. Nas TVs locais do estado de São Paulo, a maioria dos programas é veiculada normalmente no período noturno, após as 22 horas. Geralmente, os 15% do total de horas destinados a produções locais não conseguem ser ocupados, ficando em alguns casos com apenas 4 ou

5 horas de utilização por semana. Em grande parte, os programas produzidos localmente são de entrevistas focadas em temas de interesse geral da cidade, incluindo saúde, política, educação, lazer, cultura e outros. As emissoras nem sempre são transparentes quanto à inclusão da comunidade na programação, e os espaços geralmente são tratados como privados. A maior ambição da TV comunitária é envolver a comunidade diretamente no processo de criação da mensagem, participando em diversos níveis da produção audiovisual: definir temas e roteiros, editar, atuar como ator ou apresentador, dar depoimentos e entrevistas, etc. Para isso, é necessário haver sempre diálogo entre quem faz e quem assiste; debater e discutir conteúdos para que as demandas da comunidade sejam atendidas. Em qualquer meio de comunicação comunitária, o importante é que a população participe de sua construção.


E S ! A T DIVIR PARA COLORIR

Doce de Casca de Maracujá m o d o d e p r e pa r o

Você sabia? A casca de maracujá é rica em proteína e minerais.

ingredientes 3 cascas de maracujá  ✓ 1 xícara (chá) de açúcar  ✓ 1 ½ xícara (chá) de água  ✓ ¼ xícara (chá) de suco de maracujá  ✓ canela em casca a gosto  ✓

Descasque os maracujás, aproveitando apenas a parte branca da fruta. Corte-os ao meio e retire a polpa. Reserve. Corte as cascas em tiras finas. Deixe de molho na água de um dia para o outro. Faça uma calda com açúcar, água e o suco de maracujá feito da polpa. Acrescente a canela em casca, adicione as cascas escorridas e deixe cozinhar até que fiquem macias. Sirva gelado. Tempo de Preparo: 30 minutos Rendimento: 6 porções *Receita do Programa Alimente-se Bem oferecido pelo SESI

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Boletim Água Quente no 7

Sofia Denari Estudante Tem vezes que eu vou à praça, mas não tem brinquedo. Ai eu brinco na casa das minhas amigas e ando de bicicleta na frente da Igreja Madre Cabrini.

F ala povo

Charles Santos Paulino Mecânico Por ter um horário de trabalho que às vezes exige que eu esteja em horários variados na empresa, acabo não tendo horários flexíveis para ficar pelo bairro que moro. Mas mesmo assim acabo por freqüentar mais o centro da cidade por falta de opção no bairro.

Severino José da Silva “Tobias” Manutenção Vou para o forró no centro. Aqui até tem, mas como já estou por lá fica mais fácil.

Elza Dias Aposentada Eu faço ginástica na Igreja Madre Cabrini e caminho em volta da área onde está sendo construído o Centro Comunitário. Uma vez ou outra alguém promove alguma coisa. Acho que teria que ter um lugar para trabalhar com crianças enquanto os pais trabalham, ensinar a convivência, harmonia e a se respeitar.

Vânia Jesus de Souza Atendente Saio de fim de semana, gosto de bailes, mas vou para outros lugares por falta de opções no bairro em que moro.

Patrocínio:

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Q

Lazer

uando pensamos em lazer, logo vem em nossas mentes questões como ter tempo livre, descanso e divertimento. Seria bom se pelo menos uma vez por semana tivéssemos um momento em que pudéssemos unir os três. Mas às vezes temos um e não temos o outro. Temos o tempo livre, mas não temos opção de divertimento. Temos a opção de divertimento, mas não temos o dia de descanso. Nos tempos de hoje é normal associarmos lazer com ir ao shopping, tempo livre em poder dormir até mais tarde e dia de descanso em dia para cuidar da casa e dos filhos. Por outro lado, opções às vezes é o que menos temos. Às vezes longe da residência, sem fácil acesso ou até mesmo fora do alcance dos nossos bolsos. Seria ótimo se todos nós tivéssemos opções de lazer e/ ou diversão próximas às nossas casas e de fácil acesso. Ou que opções de lazer fossem levadas até nossos bairros, como teatro e cinema itinerantes, atividades culturais para crianças em praças, entre outros. Enfim, algumas destas atividades já são oferecidas na região da Bacia, mas sabemos a que público estão sendo direcionadas? Se são oferecidas de forma proporcional à demanda por atividades de lazer e cultura na região? E de que forma vêem sendo divulgadas na região? Lazer e Diversão são direitos de todos nós, mas temos que demonstrar sempre nosso interesse em que aconteçam

Alex Moura de Oliveira Pintor Infelizmente o bairro não oferece nada, vou mais em festas do que fico aqui. Durante a semana fico batendo papo na rua com os amigos. A praça que havia, destruíram. Seria interessante ter salões de baile, quadra de futebol... mas também, se tiver ninguém cuida.

Maria do Carmo S. Fernandes Dona de Casa Geralmente saio do bairro mesmo tendo que pegar ônibus, porque aqui não tem nada para fazer. Vou a pesque-pague, no zoológico...

Lucas Barbosa Estudante Para me divertir eu jogo futebol na rua de casa que é tranqüilo. Não gosto de empinar pipa, mas ando de bicicleta. Tem uma praça, mas não vou lá porque meu pai acha perigoso. Tá bom porque só gosto mesmo de jogar (sic).

Letícia T. da Silva Acompanhante de Idoso Acabo não fazendo nada na região por falta de tempo, pois trabalho à noite e tenho que cuidar dos meus filhos e da casa durante o dia. Até tinha um parquinho no Gonzaga que dava para ir, mas as crianças acabaram com tudo.

Tamires Marcondes Estudante Às vezes oferecem uns shows como o que teve no mês passado. Eu fico em casa namorando e de vez em quando vamos até o shopping porque não tem o que fazer por aqui. Mas acabo tendo que voltar antes das 10 horas porque depois disso não tem ônibus.


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