Revista CIESP [São Carlos]

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NÚMERO 1 | OUTUBRO DE 2012

SERGIO PEPINO O industrial do ano

• Apramed • Bio-Art • Brainco & IBP • Casale • Correntes São Carlos • Essencial nutrição • Guillen & Andrioli • H2O+ tintas • Hece Máquinas • ICAM • Indústrias Giometti • JSC • Latina • Nova Marca • NSF • Prominas • QW3 • Solução Construtora • Tecumseh • Têxtil Godoy •



Diretoria Regional de São Carlos Diretor Titular Ubiraci Moreno Pires Corrêa 1º Vice-Diretor Emerson Chu 2º Vice-Diretor Rogério Moralles Conselheiros Titulares Carlos Partel Dagoberto Sanchez Darezzo Diniz Amilcar Matias Fernandes Domício Albino Souza Eduardo Francisco Fusi Gerson Edson Toledo Piza Jairo Dagoberto Dias Guillen Joni Roberto Gomes José Guilherme Sabe Jose Maria Furlan José Paulo Aleixo Coli Lígia Cristina Peccin e Silva Luiz Fernando do Valle Sverzut Luiz Fernando Oliveira Ferreira Marcos Henrique dos Santos Marcos José de Stefani Mario Maffei Nelson Pedro Scherer Paulo Augusto Piccolli Paulo Roberto Altomani Sérgio Leme de Godoy Sergio Pepino Peter Rossbach Wilson Célio Nazzari Conselheiros Suplentes Marcio Antonio Miguel Martinez Celso Luis Casale Cláudio Dezidério Eduardo Antonio Teixeira Cotrim Carlos Gilberto Massari Irineu Gualtieri Luis Antonio de Oliveira Luis Cordeiro Perez Marcelo Caetano de Jesus Paulo Cesar Giglio Stélio dos Reis Pereira Junior Luiz Gustavo Pagotto Simões Endereço Rua Cel. José Augusto de O. Salles, 1515 Vila Isabel - Cep: 13570-820 Telefone (16) 3368-1037 Fax (16) 3368-1037 E-mail ciesp.sc@terra.com.br E-mail csaocarl@ciesp.org.br Coordenação Editorial Grupo NRI Ednéa Casagrande Pinheiro Rogélio Bernardelli Deivid Rogerio Varandas Produção Editorial Diagrama Editorial Jornalista Hever Costa Lima Impressão Gráfica Print Express Administração Comercial Plural Mídia A Revista Ciesp São Carlos é uma publicação da Diretoria Regional do Ciesp/São Carlos. Número 1 – outubro de 2012

Ubiraci Moreno Pires Corrêa, Emerson Chu, Rogério Moralles

A Diretoria Regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) na cidade de São Carlos foi fundada em 19 de junho de 1949 e tem se destacado por atuar em prol do fortalecimento da indústria e do desenvolvimento da cidade e da região. Com o objetivo de unir, assessorar e discutir questões de interesse da classe produtiva, o Ciesp vem expandindo seu quadro associativo e consolidando sua representatividade. Atualmente, somos cerca de 130 empresas, dos mais diferentes segmentos, o que torna o Ciesp um importante interlocutor nas discussões de assuntos que afetam, diretamente o futuro e o crescimento sustentável dos municípios, em especial, os que estão sob nossa jurisdição: Ibaté, Analândia, Descalvado, Porto Ferreira, Ribeirão Bonito, Pirassununga, Santa Cruz da Conceição, Dourado, Trabiju e Boa Esperança do Sul. Membros do Ciesp atuam junto ao poder público, integrando grupos que

discutem problemas de interesse coletivo, apresentando demandas, avaliando alternativas e propondo soluções. Na iniciativa privada, o Ciesp é responsável por inúmeras iniciativas que melhoram não só as condições de produção, mas a vida da população de maneira geral. Aliado à força da indústria e de seus líderes, o trabalho do Ciesp tem contribuído para que São Carlos alcance e mantenha índices de desenvolvimento que a colocam em lugar de destaque no cenário nacional. Em continuidade a este trabalho, estamos lançando o primeiro número da revista do Ciesp de São Carlos, com o objetivo dos nossos industriais terem um espaço para divulgar suas inovações, sejam elas de produto, processos, gestão ou mercadológicas. Esperamos que esta iniciativa venha a contribuir para o sucesso de todas as empresas de nossa região.


Sumário Você lê nesta edição

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Em São Carlos, um farol para a indústria nacional Francisco Rolfsen Belda analisa a posição de São Carlos frente a atual conjuntura industrial brasileira.

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O que pode ser chamado de empreendedorismo? Por Antonio Valério Netto.

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Perfil: “O empreendedor é aquele que enxerga além do horizonte” Sérgio Pepino relembra a trajetória como empresário e mostra como a inovação pontuou o caminho de sucesso da Icam, nos mais de 50 anos de atividade

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Mapa das empresas presentes nesta edição

Empresas 08 Apramed: Uma história de sucesso 09 Bio-art cresce por saber ouvir o cliente 10 Brainco e IBP mudam padrão com revestimento inovador

11 Correntes São Carlos cresce 30% na última década

12 Casale Equipamentos 14 Gráfica e Editora Guillen & Andrioli implanta ISO 9001

15 H2O+ visa segmento ecológico para expandir mercado

18 Hece Máquinas: Inovando sempre 19 S. A. Indústrias Giometti se mantém ativa nos segmentos agrícola e metalúrgico

22 JSC lidera mercado de tratamento térmico em metais

23 Latina: A inovação está no detalhe 26 Nova Marca atua no reconhecimento da propriedade intelectual

27 Prominas nacionaliza equipamento do setor petrolífero

28 QW3: Inserindo empresas no universo da internet

29 Tecumseh: Diretor vê na inovação a vitalidade da empresa

30 URBag sacolas ecológicas inovação e meio-ambiente



O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em São Carlos conta atualmente com oito grupos em atividade que têm como proposta trocar experiências e conhecimentos técnicos de relevância, importância e atualidade sobre temas com Meio Ambiente, Recursos Humanos, Comércio Exterior e Inovação. Conheça os grupos e sua atuação dentro do Ciesp.

Grupos de trabalho em atividade nesta diretoria e seus objetivos: GRUSC – Grupo de Administradores de Recursos Humanos de São Carlos

O Ciesp São Carlos, faz parte do GRUSC – Grupo de Administradores de Recursos Humanos. Trata-se de um conceituado grupo na área de recursos humanos, onde os associados do CIESP podem participar trocando experiências e conhecimentos com os integrantes do grupo. A intenção é cobrir todas as categorias profissionais. Realiza reuniões mensais, palestras técnicas e seminários. GECEX – Grupo de Comércio Exterior

O GECEX tem a finalidade de discutir e analisar mensalmente, o cenário do comércio exterior e a situação dos países que compram a produção da indústria ligada ao Ciesp, como também, os produtos que são insumos para a indústria local. Nas reuniões o grupo troca de experiência, orientação sobre regulamentação aduaneira e transporte logístico. GEJURE – Grupo Executivo Jurídico de Direito Empresarial

A formação do GEJURE, faz parte de uma prestação de serviços às empresas filiadas ao CIESP, de forma rápida, dinâmica, atual e prática na área de direito tributário. Tem o apoio técnico da Assessoria Jurídico do CIESP São Paulo, bem como, experiências e vivência dos profissionais ligados ao Grupo. Grupo de Meio Ambiente

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A Legislação vigente sobre Impacto Ambiental causados por resíduos sólidos, efluentes líquidos, gasosos e outros estão sujeitos a multas e até a processos criminais. Desta forma o Ciesp criou o Grupo de Meio Ambiente, para dar um suporte e troca de experiências através dos profissionais da área.

NJE – Núcleo de Jovens Empreendedores

O NJE é um grupo formado por empresários das mais diversas atividades da Indústria estendida, que busca aglutinar, formar e desenvolver jovens lideranças com perfil voltado ao crescimento das Entidades de Classe e à participação representativa na política econômica paulista e brasileira. “O principal objetivo do NJE é a formação de novas lideranças empresariais, bem como sua capacitação profissional.” GESHIT – Grupo Executivo de Segurança e Higiene do Trabalho

Tem como objetivo, prestar atendimento sobre assuntos de medicina, segurança e higiene no trabalho, informar e conscientizar os profissionais e as empresas, quanto à relevância, importância e atualidade que os assuntos de segurança e medicina no trabalho merecem, cumprindo assim os objetivos para os quais foi criado. Realiza palestras técnicas e seminários. GRUPO SINDICAL

Trata-se de um grupo que se reúne para discutir as alterações do Dissídio da categoria dos Metalúrgicos. É um grupo forte, e que vem negociando há mais de 06 anos, intermediando entre as empresas metalúrgicas de São Carlos e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos. NRI – Núcleo Regional de Inovação

O NRI tem como meta difundir o Manual de Oslo – que é a interpretação de dados relacionados à ciência, tecnologia e inovação – base das consultorias difundidas pelo Sebrae. A proposta nutrir os empresário sobre o conceito de inovação e como ela pode ser aplicada na indústria.


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Metalurgica

Waterjet

• Maior eficiência e produtividade através da aplicação do corte com jato de água.

• Carenagens de aço

• Tanques de aço • Ligas de aluminio, aço inox, titânio, etc...

• Corte e dobra de precisão • Mármores, granitos, cerâmicas, azuleijos, porcelanatos, etc... • Conformação

ICAM Indústria e Comércio Ltda. Rua 1o de Maio, 50 - Caixa Postal 221 CEP 13560-970 - São Carlos - SP

Tel.: (16) 3368-1222 Fax (16) 3368-4232

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Wilson e Marco Mazari

Apramed

uma história de sucesso

Empreendedorismo e inovação fizeram da empresa uma referência no mercado de produtos oftalmológicos

A

Apramed, fundada em 1999, se destaca no cenário nacional com sua linha de produtos oftalmológicos. Atualmente está entre as empresas que mais exporta essa linha de produtos no Brasil e tem em seu portfólio uma linha de 25 itens, e mais de 60 produtos para consultórios oftalmológicos. Entretanto o começo foi diferente: “Quando apresentei um projeto inovador na empresa em que trabalhava, percebi que ali estavam acostumados apenas com o arroz e feijão. Não tinham a opção de filé mignon. Encontrei muitas barreiras, pois qualquer projeto de inovação envolve gastos e não é da noite para o dia que surge o produto”, explica Wilson, sócio-proprietário da Apramed. Mesmo sem capital de giro, ele arriscou a chamar seu irmão Marco Mazari para um negócio próprio, apostando em novas ideias e inovações. O começo dessa história de sucesso se deu após receber um não da empresa em que trabalhava, ao apresentar projeto com informações adquiridas em um congresso de oftalmologia nos EUA. “Desembarquei repleto de novas ideias, esperançoso de colocá-las em prática mas me deparei com a negativa do investimento”, relatou. 8 | REVISTACIESP | Outubro de 2012

Ele narra que reagiu ao obstáculo de forma proativa, e pensou: “Não aprendi tudo aquilo para retroceder”. Com bom humor, relembrando os tempos difíceis e de muito trabalho, Wilson disse que na época não tinha capital, só a ideia. Sem nenhum conhecimento de administração formal, pegou emprestado um local com pouco mais de 15 m² para onde levou um computador no qual projetava os produtos e terceirizou a fabricação das peças. Começaram com a mobília básica do consultório de oftalmologia, que é formado por uma mesinha móvel onde são colocados os aparelhos, depois a cadeira oftalmológica e uma coluna pantográfica. A microempresa tinha capacidade de produção, na época, de 20 peças por mês. “Aí veio a sacada de que investir em inovação poderia abrir o caminho”, disse. Na época, a Bosch lançou um motor redutor de velocidade silencioso. Uma novidade segundo o empresário, pois os motores das cadeiras eram elétricos (½ cavalo) e, ao serem ligados, faziam um “grande barulho” e reduziam até a iluminação por conta da potência. “Percebi, lá pelo ano 2000, que o diferencial de mercado passava por ali e lançamos a nossa cadeira com esse novo motor.

Meus concorrentes não tinham isso e, no cenário de mobiliário oftalmológico, eu era um peixinho de aquário nadando entre tubarões. Com essa inovação tecnológica, as empresas de representação de produtos oftalmológicos começaram a nos ver com outros olhos ao perceber que tínhamos algo a mais do que a concorrência”, relembra. Sem titubear, nesse mesmo ano, resolveram levar um protótipo para o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Natal. Compraram um estande pequeno para apresentar a novidade. Nos primeiros dias não venderam nem um único exemplar. “Pensei que tinha acabado. A falta de experiência não me deixou dar tempo ao tempo”, disse. Mas no penúltimo dia do congresso, uma cliente quis comprar todo o showroom e ainda trouxe mais 30 médicos pra comprar seus produtos. “No final das contas, vendemos mais de 40 cadeiras, 40 colunas e muitas mesas. Ali a empresa começou”, relatou. Hoje a Apramed é a principal fabricante de mobília para consultórios oftalmológicos do Brasil, possui um parque fabril de 4,5 mil m², com certificações iso 9001, iso 13485, BPF e certificações internacionais, como FDA, e exporta seus produtos para mais de 28 países. Por se destacar no cenário brasileiro, conseguiu representação exclusiva no Brasil para os equipamentos das marcas Canon (retinógrafos) e Iridex (laser oftalmológico), referências mundiais no setor oftalmológico. Atualmente, é a única empresa brasileira a expor seus produtos no maior congresso de oftalmologia do mundo, a American Academy of Ophthalmology (AAO) (este ano em Chicago, no mês de novembro). “A Apramed é hoje a vitrine que muitas empresas internacionais buscam para serem representadas no Brasil”.


É muito importante saber ouvir, identificar e satisfazer as necessidades do cliente; ele deve ser um integrante ativo na empresa, principalmente no desenvolvimento do produto.

Bio-art cresce por

saber ouvir o cliente

Uma história de sucesso e empreendedorismo Talvez você ainda não saiba, mas a empresa São Carlense Bio-Art Equipamentos Odontológicos lidera o mercado nacional em quase tudo o que produz: é líder mundial na produção de articuladores (simuladores de movimentos bucais) e está posicionada entre as três maiores fabricantes mundiais de Termoconformadora à Vácuo de uso odontológico. Tudo começou em 1976 quando o fundador Germano José Piccin, na época técnico em mecânica da UFSCar, recebeu a visita de um amigo dentista que o procurou pedindo ajuda para o conserto de um produto importado (o Articulador) que estava quebrado e não encontrava assistência técnica no Brasil. Ao entregar o produto consertado, o amigo dentista indagou: “Por que você não fabrica este produto no Brasil? Está em falta no mercado, é caro”. Naquele momento, a idéia da empresa estava plantada. O dentista foi bem enfático, relatou Piccin: Nós temos um fusca – carro de sucesso e popular na época – na odontologia e não está dando mais para importar, porque o governo está taxando tudo. Nós temos que fazer no Brasil. “Fiz algumas amostras e distribuí para as faculdades de odontologia. Elas demoraram a dar uma resposta, até que um dos docentes avisou que o equipamento havia sido aprovado e que eu precisava fabricar, foi uma tremenda surpresa”, confessa. Fundada em 1977 no quintal de sua casa, Piccin relembra que os primeiros anos foram difíceis: “Enfrentamos muitas dificuldades naquele período: falta de recursos financeiros, infraestrutura limitada,

transportadoras que levavam uma semana para entregar uma mercadoria. Enfim, eu tinha que fazer de tudo, me dividindo em vários profissionais”. Contudo, a empresa que começou em uma oficina de fundo de quintal, cresceu, otimizou os processos da área industrial, conquistou três certificações do sistema de gestão da qualidade e hoje se faz notar pela crescente projeção no mercado nacional e internacional. Atualmente a Bio-Art exporta para mais de 50 países, possui uma carteira de mais de 90 clientes internacionais e 350 nacionais ativos. O Articulador continua sendo o principal produto da empresa, que conta ainda com mais 11 tipos de equipamentos em sua linha de montagem, além de acessórios e materiais de consumo. Ao longo de sua história, a Bio-Art prezou trabalhar em parceria com o público formador de opinião a fim de desenvolver produtos que vão ao encontro das necessidades do cliente. Também tem intensificado os investimentos em pessoas e no desenvolvimento de produtos, visando ser reconhecida mundialmente por desenvolver e oferecer soluções inteligentes na área de saúde, tendo como valores: a Cordialidade, a Ética, a Honestidade, a Liderança, o Profissionalismo e a Sustentabilidade. Frequentemente participa de eventos nacionais e internacionais, conquistando novas parcerias, quebrando paradigmas e fixando sua marca ao redor do mundo. A Diretora Executiva, Eng. MBA Maria Isabel Piccin, enfatiza os fundamentos para inovação e ampliação de mercado: “É muito importante saber ouvir, identificar

e satisfazer as necessidades do cliente; ele deve ser um integrante ativo na empresa, principalmente no desenvolvimento do produto. Este conceito somado a busca da melhoria contínua e pioneirismo são intrínsecos a cultura da Bio-Art e foi legada pelo próprio fundador. Além da excelente relação com os clientes, a Bio-Art se destaca pela qualidade de seus produtos e excelente relação custo x benefício”. A empresa também aposta em novos segmentos. O Dr. Henrique José Piccin, Gerente Comercial, conta sobre a introdução da empresa no mercado de Beleza através de um produto inovador: O Higienizador de escovas de cabelos, pentes e acessórios que através de vapor quente, auxilia na prevenção da transmissão de doenças no couro cabeludo. “No final de 2006 começaram a procurar a nossa empresa por conta de um dos nossos produtos. Disseram que poderíamos usá-lo na área de beleza, e a partir de então desenvolvemos o Higienizador. É um mercado distinto do qual estamos acostumados a lidar, mas pretendemos expandir e continuar investindo neste setor”, orgulha-se ao informar que o equipamento está presente no cenário do salão de beleza da novela “Avenida Brasil” da Rede Globo. E a empresa não para por aí: “Temos planos para dobrar o faturamento dentro dos próximos três anos através do lançamento de novos produtos e desenvolvimento de novos mercados e a construção de uma nova fábrica em um terreno de 11.000 m2, adquirido no parque tecnológico Dhama, seguindo o conceito de sustentabilidade”, diz Maria Isabel. Outubro de 2012

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Il Kum Chu

Brainco e IBP mudam padrão com revestimento inovador Empresário viu na industrialização do setor sucroalcooleiro um canal para desenvolver um produto que ampliou em três vezes a vida útil das facas de colheitadeiras

Essa é uma meta da empresa: sem agregar tecnologia e inovar, nós não entramos no mercado”, afirma Emerson Chu, diretor industrial do pool de empresas Brainco e IBP Indústria e Comércio de Máquinas e Peças voltada para o setor agrícola. Hoje o grupo é líder de mercado por desenvolver um revestimento de carbeto de tungstênio que dá longevidade à faca de colheitadeiras de cana-de-açúcar e vislumbra ampliar essa tecnologia para outras peças do setor sucroalcooleiro. Desenvolvida pelo próprio Chu, e testada no Centro de Mecanização da UNESP de Jaboticabal, o novo produto passou a ser comercializado há 4 anos: “Lançamos no mercado uma faca revestida que não existia; um produto feito por nós do começo ao fim, completo. Não prestamos um serviço de revestimento de facas: fabricamos nós mesmos esse produto”. Para ele o diferencial é que a empresa está totalmente voltada à pesquisa. “Meu negócio não é ficar só na gestão dos negócios. Ao contrário, delego isso para outras pessoas para poder ficar à frente da pesquisa. A empresa vem crescendo baseada nisso, e esse é o futuro dela”, disse. Foram investidos perto de R$ 3 milhões para criar a tecnologia e apresentá-

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-la ao mercado. “Não foi só fazer a peça tivemos também de ganhar a confiança do cliente”, lembra Chu que enviava as facas revestidas para a universidade onde foi testado seu rendimento. As empresas Brainco e IBP surgiram interdependentes. A primeira, criada há 37 anos por seu pai, Il Kum Chu e seu tio Pedro Luiz Milanez e a segunda criada há 15 anos, para servir a uma necessidade da Brainco: “A Brainco era só uma empresa de usinagem, e terceirizávamos o tratamento térmico. Quando tivemos demanda suficiente, criamos a IBP para fazer o tratamento térmico para nós mesmos”, explicou Chu. Tendo, inicialmente, empresas do setor da linha branca como seus principais clientes, a empresa apostou, há cerca de 9 anos, em um novo rumo. “Não fazíamos peças para o setor agrícola, mas, de repente, percebemos que tínhamos tecnologia para aplicar no segmento, sucroalcooleiro”. A faca revestida atende a uma importante demanda da indústria sucroalcooleira. O desgaste dos equipamentos dentro da usina, fazendo com que as máquinas parem para manutenção é, de modo geral, a pedra no sapato dos produtores. Como tempo é dinheiro, o custo final fica ele-

vado. “O meu produto dura de 3 a 4 vezes mais do que a faca sem revestimento. Dito de outro modo, se uma faca sem revestimento dura um dia, a minha dura entre três e quatro. Portanto, diminuem as paradas, aumentando a produtividade”. Na última década o setor industrial sucroalcooleiro passou por um processo de modernização em que as empresas, que eram basicamente agrícolas, passaram, com a globalização, a ter um caráter industrial. Esse fator veio ao encontro da inovação criada por ele para aumentar a produtividade. “Hoje estamos desenvolvendo mais dois tipos de revestimento para aplicar em outras peças”, relatou. Essa inovação tecnológica já rendeu à marca Agricorte (que rotula alguns produtos das empresas Brainco e IBP) três prêmios: dois de melhor faca do Estado de São Paulo, nos anos 2011 e 2012, e um de melhor faca nacional, no ano passado. “O que fizemos foi quebrar um paradigma, e para isso é preciso pensar diferente. Toda vez que se falava em buscar maior longevidade para o produto, falava-se em maior qualidade do aço. Com o revestimento, o revestimento é quem tem que aguentar, e não o aço”, contextualizou Chu.


Correntes São Carlos cresce 30% na última década Mesmo com a importação desses produtos da China, nós conseguimos nos manter no mercado por conta da qualidade do produto. Domício Albino Souza

Para se diferenciar da concorrência na fabricação de produtos simples como correntes, inovar é essencial

C

om uma história de 25 anos, a Correntes São Carlos traça uma trajetória de sucesso. Teve um crescimento de produtividade acima de 30% na última década quando foi assumida pelo empresário Domício Albino Souza. Hoje, a empresa ostenta um faturamento de R$ 14 milhões/ano. Investir no processo de automação tecnológica foi uma das metas da empresa

que passou a ter um parque industrial totalmente mecanizado, abandonando a fabricação manual de correntes. Instalada em uma área de 3,6 mil m² no Centro Empresarial de Alta Tecnologia (Ceat), já há cinco anos, o empresário afirmou que a empresa está estabilizada no mercado. “Atualmente, a nossa produção chega 250 toneladas/mês, mas podemos dobrar o volume. Basta o mercado expandir. A in-

dústria tem sofrido com a falta de orientação dos governos. Esse abandono dos políticos tem provocado certo desestímulo no empresariado. Nesse momento nos cabe esperar para ver qual deve ser o investimento a ser feito”, desabafa Souza. No entanto, esse não foi o perfil empresarial que ele empreendeu nos dez anos que está à frente da empresa. “Nós investimos em máquinas modernas e com tecnologia para aperfeiçoar o produto final. Corrente é corrente em qualquer lugar. É um arame dobrado que forma um elo. No entanto, melhoramos a solda que fecha esse elo e polimos as rebarbas deixadas no processo industrial para ter um produto competitivo no mercado”. No Brasil, 70% desse mercado atende o segmento de pet shop e, na Correntes São Carlos, o volume de produção para esse mercado específico também é predominante. Parte da área industrial da empresa é dedicado somente à manufatura das correntes para cães e gatos. “Mesmo com a importação desses produtos da China, nós conseguimos nos manter no mercado por conta da qualidade do produto”, referendou. Contudo, outros segmentos industriais também são consumidores dos produtos da empresa. A corrente é parte do equipamento das linhas de produção das empresas. Souza aponta, inclusive, o segmento de frigorífico, que usa correntes para fazer o transporte das carnes. Outubro de 2012

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Mario Casale Neto

Casale Equipamentos A empresa, que atua há 30 anos no segmento de máquinas agrícolas, encontrou resultados ao estimular a equipe a atingir metas e completar o ciclo de produção sem deixar arestas

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a Casale Equipamentos, a inovação não ocorre apenas em seus produtos e serviços reconhecidamente diferenciados, a empresa também inova na gestão de pessoas. A companhia, que atua há quase 50 anos no segmento de máquinas agrícolas, vem obtendo bons resultados ao estimular a equipe a atingir metas que a aproximam de seus objetivos estratégicos. A Casale trabalha com Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) desde 2002, mas o valor pago para cada funcionário era obtido através de percentual fixo sobre o salário de cada um, com um ajuste baseado no número de faltas que no semestre. A criação do novo conceito com valores variáveis conforme o atingimento de diversas metas levou cerca de 1 ano para ser estruturado, passando inclusive por um lamentável problema de negociação junto ao sindicato – problema esse que a administração da empresa considera completamente superado. O atual Programa consiste em envolver todos os funcionários no acompanhamento de importantes indicadores da empresa, sendo que cada um e cada equipe – que deverá trabalhar em perfeita sintonia – sabe como fazer sua parte para atingir as metas e assim receber sua remuneração variável correspondente a ela. Para esse primeiro Programa no novo conceito, foram estabelecidas cinco me-

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tas em conjunto com o Comitê de PLR, que foram escolhidos democraticamente por todos os funcionários para representá-los. Além disso, o sindicato acompanhou todas as reuniões e, conforme determina a lei, homologou o Acordo. Na avaliação do Gerente Industrial Mario Casale Neto, essa cultura que está em fase de implantação chegou para aumentar e premiar o comprometimento dos funcionários: “O resultado de todo o Processo Produtivo precisa ser um Produto ‘perfeito’, conforme projetado pela engenharia, para que o cliente fique plenamente satisfeito. Para garantir isso, cada funcionário precisa fazer sua parte com excelência, e estamos premiando o grupo pelo aumento dessa qualidade”. A diretoria da Casale decidiu nesta primeira fase focar nas metas produtivas, deixando para incluir as demais áreas da empresa, como a área comercial, na próximas melhorias do Programa. Mario Casale afirmou que existem diferentes tipos de PLR no mercado, tudo depende da estratégia da empresa e da maturidade cultural da mesma. “Na verdade não existe fórmula mágica”. A indústria em geral utiliza muito pouco este tipo de ferramenta como gestão. Desta forma, esse projeto foi bastante inovador, estimulando uma cultura participativa, na qual o funcionário realmente se sente parte de todo o processo. Ele sente que pode e de-

ve contribuir diretamente para o resultado da empresa e, ao fim, sentirá no bolso a diferença que fez. As metas traçadas incluem redução de custo, redução de absenteísmo (faltas), redução de retrabalho, aumento da qualidade do produto, além da manutenção da organização e limpeza geral e seguimento dos procedimentos e normas internos. Independente do PLR, foi implementado um sistema de gerenciamento da produção que deixa claro para cada equipe sua responsabilidade na produção dos itens no tempo correto, que é determinado conforme padrões de processos, para que o produto seja feito com serenidade, minimizando-se os riscos de acidentes de trabalho. Foi criado também um programa de motivação à inovação interna chamado “Melhorar”. Por meio de um acompanhamento muito próximo feito pelos supervisores e líderes, além das informações colhidas no próprio apontamento feito pelos funcionários em seus diários de bordo, uma equipe de Melhoria Contínua – formada por pessoas das áreas de Qualidade, Processos, Engenharia, Logística Interna e Produção (incluindo os próprios operadores que sempre dão excelentes ideias) – analisa os problemas de toda a produção e de cada célula de trabalho individualmente e utiliza conceitos e teorias inovadoras para aumentar a produtividade da empresa. “Não há nada


que esteja tão bom que não possa ser melhorado”, afirma Casale. A adoção do sistema de bonificação pelo bom desempenho ocorreu com base em experiências adquiridas no mercado financeiro, onde Mario atuou por 5 anos. “Durante três anos trabalhei como gerente comercial de um grande banco nacional e lá aprendi na prática que quando temos um objetivo a ser atingido e uma remuneração variável que dependa do mesmo, trabalhamos de forma mais pró-ativa e nos tornamos mais comprometidos com o negócio, pois obviamente os interesses ficam alinhados”, relata Casale. Mario destacou que esse resultado só foi possível graças à um árduo trabalho em forte parceria com funcionários antigos e novos da Casale Equipamentos, que trouxeram informações preciosas do chão de fábrica e de suas experiências passadas, tornando possível que as metas fossem estabelecidas dentro da realidade da empresa e, com isso, pudessem ser realmente alcançadas. O mesmo contou também com a ajuda de diversos amigos que trabalham em empresas multinacionais e nacionais de grande porte, que o informaram do funcionamento dos seus respectivos programas de PLR, o que funcionou como uma espécie de “benchmarking”. Celso Casale, como presidente, acompanhou de perto todo o processo e com sua grande experiência de mais de 31 anos à frente da empresa, trouxe contribuição preciosa para a formatação do programa, além, obviamente, de aprovar o modelo final. Todos na empresa ficaram bastante satisfeitos com o resultado do trabalho: “o efeito foi imediato”, afirma Marcos André Silva, que no início do ano foi promovido a Supervisor de Produção e tem contribuído em todo o processo de gestão. Ele avalia que o clima e a qualidade final melhoraram e a produtividade aumentou. “Todos estão preocupados com o retrabalho, faltas e está, inclusive, havendo uma disputa de qual setor está mais organizado”, disse Silva. Mario Casale conclui que ainda há muito trabalho a ser feito: “este é apenas o primeiro Programa de Participação de Lucros baseado em metas”.

Em São Carlos, um farol para a indústria nacional Francisco Rolfsen Belda é jornalista especializado em ciência e tecnologia, consultor de empresas de mídia e tecnologia e professor de Pós-Graduação do Departamento de Comunicação Social da FAAC/Unesp.

A

indústria brasileira está em uma encruzilhada. Pesquisas mostram um cenário de retração da produção e dos níveis de emprego no setor. Alguns segmentos menos competitivos já aceitam abertamente o diagnóstico sombrio da desindustrialização, que impõe a governos, empresários e institutos de economia uma agenda obrigatória em prol da produtividade e da competitividade dos fabricantes nacionais. Para se ter uma ideia, em março de 2010, a indústria paulista registrava alta de 18,5% na produção em relação ao mês anterior. Dois anos depois, após sucessivos recuos, essa variação passou a ser de quase sete pontos percentuais negativos, segundo dados do IBGE. No Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em vários outros estados, a situação é semelhante. Algumas questões se impõem, então, de maneira dramática. Como enfrentar a concorrência da China, que inunda o planeta com manufaturas vendidas abaixo do preço médio de custo no Brasil? Como driblar os gargalos logísticos de uma infraestrutura ainda aquém do exigido para garantir a distribuição de matéria prima e de bens de capital e de consumo? Como formar e absorver mão-de-obra qualificada em áreas emergentes da engenharia, por exemplo, diante da insuficiência quantitativa e qualitativa dos cursos de formação no país? Na busca por respostas, todos os caminhos envolvem riscos, mas guardam também oportunidades. Algumas delas, se bem aproveitadas, podem representar um impulso para uma retomada do desenvolvimento da indústria brasileira. E as respostas a esses desafios passam, em grande medida, por exemplos de empreende-

dorismo industrial que podem ser colhidos aqui em São Carlos. Esse pólo industrial encravado na região central do interior paulista tem sido, nas últimas décadas, uma referência de articulação entre empresas, universidades e centros de pesquisa, com centenas de projetos e iniciativas concretas de geração e aplicação de novas tecnologias para a solução de problemas e o atendimento de demandas industriais do presente e do futuro. Bem servida por aeroportos, entroncamentos rodo-ferroviários e redes informatizadas de conectividade, a região dispõe de uma série de vantagens logísticas estratégicas, ao mesmo tempo em que garante qualidade de vida capaz de atrair executivos e acolher trabalhadores e suas família. Com dezenas de cursos de nível técnico e superior, em escolas e universidades de ponta, a cidade também se destaca como centro de excelência na formação e aperfeiçoamento de profissionais e pesquisadores, retendo alguns dos melhores talentos do Brasil e do exterior, principalmente em ciências exatas e engenharias. Todo esse potencial de São Carlos pode ser traduzido e sintetizado em sua posição privilegiada na busca pela inovação. Ao incrementar seus produtos, buscar a originalidade que os diferencia da concorrência, otimizar seus processo de produção, a indústria regional pode dar um exemplo de como é possível reconquistar o papel sonhado para esse setor no país. E, assim, fazer brotar, em cada chão de fábrica, em cada escritório de planejamento e gestão, em cada container carregado com manufaturas prontas a ganhar o mundo, as ideias brilhantes que constroem, hoje, a ponte que leva ao amanhã.

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Com profissionais experientes, a empresa viabiliza a produção com garantia total na qualidade e fidelidade de cores. Além disso, utiliza os melhores produtos e maquinários, o que garante os melhores resultados. Acabamento

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ma empresa diferente e moderna. Assim pode ser definida a Gráfica e Editora Guillen & Andrioli que, há 16 anos, oferece as melhores soluções gráficas para São Carlos e região. Sua política de qualidade prioriza a excelência no atendimento às necessidades e expectativas de cada cliente por meio do desenvolvimento contínuo dos processos de produção, de treinamentos para a equipe e do cuidado com o meio ambiente. Os proprietários, Jairo Guillen e Lilian Andrioli, se orgulham por produzir peças que resultam no melhor para a marca de seus clientes, sempre oferecendo economia, qualidade e agilidade. Tais características estão sendo intensificadas com a norma de qualidade ISO 9001, cuja implementação se encontra em fase final. Com isso, a gráfica irá aumentar e agilizar a produção e, ainda, diminuir o desperdício. Segundo Jairo Guillen, a ISO 9001 representa um grande avanço para a empre-

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sa e exige sua permanente evolução. “O selo requer a reciclagem permanente dos profissionais, o controle preciso dos resíduos químicos, o desenvolvimento de novos produtos e o aperfeiçoamento do pós-venda. O mercado local é exigente e merece essa alta qualidade nos serviços que prestamos”, enfatiza. Lilian Andrioli, por sua vez, explica que toda a produção tem o mesmo nível de excelência. Desde um simples cartão de visita a um projeto gráfico para multinacionais. “Nossos clientes encontram um ambiente climatizado, onde têm total apoio técnico para adequar seus projetos ao grau de satisfação desejado”, completa a empresária. E os números já indicam o reconhecimento a essa constante evolução, pois mostram a liderança de mercado que a Gráfica e Editora Guillen e Andriolli apresenta na região: a cada mês, cerca de 5 milhões de impressos são produzidos, sendo esperado um aumento de 35% no período de um ano.

A Guillen & Andrioli, oferece um completo trabalho de acabamento, com laminações, plastificações, aplicação de verniz, cortes especiais, obedecendo as normas da certificação ISO 9001 o que garante a unidade e qualidade de cada trabalho desenvolvido.

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química industrial www.h20mais.com.br

H2O+ visa segmento ecológico para expandir mercado Crescente demanda por tintas à base de água e atóxicas justificam investimentos

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H2O+ Química Industrial, de olho vivo no emergente mercado de tintas solúveis em água e atóxica, investe em tintas ecologicamente corretas que não causam danos à saúde e, por não possuir metais pesados em sua composição, não afetam o meio ambiente. Na visão do diretor da empresa Rogélio Aparecido Bernardelli, o produto tem um apelo ecológico forte por promover a sustentabilidade do planeta. Para disseminar o uso desse produto, a H2O+ tem investido na parceria com empresas do setor de artesanato e cerâmicas. A experiência da empresa em aplicar essa tinta no segmento de artesanato e porcelanas nas indústrias de Porto Ferreira e Pedreira tem sido bastante promissora. “As empresas do setor de cerâmica vêm buscando produtos de baixa toxicidade. A H2O+, alinhada a esse mercado, produz 9 toneladas por mês de tintas à base de água e atóxicas, desde junho de 2010, em São

Carlos, para o mercado de cerâmicas artísticas, brinquedos e outros utensílios em MDF”, relatou. “As vendas deste tipo de tinta é crescente, visto que os consumidores vem dando preferência aos produtos ecologicamente corretos. Em 2012, a empresa cresceu 11% no faturamento líquido dos 20% projetados. Em 2013, a empresa pretende crescer 36%, para isso já está desenvolvendo internamente duas linhas de produtos, uma voltada para o segmento gráfico e outra para o segmento de metal mecânica. Este trabalho deve gerar 40 novos itens”, relatou o diretor da H2O+. “A inovação nos produtos e no processo de fabricação é constante. Dessa forma, minimizamos os custos internos e aumentamos nossa margem de venda, além de estar à frente da concorrência, mais do que apenas oferecendo tinta, trazendo resultados”, afirma Rogélio. A H2O+ foi fundada em 2010, e hoje já

DIFERENÇAS ENTRE OS TIPOS DE TINTAS 91% do mercado Tintas à base de solvente

9% do mercado Tintas à base de água e atóxicas Preço médio R$12,00/litro (+30%) Baixa ou nenhuma toxicidade. Tendência mundial de aumento de consumo.

Preço médio R$9,00/litro Moderada a alta toxicidade. Consumo tende a ser controlado por órgãos fiscalizadores estadual e federal nos próximos anos.

atende clientes em Araraquara, São Carlos, Rio Claro, Piracicaba, Limeira, Leme, Araras, Pirassununga e Porto Ferreira. Para isso, inovou ao lançar este ano a tinta acrílica Camaleão para os mercados de artesanato industrial e de artes gráficas. Projeta para o ano que vem a tinta acrílica Craquelê (32 cores) direcionada ao mercado de artesanato industrial e residencial; e a tinta epóxi acrílico Aquoso (17 cores) para o mercado de metal mecânica. Outro mercado em que o empresário esta focando é o de brinquedos, para estimular este segmento a usar tintas à base de água. “Uma grande maioria da indústrias do setor usam o produto convencional que é tóxico e pode afetar a criança quando ela coloca os brinquedos na boca. Os riscos são grandes e o prejuízo gerado se algum acidente acontecer pode ser gigantesco para o fabricante”, disse. Na questão do custo/benefício, explicou Rogélio, o preço da tinta à base de água traz pouca diferença em relação ao preço das tintas à base de solvente. Se contabilizados os preços, a tinta à base de água sai 30% mais cara. Contudo, o pintor terá de comprar paralelamente um solvente para limpar seu equipamento de trabalho que custará perto de R$ 6,00/litro. Enquanto a limpeza dos equipamentos, quando se usa tintas à base de água, é feita com a própria água. “Além disso, com a tinta da H2O+ não há risco dos trabalhadores se contaminarem com produtos químicos”, disse.

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O que pode ser chamado de empreendedorismo? A palavra é conhecida, mas será que é compreendida realmente por aqueles que utilizam? Antonio Valerio Netto, Ph.D. – Diretor adjunto de tecnologia (DETEC) e coordenador titular do Nucleo de Jovens Empreendedores (NJE) de São Carlos e região.

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uando se está no início de uma carreira profissional, é normal a falta de conhecimento de quais caminhos deveriam ser trilhados. Qual a melhor empresa para se trabalhar? Que tipo de trabalho eu quero fazer? Aonde eu quero chegar com minha carreira? Trabalhar no Brasil ou no exterior? Trabalhar perto da família ou do(a) namorado(a)? Trabalhar em uma pequena ou em uma grande empresa? Enfim, várias questões que norteiam a cabeça do jovem. Para muitas dessas questões as res-

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postas são semelhantes, seguem um padrão social preestabelecido. Basicamente é, “faça o que te deixa mais feliz!”. Acredito que é nesse ponto que começa uma confusão que pode se seguir até o final da carreira profissional e pessoal do indivíduo. Se for para ser feliz, então não vou correr riscos, pois a derrota ou um erro exposto me traz infelicidade. Diante disso, o melhor é ficar na zona de conforto, pois não vou sofrer com a derrota ou com a rejeição. Vencer é bom, mas como eu não sei se vou ganhar, então é melhor não jogar. Deve ser por isso que eu não gosto de esportes ou qualquer outra atividade que requeira o meu esforço pessoal e intelectual, e que tenha chance de ser reprovado, derrotado ou coisa parecida.

Seguindo esse raciocínio, provavelmente eu não deva fazer a prova de Cálculo Numérico, ou aquela de Engenharia de Software. Pode ser que eu tire nota baixa e fique angustiado ou os meus amigos vão perceber que não sou bom aluno. Mas se eu não for fazer a prova, vou ser reprovado na matéria e terei que refazer a disciplina novamente. Pensando um pouco mais, por outro lado, se eu tirar uma nota alta, posso ser reconhecido pelo professor como um bom aluno, conseguir algumas portas abertas na faculdade; e quem sabe uma iniciação científica ou indicação para estagiar em alguma empresa. É


a glória! O ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, comentou certa vez que “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta, que não conhece vitória nem derrota”. A questão é “por que eu me arrisco todo semestre fazendo provas de disciplinas que eu nem mesmo sabia que existiam (o novo), tendo consciência de que posso ser aprovado ou reprovado?” Entendendo, inclusive, que a reprovação causa dor e tristeza e isso pode me desmotivar. Será que é porque eu sou jovem, em fase de estudo, e a sociedade (pais, professores, amigos, sogra) à minha volta sabe dessa situação e a cobrança não é tão ríspida ou rigorosa? E por que isso muda quando eu me graduo e tenho que escolher rapidamente uma carreira e tentar dar certo profissionalmente para ser reconhecido pela sociedade. E se eu estou me formando mestre ou doutor? A cobrança é maior de acordo com a titulação? O que muda dentro do jovem quando um dia antes ele tem a chance de errar e trabalhar a incerteza e, depois de formado, já tem que saber tudo e não tem a chance de arriscar. Pode ser que a decisão tomada dê errado, mas se deu errado, não posso refazer novamente e tentar outro caminho com a experiência do erro, seguindo a mesma lógica usada quando se reprova em uma disciplina e o aluno a faz novamente.

Empreender serve para que mesmo? Em linhas gerais, empreendedorismo designa os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. E empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar, principalmente, aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades de organização, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mer-

cadorias ou serviços; gerando um novo método com o seu próprio conhecimento. É o profissional inovador que modifica, com sua forma de agir, qualquer área do conhecimento humano. Também é utilizado – no cenário econômico – para designar o fundador de uma empresa ou entidade, aquele que construiu tudo a duras custas, criando o que ainda não existia (definição encontrada no Wikipédia em português, 12/08/2009). Na prática, ser empreendedor é realizar uma atividade quando existem chances reais de não dar certo. A história demonstra que, se não fosse o empreendedorismo de pessoas comprometidas com seus ideais, não existiriam no Brasil exemplos de empresas com a Embraer e a Petrobrás. Não existiria metade das universidades federais no país ou centros de pesquisas como a Embrapa ou órgãos de fomento como o CNPq. É interessante observar que correr riscos requer que a pessoa tenha que ter estudo maior, um planejamento, compreender aspectos que ele ainda não domina, sair da sua rotina de trabalho e atividades corriqueiras para compreender e absorver informações que hoje ele não tem. Alguns anos atrás, particularmente, eu entendia que as pessoas mais empreendedoras do Brasil, eram os doutores (PhDs) pois eles arriscavam sua carreira profissional em pesquisas que tinham grandes chances de não dar certo. Era a busca da inovação e do ineditismo do qual não se tinha a certeza que se chegaria a um resultado adequado que pudesse gerar uma defesa de tese. Entendi que os doutores eram os mais empreendedores, contudo, o passar dos anos me esclareceu que não era bem assim. Ao compreender determinadas características da natureza humana, observei que o empreendedorismo ou, melhor dizendo, a capacidade de correr riscos, estava presente em pessoas que tinham menos estudo formal. Boa parte dessas pessoas não possuía uma graduação ou curso técnico. Muitas montaram seus próprios negócios (comércio ou indústria) para ganhar seus rendimentos financeiros. Pode ser que por isso exista uma certa confusão de que o empreendedor é aquele que cria a sua própria empresa, enfim, o empresário.

É importante deixar claro, que nem todo empresário é empreendedor. Muitas vezes, ele recebe de herança esse “fardo” do pai ou de algum familiar. E por não querer sair da sua zona de conforto, perpetua essa situação. Com relação ao empreendedor com baixo estudo formal, será que o fato de não ter nada a perder ou de não ter vergonha de uma derrota, tenha o motivado a alcançar algo que, à primeira vista, parecia impossível. E nós que temos o estudo técnico, temos medo de arriscar, pois se tivermos um insucesso, isto vai envergonhar a nós mesmos e nossos entes queridos. Então quer dizer que quanto mais estudamos, menos chances temos de errar, e isto nos inibe de sair da zona de conforto?

Concluindo Empreender é sair da sua zona de conforto. É realizar algo para o que realmente não se tem todas as respostas ou mesmo alguém ou algo para indicar o melhor caminho. Muitas vezes é um passo no vazio, na incerteza se vai dar certo ou errado. Enfim, se expor ao erro. Pessoas que conseguem um equilíbrio e um aprendizado em situações como essas, são verdadeiramente empreendedoras. Geralmente, esse tipo de situação ou vivência não se aprende trabalhando em grandes empresas ou órgãos públicos, onde as incertezas são, por definição, menores ou onde se faz o possível para que assim sejam. O aprendizado conquistado com a própria experiência pessoal não tem preço. Não se trata de técnicas de computação, administração ou vendas; trata-se das emoções com que aprendemos a lidar quando nos deparamos com situações críticas e adversas, seja no relacionamento com pessoas ou clientes, ou quando atuamos no mercado e contra os concorrentes. A maioria das faculdades e MBAs esquecem de trabalhar o desenvolvimento emocional dos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Focam apenas no aprendizado técnico, que, muitas vezes não responde nem por 50% das características necessárias para se obter sucesso na carreira profissional.

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Hece Máquinas inovando sempre

A liderança do mercado veio da aposta em novas tecnologias que são constantemente incorporadas às máquinas e aos acessórios produzidas pela empresa

O

processo de inovação dentro da empresa Hece Máquinas vem de longa data. De uma oficina que fabricava peças para a indústria mecânica, ainda em 1962, evoluiu e criou o primeiro protótipo de máquina de corte e solda para fabricar sacos plásticos. Isso foi há 50 anos. Para o gerente industrial da Hece Máquinas, Luiz Fernando do Valle Sverzut o segundo patamar conquistado pela empresa veio com a mudança de máquinas mecânicas para eletroeletrônicas. Isso no começo dos anos 90. O mercado exigiu controles eletrônicos comandados por software. Isso aumentou a produtividade. “O que uma máquina faz hoje, precisaria de quatro ou cinco máquinas mecânicas para fazer o mesmo”. Com a tecnologia embarcada, a Hece foi buscar nas universidades os profissionais aptos a desenvolver os software e melhorar o desempenho “Nós também capacitamos nossos profissionais para ter controle do software. Hoje nós temos engenheiros nas áreas de software, projeto elétrico, projeto mecânico, além da assistência técnica”, relatou Sverzut ao afirmar que o processo de inovação está atrelado a qualificação técnica. A liderança do mercado com máquinas para embalagem veio da aposta em novas tecnologias e traduzi-las para a linha de produção dos equipamentos. “Ou partíamos para isso, ou morreríamos. Nós 18 | REVISTACIESP | Outubro de 2012

nos mantivemos no mercado, visitando feiras internacionais sempre buscando a excelência de fabricantes mundiais. E isso não para: muitas tecnologias novas são sugeridas pelos nossos clientes e mercado, podendo ou não ser incorporadas”. Sverzut explicou que o mercado e os clientes acabam ditando o tom da moda. Muitas das inovações vieram da evolução das embalagens. O empresário fez uma analogia com o segmento para sacos de ração de animais domésticos. A comercialização de ração para cachorro e gato é relativamente nova. E a dinâmica desse mercado provoca mudanças nas embalagens. Um exemplo é o saco com a base e colada, com zíper, alça, enfim uma série de valores agregados. Com isso o mercado pede que se incorporem elementos modernos para atender ao consumidor. Sverzut frisou que a empresa tem dois processos importantíssimos: um é o do projeto, desenvolvimento e inovação, onde nasce tudo. Outro é o serviço do pós-venda. E no meio tem toda parte de produção, montagem, instalação. “A primeira extremidade é da inovação, desenvolvimento, que está ligada ao mercado, atualizado nas novidades das matérias-primas, e das embalagens. Nossas máquinas podem trabalhar com plásticos convencionais, ecológico, ou bioplásticos. A segunda está o serviço e na reposição de peças e componentes. E estou falando de

Luiz Fernando do Valle Sverzut

máquinas A Hece Máquinas possui atualmente duas linhas: Máquinas automáticas para produzir embalagens plásticas flexíveis; sacos, sacolas, etc. Máquinas termoformadoras automáticas para produzir embalagens rígidas; copos descartáveis, potes e tampas industriais.

componentes de mais de 10 anos. E nós temos tudo isso aqui, e esse é um diferencial em relação a nossos concorrentes”. As máquinas da Hece Máquinas são as mais valorizadas também no mercado de usadas. Para atender aquele empresário que comprou um equipamento usado o departamento engenharia se especializou na adaptação de componentes novos para dar uma longevidade às máquinas antigas, quando necessário. “Temos cerca de quatro mil máquinas no mercado, e produzimos cerca de 15 máquinas por mês. Exportamos entre 10% e 15% para América Latina. E recentemente nós entregamos uma máquina para a Polônia. Acredito que mais de 90% dos sacos de ração de cachorro produzidos no Brasil são feitos pelas máquinas Hece. Tudo isso foi possível graças ao esforço e comprometimento de todos os nossos funcionários”, afirma.


S. A. Indústrias Giometti se mantém ativa nos segmentos agrícola e metalúrgico História

Mario Maffei

A história do município de São Carlos se confunde com os 114 anos da indústria comandada pelas famílias Giometti, Maffei e Lobbe Pedro Alfredo Maffei e Mario Maffei podem ser considerados os empresários mais antigos em atividade na cidade. Eles comandam até hoje a Giometti, empresa centenária, cuja maior atividade é o atendimento ao mercado cafeeiro em grande desenvolvimento, principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, que utilizam seus produtos. Mario Maffei conta que a Giometti preparava a mudança das suas instalações para uma área adquirida no entorno da cidade, onde seria instalado por uma empresa alemã, um sistema completo de galva-

nização de arame, para suprir esta matéria prima, que era importada da Alemanha e do Japão. O então Presidente Getúlio Vargas decreta uma desvalorização de 18% da moeda brasileira, ocasionando uma paralisação das negociações e acarretando substancial prejuízo. Hoje a empresa, pela sua localização central, tem uma infra-estrutura viária limitada para receber caminhões de grande porte com insumos, não conseguindo manter dois turnos de produção por conta das limitações impostas pelo ruído, o que restringe as suas atividades.

Em 1898, Miguel Giometti montou em São Carlos a empresa “Fabrica de Vehículos Americana M. Giometti”, produzindo troles e semi-troles. Em 1914, associa-se a Carlos Facchina e Luigi Picchi, incorporando várias fábricas do grupo denominado “Sociedade Industrial e Commercial de S. Carlos de Facchina, Giometti, Picchi, Importação e Exportação”, passando a ser o maior empregador do município. Alfredo Maffei passa a representar a firma, em vendas e importações nos escritórios de São Paulo e Rio de Janeiro. Com a saída de Luigi Picchi do grupo em 1923, a firma passa a ser denominada “Sociedade Industrial e Commercial de São Carlos, Facchina e Giometti”. Em 1928, a empresa passa por uma nova divisão, cabendo a fábrica de cola e adubo para “ Carlos Facchina”, e as empresas restantes para a S/A Miguel Giometti – Fábrica Progresso e posteriormente, S.A. Indústrias Giometti com uma diretoria formada por Miguel Giometti, Alfredo Maffei e Antonio Adolpho Lobbe. Atualmente, a empresa é dirigida por Pedro, Mario, Júlio e Nelson Maffei, que diz que a receita da longevidade da empresa é simples: “da fundação da Giometti até hoje, a dedicação e o trabalho de centenas de pessoas e colaboradores fizeram a diferença. A cidade agora conhecida como polo tecnológico começou lá trás, onde o conhecimento, experiência, história, trabalho e dedicação de muitos, fizeram parte da prosperidade de São Carlos”.

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Perfil

“O empreendedor é aquele que enxerga além do horizonte”

Sérgio Pepino foi por 6 anos diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em São Carlos e outros 14 como diretor adjunto. Atualmente é diretor Plenário no Ciesp São Paulo.

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Perfil

Sérgio Pepino relembra a trajetória como empresário e mostra como a inovação pontuou o caminho de sucesso da Icam, nos mais de 50 anos de atividade

U

m empreendedor do primeiro time que enxerga além da linha do horizonte que aos 16 anos de idade já previa dentro da oficina mecânica, na qual era funcionário, o futuro dos negócios e mostra aos empresários que tinham em média o triplo de sua idade, o caminho dos negócios. São palavras simples para definir e conceituar Sérgio Pepino, diretor da Icam. O aprendiz de serralheiro, que aos 11 anos de idade, nos anos 50, recebeu orientação de Paulo Ricci e posteriormente de Indalécio Garcia, diz que a inovação surge da atenção que você dá para as coisas. Esse olhar aguçado lhe rendeu a honraria de “Industrial do Ano”, prêmio oferecido pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Sesi e Senai, recebido em 31 de Agosto de 2012, principalmente, pelo portfólio de inúmeras conquistas pautadas pela inovação e inventividade. Pepino disse que a inovação sempre pontuou sua vida empresarial e provocou mudanças de rumo. Situou a primeira, ainda como serralheiro, com a chegada ao Brasil dos perfilados (chapas de metal dobradas) e fez a caixilharia modernizar portas e janelas naquele momento. “Reconheci, no novo produto, a oportunidade de aplicar o meu conhecimento de matemática, física e desenho geométrico e começamos a produzir peças que se tornaram, com o tempo, obras de arte”, relembrou ao citar que a porta da escola Senai de São Carlos é de sua autoria. Ele contou, com saudosismo, que naquele momento, aos 18 anos, recebeu dos patrões a proposta de sociedade contrapondo uma proposta vinda de uma empresa de São Paulo, que lhe ofereceu um contrato e um bom salário. Aceitei a proposta de sociedade e então tive a oportunidade de inovar dando um ritmo muito grande nos negócios. Já com a Icam criada, datada de agosto

de 1960, Pepino acabou assumindo o projeto empresarial sozinho. Nesse período teve a oportunidade de criar um curso de serralheiro dentro do Senai para formar mão de obra qualificada e viu, com profissionais adequados, a sua empresa triplicar a produção. “Até hoje existem serralheiros na cidade com empresas próprias, que se formaram naquela época”. Ele criou e patenteou as formas metálicas para construção de caixa d’água redonda, mudando radicalmente o modo de se contruir reservatórios dentro da construção civil. Após algum tempo, veio a sugestão de professores da USP (Universidade de São Paulo) para que a Icam produzisse módulos hidráulicos e de mecânica dos fluidos para compor os laboratórios dos cursos de engenharia, uma exigência do governo na formação dos estudantes. “Existem mais de 50 módulos espalhados no país feitos por nós”. Como uma ideia puxa outra, a Icam entrou na área de carenagem e a JPX, em Pouso Alegre (MG), firma de Ike Batista, começou a produzir um jipe com boa parte do produto nacionalizado e convidou Pepino para que fizesse a carenagem. Ele investiu em maquinário e assim virou a página de serralheiro e passou a ter uma indústria. Com a carenagem Pepino se enveredou pelo setor automotivo. “No processo de nacionalização desse jipe fizemos inúmeras modificações para adaptar o modelo francês aos padrões brasileiros, inclusive, participei da homologação desse veículo no Exercito Brasileiro, que comprou 500 veículos”, relatou. Como tudo tem seu tempo, todos os produtos que a Icam foi pioneira em produzir acabaram ficando “corriqueiros”, como o próprio Pepino definiu. Mais uma vez foi buscar além da linha do horizonte

algo inusitado. Em uma feira em Hannover, na Alemanha foi pesquisar as novidades para corte de chapa de metal. “Lá eu conheci uma inovação para o mundo, era o corte a jato d’água com abrasivo. A partir disso, conheci empresas na Europa e nos Estados Unidos que produziam o equipamento ”, relatou. Após fazer um curso nos Estados Unidos, de altíssima pressão, a Icam adquiriu o equipamento, tornando-se pioneira na América Latina, trazendo essa tecnologia, disponibilizou para a empresa Flow, dos EUA, usar o equipamento para difundir a tecnologia a todos. A partir do uso dessa máquina, conseguiu incluir mais uma inovação no mercado ao perceber que a areia abrasiva, que compõe o fluido para cortar a chapa, poderia ser reciclado. O barro que sobra após o corte da chapa traz inúmeros resíduos. “Ao limpar o tanque e deixar esse barro de lado no pátio da Icam percebi que parte dessa areia estava intacta e poderia ser reutilizada”. “A inovação surge para você quando se presta atenção nas coisas ao seu redor”, sentenciou o empreendedor que desenvolveu o processo de filtragem do barro. Sai desse resíduo, após o corte das chapas, sucatas, o próprio barro que reutiliza para fazer blocos de concreto para a construção civil e pelo menos 30% da areia abrasiva intacta que volta ao mercado pelo menos 50% mais barato que o produto virgem. Toda essa experiência mostra que aquele aprendiz de serralheiro, que no início de carreira era um artesão, se tornou um empreendedor de visão, atento ao mundo que lhe cerca. Ao ser questionado durante a entrevista o que o empresário de hoje tem do artesão adolescente dos anos 50, Pepino não responde com palavras o que pode ser visto a olho nu: o entusiasmo pelo que é novo.

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Genivaldo Resende

JSC lidera mercado de tratamento térmico em metais Empresa investiu na estrutura, na qualificação da equipe e na gestão para aprimorar o atendimento

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JSC Tratamento Térmico em Metais, que está no mercado de São Carlos há quatro anos, se destaca pela capacidade de atender um grande número de clientes em um curto espaço de tempo. A estrutura de três fornos de alta resolução e uma logística diferenciada na entrega dos produtos, resultou na conquista da liderança do mercado na região. Segundo o gerente de desenvolvimento, Genivaldo Resende, o tratamento térmico é o conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos os metais, sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade (de resfriamento), tendo como objetivo alterar suas propriedades ou agregar determinadas características. Atualmente, a JSC chega a trabalhar com 95 toneladas de peças/mês. Esse patamar foi atingido em tempo recorde. “Quando assumimos a empresa eram cinco funcionários e a produção não passava de 3 toneladas/mês. Em quase quatro anos, mudamos toda a estrutura, ampliamos o número de funcionários para 30, dobramos a quantidade de fornos e a capacidade de cada um deles e qualificamos a equipe para atender a demanda do mercado”, relatou.

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Para atingir este nível destacado a empresa também investiu em gestão, trazendo para dentro da fábrica uma equipe de químicos e um laboratório especializado em tratamento térmico de metais. “Visando economia e uma empresa mais sustentável, os fornos, que eram elétricos, foram convertidos para gás natural. A eficiência do gás provocou uma redução de 20% do tempo de produção e queda de aproximadamente 30% no gasto com energia”, disse. Todo esse investimento foi feito para melhor atender ao cliente, ressalta Resende. Outro ponto focado pela gestão da empresa é a logística na coleta e entrega do material. “A JSC, por ser uma prestadora de serviço, tem de ter precisão ao buscar uma peça que passará pelo melhoramento e ser ágil na entrega, já que o cliente também tem prazo a cumprir. Esse diferencial agregou valor ao nosso trabalho”. Pensando em ampliar os negócios, a direção da JSC já adquiriu um terreno no fundo da empresa para construir um quarto forno até 2013. A expectativa da direção é que consiga atender a um número maior de empresas e atingir um crescimento de aproximadamente 20%.

O que faz a JSC O tratamento térmico modifica, em maior ou menor escala, a estrutura dos metais, resultando, assim, na alteração (mais acentuada ou menos) de suas propriedades. Exemplificando: uma peça de engrenagem após ser processada pela JSC ganha flexibilidade e resistência diminuindo o desgaste gerado pelo uso. Contudo, o serviço não se restringe ao que é feito dentro da fábrica. A equipe presta consultoria e vai até o cliente para conhecer a real necessidade do serviço e apresenta soluções mais viáveis para o tratamento das peças de metal. “Esse comprometimento tem gerado fidelidade dos clientes”, ressaltou Resende.


A inovação está no

detalhe Empresa desenvolve QRcodes para apresentar seus produtos

José Paulo Aleixo Coli

A

Latina Eletrodomésticos usa e abusa da inovação e da tecnologia embarcada em seus produtos como forma de se destacar no mercado. O vice-presidente José Paulo Aleixo Coli, que também assume a função de diretor de operação e tecnologia afirmou que o processo inovador está no detalhe que provoca diferenças fundamentais no desempenho do produto para o consumidor final. Atualmente inovam ao criar o personagem Dr. Rigor que veio para ser um apresentador virtual, que tem a função de mostrar os novos produtos de maneira fácil e instrutiva. São filmes ilustrativos que detalham o produto. Para ter acesso basta acionar o aplicativo de celular sobre os QRcodes impressos em todos materiais promocionais, nos adesivos que vem colados nos produtos ou nas embalagens e você terá em seu aparelho o suporte de um vendedor virtual. Como o Dr. Rigor é super rigoroso com qualidade, nos filmes da linha de purificadores de água, por exemplo, ele mostra o caminho da água e os detalhes do processo de purificação como a passagem pelos dois filtros e o sistema bacteriostático que impede a proliferação de algas e bactérias em seu reservatório. Mas esta é somente a ponta do iceberg. Coli relatou os inúmeros investimentos da empresa no desenvolvimento de tecnolo-

gia de ponta para produtos simples como um ventilador de teto. “Fomos buscar com o professor Fernando Martini Catalano da Escola de Engenharia Aeronáutica da USP, uma pá de ventilador que fosse eficiente em provocar mais vento com o menor ruído possível. Incorporamos no projeto um detalhe do avião que é o winglet, uma abinha virada, que revolucionou o produto. Quebramos paradigmas”, relatou. O produto que até então era um mero ventilador ganhou um chip de computador que cronometra, por exemplo, o tempo que você quer que ele se mantenha ligado. O produto ganhou controle remoto e função timer, além de um dispositivo eletrônico que não permite um tranco no motor quando se muda de rotação. “Esse detalhe aumenta a vida útil do produto, melhorando a relação o custo/benefício”. Para a Latina inovar passou a ser qualquer melhoria de um produto ou da produção industrial. Dessa forma, a empresa entra de forma substancial no mercado, por meio de parcerias com os centros de pesquisas. “Nós temos múltiplos projetos desenvolvidos com universidades que nos

renderam o selo de inovação e a chancela para conseguir incentivos fiscais do governo por meio da Lei do Bem”, relatou Coli. Um exemplo do investimento em inovação é o projeto desenvolvido pelo professor Vanderlei Salvador Bagnato, do Instituto de Física da USP, que utiliza luz ultravioleta como um antibactericida nos purificadores de água. O líquido passa por uma recipiente com feixes de luz que eliminam todas as impurezas da água. Inovamos também ao criar um dispositivo que indica para o consumidor quando o filtro do purificador de água deve ser substituído. “Eliminamos aqui a dúvida da dona de casa que não sabia se a água estava sendo filtrada corretamente”. Coli analisa que a inovação está no detalhe que surge das pesquisas movidas pela necessidade do mercado. “Ouvimos muito os consumidores e essas informações são repassadas ao departamento de pesquisa e desenvolvimento. Para lançar a nova secadora de roupas de parede, a Latina ouviu as consumidoras e encontrou nessa sondagem detalhes que trouxeram o diferencial do produto no mercado”, finalizou.

confira a última inovação da Latina. Você não vai acreditar no que vai ver! Instruções

1o passo Use o QR code para instalar o aplicativo de Realidade Aumentada e logo após para conectar ao canal Latina. 2o passo Mire a câmera do seu smartphone na logomarca Latina e surpreenda–se!

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JSC Rua Ray Wesley Herrick, 751 (16) 3361 2119 www.jsc.com.br

CASALE Rod. Washington Luís, Km 237 (16) 3411 5000 www.casale.com.br

QW3 Rua Giácomo Casale, 147 (16) 3416 6404 www.qw3.com.br

NOVA MARCA Rua São Paulo, 789 (16) 3374 1988 www.novamarca.com.br

INDÚSTRIAS GIOMETTI Rua Episcopal, 961 (16) 3371 4011 www.giometti.ind.br

ICAM

GUILLEN & ANDRIOLI

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NOVA MARCA

José Pinheiro

Ednéa Casagrande Pinheiro

Nova Marca atua no reconhecimento da propriedade intelectual Mais do que apenas proteger uma ideia ou projeto, o registro de marcas e patentes contribui para o empreendedorismo e para o desenvolvimento tecnológico e cultural do país

A

frase emblemática de que o país tem que exportar conhecimento e tecnologia e não só commodities marcou o projeto que comemora os 22 anos da Nova Marca – Marcas e Patentes. A empresa comandada por José Pinheiro e Ednéa Casagrande Pinheiro viu no reconhecimento da propriedade industrial uma maneira de provar que existe produção intelectual do lado debaixo do Equador. Para isso, levou em frente o conceito de inovação. “O que antes era considerado criativo passou a ser inovador. No entanto, devemos pensar o que realmente significa essa inovação”, questionou Ednéa. Dentro desse pensamento, surgiu em 1990 a empresa Nova Marca como um projeto para dar suporte aos professores e pesquisadores das universidades que buscavam a proteção e garantia do conhecimento inovador por meio de uma patente. José Pinheiro relatou que, àquela altura, a possibilidade de se registrar uma patente era algo longe da realidade dos pesquisadores e empresas de pequeno e médio porte. “Longe daqui não só geograficamente, já que os escritórios que tratavam do assunto estavam nas capitais, mas era

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distante também do projeto dos pesquisadores e empresas da região. Para eles, essa era uma possibilidade apenas para as multinacionais”. Nessa perspectiva, iniciaram um trabalho que desmistificou o conceito de registro de marcas e patentes. “Acredito que seja essa nossa maior contribuição para o mercado” ressaltou Ednéa. Ela afirma também que se deve desassociar inovação de criatividade, pois, esta última define a criação de algo novo, enquanto aquela cria o novo a partir do existente, ou seja, utiliza duas tecnologias conhecidas, ou mais, para o desenvolvimento de uma terceira. Com esse conceito, chegaram até as empresas tradicionais, sem base tecnológica, que pesquisavam e desenvolviam produtos essencialmente inovadores. “Mostramos a esses empresários que valia a pena investir na propriedade intelectual. Afinal, chega de se criar por aqui novas tecnologias e ver o resto do mudo copiar”. O casal enfatizou a Nova Marca foi responsável por muitas patentes reconhecidas nacional e internacionalmente e que o que manteve a empresa ativa foi levar os inventores a acreditar que suas ideias ti-

nham mercado e a agregar valor a um produto inédito e imprescindível. Na avaliação de José Pinheiro, o cenário atual de globalização contribui muito para que empreendedores, inventores e pequenos empresários apresentem suas novas tecnologias de forma segura. “As ideias, contudo, precisam ser transformadas em produtos ou serviços inovadores que possam ser comercializados, apresentando uma relevância no mercado que as torne economicamente viáveis”. A administração da propriedade intelectual demanda uma série de atividades por parte da empresa, entre as quais podemos destacar a identificação das tecnologias patenteáveis, a negociação de licenças e a utilização de marcas, patentes e desenhos industriais para diferenciação competitiva. Dessa forma, percebemos que, na era da economia baseada no conhecimento, a propriedade intelectual que estiver protegida legalmente contribui para a competitividade empresarial e para a concorrência comercial, incentivando a inovação, o empreendedorismo e o desenvolvimento tecnológico e cultural da nação.


Prominas nacionaliza equipamento do setor petrolífero Empresa é a única no país com capacidade para produzir a sonda

I

nédito no País e com 80% das suas pe- res), alcança uma profundidade de 5 mil ças criadas com tecnologia nacional, a metros e tem um poder de carga de 100 Prominas lançou o equipamento de toneladas. Parte do projeto foi desenvolmanutenção de poços de petróleo, proje- vido por profissionais da Universidade de tado e desenvolvido nos últimos três anos São Paulo. “O cálculo da estrutura foi elaboracom investimento na ordem de R$ 3 mido pela USP, que tem um lhões. Prominas software chamado “ele­ “Nós não inventamos investe r$ 3 mentos finitos”. Ele simula a roda. Esse é um conceitudo que pode ter de anorto de máquinas que existe milhões em malidade na hora da openo mercado. O que nós fiequipamento ração do equipamento pra zemos foi verificar o que já de manutenção ver se a torre suporta”. é produzido, montamos alde poços de Como a Prominas é a go semelhante e investimos petróleo, única no país com capacina diminuição de acidente, dade para produzir o equina facilitação de manutenprojetado e ção e da operação. E aí está desenvolvido pamento, Ubiraci Moreno espera que o próximo a inovação do nosso produnos últimos equipamento ficará pronto”, explica Ubiraci Moreno três anos to dentro de 4 meses, e calPires Corrêa, diretor-presicula que outras 28 máquidente da empresa. O projeto, mesmo não sendo inédito, nas devam ser produzidas, já que o mercatem a liderança de mercado na América do brasileiro necessita atualmente de um Latina. Não se tem atualmente outra em- montante que gira em torno desse número. Ubiraci gostou do desafio e projeta papresa que faça com conteúdo nacional um equipamento como esse entre os países da ra 2013 a criação de um novo projeto direcionado ao setor de petróleo. Será uma latinos. A construção do protótipo partiu de perfuratriz que vai atingir 3 mil metros um desafio real colocado pela Agência Na- de profundidade para encontrar petróleo. cional do Petróleo: “A ANP está exigindo Nesta empreitada serão investidos outros que todos os produtos utilizados na área R$ 3 milhões. de petróleo no Brasil , da perfuração, passando pela manutenção, ao transporte, tenha conteúdo local. É uma forma de esti- Deu bandeira mular a indústria nacional”. Dois dias antes do lançamento do equiAlertada, a Petrobrás acionou seus ser- pamento, um detalhe saltou aos olhos viços terceirizados, que por sua vez come- da equipe que organizava o evento: “Nos çaram a tentar se adequar a essa exigên- lembramos que todo o esforço que houcia: “E um desses terceirizados nos procu- ve aqui foi pra transformar esse equiparou para desenvolvermos esse projeto”, ex- mento num produto brasileiro. Daí, tivemos a ideia de colocar uma bandeira do plicou Corrêa, que afirma ser o objetivo da Brasil no alto da torre. Busquei a bandeira Prominas alcançar 92% de nacionalização que ganhei de presente do Exército e só nos próximos equipamentos desse tipo. O equipamento tem 29 metros de al- subimos a torre depois que a colocamos”, tura (equivalente a um prédio de 10 anda- explica o diretor-presidente da empresa. Outubro de 2012

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www.qw3.com.br

inserindo empresas no universo da internet A QW3 ampliou sua atuação no mercado e passou a criar diferentes serviços de suporte

Deivid Rogério Varandas

A

concorrência acirrada no mercado globalizado, aliada ao fato de que, segundo pesquisas, o Brasil é o segundo país onde as pessoas passam mais tempo conectadas à internet, exigem, cada vez mais, que as empresas destaquem-se no universo digital. Esse destaque é obtido por meio da combinação de ações que envolvem o marketing, a publicidade e a tecnologia da informação. Números mostram que o mundo está presenciando a maior fase de comunicação integrada de sua história, nunca foi tão fácil se comunicar com pessoas em qualquer lugar, a qualquer hora e sem hierarquia. Para auxiliar as empresas a se destacarem, a QW3 Consultoria de Negócios, ampliou sua atuação no mercado e passou a criar diferentes serviços de suporte. A principal parte desse serviço é conscientizar o empresário que só colocar um site no ar não alavancará seu negócio. “Seria o mesmo que abrir uma loja em uma região comercial e não investir em publicidade. De nada servirá um preço atraente se o cliente não souber dessa informação. Da mesma forma, para que uma empresa ganhe notoriedade no universo digital, a mesma deve utilizar-se de mecanismos que ressaltem o seu produto para

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o consumidor final”, explicou Deivid Rogério Varandas, analista de negócios da QW3. Ele relata ainda que ferramentas como: e-commerce, sites, blogs e redes sociais precisam ser direcionadas para que sejam eficazes e o gasto seja, na verdade, um investimento. Deivid também relatou que em muitas oportunidades, após apresentar os resultados positivos nos volumes de negócios, obtidos por meio de estratégias direcionadas de marketing, ouviu dos empresários: “Como eu consegui viver sem isso?”. A QW3 tem projetado clientes no mercado da internet, fazendo com que seus faturamentos dobrem em um curto período de tempo. “Um de nossos clientes que faturava R$ 1 milhão por ano, em vendas online, dobrou seu faturamento em menos de 12 meses. Para esse cliente, identificamos as melhores ferramentas dentro da internet e executamos a estratégia mais apropriada”, relatou. Deivid reforça que para fazer parte

Um estudo global realizado, junto a 1300 profissionais de marketing, pela empresa Outbrain, criadora de uma plataforma de divulgação e descoberta de conteúdo, e pela agência de pesquisa de mercado eConsultancy, detectou uma quase unanimidade: nada menos do que 91% dos profissionais de marketing digital declaram usar o marketing de conteúdo para promover seus produtos e 90% acreditam que ele crescerá em importância nos próximos 12 meses. O número chega a 93% entre as agências e consultores.

desse mercado, é necessária a utilização das plataformas adequadas. “Investir nessa era virtual não é mais moda, mas sim uma necessidade, tornando cada vez mais indispensável que as empresas apostem e repensem em suas estratégias de marketing digital para acompanhar o crescimento da internet”, conceituou.

No ano de 2011 foram faturados R$ 18,7 bilhões em vendas pela internet e foram registrados mais de 31,7 milhões de e-consumidores.

As categorias mais vendidas no ano passado foram (em %): eletrodomésticos livros, assinaturas de revistas e jornais produtos de saúde, beleza e medicamentos informática eletrônicos Fonte: E-bit WebShoppers.

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diretor vê na inovação a vitalidade da empresa

A

Tecumseh Products Company busca na inovação o caminho para o aperfeiçoamento da tecnologia de seus produtos atendendo à demanda do mercado e oferecendo soluções que a cada desenvolvimento possam agregar valor para seus clientes e acionistas. A vitalidade da empresa está na busca de novas maneiras de fazer um mesmo produto e ainda identificar no mercado e junto aos clientes os desejos que serão transformados em novos produtos. “Inovar não é uma opção e sim uma necessidade para a sobrevivência, mas, para isso, devemos estar conectados com o mercado”, sentenciou o diretor de engenharia Enio Freitas. Ao traduzir a efetiva participação da empresa Tecumseh no mercado vamos descobrir que o compressor por ela produzido faz parte do cotidiano do homem moderno. A tecnologia desenvolvida pela empresa está embutida em geladeiras e freezers domésticos, bebedouros de água e no ar condicionado. “Renovar e inovar os nossos produtos está sustentado em três pilares: baixo consumo de energia, baixo nível de ruído e o tamanho reduzido do compressor”, disse Freitas. São parâmetros, que, ao serem utilizados no desenvolvimento do produto, fazem surgir linhas novas e proporcionam quebras de paradigmas no mercado global. Um exemplo do aperfeiçoamento da tecnologia desenvolvida pela Tecumseh é o compressor com velocidade variável que atende de forma inteligente a demanda do refrigerador. Quando pouco utilizado ele reduz a velocidade gerando queda no consumo de energia. “É um produto que tem um maior valor agregado, e está pronto para atender a uma demanda da legislação brasileira que busca baixar o consumo de energia elétrica”, explicou Freitas ao

Enio Freitas

afirmar que é uma tendência tecnológica que deve ter um crescimento no mercado. Para chegar a esse nível de excelência, a empresa tem um investimento de 2% do faturamento/ano em laboratórios de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, associado a centros de Pesquisa & Desenvolvimento em universidades do País. Como resultado deste investimento em 2013 35% do faturamento da empresa se dará através dos novos produtos por ela desenvolvidos. “A equipe de criação atual é de 100 pessoas. Além disso, a Tecumseh tem um comitê de inovação, criado com propósito de fomentar a cultura da inovação dentro da empresa, por meio do qual todos os funcionários são estimulados a dar sugestões para melhorar os produtos e os processos de fabricação e administrativos. Um exemplo bem sucedido foi a criação em 2010 de um compressor para bebedouro de água com custo e dimensões reduzidas a partir de sugestões dos funcionários.

T CONTROL Em 2009 a Tecumseh recebeu da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) o selo Destaque Inovação para o produto T Control que é um sistema de monitoramento de refrigeração que pode ser feito à distância, pela internet, visando reduzir com precisão o consumo de energia elétrica.

“Claro que o mercado assimilou o produto rapidamente, pois ficou mais competitivo”, disse Freitas. Esta experiência sintetiza o pensamento inovador da Tecumseh, que estimula o fazer diferente para ter como resultado um produto de alto valor agregado, competitivo e de baixo impacto ambiental. “Inovação não é invenção, pois para ser inovação o produto tem que ser comercializável, lucrativo, diferenciado da concorrência e trazer benefícios para a sociedade”, finalizou.

3100 funcionários

50% 30% do mercado brasileiro é o volume de produção

370 toneladas

170 toneladas

(O que faz dela a maior empregadora de São Carlos).

de plásticos foram reciclados nos últimos 4 anos.

30%

que chega ao mercado externo através da exportação.

é o que a empresa atinge com o compressor para ar condicionado (split e janela).

9 mil litros

de água por hora é o volume de são reaproveitados. papeis reciclados que a Tecumseh atingiu em 2011.

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URBag sacolas ecológicas inovação e meio-ambiente

Têxtil Godoy, tradicional indústria localizada em Ribeirão Bonito, lança linha de sacolas retornáveis

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m um tom calmo e confiante Izildinha Godoy relata a receptividade que sua ideia teve ao lançar no mercado sacolas retornáveis feitas de ráfia pela URbag. “É preciso mudar o hábito. O uso de sacolas retornáveis contribui consideravelmente para a diminuição dos sacos descartados de forma aleatória nos lixões e aterros sanitários”, afirma ao deixar claro o que a motivou a investir nesse segmento. Ela relembra que nas gerações de nossos avós pouco se ouvia a palavra descartável. Tudo era retornável: o leite não tinha conservante e era vendido em garrafas de vidro, que o leiteiro passava e trocava o litro vazio pelo cheio. O óleo de cozinha era vendido a granel, levava-se o vasilhame de vidro para encher. O pão vinha embrulhado em “papel de pão”, o sabão era feito em casa com as sobras de óleo usado. Enfim, uma serie de hábitos que foram perdendo a força na sociedade moderna. O mundo tem pressa e praticidade passou a ser sinônimo de descarte. Percebe-se hoje uma crescente preocupação com o meio ambiente e com os danos que pequenos hábitos trazem em escala mundial. O descarte é um problema global. Segundo pesquisas o mundo consome 1 milhão de sacos plásticos por minuto, o que significa 1,5 bilhões/dia ou 500 bilhões por ano.

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Diante destes dados preocupantes, Izildinha se propôs a produzir uma linha exclusiva de sacolas retornáveis, confeccionadas com tecidos de ráfia produzidos pela tradicional Textil Godoy Ltda. O sucesso do projeto já chegou ao Projac da Rede Globo, embalando os presentes dos convidados da festa de aniversário da apresentadora Xuxa Meneguel. Além da Rede Globo/TV Xuxa, a URbag já tem como alguns de seus clientes as redes de supermercados Savegnago, Jaú Serve, Paguemenos; Biotropic – linha de produtos de higiene e beleza da Disney; Boa Mesa – Cestas Básicas e Cestas de Natal; Armazém de Maria – artesanatos e decoração, diversas lojas, despachantes, varejões e as universidades como USP (IFSC), UFSCar e UNIARA. Empreendedora, Izildinha terceiriza parte do trabalho a um projeto social da cidade, que visa profissionalizar e colaborar na geração de renda . “Elas usam horas livres do dia, para ajudar no orçamento familiar”. “Como a fábrica [Têxtil Godoy] trabalha com sacaria para grãos, farinha e açúcar, na entressafra, havia muito desemprego não só na indústria como também nas Usinas (cortadores de cana), seria importante criar um produto para este período”.

Ao lado do marido Sérgio Godoy, a empresária informou que a ideia surgiu há quase uma década quando recebeu de presente uma sacola retornável produzida na Áustria (na Europa a maioria dos países só usam retornáveis) : “Nós percebemos que tínhamos tudo nas mãos. Da matéria prima com qualidade ao acabamento, com opções para personalizar estampas conforme a necessidade do cliente. Por que não investir nessa linha?”. Com uma gama de tecidos ecologicamente correto - a sacola retornável URBag é 100% reciclável, mais resistente e higiênica por ser confeccionada com matéria prima 100% pura. “Temos o cuidado de produzir as estampas com tintas sem metais pesados e atóxica. Afinal, deve haver respeito ao consumidor que carrega nas sacolas, alimentos, inclusive in natura, para sua família. Devemos evitar o risco de contaminação. Izildinha acredita que uma nova postura das pessoas diante da questão ambiental fará a diferença. “Cada família brasileira descarta cerca de 40 kg de plástico por ano. A cada mês, mais de 1 bilhão de sacos plásticos são distribuídos pelo Brasil. Com a mudança de pequenos hábitos as pessoas podem começar a mudar esta triste estatística, afinal somos todos responsáveis pelo futuro”, finalizou.



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