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Industrialização da Construção
Pré-fabricado de concreto atende as exigências das obras metroferroviárias
Por Íria Lícia Oliva Doniak*
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O setor de pré-fabricados de concreto tem se destacado por sua versatilidade, ao ser aplicado em inúmeros segmentos. Na infraestrutura, em especial, no setor metroferroviário, o sistema construtivo tem contribuído para obras com mais desempenho, qualidade e produtividade, além de atender cronogramas ousados, vencer desafios de projetos estruturais, ampliar a segurança e oferecer um canteiro mais limpo, com menor geração de resíduos, menor consumo de recursos naturais e menor uso de materiais. Esses benefícios podem ser comprovados em inúmeras obras, em diversas regiões do país. Em São Paulo, destaque para a construção dos Elevados Imigrantes e Tamanduateí, que compõem a linha 2-Verde do Metrô, e para a construção do Expresso Tiradentes, conhecido popularmente como Fura Fila. No Rio Grande do Sul, a Trensurb aplicou o sistema para a construção das estações São Leopoldo, Novo Hamburgo e Liberdade. No Rio de Janeiro, a expansão da Estação General Osório do Metrô é o grande destaque em termos de obra metroferroviária, pois recebeu o Destaque do Júri do Prêmio Obra do Ano em Estruturas Pré-Fabricadas de Concreto em 2017, principal premiação do setor no país ao homenagear engenheiros projetistas, arquitetos e indústrias pré-fabricadoras e relevar o “estado da arte” de obras nessa área em todo o território nacional. Concebida originalmente para ser executada de forma convencional, a opção pelo pré-fabricado de concreto ocorreu para agilizar o processo construtivo e, ao mesmo tempo, atender todas exigências arquitetônicas do projeto, garantindo o atendimento do cronograma, já que a estação precisava estar em funcionamento nos Jogos Olímpicos de 2016. Para obras de estações de metrô, geralmente, a tendência é o uso de pré-moldados de concreto, pois agiliza muito a execução principalmente por conta da logística, uma vez que concretagens subterrâneas são difíceis de serem executadas nos sistemas convencionais que necessitam confecções de formas, armaduras e escoramentos posteriores. As soluções com lajes alveolares de concreto protendido têm sido também muito utilizadas nas estações. Além disso, obras metroferroviárias exigem resistência, durabilidade e precisão dimensional, que são obtidas com as estruturas pré-moldadas de concreto, uma vez que as indústrias selecionam de forma criteriosa suas matérias-primas, basea-
Íria Lícia Oliva Doniak
Presidente Executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC)
do em inspeções de recebimento e ensaios, e a produção conta com amplo controle de qualidade e rastreabilidade nas diversas etapas. A montagem dos elementos conta com um planejamento específico para garantir a segurança no trabalho e a integridade das estruturas. Outro ponto fundamental é a precisão e controle tecnológico na dosagem dos materiais para a produção do concreto. Portanto, há segurança para aplicar as peças com funções estruturais em obras que atendem a rigorosos critérios de desempenho e também em aplicações submetidas a intensos esforços e solicitações, como são os casos de obras em metrôs e obras de arte metroferroviarias. Diferente do que acontece nos processos de cura normal no canteiro de obra, nos quais o concreto pode estar exposto a agentes prejudiciais, como o clima, elementos químicos, vibrações, entre outros, na produção industrial os elementos são submetidos à cura com temperatura controlada após a moldagem. Ainda sobre a questão do concreto, a indústria utiliza amplamente o concreto autoadensável, que agrega desempenho e tem significativo impacto favorável no ambiente de trabalho, diminuindo ruídos, eliminando etapas no processo produtivo, como por exemplo, a vibração do concreto. Mas, concretos de 90 Mpa já têm sido utilizados em situações especiais e a tendência é evoluir pra o UHPC (Ultra High Performance Concrete) que também já se vem sendo estudado nos laboratórios e nas empresas. Atualmente, a digitalização é um fator que deve ser levado em conta para as obras desse porte e desse tipo, com o objetivo de imprimir produtividade e sustentabilidade e, também, para ter um arcabouço de informações, que possibilitem interpretar os resultados obtidos e aprimorar o que já vem sendo feito. Um exemplo na indústria de pré-fabricado de concreto é o uso laser scanner nas formas onde as peças serão concretadas, a fim de produzir elementos estruturais com desvio zero em relação as tolerâncias. Já a aplicação do Building Information Modelling (BIM) pode contribuir para aumentar a produtividade na fase de projeto e no planejamento das operações na fábrica e campo. As peças pré-fabricadas são modeladas como elementos espaciais com as suas características geométricas, ampliando a confiabilidade no detalhamento e auxiliar na compreensão da peça e do funcionamento da estrutura. O BIM é uma ferramenta multidisciplinar em que o projeto pode ser compartilhado pelos projetistas das várias disciplinas, o que evita interferências e possibilita uma visualização perfeita dos conflitos em regiões críticas do detalhamento. Desse modo, o setor de pré-fabricados de concreto está preparado para atender todas as demandas para expansão das linhas metroferroviárias no país, uma vez que as indústrias investem constantemente em inovação e tecnologia, possuem um corpo técnico capacitado e contam com o Selo de Excelência Abcic, programa de certificação que avalia com requisitos específicos a qualidade, segurança e meio ambiente de cada fábrica.