Diário do Comércio - 29/07/2011

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O BRASIL VOA MAIS ALTO Arte sobre foto da agência Reuters

China, EUA, Europa... Ninguém nos alcança na expansão aérea. Mas a Associação Internacional de Transporte Aéreo adverte: é preciso investir para evitar paralisia total. Aqui, no 1º semestre, mercado cresceu 19%. No resto do mundo, 4%. Pág. 17

Jornal do empreendedor

Ano 87 - Nº 23.425

Conclusão: 23h45

www.dcomercio.com.br

R$ 1,40

São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011 Paulo Pampolin/Hype

'Serei o Yul Chávez' Líder da Venezuela faz 57 anos, se compara a uma fênix e diz que logo perderá o cabelo (e ficará como o ator Yul Brynner). Pág. 8 Fabio Motta/AE

CAMPANHEIRO LULA 2014 Que Lula nunca deixou de estar em campanha, disse-o Serra a El Pais, da Espanha. Confirmando-o, eis Lula no palanque de ontem, de onde atacou a imprensa. Pág. 7

O melhor amigo na guerra Cães de guerra é a reportagem que inaugura uma seção no DC – Arca, onde todos os pets serão bem-vindos. Veja-os em ação na página 11.

Jay Maidment/Marvel

G, o grandalhão da Mercedes Reprodução/Arquivo DC

É o puro sangue off-road que não deixa nada a dever no asfalto. Página 18

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cultura

Fim de semana com o Capitão América Feroz e divertido, herói dos gibis chega às telas de SP, depois de bater recordes de bilhateria nos EUA. Convidando a ouvir choros, tangos e valsas, mestre da camposição e do piano Ernesto Nazareth ganha merecido ensaio acadêmico. Rubem Braga, sutil sabiá da crônica, também está de novo entre nós. Mais: terminam as férias com exposições e dança. E Roda do Vinho.

Divulgação

Divulgação

Navegar com classe era preciso Volta o glamour a bordo, com o resgate do luxo. Visite a nova classe Yacht Club. Boa Viagem, página 20

Sua dieta precisa de um regime

HOJE Sol com algumas nuvens. Máxima 27º C. Mínima 13º C.

AMANHÃ Pancadas de chuva à tarde e à noite. Máxima 28º C. Mínima 14º C.

Brasileiro tem feito pratos muito calóricos e pouco nutritivos, mostra pesquisa do IBGE. Pág. 9

ISSN 1679-2688

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Reprodução/Arquivo DC


DIÁRIO DO COMÉRCIO

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Para um observador de fora, a sensação é de que o Chile passa por um processo de crescente ingovernabilidade. Roberto Fendt

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Ivan Alvarado/Reuters

EYMAR MASCARO

UMA QUESTÃO DE PALPITE

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O protesto dos estudantes, dia 16, em Santiago do Chile: pela reforma no sistema de ensino superior, com forte apelo coletivista.

PARADOXOS DA PROSPERIDADE

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otícias de Santiago do Chile dão conta que na última quarta-feira voltaram a repetir-se os conflitos de rua entre manifestantes e a polícia, desta vez na Alameda Bernardo O’Higgins em frente à rua Arturo Prat, em pleno centro de Santiago. Os manifestantes não passavam de trinta pessoas. Da ação delas resultaram a intervenção dos carabineiros das Forças Especiais, que utilizaram gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar o grupeto, e um imenso congestionamento de trânsito na principal artéria da capital chilena. Tudo isso ocorreu em frente à Universidade do Chile, venerando estabelecimento estatal e público, que permanece tomada por estudantes que demandam o fim do sistema privado de ensino. Curiosa situação. No país em que mais rápido chegou a prosperidade na América Latina, o equivalente chileno à nossa União Nacional dos Estudantes (UNE) vem convocando, desde o início do ano, manifestações em torno de uma pauta variada de reivindicações, que incluem a reforma do sistema de acesso à universidade, o aumento do gasto público em educação superior estatal, e mais bizarro, a abolição do ensino superior privado com "objetivo de lucro". Além dos choques entre manifestantes e a polícia, resultaram também a queda do ministro da Educação, Joaquin Lavin, e do ministro do Planejamento, Felipe Kast. Para o lugar de Kast foi deslocado o ex-ministro Lavin, e para o lugar desse foi deslocado o ministro da justiça, Felipe Bulnes. Muitos perguntam qual o sentido das mudanças promovidas no

ROBERTO FENDT último dia 18 pelo presidente Sebastián Piñera. O que vai mudar na educação com a troca de lugar dos ministros Lavin e Bulnes? Se têm razão os manifestantes pelo menos com relação a uma de suas inúmeras demandas, a solução passa necessariamente pelo diálogo entre as partes. A simples troca de interlocutor pouco adicionará à solução.

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lém disso, há a questão de o presidente Piñera, pela segunda vez em seu governo, ceder às massas vociferantes e oferecer-lhes a cabeça de seus ministros. Quantas mais cederá para tentar aplacar o inaplacável? Para um observador de fora, a sensação é de que o Chile passa por um processo de crescente ingovernabilidade. A percepção interna desse processo está se refletindo na popularidade do presidente, que já caiu para o patamar de 30%. Tudo isso ocorre com a economia chilena crescendo a 6%

este ano, com o desemprego em queda e a inflação sob controle. Como explicar o ânimo belicoso dos estudantes, professores e funcionários de empresas estatais, que desde o início do ano não param de manifestar-se contra o governo e as instituições?

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m arguto observador da realidade chilena apontou que a resposta a essa pergunta está no avanço da ideologia coletivista no país. Em suas palavras, instalou-se no Chile uma “sociedade de direitos” sem obrigações nos últimos 20 anos, nos governos dos socialistas de Michelle Bachelet e de Ricardo Lagos. Em paralelo e reflexo da “sociedade de direitos”, reapareceram entre os políticos posturas de um estatismo radical com um discurso redistributivo que se julgava ultrapassado pela prosperidade herdada dos anos de arrumação da casa pelos “Chicago boys” – o grupo de economis-

A onda de protestos no Chile tem origem no discurso da sociedade de direitos sem obrigações e no apelo ao coletivismo, expresso no fim do ensino privado como opção e na nacionalização dos recursos minerais.

tas que estudaram na Universidade de Chicago e que ajudaram a implantar as reformas liberalizantes que asseguram ainda hoje a prosperidade chilena.

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no discurso da sociedade de direitos sem obrigações e no crescente apelo ao coletivismo, expresso no fim do ensino privado como opção e na nacionalização dos recursos minerais do país, que se origina a atual onda de protestos. O fato é que a ideologia arcaica está vencendo a racionalidade modernizante dos meus colegas da Universidade de Chicago. É também digno de nota que ninguém defendeu os princípios opostos à ideologia coletivista implantada nos últimos 20 anos. O próprio presidente Piñera elegeu-se com um programa que encampou muito dessa própria ideologia. O mesmo se deu com relação ao grande empresariado chileno, que beneficiou-se do "modelo" estatista para aumentar a concentração econômica durante os governos da Concertación. Na peça Galileu Galilei, Bertolt Brecht, o maior dos dramaturgos marxistas, pôs na boca do personagem principal a frase "da razão só passará aquilo que fizermos passar", significando que a racionalidade não se impõe por si própria, mas pela defesa intransigente daqueles que a possuem. Há que lutar por ela diuturnamente, contra todos os perniciosos efeitos da irracionalidade ideológica. É o que está faltando no Chile e que poderá, mais adiante, pôr a perder a prosperidade, obtida a tão duras penas e contra a incompreensão de tantos. ROBERTO FENDT É ECONOMISTA

Presidente Rogério Amato Vice-Presidentes Alfredo Cotait Neto Antonio Carlos Pela Carlos Roberto Pinto Monteiro Cláudio Vaz Edy Luiz Kogut Érico Sodré Quirino Ferreira Francisco Mesquita Neto João de Almeida Sampaio Filho João de Favari Lincoln da Cunha Pereira Filho Luciano Afif Domingos Luís Eduardo Schoueri Luiz Gonzaga Bertelli Luiz Roberto Gonçalves Nelson Felipe Kheirallah Nilton Molina Paulo Roberto Pisauro Renato Abucham Roberto Faldini Roberto Mateus Ordine

ilma Rousseff está absolutamente convencida de que José Serra será o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, no ano que vem. Sua convicção se baseia em dois pontos: 1- Serra tem mais lastro eleitoral e é, portanto, o melhor candidato do partido e, 2- os demais pré-candidatos do PSDB são considerados fracos de voto. A candidatura de Serra à prefeitura paulistana é defendida sobretudo por Geraldo Alckmin: virtual candidato à reeleição, o governador tem interesse de que seu partido reconquiste a prefeitura, principalmente porque a Capital armazena 10 milhões do total de 30 milhões de eleitores no estado. Predomina no PT a tese de que Serra não pode ficar mais tempo sem mandato. Se não for candidato a prefeito, Serra corre o risco de ter de disputar o Senado em 2014, na vaga que se abrirá com o término do mandato de Eduardo Suplicy. Os petistas também entendem que o exgovernador paulista tem pouca probabilidade de ser candidato ao Planalto pela terceira vez, supondo-se que o PSDB dará preferência pela candidatura presidencial do senador mineiro Aécio Neves.

eleição de prefeito em São Paulo atiça o interesse dos partidos. O prefeito Gilberto Kassab, por exemplo, precisa registrar o seu PSD no TSE até 7 de outubro, se quiser concorrer nas eleições municipais do ano que vem com candidatos próprios. O PSD já dispõe de um précandidato à prefeitura, que é o vice-governador Guilherme Afif Domingos. E o PP já está assanhado, porque Paulo Maluf estaria interessado em ser candidato mais uma vez, embora encontrando a resistência de Celso Russomano, que também deseja conquistar a legenda para se lançar candidato. Quem se encontra numa situação ainda não definida é o deputado Gabriel Chalita, que trocou o PSB pelo PMDB com a garantia dada por Michel Temer que será o candidato do partido à Prefeitura. Chalita, no entanto, é ameaçado de ter de devolver o mandato ao PSB, porque o entendimento do TSE é que os mandatos pertencem aos partidos e não aos eleitos. O ex-jogador Marcelinho Carioca, que ficou na suplência de deputado pelo PSB, está requerendo na Justiça Eleitoral a vaga de Chalita na Câmara. Outra ameaça a Chalita é Paulo Skaf, presidente da FIESP, que também gostaria de ser

O PT entende que Serra não pode ficar mais tempo sem mandato. Se não for candidato a prefeito, ele corre o risco de ter de disputar o Senado em 2014, na vaga de Eduardo Suplicy

candidato a prefeito pelo PMDB. Também o PT está em ebulição desde que Lula passou a patrocinar publicamente a candidatura do ministro Fernando Haddad à Prefeitura. Lula defende a tese de que o partido deve disputar a sucessão de Kassab com uma novidade. Mas o PT reagiu e sugeriu a realização de prévias para a indicação do candidato. lém disso, o partido dispõe de dois pré-candidatos já testados nas urnas: a senadora Marta Suplicy e o ministro Aloísio Mercadante. Marta está disposta a lutar pela candidatura, principalmente se Serra não for o candidato do PSDB.

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ula pediu todo o empenho do PT na briga pela conquista da prefeitura de São Paulo. Controlar 1/3 do eleitorado no estado é importante para um partido que pretende continuar no poder em Brasília. Lula sabe que pode voltar a ser candidato presidencial em 2014, caso Dilma Rousseff esteja em baixa nas pesquisas. Além disso, não está afastada a hipótese de Lula se candidatar a governador, se Dilma conseguir pavimentar sua candidatura à reeleição. PT e PSDB admitem que podem polarizar novamente a campanha em São Paulo. Os dois partidos têm pressa porque desejam entrar em 2012 com uma decisão já tomada, evitando disputas em convenção que sempre desaguam em racha partidário.

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EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO MASCARO@BIGHOST.COM.BR

Fundado em 1º de julho de 1924 CONSELHO EDITORIAL Rogério Amato, Guilherme Afif Domingos, João Carlos Maradei, João de Scantimburgo, Marcel Solimeo Diretor-Responsável João de Scantimburgo (jscantimburgo@acsp.com.br) Diretor de Redação Moisés Rabinovici (rabino@acsp.com.br) Editor-Chefe: José Guilherme Rodrigues Ferreira (gferreira@dcomercio.com.br) Chefia de Reportagem: Teresinha Leite Matos (tmatos@acsp.com.br) Editor de Reportagem: José Maria dos Santos (josemaria@dcomercio.com.br) Editores Seniores: Bob Jungmann (bob@dcomercio.com.br), Carlos de Oliveira (coliveira@dcomercio.com.br), chicolelis (chicolelis@dcomercio.com.br), Estela Cangerana (ecangerana@dcomercio.com.br), Luiz Octavio Lima (luiz.octavio@dcomercio.com.br), Luiz Antonio Maciel (maciel@dcomercio.com.br) e Marino Maradei Jr. (marino@dcomercio.com.br) Editor de Fotografia: Alex Ribeiro (aribeiro@dcomercio.com.br) Editores: Cintia Shimokomaki (cintia@dcomercio.com.br), Ricardo Ribas (rribas@dcomercio.com.br) e Vilma Pavani (pavani@dcomercio.com.br) Subeditores: Fernanda Pressinott, Kleber Gutierrez, Marcus Lopes e Rejane Aguiar Redatores: Adriana David, Eliana Haberli, Evelyn Schulke, e Sérgio Siscaro Repórteres: Anderson Cavalcante (acavalcante@dcomercio.com.br), André de Almeida, Fátima Lourenço, Geriane Oliveira, Ivan Ventura, Kelly Ferreira, Kety Shapazian, Lúcia Helena de Camargo, Mário Tonocchi, Neide Martingo, Paula Cunha, Rejane Tamoto, Renato Carbonari Ibelli, Rita Alves, Sandra Manfredini, Sergio Leopoldo Rodrigues, Sílvia Pimentel, Vera Gomes e Wladimir Miranda. Gerente PL Arthur Gebara Jr. (agebara@acsp.com.br) Gerente Executiva Sonia Oliveira (soliveira@acsp.com.br) Gerente de Operações Valter Pereira de Souza (valter.pereira@dcomercio.com.br) Serviços Editoriais Material noticioso fornecido pelas agências Estado, Folhapress, Efe e Reuters Impressão OESP GRÁFICA S/A Assinaturas Anual - R$ 118,00 Semestral - R$ 59,00 Exemplar atrasado - R$ 1,60

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GOVERNO E DAS OPOSIÇÕES.

UM NOVO COMPORTAMENTO POLÍTICO EXIGE EN V O L VI M E N TO DO

FAXINA E OPORTUNIDADE A limpeza ética feita por Dilma pode ser a chance de o País se afastar dos padrões do governo Lula. Mas também depende, para ser ampliada, de uma postura responsável por parte das oposições.

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á está por demais evidente que a presidente Dilma está inaugurando uma nova postura em relação à corrupção, estabelecendo uma ruptura com os padrões da era Lula. Toda a cúpula e, mesmo, para além dela, foi simplesmente defenestrada do Ministério dos Transportes, um feudo até então do PR. Até um importante militante petista entrou na faxina, emitindo a presidente sinal claro a todos os partidos da base aliada. Aliás, a presidente tem se mostrado surda em relação a distintos rumores, inclusive do seu próprio partido, de que estaria indo longe demais, podendo comprometer sua governabilidade. O problema reside em que, sob Lula, governabilidade veio a significar ausência completa de moralidade pública, como se padrões éticos fossem uma mercadoria descartável. Mas a democracia pode ficar comprometida quando os valores morais vão para o espaço, corroendo de uma forma segura as instituições. Os que dizem defender a democracia, utilizando-se simplesmente de mecanismos eleitorais para permanecer no poder, à custa de desvios de recursos públicos e da corrupção, estão, na verdade, prestando um grande desserviço à própria democracia. Neste aspecto, um argumento que tem sido muito utilizado, o de que a presidente Dilma de há muito sabia disso, por ter sido Ministra Chefe da Casa Civil e, antes, de Minas e Energia, merece uma análise especial. Os que o empregam, o fa-

DENIS LERRER ROSENFIELD zem também para dizer que nada, de fato, mudou, de modo que estaríamos apenas diante de uma encenação, outra forma de legitimação do poder.

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ão se pode menosprezar esse argumento, sobretudo por ele estar bem ancorado no nível dos fatos. Poderia ser mesmo aduzido que Dilma é criatura de Lula, que se comprazia com a erosão ética das instituições. Mas outra perspectiva de análise é também possível, baseada no fato de que criaturas também se distanciam de seu criador, de que alguns fatos foram tão longe que seus efeitos nocivos não são mais recompensados pelos ganhos políticos. Na vida política dos Estados, as-

sim a história nos ensina, há momentos em que se inaugura algo novo, sendo os atores os mesmos envolvidos em esquemas anteriores dos quais, agora, se distanciam. A vida politicamente civilizada se faz por descontinuidades, em que os que as lideram conheciam bem aquilo de que estavam se distanciando. Talvez por isso mesmo, criaram condições para a mudança. Talvez o País esteja vivendo uma oportunidade, a oportunidade de se afastar dos padrões políticos do governo Lula, comprando alianças, adesões e subordinações com recursos públicos – ou seja, dos impostos pagos por cada um. Contudo, o padrão Lula de governar tinha, digamos, uma razão política, a de que as oposições seriam tratadas como inimigas,

pois com votos comprados e partidos de aluguel poderiam ser simplesmente objeto de zombaria e menosprezo. A corrupção e o desvio de recursos públicos seriam o preço a pagar por essa forma de governabilidade, ancorada em uma ampla aliança dos que, por princípio, não teriam nenhum tipo de compromisso com a coisa pública.

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uero dizer que um novo tipo de padrão na conduta da coisa pública passa por um novo tipo de relação do governo com as oposições. A questão aqui não é só moral, mas política, exigindo do governo uma abertura às oposições em torno de ideias programáticas e uma abertura das oposições em relação ao governo, discutindo propostas e aceitando-as segundo as conveniências e os interesses da nação como um todo. A oposição deve abandonar o jeito petista de fazer oposição, sendo contra tudo e todos, jogando apenas para a mídia, contra – como se dizia – tudo que está aí. A oposição, hoje, tende a repetir o padrão petista, considerando

que, como deu certo para eles, deve dar também certo para o PSDB, o DEM e o PPS. Ora, tal "constatação" já se mostrou não verdadeira, pois após oito anos de Lula, este conseguiu eleger sua sucessora. Algo novo precisa ser feito, sob pena de que as oposições continuarem oposição por um tempo ainda maior.

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ilma tem emitido vários sinais, percebidos inclusive com certo desconforto pelo seu próprio partido, de que deseja outro tipo de relacionamento com as oposições. O expresidente Fernando Henrique foi muito elogiado pela presidente quando da comemoração dos seus 80 anos. Como gesto de reconhecimento, algo impensável na era Lula, considerou-o criador de uma herança bendita. O afastamento em relação à postura lulista foi evidente. Ainda quando do velório do ex-presidente Itamar, o pai do Plano Real e alguém que, no exercício da Presidência, se pautou por elevados padrões de moralidade pública, Dilma compareceu acompanhada pelo ex-presidente Fernando Henrique. O ex-presidente Lula, por seu lado, foi

com o ex-presidente Sarney e com o senador Renan Calheiros. As fotos foram suficientemente eloquentes, exibindo posturas diferentes, que podem, se bem trabalhadas, oferecer algo novo em termos de valores, de democracia e moralidade pública.

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uero sugerir que a faxina ética inaugurada no Ministério dos Transportes depende, em boa medida, para sua ampliação para outros ministérios e órgãos estatais, do comportamento das oposições, assumindo a postura de uma oposição responsável. Os partidos brasileiros, como acontece nos países democráticos desenvolvidos, devem aprender a se orientar em função de princípios comuns, igualmente compartilhados por todos, dentre os quais a moralidade no tratamento da coisa pública e o fortalecimento das instituições são centrais. Talvez seja esse o desafio mais importante que o País esteja enfrentando no momento. Só assim a faxina poderá continuar. Será que o governo e as oposições, assim como todos os partidos, estão preparados para isto?

DENIS LERRER ROSENFIELD É PROFESSOR DE

FILOSOFIA NA UFRS

LIMPEZA É PURO PÓS-MARQUETINGUE V

ocê viu como a palavra "faxina" invadiu a mídia de uns dias para cá ? Todos os jornais, rádios e tevês e seus comentaristas, combinados ou paus-mandados, bateram seus bumbos fazendo barulheira sobre a limpeza que estaria sendo feita nos altos escalões de Brasília, a começar pelo Ministério dos Transporte, feudo do PR, propriedade do Waldemar Costa Neto, o Boy, aquele que vendeu o PL ao PT de porteira fechada, incluindo benfeitorias como o ex e falecido Vice-Presidente José Alencar, por sabidos Dez Milhões de Reais, alegadamente pagos pelo Dirceu. Uma faxina inclui quem a faça, a Faxineira. A Faxineira, essa não conhece balde e esfregão nem por fotografia. Jovem de classe média alta, não passava nem perto da senzala (o quarto das empregadas) da sua casa grande; acordava e encontrava tudo limpinho; ia dormir e tudo continuava limpinho. Na facul, enturmou-se com os fefeléches, – sabe, aqueles barbudinhos imundinhos e barbudinhas sujinhas com a famosa bolsona a tiracolo, um chope na mão, um cigarrinho

no canto do bico e nenhuma ideia própria na cabeça. Molecada socialite que se considerava socialista e vivia de mesada, maltraduzindo Marques, o filósofo português, crentes que citavam o filósofo alemão de butique, Marx. Marques revolucionou a economia popular ao permitir à classe mais pobre acesso ao consumo, quando criou o Marquissismo – a compra do mês por caderneta no empório da esquina, que deu muito certo. Marx criou o Marxismo; não sei o que era, mas se formos analisar pelos resultados da ex-União Soviética, a ideia deu PT, isto é, Perda Total, igual deu o PT daqui, o Partido do Trambique. julgar pela foto dos seus dezoito anos, que vi na internet em posters de "Procurados", a Faxineira presumida descuidou-se da faxina em si mesma para ficar parecida com a tribo e nela "integrar-se", dela tomar conta e conduzi-la a assaltos a cofres e bancos. Apanhada peluzômi, puxou uns três anos de cana e contou que foi torturada, sem

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Ferreira contraditório. Os biógrafos que lhe criaram uma vida em permanente ziguezague conseguiram vaporizar testemunhos desse período, com exceção de um, comprometedor, o da entrevista que li da linda uruguaia dita a "Tupamara". epois, livre, leve e solta, construiu veloz e vitoriosa carreira no lullopetismo, a partir de dois fundamentos sine qua non da esquerda que domina o poder: (1) ter pegado em armas para praticar ao menos um assalto – praticou bem mais de um; e (2) ter no regime pós-milical fracassado em algum empreendimento privado, que exigisse plena dedicação, organização, muito trabalho e mérito –

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faliu uma loja de "1,99" em um ou dois meses. Com essa folha corrida, adquiriu PhD para chegar aos píncaros da glória como se estivesse viajando no TGV, Trem de Grande Velocidade, um brinquedo de uns 60 Bilhões de Reais que ainda vai ser feito às custas do nosso couro arrancado pelos impostos. esse caminho que, admito, foi percorrido na sua maior parte a bordo do AeroCara, poderia ter treinado faxinar no Ministério de Minas e Energia e na Casa Civil, sabidamente o fundo do poço em matéria de necessidade de faxina, para formar-se Faxineira Magna Cum Laude. Nem tentou: enrolou-se toda com seu enteado, o Pac, empacado permanentemente. Madrasta má. Acredito que seus

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marqueteros agiram rápido e com competência. Da noite para o dia, criaram e colocaram em campo a "Faxina", para substituir com enorme sucesso o desgastado "Nunca antes nestepaíz", há oito anos e meio absoluto na defesa, meio do campo e ataque do time das Camisas Vermelhas, que surpreendeu todo mundo com a inovadora tática da Mensaleiragem, que cooptou simpatizantes, adversários e os juízes das primeira, segunda e última instâncias do Supremo Tribunal de Justiça (desportiva, claro), qual Carrossel Holandês dos anos 70.

na massa e encheram seus respectivos e inocentes bolsos. Vinte moscas foram abatidas até o momento em que escrevo. Mas o PR e suas varejeironas chefas continuam avoejando sobre e em torno da mesma matéria-prima existente. Só trocaram as mosquinhas mixinhas de sempre. A situação das mosconas e a existência da matéria sobre a qual avoejam é tão normal que o Ministro das Comunicações disse: "Numa coisa tão grande quanto o Ministério dos Transportes, sempre há irregularidades". Ah, tá, sempre.

o Comando Supremo estava o Cara; e o Capitão do Time era o Dirceu, que declarou inúmeras vezes "Nunca fiz nada que o Lula não soubesse". Então no Segundo Escalão, a futura Faxineira só espiou, bico caladinho, até assumir o Comando Supremo– passarinho na muda não canta. Aí, estoura a sujeira do Ministério dos Transportes. Todo mundo do PR e seus parentes e parentas (se temos Presidenta temos parentas) supostamente meteram a mão

o dar uma vassourada para a imprensa ver e repercutir, a Faxineira propositadamente levantou uma poeirada do chão, que os seus marqueteros se incumbiram de usar para tapar os olhos da choldra e esconder os outros Trinta e Seis Ministérios, que também demandam uma bela faxina. "FAXINA", O PÓSMARQUETINGUE DO "NUNCA ANTES NESTEPAÍZ". "FAXINEIRA"? RSRS

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NEIL FERREIRA É PUBLICITÁRIO


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DIà RIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 29 de julho de 2011

29 de Julho

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Santa Marta

rmĂŁ de LĂĄzaro e Maria, os Evangelhos citam Marta como a mulher trabalhadora de Betânia que acolhe Jesus em sua casa, com o mĂĄximo zelo. Quando reclama da falta de ajuda da irmĂŁ, o Mestre lhe ensina que os valores espirituais sĂŁo os mais importantes. É a patrona das cozinheiras.

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 29 de julho de 2011

5 OS 20 DA DILMA Depois da limpeza, a presidente escolhe o primeiro. Faltam mais 19.

olítica

NOVO FOCO Governo alerta que é preciso tomar cuidado com as ONGs.

Alan Marques/Folhapress

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Palácio do Planalto confirmou ontem o o engenheiro Miguel Masella como secretário-executivo do Ministério dos Transportes. É o primeiro nome escolhido para o primeiro escalão da pasta, depois da faxina determinada pela presidente Dilma Rousseff, como consequência das denúncias de corrução que já provocaram, até agora, 20 demissões, inclusive do ex-ministro Alfredo Nascimento. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, revelou que a presidente tem discutido nos últimos dias currículos com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para definir a nova direção do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ficha limpa – Ele disse que são nomes técnicos e que o processo de escolha não envolve consultas aos líderes do Partido da República (PR). Carvalho informou ainda que a presidente pretende anunciar a nova equipe no início da próxima semana. Masella foi escolhido por Passos, de quem é homem de confiança há anos, e foi aprovado por Dilma. Ele vem do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e, de acordo com o Planalto, preenche os requisitos de perfil técnico e ficha limpa exigidos pela presidente na escolha dos novos quadros. Dos sete diretores que formam a direção colegiada, apenas um continua na cúpula do Dnit, depois das denúncias de superfaturamento e pagamento de propina. Trata-se Jony Marcos Lopes, diretor de planejamento e pesquisa. Desde 1973 – Formado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Masella entrou no serviço público em 1973, aprovado em concurso de técnico de planejamento. A convite de Passos, está no ministério desde 2006. Ele era o atual secretário de Gestão de Programas de Transportes e estava interinamente na secretaria-executiva no lugar de Passos, que substituiu Nasci-

Gilberto Carvalho confirmou que os escolhidos vão passar pela aprovação da presidente Dilma Rousseff e precisam, além de competência técnica, ter a ficha limpa. O PR nem foi consultado.

Vem aí a nova turma dos Transportes O primeiro nome escolhido é o engenheiro Miguel Masella, que era do extinto DNER. Os demais, na semana que vem. mento. Também teve uma passagem por este cargo em 2007. Como Masella, os demais nomes serão técnicos, de acordo com Carvalho. "A presidente está com muito cuidado, analisando as alternativas, mas também preocupada que não se demore muito nesse processo de recomposição", afirmou. "O cuidado é para que de fato sejam pessoas que juntem idoneidade com competência técnica". O ministro descartou qualquer "caça às bruxas" e que as substituições

dos superintendente estaduais dependerá do novo comando do Dnit. Carvalho descartou ainda problemas com o PR pela exclusão no processo de reestruturação. Ele fez inclusive elogios ao partido e disse que outras siglas, como o próprio PT, já tiveram problemas. "Estamos falando com várias lideranças e tudo indica que o PR vai continuar na base", afirmou. O ministro afirmou que a presidente não está pretendendo estender a faxina, pois,

Ex-superintendente do Dnit vai ser investigado pela CGU

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Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou ontem que decidiu abrir processo administrativo disciplinar contra Nilton de Britto, ex-superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Mato Grosso. Britto pediu exoneração do cargo na segunda-feira, após a demissão de Luiz Antonio Pagot, da direção-geral do Dnit. Ele estaria de férias até o dia 4 de agosto, não tivesse

cancelado o descanso para deixar o cargo. Conhecido como "homem de confiança do ex-diretor do Dnit, Britto foi nomeado para a superintendência em 2010. Antes ele havia ocupado outros cargos em Brasília. Ele também é irmão do empresário Milton de Britto, dono da Engenorte Construções, que fechou contratos com o Dnit no valor de R$ 26 milhões, apenas nos dois últimos anos, para obras

em rodovias federais que cortam o Mato Grosso. O procedimento disciplinar contra Britto é o 26º aberto pela CGU para apurar irregularidades na área do Ministério dos Transportes. De acordo com a Corregedoria, 18 procedimentos já estavam em andamento antes das denúncias de corrupção que levaram a demissão, até agora, de toda cúpula do Dnit. (Folhapress)

Ministro alerta para a 'picaretagem entre as ONGs' Gilberto Carvalho diz que é difícil separar o 'joio do trigo' e sugere lei para o setor

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ministro Gilberto Carvalho, da SecretariaGeral da Presidência, disse ontem que o governo vem trabalhando para evitar "a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce" entre as organizações não governamentais (ONGs). De acordo com o ministro, "é difícil de separar o joio do trigo". O tema foi tratado no seminário Fóruns do Planalto, quando falou para uma plateia formada por servidores. Segundo Carvalho, para dar conta "seria preciso criar um departamento monstro para verificar nota por nota, para manter a fiscalização". O mi-

nistro revelou que, ao lado de tantas entidades beneméritas, "nós sabemos de ONGs e entidades que são criadas para auferir recursos para as próprias pessoas, uma fraude". Por isso, defendeu a ideia, lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da Consolidação das Leis Sociais, em contraponto à alternativa pura e simples de bloquear a transferência de recursos públicos. Carvalho garantiu que tem discutido a questão com a presidente Dilma Rousseff, que está "preocupada com os processos de corrupção e apropriação indébita". A questão, segundo ele, é que se o gover-

no parar o financiamento para muitas entidades, "quem vai sofrer são menos as entidades e mais o povo da ponta". Sem Terra – Responsável pela interlocução do Planalto com os movimentos sociais, Carvalho defendeu o diálogo, mas admitiu que existem momentos de tensão, especialmente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Eu diria que a gente tem relação madura e em alguns momentos tensa com o MST". Mesmo assim, disse que fica espantado porque ninguém "chamou de violência a brutal grilagem de terra que se fez no Brasil". (Folhapress)

"até que se prove o contrário, ela confia em seus ministros e nos assessores que servem o governo". Mesmo assim, Carvalho lembrou que, como se trata de um "governo sério", onde houver denúncia, desde que comprovada, "não haverá contemplação", garantiu. O ministro Carvalho alertou que a única maneira de não "sofrer investigação é não cometer erros". Portanto, garantiu, em qualquer partido, seja o PT ou o PMDB, se houver um erro, "estará sujeito à investi-

gação", disse. Carvalho assegurou ainda que esta mensagem "está muito bem passada para o conjunto da Esplanada dos Ministérios". Em consequência da "faxina", várias diretorias e assessorias do Dnit e da Valec, estatal que cuida do setor ferroviário, estão sem vários quadros, bem como no ministério. E isto tem preocupado o governo, porque há o risco de paralisação de obras e empreendimentos da máquina administrativa, já que a pasta é responsável por

48% do orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dersa – O engenheiro e exdiretor da estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, negou ontem, em depoimento no Ministério Público de São Paulo, ter favorecido parentes e enriquecido de forma ilícita. Ele alegou que o seu patrimônio até diminuiu durante o período que atuou como diretor da estatal. (Agências)

Marco Aurélio rejeita caça às bruxas e faxina por limpeza E mesmo assim explicou que não se trata de uma ação contra os partidos

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assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, assegurou ontem, em Lima, no Peru, onde acompanhou a presidente Dilma Rousseff na posse do presidente Ollanta Humala, que não há, no governo, nenhum "processo de caça às bruxas" no Partido da República (PR), em razão das demissões no Ministério dos Transportes. Para ele, essa interpretação tem por objetivo "tentar desestabilizar a aliança política". Mesmo assim, afirmou que "a aliança política está muito sólida e não será desestabilizada". Marco Aurélio rejeitou também o termo faxina para justificar o processo de exoneração de servidores envolvidos em irregularidades no ministério.

"Eu quero corrigir que não é uma faxina no PR, é uma limpeza que se fez em um ministério, em particular, em função de denúncias concretas. Não é nenhuma ação contra os partidos", assegurou o assessor. Mesmo assim, Marco Aurélio admitiu que a limpeza poderá se estender a outras legendas, inclusive o PT. "Se houver problemas em qualquer partido ou em particular com o meu partido, o PT, esses problemas serão averiguados sob critérios bastante republicanos. Não há problema". O assessor especial também não teme que uma resposta à faxina venha nas votações no Congresso. Ele não crê nessa possibilidade justamente por acreditar que a aliança partidária "é sólida e duradoura". Se-

gundo ele, "até agora os partidos têm reagido com muita tranquilidade", disse. "Não tenho visto nenhuma manifestação contrária e acho que os próprios partidos, se têm pessoas que cometem algo errado, são os maiores interessados em participar do que estão chamando de faxina". Ao ser lembrado que existiriam problemas em outros ministérios, Marco Aurélio disse que "se há, eles devem ser averiguados", mas reafirmou que não queria ficar pensando sob hipótese. "Não vamos nessa direção, isto é tentar criar um clima de desestabilização e não vai haver desestabilização", garantiu. "Vamos ter bem claro que a aliança é sólida e duradoura e se houver problemas vamos investigar". (AE)

Roosewelt Pinheiro/ABr - 29/9/2010

Marco Aurélio Garcia: "A interpretação de caça às bruxas tem como objetivo desestabilizar a aliança política do governo, que é sólida e duradoura".


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Acho que nós vamos ter um belo momento na indústria da computação no País. Ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia)

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Tribunal de Contas do DF aprova contas de Arruda Celso Júnior/AE - 30/11/2009

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Nenhuma objeção: pagamentos autorizados pelo ex-governador José Roberto Arruda tiveram o aval do TCDF.

Dilma estreia iPad na posse de Humala A ferramenta agora será usada para que ela se prepare em visitas internacionais e nas reuniões bilaterais Roberto Stuckert Filho/PR

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presidente Dilma Rousseff estreou ontem em Lima, onde acompanhou a posse do novo presidente peruano, Ollanta Humala, o uso do iPad como uma nova ferramenta para se preparar para visitas internacionais e reuniões bilaterais. Trata-se de um "dossiê saiba tudo" eletrônico, com informações do país, do presidente em questão e andamento dos projetos bilaterais. Com um clique, a informação pode ser aprofundada. A ferramenta foi preparada pelo Itamaraty, ante a demanda da presidente por detalhes e dados complementares, que obriga os diplomatas se transmutarem em "engenheiros". O formato substitui o dossiê de papel – na maioria das vezes, um calhamaço – que tradicionalmente municiava o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, nos encontros com os seus pares. A t ras o – A presidente desembarcou em Lima com mais de uma hora de atraso, por causa de um vento de mais de 140 quilômetros por hora que enfrentou no caminho. Além da cerimônia de posse do novo presidente peruano, Dilma participou da reunião da Unasul, à tarde, para discutir a necessidade de integração da região, diante dos problemas econômicos enfrentados por Estados Unidos e países da União Europeia. A presidente não quis conversar com a imprensa na sua chegada.

De nada adiantaram as advertências e pareceres contrários, nem mesmo do Tribunal de Contas da União: o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, que foi até preso sob acusações de corrupção, teve os seus gastos chancelados pelo tribunal local.

Integração: ao lado de colegas da América Latina, Dilma participa da cerimônia de posse do novo presidente do Peru, Ollanta Humala.

Cristina Kirchner – Empresários de peso acompanham a visita da presidente da Argentina, hoje, ao Brasil. De acordo com a União Industrial da Argentina (UIA), eles vão participar da instalação do Conselho Empresarial BrasilArgentina, criado durante a visita da presidente Dilma à Argentina em janeiro deste ano. O objetivo do conselho é "aproximar as comunidades de negócios dos dois países para discutir questões de interesse mútuo, como competitividade, desenvolvimento científico e tecnológico e estratégias comuns de inserção nos mercados internacionais", segundo o Itamaraty. (Agências)

p e s a r d a s r e c omendações contrárias do Ministério Público e do relator no Tribunal de Contas da União, Renato Rainha, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) aprovou as contas do ex-governador José Roberto Arruda no exercício de 2010. No ano passado, Arruda ficou no cargo por 42 dias. Renunciou ao restante do mandato depois de ter sido preso e expulso do DEM, acusado de participação em esquema de corrupção no DF. Os conselheiros não foram unânimes. Três votaram a favor da rejeição e três, contra. A presidente do TCDF, conselheira Marli Vinhadeli, desempatou e decidiu favoravelmente a Arruda. O entendimento da maioria dos conselheiros foi o de que as contas de Arruda, Paulo Octávio, Wilson Lima e Rogério Rosso, todos governadores do DF em 2010, não poderiam ser julgadas separadamente porque fazem parte de um único exercício administrativo. Os ministros aprovaram, então, todo o exercício de 2010. As contas de Rogério Rosso, no entanto, tiveram ressalvas. Ele foi o último a assumir o GDF e ficou na chefia do Executivo até 31 de dezembro. O parecer do relator apontava irregularidades na gestão e controle de contratações no período do governo Arruda referente ao ano passado, entre 1º de janeiro e 19 de fevereiro. O TCDF detectou problemas como sobrepreço e superfatu-

ramento, despesas sem cobertura contratual, direcionamento de contratação, pagamento por produtos e serviços que não foram entregues ou prestados e falha na fiscalização de contratos. O relator, conselheiro Renato Rainha, lembrou que, apenas em 26 de fevereiro, quando Arruda não estava mais no cargo, o então governador, Wilson Lima (PR), determinou a suspensão de acordos entre a administração pública e as empresas que tiveram contratos questionados. O governo não atendeu, também, à determinação de manter, pelo menos, metade dos cargos comissionados do GDF com servidores de carreira. Segundo o relator, dos 16,6 mil cargos comissionados, 53,4% foram ocupados por servidores sem vínculo efetivo com a administração pública. Em 28 órgãos do Executivo local, o índice de ocupação de cargos comissionados por funcionários não concursados chega a 90%. O representante do Ministério Público no TCDF, Demóstenes Albuquerque, disse que Arruda deveria ter tomado as medidas cabíveis desde 2009, quando a Operação Caixa de Pandora foi deflagrada. Flagrante – A operação investigou irregularidades em contratos e contratações e fez revelações surpreendentes. Arruda aparece em uma filmagem recebendo dinheiro do exsecretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, o delator do esquema.(ABr)

Antonio Cruz/ABr

Servidores vão às ruas por um serviço público de qualidade Victória Brotto

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erca de 60 funcionários federais, entre advogados, peritos, policiais e auditores fiscais, distribuíram ontem panfletos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em manifestação por melhores condições de trabalho e reestruturação das funções dos servidores. Segundo o presidente da delegacia sindical paulista do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais (Sindifisco), Rubens Nakano, funcionários e representantes das entidades envolvidas, como Pedro Delarue, presidente do Sindifisco Nacional, começaram a distribuição do material no saguão de desembarque logo cedo e a a mobilização terminou por volta das 14h. De acordo com a diretora de administração e patrimônio da União dos Advogados Federais (UNAF), Simone Fragá, as atividades dos profissionais não foram interrompidas, já que a proposta do movimento é "expor e debater os problemas da categoria e não causar transtorno". Dia Nacional de Luta– A mobilização faz parte do Dia Nacional pelo Direito a um Serviço Público de Qualidade realizado pela Polícia Federal

em conjunto com as entidades da Receita Federal do Trabalho e da Advocacia Geral da União. De acordo a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), é a primeira vez que essas entidades se unem em mobilização nacional. Entre as reivindicações, estão o fim imediato dos cortes e dos contingenciamentos orçamentários, retomada dos concursos públicos e da reestruturação das funções das categorias envolvidas na mobilização e valorização profissional dos servidores. O presidente da filial do Sindifisco em São Paulo informou ainda que alguns representantes das categorias irão se reunir para avaliar o impacto das mobilizações para, posteriormente, programarem mais ações do tipo. "Sabemos que um retorno do governo federal demora, por isso iremos avaliar nossos métodos de ação para chamar a atenção". Os aeroportos da cidade de Cataratas (PR) e do Rio de Janeiro (RJ) também foram alvo das reivindicações. Por volta das 15h, no Rio, houve panfletagem nos aeroportos internacionais Santos Dumont e do Galeão. Em Cataratas, o material foi distribuído na alfândega do aeroporto.

Mercadante: "No Natal vai ter muito tablet barato".

Animado, Mercadante prevê Natal do tablet

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partir de setembro devem chegar ao mercado brasileiro os primeiros tablets já fabricados no País, com 20% de componentes nacionais, e mais baratos do que os encontrados à venda atualmente. A previsão é do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, um dos responsáveis no governo pela inclusão da indústria do tablet no Processo Produtivo Básico e na Lei do Bem (Lei nº 11.196), que reduz a zero as alíquotas pagas para o Programa de Integração Social e para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins). Mercadante calcula que os tablets poderão custar até 40% menos se os descontos dados

pelo governo federal e por alguns estados para incentivar a produção local chegarem ao consumidor. "No Natal vai ter muito tablet barato e em todas as opções para o consumidor. Acho que nós vamos ter um belo momento na indústria da computação no País", disse Mercadante, logo após entrevista ao programa de rádio Bom Dia, Ministro, produzido pela EBC Serviços. Nove empresas já se inscreveram para produzir tablets com incentivo fiscal (Samsung, Positivo, Motorola, Envision, AIOX, Semp Toshiba, LG, MXT e Sanmina-SCI) e mais seis estão sendo analisadas (Itautec, Foxconn, Teikon Tecnologia, Compalead, Ilha Service e Leadership). (ABr)


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

7 Dilma começou bem na defesa dos direitos humanos, mas o ímpeto na defesa dos direitos civis se diluiu. José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo

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Alan Marques/Folhapress - 01/02/2011

Serra: 'Lula é candidato' Ex-governador de São Paulo afirma ao jornal espanhol El País que Lula nunca deixou de estar em campanha

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Serra: "A probabilidade de Lula disputar a Presidência é muito alta".

ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País, em Madri, que a probabilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar a Presidência nas eleições de 2014 é muito alta. E disse que Lula nunca deixou de estar em campanha. O tucano, que é apresentado pelo jornal como o chefe da oposição brasileira, ressaltou que "algumas das declarações de Lula contra a oposição são retórica eleitoral" Essa afirmação foi feita em meio às críticas do ex-governador paulista de que o problema da corrupção no Brasil nunca foi tão sério como agora. Serra afirmou ainda que a "faxina" que a presidente Dilma Rousseff promoveu no Ministério dos Transportes após as denúncias de corrupção foi

uma ação correta, mas que ela Ele afirmou que a origem da só foi tomada estimulada pela corrupção está na decisão do imprensa. governo petista de entregar a "O ex-presidente também partidos da base áreas nas afastou pessoas envolvidas quais esses partidos acabam em casos de corrupção, mas exercendo "um poder quase aquilo que poque absoluto". deria se transApesar do formar no inírecente escâncio de uma dalo no goverLula também política de no, o tucano afastou envolvidos transparênadmitiu que a cia, acabou imagem do em corrupção, mas em nada". Brasil no exteo que poderia ser o C o n s einício de política de rior continua quências – "A sendo positiva transparência, corrupção no e que a econoacabou em nada. Brasil não é o mia caminha único probleem ritmo de JOSÉ SERRA ma e não pode c re sc im en to , ser tratada coassim como a mo um fator isolado. Ela causa criação de empregos. desvios de recursos, acentua a Ele destacou ainda que o goineficiência e impossibilita o verno Dilma começou bem no planejamento. Isso é exempli- que se refere à defesa dos direificado no caso do Ministério tos humanos. Mas que nos úldos Transportes", disse. timos tempos a posição de Dil-

ma começou a ficar ambígua e que seu ímpeto em defender os direitos civis se diluiu. Jobim – Em Manaus, Serra declarou que ficou satisfeito com a declaração de voto do ministro da Defesa, Nelson Jobim – ele admitiu ter votado no tucano em 2010, não em Dilma Rousseff, sua atual chefe. Serra também afirmou que chamaria Jobim para o seu governo se tivesse sido eleito presidente no lugar de Dilma. "Não me surpreendeu e fiquei satisfeito com isso. Se tivesse sido eleito, Jobim é alguém que eu procuraria ter dentro do governo. É um homem público de grande qualidade", elogiou o tucano. Na última terça-feira, Jobim deu essas declarações à Folha de S. Paulo e ao portal UOL. Segundo ele, que é filiado ao PMDB, a presidente já sabia de sua preferência. (Folhapress)

Tasso Marcelo/AE

Ex-presidente critica imprensa e defende gastos em publicidade Em visita ao hospital que leva nome de sua mãe, ele voltou a atacar os noticiários

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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, ontem, o gasto em publicidade dos governos para divulgar melhorias no serviço público. Para ele, que visitou o hospital de traumatologia Dona Lindu, em Paraíba dos Sul (RJ), "o que é ruim tem preferência no noticiário". "Vocês têm a obrigação política com o povo do Rio e com quem não mora aqui de dizer o que estão fazendo aqui. Acho que isso é uma falta de opção nossa. Tem muita gente que fala: 'Ah, você vai gastar dinheiro com publicidade?'. Enquanto você não gasta para fazer publicidade das coisas boas, gasta para fazer nota reexplicando aquilo que foi equivocadamente denunciado", disse Lula, a uma pequena audiência no auditório do hospital. Lula visitou a unidade, inaugurada em junho de 2010, que recebe o nome de sua mãe, Eurídice Ferreira de Mello,

O que é ruim tem preferência no noticiário. Vocês têm a obrigação política com o povo de dizer o que estão fazendo aqui. EX-PRESIDENTE LULA morta em 1980. De acordo com o governo do estado, o hospital se tornou referência em cirurgias ortopédicas em média e alta complexidade: é o que mais realiza cirurgias deste tipo na rede estadual, e fica com o segundo lugar no País. "Normalmente o que é ruim tem preferência no noticiário sobre o que é bom. Raramente você vê uma reportagem elogiando um hospital. O que é bom, parte-se do pressuposto que é obrigação. Um hospital salvar vidas não é notícia, mas

se morrer um é", disse Lula. Lula disse também que a publicidade institucional "não é dizer que está tudo pronto". "Sabemos que ainda tem fila. Mas se o que melhorou, a gente não colocar para o povo saber, o povo vai ficar sabendo apenas aquilo que os outros querem que eles saibam. Tem muita coisa errada, mas tem que mostrar o que foi feito. Numa escada de 16 degraus, vocês chegaram a 8, 9. Tem que mostrar. A gente aprendeu com Chacrinha, há muito tempo: 'Quem não se comunica, se trumbica'". Ao final do discurso, Lula cobrou do secretário estadual Sérgio Côrtes a inauguração da nova sede do Into (Instituto de Traumatologia), cuja obra está atrasada. "Desde o Humberto Costa (ex-ministro da Saúde) a gente está esperando", queixou-se Lula. Côrtes disse que o ministro Alexandre Padilha está definindo a data com a presidente Dilma. Gafe – Durante a apresenta-

Hospital de Traumatologia Dona Lindu, em Paraíba do Sul (RJ), inaugurado em 2010: referência em cirurgias ortopédicas de média e alta complexidade.

Doutor Honoris Causa: 6ª vez Lula é primeiro latino-americano a receber o título da Sciences Po francesa

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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá seu sexto título de Doutor Honoris Causa, desta vez pela universidade francesa Sciences Po. A cerimônia de outorga será em 27 de setembro, na França. Segundo nota distribuída pela assessoria de imprensa do ex-presidente, Jean-Claude Casanova, membro do Instituto da França e presidente da Fundação Nacional das Ciências Políticas, o título é uma homenagem aos brasileiros. "Essa láurea, mais do que um reconhecimento pessoal, é

uma homenagem ao povo brasileiro, que nos últimos oito anos realizou, de modo pacífico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social", ressaltou o ex-presidente. Richard Descoings, diretor da Sciences Po, justificou à reportagem a escolha de Lula – o primeiro homenageado desde o escritor e ex-presidente tcheco Vaclav Ravel, em 2009 – pela relevância do Brasil no mundo. "Trata-se do reconhecimento do corpo acadêmico da força de transformação de Lula para o Brasil e para o lugar do Brasil no mundo".

A Sciences Po, fundada em 1871, é a instituição mais tradicional de sua área na França e uma das mais respeitadas da Europa. Entre seus alunos figuram dois presidentes franceses, François Mitterrand e Georges Pompidou, além de quatro primeirosministros. A universidade também tem entre seus exalunos o príncipe Rainier III de Mônaco, o ex-secretáriogeral das Nações Unidas Boutros Boutros-Ghali e o escritor Marcel Proust. Lula será a 16ª personalidade – e a primeira latino-americana – a receber esse título. (AE)

Lula e Cabral: "Todo mundo que é eleito, é para cuidar dos pobres. Rico não precisa de governo".

ção, Côrtes mostrou casos de pessoas amputadas que tiveram membros reimplantados no hospital. Uma das fotos mostrava uma pessoa sem dedo, como o ex-presidente. A imagem provocou frisson no auditório. "Presidente, o que acontece com um trabalhador que perde o dedo? Acabou!", disse Côrtes, para surpresa do auditório do hospital. Lula não comentou o episódio.

Campanha – Em clima de campanha eleitoral, Lula participou também da inauguração de uma clínica construída pela prefeitura do Rio em Del Castilho, na zona norte. Lá, foi recebido como chefe de Estado e aplaudido por uma claque transportada em ônibus pela prefeitura do Rio vinda de bairros distantes até 15 km da clínica. Como lanche, ganharam sanduíches e frutas.

No palanque, com o governador Sergio Cabral (PNDB), elogiou a gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB). Disse que está "desaprendendo a usar microfone" e reafirmou que os governos devem priorizar a população de baixa renda. "Todo mundo que é eleito, é para cuidar da parte mais pobre da população. O rico não precisa de governo".(Agências)


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Reuters

HAITI Manifestantes queimam bandeira brasileira em Porto Príncipe. O Brasil lidera a missão de paz da ONU no Haiti.

nternacional

Quem matou o líder militar dos rebeldes?

Considerado o número dois no regime de Kadafi, Younes mudou de lado em fevereiro, e logo assumiu o comando das forças rebeldes.

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principal chefe militar dos rebeldes líbios, um general que desertou do regime de Muamar Kadafi no início do levante, foi assassinado ontem, em circunstâncias não esclarecidas. Abdel Fattah Younes foi morto com dois assessores ontem depois de ter sido convocado a Benghazi, bastião dos rebeldes, para que respondesse a "questões militares", segundo anunciou Mustafá Abdul-Jalil, líder do grupo insurgente Conselho de Transição Nacional (CNT).

"Anuncio com toda a tristeza a morte do general Abdel Fattah Younis, chefe do EstadoMaior do Exército Líbio", afirmou o líder do CNT, em entrevista coletiva, para surpresa dos jornalistas presentes. De acordo com Abdul-Jalil, as mortes ocorreram no momento em que Younes era levado para ser interrogado. Não foram divulgados o local nem detalhes da ação. O chefe do CNT disse que os autores dos disparos foram presos, mas que os corpos das vítimas estão desaparecidos.

Suspeitas - A morte de Younes foi anunciada poucas horas depois de um de seus guardacostas, Abdulla Baio, ter denunciado que seu chefe havia sido detido por membros do CNT quando estava na cidade de Brega, no leste do país. "Ele foi à linha da frente (de Brega) para levantar a moral dos soldados, mas desapareceu depois que um carro do CNT veio atrás dele", disse Baio à Agência Efe. Fontes de segurança afirmaram sob condição de anonimato que Younes havia sido convocado por suspeita de que

Reuters - 06/07/11

Mistério na Líbia: Abdel Fattah Younes, ex-general do círculo íntimo de Muamar Kadafi, é assassinado e seu corpo desaparece. Algumas facções da insurgência suspeitavam que o comandante e sua família ainda mantinham relações secretas com o regime. Mas o ex-ministro também pode ter sido alvo de vingança de membros das forças de segurança do ditador infiltrados no reduto rebelde. ainda mantivesse relações com o regime. No entanto, alguns dos homens de Younes insistiram que o interrogatório foi organizado para avaliar se o comandante havia cometido erros na ofensiva de Brega ao ordenar que seus homens avançassem em uma área minada, o que tinha causado um grande número de baixas. O general era um dos mais próximos colaboradores de Kadafi quando anunciou que deixava o cargo de ministro do Interior para se juntar aos re-

beldes, em fevereiro. Desde então, comandava, com apoio dos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) as operações militares contra as forças de Kadafi. Algumas facções rebeldes, no entanto, se sentiam incomodadas com o fato de ser chefiadas por um general que integrava a cúpula do regime até o início deste ano. Mas as suspeitas pela morte de Younes não recaem apenas sobre os rebeldes. Especula-se que ele possa ter sido executado

por vingança de células pró-Kadafi infiltradas no território controlado pelos insurgentes. Impasse - A guerra civil líbia está em impasse, apesar de mudanças na linha do front. A oposição tem sido incapaz de obter uma grande vitória no campo de batalha, enquanto Kadafi não consegue esmagar a insurgência. Os rebeldes controlam o leste da Líbia e, no oeste, a cidade de Misurata e as montanhas Nafusa, na fronteira com a Tunísia. Kadafi controla a capital Trípoli e o resto do país. (Agências)

Geraldo Caso/AFP

Uma fênix sem penas

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Ollanta Humala acena à multidão a caminho da cerimônia de posse no Congresso em Lima

'Paz e amor' no Peru

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presidente Ollanta Humala assumiu o governo do Peru pelos próximos cinco anos repetindo slogans e promessas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Assessorado por marqueteiros do PT, Humala anunciou que governará "um Peru para Todos", repetindo o lema de Lula que era "Brasil, um País de todos" e insistiu que sua prioridade é crescimento econômico com inclusão social, defendendo a necessidade de todo peruano ter direito a duas refeições diárias – café da manhã e almoço. Lula falava em três refeições, incluindo o jantar. Apesar da completa semelhança, Humala falou no discurso que "não quer copiar modelos", mas reconheceu que "tomará exemplos que deram certo, construindo um caminho próprio". Foram inúmeras as promessas de Humala em seu primeiro discurso como presidente. Depois de declarar que será "um soldado da República, do Estado de direito e da liberdade de imprensa", anunciou o aumento do salário mínimo, que passaria do valor correspondente de R$ 340 para R$ 436. Humala prometeu ainda a construção de um hospital em cada cidade peruana, a criação de um programa chamado Samo – Serviço de Atenção Móvel de Urgências, uma espécie de Samu brasileiro – e uso de parte dos lucros das mineradoras para promover a inclusão social.

Martin Bernetti/AFP

Presidente Dilma, acompanhada de outros líderes, chega ao evento.

A exemplo de Lula em 2003, nomeou uma equipe econômica tida como pró-mercado e reservou pastas da Educação e Chancelaria para quadros mais esquerdistas. 'Paz e amor'- Luis Favre, que participou ativamente da primeira campanha de Lula, foi um dos auxiliares próximos do novo presidente peruano, que ajudou a transformá-lo em "Humala paz e amor", em contraponto ao truculento Humala chavista derrotado nas eleições de 2006. Ele ajudou a elaborar o discurso de posse do peruano e estava ontem em Lima acompanhando de perto a posse. Polêmicas - A fala de Humala, que durou quase uma hora, foi muito aplaudida. A presidente brasileira Dilma Rousseff participou da cerimônia, ao lado de outros 14 mandatários. Mas o novo presidente en-

frentou um pequeno protesto no início de seu discurso, ao avisar que estava jurando a Constituição de 1979 e não a de 1983, escrita sob o governo de Alberto Fujimori após a dissolução do Congresso em um "autogolpe". A Constituição de 1979 foi promulgada em um cenário de transição democrática. O juramento desatou a fúria da bancada fujimorista, a segunda minoria da Casa, com 37 deputados. Os parlamentares gritavam "Não há presidente!", dando a entender que não reconheciam a posse. A polêmica aumentou depois que o presidente que deixou o cargo, Alan García, recusou-se a passar a faixa a Humala. Apesar de ter 50% de popularidade, ele preferiu não ir à solenidade, temendo ser hostilizado como foi em 1990, quando deixou o cargo pela primeira vez. (Agências)

presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou ontem seu aniversário e disse que chegou aos 57 anos diante de uma nova vida, se comparando a uma fênix. Apesar de sua aparência ter mudado pouco nos mais de 12 anos que está no poder, o mandatário admitiu que a nova fase de quimioterapia a qual será submetido para tratar de um câncer provocaria a perda de cabelos. "Eu cheguei aos 57 depois de renascer, uma nova vida, meu eterno retorno", disse Chávez, que opositores acusam de ter tendências messiânicas. "Eu sou como uma fênix, eu voltei à vida", afirmou ele, durante um telefonema à TV estatal a partir do palácio presidencial. Chávez contou que se encontra em "franca recuperação" e que sua massa corporal está voltando ao seu estado anterior, após perder 15 quilos pelo tratamento contra o câncer. Por causa do tratamento, ele revelou que logo começará a perder cabelo. "Seguramente em poucos dias vocês verão Chávez calvo. Se lembram do (ator) Yul Brynner? Serei Yul Chávez, dentro de pouco meu cabelo começará a cair. É duro o tratamento para evitar o retorno das células malignas", disse. Chávez, que revelou no fim de junho que operou um tumor, disse ainda esperar que a fase mais complicada da doença acabe em um ano. (Agências)

Imagem manipulada mostra como Chávez ficaria sem cabelo

Arte sobre foto de Reuters - 27/07 Jorge Silva/Reuters

Manifestantes chavistas comemoram aniversário de seu líder

Divulgação/Reuters

VÍTIMAS DA INTOLERÂNCIA – A polícia norueguesa divulgou em seu site ontem os nomes de mais 24 pessoas entre as 76 vítimas do massacre da última sexta-feira ocorrido no país (acima, 20 delas). Do total, 18 pessoas na nova lista tinham menos de 20 anos, dentre as quais 12 eram menores de idade.


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

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9 GARFO DESCONTROLADO Para os especialistas que analisaram a pesquisa, o brasileiro tem comido muito e comido mal: come muito do que não deve e pouco do que deveria. Eles alerta que alimentos ricos em calorias podem gerar doenças com a obesidade e suas consequências.

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Dieta do brasileiro tem pouco nutriente e muita caloria, diz IBGE Fotos de Marcos de Paula/AE

Composta prioritariamente por arroz e feijão, associados a alimentos calóricos e de baixo teor nutritivo, a dieta da imensa maioria dos brasileiros está fora do padrão recomendado pelo Ministério da Saúde. Há abuso de sal, de açúcar e de sódio. Para a saúde, essa dieta não é saudável, pois ela pode levar à obesidade e a doenças com o diabetes.

Segundo a pesquisa do IBGE divulgada ontem, só um entre dez brasileiros come as 400 gramas diárias recomendadas pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras. Foi de mais de 80% a prevalência do excesso de ingestão diária de sódio, acima do limite recomendado de 2.300 mg.

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brasileiro não abre mão do feijão com arroz e tem carne no prato, mas combina o trivial com uma alimentação de alto índice calórico e baixo teor nutritivo. E ainda abusa do sal e do açúcar. É o que revela a Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, realizada pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O alimento mais ingerido no País é o café, que lidera a lista da média de consumo diário per capita de itens avaliados pelo IBGE. Em média, cada pessoa bebe 215,1 ml, entre quatro e cinco cafezinhos por dia. O feijão é o segundo da lista, com um consumo diário médio equivalente a cinco conchas (182,9 g). A pesquisa mostra que os brasileiros consomem um pouco menos quantidade de arroz, pouco mais de uma concha e meia (160,3 g), mas recorrem ao alimento com maior frequência em relação ao feijão. Para a pesquisa divulgada ontem, o IBGE pediu a 34 mil moradores de 13,5 mil domicílios selecionados em todo o País que registrassem tudo o que ingeriram em dois dias não consecutivos, exceto água. O arroz foi reportado por 84% dos entrevistados em pelo menos um dia, enquanto o feijão apareceu em 72,8% dos questionários. O consumo de carne bovina foi relatado por 48,7%. O brasileiro come, em média, mais carne do que pão: pouco mais de 63 gramas diárias de carne bovina, contra 53 gramas de pão de sal, pouco mais de um pãozinho francês. Curiosamente, o maior consumo de carne não está entre os 25% mais ricos, mas na fração intermediária com rendimento per capita entre R$ 571 e R$ 1.089: quase 71 gramas por pessoa. Frango e outras aves são frequentes na mesa de 27%. Se a base de carboidratos e proteínas é satisfatória, o problema está nos acompanhamentos. Segundo o IBGE, só um entre dez brasileiros come as 400 gramas diárias recomendadas pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras. Apenas 16% reportaram ter comido salada crua em pelo menos um dos dias avaliados. Por outro lado, o alto consumo de processados se expressa na ingestão de sódio e gordura saturada acima dos limites saudáveis em todas as faixas etárias. O abuso generalizado do açúcar aparece no alto consumo diário de refrigerantes (94,7 ml), sucos e refrescos, inclusive em pó (145 ml). "O brasileiro come muito e come mal. Come muito do que não deve e pouco do que deveria", afirmou Rosely Sichieri, pesquisadora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio (Uerj), que participou da pesquisa do IBGE. Médica especializada em nutrição, ela chama a atenção para a maior concentração do consumo de alimentos como biscoitos recheados, salgados fritos e sanduíches entre os adolescentes, que também são os que menos procuram itens mais saudáveis, como saladas e frutas. O consumo calórico diário médio do brasileiro medido pelo IBGE é de 2.044 Kcal. Os homens são os que mais ingerem calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido em ambos os sexos. Pouco mais de 40% come pelo menos uma vez no dia fora de casa, mas essa fonte de alimentação representa, em média, 16,2% do consumo energético total diário. Foi de mais de 80% a prevalência do excesso de ingestão diária de sódio, acima do limite recomendado de 2.300 mg. Além de abusar do sal, as pessoas consomem mais sal sem perceber ao trocar alimentos frescos por industrializados. A pesquisa correlacionou o consumo de biscoitos recheados, salgadinhos industrializados, pizza e doces à maior participação de gordura saturada no consumo calórico do que entre os entrevistados que reportaram comer arroz integral ou feijão. Patricia Jaime, coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, disse que a pesquisa do IBGE ajudará a formular políticas para tornar a dieta do brasileiro mais saudável, o que pode ajudar a prevenir doenças como hipertensão, diabetes e alguns tipos de câncer. "Trabalhamos em dois planos nacionais, para enfrentamento da obesidade e de doenças crônicas", disse, prometendo ações junto à indústria de alimentos. "Comer menos é uma sabedoria. É preciso comer de forma adequada, não em excesso." (AE)

Apagão atinge metrô e bairros da cidade

U

m apagão atingiu parte da Capital na noite de ontem. Às 19h, havia relatos de que bairros das zonas oeste e sul estavam sem energia elétrica. A linha 4-amarela do Metrô teve problemas com a queda de energia. Pelo twitter, centenas de usuários informaram a falta de luz. "Morumbi apagou às 19:05 e acabou de voltar", disse @deeh_imbelloni às 19h30. Segundo relatos, parte do Butantã foi atingido, mas ficou poucos minutos sem luz, assim como Pinheiros, Jaguaré, Lapa e Taboão da Serra. A assessoria da Eletropau-

lo informou que a falha era de responsabilidade da Companhia de Transmissão de Energia de São Paulo (Cteep). A companhia, por sua vez, afirmou por volta das 20h que o apagão foi causado por uma falha na estação de transmissão Milton Fornasaro. Nesse horário, segundo a Cteep, o problema já estava solucionado em parte das áreas atingidas. Três trens ficaram parados no túnel da linha 4-amarela do metrô. A linha finaliza as operações às 21h. A companhia informou que já retirava as pessoas do trem. (Agências)

Tiago Queiroz/AE

Falta de energia também atingiu a avenida Pompeia, na zona oeste da Capital


DIÁRIO DO COMÉRCIO

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c

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quem atirou foi o Daniel. Maurício Guimarães Soares, delegado

idades Devanir Amâncio

Divulgação

A BELA ILHA DE PAZ...

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...E A CASA DE BONECAS

H

enrik Ibsen (1828-1906) é o principal nome das letras norueguesas. Em uma de suas peças mais conhecidas, "Casa de Bonecas" (1897), que tem três atos, Ibsen faz, mais de 100 anos antes, uma alusão à tragédia vivida agora pelo seu país. Nora, casada com Torvald, desfrutava de um casamento cor-de-rosa. Mas a necessidade de tomar empréstimo de um agiota para custear demorado tratamento de saúde do marido às escondidas, pois ele jamais aprovaria sua iniciativa, lhe dá a consciência de que, ao ser descoberta, seu AFP-22/07/2011 casamento era na verdade uma farsa, que vivia em uma casa de bonecas (o denunciante foi o perverso Kogstad, que, em princípio, tentou chantageála). Evidentemente, o atentado não tem identificação com a crítica de Ibsen à hipocrisia da sociedade europeia nos fins do século XIX. Mas a rara circunstância de um país ser, apesar de tudo, uma ilha de tranquilidade e bonança neste nosso perigoso século XXI, sempre pode evocar a analogia feita por Ibsen.

MARIA NA CRACOLÂNDIA

N

a semana passada o artista plástico Zarella Neto, movido certamente pela solidariedade, entronizou uma imagem de Maria na Rua Apa a qual chamou de Nossa Senhora do Crack. Os frequentadores a reduziram a pedaços. Padre Pedro Iwashita, respeitado estudioso de Maria, comenta o episódio. Ele é autor de uma celebrada tese em que faz paralelo entre Maria e Iemanjá como mães acolhedoras, defendida na Universidade de Friburgo, na Suiça. Metrópole - Como o senhor, na qualidade de mariólogo,

viu o episódio? Padre Pedro Kuniharu Iwashita As pessoas que vivem naquela região estão em profunda orfandade. Maria é a mãe que acolhe. Seu lugar também é lá. Metrópole - Mas como o senhor avalia a reação dos usuários de drogas, que transformaram a imagem de gesso em cacos? Padre Pedro - Não posso julgar. Talvez o título tenha sido visto como desrespeito... Não acredito que tenha sido essa a intenção do artista. Mas eu faria uma observação sobre o título dado.

CASAL MUSICAL

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compositor e pianista Osvaldo Lacerda (à dir.) partiu na semana passada aos 84 anos sem que lhe fossem dadas as honras merecidas. Sua extensa obra de peças de câmara foi inspirada na cultura e no folclore brasileiros, certamente por influência de Camargo Guarnieri, um dos seus professores. Nesse sentido foi bem servido, pois também aprendeu

com o compositor norte-americano Aaron Copland (1900-1990) graças a uma bolsa da Fundação Guggenhein (Copland fez, entre outras coisas, o celebrado bailado Billy The Kid e Fanfare for the common man). Era casado com a conhecida pianista Eudóxia de Barros, hoje com 74 anos, que também teve uma professora celebre: Magda Tagliaferro (1893-1986).

Metrópole - E qual seria? Padre Pedro - Penso que o mais apropriado seria Nossa Senhora dos Drogados ou algo assim do e não N. S. do Crack. Quem sabe se aproximaria mais dos sentimentos daquelas pessoas? É significativo celebrar a presença da Mãe naquele ambiente de violência e de abandono. Por isso eu defendo maior presença da Igreja, que também é mãe, no seio da Cracolândia. (Padre Pedro Iwashita, 64 anos, teólogo e professor, morador no Planalto Paulista) Reprodução

Índice Global da Paz, promovido pela prestigiosa revista The Economist, de Londres, em parceria com Instituto Internacional de Pesquisas pela Paz, de Estocolmo, e várias universidades distribuídas pelo mundo, apontou a Noruega como a nação mais pacífica do planeta. A não menos respeitada revista Foreign Policy, de Washington, deu-lhe a classificação de "melhor funcional e melhor estabilidade", entre 203 países. Os 12 meses de licença-maternidade atestam a qualidade da sua previdência social. Era natural que o atentado da semana passada, em contraposição a essa coleção de virtudes, produzisse tanto impacto.

Fabio Motta/AE

Ipea: periferia sofre com falta de transporte

A

s cidades periféricas das regiões metropolitanas brasileiras têm crescido bem mais do que as cidades que deram origem aos agrupamentos urbanos, o que tem gerado problemas de transporte nessas regiões. A conclusão é de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre mobilidade nas metrópoles. De acordo com a pesquisa, feita entre 2001 e 2010, as regiões metropolitanas do País concentram 83 milhões de habitantes – 42,5% da população). A avaliação do Ipea é que as populações de menor poder aquisitivo têm se deslocado cada vez para mais longe, embora a oferta de empregos continue nos núcleos regionais. Com isso, a região de moradia do trabalhador se afasta dos locais de trabalho, segundo Carlos Henrique de Carvalho, técnico do Ipea. Segundo ele, o deslocamento da população cria a necessidade de um sistema metropolitano de transporte adequado, mas isso é incompatível com a capacidade de financiamento dos municípios, isoladamente. Ele critica ainda a falta de aporte suficiente de recursos dos governos estaduais para desenvolvimento do transporte público e de uma política específica do governo federal para as RMs. Para Carvalho, os novos marcos jurídicos referentes à formação de consórcios públicos intermunicipais e de parcerias públicoprivadas podem ser a saída para a criação de instituições que possibilitem o financiamento do transporte coletivo. (Folhapress)

Tiros na USP: investigação é concluída. Suspeito é preso. Polícia Civil pede prisão preventiva de Daniel de Paula Celeste Souza. PM reforça policiamento no câmpus.

55% são contra união oficial

Tiago Queiroz/AE - 09/06/2011

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Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte do estudante da USP Felipe Ramos Paiva, de 24 anos, e solicitou a prisão preventiva de Daniel de Paula Celeste Souza, 25, suspeito de efetuar os disparos que mataram Paiva, dentro da universidade, no último dia 18 de maio. "Ouvimos uma testemunha ocular do crime e as versões dela e dos dois suspeitos são idênticas. Com isso damos o caso como encerrado", disse Maurício Guimarães Soares, delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o pedido de prisão foi feito ontem à 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. O prazo previsto para resposta é de três dias. Souza está preso temporariamente devido à suspeita de homicídio e também por ter sido flagrado com uma arma ilegal, quando foi detido em Osasco, no último dia 13 de julho. "Quem atirou foi o Daniel [Souza], pois o comparsa ficou em um outro carro, aguardando e cuidando da mulher que eles haviam sequestrado. Quando o estudante reagiu, ele se assustou e atirou", disse Soares, que ainda falou sobre a reação do atirador após os disparos. "A mulher feita refém nos contou que o Daniel voltou muito abalado e assustado após o disparo. Até nos depoimentos ele não parecia ser um típico homicida", contou o delegado. Antes de Souza, Irlan Graciano Santiago, de 22 anos, havia se apresentado à polícia no dia 9 de junho e confessado a

Irlan Graciano Santiago, comparsa na morte do estudante: ética do crime Werther Santana/AE - 19/05/2011

Alunos fazem protesto por mais policiamento na Cidade Universitária

participação no crime. Na época, ele disse que o seu parceiro é quem tinha atirado contra o estudante da USP. Ética – Em um primeiro momento, Santiago havia afirmado que não revelaria o nome do autor dos disparos em nome da "ética do crime". O suspeito

chegou a ser liberado, já que não houve flagrante e ele não tem antecedentes criminais, mas voltou a ser preso no dia 16, após a prisão preventiva ser decretada pela Justiça. De acordo com o depoimento de Santiago à polícia, uma mulher em um Ecosport escu-

ro foi abordada antes de Paiva. A dupla resolveu não assaltar a vítima após perceber que ela era deficiente, mas pediu que ela dirigisse até eles encontrarem outra vítima. Foi quando avistaram Paiva. Santiago disse que ele ficou no Ecosport, ao lado da motorista, enquanto Sousa desceu. Paiva teria reagido e acertado o suspeito com dois socos e, por isso, o comparsa atirou. Os dois fugiram no Ecosport. O estudante foi encontrado caído ao lado de seu carro – um Passat preto blindado –, que estava com a porta do motorista aberta. Não foi possível socorrê-lo. O DHPP divulgou, logo após o crime, imagens que mostram dois suspeitos de participação no assassinato. Os dois homens, que não são alunos da USP, aparecem em imagens de circuito interno saindo do saguão do prédio da FEA (Faculdade de Economia Administração e Contabilidade), minutos antes do crime. Só no dia 20 de maio, durante investigação do crime, oito pessoas foram averiguadas e liberadas em seguida pela polícia. Vigilância – A Polícia Militar aumentou sua presença no campus da USP após o assassinato do estudante. Segundo a PM, o efetivo mais que dobrou em alguns momentos do dia e passou a contar com carros da força tática, radiopatrulhas e mais motocicletas, sobretudo à noite. Alegando "questões estratégicas", a corporação não revelou o efetivo usado. A USP registrou ao menos cinco casos de sequestros-relâmpagos dentro da Cidade Universitária, na zona oeste, entre os meses de março e abril. (Folhapress)

Ibope: brasileiro ainda resiste a casamento gay

U

ma pesquisa do Ibope divulgada ontem mostra que 55% dos brasileiros são contrários à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união de casais do mesmo sexo. O estudo, realizado este mês, identifica que as pessoas menos incomodadas com o tema são as mulheres, os mais jovens, mais escolarizados e as classes mais altas. Sobre a decisão do STF, 63% dos homens e 48% das mulheres são contra. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis, enquanto 73% dos maiores de 50 anos são contrários. Regiões – Nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, 60% são contra. Já no Sul a proporção cai para 54% e no Sudeste, 51%. Apesar da maioria contrária à união gay, a pesquisa revela que o brasileiro, de modo geral, é tolerante com homossexuais em seu cotidiano. Perguntados se afastariam de um amigo caso ele revelasse ser homossexual, 73% disseram que não. A maioria também aprova totalmente que gays trabalhem no serviço público como policiais (59%), professores (61%) ou médicos (67%). A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios do país. (Folhapress)


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Fotos: Paulo Pampolin/Hype

CÃES DE GUERRA Com características que os credenciam como excelentes soldados, cães são cada vez mais utilizados em tarefas militares

Fábio Pellegrino

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les não precisam de fardas camufladas para se embrenharem em matas fechadas atrás do inimigo. Estão prontos para seguir as ordens que lhe são dadas sem pestanejar e podem saltar de helicópteros e até de aviões para cumprir a sua missão. Os cães vêm sendo usados em conflitos pelas forças militares ao longo dos séculos. No passado, entre os seus muitos deveres, eles foram responsáveis por entregar mensagens, detectar minas e até colocar fios de telégrafos durante as batalhas. Hoje são ferramentas importantes em ações táticas militares, por sua lealdade, coragem, alta capacidade de adaptação e outros atributos natos desses animais. O que muitos não sabem é que há registros do uso de cães em guerras pelos egípcios e romanos desde a antiguidade. Os Estados Unidos utilizaram esses animais pela primeira vez durante a 1.ª Guerra Mundial e, de lá para cá, o número de ações com cães não parou de crescer. Em

entrevista concedida à imprensa dos EUA, chefes militares americanos afirmaram que há cerca de 600 cães servindo em suas tropas no Afeganistão e no Iraque, dos mais de 2.700 animais mantidos pelo Pentágono (comando militar americano). Mas a notícia da utilização de cachorros em manobras de guerra, antes pouco conhecidas ou esquecidas pela população, voltou à tona depois que o governo americano decidiu divulgar que também usou um cão na força militar Seal (SeaAir-Land Team, o grupo de soldados de elite dos EUA) durante o ataque que resultou na morte do mais procurado terrorista do planeta: Osama bin Laden, líder da rede Al Qaeda e mentor do ataque às torres gêmeas World Trade Center. A utilização dos cachorros em ações táticas não é uma exclusividade dos EUA. Países como Alemanha, Portugal, Rússia e Inglaterra usam cães em atividades externas e internas há muito tempo. Graças as suas qualidades naturais, esses animais desempenham suas tarefas com grande propriedade. Dificilmente um homem ou máquina conseguiria realizar a detecção de explosivos e drogas de forma tão precisa. O seu faro apurado encontra bombas a metros de distância e pode localizar inimigos a quilômetros. No Exército Brasileiro, o número de cães de guerra no efetivo é pequeno, mas deve aumentar por causa do sucesso dos animais em ações que exigem controle e segurança, ajudando a garantir a proteção em eventos, como a Copa, por exemplo. Segundo boletim emitido pelo Comando do Exército, em janeiro de 2011 o efetivo contava com quase 350 cães, distribuídos em vários batalhões. Esses cachorros são treinados de acordo com a atividade do quartel em que estão alocados, podendo participar de patrulhas a ações de saltos com paraquedistas. O Segundo Batalhão da Polícia do Exército (2.º BPE), em Osasco, tem como atividade formar adestradores, condutores de cães, enfermeiros e auxiliares na área veterinária, além de funcionar como escola de adestramento no âmbito do Comando Sudeste. Para o major e chefe da Seção de Cães de Guerra do 2.° BPE, Carlos de Almeida Baptista Sobrinho, criar cães de guerra exige dedicação e perfil. “Tornar-se um adestrador, às vezes, é trabalho de uma vida inteira. Como há individualidade de cão para cão, não há uma fórmula de treina-

mento que vá funcionar de forma eficiente para todos os cachorros. É preciso criatividade e flexibilidade para se adaptar ao animal e ter a resposta comportamental para a tarefa que deseja executar, de acordo com o indivíduo.” Como o Brasil não está envolvido em atividades militares de guerra, os cachorros por aqui auxiliam em tarefas de segurança e resgates. Em São Paulo, os cães normalmente são vistos nas mãos de soldados da Polícia Militar e são usados como apoio em várias frentes, como encontrar explosivos, fugitivos e drogas, fazer revistas em presídios, ajudar na separação de torcidas, além de atuar como cães de guarda, escolta e em policiamentos ostensivos. Criado em setembro de 1950, o Canil Central da Polícia Militar (PM) de São Paulo, que fica no bairro do Tremembé, é responsável pelo policiamento com cães na capital e por todos os cursos de adestramento da Corporação. São 90

Os cães de guerra brasileiros participam como apoio em ações de resgate e as que exigem controle e segurança, como garantir a proteção em eventos, busca por entorpecentes, guarda em quartéis e na contenção de distúrbios, em situações de desastres

cães em atividade – já chegou a ter 130 cachorros – e 156 policiais. O canil da PM já passou por muitas dificuldades, principalmente no começo da sua trajetória. Em 1956, o então governador Jânio Quadros havia proposto encerrar as atividades do canil como uma forma de cortar gastos. O comandante chegou a receber uma carta com a intenção: “Faça os cães trabalharem ou dissolva a matilha”. Nesse mesmo ano, o caso do sequestro do menino Eduardo Benevides, de 6 anos, comovia e mobilizava toda a polícia de São Paulo. Como uma forma de estimular a busca, o governador havia prometido uma promoção para o policial que encontrasse o garoto. Ele só não contava que a nova patente seria dada a um farejador. O cão Dick achou Eduardo em um buraco de quase 2 metros de profundidade, no Parque do Estado, zona sul, coberto por folhas e zinco. O soldado Muniz de Souza, adestrador do animal, e Dick foram promovidos, evitanReprodução

do o fim do canil. Depois de três anos, o cão teve problemas de saúde e acabou morrendo. Um busto de bronze foi feito em sua homenagem e colocado na entrada do canil com a inscrição: “Cabo Dick. Campeão das buscas policiais”. Hoje, o canil chega a ser utilizado como o único recurso da Polícia Militar em algumas atividades. “Às vezes, a viatura tem a notícia de que determinado veículo tem a droga, mas não é possível visualizar na revista. O cão chega, acha e aponta onde está o entorpecente”, explica o capitão Joel Marcos Luna, comandante do Canil Central da PM. Os cães de trabalho (como são chamados nos canis militares) são reconhecidos desde muito cedo – alguns são escolhidos com dias de vida – e o treinamento é contínuo, quase uma hora diariamente. Além disso, cachorros e soldados precisam estar sintonizados, para criar um laço de confiança e dedicação. “A maior dificuldade é fazer a combinação homem e cachorro”, revela o major Sobrinho. Não é à toa que um soldado empenhado em adestrar o animal sente a falta do bicho quando se ausenta do quartel ou quando o cão morre. E há pesquisas que t a m b é m a p o ntam que o cão pode entrar em depressão com a ausência de quem o c r i a . “ To d o c achorro marca. É impossível não sentir a sua falta.” Prova disso são as histórias que

O pequeno Eduardo, ao lado do soldado Muniz de Souza e o cão cabo Dick

envolvem o cão e o homem. No início do ano, um cachorro farejador britânico chamado Theo, que trabalhava localizando explosivos para as tropas inglesas no Afeganistão, morreu de um ataque cardíaco pouco depois de o seu companheiro e adestrador, o cabo escocês Liam Tasker, de 26 anos, ter sido baleado e morto durante uma troca de tiros com extremistas das milícias do Taleban. Se a morte do cão foi uma reação ao que aconteceu ao seu parceiro ou se foi em razão ao estresse sofrido pela batalha é difícil de dizer, mas o importante foi o reconhecimento que o animal teve pela Grã-Bretanha. Normalmente, cães que morrem em guerra não são repatriados, mas ambos (o cabo e o cachorro) retornaram para seu país, no mesmo avião. Afinal, Theo também era um excelente militar, estava ao lado do seu melhor amigo e cumpriu as suas funções com louvor. Em cinco meses havia descoberto 14 vezes bombas e armas escondidas, número considerado recorde para cães farejadores. A sua morte, no entanto, totalizava seis baixas caninas em ações militares britânicas no Iraque e no Afeganistão, desde 2001, ante 358 soldados ingleses mortos em batalhas na região. Nos canis da PM e do Exército são encontradas várias raças, como pastor malinois, labrador, rottweiler e pastor alemão. Isso porque a variação ajuda nas tarefas que vão executar. Enquanto os labradores são usados basicamente como cães farejadores, outras raças desempenham melhores tarefas de guarda ou acumulam dupla função, como os pastores mailinois. Mas não é possível dizer que uma raça é melhor do que a outra.Segundo o major Sobrinho: “Você tem indivíduos que se sobressaem melhor do que outros, mas cada cachorro tem a sua performance e pode mudar de acordo com o condutor. Alguns soldados têm mais facilidade em trabalhar com uma raça; outros, com outra”. Os cães de trabalho são muito bem cuidados. São utilizados até atingirem a idade de oitos anos, em média. Quando se aposentam ficam no quartel, aos cuidados do Exército, até morrerem. “Eles passam a vida inteira aqui dentro. Estão acostumados com a rotina e habituados com o ambiente. Sem contar que é no final da vida que eles podem começar a apresentar proble mas de saúde. Não seria justo ou ético

abandoná-los no momento de maior necessidade de atendimento veterinário, apoio e tratamento.” Depois que morrem, são cremados e as cinzas colocadas em urna, guardadas em um local de destaque, ao lado da sala do major Sobrinho. Já no canil da PM, os velhinhos são doados aos policiais responsáveis pelo seu adestramento. “Muitas vezes, quando estamos de folga ou de férias, damos uma desculpa para a família porque queremos ver nossos cães. Dizemos que é para dar um banho ou ver como estão, mas é a saudade que bate”, brinca o sargento Leal, responsável pelo cão farejador Thor, um labrador de 5 anos. “Logo vou levá-lo para casa”, comemora. Mas, ao falar sobre a morte de companheiros quadrúpedes, o sargento muda a fisionomia e afirma: “É muito difícil para o policial. Para nós, a perda equivale à de um membro da família”. A vida militar muitas vezes não é fácil, mas a sensação de dever cumprido e o reconhecimento por ter realizado de forma correta e perfeita a missão que lhe foi determinada trazem a sensação de satisfação. Os cães que o digam. Para eles, um afago do militar amigo, como reconhecimento à execução da ordem, vale mais do que mil medalhas.

Tornar-se um adestrador, às vezes, é trabalho de uma vida inteira. A maior dificuldade é fazer a combinação homem e cachorro MAJOR SOBRINHO

Fotos: Newton Santos/Hype

RETRIEVER DO LABRADOR

PASTOR ALEMÃO CINZA

Excelente cão de faro. Utilizado em resgates e na localização de entorpecentes.

É considerado um cão completo. Ótimo faro, alta inteligência e obediência.

PASTOR BELGA DE MALINOIS

ROTTWEILER

Cão de várias funções. É usado em ações táticas. Alta inteligência, faro e coragem.

Cão de guarda. Seu porte impõe respeito. Está sempre pronto para agir e atacar.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

12 -.LOGO

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Captura de tela

Cuidado: Murdoch na área

I NFOGRÁFICOS

Tuítes e...

...retuítes

Cientistas da Universidade de Indiana, nos EUA, analisaram mais de 250 mil tuítes sobre política escritos por 45 mil tuiteiros norteamericanos. A ideia era investigar a orientação política dos tuiteiros. O infográfico à esquerda mostra que a sociedade norte-americana está bem dividida: pontos vermelhos representando os tuítes de direita e os azuis, os de esquerda.

Já este outro gráfico, quase todo vermelho, ou seja, com mensagens mais conservadoras, mostra os retuítes, ou seja, mensagens postadas por um usuário e reproduzidas por outros. Isso mostraria que os tuiteiros de direita estão mais ativos, mas também que as pessoas tendem a só ler mensagens de quem pensa como elas, reforçando a polarização política.

Plugins para os navegadores Firefox e Chrome ajudam os leitores de jornais na web a tomarem cuidado ao acessarem os mais de 100 sites, entre eles o do jornal The Sun, controlados pelo magnata da mídia. Para os usuários do Firefox, o plugin Murdoch Alert avisa que o site acessado pertence à família e que o computador está sujeito a invasão. Já Murdoch Block impede que o acesso a sites controlados pela empresa dele, a NewsCorp. Firefox - http://bit.ly/pVKApJ Chrome - http://bit.ly/n4XVw8

http://bit.ly/qmdY1x

Logo Logo O M ÚSICA

www.dcomercio.com.br

A volta do Walkman

Walkman está de volta em versão repaginada, anunciou ontem a Sony Ericsson, depois que as fotos do produto vazaram na internet. O vazamento das imagens chamou a atenção porque o Walkman já foi objeto cult na época das fitas cassete e fez a fama da Sony pelo mundo.

T ECNOLOGIA Reprodução

Depois, com o advento dos CDs, ganhou uma versão menos light, mas igualmente prática: o tocador portátil Discman. Com a chegada dos arquivos MP3 para as músicas, o produto perdeu espaço no mercado e, assim que a Apple lançou o iPod, o velho player foi considerado morto e enterrado. Agora, ele ressurge na

versão NWZ-A860, com design arrojado, tela de LCD sensível ao toque de 2,8 polegadas e transmissão de áudio via Bluetooth, dispensando o uso de fones de ouvido com fio. Tudo para concorrer diretamente com o iPod Touch. Segundo a Sony, o novo Walkman terá ainda bateria para até 25 horas de

reprodução de áudio e vídeo, 16 GB para armazenamento de arquivos multimídia e gerenciamento pelo iTunes ou pelo Windows Explorer. O produto chega às lojas europeias ainda esta semana a um valor de 150 euros e nas cores branca e preta. Ainda não foi anunciada a data da chegada do produto às lojas brasileiras.

Nasa/AFP

S AÚDE

Contra a obesidade

É o que diz o adesivo no canto do computador da foto acima. Assim, se algo acontecer com você, os segredos mantidos em seu computador serão destruídos. Mas é preciso colar a instrução sobre o HD. Baixe o adesivo no site.

A empresa Jawbone vai lançar no mercado uma pulseira que, repleta de sensores e conectada com seu smartphone, mapeia tudo o que você come e a energia que você gasta por dia. A ideia é ajudar quem quer manter a saúde e o peso sob controle.

http://bit.ly/n20RPL

http://eu.jawbone.com/jawbone/

Em caso de emergência, fure aqui

C IÊNCIA

R EDES SOCIAIS

L OTERIAS

'Superanticorpo' vai Google+ tem queda acabar com a gripe de desempenho A nova rede social Google+, que cresceu vertiginosamente nos primeiros 20 dias de operação, já enfrenta queda de desempenho. Segundo análise da Experian Hitwise publicada pela revista PC Magazine nos EUA, o total de visitantes da nova rede social na última semana foi de 1,79 milhões, uma queda de 3% em relação aos 1,86 milhões usuários que visitaram o site duas semanas atrás. O levantamento da Hitwise também apontou que 59% dos usuários do Google+ vêm de outros sites do Google. O Google+ já tem mais de 18 milhões de usuários.

L

Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa Médica da GrãBretanha e pela empresa privada suíça Humabs anunciaram ontem a descoberta do FI6, um "superanticorpo" capaz de combater todos os vírus da gripe tipo A em humanos e animais. A descoberta pode abrir caminho para a produção de novos tratamentos antigripais e para o eventual desenvolvimento de uma vacina universal que protegeria as pessoas contra a gripe por toda a vida. Atualmente, existem hoje 16 subtipos diferentes da gripe A.

Concurso 656 da LOTOFÁCIL

COMPANHEIRO - A Nasa divulgou ontem a imagem de um pequeno asteroide de 300 metros de diâmetro acompanha a Terra em seu movimento em torno do Sol. O 2010 TK7, que fica a cerca de 80 milhões de quilômetros da Terra, e precede a órbita do planeta.

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Concurso 2656 da QUINA 13

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E STRATÉGIA Reproduções

T URISMO Patrik Stollarz/AFP

Homem senta sobre uma gigantesca estátua de bronze do sociólogo e filósofo alemão Karl Marx em Berlim, Alemanha. O monumento, que também inclui uma estátua do sociólogo alemão Friedrich Engels, era um ícone do comunismo e foi criado pelo escultor Ludwig Engelhardt. A inauguração aconteceu em 1986, pouco antes da queda do muro de Berlim. Hoje, as estátuas são um ponto turístico.

ANÚNCIOS GIGANTES T

alvez você não possa espalhar outdoors e anúncios de sua empresa pela cidade. Mas se você tem um bom pedaço de terra em algum lugar do planeta, há uma forma de fazer seu produto chegar bem longe. O terreno vira "suporte" para imagens gigantescas do logotipo da empresa, para que ele seja visível pelo Google Earth. A estratégia já tem até nome: "astrovertisement", uma variação de "advertisement", o termo

em inglês para publicidade. A astrovertisement é a "arte de tornar sua marca visível do espaço". Assim, satélites, telescópios e outras parafernálias tecnológicas que orbitam o planeta podem registrar e, o que é mais importante, disseminar o nome e a imagem de sua empresa. Rotary International, em São Paulo, KFC, em Nevada, e o Museu BMW, em Munique, já apostaram nessa ideia. http://n.pr/qcEiYm

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 29 de julho de 2011

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13 FUTEBOL Copa do Mundo de 2014 no Brasil poderá aumentar PIB em 1,5%

conomia

PÃO DE AÇÚCAR Casino reafirma que pretende assumir o grupo varejista em 2012

Dólar reage, sobe e fecha em R$ 1,566. Moeda encerra a quinta-feira com alta de 0,57% após o anúncio de medidas que têm como objetivo inibir a especulação e encarecer algumas operações para exportadores

SXC

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Mercado vê trégua na elevação da taxa de juros

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Banco Central (BC) pode interromper o ciclo de alta dos juros e adiou para 2013 a chegada à meta de 4,5% de inflação para não sacrificar o crescimento da economia brasileira. Foi assim que economistas interpretaram a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem. O entendimento se deu não pelo que a autoridade monetária disse, mas pelo que ela deixou de dizer. Os diretores do BC eliminaram do documento o trecho que mencionava a intenção de elevar os juros por um período "suficientemente prolongado" como parte da estratégia para fazer a inflação cair no fim do ano que vem. A indicação, na ata, que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação, estão acima da meta em 2011 e 2012, também contribuiu para a interpretação dos economistas. Fontes do governo, entretanto, consideraram exagerada a avaliação feita por boa

parte do mercado. Para eles, o BC vai continuar monitorando a economia para cumprir o objetivo de entregar no próximo ano a inflação no centro da meta. No ano, o Copom já subiu a taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 12,5%. De acordo com a ata, a inflação no Brasil está controlada, mas permanecerá em patamares superiores ao desejável durante metade do mandato de Dilma Rousseff. O tipo de pressão que os índices de preços têm sofrido exigiria, segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, "uma recessãozinha" para que a inflação voltasse a rodar em 4,5% no ano que vem. O IPCA acumulado nos últimos 12 meses encerrados em junho bateu em 6,71%, alimentado principalmente pelo setor de serviços, que responde por um terço do índice. Os preços nessa categoria tiveram alta de 8,75% no período. O Copom enfatizou que a economia deve sentir de forma mais acentuada nos próximos

meses o impacto das medidas tomadas pelo governo para controlar os preços. Ao mesmo tempo, frisou que o ambiente econômico internacional está cercado de "incertezas elevadas e crescentes". Tática – A mensagem da ata, de acordo com André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, não é de leniência com a inflação, mas sim de mudança tática. "Pararam de aumentar os juros, mas não estão de mãos atadas. Pretendem usar outro instrumento", afirmou. "Não fico muito preocupado porque vejo como dores de crescimento, preocupação seria se houvesse um descontrole inflacionário." O entendimento de que o ciclo de aperto dos juros chegou ao fim não foi unânime. "Apesar de ter considerado que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis, o Copom deverá elevar pela última vez no ano a taxa Selic na reunião de agosto", afirmou Luciano Rostagno, o estrategista-chefe da CM Capital Markets. (AE)

Silva Junior/Folhapress

Os preços dos produtos agrícolas no atacado tiveram menor queda no mês de julho

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Deflação perde força no IGP-M

deflação perdeu força no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que teve queda de 0,12% em julho, após cair 0,18% em junho, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ontem. Entre os três subindicadores que compõem o IGP-M, o Índice de Preços por Atacado (IPAM) caiu 0,22% neste mês, após mostrar queda de 0,45% em ju-

nho. O Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M) recuou 0,13% em julho, em comparação com a taxa negativa de 0,12% no mês passado. Entre os destaques estão quedas de preços em Educação, Leitura e Recreação (de 0,55% para -0,07%) e em Alimentação (de -0,81% para -0,99%). O único grupo a apresentar acréscimo em sua taxa de variação de

preços foi Transportes (de -1,34% para 0,11%). Já o Indice Nacional de Custo da Construção Mercado (INCC-M) teve taxa positiva de 0,59% no mês, inferior à elevação de 1,43% em junho. Os preços dos produtos agrícolas no atacado caíram menos neste mês (0,84%), em comparação com o recuo de 2,1% verificado em junho no âmbito do IGP-M. (AE)

dólar teve valorização pelo segundo dia consecutivo no mercado de câmbio doméstico, ainda sofrendo do susto dos agentes financeiros com a munição pesada utilizada pelas autoridades econômicas. Ontem, o dólar encerrou o dia em R$ 1,566, o que representa um aumento de 0,57% em relação ao fechamento de quarta-feira. Já o dólar-turismo foi vendido por R$ 1,67 e comprado por R$ 1,50 nas casas de câmbio paulistas. O Banco Central (BC) não ficou ausente, e comprou dólares por duas vezes. Até terça-feira, profissionais do setor financeiro já miravam R$ 1,50 como o mais provável "piso" para o câmbio. Ontem, alguns especialistas já contemplavam o retorno para R$ 1,58 ou R$ 1,60. A verdade é que os agentes financeiros ainda avaliam os efeitos das medidas anunciadas quarta-feira pelo governo para conter a queda livre das taxas, embora já existam alguns consensos: efetivamente, o governo aumentou seu poder de intervenção nos negócios; as novas regras tendem a inibir a especulação com a moeda; e devem encarecer operações para exportadores. Pacote cambial – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já acenou com mais "artilharia": em entrevista adiantou que o governo pode elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que vai incidir sobre os deriva-

tivos, caso julgue que os níveis atuais sejam inócuos para conter a queda livre do câmbio. "Se 1% for pouco, a gente aumenta. O limite é 25%", disse. A nova medida provisória aumenta os poderes do governo regular as operações com dólar no mercado futuro – onde as operações financeiras são liquidadas com diferenças de semanas ou meses – e que tem enorme influência para a formação dos preços no mercado à vista. Também aumenta a taxação de IOF incidente sobre os negócios com a moeda. O Ministério da Fazenda divulgou ontem um comunicado informando que o recolhimento de IOF sobre derivativos só será iniciado no dia 5 de outubro, para que haja tempo de desenvolver o sistema de apuração e recolhimento. No entanto, a nota explica que a apuração do IOF será diária, contando a partir de ontem quando foi publicado o decreto no Diário Oficial da União (DOU). O professor de Finanças do Ibmec-RJ, Gilberto Braga, elogia as medidas, embora ressalte: "efetivamente, não resolve o problema (da depreciação cambial), mas contribui". "As medidas são legais, são legítimas, e o governo está no seu papel de fiscalizar esse mercado. Agora, é um tipo de mercado muito sofisticado, de operações muito complexas. A grande incerteza é como os agentes financeiros vão ter que documentar essas operações, qual vai ser o grau de fiscalização da Receita Fede-

ral", comentou ele. Para Daniel Borges da Costa, presidente do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, conhecido como Conselhinho do BC, o pacote cambial alivia o peso nos ombros do Copom. As medidas adotadas pelo governo para aumentar o controle sobre as apostas de investidores no câmbio ajudará a autoridade monetária a aumentar a taxa de juros, quando necessário, sem se preocupar com a entrada de mais recursos estrangeiros no País, conforme Costa. O Ministério da Fazenda já avisou que pretende se reunir com integrantes dos bancos para discutir a implementação das outras medidas, e que somente deve passar a cobrar os tributos a partir de outubro. Big Mac – O índice Big Mac, calculado pela revista The Economist, apontou que o real é a moeda mais cara do mundo. Pelo estudo, que neste ano passou a considerar não apenas o preço do sanduíche, mas também o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos países, a moeda brasileira está 149% sobrevalorizada sobre o dólar, mais que qualquer outra no mundo. Em seguida, aparecem o peso colombiano, com sobrevalorização de 108% sobre a moeda norte-americano, e o argentino, com 101%. Sob esse critério, o yuan, a moeda chinesa, não estaria tão subvalorizada ante o dólar quanto reclamam os norteamericanos: a tabela aponta uma sobrevalorização, inclusive, de 3%. (Folhapress)

ACSP discute a economia atual Sergio Leopoldo Rodrigues

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uas avaliações simultâneas da economia brasileira – uma feita pelos integrantes da reunião mensal de conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e outra pelo presidente da Nielsen Brasil, Eduardo Ragasol – mostram quadros semelhantes para este ano: desaceleração gradual "sem ameaça de catástrofe", receio de contaminação por causa da crise nos EUA e na Europa, via desaceleração das importações dessas regiões; altas da Selic (que ainda não afetaram o consumidor final) e inflação acima da meta, mas contida. A inadimplência se manterá um pouco mais elevada, especialmente por causa do descontrole dos gastos. Para Ragasol há, inclusive, o "perigo de uma bolha de inadimplên-

cia" se o custo de vida das famílias subir muito nos próximos meses (leia box abaixo). Para a Associação Comercial, a inadimplência em alta ainda não preocupa. Sobretudo, porque o nível de emprego continua elevado e sustentável. Nos relatos sobre a economia real dos líderes empresariais de todos os setores, professores e economistas, que fazem parte da reunião de conjuntura da ACSP, um quadro até otimista, apesar do alerta de resistência da inflação e do medo recorrente de uma "desindustrialização" causada pela valorização do real. Um líder do setor agrícola, por exemplo, elogiou o lançamento do Seguro Faturamento Agrícola, fruto de uma parceria do Banco do Brasil (BB) com a Mapfre Seguros, além da decisão de o BB trabalhar a política de preço mínimo, uma an-

tiga reivindicação do agronegócio da ACSP. "Se isso de fato for posto em prática, será um avanço para a agricultura no Brasil", disse. Vários líderes do varejo apresentaram dados positivos. Uma cadeia de lojas de variedades contabilizou aumento de 24% nas vendas de julho (em comparação a julho de 2010), sobretudo, em eletroportáteis. No setor de farmácias, a alta foi de 18,7% no primeiro trimestre (contra igual período no ano passado). Com embalagens em geral, um alerta: a produção nacional deste ano deverá ficar igual ao ano anterior, por conta do avanço das importações de produtos já embalados. Já o setor bancário, segundo seu representante, "está capitalizado, líquido e rentável, e a oferta de crédito ainda crescerá até o final do ano".

Classe C e o consumo

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m estudo apresentado ontem na reunião de conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) pelo presidente da Nielsen Brasil, Eduardo Ragasol, mostra que a classe C ascendente vem preferindo consumir produtos de qualidade. Ele relatou que há quatro vetores que estão impulsionando o aumento do consumo: satisfação do consumidor, aquisição de itens de saúde, opção pela conveniência e mais "tolerância" do consumidor à compra de produtos, como chocolates, biscoitos e balas. Além disso, para Ragasol, o

crescimento passa pela manutenção da expansão do crédito e pelo controle da inflação, já que há claros sinais de desaceleração nas vendas e no faturamento industrial, no varejo alimentar, nos bens duráveis e semi-duráveis. Ele não credita isso à alta da Selic, "pois ela não tem grande relação no crédito oferecido ao consumidor geral". Para ele, se a inflação não for contida, ela poderá reduzir o poder de compra das famílias e aumentar o seu endividamento. "Apenas nesse caso há o perigo de uma bolha de inadimplência", resumiu. (SLR)


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DIÁRIO DO COMÉRCIO

COMÉRCIO

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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e As duas faces da classe média

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"Nova classe média" é um apelido dado à classe C de anos atrás. Marcelo Neri, da FGV-RJ

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Com o aumento da renda de ampla camada de brasileiros, a "nova classe média" disputa espaço com a tradicional. Neide Martingo

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Paulo Pampolin/ Hype

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om o aquecimento na economia, 31 milhões de brasileiros passaram a pertencer à classe média. Essa camada populacional, que agora abrange 100 milhões de pessoas, é heterogênea, de diferentes estilos, hábitos de compra e preferências. Existem hoje dois tipos de classe média no Brasil – a "antiga", e a "nova", de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). O assunto despertou até o interesse da imprensa internacional – o diário econômico britânico Financial Times publicou reportagem sobre o tema nesta semana. Nas ruas de São Paulo não é difícil encontrar representantes dos dois mundos que, apesar de parecerem distantes entre si, são formados por pessoas que se sentem pertencentes à mesma classe média. A dona de casa Rosa Maria Barbon Vieira afirmou que o valor da renda da sua família dobrou nos últimos três anos, para aproximadamente R$ 2,6 mil. Nesse período, ela pôde fazer seu primeiro cruzeiro para Ilhéus (BA); instalou internet de banda larga em casa; trocou todos os eletrodomésticos; e passou a escolher nos supermercados as marcas de alimentos que sempre quis consumir. Até a neta de Rosa, Maria Eduarda, de oito anos, comemorou: "Minha avó me dá tudo o que eu peço", disse. "Eu comprei até um netbook – apesar de não usar muito, é bom ter em casa", afirmou Rosa. No centro da cidade, caminhando perto de Rosa, está a professora de educação física

A dona de casa Rosa Maria Barbom (junto à neta) chegou agora à classe de consumo médio e comprou seu netbook. Por outro lado, a professora de educação física Vivan Carvalho já fazia parte da classe média e está achando os lugares que costuma frequentar – bares noturnos, restaurantes e aeroportos – muito cheios. Sem falar no trânsito, que piora a cada dia – o que, para ela, se deve à recente facilidade para se adquirir um automóvel no País.

Vivian Carvalho – que também disse pertencer à classe média e que tem renda mensal, que não revelou, superior à dela. Ela percebeu, porém, algumas mudanças sociais nos últimos tempos que a afetam: os restaurantes e casas noturnas que sempre frequentou estão mais lotados, principalmente nos tradicionais dias de pagamento. "A impressão que dá é que as pessoas que não tinham acesso a certos lugares começaram a visitá-los – não sempre, só uma vez por mês." Além disso, Vivian observa os aeroportos mais lotados e o congestionamento de trânsito piorando a cada dia. "Isto porque as vendas de carros não param de crescer", analisou. Grifes de elite – Mas a professora de educação física notou que a qualidade de vida dela também melhorou. Vivian continua consumindo produtos Avon, mas agora escolhe itens também da marca mais sofis-

ticada, Revlon. Além das peças das lojas C&A e Renner, ela passou a consumir grifes bem mais caras: M.Officer, Louis Vuitton e os sapatos da Santa Lolla. "Não só as pessoas que passaram a ser da classe média tiveram progressos. Talvez para eles o sucesso apareça mais. Mas a população, de forma geral, ganhou com a melhora na economia", afirmou a integrante mais antiga da classe média. A análise da professora de educação física está correta, de acordo com o coordenador do centro de pesquisas sociais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro( FGVRJ), Marcelo Neri, que estuda a classe média. O seu trabalho foi citado na reportagem do FT. Para ele, "nova classe média" é um apelido dado à classe C de anos atrás. "Chamar a pessoa de classe C soava depreciativo, pior que classe A ou B. A nova classe média difere

também, em espírito. do termo "nouveau riche" (novo rico), que acima de tudo discrimina a origem das pessoas", disse. Sua pesquisa demonstrou que a renda per capita dos 50% mais pobres cresceu 68% entre 2000 e 2010; já o aumento dos considerados mais ricos foi de 10% no período. Segundo Neri, a nova classe média começou a "aparecer" em 2004, após a recessão. "Trata-se da geração do emprego formal. O símbolo da classe C não é o carro, ou o celular, mas a carteira de trabalho assinada". Ele disse que a expectativa é de que, entre 2009 e 2014, a desigualdade continuará diminuindo. "Todos estão melhorando de vida. Nem as medidas restritivas ao consumo do governo federal poderão frear a tendência. O investimento, agora, é prioridade, para que não exista um apagão de mão de obra", concluiu Neri.

Planos de compras se mantêm Jorge Araújo/ Folha Imagem

Alta na intenção de consumo é maior nos gêneros básicos. Preços altos dos bens duráveis intimidam o comprador.

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A

s vendas reais nos supermercados devem manter no segundo semestre taxas de crescimento semelhantes às observadas nos seis primeiros meses deste ano, na faixa dos 4,2% em relação a igual período de 2010. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, os efeitos das medidas do governo para desacelerar a atividade econômica vão afetar a demanda nos supermercados na segunda parte do ano, especialmente de itens de maior valor agregado financiados. "Os supermercados e hipermercados vêm ampliando o mix de produtos de maior valor agregado, reduzindo o espaço nas lojas para a venda de alimentos. As medidas (do governo) não devem afetar a venda de arroz, feijão e óleo, mas de produtos que operam com margens maiores e trazem maior faturamento aos supermercados", disse. Segundo o dirigente, a venda de itens da cesta básica continuará sendo impulsionada ao longo do ano pelo aumento da renda e do emprego – mesmo que em ritmo menor do que o observado no ano passado. O dirigente acrescentou que sazonalmente a segunda parte do ano apresenta melhor desempenho de vendas, mas ponderou que a forte base de comparação com os resultados de 2010 poderá limitar o avanço percentual do faturamento dos supermercados. "Continuamos projetando uma alta real de 4% das vendas, mas espero que possa ser maior", afirmou. A redução nos preços é outro fator que contribuirá para a manutenção do crescimento das vendas. Segundo levantamento da Abras com 35 produtos de largo consumo, os valores caíram 2,55% entre janeiro e junho. (AE)

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midor (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem tido taxas mensais amenizadas, o que se soma ao baixo desemprego e à renda estável. A tendência é aumento na intenção de consumo de setores que tiveram resultados abaixo do esperado até agora. O Nível de Consumo Atual subiu 1,7%, com 101,1 pontos, e a Perspectiva de Consumo teve elevação de 1,8%, para

138,6 pontos. Isso demonstra que os itens relacionados ao consumo também registraram elevação em julho. O primeiro voltou ao patamar de satisfação, acima dos 100 pontos, após dois meses no nível de indiferença. Bens duráveis – Além do item Emprego Atual, com alta de 4,5%, a Perspectiva Profissional subiu 1,5% na comparação entre junho e julho. O único item que apresentou considerável queda foi o relacionado com compra imediata de bens duráveis, com retração de 3,7%. Esse segmento segue influenciado pelo peso do preços elevados nos últimos meses.

Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) de julho, calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ficou em 113,2 pontos, com elevação de 1,3% em relação aos 111,8 pontos de junho, o que representa maior otimismo entre os consumidores brasileiros. "O crescimento do índice em julho foi causado principalmente pela redução da preocupação dos consumidores com a inflação", explicou o economista da CNI Marcelo Azevedo. Em julho, 61% dos entrevistados disseram acreditar que haverá aumento inflacionário, enquanto em junho esse percentual era de 69%. Apesar da recuperação no mês, o Inec de julho ficou abaixo do de julho de 2010, com 116,8 pontos. O índice referente à expectativa do consumidor em relação à inflação, que marcava 100,4 pontos em junho, subiu para 108,6 pontos. O indicador relativo à expectativa de desemprego, que havia ficado em 130,6 pontos em junho, caiu para 129,3 pontos neste mês. O índice de expectativa de renda pessoal avançou de 112,1 pontos para 114. O de situação financeira, que havia ficado em 111,7 pontos, no mês passado, aumentou para 113,7. O índice de endividamento, que havia ficado em 105,6 pontos em junho, subiu para 106,9 pontos neste mês. Mas o de compras de bens de maior valor caiu de 111,9 pontos no mês passado para 110,8 agora. Todos os seis indicadores de julho, entretanto, caíram ante julho de 2010. "As expectativas para os próximos seis meses acerca de inflação, desemprego, renda e compras são menos otimistas que em julho de 2010", cita documento da CNI. (AE)

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eventual perda do poder de compra devido ao processo inflacionário. A variação positiva também impulsionou o item Renda Atual, que cresceu 1,2% e atingiu a marca de 154,5 pontos – uma consequência da menor elevação do preço dos alimentos. Para a Fecomercio, o resultado aponta para um novo ciclo de alta na satisfação das famílias, já que hoje o Índice Nacional de Preços ao Consu-

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Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou alta de 1% em julho em relação ao mês anterior no município de São Paulo. Segundo o indicador apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), a variação positiva demonstra uma reversão momentânea da trajetória negativa da intenção de consumo. Diante de julho de 2010, o ICF apresenta aumento de 1,9%, com 138,9 pontos em uma escala que varia de 0 a 200. Os sinais de arrefecimento da inflação influenciaram positivamente o ânimo das famílias paulistanas, e contribuíram para um novo estímulo aos consumidores. Também foram motivos para a recuperação da intenção de consumo o aumento efetivo da renda média e o baixo nível de desemprego, alavancados após a eliminação de uma

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Espanha pretende cortar o déficit orçamentário geral do país para 6% do PIB neste ano.

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Fotos: Divulgação

BEM VINDO AO CLUBE

ABRASILEIRADA

arlos Saldanha é o novo protagonista da campanha Bem-Vindo ao Clube da Nextel. Pela primeira vez, o diretor de filmes como Rio, A Era do Gelo 1, 2 e 3 está do outro das câmeras em campanha assinada pela Loducca, que reforça o conceito da operadora de telefonia móvel que não cobra por minutagem, mas sim um fixo mensal para o consumidor falar o quanto quiser. Carioca e radicado nos EUA, Carlos Saldanha hoje faz sucesso nas telas do

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Nikon, empresa com 90 anos de tradição no ramo óptico e de fotografia, chega ao Brasil com campanha assinada pela W/McCann em que dissemina o conceito I'am Nikon, literalmente "Eu sou Nikon", para mostrar que, com cores fortes e vivas, a empresa revela as faces de todos e em todos os lugares – especialmente no Brasil, de intensa luminosidade. Claro que a Nikon está de olho em grandes eventos, como a Copa 2014 e as Olimpíadas de 2016, que sempre ajudam a movimentar o setor de fotografia, e também porque já era hora da máquina preferida dos fotógrafos fincar sua bandeira no País.

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ESCOLA DE ÍCONES

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morte da cantora inglesa Amy Winehouse, aos 27 anos – assim como Kurt Cobain, Jimi Hendrix e Jim Morrison –, a colocou no patamar daqueles que morrem antes dos 30 e dos 40 anos e se tornam ícones de um modelo de vida. Evita Perón, Marilyn Monroe, Montgomery Clift e James Dean são outros, quer pela rebeldia, quer pelo passado turbulento nos subúrbios do mundo – e principalmente por terem se tornado referência da cultura popular e global contemporânea – tornam-se também finas estampas da publicidade. José Zaragoza, o Z da DPZ, sempre apontou que essa rebeldia vende produtos e, curiosamente, produtos caros, em especial do mercado de luxo, que só quem tem mais de 40 anos, 50 anos e está literalmente com a vida ganha pode comprar, mas que têm tudo a ver com o estilo desses ícones. O jovem Marlon Brando, por exemplo, o do filme "O Selvagem", pilota uma máquina inglesa Triumph, que só quem tem situação financeira elevada pode pagar, da mesma forma que a Harley-Davidson com a qual James Dean desfilava seu ideal de juventude requer mais de US$ 100 mil, sem contar os infindáveis acessórios. Marilyn adorava o Chanel número 5, perfume caro para mulheres com menos de 30, mesmo que esteja associado a esse frescor da idade. Amy tinha uma sofisticação mais próxima dos subúrbios com piercings e tatuagens, embora buscasse um estilo retrô. Só que a turma emergente está mais focada nas grifes e andar por brechós,

como o fazia a cantora exige conhecimento. Ainda que passe para a história dos ícones rebeldes, Amy aprendeu nas ruas do bairro boêmio e londrino de Camden Town, reforçada pela cultura judaica da família, a pechinchar e escolher o que era bom. Publicitários, como Zaragoza, sabem que o consumidor compra, por meio dos ícones, a imagem que eles transmitem de ideal de juventude e rebeldia. Um cinquentão se sente potente e jovem pilotando uma Harley-Davidson ou uma Triumph pelas ruas. Alguns se sentem realizados abrindo uma garrafa de Romanée-Conti ( que, dependendo da safra, chega a custar mais de R$ 20 mil), vinho que é para poucos e os poucos que o consomem têm muito e o têm apenas depois dos 30, 40, 50 – e talvez nem o consumam, embora saibam ser um símbolo de status e de um raro prazer. Curiosamente, Amy era uma casa de vinhos, traduzindo-se literalmente o seu sobrenome, mas afogou-se nas drogas – jovem, bela, sensual, irreverente, rebelde. Toda aquele ideal de juventude que os longevos perseguem e que pressentem, com o empurrão da publicidade, que podem comprar e compram – movimentando assim essa indústria estritamente atrelada a ideais de vida e padrões de consumo. E que ninguém pense que são ícones efêmeros, passageiros. Representam incrivelmente um ideal de permanência, como são eternos os diamantes, as safiras e as esmeraldas dos colares de Evita, que morreu na casa dos 30 anos em 1952. São eternos. E vendem.

Envie informações para essa coluna para o e-mail: carlosfranco@revistapublicitta. com.br

DIRETOR de cinema, nas telas.

mundo e o filme Rio tornou-se recorde mundial de bilheteria na categoria animação.

ANTES DO RIO, LONDRES. agência Kindle assina a campanha do canal SporTV para as Olimpíadas de Londres 2012, que antecedem as do Rio 2016. Aproveita a bandeira inglesa para traçar uma ampla rota de cobertura do maior evento esportivo do mundo. A disputa pela melhor cobertura é acirradíssima e o canal SporTV quer se posicionar no pódium para vender seus serviços para outras emissoras. No Brasil, o convênio é com a TV Globo. A cobertura de esporte tornou-se, nos últimos anos, um grande negócio, assim como a venda de grandes reportagens sustenta os negócios da CNN ao redor do mundo.

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DE OLHO nos grandes eventos do País

TESTE ANTES DO VESTIBULAR Agência 3 criou uma plataforma divertida de comunicação do vestibular 2012 da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o intuito de reforçar o conceito "Vestibular FGV. Seleto como o mercado de trabalho". Os candidatos terão a oportunidade de encarar desafios propostos por grandes empresas com negócios no Brasil e concorrer a prêmios por meio da fanpage da FGV no Facebook (facebook.com/vestibularfgv). O primeiro desafio é proposto por Fernando Salinas, diretor de Recursos Humanos da Johnson & Johnson. O candidato que postar a melhor proposta de reformulação do programa de estágio da empresa passará um dia na planta de manufatura da Johnson & Johnson no interior de São Paulo. Se, além disso, o aluno passar no vestibular, ele ficará uma semana conhecendo os negócios da empresa no Brasil e ganhará um kit com todos os produtos da empresa. E, claro, já começa testando seus conhecimentos. Não deixa de ser criativa a campanha.

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ESPORTE, sempre um grande negócio.

PARA ANTECIPAR A COMPRA Shopping Center D, um dos maiores centros de compra da Zona Norte paulistana, decidiu antecipar o sonho de quem sonha com o ronco de uma Harley-Davidson e não quer passar dos 40, 50 anos para realizá-lo. Com a expectativa de aumento de 12% nas vendas para o Dia dos Pais, irá sortear entre os clientes uma moto modelo Harley-Davidson 883 R, zero quilômetro. "É uma promoção que visa reforçar nossa estratégia de estabelecer com o público experiências de relacionamento cada vez mais diferenciadas e surpreendentes", disse o superintendente do local, Antônio Mascarenhas.

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SORTEIO de uma Harley-Davidson na promoção do Dia dos Pais

Grécia anuncia cortes de gastos 2010

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governo grego manifestou ontem a intenção de cortar gastos públicos por meio de redução e fusão gradual de 40 organismos estatais, a fim de conseguir atingir os objetivos fixados para suprimir o déficit deste ano para 7,5%. Segundo fontes governamentais, após uma reunião do Conselho de Ministros, o Executivo tem a intenção de "acelerar o processo" e de não perder tempo no mês de agosto, período de férias de verão. Também foi discutido o plano de privatizações de estatais que, segundo fontes governamentais, "será observado ao pé da letra, como foi acordado com os membros europeus na recente cúpula". Nela, a zona do euro aceitou dar à Grécia um segundo resgate de 109 bi-

TRABALHO SEM INTERVALO Funcionário pode ser contratado para trabalhar 5 horas por dia, de segunda a sábado,sem intervalo para descanso? Saiba mais acessando a íntegra no site:[www.empresario.com.br/legislacao]. FUNCIONÁRIO RECEBEU UMA PROMOÇÃO NO MEIO DO MÊS, ALTERANDO SUA FUNÇÃO E SEU SALÁRIO. O RECIBO DE PAGAMENTO PODE SER PROPORCIONAL A ESTE SALÁRIO? Informamos que inexiste previsão legal para o caso apresentado,contudo, há um princípio de que não existe aumento salarial proporcional, no meio de um mês,devendo o mesmo abranger o mês todo.Portanto, não orientamos o reajuste proporcional no meio do mês. SUSPENSÃO DA CESTA BÁSICA A partir do momento que a empresa fornece a cesta básica ao empregado é considerado direito adquirido? Pode ser suspensa? Saiba mais acessando a íntegra no site:[www.empresario.com.br/legislacao]. ARQUIVO PARA O HOMOLOGNET Quando será obrigatório gerar o arquivo para o HOMOLOGNET? Saiba mais acessando: [www.empresario.com.br/legislacao].

lhões de euros, com a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual serão somados 50 bilhões de euros de credores privados. O ministro de Finanças da França, François Baroin, afirmou ontem que os bancos e seguradoras franceses concordaram em participar do segundo pacote de ajuda para a Grécia com base em toda a dívida que eles detêm com vencimento entre agora e 2020, que soma cerca de 15 bilhões de euros. Espanha – O déficit no orçamento do governo central da Espanha caiu 19% no primeiro semestre deste ano e permanece no caminho certo para atingir as metas para 2011, informou o Ministério de Finanças. Em comunicado, o ministério afirmou que, entre janeiro e junho, o déficit caiu para 24,13

ATESTADO DE CONSULTA MÉDICA A empresa é obrigada a aceitar e abonar atrasos por atestado de consulta médica? Saiba mais:[www.empresario.com.br/legislacao].

bancada republicana na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos decidiu adiar ontem à noite a votação de um plano para reduzir o déficit do país, a apenas cinco dias da data-limite de 2 de agosto. Se não for atingido um consenso até lá, o governo norte-americano poderá declarar default. Fontes disseram que o plano de emergência do Departamento do Tesouro dos EUA para o caso de o limite da dívida do país não ser elevado deverá priorizar pagamentos a detentores de bônus, de modo a evitar um default tumultuado. Segundo funcionários da Casa Branca, haverá "decisões econômicas brutais". A diferença entre gastos e receita deverá ficar perto de US$ 130 bilhões. (Agências)

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ORIENTADOR GERENCIAL® A coluna Agenda do Empresário® é leitura obrigatória do Administrador, Advogado, Contador e RH, para a orientação do dia a dia empresarial. Acesse a íntegra das informações:[www.agenda-empresario.com.br].

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PAGAMENTO DO PRÓ-LABORE Pró-labore deve ter incidência de INSS? Ou deve receber o salário bruto? Saiba mais acessando:[www.empresario.com.br/legislacao].

CONTABILIDADE E ASSESSORIA

bilhões de euros, ou 2,21% do Produto Interno Bruto (PIB). O país pretende cortar o déficit orçamentário geral – que também inclui governos locais e regionais – para 6% do PIB neste ano, de 9,2% no ano passado. Os gastos do governo, no entanto, estão concentrados no fim do ano, portanto os dados sobre o orçamento podem piorar nos próximos meses. Em Portugal, o governo anunciou ontem a criação de um teto para as despesas do Estado, que reduzirá em 10% em 2012, e a liberalização dos serviços de energia e gás a partir de janeiro de 2013. Para cumprir o programa de austeridade determinado no resgate financeiro do país, o governo irá liberalizar a comercialização de energia a partir de julho de 2012. (Agências)

EUA: votação de plano é adiada.

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RESCISÃO CONTRATUAL SEM JUSTA Funcionário foi comunicado de sua dispensa,e fez uma observação no próprio aviso prévio se recusando a cumprir o aviso prévio trabalhado e queestavacientedodesconto.Podeserdescontadoovalordeaviso-prévio do funcionário? Saiba mais:[www.empresario.com.br/legislacao].

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SEXTA-FEIRA, 29 DE JULHO DE 2011

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 29 de julho de 2011

e Aviação dá salto no País

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A expansão é um reflexo do crescimento econômico no Brasil. Brian Pierce, economista-chefe da Iata

conomia

Segundo a Iata, Brasil registra a maior expansão do setor aéreo do mundo, superando a China e os EUA. Gustavo Rampini/AE

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Brasil registra a maior expansão do setor aéreo no mundo, superando China, Índia, Estados Unidos e Europa. Mas, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), se quiser evitar uma paralisia completa do transporte aéreo e continuar crescendo, o País terá de se organizar e investir de forma pesada na expansão. No momento, de acordo com a Iata, 13 aeroportos no País já estão com sua capacidade esgotada e as promessas do governo para lidar com a crise não saíram do papel. Os dados da associação mostram que, em três anos, o setor teve expansão de 37%. Dois aeroportos nacionais estão entre os 20 que mais crescem no mundo e as empresas aéreas, entre as que mais lucram. Mas os aviões ainda voam com muitos lugares vagos, a infraestrutura chega a seu limite e o setor demonstra que não é eficiente. Entre janeiro e junho, o número de passageiros no mercado doméstico brasileiro aumentou 19%. Entre junho de 2010 e junho deste ano, a expansão foi de 15,1%, PUBLICIDADE Fone: 11 3244-3344 Fax: 11 3244-3894

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Aeroportos: de janeiro a junho deste ano o número de passageiros no mercado doméstico aumentou 19%.

também a maior do mundo. Para a entidade, que representa as 200 maiores empresas aéreas do mundo, a explicação para o boom aéreo no Brasil é mesmo a renda da população. Migração – Com um poder de compra maior, parte da população passou a optar pelo transporte aéreo para viajar. Houve migração importante EXTRAVIO A empresa Tapajós Automóveis S/A, CNPJ 02.992.497/0001-05, I.E: 115.208.030.116, comunica o EXTRAVIO das Notas Fiscais mod. 1 emitidas até o nº 3.342 e o EXTRAVIO das Notas Fiscais em Branco do nº 8.343 a 8.678

Banco Bradesco S.A. CNPJ no 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Ata da Reunião Extraordinária no 1.781, do Conselho de Administração, realizada em 27.6.2011 Certidão - Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo Certifico o registro sob número 261.641/11-6, em 8.7.2011. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

Banco Bradesco S.A. CNPJ no 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Ata da Reunião Extraordinária n o 1.786, da Diretoria, realizada em 14.6.2011 Certidão - Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo Certifico o registro sob número 257.628/11-3, em 5.7.2011. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 055/2011 - PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1126/2011 Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 055/ 2011 (reedição do pregão eletrônico nº 032/11, por ter sido cancelado), tendo como objeto o registro de preços para aquisição de dieta enteral, conforme características, especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.licitacoes-e.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas dar-se-ão até as 8 horas do dia 16 de agosto de 2011, e o início da sessão de disputa de preços será às 9 horas do dia 16 de agosto de 2011. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 28 de julho de 2011. Chayana Antonio de Moura - Pregoeira

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 056/2011 - PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1536/2011 Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 056/2011 (reedição do pregão eletrônico nº 040/11, por ter sido cancelado), tendo como objeto o registro de preço de medicamento não padronizado, para atender processo autorizado, conforme especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.licitacoes-e.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas dar-se-ão até às 8 horas do dia 16 de agosto de 2011, e o início da sessão de disputa de preços será às 10 horas do dia 16 de agosto de 2011. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 28 de julho de 2011. Chayana Antonio de Moura - Pregoeira

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE - PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 053/2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1453/2011 Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 053/ 2011, tendo como objeto o registro dos preços de material de consumo médico hospitalar (sondas), conforme descrição, especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.licitacoes-e.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas darse-ão até às 8 horas do dia 12 de agosto de 2011, e o início da sessão de disputa de preços será às 10 horas do dia 12 de agosto de 2011. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 28 de julho de 2011. Chayana Antonio de Moura - Pregoeira

Ariston Indústrias Químicas e Farmacêuticas Ltda.

CNPJ nº 61.391.769/0001-72 - NIRE 35.200.967.524 Extrato da Ata de Reunião de Sócios Aos 30 dias do mês de dezembro de 2010, às 10:00 horas, sócia representando a totalidade do capital social da Ariston Indústrias Químicas e Farmacêuticas Ltda. (“Sociedade”) (i) aprovou a Cisão Parcial da Sociedade, com versão de parcela de seu patrimônio, de valor líquido correspondente a R$ 325.994,00, para uma nova sociedade, a ser constituída para esta finalidade nos termos do Protocolo e Justificação da Cisão Parcial; (ii) ratificou a nomeação da Assistec Organização Contábil Ltda., inscrita no CNPJ sob nº 07.032.904/0001-48 e no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo - CRC/SP sob nº 2SP023516/O-0, para proceder à avaliação da parcela do patrimônio líquido da Sociedade objeto da Cisão Parcial; (iii) aprovou integralmente e sem ressalvas o Laudo de Avaliação apresentado, declarando sua integral concordância com os valores e critérios nele constantes, inclusive para os fins e efeitos do art. 1.055, §1º, da Lei nº 10.406/02; (iv) aprovou, em decorrência da Cisão Parcial, a redução do capital social da Sociedade, que passará de R$ 2.892.000,00 para R$ 2.566.006,00, operada com o cancelamento de 325.994 quotas, todas de titularidade da sócia Solid Gold Participações Ltda.; (vi) aprovou (a) a alteração do endereço da sede da Sociedade, que passará da Rua Adherbal Stresser, nº 84, Jardim Arpoador, CEP 05566-000 para a Rua Adherbal Stresser, nº 84, sala 1, Jardim Arpoador, CEP 05566-000, na Capital do Estado de São Paulo; (b) o encerramento da filial da Sociedade localizada na Rua Tomás Sepé, nº 454, Bairro do Jardim da Glória, Município de Cotia, Estado de São Paulo, CEP 06711-270; e (c) a alteração da denominação da Sociedade para LH Laboratório Hospitalar Ltda.; e (vi) autorizou o Diretor da Sociedade a praticar todos os atos necessários à efetivação da Cisão Parcial, tais como a publicação de que trata o artigo 1.122 da Lei nº 10.406/02, a transferência da parcela patrimonial cindida à nova sociedade ora constituída e os demais atos previstos na legislação em vigor. São Paulo, 30 de dezembro de 2010. Fábio de Santana - Presidente; Gilson Tangerino Francisconi Junior - Secretário. Sócia presente: Solid Gold Participações Ltda. p. Fábio de Santana. Registro JUCESP nº 74.813/11-0, em 22/02/2011. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

FALÊNCIA, RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL Conforme informação da Distribuição Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, foram ajuizados no dia 28 de julho de 2011, na Comarca da Capital, os seguintes pedidos de falência, recuperação extrajudicial e recuperação judicial: Requerente: Nova Piramidal Termoplásticos Ltda. - Requerida: Fibertec Indústria e Comércio de Fibras Sintéticas Ltda. - Rua Gomes nº 600 - Vila Ivone - 1ª Vara de Falências Requerente: Ary Mandelbaum - Requerida: Nec Computers Brasil Ltda. - Avenida Paulista nº 2.300 - 16° andar - Bela Vista - 2ª Vara de Falências Requerente: Banco Indusval S/A - Requerida: ITC BR Tecnologia e Serviços Ltda. - Avenida Nossa Senhora da Assunção nº 984 conjunto 1 - Vila Butantã - 1ª Vara de Falências Requerente: Banco Safra S/A - Requerida: RR Confecções de Roupas Ltda. - Rua Julio Ribeiro nos 30/39 - Brás - 2ª Vara de Falências Requerente: Gleuso Costa Andrade - Requerida: Aurigraph Indústria Gráfica Ltda.-EPP - Rua Jaboticabal nº 240 - Vila Bertioga - 1ª Vara de Falências RECUPERAÇÃO JUDICIAL Requerente: DCR Comercial de Alimentos Ltda. - Requerida: DCR Comercial de Alimentos Ltda. - Avenida Mutinga nº 228 - Pirituba 2ª Vara de Falências

dos passageiros de ônibus para os aviões. "Essa expansão é um reflexo do crescimento econômico no Brasil. Houve um forte incremento da renda familiar", disse o economistachefe da Iata, Brian Pierce. O resultado é uma expansão da demanda que tem sérios problemas para ser acompanhada pelo setor privado e pe-

lo poder público. Segundo a entidade, a expansão brasileira tem sido cinco vezes superior à média mundial em 2011. No primeiro semestre, a expansão do mercado doméstico no mundo foi de apenas 4%. Viagens internacionais aumentaram 8%. A expansão brasileira é três vezes superior à da China. (AE)

A Empresa JOSÉ ANTÔNIO PEREIRA DE ARAUJO-ME sita à Rua Expedito de Oliveira Santos n° 1.101, Parque Sto. Antônio, São Paulo (SP), CEP:05821-050, CNPJ: 10.295.332/0001-02, CCM: 38044048 e I.E: 148267258115, comunica o extravio do talão n°01, Mod:2, Série:D-1, NF01 a 50 utilizada e em branco, AIDF:273279954408 e livro mod. 06 nº 01 preenchido.

EMPRESA MUNICIPAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS – EMPRO Comunicado Tomada de Preços n° 001/2011 A presente Tomada de Preços 001/2011, Processo 010/2011, marcada para o próximo dia 01 de agosto de 2011, em decorrência de decisão proferida pela autoridade competente, fica suspensa até segunda ordem. São José do Rio Preto/SP, 28 de julho de 2011. Cássio Domingos Dosualdo Moreira - Pregoeiro - Egap n° 2993.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE - PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 054/2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1860/2011 Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 054/ 2011, tendo como objeto o registro dos preços de material de consumo de higiene e limpeza, conforme descrição, especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.licitacoes-e.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas darse-ão até às 8 horas do dia 15 de agosto de 2011, e o início da sessão de disputa de preços será às 10 horas do dia 15 de agosto de 2011. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 28 de julho de 2011. Chayana Antonio de Moura - Pregoeira

OAS Engenharia e Participações S.A. Sociedade Anônima de Capital Fechado CNPJ/MF nº 14.811.848/0001-05 - NIRE nº 35.3.0038001-1 Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 31 de Maio de 2011 1. Data, Hora e Local: Realizada em 31 de maio de 2011, às 10:00 horas, na sede social da OAS Engenharia e Participações S.A., localizada na Avenida Angélica, 2.346, 9º andar, sala 904, Consolação, CEP 01228-200, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo (“Companhia”). 2. Convocação: Dispensada na forma do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (“Lei das S.A.”). 3. Quorum de Instalação e Presença: Acionista representando a totalidade do capital social, conforme assinaturas constantes do Livro de Presença de Acionistas da Companhia. 4. Mesa: Presidente: Cesar de Araújo Mata Pires; Secretário: José Adelmário Pinheiro Filho. 5. Ordem do Dia: Discutir e deliberar sobre (i) o Protocolo e Justificação de Incorporação pela Companhia de sua subsidiária integral Novo Humaitá Empreendimentos Imobiliários S.A., sociedade anônima de capital fechado, com sede na Rua Mostardeiro, nº 366, sala 802 (parte), Independência, CEP 90430-000, na Cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, que é seu Foro, registrada na Junta Comercial do Estado de Rio Grande do Sul - JUCERGS sob o NIRE nº 43.3.0005047-5, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 10.938.773/0001-77 (“Protocolo e Justificação e Novo Humaitá”); (ii) ratificar a nomeação e contratação da IGAF LM Auditores Independentes, empresa especializada com registro no Conselho Regional de Contabilidade sob o n° CRC-RJ 1284, com sede na Rua México, n° 11, 13° andar, na Cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, inscrita no CNPJ/MF sob n° 29.184.207/0001-45 (“Empresa Avaliadora”), sociedade responsável pela avaliação do patrimônio líquido da Novo Humaitá e pela elaboração do Laudo de Avaliação Correspondente; (iii) o laudo de avaliação referido no item (ii) acima; (iv) a incorporação da Novo Humaitá pela Companhia; e (v) a autorização para que os administradores da Companhia possam praticar todos e quaisquer atos necessários à implementação das deliberações tomadas por ocasião da presente Assembleia Geral Extraordinária. 6. Deliberações: Após a discussão da Ordem do Dia, foi deliberado, por unanimidade de votos, sem qualquer ressalva: (i) aprovar o Protocolo e Justificação, celebrado em 31 de maio de 2011 pelos administradores da Companhia e da Novo Humaitá, anexo à presente ata na forma do Anexo I, com a incorporação do acervo líquido da Novo Humaitá pela Companhia; (ii) ratificar a nomeação da Empresa Avaliadora, para proceder à avaliação do patrimônio líquido da Novo Humaitá, que será vertido à Companhia após a Incorporação; (iii) aprovar o Laudo de Avaliação do patrimônio líquido da Novo Humaitá elaborado pela Empresa Avaliadora, anexo à presente ata na forma do Anexo II; (iv) aprovar a incorporação, pela Companhia, de sua subsidiária integral, Novo Humaitá, nos termos do Protocolo e Justificação. Como resultado da Incorporação, a Companhia substituirá o investimento que detém na Novo Humaitá pelo acervo líquido desta, com a consequente extinção da Incorporada. A Incorporação não acarretará modificação do patrimônio líquido da Companhia e, consequentemente, não haverá emissão de novas ações, motivo pelo qual não se faz necessário estabelecer qualquer relação de troca; (v) autorizar os administradores da Companhia a adotar todos e quaisquer atos necessários à implementação das deliberações tomadas na presente Assembleia. 7. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a Assembleia, da qual se lavrou a presente ata na forma sumária, nos termos do §1º do Artigo 130 da Lei das S.A. que, lida e achada conforme, foi assinada por todos. Assinaturas: Mesa: Cesar de Araújo Mata Pires, Presidente; José Adelmário Pinheiro Filho, Secretário. Acionistas: CMP Participações Ltda., p. Cesar de Araújo Mata Pires, LP Participações e Engenharia Ltda., p. José Adelmário Pinheiro Filho. A presente ata é cópia fiel da original lavrada em livro próprio. São Paulo, 31 de maio de 2011. Mesa: Cesar de Araújo Mata Pires - Presidente; José Adelmário Pinheiro Filho - Secretário. Acionistas Presentes: CMP Participações Ltda. - Cesar de Araújo Mata Pires; LP Participações e Engenharia Ltda. - José Adelmário Pinheiro Filho. JUCESP nº 253.962/11-0 em 26/06/2011. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

FDE AVISA: TOMADAS DE PREÇOS A FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE comunica às empresas interessadas que se acha aberta licitação para execução de Obras: TOMADA DE PREÇOS Nº - OBJETO - PRÉDIO - LOCALIZAÇÃO - PRAZO - ÁREA (se houver) - PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÍNIMO P/ PARTICIPAR - GARANTIA DE PARTICIPAÇÃO - ABERTURA DA LICITAÇÃO (HORA E DIA) 69/00001/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Profª Zulmira de Oliveira - Rua Capão Bonito, 99 - 18400-000 - Vila Bom Jesus - Itapeva/SP; EE Miguel João Pereira Padilha - Rua José Pereira Padilha, 308 - 18470-000 Padilhas - Riversul/SP - 120 - R$ 57.229,00 - R$ 5.722,00 - 09:30 - 16/08/2011. 69/00002/11/02 - Reforma (Restauro) de Prédios Escolares - EE Pe. Bartolomeu de Gusmão - Rua Itanhaém, 394 11085-160 - Saboo - Santos/SP - 150; EE Prof. Jon Teodoresco - Av. Tiradentes, 46 - 11740-000 - Jd. Mosteiro Itanhaém/SP - 240 - R$ 74.225,00 - R$ 7.422,00 - 09:50 - 16/08/2011. 69/00004/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Profª Ivete Sala de Queiroz - Rua Sto. Rizzo, 1.660 - 13150000 - Laranjeiras - Cosmópolis/SP - 150; EE Profª Oscalia Goes Correa Santos - Rua Vinte e Um, 3.955 - 13504-294 - Jd. Wenzel - Rio Claro/SP - 180 - R$ 79.586,00 - R$ 7.958,00 - 10:10 - 16/08/2011. 69/00008/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Profª Maria Helena Basso Antunes - Rua Bahia, 1.015 - 17730000 - Centro - Parapuã/SP - 90; EE Dr. Ginez Carmona Martinez - Av. Rinópolis, 625 - 17740-000 - Centro - Rinópolis/ SP - 90; EE Prof. Mário Fiorante - Rua Prof. João Teixeira, 163 - 19600-000 - Jd. Universitário - Rancharia/SP - 90; EE Profª Harue Matsumoto Asakawa - Rua Bem-Te-Vi, 155 - 17690-000 - Jd. Esplanada - Bastos/SP - 180; EE Profª Carmen da Silva Pinto - Rua Olavo Bilac, 1.135 - 17680-000 - Centro - Iacri/SP - 120 - R$ 38.509,00 - R$ 3.850,00 - 10:30 - 16/08/2011. 69/00009/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE José Augusto Ribeiro - Rua Nivaldo Neres Gusmão, 700 19803-160 - Vila N. Florinea - Assis/SP - 90; EE Dona Carolina Francini Burali - Rua Santa Cruz, 958 - 19800-320 Vila Palhares - Assis/SP - 120 - R$ 34.410,00 - R$ 3.441,00 - 10:50 - 16/08/2011. 69/00011/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Prof. Sérgio Pedro Speranza - Rua Prof. Stanley Robson Cerqueira, 130 - 14811-460 - Prq. Res. São Paulo - Araraquara/SP - 150; EE Francisco Pedro Monteiro da Silva - Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 01.450 - 14810-112 - Vila Xavier - Araraquara/SP - 90; EE/Cel. João Manoel do Amaral - Av. La Salle s/nº 14802-384 - Jd. Primavera - Araraquara/SP - 45 - R$ 36.933,00 - R$ 3.693,00 - 11:10 - 16/08/2011. 69/00018/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Profª Cecília Pereira - Rua Serra do Umbuzeiro, 649 - 13095390 - Jd. São Fernando - Campinas/SP - 90; EE Dr. Antonio Pires Barbosa - Rua Paulo Mangabeira Albernaz, 720 13050-804 - Jd. Capivari - Campinas/SP - 90; EE Prof. Benedito Sampaio - Rua Delfino Cintra s/nº - 13020-100 Botafogo - Campinas/SP - 120; EE Prof. Mário Junqueira da Silva - Rua Cecília Meireles, 130 - 13054-412 - Dic IV Campinas/SP - 90; EE Dr. Manoel Alexandre Marcondes Machado - Rua Rogério Garcia Sanches, 266 - 13052-110 Jd. Morumbi - Campinas/SP - 90; EE São Judas Tadeu - Rua Dr. Nivaldo Alves Bonilha s/nº - 13056-560 - Jd. Satélite Iris II - Campinas/SP - 90; EE Prof. Álvaro Cotomacci - Rua Moacir Brilhante s/nº - 13058-432 - Jd. Novo Maracanã Campinas/SP - 90; EE Pref. José Roberto Magalhães Teixeira - Rua Hum (Esq. com Rua Quatro) s/nº - 13110-660 Dist. Nova Aparecida - Campinas/SP - 90 - R$ 87.927,00 - R$ 8.792,00 - 11:30 - 16/08/2011. 69/00019/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Profª Maria Alice Alves Pereira - Rua Ana Maria de Almeida, 32 - 11680-000 - Marafunda - Ubatuba/SP; EE/EMEF Profª Maria José da Penha Frugoli - Av. Emílio Granato, 5.513 11600-000 - Enseada - São Sebastião/SP - 120 - R$ 26.102,00 - R$ 2.610,00 - 14:00 - 16/08/2011. 69/00082/11/02 - Reforma de Prédios Escolares - EE Anselmo Bispo dos Santos - Av. 13 de Maio, 416 - 14725-000 - Centro - Taiaçu/SP - 60; EE Constante Ometto - Rua Castelo Branco, 555 - 14850-000 - Jd. Mirian - Pradópolis/SP - 90 - R$ 15.571,00 - R$ 1.557,00 - 14:20 - 16/08/2011. 69/00103/11/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Colônia dos Pescadores - Av. Sergipe, 905 - 11674-110 - Indaiá Caraguatatuba/SP - 150 - R$ 20.226,00 - R$ 2.022,00 - 14:40 - 16/08/2011. 69/00125/11/02 - Construção de Prédio Escolar - Terreno Aldeia Renascer - Est. do Corcovado - 3,5 Km da SP, 55 11680-000 - Corcovado - Ubatuba/SP - 120 - 436,23 - R$ 53.271,00 - R$ 5.327,00 - 15:00 - 16/08/2011. 69/00148/11/02 - Reforma de Prédio Escolar e Construção de Ambientes Complementares com Fornecimento, Instalação, Licenciamento e Manutenção de Elevador - EE Prof. Hélio Penteado de Castro - Rua Ipeuna s/nº - 13409031 - Prq. Piracicaba - Piracicaba/SP - 210 - 30,48 - R$ 63.222,00 - R$ 6.322,00 - 15:20 - 16/08/2011. 69/00173/11/02 - Construção de Ambientes Complementares, de Sala de Aula e Reforma de Prédio Escolar - EEI Aldeia Piaçaguera - B. Aldeia Piaçaguera s/nº - 11750-000 - Santa Cruz - Peruíbe/SP - 120 - 193,46 - R$ 39.740,00 - R$ 3.974,00 - 15:40 - 16/08/2011. 70/00004/11/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Prof. Luiz Gonzaga Righini - Av. Deputado Emílio Carlos, 900 02720-100 - Vila Sta. Maria - São Paulo/SP - 90 - R$ 15.864,00 - R$ 1.586,00 - 16:00 - 16/08/2011. 70/00006/11/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Eng. Paulo Chagas Nogueira - Avenida Aimara, 936 - 06815-000 - Jd. do Colégio - Embu/SP - 120 - R$ 19.911,00 - R$ 1.991,00 - 16:20 - 16/08/2011. As empresas interessadas poderão obter informações e verificar o Edital e o respectivo Caderno de Encargos e Composição do BDI, na SEDE DA FDE, na Supervisão de Licitações, na Av. São Luís, 99 - República - CEP: 01046-001 - São Paulo/SP ou através da Internet pelo endereço eletrônico www.fde.sp.gov.br. Os interessados poderão adquirir o Edital completo através de CD-ROM a partir de 29/07/2011, na SEDE DA FDE, de segunda a sexta-feira, no horário das 08:30 às 17:00 horas, mediante pagamento não reembolsável de R$ 40,00 (quarenta reais). Todas as propostas deverão estar acompanhadas de garantia de participação, a ser apresentada à Supervisão de Licitações da FDE, conforme valor indicado acima. Os invólucros contendo a PROPOSTA COMERCIAL e os DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO deverão ser entregues, juntamente com a Solicitação de Participação, a Declaração de Pleno Atendimento aos Requisitos de Habilitação e a garantia de participação, no Setor de Protocolo da Supervisão de Licitações - SLI na SEDE DA FDE, até 30 minutos antes da abertura da licitação. Esta Licitação será processada em conformidade com a LEI FEDERAL nº 8.666/93 e suas alterações, e com o disposto nas CONDIÇÕES GERAIS PARA A REALIZAÇÃO DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES DA FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE. As propostas deverão obedecer, rigorosamente, ao estabelecido no edital. JOSÉ BERNARDO ORTIZ Presidente

Vale lucra R$ 10 bi no segundo trimestre

A

Vale registrou no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 10,275 bilhões, 54,9% superior ao obtido no segundo trimestre de 2010. Foi o maior já verificado pela companhia em segundo trimestre. Na comparação dos dois períodos, a receita líquida da mineradora cresceu 34,9%. No segundo trimestre de 2011, ela atingiu R$ 25,614 bilhões. Os preços mais elevados dos produtos no segundo trimestre contribuíram positivamente para a receita da Vale, com US$ 1,344 bilhão, segundo o balanço. No acumulado do semestre, o lucro da Vale avançou 126,7%, somando R$ 21,566 bilhões. A receita líquida aumentou 53,7%, para R$ 49,187 bilhões. Gestão – O balanço foi o primeiro da gestão do novo presidente, Murilo Ferreira, que em maio substituiu a Roger Agnelli, no cargo ao longo dos últimos dez anos. A Vale informou ter reduzido a dívida líquida para US$ 11,232 bilhões no segundo trimestre do ano,

abaixo dos US$ 17,724 bilhões do mesmo período do ano anterior. No trimestre anterior, o primeiro de 2011, a dívida líquida foi de US$ 11,936 bilhões. A dívida bruta total em 30 de junho era de US$ 24,459 bilhões, segundo comunicado feito ontem pela empresa. A companhia revelou ter pago em abril a primeira parcela do dividendo mínimo de 2011 aos acionistas, de US$ 2 bilhões. A Vale registrou resultado financeiro líquido positivo de US$ 648 milhões no trimestre. No mesmo período do ano passado, os indicadores foram negativos: US$ 491 milhões. A mineradora anunciou ter realizado investimentos de US$ 4,036 bilhões no segundo trimestre, o que representa crescimento de 47,1% em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2010, a alta foi de 69,9%. A companhia disse ter investido 28% do total orçado para 2011, com aportes de US$ 6,779 bilhões no primeiro semestre. (AE)

Banco Bradesco S.A. CNPJ no 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Ata da Reunião Extraordinária no 1.779, do Conselho de Administração, realizada em 20.6.2011 Certidão - Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo Certifico o registro sob número 257.630/11-9, em 5.7.2011. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral. ALVORECER - ASSOCIAÇÃO DE SOCORROS MÚTUOS CNPJ (MF) nº 62.511.019/0001-50 Edital de Convocação para Assembleia Geral Extraordinária em 13 de Agosto de 2011 A ALVORECER- ASSOCIAÇÃO DE SOCORROS MÚTUOS, pelo seu Presidente do Conselho de Administração, e atendendo às disposições estatutárias (Art. 23, § 2º- letra “a”), convoca a todos(as) os(as) Associados(as) por solicitação do conselho fiscal, para Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 13 de agosto de 2011, à Rua Viri, 425 - Clube Escola Jardim São Paulo, às 08:00 horas, em 1ª convocação, com presença de 1/3 dos associados, ou às 08:30 horas, em 2ª convocação, com qualquer número (Art. 25 do estatuto), tendo como pauta os seguintes: a) Leitura da ordem do dia; b) Composição da mesa (Presidente e Secretaria); c) Leitura, discussão e votação da ata da Assembleia Geral anterior d) Leitura, discussão e votação exclusivamente das providencias a serem tomadas perante o Ofício n° 2226/2011/GGAME (COHAB) DIOPE/ANS - de 21 de Julho de 2011, Agência Nacional de Saúde Suplementar. Participação de associados maiores de 18 (dezoito) anos de idade e em dia com suas obrigações estatutárias. Silvio José Ferraz Tavares Presidente do Conselho de Administração


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Nº 377

DCARR

As fotos dos modelos BMW brancos, publicadas na última edição do DCarro, são do fotógrafo Leandro de Moraes, da Agência Luz. Texto de chicolelis.

BRUTAMONTES

A força G da Mercedes Divulgação

Em toda a linha Mercedes-Benz, incluindo até os caminhões, ele é o "patão feio"...

..."Patão?" Com este visual não poderia ser chamado de "patinho", não é?

Grandalhão, mas com sobrenome AMG, o Série G "destrói" obstáculos e engole o asfalto ANDERSON CAVALCANTE

O

Classe G não tem visual atualizado, mas dois fatores podem explicar isto: o primeiro modelo foi lançado pela Mercedes-Benz em 1979, que o mantém assim até hoje. É “puro-sangue offroad” robusto e completo. Nestes mais de 30 anos após seu lançamento, as principais atualizações ocorreram visando seu desempenho, segurança e conforto, enquanto seu vi-

sual “quadradão” foi mantido, até porque dá um charme a mais ao Classe G. Toda qualidade em superar obstáculos fica difícil de ser traduzida em palavras, mas seus impressionantes números não mentem. E surpreendem: ângulo lateral de 54 graus, o de rampa 29 graus, entrada 41 graus e saída 37 graus, para completar, altura no vão de 210 mm. Isto tudo associado a um potente motor V8 5.5 li-

tros AMG que gera 507 cavalos e 68 kgfm de torque. Este torque pode atingir até 138 kgmf com o acionamento da primeira marcha reduzida, e caso seja necessário, além de sistema eletrônico de tração (4 ETS), o condutor deste “trator” ainda pode utilizar o auxílio do sistema de bloqueio diferencial com eixos rígidos que traz três opções: traseiro, central e dianteiro, que podem socorrer o veículo em condições

BREVE

adversas em que até três das quatro rodas estejam sem nenhuma tração, garantindo força na roda com atrito. O Classe G está disponível no mercado brasileiro apenas na versão top de linha 55 AMG, que acelera de zero a 100 km/h em, acredite, 5,5 segundos e alcança velocidade máxima (limitada eletronicamente) de 210 km/h. Ou seja, mesmo no asfalto, oferece um desempenho impressionante.

Aliás, é no asfalto que o ronco do 8 cilindros fala mais alto e faz o passeio valer a pena. Além disso, o coice gerado pela aceleração rápida empurra o G 55 AMG de 2,5 toneladas e apenas o ruído do motor invade o habitáculo. Mesmo em curvas ele supera a desconfiança e fica grudado ao solo. No mais, ele oferece muito espaço interno, bancos em couros, alto-falantes e twiters muito bem distribuídos e vá-

rias regulagens para posicionamento dos assentos. Claro que tudo isto tem seu preço. Além do que, ele é um carro para poucos, a Mercedes-Benz do Brasil espera fechar o ano de 2011 com a venda de 20 modelos – em 2010 foram 11, apenas. Mas para ser um destes felizardos o comprador terá que investir, nada mais, nada menos que US$ 295 mil. Preste atenção: dólares, mesmo em queda, são dólares.

AGUARDE

EVOQUE, O PODEROSO SUV

VEM AÍ O NOVO BMW SÉRIE 1

Já são 18 mil na fila do modelo que chega aqui até o fim do ano

Ele será atração em Frankfurt e deverá chegar aqui no próximo ano

U

ma das atrações da marca alemã BMW para o próximo Salão de Frankfurt, em setembro próximo, será o Série 1. O novo modelo cresceu, ficou mais espaçoso e melhorou internamente. A nova frente lembra a Série 5 GT. A traseira continua quase igual, com a tampa do porta-malas côncava. O acabamento ganhou sofisticação e o painel agora tem uma tela de 6,5 polegadas do sistema multimídia iDrive, mas opcionalmente pode vir com uma maior, de 8,8 polegadas. Entre os novos equipamentos, um detector do limite de velocidade, sistema de alerta que evita colisão e acesso à internet. No conjunto mecânico, além dos já conhecidos, a novidade é o motor 1.6 turbo, gasolina, que vai render entre 136 e 250 cavalos de potência máxima. O câmbio pode ser o manual de seis velocidades, ou o automático de oito marchas. Todas as versões terão sistema stop-start, que desliga o motor nas paradas do trânsito e o liga novamente ao se acionar a embreagem (no manual) ou o acelerador (quando automático), e freios regenerativos. Segundo fontes da marca, o novo modelo poderá fazer até 23 quilômetros/litro na estrada.

A

Land Rover iniciou a produção do Range Rover Evoque, o mais arrojado em design da marca, sediada em Halewood, na Inglaterra. O Evoque chegou ao mercado europeu já consagrado, com dezoito mil compradores na fila esperando o SUV. O primeiro, foi doado ao British Motor Industry Heritage Trust. Para Ralf Speth, CEO da Jaguar Land Rover, "o Evoque é um veículo apaixonante. É o modelo mais poderoso já fabricado pela marca até esta data". E ficou muito atraente também. O Range Rover Evoque é um dos quarenta novos modelos que a Jaguar e Land Rover apresentarão nos próximos cinco anos, numa das mais ambiciosas estratégias da marca para ampliar o seu mercado mundial. O novo utilitário esportivo será comercializado em 160 países e o preço, na Europa, começa em 35 mil euros. O modelo chega ao Brasil ainda este ano, ainda sem preço definido.

Ousado - O Range Rover Evoque é o menor e mais completo da marca e se baseou no modelo conceito Concept Car LRX, seguindo a tendência de um cross-coupé. O novo modelo da marca inglesa está disponível em duas versões, o cupê de 3 portas, réplica igual ao Concept Car, e a versão 5 portas, que alia versatilidade e funcionalidade com seu teto mais elevado. Com o seu tamanho compacto e com bastante tecnologia embarcada, o Evoque terá a opção de motores a gasolina e a diesel e sistema Stop/Start. Para o Brasil, deverá vir a versão com motor Si4, com injeção direta de gasolina,

com 2 litros de capacidade, turbocompressor, dupla distribuição variável de válvulas que oferece ao motorista 240 cavalos de potência máxima. Com essa motorização o Evoque vai de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos. A transmissão é automática de seis velocidades. Antônio Fraga


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.DCARRO - 19


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tYacht Club, a volta da primeira classe. PELO MEDITERRÂNEO No Yacht Club, paga-se em média 30% a mais que nas cabines equivalentes com varanda. Mas o luxo ainda não chegou ao Brasil.

urismo

Uma área exclusiva a bordo do MSC Splendida, com suítes luxuosas, concierge e mordomo 24 horas, resgata o glamour das viagens marítimas. Fabio Steinberg

Fotos: Divulgação

Na parte dianteira do navio, a MSC criou a área chamada de Yacht Club. Nela, o check-in é diferenciado e há facilidades próprias, como a piscina (à esq.).

H

á 20 anos, cruzeiro era sinônimo de lazer de luxo, reservado aos endinheirados. A boa notícia foi a democratização dos navios, acelerada na última década e que agora, gigantes, conseguem transportar em média 3 mil passageiros, combinando ótimas instalações, tecnologia de ponta, atendimento eficiente e inúmeras opções de lazer. Mas há também uma má notícia. Ao privilegiar o volume e a padronização, a maioria dos cruzeiros de hoje se ressente da atmosfera romântica e de exclusividade dos antigos navios, onde não faltava glamour combinado a serviços impecáveis e gastronomia superior. Abriu-se assim um fosso que separa o clima de antigamente, preservado em navios menores de alto luxo para poucos passageiros, e as mega-embarcações que para se viabilizarem economicamente precisam ser ocupadas por milhares de pessoas, o que impede um tratamento personalizado. Isto provoca dois problemas. O primeiro é que o cruzeirista tradicional, formado pelas classes A e B, s ub it a me nt e sentiu-se órfão e se afastou, pois não encontra mais a bordo nem o padrão de serviços consagrado nem uma mercadoria mais sutil, mas não menos importante, que é a paz de espírito e silêncio de quem curte a relação direta com o mar. Para piorar, mesmo com dinheiro no bolso, nem todos querem compartilhar um cruzeiro de luxo com poucos viajantes. Corre o risco de encontrar reduzidas alternativas de lazer e relações interessantes, os filhos pequenos serem mal vistos pelos demais passageiros, e adolescentes martelarem a cabeça dos pais por falta de lazer. O dilema de conciliar os dois mundos – navios gigantes com conforto, bom entretenimento e custos razoáveis e a exclusividade e sofisticação dos barcos menores, reservada aos abastados – parecia insolúvel. Até que empresas como a MSC Cruzeiros encontraram uma solução híbrida, que resgata a primeira classe do passado, devidamente adaptada à nova dinâmica social do século XXI. Na parte dianteira do navio MSC Splendida, a exemplo do que fez com o MSC Fantasia, a empresa criou uma área independente que batizou de Yacht Club. Nela separou 71 das 1637 cabines, que se transformaram em suítes de luxo com concierge e mordomo 24 horas. Vip – Para os frequentadores, em regime all-inclusive, há uma piscina, restaurante, e elevador privativos. O lounge com concierge 24 horas é restrito apenas aos membros, em um ambiente requintado que oferece uma visão panorâmica similar a que o comandante tem da torre de comando. Com check-in e check-out diferenciados, o pulo do gato foi oferecer aos hóspedes desta modalidade também o acesso ao resto do navio. Isto permite compartilhar, na hora que qui-

O MSC Splendida

I

naugurado em 2009, com 333 metros de comprimento e 66 m de altura, o MSC Splendida é o maior navio já construído na Europa. Acomoda até 3.959 passageiros em suas 1.637 cabines, das quais 71 são suítes do Yacht Club. Pertence a uma geração de navios ecológicos, com tratamento de água em cinco estágios, economia de até 25% da energia das cabines, controle climático, além de incineradores especiais, trituradores e máquinas compactas para tratamento de resíduos.

ser, o teatro, discoteca, restaurantes, lojas, cassino, entretenimentos, e demais instalações do navio. Para quem preferir, é possível contratar excursões terrestres personali-

zadas com guia turístico e chofer. Este serviço inclui bebidas alcoólicas, jornal favorito deixado na cabine, e amenidades como frigobar sempre sortido, Nintendo Wii, banheiro em

mármore com banheira, robes, lençóis de algodão egípcio em colchões ergonômicos com menu de travesseiros, chocolate na hora de dormir, entre outras cortesias.

"Este modelo foi inspirado na primeira classe dos aviões ou andares exclusivos de hotéis", explica Adrian Ursilli, diretor comercial e de marketing da MSC Cruzeiros. Ele acredita

que acertou na mosca: "Atraímos vários públicos, como o viajante tradicional que havia deixado de navegar, o cruzeirista que busca tranquilidade e privacidade, aquele com filhos que podem se divertir nas áreas comuns, e os eventos corporativos", completa. O Yacht Club, que custa em média 30% a mais que cabines tradicionais equivalentes, todas com varanda, infelizmente está restrito ao Mar Mediterrâneo. Mas vale a viagem. A comparação entre as instalações apertadas e o serviço lamentável encontrados no avião que leva à Itália e o tratamento gentil e competente do navio é a melhor forma de dissipar qualquer dúvida. Mas não é só. Viajando em um ambiente sofisticado e com serviço nota dez, cercado de cenários e itinerários imperdíveis como o de Gênova, Nápoles, Palermo, Palma, Barcelona e Marselha, a sensação é a de embarcar em um iate entre amigos. Agora é torcer para que o conceito chegue logo aos cruzeiros no Brasil. Viagem a convite da MSC Cruzeiros

SERVIÇO MSC Yacht Club: dependendo da época do ano, roteiros de sete noites variam de US$ 3.149 a US$ 3.709 por pessoa (Suíte De Luxe); US$ 3.419 a US$ 3.969 por pessoa (Suíte Executive Family); e US$ 3.589 a US$ 4.139 por pessoa (Suíte Royal), mais taxas portuárias e operacionais de US$ 150. No roteiro, Gênova (Itália), Nápoles (Itália), Palermo (Sicília/Itália), Túnis (Tunísia), Palma (Ilhas Baleares/Espanha), Barcelona (Espanha), Marselha (França) e Gênova (Itália). Há, ainda, cruzeiros de 11 noites.

Das 1.637 cabines, 71 são suítes do Yacht Club. Há elevador, restaurante e lounge privativos. No sistema 'tudo-incluído', frigobar sortido, seu jornal favorito, menu de travesseiros, Nintendo Wii e muito mais. O passageiro tem acesso às demais instalações do navio a hora que quiser.


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Nazareth e trecho da partitura do tango brasileiro Odeon,uma de suas obras mais "fagueiras", comparável ao espírito do americano Scott Joplin.

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cultura

Estudo definitivo sobre Nazareth, organizado por Cacá Machado e Thiago Cury.

BREJEIRICE PIANEIRA A arte pioneira e cheia de invenções. Criada por Ernesto Nazareth. André Domingues

O

lançamento da coleção Todo Nazareth, com as obras completas do genial pianista carioca Ernesto Nazareth, ecoa palavras proferidas numa perdida noite de 1926. Foi quando Mário de Andrade fez a célebre conferência sobre Nazareth à Sociedade Brasileira de Cultura Artística, tomandoo como um daqueles mestres da música popular que precisavam urgentemente receber mais atenção dos estudiosos, na medida em que o País estava vivendo "um tempo de fundação étnica" da sua cultura musical. "Mais tarde será um caro custo descobrir as cabeceiras, reaver as fontes e o tempo perdido". Mal podia imaginar Mário que demoraria longos 75 anos para se concretizar uma parte imprescindível desse esforço, na atual edição organizada pelos músicos Thiago Cury e Cacá Machado. O sofisticado Ernesto Nazareth, que desenvolveu sua obra entre 1877 e o início dos anos 30 do século seguinte, foi, provavelmente, o maior compositor para piano de toda a música popular brasileira. Sua obra, que tinha um pé bem firme no universo das salas de concerto, foi fundamental no estabelecimento do choro e serviu de exemplo e inspiração para boa parte do nacionalismo modernista. Dentre as 208 peças terminadas que deixou, sobressaem-se, naturalmente, os famosos tanguinhos e polcas – B rejeiro; Odeon; Batuque; Apanhei-te Cavaquinho e por aí afora –, que ocupam quatro dos seis livros de Todo Nazare th . O volume de valsas, porém, também merece muita atenção, com Fidalga, Vésper e outras preciosidades. Há na coleção, ainda, um curioso volume híbrido, dedicado a peças de concerto e danças diver-

sas, que vão de quadrilha a fox-trot. As partituras de Nazareth pedem um tipo intérprete incomum, disposto a refazer o percurso do compositor e desenvolver tanto a precisão técnica dos eruditos, quanto o suingue dos populares. Não é algo fácil. Até grandes pianistas, a exemplo de Marcelo Bratke ou Carolina Cardoso de Menezes, já esbarraram em um ou outro desses quesitos (basta ouvir suas gravações do clássico Brejeiro; um pouco dura com Fábio, um pouco suja com Carolina). Quem for encarar essas partituras deve estar atento, também, às indicações de expressividade usadas por Nazareth. Cioso de uma boa interpretação para suas obras, ele fez questão de espalhar indicações que vão dos então comuns termos em italiano, como "dolce con grazia" e "molto sostenuto", até interessantes caracterizações mais simples, escritas em português mesmo, como "arrogante", "com mimo" e "gingando". Com a publicação de Todo Nazareth, que além das partituras traz uma breve cronologia e material iconográfico, Ernesto Nazareth entra para o restrito rol dos autores brasileiros que têm suas obras inteiras reunidas e organizadas, junto a Tom Jobim e outros pouquíssimos. É um passo importante no nosso amadurecimento musical. Para se ter uma ideia de quanto ainda temos pela frente, basta lembrar que dos outros 3 nomes que Mário de Andrade citou naquela conferência como cabeceiras e fontes do caudaloso rio da música brasileira, apenas Chiquinha Gonzaga é ocasionalmente lembrada. Eduardo Souto e Marcelo Tupinambá ainda esperam por serem redescobertos. E vale lembrar a advertência de Mário: quanto maior o tempo, mais caro o custo.

Entre o popular e o erudito

O

professor, músico e pesquisador paulistano Cacá Machado tornou-se um nome central nas iniciativas mais recentes ligadas à memória de Ernesto Nazareth, graças ao seu bom trabalho de doutorado sobre ele, feito na Faculdade de Letras da USP sob orientação de José Miguel Wisnik. A pesquisa, publicada em livro sob o título de O Enigma do Homem Célebre, trouxe uma interessante proposta interpretativa, centrada na comparação de Nazareth (na foto, com a família) com o angustiado personagem Pestana, do conto Um Homem Célebre, de Machado de Assis. Agora, com a publicação de Todo Nazareth, dividida com Thiago Cury, Cacá presta mais um grande serviço à memória do pianista, divulgando uma versão integral e cuidadosa da sua obra. Rememorando o comentário de Mário de Andrade, quanto custou organizar a obra de Nazareth depois de tantos anos da sua morte? Cacá Machado - O custo foi o de um projeto longo, resultado do doutorado que iniciei em 1996 e publiquei em 2007. Então, fiquei

Quais as conexões entre Nazareth (foto) e

estudando por quase dez anos. Essa edição crítica das obras completas ficou oportuna em 2004, quando a produção do Nazareth caiu em domínio público. O que foi mais difícil nessa tarefa? Cacá - O mais complicado é o seguinte: como ele era um pianista que transitava entre dois mundos, o da música erudita e o da popular, as peças escritas por ele eram editadas por várias casas diferentes e nem sempre com rigor. Muitos ornamentos de um gosto romântico da época, feitos para agradar às moças que iriam tocar as partituras, foram impregnando as músicas na hora da publicação. Eram coisas dos editores, não dele. Então, foi complicado reunir os diversos padrões editoriais num padrão único e limpar as interferências dos editores. Ainda mais por não ter os originais para cotejar, já que, dos manuscritos dele, restam, no máximo, 20%. Talvez, se o Nazareth tivesse a ambição de um Villa-Lobos, sua obra fosse um pouco mais preservada na hora da edição, mas

Machado de Assis? Página 22

essa era a grande complexidade dele: a ambiguidade entre dois universos, o erudito e o popular. São curiosas as indicações de expressividade nas partituras do Nazareth. Como ele chegou naqueles termos como "arrogante" e "mimoso"? Cacá - Acho que é superimportante no Nazareth ver que ele dominava a tradição da escrita clássica europeia, mas, às vezes, se deixava levar pelo abrasileiramento. "Bem sapateado", por exemplo, era uma coisa que rolava no universo das rodas de choro e que ele incorporou na escrita. É um recurso muito original! Só que não parte de um programa pensado, estudado: ele era um pragmático, escrevia assim para ser bem interpretado. Dá a impressão de ser, também, algo bem humorado... Cacá - Na verdade, ele era descrito como um homem muito sério, circunspecto, reservado, melancólico. Era um músico que queria ser erudito, ir para a Europa, mas não teve dinheiro. Talvez a ironia e o senso de humor se extravasassem dessa forma... Não sei. (AD)


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Raízes irresistíveis C

Quiproquó com o Leão Sérgio Roveri

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o menos no terreno da ficção, um problema com a Receita Federal pode render gargalhadas e terminar com final feliz. É o que comprova a comédia Na Boca do Leão, escrita pelos americanos Billy Zandt e Jane Milmor e adaptada para os palcos brasileiros por Eduardo Martini. A peça, que estreia na próxima terça (2), no Teatro Folha, sob direção do próprio Martini, explora a crise causada por um personagem chamado Ricardo que, numa tentativa de enganar o Fisco, registra o amigo Darci como sua esposa na declaração do Imposto de Renda. O golpe até daria direito a alguma redução no imposto a pagar, caso um fiscal da Receita não cismasse com a papelada e resolvesse fazer uma visita de investigação ao casal. "Na Boca do Leão é uma comédia clássica de quiproquó com sete bons papéis, na qual todos os atores envolvidos têm a oportunidade de executar seu trabalho com a mesma desenvoltura", diz Martini, que ainda integra o elenco do espetáculo. "O texto traz as características de uma comédia clássica de costumes, mas é ao mesmo tempo muito ingênua, quase familiar". Ao saber da chegada do fiscal, o amigo Darci, como prova de que a camaradagem tem mais valor que a mordida do Leão, aceita se travestir para se passar pela mulher de Ricardo. Como em se tratando de Imposto de Renda a tragédia nunca é pequena, as namoradas de Darci e

Divulgação

Ricardo, bem como a mãe deste último, aparecem de surpresa no mesmo dia da visita do fiscal, o que torna este encontro ainda mais complicado. "Enquanto um dos amigos opta pela mentira e vai se enredando cada vez mais, o outro se deixa levar, talvez por fraqueza ou medo, talvez por uma profunda amizade", diz Martini, que fez algumas adaptações no texto original para torná-lo mais

próximo da realidade brasileira. "E nem podia ser de outro modo, já que vamos apresentar a peça num país em que prevalece a lei do vale tudo". Na Boca do Leão. Estreia na próxima terça (2). Teatro Folha. Avenida Higienópolis, 618. Segundo piso do Shopping Higienópolis. Tel.: 3823-2323. De terça a quinta, às 21h. R$ 20 a R$ 30.

BACH: SUÍTES PARA CELLO. A versão completa de Goudaroulis

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violoncelista grego Dimos Goudaroulis, radicado no Brasil, é um pesquisador dedicado da música de Bach. O resultado dessa paixão resulta agora numa gravação-documento lançada pelo artista, integrada por dois CDs, com o ciclo completo das seis Suítes Solos de Bach para Cello. Diz o músico que os originais das

suítes se perderem. Mas que a pesquisadora e musicista Anna Magdalena Bach as transcreveu com grande rigor, transformando o seu estudo numa referência histórica e pedagógíca. "Há centenas de gravações de violoncelistas que registraram as suítes porém, falando por mim – posso dizer que sigo rigorosamente o que está nessas

partituras. O compositor e organista alemão Johann Sebastian Bach (1685-175) é o mestre universal do contraponto. E compôs numerosas obras orquestrais, além de trabalhos seminais para cello e cravo. As suas suítes para cello estão nesse caso. E mereceram, por exemplo, bela versão do brasileiro Antonio Meneses. (MMJ)

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cultura

Fotos: Arquivo DC

acá Ma ch ad o, ass im cok, mo Jos é Mi gu el Wi sni ma nu s isa baseou suas pesqu o Nasemelhança entre Ernest Pestaem nag rso pe o e eth zar m Célena, do conto Um Home (foto). is Ass de do cha bre, de Ma tor osi Pe sta na era um co mp s ma o, dit eru ser que sonhava lca s po r po com uia seg só con sal ão . de div er tim en to de sucesiam faz s ela is Quanto ma a sua era ior ma e, ad cid so na em ass rde ala angústia, como se simú a a par ade cid uma incapa cho: tre um i aqu Vai ia. sér ca u"Exposta à venda, esgoto faA o. içã ed ira me pri a se logo stava à ma do com po sito r ba si mesem ra ob a procura; mas nero, gê ao da ua eq ad ma era -la nçá da a original, convidava oiEm . ssa pre de e decorava-se taPes re. eb cél ava est s, to dia ans, iro me na, durante os pri o da do u de ve ras na mo rad a cande va sta go ão, siç po com ha -se tar ola r ba ixin ho, de tin ar em toc la viou ra pa na rua, va -se ga zan e sa, ca a um alg bem. m ava toc a quando não de as str ue orq as o, log Desde

de si aí vo lta ram as ná use as ia ped lhe mesmo, o ódio a quem tajun e da, mo da a nova polca por almente o esforço de com ssico, clá or guma cousa ao sab a só, um se, fos e qu uma página encaser se des pu e qu tal s ma Sch ude rna da en tre Ba ch e esfortil inú o, ud est mann. Vão Jordão e uel naq va lha rgu Me ço. e noisem sair batizado. Noites oe fiad con im, ass -as tou tes, gas e tad von a e teimoso, certo de qu e qu vez a um e, qu era tudo, e il... fác sica mú da o mã abrisse o in- As polcas que vão para dis, bo dia o çar dan ferno fazer gada dru ma de , dia um , ele lá foi se teatro a executaram, e ele tou ao deitar-se. os sg de o Nã . ram a um de les Mas as polcas não quise iad ob a, a de cas à também de a ouvir ass ham Vin . do fun tão lto qu e ir dos reum a no ite, po r um vu Pestana, à própria sala . do rra Ate do ntas, pro tão descia a rua iam mp irro ape- tratos, eo qu is Essa lua-de-mel durou o tinha ma mo das que ele nã mipri im r, nas um quarto de lua. Co po com pressa tempo de as s un alg s -la outras vezes, e mais de stá go is, po retrata- las de às r na tor e ainda, os velhos mestres ecê-las, remor- dias, aborr dos o fizeram sangrar de , donde lhe não tes fon s ha vel taPes sos. Vexado e enfastiado, (AD) a." nad a nav ela que ma na arremeteu contra aqu vezes, o viera consolar tantas Um Homem Célebre, gestos e os rot ma os olh de musa ciosa. E de Machado de Assis. arredondados, fácil e gra

A "distopia" de Margaret Atwood Renato Pompeu

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esde o século XVI, no Ocidente, escritores produziram várias utopias, em que descreviam situações ideais, sociedades humanas fictícias, localizadas no futuro ou em regiões remotas, em que não havia miséria nem maldades, nem abusos nem exploração de seres humanos por seres humanos. Foi só a partir do século XX, com sua sucessão de horrores em massa, que surgiram as chamadas "distopias", ou seja, utopias ao contrário, que descreviam sociedades humanas no futuro ou em lugares remotos, em que prevaleciam a maldade, o controle absoluto das mentes, a miséria e a infelicidade, as torturas. No começo, a inspiração das distopias eram os regimes totalitários que povoaram o século XX e os escritores imaginavam sociedades ainda mais totalitárias, como 1984, do britânico George Orwell, ou O Admirável Mundo Novo, do também britânico Aldous Huxley. Em Orwell, o totalitarismo se estendia ao controle das mentes; em Huxley, ao controle biológico dos nascimentos. Depois, entre novas distopias, no pósSegunda Guerra Mundial, se destacavam as que se situavam após uma guerra nuclear, com os sobreviventes humanos constituindo uma população rarefeita, às vezes reduzidas a uma pessoa só, ou a poucas outras pessoas. Em seguida vieram as distopias baseadas em catástrofes ecológicas, em desastres ambientais. Mas o romance da escritora canadense Margaret Atwood, O Ano do Dilúvio, que acaba de ser lançado no Brasil pela Rocco , dois anos após o lançamento em inglês, descreve um mundo desolado e hostil a seres humanos que se localiza no futuro após catástrofes genéticas. Num mundo que leva ao exagero características do mundo atual, a humanidade está dividida em três grupos: os poucos que vivem em condomínios de luxo realizando experiências de bioengenharia, os muitos que vivem na miséria absoluta fora dessas verdadeiras redomas luxuosas, e os ambientalistas que combatem o consumismo desenfreado. Um vírus desconhecido mata quase todos os seres humanos, e animais "experimentais" criados pela engenharia genética tomam conta do mundo, como os mistos de leão e de carneiro e os porcos dotados de cérebros humanos, além de ovelhas de pelos multicoloridos. A história é narrada sob os pontos de vista de duas mulheres que escaparam da nova praga. Margaret Atwood tem sido chamada de escritora de ficção científica, mas ela prefere descrever o gênero que pratica como "ficção especulativa". Com efeito, nesse seu novo livro, ela não lida apenas com ciência, mas desenvolve tramas relacionadas com exacerbações de

tendências sociais e culturais do atual mundo global, bem como com suas vertentes econômicas, religiosas e políticas. De fato, embora Margaret Atwood, atualmente com 72 anos de idade, tenha escrito dezenas de livros de vários gêneros, inclusive para crianças, a sua marca desde pelo menos os anos 1980 tem sido realmente a ficção especulativa. Trata-se do seguinte – ela constata um aspecto mais ou menos anômalo da sociedade atual, como o fundamentalismo religioso ou a eventual falta de maior cuidado com as consequências dos avanços tecnológicos. Em seguida, a escritora imagina uma situação no futuro em que essa anomalia se agiganta e toma conta do mundo. Ela já descreveu, por exemplo, os Estados Unidos do futuro como estando dominados pelos fanáticos cristãos de extrema direita, ou, em Oryx e Crake, de 2003, o mundo que existiria após uma catástrofe genética. Assim, ela realiza um trabalho semelhante aos que especulam, por exemplo, sobre os futuros impactos das mudanças climáticas. O Ano do Dilúvio chegou a ser apresentado como uma continuação de Oryx e Crake, pois também se passa após uma catástrofe genética, e de fato há personagens em comum entre os dois livros, mas cada um pode ser lido independentemente do outro. Margaret Atwood é particularmente destra em descrever ambientes naturais, seja intocados, seja destruídos pela ação humana. Afinal, ela é filha de um entomologista, e o pai a fazia passar seis meses de cada ano na mata virgem da Província de Ontário, onde ele observava insetos, e os restantes seis meses na cidade grande. Começou como poeta que criticava os artificialismos da vida moderna. Formada em três universidades, a canadense de Ontário e as americanas de Radcliffe e Harvard, ela publicou, além de seus poemas, mais de dez romances, dois volumes de crítica literária, livros infantis, livros de contos; é ativa colaboradora em jornais e revistas, militante de causas feministas e políticas, sempre com um sentido de manter as liberdades individuais e a independência diante de governos e de grandes conglomerados econômicos. Em diversos livros, tanto de ficção como de não-ficção, ela manifesta preocupação com tendências antidemocráticas nos poderosos Estados Unidos, tão próximos de seu Canadá. Duas de suas frases famosas são: "Cuidado ao pedir justiça, pois a justiça pode ser imposta a você" e "Uma palavra depois de uma palavra depois de uma palavra é poder". No novo livro, ela nos chama a atenção sobre o que pode ocorrer se os seres humanos continuarem irresponsáveis ecológica e geneticamente.

Atwood: fortes expressões em traços de artistas.

Esta é a última semana de férias na Cidade. E ainda há muito que curtir. Dicas na 23


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FIM DE FÉRIAS

Fotos: Divulgação

Peças criadas por artesãos de cinco comunidades de municípios do Jalapão estão na mostra Capim Dourado: Costuras e Trançados do Jalapão, em cartaz n'A Casa Museu do Objeto Brasileiro.

Skia: obra interativa do austríaco Andreas Muk Haider, no Instituto Cervantes: sombras e diversão.

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cultura

Contagem regressiva

Antes do início das aulas, a tarefa é se divertir pela Cidade com obras interativas, espetáculos de dança, teatro...

Exposição Lo-Kaos: visão da cidade grande pelos olhos de G. Fogaça.

Rita Alves

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pose é uma, a sombra é outra. O que parece impossível acontece no Instituto Cer vantes (Avenida Paulista, 2439), graças ao trabalho do austríaco Andreas Muk Haider, intitulado Skia, que recria de forma artificial a sombra do visitante. O mesmo clima divertido da obra pode se estender até domingo, último dia de férias. E a região da Paulista é uma bela alternativa para isso. No Teatro do Sesi (Avenida Paulista, 1313, tel.: 3146-7405), o passeio pode ser surpreendente com uma visita ao Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), que reúne exposição, per formances e workshops. Em diversos pontos da mesma avenida, obras eletrônicas e interativas, como a Skia, integram a File Pai (Paulista Avenida Interativa ou Arte Pública Interativa) e podem ser exploradas em lugares como o Conjunto Nacional e estações do metrô. Garantia de um bom fim de férias também é ir até a Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, 2, tel.: 33241000). É lá que está a mostra Gerhard Richter: Sinopse. A retrospectiva do artista alemão mistura fotografiaspinturas, criadas nos anos 1960, e pinturas abstratas feitas nas décadas de 80 e 90. Se o destino for o Clube A Hebraica (Rua Hungria, 1000, Jardim Paulistano, tel.: 38188888), mais obras de arte. O local é sede da individual Lo-Kaos, do goiano G. Fogaça. Ele é autor de uma série de óleos sobre tela que retrata a cidade grande, exibida em um cli-

ma soturno com cores vibrantes. A partir desta sexta (29), o público pode conhecer no Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, tel.: 30959400) os filmes e vídeos produzidos para a televisão pelo mestre da pop art Andy Warhol, exibidos na exposição Warhol TV. "A televisão de Warhol é certamente o único assunto ainda inexplorado na obra deste artista demolidor de tabus no mundo da arte", afirma a curadora Judith Benhamou-Huet. Outra opção é apreciar os objetos expostos na mostra Capim Dourado: Costuras e Trançados do Jalapão, em cartaz n'A Casa Museu do Objeto Brasileiro (Rua Cunha Gago, 807, Pinheiros, tel.: 3814-9711). O espaço abriga peças artesanais feitas com o capim dourado no Jalapão, em Tocantins. Quem ficou longe dos li- Gerhard Ric hter: Sin opse tr vros nas férias e quer se reaproximar az pintu ras do a aos poucos pode aproveitar o projeto rtista n a Pinac Livro de Rua, no Parque Villa-Lobos oteca. (Av. Professor Fonseca Rodrigues, 2001, Alto de Pinheiros). O evento acontece no próximo domingo (31), a partir das 8h. Às 11h o escritor Luis Eduardo Matta participará de uma sessão especial de leitura de livros infantojuvenis. "A ideia central é incentivar a leitura, democratizar o acesso ao livro. Se a pessoa gostar da obra, pode levar para casa e, posteriormente, devolver no parque. A proposta é que o livro circule", afirma Roberto Rosa, diretor do Parque Villa-Lobos.

Projeto Livro de Rua: circulação de obras no Parque Villa-Lobos.

À direita, o espetáculo Vila Tarsila: luzes nas memórias de infância de Tarsila do Amaral. E, à esq., Warhol TV: filmes e vídeos do mestre da pop art no Sesc Pinheiros.

Marco Lima/Divulgação

Poesia de Mário Quintana inspira bailarinos. E figurinos coloridos em festival de dança japonesa.

Paulo Barbuto/Divulgação

Acima, ... Eu Passarinho: técnicas circenses e dança no Sesc Santana (dias 30 e 31). E, à direita, cena do Festival Yosakoi Soran: dança japonesa no Espaço Via Funchal (dia 31).

Gastronomia e Roda do Vinho. Opções de relax no final de julho. Página 24


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Fotos: Mauro Holanda/Divulgação

O valor do âmbar luminoso

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cultura

José Guilherme R. Ferreira

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Um bistrô com comida de boteco Lúcia Helena Camargo

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em comida de boteco e pratos de bistrô francês. O Le Buteque, que mistura os dois estilos em um único endereço, acaba de reformular o cardápio. Até o mês passado a casa tinha entre os sócios Erik Jacquin, dono da sofisticada brasserie que leva seu nome. Agora quem passa a comandar a cozinha é a paulistana Rachel Codreanschi (foto), de 22 anos, que trabalhou com Jacquin por quatro anos. "Ele foi meu professor e padrinho profissional", define a moça. Ela mostra ter feito direito a lição de casa. Se você comeu e gostou, por exemplo, do purê de batatas na Brasserie do mestre, vai adorar o purê do Le Buteque, muitíssimo parecido. Só que mais barato. Um dos pratos que leva essa acompanhamento, o tradicional Boeuf Bourguignonne (carne cozida ao vinho tinto) custa R$ 31. A conta para duas pessoas no Le Buteque sai em torno de R$ 150. Para um casal comer na brasserie de Jacquin, reserve ao menos R$ 400. Entre as novidades do menu está o gostoso cuscuz paulista à moda da Rachel, que leva palmito pupunha, camarão, azeitonas pretas, pimentão, ovos cozidos e azeite extra virgem. A meia porção custa R$ 23; a inteira, R$ 31. A entrada rendeu a ela o prêmio Paladar como Chef Revelação. Se prefere uma entrada mais leve, prove o tartar de salmão com

salada verde (R$ 25 a meia porção e R$ 34 a inteira). Os delicados pedaços de salmão cru podem ser (a pedido do cliente) servidos com creme azedo, que confere um sabor ainda mais interessante ao peixe. Se quer mais substância, vá de polenta roquefort – polenta cremosa com queijo roquefort gratinada (meia porção, R$ 18 e inteira, R$ 25). Para algo com cara típica de boteco, peça o omelete com salada verde (R$ 19). Para prato principal, quer se manter no boteco? O picadinho Le Buteque, feito de cubos de alcatra, arroz, feijão preto, farofa, couve,

Ambiente do bar, o cuscuz, croque madame e Saint Pierre.

banana caramelizada e ovo frito (R$ 37). Ou o cheeseburguer no prato (R$ 30), feito com hambúrguer de picanha com queijo ementhal, salada verde, fritas e pão brioche à parte. Volte ao bistrô com o filé suíno fatiado com fricassé de tubérculos, com molho de cogumelos, batata doce, mandioquinha, cenoura e ervilha torta (R$ 38). E ainda o risoto de pato com brie, preparado com arroz arbóreo, pato desfiado e queijo brie gratinado (R$ 40). Os fãs de frutos do mar podem ir de lula na chapa com legumes a provençal (R$ 32); robalo ao molho de champagne acompanhado de purê de mandioquinha (R$ 51) e filé de Saint Pierre com escama de abobrinhas e legumes (R$ 36). De manhã, de tarde ou de noite podem ser pedidos lanches como o croque monsieur e o croque madame, tradicionais sanduíches franceses feitos no pão de brioche. Custam R$ 25 cada. Na sobremesa, crepe de nutela (R$ 11,50) e pain perdu (foto no alto), a versão francesa da rabanada feita em pão de brioche acompanhada de uma bola de sorvete de creme (R$ 13). O ambiente é descontraído, as toalhas nas mesas são de papel. E são servidos vinhos em taça. Le Buteque Bistrô. Rua Haddock Lobo, 1416A. Jardins. Tel.: 3083-3737. www.lebuteque.com.br.

ão acredite numa lista das "100 coisas a provar antes de morrer" se nas principais posições não estiver uma harmonização de ouro: um cálice de Sauternes e uma fatia de foie gras – combinação clássica no Périgord de Montaigne. Tem gente que até perde a cabeça quando se trata desse branco doce de Bordeaux, "raio de sol engarrafado", efetivamente superior quando saído das adegas do Château d'Yquem. O vinho dessa casa esteve presente nas mais glamurosas mesas do passado – Talleyrand mandava servi-lo nos banquetes da corte francesa para acompanhar o apreciado peixe rodovalho. E até hoje é ponto alto dos brindes diplomáticos e das boas mesas. George Washington, por recomendação de Thomas Jefferson, seu então embaixador na corte de Versalhes, mantinha garrafas de Yquem na adega. Napoleão, no auge da carreira, recebeu vários carregamentos da safra 1802. O sommelier e colecionador Christian Vanneque acaba de arrematar em leilão uma garrafa de Château d'Yquem de 200 anos por cerca de R$190 mil – o maior valor já pago por uma garrafa de branco. O Yquem, tão celebrado na literatura, é o rei dos Sauternes. A casa tem quatro séculos de tradição e desde 1999 integra o grupo LV.M.H. (leia-se Louis Vuitton). Durante dois séculos, entretanto, esteve sob os cuidados da nobre família Lur-Saluces. O conde Alexandre de Lur-Saluces, que esteve à frente da vinícola até 2003, adotou um rigoroso sistema de qualidade na vinícola, que coloca no mercado somente safras excepcionais. O Château d'Yquem – por onde passaram vários czares russos (contam que Stálin quis levar mudinhas para plantar em casa!) e que guarda no livro de visitas as iniciais do rei Afonso XII da Espanha – tem 125 hectares da sua área de 188 ha tomados pelos vinhedos. A propriedade tem à sudoeste o rio Ciron, cuja névoa é indispensável para o desenvolvimento do fungo botrytis. Os vinhos Sauternes são feitos a partir da botritização de uvas Sémillon, Sauvignon Blanc ou Moscatel. Atacadas pela Botrytis cinerea, os bagos apodrecem, perdem água, concentram açúcar e são transformados em vinho de

excelência. A colheita manual é mais demorada, leva dois meses, já que o apodrecimento nos cachos ocorre de maneira irregular e muitas vezes é preciso voltar ao mesmo ponto da parreira. Em Yquem são empregadas 160 pessoas ("caçadores de fungo") para a tarefa de escolher as uvas no ponto ideal. Só dessa maneira, obedecendo o tempo da "podridão nobre", é possível garantir um mosto com teor álcool de 20°. Durante a Exposição Universal em Paris, em 1885, quando veio à luz a famosa classificação dos vinhos de Bordeaux, não houve surpresa em relação ao Château d'Yquem. Os vinhos brancos, todos da área de Sauternes – o que inclui as municipalidades de Sauternes, Fargues, Preignac, Bommes e Barsac – foram divididos em premiers crus e deuxièmes crus, com exceção de Yquem, "cuja supremacia foi reconhecida com a única e insuperável posição de premier cru supérieur", como registrou Richard Olney em seu livro de referência Yquem (Flammarion/2008).

José Guilherme R. Ferreira é membro da Academia Brasileira de Gastronomia (ABG) e autor do livro Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas (Editora Terceiro Nome)

Uma cantora definitiva Aquiles Rique Reis

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la nasceu no Paraná. Vivendo na capital paulista desde o início dos anos 1980, iniciou ali sua trajetória de cantora popular. Vinte anos de carreira. Até hoje gravou quatro discos. Há tempos não sentia o que experimentei ao ouvi-la cantar: certeza de estar diante de um talento definitivo, pronto, acabado e retocado... Mas poucos a conhecem. Meu Deus! (Sérgio Cabral foi o primeiro a lamentar o fato, acompanho-o). Sua voz é marcante, diferenciada; sua brejeirice assombra; sua delicadeza cativa; suas interpretações têm estilo próprio, único; o vigor do seu cantar é arrebatador; o timbre parece envolto em veludo; afinação indo às notas como a seta vai ao alvo; noção rítmica digna de aplausos entusiasmados... Uma grande cantora. Não bastassem tantos predicados, ela canta o que lhe habita a alma, ali entranhada desde tempos idos. Ouvindo canções que se fizeram trilha sonora de seu passado e presente, forjou em canto a emoção que marcaria seu destino. Feito cicatriz, a música misturou-se à sua pele, grudou-se a ela e foilhe à corrente sanguínea, bombeando energia a tripas e músculos. Coração aberto à música, sua vida é cantar o que sabe ser seu, por destino e serventia... Mas poucos têm o prazer de escutá-la. Ela é Carmen Queiroz, a que gravou Enquanto eu fizer canção (independente), cuja direção musical coube ao violonista Edmilson Capelupi. Num dos mais belos momentos do disco, tocou a ele e seu violão acompanhá-la em O Meu Amor (Chico Buarque). O instrumento, parecendo se desdobrar em vários outros, se faz de orquestra de cordas e cria atmosfera de enobrecer a canção. Os efeitos e a percussão de Guello, o baixo

A filosofia das crônicas de Rubem Braga (foto). Página 26

de Edson Alves, o acordeom de Olívio Filho e o violão de Natan Marques criam o clima perfeito para Carmen interpretar No Dia Em Que Eu Vim Embora (Caetano Veloso e Gilberto Gil). O violão faz a introdução. A voz de Carmen soa crispada. O acordeom ameniza a crueza. A percussão bate coco. O baixo dá o chão... Caetano e Gil, se ainda não o fizeram, deveriam ouvi-la, isso lhes produziria enorme prazer. Em Alô... Alô? (André Filho), o som grave do clarone (Mário Marques) se sobressai junto à flauta (João Poleto) e aos clarinetes (João Francisco e Alexandre Ribeiro). A percussão suinga... E tome polca. Cantando Nenhuma Lágrima (Sueli Costa), Carmen tem no clarinete (Alexandre Ribeiro) contraponto per feito. Acrescentando-lhe malemolência, o chorinho se faz mais lamentoso pelo violão de Capelupi e o bandolim de Milton Mori. Para homenagear Ângela Maria, Carmen Queiroz se dilacera cantando Tango Pra Tereza (Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Ao violão, só Edmilson Capelupi. E para que mais? Hermínio Bello de Carvalho escreveu versos para Estrada do Sertão (João Pernambuco), faixa bônus que conta também, uma vez mais, com apenas o violão de Capelupi. Fortalecida pela sensibilidade e por sua memória musical, a voz de Carmen amplia a emoção do disco... E poucos a conhecem. Meu Deus! Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4.


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Cabernet Franc na França: Coadjuvante Carlos Celso Orcesi

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Cabernet Franc é francesa até no nome, embora os francos fossem uma tribo bárbara que do nordeste da Europa (vindos de Frankfurt na Francônia alemã) acabou migrando para a atual França. A cepa é menos famosa do que a Cabernet Sauvignon, a selvagem (corruptela de 'sauvage'). Mas curiosamente a Cab Franc é a primogênita, a que nasceu antes e há milhões de anos atrás se acasalou – paradoxo mínimo – com a Sauvignon Blanc. Até aí tudo bem, a natureza tem lá seus desígnios e os polens não pensam. O paradoxo máximo está no seguinte: quando se misturam espécies tinta e branca seria normal obter algo próximo ao rosê. Entretanto a "filha" do casamento entre CFranc e SauvignonB saiu-se casca grossa, moderada em tanino, capaz de gerar vinhos agradáveis em todos os cantos do planeta. Se uma espécie tinta (CF) se mescla a uma branca (SB), seria normal esperar resultado mais magro; entretanto a filha desse casamento, a Cabernet Sauvignon, todos sabem, é carregada em tanino, tem corpo e cor violeta. Já a Cabernet Franc tem menos corpo e tanino, além da cor rubi. Em

compensação é mais versátil, podendo ser cultivada em climas quentes e frios. Apresenta a vantagem de amadurecer mais cedo e portanto ser mais fácil de cultivar, porque fica menos sujeita às intempéries próximas à colheita, quando a fruta está madura e sofre mais. Ao contrário da temperamental Pinot Noir, tem se dado bem fora de seu território autóctone, adaptada ao solo calcáreo e argiloso de Saint Emilion e ao arenoso ou pedregoso de Medoc em Bordeaux. Levada pelo Cardeal Richelieu para o norte, tornou-se a tinta padrão no Vale do Loire. Aprendeu a falar espanhol na Argentina e português no Brasil. E inglês nos Estados Unidos, do norte da Califórnia à região meridional de Washington, como no Estado de Washington

(noroeste, capital Seattle), e seus férteis vales de Columbia, Wala-Wala e Yakima. Também se dá bem na ventosa Nova Zelândia. Com tantas qualidades, porém, a CF não é protagonista em seu país de

Festival de Cinema Judaico apresenta o documentário Amos Oz: A Natureza dos Sonhos. Filme retrata o cotidiano do escritor e o segue pela cidade de Negev.

origem. No famoso corte bordalês, que da Toscana à Califórnia os vinhateiros procuram imitar, a Cabernet Sauvignon é a protagonista no Medoc, Pessac-Leognan e em geral em Bordeaux inteiro. Em Saint-

Emilion e Pomerol a personagem principal é a Merlot. A Cab Franc é coadjuvante, a uvaescada, que dá apoio e suporte ao conjunto da obra. No corte bordalês se presta para dar volume e aromas frutados, talvez um suave toque defumado, antagônico ao tanino forte das duas uvas principais. Em resumo, a CabFranc entra no conjunto denso austero e escuro para dar vivacidade cor e fruta. Quando a safra é ruim, participa da assemblage com maior quantidade. Porque amadurece mais cedo e é fácil de cultivar em geral sofre menos do que suas co-irmãs. Então é conhecida em Bordeaux como a casta de segurança, pau para toda obra. Como se diz no interior, a CabFranc é a salvação da lavoura. Provamos o Château de Fesles 2006, Cabernet Franc "Vielles Vignes" do

Longa mineiro Girimunho, dirigido por Helvécio Marins, representará o Brasil na 68ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza.

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Estreia a comédia O Casamento do Meu Ex, com Kate Holmes, Anna Paquin e Josh Duhamel vivendo triângulo amoroso. Lúcia Helena Camargo cultura

Um herói vestido de bandeira

quadrinhos, o longa-metragem pode ser apreciado como um drama de guerra. Inclui explosões, tiros e lutas, o mocinho tem caráter impecável e há um vilão dos bons. O nazista que comanda a organização Hidra ("Quando você corta uma cabeça, duas outras aparecem" é seu bordão) faz Hitler parecer nada além de um garoto traquina, tamanha é a maldade e sede de sangue desse maluco de pedra que almeja algo entre destruir a humanidade e dominar o universo. Na verdade, ele é o Caveira Vermelha. No filme, vivido por Hugo Weaving, de Matrix e V de Vingança. E ainda há romance. Com ares feministas, Peggy Carter (Heyley Atwell) é o par do Capitão América. Em cartaz nos EUA desde a semana passada, o filme está batendo o último Harry Potter nas bilheterias. O total arrecadado já ultrapassa os 80 milhões de dólares. Tenha paciência e fique até terminarem os créditos. Ao final, verá a já esperada cena extra, presente em todos os filmes baseados em histórias da Marvel. Desta vez será exibido um teaser de Os Vingadores, filme que vai reunir vários heróis.

S

entinela da Liberdade era o apelido do Capitão América nos quadrinhos da Marvel Comics. Com essa mesma missão, o super-herói criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941 chega aos cinemas nesta sexta (29), ao completar 70 anos, na produção Capitão América O Primeiro Vingador. O ator Chris Evans (o Tocha Humana de Quarteto Fantástico) encarna Steve Rogers, o herói, antes e depois da transformação. No "antes", aparece baixinho e fracote, tentando se alistar para lutar pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Mas sem sucesso, devido à parca constituição física. Essa parte foi totalmente criada em computador. Quando vira o personagem, o corpo real do ator fortão entra em cena. Vestindo a roupa azul e vermelha que representa a bandeira dos Estados Unidos, combate junto aos soldados usando seu escudo, a enorme força e as capacidades adquiridas em laboratório. Stanley Tucci tem uma breve aparição como o cientista visionário encarregado da operação. Mais do que uma adaptação de

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té domingo (31) acontece a 19ª edição do Anima Mundi Festival Internacional de Animação. Com ingresso a R$ 8, os filmes são exibidos no Memorial da América Latina, Centro Cultural Banco do Brasil, Espaço Unibanco Augusta e Cine Livraria Cultura. Mais de 1300 curtas e longas foram inscritos este ano, de cerca de 80 países. Os diretores do festival – Aída Queiroz, Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães – selecio-

produtor Bernard Germain (Apellation Anjou Controlée – Vale do Loire). Estava redondo e suave (88 pontos), tem corpo médio e fresco, pronto para beber. Não decepciona com carnes brancas ou uma feijoada cassoulet, inclusive com peixes defumados ou salgados. Já estivemos na região do Rio Loire, que serpenteia por Paris, atravessa os famosos castelos do século XV e XVI (Cheverny, Chenonceau e Chambord apenas para lembrar os de letra C) e segue na direção do oceano Atlântico. São vinhos que têm melhorado, na exata medida dos avanços da tecnologia, especialmente em Chinon (foto), embora não alcancem a complexidade de alguns Bordeaux, mais exatamente os dois raros chateaux de Saint-Emilión que têm CabFranc como sua uva principal: Cheval Blanc e Figeac, ambos na planície abaixo do solo típico calcáreo da região. É muito pouco para quem carrega o piano das safras francesas. Pensamos que está mais do que na hora da CF, relegada ao eterno papel de coadjuvante, reivindicar um lugar ao sol. Na próxima semana veremos em que país de fato a Cabernet Franc tem sido protagonista.

Capitão América - O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011, EUA, 125 minutos). Direção: Joe Johnston. Atores: Chris Evans, Hugo Weaving, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci. Jay maidment/Marvel

Cinema judaico em 40 produções

Belas e estranhas mulheres

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ulheres de beleza ímpar, porém extremamente bizarras, são as protagonistas da Sessão Comodoro de cinema no mês de agosto. As exibições – gratuitas – acontecem no CineSesc na quarta (3), às 21h30. Serão mostrados Feitiço - A Mulher Espectro e O Ataque da Mulher de Quinze Metros (foto). Ambos os filmes serão apresentados pelo cineasta Carlos Reichenbach. Feitiço - A Mulher Espectro (Weird Woman, 1944), tem direção do americano Reginald Le Borg e conta a história de um professor que, após voltar de viagem a uma misteriosa ilha onde encontra a filha de um colega de faculdade, decide se casar com a moça. Só que a situação começa a ficar suspeita em razão dos inusitados conhecimentos revelados pela moça, que foi criada por uma sacerdotisa dos nativos. Filmado em branco e preto, o longa tem 63 minutos. O roteiro é de Brenda Weisberg, que adaptou a novela Conjure Wife, de Fritz Leiber Jr. No elenco estão Lon Chaney Jr., Anne Gwynne, Evelyn Ankers, Ralph Morgan e Elisabeth Risdon. Já O Ataque da Mulher de Quinze Metros (Attack of the 50 Foot Woman, 1958), cultuado entre os fãs do gênero ficção-científica B, mostra Nancy Archer, mulher que, após ser contaminada por alienígenas, passa a aumentar seu tamanho de maneira absurda. Depois sofrer a metamorfose, ela inicia uma perseguição ao marido, que havia se livrado dela para ficar a amante. Também produzido em branco e preto, o filme tem duração de 65 minutos e é dirigido por Nathan Juran (assinando como Nathan Hertz). O roteiro é de Mark Hanna. E no elenco estão Allison Hayes, William Hudson, Yvette Vickers, Roy Gordon e George Douglas.

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eis cinemas da Cidade recebem, da terça (2) até 7 de agosto o 15º Festival de Cinema Judaico. Com organização do Clube Hebraica, a mostra traz 40 filmes da produção contemporânea. O francês Chave de Sarah (2010) abre o evento. Com Kristin Scott Thomas no papel de Julia Jamond, conta a história da jornalista americana que terá seu destino mudado por uma menina judia, na França de 1942. Vida Preciosa (foto), co-produção entre Israel e Estados Unidos (2010), falado em hebraico e árabe, mostra um problema de saúde para falar de paz. Um Violinista no Telhado, que completa 40 anos, ganha homenagem. Além da Hebraica, vão sediar o evento o Cinemark do Shopping Pátio Higienópolis, CineSesc, Centro de Cultura Judaica e Livraria Cultura. www.fcjsp.com.br

Sessão Comodoro. CineSesc. Rua Augusta, 2075. Cerqueira César. Tel.: 3087-0500. Quarta, 3 de agosto. Grátis. As senhas deverão ser retiradas a partir das 21h. Fotos: Divulgação

Animações! Graça e terror. naram 421 filmes de 44 países. O Brasil comparece com 77 produções, seguido pela França, com 58; Reino Unido (40); Estados Unidos (31); Alemanha (18); Canadá (14) e Rússia (13). E há ainda animações vindas de Taiwan, Grécia, Lituânia, Mônaco, Letônia, Colômbia, Índia, Israel e Estônia. Entre as novidades desta edição está a inclusão de uma sessão de terror na mostra competitiva de curtas, como Maternelle (foto). A competi-

ção de longas vai reunir quatro obras infantis: The Sandman and the Lost Sand of Dreams (França/ Alemanha); El Lince Pe rd i d o (E spanha); Light of the River (Japão) e Hear t and Yummie (Japão). E um dos f i l m e s e s p e-

ciais fora das mostras competitivas é o brasileiro Morte e Vida Severina, inspirado no poema de João Cabral de Melo Neto. O público pode participar de oficinas, wo rk sho ps , performances, encontros, fóruns e debates. Entre os convidados está o animador

estoniano Priit Pärn, que as peças gráficas do Anima Mundi 2011: logo, cartazes, catálogos e produtos. O americano David Daniels, conhecido pelo trabalho em vinhetas publicitárias e clipes musicais (Big Time, de Peter Gabriel), falará com o público sobre a técnica criada e desenvolvida por ele, a strata-cut animation, que constrói o movimento através de fatias em sequência de um mesmo bloco de massinha. E a americana Miwa Matreyek vai

mostrar seu filme, no qual interage em tempo real com as imagens e mescla os conceitos de animação, teatro e artes visuais. Ela vai apresentar sua performance em algumas sessões. Outras atrações: o diretor de arte Thomas Cardone falará sobre o design e a execução do longa Rio; e Ryan Woodward (HomemAranha e Homem de Ferro) dará uma master class abordando o processo de criação de storyboards. www.animamundi.com.br


DIÁRIO DO COMÉRCIO

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Gostaria de passar o resto da vida num consulado em Florença, ganhando em dólar, não tendo nada para fazer e com aquela cidade fantástica à mão. O que é um sonho, porque não existe nem ao menos esse consulado.

RUBEM BRAGA

O SABIÁ DA CRÔNICA Marcus Lopes

O

sabiá da crônica pousou novamente entre nós. Desta vez, pelas mãos do Instituto Moreira Salles (IMS), que dedica ao cronista Rubem Braga a mais nova edição do Cadernos de Literatura Brasileira. Braga entra em um time de peso formado, entre outros, por Érico Veríssimo, Machado de Assis, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, todos eles já homenageados pela coleção. Escritor ou cronista, não importa. Ao lado de colegas como Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, o capixaba de Cachoeiro do Itapemirim fez do gênero a sua profissão e é considerado um dos maiores, senão o maior, cronista brasileiro. De sua famosa cobertura repleta de verduras e árvores frutíferas na zona sul do Rio, o que lhe valeu o título de "único lavrador de Ipanema", enviava suas pequenas obrasprimas aos jornais e revistas de todo o País. Uma delas, que permaneceu inédita em livro, foi incluída neste novo caderno do IMS. Chamada Terraço, trata-se de uma singela homenagem ao paisagista e amigo Roberto Burle Marx, que projetou cuidadosamente o seu jardim suspenso de Ipanema. Que Braga, naturalmente, modificou tudo. "A verdade é que o jardim reflete um pouco a gente, o meu é desarrumado como eu", revelou o fazendeiro do ar, que adorava o seu espaço privado, de "ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valia a pena lembrar". A obra começa com "Trivial variado", que resgata todas as fases da vida do autor, desde a infância em sua querida Cachoeiro até sua morte, em 1990. Em uma detalhada cronologia, narra seus feitos como correspondente do Diário

Fotos: Reprodução

Carioca na Segunda Guerra Mundial, a carreira no jornalismo e a sua vasta obra, que inclui os livros O Conde e o Passarinho, A Borboleta Amarela e Ai de ti, Copacabana - todos eles coletâneas de textos e crônicas. Longe da máquina de escrever, Braga tinha um estilo meio rabugento e resmungão, sua marca registrada, mas dono de um grande coração. E todos o amavam desse jeito mesmo. Assim como Vinicius de Morais, o capixaba adorava mulheres bonitas, às quais costumava nutrir amores platônicos. Um deles foi por Danuza Leão. "Rubem gostava de mulheres bonitas, muito bonitas e se apaixonava por elas. A beleza para ele talvez fosse mais fundamental do que para Vinicius. Das feias, era apenas amigo", relata Danuza em outro texto do livro, o "Douto Rubis". Mas paixão mesmo foi pela atriz Tônia Carrero que, para sua tristeza, o admirava mais como escritor do que como cultura homem. Cronista assumido, Braga nunca se incomodou com a pressão dos amigos e dos leitores para galgar passos mais altos, como um romance, por exemplo. Aliás, para ele, não existia esse negócio de maior ou menor categoria literária. "Rubem Braga nunca desperdiçou seu tempo reclamando das limitações da crônica ou tentando teorizá-la. Não se sentia inferior aos ditos escritores de verdade", explica o escritor Sérgio Augusto em um dos textos incluídos no Cadernos. O próprio Braga encerrou a discussão, com um comentário bem ao seu estilo: "Há homens que são escritores e fazem livros que são como verdadeiras casas, e ficam. Mas o cronista do jornal é como o cigano que toda noite arma sua tenda e pela manhã desmancha, e vai."

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Novo Cadernos de Literatura Brasileira faz homenagem ao cronista Rubem Braga. À esquerda, Braga e o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade em um evento no Rio de Janeiro. Abaixo, um autorretrato.

O pior dos mortos é que nunca telefonam. Aparecem sem avisar, sentam-se numa poltrona e começam a falar. Tocam em assuntos que já deviam estar esquecidos e fazem perguntas demais. Subitamente, fazem silêncio. Esse silêncio é constrangedor.

Quando hoje vejo moços a falar do tédio da vida, tenho inveja; nós nunca tivemos tempo para sentir tédio. Como éramos pobres, como éramos duros! Um conterrâneo que a gente encontrava na rua e nos pagava meia dúzia de chopes na Brahma parecia um enviado de Deus.


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