Digesto Econômico - Melhores dos Maiores no Comércio - 2010

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Um prêmio aos melhores do comércio

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AGLIBERTO LIMA/DC

Associação Comercial de São Paulo (ACSP) completa neste mês de dezembro 116 anos de existência, sempre pautada na defesa da livre iniciativa, no apoio à classe empresarial e no progresso do nosso País. Como parte das comemorações desta data, estamos lançando o anuário Os Melhores dos Maiores no Comércio, uma edição especial da revista Digesto Econômico , publicada pela ACSP há mais de 65 anos. Esta publicação dará continuidade ao Balanço Anual, da Gazeta Mercantil, que durante 32 anos foi uma importante referência sobre as atividades empresariais no Brasil. O anuário da Gazeta Mercantil era elaborado com base nos balanços publicados pelas empresas, e por sua relevância a Associação Comercial de São Paulo houve por bem dar sequência a esse trabalho, por considerá-lo uma fonte de informação de que se valem o mercado e de modo especial os profissionais da área. As empresas analisadas foram ordenadas em dez setores do varejo e as mais bem colocadas, e mais uma escolhida pela escola de negócios Insper (ex-Ibmec), segundo critérios de desempenho, serão premiadas e receberão um troféu-escultura da artista plástica Macá Yañez. O anuário Os Melhores dos Maiores no Comércio chega em um momento especial da economia brasileira, que promete ótimos resultados para este Natal, com inflação controlada, aumento na oferta de crédito e na renda do trabalhador. Pela força de seu mercado interno, o Brasil conseguiu passar sem traumas pela crise financeira internacional de 2008/2009 e decolar para um novo patamar de crescimento, com expectativa de que o PIB tenha um crescimento de 7,3% neste ano. Mas se a economia neste fim de ano se mostra aquecida, por outro lado é sabido que ainda temos uma carga tributária excessivamente onerosa, que dificulta a expansão dos investimentos e ameaça a sobrevivência de muitas empresas. Não é segredo que o Brasil necessita urgentemente de uma reforma tributária que desonere o setor produtivo, de forma a estimular o empreendedorismo e que permita ao País continuar a crescer de forma sustentável, gerando empregos e riquezas. Esta é uma de nossas bandeiras.

Alencar Burti Presidente da Associação Comercial de São Paulo e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO E PERSPECTIVAS 8 CENÁRIO Depois de um ano excepcional, empresários e consumidores

esperam um 2011 contido, mas nem por isso pior

Presidente Alencar Burti Superintendente Institucional Marcel Domingos Solimeo Superintendente de Comunicação Moisés Rabinovici PROJETO ESPECIAL ANUÁRIO MELHORES DOS MAIORES NO COMÉRCIO DE 2010 Edição Jaime Matos Revisão Mauro Barros

22 CRÉDITO A evolução dos anos recentes permite entusiasmo apenas moderado quanto ao futuro do sistema

28 CAPITALIZAÇÃO O processo de fortalecimento das companhias foi retomado. Só um repique da crise internacional poderá detê-lo

São poucas as empresas comerciais listadas na Bolsa. 35 Mas há espaço para muitas mais

Diagramação e Arte Sandro Mantovani Infografia Denise Defanti Textos Aluísio Alves, Ana Borges, Cristina Oliveira, Hugo Cilo, Iolanda Nascimento, Lívia Andrade, Lúcia Rebouças, Luiz Sérgio Guimarães, Paulo Bischof, Silvio Muto, Wagner Oliveira

ANÁLISES SETORIAIS VAREJO 42 Todos os segmentos espelham o dinamismo atual da economia

Fotografia Maílson Santana e Paulo Brasil

e esperam com naturalidade desaceleração em 2011

Gerente Executiva Sonia Oliveira (soliveira@acsp.com.br) 3244-3029

70 SUPERMERCADOS Diversificação das cadeias gigantes dita os rumos do segmento

Gerente de Operações José Gonçalves de Faria Filho (jfilho@acsp.com.br)

e do próprio varejo

DE CARROS, MOTOS E UTILITÁRIOS 86 DISTRIBUIDORES A alta competitividade dita novas normas

para quem quiser ficar no negócio

ISSN 0101-4218 Diretor-Responsável João de Scantimburgo Editor-Chefe José Guilherme Rodrigues Ferreira Editores Carlos Ossamu e Domingos Zamagna Chefia de Reportagem José Maria dos Santos Editor de Fotografia Alex Ribeiro Pesquisa de Imagem Mirian Pimentel Editor de Arte José Coelho Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Boa Vista, 51, 6º andar CEP 01014-911 PABX (011) 3244-3030 REDAÇÃO (011) 3244-3055 FAX (011) 3244-3046 www.dcomercio.com.br

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DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS 96 DISTRIBUIDORES Segmentos de pesados, pneus e

autopeças recuperam o terreno perdido

102 FRANQUIAS Mesmo quando a crise derrubou toda a economia, elas seguiram em frente, com robusto crescimento

112 ATACADO O elo entre a indústria e o varejo investe na melhoria dos serviços EXTERIOR 124 COMÉRCIO Demanda em alta e dólar em baixa

ameaçam jogar o saldo comercial no vermelho

CENTERS 142 SHOPPING Saturação está longe, garantem os especialistas.

As oportunidades ainda são grandes


CONHEÇA AS EMPRESAS PREMIADAS

As companhias que se destacaram como as maiores nos rankings da presente edição contam suas realizações e projetos

52

B2W

58

Lojas Americanas

63

Pague Menos

66

Riachuelo

76

Carrefour

92

Saga

98

Sotreq

134 EMPRESAS EM DESTAQUE Análise do Insper (ex-Ibmec) mostra as empresas que mais agregam valor. A campeã é a CST Comércio Exterior, controlada pela ArcelorMittal Tubarão (ex-CST)

108

AM/PM Mini Market

129

Trop

116

Makro

40 GUIA DE LEITURA Como compreender os rankings com os resultados de 1.054 companhias analisadas

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CENÁRIOS E PERSPECTIVAS

Otimismo sustentável Depois de um ano excepcional, empresários e consumidores esperam um 2011 contido, mas nem por isso pior Por Jaime Matos

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o dia 15 de novembro passado, Proclamação da República, um milhão de paulistanos abriram mão da habitual viagem de feriadão para ficar na cidade, com um programa definido: antecipar as compras de Natal. Durante todo o dia, essa multidão encheu a rua 25 de março, o maior centro de comércio organizado do Brasil, frequentado por todas as classes de renda. Dezesseis dias antes, também

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em São Paulo, fora inaugurado o Mais Shopping Largo 13. Na forma, um shopping center igual aos 50 que a cidade já tem. Na estrutura, um pouco diferente, pois das 400 lojas que abriga, 300 são convencionais e 100 outras reservadas ao pequeno comércio dedicado a mercadorias de baixo valor unitário. É divisão feita a régua e compasso, pois o Largo 13 do nome se refere a um dos locais mais dinâmicos de comércio estritamente popular do País, localizado no bairro de Santo Amaro, por onde trafegam diariamente 1,3 milhão de pessoas, todas das classes emergentes – e foi exclusivamente para elas que o shopping foi projetado. As duas cenas ilustram com perfeição o momento que o comércio brasileiro, especialmente o varejo, está vivendo. A primeira mostra a disposição geral da população de fazer deste Natal um dos mais gordos da história, coroando um ano excepcionalmente movimentado; a segunda mostra quem são os donos da festa – os segmentos C e D de renda, que compõem a chamada “nova classe média brasileira” e são a maioria dos brasileiros. Neste ano de 2010, há otimismo dentro e fora dos balcões. O ânimo dos que estão fora,


PAULO PINTO/AGÊNCIA ESTADO/AE

Rua 25 de março, São Paulo, no feriado de 15 de novembro: antecipação do Natal os compradores, pode ser medido pelo Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que revelava, no início de novembro, que essa sensação chegara ao ponto mais alto – 120,7 pontos sobre base fixa de 100 – desde que foi criado, em 2001. Para a formação do índice, os entrevistados dizem o que esperam em alta dos preços, desemprego, variação na renda pessoal e na situação financeira e endividamento, e contam se têm perspectivas de comprar bens de maior valor. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chancelam a euforia: até setembro o comércio varejista crescia 11,4%, praticamente garantindo que fechará o ano com expansão de 10%. Do lado de dentro dos balcões, onde estão os vendedores, o entusiasmo não é menor. Todos os canais de vendas, dos tradicionais aos contemporâneos, têm o que festejar, antevendo expansão de dois dígitos dos negócios. “Numa economia em crescimento, todos correm juntos. Esse é o cenário dos últimos três anos e deve permanecer assim por mais al-

guns”, diz Marcel Solimeo, economista-chefe e superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Só em períodos de estagnação é que, para alguém crescer, tem de empurrar o outro do banquinho.” Comecemos pela forma mais antiga de vender, aquela do olho no olho. A Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas, por exemplo, está confirmando suas melhores expectativas. Até setembro, o faturamento por esse meio somava R$ 18,6 bilhões, 19% a mais que no mesmo período do ano passado, virtualmente garantindo que neste ano as vendas suplantarão as de 2009, de R$ 21,8 bilhões. Outro nicho, outrora chique, agora incorporado ao rol dos tradicionais, o dos shopping centers, deve fechar o ano com vendas de R$ 79,5 bilhões, 12% superiores aos R$ 71 bilhões do ano passado. Ao contrário de análises que dão o segmento como saturado, o que se nota é o contrário, isto é, a demanda por pontos é maior que a oferta. Tanto que algumas franquias, especialmente da área de alimentação, sem encontrar espaço neles, têm DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 9


procurado pontos não convencionais – ou se contentam em abrir quiosques dentro de supermercados, em centros ou galerias comerciais, universidades, aeroportos e rodoviárias. Aproximam-se também dos postos de gasolina, locais onde reina a AM/PM Mini Market, que já distribuiu 963 franquias pelo Brasil e projeta inaugurar outras 300 em 2011. A diversificação é coisa de ocasião, mas abre campos que não devem ser menosprezados. “A maior venda por metro quadrado de chope no mundo é em um quiosque (de 15 metros quadrados) na estação da Central

Mais Shopping Largo 13: ponto focal em região por onde trafegam 1,3 milhão de pessoas diariamente

do Brasil, no Rio: 18 mil litros por mês”, conta João Paulo Badaró, diretor de desenvolvimento de mercado da AmBev. “Isso significa três vezes o que vende o bar mais movimentado da Vila Madalena (quarteirão boêmio de São Paulo frequentado pelas classes A e B) ou 1,5 vez o Bar Brahma (tradicionalíssima casa do centro de São Paulo). Na ponta dos meios mais modernos, floresce o e-commerce, que estima produzir um movimento de R$ 14,5 bilhões em 2010, 36,8% acima do realizado no ano passado, com uma base de clientes ampliada de 17,6 milhões de internautas no ano passado para 23 milhões agora. Não vai parar por aí, pois o grande e

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médio varejo tradicional, se ainda não tem o serviço, acelera preparativos para aderir a ele. A explosiva expansão do comércio on-line até o momento não tem prejudicado seu antecessor, o call center. Segundo a Associação Brasileira de Telesserviços, as vendas deste ano baterão nos R$ 6 bilhões, mantendo o crescimento médio dos últimos anos, de 10%. Inadimplência sob controle O atual cenário é resultado de um alinhamento perfeito dos astros, cujo componente DIVULGAÇÃO/MAIS SHOPPING LARGO 13 fundamental é a estabilidade da moeda. Pela primeira vez em sua história, o Brasil tem um período tão longo, 16 anos, sem se preocupar com inflação. Outro anteparo poderoso é o bônus demográfico. O País, também pela primeira vez, tem mais gente na População Economicamente Ativa (PEA), a que produz e paga as contas, que no grupo dos dependentes – os que não trabalham ainda (jovens até 14 anos) ou não trabalham mais (maiores de 65). É fermento na massa salarial, que foi de mais de R$ 1,18 trilhão em 2009 e neste ano deve crescer 6,5% reais, isto é, descontada a inflação. No ano passado, crescera 3,9%. Animadas pelo aquecimento da economia, as empresas estão empregando mais gente e pagando melhor. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho dão conta de que, até outubro, exatos 2.406.210 brasileiros conquistaram emprego com carteira assinada. O mesmo cadastro mostra que o salário médio real dos trabalhadores no momento da admissão, R$ 821,13 no primeiro semestre, era superior em 4,8% ao do primeiro semestre de 2009. O importante é que os benefícios da conjunção estabilidade/emprego/renda se espa-



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setor público, a inflação sob controle, reservas internacionais superiores à dívida interna – aliviando a área externa – e a posse do grau de investimento, que prova que o País é digno de crédito e honra seus compromissos. O peso dos tributos O comércio também espera continuidade no processo de crescimento. “Para este ano calculamos que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passe a casa dos 7% e que em 2011 seja de 5% – o que ainda é bastante expressivo, principalmente porque a população brasileira cresce a taxas baixas”, comenta Solimeo. “Com a economia crescendo a 5%, a oferta de emprego continuará, de forma que a massa salarial aumente de 5% a 6%. O que pode ocorrer é que a renda das camadas mais baixas, que deu saltos importantes, talvez agora comece a subir no mesmo nível que as demais.” Dos quesitos que determinam o consumo, ele prevê uma ligeira freada no crédito, cuja expansão pode baixar da faixa dos anos recentes, de 20% a 25%, para 15%. A taxa de juros “provavelmente já subiu o que tinha que subir” e os prazos longos dos crediários devem se manter assim, “ao menos enquanto houver esse cenário de economia em crescimento”. “Tudo isso permite esperar que o varejo cresça de 6% a 7% em 2011. É um bom crescimento, em cima de uma base que já se expandiu bastante, em 10%, que é a nossa hipótese para este ano”, explica. As dúvidas em relação ao futuro da economia no curto prazo são emanadas de Brasília. Embora as eleições não tenham interferido em nada nos negócios neste ano – mais um ponto a favor do Brasil, a comprovação de que a democracia é uma conquista consolidada –, as ações pretendidas pelo futuro governo na área econômica ainda não estão especificadas. A presidente eleita, Dilma Rousseff, pelo que foi dito na campanha eleitoral e pelos primeiros acenos de programa de governo,

chegará com propostas conflitantes. De um lado, o aumento dos gastos públicos, fator que anima a inflação; de outro, a promessa de mexer, para baixo, na taxa de juros – sendo que esse mecanismo tem sido historicamente o único que o Banco Central tem à mão para conter altas de preços. Ameaça concreta não vem de Brasília, mas dos governos estaduais. A maioria dos governadores eleitos – as exceções são seis, da oposição – pede em coro a ressurreição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), derrubada pelo Senado em 2007 sob a pressão DIVULGAÇÃO

de uma campanha que correu todo o País e uniu toda a sociedade. Novo imposto é má notícia, especialmente num ano em que a cobrança dos já existentes ganhou velocidade, e não há nenhum indício de que o governo esteja disposto a estudar seriamente a diminuição da carga total. No Impostômetro da ACSP, a chegada ao R$ 1 trilhão de impostos federais, estaduais e municipais arrecadados no ano foi registrada no dia 26 de outubro; em 2009, o valor fora atingido em 14 de dezembro, 49 dias mais tarde. “Grandes reformas, como a tributária e a trabalhista, creio que serão pouco prováveis a curto prazo. Aliás, classifico como nula a possibilidade de redução da carga tributária nos próximos anos”, afirma Maílson da Nóbrega.

O Impostômetro bate no R$ 1 trilhão: neste ano a chegada à marca foi antecipada

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Relação “ganha-ganha” Em um mercado que absorveu gente nova aos milhões, é preciso entender quem são os novos consumidores e saber mantê-los

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os últimos três anos, comprovadamente, 30 milhões de novos consumidores – o equivalente à população do Peru – acorreram ao comércio formal. “É constatação do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Aquele é o número de CPFs que não tinham aparecido antes nos registros e surgiram agora”, explica Marcel Solimeo, da ACSP. Quase todas essas pessoas são das classes C e D, hoje maioria na população brasileira – tanto em quantidade quanto no poder de compra (veja a tabela “Repartição do bolo”). A chegada desses emergentes ao consumo tem obrigado o varejo brasileiro a grandes exercícios de adaptação. Por estar definido que quem manda são eles, as empresas têm de alinhar suas estratégias às suas demandas, alerta Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, instituto criado há dez anos e voltado a investigar os hábitos das classes C, D e E. “Frente ao desafio do presente, há dois grupos de empresas. O primeiro é formado por aquelas que sempre trabalharam com as classes C e D – até porque, em boa parte, seus donos são eles próprios oriundos delas – para as quais é fácil prosperar nesse novo Brasil. O segundo, daquelas que sempre se voltaram

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às classes mais altas, terá de fazer um esforço sobre-humano para atingir esse povo.” Para esse segundo grupo, Meirelles alinha cinco recomendações: – Compreender a identidade das classes emergentes. Elas não têm inveja da Classe A, mas querem preservar seus próprios valores. – Aprender a valorizar e assumir a cultura dos emergentes. “Quem tentar ‘catequizá-los’ vai quebrar a cara.” – Não ter vergonha da popularização, e colocar gente qualificada para trabalhar com esse público. “Muitas vezes as empresas destacam seus piores executivos para trabalhar no segmento. É idiotice. Não tem de ter vergonha de fazer marketing para a maioria, desenvolver negócios para a maioria. E esses profissionais têm de ser ainda mais valorizados, inclusive com políticas de recursos humanos diferenciadas – é muito mais fácil qualificar alguém que veio da periferia do que fazer alguém que tem diploma da FGV entender a realidade do Brasil de verdade.” – Repensar o modo de trabalho: participar do dia a dia das comunidades e desenvolver estratégias em conjunto com o consumidor e os intermediários. “Muitas vezes só a área da empresa que atende o terceiro setor abre uma ação na periferia – lugar que deveria ser o principal laboratório para o desenvolvimento de novos produtos para as classes C e D.” – Ter como guia de práticas de sucesso para chegar ao consumidor popular: capilaridade, destinação do produto em locais de fácil acesso, clareza e didatismo na comunicação. “Nada de sacadinha publicitária. A empresa tem de se mostrar a esse consumidor como passaporte para a melhora da qualidade de vida dele, com prestação de


serviços e praticante não do preço mais baixo, mas do preço justo.” “O varejo tradicional está aprendendo, meio que na raça, a lidar com esse novo consumidor, que já chega à loja extremamente preparado”, diz Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza. Ele concorda que vendedores e lojas devem estar cada vez mais preparados e equipados para receber o que chama de neoconsumidores. Esse pessoal, não importa de que classse seja, entra numa loja tradicional muito bem informado sobre as tendências e o que pretende adquirir, pois pesquisou preços e marcas, por ter acesso à internet, TV interativa, telefone fixo e móvel. “A loja virtual está entre os três canais que mais vendem, quando não é o primeiro, dos principais varejistas. Por isso, tem empresa que possui quiosque com computadores dentro de suas lojas físicas, oferecendo suas ofertas virtuais.”

suas linhas de crédito, abriram mão deles para as grandes bandeiras. Nada contra terem feito isso, até porque tinham ali um patrimônio que não é seu negócio principal e, por outro lado, precisavam de capital. Mas nesse momento perderam todo o vínculo com o seu consumidor, porque sua política de crédito – que era um instrumento de fidelização – passou a ser dirigida por quem o comprou. O processo é inevitável, mas o problema é que não foi criado nenhum outro mecanismo para colocar no lugar.” O distanciamento começa aí, porque o consumidor brasiDIVULGAÇÃO leiro ganhou muita autonomia. Antes, era dependente de alguma loja que lhe desse crédito. Quando ganhou o cartão private label, passou a comprar na rede emissora, porque era lá que estava seu crédito. Com a expansão da oferta de crédito e o acirramento da concorrência, aquele consumidor ganhou acesso fácil a cartões Fidelização de bandeira, foi imfoi esquecida pelido a pegar cartões de outras lojas, Trazer o consuconquistou facilidamidor para dentro des para conseguir da loja para realinhas de crédito lizar uma solitápré-aprovado aberria venda não é o tas pelos bancos, A periferia deveria ser o principal bastante; é preciso para as quais basta laboratório para o desenvolvimento oferecer-lhe algo ir ao caixa eletrônide produtos para as classes C e D” mais, para que co e sacar. volte mais vezes, “Segundo nosRenato Meirelles, do Data Popular completa Paulo sas pesquisas, os Secches, presidenbrasileiros têm, em te da Officina Sophia, consultoria especiamédia, 1,7 cartão de crédito”, conta Secches. lizada em varejo. E esse ponto está sendo “E nas várias áreas do varejo que estudamos negligenciado pelas empresas, que man– têxtil, de eletroeletrônicos, alimentício – a têm uma “relação predadora” com o cliente gente encontra agora um consumidor que usa, quando deveriam estabelecer uma “relação em média, quatro lojas diferentes – ou, para de ganha-ganha”. Ele quer dizer que ninser mais exato, 3,8 – na mesma área de negóguém do ramo, nem os maiores players, está cios, quando sai às compras. Ou seja, vai pespensando seriamente em criar políticas de cando o que lhe é mais favorável em cada uma fidelização do consumidor. “Um dos eledelas”. A Riachuelo, embora não se queixe da mentos que tinham à mão no passado era perda de clientela fiel, já nota essa mobilidade. o cartão private label. Mas, à medida que As compras pagas ali com o cartão próprio – foram precisando de capital para aumentar uma base de 16,9 milhões de pessoas – estão DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 15


Com a ajuda da internet e outros meios modernos, o consumidor já chega à loja bem informado

diminuindo, de 57,5% do movimento total em 2009 para 54,2% neste ano. O espaço está sendo ocupado pelos cartões de bandeira, reconhece o controller Túlio Queiroz. Na opinião de Secches, o varejo em geral não vê com clareza esse novo humor do consumidor percebido por Queiroz. “Os empresários deveriam aproveitar este bom momento, que é decorrência do crescimento da economia, da formação desta grande classe média baixa no mercado e se preparar. Os negócios estão crescendo porque a economia está crescendo, esse mercado interno está em formação. Mas não se deve perder de vista que lá na frente pode haver períodos de vacas magras; então, deveriam criar formas de fidelizar esses milhões de consumidores que estão chegando ao mercado, para que, em períodos ruins, não tenham de se arriscar a destruir o negócio como forma de sobrevivência. O comércio agora tem de reconquistar o con-

sumidor a cada compra que ele faz. É uma guerra constante, ininterrupta, e tem custos altos. Suas armas são as promoções, e promoção é sinônimo de redução de margem.” O consultor acredita que, “no limite do limite”, possa se repetir aqui o que ocorreu no mercado americano, onde as promoções chegaram, no seu auge, a propor ao consumidor que comprasse determinada mercadoria a juro zero, para começar a pagar mais de um ano depois da compra. Ou quando os distribuidores de automóveis começaram a dar dinheiro de volta ao clientes. “Evidentemente, esse discurso hoje, no Brasil, é atemporal. Quando o varejo está nadando de braçada, dizer que pagará para segurar o consumidor pode parecer uma visão equivocada. Mas é uma visão do fim da estrada, isto é, aonde se vai chegar se for mantida a atual relação entre vendedor e consumidor.” JM Elsa Fiúza/ABr

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As Empresas Rodobens agradecem pelo reconhecimento que pode ser representado em gráficos e percebido na satisfação das pessoas.

Há mais de 60 anos trabalhamos para tornar a vida das pessoas mais fácil e melhor. São mais de 400 mil clientes, mais de 2 mil pontos de venda distribuídos no Brasil, Argentina e Chile, e mais de 6 mil colaboradores gerando serviços, produtos e atitudes inovadoras. Tudo isto, certamente contribuiu para sermos eleitos uma das empresas que mais se destacaram no setor do comércio em 2010, e somos gratos pelo reconhecimento. Mas, o nosso maior orgulho é continuar a cumprir a nossa missão de promover a garantia e o acesso a bens e serviços, concretizando sonhos.

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Criação de musculatura Desempenho brasileiro atiça a gula de concorrentes e investidores. O setor deve estar preparado para recebê-los

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lém dos arranjos internos que terão de fazer para enfrentar o novo ciclo de consumo instalado no Brasil, as empresas do varejo, pelo menos as maiores ou as que estão ganhando porte, precisarão cuidar de um ponto nevrálgico se quiserem mudar de patamar: sua capitalização. Por enquanto, o varejo brasileiro não tem presença marcante no planeta. Na mais recente edição do ranking “Os poderosos do varejo global”, no qual a consultoria Deloitte lista os 250 maiores do mundo na especialidade, aparecem apenas três redes nacionais: Pão de Açúcar (92º colocado), Casas Bahia (131º) – os dados utilizados são do ano fiscal de 2008, portanto, de antes da fusão – e Lojas Americanas (200º). Tomados apenas os dez maiores latino-americanos, as três dividem espaço com o Chile, com igual número de representantes e o México, com quatro. Mas não há dúvidas de que o Brasil está na mira da concorrência e dos investidores, uns e outros com apetite aguçado pela excepcional oportunidade que oferece o mercado de massa

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em fase adiantada de formação. Alguns players novos já estão instalados. Por exemplo, a chilena Cencosud, a maior varejista da América Latina, de acordo com aquele ranking da Deloitte (veja a tabela “Balcões bilionários”). Chegou em 2007, ao comprar do fundo Acon Investments o controle da G.Barbosa, de Sergipe, quinta rede de supermercados brasileira, conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Neste ano, começou sua expansão brasileira, inicialmente concentrada no Nordeste, via aquisições: em março, comprou a rede Família, do Ceará, e em abril a baiana Perini. Em outubro ampliou o raio geográfico, ao absorver a rede Bretas, de Minas Gerais, sétima do País. Com esses avanços, solidifica a presença do capital estrangeiro no negócio supermercadista. Das big 5 do ranking da Abras, quatro se enquadram no quesito. O líder Pão de Açúcar tem como sócio o grupo francês Casino; o primeiro e o segundo colocados, Carrefour e Walmart, que se dão muito bem no mercado brasileiro há 35 e 15 anos, respectivamente, são controlados por franceses e americanos; o quarto lugar, o G.Barbosa, com as aquisições recentes, alarga a distância que o separa do quinto, o gaúcho Zaffari, único grupo nacional do quinteto. Particularmente do ramo de supermercados, a chegada de concorrência direta é limitada, acredita Solimeo, da ACSP. “Fabricar automóvel é uma operação igual, aqui e nos Estados Unidos. Mas no comércio o investidor tem de se tropicalizar. Os grandes varejistas estrangeiros que já estão no Brasil, aos poucos foram se adaptando, não são mais uma reprodução fiel do que são em seus países de origem. Imagine um recém-chegado ouvir falar em cheque pré-datado. É uma realidade que vai acabar aceitando. Além disso, há redes brasileiras muitos fortes que desincentivam as tentativas”, diz.


Mas, no varejo em geral, as empresas já perceberam que precisam se armar para enfrentar a concorrência que fatalmente vai chegar ou, no limite, acumular ativos que as tornem interessantes se vierem a receber uma oferta de compra. Não por outro motivo aconteceram as fusões das paulistas Pão de Açúcar e Casas Bahia ou da mineira Ricardo Eletro e a baiana Insinuante – terceira e quarta maiores do segmento de eletroeletrônicos –, resultando na Máquina de Vendas. São casos de inspiração diferente: o primeiro, para que ambos os lados resguardassem uma hegemonia que poderia ser ameaçada no futuro; o segundo, para alargar a faixa geográfica de atuação. A Máquina de Vendas, a propósito, deixou clara a disposição de romper fronteiras, ao incorporar em junho a mato-grossense City Lar, garantindo presença em 23 estados mais o Distrito Federal e tornando-se a maior de seu ramo em cobertura nacional. Esses casos esquentaram no Brasil a discussão sobre a consolidação do setor via fusões, aquisições ou associações. O processo está em franco progresso, garantem as consultorias que acompanham o assunto – Deloitte, KPMG, Ernst & Young e outras. As operações são muitas; acontece que só as grandes ganham manchete. O mais recente levantamento sobre fusões e aquisições, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), cobrindo o período janeiro-setembro, mostra isso. Apesar de baixo volume – 1,2% de um bolo de R$ 144,8 bilhões, o setor varejista é o segundo em número de operações entre 19 setores de atividade, com 7,3% de um total de 94 negócios, vindo depois de agronegócio e energia (12,8% cada um). Ao contrário de outras áreas – a financeira, por exemplo –, o varejo não corre o risco de ficar extremamente concentrado. Sempre vai haver lugar para o pequeno comércio, até porque o pessoal do ramo tem extrema mobilidade de sair de um negócio e começar outro no dia seguinte. “Além disso, é preciso notar que o varejo, em nível mundial, tem a característica da regionalidade e no Brasil, graças à dispersão geográfica, essa característica é extremamente mais forte”, afirma Secches. “Vão existir sempre redes regionais muito fortes, o que já se percebe no mercado alimentício e mesmo no de eletrodomésticos. Os únicos limitadores para o crescimento desse varejo regional são gestão e capital.” É por serem supridores dessas duas necessi-

dades que os fundos de private equity têm sido recebidos no País com tapete vermelho e estão assumindo extrema relevância como apoiadores de projetos de expansão – para qualquer atividade econômica. O diferencial deles é que, embora não façam questão de controlar a empresa da qual ficam sócios – querem ter de 20% a 30% do capital –, não abrem mão da gestão. Assim, a companhia onde entram ganha rapidamente técnicas modernas que a colocarão a um nível de gestão semelhante ao dos princiDIVULGAÇÃO

O comércio agora tem de reconquistar o consumidor a cada compra que ele faz” Paulo Secches, da Officina Sophia pais players de seu setor. “Com isso, abreviouse violentamente aquela história tradicional de a gestão ir se aprimorando de geração a geração”, comenta Secches. A forma mais direta de financiar a expansão das empresas, a abertura de capital, não tem atraído muito os empresários do comércio. Do renascimento da Bolsa, em 2004, para cá, das 116 ofertas iniciais de ações (IPOs) realizadas, apenas cinco foram do setor. No total, há duas dezenas de companhias listadas no pregão. Nesse capítulo, chama a atenção o setor de farmácias e perfumarias, hoje representado na Bolsa pela Drogasil e a Dimed: três grandes redes – Pague Menos, Droga Raia e Drogaria São Paulo – anunciaram sua disposição em lançar papéis, sendo que a Raia já registrou sua oferta para análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). JM DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 19




CRÉDITO

Por enquanto, a evolução dos anos recentes permite entusiasmo apenas moderado quanto ao futuro do sistema Por Aluísio Alves

N

os últimos tempos, quase tudo que se fala sobre crédito no Brasil vem empacotado em superlativos. Os números são mesmo de impressionar. Segundo dados do Banco Central, em menos de uma década, a relação financiamento/ Produto Interno Bruto (PIB) dobrou, tendo ultrapassado a marca de R$ 1,3 trilhão em agosto. Mas quem vê diariamente a devastação deixada pela extrema liberalidade com a qual se concediam empréstimos nos Estados Unidos não consegue evitar o frio na espinha, por mais que se repita que a situação aqui é diferente. Afinal, o que está acontecendo no País é bom demais para ser verdade ou é a prova cabal de que a economia está chegando à idade adulta? Uma resposta muito assertiva neste momento provavelmente será precipitada. Mas uma análise cuidadosa e isenta das transformações vividas pelo País em quase duas décadas permite chegar a conclusões moderadamente po-

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FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR

Cautela com o superlativo sitivas. E também que alguns excessos já estão, sim, sendo cometidos. De forma geral, o Brasil desfruta de um alinhamento inédito dos astros macroeconômicos, que inclui período longo de estabilidade de preços, resistência a choques externos, juros nas mínimas históricas, aumento da renda e investimentos em alta, todos eles formando um cenário mais previsível, condição fundamental para o crédito prosperar. Mais recentemente, programas governamentais de transferência de renda e reformas microeconômicas, como a da consignação em folha de pagamento, aceleraram a tendência, beneficiando especialmente o mercado de consumo, que era justamente a perna fraca do crédito no País. Os resultados estão aparecendo com uma rapidez impressionante. Um estudo recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que, entre 2004 e 2009, o aumento dos financiamentos para o consumo das famílias foi responsável


Empréstimos para pessoa física dobraram em cinco anos

por 27% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Com isso, o crédito para pessoa física subiu de 7% para 14,7% do PIB. É um movimento que alguns especialistas comparam ao ocorrido nos Estados Unidos do pós-guerra, na década de 1940, que sedimentou uma sociedade de consumo que hoje é responsável por 70% das riquezas que o país produz. Os bancos, claro, enxergaram essa transformação estrutural. Para ganhar escala, ampliaram os meios de acesso a serviços financeiros como nunca, ofensiva que incluiu desde correspondentes bancários a agências em favelas e até barcos. O Bradesco saiu na frente, em 2009, chegando às duas maiores favelas do Rio e de São Paulo – Rocinha e Heliópolis, respectivamente –, seguido pelo Santander, que se instalou, neste ano, no Complexo do Alemão, no Rio, e vai ser seguido pelo Banco do Brasil, que anunciou em setembro que abrirá agências na Cidade de Deus e na Rocinha. No Amazonas, ainda o Bradesco inovou montando uma agência bancária em um barco – o DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 23


DIVULGAÇÃO

Agência do Bradesco na favela de Heliópolis, São Paulo: esforço para atrair clientes

Voyager III – que percorre o rio Solimões em viagens de sete dias, passando por 11 municípios onde vivem 50 comunidades ribeirinhas, num total de 210 mil pessoas. Com todo o esforço feito pelos bancos, em menos de uma década, a população com acesso a serviços bancários dobrou e o volume de contas correntes subiu de 64 milhões para 134 milhões. Naturalmente, essa transformação chegou também a toda a rede de serviços financeiros. A base de cartões de crédito – sem contar os de débito e os de redes ou lojas –, por exemplo, disparou inacreditáveis 370%, para 136 milhões de unidades no final de 2009, e deve fechar 2010 em 153,4 milhões, um crescimento de 13%. Resultado: uma sucessão de lucros recordes. De acordo com a consultoria Economática, Banco do Brasil (R$ 5,07 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 6,3 bilhões) e Bradesco (R$ 4,05 bilhões), os três maiores conglomerados financeiros do País, tiveram de janeiro a junho deste ano o semestre mais lucrativo da história de cada um. “Esses resultados estão em linha com a nova realidade econômica que o Brasil está vivendo”, disse Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, ao anunciar os números do período. Operações com folga Apostando que esse fenômeno é apenas o começo da correção das deficiências históricas da economia doméstica, os bancos fazem previsões entusiásticas para o futuro. O Bradesco, por exemplo, trabalha com a premissa de que cerca de 100 milhões de brasileiros ascenderão socialmente nos próximos 30 anos, o que abre um universo para expansão dos serviços fi-

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nanceiros. Um estudo contratado recentemente pela MasterCard endossa essa expectativa, ao revelar que apenas 46% da população das classes C e D tem acesso à rede bancária. De fato, mesmo com a escalada dos últimos anos, o crédito ainda é tímido no País, quando comparado às marcas de economias desenvolvidas, onde o estoque de financiamentos frequentemente supera 100% do PIB. Aqui, mesmo com o crédito crescendo ao passo de 20% a 30%, dobrando o índice nos últimos oito anos, essa relação ainda não chegou nem a 50%. Um dos casos mais notórios é o do financiamento imobiliário, que, embora venha crescendo no ritmo de 50% ao ano, ainda representa 3,5% do PIB. Outro fundamento vital para medir a saúde do setor, a qualidade dos empréstimos é no momento um trunfo dos bancos. Mesmo com o crédito crescendo em ritmo chinês, a inadimplência, representada pelo saldo de operações em atraso com prazo superior a 90 dias, era de 4,8% em agosto, uma queda de 1,1 ponto percentual em relação ao do mesmo período de um ano antes, segundo número do Banco Central. “A explicação para esse paradoxo é que o motor de crescimento da carteira dos bancos se deu nas linhas consideradas mais seguras, caso do consignado, do financiamento imobiliário e para compra de automóveis”, diz Marcio Percival, vice-presidente financeiro da Caixa Econômica Federal. E, escaldado com a sucessão de crises das décadas de 1980 e 1990, que castigaram o setor financeiro, o próprio sistema se acostumou a operar com folga para enfrentar momentos de revés. Os níveis de alavancagem do setor, calculados pelo volume de financiamentos em


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Distribuidora Automotiva.

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relação ao patrimônio líquido, giram abaixo Foi correto no ano passado, mas já está se esde dez vezes no Brasil, menos da metade da gotando”, diz Frota Salles, da RiskBank. média de países ricos, como os Estados UniA crítica mais recorrente contra essa esdos. O índice de Basileia, padrão internaciotratégia diz respeito às sucessivas injeções nal da capitalização dos bancos, está na casa de recursos do Tesouro Nacional em bancos de 16%, acima do piso de 11% requerido pelo como o BNDES e a Caixa Econômica FedeBanco Central e do piso mundial de 8%. “Não ral, de forma a dar suporte à expansão de chegou sequer o moseus financiamentos, PAULO BRASIL mento de acender a que crescem 50% ao luz amarela no crédiano, o dobro da méto”, assegura Octavio dia do sistema. Só nos de Barros, economistaúltimos 12 meses, eschefe do Bradesco. sas duas instituições Então, qual é o já receberam cerca de problema? Um dos R$ 200 bilhões. Não pontos de discórdia é é para menos. Em a extensão da resposdois anos, a carteira ta estatal aos efeitos do BNDES cresceu da crise financeira de 75%. Já a Caixa vem 2008, que levou boa dobrando o tamanho parte do planeta para da carteira a cada 18 a recessão. Para evitar meses, em média. que o medo de conta“Isso está criando minação internacional uma clara assimetria travasse também a no mercado, com os economia brasileira, bancos estatais podeno governo federal fez do se expor mais, sem seus bancos baixarem ter o risco de quebrar, Bancos estatais podem se expor os juros, na contramão porque sempre têm o mais, sem ter o risco de quebrar” do que fizeram as insgoverno como garantituições privadas. tidor de última instânRafael Guedes, da Fitch Ratings Inicialmente elogiacia”, diz Rafael Guedo, esse movimento, des, diretor da agência que fez com que o País não caísse em recesde classificação de risco Fitch Ratings. são, agora vem recebendo críticas dos que consideram que o governo se empolgou com Inadimplência natural o resultado e está indo longe demais. Os números são reveladores. A participação estatal Um dos temores de especialistas do setor no crédito, que era de 34% em setembro de é que o governo esteja fazendo os bancos pú2008, chegou a 42% em agosto último. Enblicos correrem rápido demais, o que poderia quanto isso, a fatia dos bancos privados nainflar as carteiras sem o devido rigor, convicionais encolheu de 44,5% para 40%, e a dos dando uma piora futura no perfil dos finanestrangeiros caiu de 21% para 17,7%. “O gociamentos. De quebra, os bancos privados esverno não pode continuar com essa política. tariam também se arriscando um pouco mais

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rafael guedes

para não perder exacerbado, que pode participação, criangerar distorções”, alerdo uma dinâmica tou recentemente a viperigosa no mercace-presidente sênior da do. Isso traria efeitos agência de classificação não apenas sobre a de risco Moody’s, Masolidez das instituiria Celina Vansetti-Huções, mas também à tchins. “Será que não rentabilidade. estamos crescendo rápiEm agosto, o custo do demais e caminhanmédio dos empréstido para uma bolha?” mos para as famílias Em público, bolha atingira o patamar ainda soa como palamais baixo da série vrão nas declarações histórica iniciada em públicas dos bancos. 1994, segundo o BanMas eles sabem que co Central. Por entêm de estar prontos quanto, a queda nas para viradas abruptas margens tem sido de cenário, que costuNão chegou sequer o momento de compensada pelo mam chegar sem aviso. acender a luz amarela” aumento da escala. Mesmo sem isso, saOctavio de Barros, do Bradesco Mas a expectativa é bem que a queda subsde que a rentabilidatancial dos calotes em de sobre o patrimônio, que hoje gira entre 20% parte é fruto de um efeito matemático que e 30%, entre os maiores das Américas, segunnão vai durar por muito tempo. do a Economática, caia para a faixa de 15% nos “É simples: o crédito cresceu muito rápido. próximos anos, na média internacional. Com o tempo, a inadimplência sobe naturalNos últimos meses, luzes de alerta passaram mente”, diz Frota Salles, da RiskBank, enfatia piscar. Uma delas foi acesa pelo próprio Banzando as carteiras de mais longo prazo, como co Central, em seu último relatório semestral a de empréstimos imobiliários. Esse raciocínio de estabilidade financeira. Diz a autoridade também foi enfatizado pelo Banco Central em monetária que “a entrada de novos clientes e o seu relatório “O alongamento da carteira tem alongamento de prazos são fatores positivos ... resultado em maior necessidade de provisão à (mas) representam desafios adicionais aos momedida que a carteira envelhece”. delos de concessão (...) das instituições, pela incipiência de histórico creditício e menor”. Em outras palavras, um percentual significativo dos novos tomadores pode estar chegando ao mercado sem educação financeira adequada, o que resulta muitas vezes em assumir dívidas em volume superior à capacidade de pagamento. Essa evolução ganha contornos mais críticos quando o Banco Central aponta que nos últimos quatro anos o número de famílias com algum tipo de dívida aumentou de 25% para 39%. E que hoje praticamente um quarto da renda da população é consumida com o pagamento de prestações. Momentaneamente, nada indica uma reversão de tendência. Ao contrário. Medição feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) concluiu que o nível de confiança do consumidor brasileiro no terceiro trimestre voltou a crescer, aproximando-se do recorde histórico, revelando que a disposição das famílias é de continuar comprando. “Existe a preocupação com o ânimo DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 27


CAPITALIZAÇÃO I

Consolidação em marcha O processo de fortalecimento das companhias foi retomado, por vários meios. Só um repique da crise internacional poderá detê-lo

Por Luiz Sérgio Guimarães

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ão foi por mero capricho do calendário que 2010 começou sob o impacto da megaoperação que uniu dois gigantes varejistas, Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia. O ano estava mesmo predestinado a surpreender. O festejado crescimento da economia em torno de 7% não foi, contudo, uma bênção isenta de sacrifícios e desafios. Ao setor varejista, os caminhos indicados pelo movimento de consolidação iniciado antes da crise financeira global de 2008/2009 pareciam todos íngremes. As empresas tinham diante de si um cenário que não admitia acomodações: ou buscavam fórmulas rápidas de crescimento ou corriam o risco de perder mercado de maneira irrecuperável, ou mesmo de se desnacionalizarem. Os meios de se capitalizar para crescer pareciam, no entanto, algo assustador a um setor acostumado à gestão familiar: fusão ou aquisição entre empresas nacionais de portes variados, mercados semelhantes e interesses geográficos complementares; contratação de financiamento junto a instituições especializadas na concessão de crédito de longo prazo, em reais ou em dólares; aceitação de um sócio, como os fundos private equity; abertura de capital ou venda a grupos estrangeiros. Todas essas vias não são excludentes.

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Muitas vezes a opção de juntar forças com o antigo (e conhecido) concorrente para enfrentar competidores desconhecidos parece ser a mais fácil. Nem tanto. Anunciada em dezembro de 2009, a associação da Casas Bahia ao Pão de Açúcar/Globex só foi concluída seis meses depois. Mas a revisão do acordo original, feita em julho, não esmaeceu o brilho da operação. Ela teve para o varejo a mesma dimensão transformadora que a compra do Unibanco pelo Itaú teve para o setor financeiro, que a da Sadia pela Perdigão para o de alimentos industriais e que a da Antarctica pela Brahma para o de bebidas. Mostrou que, em compasso com o crescimento exuberante do Brasil, o varejo acompanhava a ebulição, se armando para enfrentar a concorrência externa. Se foi a maior – ao criar um gigante varejista com faturamento bruto anual acima de R$ 18,5 bilhões –, aquela associação não foi a única a empolgar o setor. Em março, foi criada a Máquina de Vendas a partir da união entre a Ricardo Eletro e a Insinuante. Logo depois, o Magazine Luiza, rede com sede na cidade de Franca (SP) e 70 lojas em São Paulo, anunciou a aquisição da Lojas Maia, especialista em vender para as classes C e D do Nordeste brasileiro. Hoje presente em 16 estados, o Magazine Luiza quer ter cada vez mais uma ativa presença nacional. Seu faturamento em 2010 já passa de R$ 5,8 bilhões.


A alternativa da fusão entre concorrentes geralmente evita a necessidade de vender parte do negócio para fundos private equity, cuja presença, cada vez mais eloquente, não pode ser ignorada. Segundo as estatísticas da associação mundial do setor (a Emerging Markets Private Equity Association), no primeiro semestre de 2010 os fundos investiram US$ 1,5 bilhão no Brasil, o triplo do desembolso realizado em 2009. Levantamento da PricewaterhouseCoopers mostra que ao final deste ano terão se associado a 570 empresas e que a participação deles em operações de fusões e aquisições vem crescendo ano a ano: de 11% das transações em 2006 para 42% em 2010. E os fundos ainda têm muito dinheiro em caixa para aplicar. Do estoque captado globalmente até 2009 para ser aplicado aqui, US$ 34 bilhões, ainda restam US$ 13,6 bilhões no aguardo da oportunidade certa. Até o ano passado, os private equity davam ênfase a operações em setores estratégicos, distribuindo-se por tecnologia da informação, mineração, alimentos e bebidas. Depois o horizonte de interesses foi alargado até permitir a incorporação de logística e infraestrutura. A bola da vez de 2010 são os segmentos de varejo e serviços.

Exemplos recentes de negócios significativos não faltam. O BTG Pactual participa de três operações varejistas (as redes de postos Via Brasil e Aster e a empresa franqueadora da rede de drogarias Farmais). A Gávea Investimentos e a Pragma adquiriram porção do capital da Droga Raia. E o Capital Group detém 12% do Magazine Luiza. Um exemplo interessante de uma forma de atuação que combina private e capital estrangeiro pode ser colhido em uma operação realizada pelo Acon Investments. Esse fundo americano assumiu posição importante na estrutura acionária da GBarbosa, maior rede de supermercados de Sergipe e a quarta maior do País e, no final de 2007, decidiu vendê-la, por US$ 380 milhões mais repasse de dívida de US$ 50 milhões, para a chilena Cencosud, líder do varejo na América Latina, segundo “Os poderosos do varejo global”, ranking preparado pela Deloitte. Depois disso, o Acon emite sinais de que deseja voltar a atuar na área de supermercados. A busca de oportunidades de negócios não se restringe aos grandes centros. Pro-

divulgação

Capital vem com gestão

va disso foi o investimento de R$ 100 milhões feito em setembro pela Actis, um fundo global especializado em mercados emergentes, na Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD), rede paranaense de supermercados com sede em Maringá. A CSD é uma das três maiores empresas deste segmento no Paraná e uma das 25 maiores redes supermercadistas do País. Barbosa, da Proinvest, diz que os fundos de private equity mostram grande interesse nos setores voltados para o atendimento das classes C e D. Os segmentos objeto de grandes demandas, cujo processo de consolidação ainda

Terceira onda deverá ser a expansão das varejistas brasileiras no exterior” Reynaldo Awad Saad, da Deloitte

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KEINY ANDRADE/AGÊNCIA ESTADO/AE

Abílio Diniz (Pão de Açúcar) e Michael Klein (Casas Bahia), agentes de uma operação transformadora para o varejo

está no início, como o de venda de materiais de construção, são os mais atraentes para esses investidores de longo prazo, que atuam de duas formas: ou assumem logo o controle da empresa ou adquirem fatia considerável do capital. Em um ou outro caso, sua chegada faz grande diferença, pois não trazem apenas dinheiro, mas também qualidade de gestão às companhias a que se associam. Costumam ficar no negócio de cinco a seis anos e saem dele por meio da venda pura e simples ou depois de consolidá-lo: promovem fusões com mais algumas empresas do segmento, formando uma companhia-mãe com escala que a credencie a candidatar-se à abertura de capital na Bolsa. O executivo enfatiza que, após a megacaptação feita pela Petrobras, o mercado voltou a se motivar para novas IPOs. Mas só são candidatas as empresas com porte para

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exibir uma abertura em torno de US$ 1 bilhão. As pequenas e médias varejistas ainda não têm vez no mercado de ações. Os fundos olham muito para os segmentos cuja consolidação não atingiu o estágio de saturação, como parece ser o caso dos supermercados. “Mas há ainda muitos ramos passíveis de consolidação. Posso citar os de material de construção, varejo de roupas, lojas de móveis, farmácias. São segmentos que ainda precisam ganhar escala”, diz Barbosa. Mas, se a opção do varejista para enfrentar os novos tempos for a tomada de recursos de longo prazo, dinheiro a juro barato não será problema. Os desembolsos do BNDES para os setores de comércio e serviços cresceram em 2009 mais do que a expansão constatada no total destinado aos vários segmentos da economia. Eles subiram de R$ 11,17 bilhões em 2008 para R$ 17,36 bilhões em 2009, uma


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alta de 55,42%, enquanto os desembolsos totais do BNDES evoluíram 50%, de R$ 90,88 bilhões para R$ 136,36 bilhões. O banco estatal financia qualquer quantia por prazos longos: após dois anos de carência, o empresário terá de cinco a sete anos para saldar o débito. O custo é composto por TJLP mais spreads e taxas de juros, mas não supera 10%. Os fundos de private equity também são financiadores de longo prazo, mas o aporte mínimo frequentemente não é inferior a R$ 40 milhões, o que limita o universo de pretendentes. Blindagem à ofensiva externa De acordo com Reynaldo Awad Saad, sócio-líder da consultoria Deloitte para o setor de varejo, a onda de fusões e aquisições, que atualmente tem sua crista mais vistosa no setor comercial, não difere muito, no seu cerne, da busca empreendida por outros setores pela ampliação do mercado e criação de volumes de escala, a integração de estru-

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turas produtivas visando à sinergia operacional, a redução de custos e consequente melhoria de rentabilidade. Como exemplo, pode-se citar que a integração dos negócios do Grupo Pão de Açúcar/Ponto Frio com a Casas Bahia irá gerar sinergias de no mínimo R$ 4 bilhões e de no máximo R$ 7 bilhões, segundo estimativas dos executivos das próprias empresas. Mas há aspectos que diferenciam a consolidação do comércio à dos demais setores. O processo está acontecendo tardiamente em relação aos outros e num momento em que os líderes empresariais do mundo estão ávidos por descobrir novos mercados com vasto potencial de crescimento. Entre os países emergentes com grandes mercados domésticos, o Brasil é hoje o mais atraente. Trata-se de país continental que cresce sem inflação, com contas públicas exibindo superávit primário, sólida democracia multipartidária e sob a égide de uma moeda forte. A consolidação pode ser vista então como uma reação dos grupos locais à cobiça dos grandes grupos externos. Ao se associarem regional e nacionalmente, as empresas domésticas não objetivam apenas a expansão em seus mercados de origem, mas também erguer uma blindagem contra as ofensivas externas. Normalmente, para ter condições de competir com atores externos, os grupos nacionais precisam antes ganhar escala em volume de vendas em todo o território. Só assim conseguirão exibir músculos intimidadores. “A quantidade de pontos de venda precisa ser significativa para atrapalhar as pretensões dos concorrentes estrangeiros”, diz Saad. Ele viu confirmadas nos nove primeiros anos de 2010 suas expectativas para o ano. Segundo Saad, o vigoroso processo de fusões, aquisições, expansões e capitalização do setor varejista verificado neste ano é resultado de uma série de movimentos que vêm ocorrendo há alguns anos. Em sintonia com os eventos macroeconômicos, o movimento mais geral de consolidação da atividade comercial – entendida na sua acepção mais abrangente como as operações de fusões e aquisições, mas também os investimentos para expansão e as capitalizações – adquiriu um ritmo acelerado entre 2006 e 2008. O momento foi caracterizado, lembra o sócio da Deloitte, pela abertura de lojas no Nordeste e Norte do País e por investimentos em novos formatos para atender às demandas específicas


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desse público. Mas, por causa das incertezas impostas pelo turbulento cenário econômico mundial, no primeiro semestre de 2009 os projetos e negócios sofreram uma paralisação. “A cena externa nebulosa reduziu os fluxos financeiros internacionais para o País. Como consequência, registrouse uma queda de 5% no número de fusões e aquisições”, explica Saad. Mesmo com o panorama ruim, o setor de comércio foi um dos poucos que cresceram em 2009, graças à retomada verificada no segundo semestre daquele ano. A partir da expectativa de recuperação rápida do crescimento econômico e dos sinais de que novas oportunidades estavam surgindo, o comércio varejista ingressou naquilo que

o especialista chama de “segunda onda de negócios”. Passou a ter relevância estratégica, por exemplo, o incremento dos negócios varejistas em promissoras cidades do interior brasileiro. “As pequenas cidades apresentam crescimento econômico acima da média brasileira”, diz Saad. A razão primordial é que a migração da população dos grandes centros para o interior tem alavancado a renda e as oportunidades em diversas pequenas cidades. Num desdobramento significativo da conjuntura, que conciliava expansão da renda e do crédito, criação de um mercado interno de massa, florescimento das cidades do interior e falta de boas oportunidades internacionais decorrente dos ajustes externos à crise global, deve-se salientar um ponto fundamental: a entrada de participantes externos desencadeou um processo de maior concorrência interna e de modernização operacional nos diversos segmen-

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tos do varejo. Nesse processo, destaca o consultor, podem-se inserir os movimentos típicos de fusões e aquisições destinados a permitir a aquisição de redes, inclusive de porte médio, e de supermercados populares localizados na periferia, com opções de pontos comerciais e presença de grande número de pequenos varejistas. Saad lembra que, nesse período, as aquisições buscaram a utilização de bandeiras diferentes, visando alcançar públicos específicos. A vinda da “terceira onda” O movimento que o consultor define como sendo a “terceira onda” deverá ser a expansão das varejistas brasileiras no exterior. As recentes consolidações da atividade criaram robustas empresas competitivas globalmente. Elas já se sentem aptas a assumir riscos maiores derivados da expansão para outros países. Na visão de Saad, países como a África do Sul, Angola, Portugal, Chile, Peru, México, Colômbia e Argentina poderão ser alvos da ofensiva brasileira. Mas será visto com naturalidade o adiamento desta terceira onda se persistirem irrecusáveis os atrativos do impressionante crescimento doméstico. Essa expansão não esgota as oportunidades de crescimento do comércio nas regiões mais afastadas dos grandes centros, sendo que a força da atividade viabiliza a entrada de novos players, como os estrangeiros e os pequenos varejistas. Enquanto o consumo doméstico apresentar nível de atividade mais intenso que em outros países e enquanto demorar a retomada aos níveis anteriores à crise mundial nos Estados Unidos e na Europa, investidores estrangeiros e varejistas de variados portes deverão concentrar seu foco local, como estratégia de competição e ganho de mercado, na introdução de inovações. E não se pode esquecer que, neste momento, grandes varejistas que já realizaram os seus investimentos estão no aguardo de sua maturação e no retorno que proporcionarão para só então avançar em novos negócios. “Cabe ressaltar que, no segmento de supermercados, há potencial para uma nova onda de fusões e aquisições, devido à baixa concentração do setor em nível regional”, prevê Saad. No entender de Paulo Barbosa, da Proinvest, apenas um forte repique na crise externa poderá, em 2011, suavizar o movimento de consolidação do varejo.


CAPITALIZAÇÃO Ii

Presença ainda tímida

São poucas as empresas comerciais listadas na Bolsa, das quais quatro se sobressaem. Mas há espaço no mercado para muitas mais Por Lucia Rebouças

C

om a expansão do varejo brasileiro nos últimos anos, as ações das empresas comerciais ganharam visibilidade no pregão da Bolsa. E como o setor responde com muita velocidade ao desempenho da economia, tal visibilidade deve permanecer, e mesmo aumentar – já que o cenário atual, na opinião corrente de economistas e analistas, faz prenunciar crescimento e investimento sustentável no mínimo para os próximos dois anos. Neste ano, as ações daquelas empresas entraram em ritmo de alta, com os papéis se valorizando acima do Ibovespa – o principal indicador de preços da BM&FBovespa. Em 2009 ocorrera coisa parecida: de 13 companhias do ramo examinadas pela consultoria Economática, 11 suplantaram os 82,7 cravados por aquele indicador, sendo que a campeã foi a Lojas Marisa ON, com valorização de 252,3% (veja a tabela “Acima da média”). Para Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, o comércio varejista, além do papel fundamental que tem no desenvolvimento do País, por apresentar uma grande capacidade de geração de emprego, é sério candidato a ampliar a representação na Bolsa, atualmente defendida por um bloco de 20 companhias. “Vemos o varejo como um dos setores com maior potencialidade para ter mais empresas listadas a curto e médio prazos”, afirma. Ele não descarta a possibilidade até de o co-

mércio ganhar um índice próprio no futuro, já que é política da Bolsa estudar constantemente o desenvolvimento de indicadores específicos. “Se for viável, podemos criar um indicador que contemple as ações de varejo”, diz. DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 35


DIVULGAÇÃO

Até o início de novembro, indicador das companhias ligadas ao consumo se mantinha no topo

Um dos projetos de médio prazo que recebem mais atenção da Bolsa atualmente é o de expandir em 50% o número de empresas negociadas no seu pregão até 2014. Na opinião do presidente da Bolsa, a área de comércio já reúne razoável número de companhias aptas a uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), contribuindo nesse esforço de forma significativa. “O setor não só tem grandes companhias com potencial para fazer captações maiores e aderir ao Novo Mercado, como também empresas menores que podem utilizar a categoria de listagem, Bovespa Mais, que oferece condições para que a empresa faça uma oferta inicial de ações menor.” Por enquanto, o único segmento que está se movimentando em direção à abertura de capital é o de Farmácias e perfumarias (veja também “Na fila para a Bolsa”, na presente edição). Atualmente o peso do varejo na Bolsa não é grande, de acordo com Renato Prado, analista da Fator Corretora. A carteira do Ibovespa tem quatro representantes do setor – B2W, Lojas Americanas, Lojas Renner e Pão de Açúcar –, mas seu peso no índice é modesto, de 3,9%, na carteira válida em novembro. O maior é Lojas Americanas PN, cuja participação era de 1,28%. Prado acredita, no entanto, que a participação poderá aumentar na medida em que as empresas ganhem mais visibilidade com aumento da liquidez. No Índice de Consumo (Icon), indicador

36 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

mais novo – criado em 2007 com o objetivo de medir o comportamento das empresas representativas dos setores de consumo cíclico e não cíclico –, as ações das mesmas quatro companhias ganham um peso mais expressivo, totalizando 17,8%, também na carteira de novembro. A maior participação ali é do Pão de Açúcar (6,38%) e a menor, da B2W (1,3%). Até novembro (dia 8) o Icon era o segundo indicador em importância da Bolsa, com valorização de 23,4%, frente a 5,9% do Ibovespa. É a bola da vez As projeções de analistas pintam um “cenário róseo” para o comércio, como afirma Harold Thaú, sócio da consultoria Técnica Assessoria de Mercado de Capitais. Já Marcelo Varejão, analista da Socopa Corretora, acredita que as ações de empresas focadas no mercado interno, entre as quais as da área do comércio, são a bola da vez na Bolsa. “Estamos passando por um ciclo de crescimento e investimento sustentável, com queda do desemprego, aumento da renda da população, com a ascensão de classes sociais que não estavam inseridas no mercado de consumo”, enumera. “E as empresas, de modo geral, têm mostrando crescimento consistente e melhora da estabilidade”, completa Cauê de Campos, analista de varejo da SLW Corretora – que trabalha com um cenário de taxa de emprego igual a 7,3% para



2010 e de 7,4% para 2011 e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,3% para este ano e de 4,5% para 2011. O comércio na Bolsa, porém, esbarra num problema que pode atrapalhar o aumento de seu volume de negócios no pregão: o free float (total de ações no mercado) ainda é estreito entre várias das representantes do setor. O exemplo mais radical é o da Globex. A empresa só possui ações ordinárias, o que teoricamente a credencia à listagem no Novo Mercado, mas tem apenas 1,7% de seus papéis no pregão, enquanto o mais avançado nível de boas práticas de governança corporativa determina que as empresas tenham

Renner, Marisa e Pão de Açúcar – superou R$ 2 bilhões, com uma expansão média de 12,6% em relação ao primeiro semestre de 2009. As campeãs de crescimento foram Lojas Marisa, cujo Ebitda, de R$ 161,3 milhões, cresceu 67% no período examinado, e Lojas Renner, com R$ 232,6 milhões e aumento de 65,1%. Ainda segundo o estudo, a rentabilidade patrimonial, a taxa que mede o retorno do capital investido, das empresas analisadas ficou em 5,3%, abaixo da média de todos os setores, de 7,5%. Mesmo assim, superou aplicações em títulos de renda fixa, como o CDI, que rendeu 4,29% no mesmo período. Individualmente, no entanto, muitas apresentaram taxas de EPITÁCIO PESSOA/AGÊNCIA ESTADO/AE

Lojas Renner: resultados robustos e um audacioso projeto de expansão

um mínimo de 25% das ações circulando. “Com esse nível não dá para recomendar as ações da Globex, elas não têm nenhuma liquidez”, diz Varejão. Essa situação vai continuar por mais de um ano. Em setembro, o Pão de Açúcar anunciou que antes de 2012 não levará a companhia – guarda-chuva que abriga Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro, já chamado Nova Globex – ao mercado. A prioridade para 2011 é integrar os negócios do grupo e da Casas Bahia, tarefa que demandará o ano todo, calculam os executivos, dado o gigantismo das duas estruturas. Para o sócio da Técnica, o setor de comércio tende a crescer mais que o Produto Interno Bruto (PIB), e isso se refletirá em alta nos preços das ações. De acordo com estudo da consultoria, no primeiro semestre deste ano, um dos principais indicadores de desempenho das ações, o Ebitda (fluxo operacional de caixa), das oito empresas que acompanha – B2W, Drogasil, Globex, Grazziotin, Lojas Americanas, Lojas

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retorno bem mais elevadas que a do CDI. A maior delas foi Lojas Renner, com 14%, seguida por Lojas Americanas, com 13,5%. Mais recomendadas Entre os segmentos do comércio, vestuário e eletrodomésticos são os de maior potencial de crescimento, na avaliação de Campos, da SLW. Quanto às companhias individualmente, as ações de Lojas Renner, Lojas Americanas e Pão de Açúcar estão entre nove das dez mais recomendadas no setor. Conforme o levantamento da Economática, a Lojas Renner, empresa do Novo Mercado que só negocia ações ordinárias (ON), valorizou-se 154,3% em 2009. Neste ano, até o final de outubro, acumulava ganhos de 15,9%. A alta reflete a percepção do mercado de que a Renner tem condições para continuar entregando resultados robustos, além das melhorias operacionais que vem mostrando. Nos


divulgação

primeiros nove meses deste ano, por exemplo, o lucro líquido subiu 107,1%, para R$ 184,9 milhões, quando comparado a janeiro-setembro de 2009. Foi uma mostra vigorosa de recuperação, pois no ano passado apresentara uma queda do lucro de 8% em relação aos três primeiros trimestres de 2008. A receita líquida acumulada até setembro bateu em R$ 1,64 milhão, avanço de 16,7% sobre 2009. Com tais resultados, ficou à vontade para apresentar audacioso projeto de expansão. No início de outubro, anunciou que quer dobrar a rede atual – de 126 para 250 lojas até 2015, o que custará um investimento estimado de R$ 500 milhões. No mercado de capitais, é um fenômeno dos mais bem-sucedidos do Novo Mercado. De sua estreia no segmento, em julho de 2005, para cá, seus papéis valorizaram-se 834,6%. A Lojas Americanas, que inclui as operações da controlada B2W, também tem apresentado resultados excelentes. Seu lucro líquido neste ano, até setembro, de R$ 104,6 milhões, chega a surpreendentes 592,7%, quando comparado a igual período de 2009. A receita líquida, de R$ 6,3 bilhões, aumentou 14,9% na mesma comparação. Após a compra da Blockbuster, a Lojas Americanas se posicionou em pontos importantes e atraiu uma clientela de maior poder aquisitivo, passando a ser líder nos segmentos em que atua, varejo e comércio eletrônico. De acordo com o estudo da Economática, as ações preferenciais (PN) da empresa subiram 149,2% em 2009. A B2W não segue esse desempenho: ainda segundo a Economática, as ações da empresa se valorizaram 102,2% no ano passado em relação ao avanço de 82,7% do Ibovespa. Mas neste ano estavam em baixa de 21% no acumulado do ano, até 31 de outubro. É um reflexo do fim de sua hegemonia no e-commerce brasileiro: em 2007 dominava 57% do mercado; no ano passado, caíra para 48,1% e, neste ano, perderá ainda mais posição, segundo analistas, devido ao rápido crescimento da concorrência (veja também “Para manter o lugar”). Para Thaú, da Técnica, mesmo que a B2W perca participação devido ao acirramento da concorrência, se bem gerida, a empresa tem perspectiva de ampliação muito grande com valorização de suas ações, devido ao enorme potencial de crescimento do e-commerce no Brasil (veja também “Ferramenta indispensável”). O Pão de Açúcar, maior varejista, quinta maior entre todas as empresas do País e uma das representantes do setor comercial com

mais anos de Bolsa, não está entre as recomendações do analista da Socopa, mas é bem lembrado por outros colegas. Varejão justifica sua posição lembrando os muitos acertos que a empresa tem a fazer para assimilar satisfatoriamente a série de aquisições recentes. Em 2009, as ações preferenciais do grupo valorizaram-se 112,4%, mas diminuíram o ímpeto neste ano, pois até outubro aumentavam mais modestos 2,4%. Nos primeiros nove meses deste ano, o Pão de Açúcar contabiliza vendas brutas de R$ 23,5 bilhões, avanço de 32,4% sobre o apurado um ano antes. O intervalo de julho a setembro marcou o primeiro trimestre em que os números da companhia contemplaram de forma comparável as operações da rede Ponto Frio, adquirida pela empresa em junho de 2009. No terceiro trimestre, as vendas brutas da Globex, que incluem Ponto Frio e operações de comércio eletrônico e de atacado, cresceram 43,8% em relação a igual período de 2009, atingindo R$ 1,72 bilhão.

Varejo tem potencialidade para ter mais empresas listadas a curto e médio prazos” Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 39


A força em números

GUIA DE LEITURA

Conheça as companhias de maior destaque e compreenda os rankings com os resultados das companhias analisadas

P

O troféu-escultura, criação de Macá Yañez

ara mostrar o dinamismo do comércio brasileiro, Melhores dos Maiores no Comércio 2010 fez um profundo levantamento de todos seus segmentos, analisando-os e ouvindo respeitados profissionais que tocam o cotidiano de cada ramo. Detalhes mais precisos de desempenho, em números, são encontrados em rankings montados a partir dos resultados das empresas em 2009 dos principais setores – Varejo em geral (sob o qual se agrupam cinco subsetores mais destacados), Lojas de departamentos e eletrodomésticos, Lojas de roupas e calçados, Farmácias e perfumarias, Supermercados, Distribuidores de carros, motos e utilitários, Distribuidores de veículos e

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autopeças e Franquias. O ramo antecedente do varejo na cadeia do comércio, o Atacado, também está representado, assim como o Comércio exterior. Para compor esse levantamento, foram analisados 1.054 balanços de companhias, que formam um conjunto importante, responsável por R$ 223,6 bilhões de receita líquida e lucro líquido que se aproxima dos R$ 4 bilhões. São donas de um patrimônio de R$ 45,8 bilhões e têm ativos totais de R$ 102,8 bilhões (veja a tabela “Resumo da amostragem”). A empreitada de decifrar esses números ficou a cargo da Unidade de Negócios de Pessoa Jurídica (UNPJ) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Esta divisão acumula grande expertise para tal tarefa e já participara de projetos editoriais semelhantes. Por exemplo, foi contratada pela Gazeta Mercantil para fazer o levantamento e a análise de dados para os dois últimos números da revista Balanço Anual – descontinuada com o fechamento da editora que a publicava. De posse desses rankings, a ACSP decidiu instituir um prêmio para a empresa que apresentou o melhor resultado no exercício de 2009 dentro de seu setor de atuação, pelo critério de maior receita líquida. Cada uma das escolhidas (veja a relação no quadro) foi homenageada com um troféu-escultura criado pela artista plástica Macá Yañez. As premiadas falam de suas realizações e de seus projetos em perfis que aparecem nesta edição logo após a análise do setor a que pertence a companhia e antecedem o ranking correspondente. Para que o leitor tenha uma perfeita compreensão do desempenho das empresas listadas, a UNPJ preparou o guia que se segue, no qual explica seus critérios de análise.


Critérios Receita líquida Receita bruta deduzida dos impostos incidentes sobre vendas e de devoluções. evolução Real das Receitas (ev. Real %) Considera a variação do IGP-M. No caso de demonstrações contábeis elaboradas pela legislação societária, as receitas são ajustadas pela inflação média do período a que se referem. lucRo/pRejuízo opeRacional Valor declarado na demonstração do resultado, excluído o resultado de equivalência patrimonial. lucRo/pRejuízo líquido Valor declarado na demonstração do resultado e reversão dos juros sobre o capital próprio. ativo total Valor declarado no balanço patrimonial, reclassificando as duplicatas descontadas para o passivo.

necessidade de capital de giRo (ncg) Ativos operacionais de curto prazo menos passivos operacionais de curto prazo. incidência tRibutáRia Lucro/prejuízo líquido dividido pelo lucro/prejuízo operacional, em porcentagem. No cálculo do quociente são consideradas apenas as empresas que apresentaram lucro, tanto operacional quanto líquido, durante o exercício de 2009. maRgem de lucRo Lucro/prejuízo operacional dividido pela receita líquida, em porcentagem. giRo dos ativos Receita líquida dividida pelo ativo total, em porcentagem.

patRimônio líquido Valor declarado no balanço patrimonial.

endividamento Ativo total dividido pelo patrimônio líquido, em porcentagem. Foram consideradas as empresas cujo patrimônio líquido apresentado no balanço patrimonial de 2009 teve valor positivo.

ebitda Resultado operacional, excluídos os valores das depreciações e amortizações, do resultado financeiro e do resultado da equivalência patrimonial.

RetoRno sobRe capital Lucro/prejuízo dividido pelo patrimônio, em porcentagem. Foram excluídas as empresas que apresentaram patrimônio líquido negativo no final do exercício de 2009.

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 41


VAREJO

Resposta ráp id Todos os segmentos espelham o dinamismo atual da economia e esperam até com naturalidade a desaceleração prevista para 2011 Por Iolanda Nascimento

O

céu tem sido de brigadeiro para o varejo e a temperatura, sem oscilações, segue curva de alta, particularmente nos segmentos de lojas de departamentos, móveis e eletrodomésticos, roupas e calçados, farmácias e perfumarias, livrarias e papelarias, material de construção e material de escritório e informática. “São segmentos fortemente impactados pela massa de renda e oferta de

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crédito. Quando esses pontos vão bem, esses segmentos também vão bem”, diz Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria Econômica. O professor de marketing do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Silvio Laban, lembra que 2010 também contou com a ajuda da Copa do Mundo – que impulsionou as vendas de aparelhos de televisão –, da renúncia fiscal do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca (gela-


Andrei Bonamin/LUZ

Lojas cheias, reflexo no cotidiano da melhora na renda, da maior oferta de emprego e do crédito farto

p ida e precisa deira, fogão, entre outros), estendida para materiais de construção. “Não podemos esquecer também das eleições. O processo injeta um grande volume de recursos no mercado”, diz Laban, acrescentando ainda à relação de fatores positivos a taxa de câmbio, que beneficiou a importação de componentes, barateando os preços, em especial dos produtos eletrônicos, e incentivando o consumo. O otimismo com o qual o varejo encerra este ano e recebe o próximo está solidamente fundamentado. Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todos os segmentos do varejo mantêm variação forte e positiva no volume de vendas (veja a tabela “O ano da arrancada”, na presente edição) e na receita nominal. Todo o comércio

deve fechar 2010 com um crescimento do volume de vendas de 11,4%, calcula a Tendências, exatamente a marca registrada para o acumulado dos três primeiros trimestres do ano – e mais quase o dobro dos 5,9% exibidos em 2009. Luiz Goes, sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, observa que a expectativa geral é de um 2011 muito parecido com 2010, mas a uma taxa menor de crescimento diante de um comparativo muito forte. “Se não tiver algum acontecimento internacional importante, deveremos ter dez anos de crescimento econômico muito forte e o varejo vai a reboque. O consumo das famílias, incluindo serviços, representa cerca de 35% do PIB (Produto Interno Bruto), e com ele crescendo 7% ao ano, as expectativas são muito positivas”, diz. DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 43


Andrade, da Tendências, concorda em que o varejo deve esperar uma desaceleração do crescimento em 2011, embora o consumo permaneça aquecido em todas as áreas. Além do fato de a base, neste ano, ser muito forte, ele enxerga a possibilidade de aumento na taxa básica de juros (Selic). “Deve sair do patamar de 10,75% ao ano de 2010 para 12,75% ao ano no final de 2011, o que encarecerá o crédito e provocará a desaceleração”, calcula. Laban, do Insper, embora decline de fazer projeções para 2011, não acredita em mudança no cenário, principalmente, no primeiro semestre. “A expectativa é de continuidade do crescimento. Nada indica que a melhora no nível de emprego e o desenvolvimento econômico do País, que dão sustentação ao consumo das famílias, vão mudar a curto e médio prazos. Teremos certamente um primeiro semestre de 2011 altamente produtivo”, apoia José Domingos Alves, superintendente da Lojas Cem. Para o ramo em que ele atua – móveis e eletrodomésticos, na classificação do IBGE – a Tendências projeta um crescimento de 16,7% neste ano (ante 2,1% em 2009) e de 10,4% em 2011. É nessa área que se espera um acirramento da concorrência daqui para a frente, à medida que for tomando forma a Nova Globex (veja também “No controle da cadeia”). A megaempresa comandada pelo Grupo Pão de Açúcar, que tem 1.020 pontos de venda, investirá R$ 33,4 milhões em 2011 (de um orçamento total de R$ 73,4 milhões) na abertura de ao menos 15 novas lojas. Dez

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delas terão a marca Casas Bahia, estrategicamente definida para atender às classes C, D e E, enquanto o Ponto Frio está mais voltado para a alta renda. Redes em expansão Alguns setores têm motivo dobrado para comemorar o bom momento do varejo. O de área de material de construção é um deles, pois sentiu mais profundamente os efeitos da crise financeira mundial no País no ano passado. Com uma queda de vendas de 6,6%, foi um dos dois setores do comércio que fecharam 2009 no vermelho – o outro foi o de tecidos, vestuário e calçados –, mas pode encerrar 2010 com alta de 15,6% e esperar 8% para 2011, segundo a Tendências. A estimativa da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) é mais modesta que a das Tendências: 11% de crescimento sobre 2009, levando o faturamento para perto de R$ 50 bilhões. O desempenho da Dicico, líder do segmento, não deixa dúvidas sobre a recuperação em curso. “Devemos fechar este ano com expansão entre 20% e 22% nas vendas em relação a 2009, chegando a cerca de R$ 800 milhões”, conta Cláudio Fortuna, diretor de marketing. O entusiasmo da companhia é tanto que foi estabelecido como meta chegar, em 2011, ao clube das empresas com R$ 1 bilhão em vendas. “Mas deveremos até superar isso”, adianta Fortuna. “O que faz a diferen-


AnuncioD Anun AnuncioDigesto202x266.pdf cioDiges igesto20 to202x26 2x266.pd 6.pdf f

23/1 23/11/20 23/11/2010 1/2010 010

11:12:1 11: 11:12:16 12:16 6 AM AM


PAULO BRASIL

Teremos certamente um primeiro semestre de 2011 altamente produtivo” José Domingos Alves, da Lojas Cem

ça mesmo é o aumento de renda, mas é claro que a oferta de mais empregos e de linhas de crédito específicas para o segmento ajudam bastante no aquecimento do mercado de material de construção.” Para chegar no bilhão, a Dicico tem investido constantemente em expansão orgânica. Neste ano está abrindo seis novas lojas – quatro delas já inauguradas – ao custo de R$ 4 milhões cada uma. Um sétimo novo ponto de venda neste ano não é descartado, segundo Fortuna. Hoje, a companhia tem 45 estabelecimentos, aos quais pretende acrescentar outros 12 em 2011, com investimento parecido ao deste ano, quando elevou os recursos aplicados em marketing em 50%, para engrossar os resultados conquistados. “O desempenho das novas lojas previstas para 2011 vai assegurar o crescimento projetado”, garante Fortuna. A temperatura em alta também pode ser medida na Lojas CEM. A rede é conhecida por peculiaridades, como a de desprezar financiamento de fornecedores e bancos e de não abrir mão do sistema de carnê – responsável por 70% das vendas, deixando 20% para o cartão de crédito e 10% para o dinhei-

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ro vivo. Características, contudo, que não emperram seu desempenho: iniciou o ano com uma previsão de alta de 15% no faturamento, mas deverá fazer o dobro, 30%, cravando cerca de R$ 2 bilhões, em relação ao R$ 1,6 bilhão de 2009. “Em 2011, esperamos crescer menos, 15% a 20%, porque a base de 2010 é muito forte”, diz o superintendente Alves. Os investimentos estão dirigidos à abertura de lojas e modernização das existentes, este último um processo que vai até 2012. Neste ano, foram acrescentadas nove à rede – são agora 183 no total – e o plano é fechar 2011 com exatas 200. Segundo Alves, o investimento em cada novo ponto de venda gira em torno de R$ 5 milhões – todos os imóveis são próprios, outro costume da casa – e a reforma dos antigos não sai por menos de R$ 1 milhão cada uma. O crescimento da companhia bem acima do mercado justifica o investimento, observa Alves. Mas de expansão via aquisições ou fusões, a CEM nem quer ouvir falar. “Quem faz isso é porque quer trocar prejuízo, ninguém troca lucro. Somos uma das mais rentáveis e competitivas empresas do mercado”, diz Alves, acentuando que a rede tem resistido bravamente ao assédio dos concorrentes interessados na compra dos seus ativos. Na avaliação de Andrade, da Tendências, o segmento que fez dupla com o de materiais de construção em resultado negativo no ano passado, o de tecidos, vestuário e calçados (-2,7%), também está se recuperando, para encerrar 2010 com alta de 10,4% e 2011 – acompanhando a tendência da desaceleração – com 3,7%. Influência da educação A freada que se espera para o ano que vem não será sentida em todas as áreas. O segmento de farmácias e perfumarias, por exemplo, finaliza 2010 com alta de 11,5% no volume de vendas, virtual empate com a marca do ano passado, de 11,8%, e pode esperar 9,2% para 2011, na visão da Tendências. Uma das líderes deste ramo, a Drogaria São Paulo, exibe resultados bem acima dessa previsão. “Já crescemos 20% nas vendas até setembro, sem considerar a aquisição da Drogão, e podemos ir além, pois o final do ano é sempre um momento interessante para todo o comércio”, diz André Elias, diretor de marketing. A empresa tem como objetivo para este ano entregar 40 lojas novas – “meta que vamos cumprir”, garante Elias. Para fortalecer a presença em São Paulo, em junho acrescentou à cadeia as 73 lojas da Drogão, comprada por meio de


PAULO BRASIL

troca de ações. No momento da compra, passou a ter 327 pontos de venda e chegará a 31 de dezembro com 360. O planejamento para 2011 ainda não foi revelado, mas a empresa não esconde que manterá o ritmo forte de inaugurações, animada pelo aquecimento econômico, e que pode ir às compras novamente. “Não vemos problema em crescer por meio de aquisições”, diz Elias. Parte do capital para financiar as futuras expansões virá do mercado de capitais, pois a empresa anunciou sua intenção de se tornar aberta no ano que vem ou em 2012 (veja também “Na fila para a Bolsa”). Elias não arrisca previsão para 2011, mas, baseado nos planos de crescimento da empresa e nas previsões para a economia brasileira, acredita em mais um ano muito positivo. “A gente vem numa escalada de crescimento de dois dígitos bastante interessante”, afirma, ressaltando que no ano passado a empresa evoluiu em bases parecidas com as projetadas para 2010. “As farmácias, hoje, têm um papel mais amplo no varejo, vendem produtos de perfumaria, higiene pessoal e beleza, que já representam boa parte do faturamento. Isso tem a ver também mais com o consumo estimulado pelo aumento da renda. Se têm mais dinheiro, as pessoas querem consumir mais e se sentem recompensadas ao comprar produtos de higiene e perfumaria”, explica Laban, do Insper. Elias confirma que, apesar de o negócio principal da Drogaria São Paulo ser venda de medicamentos, outros produtos vêm ganhando realmente mais importância nas gôndolas. “Em parte pela mudança do perfil do consumidor, em parte porque, oferecendo mais variedade, podemos melhorar os preços. Além disso, por sermos rede, alcançamos maior número de consumidores”, finaliza. Na arrancada do comércio neste ano, até mesmo o patinho feio toma ares de cisne. O segmento de livros, jornais, revistas e papelarias, área historicamente de lenta evolução, vem mudando de patamares, de 2007 para cá. Neste ano, o volume de vendas, segundo o IBGE, crescia 8,7% no acumulado até agosto e 9,2% em 12 meses; para a Tendências, no ano cheio, o avanço será de 8%, com perspectiva de 6,3% para 2011. Há quem veja aí os primeiros reflexos de uma democratização do ensino. Pesquisa conduzida pelo Instituto Data Popular, mostra que as classes emergentes são maioria absoluta nas universidades brasileiras: a classe C com 58% e a classe D com 15%. Desde que começou a pesquisar estes segmentos, Renato Meirelles, diretor do Data Popular, percebeu que a prioridade dos

jovens emergentes não é o consumo, mas a educação. “De 2002 a 2009, 700 mil jovens da classe C entraram na universidade”, detalha Meirelles. “Não é apenas porque sou professor, mas como brasileiro gostaria ver esse segmento muito mais enfatizado. O crescimento não é surpresa, o País é jovem, mas tem paradoxos: de um lado sobra mão de obra por questões de qualificação técnica e, do outro lado, sobram vagas qualificadas. O mercado de educação é importante, porque ajuda a formar mão de obra qualificada e reduz o desemprego”, analisa o professor do Insper. Um ramo onde esse “efeito educação” aparece de forma mais palpável é o de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação – o único entre os pesquisados pelo IBGE a manter dois dígitos de crescimento no volume de vendas de 2004 para cá. “É resultado da classe emergente chegando para ter o seu primeiro computador e das demais comprando o segundo equipamento ou o primeiro laptop”, diz Goes, da GS&MD – Gouvêa de Souza. Meirelles, do Data Popular, acentua que os jovens das classes emergentes compram a máquina, prioritariamente como um recurso educacional; depois como gerador de renda e só em terceiro lugar como objeto de entretenimento.

A gente vem numa escalada de crescimento de dois dígitos bastante interessante” André Elias, da Drogaria São Paulo

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 47


E-COMMERCE

Ferramenta indispensável Com raro vigor para a expansão, oportunidade aberta pelo sistema de vendas on-line atrai cada vez mais as grandes redes

A

s vendas por enquanto mal alcançam 3% do faturamento total do comércio, mas são efervescentes, pois cresceram nada menos que 480% nos últimos cinco anos, considerando correta a estimativa de que a receita total em 2010 será de R$ 14,5 bilhões: o e-commerce, que chegou tímido e um tanto tardiamente ao Brasil, veio para ficar. E é muito promissor, como prova o Magazine Luiza, pioneiro entre as grandes redes brasileiras na oferta do serviço – o utiliza há dez anos –, que está fazendo ali 12% de seu movimento neste ano. Não por acaso, um número crescente de companhias está aderindo às vendas on-line. A Lojas Renner informou em outubro extensão de seus negócios por meio desse canal. A varejista de material de construção Dicico deverá entrar ainda neste ano e a Drogaria São Paulo planeja aderir no começo de 2011. O Grupo Pão de Açúcar tem planos ambiciosos para seu braço eletrônico (ainda sem nome definitivo escolhido), que passam por amplo desenvolvimento em 2011 e culminam em 2012 com a abertura de capital. As varejistas com braços eletrônicos, os clubes de vendas pela internet (que reúnem promoções de várias empresas e são a coqueluche do momento) e os meios próprios de pagamento para o segmento proliferam por um motivo muito simples: o canal evolui mais do que três vezes a expansão do varejo em geral e tem potencial de crescimento anual na faixa de dois dígitos. Segundo dados da e-bit Informação, empresa que analisa os hábitos e

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tendências de e-commerce no Brasil, as vendas on-line saltaram de R$ 2,5 bilhões em 2005 para R$ 10,6 bilhões no ano passado. De janeiro a julho deste ano, somaram R$ 7,8 bilhões, alta de 41,2% sobre igual período de 2009, e a previsão é de crescimento superior a 35% no ano cheio de 2010, alcançando R$ 14,5 bilhões, conforme projeta Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit. Os alicerces da expansão são a própria novi-


dade do canal eletrônico, o crescimento ecovêa de Souza, pesquisa realizada pela emprenômico do País e o maior acesso das classes sa da qual é sócio mostra que 65% dos conde menor poder aquisitivo a computadores, sumidores apontam como fundamental uma enumera Umberti. “Além disso, o consumimarca oferecer um canal pela internet. “Não dor também tem hoje cada vez mais facilidanecessariamente para comprar, mas isso atride para utilizar meios de pagamentos típibui respeito à marca”, observa, alertando: cos do comércio on-line, como os cartões de daqui a alguns anos será “imperdoável” um crédito”, observa Luiz Goes, sócio-sênior da varejista de tamanho médio não ter e-commerGS&MD – Gouvêa de Souza. Em 2009, 17,6 ce. “Nosso estudo apontou que perto de 60 milhões de consumidores compraram pela milhões de consumidores vão às lojas já tenweb; neste ano, serão 23 milhões de pessoas, do realizado pesquisas prévias pela internet calcula Umberti. “A perspectiva é continuar de marca, preços, entre outras”, afirma Goes, nesse ritmo forte de crescimento, porque o para quem esse novo consumidor, mais premercado ainda não está consolidado”, arrisca parado e informado, é um grande desafio Sandra Turchi, superintendente de marketing para o varejo tradicional. “Os varejistas ainda da Associação Comercial estão meio perdidos, se divulgação/ACSP de São Paulo (ACSP). reencontrando, mas é irEssa certeza geral anireversível e não tem mais ma quem está no ramo a volta. Eles vão aprender a ousar no otimismo. Com lidar com esse canal e com sua operação eletrônica, esse novo consumidor”, o Grupo Pão de Açúcar, diz Sandra. por exemplo, pretende O professor de markeatingir no próximo ano ting do Instituto de En20% de participação no sino e Pesquisa (Insper), mercado, com vendas Silvio Laban, diz que o acima de R$ 2 bilhões. desafio das empresas já Entre janeiro e setembro é, e será cada vez mais, deste ano, as vendas bru“ser a melhor experiência tas dos sites extra.com para o consumidor intere pontofrio.com (Casas nauta”. “Porque ele pode Bahia, ainda não intemuito bem ir à loja expegrada) cresceram 50,1% rimentar e comprar pela A perspectiva é continuar no conceito “mesmas lointernet, onde acha a mejas”, comparativamente à lhor maneira de compra. nesse ritmo forte de crescimento, mesma fase de 2009, conOu seja, ele gera custo e pois o mercado ainda não está forme balanço do grupo. não compra. Então, a emconsolidado” presa tem de ser a melhor Sandra Turchi, da ACSP Para a nova geração para eles. Por isso, muitas hoje já têm quiosques com A Dicico não faz projeção de vendas, mas computadores em suas lojas para que esses anuncia como “estratégica” a entrada no consumidores possam acessar os seus prómercado de vendas on-line. “Inicialmente, prios sites, que muitas vezes trazem as provamos trabalhar com parcerias, sem platamoções que o ponto físico não oferece”, diz forma própria, porque ainda não seria vanLaban. O professor associa o crescimento do tajoso”, adianta Cláudio Fortuna, diretor de comércio eletrônico, e em consequência o pomarketing da companhia. Já a Drogaria São tencial desse canal, também ao interesse da Paulo engavetou um projeto que estava denova geração e à conveniência. senhando para seu ingresso no e-commerce Tanto ele quanto Goes citam também a após a aquisição da rede Drogão. “A Drogão questão da sustentabilidade. “Hoje, a questão já tem essa operação e a ideia é direcionar os ainda não é muito difundida, mas já começa esforços para essa experiência”, justifica Ana impactar. Quando se compra pela internet, dré Elias, diretor de marketing. “Nosso foco se emite menos CO2, pois não se vai à loja, de ônibus ou de carro, e o centro de distribuição é ainda a loja, mas a grande tendência do vaenvia os produtos diretamente para o consurejo é ser cada vez mais multicanal, especialmidor”, afirma Goes. mente no nosso negócio, a saúde.” IN De acordo com Goes, da GS&MD – GouDEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 49


KIA CADENZA.

E OS LIMITES DA SOFISTICAÇÃO FORAM ULTRAPASSADOS.

144%

KIA: CRESCIMENTO DE 144% – JAN A OUT/2009 CONTRA JAN A OUT/2010

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PERFIL | B2W

Para manter o lugar Com um plano de integração logística e tecnológica em curso, a companhia se arma para enfrentar o crescimento da concorrência

“D

isposição para trabalhar, estar atento aos acontecimentos e buscar rentabilidade” – assim Murilo Corrêa define o sucesso da empresa de vendas eletrônicas da qual é diretor de relações com investidores, a Business To World – Companhia Global do Varejo, mais conhecida como B2W. Sob esses três caracteres, seguem essa cartilha uma marca quase centenária e outras tão contemporâneas quanto o próprio canal explorado pela B2W. A jovem companhia tem na essência a reunião de marcas que a tornou a maior do seu mercado. Ela é resultado da fusão, em 2006, do braço on-line da octogenária Lojas Americanas (Americanas.com) com a Submarino.com, que por sua vez adquirira, um ano antes, a Ingresso.com e o Shoptime, canal de vendas por TV, internet e catálogo. Não bastasse essa mistura de marcas, tem ainda a Blockbuster Online, comprada em 2007 para engrossar portfólio e vendas da líder brasileira do varejo eletrônico, cuja expectativa é obter receita bruta entre 15% e 25% maior neste ano, comparado a 2009, diz o executivo. No acumulado do ano até setembro, cresceu 13%. Líder que reinou isoladamente neste merca-

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do até bem pouco tempo, a B2W enfrenta agora concorrência cada vez mais acirrada e próxima, despertada pelo crescimento expressivo do e-commerce brasileiro e pelo seu potencial de expansão, da conquista de seu quinhão no mercado internacional. A internacionalização da companhia, assim como a reunião da marca que a construiu, está em seu DNA, afirma Corrêa. “A B2W foi criada para se posicionar como a principal empresa de e-commerce da América Latina. Não há nada definido ainda, mas existe, sim, o objetivo de internacionalização”, diz. Os primeiros passos para isso já foram dados no final do ano passado, quando a Ingresso.com iniciou vendas on-line de ingressos no México. Depois, vieram Chile e Argentina.


NEWTON SANTOS/DIGNA IMAGEM

Atualmente, a empresa contabiliza vendas para quase 450 salas de cinema nesses mercados latino-americanos, em comparação às 1,2 mil no País. “O resultado tem sido muito positivo, mostra o grande potencial desses países para operações estruturadas via e-commerce e essa experiência também nos ajuda a conhecer melhor a dinâmica desses mercados”, afirma Corrêa, sem revelar os números da operação internacional, mas ressalta que a empresa já negocia a entrada da Ingresso.com em outros países. Conforme diz, os primeiros números indicam que a penetração da empresa no mercado externo por meio da Ingresso.com tem custo baixo, um dado muito importante para uma companhia que está finalizando plano de

Somente o site Submarino trabalha com 25 categorias de produtos

integração logística e tecnológica, que lhe dará ainda mais munição para enfrentar o crescimento da concorrência. Negócio complexo A partir de 2008 o comércio eletrônico brasileiro ficou mais competitivo com a chegada de muitos concorrentes, alguns deles graúdos, beliscando a fatia de mercado da B2W. Em 2007, a companhia detinha 57% do mercado, fatia que despencou para 48,1% no ano passado e deve ficar em 41,2% ao final de 2010, conta Ricardo Boiati, analista do Bradesco. O segmento, que cresce a taxas médias de 35% ao ano, é considerado dos mais rentáveis DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 53


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Mailson Santana

pelos especialistas. “Ela foi pioneira, inovou, construiu uma plataforma muito interessante, cresceu e ficou em tamanho bastante relevante, mas os novos entrantes chegaram muito agressivos, em preços e condições de pagamento, buscando participação de mercado, e não rentabilidade”, explica o analista. “Em algumas categorias, principalmente na linha branca (fogões e geladeiras, por exemplo), a empresa teve de ajustar preços para brigar com a concorrência, a fim de manter a participação, penalizando as margens em um dado momento”, diz Marcelo Varejão, analista da Socopa – Sociedade Corretora Paulista. “Mas optou por perseguir a rentabilidade e a estratégia adotada foi a diversificação, para não concentrar o negócio apenas em algumas categorias de produtos. No entanto, à medida que se ganha essa escala, os desafios ficam maiores, porque aumenta a complexidade do negócio”, completa Boiati. O tamanho da complexidade pode ser visto nos números da empresa controlada pela Lojas Americanas, com 56,6% de participação na B2W. Somente o site Submarino trabalha com 25 categorias. Já na Americanas.com são 30 categorias de produtos e vendas de mais de 300 mil itens, de eletrodomésticos a CDs, DVDs, produtos de informática, livros, brinquedos, entre outros da enorme lista. O Shoptime vende produtos de informática e utilidades domésticas, como artigos para cama, mesa e banho e eletroportáteis, compondo 18 categorias. A Ingresso. com dispensa mais explicações: é focada na venda de ingressos mesmo, para parques de diversão, cinema, teatro, shows, futebol, entre outros espetáculos. Na Blockbuster Online, a empresa oferece o serviço de locação de DVDs. Finalmente, a B2W Viagens reúne a oferta de pacotes turísticos, passagens, reservas em hotéis e serviços correlatos. Para Varejão, a migração de empresas para o e-commerce é inevitável e faz parte do amadurecimento desse mercado, no qual ele acredita que dificilmente a B2W volte a ter a participação tão expressiva do passado. “O mercado ficará cada vez maior, a B2W continuará com participação relevante, mas deve decrescer”, afirma Varejão. “Ela continua líder, mas a tendência é que o market share fique cada vez mais pulverizado”, endossa Boiati. As estratégias até agora adotadas não evitaram também um crescimento das vendas menor do que o do próprio canal e o esperado pelo mercado, mesmo que as receitas da empresa não tenham apresentado curva de queda. Em 2008, a B2W gerou receita líqui-

da de R$ 3,117 bilhões e no ano passado, de R$ 3,793 bilhões, compara o gerente de análise da Planner Corretora, Ricardo Martins. Se permanecer o cenário atual – inadimplência em queda, melhora na taxa de emprego e na oferta de crédito e crescimento econômico –, as vendas tendem a aumentar mais, afirma Martins, estimando receita líquida de R$ 4,232 bilhões para a B2W em 2010 (alta de 11,6% sobre 2009) e de R$ 4,921 bilhões em 2011 (expansão de 16,3% em relação a 2010), com lucro líquido de R$ 34 milhões neste ano e mais do que triplicando em 2011, para algo próximo de R$ 110 milhões. “Os resultados estão vindo sempre abaixo do que se espera, mas voltarão a crescer”, diz Martins. Em 2009, a companhia teve lucro líquido de R$ 47,6 milhões, comparativamente aos R$ 61,7 milhões do ano anterior, queda que refletiu o mercado mais competitivo e também os efeitos da crise financeira mundial no País. Já Boiati, do Bradesco, prevê receita líquida de R$ 4,5 bilhões e lucro líquido de R$ 54 milhões para a empresa neste ano. Retomada de participação A finalização da integração logística e tecnológica da B2W será fundamental para a empresa obter ganhos de sinergia, melhora nas vendas e, em consequência, resultados mais robustos, afirmam os especialistas. De acordo


Não há nada definido ainda, mas existe, sim, o objetivo de internacionalização” Murilo Corrêa, diretor de RI

com o diretor de relações com investidores da B2W, em 2007, após a fusão, a empresa desenhou o plano de integração das companhias, mas paralisou parte da ação por causa da crise financeira mundial. “Em 2009, decidimos investir o mínimo possível, assim como muitas outras empresas, para ter uma avaliação melhor do cenário, e a integração das plataformas e da logística acabou sendo iniciada apenas no final do ano passado”, conta. Corrêa diz que o processo deverá ser finalizado neste ano, no mais tardar no início de 2011, principalmente por conta da sazonalidade do varejo, mais aquecido no período de fim de ano. As sinergias serão muitas, explica, sem revelar o montante. Mas a companhia sairá de uma operação que atualmente utiliza três sistemas diferentes tecnológicos de sites para apenas um. “Hoje, toda a nova funcionalidade tem de ser replicada para três plataformas. Isso representa mais custo”, diz Corrêa. Com a integração da distribuição, deixará de ter sistemas de estoques diferenciados para as suas marcas, concentrando-os em apenas um e ganhando mais eficiência operacional. “As marcas hoje não compartilham estoques, e a integração permitirá uma melhora sensível no capital de giro.” Como sinalizam os especialistas, a B2W ganhará mais inteligência a partir dessa integração. “Ela poderá entender melhor

o cliente e, quando ele acessar um dos sites, poderá oferecer produtos que sabe que ele gosta: fazer vendas casadas pela internet, uma coisa que não se conseguiu fazer ainda no Brasil porque não há entendimento profundo por parte do consumidor, e a B2W está se preparando para isso”, observa Boiati. Martins acrescenta que se espera que a companhia fique mais rápida e eficiente, particularmente no pós-venda. “A integração deixará a empresa muito mais parruda em tecnologia e distribuição. Vamos conhecer melhor o consumidor, deixar de perder clientes por essa ineficiência tecnológica e de sobreposição de estoques. Também seremos muito mais eficientes no pós-venda, que é o grande diferencial de uma empresa de e-commerce”, diz Corrêa, ressaltando, no entanto, que a taxa de insucesso é baixa diante do tamanho de uma companhia que atende a cerca de 1 milhão de pedidos por mês. Para o executivo, concluída essa etapa, não é impossível para a B2W retomar a participação anterior que deteve do mercado. “A gente sempre enxergou o mercado do varejo como um todo. Existe muito espaço para crescer, o varejo físico vai perder participação para a internet, e tem espaço para todos. Vamos buscar nosso crescimento, mas com rentabilidade, sem fazer loucuras”, afirma. Segundo Corrêa, há empresas oferecendo hoje na internet negócios insustentáveis, como parcelamento em até 30 vezes sem juros. “Quando se coloca isso na ponta do lápis, a conta não fecha.” Na B2W, as formas de pagamento sem juros vão até 12 vezes. Corrêa afirma que a empresa procurará crescer por meio de seu amplo portfólio e marcas, e também dando ênfase a categorias nas quais ainda não esteja bem posicionada. “O desafio maior será surpreender sempre positivamente o cliente, e é isso que vamos buscar”, diz, mantendo muito sigilo sobre as estratégias, uma característica da empresa para não armar a concorrência. Ele observa ainda que, além do crescimento orgânico, a companhia não descarta novas aquisições. “Precisamos crescer, e queremos crescer, não necessariamente via aquisição, mas toda oportunidade, se for boa, será analisada.” IN DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 55


varejo | geral Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % INFORMÁTICA, PAPELARIAS E LIVRARIAS 1 Livraria Saraiva - SP 951.008 248,8 9.396 5.362 588.669 242.201 23.502 197.480 57,1 1,0 161,6 243,1 2,2 2 Livraria Cultura - SP ( * ) 210.505 – 9.611 7.693 79.347 11.897 13.400 16.042 80,0 4,6 265,3 667,0 64,7 3 Livraria da Travessa - RJ ( * ) 35.132 27,0 1.943 839 18.909 6.410 1.943 2.730 43,2 5,5 185,8 295,0 13,1 4 Multirede - SP 17.850 -0,2 -1.713 2.165 10.049 1.339 -704 944 NA -9,6 177,6 750,5 161,7 5 Cinearte - SP 15.109 241,3 2.241 723 15.331 7.297 2.325 -581 32,3 14,8 98,6 210,1 9,9 6 CTD - RS 6.559 6,3 333 247 3.042 2.210 429 814 74,3 5,1 215,6 137,6 11,2 7 Padrão iX - DF 6.019 – 1.898 1.252 6.135 4.397 1.956 4.849 65,9 31,5 98,1 139,5 28,5 8 Contaregis - RS 1.577 -51,8 -185 -185 7.551 -713 268 5.442 NA -11,7 20,9 NA NA 9 Investors - SP ( * ) 1.297 2,7 30 3.338 12.148 10.754 69 1.731 11.123,5 2,3 10,7 113,0 31,0 10 MA Telecomunicações - PI ( * ) 540 2,7 108 108 148 133 108 87 100,0 20,0 365,9 110,9 81,2 11 Livraria Curitiba - PR ( * ) 174 2,7 92 79 2.993 2.511 93 9 85,0 53,1 5,8 119,2 3,1 12 Cetil Microcomputadores - SC 25 -67,9 -41 -41 524 524 -43 61 NA -167,7 4,7 100,0 -7,9 13 R.H.F - SC – – -122 745 9.749 3.731 -2 – NA ND ND 261,3 20,0 ACUMULADO DO SUBSETOR (13) 1.245.795 2,7 23.592 22.325 754.594 292.691 43.344 229.606 74,3 4,8 130,1 174,8 16,5 MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, ELÉTRICO E DE ILUMINAÇÃO 1 Di Cicco - SP ( * ) 477.148 43,7 -30.223 -22.091 288.285 36.405 -19.508 92.807 NA -6,3 165,5 791,9 -60,7 2 Quero Quero - RS ( * ) 398.241 29,3 -8.773 -5.962 196.311 16.704 -21 1.099 NA -2,2 202,9 1.175,2 -35,7 3 Balaroti - PR ( * ) 192.544 32,1 3.250 2.069 68.102 2.559 15.432 16.899 63,7 1,7 282,7 2.661,0 80,8 4 Casa Show - RJ 148.651 6,0 -25.987 -17.752 108.154 6.558 -14.904 -3.843 NA -17,5 137,4 1.649,2 -270,7 5 Tumelero - RS 143.415 – -5.095 -3.108 67.388 5.656 -388 21.904 NA -3,6 212,8 1.191,4 -55,0 2.701 6 Elétrica DW - PR 68.547 – 3.143 4.104 37.426 26.121 15.005 130,6 4,6 183,2 143,3 15,7 7 Emel - RS 29.747 -7,5 -1.318 -718 13.266 3.225 -831 7.324 NA -4,4 224,2 411,4 -22,3 8 Costaneira - RS 19.585 13,0 -3.800 -3.450 10.414 1.428 -3.548 -548 NA -19,4 188,1 729,3 -241,6 9 A Mundial Ferragens - MG ( * ) 17.805 38,0 1.827 1.554 6.559 3.547 5.381 2.286 85,0 10,3 271,5 184,9 43,8 10 Proelt - SC 16.749 -13,4 590 555 7.894 4.512 650 4.057 94,1 3,5 212,2 175,0 12,3 11 Irmãos Meurer - TO ( * ) 9.893 65,9 753 568 4.103 1.932 1.017 2.269 75,4 7,6 241,1 212,4 29,4 12 Casa Ferreira - SP 6.436 5,7 176 176 2.782 1.773 247 1.436 100,0 2,7 231,4 156,9 9,9 -3.056 11.023 118 -1.810 2.989 NA -50,2 58,4 9.339,1 -2.588,9 13 Só Poços - AM ( * ) 6.436 – -3.233 14 Comercial Coroa - BA ( * ) 5.814 – 248 185 5.555 1.301 330 -2.142 74,5 4,3 104,7 427,1 14,2 15 Aliança de Ouro - CE 4.910 7,3 110 89 3.080 2.143 184 1.822 80,9 2,2 159,4 143,7 4,2 16 Casa Lourenço - SP ( * ) 2.252 9,1 29 21 2.049 1.517 29 825 72,1 1,3 109,9 135,1 1,4 17 Nortintas - RJ ( * ) 1.860 – -449 -558 2.119 1.845 -137 788 NA -24,1 87,8 114,9 -30,3 18 Rotta - RS 1.258 24,0 -292 53 2.062 1.082 -212 622 NA -23,2 61,0 190,6 4,9 19 Seixas - SP – – 684 593 62.955 13.301 -1.187 1.229 86,6 ND ND 473,3 4,5 ACUMULADO DO SUBSETOR (19) 1.551.290 13,0 -68.359 -46.730 899.527 131.726 -16.573 166.828 83,0 -0,5 185,6 411,4 4,2 MÁQUINAS, FERRAMENTAS E FERRAGENS 1 Ferramentas Gerais - RS 355.311 -30,4 -65.589 -42.504 379.503 209.053 -64.162 228.436 NA -18,5 93,6 181,5 -20,3 2 Silmaq - SC 116.248 -6,3 20.641 17.301 89.719 69.733 23.085 82.394 83,8 17,8 129,6 128,7 24,8 3 Pesa - PR 27.980 – 14.510 13.282 17.538 3.623 14.467 4.492 91,5 51,9 159,5 484,1 366,6 4 Coferpon - MG 19.177 28,0 -26 -47 8.469 4.242 198 4.019 NA -0,1 226,5 199,6 -1,1 5 Allcomp - RS 9.926 10,6 5.156 5.210 9.024 8.562 5.156 3.188 101,0 52,0 110,0 105,4 60,8 6 Maquimotor - RS 8.790 -28,2 191 129 6.016 3.498 395 4.044 67,5 2,2 146,1 172,0 3,7 7 Portuense Ferragens - PA 13 -50,6 -86 -92 2.190 445 105 -760 NA -661,5 0,6 492,1 -20,7 ACUMULADO DO SUBSETOR (7) 537.445 -17,3 -25.203 -6.721 512.458 299.156 -20.756 325.813 87,7 2,2 129,6 181,5 3,7 MÓVEIS 1 Lojas Salfer - SC ( * ) 291.247 – 3.786 3.460 232.078 16.892 -14.689 48.060 91,4 1,3 125,5 1.373,9 20,5 2 Liliani - MA ( * ) 134.862 4,4 747 844 102.698 17.200 -15.806 25.745 113,0 0,6 131,3 597,1 4,9 3 Mainline - DF ( * ) 241 -69,3 53 40 967 -47 -140 35 76,0 22,0 25,0 NA NA 4 Líder Agrícola - SP 237 10,5 -17 699 4.985 4.723 -20 349 NA -7,2 4,8 105,6 14,8 5 Rede MInas - MG ( * ) – – – – 336 -305 – 36 ND ND ND NA NA ACUMULADO DO SUBSETOR (5) 426.588 4,4 4.569 5.043 341.064 38.463 -30.654 74.226 91,4 0,9 75,2 597,1 14,8 (*) Os dados são de 2008

56 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


varejo | geral Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % RELOJOARIAS, JOALHERIAS E ÓTICAS 1 H Stern Est Unif - RJ 253.784 -4,7 39.778 31.584 477.889 281.985 5.240 169.994 79,4 15,7 53,1 169,5 11,2 2 HSJ - RJ 155.535 6,0 1.165 – 178.585 100.196 34.601 43.897 ND 0,8 87,1 178,2 ND ACUMULADO DO SUBSETOR (2) 409.319 0,6 40.943 31.584 656.474 382.181 39.841 213.891 79,4 8,2 70,1 173,9 11,2 DIVERSOS 1 B2W - SP 3.546.707 25,0 60.527 47.609 2.148.739 246.968 314.037 405.466 78,7 1,7 165,1 870,1 19,3 2 Laticínios Bom Gosto - SP 578.731 55,8 -24.892 54.853 710.750 239.467 -641 37.292 NA -4,3 81,4 296,8 22,9 3 Pontofrio.Com - RJ 537.632 1.981,5 -14.065 -12.978 184.794 19.184 -11.756 – NA -2,6 290,9 963,3 -67,7 4 Fujioka - GO ( * ) 500.335 28,1 33.155 21.955 247.364 115.532 41.277 76.160 66,2 6,6 202,3 214,1 19,0 5 Mills Estrutura - RJ 404.193 40,9 109.729 68.388 440.294 172.641 139.623 75.553 62,3 27,2 91,8 255,0 39,6 6 Hortigil - ES 358.482 13,2 14.107 9.749 88.073 13.107 31.435 1.703 69,1 3,9 407,0 672,0 74,4 7 Econ - SP 193.093 20,9 – – – – – – ND ND ND ND ND 8 Cerbel Barretos - SP 149.948 10,9 -1.053 -1.371 31.677 3.120 906 7.003 NA -0,7 473,4 1.015,3 -44,0 9 Dabo Matl Handling - SP ( * ) 87.618 – 433 220 57.207 1.104 4.345 17.398 50,8 0,5 153,2 5.181,8 19,9 10 Tratorcase - PR 77.813 30,6 5.655 3.766 33.218 8.886 8.801 14.308 66,6 7,3 234,2 373,8 42,4 11 Vailog - PE 66.302 – 2.945 1.970 11.437 205 3.130 -373 66,9 4,4 579,7 5.578,7 961,0 12 Telex - RJ 39.955 4,1 8.005 7.872 45.002 12.017 3.480 6.420 98,3 20,0 88,8 374,5 65,5 771 13 ELASA - MG 38.649 18,2 712 11.802 7.300 2.598 2.136 92,3 2,0 327,5 161,7 9,8 14 Krahenbuhl - SP 26.409 -15,1 298 522 32.191 28.185 520 26.669 175,1 1,1 82,0 114,2 1,9 15 Unimix Comércio - RS 26.400 – – – – – – – ND ND ND ND ND 16 Santerra - SC ( * ) 21.577 14,8 853 992 15.141 1.640 1.394 3.366 116,3 4,0 142,5 923,1 60,5 17 Mercado Veratti - MS 19.495 64,2 – – – – – – ND ND ND ND ND 18 Basemetal - SP 19.457 -17,8 -6.024 -6.024 12.282 625 -5.185 5.194 NA -31,0 158,4 1.966,6 -964,6 19 CNA - RS 14.191 -7,6 2.252 1.497 9.739 3.471 1.983 3.872 66,5 15,9 145,7 280,6 43,1 20 Ecosorb - SP ( * ) 10.816 15,1 -3.352 -3.352 7.528 2.623 -2.018 769 NA -31,0 143,7 287,0 -127,8 21 Cap Nutryments - RJ 7.800 – – – – – – – ND ND ND ND ND 22 Dorini & Cia - SC 6.742 – – – – – – – ND ND ND ND ND 23 Armazém Bom Preço - RS 6.113 11,6 – – – – – – ND ND ND ND ND 24 Mercado Japonês - CE 6.061 25,2 – – – – – – ND ND ND ND ND 25 Caxias Cereais - RJ 6.000 – – – – – – – ND ND ND ND ND 26 Mercado Nova Esperança - RJ 6.000 – – – – – – – ND ND ND ND ND 27 Merc Irmãos Cantalice - PB 5.664 21,7 – – – – – – ND ND ND ND ND 28 Diniz - RN ( * ) 4.500 15,5 – – – – – – ND ND ND ND ND 29 Tecnomotor Distribuidora - SP 3.692 326,7 93 68 1.778 237 120 233 73,0 2,5 207,6 749,6 28,5 30 J S Ramos - MG ( * ) 3.505 37,9 – – – – – – ND ND ND ND ND 31 Nacional Print - PE ( * ) 2.916 – 1.657 1.346 3.463 3.152 1.732 315 81,3 56,8 84,2 109,9 42,7 216 32 Thermus - CE ( * ) 2.740 80,9 216 164 7.430 4.551 587 75,8 7,9 36,9 163,3 3,6 33 Nazaré SP - SP ( * ) 2.500 2,7 – – – – – – ND ND ND ND ND 34 F M G - SC 2.219 26,2 1.898 1.898 13.374 6.540 1.889 -3.306 100,0 85,5 16,6 204,5 29,0 35 Mercantil - CE ( * ) 1.800 28,4 – – – – – – ND ND ND ND ND 36 Mercado Tambara - RS ( * ) 1.498 28,2 – – – – – – ND ND ND ND ND 37 Rede Bom-Desconto - RJ ( * ) 1.400 -70,1 – – – – – – ND ND ND ND ND 38 Bemoreira - RJ 422 – 48 48 513 330 94 -109 100,2 11,3 82,3 155,3 14,5 39 Sudeletro - RJ 209 11,0 173 276 4.096 3.733 -291 164 159,3 83,0 5,1 109,7 7,4 40 Superdeli - RJ 165 -9,9 -189 -279 4.930 3.296 -462 -986 NA -114,6 3,4 149,6 -8,5 41 FG Araçatuba - SP ( * ) 51 -33,0 14 10 2.911 2.884 14 -14 73,3 26,5 1,8 100,9 0,3 42 Pereira Carvalho - RJ 11 – -56 -3 3.170 3.126 -205 34 NA -516,7 0,3 101,4 -0,1 43 O Povo - CE ( * ) – – -45 -45 5.750 -6.925 -49 435 NA ND ND NA NA ACUMULADO DO SUBSETOR (43) 6.789.809 19,6 193.151 199.863 4.134.654 897.000 536.989 680.288 75,8 3,9 143,1 283,8 19,1 Acumulado do Setor (89) 10.960.245 3,5 168.692 205.363 7.298.770 2.041.217 552.191 1.690.653 81,2 3,1 129,8 232,7 13,0 (*) Os dados são de 2008

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PERFIL | lojas americanas

Expansão em dose dupla Um ousado projeto em curso, qualificado internamente como recordista internacional, dobrará o número de lojas

O

ano era 1929. Para fugir do olho do furacão que varreria em seguida todo o mundo a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, quatro americanos desembarcaram em Niterói, dispostos a fazer negócios no Brasil. John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger escolheram bem o público-alvo de sua investida: a baixa renda. “Nada além de dois mil réis” foi o primeiro slogan da empresa que fundaram, a Lojas Americanas. Oitenta anos e oito mudanças de moeda depois, exatamente quando o mundo vivia outra crise financeira não gratuitamente comparada à Grande Depressão, o grupo empresarial em que se transformou a loja de pechinchas idealizada pelo quarteto americano anunciava o maior plano de expansão de sua história: praticamente dobrar o número de lojas em quatro anos (2010 a 2013), para 876, ou mais 400 no período, investindo quase R$ 1 bilhão na empreitada. “Será um recorde de crescimento, não somente no âmbito do País, mas internacional”, afirma Timotheo Barros, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia. Ao final de 2010 serão mais 70 novos pontos de venda – 36 concluídos até o início de novembro último e os demais 34 com datas de inauguração marcadas; em 2011, 50 novas lojas estão em estágio avançado de negociação, informa a empresa. O projeto de expansão – denominado “80 anos em 4” ou “Sempre mais Brasil” – foi o primeiro a ser alardeado, já que a companhia é conhecida pela estrita discrição com que cerca suas estratégias e metas. Foi divulgado, explica Barros, porque a empresa precisa preparar fornecedores, prestadores

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de serviços e colaboradores para concretizar “esse sonho”. “Não podemos correr o risco de desabastecimento. Os fornecedores e prestadores de serviços têm de acompanhar esse crescimento e, com isso, eles vão crescer juntos. É ganha-ganha. Ao final desse plano, seremos uma companhia completamente diferente e é importante que todas as áreas, incluindo as internas, deem esse suporte e comecem essa transformação já no dia a dia”, afirma. O diretor da Lojas Americanas acrescenta que já no final de 2011, a Americanas – hoje com os pés em 23 estados e no Distrito Federal (159 municípios) – estará cobrindo todo o Brasil. “Certamente, nenhum outro varejista tem isso.” Parte do investimento previsto será destinada à reforma de pontos existentes e à ampliação da capacidade tecnológica e logística, a fim dar suporte ao crescimento, conta Barros.

Consta ainda do plano a construção de dois novos centros de distribuição, que serão erguidos apenas quando a estrutura atual chegar ao limite. “Temos de ter muita certeza de que o nosso ativo atual está bastante utilizado para não gerar custos adicionais para a companhia”, diz o executivo, para quem o rigor financeiro é a receita para manter os negócios no caminho do sucesso, em crescimento e gerando rentabilidade. “É querer sempre mais. Ter foco no resultado, estar presente na operação e ter uma boa equipe também para replicar isso na ponta. É isso, não tem mágica”, completa. Os recursos para financiar a expansão virão da própria geração de caixa, mas a Lojas Americanas está trabalhando em projeto de pedido de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), explica Barros. Tanto a parcela dessa Mailson santana

Para analistas, a disputa de mercado em várias frentes obriga o reforço constante da cadeia

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 59


participação no total do investimento quanto a data para a entrada do pedido não estão definidas ainda, segundo ele. Entre janeiro e setembro deste ano, a empresa investiu R$ 111,8 milhões em expansão e reforma (R$ 69,1 milhões) e em atualização tecnológica, principalmente. Barros observa, no entanto, que os novos pontos de venda já nascem gerando caixa. “Abrir loja por abrir é fácil. Mas não fazemos isso, as que inauguramos devem dar retorno financeiro em até 24 meses e temos segurança de que vamos conseguir isso, para investir e ter a certeza de que vamos cumprir os compromissos com bancos. Nunca fechamos uma loja por problema de desempenho, que eu me lembre.” Barros não revela qual será o impacto, ao final desse projeto, das novas 400 lojas nos resultados da empresa. Diz apenas que a companhia persegue o objetivo de gerar valor para o acionista e crescer com rentabilidade.

Ao final desse plano, seremos uma companhia completamente diferente” Timotheo Barros, diretor financeiro e de RI

Concorrência diversificada Esse plano de expansão tem sido um desafio adicional pelos acontecimentos econômicos que marcaram 2008 e 2009, conforme o executivo. A ideia nasceu em um ano no qual a empresa havia desacelerado totalmente os projetos de investimento, a fim de averiguar com clareza quais seriam os efeitos da crise financeira mundial no mercado brasileiro. Mailson Santana

60 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

“Em 2008, quando a crise estourou, abrimos 58 lojas, anteriormente projetadas, mas paramos praticamente tudo no final daquele ano e, em 2009, inauguramos apenas 14. O desempenho do Brasil nos incentivou, no final de 2009, a tocar esse novo plano. É uma mostra de que acreditamos no País. Mas partimos do zero e é um grande desafio implantar 70 lojas em um ano”, diz Barros. Na opinião dos especialistas em varejo, o nível de dívida da empresa, confortável e no longo prazo, não deverá ficar muito comprometido com o plano de expansão e o mercado está favorável para esse crescimento. No resultado consolidado (Americanas + B2W) do terceiro trimestre deste ano, está registrada a redução de R$ 369 milhões, comparado a setembro do ano passado, finalizando idêntico mês de 2010 em R$ 1,01 bilhão em dívida líquida, com prazo médio de vencimento de 740 dias. Ricardo Boiati, analista do Bradesco, avalia o projeto como bastante agressivo e de ritmo muito acelerado, mas acredita que o varejo brasileiro tem fatores econômicos e demográficos para suportá-lo. “O risco para esse crescimento da empresa é muito baixo. As lojas dela têm um modelo simples, sem segredos de montagem, e um mix de produtos adaptável a qualquer região. Vende quase tudo e concorre com quase todo mundo, do supermercado ao camelô da esquina, e até o combate à informalidade a favorece. Por conta dessa escala, tem preço justo, o que torna a empresa muito atraente”, ressalta, acrescentando que estima que o investimento, ao final, seja cerca de 20% maior. Também para o gerente de análise da Planner Corretora, Ricardo Martins, a Americanas não tem concorrente direto, mas disputa mercado com quase todos, desde as padarias às farmácias e lojas de cosméticos, para citar apenas alguns. “Por isso, a necessidade de reforçar a cadeia para conter o avanço da concorrência diversificada. A tendência é a empresa se aparelhar cada vez mais.” O grande desafio da companhia pelo seu perfil, principalmente voltado para a classe C, é concorrer com lojas de bairro e de conveniência, afirma Martins. “De maneira geral, os resultados da empresa são crescentes e a tendência é que se expandam cada vez mais por causa da manutenção do poder de compra do consumidor, com ganhos reais, e da mobilidade social, com a classe D tendo mais acesso a esses produtos que ela comercializa”, observa o executivo da Planner. Marcelo Varejão, analista da Socopa – Sociedade Corretora Paulista, diz que


PARA O BRASIL CRESCER, ELE PRECISA DE GRANDES E PEQUENAS OBRAS. PARA TODAS ELAS, SOTREQ. A Sotreq está presente em 75% do território nacional, atuando em diversos setores: mineração, construção, florestal, energia, petróleo e marítimo. Além de distribuir produtos e serviços Caterpillar, que oferecem o melhor desempenho em vários tipos de aplicações, a Sotreq fornece um completo suporte técnico aos seus clientes, garantindo o apoio necessário para que eles continuem contribuindo para o crescimento do nosso país.

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a empresa tem caixa para financiar esse crescimento e espaço para buscar esses recursos no mercado, se preferir. “As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 7% para este ano e de 4,5% para 2011, muito boas, garantem demanda que sustentam esse plano de crescimento”, afirma Varejão. De olho no exterior A Americanas – controlada hoje pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira – também busca crescimento por meio de aquisição. Até o fechamento desta edição, analisava a compra da Casa & Vídeo, rede de lojas de departamentos em processo de recuperação judicial e cujas operações estão praticamente concentradas no Estado do Rio de Janeiro. Segundo Barros, esse processo de análise fiscal, tributário e trabalhista da Casa & Vídeo, por ser uma empresa em reestruturação e de capital fechado, é bastante detalhado, rigoroso e demorado, mas a companhia espera finalizá-lo até o final deste ano, quando decidirá se compra ou não. “Mas um plano não inviabiliza o outro. Uma aquisição apenas acelera a expansão”, diz, observando que a empresa não descarta as boas oportunidades do mercado. Dona de uma participação de 50% na Financeira Americanas Itaú (FAI) e de 56,6% na B2W, líder brasileira na área de comércio eletrônico,

a Lojas Americanas também analisa de perto um possível projeto de internacionalização, via B2W (leia também, na presente edição, “Para manter o lugar”). “Estamos conhecendo mercados, mas não vamos embarcar em nenhuma loucura”, afirma Barros, um executivo que mantém a estrutura de custos sob rédeas curtas. Suas projeções de crescimento de vendas têm sido de IPCA mais 2%, nos últimos dois anos, consideradas pelo mercado sempre bastantes conservadoras. “Se crescer mais, ótimo, mas assim trabalho com custos dentro dessas estimativas”, justifica. Ricardo Boiati, analista do Bradesco, diz que os resultados da Lojas Americanas têm sido constantes, com margem de rentabilidade em torno de 30% (leia também “Presença ainda tímida”). “Não tem muita volatilidade. Ela é uma empresa muito focada em entrega de resultados, se esforça para isso e tem um modelo de negócios que funciona muito.” Boiati estima que a empresa fechará o ano com receita líquida consolidada de R$ 9,9 bilhões e lucro líquido de R$ 228 milhões. A estimativa de Boiati para a controladora é de R$ 5,3 bilhões em receita líquida e R$ 228 milhões de lucro líquido. Já Martins, da Planner, estima receita líquida para a controladora de R$ 5,4 bilhões neste ano e de R$ 6,4 bilhões em 2011, com lucro líquido de R$ 230 milhões e R$ 260 milhões, respectivamente. IN

varejo | lojas de departamentoS e eletrodomésticos Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 1 Lojas Americanas - RJ 2 Ponto Frio - RJ 3 Magazine Luiza - SP 4 Casas Pernambucanas SP - SP 5 Lojas Renner - RS 6 Lojas Cem - SP 7 Y Yamada - PA 8 Lojas Colombo - RS 9 Compra Fácil - RJ 10 Lojas Leader - RJ ( * ) 11 Eugênio R Koerich - SC 12 Grazziotin - RS 13 Socic - SP 14 Manzoli - RS 15 Obino Lojas - RS 16 Galena Signal - RJ 17 Casa Magnabosco - RS 18 Arno Decker - RS 19 Casa Sloper - RJ ACUMULADO DO SETOR (19)

4.609.469 3.413.150 2.816.098 2.680.191 2.115.968 1.215.267 1.031.965 952.628 805.399 566.821 236.204 208.875 150.450 145.630 122.616 11.523 8.816 639 – 21.091.709

20,4 -0,1 23,2 3,3 0,5 13,6 12,0 8,9 47,3 9,1 12,5 10,4 -9,9 9,8 -28,8 1,1 -1,5 -3,2 – 9,0

(*) Os dados são de 2008

62 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

205.749 -446.180 49.491 47.760 269.423 122.962 3.052 -2.018 15.563 -26.301 13.452 18.471 -26.556 1.650 -10.762 238 519 478 -1.585 235.406

152.028 -315.564 50.489 63.519 189.934 79.169 7.484 5.646 9.999 -18.039 10.978 28.444 19.731 1.136 -7.916 174 419 365 85 278.082

4.259.044 2.274.149 1.856.006 1.887.919 1.855.560 942.877 588.519 729.713 437.231 351.074 143.320 231.232 470.398 142.829 114.686 3.652 6.446 3.571 9.121 16.307.347

380.116 642.358 220.685 492.127 777.640 685.154 63.103 263.912 70.841 55.230 93.465 169.778 317.016 13.997 6.808 3.230 4.437 3.122 -20.638 4.242.380

502.798 -373.511 214.723 103.926 91.264 141.781 21.881 9.048 23.625 -37.282 9.177 16.821 -35.261 10.008 -2.731 238 652 282 -1.418 696.021

-67.050 73,9 4,5 108,2 1.120,5 40,0 -19.746 NA -13,1 150,1 354,0 -49,1 273.692 102,0 1,8 151,7 841,0 22,9 271.794 133,0 1,8 142,0 383,6 12,9 619.536 70,5 12,7 114,0 238,6 24,4 603.068 64,4 10,1 128,9 137,6 11,6 110.190 245,2 0,3 175,4 932,6 11,9 145.129 NA -0,2 130,6 276,5 2,1 191.852 64,3 1,9 184,2 617,2 14,1 10.123 NA -4,6 161,5 635,7 -32,7 74.601 81,6 5,7 164,8 153,3 11,8 39.254 154,0 8,8 90,3 136,2 16,8 176.171 NA -17,7 32,0 148,4 6,2 6.688 68,9 1,1 102,0 1.020,5 8,1 38.878 NA -8,8 106,9 1.684,6 -116,3 600 73,1 2,1 315,5 113,1 5,4 4.161 80,7 5,9 136,8 145,3 9,5 -33 76,4 74,8 17,9 114,4 11,7 -838 NA ND ND NA NA 2.478.070 76,4 1,9 133,7 315,3 11,6


PERFIL | PAGUE MENOS

Gosto pela liderança Por Silvio Muto

A

história de sucesso da primeira colocada do ranking desta revista na categoria Farmácias e Perfumarias inverte uma lógica do universo corporativo brasileiro – a de que as maiores empresas costumam nascer no eixo Sul-Sudeste, as duas regiões mais ricas da Federação, para depois se expandir pelo restante do País. A rede Pague Menos, criada no Ceará em 1981, conseguiu alcançar o topo de seu setor mantendo a maior parte de suas operações no Nordeste. Hoje presente em todos os estados brasileiros, a rede de drogarias ainda não conseguiu ser tão forte no Sul e Sudeste quanto é em sua região de origem. Mas mudar essa situação é só questão de tempo, garante o fundador

e presidente da companhia, Francisco Deusmar de Queirós. “Nosso objetivo em 2011 será a expansão da rede nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, especialmente no interior”, afirma. Tal confiança, segundo ele próprio, vem do fato de ter pronta a receita que lhe garanta poder de fogo suficiente para enfrentar rivais bem capitalizados e solidamente estabelecidos na região. A Pague Menos, ele conta, pretende ir ao mercado de capitais buscar recursos, por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), programada para 2013. “Nossa liderança sempre se garantiu por meio de recursos oriundos do próprio caixa e de uma pequena parcela de endividamento

A rede quer repetir no Sudeste e no Sul o sucesso alcançado em seu berço, o Nordeste. Já tem a receita para isso DIVULGAÇÃO

Às vésperas do 30º aniversário, a rede chega a 140 municípios de todo o País, com 400 lojas

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 63


DIVULGAÇÃO

Objetivo em 2011 será a expansão em São Paulo, Minas Gerais e Paraná” Francisco Deusmar de Queirós

bancário, mas para alçar voos mais altos será necessário obter capital mais barato”, afirma. A empresa contratou a Ernst & Young para assessorar sua preparação para a abertura de capital e está seguindo fielmente o passo a passo de pré-abertura. “Já elaboramos nosso código de ética e, em janeiro, iniciaremos a estruturação do conselho de administração”, revela o presidente. Os últimos três balanços, que devem ser apresentados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para obtenção do registro da IPO, foram auditados pela KPMG. A ideia do empreendedor cearense é listar a Pague Menos no Novo Mercado, o segmento da Bolsa que mais exige observância de boas práticas em governança corporativa. “Hoje, listar no Novo Mercado é praticamente uma obrigação para a empresa novata”, acredita Queirós. Ele pretende vender 30% do capital da gigante farmacêutica, nem mais nem menos. “Bom negócio não se vende”, afirma. Atualmente, a estrutura societária da companhia está dividida entre ele próprio, detentor de 90% do capital, e a família Alves. Parte dos recursos captados no mercado, revela Queirós, será destinada à construção de um centro de distribuição na região Sudeste. Atualmente, o único ponto de saída de mercadorias – para mais de 400 lojas espalhadas por 140 municípios de todo o País – é o centro de distribuição de Fortaleza, 18 mil metros quadrados de galpões construídos em área total de 110 mil metros quadrados. O tempo médio de envio de produtos para o Nordeste é de 48

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horas; para o Sul e o Sudeste, quatro dias; para o Norte e o Centro-Oeste, cinco dias. “Nossa logística tem funcionado muito bem, mas um novo centro de distribuição otimizaria o abastecimento nas regiões Sul e Sudeste, reduzindo prazos e custos”, explica Queirós. Zelo pela inovação De olho nos concorrentes, mas especialmente preocupada com sua capacidade de melhorar sempre, a Pague Menos deve fechar 2010 com faturamento de R$ 2,3 bilhões, 23% maior que o R$ 1,8 bilhão do ano anterior. Para o presidente da empresa, a força que a move é a busca constante pela inovação. “Não podemos nunca nos acomodar com o que já fizemos; no dia a dia, a única coisa que não pode mudar é a vontade de inovar”, ensina. Para se ter uma ideia de como a inovação está presente no DNA da Pague Menos, a rede cearense foi pioneira na adoção do formato de conveniência no varejo farmacêutico. “Enquanto o restante das farmácias ainda vendia somente remédios, introduzimos o conceito norte-americano de permitir que o cliente, em apenas uma parada, adquira tudo o que está precisando”, lembra Queirós. Outro segredo desse crescimento, segundo o empreendedor, está no modelo de gestão de pessoas implementado pela rede. “Desde que começamos a operar, quase trinta anos atrás, buscamos na remuneração variável o estímulo ideal para os funcionários renderem cada vez mais”, conta o empresário.


No último ano, um dos pontos fortes da expansão da rede foi a criação do Espaço VIP, que consiste em um ambiente reservado e de alto padrão dentro das lojas, para a venda de cosméticos e produtos com a marca própria da Pague Menos. Já existem 78 pontos utilizando-se do conceito, que a rede pretende ampliar ainda mais nos próximos anos. Outra inovação é a promoção de um circuito de corridas, que leva milhares de pessoas para as ruas de diversas capitais brasileiras. Essas corridas ocorrem de maio a novembro e são compostas por palestras e orientações sobre saúde, beleza e atividades como massagens e aplicação de cosméticos. O evento tem como pano de fundo a ação social, muito valorizada pela rede. “Parte do valor arrecadado nas inscrições é direcionada para a Associação Brasileira de Amiotrofia Espinhal”, explica Queirós. O sucesso da Pague Menos não chega a soar como surpresa para quem conhece esse cearense de Amontoada – município do in-

terior do estado, com pouco mais de 30 mil habitantes –, nascido há 63 anos. Obstinado pelo trabalho, aos 8 anos de idade já ajudava o pai em uma mercearia. Mas não desprezou os estudos: depois que se formou em ciências econômicas e administrativas pela Universidade Federal do Ceará, continuou na escola, primeiro como professor universitário e depois como coordenador do curso de economia. Ganhou experiência também no mercado de capitais – pelo qual nutre grande paixão – por ter sido um dos responsáveis pela implementação da área de operações da Bolsa de Valores cearense e depois de ter criado a PAX Corretora de Valores, que se tornou uma das maiores do País. Em 1981, fez as malas e rumou para a Flórida, nos Estados Unidos, onde fez um curso de especialização em mercado de capitais e na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). De volta ao Brasil, já de posse de seu primeiro milhão de dólares, ingressou no mercado de drogarias. Desde então, não parou mais de crescer.

Na fila para a Bolsa A abertura de capital da Pague Menos será importante para a companhia num momento em que os principais concorrentes vêm ganhando terreno com estratégias ousadas e muito dinheiro no bolso. A Droga Raia também anunciou, em outubro, intenção de lançar ações na BM&FBovespa. A oferta está em análise na CVM, mas ainda não há detalhes sobre o número de papéis à venda, nem sobre quanto a empresa pretende levantar. Em setembro de 2008, o controle da rede passou às mãos dos fundos de private equity Gávea Investimentos e Pragma Patrimônio e, desde então, passou a registrar crescimento excepcional. Entre 2007 e 2009, a rede duplicou o número de lojas em relação a 2006, de forma totalmente orgânica, sem recorrer a aquisições, fechando com 299

unidades. A receita bruta cresceu de R$ 829 milhões em 2007 para perto de R$ 1,6 bilhão em 2009. Outro peso pesado do setor que pretende listar seus papéis na Bolsa é a Drogaria São Paulo. Depois de comprar a concorrente Drogão, se tornou o principal adversário da rede cearense em termos de faturamento (veja também “Resposta rápida e precisa”, na presente edição). Segundo declarações do controlador da companhia, Ronaldo de Carvalho, a IPO da Drogaria São Paulo deve ocorrer entre 2011 e 2012. As três redes juntam-se, assim, à Drogasil, que abriu seu capital na década de 1970 e, em julho de 2007, migrou para o Novo Mercado, captando mais de R$ 340 milhões, e à Dimed, rede gaúcha que ficou em quinto lugar no ranking, com receita líquida de R$ 1,07 bilhão em 2009.

varejo | farmácias e perfumarias Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 1 Farmácia Pague Menos - CE 2 Drogasil - SP 3 Drogaria SP - SP 4 Droga Raia - SP 5 Dimed - RS 6 Sant’Ana Drogaria - BA 7 Latino Americana - SC ACUMULADO DO SETOR (7)

1.806.096 1.720.548 1.658.806 1.534.196 1.070.777 357.332 325.127 8.472.882

23,7 40,2 25,9 46,4 18,4 22,2 44,3 25,9

37.919 105.220 46.099 -1.024 45.531 4.706 9.128 247.579

42.132 74.590 32.971 40 29.697 3.129 5.681 188.240

617.160 731.914 421.555 603.318 333.054 92.423 95.614 2.895.038

89.280 407.615 102.428 89.389 150.600 27.595 29.607 896.514

95.701 96.805 64.598 56.987 42.522 11.171 9.128 376.912

120.242 111,1 160.819 70,9 25.079 71,5 45.713 NA 94.552 65,2 33.529 66,5 – 62,2 479.934 68,7

2,1 6,1 2,8 -0,1 4,3 1,3 2,8 2,8

292,7 235,1 393,5 254,3 321,5 386,6 340,0 321,5

691,3 179,6 411,6 674,9 221,2 334,9 322,9 334,9

47,2 18,3 32,2 0,0 19,7 11,3 19,2 19,2

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 65


PERFIL | RIACHUELO

Reinvenção e renascimento Aos 63 anos, a rede mostra vitalidade para concorrer à liderança no mercado de vestuário. O segredo está na agilidade em se reinventar Por Hugo Cilo

N

o dia 16 de novembro passado, a Riachuelo colocou nas araras de suas lojas a coleção Primavera-Verão 20102011, com a respeitada assinatura do estilista Oskar Metsavaht, dono da grife carioca Osklen. “Vendemos tudo”, contou no dia seguinte Túlio Queiroz, controller e executivo de relações com investidores da empresa, ao apresentar os resultados do terceiro trimestre da companhia. O episódio pode parecer até corriqueiro nesses tempos de economia aquecida, nos quais o brasileiro, que tem natural apetite por novidades, ganhou mais poder de compra e aprendeu a investir na autoestima. Não é tão simples assim, se a ação foi desencadeada pela Riachuelo. Com uma bagagem de 63 anos de experiência no mercado brasileiro, a rede já provou mais de uma vez habilidade e disposição de se reinventar seguidamente, para responder a cada mudança de hábitos de compra dos consumidores ou aos ventos da economia. A capacidade de se adaptar a tempos ruins foi testada há uma geração, quando teve de batalhar para sair de uma concordata. Agora, em situação confortável em um mercado de crescente demanda, se exercita para assumir a liderança no mercado em que atua. A capacidade de mudar tem garantido à rede um lugar no poderoso quarteto que domina a área dedicada ao vestuário e calçados – os demais players são C&A, Renner e Marisa. Nesse quarteto há uma disputa feroz pelo segundo lugar, pois a C&A, por

66 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

enquanto, parece inamovível da liderança – no ano passado vendeu mais que o dobro da Renner, a vice. A Riachuelo tem mostrado credenciais para a batalha. Nos três primeiros trimestres deste ano, a receita acumulada, de R$ 1,4 bilhão, subiu 17%, na comparação com


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o mesmo período do ano passado, na mesma faixa que os demais concorrentes ao segundo lugar – Renner (16,8%) e Marisa (17,6%). (A C&A não divulga resultados.) Não falta disposição para continuar na luta. “Estamos prontos para avançar ainda mais. Nossa estrutura para conquistar espaço no mercado está pronta”, garante Flávio Rocha, controlador da Riachuelo. “Somos grandes e fortes como um elefante, mas ágeis nas mudanças como quem dança balé.” Quem olhar para os movimentos recentes facilmente verá nas declarações do empresário não jactância, mas promessa, pela expansão das operações. A rede, que encerrou 2009 com 107 lojas, pretende chegar ao fim deste ano com 124 – até novembro, eram 117. Além das inaugurações, foi um ano de reformas arquitetônicas nas unidades existentes, ao ritmo de uma loja a cada duas semanas. Não vai parar por aí. “De 2011 em diante vamos inaugurar 22 lojas por ano, de forma a chegar a 2013 com uma rede de 190 unidades”, informa Queiroz. Por enquanto, a empresa permanece conservadora quanto ao formato das lojas. Todas as novas unidades previstas, a maioria delas programada para shopping centers, seguirão o padrão da companhia: estabelecimentos tradicionais, com 2.500 metros quadrados cada um. Segundo Queiroz, essa

decisão foi baseada em estudos, segundo os quais ainda há espaço para aquele estilo, mais ao gosto dos compradores das classes C e D. Mas a Riachuelo não descarta assumir formatos diferenciados a partir de 2013, ou mesmo antes, caso isso seja necessário.

Projeto é ampliar a cadeia de 124 lojas neste ano para 190 em 2013

Sinergia x verticalização A controladora da Riachuelo é a Guararapes, indústria têxtil com plantas em Fortaleza e Natal, fundada por Nevaldo Rocha, pai de Flavio. O curioso é que a indústria, atualmente a maior fabricante de roupas da América Latina, que despeja quase 300 mil peças por dia, foi originada no comércio. Nevaldo começou com uma modesta loja de roupas, em Natal, no ano de 1947; só em 1954 surgiria a Guararapes. A opção industrial não sufocou a vocação de vendedor e a rede Riachuelo foi mantida. Era, no entanto, apenas um apêndice do negócio fabril. A verticalização continuou por muitos anos e mostrou que não funcionava mais de forma perversa: em 1990, ao fim de tentativas frustradas de expansão com esse modelo, a empresa foi obrigada a pedir concordata. Seguiu-se ao episódio um período de reconstrução, no qual a indústria e a rede perseguiram a expansão por caminhos diferentes, DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 67


Patrícia Cruz/LUZ

Nossa estrutura para conquistar espaço no mercado está pronta” Flávio Rocha, presidente

embora se mantivessem interligados. Ambas diversificaram carteiras: a primeira, a de clientes; a segunda, a de fornecedores. Nesse período de retomada, os dois ramos souberam explorar seu DNA 100% brasileiro, enquanto iam se modernizando. A Riachuelo resgatou antigas marcas – a linha de produtos Pool, etiqueta que entrou e saiu do mercado diversas vezes, foi relançada para consumidores mais jovens, por exemplo. Também remodelou lojas e colocou em prática a mais agressiva ação de marketing de sua história: contratou atrizes da novela das oito, bancou desfiles em semanas de moda e até mudou o logotipo. Atualmente, está claro que indústria e comércio, seguindo cada um sua vocação sem perder a sinergia, acabaram se tornando esteio mais

forte um do outro. A rede de lojas sabe que dispor de fábrica própria é meio caminho andado para o sucesso. No entanto, nem a metade de tudo que a Riachuelo vende é produzida pela Guararapes. A fábrica, por sua vez, sabe que uma boa integração com o varejo lhe permite evitar gargalos de produção e, em decorrência, baratear custos. Pois pode saber, por exemplo, praticamente em tempo real, se determinado produto vai vender bem ou encalhar. No sistema Guararapes/Riachuelo, o processo de criação de produtos é todo feito internamente e passa pela pesquisa de tendências, idealização da coleção, produção do tecido, modelagem e preparação para o corte, processo de costura, revisão e embalagem, até ser disponibilizado ao consumidor. Segundo a empresa, o processo traz, entre outras vantagens, preços adequados à realidade financeira do País. O grupo, além da Guararapes e da Riachuelo, é dono de um shopping center, o Midway Mall, em Natal. Seu braço financeiro, a Midway financeira, administra outro patrimônio valioso: o cartão da loja, que oferece, além do crédito pessoal, benefícios como Saque Fácil, seguros, assistência domiciliar e de veículos, proteção de perda e roubo e seguro-desemprego e residencial. O cartão é o principal instrumento empregado na estratégia de fidelizar o cliente. Até setembro, a base de possuidores era de 16,9 milhões de pessoas. Mais da metade das compras feitas nas lojas são pagas com o cartão. O controller Túlio Queiroz percebe, no entanto, que os cartões de bandeira – aos quais as classes C e D têm ganho crescente acesso – começam a empurrar a hegemonia.

varejo | roupas e calçados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 1 Lojas Riachuelo - SP 2 Lojas Marisa - SP 3 Restoque - SP 4 MOfficer - SP ( * ) 5 Lojas Citycol - RJ ( * ) 6 Garbo - SP 7 Elle et Lui - RJ ( * ) 8 Babysol - SP 9 Casas Lealtex - RJ 10 Magro e Moro - RS ( * ) 11 Lojas Hering - SC ( * ) ACUMULADO DO SETOR (11)

1.901.656 1.426.544 264.253 188.239 71.726 49.239 27.768 16.153 8.073 2.270 1.508 3.957.429

(*) Os dados são de 2008

68 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

11,8 9,3 38,9 8,5 7,9 9,0 – – 10,9 3,2 7,1 9,0

-9.680 70.209 9.080 1.159 1.355 2.592 954 -4.137 -355 253 -402 71.028

33.437 75.415 6.643 481 892 1.982 1.056 -4.137 -355 390 -259 115.545

1.429.639 1.321.856 211.395 121.064 33.247 33.118 22.597 19.939 5.487 2.175 7.695 3.208.211

806.749 704.117 154.028 64.513 16.371 8.744 11.557 8.966 3.040 1.565 -11.342 1.768.309

-27.168 91.541 13.337 6.127 3.637 3.681 1.111 -4.066 -125 272 -40 88.307

158.583 NA 153.716 107,4 59.969 73,2 58.333 41,5 10.008 65,8 62 76,5 9.868 110,7 3.100 NA 1.291 NA 1.311 154,2 -830 NA 455.411 76,5

-0,5 4,9 3,4 0,6 1,9 5,3 3,4 -25,6 -4,4 11,2 -26,7 1,9

133,0 177,2 4,1 107,9 187,7 10,7 125,0 137,2 4,3 155,5 187,7 0,8 215,7 203,1 5,5 148,7 378,7 22,7 122,9 195,5 9,1 81,0 222,4 -46,1 147,1 180,5 -11,7 104,4 138,9 24,9 19,6 NA NA 125,0 187,7 4,9


Namoro de longa data O namoro da Riachuelo com a moda não é recente. Começou em 1973, quando a loja lançou uma coleção do estilista baiano Ney Galvão. Foi uma grande ousadia para a época. Em primeiro lugar, porque moda e hábitos cotidianos eram coisas muito distantes uma da outro. Depois, porque Galvão – falecido prematuramente aos 39 anos, em 1991 –, além de iniciante, pouco conhecido fora de seu estado natal, era considerado um transgressor, mesmo para os liberais padrões do mundo fashion. A aproximação com esse mundo ficou mais em foco em 1993. A empresa passou a olhar então com mais atenção as tendências da moda nacional e internacional para repassá-las ao consumidor a preço acessível. Foi aí que surgiram as marcas próprias, cada uma com seu estilo, voltadas para diferentes públicos. Mais tarde, em 2001, a Riachuelo se aprofundaria nessa direção, quando começou a chamar nomes consagrados no circuito da moda para criar especialmente para a companhia. O primeiro deles, Fauze Haten, desenvolveu uma marca no estilo streetwear jovem para a rede, a Haten F. Essa primeira experiência foi o prelúdio para o

encontro com o conceito de fast fashion – moda de rápida reposição. Em suas entrevistas, Flávio Rocha não esconde que se inspirou na rede espanhola Zara – consagradora daquele conceito –, que conheceu em 2004, para traçar o próximo rumo da Riachuelo. Adotada a fast fashion, a rede que ele comanda estreitou a aliança com os estilistas brasileiros. Com Marcelo Sommer, por exemplo, que desenhou a coleção especial de inverno deste ano para a Pool, a marca jovem da rede. De quebra, fez contrato também com Ivete Sangalo, para lançar, em novembro do ano passado, uma linha completa – roupas, acessórios e calçados – com o nome da cantora. A prova de que a experiência é vencedora está no fato de a C&A ter corrido atrás do sucesso da concorrente. No ano passado, sua coleção outono/inverno veio assinada pelo paulista Reinaldo Lourenço, inaugurando uma linha chamada C&A Collections. Animada pelos resultados em vendas, expandiu o nicho, chamando outros estilistas: Isabela Capeto para moda infantil e Amir Slama para a moda praia. Finalmente, trouxe o badalado Alexandre Herchcovitch para desenhar a linha infantil deste ano.

Fast fashion leva estilistas brasileiros ao consumidor a preço acessível DIVULGAÇÃO

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Adaptação dos negócios ao novo perfil de demanda foi satisfatória e produziu bons resultados 70 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


SUPERMERCADOS

Com o controle da cadeia Diversificação das companhias gigantes, cuja hegemonia desperta cobiça no exterior, dita os rumos do segmento e do próprio varejo Por Cristina Oliveira

divulgação

N

a primeira década do século XXI, o segmento de supermercados teve de adaptar os negócios ao novo perfil de demanda, redesenhado pelos milhões de novos consumidores que chegaram às lojas amparados na melhoria da renda e no crédito farto e pelos consumidores habituais que, com o mesmo apoio, passaram a comprar mais ou subiram de patamar na escolha de mercadorias. Lojas gigantes de hipermercados perderam espaço para locais mais enxutos, voltados para a comodidade do cliente. A venda por atacado chegou às gôndolas do varejo e ganhou apelido, atacarejo. As redes souberam acompanhar bem esses movimentos, melhorando a rentabilidade por loja, expandindo a oferta de proDEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 71


Divulgação/Imprensa Grupo Pão de Açúcar

O indicador que todo varejista olha de manhã é a taxa de desemprego” Enéas Pestana, do Grupo Pão de Açúcar

dutos e ganhando cintura no atendimento às necessidades do cliente. Fizeram tudo direito, como mostram os bons resultados conseguidos nos últimos dez anos: enquanto o número de lojas cresceu 27%, o faturamento dos supermercados mais que dobrou, ultrapassando R$ 177,7 bilhões no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). E esse crescimento veio acompanhado da geração de 200 mil postos de trabalho, chegando à oferta atual de 899,7 mil empregos diretos. A projeção da Abras é que o setor termine 2010 com alta de pelo menos 5% nas vendas, um resultado forte considerando a expansão de 2008 e 2009, respectivamente, alta de 9% e 8%.

72 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

Não é por acaso, portanto, que investidores estrangeiros olham com muita atenção para o setor, que há tempos foi descoberto por gigantes globais como as francesas Carrefour e Casino (sócia do Pão de Açúcar) e a americana Walmart. Para os fundos de private equity, esse é um dos segmentos que mais interessam no Brasil (veja também “Consolidação em marcha”, na presente edição). Novos investimentos ainda estão para entrar e vão desde os planos da inglesa Tesco, que diversas vezes anunciou seu interesse em ter lojas no País, até a empresa familiar paraguaia Grupo Vierci, que conta com 33 lojas com as bandeiras Stock e Super 6 e que vê se esgotarem as possibilidades de crescimento em seu próprio mercado. “Não temos projetos de trazer nossas bandeiras, mas estamos atentos para oportunidades no mercado brasileiro”, diz Dino Vitti, gerente-geral do grupo no País, explicando que a capacidade de investimento atual da companhia excede as oportunidades apresentadas. Prova de que o interesse de novos players está aumentando é a reação das companhias nacionais. “As empresas estão adquirindo redes regionais e isto é uma mostra de que os grupos estão se fortalecendo e protegendo seu mercado ou, no mínimo, tornando-se mais interessantes para uma venda no futuro”, afirma Luiz Goes, sócio-sênior da consultoria especializada em varejo GS&MD. Barreiras pela frente

Mas se engana quem acredita que entrar no ramo supermercadista brasileiro ou ir formando um colar de aquisições pelos estados seja tarefa fácil. No primeiro caso, o candidato encontrará pela frente a barreira formada pela concentração. As cinco maiores redes de supermercados têm hoje 43% do mercado. “Admito que é bastante concentrado, mas menos do que a indústria, onde a concentração de bens duráveis chega a ser de 70% a 80% em algumas categorias, como linha branca”, justifica o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana. A concentração fica mais branda, ele continua, se se levar em conta que o mercado informal responde por 50% do consumo total de alimentos. “Muito alto, a despeito dos esforços para a formali-


zação, com os programas como a nota fiscal paulista e substituição tributária – um movimento recente e que favorece a empresa formal”, afirma Pestana. O executivo deixa claro que, para se ter uma noção do real tamanho do segmento de supermercados, é preciso dobrar os resultados que aparecem no ranking das 500 maiores empresas da Abras. No segundo caso, outra barreira natural às gigantes do ramo – e essa impede até que os locais e estrangeiros já estabelecidos consigam ter uma real representação nacional – é formada exatamente pelas muitas redes regionais fortes. “Muitos chamam isso de bairrismo, mas considero o tom pejorativo, uma vez que não considera o importante papel do que chamo de apego regional a determinadas marcas”, diz Jaime Troiano, presidente do Grupo Troiano de Branding. “O brasileiro tem fama de ser aberto às novidades, mas também tem muito orgulho de pertencer a determinada região ou grupo.” Um estudo conduzido por ele mostra que, apesar do mercado globalizado, as marcas regionais de produtos são responsáveis por 34% do faturamento total das categorias de alimentação, higiene pessoal, limpeza e bazar. Essas “trincheiras”, como as chama Troiano, também podem ser vistas no segmento de varejo. No Rio Grande do Sul , a rede de farmácias Panvel atingiu 45% de nível de idealização dos consumidores, deixando muito para trás as concorrentes Agafarma (6%) e Droga Raia (1%). Na área de supermercados, o Zaffari conquistou 12% de idealização, em relação a 9% do BIG e a 1% do Carrefour. De acordo com Jaime Troiano, romper as barreiras do regionalismo requer tato e delicadeza. “Ao adquirir uma empresa regional, o grupo comprador deve manter as características locais que dão a sensação de acolhimento, atenção e cumplicidade com o cliente, para não matar a galinha dos ovos de ouro”, afirma Ele dá como bons exemplos do emprego dessa receita a experiência do Walmart na aquisição do Bompreço, no Nordeste, e da rede Sonae no Sul do País. De qualquer maneira, o consultor afirma que dificilmente uma rede será totalmente

nacional. “Quanto mais elas crescem, mais aumentam as trincheiras.” Participações separadas No quadro atual, o que não se pode negar é que há tempos são as grandes redes que traçam os rumos do setor. E até pela rapidez com que diversificam seus negócios, influem no mapa do varejo. “O indicador que todo varejista olha de manhã é a taxa de desemprego, e quando você tem distribuição de renda, geração de empregos e iniciativas para diminuir o déficit habitacional, isso incentiva

O brasileiro tem muito orgulho de pertencer a determinada região ou grupo” Jaime Troiano, do Grupo Troiano de Branding Divulgação

o mercado de bens duráveis. E temos de estar lá para vender para estes clientes”, conta Pestana. A lógica de “estar lá” com um portfólio de eletrodomésticos robustecido presidiu a fusão com a Casas Bahia neste ano e a compra do Ponto Frio em 2009. “Estávamos no segmento com uma rede com 47 lojas e um faturamento da ordem de R$ 2 bilhões. Éramos um player pequeno”, lembra Pestana. Com a somatória do faturamento do Ponto Frio (R$ 4,5 bilhões) e da Casas Bahia (R$ 13 bilhões), o Grupo Pão de Açúcar controla hoje a maior rede de eletrodomésticos do País. São mais de mil lojas, 67,4 mil colaboradores, uma carteira de crédito de R$ 16 bilhões e uma meta de chegar DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 73


Divulgação

Grupos estão se fortalecendo ou se tornando mais interessantes para uma venda no futuro” Luiz Goes, da GS&MD

a R$ 20 bilhões em faturamento no próximo ano. A venda de bens duráveis, a propósito, caminha para superar a venda de alimentos. Mas a rede garante que não está abandonando o foco no varejo alimentar. “São negócios diferentes”, garante Pestana, que não descarta entrar em outros negócios, como têxtil, esporte, bazar e material de escritório. “Nossa unidade de negócios especializados Real State, por exemplo, tem uma base de R$ 2,8 bilhões de ativos, com uma receita próxima de R$ 100 milhões com postos de gasolina e drogarias, e ainda não é uma start-up.” O caminho da diversificação não é via exclusi-

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va do Pão de Açúcar. O arquirrival Carrefour já é dono de um grande número de postos de gasolina e drogarias, como também de um piloto – por enquanto apenas no Nordeste – de loja de eletrodomésticos com a bandeira Atacadão Eletro. De acordo com Luiz Goes, da GS&MD, os supermercados ganharam força frente às redes de eletrodomésticos durante a crise internacional. Quando o crédito secou, a venda de equipamentos de maior valor agregado foi severamente afetada, mas o setor de alimentos saiu ileso. “A crise expôs as empresas em um momento em que, no Brasil, o consumidor estava ávido por experimentar. Sem crédito e com juros altos, ele apostou nos supermercados”, diz. Medidas como a redução do IPI ajudaram a recuperar mais rapidamente as empresas brasileiras de eletrodomésticos. O fenômeno das redes de supermercados partindo para esse ramo é puramente brasileiro. “Lá fora não vemos nenhum movimento desse tipo”, afirma Goes. Aqui, chamou a atenção da Abras, que o colocou em discussão interna. “Nosso setor é muito dinâmico pelo volume de recursos que movimenta, por isso, a diversificação é natural. O Pão de Açúcar investe na área de eletros desde a década de 1970, por exemplo”, afirma o superintendente da entidade, Tiaraju Pires. “Estamos estudando para o próximo ranking abrir os negócios que compõem o faturamento geral das empresas, deixando claro, por exemplo, a participação de eletros, farmácias, comércio eletrônico e postos de gasolina. O atacarejo continuará incorporado porque é basicamente alimentação.”


Universidade Corporativa para o desenvolvimento de pessoas

Gestão de resultados com distribuição de lucros

e um programa de responsabilidade ambiental que funciona

Saga. Mais que uma empresa de grandes projetos, uma empresa de grandes realizações. A Saga acaba de receber mais um prêmio importantíssimo: o de maior e melhor empresa do Brasil na categoria carros, motos e utilitários, segundo análise do Instituto de Economia Gastão Vidigal. Esta conquista nada mais é do que o reflexo de uma gestão eficiente, que incluiu, entre outras ações, a Universidade Corporativa, criada para desenvolver pessoas e disseminar conhecimento, a gestão de resultados com distribuição de lucros e o Saga Verde, um programa de responsabilidade socioambiental reconhecido nacionalmente. A gente coloca as pessoas em primeiro lugar. E elas colocam a gente.

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Walter Craveiro/Divulgação

Em 35 anos de Brasil, presença marcante, que mudou o modelo de negócio do setor

PERFIL | CARREFOUR

Mercado fez estilo mudar

Uma das mais dinâmicas operações do grupo francês em todo o mundo arruma a casa e diversifica para continuar a crescer

O

cliente do Carrefour certamente percebeu que este ano marca o início de um novo período da operação da rede no Brasil. Coincidindo com a comemoração do 35º aniversário da chegada ao País, a filial começou 2010 com o prestígio em alta, desde que foram divulgados os resultados consolidados do grupo em 2009. A operação latino-americana brilhou entre as demais, com uma expansão de vendas de 10,9%, só acompanhada pela Ásia – China principalmente –, que cravou 8,2%. Na Europa, o resultado foi negativo. O faturamento do braço brasileiro, de R$ 25,8 bilhões, ante R$ 22,4 bilhões do ano anterior, foi em grande parte responsável por aumentar a participação do subcontinente no total das vendas, de 11% para 12,3%. O prestígio não é ganho recente, pois há tempos o Brasil é considerado uma das joias da coroa da marca francesa. Desde 2006, por exemplo, tem mantido o crescimento anual na casa dos dois dígitos. Nesses 35 anos de atuação, o Carrefour soube acompanhar bem os movimentos do mercado local e cresceu com eles. Parte desses movimentos foi deflagrada pela própria

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empresa. Ninguém nega que sua chegada, introduzindo a cultura de discount, lojas maiores, grande variedade de produtos, preços baixos e propaganda ostensiva, deu uma sacudida nos métodos utilizados até então pelos supermercados – uma rede formada então por pouco mais de 11 mil lojas em todo o território, responsáveis por 70% das vendas de alimentos. “Foi importante por revolucionar a forma como as empresas se organizavam”, afirma o professor Maurício Morgado, do Centro de Excelência em Varejo da Eaesp da Fundação Getulio Vargas. Realmente, os novos padrões impostos pelo Carrefour obrigaram a concorrência a se mexer. O Pão de Açúcar, já na época líder no ranking dos dez maiores players do ramo – a propósito, o único remanescente, pois os demais foram gradativamente absorvidos, ou simplesmente desapareceram mais tarde –, iniciou ali uma série de aquisições de forma a guardar seu espaço. A primeira compra, em 1976, foi da Eletroradiobraz, rede de lojas de eletrodomésticos em situação pré-falimentar, que se aventurara no setor de supermercados. Um ano antes iniciara


a exploração de novos mercados fora de São Paulo, indo ao Nordeste. Ainda não tinha, no entanto, expertise para tocar lojas maiores. Sua experiência nessa faixa fora iniciada em 1971, quando abriu o primeiro Jumbo em Santo André (SP); só na década de 1980 desenvolveria a vertente dos hipermercados, trocando essa bandeira pela Extra. “O modelo que o Carrefour trouxe fez muito sentido na época da inflação”, conta Morgado. Isto quer dizer que os recém-chegados hipermercados atraíam as famílias já acostumadas às brasileiríssimas “compras do mês” – a estocagem de alimentos para economizar, para fugir à inflação. Que em 1975, a propósito, foi até baixa pelos padrões da época, de 25,9%; cinco anos depois romperia a faixa dos três dígitos. Em novos formatos O Carrefour só começou a alterar o estilo que o consagrou, e que causou o redesenho do setor supermercadista brasileiro, só depois que a estabilização econômica proporcionada pelo Plano Real estava solidificada. Em 2001, diversificou o formato pela primeira vez, trazendo a bandeira espanhola Dia%, um modelo de hard discount, no conceito de loja de vizinhança, que opera com baixo custo de operação e se localiza em pontos estratégicos. Essas unidades são menores, abastecidas de poucos produtos de marca própria, de alto giro, destinados a atender apenas às necessidades básicas dos clientes. O modelo foi muito bem recebido, tanto que a rede conta hoje com mais de 370 lojas nesse formato. “O grupo também começou a fazer experiências com formatos de supermercados menores, como o Carrefour Bairro, de olho em atender à nova demanda dos clientes”, afirma Morgado. A incursão no setor de atacado, com a compra da rede Atacadão em 2007 foi outro passo importante na diversificação dos negócios (veja também “Atendimento exclusivo”, na presente edição). Agências de turismo, serviços digitais, drogarias e postos de gasolina também fazem parte do portfólio da empresa e são todas áreas em franca expansão. Após dois anos da abertura da primeira loja de serviços digitais, a rede conta hoje com 77 unidades e planeja investir R$ 20 milhões para ampliar o modelo de negócio para todas as unidades até 2011: são cem unidades novas. Esta é a segunda etapa do plano de expansão, iniciado com a abertura de 30 lojas no

primeiro semestre deste ano. O rápido crescimento está em dia com a estratégia mundial do grupo de ser reconhecido como uma empresa voltada para soluções ao cliente. No Turismo Carrefour, por exemplo, o cliente que compra um pacote de viagens ganha um photobook, álbum personalizado com as fotos da viagem. Já nos postos de combustível, os motoristas que abastecem ganham descontos em suas revelações de fotos. O destaque deste ano foi o lançamento do portal de comércio eletrônico, em março. O Brasil foi a primeira das nações emergentes a receber investimentos em e-commerce. A rede de supermercados investiu R$ 50 milhões no projeto, que entrou atrasado no mercado, admitiu na época Jean-Marc Pueyo, então diretor-superintendente da rede no Brasil. “Sabemos que somos os últimos, mas isto nos deu a oportunidade de analisar bem o mercado”, afirmou o executivo. O portal conta com vídeos de especialistas, informações detalhadas sobre os produtos e serviços, como instalação e assistência técnica, que são diferenciais em relação a outros concorrentes do mercado. Especulação e auditoria Em meio a um audacioso programa de investimentos bienal (2010/2011), que prevê o desembolso de R$ 2,5 bilhões para a abertura de 70 lojas, o ano só não terminará tão bem como começou para o Carrefour Brasil devido a dois episódios. O primeiro foi originado por especulações veiculadas na imprensa européia de que

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Washington Alves/Light Press

Carrefour Bairro, experiência com formatos menores, para atender à nova demanda

o grupo venderia a operação brasileira para sanar dívidas da matriz francesa. Lars Olofsson, CEO e membro do conselho de administração, negou com veemência qualquer fundamento, pessoalmente e em comunicados. Rumores parecidos correram em 2004, quando, após uma série de aquisições – algumas consideradas desastradas pelo mercado –, era dada como certa a saída do grupo daqui. O segundo acontecimento é mais grave, pois não se baseia em boato, mas em uma ordem da alta direção, que contratou a KPMG para auditar o Carrefour Brasil. A empresa informou por meio de comunicado que o objetivo é averiguar questões relativas a provisões para descontos não recolhidos, contencioso tributário, de inventário e baixa em estoques. A preocupação da matriz com os resultados brasileiros é natural. Pelo peso que a operação local tem – especialmente porque a operação da rede na Europa ainda não se recuperou da retração de consumo pós-crise –, qualquer desequilíbrio aqui pode afetar gravemente os resultados do grupo. Durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre deste ano, Olofsson disse que a empresa conseguiu uma sólida performance de vendas no período apresenta-

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do, apesar de um ambiente comercial que continua sendo um desafio em diversos mercados-chave. “Estamos particularmente satisfeitos pelas fortes vendas em mercados emergentes, como China e América Latina, e pelos sinais animadores de recuperação em mercados como a Bélgica, Polônia e Taiwan”, afirmou. “Outras acusações pontuais relacionadas ao Brasil, resultantes da auditoria em curso que encomendamos, agora nos levam a crer que nosso lucro operacional para 2010 será de cerca de € 3 bilhões”. Inicialmente, a previsão de lucro era de € 3,1 bilhões. A redução pode ser ainda maior, uma vez que o grupo já trabalha com a expectativa de que os ajustes fiscais representarão um impacto de até € 180 milhões. Pelo que se percebe dos resultados, os problemas internos não tiveram nenhum impacto no desempenho da companhia. As vendas no Brasil subiram 13,1%, para € 3,2 bilhões no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, puxadas pelo Atacadão. E com esse resultado, a brasileira fica mais perto de assumir a segunda posição entre todas as operações do grupo, hoje ocupada pela Espanha, cujas vendas somaram € 3,6 bilhões no terceiro trimestre. CO


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 1 Carrefour - SP 25.622.503 2 WalMart - SP 19.725.992 3 Superm. Pão de Açúcar - SP 14.232.367 4 Sendas - RJ 3.009.317 5 Supermercado G Barbosa - SE 2.491.178 6 Zaffari/Porto Alegre - RS 2.110.000 7 Bretas Supermercados - MG 2.100.467 8 Epa - SP 1.796.404 9 Supermercados Angeloni - SC 1.519.732 10 Condor Super Center - PR 1.438.186 11 Coop - SP 1.361.592 12 Sonda - SP 1.319.472 13 Supermercados BH - MG 1.172.665 14 Carvalho Mercadao - PI 912.971 15 Supermercado Savegnago - SP 886.892 16 Escritório Central - PA 796.667 17 Bahamas - MG 695.100 18 Coml. Alimentos Carrefour - SP 598.765 19 Nordestão - RN 461.837 20 Invercontinental - RJ 419.841 21 Supermaia - DF 413.880 22 Irmãos Lopes - SP 412.294 23 Ebal Baiana Alimentos - BA 408.774 24 Jad Zogheib - SP 402.905 25 Supermercado Modelo - MT 392.763 26 Nazaré - PA ( * ) 375.295 27 Covabra - SP 361.466 28 Formosa Supermercados - PA 330.175 29 Supermercado Casagrande - ES ( * ) 302.029 30 Marcos - GO ( * ) 282.895 31 Supermercados Avenida - SP 282.788 32 Vianense - RJ 264.323 33 Enxuto - SP 253.389 34 Supermercado Veran - SP 249.501 35 Supermercados Joanin - SP 247.962 36 Bonanza Supermercados - PE 246.505 37 SempreVale Supermercados - SP 237.133 38 Andorinha Supermercado - SP 234.905 39 Atakarejo - BA 233.392 40 Beal - PR 231.313 41 Libraga, Brandão - RS 222.961 42 Supermercado da Família - PE 222.749 43 Patrezão - SP 210.684 44 Supermercado Verdemar - MG 206.738 45 Casa Alvorada - MG 202.179 46 Imec - RS 201.808 47 Floresta - RJ ( * ) 199.033 48 Sales - MG 198.871 49 Super Âncora - CE 196.879 50 Breithaupt - SC 195.163 51 Catricala - SP 191.484 52 Dias Pastorinho - SP 177.856 53 Supermercado Proença - SP 174.477 54 Irmãos Boa - SP 172.948 55 Hiper Moreira - GO 171.832 56 Comercial Zaffari - RS 170.771 57 Supermercado Guanabara - RS 164.056 58 Master Sonda Hipermercado - RS 162.540

17,1 19,5 17,4 5,7 8,6 37,5 18,6 7,9 12,5 23,5 54,1 30,7 19,0 27,7 29,4 21,9 18,8 8,4 16,8 5,6 12,0 24,2 14,6 – 7,2 23,1 19,8 -3,4 2,7 2,7 17,0 17,1 – 17,5 16,2 23,0 16,8 13,5 160,0 18,6 20,0 19,0 24,1 25,2 34,7 23,1 – 11,2 27,4 9,5 20,5 16,3 16,6 28,3 13,3 10,5 17,9 29,6

– – 648.524 63.832 – – – – – – – – – – – 9.979 – 41.556 – – – – -51.847 – – – – 7.791 – – – – – – – – – – – 2.467 – – – – – 3.046 586 – – -7.922 – 4.461 – – – – 5.766 –

– – 591.580 22.191 – – – – – – – – – – – 6.860 – 22.403 – – – – -51.902 – – – – 4.936 – – – – – – – – – – – 3.120 – – – – – 6.171 851 – – -2.386 – 3.420 – – – – 5.059 –

– – 13.312.760 1.643.917 – – – – – – – – – – – 208.175 – 435.428 – – – – 169.643 – – – – 75.213 – – – – – – – – – – – 73.158 – – – – – 95.184 55.194 – – 110.814 – 55.236 – – – – 54.927 –

– – 6.559.460 131 – – – – – – – – – – – 44.937 – 217.673 – – – – -32.679 – – – – 23.360 – – – – – – – – – – – 23.553 – – – – – 63.992 18.700 – – 43.654 – 31.864 – – – – 19.388 –

– – 797.261 230.416 – – – – – – – – – – – 10.627 – 55.452 – – – – -49.210 – – – – 9.271 – – – – – – – – – – – 5.827 – – – – – -2.041 4.472 – – -9.835 – 4.547 – – – – 5.263 –

– ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -134.319 91,2 4,6 106,9 203,0 9,0 56.452 34,8 2,1 183,1 1.254.898,5 16.939,7 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 22.529 68,8 1,3 382,7 463,3 15,3 – ND ND ND ND ND 43.524 53,91 6,9 137,5 200,0 10,3 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 3.414 NA -12,7 241,0 NA NA – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 2.016 63,4 2,4 439,0 322,0 21,1 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -11.126 126,5 1,1 316,2 310,6 13,3 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 6.102 202,6 1,5 212,0 148,7 9,6 -15.878 145,3 0,3 360,6 295,2 4,6 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 37.890 NA -4,1 176,1 253,9 -5,5 – ND ND ND ND ND 322,0 5.059 76,7 2,5 173,4 10,7 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -280 87,7 3,5 298,7 283,3 26,1 – ND ND ND ND ND

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 79


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 59 Supermercados Archer - SC 60 Supermercado Peruzzo - RS 61 Supermercados Passarelli - SP 62 Asun - RS 63 Lavapés - SP 64 Supermercado tome Leve - SP 65 Coop Empregs Usiminas - MG 66 Koch Hipermercado - SC 67 Supermercado Big Bom - sp 68 Supermercados Irani - PR 69 Supermercados Manenti - SC 70 Supermercado Baklizi - RS 71 Xande - SC 72 Casas Pinheiro - CE 73 Del Moro Aurora Supermerc - MT 74 Righi - RS 75 Supermercados Maciel - MA ( * ) 76 Delta Max - SP 77 Rede Compras Supermercado - PB 78 Casa Arnoldo Tischler - RS 79 Althoff Supermercados - SC 80 Supermercado Santa Cruz - SP 81 Pró Brazilian - GO 82 Mialich - SP 83 Supermercado Porecatu - SP 84 Supermercado Nori - SP 85 Palomax - SP 86 L S Guarato - MG 87 Inubia Paulista - SP 88 Supermercados Sto Antonio - ES 89 Supermercado Patão - PR 90 Vilela Supermercados - SP ( * ) 91 Supermercado Antunes - SP 92 Supermercados Zoni - SC 93 Itão - BA 94 Center Shop - RS 95 São João Supermercados - MG 96 Hipermercado Sta Helena - MG 97 Supermercado Rio Branco - BA 98 Supermercado Fênix - PE 99 Myatã - SC 100 Supermercado Troyano - SP 101 W M Tannus - SP 102 Real de Itaipu - RJ 103 Supermercado Germania - SC 104 Barbosão - MG 105 Bernardão - MG 106 Miller Supermercado - RS 107 Santo supermercado - SP 108 Super Apolo - RS 109 Superbom Supermercado - DF 110 Kusma - PR 111 Mig - SC 112 Supermercado Fonseca - SP 113 Beltrame - RS 114 Quartetto Supermercado - TO 115 Rispoli - RS 116 Lunitti - PR

161.504 146.682 140.137 137.153 133.360 129.444 116.224 115.583 111.216 109.388 105.734 105.404 102.082 101.295 101.013 100.745 96.778 94.730 91.752 90.944 90.722 90.197 90.054 86.828 86.151 83.104 83.014 82.552 80.470 80.037 78.301 75.867 75.525 75.459 74.704 74.315 74.237 73.326 72.208 71.332 70.498 69.278 68.852 67.972 67.670 65.357 63.629 63.050 62.948 61.425 61.262 61.083 61.019 61.000 59.726 54.483 54.465 53.404

15,8 26,4 – 18,2 17,1 10,3 8,2 21,7 18,1 20,2 23,8 11,5 5,1 42,0 24,4 21,5 38,0 – – 10,4 11,5 8,4 17,7 20,9 – 18,4 – 21,1 8,0 12,9 – 24,7 – 10,2 13,8 – 12,1 10,9 – – – – – -11,0 -27,2 – 47,8 – – – – – – – – – – –

(*) Os dados são de 2008

80 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

6.953 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 2.032 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

12.829 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 1.411 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

65.436 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 18.450 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

45.041 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 3.742 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

4.978 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 2.399 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

2.113 184,5 4,3 246,8 145,3 28,5 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -7.658 69,5 2,7 404,9 493,0 37,7 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 117 Super Dal Pozzo - PR 51.375 118 Luzitana de Lins - SP 50.981 119 Supermercado Amazônia - PA 49.500 120 Big Mais - MG 49.065 121 Obara Miyamoto - PR 48.000 122 Supermercado JB - MG 47.926 123 Estrela de Regente Feijó - SP 46.934 124 Gecepel - RS 45.208 125 A Luzitana - RO 44.775 126 Cabral & Maia - GO 44.686 127 Calvi - ES ( * ) 44.478 128 Supermercado Paraíso - RS 43.660 129 Supermercados Economia - RS 43.180 130 Martendal - SC 43.161 131 Supermercado Ruscito - SP 43.101 132 Dotto - SP 42.863 133 Superm Glória /Incorpora. - PR ( * ) 42.529 134 Osmar Nicolini - RS 42.376 135 Coml. São Torquato - ES 42.235 136 Cooperbarra - SP 42.064 137 Alcides R Bastos - MG 41.695 138 L C Bonato - RS 39.758 139 Zebu Carnes Supermercado - MG 39.348 140 Seiji - SP 39.109 141 Supermercado São Jerônimo - MG 38.207 142 Supermercado bem Bom - PR ( * ) 37.276 143 Bavária Empreendimentos - SC 37.228 144 Pereira da Silva - SP 36.748 145 Supermercado Taquaral - SP 36.705 146 Dalpiaz - RS 36.497 147 Supermercado Irmão - MG 36.320 148 Supermercado São João - SP 36.297 149 Supermercado Carneiro - SP 35.901 150 Comercial Padre Vitor - MG 35.418 151 Rede Supermercados Valor - PA 35.314 152 Hipercenter Universidade - SC 34.103 153 Superm Paranaense Iga - MT 32.155 154 Super Mercados Lusitana - MA 32.148 155 Moniari Supermercados - SC 31.524 156 Coopbanc - SP ( * ) 30.837 157 Supermercado Alvorada - SC 30.508 158 Supermercado Deperon - SP 29.864 159 Supermercado Bandeirante - SP 29.035 160 Supermercado Bonetto - SP 28.951 27.690 161 Supermercado Baratudo - DF 162 Center Zattão - SP 27.559 163 Supermercado Bandeira - SP 26.876 164 Supermercado Viezzer - RS 26.769 165 Superm Ilha da Princesa - SP 26.438 166 Supermercado Colorado - SP 26.411 167 Supermercado Locatelli - PR 26.000 168 Supermercado Pereira - BA 25.000 169 Supermercado Peixoto - MG 24.994 170 Balan Supermercados - SP 24.522 171 Supermercados Elias - SP 24.479 172 Coqueiros Supermercados - RS 24.314 173 Irmãos Nagai - SP 23.940 174 Supermercado Gomes - SP 23.544

49,8 – – – 26,4 – 10,1 8,6 31,6 4,8 15,2 14,4 15,8 39,1 8,1 5,7 7,1 27,0 9,0 9,5 3,3 15,9 15,5 42,5 14,0 2,7 – 57,3 1,9 14,5 15,4 – – – – – 25,5 12,9 31,1 20,8 8,9 2,9 17,6 4,9 20,9 1,1 -7,1 -3,4 25,7 28,2 – 33,9 50,4 – 10,5 – – 18,0

– – – – – – – – – – – – – – – – – – -1.818 – – – – – – – – – – – – – – – – – – 1.041 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – -1.818 – – – – – – – – – – – – – – – – – – 2.278 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – 14.042 – – – – – – – – – – – – – – – – – – 30.427 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – 6.520 – – – – – – – – – – – – – – – – – – 23.670 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – -960 – – – – – – – – – – – – – – – – – – 1.576 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

– ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 4.974 NA -4,3 300,8 215,4 -27,9 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 105,7 128,6 9,6 13.195 218,8 3,2 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 81


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 175 Supermercado S. Sebastião - SP 23.000 176 Missias Peixoto - SE ( * ) 23.000 177 Nilton Supermercados - SP 22.897 178 Crid - BA ( * ) 22.400 179 Supermercado Michelassi - SP 22.200 180 Supermercado Linke - RS 22.099 181 N Tonial e Cia - PR 21.910 182 Coml. Fátima - TO 21.900 183 Supermercados Nardelli - SC 21.800 184 Nova Europa - MG 21.684 185 Varejão Popular - AC ( * ) 20.848 186 Supermercado Estrela - MS 20.702 187 Supermercado Gonçalves - GO 20.684 188 Supermercado Cercadão - SP 20.000 189 Burgão Supermercados - SP 19.700 190 Supermercado Paxá - MG 19.576 191 Supermercado Niquini - MG ( * ) 19.500 192 Popular de Tambaú - SP 19.365 193 Supermercado Tulon - SP 19.217 194 Cogal - MT ( * ) 18.933 195 Supermercado Cidade - MG 18.027 196 Saladão - SP 18.000 197 Rancho Bom de Alimentos - SC 17.884 198 Dadá Supermercado - MG 17.857 199 Mendonça Super Center - MT 17.820 200 Casa Hirata - SP 17.735 201 Supermercados Gerações - SP ( * ) 17.445 202 Supermercado Caldeirão - MG ( * ) 16.944 203 Hiper Norte - TO ( * ) 16.913 204 Comercial Sabor de Pão - MG 16.791 205 Acírio Fink - RS 16.649 206 Supermercado Celeiro - ES 16.647 207 Supermercado Marajoara - SP 15.845 208 Bommix Supermercado - SP 15.750 209 Fabian Supermercados - PR 15.335 210 Supermercado Auricchio - MG 15.288 211 Superbom - RS 15.188 212 Supervale - SC ( * ) 15.180 213 Supermercado Irmão Lima - MG ( * ) 15.000 214 Supermercado Pedralli - RS 14.854 215 Leal & Gomes - PI ( * ) 14.714 216 Mercado Goes - PR 14.630 217 Mercearia MJ - SP 14.606 218 Oliviera & Filhos - MG 14.508 219 Supermercado Saito - MT ( * ) 14.196 220 Supermercado Kajota - SC 14.119 221 Nardelão - SC 14.000 222 Supermercados Maccari - RS 13.994 223 Supermercado Ideal - MT 13.888 13.857 224 Supermercados Golfinho - SP 225 Jardim Zaira - SP ( * ) 13.800 226 Supermercado Guanabara - MS 13.787 227 Furlan & Piola - SP ( * ) 13.200 228 Supermercado Nelsino - SP 13.189 229 Supermercado Ki Jóia - MG ( * ) 13.057 230 Supermercado Tem Tem - RS 13.000 231 Supermercado Schwalm - RS 12.682 232 Mercado Bandeiras - SP 12.597

– 18,1 22,9 2,7 – 32,7 – -3,5 10,5 5,1 2,7 2,4 18,1 – – -3,1 2,7 1,7 9,8 0,2 15,1 108,4 – 17,8 – 32,1 2,7 2,7 20,3 – 6,8 7,8 11,1 – – 3,4 21,8 24,2 40,0 – 2,7 – -2,9 – 56,0 27,2 879,5 7,6 39,3 -2,5 136,2 9,2 13,0 3,8 -23,3 16,1 – 15,6

(*) Os dados são de 2008

82 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

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varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 233 Supermercado Jordão - SP 12.293 234 Supermercado Blentan - SP 12.199 235 Ideal - MG 12.184 236 Bar Mercearia Ferreira - SP 12.000 237 Lemos Supermercado - PE 11.677 238 Supermercado Elzio - SP 11.622 239 Economia do Povo - RS 11.367 240 Supermercado Ouro Branco - AL ( * ) 11.242 241 Figueroa - SP 11.000 242 Supermercado Baza - PR 11.000 243 Supermerc Extraeconomia - SC 10.850 244 Supermercado Mombach - RS 10.700 245 Supermercado Valente - MG 10.562 246 RB Supermercados - SC 10.324 247 Supermercado Itaipu - PR 10.196 248 Superm Cizotto & Donaire - SP ( * ) 10.162 249 Supermercado São José - PR 10.000 250 Supermercado Irmãos Vaz - BA 9.950 251 Nhandeara - SP ( * ) 9.649 252 Supermercado Remael - SC 9.490 253 Supermercado Querência - RS 9.475 254 Handas - MS 9.440 255 Supermercado Parazzi - SP 8.769 256 Supermercado Lisboa - PR ( * ) 8.731 257 Santa Catarina - SP 8.212 8.181 258 Surp e Panf Estrela Dalva - PA 259 Mercado Barcarolo - SC 8.027 260 Super Um Supermercado - GO 8.021 261 Vasconcellos - PR 8.000 262 Lojas Solar - RS 7.810 263 Superemercado Alpheu - SP 7.807 264 Supermercado Pagão - BA 7.750 265 Supermercado Adalberto - SE ( * ) 7.733 266 Supermercado Grenal - RS 7.626 267 Supermercado Golfeto - PR 7.395 268 Supermercado Itaipu - PR 7.369 269 Ferrari - SP ( * ) 7.200 270 Supermercado Ciandrihi - SP 7.200 271 Eva Supermercado - BA 7.200 272 Supermercado São Pedro - SP 7.150 273 Supermercado Lopes - RN ( * ) 7.143 274 Supermercado Bolsão - SP 6.898 275 R F Supermercado - ES 6.895 276 Supermercado Sto Antonio - SP 6.850 277 Supermercado Popular - GO 6.718 278 Supermercado Viçosense - MG 6.600 279 Frassul - RS 6.359 280 Supermercado Campos - MS 6.263 281 Caron - ES 6.249 282 Supermercado Zenilu - ES 6.060 283 Munis - ES ( * ) 6.000 284 Supermercado Malaquias - SP 6.000 285 Supermercado Porto - SC 5.997 286 Magu - MG 5.894 287 Bom Dia Carabelli - PR 5.800 288 A Guari - SP 5.690 289 Rech - RS 5.568 290 Luzitana Supermercado - GO ( * ) 5.537

13,8 – 26,4 – 25,9 38,6 22,1 6,7 27,8 – 21,6 5,7 10,5 22,1 22,6 31,0 – 28,5 16,0 2,6 31,5 – 15,9 2,7 9,2 2,7 46,1 – 36,9 5,6 18,8 23,1 29,6 – – 7,6 47,9 – – – 2,7 1,7 41,6 – 24,0 11,1 8,1 – 17,7 5,9 28,4 12,0 11,1 10,6 24,1 – 30,8 22,8

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

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(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 83


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 291 Supermercado Hinghaus - SC 292 Cisne Gêneros - PR 293 Super Casa do Frango - CE 294 Mercado Bastos - SP ( * ) 295 Supermercado Magnabosco - PR 296 Supermercados Lemos - TO 297 Filler - RS 298 Adelmo - SC 299 Freitas Supermercado - SP 300 Supermercado Sta Helena - PR 301 Cezi Supermercado - PR 302 Supermercado Costa Azul - SP 303 Supermercado Marini - SP 304 Pereira - SP 305 Docelar - BA ( * ) 306 Verdurão Supermercado - PR 307 Busatto - RS ( * ) 308 Arruda Campos Itu - SP ( * ) 309 Supermercados Paulicéia - SP ( * ) 310 Humberto Américo - SP 311 Bortolotto - RS 312 Diógenes - MG 313 Pregardier Klann - RS 314 Supermercado Campestre - SP 315 J Pergentino - RN 316 Supermercado Omote - SP 317 Rhayme Shoppin Center - MG 318 Supermercado Menck - SP 319 Supermercados Mori - SP 320 Ditudo Variedades - MT 321 Guaduense - MG 322 Supermercado Favin - PR ( * ) 323 Supermercado Sto Antônio - SP 324 Juliana Machado - MG 325 Supermercado Pedrosa - MG ( * ) 326 Bettin & Boa - ES 327 Supermercado Floraci - RN 328 Supermercado Arvoredo - SC ( * ) 329 Supermercado Millrath - PR 330 Comercial Maryse - MG 331 Da Fazenda - PR 332 Super Cesa - RS 333 Bigjóia - RS ( * ) 334 Supermercado Cerqueira - BA 335 Super Econômico - SC ( * ) 336 Frassul - RS ( * ) 337 Lider Supermercado - RS 338 Mercado Begnini - SC 339 Supermercado Ramos - BA ( * ) 340 Supermercado Moterani - MG 341 Supermercado América - MT 342 Supermercado São José - SP 343 Supermercado Bem Brasil - SC 344 Mercado Caravagio - PR ( * ) 345 Auto Serviço - ES 346 Mercantil Tavares - CE 347 Supermercado Econômico - MS ( * ) 348 Supermercado Mainardi - RS ( * )

5.446 5.400 5.400 5.374 5.226 5.200 5.190 5.153 5.103 5.021 5.000 5.000 5.000 4.960 4.940 4.829 4.816 4.811 4.800 4.800 4.800 4.705 4.679 4.654 4.623 4.587 4.584 4.560 4.513 4.450 4.350 4.250 4.220 4.200 4.139 4.080 3.807 3.780 3.760 3.753 3.723 3.699 3.652 3.559 3.500 3.493 3.424 3.229 3.225 3.215 3.200 3.198 3.194 3.180 3.135 3.100 3.024 3.000

– – – 65,7 7,3 -10,3 5,4 – 29,5 19,2 – – – – 2,7 13,1 11,3 8,2 40,8 – – 11,9 27,2 -25,8 31,9 -16,1 -14,0 – 5,6 107,7 – 127,3 – – 2,7 74,6 20,1 18,0 17,1 – 59,3 -85,3 17,0 24,4 2,7 31,4 – – 49,2 10,1 – 35,4 31,2 0,8 – – 2,7 -8,3

(*) Os dados são de 2008

84 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 6.074 – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 4.385 – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 19.698 – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 13.747 – – – – – – – – – – – – – – – –

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 5.662 – – – – – – – – – – – – – – – –

– ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -224 72,2 164,2 18,8 143,3 31,9 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND


varejo | supermercados Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 349 Supermercado Universo - GO ( * ) 3.000 350 Panificadora Primavera - MT 3.000 351 Mercado Bonimix - SC 3.000 352 Supermercado Zilio - PR 2.997 353 H Cantalice - RN 2.996 354 Supermercado Superlar - SC ( * ) 2.978 355 Lalo - SP ( * ) 2.863 356 Sargi & Sargi - SP 2.860 357 Jarzynski & Scheffer - RS 2.751 358 Meira - RN 2.700 359 Casas Sendas - RJ 2.665 360 Basso - PR ( * ) 2.656 361 Sobral - MS ( * ) 2.500 362 Supermercado Moro - SP 2.496 363 Supermercado Strohm - RS ( * ) 2.400 364 Puel - SC 2.373 365 SUPERMERCADO MAXI - PR 2.300 366 Casa Prata - MG ( * ) 2.282 367 Mini Mercado Folha Verde - PR 2.248 368 Super Ceretta - RS 2.220 369 Supermercado Progresso - GO 2.217 370 Super Vip - RS 2.182 371 Supermercado Dante - PR 2.175 372 Comercial Pantaneira - MS ( * ) 2.160 373 Supermercado Belmonte - PE 2.160 374 A Dias Supermercado - PR ( * ) 2.142 375 Supermercado Varanda - MG ( * ) 2.110 376 Supermercado Cripy - RS 2.106 377 Supermercado Maeda - GO 1.950 378 Supermercado Moreira - MG 1.920 379 Mercado Denise - SP 1.800 380 Mercado Roque - RS ( * ) 1.800 381 Militão - BA 1.800 382 Pamil Padaria e Superm - MG ( * ) 1.800 383 Supermercado Netão - TO 1.794 384 Varejão N. Sra. Aparecida - MG 1.786 385 Supermercado Casanova - SC ( * ) 1.767 386 José Cláudio Beltran - SP 1.748 387 Supermercado Miro - SC 1.702 388 Roma Supermercado - MS 1.672 389 Supermercado Kasio - SP 1.550 390 Supermercado Algeri - PR ( * ) 1.509 391 Supermercado Macaparana - PE ( * ) 1.498 392 Mercantil Líder - CE 1.440 393 Supermercado Shangri-la - PR 1.413 394 Supermercado Reimão - PR 1.300 395 Supermercado Marcon - RS 1.239 396 Supermer Kátia e Karla - MG 1.079 397 Alves Rocha - MG 960 398 Africana - PA 854 399 Irmãos Konradt - RS 797 400 Karimar Supermercado - PR 720 401 Supermercado Zona Sul - RJ 720 402 Lima Figueiredo - SP – ACUMULADO DO SETOR (402) 101.248.277

0,4 2,7 60,5 14,6 23,7 9,8 4,4 – – 26,0 -68,5 -0,6 29,7 5,7 2,7 -4,4 24,3 2,5 – – – – 28,2 2,7 53,0 20,8 130,5 – -16,2 – 43,6 2,7 – 2,7 – – 2,7 – – 10,7 34,9 40,7 18,3 – – – – – – -17,8 – – -99,9 – 16,0

– – – – – – – – – – 97.266 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – -80 – – 1 -221 839.487

– – – – – – – – – – 154.746 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – -78 – – 2 -221 785.836

– – – – – – – – – – 429.637 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 1.362 – – 189 196 16.869.086

– – – – – – – – – – -370.563 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 904 – – 74 -907 6.736.263

– – – – – – – – – – 105.192 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – -71 – – 16 -196 1.180.645

– ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND -6.155 159,1 3.649,8 0,6 NA NA – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 253 NA -9,3 62,7 150,7 -8,7 – ND ND ND ND ND – ND ND ND ND ND 1 114,0 0,2 380,9 254,1 2,2 111 NA ND ND NA NA 21.995 89,5 2,2 243,9 234,6 10,5

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 85


DISTRIBUIDORES DE CARROS, MOTOS E UTILITÁRIOS

Prova de competência

Em clima de otimismo, o mercado se movimenta. Mas a alta competitividade dita novas normas para quem quiser ficar no negócio Por Wagner Oliveira

Em carros de entrada, a margem de ganho não passa de R$ 200. E acham que ganhamos rios de dinheiro” João Batista Simão, presidente da Abrac

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ocê representa a parte rica do negócio”, provoca José Carlos Pinheiro Neto, o vice-presidente de comunicações e de relações públicas e governamentais da General Motors do Brasil, sempre que encontra João Batista Simão, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias Chevrolet (Abrac). “O chefe paulo brasil

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é um gozador”, reage Simão. A brincadeira começou nos anos de 1990, quando a GM registrava seguidos prejuízos no Brasil sem que a crise, aparentemente, afetasse os concessionários. “Nos tempos difíceis, revendedores nunca deixaram de ganhar, enquanto a companhia teve de ser socorrida por muitos anos pela matriz”, recorda-se Pinheiro Neto. Uma ou duas décadas atrás, a distribuição de veículos realmente era cercada de uma aura de pompa. Nos últimos anos, contudo, muitas coisas mudaram, ainda que as transformações não tenham diminuído a importância de um dos setores de maior visibilidade na economia brasileira. Não há números seguros sobre os recursos movimentados pelos revendedores de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, implementos rodoviários e motocicletas. Mas eles representam a ponta pela qual passa a maior parte da receita da indústria automobilística, que movimenta o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) de toda a indústria ou 5% das riquezas do País, que somou R$ 3,1 trilhões no ano passado. O faturamento com a venda direta de autoveículos – fora motos, máquinas e implementos agrícolas – pode chegar a R$ 170 bilhões neste ano, segundo projeções baseadas na comercialização de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Segundo especialistas, a comercialização é a parte menos nobre do ne-


gócio. “O maior ganho, certamente, vem dos serviços de manutenção e reposição de autopeças”, garante Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK, empresa especializada em estudos sobre o mercado automotivo nacional. Além dessa massa de dinheiro movimentada, o varejo de veículos desperta interesse pela convicção de que o País ainda está longe de atingir maturidade. A produção brasileira está acima de 3 milhões de unidades desde 2004 e tem crescido ininterruptamente há seis anos. De acordo com projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas internas deverão chegar a 3,4 milhões de unidades neste ano, para um total de 3,6 milhões fabricadas. O País já superou a Alemanha e alcançou o posto de quarto maior mercado do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Japão. No Brasil, a relação é de um veículo para cada 6,6 habitantes, enquanto em mercados maduros é de 1,2 para cada pessoa. Além disso, o aumento do poder de compra da classe C começa a se refletir no comércio de carros zero quilômetro. “Por todos esses fatores, o mercado brasileiro vem se tornando bastante apetitoso. Todos os fabricantes mundiais querem tirar proveito disso”, diz Cledorvino Belini, presidente da Anfavea. Concorrência acirrada Para fazer prevalecer o predomínio sobre importadores, as montadoras locais estão investindo. Segundo Belini, estão em curso atualmente investimentos da ordem de R$ 45

bilhões em toda a cadeia para elevar a produção a 5 milhões de unidades até 2015. Só o Grupo Fiat, que ele preside no Brasil, acaba de anunciar R$ 10 bilhões para modernização da fábrica e lançamento de produtos. De olho nesse movimento todo, os distribuidores são contagiados pelo otimismo. Só que a expansão impõe desafios. A forte concorrência vem ditando o ritmo e sacudindo o setor. A acomodação do passado dá lugar a uma gestão cada vez mais profissionalizada, que impõe ações de pós-venda e oferta de novos serviços – como o comércio de seminovos – como providências vitais para a sobrevivência dos cerca de 6 mil distribuidores no País. O treinamento da mão de obra, para torná-la eficiente e especializada, é a chave em tempos de recordes sucessivos de vendas, mas de acirrada disputa pelo consumidor. De um mercado de 600 mil unidades no final dos anos de 1980, dominado por quatro marcas (Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen), o Brasil evoluiu para um bloco de 25 empresas associadas à Anfavea, responsáveis por 45 unidades industriais instaladas aqui. Além do acirramento da concorrência entre as montadoras locais, o crescimento de marcas importadas gera novas oportunidades para os distribuidores. A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) já conta com 30 associadas, que chegam com a necessidade de espalhar revendas por todo o território nacional. O setor também é favorecido por uma conjunção quase inédita de fatores. Todos os subsegmentos (máquinas agrícolas, ôni-

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Paulo Pampolin/Hype

Venda direta é a parte visível; maior ganho vem da prestação de serviços e manutenção

bus, tratores e motos, por exemplo) têm suas nuanças e segredos, mas, obviamente, dependem basicamente do bom desempenho da economia, disponibilidade de crédito e confiança do consumidor. “Neste instante, tudo isso converge para que os empresários da distribuição acreditem na valorização dos negócios nos próximos 12 meses e anos”, afirma Luiz Adelar Scheuer. Ex-executivo da Mercedes-Benz do Brasil e ex-presidente da Anfavea, ele acompanha todos os movimentos da indústria e sabe para onde se direciona o comércio. Coloca agora essa experiência ao comandar pesquisa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que busca avaliar a postura dos revendedores na condução do negócio e no relacionamento entre a rede e a montadora. Segundo o consultor, o valor que o empresário atribui à sua concessionária está diretamente ligado ao resultado dos negócios, das práticas e das políticas da montadora à qual está ligado, à competência e qualificação dos representantes do fabricante, ao sistema de distribuição de veículos e peças, a programas de comunicação conjunta de propaganda e marketing, entre outros itens. “Curioso é observar paralelismo entre a avaliação do relacionamento dos concessionários de cada marca com sua montadora e o posicionamento da marca no mercado. Se a marca está bem em vendas, a avaliação sobe. Do contrário, desce. O dado confirma a interdependência necessária entre concessionário e a montadora nos interesses comuns”, conta. Para Scheuer, muitas coisas mudaram desde que integrava os quadros da indústria brasilei-

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ra – ele presidiu a Anfavea entre 1992 e 1995, período em que ajudou a lançar o carro popular 1.0. “No Brasil, concessionário deixou de ser apenas um repassador para ser realmente um revendedor”, diz. “De uma gestão familiar e com pouca concorrência, os revendedores têm de adotar processos cada vez mais eficientes.” Para ele, há muitas famílias no negócio, principalmente no interior, mas mudaram os métodos de condução. “Muitos empresários colocaram seus filhos para estudar no exterior para aprender a administrar bem.” Aptidão para o ramo Perda da margem de lucro, consumidores mais conscientes de direitos e deveres, oferta recorde de crédito e a disponibilidade de quase mil modelos diferentes mudaram totalmente o jeito de vender veículos no Brasil, enumera Scheuer. “Empresas que viviam de apenas ‘repassar’ carros mudaram de mãos. Grupos multimarcas, com gestão verticalizada, passaram a disputar a revenda de veículos, estabelecendo novos conceitos e parâmetros”, diz. “Antes, podíamos dizer que cada concessionária tinha um dono diferente; atualmente, há muitos grupos empresariais controlando vários pontos, com marcas diferentes, em várias cidades e regiões”, concorda Sérgio Reze, presidente da Fenabrave. “No mercado que já é o quarto mais importante do mundo, é comum transformações dessa natureza. Mas isso não extinguiu a figura do empresário que tem revenda única, que também tem seus bons segredos administrativos”, conclui.


divulgação/gmb

Reze vem reclamando das novas condições impostas pelo acirramento da concorrência. “Buscar participação no mercado é legítimo, morrer por isso é insano”, disse o dirigente na abertura do Congresso da Fenabrave, que reuniu empresários da classe de vários pontos do País e especialistas para o encontro neste ano em São Paulo. Para Reze, promoções e feirões estão minando revendedores, que buscam compensar perdas com criação de novos serviços de pós-venda. “A indústria não pode atropelar o comércio, os dois são parceiros interdependentes”, afirma. “É choro”, rebatem, nos bastidores, altos executivos das montadoras quando ouvem queixas assim. “Os novos tempos são assim mesmo, duríssimos. As margens caíram também para a indústria, que tem de oferecer muito mais por menos”, afirma o diretor comercial da Citroën, Domingos Boragina Neto. “Além disso, vamos assistir ao crescimento da concorrência asiática, que já está fazendo do Brasil uma de suas bases estratégicas no mundo.” Mauro Saddi, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen (Assobrav) e proprietário de revendas da marca em São Paulo, destaca que, em tempos de concorrência desenfreada, é preciso muita aptidão para ser distribuidor. “Nós movimentamos muito dinheiro, mas o que sobra é uma parte muito pequenininha. Nosso ramo exige trabalho exaustivo e árduo; eu diria que até é preciso muita paixão. Mas, em relação a outras atividades econômicas, nossa rentabilidade não compensa tanto suor”, avalia. “Em carros de entrada, por exemplo, a margem de ganho não passa de R$ 200”, detalha Simão, da Abrac. “E ainda tem gente que acha que ganhamos rios de dinheiro.” Simão, que tem revendas Chevrolet no interior de Minas Gerais e São Paulo, lembra que cerca de 50% do mercado brasileiro é dominado pelos veículos 1.0, com valor médio de R$ 27 mil. Mauro Saddi considera que, pela limitação cada vez maior da rentabilidade, o setor não atrairá muitos interessados nos próximos anos. “Apesar das projeções de alta nas vendas, não vejo novos grupos econômicos investindo no setor. A maior parte das mudanças já ocorreu nesses últimos anos.” Tributos dificultam o salto Para Scheuer, o mercado automobilístico só atingirá novo patamar de expansão com redução tributária. Atualmente, segundo a Anfavea, a carga média de impostos diretos sobre

os veículos no Brasil é de 26,4%, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, é de 6,1%. “Em mais de 40 anos de atividade na indústria automobilística nacional, não consegui descobrir qual foi o pecado que o consumidor brasileiro cometeu para ser condenado a pagar, eternamente, os impostos mais altos do planeta sobre automóveis. Isso é inaceitável, trava o Brasil”, considera. A expansão do crédito e a competitividade da indústria “já gastaram quase toda a munição para elevar o patamar da indústria automobilística brasileira”. A renda ainda limita o acesso de uma parcela maior da população ao mercado e, com isso, as vendas dificilmente superarão 3,5 milhões de unidades/ano – cerca de 300 mil unidades/ mês – a partir de 2011. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse, durante o Congresso da Fenabrave, que o governo está atento para a questão da carga tributária. “Um mesmo carro não pode custar no Brasil o dobro do que custa na Índia, um mercado emergente como o nosso”, disse, para surpresa da platéia. Segundo o ministro – defensor da diminuição da carga para veículos que inovem em tecnologias sustentáveis, como híbridos e elétricos –, o governo promove estudos para reduzir a tributação. Uma comissão avalia qual postura

Parentes que moram na mesma casa dividirão o segundo carro e a prestação” Isela Costantini, da GM do Brasil

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será adotada diante de avanços tecnológicos, sem que o foco do País saia do flex – verdadeira fonte alternativa energética que poucos países conseguiram implementar de fato. Classe C sob a lupa Enquanto a carga tributária não recua, os concessionários buscam entender melhor os hábitos dos novos compradores. “O consumidor classe C exige muito respeito. Preza o bom atendimento e não gosta de ser enganado. Tem sido prazeroso e desafiante atender este cliente, cujo potencial de compra já é grande”, ensina o presidente da Abrac. As montadoras também estão empenhadas em entender esse novo público. A General Motors, por exemplo, realiza ampla pesquisa em todas as regiões do Brasil, que espera concluir em janeiro, para saber o comportamento desse consumidor emergente. “Uma das coisas que já sabemos é que os indivíduos, pais, irmãos e parentes próximos, que moram na mesma casa, dividem o valor da prestação entre si”, adianta Isela Costantini, diretora de pós-vendas da GM do Brasil. “Assim, também dividirão o segundo carro.” Para Isela, o desafio será convencer esse novo consumidor a entender que manutenção não existe só para carro velho – e a rede de concessionárias terá papel importante nessa conscientização. “Há um conceito errado entre as classes menos abastadas segundo o qual o veículo zero quilômetro ‘não dá mecânica’, ou seja, não necessita de revisão. Muitos pensam: ‘agora que me livrei do carro velho, não vou mais perder tempo em oficinas nem gastar dinheiro com mecânicos e autopeças’”, afirma.

“É preciso treinar nossa rede para explicar a esse público que a vida útil do veículo depende, e muito, da manutenção preventiva.” Primeira mulher a assumir o cargo de diretora de pós-venda numa grande montadora brasileira, Isela é responsável por todo produto ou serviço relacionado à fidelização do cliente: peças e acessórios, oficinas e relacionamento com a rede, o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), além de manutenção e reparo de automóveis – público final ou reparador independente. Não só a General Motors, mas todas as montadoras, amplia esforços para treinar os distribuidores no sentido de proporcionar maior transparência a seus serviços de pósvenda, tida como uma das etapas mais lucrativas e importantes no setor da indústria automobilística. Disciplina no preço das revisões e autopeças, agendamento dos serviços e consertos sem retrabalho são alguns métodos para satisfazer e manter o consumidor. “As montadoras não podem deixar esse consumidor emergente ser atendido apenas pelo mecânico da esquina, ao qual ele levava o carro velho. Temos de convencê-lo de que, na ponta do lápis, sai mais barato fazer a manutenção na rede autorizada”, conclui Isela. Com todos esses novos desafios, ser concessionário no Brasil exige competência. Negócios bem geridos e marcas fortes tendem a levar a satisfação do distribuidor. “Quem investiu R$ 1 milhão numa revenda Hyundai, não vende hoje por R$ 3 milhões”, assegura o vice-presidente da Hyundai-Caoa, Annuar Ali. Por isso, o negócio ainda mantém sua visibilidade, paixão e admiração.

Em busca do equilíbrio Com a oferta mais generosa de crédito, o varejo de motos começa a se recuperar da crise que derrubara em cerca de 20% as vendas em 2009. A chegada de novos competidores, principalmente asiáticos, é mais um fator de expansão. O setor também está animado com o crescimento do comércio no Nordeste, que se iguala em número de emplacamentos ao Sudeste – o que abre novas oportunidades aos varejistas. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o faturamento da indústria retornará aos níveis de 2008, quando somou R$ 12 bilhões. É uma boa notícia para revendedores, que devem ficar com cerca de 5% do valor líquido dessa massa de recursos. Para 2010, a expectativa da Abraciclo é que as vendas no atacado cresçam 14%, o mercado aumente 23% e as ex-

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portações tenham alta de 6%. Com cerca de 1,5 mil concessionárias representando diretamente fabricantes nacionais ou vendendo motos importadas, o varejo ainda convive com lojistas independentes multimarcas, que compram diretamente das montadoras. Para 2020, o mercado brasileiro de motocicletas deverá chegar a 8 milhões de unidades. A previsão é de Jaime Matsui, presidente da Abraciclo, baseado no alto potencial de crescimento: “A média atual é de uma motocicleta para 14 habitantes. Na Ásia temos países com situação econômica e geográfica parecida com a do Brasil, com quatro habitantes por motocicleta, perfeitamente viável por aqui”. Para alcançar tal meta, o mercado teria de crescer mais de quatro vezes em dez anos, pois a projeção de vendas da Abraciclo para 2010 é de 1,8 milhão de unidades.


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PERFIL | SAGA

Aposta nos colaboradores Valorização e formação dos funcionários estão entre os segredos do Grupo Saga para manter a liderança na região Centro-Oeste

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Saga – Sociedade Anônima Goiás de Automóveis foi fundada em 29 de novembro de 1972 por um grupo de empresários goianos que, percebendo a boa oportunidade aberta com a desistência do negócio de uma antiga autorizada da Volkswagen em Goiânia – então a única revendedora da marca alemã na cidade –, decidiu investir na abertura de sua primeira concessionária. Dois anos depois, em 1974, um dos sócios fundadores da Saga, Hélio Campos, ofereceu sociedade a um empresário mineiro, Antônio Maia, que nem era do ramo de revenda. Na época, estava em negócio bem diferente: era responsável pela administração da fazenda da família, situada em Goiás, mas já era conhecido e admirado no meio empresarial goiano. Não por acaso recebera, em 1969, o título de “Homem Destaque da Região Sudoeste de Minas Gerais”, concedido pela Associação Comercial de Minas Gerais. Maia, ou Toninho, como os colaboradores do grupo o chamam, deixou a fazenda, mudou-se para Goiânia e assumiu o controle acionário e a presidência do grupo em 1975. Tomou gosto pela atividade e dedicou-se a batalhar pela expansão e desenvolvimento da empresa. À medida que os negócios evoluíram, foi criando a marca de sempre perseguir a liderança do mercado nas praças onde atua. Com sede em Goiânia, o Grupo Saga evoluiu nesses anos todos e rompeu fronteiras. Do estado natal saiu para outras dez cidades de três estados – Mato Grosso, Minas Gerais e Rondônia – mais o Distrito Federal. O que era a revendedora de uma solitária marca transformou-se

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em um guarda-chuva sob o qual se abrigam os logotipos de oito expoentes da indústria automobilística. Com a bandeira da Volkswagen, está em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Brasília, Porto Velho, Uberlândia e Araguari; da Fiat, em Brasília; da Ford, em Goiânia e Cuiabá; da Toyota, em Goiânia e Anápolis; da Hyundai, em Goiânia, Anápolis, Várzea Grande, Brasília e Porto Velho; da Nissan, em Brasília e Cuiabá; e da Citroën e Audi, em Uberlândia. Os veículos dessas oito marcas são distribuídos por 22 concessionárias. Para atender a todas as praças mantém quadro de 2.022 funcionários, 146 estagiários e 2.610 colaboradores terceirizados. Em 2005, o Grupo Saga iniciou um plano de expansão e, preocupado em despertar o espírito de liderança em seus colaboradores, decidiu investir fortemente em treinamento. Foi desta iniciativa que surgiu a Universidade Corporativa Saga – UniSaga, onde já foram realizados mais de 2 mil treinamentos de pessoal, com investimentos superiores a R$ 210 mil. No modelo inicial, em que foram formadas aproximadamente 150 pessoas, a UniSaga era um curso de gestão em concessionária. Em oito meses, alguns líderes da organização e outros profissionais treinavam uma turma de aproximadamente 30 colaboradores, em temas como contabilidade, gestão de pessoas e gestão em varejo. Os participantes do programa eram selecionados em uma espécie de vestibular, com avaliação em conhecimentos gerais, português e matemática. Ao fim do curso, todos os participantes apresentavam


DIVULGAÇÃO

um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), com um projeto de melhoria da empresa. Melhor para trabalhar Em 2010, a UniSaga mudou. Hoje é o modelo da área de treinamento e desenvolvimento da Saga. O objetivo é atingir o maior número de colaboradores, treinando-os em suas áreas de trabalho, buscando alinhar suas expectativas profissionais às expectativas da organização. Nesse novo modelo, a grade da UniSaga é formulada anualmente. Para defini-la, a área de recursos humanos promove no início de cada ano um levantamento das necessidades de treinamento (internamente chamado LNTE) com todos os líderes, para que esses apontem os pontos nos quais veem necessidade de aprimoramento funcional de suas equipes ao longo do ano. Também é feita uma análise das pesquisas de clima organizacional do ano que passou, para avaliar quais as necessidades de treinamento sugeridas pelos próprios colaboradores e pelo momento que vive o grupo. Com o diagnóstico das necessidades de treinamento, o Departamento de Recursos Humanos faz as propostas dos cursos que serão ministrados, que passam pela aprovação da diretoria. A alta administração interage com a UniSaga o tempo todo, realizando alterações

nos treinamentos e mudanças no cronograma. Dessa forma, o levantamento realizado no início do ano está sempre atualizado. Outro programa para desenvolver talentos é o de trainees, cujo objetivo é prospectar no mercado recém-formados que exibam potencial para que, depois de preparados, ocupem cargos de gestão dentro do grupo. Esses jovens aprendem a atuar em novos cenários empresariais e passam por diversos setores da empresa durante seis meses. Acompanhados de um mentor, são submetidos a avaliações técnicas e comportamentais. Ao final de cada etapa eles devem entregar um relatório com um projeto de melhoria para os departamentos pelos quais passaram. Para a retenção dos talentos que descobriu, a empresa criou uma política de recrutamento interno, isto é, dá preferência aos atuais colaboradores para o preenchimento das vagas abertas pelos gestores. Só em caso de não encontrar entre eles o profissional habilitado para a função, vai recrutar no mercado. Essa e outras práticas levaram a Saga e estar por três anos consecutivos (2008, 2009 e 2010) entre as melhores empresas para trabalhar, de acordo com o guia 150 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil, da Editora Abril. Neste ano, a Saga esteve ainda entre as 100 Melhores Empresas para Trabalhar da revista Época.

Grupo tem hoje 22 concessionárias de oito marcas

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 93


varejo | DISTRIBUIDORES DE CARROS, MOTOS E UTILITÁRiOS Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % CARROS, MOTOS E UTILITÁRIOS 1 Saga GO - GO ( * ) 609.637 13,5 -2.311 28.879 167.370 51.156 15.852 38.001 NA -0,4 364,3 327,2 56,5 2 Sinoscar - RS 519.627 9,5 11.472 7.173 90.061 50.634 12.243 42.411 62,5 2,2 577,0 177,9 14,2 3 Carbel/VW - MG 499.920 – 2.104 6.604 84.629 45.261 4.385 20.658 313,9 0,4 590,7 187,0 14,6 4 Florença - PR 489.869 10,8 9.663 9.663 100.970 5.717 -7.556 19.518 100,0 2,0 485,2 1.766,0 169,0 5 Via Sul/Fiat - PE 479.912 10,1 10.381 5.319 100.838 28.394 16.187 43.596 51,2 2,2 475,9 355,1 18,7 6 Brasilwagen - SP 465.206 16,8 5.183 3.974 84.765 29.963 8.276 44.153 76,7 1,1 548,8 282,9 13,3 7 Jorlan Veícs - DF 378.128 -0,4 18.808 11.128 145.583 52.754 24.223 7.921 59,2 5,0 259,7 276,0 21,1 8 Disbrave/Brasília - DF ( * ) 316.178 17,0 1.582 11.997 166.954 85.686 2.466 31.900 758,4 0,5 189,4 194,9 14,0 9 CCV Veículos - PR 276.502 4,7 3.838 11.859 127.504 93.715 5.196 30.984 309,0 1,4 216,9 136,1 12,7 10 Eurovia - PE 235.932 -0,6 5.076 3.294 56.446 17.405 9.233 21.761 64,9 2,2 418,0 324,3 18,9 11 Cresauto - BA 206.360 19,8 6.102 4.133 39.868 9.880 9.796 4.057 67,7 3,0 517,6 403,5 41,8 12 Govesa - GO ( * ) 202.045 22,0 5.915 2.695 42.822 29.905 -1.430 8.854 45,6 2,9 471,8 143,2 9,0 13 Simpala Veículos - RS 184.723 2,3 1.204 -11 46.229 21.929 3.542 4.712 NA 0,7 399,6 210,8 -0,1 14 Slaviero/Brasília - DF 177.185 -1,8 5.917 5.224 46.248 24.059 8.830 9.722 88,3 3,3 383,1 192,2 21,7 15 Brasal Brasília - DF 171.189 16,6 3.771 32.603 281.722 263.500 3.733 4.735 864,5 2,2 60,8 106,9 12,4 16 Miriam Minas Rio - RJ 168.598 13,2 11.667 8.071 62.909 51.825 13.463 28.302 69,2 6,9 268,0 121,4 15,6 17 Irmãos Luchini - SP 153.525 6,0 2.520 3.119 32.841 12.473 2.520 12.331 123,8 1,6 467,5 263,3 25,0 18 Slaviero/Curitiba - PR 150.260 – 1.534 1.115 48.803 24.916 2.442 7.963 72,7 1,0 307,9 195,9 4,5 19 Lemar - SP 148.700 19,3 -4.532 -4.532 35.083 -1.265 -1.718 6.063 NA -3,1 423,9 NA NA 3,7 20 Sonnervig/Ford - SP 145.845 -3,7 5.421 5.652 36.975 14.322 4.493 13.173 104,3 394,4 258,2 39,5 21 Betim Veículos - MG 145.401 9,9 3.100 2.379 31.672 7.350 4.512 1.152 76,7 2,1 459,1 430,9 32,4 22 Lince Veículos - GO ( * ) 124.496 31,1 3.257 2.165 23.172 9.515 8.695 8.413 66,5 2,6 537,3 243,5 22,8 23 Bravesa - DF ( * ) 123.198 3,4 2.928 1.955 15.970 8.148 838 7.912 66,8 2,4 771,4 196,0 24,0 24 Green Belém - PA ( * ) 109.683 11,0 306 157 26.014 9.471 960 9.476 51,3 0,3 421,6 274,7 1,7 25 Ribeiro Jung - RS 108.127 11,8 1.288 1.369 22.467 7.159 661 2.964 106,3 1,2 481,3 313,9 19,1 26 Disnave - RJ 107.145 30,0 2.032 1.495 17.208 5.676 2.801 1.653 73,5 1,9 622,6 303,2 26,3 671 27 Morumbi Motor - SP 106.660 5,2 848 19.517 7.498 1.807 529 79,1 0,8 546,5 260,3 9,0 28 Frutosdias/GM - BA 103.925 5,8 7 7 20.600 7.104 1.062 2.536 100,0 0,0 504,5 290,0 0,1 29 Eurovia Automóveis - PE 97.952 8,9 4.164 2.755 24.425 9.441 6.100 11.484 66,2 4,3 401,0 258,7 29,2 30 Taguauto Taguatinga - DF ( * ) 93.951 19,3 2.909 942 37.116 28.737 2.802 11.513 32,4 3,1 253,1 129,2 3,3 31 Importadora Ferragens - PA 90.917 14,1 3.584 3.432 31.979 15.633 6.670 1.511 95,8 3,9 284,3 204,6 22,0 32 Norpave - PR 82.654 36,0 2.966 2.480 16.440 9.704 3.499 6.650 83,6 3,6 502,8 169,4 25,6 33 Paraguassú - BA 81.186 -8,3 1.652 1.397 26.065 15.997 1.468 2.291 84,6 2,0 311,5 162,9 8,7 34 Rio Bahia Veículos - BA 79.544 -29,1 470 376 45.749 8.738 2.993 9.648 80,0 0,6 173,9 523,6 4,3 35 Vessa - ES 74.939 -3,2 201 217 19.628 4.829 1.259 10.392 107,8 0,3 381,8 406,5 4,5 36 Champagnat/GM - PR ( * ) 72.917 – 659 583 24.709 2.967 553 5.902 88,5 0,9 295,1 832,8 19,7 37 De Marco S.A. Comércio - SC 71.642 31,4 898 630 17.077 8.157 898 3.874 70,2 1,3 419,5 209,4 7,7 38 Ditrasa - MG 69.705 1,3 753 805 22.725 14.375 2.853 11.818 107,0 1,1 306,7 158,1 5,6 39 Rodac - RJ 63.429 4,8 2.577 1.880 22.674 15.988 2.577 7.249 73,0 4,1 279,8 141,8 11,8 7.827 40 Irmãos de Marco - SC ( * ) 56.460 19,4 3.131 2.251 17.937 3.622 10.305 71,9 5,6 314,8 229,2 28,8 41 Civesa - SP 56.260 6,5 1.852 1.388 13.285 8.527 1.950 6.718 75,0 3,3 423,5 155,8 16,3 42 Distrive - MG ( * ) 51.546 64,4 1.332 679 10.519 6.247 1.332 4.067 51,0 2,6 490,0 168,4 10,9 43 Pampeiro Automóveis - RS 51.093 27,3 4.167 2.654 18.294 14.336 3.885 4.112 63,7 8,2 279,3 127,6 18,5 44 Sudeste Automóveis - MG 50.510 46,3 898 709 7.120 2.865 991 550 79,0 1,8 709,4 248,5 24,8 45 Sajac - SP 47.080 4,1 857 639 16.659 4.370 2.282 7.650 74,6 1,8 282,6 381,2 14,6 46 Pagan - SP 46.710 -6,6 -1.135 -1.135 20.939 2.393 1.195 5.530 NA -2,4 223,1 875,0 -47,4 1.071 16.276 11.657 2.095 2.691 67,8 3,4 285,3 139,6 9,2 47 APEC Veículos - MG 46.440 – 1.578 48 J.A. Spohr - RS 45.871 50,0 1.069 809 10.598 4.631 1.321 2.312 75,6 2,3 432,8 228,9 17,5 49 Jugasa - SC ( * ) 45.276 16,2 498 498 12.193 3.728 797 2.168 100,0 1,1 371,3 327,1 13,4 50 Spengler - RS 43.015 9,3 2.452 1.684 10.122 6.070 3.146 4.988 68,7 5,7 425,0 166,8 27,7 51 Graciano R Affonso - SP 42.605 10,5 975 847 14.448 8.810 76 856 86,8 2,3 294,9 164,0 9,6 (*) Os dados são de 2008

94 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


varejo | DISTRIBUIDORES DE CARROS, MOTOS E UTILITÁRiOS Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % CARROS, MOTOS E UTILITÁRIOS (CONTINUAÇÃO) 52 Green Automóveis PE - PE ( * ) 42.570 – 211 53 Green Automóveis BA - BA ( * ) 42.116 36,2 1.392 54 Motomecânica - RS 37.680 38,9 2.082 55 Nova Ivesa - SP ( * ) 35.410 124,9 4.705 56 Dama - PR ( * ) 35.160 – 755 57 Agência Chevrolet - PR 34.342 -3,1 -131 58 Delore - SP 33.619 32,4 1.345 59 Somaco - PR 29.864 – 1.975 60 Coeste - PR 29.541 18,4 921 61 Guará Motor - SP 28.973 15,8 463 62 Frivel - RJ ( * ) 27.429 – 1.805 63 Dirmave - SC 26.824 10,3 643 64 Motocity - MG 26.571 -26,5 -1.472 65 Amisa - RS ( * ) 24.323 24,0 722 66 Eurokraft - RJ 23.074 7,1 274 67 Agência Volkswagem - RJ 22.954 4,8 1.907 68 Rio do Sul - SC 20.797 6,7 900 69 Montes Claros Carros - MG ( * ) 17.656 2,7 761 70 Odorico M Monteiro - RS 17.229 -5,2 -26 71 Bousquet - RJ 15.496 25,8 154 72 Satte Alam - RS ( * ) 8.316 6,2 -184 73 Brasal Importados - DF ( * ) 7.648 – -568 74 Formasa Aldeota - CE ( * ) 7.457 – 16 75 Marpas - RN 7.418 -15,0 414 76 Translages - SC 1.563 -95,0 -675 77 Steyer - RS 1.306 -39,1 380 78 DM Motors - SP ( * ) 1.273 -6,2 -1.742 79 Green Automóveis - SP ( * ) 727 -99,9 26 80 Servopa - PR 552 – 14 81 Bruno Roos - RS 420 -95,9 -263 82 Jordan - SC ( * ) 155 -5,7 -2 83 Auto União - RS 142 -97,5 -67 84 SFB - RS ( * ) 120 427,3 228 85 Green Star - SP ( * ) 82 2,7 3 86 Casa Royal - SC 44 81,6 -997 87 Green Automóveis/RJ - RJ ( * ) 30 -100,0 4 88 Yamada Veículos - PA 27 40,3 -1.675 89 Pompéia Veículos - SP 27 -11,4 -202 90 Ótima Veículos - RJ 22 – -2.635 91 Green Automóveis SP - SP ( * ) 9 -100,0 3 92 Viwa - ES – -100,0 -294 93 Sopave - SP ( * ) – -100,0 -938 94 Casa Dico - RS – – -3.754 95 Automóveis Tapajós - SP ( * ) – – -43 96 Ótima Veículos - RJ – – 96 97 Ótima Veículos - RJ – – -2.259 98 Cimaipinto - CE ( * ) – – -23 99 Formighieri - PR – – 114 100 Vepira - SP – – -251 101 Tapajós - SP ( * ) – – – ACUMULADO DO SETOR (101) 8.978.641 8,9 161.700

196 947 1.409 833 897 212 909 1.432 681 356 1.486 447 -1.449 482 207 1.510 949 604 -33 154 -184 99 14 306 -280 292 1.046 20 9 -227 -3 -67 187 2 -580 5 -2.086 -406 -2.635 2 26.359 -938 4.038 -43 96 -2.259 -23 87 272 – 231.079

11.818 7.315 9.981 4.766 11.698 7.388 6.876 11.461 5.430 5.798 8.766 7.778 9.175 6.343 6.749 7.118 5.413 13.233 5.069 4.268 7.004 4.805 2.485 7.189 4.554 7.749 89.075 154 94 5.994 11.001 1.413 1.685 22 4.534 18 14.176 9.559 4.042 12 117.946 95.757 12.166 9.778 9.210 8.037 3.053 1.905 1.238 0 3.023.316

8.216 1.679 6.919 2.546 4.471 3.935 4.014 5.059 3.961 3.017 7.027 2.722 1.704 4.488 2.527 3.647 2.135 5.688 1.589 2.107 1.874 3.085 1.428 6.164 4.278 7.557 88.503 107 45 5.448 1.923 1.393 1.587 8 1.229 18 -10.076 -12.365 3.368 11 67.036 3.710 4.813 8.465 5.596 3.231 1.320 1.905 -219 -76 1.468.993

-60 1.344 1.967 4.725 833 237 1.698 2.321 874 859 1.805 1.139 678 890 430 2.043 729 1.471 522 154 -359 -514 66 402 -511 30 -769 27 18 -335 1 -18 66 2 -997 4 -411 -199 4.208 2 -345 -938 -2.807 -90 -660 -1.319 -22 -2 -162 – 230.903

5.449 92,9 0,5 360,2 143,8 2,4 2.420 68,0 3,3 575,8 435,7 56,4 3.558 67,7 5,5 377,5 144,3 20,4 – 17,7 13,3 743,0 187,2 32,7 6.315 118,8 2,2 300,6 261,7 20,1 2.303 NA -0,4 464,9 187,7 5,4 3.732 67,6 4,0 488,9 171,3 22,6 923 72,5 6,6 260,6 226,5 28,3 3.011 73,9 3,1 544,0 137,1 17,2 2.668 77,0 1,6 499,7 192,2 11,8 4.696 82,3 6,6 312,9 124,8 21,2 2.017 69,4 2,4 344,9 285,7 16,4 2.413 NA -5,5 289,6 538,4 -85,0 3.323 66,7 3,0 383,4 141,3 10,7 4.220 75,4 1,2 341,9 267,1 8,2 728 79,2 8,3 322,5 195,2 41,4 2.532 105,4 4,3 384,2 253,6 44,5 -4.017 79,3 4,3 133,4 232,7 10,6 2.786 NA -0,2 339,9 318,9 -2,1 1.715 100,0 1,0 363,1 202,6 7,3 1.000 NA -2,2 118,7 373,8 -9,8 3.078 NA -7,4 159,2 155,8 3,2 -127 87,5 0,2 300,1 174,0 1,0 1.610 74,1 5,6 103,2 116,6 5,0 416 NA -43,2 34,3 106,5 -6,5 1.701 76,9 29,1 16,9 102,5 3,9 17.561 NA -136,8 1,4 100,7 1,2 30 78,3 3,5 472,2 143,8 18,7 70 67,7 2,5 589,1 208,0 20,3 382 NA -62,7 7,0 110,0 -4,2 -118 NA -1,3 1,4 572,1 -0,1 184 NA -47,1 10,1 101,4 -4,8 43 82,1 190,3 7,1 106,2 11,8 4 66,4 3,2 382,2 253,4 20,3 -795 NA -2.280,1 1,0 368,9 -47,2 0 116,1 14,7 163,9 102,7 28,8 205 NA -6.234,8 0,2 NA NA -5.931 NA -753,4 0,3 NA NA 2.677 NA -11.995,4 0,5 120,0 -78,2 1 93,3 27,8 75,4 108,9 21,3 -37.514 NA ND ND 175,9 39,3 6.487 NA ND ND 2.581,4 -25,3 294 NA ND ND 252,8 83,9 -14 NA ND ND 115,5 -0,5 -3.471 100,0 ND ND 164,6 1,7 284 NA ND ND 248,7 -69,9 -172 NA ND ND 231,3 -1,7 91 76,1 ND ND 100,0 4,6 213 NA ND ND NA NA – ND ND ND NA NA 608.709 76,7 2,2 360,2 199,3 13,3

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 95


DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS

Garantia de ro C

om um atrelado ao outro, os segmentos de caminhões e implementos rodoviários caminham para bater novos recordes de vendas neste ano. Os cerca de 800 concessionários de caminhões devem movimentar a maior parte dos R$ 30 bilhões resultantes da venda de 160 mil veículos pesados, entre pequenos, médios e grandes. A indústria de implementos espera fechar 2010 com a venda de 161 mil unidades, alta de 40% sobre o número consolidado em 2009. Para 2011, a expectativa é de crescimento da ordem de 5%, atingindo 173 mil equipamentos. A projeção para este ano tem como base o desempenho até setembro, que avançou 52% em relação ao mesmo período do ano passado: 120.706 unidades, comparado a 79.304. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), Rafael Wolf Campos, o resultado pode sofrer variações só em caso de se confirmarem alguns fatores que impactam diretamente a entrega dos equipamentos, entre eles as dificuldades dos clientes em obter rapidamente financiamentos e o término da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), programado para 31 de dezembro. Ao crescimento da economia brasileira – especialmente nas áreas da construção civil, do agronegócio e da indústria automotiva – Campos credita os bons resultados. Ele acrescenta que a capacidade de resposta às demandas do mercado se deu porque o setor manteve os investimentos em capacitação profissional e novas tecnologias. Nos últimos cinco anos, os valores aplicados superaram R$ 700 milhões. A procura pela inovação, de forma a garantir lugar num mercado cada vez mais globalizado e disputado, também se nota entre as empresas que atuam na comercialização de pneus e autopeças. Ao longo dos mais de 50 anos da indústria automobilística nacional, a distribuição de pneus soube construir a capilaridade essencial para atender a uma frota de 25 milhões de unidades em todo o território

96 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

nacional. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), o País tem 4,5 mil pontos de venda autorizados, que empregam 40 mil pessoas. Os dados mais atualizados de pneus são de 2009, quando o pequeno, médio e grande varejo foram responsáveis pela distribuição de 50% do volume de 58,5 milhões de unidades – 5,2 milhões delas importadas. O ano passado ficou marcado por queda de vendas em razão da crise econômica mundial. Com a projeção de crescimento do mercado automobilístico em cerca de 8% neste ano, a indústria pneumática espera dar o troco e superar o volume de 2008, quando nacionais e importados somaram 64,2 milhões de unidades. Com novos impulsos Além do mercado de reposição, os pneus são vendidos a montadoras (25%) e exportados (25%). “Neste ano estamos bem tan-

Setor de autopeças espera recuperar receita perdida no ano passado

Newton Santos/Hype

Segmentos de pesados, pneus e autopeças recuperam terreno perdido e fazem investimentos em inovação para manter espaço


e rotas seguras to no mercado de pneus para veículos zero quilômetro quanto no de pneus novos para reposição. Além disso, o futuro do Brasil nos indica um bom caminho, com dois grandes eventos esportivos que exigirão obras e investimentos que movimentarão a economia, e isso é muito bom também para o setor de pneumáticos”, prevê Eugênio Deliberato, presidente da Anip. Efeitos de medidas antidumping contra pneus chineses também surtem efeito neste ano. O setor estima que deve recuperar 20% do mercado perdido nos últimos anos para os pneus chineses. Em relação à produção, a indústria brasileira de pneus atingiu, em 2009, 61,3 milhões de unidades, avaliadas em R$ 9 bilhões. Só as oito empresas afiliadas à Anip, entre as quais se destacam Goodyear, Pirelli, Continental e Firestone, produziram 53,8 milhões de unidades, ou 87% do total. Os automóveis ficaram com a maior parte dos pneus vendidos no Brasil, 31,1 milhões; seguidos pelas motos,

12 milhões; caminhões e ônibus, 6,8 milhões; picapes, 5,9 milhões; veículos industriais, 968 mil; e aviões, 55,8 mil. “A distribuição de pneus é muito sensível em razão de suas especificidades”, analisa o consultor da ADK, Paulo Roberto Garbossa. “O distribuidor que não entender profundamente desse mercado, em que preço e atendimento são essenciais, não sobrevive num ambiente de competição acirradíssima.” Tal ambiente se repete no segmento de autopeças, cuja cadeia envolve fabricantes, distribuidores, varejo e oficinas mecânicas. Só o varejo tem 32.250 empresas, que faturaram R$ 13,4 bilhões em 2009. A distribuição, com 265 empresas, teve receita de R$ 10,8 bilhões. De acordo com Paulo Butori, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), as montadoras representam 68% do faturamento dos fabricantes. A previsão é de que a receita avance 5,7% neste ano, passando a R$ 73,7 bilhões, em relação aos R$ 69,7 bilhões registrados em 2009. No ano passado, houve queda de 7,2% na receita do setor, em comparação ao ano anterior. “Nós apostamos que voltaremos ao mesmo patamar de 2008”, diz Butori. Nessa conta não entra a receita obtida pelas oficinas mecânicas, 88 mil pontos de atendimento, que faturaram R$ 23,5 bilhões no ano passado. Além do aumento da frota circulante, 1 milhão de veículos passam a engrossar os 20 milhões de unidades com mais de três anos e que necessitam de manutenção e recorrem às oficinas de confiança. A inspeção ambiental veicular, que foi estendida para toda a frota da cidade de São Paulo e será ampliada para outros estados brasileiros, deve impulsionar o mercado, como já acontece na capital paulista. O cenário favorável da economia brasileira deve melhorar também as vendas e, consequentemente, movimentar o setor da reposição automotiva para a linha pesada (caminhões e máquinas agrícolas e industriais). WO DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 97


PERFIL | SOTREQ

Em linha com a reconstrução A retomada das obras de infraestrutura, a Copa e as Olimpíadas animam a líder do segmento de máquinas a investir

A

s enormes carências brasileiras de infraestrutura, especialmente em rodovias, setor que demanda os mais altos investimentos do conjunto todo, de acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se são um problema grave para muita gente – exportadores, por exemplo –, para outros acabam se tornando uma oportunidade. É assim para a Sotreq, uma das empresas do Grupo Sotreq, representante exclusiva em 14 estados do Sudeste, Norte e Centro-Oeste, incluindo o Distrito Federal, da linha Caterpillar, marca da maior fabricante mundial de equipamentos para movimentação de solo, historicamente associada a obras rodoviárias de qualquer porte. A retomada dos investimentos em obras básicas já aparece nos resultados da empresa. “Neste ano, os negócios estão num ritmo excelente, com alta de 30% sobre o ano anterior”, afirma José Ricardo Leite, gerente corporativo de máquinas e logística. Mais para frente, devem melhorar mais, com a perspectiva de realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, ampliando os negócios para toda a cadeia de bens de capital. “Com certeza, esses grandes eventos e a deficiência da infraestrutura brasileira vão atrair investimentos e gerar oportunidades em segmentos nos quais participamos”, diz Leite. Uma das líderes no varejo de máquinas e equipamentos, a Sotreq faturou R$ 2,7 bilhões em 2009, receita que a coloca entre as 200 maiores empresas do Brasil. A projeção para este ano é de que o faturamento acompanhe o ritmo de alta de 30% das vendas. “Estamos

98 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

crescendo em sintonia com o mercado”, afirma Leite. Esse mercado atualmente é estimado em 20 mil unidades ano – a companhia não revela sua participação. As vendas são garantidas por uma importante e diversificada carteira de clientes, que reúne de pequenos prestadores de serviços a

Exclusividade da marca Caterpillar cobre 14 estados


companhias de atuação planetária, como é o caso da Vale, Camargo Corrêa e Odebrecht, entre outras. Para atender a essa clientela, a companhia está presente em 75% do território nacional com filiais de venda, nas quais mantém profissionais especialmente treinados para ofertar todos os tipos de equipamentos e produtos, além de garantir toda a manutenção necessária. Parte dos negócios da Sotreq, segundo Leite, é gerada pela prestação de serviços de pós-venda, venda de peças e também pelo aluguel de máquinas e equipamentos. Estruturação da rede De acordo com o gerente corporativo da Sotreq, o desempenho das vendas está ligado diretamente ao bom andamento da economia. “Tudo que é bem de capital depende do desenvolvimento econômico”, reforça. “É claro que, com os novos horizontes de crescimento do País, também vamos nos adaptar para atendermos a nossos clientes e seguir na dianteira na venda de máquinas, motores e serviços de suporte ao produto, entre outros pontos de atuação.” Para Leite, a empresa deve crescer proporcionalmente ao PIB, cujas projeções indicam alta anual de 5% nos próDIVULGAÇÃO

ximos anos. Com esse patamar em vista, em linha com a expansão do País, a Sotreq também estuda novos investimentos que consolidem a liderança em sua área de atividade. A aposta da empresa é na estruturação de sua rede, de forma a manter a confiança conquistada no mercado, e na ampliação da oferta de serviços de qualidade. Para isso, tem investido massivamente na infraestrutura de seus pontos de venda e na qualificação de seus profissionais. Um dos vários orgulhos do Grupo Sotreq é o Instituto Social Sotreq (Isso), que apoia projetos sociais de capacitação e atualização profissional e ações socioculturais, beneficiando, em seus cinco anos de existência, 2.800 pessoas, por meio de seus projetos de Formação Técnica em Mecânica, Escola de Formação de Operadores, Projetos de Inclusão Digital e Ações Assistenciais e Socioculturais/ Programa de Solidariedade. A maioria das máquinas e equipamentos comercializados pela Sotreq é produzida no Brasil pela Caterpillar. Tudo que leva a marca, antes de chegar ao cliente final, passa pelas mãos da empresa. “Somos nós que atendemos e fazemos a venda a todos os clientes, desde a maior corporação até o pequeno empresário”, afirma Leite. “Nada é vendido diretamente pela fábrica.” Produtos que complementam a linha, como grandes caminhões fora de estrada para mineradoras, por exemplo, são importados de outras partes do mundo onde a megaindústria também produz. A Caterpillar, a propósito, está aumentando sua aposta no Brasil, estimulada, da mesma forma que sua representante, pela perspectiva de que a economia brasileira consiga manter expansão de 5% ao ano nos próximos dez anos. Em setembro passado, anunciou investimento de US$ 180 milhões, com recursos próprios, para instalar uma nova fábrica em Campo Largo (PR) – dedicada à produção de retroescavadeiras e carregadeiras de rodas de pequeno porte – e ampliar a de Piracicaba (SP). A nova unidade deve entrar em operação no segundo semestre do ano que vem. Além dos produtos da Caterpillar, a Sotreq oferece equipamentos de outras marcas consagradas – Perkins, Mak (motores), Hyster (empilhadeiras), Tennat, Michelin e Olympian. Em seus cerca de 30 pontos de venda espalhados pelas três regiões em que atua, oferece máquinas, motores, geradores, carregadeiras, retroescavadeiras, motoniveladoras, entre outros equipamentos. São produtos cujos preços variam de R$ 80 mil a R$ 6 milhões. WO DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 99


varejo | distribuidores de veículos e autopeças Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % %

CAMINHÕES E ÔNIBUS

1 Nórdica - PR

325.337

-1,5

19.486

17.956

133.672

73.087

25.040

28.464

92,2

6,0

243,4

182,9

24,6

2 Guanabara Diesel - RJ

284.206

-12,1

18.717

11.680

133.641

103.722

19.408

16.864

62,4

6,6

212,7

128,9

11,3

3 Tietê - SP

277.288

4,8

512

586

103.175

42.336

-751

33.009

114,5

0,2

268,8

243,7

1,4

4 Rodobens Caminhões - SP

239.489

-18,2

588

2.428

172.034

105.953

2.716

32.540

412,9

0,3

139,2

162,4

2,3

5

235.926

30,6

17.257

12.322

107.583

38.831

18.628

56.165

71,4

7,3

219,3

277,1

31,7

6 Suécia - GO ( * )

225.447

37,7

20.493

14.764

47.519

33.775

18.958

17.991

72,0

9,1

474,4

140,7

43,7

7 Escandinávia - SP ( * )

203.498

12.115

8.441

44.510

21.126

13.147

8.601

69,7

6,0

457,2

210,7

40,0

8 Ceará/MB - CE ( * )

187.470

9.605

5.843

47.235

26.206

9.694

28.984

60,8

5,1

396,9

180,2

22,3

9 Minasmáquinas - MG

174.025

29,6

10.458

10.579

84.449

47.570

9.878

48.126

101,2

6,0

206,1

177,5

22,2

10 Rivesa - PR

156.366

16,8

9.621

6.109

70.759

38.267

4.247

12.481

63,5

6,2

221,0

184,9

16,0

Brasdiesel - RS

11 Sadive/MB - SP

130.078

-15,8

86

19

54.655

18.288

1.278

23.715

22,1

0,1

238,0

298,9

0,1

12 Randon Veículos - RS ( * )

116.379

2,7

20.786

14.788

59.805

42.226

19.975

51.060

71,1

17,9

194,6

141,6

35,0

13 Clark - RJ ( * )

101.042

80,3

4.938

3.302

28.201

9.645

6.856

5.395

66,9

4,9

358,3

292,4

34,2

14 Mecasul - RS

98.486

48,0

4.423

3.672

40.017

18.351

5.604

14.311

83,0

4,5

246,1

218,1

20,0

15 DVA - SC ( * )

86.719

26,0

6.102

6.386

43.447

35.481

5.464

12.373

104,7

7,0

199,6

122,5

18,0

16 Rio Diesel - RJ

78.497

-5,5

2.982

2.043

25.925

15.635

3.085

3.912

68,5

3,8

302,8

165,8

13,1 9,8

17 Anadiesel - GO ( * )

76.951

37,1

1.122

898

30.980

9.149

170

8.556

80,0

1,5

248,4

338,6

18 Unetral - RS

68.166

15,2

148

209

48.334

31.107

2.774

17.511

141,1

0,2

141,0

155,4

0,7

19 Stéfani Comercial - SP

66.419

-16,9

-56

3.198

43.621

24.747

721

5.318 NA

-0,1

152,3

176,3

12,9

20 Ribeirão Diesel - SP

63.156

-5,9

2.118

6.124

56.663

46.827

1.266

7.056

289,2

3,4

111,5

121,0

13,1

21 Savepe - SC

45.842

25,6

-76

-81

16.633

4.792

1.259

2.649 NA

-0,2

275,6

347,1

-1,7

22 Passo Fundo - RS

40.527

61,9

1.436

977

13.213

5.322

1.993

4.564

68,0

3,5

306,7

248,3

18,4

23 Savarsul - RS ( * )

38.283

16,6

831

813

14.891

9.087

1.108

4.167

97,8

2,2

257,1

163,9

9,0

24 Idisa Iguaçu Diesel - PR

31.723

45,8

-168

-168

14.166

4.633

1.217

8.345 NA

-0,5

223,9

305,8

-3,6

25 Itadisa - SC

27.170

32,6

-1.139

-1.139

14.208

841

0

1.172 NA

-4,2

191,2

1.689,2

-135,4

26 Curt Schroeder - SC

25.420

53,2

744

500

14.447

6.259

904

5.385

67,2

2,9

176,0

230,8

8,0

27 Sperandio Veículos - SC

23.687

360,6

2.619

2.555

46.408

26.568

3.197

7.205

97,5

11,1

51,0

174,7

9,6

28 Santorres - RN

21.034

683

472

5.766

4.491

887

2.757

69,0

3,3

364,8

128,4

10,5

29 Vecal - PR

9.758

-70,7

-36

-114

12.285

2.634

16

1.025 NA

-0,4

79,4

466,4

-4,3

30 Umuarama Diesel - PR ( * )

9.244

40,8

570

403

7.393

3.867

731

2.399

70,8

6,2

125,1

191,2

10,4

31 Sudeste Caminhões - MG ( * )

8.629

57

48

1.873

1.033

127

822

84,2

0,7

460,7

181,3

4,7

32 Veminas - MG

1.394

21,2

722

-433

11.833

5.442

628

423 NA

51,8

11,8

217,5

-8,0

3.477.656

23,4

167.747

135.181

1.549.339

857.299

180.223

3,7

222,5

183,9

10,9

ACUMULADO DO SUBSETOR (32)

473.346

71,7

TRATORES, IMPLEMENTOS E MÁQUINAS RODOVIÁRIAS

1 Sotreq - SP ( * ) 2 Paraná Equipamentos - PR

2.171.421

23,8

123.454

88.255

1.093.361

299.850

175.102

71,5

5,7

198,6

364,6

29,4

568.801

1,3

-19.276

-4.343

300.898

78.734

27.251

386.063

68.736 NA

-3,4

189,0

382,2

-5,5

3 Tracbel - MG

382.246

-15,5

32.397

22.755

235.830

136.163

33.247

63.437

70,2

8,5

162,1

173,2

16,7

4

Brasif - MG

369.430

-21,8

-19.316

-22.056

197.554

74.300

-4.332

14.330 NA

-5,2

187,0

265,9

-29,7

5

Bauko - SP

249.104

-17,9

13.003

10.051

133.723

77.810

16.106

12.679

77,3

5,2

186,3

171,9

12,9

6 Linck - RS

186.383

-14,0

3.816

3.207

86.751

22.261

7.693

19.478

84,0

2,1

214,9

389,7

14,4

7

Bamaq - MG

122.535

-15,6

10.638

10.871

96.359

63.168

9.251

17.073

102,2

8,7

127,2

152,5

17,2

8 Tratornew - PR

78.826

-17,4

3.353

9.097

48.436

28.895

4.343

19.004

271,3

4,3

162,7

167,6

31,5

9

53.152

-1.574

-1.304

63.404

38.423

1.507

12.557 NA

-3,0

83,8

165,0

-3,4

Dimasa - PR ( * )

(*) Os dados são de 2008

100 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


varejo | distribuidores de veículos e autopeças Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % %

TRATORES, IMPLEMENTOS E MÁQUINAS RODOVIÁRIAS (CONTINUAÇÃO)

10 Magparaná - PR

50.572

-10,4

3.563

2.413

21.801

13.485

4.395

14.213

67,7

7,1

232,0

161,7

17,9

11 Rodobens Máqs. Agricol - MT ( * ) 46.348

61,3

2.516

2.153

27.730

16.371

1.982

5.110

85,6

5,4

167,1

169,4

13,2

12 Taisa - PR

43.682

20,7

34.596

33.165

23.092

10.799

35.812

18.723

95,9

79,2

189,2

213,8

307,1

13 Motormac - RS

32.680

2,7

1.471

1.000

15.492

8.670

2.060

3.905

68,0

4,5

211,0

178,7

11,5

14 Lark - SP

28.141

-7,7

-2.301

-1.281

37.241

3.761

2.608

4.348 NA

-8,2

75,6

990,2

-34,1

15 Oimasa - SP

27.184

-16,9

97

67

19.604

5.726

699

5.050

69,1

0,4

138,7

342,3

1,2

16 Technico - BA

26.035

15,5

3.296

2.446

14.443

10.848

3.296

3.891

74,2

12,7

180,3

133,1

22,5

17 Rodomaq - SC

11.999

-25,7

792

552

8.355

3.735

1.523

3.472

69,7

6,6

143,6

223,7

14,8

18 Covediesel - RS ( * )

2.775

143,9

34

25

4.472

3.565

-53

1.651

73,8

1,2

62,1

125,4

0,7

-103

-103

687

-425

2

4.451.313

-10,4

190.456

156.970

2.429.231

896.140

322.491

19 Agência Massey Fergusson - SP ( * )

ACUMULADO DO SUBSETOR (19)

132 NA ND ND NA NA 673.853

74,0

4,9

173,7

175,9

13,8

AUTOPEÇAS

1

Distribuidora Automotiva - SP 1.002.437

2 Panambra Sul - RS

322.667

7,5

17.074

27.090

622.691

391.314

28.053

241.899

158,7

1,7

161,0

159,1

6,9

34,0

10.755

7.514

68.121

26.735

13.735

21.849

69,9

3,3

473,7

254,8

28,1

3 Cummins Minas - MG

231.364

0,4

26.824

21.258

191.819

119.039

31.842

84.275

79,3

11,6

120,6

161,1

17,9

4 Motociclo - ES

112.955

0,8

6.981

4.623

73.486

31.147

11.843

52.634

66,2

6,2

153,7

235,9

14,8

5 Pemaza Norte - AM ( * )

104.064

50,9

7.964

5.278

41.357

23.586

9.774

15.438

66,3

7,7

251,6

175,4

22,4

6 Pemaza - RO ( * )

93.538

11,2

7.780

6.400

68.772

52.473

8.949

38.101

82,3

8,3

136,0

131,1

12,2

7 Orbid - RS

63.391

-7,2

1.763

1.166

25.821

11.905

1.704

12.900

66,2

2,8

245,5

216,9

9,8

8 Meridional Cummins - RS

49.463

11,0

3.933

2.565

26.144

18.112

7.189

6.799

65,2

8,0

189,2

144,3

14,2

9 Rochester - SP ( * )

43.054

6.938

5.040

22.481

4.160

8.600

12.417

72,7

16,1

191,5

540,4

121,2

10 Rede Ancora RS - RS

14.933

-8,1

392

276

7.698

1.925

384

5.486

70,5

2,6

194,0

399,8

14,3

1.782

24,5

5,2

251,4

183,6

5,9

4.071 NA

-63,8

155,0

110,1

-108,8

11 Irsa Rolamentos - SP

12.010

-8,2

627

154

4.778

2.603

771

12 Rodobens Trading - ES

11.923

-45,1

-7.602

-7.605

7.693

6.988

-7.245

13 Moura Comercial - PE ( * )

8.154

150,9

747

473

2.120

1.503

785

-20

63,3

9,2

384,6

141,0

31,4

14 Gap - SP ( * )

8.126

73,8

855

675

3.707

1.407

803

2.142

79,0

10,5

219,2

263,5

48,0

15 Sabó - SP ( * )

6.036

5.110

4.564

55.855

55.196

5.103

81

101,2

8,3

16 Luce - RS ( * )

2.977

8,3

-3

-3

1.761

-274

241

17 Audisa - PR ( * )

2.649

-20

-11

1.704

1.221

18 Somel - RS

1.048

-0,6

-42

-31

1.678

1.371

6.894

2.691

2.090.789

7,5

90.074

79.424

1.234.578

753.102

122.522

19 CB Industrial - SP ( * ) ACUMULADO DO SUBSETOR (19)

89,3

84,7

10,8

772 NA

-0,1

169,1 NA NA

24

656 NA

-0,8

155,5

139,6

-0,9

-35

466 NA

-4,1

62,5

122,4

-2,3

-1.001 ND ND ND 500.749

70,2

5,7

179,1

256,2 ND 168,2

14,2

PNEUS

1 Pneumar - PR ( * )

174.852

34,6

-2.186

-1.300

84.536

28.418

7.113

-1,3

206,8

297,5

-4,6

2 Excelsior Pneus - RS

35.137

25,1

2.862

2.705

26.084

21.696

2.701

9.275

94,5

8,2

134,7

120,2

12,5

3 Tyresoles F. Santana - BA

8.909

-6,5

-1.017

-993

4.035

1.294

-839

1.754 NA

-11,4

220,8

311,8

-76,8

4 Colatinense - ES

7.495

-8,0

-156

-101

5.215

4.155

-83

1.738 NA

-2,1

143,7

125,5

-2,4

-15

488

418

63

-14 NA ND ND

116,8

-3,5

226.393

9,3

-496

296

120.359

55.981

8.955

46.384

94,5

-1,7

175,3

125,5

-3,5

1 CN Auto - SP

39.505

473,6

-2.953

-1.121

28.324

2.325

-2.452

21.163 NA

-7,5

139,5

1.218,4

-48,2

ACUMULADO DO SUBSETOR (1)

39.505

473,6

-2.953

-1.121

28.324

2.325

-2.452

21.163

-7,5

139,5

1.218,4

-48,2

10.285.656

9,3

444.828

370.749

5.361.832

2.564.846

631.738

3,7

175,3

175,9

10,9

5 Maisa Máqs. Agrícolas - RS ( * ) ACUMULADO DO SUBSETOR (5)

33.632 NA

DIVERSOS

Acumulado do Setor (76)

1.715.495

72,8

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 101


FRANQUIAS

Na marca dos d Mesmo quando a crise derrubou toda a economia, elas seguiram em frente, com robusto crescimento. Continuam otimistas. E mais maduras

D

o primeiro para o segundo trimestre deste ano, o faturamento das franquias cresceu 3,7%, frente a uma expansão de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Tivemos de mudar nossas previsões, dado esse ótimo segundo trimestre que tivemos”, conta Ricardo Camargo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Isso significa que, em lugar de faturar 14,7% a mais que em 2009, os licenciados deverão expandir seus negócios em 18,7%. A associação ainda projeta um aumento de 10% a 12% no número de novas redes, a abertura de unidades de 8% a 10% maior que no ano passado e a criação de 72 mil novos empregos. Dessa forma, o setor estará mantendo a rotina em que vive nos últimos anos: a de navegar em um setor que se mostra sempre mais dinâmico que toda a economia do País. Mesmo no ano passado, quando os efeitos da crise internacional fizeram a economia brasileira cair 0,2%, as franquias, com faturamento de R$ 63 bilhões, cresceram 14,7% – a marca que, até o fim do primeiro semestre, a ABF estipulara como meta para 2010. Esse avanço se credita ao fato de terem surgido 264 novas redes no mercado em 2009 – como Brasil Cacau, Sorvete Jundiá, Pakalolo, Total Express, Martelinho de Ouro e Mara Mac –, totalizando 1.643 companhias, número 19,1% maior que em 2008. O número de unidades (pontos de venda de serviços ou produtos) subiu 11%, indo de 71.954 para 79.988. As franquias, como outros segmentos do

102 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


s dois dígitos

Paulo Pampolin/Hype

O McDonald’s foi uma das primeiras empresas a perceber a afluência das classes C e D no Brasil

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 103


comércio, dão à ascensão econômica da nova 22ª posição no ranking de todas as lojas do classe média brasileira o crédito pelo momento mundo, também fica em um bairro paulistano de sucesso que vivem. Têm razão, pois as curpobre: no Shopping Metrô Itaquera, zona lesvas de crescimento de um e de outro correm te da cidade, e atendeu a 2,3 milhões de consuparalelas. Nos cinco anos corridos de 2005 a midores no ano passado. “O McDonald’s foi 2009, quando, via crédito, ganhos salariais remontado no Brasil para as classes A e B não ais e expansão de emprego, a chamada “nova por escolha própria, mas porque foi adotado classe média” tomou forma, as redes aumenpor elas”, diz Mauro Multedo, vice-presidente taram sua receita em 73,5% e registraram tamde marketing do grupo. bém importantes saltos nos números de redes Outra razão que estimula os empresários (69,2%) e de unidades franqueadas (62,7%). que entram no ramo é a velocidade com que Para os próximos anos, a tendência é de que são inaugurados no País shopping centers – se mantenha esse ritmo firninho preferido da ativiDIVULGAÇÃO/ABF me de crescimento. A pridade. Foram 14 em 2007 e meira razão para o otimis11 em 2008. Neste ano, semo está no grande espaço rão oito empreendimendisponível para a expantos e para 2011 estão prosão. Em 2009, as operajetados 27, de acordo com ções desempenhadas pelo os dados da Associação franchising representaram Brasileira de Shopping volume correspondente a Centers (Abrasce). “Cada 2,1% do PIB brasileiro. “É vez mais, os shoppings uma fatia muito pequena, estão fazendo parte do se compararmos com oudia a dia das cidades bratros mercados. Nos Estasileiras, ganhando espaço dos Unidos, por exemplo, na preferência das lojas essa relação chega a 20%”, de franquias”, comenta explica Camargo. Filomena Garcia, sóciaO McDonald’s, cujo diretora da loja de franpoder de fogo não preciquias Franchise Store. sa ser apresentado, proUma das regiões mais tagoniza um episódio promissoras é o NordesMicrofranquias são uma ótima emblemático do espaço te, onde, proporcionaloportunidade para profissionais que ainda há para ocupar mente, o consumo tem que buscam otimizar sua renda” no País. Embora seja uma crescido mais no País nos Ricardo Camargo, das maiores franquias do últimos anos. A região diretor-executivo da ABF mundo e esteja há 31 anos abriga 15% dos shopno Brasil – a primeira loja pings no Brasil, com 59 foi inaugurada em 1979 no Rio e a chegada unidades. À sua frente estão as regiões Sua São Paulo se deu dois anos depois –, aindeste e Sul, com 220 e 79 estabelecimentos, da não pode ser chamado de uma cadeia respectivamente; atrás estão o Centro-Oeste, nacional. Em setembro passado, com a inaucom 36, e o Norte, com 12. Em algumas ciguração de uma loja em Palmas, chegou ao dades, faltam lojas em shoppings para aten23º estado brasileiro, o Tocantins. Falta se der à demanda. A empresa de frozen iogurte instalar no Acre, Amapá e Roraima. Yoggi, por exemplo, pretendia estrear sua A rede, a propósito, tem se mostrado uma marca em Fortaleza, abrindo a primeira das empresas mais sensíveis às profundas alteunidade em um grande shopping center da rações do perfil do consumidor brasileiro. Foi capital cearense. Porém, devido ao baixo ína primeira em apostar na afluência das classes dice de vacância nos estabelecimentos, teve C e D – que então representavam 7% do total de se contentar com uma loja de rua. de seus clientes. Em 1998, inaugurou lojas no A demanda faz com que algumas redes coLargo 13, no bairro de Santo Amaro, em São mecem a se interessar por espaços não conPaulo, um dos mais agitados centros de varejo vencionais. O Rei do Mate e a Subway, por popular do Brasil, e em São Mateus, periferia exemplo, pretendem abrir novas unidades paulistana. Os resultados foram excelentes. dentro de supermercados, em centros ou gaAtualmente, a campeã em vendas, não só no lerias comerciais, universidades, aeroportos Brasil como na América Latina, e colocada na e rodoviárias e também invadir a área domi-

104 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


e 63% em 2012. “O maior fluxo de pessoas, juntamente com maior segurança e comodidade, tem levado o setor a pender para a localização em shoppings”, diz a consultora. Ela ressalta ainda outro alicerce do setor: a baixa dependência do crédito, virtude comprovada pela resistência mostrada durante a crise econômica de 2008/2009. Até por isso ela acredita que uma eventual mudança na política econômica nessa área – na taxa de juros, por exemplo – não causaria grande impacto. “O investidor nessa seara é muito capitalizado com recursos próprios”, diz. “Como os investimentos não dependem de empréstimos, eventuais mudanças não causariam maiores danos”, analisa. Mas não é só para números passados que os empresários franqueados olham, quando pesam as vantagens que têm, mas levam em conta algumas mudanças qualitativas que poderão abrir ainda mais as possibilidades de expansão. Dentre as tendências que podem fazer o setor fermentar ainda mais, os especialistas destacam a das microfranquias, negócio

Nos últimos cinco anos, as franqueadoras se profissionalizaram muito” Filomena Garcia, sócia-diretora da Franchise Store DIVULGAÇÃO/FRANCHISE STORE

nada pela AM/PM Mini Market e cobiçada pelo Pão de Açúcar – os postos de gasolina. “Esses espaços têm ganhado força entre as franquias, por conta da grande movimentação que reúnem em pouco tempo, trazendo retorno e visibilidade para as redes”, diz Adriana Lima, gerente de expansão do Rei do Mate. Max Lemos, agente de desenvolvimento da Subway para o Rio de Janeiro – onde até dezembro deste ano haverá 52 lojas em operação –, destaca que a meta para 2011 é dobrar o número de unidades. “Nas lojas que já estão em operação, o objetivo é aumentar as vendas em 25%”, promete. Mudança qualitativa Para Filomena, muitos segmentos, como o de serviços, antes distantes desses empreendimentos, estão revendo suas posições. Uma pesquisa divulgada em outubro pela ECD Food Service confirma essa análise, ao revelar que o shopping center será o local preferido de atuação das franquias nos próximos dois anos. Em 2010, essa estimativa pode chegar a 55% dos empresários que detêm franquia, 59% em 2011 DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 105


Rei do Mate: sem os shoppings, procura por pontos não convencionais

que exige baixo investimento inicial (até R$ 50 mil). A aposta no modelo tem também relação com o crescimento da renda da classe média. De acordo com Camargo, os segmentos mais atrativos para as microfranquias são aqueles relacionados à prestação de serviço. “São áreas que demandam menor custo com equipamentos ou ponto comercial”, diz. “Certamente, as microfranquias têm significativa participação no bom desempenho do setor como um todo em 2010”, analisa Camargo. “É uma ótima oportunidade para profissionais liberais que buscam otimizar sua renda. As microfranquias os ajudam a ter uma melhor visão empresarial. Há casos de pessoas que ganhavam pouco mais de R$ 1 mil e conseguem dobrar ou até triplicar os ganhos”, conta o diretor da ABF. Um dos melhores exemplos de microfranquias é o Kumon. A metodologia de ensino e treinamento é uma das franquias de maior crescimento – segunda maior do Brasil, com mais de 1,6 mil unidades, fica atrás apenas de O Boticário –, graças a um modelo que exige do empreendedor, em média, R$ 15 mil de capital inicial e oferece um retorno estimado entre seis e 18 meses. A abertura de quiosques também é uma modalidade de microfranquia que vem conDIVULGAÇÃO

106 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

quistando bastante espaço junto a pequenos empreendedores. Localizados em pontos onde transita grande número de pessoas, como shopping centers, os quiosques ainda oferecem a vantagem de exigir baixos custos operacionais e administração mais simples que a de lojas. A franquia de um quiosque da Empada Brasil, por exemplo, sai por aproximadamente R$ 45 mil, enquanto quem quiser abrir uma loja terá de desembolsar não menos de R$ 125 mil. Outra forte tendência verificada por especialistas para os próximos anos é o ingresso massivo de marcas já consolidadas. Por exemplo, Timberland, Marisol, Tigor e Hering, que recentemente passaram a vender franquias. Segundo Filomena, o fenômeno é motivado pelo desejo das empresas em otimizar sua percepção de relacionamento com o cliente. “As companhias passam a dispor de um canal exclusivo, pelo qual se tem um controle mais efetivo sobre as ações de marketing, lançamento de novos produtos e serviços”, explica a sócia-diretora da Franchise Store. “Tem-se uma resposta muito mais rápida de como está o termômetro do mercado, e isso significa estar à frente nas tendências.” Soluções negociadas Um ponto em que o setor de franchising vem evoluindo diz respeito a um velho e indesejado conhecido da área jurídica das empresas: os litígios entre franqueadores e franqueados. Dados da ABF mostram que 85% das questões entre franqueadores e franqueados são resolvidas pela associação por meio de acordos, sem terem de ir bater às portas da Justiça. A solução negociada tem sido estimulada pela entidade, que dá assistência aos interessados por meio de seu comitê de ética. “Quando não conseguimos o acordo e a questão vai parar no tribunal, é porque todas as possibilidades se esgotaram e o divórcio entre franqueador e franqueado já está sacramentado”, explica Camargo. A principal vantagem da arbitragem frente aos tribunais está em sua agilidade. Enquanto na Justiça o tempo de espera por uma decisão definitiva pode levar mais de dez anos, um caso via arbitragem costuma ser resolvido em cerca de seis meses. A decisão arbitral possui outro ponto a seu favor, que é a presença de pessoas especializadas no assunto, o que nem sempre ocorre na esfera judicial. Além dos esforços institucionais, muitos dos avanços nessa seara são fruto do amadurecimento das partes envolvidas. “Nos últimos cinco anos, as franqueadoras se


DIVULGAÇÃO

profissionalizaram muito. Estão muito mais estruturadas na parte de suporte e treinamento e muito mais maduras em perceber aquilo que o franqueado pode ajudar para o crescimento da rede”, constata Filomena. A melhora por parte das franqueadoras, diz ela, reflete o maior nível de preparo dos franqueados. “O perfil dos investidores está cada vez mais qualificado. Então, as empresas precisam também oferecer uma estrutura muito melhor que há dez anos.”

O grande desafio para as franqueadoras é manter a evolução desse relacionamento, buscando disseminar as boas práticas para todos os franqueados da rede. “A franquia do século 21 deverá, além de manter os tradicionais encontros anuais, saber utilizar-se das mais modernas ferramentas de comunicação, a fim de manter seus franqueados interconectados e em contínua troca de experiências”, diz Filomena. SM

Subway: meta é dobrar o número de unidades

FRANQUiAS Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % 1 AM/PM Mini Market - RJ 2 Arezzo - MG 3 Unidas Rent A Car - SP 4 Boticário Franchising - PR 5 Cia de Marcas - RJ ( * ) 6 Poltex - ES 7 Rentauto - PR 8 LPH - ES ( * ) 9 Nobel - SP ( * ) 10 Arquipélago/Hertz - SC ( * ) 11 Farma & Farma - SC 12 Inter Locadora - SP ( * ) 13 Café Donuts - SP ( * ) 14 Zastras - SP ( * ) 15 Sifra - RS ACUMULADO DO SETOR (15)

600.013 379.067 335.111 195.037 131.306 100.096 21.754 21.547 10.084 4.586 1.359 754 525 215 – 1.801.454

32,6 31,8 23,5 – 16,5 26,4 5,3 – 2,7 7,5 8,4 36,4 2,7 2,7 – 12,5

– 42.602 -38.295 100.480 -6.839 -1.347 -2.130 869 1.683 12 17 -126 -130 -207 -4.985 91.604

– 48.536 -31.593 104.317 -7.582 2.239 1.210 686 974 6 9 -126 -130 -226 -8.190 110.130

– 221.979 1.186.534 150.666 105.747 231.272 40.438 10.400 10.658 11.561 455 1.537 325 82 7.512 1.979.165

– 119.329 423.918 47.455 1.164 75.446 20.464 2.632 9.408 6.048 278 1.081 -135 -152 7.512 714.447

– 45.368 166.058 92.058 8.538 4.323 495 1.818 1.733 889 46 -122 -142 -209 -5.098 315.755

– ND ND ND ND ND 66.832 113,9 11,2 170,8 186,0 40,7 94.029 NA -11,4 28,2 279,9 -7,5 13.533 103,8 51,5 129,5 317,5 219,8 45.550 NA -5,2 124,2 9.081,5 -651,1 31.146 NA -1,4 43,3 306,5 3,0 7.315 NA -9,8 53,8 197,6 5,9 4.048 78,9 4,0 207,2 395,1 26,1 7.947 57,8 16,7 94,6 113,3 10,4 -627 52,0 0,3 39,7 191,2 0,1 152 54,1 1,2 298,6 163,8 3,3 955 NA -16,7 49,1 142,2 -11,6 -380 NA -24,8 161,3 NA NA -228 NA -96,5 263,2 NA NA – NA ND ND 100,0 -109,0 270.271 68,4 -1,4 124,2 194,4 3,1

(*) Os dados são de 2008

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PERFIL | AM/PM

Conveniente e promissor Com resultados além do dobro de todo o setor de franquias, a rede acelera projetos e se diz preparada para a concorrência

Com 963 franquias espalhadas por 290 municípios de 21 estados brasileiros, a rede ganhou o topo

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S

e no setor de postos de gasolina a rede Ipiranga trava uma acirrada batalha com a concorrência, na área de franquias sua bandeira de lojas de conveniência AM/PM Mini Market vem deixando os adversários para trás. No ano passado, enquanto a receita líquida de todo o setor de franquias evoluiu, em média, 12,5% na comparação com 2008, o indicador da AM/PM foi de 32,6%. “O resultado é uma combinação interessante de oportunidades, já que o segmento ainda tem muito a crescer, e muito trabalho”, diz Jerônimo Santos, gerente de marketing da Ipiranga. Maior rede de lojas de conveniência do País, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), a AM/PM tem participação de 21,5% nesse mercado, que cresce, em média, 15% ao ano e deve faturar, em 2010, DIVULGAÇÃO

cerca de R$ 1,6 bilhão. Inaugurou 317 novas unidades em 2009 e tem agora 963 franquias espalhadas por 290 municípios de 21 estados brasileiros. Sua principal concorrente, a BR Mania, marca que se hospeda nos postos da BR Distribuidora, conta com 722 lojas. A expansão da rede fez da AM/PM também a maior rede de fast-food do País em número de unidades. (Para comparar: o McDonald’s tem 637, incluindo 60 McCafés; o pioneiro Bob’s, em torno de 700.) Também tomando como critério a quantidade de estabelecimentos, a empresa se tornou a segunda maior rede varejista, segundo ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A empresa vendeu mais de 30 milhões de itens, um aumento de 50% em relação a 2008, com destaque para a comercialização de sanduíches. Depois deles, os produtos mais consumidos são cigarros, bebidas não alcoólicas, bebidas alcoólicas e café. Na opinião do gerente de marketing da Ipiranga, um dos principais fatores que têm colaborado para o crescimento é o desenvolvimento de linha própria de produtos de fastfood, que alavancou os ganhos com vendas. “A rede já possui mais de 60 produtos de marca própria, com previsão de lançamento de outros 30 itens”, diz. Todos esses produtos saem de grande fábrica localizada em Tatuí (SP) e de uma intrincada estrutura logística – a Ipiranga é uma das poucas varejistas nacionais com cobertura em todo o País –, o que garante o fornecimento a todas as unidades da rede. “Ou seja, permite o controle de qualidade dos processos, do recebimento de mercadorias dos fornecedores em seus centros de distribuição, até a entrega dos produtos nas lojas, com periodicidade semanal”, explica Santos. “A tradução disso tudo é o baixo custo operacional às nossas franquias.” Sem revelar números, ele conta que a Ipiranga vem investindo seriamente no treinamento das equipes que trabalham nas franquias, responsáveis por mil empregos diretos e 24 mil indiretos em todo o País. “Com o crescimento que estamos obtendo, é necessário também ampliar nossa estrutura de treinamento e capacitação.” Ousadia mantida O bom desempenho da AM/PM nos últimos anos naturalmente chamou a atenção de grandes grupos de varejo; daqui para frente a franquia vai ter que batalhar com concorrentes para manter a liderança. O Grupo Pão de Açúcar, DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 109


consumo do bairro onde se localiza”, explica o executivo da Ipiranga. Outra aposta da rede para este ano foi o lançamento de uma linha premium de produtos, composta de snacks, salgadinhos e um energético. “É uma forma de ampliar a fidelização do público A e B, que compõe grande parte de nossa clientela”, afirma Santos.

DARIO ZALIS

Valor agregado

Nosso resultado é uma combinação interessante de oportunidade e muito trabalho” Jerônimo Santos, gerente de marketing da Ipiranga

por exemplo, estuda a possibilidade de investir R$ 5 bilhões para entrar no segmento, abrindo lojas de conveniência em seus próprios postos de gasolina, que são mais de 80. A francesa Carrefour já conta com oito lojas dessas em postos de gasolina com a bandeira da empresa. A movimentação da concorrência não assusta a Ipiranga, que se prepara para inaugurar outras 300 lojas AM/PM, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, para as quais estão programados 80 pontos. “Estas regiões têm se mostrado de alto potencial, por conta do crescente aumento do poder aquisitivo dos consumidores”, diz Santos. Se a expansão ocorrer conforme o planejado, a AM/PM espera aumentar sua receita em 20%. Para engordar as receitas nos próximos anos, a franquia pretende universalizar os serviços de padaria nos estabelecimentos. Segundo dados da Ipiranga, as 50 lojas da rede que já têm padaria crescem, em média, 35% mais do que as demais e, ao longo do processo de maturação, os estabelecimentos com padaria podem até triplicar seus ganhos. “A padaria é uma modalidade que imprime uma grande mudança nos hábitos de

110 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

A proposta da Ipiranga com a AM/PM é explorar a estrutura física de seus postos de gasolina e disseminar o uso das lojas de conveniência, um hábito presente em países desenvolvidos, como o Japão e os Estados Unidos — país de origem da franquia AM/PM, onde existem mais de 144 mil estabelecimentos, cujo faturamento ultrapassa US$ 624 bilhões. “Lá, praticamente 100% dos postos de gasolina operam seu modelo de negócios atrelado ao funcionamento de uma loja de conveniência. E o desejo da Ipiranga é ampliar ao máximo o alcance das lojas e atender a esta necessidade dos consumidores”, afirma Santos. A marca AM/PM foi criada em 1974 pela petrolífera Atlantic Richfield Company (Arco), pioneira na utilização de lojas de conveniência. Além dos Estados Unidos, a AM/ PM opera na Austrália, Argentina, Brasil, Canadá, Coreia, Filipinas, Indonésia, Japão, México, Tailândia e Reino Unido, totalizando mais de 2,8 mil lojas. O desejo da Ipiranga de ampliar o número de lojas de conveniência não passa somente pela exploração de uma nova e promissora modalidade de consumo. Os números têm mostrado que esses estabelecimentos agregam. Pesquisa feita pela Ipiranga neste ano mostrou que os postos de combustíveis da rede que possuem uma loja AM/PM faturam, em média, 30% a mais do que aqueles que não têm a loja. O estudo também mostra que o tempo de permanência dos clientes dentro da loja é curto: 30% não passam mais do que cinco minutos e 29% ficam até dez minutos no estabelecimento. Em média, os consumidores – na maioria do sexo masculino (70%), com idade entre 18 e 35 anos (45%) – costumam desembolsar R$ 11,84 em cada ida à AM/PM. Dos pesquisados, 56% vão à loja entre duas e quatro vezes por semana, tendo como justificativa pela escolha a boa localização (32%) e o bom atendimento (21%). SM


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atacado

Abastecido de confiança Por Lívia Andrade

O elo entre a indústria e o varejo abastece de mercadorias cerca de um milhão de postos de vendas e investe na melhoria dos serviços

O

Brasil, que ganhou destaque mundo afora por ter passado praticamente ileso pela crise de 2008/2009, deve continuar em cena pelos resultados de 2010 e 2011. As projeções são da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), entidade que congrega 3.400 empresas associadas – 2.300 delas, atacadistas distribuidores; as demais, indústrias e prestadores de serviços. Para Carlos Eduardo Severini, presidente da entidade, seu setor crescerá de 6% a 10% neste ano e, em 2011, continuará desfrutando de ventos favoráveis. “Não deve mudar muita coisa. Se houver aumento dos juros, o resultado pode cair um pouco, mas nada demais. O atacado deve acompanhar o crescimento da economia brasileira, algo em torno dos 6%”, prevê. A razão para o otimismo é o fato de o atacado brasileiro estar consolidado, evidenciado pela baixa oscilação, mesmo em tempos de contenção. Nesse sentido, 2009 foi emblemático. O atacado não cresceu como em 2007 e 2008 – 10% e 11%, respectivamente –, mas não ficou parado, pois fechou o ano com faturamento de R$ 131,8 bilhões, crescimento nominal de 9,2% e real de 4,1% em relação ao ano anterior. “Para um ano de crise, o salto de 4,1% foi excelente”, diz Severini. “Nossos principais subsetores são alimentos, bebidas e produtos de higiene-beleza, e ninguém para de comprar esses produtos, mesmo em tempos de vacas magras. O consumidor pode até trocar de marca, mas continua comprando”, diz Severini. Isso não significa, no entanto, que os empre-

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sários do ramo deixem o desenvolvimento dos negócios apenas ao acaso: eles têm se esforçado em melhorar o serviço que prestam, como elo entre indústria e varejo, para abastecer de mercadorias cerca de um milhão de postos de vendas – supermercados, lojas pequenas e médias, drogarias, bares, lanchonetes, padarias, etc. Para isso, põem nas ruas um exército de 88 mil representantes comerciais e uma frota própria de 37,7 mil veículos. Cobrem o País todo. O Makro, por exemplo, está presente em 25 estados brasileiros e no Distrito Federal e seu portfólio de produtos tem mais de 12 mil itens, distribuídos pelo sistema de autosserviço ou televendas. Outro gigante do ramo e um dos líderes do segmento, o Sistema Integrado Martins, de Uberlândia, Minas Gerais, exibe


uma carteira de 260 mil clientes e faturamento No caso do setor de construção civil, o atada ordem de R$ 4,1 bilhões em 2009. cadista que fornece materiais para o segmento Como em outros negócios, também no tem razões para estar otimista em relação aos atacado o aumento de renda das classes C próximos anos. O aumento do crédito ao proe D é apontado como o principal respongrama Minha Casa, Minha Vida, aliado a evensável pelos bons resultados alcançados. tos como Copa do Mundo de 2014 e OlimpíaSegundo o “Observador Brasil 2010”, radas de 2016, deve manter o mercado aquecido diografia do consumidor brasileiro feita por um bom tempo. Segundo a Associação pela Cetelem, financeira do grupo BNP PaBrasileira das Entidades de Crédito Imobiliário ribas, as classes C e D tiveram um salto de e Poupança, o financiamento imobiliário, que R$ 83 na renda familiar de 2008 para 2009. Rehoje é de 3% do PIB, deve atingir 11% em 2014. cebiam R$ 650 e passaram a receber R$ 733. A mesma tendência é observada no segmen“Com o aumento to farmacêutico, que DIVULGAÇÃO/ABAD do poder de comvem passando por um pra, as pessoas processo de fusões e dessas classes muaquisições. Em 2009, daram para marpor exemplo, a Celécas de maior valor sio, uma das maiores agregado e pascompanhias europeias saram a comprar de distribuição farmamais alimentos e cêutica, presente em produtos de higie14 países, comprou a ne”, diz Severini. brasileira Panarello. Isso explica por que A consolidação nesse o Norte e o Norramo deve continuar deste brasileiros de alto a baixo. “Um cresceram acima da bom exemplo é a commédia. De acordo pra, pela americana com pesquisa da Pfizer, de participação consultoria Nielde 40% da goiana Teusen, realizada com to, empresa especia391 empresas assolizada em genéricos e Pessoas das classes C e B mudaram ciadas à Abad, as similares”, diz Luiz para marcas de maior valor agregado e vendas com destiFernando Buainain, passaram a comprar mais” no às duas regiões presidente da Assoaumentaram no ciação Brasileira de Carlos Eduardo Severini, presidente da Abad mesmo período Redes de Farmácias e 5,7% e 4%, respectivamente. “O investimento Drogarias (Abrafarma), entidade que reúne 17 em hidrelétricas na região Norte e o aporte empresas, responsáveis por 65% do mercado. em construções em geral na região Nordeste, Em 2010, segundo Buainain, o maior entrave do mais o Bolsa Família, elucidam esse movimensetor foi a ilegalidade. “De janeiro a setembro, to diferenciado que deve continuar em 2011”, foram apreendidas mais de 53 mil unidades esclarece o presidente da Abad. de remédios ilegais: 160 toneladas de produtos contrabandeados e falsificados”, diz. No entanCaça à ilegalidade to, esse problema deve ser sanado em 2011 com o lançamento do novo sistema de rastreabilidaAndré Braz, economista da Fundação Gede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária tulio Vargas, lembra que a maior oferta de (Anvisa). Cada medicamento terá um código de crédito, que beneficiou o varejo, logicamente barras com todas as informações desde a fábrica foi outro alicerce também para o crescimenaté o cliente final. “A Anvisa cobrará maior efito do setor em 2009 e 2010. “A facilidade do ciência na distribuição, mas as empresas estão financiamento levou as pessoas a incorporar preparadas. Mesmo porque a medida vai coibir outros bens na sua cesta de compra”, diz. De os produtos ilegais, o que aumentará a demanacordo com dados do Ministério da Fazenda, da de produtos”, explica. A contrapartida do o volume de financiamento concedido no priconsumidor será uma maior segurança em relameiro semestre de 2010 foi recorde e alcanção à qualidade do produto comprado. çou a cifra de 45,7% do PIB. Ano após ano, o atacado farmacêutico tem DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 113


DIVULGAÇÃO

investido no aprimorabrasileiros. Em 2009, mento logístico. Os disa Profarma teve um tribuidores possuem salto no lucro líquido depósitos especializade 68%, atingindo R$ dos com isolamento tér53,2 milhões. mico, para garantir que O atacado de coso medicamento chegue mético é outro que perfeito ao cliente final. vem ganhando espaço. No entanto, há barreiO Brasil já é o terceiro ras a serem superadas, maior mercado de becomo a qualidade das leza do mundo, com estradas e o custo da crescimento de dois quilometragem rodadígitos, só perdendo da. Mas, em termos para Estados Unidos e gerais, 2010 foi um Japão. Foi esse moviano positivo, marcado mento que motivou o pelo fortalecimento do grupo Ikesaki a criar a e-commerce entre indúsEBC Atacado de CosMedida para coibir produtos ilegais tria e atacado. O sisteméticos em 1997, que aumentará a demanda de produtos ma é fruto da parceria atende agora a 12 mil farmacêuticos” entre a Abrafarma e o clientes do pequeno e Instituto IMS Health e médio varejo. Nos úlLuiz Fernando Buainain, visa otimizar a atuação timos anos, a EBC tem presidente da Abrafarma das distribuidoras, imcrescido, em média, primindo uma gestão 15%. “Em 2009, conmais eficaz de pedidos de compras, maior conseguimos 16,5%, enquanto o mercado cresceu trole sobre emissão e trânsito de notas fiscais e 11,8%”, diz Murilo Marcacini, gerente do proavisos de embarque de cargas. Segundo Buaijeto Beauty Point da companhia. Esse progranain, o mercado farmacêutico vai faturar R$ 36,7 ma reúne lojas independentes e as orienta para bilhões neste ano, 9,19% a mais que em 2009. Em que operem em conceito de rede. “Os lojistas volume de vendas, a expansão deve ser de 2,2%, que se interessam recebem um projeto de adecom um total de 1,81 bilhão de unidades comerquação de loja, dentro do que achamos ideal, cializadas. “Em 2011, o mercado deve chegar à e podem juntar sua marca à da Beauty Point. casa dos R$ 40 bilhões, movido pela quebra das Não é uma franquia, é um ponto conveniado patentes e aumento da participação dos medicaao atacado, e nós damos todo o treinamento mentos genéricos”, diz. Genéricos, a propósito, são a mola mestra do destaque da Profarma, companhia de capital aberto e uma das principais atacadistas desse subsetor. No segundo trimestre de 2010, o crescimento de produtos desse tipo foi de 21,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. “É importante ressaltar que esse contínuo incremento de vendas em genéricos apresentado ao longo do primeiro semestre foi devido ao maior foco dado ao segmento desde o final de 2009”, diz Maximiliano Fischer, diretor financeiro e de relações com os investidores da Profarma. A empresa tem crescido à média de 16,1% nos últimos anos e conta com uma participação de mercado de 10,6%, segundo dados do IMS Health. Mensalmente, a Profarma comercializa 18 milhões de unidades – medicamentos que são distribuídos por 12 centros, que, por sua vez, abastecem cerca de 31 mil pontos de venda em 12 estados

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DIVULGAÇÃO

para o varejo”, explica Marcacini. A EBC já conta com 70 lojas conveniadas na Grande São Paulo. Sua expansão reflete o perfil do consumidor, que, ao aumentar de renda, coloca na sua cesta de compras produtos que atendam a necessidades cada vez mais específicas. Um bilhão de revistas Quem também pegou carona com o crescimento da classe C foi o setor de revistas. Neste segmento, o carro-chefe foi a Treelog, braço de logística constituído pelo Grupo Abril, quando comprou a Fernando Chinaglia Distribuidora. Atualmente, a empresa é responsável por levar as publicações da editora para 20,4 mil pontos de vendas convencionais, 7 mil pontos alternativos e 3 mil pontos do grande varejo em todo o País. Ao todo, são mais de 30 mil clientes, que receberam mais de 1 bilhão de exemplares em 2009, a partir de 250 unidades de distribuição e 25 filiais localizadas em 20 estados brasileiros. “O bom desempenho da economia colocou mais dinheiro em circulação e todos saímos ganhando. No caso específico do mercado de publicações, a ascensão da classe C criou novos consumidores”, diz Fernando Mathias, superintendente da DGB, holding de distribuição e

logística que reúne Dinap, Treelog e Fernando Chinaglia. “Houve também expansão de mercados em algumas regiões do Brasil e vendas históricas de produtos, como no caso do álbum de figurinhas da Copa do Mundo”, completa. A Treelog não revela o faturamento, mas afirma que fechará 2010 com um crescimento de dois dígitos. Para sustentar essa expansão e garantir o avanço nos próximos anos, a empresa adquiriu tecnologia de ponta para melhorar seu sistema. “Estamos investindo também no desenvolvimento de nossa equipe e ainda buscando no mercado profissionais altamente capacitados. Queremos crescer rápido, mas de forma sustentável”, diz Mathias. A parte física também terá aportes em 2011. “Está prevista a ampliação de 150% de nosso centro de distribuição e devemos dobrar a nossa entrega porta a porta”, diz o superintendente. Independentemente do subsetor, no atacado todos estão otimistas quanto a 2011. No entanto, investir em capacitação é o ponto citado por todas as áreas como crucial para sustentar o desenvolvimento. No caso da Abad, o planejamento estratégico da entidade prevê a capacitação de 10 mil representantes comerciais, mais que o dobro de 2010, ano em que 3.600 profissionais passaram pelo treinamento. Além disso, a entidade continuará com o programa Varejo Competitivo, que tem por finalidade dar condições ao varejo independente de se manter competitivo num mercado cada vez mais agressivo. Ganhar musculatura é essencial. As projeções apontam que em 2014 o Brasil será a quinta maior economia do mundo e, com a força do consumo, oriunda da renda, emprego e crédito, o atacado deve deslanchar ainda mais.

Investimos no desenvolvimento da equipe e na busca de profissionais altamente capacitados” Fernando Mathias, superintendente da DGB

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DIVULGAÇÃO

PERFIL | MAKRO

Loja Guarapiranga, em São Paulo, uma das três novas unidades inauguradas neste ano

Atendimento exclusivo Oferta de serviços diferenciados a um nicho dinâmico, o de restaurantes, é um dos projetos do grupo para se manter na liderança

D

esembarcado no Brasil em 1972, o Makro, do grupo holandês Steenkolen Handeis Vereeniging (SGV), logo percebeu aqui um Eldorado, no qual os pequenos comerciantes, sem escala para bater às portas dos grandes fornecedores ou do grande atacado em condições de igualdade, estavam virtualmente órfãos. Atendeu-os bem, ofereceu-lhes variedade (o portfólio tem mais de 12 mil produtos), ficou popular entre eles e, assim, por mais de uma geração reinou soberano, consagrando o sistema cash&carry – nada mais que autosserviço, no qual o comprador escolhe a mercadoria na prateleira e passa no caixa para pagar a compra. A hegemonia só seria balançada em 1995, quando chegou o gigante americano Walmart, tra-

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zendo consigo o filhote caçula Sam’s Club, que introduziu aqui o conceito criado em 1983 pelo fundador da rede, Sam Walton: o clube de compras. Sistema que, embora voltado ao pequeno varejista, tem a diferença de ser franqueado às pessoas físicas. O bom resultado na mescla desses dois públicos não escapou aos supermercadistas tradicionais e os animou a se adaptar para concorrer na mesma faixa. Mas só nos anos recentes é que se municiaram de armas mais pesadas para entrar na batalha. Em abril de 2007, o Carrefour comprou o Atacadão, sem esconder que o maior atrativo era a clientela que acorria às lojas, em velocidade crescente: as classes C e D. O arquirrival Pão de Açúcar daria o troco sete meses depois, ao comprar 60% do controle do


de ascendência holandesa, antes de assumir o posto, em fevereiro de 2010, ocupava o mesmo cargo exatamente na Argentina. Suas tarefas aqui são tornar a operação brasileira mais agressiva e melhorar a rentabilidade. Ampliação da rede

Grupo Assaí (em 2009 compraria os 40% restantes). Nessa altura o conceito de cash&carry tanto fora tropicalizado, que já se tornara popular e corrente o nome nativo dado a ele, o neologismo atacarejo – mistura de atacado e varejo. Nesse novo cenário, o deflagrador do processo não quer correr o risco de ir para a plateia, mas ter a segurança de ocupar o centro do palco: para 2011 o Makro planeja ações que realcem as características que o diferenciam da concorrência – a capacidade de oferecer serviços que os outros não têm. Uma dessas ações, em fase adiantada de estudos, será a entrada em uma nova frente de negócios focada no fornecimento de alimentos para restaurantes. Área já explorada com sucesso pelo grupo na Argentina, com a marca Siga – Serviços Integrados Gastronômicos, que tem um portfólio de 700 produtos exclusivos, dentro de um mais amplo, de 2 mil itens. Não está definido ainda se o novo negócio terá o mesmo nome da empresa argentina, mas já se sabe onde funcionará – no terreno do Makro de Interlagos, na zona sul da capital paulista – e qual será o investimento de necessário – cerca de R$ 2,6 milhões. Do que se tem certeza também é que há expertise suficiente para lançar o negócio. O atual presidente do Makro brasileiro, Roger Laughlin, venezuelano

O interesse do Makro nos restaurantes se justifica pelo crescimento do food service, ou alimentação fora de casa, no Brasil, à qual recorre 51% da população, de acordo com levantamento feito neste ano pela divisão local da empresa de pesquisas alemã GfK. Os brasileiros que comem fora em dias úteis e nos finais de semana são 12%; 24% da população mantém o hábito só nos fins de semana; e 16% apenas nos dias úteis. “Nos últimos 15 anos, o segmento tem crescido 13% ao ano, comparado a 9% do varejo”, diz Jean-Louis Gallego, coordenador de food service da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). Em números redondos: de 1995 para cá, o faturamento saltou 532,5%, de R$ 11,7 bilhões para R$ 74 bilhões, enquanto todo o varejo nacional cresceu 263%. “O impulso vem principalmente das grandes capitais, onde há um número maior de mulheres que trabalham fora e não cozinham”, completa Gallego. Segundo a Associação Nacional de Restaurantes (ANR), são atendidos diariamente 27 milhões de clientes e a taxa de expansão do negócio é três vezes superior à de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O Makro tem boa parte do caminho andada, pois mantém boa aproximação com os clientes de food service até fora das lojas, patrocinando o Extravaganza, evento gratuito voltado a pequenas e médias empresas de alimentação e varejo – hotéis, restaurantes, cafeterias, bares, bufês, lanchonetes e negócios afins. Na edição deste ano, a quarta da série, na qual investiu R$ 6 milhões, o Makro reuniu 7 mil daqueles clientes. “O foco é capacitação em gestão de negócios e gastronomia, visando ampliar a competitividade e a longevidade dos estabelecimentos”, explica Gustavo Delamanha, diretor de marketing do Makro. Para toda a clientela, mas com um olhar especial para a parcela do food service, Laughlin quer aperfeiçoar os canais de venda da empresa em 2011, buscando melhores soluções de abastecimento aos clientes. Ao lado da abertura de nova área de negócio, o Makro pretende continuar o plano de expansão de lojas para manter a dianteira da concorrência. Hoje, tem uma rede de 76 estabelecimentos espalhados por 24 estados mais o Distrito Federal. Neste ano inaugurou uma DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 117


unidade em Santos, outra em São Paulo (Guarapiranga) e uma terceira na Costa do Cacau (km 24 da rodovia Ilhéus-Itabuna), na Bahia. “Investimos cerca de R$ 90 milhões nas três lojas e, no próximo ano, devemos abrir mais cinco”, diz Delamanha. Cada novo empreendimento só é definido se passar por rigorosa análise de potencial de mercado. Atento a tendências A receita para a atuação permanece fiel à original: a companhia está direcionada para atender às demandas de pequenos e médios comerciantes, principalmente varejistas de pequeno porte e transformadores de alimen-

do as padarias começaram a oferecer a seus clientes cervejas e vinhos importados, lançou o Makro Speciale Adega & Emporium, espaço de destaque em algumas lojas – atualmente três na capital paulista, três no interior do estado e uma no Rio de Janeiro. Esse espaço abriga adega climatizada e oferece mil rótulos de vinhos e bebidas quentes, produtos como massas finas, defumados, queijos, especiarias, chocolates premium, cafés especiais, além de assessórios, como taças. “Também oferecemos consultoria gratuita de sommeliers aos clientes interessados em montar carta de vinhos e fazer a harmonização com o cardápio de seu restaurante”, conta Delamanha. Uma terceira tarefa a cumprir na agenda DIVULGAÇÃO

Adega climatizada oferece mil rótulos de vinhos e bebidas quentes e outros produtos premium

tos, como padarias, cafeterias, hotéis e restaurantes. A grande massa dessa clientela, 80%, é pessoa jurídica. Os 20% restantes são empresas informais, pessoas físicas que fazem compra no perfil corporativo. “Somos atacadistas de autosserviço por definição, mas os clientes finais que se adaptarem a nossa oferta são bem-vindos”, diz Delamanha. Com forte atuação no mercado de alimentos, o Makro deve fechar 2010 com um crescimento de 10% no faturamento. Superior ao dos fabricantes de alimentos, que preveem de 6% a 7%. Mesmo em 2009, quando ainda se sentiam os efeitos da crise financeira internacional, registrou receita líquida de R$ 4,6 bilhões em 2009, 6% superior à do ano anterior. Para manter a expansão dos negócios acima da média do mercado, a companhia não deixa de observar e acompanhar as novas tendências. Em 2008, por exemplo, quan-

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de Laughlin em 2011 é ampliar o número de produtos de marcas próprias e a oferecer mais itens importados. Ao assumir a presidência, ele estranhou o fato deste último nicho participar com apenas 5% do total de produtos comercializados. “O ideal é que 30% dos produtos sejam importados, meta que conseguiremos cumprir até 2011. Com os importados, é possível aumentar as margens entre 2,5% e 5%”, disse ao jornal Brasil Econômico. Mesmo dando ênfase à área de alimentação, o Makro não se descuida do nicho de não alimentos, em que oferece aos revendedores e clientes corporativos vantagens na compra de eletroeletrônicos. Têm desde geladeiras industriais e adegas até grills e batedeiras. Outra facilidade oferecida à clientela em geral é o televendas, canal em que o cliente, de onde está, pode efetuar cotações e finalizar a compra. LA


ATACADO Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % ALIMENTOS, BEBIDAS E CEREAIS 1 Makro Atacadista - SP 4.626.560 9,2 80.053 105.489 1.481.830 466.509 101.177 -62.287 131,8 1,7 312,2 317,6 22,6 2 Martins Distribuição - MG 2.965.753 -0,5 2.017 20.931 985.694 182.741 -68.117 -119.926 1.037,7 0,1 300,9 539,4 11,5 3 Super Muffato - PR 1.712.323 23,1 – – – – – ND ND ND ND ND 4 Arcom - MG 1.130.088 16,5 145.555 115.260 583.343 345.463 116.201 249.322 79,2 12,9 193,7 168,9 33,4 5 Copper - ES ( * ) 989.567 207,6 1.748 1.356 286.343 6.467 128.605 174.095 77,6 0,2 345,6 4.427,8 21,0 6 Tambasa - MG ( * ) 825.448 26,0 41.954 26.972 298.143 163.369 48.277 41.510 64,3 5,1 276,9 182,5 16,5 7 Tangará - ES 686.359 40,9 102.847 82.315 424.954 194.711 69.559 248.997 80,0 15,0 161,5 218,3 42,3 8 Giassi & Cia - SC 660.411 19,3 – – – – – – ND ND ND ND ND 9 Aliança - MG 598.715 32,2 3.024 1.625 130.154 5.236 -20.074 1.733 53,7 0,5 460,0 2.486,0 31,0 10 Unidasul - RS 505.004 12,6 – – – – – – ND ND ND ND ND 11 Esteve - ES 500.611 1,8 7.354 14.766 322.949 84.170 -36.917 228.838 200,8 1,5 155,0 383,7 17,5 12 Zamboni - RJ ( * ) 483.418 15,0 2.101 8.437 117.574 32.834 -14.775 50.880 401,6 0,4 411,2 358,1 25,7 13 Adição - MG 373.151 22,7 – – – – – – ND ND ND ND ND 14 BCR - MG 225.228 – 11.123 7.931 119.313 80.922 10.576 54.405 71,3 4,9 188,8 147,4 9,8 15 Nicchio Sobrinho - ES 219.231 13,1 10.975 6.910 68.375 37.286 7.259 32.191 63,0 5,0 320,6 183,4 18,5 16 Super Bom - RJ 218.724 11,5 – – – – – – ND ND ND ND ND 17 Dafruta - PE 204.865 111,1 11.873 11.873 148.887 34.375 19.716 83.664 100,0 5,8 137,6 433,1 34,5 18 Alimentos Fartura - CE ( * ) 204.243 – 4.406 2.975 75.254 44.649 12.771 15.571 67,5 2,2 271,4 168,5 6,7 19 Luiz Tonin - MG 203.713 36,6 – – – – – – ND ND ND ND ND 20 Cofesa - SP 165.292 10,5 – – – – – – ND ND ND ND ND 21 COBEB - MG 153.183 18,1 2.407 3.519 20.923 14.213 3.886 5.465 146,2 1,6 732,1 147,2 24,8 22 CBL Companhia Brasileira - SC ( * ) 152.795 618,9 58 44 54.051 298 2.674 21.234 76,0 0,0 282,7 18.165,9 14,7 23 ABV - MS 144.438 26,2 – – – – – – ND ND ND ND ND 24 Rmix - BA 127.813 6,8 – – – – – – ND ND ND ND ND 25 Frohlich - RS 110.488 7,4 1.788 2.304 31.526 15.485 1.117 7.703 128,9 1,6 350,5 203,6 14,9 26 Dorival Ribeiro - PR 110.101 2,5 – – – – – – ND ND ND ND ND 27 J Martins Supermercados - PR 102.808 13,8 – – – – – – ND ND ND ND ND 28 Cerealista Maranhão - SP 88.066 20,7 – – – – – – ND ND ND ND ND 29 Mercavale - MG ( * ) 84.794 – 3.832 3.597 11.450 9.392 3.832 8.629 93,9 4,5 740,6 121,9 38,3 30 Cerealista Oliveira - RS 73.011 – – – – – – – ND ND ND ND ND 31 Sementes - PR 72.293 14,9 2.658 1.837 51.369 23.648 3.714 16.587 69,1 3,7 140,7 217,2 7,8 32 Base Culinária - DF ( * ) 63.535 – 1.828 1.215 14.879 2.508 2.363 995 66,5 2,9 427,0 593,4 48,4 33 Supermercado Novo Regina - RJ 60.000 – – – – – – – ND ND ND ND ND 58.158 60,5 27.242 25.638 72.119 50.723 26.073 30.761 94,1 46,8 80,6 142,2 50,6 34 Vipau - ES ( * ) 35 Centermastersul - RS 55.706 – – – – – – – ND ND ND ND ND 36 Cia Auxiliar - SP ( * ) 55.086 33,4 -375 -951 73.527 17.878 4.310 -3.198 NA -0,7 74,9 411,3 -5,3 37 Crestani - MT 39.845 12,2 – – – – – – ND ND ND ND ND 38 Bourbon - MG 38.057 13,5 6.931 4.449 21.255 7.011 2.316 15.843 64,2 18,2 179,1 303,2 63,5 39 Usina São Francisco - SP 36.222 – 146.206 160.357 1.115.369 367.972 108.632 1.912 109,7 403,6 3,3 303,1 43,6 40 Varandas - SP 34.000 11,9 – – – – – – ND ND ND ND ND 41 Mc Kinlay - ES 32.592 -7,8 953 908 28.000 15.499 -363 16.912 95,3 2,9 116,4 180,7 5,9 42 Supermercado Vitor - MG ( * ) 30.250 23,1 – – – – – – ND ND ND ND ND 43 Portugual Auto Serviços - PA 28.459 – – – – – – – ND ND ND ND ND 44 Girotrade - SP ( * ) 27.219 35,6 -5.173 -4.698 14.840 9.440 -4.548 9.858 NA -19,0 183,4 157,2 -49,8 45 Marquardt Scherer - RS ( * ) 17.135 4,5 935 713 8.824 6.330 1.258 2.766 76,3 5,5 194,2 139,4 11,3 46 ASXT Fluminense - RJ ( * ) 12.256 5,8 -235 -245 1.002 -530 -150 -620 NA -1,9 1.223,0 NA NA 11.443 1,0 -351 -186 5.167 3.172 -337 1.980 NA -3,1 221,5 162,9 -5,9 47 Casa Engenho Soares - RJ ( * ) 48 Mercocamp - ES ( * ) 9.968 – 1.050 717 41.989 1.007 -2.063 15.732 68,3 10,5 23,7 4.169,7 71,2 49 Chua Distribuidora - MG 8.908 – 1.694 1.391 8.484 5.575 1.580 2.294 82,1 19,0 105,0 152,2 25,0 50 Supermercado Pag Poko - SP 7.588 12,4 – – – – – – ND ND ND ND ND 51 Super Portugal - CE ( * ) 7.000 2,7 – – – – – – ND ND ND ND ND 52 Unisoja - MT ( * ) 3.966 55,1 1.218 1.007 13.984 3.633 1.863 118 82,6 30,7 28,4 385,0 27,7 2.516 1.853 -69 422 NA 1,5 50,1 135,8 -1,2 53 Vencedora - PR ( * ) 1.261 -18,2 19 -22 54 Nunes Empreendimentos - PE 87 15,1 31 2.685 7.023 7.021 32 -3 8.584,1 36,1 1,2 100,0 38,2 55 Cia Super Util - RS ( * ) 0 -100,1 -54 -52 434 277 -41 -43 NA 22.570,8 -0,1 157,0 -18,7 56 Minerva - RO ( * ) – – – – 41.696 15.190 – -329 ND ND ND 274,5 ND 57 Uggeri - RS – -100,0 – – 35.682 18.251 367 13.026 ND ND ND 195,5 ND 58 Escol Agrícola - SP – – 88 24 10.978 6.979 110 999 26,7 ND ND 157,3 0,3 (*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 119


ATACADO Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % ALIMENTOS, BEBIDAS E CEREAIS (CONTINUAÇÃO) 59 Coml Nazaré - ES – – -1.325 -1.325 2.563 -4.570 -878 – NA ND ND NA NA 60 Cacisa - SP ( * ) – – -974 608 1.348 592 -1.022 -680 NA ND ND 227,8 102,8 ACUMULADO DO SUBSETOR (60) 19.357.235 13,8 615.480 610.373 6.733.810 2.277.575 528.915 1.167.356 80,0 3,3 191,3 203,6 21,0 PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE HIGIENE E LIMPEZA 1 Profarma - RJ 2.577.271 5,2 70.363 53.152 954.922 485.366 97.085 586.179 75,5 2,7 269,9 196,7 11,0 2 Drogarias Pacheco - RJ 1.538.154 35,7 43.094 28.513 521.332 220.505 30.400 188.365 66,2 2,8 295,0 236,4 12,9 3 Cálamo - PR 874.486 – 256.708 235.812 157.000 35.536 249.615 -20.612 91,9 29,4 557,0 441,8 663,6 4 Mantecorp - RJ 725.171 5,8 43.269 26.397 235.332 29.970 51.945 15.687 61,0 6,0 308,2 785,2 88,1 5 Sudestefarma - ES 275.952 -48,8 -10.650 13.542 81.665 42.017 2.880 10.676 NA -3,9 337,9 194,4 32,2 6 Vistatek - SP ( * ) 25.980 2,7 3.161 2.422 23.410 5.892 -2.379 76,6 12,2 111,0 397,3 41,1 3.248 7 Justesa Imagem - RJ 15.684 14,1 4.434 3.067 8.793 3.557 4.096 2.257 69,2 28,3 178,4 247,2 86,2 8 Puig Brasil - SP ( * ) 8.153 18,1 -5.101 -5.101 17.155 4.934 -3.815 12.607 NA -62,6 47,5 347,7 -103,4 9 Lab Libra do Brasil - RS 4.623 -30,3 -47 -23 10.488 1.323 -561 -2.052 NA -1,0 44,1 792,5 -1,8 ACUMULADO DO SUBSETOR (9) 6.045.474 5,5 405.231 357.781 2.010.096 829.100 434.893 790.728 72,4 2,8 269,9 347,7 32,2 MÁQUINAS E FERRAMENTAS 1 Marcosa - CE ( * ) 323.565 153,2 23.700 17.648 167.400 28.270 30.582 15.466 74,5 7,3 193,3 592,2 62,4 2 AA Frigelar SA - RS 301.257 19,8 16.924 14.241 153.608 49.214 19.326 53.780 84,2 5,6 196,1 312,1 28,9 3 Simpress - SP 242.247 15,2 33.269 24.563 214.362 165.912 30.361 31.491 73,8 13,7 113,0 129,2 14,8 4 RDG Aços - ES 205.581 -2,3 32.310 50.003 165.088 155.003 29.569 48.838 154,8 15,7 124,5 106,5 32,3 5 Day Brasil - SP 167.070 -8,6 -3.926 -3.902 111.056 34.295 -1.057 35.524 NA -2,4 150,4 323,8 -11,4 6 Nortel - SP 165.316 -26,6 4.141 5.790 71.168 25.877 2.759 38.754 139,8 2,5 232,3 275,0 22,4 7 Hexis - SP 90.879 20,5 10.582 7.527 103.138 86.693 9.708 21.015 71,1 11,6 88,1 119,0 8,7 8 Cofermeta - MG 76.044 -18,4 7.074 5.422 54.645 44.328 8.577 20.194 76,7 9,3 139,2 123,3 12,2 9 Anfreixo - SP 52.222 -28,6 -138 -138 19.942 13.288 -222 11.559 NA -0,3 261,9 150,1 -1,0 10 Schadeck - SC 49.025 -6,5 989 1.511 24.837 12.635 3.070 11.276 152,8 2,0 197,4 196,6 12,0 11 Cimma - RS 45.074 39,7 3.645 2.314 24.739 12.590 3.759 6.195 63,5 8,1 182,2 196,5 18,4 12 Midea do Brasil - SC ( * ) 39.481 – 1.418 747 37.911 7.763 1.418 21.511 52,7 3,6 104,1 488,4 9,6 13 Pensalab - SP ( * ) 22.018 4.124 2.827 12.327 8.787 4.592 4.017 68,6 18,7 178,6 140,3 32,2 – 14 Eletroforja - SP ( * ) 21.814 -8,8 -2.802 -3.513 18.292 521 156 6.668 NA -12,8 119,3 3.509,9 -674,2 15 Novafrota - PR 18.020 19,0 7.208 5.741 19.881 14.886 6.910 8.643 79,6 40,0 90,6 133,6 38,6 16 Rominor - SP 13.451 12,7 15.825 13.374 32.775 28.999 13.377 -253 84,5 117,7 41,0 113,0 46,1 17 Lilla - SP ( * ) 13.178 50,4 587 20 11.263 3.966 587 7.591 3,4 4,5 117,0 284,0 0,5 18 High End - SC 10.935 27,6 6.390 5.898 20.255 14.271 6.271 4.173 92,3 58,4 54,0 141,9 41,3 19 Colorado Mercl - SP 10.773 -7,6 1.427 974 9.497 6.492 1.724 6.582 68,3 13,2 113,4 146,3 15,0 20 Equimaf - DF ( * ) 5.875 -8,7 24 18 6.001 4.004 263 2.489 75,3 0,4 97,9 149,9 0,4 21 Locofer - PR 3.095 – 250 207 9.361 9.251 2.199 690 82,8 8,1 33,1 101,2 2,2 22 S4 Participações - PR ( * ) 722 – -290 2.703 5.031 5.013 -293 926 NA -40,2 14,4 100,4 53,9 23 Yanmar Diesel - SP 61 -95,0 927 980 16.452 11.407 -982 6.543 105,7 1.507,4 0,4 144,2 8,6 24 Estabelecimento Unificado - RJ – -100,0 -2 -2 4.183 3.576 -1 7 NA ND ND 117,0 -0,1 ACUMULADO DO SUBSETOR (24) 1.877.704 -4,4 163.655 154.953 1.313.211 747.040 172.653 363.681 76,7 8,1 117,0 145,2 13,5 MADEIRA E MATERIAL ELÉTRICO E DE CONSTRUÇÃO 1 T Loureiro - AM 366.999 – -16.215 -162.225 7.499.449 7.481.771 80.960 1.052.394 NA -4,4 4,9 100,2 -2,2 2 Parex Brasil - SP ( * ) 121.071 29,5 -21.481 -21.531 108.762 -302 -796 20.166 NA -17,7 111,3 NA NA 3 Prime Timber - RS ( * ) 55.984 -21,8 -4.539 -4.684 35.442 8.759 1.599 18.611 NA -8,1 158,0 404,6 -53,5 4 Objetiva - DF ( * ) 44.950 33,6 1.835 1.051 10.799 2.767 1.021 3.214 57,3 4,1 416,2 390,3 38,0 5 Brasilmad Exportadora - PR 33.896 -24,2 683 105 10.933 8.130 1.576 7.124 15,4 2,0 310,0 134,5 1,3 6 Agrimex - PE ( * ) 13.182 18,8 -1.227 -1.227 593.021 272.644 -129 24.356 NA -9,3 2,2 217,5 -0,5 7 Amazônia Materiais - DF ( * ) 2.360 – -125 -205 984 -130 -116 -261 NA -5,3 239,8 NA NA 8 Varaschin - PR 2.174 -37,8 291 272 2.916 2.794 295 80 93,7 13,4 74,6 104,4 9,8 9 Seacrown do Brasil - SP ( * ) – – 156 -4.024 14.976 8.450 -112 3 NA ND ND 177,2 -47,6 ACUMULADO DO SUBSETOR (9) 640.617 -1,5 -40.622 -192.468 8.277.283 7.784.882 84.298 1.125.688 57,3 -4,9 134,6 177,2 -0,5 CENTRAIS DE ABASTECIMENTO 1 Ceagesp - SP ( * ) 62.851 24,8 -6.122 -6.122 265.666 156.797 -92 -26.774 NA -9,7 23,7 169,4 -3,9 2 Ceasa Campinas - SP 42.528 18,9 255 465 98.045 73.768 1.993 -793 182,4 0,6 43,4 132,9 0,6 (*) Os dados são de 2008

120 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


ATACADO Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % CENTRAIS DE ABASTECIMENTO (CONTINUAÇÃO) 3 Ceasaminas - MG ( * ) 22.248 24,5 3.917 2.263 27.864 21.400 2.684 648 57,8 17,6 79,9 130,2 10,6 4 Ceasa PE - PE ( * ) 20.516 2,7 1.633 1.727 18.309 4.298 1.670 -423 105,7 8,0 112,1 426,0 40,2 5 Ceasa RS - RS 6.577 11,4 -445 -445 8.581 3.974 -211 -1.946 NA -6,8 76,7 215,9 -11,2 6 Ceasa PR - PR ( * ) 6.102 – 2.567 1.958 21.519 12.921 2.177 1.122 76,3 42,1 28,4 166,5 15,2 7 Ceasa ES - ES 5.169 -25,2 -1.587 -1.587 6.384 301 -1.280 -1.970 NA -30,7 81,0 2.120,8 -527,2 8 Ceasa GO - GO 3.982 42,8 513 393 16.689 13.172 547 94 76,5 12,9 23,9 126,7 3,0 9 Ceasa RN - RN 2.850 27,3 -657 -657 9.242 1.884 7 -375 NA -23,1 30,8 490,7 -34,9 10 Empasa - PB 1.968 17,1 -12.615 331 6.841 5.753 -12.190 26 NA -641,0 28,8 118,9 5,8 11 Ceasa SC - SC ( * ) 1.514 – -234 -228 7.015 6.638 -144 -279 NA -15,5 21,6 105,7 -3,4 12 Ceasa PA - PA 661 -87,5 -3.851 -71 892 301 -3.838 729 NA -582,3 74,2 296,7 -23,5 13 Adcointer - RS 452 -5,8 112 74 1.718 1.623 100 – 66,3 24,8 26,3 105,9 4,6 ACUMULADO DO SUBSETOR (13) 177.417 17,1 -16.514 -1.897 488.764 302.829 -8.577 -29.941 76,4 -6,8 30,8 166,5 0,6 PRODUTOS METALÚRGICOS 1 Gerdau Aços - RS 2.672.784 -8,3 64.132 50.560 1.162.432 1.035.680 45.708 737.344 78,8 2,4 229,9 112,2 4,9 2 Tramontina Sudeste - SP 163.155 19,9 9.082 6.028 116.612 59.298 10.319 26.644 66,4 5,6 139,9 196,7 10,2 3 Cedisa - ES 87.894 -18,5 11.532 11.812 63.524 49.886 10.384 31.351 102,4 13,1 138,4 127,3 23,7 4 Tramontina Sul - RS 62.098 -0,6 -200 -200 38.308 22.603 -353 19.283 NA -0,3 162,1 169,5 -0,9 5 Sonaex - PR 62.027 -19,2 -5.022 -5.006 36.556 2.013 -2.130 17.949 NA -8,1 169,7 1.815,7 -248,6 2.668 6 Tramontina Norte - PA 49.339 7,9 3.987 25.306 13.992 4.131 9.745 66,9 8,1 195,0 180,9 19,1 7 Tramontina Recife - PE 39.724 12,6 1.717 1.111 20.833 18.662 1.535 12.020 64,7 4,3 190,7 111,6 6,0 8 Tramontina BA - BA 34.385 -0,5 683 482 24.602 13.609 817 6.744 70,5 2,0 139,8 180,8 3,5 9 Tubomac - RS 30.516 -28,5 -13 -74 16.786 12.519 7 7.943 NA 0,0 181,8 134,1 -0,6 10 Tramontina Planalto - GO 29.447 6,4 1.366 966 17.699 11.505 -717 8.871 70,7 4,6 166,4 153,9 8,4 11 Niagara Coml - SP 28.612 -28,6 2.509 1.654 12.839 7.445 2.831 6.810 65,9 8,8 222,9 172,5 22,2 12 Dismafe - MT ( * ) 25.346 22,5 105 87 37.697 28.550 1.124 10.738 83,5 0,4 67,2 132,0 0,3 22.903 13 Intermesa - RJ 152,1 1.106 803 49.823 7.904 -829 -16.020 72,6 4,8 46,0 630,4 10,2 14 Rust - SP ( * ) 11.173 2,7 3.173 2.808 3.955 1.827 3.080 1.651 88,5 28,4 282,5 216,5 153,7 15 Impd Brasília - RS ( * ) – – 117 112 2.271 1.925 147 25 95,6 ND ND 118,0 5,8 ACUMULADO DO SUBSETOR (15) 3.319.402 1,1 94.275 73.811 1.629.245 1.287.417 76.053 881.100 71,7 4,5 168,0 169,5 6,0 PRODUTOS QUÍMICOS E PETROQUÍMICOS 1 Quantiq - SP 499.799 -14,7 22.812 15.332 166.891 94.535 17.880 73.487 67,2 4,6 299,5 176,5 16,2 2 Unipar Comercial - SP 263.010 -6,6 12.108 8.448 65.574 27.287 16.491 44.493 69,8 4,6 401,1 240,3 31,0 3 Buschle & Lepper - SC 132.493 -27,6 7.971 5.261 71.596 54.881 8.387 18.106 66,0 6,0 185,1 130,5 9,6 4 SCS Químicos - RJ 96.113 -20,5 -6.698 4.738 57.355 45.998 -8.271 10.437 NA -7,0 167,6 124,7 10,3 5 Maringá/Química - SP ( * ) 83.676 29,3 15.901 14.551 103.688 87.842 13.849 12.838 91,5 19,0 80,7 118,0 16,6 6 Dinaco Importação - RJ 27.970 37,6 2.268 1.932 19.818 15.149 2.268 6.156 85,2 8,1 141,1 130,8 12,8 7 Plaxbond - PR 13.834 111,3 900 696 3.635 650 1.061 297 77,3 6,5 380,6 559,1 107,0 8 Mabar - RJ ( * ) 7.844 -14,4 191 144 4.835 1.787 194 1.926 75,2 2,4 162,2 270,6 8,0 9 Eskisa - SP 6.800 -0,5 836 545 4.911 4.294 733 2.491 65,2 12,3 138,5 114,4 12,7 ACUMULADO DO SUBSETOR (9) 1.131.538 -6,6 56.289 51.647 498.303 332.422 52.591 170.231 72,5 6,0 167,6 130,8 12,8 PRODUTOS TÊXTEIS E DE COURO 1 Eurotextil - ES 82.712 27,8 5.965 3.953 48.890 20.783 8.495 34.769 66,3 7,2 169,2 235,2 19,0 2 Niazi Chohfi - SP 62.436 13,4 -9.455 334 135.483 -11.617 -6.735 39.285 NA -15,1 46,1 NA NA 3 ARMAZÉNS NORDESTE - PE 34.291 – 1.121 2.259 25.456 5.573 3.312 11.255 201,5 3,3 134,7 456,8 40,5 4 GZT - RS 22.842 28,1 4.644 3.715 24.339 20.041 5.716 17.007 80,0 20,3 93,9 121,5 18,5 5 Clássico Artigos - SP ( * ) 22.117 -9,9 -7.496 -6.859 17.290 -6.816 -7.316 6.387 NA -33,9 127,9 NA NA 6 Coml Lupo - SP 16.328 69,5 354 49.587 167.095 152.205 326 13.482 14.007,6 2,2 9,8 109,8 32,6 7 World Commerce - RS 15.647 23,8 -769 721 8.105 1.811 -318 4.501 NA -4,9 193,1 447,5 39,8 8 Resima - SC 6.006 -21,7 -709 -695 9.117 3.986 -151 4.919 NA -11,8 65,9 228,7 -17,4 9 Sedas - RS ( * ) 2.600 22,9 -231 -231 3.313 955 -217 1.363 NA -8,9 78,5 346,9 -24,2 10 ZF Comércio - SP ( * ) 1.858 – -3.177 -3.238 11.378 1.220 -3.117 – NA -171,0 16,3 932,7 -265,4 11 Plínio Nardi - RS ( * ) 17 -2,3 -29 -41 2.972 1.630 11 -468 NA -173,5 0,6 182,3 -2,5 ACUMULADO DO SUBSETOR (11) 266.854 22,9 -9.781 49.505 453.437 189.771 7 132.500 140,7 -8,9 78,5 235,2 18,5 (*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 121


ATACADO Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % DISTRIBUIDORES DE AÇO 1 Fasal Siderúrgicos/4 - MG ( * ) 466.291 – 53.317 55.581 295.645 231.980 59.449 186.057 104,3 11,4 157,7 127,4 24,0 2 Frefer - SP ( * ) 416.160 1,0 22.535 14.586 126.609 32.263 31.339 84.776 64,7 5,4 328,7 392,4 45,2 3 Benafer - RJ 309.273 -24,5 21.038 13.973 487.600 84.212 54.988 278.088 66,4 6,8 63,4 579,0 16,6 4 Fercoi - SP 115.390 -31,9 2.786 1.554 61.835 28.050 2.788 31.363 55,8 2,4 186,6 220,4 5,5 5 Dova - RJ ( * ) 107.983 20,0 2.331 1.560 33.719 16.664 4.929 23.394 66,9 2,2 320,2 202,4 9,4 ACUMULADO DO SUBSETOR (5) 1.415.097 -11,8 102.007 87.254 1.005.407 393.169 153.493 603.678 66,4 5,4 186,6 220,4 16,6 INFORMÁTICA E TELECOMUNICAÇÕES 1 Officer - SP 704.939 -0,5 5.595 3.985 234.816 55.394 12.728 77.234 71,2 0,8 300,2 423,9 7,2 2 Ricoh Brasil - RJ 52.060 2,7 -12.281 -12.903 41.968 -5.457 -652 3.120 NA -23,6 124,1 NA NA 3 Itautec.com - SP 41.893 38,4 4.378 3.249 47.093 14.247 3.752 13.621 74,2 10,5 89,0 330,6 22,8 4 Itautec Tecnologia - SP 24.734 -42,5 9.591 11.538 35.049 29.321 5.159 7.433 120,3 38,8 70,6 119,5 39,4 5 Cas - SP 16.203 -9,8 3.853 2.576 11.130 6.086 3.650 3.819 66,9 23,8 145,6 182,9 42,3 6 Infinity System - SP ( * ) 15.862 – 169 193 12.546 7.722 2.052 6.415 114,6 1,1 126,4 162,5 2,5 7 TGD Teleglobal - SP ( * ) 3.450 12,8 -1.210 -1.210 14.937 12.585 -1.205 611 NA -35,1 23,1 118,7 -9,6 8 Itautec Parts e Comércio - SP – – -115 -51 9.906 9.904 -115 – NA ND ND 100,0 -0,5 9 Unotel - MG ( * ) – -100,0 – – 1.038 952 – -32 ND ND ND 109,1 ND ACUMULADO DO SUBSETOR (9) 859.140 -0,5 9.979 7.377 408.483 130.754 25.369 112.220 74,2 1,1 124,1 141,0 7,2 PRODUTOS DE PAPEL 1 T Janer - RJ ( * ) 160.060 – -6.459 -6.459 144.957 2.090 9.894 34.559 NA -4,0 110,4 6.935,7 -309,0 2 Samab - SP 94.210 -6,6 14.550 17.377 77.539 38.659 7.721 28.186 119,4 15,4 121,5 200,6 45,0 3 Papelaria Estrela - CE ( * ) 33.294 – 4.005 3.476 16.412 3.600 4.730 12.334 86,8 12,0 202,9 455,9 96,6 4 Omni Papéis - DF 10.126 – 2.348 2.098 14.929 11.149 2.614 6.201 89,3 23,2 67,8 133,9 18,8 5 Artur Eberhardt - SP ( * ) 9.836 12,6 -9.790 -7.105 113.058 36.162 -3.012 -1.080 NA -99,5 8,7 312,6 -19,7 6 Bandeirantes Com - SP 4.493 11,6 2.911 1.080 5.603 1.992 2.926 -1.861 37,1 64,8 80,2 281,3 54,2 7 Mercosul Aliança - PE ( * ) 364 27,0 247 444 2.152 2.138 247 – 179,4 68,0 16,9 100,7 20,8 8 Arouca - PE 319 – 252 252 2.028 2.019 236 -9 100,0 79,0 15,7 100,5 12,5 9 Grupo Orsa - SP 9 – 4 4 2.000 2.000 4 – 100,0 44,4 0,5 100,0 0,2 10 Guassahy - SP – – 1.788 1.713 21.019 14.468 1.425 2.877 95,8 ND ND 145,3 11,8 ACUMULADO DO SUBSETOR (10) 312.711 12,1 9.856 12.880 399.697 114.276 26.785 81.206 97,9 23,2 67,8 172,9 15,6 DISTRIBUIDORES DE JORNAIS E REVISTAS 1 Treelog - SP ( * ) 977.109 58,0 2.077 1.262 206.844 2.411 -490 145.204 60,8 0,2 472,4 8.579,2 52,3 2 Dinap - SP 508.310 – 7.244 5.395 110.945 3.271 7.208 100.203 74,5 1,4 458,2 3.392,0 165,0 3 Curitiba Papéis - PR 156.648 29,9 3.658 3.402 107.811 58.093 4.498 15.911 93,0 2,3 145,3 185,6 5,9 4 Disal Livros - SP 60.870 5,9 2.745 2.319 25.026 14.418 2.675 10.463 84,5 4,5 243,2 173,6 16,1 5 Catavento - SP 41.222 28,8 1.628 1.077 15.366 2.631 1.303 2.888 66,1 4,0 268,3 584,1 40,9 ACUMULADO DO SUBSETOR (5) 1.744.159 29,4 17.352 13.456 465.992 80.824 15.195 274.669 74,5 2,3 268,3 584,1 40,9 ELETRODOMÉSTICOS 1 Telecom Net - SP 495.370 290,8 10.450 6.661 72.300 17.985 13.934 -10.588 63,7 2,1 685,2 402,0 37,0 2 Colmagi - RS 2.028 -18,0 1.179 866 23.729 19.998 873 3 73,5 58,1 8,6 118,7 4,3 ACUMULADO DO SUBSETOR (2) 497.398 136,4 11.629 7.527 96.029 37.983 14.807 -10.585 68,6 30,1 346,9 260,3 20,7 DIVERSOS 1 Ferreira - ES 3.027.894 84.774,6 504.138 362.248 6.210.110 5.276.505 429.609 2.755.344 71,9 16,7 48,8 117,7 6,9 2 Barcelona - SP 1.743.135 41,8 47.584 33.255 665.681 126.786 69.202 28.639 69,9 2,7 261,9 525,0 26,2 3 Noble - SP 1.236.078 69,1 -12.436 -142.846 2.232.131 378.061 53.997 400.957 NA -1,0 55,4 590,4 -37,8 4 Multigrain - SP ( * ) 1.130.003 81,1 -97.930 -61.915 857.642 -44.819 -40.854 524.472 NA -8,7 131,8 NA NA 5 Vanguarda - MT ( * ) 649.061 97,7 1.457 -8.575 914.983 41.139 156.262 224.789 NA 0,2 70,9 2.224,1 -20,8 6 Extrabom Supermercado - ES 434.005 10,8 – – – – – – ND ND ND ND ND 7 Unilider - ES 249.969 53,0 6.297 4.205 58.511 21.546 11.101 28.089 66,8 2,5 427,2 271,6 19,5 8 Radial Minas - MG ( * ) 187.628 – 3.140 2.083 37.386 15.229 4.449 199 66,3 1,7 501,9 245,5 13,7 9 Manuchar - RJ 186.358 6,4 27.727 20.363 60.848 34.541 19.850 39.922 73,4 14,9 306,3 176,2 59,0 10 Peixoto-Atacado Dist. - MG ( * ) 185.358 -14,3 -4.513 -2.703 234.955 96.199 -4.513 29.348 NA -2,4 78,9 244,2 -2,8 11 Salinor - RJ 162.561 32,5 33.718 22.416 80.620 61.659 34.669 17.806 66,5 20,7 201,6 130,8 36,4 12 Inspection - ES 146.121 -51,5 -8.679 -5.704 32.954 16.583 -11.605 21.006 NA -5,9 443,4 198,7 -34,4 13 Premium - SC ( * ) 114.338 53,3 4.374 2.612 74.498 10.648 4.374 37.794 59,7 3,8 153,5 699,6 24,5 14 Blausiegel - SP 106.488 27,1 2.676 1.302 84.457 19.270 6.487 29.073 48,7 2,5 126,1 438,3 6,8 (*) Os dados são de 2008

122 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


ATACADO Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % % DIVERSOS (CONTINUAÇÃO) 15 Resinet - SP ( * ) 102.879 16 Savixx - ES 95.869 17 Vila Porto - ES ( * ) 92.294 18 Plasinco - ES 70.519 19 Optotal - RJ ( * ) 53.526 20 Codime - SC ( * ) 52.809 21 Komport - SC 46.826 22 F Souto - RN 43.393 23 Cya Rubber - RS 37.570 24 Jorge Batista & Cia - PI 35.912 25 Griensu - SP 35.382 26 Enivix - ES ( * ) 33.345 27 Armazém Brasil - AP 32.153 28 Eurostar do Brasil - PR 32.012 29 Fassim - ES ( * ) 31.928 30 HVR - SC 30.237 31 Supermercado ideal - RS 28.716 32 CDGN - RJ 27.832 33 Seves Glassblock - RJ 27.552 34 Unilider - RJ 26.806 35 Wilvale - SP 25.267 36 Mezzalira - SC 23.560 37 Agro Ferrari Agrícola - SP 23.514 38 Bextro - RJ 23.287 39 Sulpar - PR ( * ) 21.359 40 Valspar Coil - SP ( * ) 20.197 41 GS - ES ( * ) 19.006 42 Madison Garden - PR ( * ) 17.042 43 Straf - ES ( * ) 17.008 44 Ramata - TO ( * ) 13.300 45 SG Tecnologia - SP 12.621 46 Veranense - RS 11.906 47 Rede Ancora - SP ( * ) 10.160 48 Regional de Alimentos - SP 8.724 49 Haegler - RJ 7.120 50 Biomin - MG 5.203 51 Neoortho - PR 5.025 52 Porto Delivery - ES ( * ) 2.776 53 Metalcom - SP 2.650 54 Guepard - SC 2.534 55 Capuaba - ES 2.335 56 Santos Trading - SP 1.911 57 Bonded - ES 1.251 58 H Carlos Schneider - SC 819 59 Rayil Trading - SP ( * ) 388 60 ADS - AM 330 61 RB - SP ( * ) 208 62 Colo - SP 51 63 Cotia - ES – 64 Littera - SP ( * ) – 65 VAle do Curaçá - BA ( * ) – 66 CSP Companhia Siderúrgica - GO ( * ) – 67 Congonhas Mineiros - MG – 68 Crateus Algodoeira - CE ( * ) – 69 CBE - SP – 70 Ezfood - SP – 71 Cesamar - ES ( * ) – ACUMULADO DO SUBSETOR (71) 10.776.108 Acumulado do Setor (252) 48.420.856

-16,1 82,9 44,1 4.934,1 – – 144,2 5,2 -25,1 45,2 8,5 -22,4 10,1 14,3 129,7 280,8 – 11,3 227,3 – -6,1 13,4 -0,1 8,9 – 2,7 28,0 -41,3 2,7 – -17,5 9,0 41,2 51,0 18,8 -36,8 – 2,7 -48,0 105,3 351,6 313,1 26,5 -13,4 2,7 -82,0 -83,9 – – – – – – – – – – 13,4 8,8

-8.323 1.628 2.454 1.451 6.270 1.576 -1.398 1.879 -1.671 – 7.893 224 – 2.875 3.608 -1.887 – 2.162 1.382 600 -131 – 3.622 1.093 1.837 2.175 1.872 457 2.574 -1.767 277 – 2 – -485 -180 -678 155 37 268 149 21 -243 828 -319 -2.756 106 46 -5.609 -3 – – 542 – -2.330 72 -106 529.807 1.948.643

-8.323 1.191 3.506 2.209 4.113 1.057 1.641 1.768 -1.671 – 5.175 186 – 1.922 2.382 -1.362 – 1.361 887 412 -1.734 – 3.704 536 3.928 1.448 1.193 271 1.967 -1.767 216 – -5 – -1.169 61 -827 117 -13 220 121 45 -243 16.027 -321 -2.757 -589 46 18.792 16.897 – – 382 – -2.329 61 -106 297.367 1.529.566

34.182 42.094 60.130 78.426 45.869 18.444 36.524 52.968 12.235 – 30.147 17.622 – 60.966 19.844 31.228 – 32.617 13.814 6.757 25.844 – 19.922 12.161 45.599 6.497 26.269 8.232 13.807 108.535 12.351 – 3.653 – 3.093 3.751 8.692 3.221 5.468 2.239 30.869 1.176 3.323 625.736 4.293 2.322 27.944 2.167 175.841 131.190 26.071 9.487 5.934 5.597 2.858 2.069 232 13.505.086 37.284.845

5.805 4.904 4.158 7.821 34.469 1.596 4.141 26.526 6.923 – 4.554 3.116 – 18.552 2.000 8.617 – 2.715 -4.891 462 14.511 – 4.975 1.679 32.860 3.754 9.298 1.513 2.067 64.840 8.653 – 1.586 – 1.760 1.060 7.935 1.074 5.168 1.392 1.205 1.068 2.206 623.334 3.462 -1.233 14.335 2.105 127.755 129.958 26.055 9.465 5.900 1.870 2.348 1.965 -1.964 7.298.775 21.806.818

-5.759 -4.301 -7.639 3.141 6.270 -593 -1.904 11.523 -3.376 – 8.257 583 – 4.704 6.127 -2.454 – 12.593 -2.087 660 -1.560 – 3.363 1.212 1.953 -7 4.222 798 2.881 -144 436 – 183 – -552 -180 -29 419 74 330 -241 52 -143 249 -217 -2.750 -3.919 46 -1.342 -49 – – -5 – -2.330 -160 -51 761.311 2.337.793

23.492 NA -8,1 301,0 588,8 -143,4 4.408 73,2 1,7 227,8 858,4 24,3 -22.043 142,9 2,7 153,5 1.446,1 84,3 23.296 152,3 2,1 89,9 1.002,8 28,3 6.493 65,6 11,7 116,7 133,1 11,9 4.649 67,1 3,0 286,3 1.155,5 66,2 -5.499 NA -3,0 128,2 882,0 39,6 – 94,1 4,3 81,9 199,7 6,7 7.878 NA -4,5 307,1 176,7 -24,1 – ND ND ND ND ND 3.534 65,6 22,3 117,4 661,9 113,6 -4.076 83,0 0,7 189,2 565,5 6,0 – ND ND ND ND ND 8.950 66,8 9,0 52,5 328,6 10,4 8.149 66,0 11,3 160,9 992,2 119,1 3.210 NA -6,2 96,8 362,4 -15,8 – ND ND ND ND ND 1.258 63,0 7,8 85,3 1.201,4 50,1 3.384 64,2 5,0 199,5 NA NA -947 68,7 2,2 396,7 1.462,4 89,2 11.197 NA -0,5 97,8 178,1 -12,0 – ND ND ND ND ND 12.345 102,3 15,4 118,0 400,4 74,5 10.330 49,1 4,7 191,5 724,4 31,9 5.521 213,8 8,6 46,8 138,8 12,0 5.309 66,6 10,8 310,9 173,1 38,6 10.985 63,7 9,9 72,4 282,5 12,8 2.014 59,4 2,7 207,0 544,1 17,9 6.990 76,4 15,1 123,2 668,0 95,2 1.112 NA -13,3 12,3 167,4 -2,7 8.905 78,1 2,2 102,2 142,7 2,5 – ND ND ND ND ND 1.378 NA 0,0 278,1 230,3 -0,3 – ND ND ND ND ND 653 NA -6,8 230,2 175,7 -66,4 1.055 NA -3,5 138,7 353,9 5,8 2.216 NA -13,5 57,8 109,5 -10,4 -91 75,5 5,6 86,2 299,9 10,9 4.851 NA 1,4 48,5 105,8 -0,3 1.466 82,1 10,6 113,2 160,9 15,8 2.619 80,9 6,4 7,6 2.561,4 10,0 292 211,6 1,1 162,4 110,2 4,2 -131 NA -19,4 37,7 150,6 -11,0 1.145 1.935,1 101,1 0,1 100,4 2,6 – NA -82,1 9,0 124,0 -9,3 27 NA -835,7 14,2 NA NA -12.427 NA 51,0 0,7 194,9 -4,1 0 100,0 89,9 2,4 103,0 2,2 1.727 NA ND ND 137,6 14,7 90 NA ND ND 101,0 13,0 79 ND ND ND 100,1 ND -22 ND ND ND 100,2 ND 15 70,5 ND ND 100,6 6,5 -25 ND ND ND 299,3 ND -228 NA ND ND 121,7 -99,2 – 84,6 ND ND 105,3 3,1 -302 NA ND ND NA NA 4.282.669 70,5 2,5 118,0 237,3 10,0 9.945.199 73,3 3,1 151,1 190,4 14,6

(*) Os dados são de 2008

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 123


COMÉRCIO EXTERIOR

Vantagem posta em dúvida Demanda em alta e dólar em baixa se combinam para levantar suspeitas de que o saldo comercial pode cair no vermelho em 2011

O

dólar desvalorizado e a recuperação em marcha lenta das economias desenvolvidas que marcaram 2010 aparentemente devem permanecer na mesma batida em 2011. “Estudos mostram que a recuperação de uma crise financeira como a que passamos leva em média sete anos”, lembrou Mailson da Nóbrega, exministro da Fazenda e sócio-diretor da Tendências Consultoria, em recente seminário na Associação Comercial de São Paulo sobre as perspectivas da economia para o ano que vem. “Isso significa que podemos esperar mais quatro anos de baixo crescimento econômico mundial.”

124 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

rodrigo leal/appa

Por Paulo Bischof

Para o Brasil, isso se traduz em um caminhar contínuo na redução do saldo comercial, com o aumento das importações num ritmo mais acelerado que o das exportações, e numa ameaça de um déficit na balança comercial do próximo ano – o primeiro desde 2000, quando se encerrou uma série de cinco anos durante os quais as contas comerciais ficaram no vermelho. Os dez primeiros meses deste ano são ilustrativos: apenas em outubro as exportações suplantaram as importações. Com isso, o saldo comercial, que fora de US$ 22,5 bilhões de janeiro a outubro de 2009, baixou 35,1%, para US$ 14,6 bilhões no mesmo período de 2010. “A explosão do preço das commodities no


mercado externo acabou. Neste ano, o Brasil terá um superávit razoável, mas no ano que vem pode ter até um déficit”, concorda Benedicto Fonseca Moreira, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Vamos encontrar um mercado externo ainda em crise, e a dependência dos produtos primários – que representam 70% das nossas exportações – deixa o saldo comercial ao sabor do humor chinês”, diz. O superávit brasileiro, de fato, tem sido sustentado pela alta nos preços das commodities, que nos doze meses encerrados em agosto tinham subido 15,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o índice da Conferência das Nações Unidas

para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). O aumento de preços dessas mercadorias, estimulado pela demanda das economias desenvolvidas, não pode ser visto como uma bolha, como ocorreu em 2008, quando a especulação financeira elevou aqueles preços ao nível mais alto da história, repara Alfredo Calcagno, economista da Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad. “A partir de uma perspectiva de longo prazo, os preços médios em 2010 ficaram perto de seus níveis de 2007. Isso pode ser visto como um retorno a níveis mais normais”, afirma. No início de novembro, contudo, depois que o governo dos EUA anunciou que colocará US$ 600 bilhões no

Superávit brasileiro é sustentado pelas commodities, que representam 70% das exportações

DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 125


divulgação/unctad

mercado para moviNum cenário de mentar a economia – manutenção da deo que derrubou mais manda por commodia moeda americana –, ties, o real tende a se voltou a se falar em manter valorizado uma nova corrida esem relação ao dólar. peculativa às commoNeste ano, a moeda dities, como alternatinorte-americana osva de investimento. cilou bastante, mas Mas, para Calmanteve a tendência cagno, a queda dos de baixa. José Canpreços desses prodido Senna, coordutos ainda não está denador do projeto descartada, dada Exporta, São Paulo, a possibilidade de da São Paulo Chamum mergulho numa ber of Commerce, segunda recessão, acredita que o real deflagrada pelas valorizado seguirá economias desenvolpressionando os exO fator que terá incidência no Brasil vidas que patinam portadores no próxié a evolução da economia chinesa” na retomada do cresmo ano, caso o novo Alfredo Calcagno, da Unctad cimento econômico. governo não conteSe Estados Unidos e nha o gasto público, Europa passarem por uma nova queda de permitindo uma redução da taxa básica de atividade, podem interferir no crescimento juros, a Selic. “Os gastos públicos extreda China. “O fator que terá incidência sobre mamente elevados, com superávits cada o comércio exterior brasileiro é a evolução vez menores do ponto de vista das contas da economia real da China: o crescimento consolidadas do setor público, estão obriprolongado de seu PIB e a sua demanda gando o Banco Central a aumentar os jusustentada de matérias-primas e energia”, ros, para conter as pressões inflacionárias diz Calcagno. associadas a esses gastos”, diz. A taxa Selic, que começou a 8,75% ao ano, Punição à produção chegou a 10,75% e aumentou o apetite por aplicações em renda fixa em reais. Somado Frente a todas essas incertezas, as projeao ingresso de investimento estrangeiro e à ções para o próximo ano oscilam em uma maior capitalização da história, que rendeu faixa muito larga. Os dois maiores bancos US$ 70 bilhões à Petrobras, os juros impulprivados do País, Bradesco e Itaú Unibansionaram a entrada de dólares no País e a co, por exemplo, enxergam o futuro da baconsequente valorização do real. As elevalança comercial de forma absolutamente ções do Imposto sobre Operações Financeioposta: o primeiro estima um superávit de ras (IOF) sobre o capital externo aplicado US$ 13,9 bilhões; o segundo, um déficit de em renda fixa, que dobrou para 4% e depois US$ 3 bilhões em 2011. foi a 6% para conter a alta, foram medidas apenas paliativas, afirma Sena. “Para acabar com isso feito gente grande é preciso mexer na taxa de juros. E só se pode mexer de uma maneira consistente na Selic quando se dissiparem as perspectivas de pressão inflacionária, quer pela redução do déficit da previdência, quer pelo fim das perspectivas inflacionárias relacionadas aos gastos do governo”, diz. Contida a pressão inflacionária, Senna acredita que o dólar deve se acomodar em torno de R$ 1,80 a R$ 1,90. A preocupação com o câmbio deve ser secundária, na opinião de Fonseca Moreira. Segundo ele, o País precisa buscar a estrutu-

126 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


ração de investimento em áreas estratégicas como a educação e tecnologia, de forma que possa ser mais competitivo no cenário externo. Para isso, é preciso desonerar a produção, diminuindo a burocracia para o exportador, isentando os investimentos e reduzindo a carga tributária. “Usar os juros para combater a inflação funciona em emergência, mas não como política permanente. Aí, é punição para a produção nacional”, afirma. À procura de mercados Para as empresas que trabalham com comércio exterior, a instabilidade cambial foi talvez o maior desafio deste ano. Na exportadora Sab Trading, que vende prioritariamente açúcar em contêiner, ou açúcar cristal, a grande volatilidade implicou um gerenciamento de risco de moeda mais “dinâmico e eficiente”, de acordo com o diretor financeiro da empresa, Luiz Carlos Mazalli. “Passamos a analisar que tipo de influência cada movimento do caixa sofreria e em que moeda essa interferência se daria”, diz. A preocupação maior com a volatilidade cambial não interferiu no crescimento da companhia, que prevê duplicar de tamanho neste ano. “Nosso faturamento global, que cresceu 18% de 2008 para 2009, deve crescer 104% neste ano. Em 2011, acreditamos que vai crescer 25%”, afirma Mazalli. Segundo o executivo, o crescimento se deve não apenas aos bons preços do mercado, mas a uma estratégia de se manter com 25% do mercado de açúcar em contêiner. Para o próximo ano, Mazalli trabalha com a perspectiva de uma manutenção dos preços elevados das commodities agrícolas e com uma pequena valorização do dólar. “Acho que o nível de preço do açúcar vai continuar e, se houver uma pequena valorização do dólar, isso vai nos ajudar”, diz. Já a Comexport, que trabalha com a importação e exportação de produtos industrializados, de alimentícios a fertilizantes, a valorização do real lançou o desafio de conquistar novos clientes e entrar em novos mercados. “Em consequência do movimento do câmbio, a empresa atualmente possui uma grande dependência na importação”,

afirma Luiz Fernando Braga, diretor comercial da empresa. Segundo Braga, a empresa pretende prosseguir na procura de novos mercados em 2011. “A Comexport já atua há muito tempo em mercados não tradicionais como Ásia e Leste Europeu. Observamos novas e boas oportunidades nesses mercados, que estarão sendo ainda mais exploradas a partir do próximo ano”, afirma. A Comexport espera obter um crescimento de 10% no próximo ano, após terminar 2010 com um aumento de 15% do faturamento em relação ao ano anterior. A importadora de tratores e escavadeiras Êxito teve um crescimento de 200% nos últimos dois anos, graças à condição favorável e ao bom desempenho do agronegócio. ApeSergio Moraes/REUTERS

sar do vento a favor, a empresa percebeu um aumento da concorrência na venda de produtos para o Brasil. “Produtos que eram vendidos em outro mercado foram recolocados no nosso”, diz José Lacy de Freitas Júnior, diretor da empresa.

A Fiesp projeta aprofundamento do déficit comercial de produtos manufaturados neste ano

Risco de desindustrialização Numa reação em cadeia, a situação cambial trouxe à ordem do dia uma discussão recorrente, a da desindustrialização. Com o real valorizado e uma forte demanda interna, a indústria brasileira, para se manter competitiva, está pressionada a importar parte de seus componentes em ritmo maior que a própria produção local. De janeiro a agosto, a importação de produtos industrializados cresceu 48,3% em comparação a igual período do ano passado, ante um avanço de 24,9% nas exportações dos mesDEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 127


Newton Santos/Hype

Gastos públicos pressionam aumento dos juros, para conter pressão inflacionária” José Candido Senna, do projeto Exporta, São Paulo

mos itens, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresenta estudos para alertar que a desnacionalização está em marcha. Fonseca Moreira, da AEB, concorda parcialmente. “Como a importação brasileira está aberta e os custos internos são muito elevados por causa da grande burocracia, o que está acontecendo é uma relativa desindustrialização. A cadeia produtiva brasileira está sendo internacionalizada”, diz. Parte dessa perda de espaço, segundo Fonseca, se deve aos estímulos para a compra externa, como juros mais baratos no mercado internacional e o dólar desvalorizado. Outra parte se deve ao processo de abertura comercial brasileira, feito a partir dos anos 1990 sem uma contrapartida estruturada de estímulo à exportação. “Se o País faz da abertura do mercado uma política de Estado e não dá prioridade à exportação, entra em crise”, afirma. Para reverter esse quadro, Fonseca diz que o Brasil precisa estar preparado para trabalhar no novo modelo de produção industrial, que tem suas etapas pulverizadas entre vários países. “Não temos condições de partici-

128 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

par desse processo de fragmentação porque a nossa burocracia é muito ruim. Temos custo tributário em cima do investimento e não dispomos de velocidade de entrega por causa da lentidão aduaneira e portuária”, afirma. O que tem ocorrido, de acordo com o vicepresidente da Fiesp, João Guilherme Ometto, é uma maior importação da produção por parte da própria indústria em busca de sobrevivência. “Até pouco tempo, tínhamos a importação de bens de capital, que é muito benéfica, mas agora começamos a importar bens de consumo e componentes essenciais para a indústria que eram produzidos aqui”, diz. A importadora e exportadora de produtos industriais Cisa Trading notou um grande aumento no nível da importação para servir a cadeia automotiva. Apesar disso, o presidente da empresa, Antonio Pargana, não enxerga risco de desindustrialização. “As importações têm crescido bastante não só pela demanda interna e pelo real valorizado, mas também pela necessidade de se importarem matériasprimas para produtos que serão exportados para outros mercados”, afirma. Ele diz que a indústria nacional deve recuperar sua participação, tanto no mercado interno quanto nas exportações, na medida em que o dólar se valorize e que os investimentos na ampliação da capacidade produtiva maturem. Os dados da Fiesp, no entanto, mostram que os mesmos fatores que favoreceram o aumento das importações de manufaturados também levaram à perda de fôlego das exportações industriais do País. O déficit comercial de produtos manufaturados projetados pela entidade para 2010 é de US$ 59 bilhões, o que representa um aprofundamento de cerca de 62% no saldo já negativo de 2009. De acordo com Ometto, esse déficit deve representar a perda de 548 mil postos de trabalho em 2010. “Vemos o perigo de que a indústria que agrega mais valor perca espaço e tenhamos desemprego nas áreas de engenharia e tecnologia, por causa da moeda valorizada, de impostos altos e da facilidade de trazer produtos importados”, diz. A redução das exportações dos países em desenvolvimento é vista como um processo natural, relacionado ao ritmo mais alto de crescimento econômico, segundo a Unctad. “A produção industrial não deve se sustentar apenas nas exportações: a demanda interna é fundamental, especialmente em um país grande e populoso como o Brasil”, avisa o economista Alfredo Calcagno. PB


PERFIL | TROP

Lance de oportunidade Criada na esteira da abertura comercial brasileira, a empresa tornou-se a peça fundamental do grupo capixaba Comexport

U

m dos mais importantes choques de capitalismo aplicados na economia brasileira nos tempos recentes, a abertura comercial promovida no início da década de 1990 pelo então presidente Fernando Collor de Mello, foi muito bem recebida pela capixaba Comexport, que desde 1973 se dedica ao comércio exterior. A medida não só foi absorvida como abriu uma oportunidade para a empresa, que logo criou uma subsidiária, a Trop Comércio Exterior, com a proposta de trazer um perfil novo desde o berço. “A ideia era que as tradings brasileiras pudessem mudar seu perfil tipicamente mercantilista. Foi aí que a Trop nasceu, com foco sempre em serviços que agregam valor à cadeia de comércio exterior”, diz o diretor comercial, Luiz Fernando Braga. Olhando nessa direção, a Trop foi encarregada de trazer ao mercado em que atuaria a especialização em áreas que até então não eram bem atendidas no Brasil, como soluções em logística e desenvolvimento de estruturas financeiras. Com esses serviços no portfólio, começou a atrair clientes. Primeiro, foram os setores automobilístico, telecomunicação, informática e elétrico; mais tarde, vieram os segmentos ferroviário, de máquinas para construção civil e de química e petroquímica. O crescimento acelerado, em ritmo superior ao do grupo como um todo, rapidamente guindou ao posto de carro-chefe do grupo Comexport. Em 2009, a empresa faturou R$ 2 bilhões, 20% a mais que no ano anterior; neste ano, a expectativa de Braga é de que cresça 10%. “E a participa-

ção continua crescendo, até porque a prestação de serviços faz com que você assuma todo o faturamento do cliente, o que faz com que se batalhe para que esse faturamento da empresa cresça de fato”, diz Braga. Esse protagonismo contribuiu para mudar gradativamente o perfil da Comexport, que anteriormente se concentrava em operações de exportação de produtos para o Leste Europeu e mercado asiático. Com a Trop, o grupo passou a contar com uma importante área de serviços e financiamento para atender importadores. Na pauta de importados estão desde bens de consumo, como aparelhos de ar-condicionado, a produtos de tecnologia e informática, passando por insumos para a indústria, como resinas plásticas, cobre e aço. Como importadora, a Trop teve um papelchave durante o apagão de energia elétrica sofrido pelo País em 2001, quando auxiliou a importação de geradores para que grandes empresas continuassem a operar no País, num curto período. Atualmente, tem atendido principalmente setores de bens de consumo durável, como eletroeletrônicos e informática, cuja demanda está em constante expansão graças ao aumento da renda da população. Outros segmentos que se beneficiaram da alta da atividade industrial e do aquecimento do setor imobiliário também são bons clientes. “O setor que mais tem crescido em termos de demanda é o da construção civil, que atendemos com a importação de equipamentos pesados e outros insumos”, afirma Braga. Além da Trop, subsidiária integral, a CoDEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 129


DIVULGAÇÃO

Estrutura é apoiada por cinco bases de operação no Brasil e quatro escritórios no exterior

mexport tem participação majoritária na empresa de logística Ponto Log, que cobre a região Sul do País, e em uma central de distribuição localizada em Vitória. “Com a integração desses ativos podemos oferecer uma solução completa de comércio exterior a importadores e exportadores brasileiros”, diz Braga. Além da sede em Vitória, o grupo mantém quatro escritórios no Brasil: São Paulo, Itajaí, Recife e Curitiba, isto é estrategicamente colocado junto às principais zonas portuárias do País. No exterior, os escritórios estão localizados em Xangai, China; Varsóvia, Polônia; Moscou, Rússia; e Nova Déli, na Índia. A estrutura toda, aqui e no exterior, é tocada por uma equipe de 200 pessoas. Mercados não convencionais Braga ressalta o aspecto pioneiro da Comexport em apostar nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ainda nos anos 1980. “Fomos uma das primeiras empresas brasileiras a abrir escritórios fora do Brasil em mercados não

130 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010

tradicionais para aquela época, como China e Polônia”, diz. A aposta nos mercados emergentes permitiu à empresa crescer junto com essas economias, que se tornaram parceiras importantes do Brasil. As importações da China, por exemplo, que em 2000 eram equivalentes a 0,19% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, cresceram 5,7 vezes, chegando a 1,1% do PIB no segundo semestre deste ano. Da Polônia e da Rússia, a Comexport importa fertilizantes, negócio em que é a líder de mercado no Brasil, e outros produtos. Na Índia, a empresa negocia resinas para a indústria nacional, insumos que também são importados da Argentina. Estados Unidos e União Europeia fornecem bens de maior valor agregado, como equipamentos de telecomunicação e informática, enquanto da China importa principalmente produtos têxteis, materiais de construção, bens de consumo, insumos ferroviários e siderúrgicos. A atenção a mercados não convencionais continua até hoje. Neste ano, a empresa decidiu iniciar operações em Angola, Venezue-


DIVULGAÇÃO/COMEXPORT

Oferecemos solução completa a importadores e exportadores brasileiros” Luiz Fernando Braga, diretor comercial la e Cuba, por meio de parcerias. “Apesar da instabilidade política, esses mercados têm um potencial de crescimento enorme”, explica Braga. Nos primeiros nove meses de 2010, as importações brasileiras de produtos angolanos cresceram 359% em relação a igual período do ano passado, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), chegando a US$ 350 milhões. O valor importado da Venezuela cresceu 76%, na mesma comparação, num total de US$ 681 milhões, enquanto as importações de Cuba subiram 22%, totalizando US$ 41 milhões. O diretor comercial do grupo explica que as unidades da empresa no exterior apresentaram um forte crescimento, em linha com o desenvolvimento dos mercados emergentes. “Em virtude de estudos realizados e uma presença importante nesses mercados, visualizamos no mínimo quatro anos de crescimento acentuado com esses parceiros”, afirma. Além de prospectar novos mercados, a companhia mantém um programa extensivo de treinamento dos funcionários, para manter a competitividade. “Ao longo de 2010, por exemplo, foram gastas mais de 500 horas com programas de capacitação de diversos tipos, desde cursos elementares de aprendizado, informática e idiomas, até programas de gestão voltados para os principais líderes da empresa”, diz Braga. A gestão da empresa é hoje profissionalizada, com foco em resultados e administradores com experiência nacional e internacional. O

grupo foi um dos primeiros a permitir a participação direta dos executivos nos resultados da companhia, a partir de 1998. “Esse modelo foi introduzido pela Comexport e replicado por outras empresas do setor”, diz Braga. A expectativa de crescimento da Trop se baseia no cenário de contínuo desenvolvimento econômico brasileiro. Na construção civil, por exemplo, as fabricantes nacionais de material de construção chegaram ao limite da utilização da capacidade instalada, favorecendo as importações. De acordo com o termômetro da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o nível de utilização da capacidade instalada mantém-se praticamente estável em 87% de março a outubro, com exceção de setembro, quando atingiu o pico de 88%. As perspectivas para a área de bens de consumo também são positivas. De acordo com dados do MDIC, as importações dessa categoria de produto cresceram 51,1% nos primeiros nove meses de 2010, em comparação a igual período do ano passado, respondendo por 16,9% do total de importações brasileiras. O cenário de aumento de consumo, aliado à forte necessidade de modernização da indústria brasileira deve impulsionar os negócios da Trop no próximo ano, de acordo com Braga. “São várias oportunidades detectadas nos setores de construção civil, indústria de base e bens de consumo”, finaliza. PB DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 131


COMÉRCIO EXTERIOR Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-Financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % %

PRODUTOS AGRÍCOLAS E ALIMENTOS

1 Copertrading - AL ( * )

636.200

47,3

5.385

4.292

1.115.671

155.063

3.970

508.360

79,7

0,9

57,0

719,5

2,8

2 Unicafé Com Exterior - ES

619.773

13,2

62.022

39.769

327.048

211.497

55.918

108.552

64,1

10,0

189,5

154,6

18,8

3 E D & F Man - RJ

381.628

87,1

34.045

27.484

132.083

10.536

19.310

38.414

80,7

8,9

288,9

1.253,6

260,9

4

296.010

46,6

-48.590

-14.468

221.951

109.601

-25.391

122.653 NA

-16,4

133,4

202,5

-13,2

5 Supermercado Viscardi - PR ( * ) 128.754

2,7

Fluxo Assessoria - PE

– ND ND ND ND ND

6 Montecitrus Trading - SP

121.927

-38,3

-4.178

-55.000

348.775

70.569

-22.687

-3,4

35,0

494,2

7 Lavoura - PR ( * )

121.465

1.486

1.259

25.274

8.242

3.220

6.363

84,7

1,2

480,6

306,6

15,3

8 Nicchio Café - ES ( * )

118.638

25,6

11.194

7.453

65.187

42.788

-1.036

8.533

66,6

9,4

182,0

152,4

17,4

9 Nova América Trading - SP ( * )

94.721

-32,6

9.161

9.005

424.452

38.415

2.845

140.928

98,3

9,7

22,3

1.104,9

23,4

10

86.860

7,0

27

11

15.982

2.156

1.804

3.923

40,7

0,0

543,5

741,3

0,5

Calheira, Almeida - BA

6.177 NA

-77,9

11 Unidade Figueira - SP

60.928

48,4

2.645

2.645

107.333

-1.169

2.885

-27.454

100,0

4,3

56,8 NA NA

12 MCC - ES

45.246

-23,5

5.637

5.304

34.557

16.610

1.632

22.150

94,1

12,5

130,9

208,1

31,9

13 Mitsui & CO. - SP

44.858

2,0

6.689

-99.460

147.184

115.653

7.329

-2.802 NA

14,9

30,5

127,3

-86,0

14 Valorização Café - RJ

33.956

-52,1

-1.426

-1.529

13.331

3.137

-2.324

1.914 NA

-4,2

254,7

425,0

-48,7

15 Sab Trading - RJ

31.582

-30,7

-138.452

-139.258

46.836

-54.237

-138.247

3.345 NA

-438,4

16 Exito - PB

30.921

39,4

7.437

4.931

29.244

4.940

6.368

8.264

66,3

17

Brandão Filhos - BA

24,1

67,4 NA NA 105,7

592,0

99,8

27.263

-2,2

11

23

9.696

2.969

289

4.406

218,6

0,0

281,2

326,5

0,8

18 Estabelecimento Unificado - RJ

25.434

6,0

-227

-227

10.296

5.409

-227

3.365 NA

-0,9

247,0

190,4

-4,2

2.565

136,7

19 Cafenorte - ES

24.439

-100,0

7.553

3.185

10.649

2.330

5.894

42,2

30,9

229,5

457,1

20 Lastro - ES ( * )

15.804

-184

-184

7.026

2.419

172

-4.037 NA

-1,2

224,9

290,5

-7,6

21 Sacipan - RJ

8.837

27,7

-2.282

-1.693

21.589

15.941

-3.017

598 NA

-25,8

40,9

135,4

-10,6

22 Simex - ES

75,0

7.058

56,7

5.204

4.004

8.121

5.340

225

1.892

76,9

73,7

86,9

152,1

23 Buaiz Importação - ES ( * )

904

91,7

919

368

10.506

4.682

-1.719

5.421

40,1

101,6

8,6

224,4

7,9

24 Merlin Com Exterior - RS

133

3,0

-2.148

-3.066

13.141

13.123

-3.747

-18 NA

-1.613,8

1,0

100,1

-23,4

25 Multigrain - SP

66

-98,6

39.651

39.651

170.726

-2.254

-2.581

26 Inter Continental Café - RJ

-100,0

-2.618

-3.502

94.029

93.561

-260

1.187 NA ND ND

27 Simab - RJ

-100,0

-2.521

-7.837

42.951

30.395

-2.042

17.309 NA ND ND

28 Brascafé - ES

2.004

1.482

1.139

1.129

1.922

251

ACUMULADO DO SUBSETOR (28) 2.963.404,0

3

-1.557

-175.359

3.454.776

908.844

-89.495

999.209,0

PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS

1

Weg Exportadora - SC ( * )

110.177

-89,7

2 Sinasa Trading - SP

106.712

2,7

3 IBT Trading - SP ( * )

87.488

4

Duratex Comercial - SP

37.076

90.884

599.527

482.395

19.524

8.072

6.801

101.281

68.842

9.683

6.355

32.202

7.269

16.951

100,0 60.077,3

0,0 NA NA 100,5

-3,7

141,3

-25,8

74,0 ND ND

100,9

131,3

78,3

216,2

1,8

50.335

245,1

10.057

17.721

8.894

-10.384

2,8

118,3

33,7

18,4

84,3

7,6

105,4

147,1

9,9

65,6

11,1

271,7

443,0

87,4

20.592 NA

-10,8

84.537

-30,2

-11.049

-10.069

183.511

92.957

697

5 Starexport - SP

69.502

-80,4

6.008

14.910

773.403

744.483

7.433

6 Overland - RS ( * )

63.616

79,5

-656

-483

29.755

15.531

1.392

7

Brasilata Trading - SP

57.546

527,2

153

116

8.023

3.070

2.947

1.991

8

Diana Paolucci - SP

56.615

4,6

7.800

5.084

92.831

50.428

8.868

36.713

124,3

18,8

-13,1

46,1

197,4

248,2

8,6

9,0

103,9

2,0

15.023 NA

-1,0

213,8

191,6

-3,1

75,8

0,3

717,3

261,3

3,8

65,2

13,8

61,0

184,1

10,1 19,3

-379

9 SG Com Exterior - MG

37.581

-78,7

781

988

8.861

5.114

-2.394

497

126,5

2,1

424,1

173,3

10 MG Madeira - PA

21.831

-19,6

1.746

633

43.283

12.684

3.178

10.575

36,3

8,0

50,4

341,2

5,0

11 Thork Trading - ES

19.102

13,7

1.735

1.314

10.169

3.864

-770

-2.852

75,7

9,1

187,9

263,1

34,0

17.611

-53,1

-2.994

-3.581

14.030

12.527

-1.822

10.374 NA

-17,0

125,5

112,0

-28,6

10.751

15,0

-281

62

11.699

1.999

-30

1.924 NA

-2,6

91,9

585,4

3,1

12

Welser Itage - RJ

13 Ambriex - SP (*) Os dados são de 2008

132 DIGESTO ECONÔMICO DEZEMBRO 2010


cOMÉRCIO EXTERIOR Demonstração de resultado Balanço patrimonial Indicadores econômico-financeiros Receita Receita Lucro/ Lucro/ Ativo Patrimônio EBITDA Necessidade Incidência Margem Giro dos Endivid. Retorno líquida líquida prejuízo prejuízo total líquido de capital tributária de lucro ativos sobre evolução operacional líquido de giro capital Class. Empresa/sede R$ mil Real % R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil R$ mil % % % % %

PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (CONTINUAÇÃO)

14 Busscar - SC ( * )

6.017

15,1

-2.988

-2.988

759

-6.483

-2.012

-152 NA

-49,7

792,8 NA NA

15 Farm Tech - RS

5.554

-9,1

516

330

4.138

3.333

559

3.388

64,0

9,3

134,2

124,2

16 Marcopolo Trading - RS

3.768

-88,9

1.018

693

13.200

9.467

429

1.173

68,1

27,0

28,6

139,4

9,9 7,3

17 Exicon - RS

1.151

-18,8

333

2.065

24.556

22.016

-798

4.543

620,8

28,9

4,7

111,5

9,4

-26.340

18 CST comércio exterior - es

667

-1,0

17.714

12.365

80.352

9.325

-8.778

69,8

2.655,8

0,8

861,7

132,6

19 Minas Metais - MG

324

-496

-496

3.042

2.931

-765

86 NA

-152,9

10,7

103,8

-16,9

20 Artefama Cial - SC

165

676,2

-244

-110

2.175

1.949

-190

362 NA

-148,2

7,6

111,6

-5,7

111.506

62.682

21 AMC Trading - SC ( * )

– ND ND ND

177,9 ND

22 Battistella Trading - SC

29.524

25.963

55.503

48.018

29.428

-150

87,9 ND ND

115,6

23 Thyssen Trading - SP

1.519

1.026

28.481

24.040

-142

467

67,6 ND ND

118,5

4,3

24 Econtrading - BA ( * )

-55

-55

2.460

2.272

-213

3.428 NA ND ND

108,3

-2,4

760.714

-5,0

104.915

151.809

2.234.747

1.680.714

75.492

147,1

6,2

ACUMULADO DO SUBSETOR (24)

138.936

75,7

7,8

76,4

54,1

DIVERSOS

1 Trop - ES

991.658

12,0

47.788

32.022

315.055

33.475

62.565

94.543

67,0

4,8

314,8

941,2

2 Cotia Vitória - ES

818.983

-17,5

20.400

10.574

395.647

71.900

23.572

84.869

51,8

2,5

207,0

550,3

14,7

3 Cisa Trading - ES

812.696

-16,5

91.896

54.159

502.362

113.319

79.031

9.301

58,9

11,3

161,8

443,3

47,8

4 Clarex - SP

392.395

-27,0

21.483

14.041

89.794

76.980

9.007

10.804

65,4

5,5

437,0

116,7

18,2

5 Columbia Trading - ES

337.147

48,1

9.358

6.110

129.857

10.226

14.729

66.048

65,3

2,8

259,6

1.269,9

59,8 40,2

6

First - SC ( * )

95,7

241.009

33,0

13.517

9.033

110.895

22.498

13.517

55.400

66,8

5,6

217,3

492,9

7 Logistic - ES ( * )

236.694

45,0

-158

105

193.206

6.504

21.575

86.226 NA

-0,1

122,5

2.970,4

1,6

8 South Service - RS

192.611

-23,7

2.007

1.360

88.483

12.486

6.412

56.992

67,8

1,0

217,7

708,7

10,9

9 Trablin - SP ( * )

151.172

2,7

2.816

2.347

77.667

30.804

8.754

42.758

83,4

1,9

194,6

252,1

7,6

10 TCI Trading - ES

111.707

-51,7

13.264

9.018

47.124

3.684

-3.037

9.427

68,0

11,9

237,1

1.279,2

244,8

11 Servcom - SP

55.486

78,6

1.005

716

52.916

1.976

299

38.821

71,3

1,8

104,9

2.678,1

36,3

12 Quimetal - ES

55.168

-6,4

1.274

5.335

50.376

17.169

-2.843

7.923

418,9

2,3

109,5

293,4

31,1

13

50.058

85,2

1.908

1.616

27.583

3.335

2.819

15.198

84,7

3,8

181,5

827,1

48,5

Dievo - ES

14 Mitsubishi - SP

40.875

1,3

2.612

6.991

160.815

154.637

-5.863

8.358

267,7

6,4

25,4

104,0

4,5

15 Sumitomo - SP

26.460

-47,0

2.759

8.679

75.780

66.802

1.328

8.323

314,6

10,4

34,9

113,4

13,0

16 Sendas Com Exterior - RJ

26.106

19,8

4.467

3.833

43.310

28.052

1.904

10.754

85,8

17,1

60,3

154,4

13,7

17 Multitrade - RJ

23.878

2,8

13.155

8.845

45.525

28.584

23.107

946

67,2

55,1

52,5

159,3

30,9

6.291

73,3

5,9

178,6

293,9

22,8

-4.512 NA

-36,3

18 Maxivendas - RJ

16.472

39,0

975

715

9.221

3.138

975

19 GC Trading - SP

15.855

-19,7

-5.749

-5.749

20.116

-8.588

-1.175

78,8 NA NA

20 Sojitz - SP

15.672

-0,2

5.670

2.475

85.560

70.256

454

418

43,7

36,2

18,3

121,8

3,5

21 Marubeni - SP

15.324

27,0

7.317

6.784

65.951

61.882

2.723

3.085

92,7

47,8

23,2

106,6

11,0

22 Comexport - SP

11.954

-83,5

-2.342

-2.859

51.210

27.391

-5.160

-883 NA

-19,6

23,3

187,0

-10,4

23 Barter - ES

7.526

356

17

63.862

2.096

-8.835

3.521

4,7

4,7

11,8

3.047,0

0,8

24 Souza Cruz Trading - RJ

3.108

38,1

1.414

957

38.094

24.655

-867

1.066

67,7

45,5

8,2

154,5

3,9

687

-13,7

-242

-143

41.088

40.922

-228

-46 NA

-35,3

1,7

100,4

-0,4

26 Frigoconsult - RS

319

-74,5

-192

584

3.627

2.974

-139

270 NA

-60,2

8,8

121,9

19,6

27 Cedral - SP

154

95,3

-246

-246

1.232

1.228

-333

575 NA

-159,7

12,5

100,3

-20,0

28 BV Trading - SP

-7.574

-4.982

67.947

67.941

-11.027

– NA ND ND

100,0

-7,3

29 Sotramac - SP

459

1.139

10.123

4.375

1.278

231,4

26,0

25 Irani Trading - RS

30 Rabobank Trading - SP

-610

247,8 ND ND

-100,0

297

246

5.390

5.386

-161

-2

83,0 ND ND

100,1

4,6

ACUMULADO DO SUBSETOR (30)

4.651.174

1,3

249.693

173.723

2.869.814

986.088

234.383

615.865

68,0

4,7

104,9

231,4

13,7

Acumulado do Setor (82)

8.375.292

1

353.051

150.173

8.559.337

3.575.645

220.379

1.754.010

75,7

4,7

104,9

216,2

6,2

(*) Os dados são de 2008

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EMPRESAS EM DESTAQUE

A arte da criação de valor Insper aponta as empresas do ranking que apresentam o melhor resultado com o capital empregado.

A

s 1.054 empresas dos vários setores do comércio cujos balanços foram analisados pela Unidade de Negócios de Pessoa Jurídica (UNPJ) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para compor os rankings da presente edição passaram por um segundo exame, este a cargo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper, ex-Ibmec), uma das mais respeitadas escolas e instituições na área de economia e negócios do País. O objetivo dessa análise suplementar foi o de classificar, segundo os critérios estabelecidos pelo Insper (veja detalhes da metodologia no quadro), as dez companhias de cada setor que apresentaram maior capacidade de criar valor, isto é, de obter o melhor resultado possível com o capital empregado. Para a análise foram cruzados os dados de quatro dos indicadores econômico-financeiros que aparecem nos rankings: margem de lucro, endividamento, giro dos ativos e incidência tributária. A cada uma dessas rubricas foi atribuído um peso. Ao final, somada a pontuação, se chegou à melhor empresa de

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cada setor, isto é, aquela que conseguiu pontuação mais elevada. A campeã de todo o ranking foi a CST Comércio Exterior (Comex), controlada pela ArcelorMittal Brasil. Instalada em Serra, Espírito Santo, desde 1992, a companhia é dedicada integralmente à importação de matérias-primas para uma das empresas do grupo, a ArcelorMittal Tubarão (antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão – CST) e está integrada ao esforço da controladora de se manter entre os principais players de seu negócio – produtos siderúrgicos – no momento em que o mercado mundial ainda não se recuperou da crise de 2008-2009 (saiba mais sobre a companhia em “Drible em ambiente hostil”, na presente edição). Naturalmente, ela também é a primeira colocada em seu setor específico. Por seu desempenho, também mereceu o prêmio de Melhores dos Maiores no Comércio 2010. Conheça nas páginas seguintes, as empresas que, na análise do Insper, são as que mais criam valor em seus setores.


METODOLOGIA DE CLASSIFICAÇÃO Por Antonio Zoratto Sanvicente* Em cada setor de atividade, as empresas são classificadas em ordem decrescente de acordo com seu desempenho numa medida que reflete a sua efetividade na geração de valor para os investidores. Em vista do fato de que a geração de valor possui diversos componentes, a metodologia levou em conta os seguintes fatores contribuintes à geração de valor, que são medidos para cada empresa na primeira etapa dos cálculos: 1. Margem de lucro: quociente entre resultado operacional e receita líquida operacional, visando a reconhecer a importância da rentabilidade das operações básicas da empresa para a taxa de retorno do investimento do capital aplicado. 2. Giro do ativo total: quociente entre receita líquida operacional e ativo total no encerramento do ano, para expressar a eficiência com a qual os ativos são administrados para gerar vendas de produtos e serviços. 3. Endividamento: quociente entre ativo total e patrimônio líquido, como indicador de como a administração da empresa conseguiu amplificar favoravelmente os níveis de margem de lucro e giro do ativo no resultado para os investidores. 4. Incidência efetiva de tributos: quociente entre lucro líquido e resultado operacional, com base na premissa de que, através de um planejamento tributário eficaz, a empresa se esforça para conservar a maior parte possível do resultado operacional. A seguir, as empresas são colocadas em ordem decrescente, em função de seu desempenho em cada um dos quatro fatores. A classificação resultante dá a cada empresa um

número de pontos, a saber: 10 pontos para a primeira classificada no fator, 9 pontos para a segunda classificada, até 1 ponto para a décima classificada. A partir dessa posição as empresas não recebem ponto algum nesse fator. Por fim, os pontos obtidos por cada empresa em cada fator são ponderados da seguinte maneira: Margem de lucro: número de pontos x 2. Giro do ativo total: número de pontos x 2. Endividamento: número de pontos x 1. Incidência efetiva de tributos: número de pontos x 1. Por exemplo, suponhamos que uma empresa fique classificada, em cada fator, da seguinte maneira: Quarto lugar em termos de margem de lucro: recebe 7 pontos. Sexto lugar em termos de giro do ativo total: recebe 5 pontos. Terceiro lugar em termos de endividamento: recebe 8 pontos. Décimo segundo lugar em termos de incidência tributária efetiva: recebe 0 ponto. Logo, a soma ponderada dos pontos dessa empresa é igual a (2 x 7) + (2 x 5) + (1 x 8) + (1 x 0) = 32 pontos. Os pontos obtidos por cada empresa são então somados, sendo formada assim a classificação final, com a melhor empresa sendo aquela que totaliza maior soma ponderada de pontos. Em caso de empate, coloca-se à frente a empresa com mais alta rentabilidade do patrimônio líquido, isto é, cujo quociente entre lucro líquido e patrimônio líquido é mais elevado. *Ph.D. Stanford University. Professor titular do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)

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PERFIL | cst comércio exterior

Drible em ambiente hostil Como continuar crescendo em meio às incertezas do cenário internacional, às pressões do câmbio e ao aumento dos custos

D

ependentes em boa parte do mercado externo para expandir seus negócios, as siderúrgicas brasileiras têm sido obrigadas a exercitar ao máximo sua capacidade de gestão. São dias difíceis. A crise de 2008-2009 ficou para trás, mas o mercado ainda não se equilibrou. O excesso de capacidade instalada no planeta naturalmente acirra a concorrência, tornando mais dura a disputa por espaço. Às pressões internacionais juntam-se a desvalorização cambial e a valorização das commodities, ou seja, encarecimento da matéria-prima. Por tudo isso, é fundamental para aquelas indústrias ter braços fortes que as apoiem nas operações de comércio exterior. Para a ArcelorMittal Tubarão, unidade pertencente ao grupo ArcelorMittal Brasil, um desses

braços é a CST Comércio Exterior (Comex), considerada pelo Insper como a empresa que mais agrega valor entre todas as 1.054 analisadas e alinhadas nos rankings desta edição. Criada em 1992, recebeu a incumbência de importar matérias-primas para a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), que em 2008 se transformaria em ArcelorMittal Tubarão. Continua na função, mas importa também por ordem da Sol Coqueria, outra unidade do grupo. Sua contraparte é a ArcelorMittal Tubarão Comercial (AMTC) – esta, o braço dedicado exclusivamente à exportação. Com a constituição da Comex, a controladora ganhou o direito de usufruir dos benefícios do Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap), programa mantido desde a década de 1970 pelo goDIVULGAÇÃO

Responsável por 10% da fabricação mundial de aços planos, é forte base exportadora do Espírito Santo

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DIVULGAÇÃO/CST

verno capixaba para estimular as operações de comércio exterior. Por esse mecanismo as empresas obtêm restituição de 8% do ICMS incidente sobre suas operações em forma de financiamento – concedido pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) – para investir em novos projetos ou expandir as atividades. As indústrias importadoras de insumo podem pleitear aquele financiamento, desde que tenham uma filial especializada em comércio exterior. Em troca do benefício, se obrigam a movimentar mercadorias exclusivamente pelo sistema portuário capixaba, um dos complexos mais sofisticados do Brasil. Contar com uma base forte de apoio às atividades de comércio exterior é importante para que a ArcelorMittal Tubarão alcance os objetivos a que se propõe. “No ano passado a participação dessas operações totalizou 62% do faturamento: as exportações respondendo por 38% e as importações, por 24%”, resume Benjamin Baptista, diretor-presidente da companhia e CEO de aços planos na América do Sul da controladora ArcelorMittal. Essa participação consistente das exportações nos resultados totais foi uma vitória, por ter ocorrido em um momento em que o comércio mundial estava em queda. Mesmo

assim, a receita total da ArcelorMittal Tubarão – que inclui a operação da Vega do Sul, localizada em Santa Catarina – caiu 40%, na comparação com o ano anterior, de US$ 5,8 bilhões para US$ 3,5 bilhões. Os resultados desfavoráveis inibiram os investimentos. Foram US$ 210 milhões, valor 34% menor que em 2008. Neste ano, os aportes foram retomados para US$ 250 milhões.

Em 2011, o cenário da siderurgia não deve ser significativamente modificado” Benjamin Baptista, diretor-presidente

Expectativa positiva A ArcelorMittal Tubarão espera recuperar agora pelo menos parte do que perdeu no ano passado: estima que fechará 2010 com um crescimento de 30%. “Vale ressaltar, porém, que o mercado ainda está muito volátil e essas variações podem ser ajustadas para mais ou para menos”, diz Baptista. Para o ano que vem, ele se prepara para enfrentar o que chama de “dois grandes desafios”. “O cenário não deve ser significativamente modificado, sendo destacado pela forte pressão das matérias-primas no custo de produção e pela manutenção de volume significativo de importações de produtos siderúrgicos no País”, afirma. Esse segundo fato tem preocupado o setor. Boa parte do aço que está sendo usado aqui DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 139


DIVULGAÇÃO

tem vindo de fora, em escala nunca registrada. Neste ano, as compras do produto no exterior acumulavam 4,4 milhões de toneladas até setembro, volume 160,2% maior que o dos primeiros nove meses de 2009. Para o ano todo, o Instituto Aço Brasil estima que a fatia do aço importado no total consumido salte dos patamares históricos de 6% a 7% para cerca de 20%. “A desvalorização do dólar, além de reduzir a competitividade, estimulou a importação de produtos – boa parte dela especulativa –, competindo com as empresas nacionais e permitindo um aumento significativo dos estoques”, comenta Baptista. A ArcelorMittal Tubarão, como outras fabricantes nacionais, também recorreu às importações, ele admite. “Mas em quantidade mínima de suas vendas, visando complementar o portfólio e atender à crescente demanda do mercado doméstico”, repara Baptista. A empresa projeta para 2011 um cenário em que as matérias-primas permanecem caras, dificultando a recuperação total dos preços dos produtos siderúrgicos. Com as pressões cambiais e a recuperação ainda incompleta do setor siderúrgico internacional, espera uma queda no faturamento com exportações, que pode ser amortecida pela força dos mercados emergentes. “Embora o foco da companhia seja o atendimento ao mercado sul-americano, principalmente o Brasil, o excesso de produção é exportado e é incontestável que países emergentes têm sido o principal destino. Em especial a Índia, que, com seu enorme mercado e altas taxas

de crescimento econômico, se tornou um importante consumidor de nossos laminados.” No mercado interno, a empresa aposta na continuação do bom desempenho dos setores automotivo e de distribuição e transformação primária de tubos e relaminação, seus principais clientes, para manter um crescimento elevado. “Todos tiveram um 2010 muito bom, em função da crescente demanda e pela reconstrução dos estoques no início do ano”, diz Baptista. Em várias mãos Fundada em junho de 1976, a CST originalmente era uma joint venture de controle estatal, com a participação minoritária dos grupos Kawasaki, do Japão, e Ilva (ex-Finsider), da Itália. A empresa iniciou suas atividades em novembro de 1983, cresceu e tornou-se, com a Vale, a base do comércio exterior do Estado do Espírito Santo. Privatizada em 1993, passou a ser controlada pela francesa Usinor. Em 1999, tomou uma decisão estratégica que mudaria seu futuro, ao decidir construir um laminador de tiras a quente. Com ele, transformaria as 4,7 milhões de toneladas de placas de aço que produzia – 95% para exportação – em 2,3

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Com a produção de bobinas de aço, mais valor agregado

milhões de toneladas de bobinas de aço, material nobre, agregando valor à produção. Era então responsável por 15% da produção nacional de aço bruto e sexta maior exportadora brasileira, com faturamento anual em torno de US$ 1 bilhão. À mesma época em que essa decisão foi tomada, a controladora Usinor escolheu a pacata São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina, para hospedar ousado projeto: uma usina de laminação a frio dedicada a produzir preferencialmente para a indústria automobilística brasileira. Em 2001, a empresa francesa fundiu-se a outra companhia conterrânea, a Arbed, e à espanhola Aceralia, para formar o Grupo Arcelor; por isso, a usina catarinense foi inaugurada em 2004 com o nome de Arcelor Vega do Sul. Em 2005, a parte da CST que não pertencia antes à Usinor e o controle da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira foram comprados pela Arcelor. Com isso, as duas, mais a Vega do Sul, formaram o grupo Arcelor Brasil, nome que seria mudado novamente depois da fusão da Mittal Steel Company com a Arcelor, que resultou na ArcelorMittal, o maior grupo siderúrgico do mundo. Para o braço brasileiro do megagrupo, a exportação é uma rubrica vital, responsável

por 76% da receita do ano passado (veja o gráfico “Voltada ao exterior”). Atualmente, com capacidade para produzir 7,5 milhões de toneladas de placas e bobinas de aço por ano, a ArcelorMittal Tubarão responde por 10% da fabricação mundial de aços planos e é um dos pontos de partida do aço brasileiro para América do Sul, Sudeste Asiático, Índia e Estados Unidos. Estrategicamente instalada numa área construída de 7 milhões de metros quadrados no município de Serra, região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, tem acesso rápido e direto ao porto, além de estar próxima à Estrada de Ferro Vitória-Minas e Ferrovia Centro Atlântica (antiga Rede Ferroviária Federal) e às rodovias BR-101 e BR-262. A planta industrial fica a apenas 8 quilômetros de Praia Mole, cujo terminal de produtos siderúrgicos opera em condomínio com outras siderúrgicas. Por ali escoa a produção e recebe matérias-primas, como minério de ferro e carvão mineral. A empresa foi a primeira produtora de aço a obter o direito de comercializar créditos de carbono, por meio de mecanismos de desenvolvimento limpo, introduzidos a partir de 2004, em decorrência dos planos para expandir sua capacidade de produção. PB DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 141


SHOPPING CENTERS

Espaço ainda não se esgotou Saturação está longe, garantem os especialistas. As oportunidades ainda são grandes, especialmente fora das capitais Por Ana Borges

C

om calendário repleto de inaugurações por todo o País e disposição de ganhar mais alguns pontos de participação nas vendas do comércio nacional, os shopping centers, já responsáveis por declarados 18,3% de todo o varejo, se mantêm em plena expansão, e tudo indica que continuarão assim nos próximos anos. Aquele percentual, dizem os especialistas, não reflete a real dimensão que o setor pode tomar em uma economia em rápido desenvolvimento. A ambição dos players do setor é alcançar o patamar ao qual já chegaram

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países como os Estados Unidos ou o Canadá, nos quais mais de metade dos negócios varejistas são feitos nos centros de compras. Na previsão da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o Brasil encerrará este ano com um total de 406 shoppings, oito a mais que em 2009. Para 2011, são aguardadas 27 novas unidades e outras 34 a partir de 2012. No final de 2009, a área bruta locável (ABL) – o espaço útil para a instalação de estabelecimentos comerciais, sem contar quiosques – total do mercado brasileiro de shoppings era de 9,1 milhões de metros qua-


CLAYTON DE SOUZA/AE

Brasil encerrará o ano com 406 centros, oito a mais que em 2009 e mais de 9 milhões de metros quadrados de área locável DEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 143


drados, resultado de um crescimento anualizado de 7,3% mantido de 2000 a 2009. Para este ano, a Abrasce tem expectativa de que o total da área cresça 6%. Na última década, a expansão dos shopping centers pelo Brasil foi acompanhada também por um aumento das vendas das lojas instaladas neles. O faturamento do setor cresceu a uma taxa anualizada de cerca de 12% de 2005 a 2009. A previsão da Abrasce é de que o aumento das vendas deste ano, em comparação a 2009, atinja 15%. A previsão inicial da entidade era de 12%, mas foi revista para cima em agosto, quando já acumulara 13,7%. Primeira DIVULGAÇÃO

“Setor cresceu relativamente atrasado, mas exibe grandes vantagens” Arnaldo Kochen, da Kochen Associados

a anunciar os resultados do terceiro trimestre, a BR Malls demonstrou que as vendas totais da companhia atingiram R$ 3,1 bilhões entre julho e setembro, 19,7% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. O principal fermento dessa expansão, concordam os especialistas, foram o crescimento da renda do brasileiro, em cenário de estabilização econômica, que colocou a inflação sob controle, e a redução das taxas de juro. “A afluência das classes C e D, que ganharam maior acesso ao crédito, impulsionam o consumo”, diz Arnaldo Kochen, diretor da Kochen Associados, consultoria que tem 30 anos de experiência na prospecção e identificação de oportunidades de mercado para o desenvolvimento de centros comerciais planejados. Pelas projeções que se fazem hoje, esse caldo só engrossará com o tempo. Na “nova classe

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média”, a classe C, abrigam-se 94,9 milhões de brasileiros, ou 50,44% da população, segundo dados de 2009 da Fundação Getulio Vargas. Até 2014, segundo estudo do Ministério da Fazenda, 113 milhões de brasileiros estarão naquele estrato. E o crescimento do volume de crédito é muito visível: neste ano deve bater um recorde, chegando ao equivalente a 50% do PIB. Onda de investimentos Na ocupação do vasto espaço disponível e para se beneficiarem dos fortes fundamentos do setor nos próximos anos, as empresas administradoras do ramo investem pesado. Em recente apresentação para analistas e investidores, os executivos de uma das maiores delas, a Iguatemi Empresa de Shopping Centers (Iesc) – que atualmente administra 11 shoppings –, detalharam essas aplicações. No segundo trimestre de 2010 foram investidos R$ 26,6 milhões em cinco projetos novos, os chamados greenfields, todos de alto padrão, e até o final do ano serão aplicados mais R$ 122 milhões. Quando terminados esses projetos, a ABL sob a responsabilidade do Iguatemi saltará de atuais 271 mil para 520 mil metros quadrados antes de 2014. Entre os grandes empreendimentos previstos, está o JK Iguatemi, em São Paulo, de 32,6 mil metros quadrados de ABL. Com inauguração prevista para setembro de 2011, será um marco no segmento de alto padrão na América Latina, anuncia a administradora. O custo total para a construção do JK Iguatemi será de cerca de R$ 186,6 milhões. O resultado operacional líquido esperado para o primeiro ano de operação do shopping é de R$ 31 milhões e a taxa de retorno esperada é de 21,6%. O shopping já está com 25% da sua área locada e trará lojistas internacionais inéditos no Brasil. A Iguatemi ainda possui três expansões em andamento, que têm como objetivo reforçar os shoppings e aumentar seu poder de atração, pela criação de espaço em um empreendimento que já está estabelecido e com fluxo, assim como pela oportunidade de reposicionamento. As três expansões vão adicionar 14,4 mil metros quadrados de ABL própria ao portfólio da empresa. A Multiplan, outro grande player do setor, ao final do primeiro semestre deste ano, contava com dez projetos em desenvolvimento, sendo quatro novos shopping centers, três expansões e três edifícios comerciais – incluindo as duas torres de escritório do


ParkShopping Corporate, em Brasília, anunR$ 283,7 milhões, a maior parte – R$ 213,3 ciadas em julho. Esses empreendimentos aumilhões – destinada à aquisição da fração adimentarão a ABL própria da companhia em cional no Independência Shopping, em Juiz 43,8%, de atuais 347 mil metros quadrados de Fora (MG), e à aquisição do Via Brasil, no para mais de 500 mil metros quadrados. Até Rio de Janeiro. Outros R$ 19,6 milhões foram 2012, o investimento previsto nesses projetos nas obras de expansões do Shopping Tamboé de R$ 1 bilhão. A empresa também anunré, em São Paulo, além das revitalizações em ciou a compra de 16,4% de um aplicador miandamento. O restante refere-se aos projetos noritário no shopping Pátio Savassi, de Belo greenfield, Granja Vianna, em São Paulo – cujas Horizonte, elevando sua participação neste obras foram iniciadas em julho de 2009 –, e Sete empreendimento de 80,9% para 96,5%. Em Lagoas e à compra de uma fração adicional de operação paralela, comprou terrenos localium terreno em São Bernardo do Campo (SP), zados no entorno do shopping, com vistas a onde pretende desenvolver um projeto de uso futuras expansões. misto que inclui um shopping center, com 35 O processo de comil metros quadraDIVULGAÇÃO mercialização dos dos de ABL. shoppings em desen“As administradovolvimento da Mulras são sólidas, exitiplan também aprebem boas margens senta bons resultados. e rentabilidade. Nos Jundiaí Shopping e últimos trimestres, esPark Shopping São tas companhias vêm Caetano, no Estado demonstrando bons de São Paulo, e Villaresultados”, conclui a geMall, na capital do equipe de análise da Rio de Janeiro, já escorretora Socopa, de tão com 45% de suas São Paulo. lojas alugadas. Considerando essas três Sem risco unidades e outras três de saturação em expansão – no BH Shopping e no Pátio A cada anúncio Savassi, ambos em de novo empreendiBelo Horizonte, e no mento, é comum ouPark Shopping Bavir falar em saturação rigui, em Curitiba –, do mercado. “O merserão 772 novas lojas. cado está longe de Somadas às 3.415 em estar saturado”, rebaoperação, a Multite com veemência o plan alcançará o total presidente da Abrasde 4.187 lojas. ce, Luiz Fernando “O mercado está longe de estar saturado” A mais ativa adVeiga. “Mesmo com ministradora atualtodas as inauguraLuiz Fernando Veiga, mente, a BR Malls, ções programadas, presidente da Abrasce entregou, no início teremos 467 shopde outubro, o Shopings no Brasil, enpping Sete Lagoas, em Minas Gerais, com quanto nos Estados Unidos o número varia 11,5 mil metros quadrados de ABL, que de 50 mil a 70 mil.” De fato, quando se faz a começou a levantar em outubro do ano relação de área bruta locável com o número passado e onde investiu R$ 49,3 milhões. O de habitantes, o Brasil fica em nível bem baixo shopping foi inaugurado com 100% de ocuquando comparado aos Estados Unidos ou ao pação, acima da expectativa da empresa, Canadá, cujos mercados de shopping centers que esperava atingir 92%. são mais desenvolvidos. “Nossa indústria de Com esse empreendimento, a BR Malls toshopping cresceu relativamente atrasada, mas taliza 533,4 mil metros quadrados, distribuíexibe grandes vantagens. O empreendedor dos em 38 shoppings. Somente no segundo brasileiro é mais seletivo quanto à área a ser trimestre, a companhia investiu um total de escolhida para realizar a obra, pois um shopDEZEMBRO 2010 DIGESTO ECONÔMICO 145


ping tem uma grande área de influência. Há alguns casos de sobreposição, porém são raros. Não vejo risco de saturação em um horizonte próximo”, detalha Kochen. Ao contrário, o que há no momento é demanda maior que a oferta. Tem aumentado a procura dos lojistas por novos espaços, mas eles batem de frente com a oferta limitada de áreas adicionais, devido à redução no ritmo de inaugurações nos últimos cinco anos. Com a escassez de oferta de novas lojas, ocorreu uma redução no nível de vacância do setor, que em 2009 alcançou recorde histórico de 2,3%, segundo a Abrasce. “Chamamos este percentual de vacância técnica, ou seja, motivada pela troca de lojas”, explica o presidente da associação. Luciano Lewandowski, diretor da Prosperitas, um dos maiores fundos de private equity com foco em real estate do País, concorda em que o mercado de shoppings permanece mal suprido. Atualmente, a ocupação está concentrada no Sudeste (58,8%), região com maior PIB per capita do País; 15,4% ficam na região Sul, 14,1% no Nordeste, 8,4% no Centro-Oeste e 3,2% no Norte. As grandes capitais já estão bem atendidas, diz o executivo, mas as cidades de médio porte ainda não e, por isso, se mostram um mercado interessante, de grandes oportunidades, tanto por já reunirem um mercado consumidor substancial quanto pelo facilidade oferecida pelos preços de terrenos, mais baixos que nos centros maiores. Mais de 60% da área locável do Pais realmente está distribuída pelas 20 maiores capitais do Brasil. De cinco anos para cá, no entanto, acumulam-se indícios de que há uma interiorização em curso. Tal movimento fica claro nos números da Abrasce. Dos 27 shoppings que devem ser inaugurados no próximo ano, quatro estarão localizados nas regiões Norte e Nordeste. A região Sudeste continua recebendo o maior número de empreendimentos, 17. Entretanto, a maioria das inaugurações (13) ocorrerá em cidades do interior. “Há uma grande carência de shoppings no interior. O crescimento tem consistência”, lembra Kochen. A Prosperitas participa de quatro projetos em andamento neste ano e pretende entrar em outros três. A área de shopping centers da Prosperitas conta com o Pátio Maceió na capital de Alagoas, o Spazio Ouro Verde em

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Campinas (SP), o Via Verde em Rio Branco (AC) e uma quarta unidade no Rio de Janeiro, em Guadalupe. “Há certa dificuldade de conseguir terrenos grandes nas capitais, pois a área ainda precisa ter uma reserva para expansão”, conta Lewandowski. “Nas regiões Norte e Nordeste é mais fácil.” O Fundo de Investimentos em Participação (FIP) Prosperitas III, recentemente lançado, tem como um dos grandes objetivos o investimento em novos empreendimentos de varejo. Do valor total de R$ 1 bilhão sob gestão, um terço será investido na construção de shoppings. Sobre o crescimento da renda do brasileiro, Lewandowski destaca que todo mundo quer ir ao shopping e essa nova classe consumidora não é diferente. Apesar de preferirem lojas de rua, os novos consumidores devem perceber a facilidade e o conforto de realizar suas compras em um shopping. “É uma classe que merece atenção”, ressalta Kochen. A tendência poderá ser mais uma vez comprovada nas compras de fim de ano. A sensação de segurança proporcionada e o abrigo contra as chuvas tropicais que irrompem justamente no período das festas natalinas, momento de maior concentração de vendas do ano, são os fatores que levam as vendas de shopping centers a crescer em níveis bem superiores aos do varejo em geral.


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