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DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO E CARAZINHO, SEXTA, SÁBADO E DOMINGO, 8, 9 E 10 DE ABRIL DE 2022
GERAL Alexandre Garcia
JULGADORES JULGADOS O Senado poderá votar nesta quarta-feira um requerimento, que já tem assinaturas suficientes de mais de um terço dos senadores, para ouvir o Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, sobre em que bases legais ele fundamenta os inquéritos que está conduzindo como relator. O autor do requerimento, Senador Eduardo Girão(Podemos, Ceará), argumenta que os inquéritos não obedeceram o devido processo legal, num caso em quem se considera vítima é também condutor dos inquéritos, autor da denúncia, julgador e executor de sentença. O Supremo, por 9 a 2, acaba de endossar a condução de Moraes no caso do Deputado Daniel Silveira. O voto contrário do Ministro Nunes Marques, acompanhado pelo Min. André Mendonça, argumenta que o Código de Processo Penal(art. 319) não prevê multa nem bloqueio de bens como medidas cautelares. Estou em Brasília há 46 anos, sempre acompanhando de perto o Supremo. Lembro-me do tempo em que os juízes atravessavam a ruela que separa seus gabinetes do prédio do plenário, sob o olhar respeitoso dos circunstantes. Hoje, ministro do Supremo só sai com segurança reforçada. Ainda há poucos anos, o Presidente da Corte, Ministro Joaquim Barbosa, costumava encontrar-se com amigos para um trago em conhecidos botecos, e só recebia aplausos. Quando as sessões plenárias passaram a aparecer na TV Justiça, as câmeras despertaram as personalidades. Popularidade buscada, trouxe com ela também o preço de os julgadores se tornarem julgados. Saudades de presidentes como Néri da Silveira, com hábitos de juiz dinamarquês: vivia modestamente e passava sua própria roupa - comentávamos entre nós, jornalistas. O tempora! Tempos do Presidente Moreira Alves, que ensinava que o Supremo pode negar leis que não encontrem acolhida na Constituição, mas não pode inventar normas legais, com o pretexto de que o Legislativo não fez a sua parte. Semana passada, falando a um auditório da Justiça Militar da União, aí incluídos juízes do STM, o Ministro Ives Gandra Martins Filho, ex-Presidente do TST, criticou a politização do Judiciário, segundo ele, da base ao topo: “Judiciário politizado é Judiciário prostituído.” O Ministro Gandra antecipou temas de perguntas que certamente os senadores farão a Alexandre de Moraes, se o convite for aprovado: “Cláusulas pétreas não podem ser atropeladas; abrir inquérito de ofício não existe, assim como criar crime não tipificado na lei.” Tempos difíceis para o Judiciário. “É uma pandemia de ativismo” na opinião do Ministro Gandra. Segundo ele, o voluntarismo primeiro apresenta uma decisão da cabeça do julgador, depois faz malabarismo jurídico para justificar a sentença. Vimos isso no julgamento de Dilma no Senado. O mesmo Senado que vai precisar agora dar uma resposta. Os senadores vão ter que decidir se funcionam como poder moderador, para proteger a liberdade democrática. E é bom lembrar que poder moderador não pode ser parte do problema e, sim, solução.
Seara da Canção 2022 será realizada no Patronato Santo Antônio Organização iniciará processo de captação de recursos para a realização do festival que acontecerá dias 25, 26 e 27 de novembro
por ALESSANDRO TAVARES alessandro@diariodamanha.com
Kaliandra Alves Dias kaliandra@diariodamanha.com
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m dos festivais mais tradicionais do Rio Grande do Sul voltará a ser realizado em 2022: a Seara da Canção. Além de vivenciar e incentivar música nativista, a organização quer proporcionar à comunidade um festival com transparência e sendo realizado de forma continua. Em entrevista à Rádio Diário AM 780, o presidente Gustavo Weber e o vice Cristiano Martins Thumns, destacaram as novidades da edição que será realizada entre os dias 25, 26 e 27 de novembro, sendo uma delas a realização no Patronato Santo Antônio. Inicialmente o evento seria realizado no Ginásio da Acapesu, no entanto, como o local deverá passar por reformas a partir das próximas semanas, uma alternativa próxima foi o Ginásio do Patronato que reúne características semelhantes ao espaço original. Conforme Gustavo Weber, a escolha do local também visa um resgate da identidade cultural e social da Seara. “Não é apenas fazer um festival. É retomar a Seara com um sentimento de orgulho e carinho, igual sentíamos nos momentos áureos. O Patronato Santo Antônio oferece uma estrutura que pode ser utilizada na parte interna e externa. Queremos fazer além da tradicional competição, outras atividades paralelas vinculadas ao segmento tradicionalista, para que a comunidade possa estar integrada e ter uma relação mais próxima”, salienta Gustavo. Relembrar os anos áureos da Seara da Canção é também falar da união da comunidade. Gustavo revive as lembranças da infância e destaca o fortalecimento do comércio com o festival. “Queremos retomar o sentimento que o comércio também tinha com a Seara, onde as lojas utilizavam a ornamentação gaúcha, o pessoal trabalhava pilchado em outubro e/ou novembro. Queremos esse resgate”, enfatiza. TRANSPARÊNCIA, TRABALHO SÉRIO E PÉS NO CHÃO Gustavo e Cristiano assumiram a gestão da Associação Seara neste ano. O trabalho na associação foi retoma-
do em 2019 e desde então, o trabalho vem sendo feito por meio de lives e eventos. “Boa parte dos fundadores e criadores se reuniram e agregaram outros valores. Nosso grupo vem desenvolvendo esse trabalho desde antes da pandemia”, salienta Gustavo. Para o vice-presidente Cristiano Martins Thumns, o processo de retomada da Seara envolve muita responsabilidade e pés no chão para que o festival possa ser realizado anualmente. “Desde quando assumimos o compromisso destacamos que esse evento deve ser responsável, para que todos saiam satisfeitos e com a cabeça erguida”, ressalta Thumns. Segundo Thumns, na próxima semana o projeto da edição da Seara estará sendo entregue na Secretaria da Cultura. Além disso, também destaca que estão buscando recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). “O custo da infraestrutura é muito alto, temos palco, decoração, logística e não é um evento que movimenta apenas quem trabalha, mas a comunidade” cita o vice- presidente da Associação. Outro ponto destacado por Cristiano é que a LIC deve cobrir uma parte significativa do valor, de modo que em tese não vai demandar o uso de valores públicos, ao menos se a captação não se tornar exorbitante. “Estamos buscando apoio na questão financeira. É importante fazermos um belo evento. Pretendemos fazer um evento com os pés no chão para que seja contínuo. Não começar neste ano e ano que vem não ter como ser feito por falta de recursos”, destaca. Assim como Cristiano, o presidente Gustavo também destaca a importância da captação e o custeio integral das despesas da Seara da Canção. “Estamos fazendo um trabalho bem organizado de captação através da Lei de Incentivo à Cultura, tentando viabilizar uma captação integral para que
possamos projetar todas as etapas do evento com a segurança de que todas as despesas estarão supridas. É uma preocupação da comunidade de que a Seara seja sustentável. Sempre nos preocupamos com isso e não temos interesse político-econômico”, relembra. RECOMEÇO E FUTURAS PROJEÇÕES Ao assumir o compromisso em organizar a edição de 2022 da Seara da Canção, Gustavo e Cristiano junto com o grupo que esta a frente da associação tiveram que começar o trabalho do zero. “Por não ter uma continuidade do festival, não nos permite que utilizemos uma base dos eventos anteriores. A Seara tem um significado para a nossa comunidade e Estado. Ao assumir compromissos, buscamos coletar muitas informações, fizemos contatos com outros presidentes, músicos, comunidade e o engajamento tem sido muito grande. Contar com o apoio de pessoas já está sendo maravilhoso”, enfatiza Gustavo. O amor pela arte e cultura deve ser um dos diferenciais da Seara da Canção deste ano. Além de fomentar a música nativista, galponeira e contemporânea, a edição também voltará os olhares aos pequenos músicos, com a 8ª edição da Searinha – onde as músicas das apresentações terão como referência as músicas da discografia. Outro diferencial será a fase final da Searinha, que deve contará com a participação de músicos do município. “Nos primeiros anos de Seara, o nosso diferencial era as músicas nativistas, galponeiras e contemporânea, nas edições mais recentes não teve essa continuidade e conversando com os músicos e artistas percebemos que a Seara já não tinha mais essa característica. Vamos fazer um novo festival”, finaliza Cristiano.