Eduardo Campos - 05/04/2014

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SÁBADO Recife, 5 de abril de 2014 Nº 095

“COM OS PÉS NO CHÃO E OS OLHOS NO FUTURO” Em um discurso emocionado, Eduardo Campos, agora ex-governador, despediu-se do comando do estado para iniciar uma nova caminhada como candidato à Presidência da República. Várias autoridades, políticos e populares acompanharam a cerimônia no Palácio das Princesas. João Lyra assumiu prometendo dar continuidade ao trabalho do socialista. POLÍTICA A4 a A7

No cinema MAIS DENÚNCIAS DE ASSÉDIO SEXUAL A Polícia está analisando as imagens das câmeras de segurança do Plaza Shopping para para identificar o suspeito de assédio sexual a uma advogada. Ontem, internautas fizeram novas denúncias. VIDA URBANA C1

Cerveja

Duas décadas sem Cobain Lìder do Nirvana, que suicidou-se há vinte anos, ainda influencia uma geração de músicos, inclusive no Recife VIVER E6

Atletismo Sem passagens, jovens ficam fora de seletiva

ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

Lucas Gabriel, 19, e Rayanne Oliveira,18,tiveramopedido depassag epassagensaéreasparaP easparaPortugal negado pelo Time PE, programad gramadeincentivoaodesportodebase.Eles perderam a seletiva para a Copa do Mundo de marcha atlética, em Portugal. SUPERESPORTES D4

AMBEV CONGELA PREÇO ATÉ O FIM DA COPA

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A companhia anunciou que vai manter os preços de seus produtos congelados até o fim da Copa do Mundo, mesmo depois de o governo ter aumentado o IPI e Pis/Cofins que incide sobre as bebidas ECONOMIA B7

Machismo PESQUISA DO IPEA ESTAVA ERRADA O estudo apontou que 65% dos entrevistados diziam que mulheres com roupas curtas deveriam ser atacadas. O percentual correto é 26%. O diretor do órgão pediu exoneração do cargo. BRASIL A10

São José// Um incêndio destruiu dois imóveis tombados na Rua Tobias Barreto. Eles vinham sendo usados como depósitos de comerciantes chineses. VIDA URBANA C3

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DIARIOde P E R N A M B U C O - Recife, sábado, 5 de abril de 2014

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DIARIOde P E R N A M B U C O - Recife, sábado, 5 de abril de 2014

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Editor: Suetoni Souto Maior Editores-assistentes: Andrea Pinheiro, Glauce Gouveia e Kauê Diniz

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Eduardo chorou várias vezes durante o dia de ontem

Ao tirar fotografia com seu secretariado, mais emoção

A passagem do cargo a Lyra ocorreu em frente ao Palácio

PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS

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TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

fotolegenda

João Lyra fez seu discurso de posse na Assembleia

A emoção de uma despedida… Em pronunciamento no Palácio, Eduardo Campos disse estar com os pés no chão e o olhar no futuro ROSÁLIA RANGEL rosaliarangel.pe@dabr.com.br

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moção. Agradecimento. Despedida. Assim pode ser resumido o último dia do ex-governador Eduardo Campos (PSB) no comando do estado. Ontem, ele passou o cargo ao ex-vice-governador João Lyra Neto (PSB). Para Eduardo, um dia para dizer adeus, mas com o olhar voltado para um novo horizonte. “Fui em todos esses anos, como meu pai Maximiano Campos me ensinou, servo do ideal e do sonho. Os mesmos ideais e os mesmos sonhos que agora impulsionam a caminhada iniciada hoje (ontem), com pés no chão e olhos para o futuro”, ressaltou o ex-governador ao discursar em frente ao Palácio do Campo das Princesas. O pronunciamento de Eduardo fechou um dia onde foi impossível segurar as lágrimas. Um dos momentos mais marcantes aconteceu na missa celebrada em Ação de Graças para registrar a despedida dele do cargo, na matriz de Casa Forte. Visivelmente emocionado, Campos viu o terceiro filho, Pedro, subir ao altar e cantar em homenagem ao pai. Um momento que comoveu todos os convidados. Em seguida, ele abraçou toda a família e foi aplaudido de pé por todos que estavam na igreja. Em seus momentos finais no Palácio do Campo das Princesas, Eduardo almoçou com a esposa Renata Campos e os filhos. Enquanto esperava a chegada do governador João Lyra Neto (PSB) para a cerimônia de transmissão de cargo, participou de uma sessão de fotos com familiares e os ex-secretários. Na escadaria de entrada do Palácio, depois de posar para os fotógrafos, Eduardo foi aplaudido pelos ex-auxiliares, em mais um momento de muita emoção para o socialista. O ex-governador também não conteve as lágrimas quando em seu discurso de despedida abriu espaço para agradecer o “apoio e compreensão” que recebeu de Renata e dos filhos (Maria Eduarda, João, Pedro, José e Miguel). “O trabalho muitas vezes me furtou do convívio familiar, embora minha família tenha sempre parti-

Governador foi andando do Legislativo para o Executivo

…eosdois discursosde umsucessor

cipado ativamente de toda a minha trajetória política”, destacou, com a voz embargada. A partir de agora, Campos parte para enfrentar, segundo ele, o “maior desafio” da sua vida, o de disputar a Presidência da República. Assim como tem feito aos longos dos dois últimos anos, Eduardo não deixou escapar o tom crítico contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). “O Brasil depara-se com o sentimento de que o ciclo de modernização econômica e social precisa se renovar. Há um sentimento generalizado de que o país, depois de um período de avanços sociais, parou de melhorar”. Campos também enfatizou, ainda, que o governo dele legou aos pernambucanos “um estado melhor para se viver”, e que Pernambuco vai novamente ajudar o Brasil a encontrar novos caminhos. “Muito obrigado, Pernambuco. Agora é hora de unir o Brasil e avançar”, foram suas últimas palavras.

Lyra disse em entrevista que não fará um novo governo, mas anunciou ações que imprimirão sua marca ALINE MOURA alinemoura.pe@dabr.com.br

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posse do vice-governador João Lyra Neto (PSB) como novo governador do estado, realizada, ontem, na Assembleia Legislativa, revelou momentos políticos distintos: o de João Lyra que se comprometeu em ser leal e dar continuidade à gestão de Eduardo Campos (PSB), que renunciou ao cargo para concorrer à Presidência da República, e o de João Lyra que pretende tomar iniciativas pioneiras para o desenvolvimento do interior do estado. Em entrevista, o novo governador disse que “não vai existir o governo João Lyra”, mas “a conclusão do governo Eduardo”. No discurso lido em plenário, ele ressaltou chegar “com vontade de ir além, com os olhos voltados para o futuro”. As duas falas de Lyra, ditas em oportunidades diferentes, revelaram como será difícil para o socialista ser governador por apenas nove meses - sete anos e três meses depois de ser vice de Eduardo - sem ser o escolhido para disputar a sucessão estadual, missão que será desempenhada pelo exsecretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara (PSB). O novo governador citou o exemplo do pai, João Lyra Filho, para falar, de forma sutil, sobre o fato de não concorrer ao governo em outubro próximo. Lembrou que o seu pai foi prefeito de Caruaru por duas vezes, deputado estadual por dois mandatos e deputado federal, mas, percebeu, no final de 1970, o momento de abrir espaço para uma nova liderança política na família, o seu filho Fernando Lyra. João Lyra citou o pai e o irmão Fernando Lyra para justificar o “sim” que deu a Eduardo Campos para concluir o mandato de governador até dezembro. O discurso mencionou um gesto do pai que será repetido por ele este ano, uma vez que ele aceitou a escolha de Eduardo por Paulo Câmara pensando no futuro de sua filha Raquel Lyra, que é deputada estadual pelo PSB. Ainda no discurso de posse, que contou com a presença de Joezil Barros e Guilherme Machado, respectivamente, presidente

Eu ouço as vozes Eu vejo as cores Eu sinto os passos De outro Brasil que vem aí Mais justo Mais equilibrado Mais brasileiro” Eduardo Campos, ex-governador citando Gilberto Freyre

>> acesse Veja vídeo com os últimos momentos de Eduardo como governador

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e diretor-geral dos Diários Associados do Nordeste, João Lyra apresentou novidades que pretende implementar. Além de criar a Secretaria Estadual da Microempresa, ele se comprometeu em levar o Porto Digital para o interior do estado - as regiões da Mata, Agreste e Sertão -, e “formatar políticas públicas” para a convivência com a seca. O governador mencionou verbos como “criar”, “formatar”, “inovar” e “iniciar”, sinalizando que deseja ter sua marca, ainda que fale tanto em concluir a gestão anterior. “Vou iniciar o programa de Recuperação do Rebanho Leiteiro de Pernambuco que foi dizimado pela maior seca dos últimos 50 anos do Nordeste Brasileiro”. Tanto na Assembleia como em frente ao Palácio, onde recebeu a transmissão do cargo de Eduardo, Lyra citou a aliança histórica, que vem desde 1959, entre as famílias Arraes e Lyra. Prometeu lealdade e reforçou apoio à campanha de Eduardo à Presidência. A cerimônia do Legislativo durou cerca de 1 hora 10 minutos. Depois, Lyra foi caminhando a pé da Rua da Aurora até o Palácio, cruzando a Ponte Princesa Isabel. Ele vai dar posse ao secretariado segunda-feira, às 8h.

O meu encontro político com Eduardo Campos em nada tem de passageiro. É firmado a partir de raízes profundas” João Lyra, governador

>> acesse Veja vídeo com o momento em que Lyra foi empossado na Assembleia


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por marisa gibson

diariopolítico marisagibson.pe@dabr.com.br

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Livre para campanha O ex-governador Eduardo Campos (PSB) é o político mais ousado do Brasil. Sobre isso não há a menor dúvida e essa é uma das suas qualidades que mais atemoriza o staff petista. E somando essa ousadia com uma boa dose de coragem mais uma extraordinária capacidade de se fazer amar, tem-se a receita certa para o sucesso. Disso, o ex-presidente Lula e presidente Dilma, que vai concorrer à reeleição, têm consciência mas ainda não encontraram um meio de anular tais características do ex-aliado. Ontem, quem esperava palavras contundentes de um governador que deixou o cargo para disputar a Presidência da República, não se decepcionou. “Há um clamor para aposentar a velha política”, advertiu Eduardo, na solenidade de transmissão de cargo, acentuando que o Brasil se depara com um sentimento de que o ciclo de crescimento precisa se renovar. Isso, dito por ele, não é mais novidade, porém, todas as vezes que repete essas advertências, Eduardo renova a expectativa de que Dilma terá nele o mais ferrenho adversário em toda a campanha eleitoral. O ex-governador recorreu ainda aos protestos populares para lembrar que ruas foram inequívocas na rejeição à corrupção ao mesmo tempo que expressaram a urgência de repensar as estruturas políticas. Antes de chegar a tais palavras, Eduardo, mostrou o seu lado simpático e fez um emotivo reconhecimento a João Lyra Neto (PSB), que assumiu o comando do estado para concluir a sua gestão: “Neste tempo todo, eu tive um amigo, mais do que um vice”, disse. Lyra Neto, que mostrou-se desconfortável com o processo de escolha do candidato do PSB ao governo do estado, foi mais dócil do que se esperava, se bem que em solenidades desta natureza, ninguém faz cobranças a quem está do seu lado e sobretudo a um aliado que vai concorrer à Presidência da República. Do trabalho de Lyra Neto nos próximos meses dependerá, de uma certa maneira, o sucesso da campanha de Paulo Câmara ao governo do estado. A eleição de Câmara, ex-secretário da Fazenda, não é uma simples renovação da política. É antes de tudo a garantia de que Pernambuco, a base eleitoral do exgovernador, precisa ser preservada, sobretudo se ele não conseguir se eleger presidente da República. Por enquanto, a competitividade do ex-governador na corrida presidencial ainda não garante muita coisa, mas o que não falta é vontade de chegar lá: Eduardo tem certeza que será eleito presidente da República.

No palanque atual de Eduardo, Jarbas Vasconcelos, Joaquim Francisco, Roberto Magalhães e Mendonça Filho

Evento recheado de antigos adversários No mesmo palanque do socialista, quatro exgovernadores que foram opositores históricos de Miguel Arraes

O bicho vai pegar? Enquanto o deputado federal João Paulo (PT), que será candidato ao Senado na chapa de Armando Neto (PTB) a governador de Pernambuco, concedia ontem entrevista a uma emissora de rádio em Caruaru foram registradas mais de vinte intervenções de ouvintes sobre o comportamento de Eduardo Campos (PSB) em relação à presidente Dilma Rousseff e seu governo. Entre outros adjetivos, consideraram que o ex-governador está sendo no mínimo um mal-agradecido.

Ironias

Ato falho Durante a solenidade de posse do governador João Lyra Neto (PSB), o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (foto), do PDT, anunciou como líder do governo o deputado Sérgio Leite (PT),que atua na Casa como líder da oposição. A plateia riu, mas não deixa de ser um ato falho, nos dois sentidos: Uchoa é um eduardista de viseira, enquanto Leite era considerado um dos petistas mais governistas da Assembleia.

Populares Militantes que acompanharam Miguel Arraes em andanças pelo interior do estado afirmam que a sinergia de Eduardo com o povo do interior, em alguns momentos, supera a do avô.Mas ontem,na Praça da República,a participação popular não foi a que se esperava.

ROBERTO SOARES/ DIVULGAÇÃO

No telão colocado na Praça da República para a transmissão do cargo, os políticos que mais apareceram foram dois pefelistas: Roberto Magalhães e Mendonça Filho, além de Joaquim Francisco, ex-PFL, hoje no PSB.

A nossa história em Pernambuco começou em 1959, quando, pela primeira vez, uniram-se os partidos conservadores, passando pelo centro-esquerda até os partidos comunistas, mas (eles) juntaram lideranças” João Lyra, governador

Primeiras promessas "Não me conformo com as políticas paliativas que retardam o desenvolvimento.Vou mobilizar a inteligência pernambucana para criar alternativas de convivência com o semiárido", declarou ontem João Lyra Neto (PSB), em seu discurso de posse, o que pode ser considerado como uma das primeiras promessas do governador.

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NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS ALINE MOURA e ROSÁLIA RANGEL política.pe@dabr.com.br

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despedida de Eduardo Campos (PSB) do governo, depois de passar sete anos e três meses no poder, reuniu num mesmo palanque quatro ex-governadores de Pernambuco que foram adversários históricos do seu avô, Miguel Arraes. Estavam na ocasião Roberto Magalhães (DEM), Joaquim Francisco (ex-DEM, hoje PSB), Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM). Embora alianças entre partidos chamados de “esquerda” e “direita” sejam comuns aqui no estado, a transmissão de cargo de Eduardo Campos para João Lyra Neto, feita ao ar livre em frente ao Palácio do Campo das Princesas, não deixou de ser curiosa. Em dois telões que exibiam a cerimônia para que o público pudesse melhor acompanhar, o close da câmera pegava Eduardo e Mendonça Filho. Em outra oportunidade, enquanto o poeta Antônio Marinho falava com entusiasmo de Arraes e da Frente Popular, apareciam, na mesma imagem, ele, Joaquim Francisco, Roberto Magalhães e Mendonça Filho. Em alguns momentos, por conta da proximidade da imagem, dava para perceber Mendonça prendendo os lábios, como se ainda não estivesse totalmente à vontade. “Demorei a começar estes versos de amizade, onde todas as palavras só rimaram com saudade, que batem em mim e em vocês, que nos levam a 2006”, afirmou Marinho, gesticulando com um dos braços para trás, apontando curiosamente na direção de Mendonça. Na época, Eduardo derrotou Mendonça Filho campanha estadual depois de ser acusado, por muitos anos, de desviar recursos dos precatórios, acusação pela qual foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal em novembro de 2003. Roberto Magalhães, que foi in-

O ex-governador lembrou Arraes durante seu discurso terventor e governador de 1983 a 1986, estava ontem no mesmo palanque onde Arraes teve o nome citado e enaltecido como vítima da ditadura militar. Arraes foi deposto pelo golpe em 1964 e retornou ao governo pela segunda vez em 1986, depois de voltar do exílio. O episódio foi lembrado pelo neto, em meio a centenas de populares que usavam chapéu de palha - símbolo do programa mais conhecido de Arraes - distribuído organizadores. “Há 50 anos, em 1º de abril de 1964, o governador Miguel Arraes deixava esse Palácio sobre escolta militar em direção à prisão e depois ao exílio por se recusar a renunciar ao mandato que lhe fora outorgado pelo voto democrático dos pernambucanos. Arraes saiu pela porta da frente e por ela voltou mais duas vezes nos braços do povo”, afirmou Eduardo.

Memória

Primeiro a discursar, quebrando o protocolo ao passar a palavra final para Eduardo, João Lyra lembrou que, em 1959, houve uma aliança política semelhante em Pernambuco que resultou na criação de duas frentes populares, uma no Recife e outra em Caruaru. “A nossa história em Pernambuco começou em 1959, quando, pela primeira vez, uniram-se os partidos conservadores, passando pelo centro-esquerda até os partidos comunistas, mas (eles) juntaram lideranças para iniciar um novo processo político em Pernambuco”, ressaltou João Lyra, diante de um palanque desfalcado por correntes políticas que, em 2006 e 2010, ajudaram a eleger Eduardo. Dessa vez, quem não estava na festa era o PT, adversário do ex-governador na disputa presidencial e local.


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Evento do Palácio rouba os holofotes Público presente à Assembleia não mostrou entusiasmo durante cerimônia de posse de Lyra

PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS

NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

Público na Assembleia Legislativa foi mais reduzido NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

FRANCO BENITES Especial para o Diario politica.pe@dabr.com.br

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posse de João Lyra (PSB) como governador de Pernambuco na Assembleia Legislativa e a saída de Eduardo Campos (PSB) do cargo no Palácio do Campo das Princesas foi marcada pelo contraste. Poucos populares compareceram à rua da Aurora para ver o caruaruense assumir sua nova função. Na Praça da República, cerca de 2,5 mil pessoas foram ver de perto o adeus de Eduardo ao posto que ocupou nos últimos sete anos e três meses. O cerimonial da Assembleia se preocupou com todos os detalhes. Espalhou banheiros químicos no estacionamento do prédio e providenciou ventiladores, garrafões d´água, cadeiras e telões para que as pessoas assistissem à cerimônia de posse realizada no plenário. Nenhuma comoção foi registrada quando João Lyra foi chamado para assinar o documento de posse ou discursar. Aplausos apenas dos parlamentares, escassos para contagiar o pequeno público da área externa.

Cerca de 2,5 mil pessoas compareceram à despedida de Eduardo Campos Maria Silvestre da Silva, líder comunitária do bairro dos Torrões, foi uma das presentes à Assembleia. Mas tão logo soube que o evento era de Lyra e não de Eduardo tratou de ir para o Palácio do Governo. Lá, se juntou a outras pessoas que se diziam gratas ao socialista pelos sete anos de governo. Boa parte dos convidados chegou em grupos para o evento, usando chapéu de palha, símbolo do governo Miguel Arraes, avô de Eduardo. O adereço estava sendo distri-

buído a poucos metros da Praça da República. Entre os espectadores, pessoas ligadas a vereadores, prefeitos, exprefeitos e algumas entidades como a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FETRAF-PE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mas havia também convidados “indesejados”. Um grupo de dez pessoas levou uma faixa para cobrar a Eduardo e Lyra a nomeação de 123 aprovados para o concurso de

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analista de orçamento e gestão, realizado em 2011. A comitiva ficou distante do palco e nem foi notada pelos donos da festa. Essa, no entanto, não foi a única movimentação contrária ao governo do PSB. Mais cedo, na Assembleia Legislativa, funcionários do Detran também levaram uma faixa para cobrar a reposição de vagas recém-abertas no órgão. Eles pediam a nomeação de concursados, mas nem foram notados por João Lyra em sua chegada ao parlamento estadual.

Bacamarteiros nos jardins do Palácio das Princesas FRANCO BENITES/DP/D.A PRESS

Concursados realizaram um pequeno protesto


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