Eduardo 50 anos - 10/08/2015

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Editoria oriall Há um ano, o país vivia a efervescência da eleição presidencial. No meio do caminho, porém, uma tragédia mudou o curso da história política do Brasil. A morte de Eduardo Campos, em um acidente aéreo, em 13 de agosto de 2014, paralisou o Brasil e deixou os pernambcanos atônitos. Se estivesse vivo, o ex governador do estado completaria hoje 50 anos. Duas datas, nesta semana, que serão registradas pelo Diario de Pernambuco através de cadernos especiais. Hoje, contaremos os capítulos da vida do homem e do político Eduardo Campos. O projeto gráfico trabalha o efeito da ação do tempo e da resistência da memória, assim como acontece com algumas das propagandas políticas estampadas pelas ruas da cidade, nessas cinco décadas do socialista. Na próxima quinta feira, traremos os episódios que antecederam e sucederam o acidente fatal, além de relatos saudosistas de amigos de Eduardo e de familiares das vítimas. acesse:

diariode.pe/ eduardo50anos Veja entrevistas, reportagens, imagens e a linha do tempo da vida de Eduardo Campos

E X P E D I E N T E diretora de redação: Vera Ogando editores executivos: Paula Losada e Paulo Goethe edição: Glauce Gouveia e Kauê Diniz edição de fotografia: Teresa Maia e Annaclarice Almeida fotos: Rafael Martins, Arquivo DP e Arquivo Pessoal edição de arte e multimídia: Jaíne Cintra projeto gráfico: Greg, Jaíne Cintra e Zianne Torres VÍDEO: imagens: Teresa Maia edição de imagens: Rafael Marinho finalização: Jaíne Cintra WEB desenvolvimento: Bosco e Keziah Costa REPORTAGEM Glauce Gouveia, Rosália Rangel, Silvia Bessa, Thiago Neuenschwander e Vandeck Santiago

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Trazi azid do pelo pelos ventos de 1965 CMYK


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REPRODUÇÃO ABUM DE FAMILIA

A vida do ex-governador Eduardo Campos começa poucos meses depois de o avô dele e também ex-governador Miguel Arraes ser exilado do Brasil GLAUCE GOUVEIA glauc egouv egouveia.pe eia.pe@ @ dabr dabr.. c om.br

E

ssa história começou em 10 de agosto de 1965. Completaria 50 anos hoje. Teve início com o nascimento do primogênito da advogada Ana Arraes de Alencar e do escritor Maximiano Accioly Campos, Eduardo Henrique de Accioly Campos. Foi encerrada em 13 de agosto de 2014 com um trágico acidente de avião. Uma história que é recheada de fatos públicos conhecidos e massivamente divulgados pela mídia, mas entremeada de nuances que os bastidores souberam guardar. Pelo menos da maioria dos brasileiros que não tiveram a chance de ver o neto de um mito, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, mostrar se seria mesmo capaz de mudar o Brasil. Eduardo (e), a mãe Ana Arraes e o irmão Antônio Campos, em frente à casa onde moravam, na Rua do Chacon, Casa Forte

Eduardo Eduar do Campos era apenas um bebê. Como qualq qualquer uer criança de colo, não sabia nada de nada. Muito menos que seu avô avô mater materno, no, Miguel Ar Arraes de Alencar, Alencar, era era um ex-gov ex-gover ernador nador exi exilado pelos militares que tomar omaram o poder no Brasil Brasil em 1964. 1964. Não tinha ideia de que sua mãe, dona Ana, co como é chamada chamada por pessoas lig ligadas a ele, era era a única dos até então no nove filhos de Arr Arraes que que ficou ficou no Br Brasil depois que que ele te teve que que deixar deixar o país. Não podia sequer imaginar qque sua vida est estaria desde aquele aquele moment momento ligada a um passado e a um futuro de rele relevância vância política e histórica histórica pa para muitos muitos brasileir brasileiros. os. Uma Uma vida qque duraria dur aria exat exatos os 49 anos e três dias. Economista, ex-deputado estadual e feder federal, al, ex-secretário ex-secretário do es estado, ex-

ministro, ex-presidente nacional do PSB, ex-governador de Pernambuco por dois mandatos e ex-candidato à Presidência da República, Eduardo começou a vida tendo que aprender a conviver com as adversidades políticas. O fato de ser neto de um exgovernador exilado levou seu pai a tomar duas decisões radicais já quando ele nasceu: a primeira foi a de não permitir que fosse registrado com o sobrenome Arraes. A segunda, de levar a família para viver na fazenda Três Marias, no município de Vitória do Santo Antão, a 50 km do Recife, onde moraram por seis anos, para “se proteger” dos militares. Na volta à capital, oito anos de idade, Eduardo já estudava desde os três na Escola Padre Donino, em

Casa Forte. Mas foi transferido para o Instituto Capibaribe, nas Graças. Em cada uma das instituições, seu parentesco com Arraes fora preservado, e era desconhecido da maioria dos professores e de todos os colegas de classe. O objetivo era o mesmo da ida a Vitória: a segurança de uma criança em uma época política conturbada. O hoje diretor de Relações Institucionais de Suape, Luciano Vasquez, já estudava no Instituto Capibaribe quando Eduardo chegou ao colégio. Fizeram amizade porque, antes disso, eventualmente se encontravam na casa do tio de Eduardo e pediatra da família de Vasquez, Flávio Campos, em Piedade. “Naquela época eu não sabia o que era política, golpe mili-

tar, comunismo, socialismo ou quem era Miguel Arraes. Estudei com Eduardo sem saber de nada disso até ele chegar para mim, em 1976, e dizer que ia passar as férias de julho na África. Eu perguntei: tu vai fazer o que lá? Vai caçar? Ele respondeu: não. Vou conhecer meu avô materno, que era governador e foi expulso pelos militares do país”, conta Vasquez. O diretor de Suape, que foi presidente do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) nos dois governos de Eduardo, disse que ficou assustado com a palavra expulso. “Naquela época só era expulso de algum lugar quem tinha feito algo errado. Então perguntei aos meus pais quem era Arraes, e fiquei então sabendo o que

estava acontecendo com a política brasileira”, acentuou. Vasquez diz que virou um defensor de Arraes sem nunca tê-lo visto. A ponto de um dia, em sala de aula, uma professora de OSPB (Organização Social e Política Brasileira) começar a defender os militares e atacar o ex-governador, e ele bater boca com ela. “Olhei para Eduardo e vi que ele estava travado, quase chorando. Levantei a mão e disse que não era revolução o que os militares tinham feito, e sim golpe. Após a aula, ela me chamou para conversar, e eu disse, para espanto dela, que nenhum professor deveria falar mal do avô de um aluno na frente dele”. Foi quando ela ficou sabendo que Eduardo era neto de Arraes.

Na vol vo taa do mito, m novas descobertas Miguel Arraes de Alencar vvoltou do exílio em 1979. 1979. Tr Troux ouxee com ele, além da esposa, dona Madalena Arraes, nov nove filhos filhos - Pedr Pedro, o, o caçula, ha havia nascido na Fr França, aument aumentando para para dez o número número de her herdeiros do ex-gov ex-gover ernador nador.. Eduardo Eduardo Cam Campos, o neto neto mais velho, velho, est estava com 114 anos. Só havia havia vist visto o avô avô uma úni única vez, vez, quando quando aos 10 10 foi foi à Ar Argélia com Antônio Campos, Campos, seu ir irmão, três anos mais nov novo, e a mãe Ana Ar Arraes, hoje ministr ministraa do Tribunal Tribunal de Contas da União. União. A volt voltaa de Ar Arraes ao Brasil Brasil não marcou marcou para para os per pernambucanos apenas o fim fim de uma era dramática dramática na história história do Br Brasil, com a anistia aos presos da ditadura militar militar.. Mas o ponto ponto de par partida

da trajetória daquele que seria, por mais de duas décadas, o único herdeiro político do clã Arraes. Mesmo ainda muito jovem, Eduardo participou da organização do comício de boas-vindas que militantes de esquerda prepararam para Arraes em Santo Amaro. O evento contou com a presença de cerca de 50 mil pessoas. Antes, porém, houve uma comemoração com uma feijoada para os mais próximos na casa de Eduardo, no bairro da Torre. Entre os presentes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até então conhecido por sua militância como sindicalista em São Paulo. “Lembro bem que eu e Eduardo achávamos Lula uma figura caricata. Com aque-

la barba enorme, era um típico sindicalista da época. Ele ficou muito tempo sentado num muro que tinha nos fundos da casa e de vez em quando pedia a mim e a Eduardo para enchermos o copo dele com bebida. A gente fez isso algumas vezes. Estávamos entusiasmados com aquele movimento todo e Lula era uma atração política especial para nós”, conta Luciano Vasquez, que é amigo de infância de Eduardo. Por ter entrado com 3 anos de idade na Escola Padre Donino e no Instituto Capibaribe pulando um ano - aos 8 estava na quarta série do antigo ginásio -, Eduardo chegou ao curso de economia da Universidade Federal de Pernambuco pre-

cocemente, aos 16. Como já havia dois anos que vivia intensamente a política ao lado do avô, percebeu que a universidade era um campo fértil para começar a andar por essa seara com as próprias pernas. No terceiro ano do curso conseguiu convencer os estudantes ligados ao MR-8, que comandavam o Diretório Acadêmico, a se unirem ao PCdoB, PCB, PT, MDB e aos independentes; montou uma chapa única, alegando que deveriam discutir um conteúdo único para o curso; e em 1985 foi eleito por essa chapa presidente do DA. “Eduardo foi a primeira pessoa com quem fiz amizade no curso. Eu era surfista de Olinda e jogador de fut-

sal. Nunca havia me interessado por política. Mesmo assim, Eduardo me chamou para integrar a chapa, dizendo que era porque eu era ligado a esportes e isso enriqueceria o grupo. Achei que era conversa fiada, só para eu levar para ele os votos do pessoal da noite, pois nessa época eu passei a estudar em outro horário para poder trabalhar de dia. Mas vi que não era balela quando, mesmo depois de eleito, ele continuou me chamando para o DA. Eu terminei indo e passando a gostar de política”, afirmou o vice-prefeito de Ipojuca, Pedro Mendes, também amigo pessoal de Eduardo e integrante de seu grupo político até hoje.

ARQUIVO PESSOAL

INSTITUTO CAPIBARIBE/DIVULGAÇÃO

FACEBOOK/REPRODUCAO DA INTERNET

IANO ANDRADE/ ANDRADE /CB/D CB/D.. A PRESS PRE SS

dotempo + linhado

10 de agosto de 1965

1969

1974

1977

Nasceu, no Recif Nasc Recifee, Eduar duardo do Henrique de Accioly cioly Campos, filho da advogada e política Ana Arr Arraes de Alencar e do escritor Maximiano Accioly Campos, e neto de Miguel Arraes de Alencar ar, ex governador de Pernambuco, e de Célia de Souz ouza Leão Arraes. Três anos depois nasce o seu eu único únic irmão, o advogado Antônio Campos

Eduardo Campos entrou na escola aos 3 anos, no antigo Jardim 2, no colégio Padre Donino. Estava um ano adiantado, porque o costume da época era o de as crianças ingressarem na escola aos 4, idade que completaria no segundo semestre

Eduardo começou a estudar no Instituto Capibaribe, na 5ª série, ainda com 8 anos, pulando um ano e ficando quase dois adiantado

Ouve, em silêncio, uma professora da extinta disciplina Organização Social e Política Brasileira (OSPB) defender em sala de aula o governo militar e fazer acusações contra o avô Miguel Arraes. Na foto, Eduardo participa de feira de ciências com a professora da disciplina Telma Freira, hoje arquiteta

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Capítulo 2 O momento em que o neto passa a coadjuvante do avô e partícipe de um governo que seria o primeiro palco para uma candidatura própria

O povo quis Arraes.

1979

Ele quis Eduardo

REPRODUCAO ABUM DE FAMILIA

GLAUCE GOUVEIA glaucegouveia@dabr.com.br

“O

povo quer aquele que fez mais...” O refrão do jingle da campanha de Miguel Arraes em 1986, paródia do frevo Fogão, de Sérgio Lisboa, foi símbolo de uma das campanhas mais esperadas pelos arraesistas, que ansiavam reconduzir o ex-governador ao comando de Pernambuco após sua volta do exílio na Argélia. O hino também marcou a primeira participação de Eduardo Campos como coordenador de uma campanha majoritária, uma vez que esteve entre os principais articuladores da candidatura do avô mesmo tendo apenas 21 anos. Ao lado de colegas do antigo ginásio e da faculdade, que arrastou com ele para a vida política até seus últimos dias, Eduardo engrossou o coro que também dizia: “Arraes, Arraes, Arraes, 86 só vai dar Arraes”. E deu! Se em 1986 o povo levou pela segunda vez Arraes ao governo, em 1987, eleito, Arraes levou pela primeira vez o neto ao Palácio do Campo das Princesas. Inicialmente como subchefe de gabinete ao lado do tio Marcos Arraes e três meses depois como

1985

REPRODUCAO ABUM DE FAMILIA

Eleito presidente do Diretório Acadêmico de Economia da UFPE, mostrou capacidade de aglutinar forças. Uniu MR 8 ao PCdoB, PCB, PT, MDB e aos independentes. Conseguiu fazer uma chapa única, alegando que deveriam discutir um conteúdo para a universidade. Na foto, está de branco e chapéu ao centro

1986

ARQUIVO/DP/D.A PRESS

Arraes e Eduardo trilham juntos o caminho da política ele próprio para administrar Fernando de Noronha. Fez uma assinatura falsa de doutor Arraes e enfiou na pilha que estava sendo analisada por Eduardo. Quando ele viu aquilo, apontou o dedo na direção da gente e deu o maior esporro que já tínhamos levado até aquele momento. Ficamos em silêncio e depois fomos jantar com ele num restaurante do Centro da cidade, para descontrair. Mas aprendemos a lição e tivemos a certeza de que ele não estava ali para brincadeiras.” Três anos depois de Arraes assumir o governo de Pernambuco houve, em 1989, a primeira

SIDNEY PASSARINHO/DIVULGAÇÃO

FATIMA BATISTA/SIP

MAURICIO COUTINHO/DP/D.A PRESS

Aos 20 anos, Eduardo formou se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foi laureado e orador da turma. A foto, de 1986, mostra Eduardo ao lado do pai, da mãe e do irmão no lançamento do livro A memória revoltada, de Maximiano Campos, na antiga livraria Livro 7

chefe de gabinete. Eduardo experimentou a responsabilidade de participar de um governo e, ao mesmo tempo, de ver com quantas conversas e quanto jogo de cintura se faz a defesa desse governo. Não foram poucas as reuniões que teve que comandar com prefeitos e políticos de todo o Brasil. A fase da chefia de gabinete foi importante para Eduardo mostrar que era bom de lábia. E o momento de ele descobrir - e provar ao próprio grupo político - que além de um perfil articulador e aglutinador, demonstrado na época do DA de economia da UFPE, tinha também uma personalidade para lá de forte. Os oficiais de gabinete eram quase todos amigos de Eduardo, com idades próximas à dele. Em reserva, um deles contou que, por serem amigos, um dia um outro fez uma brincadeira que levou Eduardo a reagir de forma até então inusitada, deixando claro que para tudo há hora certa. “Estávamos esperando Eduardo acabar de separar uma pilha de portarias e atos do governador para enviar à Cepe (Companhia Editora de Pernambuco) quando um dos oficiais de gabinete forjou um documento nomeando

eleição para presidente da República desde 1960 em que os brasileiros puderam escolher seu candidato. Foi também a primeira vez em que Eduardo ficaria de um lado e Arraes de outro. Enquanto o avô escolhia Ulysses Guimarães para apoiar, o neto ficaria com Lula, que, disputando pela primeira vez, perdera para Fernando Collor de Mello. Um ano mais tarde, em 1990, Eduardo estaria outra vez ao lado de Arraes quando os dois se filiaram ao PSB. Era chegada a hora de Eduardo enfrentar as urnas. Com 22.477 votos, foi eleito deputado estadual.

FERNANDO GUSMÃO/DP/D.A PRESS

Aos 14 anos, conheceu o ex presidente Lula, quando ele veio para a chegada do doutor Arraes. Foi a única chegada de anistiado a que Lula compareceu. Ele ficou hospedado na casa de Eduardo, que participou do comício de Arraes após sua volta, em Santo Amaro, para um público estimado em 50 mil pessoas

1986

1987

1990

1991

Arraes saiu candidato ao governo contra o usineiro José Múcio. Aos 21 anos, Eduardo era um dos maiores entusiastas da candidatura do avô e trocou a oportunidade de fazer mestrado nos Estados Unidos para acompanhá lo na campanha

Eleito governador, Miguel Arraes inseriu Eduardo na vida pública, nomeando o seu subchefe de gabinete e, três meses depois, seu chefe de gabinete. Passou a receber políticos do interior, da região e de todo o país. Foi a primeira oportunidade de se fazer conhecido

Eduardo entrou com o avô Miguel Arraes e a mãe, Ana Arraes, para o PSB. O avô se candidatou a deputado federal e Eduardo a estadual. Arraes apoiou sem muita dedicação Jarbas a governador. Jarbas se irritou com a falta de empenho de Arraes

Eduardo casou se com Renata Campos, com quem começou a namorar quando ele tinha 15 anos e ela, 13. Eles se conheceram em Casa Forte, uma vez que a família de Eduardo era vizinha da família do tio de Renata, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna

ARQUIVO/DP

NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

FRED JORDÃO/DP/D.A PRESS

ROMERO ACCIOLY/DP/D.A PRESS

1993 Como deputado estadual, Eduardo Campos fez oposição ferrenha ao governo de Jarbas Vasconcelos

1995

1994 Miguel Arraes disputou o governo do estado pela terceira vez com o apoio do então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Arraes venceu o pleito, Eduardo se candidatou a deputado federal e Lula foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso

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Eduardo, eleito deputado federal, foi convocado por Miguel Arraes a compor o seu secretariado. Assumiu a Secretaria de Governo e, meses depois, a pasta da Fazenda estadual

1995 Nasceu o terceiro filho de Eduardo e Renata, Pedro Henrique, hoje com 20 anos


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ROBERTO PEREIRA/DIVULGAÇÃO

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Os prim rimeir eiro os passos passos, a primeira guerra Eduardo é lançado candidato contra Jarbas Vasconcelos e por mais de duas décadas eles ficam em lados opostos GLAUCE GOUVEIA glauc egouv eia.pe @ dabr. c om.br

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s port portas est estavam, enenfim, abert abertas. Eduardo Eduardo Campos Cam pos havia havia saído dos bastidor bastidores es do Palácio Palácio do Govver Go erno no para para entrar entrar na Casa Joaquim Joaq uim Nabuco Nabuco e começar a prot pr otagonizar agonizar sua própria tra trajetória política. Como deputa deputado est estadual, ter terminou minou cha cha-mando a atenção ao mudar de lado de 199 9911 para para 1992, 1992, paspassando a fazer fazer oposição ao gogovernador Jarbas Vasconcelos, para quem trabalhou trabalhou na camcampanha a prefeit eitoo do Recif Recifee em 1985. A causa da mudança: fe feridas abert abertas entre entre Jarbas e ArArraes e as mágoas que que ficar ficaram am e ter terminar minaram por transfor ormar mar aliados em adversários; adversários; amiamizade em inimizade; e sonhos comuns numa das maiores maiores guerrras políticas do est guer estado. A falt faltaa de empenho de Arraes na eleição de Jarbas em 1990, quando quando perdeu perdeu para para Joaquim Francisco, foi foi o est estopim da bomba que eclodiu dois anos mais tar tarde. de. No No início de 1992, 1992, o rac racha ha ainda não eses-

tava expost exposto. Havia Havia apenas um mal-esttar silencioso. Eduardo mal-es Eduardo eraa deputado er deputado est estadual e Jarbas decidiu sair candidato candidato ao comando da capital. capital. Queria o ex-senador Sérgio Sérgio Guerr Guerra (que (que faleceu no início de 201 2014) cocomo vice. Arr Arraes não quis. Indicou Eduardo para o posto. SaSabia que, que, com o mau clima insinstalado desde 1990, 1990, se o neto neto fosse o vice-pref vice-prefeit eitoo da cidade Jarbas não iria querer disputar o gov gover erno no em 1994, 1994, uma vez que que isso significaria significaria entre entregar o comando da capital capital a um Arr Arraes. O caminho est estaria, assim, livre para que o ex-gover ernador nador disputasse disputasse pela ter ter-ceiraa vez ceir vez o gov gover erno no de Per Pernam nam-buco com o apoio dos jarbist jarbistas. O problema foi que Jarbas não aceitou aceitou Eduardo. Eduardo. Arr Arraes resol esolvveu, então, declarar declarar a guerrra, lançando o neto guer neto tam tam-bém candidato. candidato. Foi Foi a primeira primeira eleição majoritária de Eduardo e a primeira primeira gr grande derr derrota sofrida por ele nas urnas: urnas: Jarbas foi eleito pref prefeit eito. o. O neneto de Arr Ar raes ter terminou minou em quinto lugar. Dois anos mais

tar arde, de, em 1994, 1994, Arr Arraes disputou o gov gover erno no contra contra o nov novo grupo político de Jarbas, que apoiou Gustavo Krause. Krause. Arr Arraes foi eleito eleito gov gover ernador nador,, enquan enquanto Eduardo Eduardo se elegeu elegeu deputa deputado feder ederal. al. Ambos for foram am eleitos com o apoio de Lula, que pela segunda vez saiu candidato a president presidentee da República e foi derr derrot otado ado por Fer Fernando Henrique Cardoso. Cardoso. Apesar de ter partido para um salto salto mais alto alto e conquis conquistado com 133 133 mil vot votos uma cadeira na Câmara Câmara Feder Federal, al, Eduardo Eduar do Campos Campos ainda era visto como o neto do ex-gover ernador nador Miguel Arr Arraes. Convidado pelo avô a assumir, assumir, pouco depois de tomar posse como deputado feder federal, al, a Secret etaria aria de Gov Gover erno no do est estado, Eduardo Eduar do não hesitou. Como também não hesitou hesitou em, poucos meses depois, assumir uma nov nova pasta: a da Fazen Fazenda. Um passo que que o lev levaria à sua pior fase na vida pública. E dividiria até 2006 aquele grupo político em dois: os arraesis aesisttas e os dudusist dudusistas.

ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

NANDO CHIAPPETTA/DP/ D. A PRESS

Eduar duardo do saiu candidato candidato a pref prefeito eito contr contraa Jarbas, mas terminou em quinto lugar

1992

1992

1992

1993

Maria Eduarda, hoje com 23 anos, nasceu em 1992. É a mais velha dos cinco filhos de Eduardo Campos e Renata

Jarbas decidiu sair candidato a prefeito do Recife. Queria Sérgio Guerra como vice. Arraes indicou Eduardo para o posto. Sabia que isso impediria Jarbas de disputar o governo do estado em 1994 porque com Eduardo de vice, Jarbas não abandonaria a prefeitura para entrar na disputa dois anos mais tarde

Jarbas não aceitou Eduardo e Arraes jogou o neto para disputar contra o até então aliado. Foi a primeira eleição majoritária de Eduardo e a oficialização do racha entre Jarbas e o grupo político de Arraes

Neste ano nasceu o segundo filho de Eduardo e Renata, João Campos, hoje com 22 anos. Ele integra a executiva estadual do PSB e trabalha com os socialistas pernambucanos para sair candidato a deputado federal em 2018

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1996 Começou a se tornar pública solução encontrada por Eduardo à frente da Fazenda para a crise financeira do estado: emissão de títulos públicos para pagar precatórios (dívidas provenientes de ações já julgadas). Vários estados, inclusive Pernambuco, emitiram títulos acima do valor do débito. Com o que sobrava custeavam despesas

1997 O caso do títulos foi chamado de “escândalo dos precatórios”. Eduardo foi chamado para depor na CPI, que descobriu vários erros na lista inscrita no livro de credores do estado. Entre eles, conversão incorreta de moedas decorrentes de planos econômicos. Em 13 deles não cortaram os 3 zeros da passagem do Cruzado para o Cruzado Novo

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CARLOS MOURA/CB/D.A PRESS

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1997

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Roberto Requião (MDB PR, à direita), relator da CPI, disse que, em depoimento à comissão, Eduardo teria deixado claro que o objetivo final da emissão dos títulos não era pagamento de precatórios, mas a obtenção de recursos para o caixa do estado, o que era inconstitucional

Por ser secretário da Fazenda, Eduardo integrava o Conselho do Bandepe e, como tal, foi punido pelo Banco Central por “cometimento de infração grave por ter se omitido em seu dever de fiscalização dos atos dos diretores”


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A operação quee fra qu fragiliz gilizo ou um inc incansáv ansável el O escândalo dos precatórios entra e sai da vida de Eduardo deixando marcas, mas dando forças para as batalhas que estavam por vir

GLAUCE GOUVEIA glaucegouveia.pe@dabr.com.br

liados de Eduardo Campos são unânimes quando dizem que a disposição sempre foi o que mais chamava a atenção nele. Trabalhava muito, dormia pouco e raramente adoecia. Mas o ano de 1995 começava em clima febril, e foi responsável pelo início de uma jornada perigosa que faria, nos anos seguintes, Eduardo entrar numa operação que quase sepultou a sua carreira política e, por diversos momentos, o deixou de cama. O presidente Fernando Hen-

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rique Cardoso não era aliado do governador Miguel Arraes. Em Pernambuco, o novo grupo político de Jarbas Vasconcelos, que havia trocado o PSB pelo PMDB, não dava trégua ao governo socialista. As dívidas e o contingenciamento de recursos federais eram grandes e não sobrava dinheiro para investimentos. O governo foi entrando no vermelho, a popularidade de Arraes caindo e Eduardo se vendo obrigado a achar uma solução para o problema das finanças, já que comandava a Fazenda. A fórmula utilizada por Eduardo foi a usada em mui-

tos estados para a receita que débitos e, com o que sobracaía e a despesa que subia: a va, custeavam despesas e reaemissão de títulos públicos lizavam investimentos. para pagar precatórios (díviO caso foi conhecido e amdas provenientes de ações já plamente divulgado como julgadas). Por “escândalo lei, os títulos CPI DIZ QUE HOUVE dos precatópodiam ser CONVERSÃO DE rios”. Auditonegociados ria do TCE MOEDAS COM no mercado concluiu que para anteci- ERROS EM os precatópar a arreca- PERNAMBUCO rios pagos dação do escom recursos tado e quitar esses precató- advindos da emissão de títurios. Mas os governos esta- los em Pernambuco somaram duais que optaram pela alter- R$ 234 mil, mas o estado hanativa emitiram esses títulos via emitido R$ 480 milhões. com valores acima dos débi- Eduardo foi chamado para tos existentes, pagavam esses depor na Comissão Parlamen-

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tar de Inquérito (CPI) criada no Congresso para investigar caso a caso, e os parlamentares descobriram vários erros na lista inscrita no livro de credores de Pernambuco. Entre eles, conversão incorreta de moedas decorrentes de planos econômicos. Em 13 precatórios, por exemplo, os três zeros não foram cortados quando houve a passagem do Cruzado para o Cruzado Novo. Segundo relatório da CPI, 73% do valor da emissão dos títulos de Pernambuco resultaram de “equívocos”. Apesar do furacão no qual entrou com a operação, das

dores de cabeça e dos momentos de tristeza que, segundo alguns amigos, quase o derrubaram, Eduardo conseguiu se reeleger pela segunda vez deputado federal em 1998, com 173,6 mil votos, alcançando a maior votação da história de Pernambuco para o cargo. Apoiou pela terceira vez a candidatura de Lula - que em 2002 se elegeu presidente - e, no mesmo ano, entrou com Arraes para a Câmara Federal. Embora estivesse lado a lado com o avô no Congresso Nacional, foi exatamente aí que ele criou asas e fez seu primeiro voo solo.

JOSÉ VARELLA/CB/D.A PRESS

JULIANA LEITAO/DP/D.A PRESS

1998

2002

2003

2003

Eduardo foi reeleito deputado federal como o mais votado de Pernambuco, com 173,6 mil votos, a maior votação para uma cadeira de deputado federal da história do estado

A defesa de Eduardo no caso dos precatórios alegou que a ação punitiva no caso havia prescrito. E argumentou que Eduardo só integrava o Conselho do Bandepe por força do cargo, e o Banco Central não tinha competência para julgar atos de secretários do estado. Eduardo foi eleito para terceiro mandato na Câmara dos Deputados

Eduardo foi absolvido por unanimidade pelos ministros do STF nas acusações de prática dos crimes de falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal) e contra o Sistema Financeiro (artigos 5º e 6º da Lei 7492/86) no caso dos precatórios. A comemoração foi num restaurante no Centro do Recife

Eduardo virou líder do PSB na Câmara dos Deputados e ficou entre os cem mais influentes do Congresso, segundo pesquisa do Diap, sendo um dos mais fiéis aliados do presidente Lula. Destacou se na ajuda ao Planalto nos encaminhamentos das reformas tributária e previdenciária

INÊS CAMPELO/DP/D.A PRESS

RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS

TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

2007

2010

2010

2012

Iniciou seu primeiro governo no estado de Pernambuco com uma ampla aliança

Eduardo apoiou candidatura de Dilma Rousseff (PT) à sucessão de Lula

Foi candidato a reeleição e vence, seguindo para seu segundo governo, que duraria até abril de 2014

Eduardo rompeu com o PT estadual e lançou Geraldo Julio candidato a prefeito contra o ex aliado Humberto Costa (PT)

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Capítulo 5

Escrevendo

um novo capítulo Conhecendo seus limites, Eduardo superou os obstáculos e ressurgiu no cenário político como uma nova liderança. Dessa vez, nacional GLAUCE GOUVEIA glaucegouveia.pe@dabr.com.br

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C ARLOS MOURA /CB/D. A PRE SS

Para ser um grande líder, como foi meu pai, é preciso estar disposto a conviver com aplausos e vaias, elogios e críticas” João Campos, filho de Eduardo

liderança do PSB na Câmara dos Deputados e a defesa do governo Lula foram importantes. Mas foi a capacidade de fazer em um dia o que quase todos faziam em dois e a certeza absoluta de que tinha limites bastante altos que resultaram no surgimento de um novo líder no cenário nacional. Em janeiro de 2004, dois meses após ser absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso dos precatórios, Eduardo Campos assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) do governo Lula. Escrevia um novo capítulo em sua história. “Ele costumava me dizer: A gente tem que começar pequeno, pensar grande e fazer rápido”, contou o atual secretário estadual de Administração, Milton Coelho. “Nasceu, viveu e morreu sob a sombra do avô, esteve ao lado dele na maior parte da vida e foi maior que ele”, afirmou, referindo-se à popularidade que Eduardo conquistou em seu governo, de 92%, a maior de todos os governadores do estado. Quando assumiu o ministério, anunciou que não reclamaria de falta de verbas.

Aguardaria que o governo resolvesse a questão na hora certa. Menos de sete meses depois anunciava a liberação de mais de R$ 37 bilhões em investimentos para desenvolvimento científico e tecnológico no período de 2004 a 2007. No MCT, recompôs as relações do governo com as comunidades científica e acadêmica; destravou a pasta dando apoio para os principais arranjos produtivos locais de todo o Brasil; descontingenciou os Fundos Setoriais de Pesquisas, construiu o Centro de Excelência em Microeletrônica no Rio Grande do Sul, colocando o Brasil nos projetos de fronteira na área de Tecnologia da Informação; defendeu o Programa Nuclear Brasileiro na Agência Internacional de Energia Nuclear, em Viena; realizou a primeira olimpíada brasileira de matemática - que no primeiro ano teve quase 10 milhões de alunos das escolas públicas inscritos e a aprovou a lei que permite pesquisas com células-tronco. Chegou ao cargo praticamente sem tempo para uma preparação, porque entre o convite e a posse houve apenas dias. Ele teve algumas conversas com membros da comunidade científica e acadêmica e discutiu bastante com Mi-

CARLOS MOURA/CB/D.A PRESS

REPRODUCAO DA INTERNET

Com quatro meses no MCT, foi entrevistado do Programa Roda Viva, da TV Cultura guel Arraes e Sérgio Rezende, então presidente da Finepe e seu antecessor. Com quatro meses à frente do ministério, foi convidado para ser entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, que tinha uma audiência qualificada e uma bancada de entrevistadores preparada e exigente. “Mas nesses quatro meses ele já havia trabalhado o que normalmente os demais trabalhariam em um ano. Não tinha folgas, rigorosamente. Portanto ele já havia se apropriado de uma massa de informações relevante e conhecia o MCT, seus problemas e potencialidades”, informou Milton. Eduardo estava seguro para a entrevista e fez alguns en-

ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

saios com sua equipe “caseira”, composta por secretários ea científica científica e Ricardo Leida área tão, que comandava a comunicação. Essa entrevista teve uma repercussão positiva enorme e o consolidou no comando do MCT, superando de vez as desconfianças iniciais pelo fato de um deputado, ado, com apeapenas 37 anos, ter sido nomeado para uma pasta essencialmente técnica. “O que nos surpreendeu, após a entrevista, foram os pedidos que chegavam de várias partes do Brasil, solicitando cópias do programa”, disse Milton. Os que conviveram com ele não temem em afirmar que ele era “brilhante”. Apesar de dono de uma inteligência diferenciada, um

CADU GOMES/CB/D.A PRESS

senso de humor aguçado e uma habilidade política sem igual, Eduardo Campos levava a superstição aonde ia. Um aliado que preferiu não ser identificado contou que, em recente campanha que fez para um correligionário, alguém colocou na cabeça do candidato uma cabeleira de maracatu rural. O líder socialista imediatamente providenciou para que o principal adversário de seu aliado naquele pleito recebesse a mesmíssima homenagem. “Dá azar usar só uma parte dessa roupa (a indumentária completa leva 30 a 40 quilos de roupas e adereços). Seu adversário tem que usar essa cabeleira também”, teria dito o ex-governador.

INÊS CAMPELO/DP/D.A PRESS

2004

2005

2005

2006

Eduardo assumiu o comando do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) no governo Lula

Nasceu o quarto filho de Eduardo e Renata, José Henrique, que hoje está com 10 anos

Com a morte de Miguel Arraes, Eduardo foi conduzido à presidência nacional do PSB

Eduardo foi candidato ao governo do estado. Começou em terceiro lugar, foi ao segundo turno, contou com o apoio dos petistas e ganhou a eleição

TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

ALUISIO MOREIRA/DP/D.A PRESS

OSWALDO REIS/ESP. CB/D.A PRESS

2013

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Como presidente nacional do PSB, devolveu todos os cargos do governo federal comandados por socialistas, deixando realmente claras as suas intenções de disputar a Presidência da República contra a até então aliada Dilma Rousseff

Decidiu sair candidato a presidente da República ao lado da candidata a vice Marina Silva contra o amigo pessoal Aécio Neves (PSDB) e a ex aliada Dilma Rousseff (PT)

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GLOBO/JOAO COTTA

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12 de agosto de 2014

Nasceu o quinto filho de eduardo, Miguel, que recebeu o nome em homenagem ao avô. Miguel, portador da síndrome de Down, chegou com o apoio e o carinho de toda a família

Em entrevista ao Jornal Nacional encerrou a conversa com os jornalistas William Bonner e Patrícia Poeta usando a frase que vira slogan dos socialistas: “Não vamos desistir do Brasil”. Foi a última entrevista que deu antes de morrer, na manhã do dia seguinte, em trágico acidente de avião


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A virada

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ARQUIVO PESSOAL

elei el eitto oral e política

Coadjuvante na disputa ao governo do estado em 2006, Eduardo Campos surpreendeu os favoritos e iniciou seu protagonismo em Pernambuco ROSÁLIA RANGEL r o saliar angel.pe @ dabr dabr.. c om.br

N

a eleição para para o gogover erno no do est estado, em 2006, Eduardo Eduardo CamCampos era era apenas o ter terceir ceiroo cocolocado nas pesquisas pesquisas de opiopinião. O cenário da disputa disputa apontaava uma polarização apont entree o então gov entr gover ernador nador Mendonça Filho Filho (ex-PFL, hohoje DEM) e o ex-ministr ex-ministroo da Saúde, Humbert Humberto Cost Costa (PT), considerados os principais candidatos. Mas o que os adversários não imaginavam é que aquela aquela eleição iria marmarcar a “virada “virada política” de Eduardo Eduar do em Per Pernambuco. nambuco. SeSeria também também o primeiro primeiro paspasso dele para para consolidar o nonome no cenário nacional. Há nov nove anos, os demais concorrrent concor entes es ao cargo cargo de gogover ernador nador est estavam tranq tranqui ui-los em relação relação a Eduardo. Eduardo. O socialistta entrou socialis entrou na campa campa-nha praticament praticamentee sozinho. Enfrent Enfr entou ou dificuldades para compor a coligação de parti ti--

dos e para escolher os integrantes da chapa majoritária. Mas conseguiu formar uma aliança estratégica para o projeto que almejava. Em 2006, Eduardo Campos era deputado federal. Ele entrou na disputa estadual com o apoio de apenas cinco partidos. O reforço veio com o então deputado federal e presidente estadual do PR, Inocêncio Oliveira. O ex-parlamentar resolveu integrar a Frente Popular de Pernambuco depois de abandonar a União por Pernambuco, liderada pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), e que dava sustentação à campanha de Mendonça Filho. A partir daí, Inocêncio passou a usar o termo “aliado de primeira hora” para valorizar sua participação na campanha de Eduardo no momento em que o PSB vivia uma espécie de isolamento político no estado. A aliança

também ganhou força com a chegada do PP, partido do ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcante, que, na ocasião, passava pela desconfortável situação de ter renunciado ao cargo sob suspeita de receber “mensalinho” para prorrogar a concessão de um restaurante na Casa. Na avaliação de aliados, para fechar a coligação, Eduardo Campos lançou mão de uma estratégia que herdou do avô, o ex-governador Miguel Arraes, ao trazer para o seu campo político partidos que o ajudaram a ampliar o tempo de rádio e televisão da campanha socialista. Eduardo, na verdade, soube costurar sua eleição por fora, enquanto Jarbas tinha como único alvo o petista Humberto Costa. Para o peemedebista, o neto de Arraes não ameaçava o projeto de eleger Mendonça Filho seu

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sucessor. A campanha contra o ex-ministro foi centrada na Operação Sanguessuga. No primeiro turno da eleição, Humberto foi bombardeado pelos integrantes da União de Pernambuco. Ele foi acusado de participar do esquema que desviava dinheiro público destinado à compra de ambulâncias. Declarações que o petista considerava “agressivas e irresponsáveis”. Humberto não resistiu às acusações. Eduardo Campos chegou ao segundo turno com Mendonça Filho. O petista declarou apoio ao socialista minutos depois do resultado da eleição ser anunciado. Quatro anos depois, Eduardo foi reeleito. Ele derrotou Jarbas Vasconcelos por uma diferença superior a dois milhões de votos com o aval de 15 partidos. Ali, começava o sonho de concorrer à Presidência da República.

TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

Do início da campanha até a festa da vitória no Marco Zero, que culminou com sete anos à frente do estado


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EDUARDO 50 ANO AN O S

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O resultado nas urnas Eleição 2006 PRIMEIRO TURNO

SEGUNDO TURNO

Mendonça Filho (PFL) (PFL União por Pernambuco Pernambuc

1.578.001 votos

1.390.273 votos

Eduar duardo do Campos Campo (PSB) Frent entee Popular Popular de Pernambuco P

1.356.950 votos

2.623.297 votos

Município de maior votação: v Granito Segundo turno

Eduardo Campos (PSB): 2.788 votos Mendonça Filho (PFL): 191 votos

Eleição 2010 PRIMEIRO PRIMEIR O TURNO

Eduardo Campos (PSB) 3.450.874 votos Frente Popular de Pernambuco

Município de maior vvotação: Eduar duardo do Campo Campos (PSB) 3.396 vot voto os

Jarbas Vasconcelos (PMDB) 585.724 votos União por Pernambuco

Granito Sérgio Xavier (PV) 6 votos

Jarbas Vas Jarbas ascconc oncelos (PMDB) 23 vot voto os

Edilson Silva (PSol) 5 votos

Coligação da Frente Popular de Pernambuco Eleição 2006 Primeiro turno PSB/PL/PDT/PP/PSC

As princip principais características de Eduardo eram er am o gr grande poder de resolução, a perssever per erança, ança, a int inteligência e a generosidade. Era muito muit o brabo brabo,, mas muit muito generoso”. Dor ora a Pire Pires - secretária secr nacional de Mulheres do PSB PSB

Tambor amborete ete da T Tribuna 40 ficou marcado como um símbolo da ccampanha eleitoral de 2006 e usado em outras disputas

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Segundo turno PSB/PL/PDT/PP/PSC/PT/PRB/PTB /PAN/PMN/PCdoB/PSL/PCO/PSDC /Prona Eleição 2010 PSB/PDT/PT/PTB/PCdoB/PR/PSC/ PP/PSDC/PSL/PRP/PHS/PTdoB/PT N/PTC/PRTB


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Uma vitória

pavimentada com antecedência

Eduardo viveu orbitando em torno de um astro (Miguel Arraes) e se tornou um” Milton Coelho, secretário estadual de Administração

Em 2005, um ano antes da disputa pelo governo do estado, o socialista colocou o pé na estrada e se apresentou ao povo pernambucano como neto de Arraes ROSÁLIA RANGEL rosaliarangel.pe@dabr.com.br

construção da candidatura de Eduardo Campos ao governo do estado começou em 2005. Um ano antes da eleição, o socialista colocou o pé na estrada com a Agenda 40, promovendo debates em todos os municípios do estado. A ideia era ouvir a população para conferir o nível de inserção do governo Jarbas Vasconcelos/Mendonça Filho no interior. As informações serviram de base para preparação de uma campanha que, para os socialistas, seria um contraponto ao candidato governista. De acordo com aliados, em suas andanças Eduardo percebeu nas pessoas o sentimento de abandono dos municí-

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pios por parte do governo. A partir daí, inseriu no discurso a proposta de interiorização das ações, assumindo o compromisso de, se eleito, governar “do Cais ao Sertão”. A estratégia antecipada de percorrer os municípios também aproximou Eduardo do eleitorado. Quando começou a maratona de viagens era quase um desconhecido, apesar ter acompanhado a vida pública do avô, o ex-governador Miguel Arraes, quando ainda era muito jovem. Em alguns dos lugares por onde passou, foi necessário recorrer aos assessores. O grupo seguia na frente para anunciar a presença dele no local. A “tropa de choque” do PSB fazia uma espécie de abre-alas, repetindo a frase: “O neto de Arraes, Eduardo,

está vindo aí. Ele será candidato ao governo do estado”, diziam. Mas com o início da campanha, a rua passou a ser uma grande aliada do socialista. Para alcançar um número maior de eleitores, o PSB inovou, com a Tribuna 40. Um tamborete que era improvisado como palco no qual Eduardo subia para falar com as pessoas. A estratégia era de realizar o minicomício em lugares de grande movimentação, a exemplo da Praça da Independência, onde a população poderia ouvi-lo do ônibus, nos carros ou quando passava pelo local. Nas caminhadas de rua, Eduardo não tinha pressa. O bate-papo com os moradores era demorado. Assim, sua campanha foi ganhando volu-

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me. Nos primeiros meses da eleição, as pessoas sequer sabiam seu nome.

Tarifa de luz Mas a proposta de baratear a tarifa da conta de luz, que aumentou depois da privatização da Celpe, foi o mote que ele encontrou para chegar mais perto do eleitorado. Pouco tempo depois, as pessoas já o chamavam pelo nome para protestar contra os valores da conta de energia. Eleito governador, Eduardo cumpriu a promessa. Ele retirou o ICMS da conta da energia das pessoas que pagavam uma tarifa menor. Na campanha de 2006, o socialista também soube aproveitar a boa relação com o expresidente Lula, que disputava a reeleição. Em Pernambu-

co, o PT concorria com o exministro da Saúde Humberto Costa. Mas Lula decidiu apoiar os dois candidatos. No primeiro comício em Pernambuco, no bairro de Brasília Teimosa, o petista estava ao lado de Eduardo e Humberto, que ele disse considerar como filhos. Eduardo e Lula venceram a eleição de 2006. Nos últimos dias da disputa no segundo turno, a campanha tímida do socialista ficou para trás. Ao chegar nos eventos, o candidato do PSB quase não conseguia andar. O dudomóvel, como foi batizada a van que o transportava, passou a ser estacionado ao lado do palanque para facilitar sua saída dos eventos, em razão do assédio das pessoas para tirar fotos e abraçá-lo.

Sugeri a doutor Arraes que escolhesse um dos filhos para fazer a agenda das campanhas dele. Em junho de 1986 quem estava com a agendinha na mão era o neto, Eduardo” Adilson Gomes - secretáriogeral do PSB de Pernambuco


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Ilha do Deus surgiu no mapa como um símbolo do desenvolvimento social do governo Eduardo Campos RAFAEL MARTINS/ESP. DP/D.A PRESS

Esperança aos esquecidos

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SOCIAL

JOÃO PEDRO A

Ilha de Deus, comunidade encravada no coração do bairro da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, era uma localidade pouco conhecida antes de 2007, até mesmo pelos moradores da região. Muito porque essa pequena faixa de terra, cercada por manguezais, era um local isolado e sem acesso, onde vivia um povo com poucas oportunidades, em extrema situação de carência. Um encontro em 2006, no entanto, começou a mudar a vida das pessoas que ali residiam. Durante a campanha para o governo, em 2006, a Ilha de Deus recebeu a visita do então candidato ao governo do estado Eduardo Campos, que, na época, corria por fora na

disputa contra Humberto Costa (PT) e Mendonça Filho (PFL, atual DEM). Naquela passagem, o socialista prometeu que, se eleito, retornaria ao local e transformaria a vida das pessoas. Mais que isso. A Ilha de Deus se tornou uma espécie de símbolo do desenvolvimento social alcançado por grande parte dos pernambucanos durante os anos de sua administração. No início, 1.152 pessoas viviam nas 348 palafitas que tomavam o local, segundo levantamento da Secretaria de Planejamento e Gestão do estado. Quando a maré enchia, aproximadamente 70% dessas moradias eram atingidas pela água. Prometeu então levantar casas para as famílias que ali viviam, sobretudo da pesca. Das 387 projetadas, 311 foram entregues. Em 2009,

em parceria com a Prefeitura do Recife, a ponte foi finalmente terminada e o problema do acesso resolvido. Com o tempo, uma série de novas conquistas. “A principal delas foi a ponte e, em seguida, a urbanização. As casas, em comparação às que nós morávamos, são muito melhores. Mas houve muito mais coisas. Hoje temos posto de saúde, temos colégio, vamos ter uma creche e algumas quadras de lazer. Então foi uma mudança realmente muito grande. Hoje temos uma vida muito mais digna”, conta o pescador João Pedro da Silva, que desde os anos 1980 vive na Ilha de Deus, local de onde tira o sustento onde criou os filhos. Muitas outras chegaram. Uma associação e uma rádio comunitária foram instala-

das, além de uma escola de remo para os jovens. A menina dos olhos, no entanto, é o Centro Educacional Saber Viver, que hoje também recebe o nome do ex-governador e desenvolve uma série de projetos de formação, sobretudo no ramo da panificação e da confeitaria. Atualmente, o local abriga também um projeto com estudantes estrangeiros, que ensinam inglês e espanhol às crianças e adultos da Ilha de Deus.

Amizade Mais que as obras de pá e cal, a conquista da cidadania fez com que os moradores criassem uma relação especial de amizade com o exgovernador. “A intimidade que a gente tinha com Eduardo aqui, independentemente de ele ser governador

1.600

pessoas habitam na Ilha de Deus aproximadamente

ou não, era muito legal, coisa de amigos. Para a comunidade da ilha, ele sempre foi gente boa. Fez tudo o que prometeu”, acrescenta João Pedro, conhecido na comunidade como João de Beró. Hoje, quase um ano após a morte do socialista, a população espera que a Ilha de Deus não volte a cair no esquecimento. “Eduardo tratava a gente como uma prioridade. Hoje estamos sofrendo um pouco com esgoto a céu aberto. Precisamos de um local decente para catar o sururu. Antes, nós tínhamos um lugar certo para isso. Há casas para serem terminadas. Depois da morte dele, as coisas mudaram um pouco. Mas nós esperamos que continuemos a receber a mesma atenção”, sentencia a pescadora Maria Santos de Souza.

Hoje temos uma vida muito mais digna CMYK

311

casas entregues Construção da Ponte Vitória das Mulheres que dá acesso à comunidade em 2009 2 Estações elevatórias de esgoto (1 na Ilha de Deus e outra no Conjunto Habitacional) Torre Piezométrica de água ligada ao sistema de abastecimento da Compesa 2 Emissários de esgoto Terraplenagem, drenagem, muro de contenção e pavimentação Colégio Municipal Capela Santo Antônio e Unidade de Saúde da Família Centro de Formação em Panificação e Confeitaria, Vassouraria, Biblioteca, Reforço Escolar/ Salão de Dança

THIAGO NEUENSCHWANDER thiagocavalcante.pe@dabr.com.br

Reurbanização da Ilha de Deus


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Nascimento de um novo futuro

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Mãe Coruja mudou a realidade de diversas mulheres durante e depois da gravidez

LUCLÉCIA MARIA s histórias de Luclécia Maria Ferreira da Silva, 17 anos, Simone Maria da Silva, 27, e Silvana Alves Pinheiro, 30, todas moradoras do Sítio São Domingos, localizado no município de Casinhas, Agreste do estado, são a prova de que boas ideias e dedicação podem transformar vidas. As três mulheres enfrentaram o mesmo problema logo após darem à Luz um filho: a depressão pós-parto. Em um local tão distante dos grandes centros, certamente sofreriam para vencê-la, não fosse o auxílio de pessoas que trabalham para facilitar a vida dessas gestantes. Ainda durante a gravidez, as três foram cadastradas no Programa Mãe Coruja, iniciativa idealizada no início do primeiro governo Eduardo Campos pela então primeiradama Renata Campos. O projeto consiste no acompanhamento das mães durante a gestação e também no pósparto, até que a criança complete 5 anos. Luclécia, a mais nova, mãe de Emile, de apenas 8 meses, conta que a ajuda das monitoras foi essencial para vencer o problema.

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“Assim que ela nasceu, fiquei muito assustada. Ela começou a ficar roxa, engoliu resto de parto. Fiquei com medo de tocar nela, de machucá-la. Foi nessa hora que elas me ajudaram mais”, conta. Desesperada e sem saber como cuidaria da criança, teve o auxílio de Carmen e Cecília, monitoras do programa na cidade. “Fiquei nove dias sem vê-la, mas durante todo o tempo elas me incentivaram e me tranquilizaram. Só depois de nove dias que fui ter o primeiro contato com a minha filha. Elas me ajudaram a vencer a depressão. Hoje tenho todo o apoio que preciso no programa. Elas nos ensinam tudo sobre amamentação e alimentação do bebê. Também é uma chance de trocarmos experiências com as outras mães”, diz Luclécia.

Semelhanças Simone e Silvana tiveram histórias parecidas. A primeira conta que chorava muito nos primeiros dias após o parto e conseguiu se recuperar com o auxílio do tratamento psicológico oferecido. Já Silvana entrou no Mãe Coruja para evitar que o problema, ocorrido na primeira gravidez há nove anos, voltasse a ocorrer.

“Quando tive meu primeiro filho, não conseguia tocar nele. Cheguei a pensar em dar o garoto. Minha família me espiava, achando que eu ia fazer algum mal a ele. Quando engravidei da minha segunda filha, tive o auxílio das pessoas do programa e graças a Deus tudo deu certo”, relembra. O programa, que hoje tem

141.304 mães cadastradas e 79.507 crianças acompanhadas em 105 municípios, é um dos grandes responsáveis pela queda da mortalidade infantil registrada nos últimos anos em Pernambuco. Em 2006, segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa em Pernambuco chegava a 22,1 por 100 mil habitantes. Em 2013, esse índice havia

decrescido para 16 por 100 mil, de acordo com dados do programa. O sucesso da empreitada rendeu dois prêmios internacionais. O primeiro deles oferecido pela Organização das Nações Unidas, em 2014, na Coreia do Sul. Este ano, o Mãe Coruja voltou a ser laureado. Desta vez pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

Silvana Alves Pinheiro procurou tratamento psicológico durante a gravidez

Hoje tenho o apoio que preciso no programa CMYK

THIAGO NEUENSCHWANDER thiagocavalcante.pe@dabr.com.br


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FOTOS: RAFAEL MARTINS/ ESP. DP/ D. A. PRESS

SAÚDE Média de investimentos em saúde (Valores em milhões de R$) 2003 2006

R$ 81,27

2007 2010

3 grandes hospitais R$ 193,40 R$ 213,89

2010 2013

Mãe Coruja Gestantes cadastradas

23.869

23.179

14 Unidades de

26.479 20.210

12.439

Pronto Atendimento inauguradas

1.243 novos leitos de UTI e UCI acrescidos à rede hospitalar

4.629 2008

construídos na RMR (Miguel Arraes, Dom Hélder Câmara e Pelópidas Silveira)

2009

Crianças acompanhadas cadatradas

2010

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12.095

11.179

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11.023

12.080

2012

2013

6.243 1.572 2008

2009

Redução da mortalidade infantil (Mortes por 100 mil habitantes)

7 mil novos profissionais de saúde contratados

H 2006 H 2011 30,1

29,8

15,8

Pernambuco Queda de 47,5%

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19,4

Nordeste

20,7 15,8

Brasil

24,43% de redução no número de mortes em acidentes de trânsito, depois da implantação da Lei Seca


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Educação: a mola propulsora

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Programa leva a cada ano mais jovens da rede estadual de ensino a outros países

JÚLIO CÉSAR GOMES JULIO JACOBINA/DP/D.A PRESS THIAGO NEUENSCHWANDER thiagocavalcante.pe@dabr.com.br

EDUCAÇÃO

atagônia chilena, Ilha de Páscoa, Santiago. Há poucos meses, locais como esses sequer faziam parte do imaginário de Júlio César Gomes da Cruz, 15 anos, morador do Assentamento Vida Nova, no pequeno município de São José do Belmonte, no Sertão. Hoje, o filho de agricultores não só sabe na ponta da língua os detalhes sobre cada um deles como está tendo a chance de vê-los mais de perto. Júlio é um dos 175 adolescentes que já embarcaram este ano para o exterior através do programa Ganhe o Mundo, iniciativa que permite aos alunos da rede estadual de ensino fazer um intercâmbio de seis meses. Como optou pelo espanhol, acabou selecionado para ir ao Chile. A oportunidade que Júlio e outros 3.557 estudantes vivenciam ou já vivenciaram ef lexo de alguns avanços é reflex registrados na educação do estado nos últimos anos. Números oficiais revelam um crescimento dos índices da qualidade do ensino e da estrutura física pelos quatro

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Programa Ganhe o Mundo

3.383 alunos da rede estadual já embarcaram para outros países nos anos de 2012,2013 e 2014

548 2012

2014

estudantes já embarcaram na edição do programa em 2015, e irão conhecer países como Uruguai, Nova Zelândia, Argentina, Chile, Canadá e Espanha

446 alunos ainda deverão viajar até o mês de setembro Próximos embarques 11 para o Canadá (PGM esportivo) 15 de agosto 420 para o Canadá 24 de agosto a 1 de setembro 15 alunos para a Espanha 10 de setembro Outros números da educação Média de investimentos em educação (Valores em milhões de R$) 2003 2006

R$ 44,43 2007 2010 R$ 164,88 R$ 260,72

2010 2013

Ideb em Pernambuco Anos iniciais do Ensino Fundamental 2005 2007

3,1 3,5

2009

3,9

2011

4,2

2013

4,3

Anos finais do Ensino Fundamental 2005

bom. Vai ser muito importante para mim a experiência”, acrescentou. Em dezembro de 2012, quando foi ao Aeroporto dos Guararapes recepcionar a primeira turma do Ganhe o Mundo, o ex-governador já vislumbrava a importância do novo projeto criado. “Essa é uma geração que nós estamos preparando para mudar Pernambuco definitivamente. Estamos mudando a economia, mas também estamos fazendo a maior de todas as transformações, que é mudar a educação para formar cidadãos e cidadãs que vão construir um Pernambuco bem mais justo, equilibrado e sustentável e bem mais fraterno que as outras gerações nos legaram”, pondero, à época.

Mais belmontenses Assim como Júlio, outros dois estudantes de assentamentos rurais de sua cidade também terão a chance de vivenciar novas experiências fora do Brasil. Valéria Elen dos Santos, 16 anos, estudante do segundo ano do ensino médio e moradora do Assentamento Vida Nova, embarcará para a Argentina. Por conta da desistência de outros alunos, terminou remanejada para a lista de intercambistas. Acostumada a arregaçar as mangas e ir para a roça ajudar a família desde criança, o embarque para o país de língua espanhola é uma forma de escapar das consequências perversas do trabalho infantil. “Vou mostrar para os argentinos a

cultura de São José do Belmonte, a história da Pedra do Reino”, planeja. O projeto deu tão certo que acabou ganhando ramificações. Este ano também passará a atender jovens atletas. Thiago Café, 16 anos, de Petrolina, foi selecionado para passar seis semanas no Canadá, que dispõe de um dos mais completos centros de treinamento do mundo para o atletismo. Thiago tem 37 medalhas e é campeão brasileiro de menores em salto em altura. “Vou estar perto dos atletas do mundial de 2016 e vou me espelhar neles”, contou. A promessa é que, a partir do ano que vem, o Ganhe o Mundo também seja estendido para estudantes de música.

Optando pela língua espanhola, Júlio César, de 15 anos, vai estudar por seis meses no Chile

2007

2,4 2,5

2009

3,0

2011

3,3

2013

3,6

Ensino Médio 2005 2007

2,7 2,7

2009

3,0

2011

3,1

2013

3,6*

* O estado alcançou a 4º colocação nacional do ensino médio, atrás de Goiás (3,8), Rio Grande do Sul (3,7) e São Paulo (3,7). Em 2007, Pernambuco ocupava o 21º lugar

Números gerais

2006

Escolas Técnicas

6

25

Escolas de referência

13

260

Evasão escolar*

26% 8,4%

2013

* Pernambuco passou da 26ª para a 5ª posição do país no índice que mede a redução do abandono escolar no país

Quero contar o que aprendi quando voltar CMYK

2013

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ESTE ANO O PROGRAMA PASSARÁ A ATENDER JOVENS ATLETAS cantos de Pernambuco. De 2007 a 2013, o estado passou do 21º lugar para o 4º no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Também ampliou o investimento de R$ 44 milhões entre 2003 e 2006 para R$ 206 milhões entre 2010 e 2013. Sem contar o aparecimento de novas escolas técnicas, de referência e a queda na evasão escolar. Na esteira desse processo, o programa foi criado em 2012 durante o segundo governo Eduardo Campos. Ganhou importância e possibilitou que jovens como o estudante de São José do Belmonte pudessem sonhar com um futuro mais esperançoso. Em meados de julho, poucos dias antes de embarcar, o adolescente já falava com empolgação do que esperava da vida no novo país. “Quero encontrar uma nova cultura, costumes diferentes do nosso para aprender e contar o que aprendi quando voltar ao meu município”, disse. Júlio César também já sabe o que a chance poderá lhe possibilitar no futuro. “Eu já tinha vontade. Fazendo isso, terei mais chance de ter um emprego

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A prova da superação

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Um dos legados de Eduardo, o Pacto pela Vida ajudou a dar esperanças à população em situação de risco

PIETRO FALCÃO ietro Daniel Malta Falcão, 41 anos, tinha tudo para ser mais um número na brutal estatística da violência que tomava conta de Pernambuco no início da década passada. Como tantos jovens que cresceram e fizeram a vida no bairro de Santo Amaro, na Zona Norte do Recife, Pietro conviveu com todas os perigos e mazelas de um local que, em 2006, antes da implementação do Pacto pela Vida, chegou a registrar a marca de 46 homicídios por ano e era dominado por gangues rivais em estado de guerra. Naquela época, Santo Amaro era o reflex ef lexo mais alarmante de uma unidade da Federação dominada pela violência. Pietro não conseguiu escapar dos efeitos que a criminalidade impunha aos moradores. Foi apresentado às drogas e experimentou o fundo do poço. “Nessa época, eu tive contato com o crack. Amizades erradas, aquela coisa muito fácil... Acabei me tornando um viciado, dependente químico mesmo. Antes de dormir tinha que fumar, quando acordava tinha que fumar. Destruí total-

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mente a minha vida em menos de um ano e meio. Acabei preso, porque furtei para conseguir a droga. Passei uma temporada no Cotel e depois no Aníbal Bruno”, relembra. Em 2007, o Pacto foi criado e a história de Santo Amaro começou a mudar. A de Pietro também. O bairro foi escolhido para ser o símbolo do principal projeto do ex-governador Eduardo Campos, que tinha como meta reduzir anualmente em 12% o número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), só alcançada em 2009 e 2010. O policiamento aumentou e, um ano mais tarde, um novo programa ajudou a solidificar a ideia de tornar Santo Amaro um exemplo a ser seguido. O Governo Presente trouxe inclusão social. E foi através dele que Pietro conseguiu deixar definitivamente o passado para trás. Quando saiu da cadeia, sabia que precisava mudar de vida. Resolveu pedir pessoalmente ao governador ajuda. “Foi nesse momento que recorri a Eduardo Campos. Foi Deus que colocou aquele cidadão no meu caminho. Ele estava em um evento com Lula, no Parque Dona Lindu, e o abordei.

Pietro perdeu a mãe há alguns anos, vítima de depressão pela vida que ele levava Pedi um trabalho. Disse a ele que estava curado do crack e que ele acreditasse na minha palavra, que eu estava precisando do apoio dele. E estava precisando muito, eu estava passando fome, desabrigado, e ele, acessível, abriu as portas para mim”, conta. Pietro diz que o telefonema veio no dia seguinte. “Ele me colocou para trabalhar no Pronasci, depois virei digitador

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pericial no IML (Instituto Médico Legal). Tempos depois, acabei sendo apresentado a uma pessoa do Governo Presente chamada Betânia. Através dela cheguei aonde estou”, diz. Pietro trabalha no setor de Solução de Contas da Contax, um dos maiores grupos de atendimento e relacionamento com clientes da América Latina. A oportunidade surgiu de um convênio da então Se-

cretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos com a empresa. Feliz com as portas que se abriram, Pietro revela que tem a intenção de levar sua experiência adiante, para que outros jovens possam ter a mesma oportunidade. “Queria muito conversar com os estudantes nas escolas públicas, contar minha história e mostrar que é possível a cura.”

Minha história tinha tudo para dar errado. Mas mudei. E deu certo

JULIO JACOBINA/DP/D.A PRESS THIAGO NEUENSCHWANDER thiagocavalcanti.pe@dabr.com.br


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Gêmeos deixaram Aracaju, capital sergipana, para mudar o rumo de suas vidas trabalhando em um dos empreendimentos que se instalaram em Suape

FOTOS: RAFAEL MARTINS/ ESP. DP/ D. A. P

Virada de página

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MATEUS ANDREI E MARCOS VINÍCIUS á seis anos, os irmãos gêmeos Mateus Andrei e Marcos Vinícius Menezes de Oliveira, hoje com 25 anos, trabalhavam em um depósito de bebidas de propriedade da família no pequeno município de Maruim, a 30 quilômetros da capital sergipana, Aracaju. Com poucas oportunidades, Mateus aceitou a ajuda da sogra, que conhecia um funcionário da Vard Promar, um dos dois estaleiros que operam no Porto de Suape. E conseguiu uma vaga de ajudante de montagem de andaimes. Encaixou também o irmão. Mal sabia que ali começava uma carreira de sucesso na indústria naval. Hoje, a dupla está entre os cerca de 2 mil trabalhadores da empresa. A história dos dois é contemporânea à do crescimento do complexo, que alcançou números expressivos a partir de 2007. Enquanto construíam a carreira em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rondônia e Rio Grande do Sul, Suape registrava

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um aumento considerável no número de investimentos. Entre 2003 e 2006, eram R$ 80 milhões entre verbas federais e estaduais. Ao final de 2013, esse número chegava a R$ 740 milhões. Nesse ínterim, o estaleiro aportou em Pernambuco. Pouco depois, era a vez dos irmãos sergipanos chegarem ao estado para, segundo eles, não sairem mais. Mateus e Marcos Vinícius já se dizem totalmente adaptados à vida que levam aqui. Trabalham com montagem dos blocos de chapas dos navios contratados junto à empresa pela Transpetro, através do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Começaram a trabalhar no navio Barbosa Lima Sobrinho, primeira embarcação totalmente fabricada em Pernambuco pela empresa, que foi lançada ao mar no ano passado. A Vard Promar tem um contrato com a Transpetro para construção de oito navios gaseiros. O valor total do pacote a ser entregue até 2017 é de US$ 536 milhões (cerca de

R$1,8 bilhão). Além do Barbosa Lima Sobrinho, os navios Oscar Niemeyer e Paulo Freire também estão prontos. Felizes com o trabalho, Mateus e Marcos Vinícius buscam agora fixar raízes. “Tenho muitos projetos aqui. Minha ideia é permanecer em Pernambuco. Sou casado, mas ainda não pude trazer minha esposa e meu filho (que tem 5 anos) em definitivo para cá. Mas assim que conseguir me organizar melhor, a ideia é que eles venham viver comigo”, conta Mateus. Apesar do momento delicado que a crise econômica e os desdobramentos da Operação Lava-Jato levaram para os limites de Suape, Mateus acredita que tempos melhores virão. “Minha vida aqui é superbacana. O estaleiro é um lugar que, mesmo em meio a essa crise, está conseguindo sobreviver. A gente vê muita gente sendo demitida por aí e aqui estão contratando. Acreditamos que temos muito a realizar ainda”. O governo também continua apostando que Suape será o grande responsável pela atração de investimentos

Mateus chegou como ajudante de montagem de andaimes na Vard Promar, em Suape nos próximos anos. O porto bateu recorde na movimentação de cargas no primeiro semestre deste ano. Foram dez milhões de toneladas. O resultado faz com que, mesmo sob impacto da crise econômica, a previsão para 2015 seja de um incremento de 32% na movimentação de carga do ancoradouro. Em 2014, a marca foi de 15,2 milhões de toneladas. A expectativa de alta para este ano tem como base, principalmente, o aumento da movi-

mentação de granéis líquief lexo do início da opedos, reflex ração da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). No último mês de julho, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, explicou que a expectativa é a de que a movimentação de cargas na área do complexo industrial portuário também tenha uma evolução maior nos próximos anos, devido ao início da operação dos terminais que foram incluídos no Programa de In-

vestimento em Logística (PIL) do governo federal. “Serão cinco novos projetos que sairão do papel. Eles serão tocados com recursos da iniciativa privada, e a previsão é de que a licitação aconteça no primeiro semestre de 2016”, disse. Os projetos em questão são de contêineres, veículos, trigo e dois de minérios. Os estaleiros, no entanto, necessitam de novos contratos. Hoje, só dispõem das encomendas da Transpetro através do Promef.

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THIAGO NEUENSCHWANDER thiagocavalcante.pe@dabr.com.br


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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 442.96

Investimentos em Suape (Valores em milhões de R$)

383.99

365.24 311.12

Investimentos públicos

57.42

2003-2006

2007-2010

2011

2012

2013 297.75

222.71

Inversões Governo de Pernambuco

180.82 98.63

23.46 2003-2006

2007-2010

2011

2012

2013

NÚMEROS GERAIS

1.235 km

de estradas com obras de duplicação, restauração e implantação Crescimento PIB H Brasil H Pernambuco 6,1 5,4 2007

7,5 7,2

5,2 5,3 2008

2,7

2,8 2009

2010

5,7

2011

1,0

3,7

2,3

4,1

2012

2013

45.720

28.062

2012

2013

-0,3 Empregos com carteira assinada (2007-2013)

76.947 2007

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69.272 2008

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ENTRE AMIGOS

E FRAGMENTOS Há um lado que só os mais próximos, que o acompanhavam em momentos de descontração e tensão, podem traduzir e recordar

SILVIA BESSA silviabessape@dabr.com.br

E

duardo Campos era um homem incomum. Gostava de cerveja com gelo. Podia apreciar um peixe ao molho de especiarias, R$ 400,00 o prato assinado pelo célebre chef Alex Atala, de São Paulo, e era capaz de pedir farofa de ovos como porção extra; ele adorava ovo frito. Fazia questão da mesma mesa do hotel Meliá de Brasília, no canto direito da entrada do restaurante do segundo andar, o Norton. Repetia a mania de enviar mensagens pelo celular por volta das 4h da madrugada; e esperava retorno do destinatário. Ao telefonar para interlocutores mais íntimos, deixando o número de final 4040 piscando na tela do outro lado, perguntava o clássico “tás onde?” e os convocava para pequenos encontros de final de tarde no Palácio das Princesas e, nos domin-

gos, na casa do sogro, Cyro de Andrade Lima. Tinha por hábito improvisar para ouvir a opinião alheia, em um quase método “socrático”, supostamente ingênuo. “E foi? Foi mesmo? Vi isso em jornal nenhum, não. Mas o que tu achas?”, arregalava o olho azul indagando em garimpo. “Deixa de onda! Vai dizer que tu não sabe de nada?”, retrucava Danilo Cabral, secretário de Planejamento do estado, ex-coordenador de campanhas de Eduardo. “Não eram despachos administrativos. Era coleta de sentimentos”, explica. Ele buscava consistência para seus argumentos. Tarde da noite, fora de agenda, um bom uísque dava sabor e alongava os papos. Em caso de divergências, agia como mediador, conta Sileno Guedes, presidente do PSB. “Deixem de ingresias”, repreendia. “Ingresias de irmãos”, pondera o jornalista Evaldo Costa, ex-secretário de

Imprensa. Nas reuniões, ou- ca e na semana passada quanviam calados reclamações ci- do, saudosamente, recortafradas direcionadas a um se- ram trechos de uma convigundo assessor. Funcionava vência intensa desfrutada ducomo um dos códigos pratica- rante pelo menos duas décados na estreita relação cons- das. “Eduardo era às vezes truída entre poucos. “Quan- muito duro, mas sabia afagar to menor o problema, maior para se reaproximar”, garano piti e vice-versa”, lembra. te Marcos Loreto, ex-chefe de Nos intervalos das pautas, gabinete e hoje conselheiro riam da performance dele co- do Tribunal de Contas. mo ótimo Danilo Caimitador de NUMA CONVERSA bral, Sileno gente. Eduar- INFORMAL Guedes, Evaldo coçava o do Costa, MilQUATRO AMIGOS meio da caton Coelho e beça com o RIEM E CHORAM Marcos Loreto dedo indica- COM EDUARDO faziam parte dor, copiande um grupo do uma mania de Evaldo Cos- de amigos que sempre estata. Brincava com a barriga de va lá para ouvir e ser ouvido. Sileno Guedes, um dos mais Para eles, a porta do governapróximos dele e da família; e dor não tinha trancas, trinsoltava graça para Milton Coe- cos. Havia à espera deles uma lho, atual secretário de Ad- cadeira na varanda do sogro, ministração: “Olha ele, che- vizinho de quintal de Eduarga aqui querendo mandar em do. “Quantas horas de voo temim...” Para dar trocos, o gru- mos ali!”, pensa alto Evaldo. po combinava como provocáFoi o jardim dessa mesma lo. Divertiram-se juntos à épo- casa que viu a cena: uma le-

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va de gente vestida de branco entrou, deu uma volta em torno da piscina, jogou uma rosa e saiu cantando “Se ainda se vier, noites traiçoeiras/ Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo/ O mundo pode até fazer você chorar/ Mas Deus te quer sorrindo...”. Essa é a imagem mais forte que Danilo guarda desse ano que parece não acabar. Naquela casa do bairro de Dois Irmãos e encontrou Sileno após a morte de Eduardo. “Desci as escadas. Demos um abraço demorado e nos emocionamos. Não falamos muita coisa. Não havia o que falar”, contou Danilo semana passada, quase engolindo a voz, corpo inclinado a 45 graus de uma mesa, escondendo as mãos espremidas. Sileno estava lá, no alpendre do qual ele guarda as maiores lembranças e que lhe traz mais saudades. Confortou e foi confortado junto à esposa e amiga, Renata Campos,

e aos meninos que viu nascer e crescer. São semanas difíceis desde então. Coube aos amigos fazerem acontecer a ideia do trajeto fúnebre por onde o caixão de Eduardo morto iria passar. O percurso rejeitou a Avenida Boa Viagem e incluiu a Avenida Norte. Tragédia, comoção, enterro, uma campanha eleitoral que precisava ser conduzida. Ao “pessoal de casa” restou nesse último ano de ausência resistir ao tempo para escutar nítidas lembranças do que Eduardo era, pregava, defendia, pensava. Enfrentar a falta real com a pergunta que virou mantra: “O que ele faria?”. Diariamente alguém a reproduz. A presença de Eduardo é tão forte que, com frequência, o tratam como se vivo estivesse. Nas frases, pouco usam verbos no passado. Eduardo, para os amigos, está no presente do indicativo.


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DISCÍPULOS

SEM MESTRE Ele se sentava no centro da curva de uma mesa em formato de “U”. De lá, conduzia debates e era bom em decisões, acreditavam os que o acompanhavam. Na hora certa, sabia dar respostas que ninguém encontrava, dizem. Depois da palavra final, raras contestações. Primeiro porque era o chefe, e sobretudo porque Eduardo Campos construiu uma carreira na qual o sucesso se sobrepôs aos percalços. Sem esforço e muito antes dos resultados nas urnas, era visto como líder. Por esta razão, a morte dele, prestes a completar 50 anos, significou o desaparecimento da referência de uma geração inteira que o tinha como exemplo de homem público, de inteligência, perspicácia e de valores familiares. “Quando a gente perdeu Eduardo ficamos não só com o vazio do ponto de vista da relação pessoal, mas com enorme vazio do ponto de vista da relação política. Dali em diante a gente teve que se coser com nossas próprias linhas”, avalia Danilo Cabral. “Não tínhamos quem consultar no caso de impasses”. Continuam sem ter. Do lado pessoal, o impacto foi

grande também. Os amigos cansaram de presenciar Eduardo saindo de um comício no Sertão, indo para um canto e ligando para a mulher, Renata, para saber das notas escolares dos filhos ou se informar sobre as peraltices do dia. “O perfil família” é uma característica lembrada de forma elogiosa. Danilo é um dos que teve Eduardo como norte nesse campo. Ambos têm filhos com idade na casa dos 25. Marcelo e João. Os dois acompanhavam a trajetória dos filhos à distância, com rédeas curtas, entre atos políticos. E quando se tratava de amigos, Eduardo chegava junto, há quem narre. Tocava em feridas e prestava solidariedade em momentos delicados. “Tinha desses gestos”, emenda Sileno Guedes. Um sujeito otimista, que nunca mostrava desânimo. Mantinha disciplina e dedicação invejáveis, segundo os mais chegados. Chegou a receber por duas ocasiões como presente viagens de férias para ele e a família e insistia em prorrogálas. Sabia mais que qualquer secretário, assegura Evaldo Costa. Antes de proferir discursos

sobre obras ou serviços, cobrava informações da área, juntava outras fontes de dados e surpreendia ouvintes. “O trabalho era prazer para ele”, pontua Evaldo. “Eduardo é um ato público nas nossas vidas”, define o jornalista. Os discípulos ainda estão aprendendo a lidar com a ausência de um homem tido como um mestre. “Sinto falta dele o tempo todo”, confessa Marcos Loreto, que o assessorou por anos. É uma unanimidade o pensamento de que a “força” de Renata e filhos foi determinante para quem orbitava em torno dele. “Talvez tenha moldado todos nós”, avalia Danilo, amigo há exatos 30 anos. E ssa semana será de muitas emoções para esse grupo. Foram programadas diversas homenagens em memória de Eduardo. E, quando as datas se acabarem e a saudade for se acomodando em cada um, ainda restará João como eventual continuidade de Eduardo enquanto liderança. Porque o luto, diz Danilo usando frase conhecida, precisou ser transformado em luta. Assim querem que seja daqui para frente. (S.B)

Quando Eduardo nos chamava no final de tarde não fazia despachos administrativos. Fazia coleta de sentimentos” Danilo Cabral - secretário estadual de Planejamento e Gestão

Ele tinha uma capacidade incrível de diálogo e agregar todos. Quando o perdemos, tínnhamos que nos unir ainda mais” Sileno Guedes - presidente estadual do PSB

FOTOS: GUILHERME VERÍSSIMO/DP/D.A PRESS

Por várias razões o ex governador Eduardo Campos é um ato público nas nossas vidas” Evaldo Costa - ex-secretário de Imprensa de Eduardo Campos

O que ele faria numa situação dessas? Diariamente tem alguém que usa essa frase para soluções difíceis. Uma ou várias vezes" Milton Coelho - secretário estadual de Administração

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O LÍDER LÍD

INTERROMPIDO Morte de Eduardo deixou centro-esquerda sem uma liderança capaz de ter papel de destaque na crise atual

VANDECK SANTIAGO vandecksantiago.pe@dabr.com.br

a noite de de 13 de dezembro de 1931 um líder político da Inglaterra atravessou a Quinta Avenida, em Nova York, olhando apenas para um lado. Foi atropelado por um automóvel que vinha do lado oposto a uma velocidade de cerca de 60km. Não morreu por milagre. Pouco mais de uma década depois, deixou de ser uma liderança apenas inglesa para tornar-se mundial. Chamava-se Winston Churchill. Na tarde de 26 de julho de 1953 um jovem advogado cu-

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bano liderou uma revolta contra o governo e foi preso. Ia ser morto pelos militares que o prenderam quando o tenente Pedro Sarría, que os comandava, tomou a frente: “Não o matem! Não se matam as ideias!”. Naquele dia Sarría salvaria a vida do preso mais duas vezes. Seis anos depois o jovem advogado entrou em Havana como o líder de uma revolução vitoriosa. Seu nome: Fidel Castro. Nunca saberemos que rumo a história teria tomado se Churchill tivesse morrido na célebre avenida de Nova York ou se Fidel tivesse sido fuzila-

do após o fracasso da invasão ao Quartel Moncada. Mas podemos dizer uma coisa: a história da Inglaterra, de Cuba e do mundo seria diferente. O que aconteceria se Eduardo Campos não tivesse entrado no jatinho Cessna 560XL, às 9h30, no Rio, com destino a Santos, naquele malfadado 13 de agosto de 2014? Se uma dor de cabeça lancinante, um chamado urgente de última hora, o mau tempo no aeroporto, o cancelamento do evento, uma revelação, qualquer coisa, tivesse impedido seu embarque e o dos demais passageiros e tripulantes?

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Nunca saberemos. Mas podemos dizer: a história seria diferente. Há quem considere que os líderes são apenas personagens de um balé metafórico em que as coisas aconteceriam mesmo se eles não estivessem lá. Outros tomariam os seus lugares e fariam as mudanças que estavam maduras para acontecer. Esse raciocínio amolece quando você vê o papel do líder A ou B e tenta imaginar a ausência dele nos grandes acontecimentos de que participou. Sabem o Hitler? Também sofreu um acidente de carro em 1931, o mesmo ano

do acidente de Churchill. Poderia ter morrido. Não morreu. O resto da história a gente conhece. O fato é que, independentemente de sua dimensão, seja internacional, nacional ou local, o líder faz uma diferença tremenda. Opera mudanças que sem ele não aconteceriam. Empurra a história para um lado ou para outro. E fazem uma falta enorme quando desaparecem. Mais ainda quando o desaparecimento se dá em um momento em que não há sucessores maduros para substituí-los nem antagonistas que pudes-

sem empalmar a liderança em outra direção - é o caso de Pernambuco, agora. Todas as nossas lideranças forjadas no períodos dos anos 1960 a 1980, saíram de cena. Eduardo era a renovação dessa tradição. Dizer que ele faz falta apenas a Pernambuco, porém, é um reducionismo equivocado tanto do ponto de vista geográfico quanto político. Sua ausência faz falta a todo país. Isso não quer dizer pelo amor de Deus, não é isso - que fosse um líder perfeito, um político melhor do que todos os outros, alguém acima das miudezas do mun-


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Ou melhora a política, ou não melhora nada neste país

Eduardo Campos

do bla-blá-blá. Não é por sua tragédia, ou por não estar mais entre nós, que devemos santifícá-lo. Ninguém cabe em um papel tão idealizado quanto este. Por que ele faz falta ao país? Vejamos o momento de hoje. Tomemos o depoimento de quem esteve ao seu lado nos últimos dez anos de sua vida, o marqueteiro Edson Barbosa. “Não tenho dúvidas”, diz Edson, que foi o coordenador de marketing da campanha dele à Presidência, em 2014, “de que Eduardo Campos estaria hoje mobilizando os bons de espírito e defenden-

do a ordem democrática no país”. Ele estaria, afirma Edson, em artigo escrito para a Folha de S. Paulo (03/08/15), “mobilizando as pessoas, andando pelo país, conversando com todos, defendendo a ordem democrática, combatendo o anacronismo regimental da velha política, apontando para o futuro”. Um líder que não sendo pró-governo estaria defendendo a “ordem democrática” se a gente olhar para um lado e outro vê que, fora do governismo, não tem muita gente encarnando este papel (tem o Fernando Henrique,

tem o Geraldo Alckmin, tem o… completem aí). Eduardo descolara-se do PT, antigo aliado, em duas eleições consecutivas: para prefeito do Recife e para a Presidência da República. O caminho que estava seguindo era de uma oposição de centro-esquerda ao PT. Não há ninguém, nenhuma força, ocupando este espaço. Ou seja, as chamadas condições objetivas, que amadurecem as transformações, estão criadas. Faltam as condições subjetivas, que são o terreno onde o líder avança. Quanto maior fosse o fracasso do go-

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verno petista, mais amplo ficaria o caminho para ele. Sob um ponto de vista estritamente pragmático, a atual deterioração do governo Dilma Rousseff seria o melhor momento para a liderança que ele pretendia desempenhar. Eduardo Campos se foi antes que sua liderança pudesse desabrochar por inteiro. Podemos constatar a falta que ele faz, mas jamais saberemos até onde poderia chegar. A história (ou o destino?) tem dessas coisas - às vezes deixa que a narrativa vá até o fim; às vezes preenche só os capítulos iniciais.

Não tenho dúvida de que Eduardo Campos estaria hoje mobilizando os bons de espírito e defendendo a ordem democrática no país” Edson Barbosa - marqueteiro

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