Cartilha Tanques Rede

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CRIAÇÃO DE

TILÁPIAS EM TANQUES-REDE

GUIA TÉCNICO PARA EMPREENDER NA CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUES-REDE


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Criação de tilápias em tanques-rede


Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae

CRIAÇÃO DE Tilápias em Tanques-Rede

Guia Técnico para Empreender na Criação de Tilápias em Tanques-rede

Sebrae Brasília, DF 2016

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© 2016. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998).

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Gustavo Reis Melo Projeto Estruturante AquiNordeste Coordenadora Nacional

Equipe Técnica Coordenadores Regionais (Sebrae/UF) Jucieux de Lucena Palmeira (PB) Maria Lúcia Alves (SE) Coordenadores e Gestores estaduais (Sebrae/UF) Maria Lúcia Alves (SE) Francisco Carlos de Almeida Paulino (CE) João Pinheiro Júnior (PI) Jucieux de Lucena Palmeira (PB) Liza Myrella Cavalcante Melo Bádue (AL) Manoel Affonso M. Ramalho Azevedo (AL) Nancy Nascimento Santos (BA) Marcelo de Oliveira Medeiros (RN) Renato Augusto Gouveia de Carvalho (RN) Walter Pereira Monteiro (MA) Execução Ecofish Consultoria em Aquicultura e Pesca Ltda. Autores Thiago Dias Trombeta Rui Dias Trombeta Bruno Olivetti de Mattos Imagens Ecofish Consultoria Ltda. / Rafael Olivetti Marcelino Projeto Gráfico, Edição e Diagramação Virgínia Medeiros (Dida) - Sebrae Paraíba

Newman Maria da Costa

© 2016. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998). Programa AquiNordeste. Projeto de Integração e Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Região Nordeste do Brasil. Sebrae. Brasília, 2016, P.; Color P.; IL; Color ISBN – 978-85-7333-803-4 Projeto AQUINordeste. 1. Projeto Estruturante AquiNordeste. Aquicultura no Nordeste. Guia Técnico – Empreender na Criação de Tilápias em Tanques-rede.

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PREFÁCIO O Projeto AQUINORDESTE A fim de integrar e fortalecer as cadeias produtivas da tilápia, tambaqui e ostra, os SEBRAE da região Nordeste, a Associação Brasileira dos Sebrae/Estaduais (Abase) e o Sebrae Nacional começaram, em 2012, o planejamento do projeto estruturante AQUINORDESTE. As ações do projeto buscaram fomentar o empreendedorismo aos pequenos negócios aquícolas e contribuir para a competitividade e sustentabilidade ambiental e econômica das cadeias foco do projeto.

Guia Técnico para Empreender na Criação de Tilápias em Tanques-rede Este guia técnico foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas e no conhecimento dos autores, e tem por objetivo orientar os empreendedores que atuam ou pretendem iniciar no segmento da tilapicultura no Nordeste. O guia foi dividido em capítulos e módulos, que direcionam os empreendedores a conhecerem os caminhos da atividade de criação de tilápia em tanques-rede. A estrutura é composta por: 1. A tilapicultura - Cenário atual e características técnicas da atividade; 2. Sustentabilidade ambiental dos reservatórios - considerações sobre capacidade de suporte; 3. Sistema produtivo e equipamentos utilizados - Principais características e materiais necessários para a produção de tilápias em tanques-rede; 4. Etapas para empreender na criação de tilápias em tanques-rede; 4.1 – Módulo I – Identificando as ideias e oportunidades; 4.2 – Módulo II – Construindo o plano de negócios; 4.3 – Módulo III – Regularização ambiental; 4.4 – Módulo IV – Operação do empreendimento; 4.5 – Módulo V – Gerenciamento da piscicultura. Os capítulos iniciais mostram ao público o atual cenário da atividade no mundo, Brasil e Nordeste, além das características biológicas da tilápia. Em seguida, os empreendedores irão conhecer os diferentes materiais que compõem a estrutura de um tanque-rede, além dos equipamentos necessários para o funcionamento de uma piscicultura que atua no sistema intensivo de produção.

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Por fim, o guia mostrará a sequência de etapas que o empreendedor deve seguir para se tornar um empresário do ramo da criação de tilápia em tanques-rede: I - Identificando as oportunidades; II – Construindo o plano de negócios; III – Regularização ambiental; IV – Implantação do empreendimento; V – Operação do empreendimento; e VI – Gerenciamento.

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SUMÁRIO CAPÍTULO 1: A TILAPICULTURA........................................................................................ 11 Histórico da Tilápia............................................................................................................... 16 Características Biológicas da Tilápia.................................................................................... 15

CAPÍTULO 2: SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DOS RESERVATÓRIOS............................ 16 Como é calculado a capacidade de suporte de um reservatório ?...................................... 18 A Importância do Monitoramento e do Uso de Rações de Boa Qualidade ......................... 19

CAPÍTULO 3: SISTEMA PRODUTIVO E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS................................ 21 Características dos materiais usados na fabricação de tanques-rede................................ 23 Equipamentos utilizados na produção em tanques-rede.................................................... 25 Berçários/bolsões................................................................................................................. 25 Comedouros.......................................................................................................................... 25 Balsa de manejo................................................................................................................... 26 Cordas para fixação.............................................................................................................. 27 Sinalização náutica............................................................................................................... 27 Estruturas de apoio.............................................................................................................. 28 Outros equipamentos........................................................................................................... 29 Características dos Tanques-rede........................................................................................ 29

CAPÍTULO 4: ETAPAS PARA EMPREENDER NA CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUES-REDE........................................................................................... 32 MÓDULO I : IDENTIFICANDO IDÉIAS E OPORTUNIDADES............................................... 34 Profundidade:........................................................................................................................ 35 Qualidade de Água................................................................................................................ 36 Acesso e Infraestrutura........................................................................................................ 37 Mão de Obra.......................................................................................................................... 37

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MÓDULO II: CONSTRUINDO O PLANO DE NEGÓCIO....................................................... 38 Sumario Executivo................................................................................................................ 39 Análise de Mercado.............................................................................................................. 39 Identificação dos Clientes..................................................................................................... 39 Identificação dos Concorrentes............................................................................................ 40 Identificação dos Fornecedores............................................................................................ 40 Planos de Marketing, Operacional e Financeiro.................................................................. 41

DESPESAS................................................................................................... 42 Investimentos pré-operacionais........................................................................................... 42 Investimentos Fixos.............................................................................................................. 43 Capital de Giro....................................................................................................................... 43 Custos Fixos.......................................................................................................................... 44 Custos Variáveis.................................................................................................................... 45

RECEITAS..................................................................................................... 46 Avaliação Financeira do Negócio......................................................................................... 46 Ponto de Equilíbrio............................................................................................................... 47 Exemplo Prático - Calculando os indicadores econômicos:................................................ 48 Ponto de equilíbrio................................................................................................................ 49 Prazo de Retorno do Investimento (payback)...................................................................... 50 Rentabilidade........................................................................................................................ 50 Análise Final e Recomendações.......................................................................................... 51

MÓDULO III: REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL..................................................................... 52 O que é ?............................................................................................................................... 52 Por que devo me regularizar ?............................................................................................. 52 Na prática.............................................................................................................................. 52 O que devo fazer para me regularizar ?............................................................................... 53 Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP...................................................................... 53 Autorização de Uso de Águas da União para fins de aquicultura (somente para empreendimentos em águas federais)....................................................... 53 Outorga de Água................................................................................................................... 54 Licenciamento Ambiental.................................................................................................... 54

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MÓDULO IV: OPERAÇÃO DO EMPREENDIMENTO............................................................. 55 Densidade de Estocagem e Fases de criação...................................................................... 55 Doenças e Profilaxia............................................................................................................. 58 Métodos de controle e tratamentos para peixes em tanques-rede.................................... 58 Aquisição dos Alevinos ou Juvenis...................................................................................... 60 Povoamento.......................................................................................................................... 61 Biometria.............................................................................................................................. 62 Repicagens........................................................................................................................... 63 Limpeza dos tanques-rede.................................................................................................. 64 Arraçoamento:...................................................................................................................... 65 Despesca............................................................................................................................... 66 Parâmetros de qualidade de água....................................................................................... 68 Temperatura da água........................................................................................................... 68 Oxigênio dissolvido - OD...................................................................................................... 69 Potencial hidrogeniônico - pH.............................................................................................. 70 Transparência....................................................................................................................... 71

MÓDULO VI: GERENCIAMENTO DO EMPREENDIMENTO................................................... 72 Controle Financeiro.............................................................................................................. 73 Controle Zootécnico:............................................................................................................. 74 Controle de Qualidade de Água............................................................................................ 76

CAPÍTULO 5 BIBLIOGRAFIAS........................................................................................... 77

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1 Capítulo 01

a Tilapicultura

Cenário atual e características técnicas da atividade.

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produção de tilápias no mundo alcançou em 2012 aproximadamente 4 milhões de toneladas, atrás somente das carpas. No período compreendido entre 2002 e 2012 houve um aumento em 220% na produção de tilápias. A China é o país com maior representação, produzindo 25% do total de tilápias. Já nas Américas, o Brasil é o principal país produtor com 60% da produção. No Brasil, a produção de tilápias alcançou no ano de 2013 170 mil toneladas, um crescimento de aproximadamente 700% na última década. As regiões Sul e Nordeste concentram os maiores volumes de produção (IBGE, 2013). Os principais Estados produtores de tilápias no Brasil são Paraná, Ceará e São Paulo, que juntos representam aproximadamente 60% da produção nacional (IBGE, 2013).

A produção de tilápias no Nordeste são procedentes, em sua maioria, da criação em tanquesrede realizadas nos grandes reservatórios da região, sobretudo, no Castanhão, Orós, Itaparica e Moxotó.

No Nordeste, a produção de tilápias foi de aproximadamente 47 mil toneladas. Somente o estado do Ceará foi responsavel pela produção de 64% da tilápia, seguido pela Bahia com 17% (IBGE, 2013).

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Piauí 1% Ceará 64% Maranhão 2%

Rio Grande do Norte 5% Paraíba 2% Pernambuco 6% Alagoas 0,5% Sergipe 3%

Bahia 17%

Dentre os principais municipios produtores de tilápias, três são nordestinos -Jaguaribara/ CE; Orós/CE; e Glória/BA- (IBGE, 2013). A produção desses municípios é concentrada em tanques-rede, com o aproveitamento de reservatórios da União.

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Histórico da Tilapicultura A tilápia é um peixe que foi introduzido no Brasil em meados da década de 50 pela Estação de Piscicultura de Maranguape/ CE, com o objetivo de controlar o excesso de vegetação aquática existentes nos açudes da região. No Brasil, além da tilápia nilótica, existem híbridos das espécies Oreochromis urolepis e Oreochromis mossambicus, além da tilápia vermelha que é obtida a partir de diferentes cruzamentos de espécies e/ou linhagens de tilápias. A espécie Oreochromis niloticus, popularmente conhecida como tilápia do Nilo ou tilápia nilótica, reuni as melhores características para a produção em cativeiro, conseguindo bons índices produtivos em relação a outras espécies cultivadas. As linhagens mais utilizadas para a produção em cativeiro são a Chitralada, Tailandesa e/ou a GIFT (Genetic Improved Farmed Tilapia). A linhagem GIFT é originária das Filipinas, resultado da seleção e cruzamento de oito linhagens de tilápias: quatro silvestres - do Egito, Gana, Quênia e Senegal; e quatro cultivadas - das Filipinas, Israel, Singapura e Tailândia.

A tilápia é originária da África, Israel e Jordânia, estima-se que existam cerca de 70 espécies no mundo.

A tilápia GIFT possui alto desempenho zootécnico considerandose os índices de crescimento, ganho de peso, rendimento de filé e maior rusticidade.

Características Biológicas da Tilápia As tilápias possuem corpo arredondado e comprimido lateralmente. Adaptam-se a temperaturas de 14°C a 33 °C e se alimentam em ambiente natural de plâncton, algas, insetos aquáticos e pequenos crustáceos. Essa diversidade de alimentos na dieta caracteriza o hábito alimentar onívoro da espécie.

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Externamente a anatomia da tilápia é composta por:

escamas

nadadeira dorsal espinhosa

nadadeira dorsal

linha lateral

olho narina boca

nadadeira caldal

nadadeira peitoral

opérculo abertura branquial

A problemática de superpopulação em viveiros através da reprodução de tilápias mal revertidas não afeta diretamente no sistema de produção em tanques-rede.

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nadadeira anal

nadadeira pélvica

As condições climáticas do Nordeste, principalmente pelas altas temperaturas, permite que a espécie reproduza durante o ano inteiro, iniciando a reprodução em função da idade, tamanho e condições ambientais. No sistema de produção de tilápia em tanque-rede não ocorre à reprodução da espécie, pois o acasalamento, fecundação dos ovos e cuidado da prole são prejudicados pelo sistema, que não possui substrato e assim não permite que as matrizes concluam o ciclo reprodutivo.

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2 Capítulo 02

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DOS RESERVATÓRIOS Considerações sobre capacidade de suporte.

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ada a grande extensão de áreas alagadas em reservatórios brasileiros e o crescente cultivo intensivo de peixes em tanques-rede, torna-se necessário estimar adequadamente qual o volume de pescados que pode ser produzido nesses ambientes, sem que haja poluição no ambiente aquático e risco para o produtor. Além disto, se o lago ou reservatório onde pretende-se instalar o empreendimento de produção de peixes apresentar características indesejáveis de qualidade de água o projeto não poderá ser licenciado nos órgãos competentes. A qualidade da água destes ambientes é afetada pelo excesso de nutrientes (principalmente o fósforo e nitrogênio) que são lançados nos lagos por meio das fezes dos animais, adubos de lavouras, decomposição de folhas e matéria orgânica, esgoto de cidades e indústrias, dentre outras fontes. Este excesso de nutrientes na água provoca o rápido crescimento de algas (eutrofização) acarretando na poluição deste ambiente, isto pode ser agravado de acordo com as características do reservatório como profundidade, circulação da água, quantidade de resíduos e água que entra e sai do lago, épocas do ano (seca e cheia), entre outros fatores. Em algumas regiões, como nos açudes do semi-árido nordestino, as condições nesses ambientes favorecem a reciclagem de nutrientes. Devido os lagos serem mais rasos, a luz solar tende a ser maior na superfície do que regiões mais profundas do ambiente aquático. Esta alta disponibilidade de nutrientes e luz nos lagos rasos propicia níveis elevados de algas (fitoplâncton) e crescimento de plantas aquáticas (macrófitas) afetando no processo de eutrofização do ambiente aquático. De acordo com o Instituto Internacional de Ecologia, os principais efeitos da eutrofização são: 99 Anoxia (ausência de oxigênio dissolvido), que causa a morte de peixes e de invertebrados e também resulta na liberação de gases tóxicos com odores desagradáveis; 99 Florescimento de algas e crescimento incontrolável de outras plantas aquáticas;

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99 Produção de substâncias tóxicas por algumas espécies de algas (cianofíceas); 99 Altas concentrações de matéria orgânica; 99 Deterioração do valor recreativo dos reservatórios devido à diminuição da transparência da água; 99 Acesso restrito à pesca e às atividades recreativas devido ao acúmulo de plantas aquáticas; 99 Redução da biodiversidade (menor número de espécies de plantas e animais); 99 Depleção do oxigênio nas camadas mais profundas; 99 Diminuição da produção de peixes causada por depleção de oxigênio na coluna d’água. Portanto, antes de iniciar a produção de peixes nos lagos e reservatórios, deve-se conhecer qual é a capacidade do lago ou reservatório para receber e assimilar os nutrientes (sejam da piscicultura, lavoura, etc..). No entanto, quem avalia a capacidade de suporte e emite a outorga para o uso da água de um reservatório federal, inclusive para fins de aquicultura, é a Agência Nacional de Águas - ANA. Esta agência, por sua vez, para avaliar estes limites de nutrientes adota o modelo desenvolvido por Dillon e Rigler (1974) como critério para definição da capacidade de suporte de um reservatório.

Como é calculado a capacidade de suporte de um reservatório para a produção de pescado? Para definição da Capacidade de Suporte (CP) dos reservatórios existem diversos modelos matemáticos hidrodinâmicos como Dillon e Rigler (1974), Vollenweider (1975), aplicativo MIKE, módulo ECO Lab. (DHI Water e Environment), VISQ (Variáveis que interagem de modo semiquantitativo), STELLA® (Structural Thinking Experimental Learning Laboratory with Animation), QUALRES, ECOPATH Modeling, Pegada Ecológica, DELPH 3D e MOHID (3D Water modelling system) estas ferramentas que simulam a dinâmica das variáveis que ocorrem no ambiente aquático. No entanto, a maioria destas ferramentas necessitam de diversos dados do reservatório e um grande volume de

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informações que são difíceis de serem obtidas. Neste contexto, atualmente a ANA utiliza o modelo Dillon e Rigler (1974), tal modelo baseia-se nas características morfológicas do corpo d’água (área, profundidade e capacidade de renovação de água) e nas características do cultivo (quantidade de ração fornecida e quantidade de peixe a ser produzida - biomassa). Diante disto, apresenta-se sua aplicação de acordo com o demonstrado por Araripe et al. (2006): Dillon & Rigler (1974), considera que: Carga de P-total em g/m2/ano [P-total] mg/L Profundidade média

Fração do P-total retido no sedimento Taxa de renovação de água em volumes por ano

* Modelo indicado pela ANA (Dillon & Rigler, 1987); * Baseado nos níveis de Fósforo Total; * Modificação do modelo original de Vollenweider (1968); * P = Fósforo.

Contudo, a ANA considera-se o incremento máximo de 1/6 da concentração permitida de fósforo pela Resolução Conama nº 357/2005 para corpos hídricos de Classe II o que representa 30 mg/m3 de P-Total. Assim resta para a aquicultura apenas um valor máximo de 5 mg/m3 de P-total na água. Os 5/6 restantes ficariam reservados a outros usos que lançam fósforo no reservatório. Por fim, a ANA avalia o potencial de carga de fósforo no ambiente, depois calcula quanto o reservatório suporta. Em seguida, soma-se as demais outorgas existentes para o reservatório e define se será possível emitir um nova outorga para produção de peixes no respectivo ambiente.

A Importância do Monitoramento e do Uso de Rações de Boa Qualidade na Piscicultura A principal contribuição dos efluentes oriundos da aquicultura provém das dietas e sobras de ração não consumida durante a alimentação, resultando em resíduos sólidos e dissolvidos. Os lançamentos de fósforo em corpos hídricos continentais, são mais preocupantes, pois este composto é geralmente o fator mais limitante para o crescimento das plantas (algas) neste ambiente. Contudo, em alguns reservatórios a elevada entrada de nitrogênio (oriundo principalmente da proteína das rações) pode originar amônia tóxica na água e comprometer a sobrevivência dos peixes.

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Neste cenário, as principais estratégias para a diminuição dos resíduos aquícolas consistem no uso de dietas balanceadas e de melhor digestibilidade dos nutrientes, boas práticas de manejo durante o arraçoamento e utilização de ferramentas que proporcionem o monitoramento deste ambiente aquático. Neste cenário, dentre as recomendações para se conseguir um desenvolvimento sustentável da aquicultura destacam-se o aumento e melhoria das ferramentas de monitoramento, incluindo mecanismos de medições contínuas das condições ambientais, tais como temperatura, pH, turbidez e oxigênio dissolvido o que possibilita aos produtores responderem rapidamente às condições desfavoráveis. Portanto, além de cumprir as exigências legais, o monitoramento (controle da ração, análise dos sedimentos na área dos tanques-rede, medição dos índices zootécnicos e avaliação da qualidade da água) é a principal ação a ser realizada pelo produtor aquícola, uma vez que permitirá maximizar sua produção por meio de uma melhoria na sua gestão, eficiência na produção e diminuição de riscos ambientais, os quais interferem diretamente na capacidade de suporte para produção de peixes em reservatórios.

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3 Capítulo 03

SISTEMA pRODUTIVO E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS Principais características e materiais necessários para a produção de tilápias em tanques-rede.

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A

identificação e classificação de um sistema de produção facilita ao empreendedor o entendimento das características técnicas e ambientais, permitindo que faça a escolha adequada à sua realidade. O sistema de produção em tanques-rede é classificado como intensivo, que depende da intervenção humana constantemente, utiliza altas densidades de estocagem e requer maior esforço e dedicação nos manejos e controle na qualidade de água. As principais caraterísticas que diferenciam a produção de tilápia em tanques-rede e em viveiros são em relação ao custo de implantação e operação, produtividade, manejo, controle da qualidade de água e vulnerabilidade a roubos. CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DE TANQUES-REDE x VIVEIROS ESCAVADOS TANQUES REDE

VIVEIROS ESCAVADOS

Menor custo de implantação

Maior custo com implantação já que são necessárias obras civis para a instalação do empreendimento

Alta produtividade Alta produtividade Produtividade limitada às consições devido a constante troca de água nos ambientais disponíveis e tecnologia tanques-rede., devido a constante empregada. troca de água nos tanques-redes. Fácil observação dos peixes cultivados, permitindo melhor acompanhamento da saúde e crescimento dos peixes

Observação dos peixes limidada aos procedimentos de manejos, no ato da despesa ou biometria.

Não há grande aproveitamento de alimentação natural.

Controle da alimentação natural nos viveiros, melhorando a conversão alimentar.

Impossibilidade de mudanças na qualidade de água, como nos níveis de oxigênio dissolvido que dependem do ambiente

Possibilidade de mudanças na qualidade de água, como nos parâmetros de pH, alcalinidade e principalmente oxigênio dissolvido por meio do uso de aeradores.

Maior suscentibilidade a roubos, já que os tanques-rede podem facilmente serem descolados

Maior segurança quando a roubos, pois a área pode ser isolada.

Com o aproveitamento dos grandes reservatórios de água para geração de energia elétrica e abastecimento público, principalmente na região Nordeste, o Brasil alcançou níveis recordes de produção de tilápias nos últimos anos.

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A produção intensiva em tanques-rede é altamente dependente de mão de obra constante para a realização de atividades rotineiras, como classificações, arraçoamento, biometrias e controle da qualidade da água.

Características dos materiais usados na fabricação de tanques-rede Os tanques-rede são estruturas flutuantes destinadas à criação de peixes, que podem ser construídos com materiais diversos resistentes a força mecânica e a corrosão. Os tanques de pequeno volume são dotados de boias para efetivar sua flutuabilidade, na sua maioria composto por 4 a 6 flutuadores, que podem ser galões plásticos ou em PEAD. Todos os materiais devem ser resistentes à radiação solar e devem suportar e garantir, com margem de segurança, a estabilidade dos tanques-rede em situações de intempéries. Os materiais utilizados na fabricação da estrutura de sustentação dos tanques-rede são normalmente tubos e chapas de alumínio, aço galvanizado, tubos em PVC e barras de ferro. É importante a utilização de materiais leves para facilitar o manejo e que sejam resistentes nos ambientes aquáticos. Na estrutura de sustentação são fixados os flutuadores, comedouros, telas de arame galvanizado e portas/tampas, gerando um tanque-rede pronto para ser instalado no ambiente aquático por meio dos cabos de fixação.

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As malhas utilizadas nos tanques-rede devem apresentar flexibilidade e proteção contra corrosão. Normalmente são feitas de arame galvanizado revestidos com PVC. O tamanho das malhas colocadas nos tanques-rede dependerá do estágio de desenvolvimento dos peixes, variando de 13 a 25 mm. A tampa do tanque-rede pode ser construída com malha maior, com abertura de pelo menos 50% da malha usada no tanque, facilitando na passagem da ração. Para reservatórios que possuem alta transparência da água e locais de intensa luminosidade, recomenda-se o uso de sombrite na tampa para reduzir a incidência de radiação solar amenizando o stress e possíveis predisposições a doenças relacionadas.

Equipamentos utilizados na produção em tanques-rede

Berçários/bolsões Os berçários apresentam malha pequena, de 5 a 8 mm, que impede a fuga dos alevinos e a entrada de predadores. Seu uso se dá na fase inicial de criação, geralmente até o 60º dia do povoamento. Os berçários normalmente são instalados dentro do tanque-rede, em espaço reduzido e altamente adensados com os alevinos. Devido às altas densidades e ao tamanho pequeno da malha, devese realizar a limpeza periódica dos berçários, evitando a colmatação e, proporcionando, maior renovação de água dentro do tanque-rede.

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Comedouros O uso de comedouros é fundamental para manter a ração dentro do tanque-rede, evitando que os pellets passem pela tela do tanque e escapem ao ambiente aquático. Os comedouros são fixados nas laterais internas do tanquerede, permanecendo aproximadamente 20 cm acima do nível da água e 40 cm abaixo.

Devido ao pequeno tamanho da malha dos comedouros, é necessário uma limpeza constante, evitando a colmatação.

Podem ser confeccionados por diversos materiais, mas geralmente se utiliza fio de poliéster revestido de PVC, plástico ou nylon multifilamento com 1 mm (tela mosqueteira).

Balsa de manejo A balsa é uma estrutura de apoio ao manejo, que é utilizada em todo o ciclo de produção, principalmente nas repicagens, classificações, biometrias e despescas. As balsas podem ser fixas, na qual os tanques-rede são deslocados até a balsa, ou móveis, onde a balsa se desloca na linha dos tanques-rede. Geralmente, possuem formato quadrado e são construídas com madeiras, flutuadores, roldanas e cobertura.

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Cordas para fixação No local onde são instalados os tanques-rede recomenda-se o uso de cordas de nylon com espessura de 14 a 20 mm ou cabos de aço esticado ao longo da linha dos tanques-rede. Nas extremidades da amarração, devem ser instaladas as poitas ou âncoras, as quais são inseridas no fundo do reservatório. O peso das poitas depende da quantidade de tanques-rede instalados na linha e do corpo hídrico, além da profundidade e corrente de água. Geralmente as poitas possuem de 500 a 1.500kg.

Para a sinalização da área de produção o empreendedor deve consultar as normativas NORMAM-11 e NORMAM-17 da Marinha do Brasil

Sinalização náutica Recomenda-se seguir as exigências da Capitania dos Portos, com referência às Normas da Autoridade Marítima, especialmente a NORMAM-11 e NORMAM-17 para fixação dessas estruturas e conforme exigência da Marinha para as criações em tanques-rede em águas da União.

Estruturas de apoio As estruturas de apoio à criação de tilápia em tanques-rede são fundamentais para a operação do negócio, proporcionando facilidades e eficiência nas atividades de rotina.

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Para auxiliar na unidade produtiva é importante a construção de um galpão para estocagem da ração, petrechos e materiais diversos. Essa estrutura deve possuir ventilação e ser isenta de infiltrações, evitando o desenvolvimento de fungos e bolores. As rações devem ser armazenadas sobre estrados, evitando contato direto com o piso e parede. Em pequenas unidades produtivas, onde não é possível a construção de um galpão, é fundamental priorizar a estocagem da ração em lugares cobertos e sem umidade, como por exemplo, em estruturas construídas com madeira e lona plástica. O empreendedor deve estar atento a distancia da Área de Proteção Estrutura a beira do reservatório Permanente - APP da beira do reservatório e fazer a construção de estruturas fixas conforme preconizado no código florestal vigente.

Outros equipamentos Para o manejo diário dos peixes e monitoramento da produção, o empreendedor deve adquirir alguns equipamentos. Os principais são:

99 Barco e motor (se necessário); 99 Balsa de manejo; 99 Balanças; 99 Puçás; 99 Baldes; 99 Kit de análise de água;

99 Cordas; 99 Termômetro; 99 Oxímetro; 99 pHmetro; 99 Computador.

Características dos Tanques-rede Os tanques-rede utilizados no sistema intensivo de produção de peixes são estruturas de tela ou rede de formato variável, cercado de todos os lados, permitindo a troca completa de água de maneira contínua e proporcionando a remoção dos resíduos e a oxigenação dentro

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dos tanques-rede. O formato mais utilizado pelo setor produtivo é quadrado ou circular. Porém, são encontrados retangulares, hexagonais, entre outros. Os tanques-rede podem ser de pequeno ou grande volume, dependendo de suas dimensões.

Os tanques circulares, geralmente, possuem maior volume, acima de 25m3

As dimensões de um tanque-rede quadrado mais utilizadas são: 99 Volume: 4,8 m³ (2,0 x 2,0 x 1,20) – malha 17 ou 19 mm; 99 Volume: 6,0 m³ (2,0 x 2,0 x 1,5) – malha 13 ou 19 mm; 99 Volume: 13,5 m³ (3,0 x 3,0 x 1,5) – malha 19 mm; 99 Volume: 18 m³ (3,0 x 3,0 x 2,0) – malha 19 mm. A produtividade dos tanques-rede de pequeno e grande volume está relacionada com as trocas de água no interior dos tanques. Dessa forma, a tabela abaixo relaciona o potencial de troca de água de forma natural em tanques de pequeno e grande volume.

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TABELA

Comparação do potencial de renovação de água entre tanques-rede de diferentes dimensões e Relação ASL: V Dimensões (m x m x m)

Volume (m3)

ASL: Volume (m2 : m3)

Potencial de Renovação de água (%)

1x1x1

1

4:1

100

2x2x1

4

2:1

50

2x4x1

8

1,5:1

38 (25/50)

4x4x2

32

1:1

25

7x7x2

98

0,57:1

14

6 x 11 x 2

132

0,52:1

13 (9/17)

13 x 13 x 2

338

0,31:1

8

11 x 11 x 3

363

0,36:1

9

Fonte: Adaptado de Schimittou, 1995.

Podemos constatar que, tanque-rede de menor dimensão apresenta maior relação entre a área de superfície lateral (ASL em m²) e o volume (V em m³). Assim, quanto maior a relação ASL: V maior é o potencial de troca de água. Uma comparação realizada entre tanques-rede de pequeno volume e alta densidade (PVAD) e os tanques-rede de grande volume e baixa densidade (GVBD) é apresentada na tabela a seguir:

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TABELA

Comparação dos tanques PVAD e GVBD CARACTERÍSTICAS

TR de PVAD

TR de GVBD

Volume útil (m3)

Até 6

Acima de 18

Capacidade de renovação de água

Maior

Menor

Biomassa econômica (kg/m3)

100 a 250

20 a 80

Custo de implantação por m3

Maior

Menor

Porte do empreendimento onde são mais usados

Pequeno

Grande

Tempo de retorno ao capital investido

Menor

Maior

Custo de mão-de-obra/m3 de volume útil

Maior

Menor

Custo da mão-de-obra/kg de peixe produzido

Menor

Maior

Para a escolha do tanque-rede ideal, o empreendedor deve se atentar a produndidade da área, tamanho e tempo de retenção da água do reservatório e produção que deseja alcançar.

Fonte: Ono e Kubtiza, 2003.

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4 Capítulo 04

ETAPAS PARA EMPREENDER NA CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUES-REDE Iniciando o Negócio: PLANEJAMENTO

32

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O

planejamento de um empreendimento tem a função de organizar o negócio em busca de êxito. Quem planeja sabe onde quer chegar e escolhe os melhores caminhos. O caminho deve ser bem conhecido para garantir os melhores resultados.

A figura abaixo monstra as etapas necessárias para o planejamento inicial de um negócio aquícola, ou para empreendimentos já em operação.

01

GERAR IDÉIAS E IDENTIFICAR OPORTUNIDADES Conforme a vivencia, comunicação, intuição e criatividade são detectadas oportunidades de negócio que potencialize retorno econômico atrativo.

02

PLANO DE NEGÓCIO É um documento de planejamento que demonstra a viabilidade de negócios, considerando as operações necessárias, mercado, estratégia de produção e gestão administrativa e financeira. O plano de negócio traça um caminho para o empreendedor, esclarecendo aonde e como chegar aos resultados desejados, diminuindo riscos e potencializando os pontos positivos.

03

REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL Buscar os órgãos competentes para obtenção das autorizações ambientais para a implantação e operação do empreendimento

04 05

IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Após a regularização ambiental nos orgãos competentes é necessário fazer um projeto técnico, contendo o levantamento topográfico, características do solo da propriedade, detalhamento sobre a construção dos viveiros, captação de água, manejo e escalonamento da produção, entre outros aspectos.

GERENCIAMENTO O Empreendedor tem a responsabilidade de gerenciar seu negócio executando o planejamento proposto e mantendo a empresa em constante evolução. O gerenciamento de um empreendimento aquícola passa pelos aspectos técnicos, jurídicos, organizacionais e mercadológicos.

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1

MÓDULO

IDENTIFICANDO IDÉIAS E OPORTUNIDADES

O local é adequado para uma piscicultura em tanques-rede? A escolha do local de implantação da piscicultura é fator determinante para o sucesso do empreendimento. Devem-se priorizar áreas distantes de culturas agrícolas, cidades e/ou indústria, pois nesses locais os efluentes (esgotos domésticos e/ou industriais) podem contaminar o ambiente de criação, prejudicando a qualidade da água e o desenvolvimento dos peixes. Locais com intensa navegação náutica e nas proximidades de clubes recreativos não são adequados para a instalação dos tanques-rede, o intenso movimento pode prejudicar o bem-estar dos peixes, afetando o seu desenvolvimento. A movimentação de embarcações também pode prejudicar as estruturas de criação e o sistema de fundeio, pois as ondas

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formadas pelo tráfego de embarcações podem deslocar as estruturas e consequentemente o sistema de fundeio. Nos locais que formam corredores de ventos e correntes de água intensa, deve-se evitar a instalação dos tanques de pequeno volume, pois pode ocorrer o rompimento das estruturas de fixação dos tanques-rede. Áreas próximas à captação de água para o abastecimento público devem ser evitadas, de modo que o empreendimento não prejudique a qualidade de água para o consumo humano.

Como se trata de uma atividade que o produtor não possui controle da qualidade de água e do entorno do ambiente, alguns cuidados podem ser adotados para melhorar e proteger o empreendimento, como a manutenção das margens com vegetação nativa, evitando a erosão e o assoreamento, e consequentemente a diminuição das partículas sólidas lançadas no ambiente de criação, principalmente nas épocas de chuvas. Outros pontos importantes na escolha do local de criação de peixes em tanques-rede devem ser considerados, entre eles: 99 Antes de o produtor iniciar a atividade, é importante realizar análise da água do local pretendido, evitando assim, a escolha de locais com poluição e baixos níveis de oxigênio; 99 O acesso aos tanques-rede deve ser levando em consideração, uma vez que o produtor irá necessitar de barco, canoas, passarelas ou balsas para o manejo dos peixes; 99 O local pretendido deve possuir um acesso facilitado para a chegada dos insumos produtivos, como ração, equipamentos e alevinos; 99 Áreas que facilitem a segurança do local são importantes, pois, nesse sistema de produção, os peixes são confinados em grandes densidades em um ambiente de fácil acesso, se tornando alvo de furtos.

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Profundidade A Instrução Normativa Interministerial MMA/SEAP nº 7 de 28/04/2005, estabelece diretrizes para implantação dos parques e áreas aquícolas em razão do Decreto nº 4.895/2003. Assim sendo, esta Instrução Normativa Interministerial estabelece na escolha do local, levando em consideração a profundidade, a seguinte diretriz:

É importante considerar o período de estiagem, uma vez que nessa época o nível dos reservatórios diminuem e a produção poderá ficar comprimetida, assim, aconselhase ao produtor fazer uma investigação do histórico de maior déficit de água no reservatório e/ou lago.

99 A profundidade da área selecionada para implantação de cultivos que necessitam de arraçoamento deverá considerar a altura submersa da estrutura de cultivo mais uma distância mínima de 1,50m entre a parte inferior da estrutura e o álveo do corpo d’água, ou a relação de 1:1,75m entre a parte submersa da estrutura de cultivo e o vão livre sob a mesma, prevalecendo sempre a que for maior.

Qualidade de Água A água utilizada na criação de peixes não deve apresentar contaminação e deve dispor de uma quantidade suficiente para operação do empreendimento, considerando o período de estiagem e cheia. Em relação à qualidade da água, diz-se que criar peixes é, antes de tudo, “criar água”, tão grande é a interação e dependência de boa qualidade de água no desempenho zootécnico dos peixes. Logo, para se ter sucesso na criação de

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peixes é fundamental que se tenha água com boa qualidade, nos seus diversos fatores físicos e químicos, principalmente: temperatura; oxigênio dissolvido; potencial hidrogeniônico pH; transparência; e amônia. Segundo a Instrução Normativa Interministerial Nº 06 de 31 de Maio de 2004, o produtor deverá informar quais medidas serão tomadas para manutenção dos padrões de qualidade da água estabelecidas pela Resolução N° 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, para solicitar área aquícola destinada a produção de peixes em tanques-rede.

Acesso e Infraestrutura O acesso até as estruturas de apoio deverá ser observado pelo empreendedor, já que é necessário o trânsito constante de veículos para entrega de insumos e escoamento da produção. É indicada a construção de uma estrutura de apoio em terra, no entanto, deve-se observar o código florestal vigente.

A presença de energia elétrica no local é fundamental, pois proporciona a iluminação aos acessos, margens do reservatório, estruturas em água, galpão de armazenamento de insumos, além do uso de equipamentos que necessitam de energia elétrica.

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Mão de Obra A mão de obra para operação do empreendimento deve ser treinada constantemente para que possam proporcionar bons resultados no manejo diário da atividade. Geralmente, em sistemas de tanques-rede, a mão de obra é fixa e temporária, sendo que os trabalhadores fixos são os técnicos, tratadores e vigilantes. Já os trabalhadores temporários são aqueles que auxiliam nas despescas e classificações.

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2

MÓDULO Construindo o Plano de Negócio

Construindo um Plano de Negócio para Piscicultura em “PASSO A PASSO” O Plano de Negócio é indicado tanto para quem está iniciando na piscicultura como também para empreendimentos já em funcionamento. Essa ferramenta concilia a idéia do empreendedor e os objetivos que se pretende alcançar com a realidade do negócio e principalmente quanto aos resultados financeiros. Dessa maneira, o empreendedor consegue planejar sua produção, maximizar lucros e otimizar a propriedade.

O plano do empreendimento defini claramente a viabilidade de um negócio, reduzindo riscos e maximizando as chances de sucesso do negócio.

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Para a elaboração do plano de negócio, as etapas necessárias são:

01

Sumário Executivo

Análise de Mercado

03

Plano de Merketing

Plano Operacional

05

02

04

Plano Financeiro Estudo de Viabilidade Econômica Avaliação do Plano de Negócios

06

Sumario Executivo É um resumo do plano de negócio que visa detalhar os pontos mais importantes. As principais características que devem conter no sumário executivo são: 99 o que é o negócio; 99 quais os principais produtos que irá produzir; 99 quem serão seus principais clientes; 99 onde será localizada a empresa; 99 o montante de capital a ser investido; 99 que lucro espera obter do negócio;

40

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99 em quanto tempo espera que o capital investido retorne.

Análise de Mercado É uma ferramenta que orienta o empreendedor quanto aos seus clientes, consumidores, concorrentes, características do produto, vendas e preços. As principais características que devem conter na análise de mercado são:

Identificação dos Clientes Identificar seus clientes, saber quais produtos, porque compram e separá-los por segmento: Se o cliente é o consumidor final, identificar: 99 hábitos de compra; 99 renda; 99 nível cultural; 99 estilo de vida. Se o cliente é uma empresa ou intermediários: 99 como decidem as compras; 99 quem decide as compras.

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Com essas informações é possível definir os canais de comercialização e distribuição, apresentação e processamento do produto, plano de comunicação e políticas de preços.

Identificação dos Concorrentes Os concorrentes devem ser avaliados conforme seu nicho de mercado, devendo saber: 99 conhecer as características de seus produtos; 99 benefícios; 99 preços; 99 como vendem; 99 porque compram do concorrente; 99 se possuem recursos financeiros e tecnológicos para uma possível reação.

Identificação dos Fornecedores São aqueles que fornecem insumos, materiais, equipamentos e serviços ao empreendedor. É importante manter um cadastro atualizado dos fornecedores e selecioná-los, principalmente por:

O plano de marketing possibilita ao empreendimento superar os concorrentes, posicionando a marca com visibilidade no mercado consumidor.

99 melhores condições de preço; 99 qualidade do produto; 99 condições de pagamento; 99 prazo e condições de entrega; 99 assistência técnica (quando couber); 99 peças de reposição (para equipamentos).

Planos de Marketing, Operacional e Financeiro Orienta o empreendedor de que maneira deve oferecer seu produto ao mercado, tomando em consideração o tamanho do nicho e onde se encontra. No plano de marketing deve conter: 99 quais produtos serão oferecidos; 99 que linhas de produtos trabalha;

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99 diferenciação à concorrência; 99 tamanho e características físicas do produto; 99 embalagem, apresentação, rótulo e marca.

Plano Operacional Defini e descreve o processo de produção, segmentando setores e atividades. É o momento de saber como o empreendimento irá funcionar.

O plano operacional de uma piscicultura em tanques-rede estabelece e organiza as operações necessárias na produção dos peixes até sua entrega ao cliente final.

Os principais pontos a serem considerados no plano operacional são: 99 capacidade de produção instalada; 99 descrição dos insumos necessários; 99 descrição dos equipamentos e materiais; 99 número de funcionários; 99 cargos e responsabilidades nas atividades de rotina; 99 estrutura de apoio e armazenamento; 99 método e tempo para cada atividade.

Plano Financeiro/Estudo de Viabilidade Econômica

É o principal componente do plano de negócios, no qual reúne todas as ações planejadas em números econômicos, demonstrando a atratividade e viabilidade econômica do negócio. Nessa etapa se determina o investimento de implantação e operação do empreendimento.

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As principais informações geradas são: 99 Montante de investimento para implantação e operação do negócio; 99 Custo de produção; 99 Indicadores econômicos. Para alcançar os resultados do plano financeiro/estudo de viabilidade na piscicultura, sugere-se segmentar as informações da seguinte forma:

Despesas

Investimentos pré-operacionais Corresponde aos gastos realizados antes do início da implantação do empreendimento: 99 Elaboração do plano de negócio; 99 Projeto técnico, incluindo instalação dos tanques-rede e estruturas de apoio; 99 Projeto produtivo, incluindo sistema de produção, manejo alimentar, entre outros; 99 Registro e regularização da empresa; 99 Regularização ambiental, incluindo serviços e taxas para a autorização de uso da área aquícola, licenciamento ambiental, outorga da água, licença de aquicultor e estudos e análises ambientais (quando necessário);

Investimentos Fixos Corresponde aos bens que devem ser adquiridos para funcionamento do negócio. Devem-se orçar todos os itens a serem comprados. Na piscicultura de tanques-rede os principais itens são: 99 Construção das estruturas de apoio, incluindo galpão de armazenamento de insumos, balsa de apoio ao manejo e escritório;

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99 Implantação dos tanques-rede na água e estruturas de fundeio; 99 Equipamentos de qualidade de água, como termômetro, oxímetro e pHmetro; 99 Materiais de uso permanente, como puçás, caixas plásticas, cordas, luvas e balanças; 99 Equipamentos de apoio à produção, como classificadores, mesas e bombas de água; 99 Equipamentos de apoio administrativo, como computador e impressora; 99 Compra de veículos, como trator, camionete e automóvel.

Capital de Giro É o valor para operação do empreendimento compreendendo os custos fixos e variáveis, para no mínimo custear o primeiro ciclo produtivo.

Custos Fixos São os gastos que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição da produção, ou seja, produzindo-se 2 ou 3 toneladas de peixes, os custos fixos não irão alterar. Os principais custos são: 99 Mão de obra direta (trabalho diretamente empregado na produção); 99 Mão de obra indireta (trabalho administrativo, gerencial e de supervisão à produção); 99 Pró-labore do empreendedor e/ou sócios; 99 Depreciação de equipamentos, materiais, veículos, entre outros; 99 Impostos sobre os veículos como IPVA e seguro obrigatório; 99 Seguro dos veículos.

O INVESTIMENTO TOTAL é a soma dos investimentos pré-operacionais + investimentos fixos + capital de giro. Esse é o valor que o empreendedor ou empresa deve possuir antes de iniciar o negócio, seja por meio financeiro e/ou recursos próprios.

O pró-labore é uma remuneração que pode ser inserida nos custos fixos da empresa como uma forma de remunerar os sócios e donos.

Para os funcionários fixos, o empreendedor deve considerar ainda, os custos com encargos sociais, como FGTS, férias, 13º salário, INSS, horas extras e aviso prévio.

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Exemplo prático de como calcular a depreciação de um bem:

A depreciação ou desvalorização é a redução de valor dos bens decorrentes do desgaste natural ou perda de utilidade.

Nome do bem

Valor do bem

Tempo médio de vida útil

Tanque-rede de 6m2

R$ 1.800,00

10 anos

Valor do bem Tempo médio de vida útil

R$ 1.800,00 10 anos

= R$ 180,00 ao ano

Custos Variáveis São gastos que variam proporcionalmente de acordo com o volume de produção. Os valores dos custos variáveis dependem diretamente do volume produzido, por exemplo, em um ciclo produtivo os principais gastos na piscicultura de tanques-rede são:

Na piscicultura em tanques-rede os custos variáveis representam o principal custo para operação de negócio podendo passar de 90% do custo de produção. O principal item do custo variável é a ração.

99 Alevinos; 99 Rações para cada fase de desenvolvimento do peixe; 99 Substancias profilática e medicamentos, como o sal e outros; 99 Combustíveis e lubrificantes para veículos; 99 Energia elétrica; 99 Mão de obra temporária como auxílio em atividades de manejo; 99 Terceirização de serviços esporádicos, como manutenção de equipamentos, consultorias, entre outros.

Receitas As receitas são todos os recursos provenientes da venda dos itens produzidos e comercializados pela empresa. Na produção de peixes, as receitas devem ser estimadas de acordo com a produção em kg e multiplicada pelo preço médio de venda do kg dos peixes.

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É importante o empreendedor não misturar seus gastos pessoais com receitas da empresa, pois isso pode ocasionar prejuízos e até a falência do negócio. É recomendável que o empreendedor registre os dados de entrada dos recursos financeiros como a data de recebimento, origem da receita, forma de pagamento e valor.

Avaliação Financeira do Negócio Após reunir todas as informações de despesas e receitas, chegou a hora de analisar os dados financeiros, permitindo assim verificar a saúde financeira do negócio e ajustar possíveis inconsistências. Os dados gerados na avaliação financeira permitem clarear e dimensionar as reais capacidades de lucro que o negócio possui, além de proporcionar um entendimento gerencial dos itens de despesas e receitas, principalmente sobre os custos, sendo possível trabalhar estratégias para minimizá-los.

O valor da venda estabelecido por quilograma de peixes é fundamental para a determinação da receita esperada pelo empreendedor.

Uma simples análise comparativa entre a diferença de despesas e receitas é o indicativo mais importante do negócio, demonstrando se ele irá operar com lucros ou prejuízos e se atende as expectativas do empreendedor.

Os principais indicadores econômicos de um negócio são: PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS DE UM NEGÓCIO O QUE É COLOCANDO EM PRÁTICA Representa o faturamento mínimo que a empresa O empreendedor deve concentrar seus deve possuir para não ter esforços para ultrapassar o ponto de Ponto de Equilíbrio prejuízos. É quando as equilíbrio, pois somente após isso se receitas se igualam aos conseguirá obter lucro. custos. Prazo de Retorno É o tempo necessário para Quanto menor o tempo de retorno mais do Investimento se recuperar o investimento atrativo é o negócio. total realizado no negócio (payback) É obtido em percentual por unidade de É um indicador de tempo. Representa o quanto está sendo atratividade, que representa o recuperado do total investido no negócio. Rentabilidade retorno do investimento total Esse valor pode ser comparado a outros ao empreendedor. segmentos produtivos para tomada de decisões. INDICADOR

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Exemplo Prático - Calculando os indicadores econômicos: Na implantação de um empreendimento de produção de tilápias em tanques-rede investiu-se R$ 800.000,00 (investimentos pré-operacionais + investimentos fixos + capital de giro) para produção estimada de 180 mil quilos (180 t) ao ano. O preço de venda da tilápia in natura no mercado local foi de R$ 5,00 por quilograma. Os custos fixos como mão de obra, entre outros somam R$ 120.000,00 e os custos variáveis, como alevinos, ração, entre outros, somam R$ 600.000,00. Os dados gerados são:

Exemplo prático: Receita total = R$ 9.000.000,00 (180.000 x R$ 5,00) Custo Fixo Total = R$ 120.000,00 Custo Variável Total = R$ 600.000,00 Os cálculos e resultados dos indicadores econômicos obtidos foram:

Ponto de equilíbrio Custo Fixo Total Índice da margem de contribuição R$ 120.000,00 Ponto de Equilíbrio = 0,33 Ponto de Equilíbrio = R$ 363.636,00 Margem de contribuição Índice da margem de (receita total - custo variável total) contribuição= Receita Total Ponto de Equilíbrio =

Índice da margem de contribuição =

R$ 900.000,00 - R$ 600.000,00 R$ 900.000,00

Índice da margem de contribuição = 0,33 48

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Interpretação: o empreendimento deve obter R$ 363.636,00 em receitas totais para igualar todos os seus custos durante o ano. É o valor mínimo para o negócio não ter prejuízos. A partir desse valor o empreendedor começa a acumular lucros.

Prazo de Retorno do Investimento (payback) Ponto de Retorno = do Investimento

Investimento Total Lucro Líquido ao ano

Prazo de retorno = do Investimento

R$ 800.000,00 R$ 180.000,00

Prazo de Retorno do Investimento = 4,4 anos Interpretação: Após 4,4 anos de operação do negócio, o empreendedor, terá recuperado, por meio do lucro obtido na produção, o investimento inicial realizado para implantação do negócio.

Rentabilidade Rentabilidade =

Rentabilidade = Rentabilidade =

Lucro Líquido Investimento Total R$ 180.000,00 R$ 800.000,00 22,5

x

x 100

x 100 100

Interpretação: Indica que 22,5% do investimento está sendo recuperado ao ano.

Deve-se considerar que a entrada de recursos ao negócio são geradas a partir do término do ciclo produtivo, que geramente ocorre após 6 a 8 meses em tanques-rede.

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Na piscicultura, alterações no manejo produtivo, manejo alimentar, preço da ração e preço de venda do produto final, podem trazer diferentes cenários de viabilidade econômica para o negócio.

Análise Final e Recomendações O plano de negócio deve acompanhar constantemente o empreendedor na gestão do seu negócio, ele atua como um mapa de percurso, e precisa responder as seguintes perguntas: 99 O negócio é economicamente viável?´ 99 Atende as expectativas atuais e futuras? 99 Compensa o investimento?

É recomendável que o empreendedor busque se capacitar tanto nos aspectos técnicos da produção quanto gerenciais e administrativo do negócio.

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O plano de negócios auxilia na tomada de decisões na implantação e operação do negócio, mantendo o foco nas estratégias definidas no plano. A estratégia pode ser entendida como a combinação entre os resultados que a empresa busca e os meios utilizados. Os meios utilizados devem ser originados a partir dos resultados que se pretende alcançar. As ações devem ser originadas a partir das metas estabelecidas no plano. Ao estabelecer as estratégias, é importante avaliar os pontos fracos e fortes e as ameaças e oportunidades, esse instrumento de análise é conhecido como F.O.F.A: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, que leva o empreendedor a pensar em aspectos favoráveis e desfavoráveis do seu negócio.

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3

MÓDULO REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL

Como se Regularizar? O que é? A regularização ambiental é o conjunto de procedimentos legais, obrigatórios para atividades que utilizam recursos naturais. O empreendedor deve realizar os procedimentos de regularização antes de iniciar na atividade.

Por que devo me regularizar? Além de ser uma exigência jurídica da legislação ambiental, a regularização tem o objetivo de controlar e equilibrar o uso racional dos recursos naturais, estabelecendo regras de controle e monitoramento de acordo com as legislações vigentes e órgãos ambientais.

Os principais benefícios para os produtores regularizados são: Melhor planejamento financeiro a médio e longo prazo, expansão a novos mercados, segurança quanto à atuação de fiscalização ambiental e facilidade de acesso a crédito.

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Na prática É importante demonstrar que a regularização ambiental não é somente um procedimento burocrático, mas sim uma questão de segurança operacional e continuidade do negócio. Incentiva o empreendedor a melhorar o uso do recurso natural na produção, promovendo o desenvolvimento sustentável da atividade. Devido à piscicultura precisar constantemente de água de boa qualidade, é fundamental o empreendedor cuidar e fiscalizar o ambiente onde estão instalados os tanques-rede, e regiões de entorno.

O que devo fazer para me regularizar? Ao iniciar a regularização da piscicultura em tanques-rede, o empreendedor deve primeiramente saber a dominialidade do reservatório ou lago, ou seja, quem é o responsável jurídico pelo gerenciamento desses locais. O domínio das águas pode ser classificado em:

Águas de domínio Estadual

São aqueles rios, córregos, lagos e canais com seu curso desde a nascente até a foz passando apenas dentro de um Estado.

Águas de domínio Federal ou águas da União

São aqueles rios e reservatórios que fazem divisa entre Estados ou países, assim como as águas armazenadas em reservatórios construídos com recursos da União e o Mar Territorial Brasileiro incluindo baías, enseadas e estuários.

Depois da classificação de dominialidade da água o empreendedor deverá procurar os órgãos ambientais competentes para o início dos procedimentos de regularização. As principais regularizações e órgãos ambientais envolvidos são:

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Criação de tilápias em tanques-rede


Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP O que é: é um instrumento que visa contribuir para a gestão e

o desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira. Para o aquicultor, o RGP é dividido em registro e licença de aquicultor. Quem faz: Ministério da Pesca e Aquicultura

Autorização de Uso de Águas da União para fins de aquicultura (somente para empreendimentos em águas federais) O que é: É uma autorização com prazo determinado concedida

a pessoas físicas ou jurídicas que se enquadrem à legislação vigente para produção de organismos aquáticos. As duas principais modalidades são: Área Aquícola: São destinadas a projetos de aquicultura,

individuais ou coletivos. Parque Aquícola: É um conjunto de áreas aquícolas, delimitado

pelo governo federal, com estudo prévio. Quem faz: Ministério da Pesca e Aquicultura

Outorga de Água O que é: Instrumento que o Poder Público, autoriza, por um

prazo determinado, o empreendedor a fazer uso de um bem público, a água. A outorga assegura o controle de qualidade e quantidade da água utilizada. Quem faz: se a água for de domínio estadual é responsabilidade

das secretarias de recursos hídricos dos Estados ou dos Órgãos Estaduais do Meio Am­ biente – OEMA, como as secretarias de meio ambiente. Já em águas federais a outorga de água é emitida pela Agência Nacional de Águas - ANA.

Licenciamento Ambiental O que é: busca controlar a intervenção de atividades humanas

sobre o meio ambiente, garantindo o equilíbrio entre o

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desenvolvimento econômico e o uso racional dos recursos ambientais. Onde fazer: tanto em águas estaduais como em águas federais

é realizado nos Órgãos Estaduais do Meio Am­biente – OEMA ou em prefeituras municipais desde que autorizadas pelo OEMA.

Principais Regularizações necessárias ao Empreendedor em Tanques-rede.

REGISTRO E LICENÇA DE AQUICULTOR Em águas Estaduais ou Federais

OUTORGA DE DIREITO DE USO DA ÁGUA Em águas Estaduais

Onde fazer:

Nos OEMAs* ou Secretarias de Recursos Hídricos do Estado

Em águas Estaduais ou Federais

Somente para empreendimentos em águas federais

Onde fazer:

Onde fazer: Ministério da Pesca e Aquicultura

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

UTILIZAÇÃO DE USO DE ÁGUAS DA UNIÃO PARA FINS DE AQUICULTURA

Em águas Federais

Nos OEMAs* Onde fazer: ou prefeituras Ministério da Pesca e municipais**. Ex. Aquicultura Secretarias de Meio Ambiente Estaduais

Onde fazer: Na Agência Nacional de águas - NA

Dicas para a Operação Diária da

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4

MÓDULO OPERAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Piscicultura em Tanques-rede Densidade de Estocagem e Fases de criação O produtor de tilápias em tanques-rede pode adotar de acordo com suas condições, um sistema de fases específico, no qual se destaca:

Sistema Monofásico: 99 Criação de tilápia em uma única fase; 99 Compra dos juvenis de tilápia em empresas idôneas; 99 Não há repicagem; 99 Densidade de estocagem: varia de acordo com o tamanho do tanque-rede (pequeno, médio ou grande volume), geralmente entre 100 A 150 peixes/m³; 99 Peso inicial: 30 a 50g;

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99 Peso final: Peso comercial (entre 800g a 1,2 kg); 99 Mortalidade aproximada: 5%.

Sistema Bifásico: 99 Criação de tilápia em duas fases; 99 Compra dos alevinos de tilápia em empresas idôneas; 99 01 Repicagem: 99 Densidade de estocagem na fase 01: varia de acordo com o sistema utilizado; Viveiro escavado: varia entre 50 a 80 peixes/m² (aconselha-se o produtor nesta fase, a utilização de viveiros, proporcionando aos alevinos melhor crescimento e sobrevivência); Berçários/Bolsões: varia de 500 a 1.000 peixes/m³ dependendo do tamanho do tanque-rede; 99 Densidade de estocagem na fase 02: varia de acordo com o tamanho do tanque-rede, geralmente entre 100 a 150 peixes/m³; 99 Peso inicial da fase 01: 1g; 99 Peso final da fase 01: 30 a 50g; 99 Peso inicial da fase 02: 30 a 50g; 99 Peso final da fase 02: Peso comercial (entre 800g a 1,2

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kg); 99 Mortalidade aproximada: Fase 01: 15%; Fase 02: 5%.

Sistema Trifásico: 99 Criação de tilápia em três fases; 99 Compra dos alevinos de tilápia em empresas idôneas; 99 02 Repicagens: 99 Densidade de estocagem na fase 01: varia de acordo com o sistema utilizado; Viveiro escavado: varia entre 50 a 80 peixes/m² (aconselha-se o produtor nesta fase, a utilização de viveiros, proporcionando aos alevinos melhor crescimento e sobrevivência); Berçários/Bolsões: varia de 500 a 1.000 peixes/m³ dependendo do tamanho do tanque-rede; 99 Densidade de estocagem na fase 02: varia de acordo com o tamanho do tanque-rede, geralmente entre 250 a 300 peixes/m³; 99 Densidade de estocagem na fase 03: varia de acordo com o tamanho do tanque-rede, geralmente entre 100 A 150 peixes/m³; 99 Peso inicial da fase 01: 1g; 99 Peso final da fase 01: 30 a 50g; 99 Peso inicial da fase 02: 30 a 50g; 99 Peso final da fase 02: 200g;

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99 Peso inicial da fase 03: 200g; 99 Peso final da fase 03: Peso comercial (entre 800g a 1,2 kg); 99 Mortalidade aproximada: Fase 01: 15%; Fase 02: 5%; Fase 03: 3%.

Doenças e Profilaxia Os peixes criados em cativeiro estão mais vulneráveis a doenças por estarem confinados. Em tanques-rede, as enfermidades encontradas, na maioria das ocasiões, se devem ao manejo incorreto e as condições ambientais. As enfermidades mais comuns encontradas na criação de tilápias são: 99 Aeromonose: provoca infecções, aumento do abdômen, lesões em todo corpo, perda de apetite e natação errônea. 99 Estreptococose: causam úlceras na superfície corporal, olhos opacos, corpo escuro e perda de equilíbrio. 99 Pseudomonose: sintomas similares aos da aeromonose. 99 Saprolegniose: redução da atividade metabólica, natação vagarosa e infecções na superfície corporal e nas brânquias. 99 Argulose: lesões nos tecidos corporais e infecções.

Métodos de controle e tratamentos para pei58

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xes em tanques-rede Os métodos de controle de doenças, que garantem a saúde dos peixes, consistem em programas de prevenção e manejo correto da produção. Pode se usado como método de prevenção à desinfecção dos tanques-rede e correto manejo alimentar dos peixes. Todos os materiais e petrechos utilizados na produção devem, periodicamente, passar por desinfecção. O método de prevenção mais utilizado é o banho de sal, devido à facilidade e baixo custo. A quantidade de sal e tempo de banho depende do grau da infecção e do tipo de enfermidade. Recomenda-se utilizar de 2 a 10 gramas de sal para cada litro de água, em um tempo de imersão de 30 a 60 minutos, dependendo da enfermidade. Quanto maior a quantidade de sal, menor o tempo do tratamento. Para realizar esses banhos, é necessário que o produtor tenha em sua propriedade caixas adequadas.

Quando a prevenção não for suficiente, o produtor deve realizar tratamentos nos peixes doentes, porém esses tratamentos dependerão do tipo de infestação e do microorganismo atuante. Lembrando que um técnico responsável deverá ser consultado.

O quadro abaixo descreve as finalidades do uso do sal na piscicultura.

USO DO SAL

DOSE (%) / (KG/1.000L)

TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Na depuração para o transporte

0,3 a 0,6% / 3 a 6

Tempo indefinido

Na água de transporte

0,5 a 0,8% / 5 a 8

Tempo indefinido

Controle de parasitos (protozoários e monogenóides)

5% / 50 2 a 3 % / 20 a 30 1 a 1,2% / 10 a 12

Banhos de 20 segundos a 2 minutos Banhos de 2 a 20 minutos Banhos de 4 a 12 horas

Controle de fungos nos peixes

2% a 20

Banhos de 5 a 20 minutos

Fonte: Revista Panorama da Aquicultura, edição setembro/outubro, 2007.

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O tratamento por ingestão de medicamento por meio da ração apresenta alto custo e não é garantia de sucesso, devido ao fato do peixe, dependendo da doença, perder o apetite e com isso o problema se agravará ainda mais.

Vacinas Outro método importante que está crescendo no Brasil é a vacinação, principalmente na tilapicultura, apesar de ser um processo novo, seus resultados são satisfatórios. O uso da vacina no Brasil para a piscicultura foi autorizada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Esse procedimento atua na proteção dos peixes contra a estreptococose, que é uma doença provocado por bactérias que afeta o sistema nervoso central, ocasionando escoriações, úlceras e ferimentos na musculatura dos peixes. Este método deve ser aplicado em juvenis de 30 gramas com 60 a 70 dias de vida, o que beneficia o sistema imunológico, criando mecanismos de defesa do organismo, evitando que o peixe seja infectado. A forma de aplicação é por via intraperitoneal, o que favorece a redução da contaminação e mortandade dos peixes. Ainda, é adotado o uso de anestésicos naturais com solução salina, proporcionando aos peixes a redução do ritmo cardíaco e metabólico durante a vacinação. Os benefícios deste procedimento aos peixes são: 99 Proteção contra estreptococose; 99 Eficiência produtiva; 99 Melhor qualidade do pescado produzido;

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99 Redução da mortalidade durante o ciclo produtivo; 99 Redução do uso de antibióticos e medicamentos agropecuários durante a criação, beneficiando o meio aquático e o produto final.

Aquisição dos Alevinos ou Juvenis Na compra dos alevinos ou juvenis é recomendável selecionar fornecedores e empresas idôneas e conhecidas no mercado, que forneçam os alevinos com qualidade, principalmente quanto a sua genética, padronização no tamanho, quantidades, sobrevivência, taxa de reversão sexual e correto transporte. No momento da entrega dos alevinos o produtor deve avaliar se a coloração está uniforme, sem lesões ao longo do corpo, escamas completas, natação viva e corpo brilhante.

Povoamento Após verificar a qualidade dos alevinos o produtor deve realizar o povoamento nas estruturas de produção, em horário que a temperatura ambiente esteja mais baixa (inicio da manhã ou final da tarde). As recomendações para a soltura dos alevinos nos tanques-rede a fim de evitar mortalidades por choque térmico são: Fazer a aclimatação, deixando a embalagem fechada dentro do tanque-rede durante 10 a 20 minutos. Esse procedimento equilibra de forma gradual a temperatura da água da embalagem com a do corpo hídrico que estão os tanques-rede.

É aceitável nos primeiros 5 dias, uma mortalidade de até 5% do volume de peixes estocados. Porém o produtor deve corrigir a quantidade de ração ofertada.

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Após a aclimatação, deve-se abrir a embalagem e misturar a água do tanque-rede com a água da embalagem, para assim finalizar a aclimatação. É possível observar que nos primeiros dias o apetite dos peixes aumentará gradativamente, devendo o produtor ajustar a oferta de ração.

Biometria A biometria é uma prática fundamental na piscicultura, pois proporciona ao produtor o acompanhamento do crescimento dos peixes ao longo do ciclo de produção. Deve ser feita periodicamente, realizando a pesagem de parte dos peixes estocados nos tanques-rede.

A amostragem dos peixes pode ser feita utilizando puças.

O processo de biometria é fundamental para o ajuste da quantidade de ração a ser fornecida diariamente, evitando o desperdício ou desnutrição dos peixes. É indicado fazer a biometria a cada 15 – 20 dias, sendo necessário a manipulação dos peixes com cuidado e rapidez, de preferência nas primeiras horas da manhã, após 24 horas de jejum. A quantidade de peixes capturados é variável e dependerá do número total de peixes estocados no tanque-rede. É recomendada a pesagem de no mínimo 30 peixes.

Repicagens A repicagem é o procedimento de transferência dos peixes de uma fase para outra, por exemplo, da alevinagem para engorda, quando se transfere os peixes do berçário para os tanques-rede de malha maior.

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Após os peixes atingirem peso entre 30 e 50g, esses são repicados para tanques-rede sem a presença de berçario, uma vez que, com o tamanho atingido esses não conseguem escapar das malhas de maior tamanho. Na criação de tilápia em tanquesrede, diferentemente dos viveiros, são realizadas normalmente 2 – 3 repicagens por ciclo, dependendo do nível tecnológico (maquinários e estrutura) adotado pelo produtor para lidar com este tipo de manejo. Em alguns polos de produção de tilápias em tanques-rede da região Nordeste os produtores de engorda adquirem diretamente o juvenil (em torno de 20g), diminuindo o tempo e o esforço de manejo em um ciclo produtivo. As repicagens em geral são realizadas com o auxilio de puçás ou redes, baldes, balanças, dentre outros equipamentos. Em algumas pisciculturas com maior volume de produção o uso de classificadores já é uma realidade. A classificação e contagem com o uso de máquinas otimiza tempo, mão de obra e aumenta a qualidade no manejo. Dependendo do volume de produção do empreendimento os maquinários podem ser muito rentáveis e o mercado já oferece algumas opções de máquinas.

Os principais objetivos da repicagem são o controle da biomassa de peixes nos tanques e obter lotes mais homogêneos, pois também se realiza a classificação por tamanho. É recomendado o uso de sal no momento da repicagem.

Limpeza dos tanques-rede Para que as estruturas de produção tenham uma maior vida útil, o produtor deve realizar manejos periódicos de limpeza para evitar a colmatação, que prejudica a troca de água dentro dos tanques-rede, alterando dessa forma alguns parâmetros de qualidade de água, como é o caso do oxigênio dissolvido. Essa prática favorece o melhor desenvolvimento dos peixes, principalmente em ambientes que a colmatação é intensa.

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O produtor pode adotar alguns métodos para diminuir a colmatação, dentre os quais se destacam: 99 Uso de peixes iliófogos (se alimentam de lodo e detritos orgânicos), como curimbatás e/ou cascudos, na densidade de 5 a 6 peixes/m³; 99 Limpeza com escovões ao longo do cultivo (frequência: depende da intensidade da colmatação). Ao final do ciclo produtivo o produtor poderá expor os tanques ao sol durante cinco dias, a fim de proceder na limpeza e desinfecção. A ocasião pode ser aproveitada para verificar as condições deste equipamento (flutuadores, comedouros, malhas e estruturas).

Arraçoamento:

Na produção de tilápia o item mais oneroso é a alimentação dos peixes, que pode chegar a 70% do custo total. Assim, é fundamental que o empreendedor busque empresas idôneas, com marcas consolidadas no mercado e que façam constantemente análises de seus produtos. Na prática, os valores de proteína bruta é o principal fator utilizado pelos criadores na aquisição da ração, sendo importante a troca de informações junto a outros piscicultores da região sobre sua qualidade e eficiência. Para que alimentação dos peixes seja realizada de maneira eficiente, o empreendedor deverá seguir uma tabela de

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arraçoamento (ato de fornecer rações aos peixes) para cada fase de desenvolvimento. O arraçoamento deve atender as exigências nutricionais dos peixes com a granulometria própria para cada fase de seu desenvolvimento. Na tabela a seguir está descrito as recomendações sobre o fornecimento de rações para diferentes fases da tilápia do Nilo.

PESO MÉDIO INICIAL (G)

Dependendo da fase de desenvolvimento do peixe, a frequência de arraçoamento aumenta ou diminui, bem como o percentual em relação a biomassa.

PESO TIPO DE MÉDIO GRANULOMETRIA FREQUÊNCIA RAÇÃO DIÁRIA RAÇÃO FINAL (MM) DIÁRIA (%BIOMASSA) (% PB) (G)

1

5

50

6 vezes

25

5

15

42

1 a 2 mm

4 vezes

10

15

25

42

1 a 2 mm

4 vezes

7

25

45

36

2 a 4 mm

4 vezes

6

45

75

36

2 a 4 mm

4 vezes

5

75

175

32

4 a 6 mm

3 vezes

4

175

350

32

4 a 6 mm

3 vezes

3

350

700

32

6 a 8 mm

3 vezes

2

700

1200

32

6 a 8 mm

2 vezes

1

Tabela - Recomendação de fornecimento de rações para Tilápia do Nilo, em diferentes fases de desenvolvimento (adaptado de GONTIJO et al., 2008).

O esquema abaixo demonstra um exemplo de ajuste de arraçoamento para um tanque-rede com 1.200 peixes com média de peso de 500 gramas, após a realização da biometria.

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- Peso médio de amostragem = 500 gramas ou 500 ÷1000 = 0,500kg - Número de peixes no tanque-rede = 500 peixes - Porcentagem da biomassa (valor tabela de arraçoamento) = 2% ou 2 ÷ 100 = 0,02 - Quantidade de ração a ser ofertada no dia = 0,500 kg x 500 peixes x 0,02. - Quantidade de ração a ser ofertada no dia = 5 kg. - Quantidade de ração a ser ofertada em cada refeição = 5 ÷ 3 = 1,66 kg Despesca Antes de realizar a despesca, ou seja, a retirada dos peixes dos tanques-rede para venda é preciso estabelecer os custos de produção e determinar o preço de venda do peixe. Antes do abate os peixes devem passar por um período de jejum de 24 horas, para que ocorra o esvaziamento do trato digestivo e a manutenção do sabor, aspecto e textura da carne. A despesca pode ser realizada de maneira parcial ou total, com auxílio da balsa ou rebocamento dos tanques para um local específico, facilitando dessa forma todo o procedimento. A retirada dos peixes deve ser realizada de maneira rápida, com auxílio de puçás, baldes, balaios e engradados, sendo pesados e transferidos para as caixas de transporte ou caixas de isopor, no menor tempo possível.

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Algumas empresas, de grande porte, possuem tecnologia que otimizam o processo de despesca, através da uma bomba de sucção, que aspira os peixes dos tanques-rede diretamente para caixas com gelo, veículos de transporte ou ainda para outros tanques-rede para fins de manejo.

Parâmetros de qualidade de água Embora seja prática pouco comum entre os piscicultores, o monitoramento da qualidade da água é fundamental. Dentre os parâmetros de qualidade de água importantes para a criação de tilápia em tanques-redes, destacam-se: temperatura, oxigênio, pH, transparência e amônia.

O mercado nordestino, de modo geral, exige peixes de peso médio final de 1,0 kg, porém, esse indicador irá variar de acordo com o mercado que o produtor deseja alcançar.

A tabela a seguir apresenta a frequência em que os parâmetros devem ser observados, os intervalos de valores recomendados e os equipamentos utilizados no monitoramento. TABELA

Principais parâmetros de qualidade de água, suas freqüências de análise e seus níveis ótimos (adaptado de BOYD &TUCKER, 1998) PARÂMETRO

FREQUÊNCIA

NÍVEIS

EQUIPAMENTO

Temperatura

Diária

26-30 oC

Termômetro

Oxigênio Dissolvido

Diária

5-8 mg/L

Oxímetro

pH

Diária

6-9

pHmetro

Transparência

Diária

100-200 cm Disco de Secchi

Temperatura da água Este parâmetro deve ser monitorado diariamente, pois de acordo com sua faixa a alimentação poderá ser afetada. A

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temperatura corporal dos peixes corresponde à temperatura da água e, dessa maneira, o metabolismo dos peixes estão diretamente relacionados com este parâmetro. A tilápia é um peixe de regiões quentes, por isso apresenta melhor desempenho produtivo em águas com temperatura entre 26 e 30ºC. Abaixo, segue gráfico referente ao desempenho da tilápia de acordo com as faixas de temperaturas.

Oxigênio dissolvido - OD O oxigênio dissolvido é um parâmetro que limita a produção de peixes, índices extremamente baixos desse parâmetro podem afetar diretamente o desempenho dos peixes cultivados. Em sistema de cultivo de peixes em tanques-rede, o oxigênio é disponibilizado por meio da difusão, que é o processo de passagem de um meio com maior concentração (atmosfera) para um de menor concentração (água). As variações deste parâmetro são existentes devido as atividades químicas e biológicas do ambiente, entre estes destacam-se: 99 Fotossíntese; 99 Respiração dos peixes e outros organismos; 99 Temperatura elevada; 99 Densidade de estocagem alta; 99 Excesso de arraçoamento;

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99 Tanques-rede com excesso de colmatação; 99 Presença de matérias orgânicas e inorgânicas. Dos itens levantados, a fotossíntese é o principal, uma vez que durante a fotossíntese as microalgas produzem oxigênio e consomem gás carbônico da água. A fotossíntese é realizada durante o dia, com presença de luminosidade. Nesse contexto, é fundamental a medição do oxigênio no amanhecer e antes de anoitecer, devido o processo de fotossíntese. O teor de oxigênio dissolvido não deve ser inferior a 3 mg/l, sob risco de mortalidade dos peixes.

Durante a noite o mecanismo se inverte, ou seja, as microalgas consomem oxigênio e liberam gás cargônico, fazendo com que os níveis de oxigênio diminnuam no período noturno.

Potencial hidrogeniônico - pH O potencial hidrogeniônico (pH) é representado por uma faixa de valores que inicia em zero e termina em 14. O índice sete representa a neutralidade, já os índices de zero a 6,9 indicam água ácida e 7,1 a 14 água básica. As espécies de peixes produzidas no Brasil se desenvolvem entre a faixa 6,0 a 8,5, valores fora desta faixa podem afetar outros parâmetros da água (amônia, por exemplo) e comprometer o desenvolvimento dos peixes. Quando o pH está com índices baixos (abaixo de 4), ocorre o estresse respiratório e distúrbio osmótico (permeabilidade

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das membranas), porém, quando o pH está elevado (acima de 10), há a elevação da fração de amônia não ionizada (tóxica).

Transparência Este parâmetro é mensurado com auxílio do Disco de Secchi e serve para mensurar a penetração vertical da luz solar na coluna d´água, podendo ser afetada pela presença do plâncton e materiais em suspensão, fazendo com que o produtor se antecipe a quaisquer eventualidades na criação. Para a criação de tilápia em tanques-rede, a faixa de transparência e suas consequências são: > 200 cm

Excelente para cultivo

> 100 - 200 cm

Adequado

50 - 100 cm

Oxigênio dissolvido poderá baixar durante períodos nublados

25 - 50 cm

Oxigênio dissolvido poderá ser baixo pela manhã

<25 cm

Oxigênio dissolvido abaixo de 2 ou 3 mg/L no início da manhã possivelmente

Ressalta-se que a transparência está diretamente relacionada com as taxas de oxigênio, pois a concentração de fitoplâncton, mensurada pela transparência, influenciará no oxigênio dissolvido da água.

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5

MÓDULO gerenciamento do empreendimento

Ferramentas para a Gestão Técnica e Administrativa A gestão do negócio aquícola está relacionada ao planejamento, organização e administração das atividades diárias da propriedade, sendo o conjunto de ações que é realizado antes, durante e depois da produção. É notável que a maioria das pisciculturas precise se posicionar como um negócio, que necessita de planejamento, controle financeiro, registro e gestão.

Poucos produtores conseguem afirmar com precisão os custos de produção por quilograma de pescado produzido, assimilam apenas os custos com ração e alevinos.

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Alguns custos como depreciação, veículos, mão de obra, juros sobre investimento, inflação e capital, normalmente não são considerados pelos produtores, fornecendo valores de lucratividade maior que o real. Além do controle financeiro é fundamental registrar diariamente os dados zootécnicos e de qualidade de água da piscicultura. Os dados zootécnicos irão subsidiar os cálculos de custos de produção, taxa de conversão alimentar, entre outros indicadores importantes para o negócio. O importante é REGISTRAR! Não importa que seja em cadernetas planilhas ou softwares.

Os dados de qualidade de água são importantes para prever situações de risco, pois possibilita o produtor se antecipar aos problemas de qualidade de água. Nesse contexto, a gestão de uma piscicultura em tanquesrede pode ser dividida em três processos de controle: o financeiro, o zootécnico e o de qualidade de água.

Controle Financeiro O controle financeiro é a organização e registro de todas as entradas (receitas) e saídas (despesas) financeiras do empreendimento. Isso significa o controle do dinheiro disponível em caixa, os investimentos, as contas a pagar e receber, dentre outras. Na produção de peixes, os principais itens de despesas são: ração, alevinos, mão de obra e depreciação dos equipamentos. Para facilitar o entendimento e organização dos dados financeiros sugere-se o agrupamento dos custos, sem distinção do variável e do fixo. A tabela abaixo sugere um modelo de controle com base nas receitas e despesas:

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MESES 01

02

03

04

05

TOTAL

DESPESAS Ração e alimentos Alevino/juvenil Produtos químicos ou terapêutico (sal, permanganato); Mão de obra e encargos (funcionários fixos, consultores, diaristas) Manutenção e operação dos equipamentos e máquinas (combustível, revisões, conserto) Impostos (impostos e taxas municipais, aluguel/arrendamento) Depreciação Juros sobre capital e/ou investimento Contas coletivas da propriedade (telefone, eletricidade, água, internet) Outras despesas

DESPESA TOTAL RECEITAS Venda de tilápia - Padrão I Venda de tilápia - Padrão II

RECEITA TOTAL

Controle Zootécnico O controle zootécnico do empreendimento de criação de peixes é fundamental na avaliação do negócio. Usando fichas específicas é possível mensurar os indicadores zootécnicos da produção, como a conversão alimentar e o custo de produção. Essas fichas devem ser utilizadas diariamente e também nas biometrias.

Quem não mede, não gerencia.

A quantidade de ração ofertada nos viveiros deve ser controlada diariamente. Com esse dado, é possível analisar a conversão alimentar dos peixes por fase e o seu custo.

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Além do controle diário, devem-se registrar os dados obtidos nas biometrias, de acordo com a frequência recomendada. Com a ficha é possível consolidar todos os dados obtidos diariamente sobre o fornecimento de ração e também o ganho de peso entre as biometrias. TABELA

Ficha de registro diário da ração ofertada Quantidade de Ração Diária Fornecida DIAS DE CRIAÇÃO

Tanque 1

Tanque 2

Tanque 3

Tanque 4

Tanque 5

Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde 1 2 3 TABELA

Ficha de registro dos indicadores zootécnicos VIVEIRO 1 – ÁREA: DATA Densidade Quantidade BIOMETRIAS – No de Biomassa Percentual Dias de Peso de Ração CA Custo Atual Arraçoamento Criação Médio Ração Peixes Acumulada Povoamento 1a Biometria

2a Biometria 3a Biometria

Controle de Qualidade de Água O desenvolvimento e sobrevivência dos peixes cultivados em tanques-rede estão diretamente relacionados à qualidade da água. Quando cultivados dentro dos parâmetros ideais, os peixes apresentam melhores índices zootécnicos e altas taxas de sobrevivência. Os principais parâmetros que devem ser monitorados pelo produtor são: temperatura, pH, oxigênio, transparência e amônia. A frequência das análises varia de acordo com o sistema de produção, parâmetro e fase do ciclo produtivo.

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A tabela a seguir apresenta um exemplo para registrar e organizar os dados obtidos nas análises rotineiras:

TANQUE-REDE: 01 Data povoamento: DATA

Temperatura (0C) Manhã

Tarde

pH

Oxigênio (mg/l) Transparência (cm) Manhã Tarde

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5 Capítulo 05

BIBLIOGRAFIAS

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agradecimentos SEBRAE ALAGOAS

Gestora Estadual

CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

SEBRAE CEARÁ

Kennedy Davidson Pinaud Calheiros DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

Marcos Antonio da Rocha Vieira

CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Flávio Viriato de Saboya Neto

Diretor-Técnico

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

Ronaldo de Moraes e Silva

Joaquim Cartaxo Filho

Diretor de Administração e Finanças

Diretor-Técnico

José Roberval Cabral da Silva Gomes

Alci Porto Gurgel Junior

Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Diretor de Administração e Finanças

Vânia Brandão de Britto Gestor Estadual

Manoel Affonso Mello Ramalho de Azevedo

SEBRAE BAHIA CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Antonio Ricardo Alvarez Alban DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

Adhvan Novais Furtado Diretor-Técnico

Lauro Alberto Chaves Ramos Diretor de Atendimento

Franklin Santana Santos Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Célia Márcia Fernandes

80

Nancy Nascimento Santos

Criação de tilápias em tanques-rede

Airton Gonçalves Junior

Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Paulo Jorge Mendes Leitão Gestor Estadual

Francisco Carlos de Almeida Paulino

SEBRAE MARANHÃO CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Edilson Baldez das Neves DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

João Batista Martins Diretor Técnico

José de Ribamar da Silva Morais Diretor Administrativo-Financeiro

Rachel Miranda Jordão da Silva


Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

DIRETORIA EXECUTIVA

Walter Pereira Monteiro

Diretor Superintendente Mário José Lacerda de Melo

SEBRAE PARAÍBA

Diretor-Técnico

CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Francisco Benevides de Gadelha DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

Walter Aguiar

Diretor-Técnico

Luiz Alberto Gonçalves de Amorim Diretor de Administração e Finanças

João Monteiro da Franca Neto

Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Franco Fred Cordeiro Tavares Gestor Estadual

Delano Rodrigues Rocha Diretor de Administrativo e Financeiro

Ulysses Gonçalves Nunes Moraes

Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Geórgia Alcântara Costa de Pádua Gestor Estadual

João Pinheiro Junior

SEBRAE RIO GRANDE DO NORTE CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

José Álvares Vieira

DIRETORIA EXECUTIVA

Jucieux de Lucena Palmeira

Diretor Superintendente José Ferreira de Melo Neto

SEBRAE PERNAMBUCO

Diretor-Técnico

CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Josias Albuquerque

DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor Superintendente José Oswaldo de Barros Lima Ramos Diretora Técnica

Ana Cláudia Dias Rocha Diretora Administrativa-Financeira

Adriana Tavares Côrte Real Kruppa

SEBRAE PIAUÍ CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

João Hélio Costa da Cunha Cavalcanti Júnior Diretor de Operações

José Eduardo Ribeiro Viana Coordenador do Projeto Estruturante AquiNordeste

José Ronil Rodrigues Fonseca Gestores Estaduais

Marcelo de Oliveira Medeiros Renato Augusto Gouveia de Carvalho

SEBRAE SERGIPE CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Presidente

Gilson Silveira Figueiredo

Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha

Criação de tilápias em tanques-rede

81


DIRETORIA EXECUTIVA Diretor Superintendente

Emanoel Silveira Sobral Diretor Técnico

Marcelo Farias Barreto Diretor Administrativo Financeiro

Eduardo Prado de Oliveira Junior Coordenação do Projeto Estruturante AquiNordeste

Angela Maria de Souza Gestora Estadual

Maria Lúcia Alves

82

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83


0800 570 0800 / sebrae.com.br

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