Jul/Ago/Set 2007

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15 anos de Brasil

greenpeace.org.br

Revista

Julho - Agosto - Setembro | 2007

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diário de bordo

Não foram raras as vezes em que idéias e propostas do Greenpeace foram tachadas de ilusórias e impraticáveis. No ano em que comemoramos 15 anos de presença no Brasil, porém, o saldo é bastante positivo. Estamos felizes em ver que nossa visão de mundo está se concretizando – talvez não com a rapidez que desejamos, mas antes tarde do que nunca. Provamos que vale à pena ser visionário, que podemos mudar a maneira com que nos relacionamos com o planeta em que vivemos. Sabemos que há muito por fazer no país. nosso modelo de desenvolvimento é ainda bastante predatório e, se não mudarmos

Nossa capa: Primeira ação do Greenpeace no Brasil, em 1992, em frente à usina nuclear Angra I Imagem: © Greenpeace /Arquivo

de atitude, em breve sofremos as duras conseqüências do aquecimento global. Nossa luta não terá fim enquanto não conseguirmos nosso objetivo: ter um modelo sustentável de desenvolvimento, que priorize a qualidade de vida. Para isso contamos com nossos voluntários e colabodores, importantes aliados que nos inspiram sempre. Obrigado pela confiança e que tenhamos mais 15 anos de sucesso pela frente.

06 Clima Quem avisa, amigo é: mexa-se e mude o clima! 08 Nuclear Em terra de renováveis, nuclear é desperdício 10 Linha do tempo

Frank Guggenheim Diretor executivo Greenpeace Brasil

© Greenpeace / Rodrigo Baleia

04 Institucional Greenpeace 15 anos - De vento em popa.

12 Amazônia Amazônia: o futuro do mundo dentro da floresta 14 Transgênicos Biodiversidade tem prioridade sobre lucros 16 Entrevista 18 Baleias Chegou a sua vez de defender as baleias Cartas / expediente

O Greenpeace é uma organização independente que faz campanhas utilizando confrontos não-violentos para expor os problemas ambientais globais e alcançar soluções que são essenciais a um futuro verde e pacífico. Nossa missão é proteger a biodiversidade em todas as suas formas, evitar a poluição e o esgotamento do solo, oceanos, água e ar, acabar com as ameaças nucleares e promover a paz. Não aceitamos doações financeiras de governos, partidos políticos e empresas como forma de garantir nossa independência.

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institu c i o n a l

Greenpeace 15 anos - De

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ternacional para travar sua árdua batalha em favor do meio ambiente no país. Às antigas demandas se juntaram novas e difíceis questões – como a chegada dos organismos geneticamente modificados na agricultura e a luta contra a caça às baleias -, e para enfrentá-las, era preciso uma diferente dinâmica de arrecadação de recursos. Quando Frank Guggenheim, atual diretor-executivo do Greenpeace Brasil, chegou ao país para comandar a organização a partir de 2002, percebeu que, além de reestruturar internamente o escritório, era preciso também alterar a forma de se relacionar com o público brasileiro, se tornando mais pró-ativo com seus colaboradores. “Não tínhamos uma base sólida de colaboradores que pudesse dar ao Greenpeace Brasil a sustentabilidade financeira necessária”, lembra Frank, ciente de que sem essa base, era impossível dar passos mais ousados. “Era preciso criar instrumentos para identificar e gerenciar esses colaboradores para poder multiplicá-los e nos ajudar em nossa empreitada.” Com a nova diretoria montada e o escritório brasileiro reestruturado, a recompensa não tardou: o Greenpeace Internacional elevou em 2005 o Brasil à condição de país prioritário para a organização, juntamente com Estados Unidos e China. Foi estabelecido então um Plano de

Desenvolvimento de cinco anos (2005-2009), com foco em cinco pontos básicos: credibilidade, relevância, legitimidade, sustentabilidade e a fusão dos escritórios de Manaus e São Paulo. Além dessas duas cidades, atenção especial também seria dada às cidades de Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, onde a organização tinha grupos atuantes de voluntários. “Começamos a priorizar qualidade à quantidade. E isso

© Greenpeace / Pierre Gleizes

O Greenpeace não comemora este ano apenas o seu 15o ano de atuação no Brasil. Celebra também o início de uma nova fase da organização no país, em que pretende sedimentar as conquistas e alçar novos e ambiciosos vôos. Ao iniciar suas atividades no Brasil em 1992, num protesto contra a construção da segunda usina nuclear do país – Angra II – realizado no sexto aniversário do acidente de Chernobyl, o Greenpeace brasileiro fazia parte de um escritório regional da América Latina, que incluía Chile, Argentina e México. Pouco tempo depois, graças aos muitos desafios que tinha pela frente - a questão nuclear, a preservação da Amazônia e sua importância no crescente debate sobre o clima -, o escritório do Brasil ganhou ‘independência’ para poder melhor responder às muitas demandas de um país continental e se tornou um escritório à parte dos demais vizinhos latino-americanos. Iniciava-se assim a segunda fase da aventura do grupo na terra brasilis. Uma fase de poucos recursos, muita vontade de acertar e um amor incondicional ao país e à sua impressionante vocação ambiental. O necessário trabalho de estruturação da organização no Brasil foi longo e árduo, mas gratificante. Durante dez anos, de 1992 a 2002, o Greenpeace Brasil contou com apoio financeiro in-


vento em popa resultou num aumento significativo de nossa base de colaboradores. Não podíamos ser apenas receptivos, esperar que ligassem e fizessem demandas. Tínhamos que entrar em contato com as pessoas e saber o que esperavam de nós”, analisa Clélia Maury, diretora de marketing e captação de recursos. “Procuramos ouvir mais, abrindo diversos canais para incorporar na organização esses recados de fora.” Para isso, o Greenpeace Brasil investiu em pesquisas quanti-

tativas, para identificar em sete cidades do país o público-alvo e o que essas pessoas conheciam da organização. “Fizemos também pesquisas qualitativas, para entender o que o nosso colaborador conhecia e pensava do Greenpeace no Brasil”, lembra Clélia. As pesquisas contribuíram com dados importantes para o plano estratégico estabelecido pelo Greenpeace Brasil até 2009, ajudando a entender o público da organização no país e subsidiando o planejamento das

ações para o futuro. Os resultados obtidos até aqui são animadores. De uma base de colaboradores de cerca de 8 mil em 2002, o Greenpeace Brasil pulou para 15 mil em 2005 e 30 mil este ano. A meta, para 2009, é de 45 mil colaboradores. “Se mantivermos esse curso, vamos conseguir mais colaboradores do que o planejado e isso é muito bom”, comemora Frank Guggenheim. “Estamos na metade do plano e já alcançamos quase todas as metas. Temos uma boa credibilidade no país, bem como relevância nacional nos temas ambientais; além de legitimidade para discutir com governos, empresas e cidadãos qualquer assunto relativo ao meio ambiente.” Ainda falta conquistar a sustentabilidade desejada, mas Frank está confiante no crescimento da base de colaboradores do Greenpeace no Brasil para dotar o escritório dos recursos necessários para manter as atividades no alto nível de sempre. Em 15 anos de atuação no Brasil, o Greenpeace conquistou importantes vitórias, como o muro verde em torno da floresta amazônica, a moratória da soja, a proibição do CFC e a conscientização da população em relação à necessidade de se proteger o imenso patrimônio ambiental do país. Esperamos fazer muito mais nos próximos 15 anos. Com sua ajuda, sempre.

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O tema das mudanças climáticas atingiu este ano um pico de popularidade no Brasil sem precedentes – o assunto está nas ruas, na TV, nos jornais, na boca do povo. Não era sem tempo. O planeta está febril e precisa de nossa ajuda. Quanto antes nos conscientizarmos disso, mais cedo poderemos agir. Para o Greenpeace Brasil, no entanto, o assunto está na ordem do dia há mais de 10 anos. Desde o início dos anos 90 o Greenpeace Brasil vem traba-

lhando para estabelecer medidas de proteção ao clima. Em 1992, participou ativamente das discussões na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92 para os íntimos) para dar cores finais ao Protocolo de Kyoto. A discussão ganhou as ruas em 1998 com a Caravana pelo Clima no Planeta, que exigia a fabricação no país de ‘geladeiras verdes’, sem CFC, gás responsável pela destruição da camada de ozônio. A tecnologia proposta, batizada de ‘Greenfreeze’, já estava presente nas geladeiras produzidas na Europa, Austrália e Japão à época. O recado foi levado às populações de 20 cidades brasileiras e deu resultado. O Brasil acabou proibindo o CFC em 1999. “Estamos focados nas pessoas e no que cada indivíduo pode e deve fazer para mitigar as mudanças climáticas”, afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de Clima do Greenpeace Brasil. “Além da Internet - nossa principal ferramenta neste trabalho -, também nos valemos de eventos e atividades como a semana do meio ambiente para conseguir o engaja-

mento público.” Em meio a tantos relatórios de cientistas e ambientalistas sobre os impactos das mudanças climáticas na vida das pessoas, o Greenpeace procurou sempre mostrar em suas ações que a situação é grave, mas que ainda há tempo para corrigir. Em abril deste ano, às vésperas do segundo relatório do ano do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em Bruxelas, na Bélgica, ativistas levaram à praia de Copacabana uma imensa bóia laranja, com os dizeres “S.O.S. Clima”, e uma régua de medição do nível do mar. A escolha do local não foi à toa: o Rio de Janeiro é uma das cidades brasileiras mais vulneráveis à elevação do nível do mar –uma das possíveis conseqüências do aquecimento global. “Queremos mobilizar o maior número possível de pessoas na luta contra o aquecimento global e para isso estamos distribuindo informações e dando dicas práticas de combate ao problema”, diz Rebeca. “As mudanças climáticas afetam a todos e por isso precisamos mudar a forma como vivemos hoje para evitar conseqüências futuras.” Na Internet, o foco está no site Mude o Clima, criado para dar ao visitante todas as infor-

A atriz Thalma de Freitas confraterniza com amigos na festa Mude o Clima! realizada em abril no Teatro Odisséia, no tradicional bairro da Lapa no Rio de Janeiro. O evento reuniu celebridades, artistas e outros formadores de opinião para em defesa do clima do planeta. 6

© Greenpeace / Rodrigo Baleia

clima

Quem avisa, amigo é: mexa-se e mude o clima!


mações que ele necessita sobre o tema, além de um pouco de diversão. Nele, o internauta tem muitas dicas e sugestões, no blog ou no podcast, do que pode fazer em seu dia-a-dia para ajudar no combate ao aquecimento global. Poderá também baixar músicas criadas especialmente para a campanha, fazer uma visita virtual pelo Túnel Interativo, ou se aventurar no Experimento, uma premiada experiência científica virtual que mostra na prática o que pode acontecer conosco caso as mudanças climáticas continuem em ritmo acelerado. Uma outra parte importante do trabalho do Greenpeace é o de brigar pelo estabelecimento de políticas públicas para atacar de frente o problema do aquecimen-

to global. “Queremos que o governo federal adote uma Política Nacional de Mudanças Climáticas que estabeleça medidas efetivas de mitigação e adaptação aos impactos do aquecimento global”, afirma Rebeca. As articulações políticas também se dão com a iniciativa privada e assim, em abril, formou-se o Pacto de Ação em Defesa do Clima, em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e outras entidades ambientalistas. “O desafio do aquecimento global exige ações urgentes e uma mudança no paradigma de desenvolvimento para o Brasil, garantindo crescimento econômico e sustentabilidade. Por

isso decidimos sentar à mesa com os empresários e formar uma liderança de combate ao aquecimento global, atualmente inexistente no país”, diz Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil. São dez as propostas de ações práticas contidas no documento, incluindo o fim do desmatamento na Amazônia e a garantia de maior governança nas florestas brasileiras, além do estabelecimento de uma matriz energética brasileira baseada em fontes renováveis. Não faz muito tempo, temas como aquecimento global e mudanças climáticas ainda não faziam parte do rol de assuntos discutidos pelos cidadãos comuns. A mensagem das comunidades científica e ambientalista sobre os danos que a ação humana provoca no planeta demorou a conquistar corações e mentes mundo afora e, assim, medidas para interromper esse processo demoraram a ser tomadas. Agora, no entanto, não há mais desculpa. O assunto está nas manchetes dos jornais, na conversa de bar, nos debates escolares e universitários, no bate-papo na mesa de almoço em família. Chegou o momento de pôr mãos à obra e mudar o clima. Há tarefas de sobra para todos – governos, empresas, cidadãos. Mexa-se e faça a sua parte. JSaiba mais: Página da campanha Mude o Clima: www.greenpeace.org/brasil/ greenpeace-brasil-clima/mudeo-clima Documento do Pacto de Ação em Defesa do Clima: www. greenpeace.org.br/clima/pdf/ greenpeacebr_070424_clima_ carta_pacto_port_v1.pdf 7


nuclea r

Em terra de renováveis, nuclear é desperdício

© Greenpeace / André Lavenère

Ao fincar centenas de cruzes brancas em frente à usina de Angra 1 no sexto aniversário do acidente de Chernobyl (em abril de 1992), o Greenpeace deu início às suas atividades no Brasil já tocando num ponto crucial para o país: com tantos recursos energéticos renováveis (hídricos, solar, eólico, biomassa) à disposição, por que o Brasil pensa em investir bilhões de dólares numa aventura nuclear que pouco ou nada contribuiu para o desenvolvimento sustentável do país? Como justificar tantos riscos (lixo atômico, acidentes, proliferação de material radioativo) em troca de uma energia tão cara? Após 15 anos, essas perguntas continuam sem resposta por parte dos defensores da energia nuclear. Mas eles não perdem a pose. Em tempos de aquecimento global, lançaram-se em campanha com um argumento

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simplório: usinas atômicas não emitem gases do efeito estufa e, portanto, seriam resposta à redução de emissões. Nada mais falso. Segundo o relatório Aspectos Econômicos da Energia Nuclear, lançado em maio por um grupo internacional de especialistas independentes sob encomenda do Greenpeace, a energia nuclear não é uma opção economicamente viável para o combate ao aquecimento global e gera sim emissões de gases ao longo do seu ciclo. “Combater as mudanças climáticas efetivamente significa reduzir as emissões dos gases do efeito estufa em 50% até 2050 – algo que nem a construção de milhares de usinas nucleares conseguiria. Investir nessa tecnologia, além de absurdamente caro, só ajudaria a criar mais lixo radioativo e aumentaria a insegurança, além de exigir mais gastos do

governo, em forma de subsídios públicos”, afirma Ricardo Baitelo, da campanha de energia renovável do Greenpeace Brasil. Apesar da tendência global de reduzir investimentos em energia nuclear, o governo brasileiro volta e meia acena com a possibilidade de construir a terceira usina atômica do país, também em Angra dos Reis. Um projeto caro (mais de R$ 7 bilhões) e com pouco retorno em termos de energia (1.350 mW), além de impactos ambientais e riscos incalculáveis à segurança da população. A conta dessa aventura desmedida foi apresentada em março ao presidente Lula, em protesto bemhumorado que levou uma Brasília amarela às portas do Palácio do Planalto. O ‘calhambeque nuclear’ acabou apreendido pela polícia e os ativistas protocolaram no Palácio uma carta de repúdio da sociedade civil às intenções do governo de reativar o programa nuclear brasileiro com a construção de Angra 3. No relatório [R]evolução Energética, lançado em fevereiro pelo Greenpeace, há alternativas mais baratas e seguras de se gerar energia elétrica. O estudo mostra que a energia nuclear não pode competir economicamente com fontes renováveis, além de programas de eficiência energética. A proposta energética alternativa prevê a eliminação das fontes sujas de energia (carvão, petróleo e energia nuclear), o


© Greenpeace / André Lavenère

© Greenpeace / André Lavenère

investimento em fontes renováveis e a estruturação de um plano de eficiência energética. Assim, segundo o documento, é possível reduzir em até 50% as emissões dos gases do efeito estufa até 2050, evitando que a temperatura do planeta suba além de 2oC, marca limite que, se superada,

pode provocar um sem número de problemas ambientais e climáticos ao redor do planeta. Cerca de um terço de toda projeção feita pelo relatório para 2050 faz referência à eficiência energética, que nada mais é do que o uso inteligente da energia, por meio de práticas e tecnologias que evitam seu desperdício – trocar lâmpadas incandescentes por fluorescentes; fabricação de eletrodomésticos que usem menos energia; e uso racional de energia; entre outras medidas. “Cada um de nós tem uma grande responsabilidade como consumidor, mas temos que ser amparados também pelo governo e pelas concessionárias de energia por meio de leis, monitoramento e incentivo”, afirma Baitelo. A divulgação da terceira parte do relatório deste ano do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), no final de abril, só veio corroborar as sugestões da [R]evolução Energética proposta pelo Greenpeace. Cientistas e representantes de diversos países

do mundo deixaram claro em seu texto: é preciso agir rapidamente contra o aquecimento global e o caminho das pedras é investir em energias renováveis e aumentar a eficiência energética. Estamos numa encruzilhada climática. Ou agimos logo e defendemos o planeta com o uso eficiente de energia e adoção das fontes renováveis, ou titubeamos e continuamos a cometer os mesmos erros do passado. Nesse caso, melhor se preparar para o pior. JSaiba mais: Relatório [R]evolução Energética (cenário brasileiro): www. greenpeace.org.br/energia/pdf/ cenario_brasileiro.pdf Relatório [R]evolução Energética (cenário global): www.greenpeace.org.br/energia/pdf/cenario_global_pt.pdf Relatório Aspectos Econômicos da Energia Nuclear: www. greenpeace.org/the-economicsof-nuclear Cyberativismo – Diga Não à Angra 3: www.greenpeace.org.br/ nuclear/?cyber=6&codigo=109

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15 anos 1992 O Greenpeace inicia suas atividades públicas no Brasil com uma ação direta na usina nuclear Angra I.

1993 Vitória: depois de intensa campanha, o governo brasileiro proíbe a importação de qualquer tipo de resíduo tóxico para o país.

1994 Expedição do navio MV Greenpeace na Amazônia marca o início das atividades de proteção de florestas no Brasil.

1999 O Greenpeace consegue mais de 40 mil assinaturas em protesto contra fabricantes de geladeira, na campanha pela adoção de refrigerador livre de gases que destroem a camada de ozônio.

2000 Lançamento do Guia do Consumidor, com lista de alimentos com e sem transgênicos.


de Brasil 2002 Greenpeace pendura faixa no Cristo Redentor, durante a realização da Rio+10, pedindo a ação dos governos contra a destruição do planeta. Vitória na campanha SOS Mogno: durante a reunião da Conferência da Diversidade Biológica, o mogno é incluído na lista de espécies ameaçadas de extinção, com a conseqüente moratória de corte e comercialização.

2003 Início da campanha Cidade Amiga da Amazônia, que incentiva estados e municípios a adotarem leis que garantam a compra pública de madeira de origem legal e sustentável.

2004 Vitória: presidente Lula assina decreto criando a reserva extrativista Verde para Sempre, em Porto de Moz (PA).

2005 2006 Por favor pode incluir Vitória: é decretada mais um tópico. pelas comercializadoras de grãos uma moratória de dois anos na compra de soja proveniente de novos desmatamentos na Amazônia. Lançamento do documentário do Greenpeace “Mudanças do Clima, Mudanças de Vidas”, sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil.


a ma zônia

Amazônia: o futuro do

mundo dentro da floresta Lá de cima, é possível ver a grandeza da floresta – variados tons de verde cortados, freqüentemente, por onduladas serpentes de água barrentas ou negras. Do chão, a sensação é igualmente poderosa: apesar do silêncio e da aparente imobilidade da paisagem, estima-se que este mundo de árvores e água abrigue mais da metade das espécies terrestres conhecidas no planeta. Só de árvores, são 5 mil espécies. Mais milhões de espécies de insetos, 300 de mamíferos (62 só de primatas), mil de pássaros e mais de 2.500 de peixes. Além da riqueza natural, a Amazônia abriga também uma diversidade cultural fantástica – aqui vivem cerca de 220 mil indígenas de 180 grupos distintos, além de muitas comunidades tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas e quilombolas. A importância da Amazônia vai além: desempenha papel fundamental no equilíbrio climático global e do ciclo hidrológico regional. Para proteger tamanha riqueza, cerca de 41% do bioma atualmente são protegidos legalmente (unidades de conservação federais e estaduais, terras indígenas e áreas militares). No entanto, as desigualdades sociais e o ritmo de destruição do meio ambiente ainda são 12

um grande problema na região. O Greenpeace chegou ao Brasil em 1992 e, para iniciar sua campanha, escolheu salvar o mogno. Por ser uma espécie extremamente valiosa e com alto valor no mercado, madeireiros abriam milhares de quilômetros de estradas no meio da floresta em busca do chamado “ouro verde”. Na Amazônia, as estradas são verdadeiras portas de entrada para a destruição, facilitando as invasões e construção de outras obras de infra-estrutura. Quatro anos depois, conseguimos a moratória de dois anos para a exploração do mogno, que foi renovada em 1998 por mais dois anos. Neste período, o Greenpeace sentiu necessidade de estar na

Amazônia para continuar desenvolvendo sua campanha. A organização nasceu de uma prática de resistência pacífica chamada, em inglês, de “bearing witness” (a tradução mais próxima seria “testemunha envolvida”), que consiste em estar fisicamente no local do crime ambiental como forma de impedi-lo. Assim, em 1999, abrimos o escritório em Manaus. Na época, as informações existentes sobre a região eram esparsas. E o Greenpeace começou a investigar. Em 2001, foi publicado o relatório “Parceiros no Crime”, denunciando ilegalidades cometidas pela indústria do mogno no estado do Pará. O trabalho resultou na suspensão da exploração, transporte e comércio


© Greenpeace / André Lavenère © Greenpeace / André Lavenère

da espécie até que novas regras ambientalmente responsáveis de exploração fossem adotadas. Hoje, muitas expedições, investigações de campo, relatórios, ações diretas e ameaças de morte depois, muita coisa mudou. A começar pelo mogno que, em 2002, foi finalmente listado no Anexo II da Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), que prevê maior proteção à espécie. Hoje, ampliamos o foco da campanha. Saímos da árvore, o mogno, para a floresta. Estamos trabalhando para parar o desmatamento promovido, principalmente, pelo agronegócio. A perda de cobertura florestal não significa apenas perda da biodiversidade, mas também agravamento dos impactos das mudanças climáticas. No Brasil, o desmatamento é responsável por 75% das emissões dos gases do efeito estufa na atmosfera, tornando o país o quarto maior poluidor mundial. Mas a Amazônia também sofre com os impactos das mudanças

climáticas, como a seca que assolou a região no final de 2005. Para expor o problema, o Greenpeace fez ações diretas no Brasil e na Europa, e publicou o relatório “Comendo a Amazônia”, detalhando os impactos negativos da expansão da soja na floresta. Após sua publicação, redes de supermercados e fast-foods, como o McDonald’s, formaram uma aliança histórica com o Greenpeace para exigir medidas da indústria da soja para conter o desmatamento e trazer governança para a região. O resultado da pressão foi a moratória anunciada em 2005 pela indústria de grãos para a soja proveniente de novas áreas desmatadas na Amazônia. Pela primeira vez, um dos setores econômicos responsáveis pela destruição da floresta assume seu papel e resolve adotar medidas para conter o problema. Sim, é necessário garantir o desenvolvimento econômico da região amazônica, mas o “preço a ser pago” pelo atual modelo não vale a empreitada. O desenvolvi-

mento só será viável se a floresta ficar em pé, usando de forma responsável este enorme patrimônio dos brasileiros para beneficiar diretamente os habitantes da região, gerando emprego e renda e se traduzindo como melhoria da qualidade de vida para os povos da floresta. Nossa luta é pela construção de um “muro verde” de áreas protegidas em áreas de maior pressão sobre a floresta. É para trazer a força da governança para a região. É para barrar o desmatamento. É para manter a biodiversidade, as chuvas e o clima como ele é hoje. E isso tudo não é “só” pela floresta. Também não é só pra quem vive aqui. Lutamos pela Amazônia em todo o mundo. E lutamos pelo mundo todo na Amazônia. Pense nisso! JSaiba mais: Campanha Viva Amazônia: www. greenpeace.org.br/vivaamazonia/ Programa Cidade Amiga da Amazônia: www.greenpeace.org. br/cidadeamiga/

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tra ns gênico

Biodiversidade tem te no Sul do país em meados da década de 1990. Em 1997, a campanha de transgênicos foi oficialmente iniciada em terras brasileiras com a apreensão de 35 mil toneladas de soja transgênica ilegal no porto de São Francisco do Sul (SC). Desde o início, uma das principais exigências do Greenpeace e demais entidades ambientalistas é que liberações comerciais de transgênicos no Brasil só sejam permitidas se apresentarem Estudos de Impactos Ambientais, nos moldes determinados pela Constituição, o que nunca aconteceu. “Isso demonstra um total desrespeito com a biodiversidade brasileira. A indústria tem pensado apenas com o bolso, para garantir retorno rápido a seus investimentos, sem levar em consideração os possíveis prejuízos que podem causar no país”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. No passado, a grande batalha foi contra a soja transgênica da Monsanto, plantada ilegalmente no Sul do país e, depois de muita pressão da bancada ruralista no Congresso, © Greenpeace / André Lavenère

A agricultura brasileira é responsável por cerca de 40% do PIB do país e, com tamanha força na economia, é natural que gere preocupação com a procedência das variedades cultivadas. Com o início da comercialização de organismos geneticamente modificados (OGMs) no mundo, há cerca de 10 anos, essa preocupação se tornou realidade e, apesar do lobby da indústria de biotecnologia, o Greenpeace e outras entidades da sociedade civil têm conseguido impedir que a questão descambe para uma discussão meramente comercial. O sucesso financeiro das empresas de OGMs não pode prevalecer sobre a proteção da biodiversidade brasileira e o direito de opção dos agricultores. O Greenpeace tem monitorado os passos trangênicos no Brasil desde que as primeiras sementes começaram a entrar ilegalmen-

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enfim liberada pelo governo. O caso voltou a se repetir em 2006, quando agricultores atropelaram a legislação brasileira e plantaram algodão transgênico sem autorização. Desta vez, o governo bloqueou a estratégia mas, numa tentativa de agradar a gregos e troianos, cometeu um erro ainda maior. Por meio de uma Medida Provisória, reduziu o quórum de votação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), para liberações comerciais, de maioria qualificada (2/3 dos membros) para maioria absoluta (metade mais um voto). O primeiro reflexo dessa mudança foi a aprovação em meados de maio do milho Liberty Link da Bayer, por 17 votos a 4. Se o quórum não tivesse sido alterado, essa variedade não teria sido aprovada. Foi a primeira liberação comercial depois da reformulação da Comissão, ocorrida em dezembro de 2005. Essa aprovação, no entanto, não é um ponto final no caso do milho da Bayer. O processo ainda passará pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) – composto por 11 ministros – e também poderá ser questionado na Justiça. Ainda estão na fila de espera da CTNBio diversos outros pedidos de liberação comercial de variedades transgênicas de milho, um dos principais alimentos consumidos pelo brasileiro. Por ter uma polinização cruzada, pode sofrer contaminação de propor-

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prioridade sobre lucros


A maça enfim verde

ções inimagináveis. Em dois anos de safra legal de soja no Paraná, por exemplo, o índice de contaminação atingiu 10%. Levando-se em conta que a polinização da soja é muito mais difícil do que a do milho, dá para se ter uma idéia da catástrofe que vislumbra-se para a biodiversidade e biossegurança brasileiras caso o milho transgênico seja plantado no país em larga escala. Foram realizadas este ano duas audiências públicas – uma na própria CTNBio e outra na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados – em Brasília para aprofundar a discussão e oferecer à opinião pública mais dados sobre tão delicado tema. “O debate hoje inclui cientistas a favor e contra e não podemos ter uma visão reducionista de considerar ciência apenas a parte favorável à engenharia genética”, avalia João Alfredo, consultor de políticas públicas do Greenpeace Brasil. Graças à pressão do Greenpeace e de outras entidades da sociedade civil – que chegaram a homenagear o ministro da Ciência e Tecnologia (a quem está subordinado a CTNBio) com o título de

Homem do Ano dos transgênicos, num protesto realizado em Brasília -, as últimas reuniões da CTNBio passaram a ser realizadas de portões abertos ao público, garantindo transparência ao debate. A importância da discussão é cada vez mais evidente. O cultivo de OGMs no Brasil já começa a gerar efeitos negativos, como o aumento do uso de agrotóxicos e o surgimento de ervas daninhas resistentes. “Precisamos desenvolver um sistema menos industrializado de agricultura e menos baseado em insumos químicos, focando mais em práticas sustentáveis”, diz Vuolo. “Os OGMs são bons... para as empresas, não para o país.” JSaiba mais: Cartilha A Verdade por Trás do Mito: www.greenpeace.org.br/ transgenicos/pdf/cartilha.pdf Relatório de Contaminação Transgênica 2006: http://www. greenpeace.org.br/transgenicos/ pdf/relatorio_contaminacao_lores.pdf Errata ao relatório: www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/ greenpeacebr_070402_transgenicos_errata_relatorio_de_contaminacao_v2.pdf

A Apple, enfim, vai ficar verde. Depois de meses de campanha do Greenpeace para que adotasse uma política ambientalmente amigável para eliminar substâncias tóxicas de seus produtos e implementasse programas de reciclagem, a empresa decidiu mudar sua estratégia. Se antes os apelos dos ‘macmaníacos’ e ambientalistas eram praticamente ignorados por Steve Jobs, agora o dono da Apple publica um texto no site da empresa se comprometendo publicamente com uma maçã mais verde. A empresa de Steve Jobs ocupa no momento o último lugar do Guia de Eletrônicos Verdes (http://www. greenpeace.org.br/toxicos/?conteudo_ id=3189&sub_campanha=0), do Greenpeace, mas com as novas diretrizes anunciadas por Jobs, deve subir bem na próxima atualização do ranking.

Dorothy Stang O mandante do assassinato da missionária americana Dorothy Stang foi condenado a 30 anos de prisão. O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi considerado culpado em todas as teses apresentadas pela acusação. “É uma vitória contra a impunidade”, afirmou André Muggiati, do Greenpeace. “O governo precisa implementar políticas públicas concretas que acabem com as causas que motivam a destruição e a violência na Amazônia, como a grilagem de terras e a exploração ilegal de madeira. Para isso, é preciso fortalecer as instituições públicas com recursos e aparato necessário para um controle eficiente dos crimes socioambientais”. Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros no dia 12 de fevereiro de 2005 em Anapu, no Pará, onde trabalhava desde 1972. Por mais de 30 anos, ela viveu na região da Transamazônica e dedicou quase a metade de sua vida a defender os direitos de trabalhadores rurais contra os interesses de fazendeiros e grileiros da região. 15


entre v i sta Entrevista com GERD LEIPOLD, diretor-executivo do Greenpeace Internacional

Arquivo

Quando o Greenpeace começou a atuar na Alemanha, em 1980, o jovem oceanógrafo Gerd Leipold ficou encantado com a atuação do grupo. “Comecei como voluntário, mas fui “infectado” pelo vírus Greenpeace e decidi entrar para o staff, em 83”, lembra Leipold, que desde 2001 assumiu a diretoria executiva do Greenpeace Internacional. Aos 56 anos, Gerd Leipold circula com desenvoltura por ambientes diversos, do Fórum de Davos e reuniões do IPCC a encontros de voluntários do Greenpeace.

Participou da campanha pelo desarmamento internacional (entre 1987 a 1992) e de protestos contra testes franceses de armas nucleares no Pacífico. Gerd Leipold está no Brasil para participar das comemorações dos 15 anos de atividade do Greenpeace no país. “O Brasil tem grande importância no cenário internacional e pode fazer muito pelo meio ambiente, evitando a destruição da floresta amazônica e liderando o debate sobre o aquecimento global, exigindo dos países industrializados medidas de proteção ao clima.”

“Brasil precisa liderar debate sobre aquecimento global” Leia abaixo a entrevista concedida à Revista do Greenpeace: GP - Qual a importância do Brasil para o Greenpeace? Gerd Leipold – O Brasil é um dos três escritórios prioritários do Greenpeace, o que mostra o quão importante é o país. Estamos falando da maior nação da América Latina que cada vez mais tem um papel de liderança nas negociações internacionais. É também o lar da Amazônia, uma das florestas tropicais mais importantes do mundo. GP – Nos 15 anos de atividade no Brasil, quais foram as maiores vitórias do Greenpeace?

Gerd Leipold – Contribuímos substancialmente para a proteção de parte da Amazônia, ajudamos os índios Deni com a demarcação de suas terras e conquistamos a moratória da soja em áreas de desmatamento. Influenciamos também na política energética brasileira, defendendo a energia renovável e combatendo consistentemente a energia nuclear. GP – Você começou como voluntário no Greenpeace Alemanha há quase 30 anos e agora é diretor-executivo do Greenpeace Internacional. Conte-nos um pouco sobre essa trajetória. Gerd Leipold – Eu trabalhava


© Greenpeace / André Lavenère

em pesquisas oceanográficas quando o Greenpeace começou a atuar na Alemanha, em 1980. Ofereci meus conhecimentos científicos para ajudar e logo me envolvi nas campanhas. Fui voluntário por dois anos, antes de me engajar completamente e me tornar membro da organização em 1983. Em 1992, deixei o Greenpeace e comecei minha própria empresa de consultoria, mas permaneci em contato com a organização. GP – Qual a importância dos voluntários para o Greenpeace. Eles são a base dos princípios da organização, não? Gerd Leipold – Os voluntários mostram que a proteção do meio ambiente é algo que qualquer um pode fazer. São uma parte importante do Greenpeace espalhando nossa mensagem. GP – Após mais de 20 anos trabalhando com o Greenpeace, quais foram seus momentos mais alegres e tristes na organização? Gerd Leipold – A moratória da caça comercial às baleias, a conclusão do Tratado da Antártica

e o fim dos testes nucleares da França no Pacífico foram momentos muito felizes para mim. O momento mais triste, com certeza, foi quando nosso navio Rainbow Warrior foi afundado em um atentado a bomba (1985), provocando a morte do fotógrafo português Fernando Pereira, que era um dileto amigo meu. GP – O Greenpeace e outras organizações passaram os últimos 30 anos trabalhando para alertar as pessoas sobre problemas como as mudanças climáticas e agora boa parte do que vinha sendo dito vem sendo confirmada por cientistas e especialistas. Quais os assuntos você considera importantes e que ainda não ganharam o devido destaque? Gerd Leipold – Penso que o drama de nossos oceanos ainda não é bem conhecido no mundo. A pesca predatória e a poluição dos mares estão causando problemas sérios. É um tema muito importante para nós, assim como o clima. GP – Como o Greenpeace lida com a internacionalização da

Amazônia? O assunto é polêmico e gera muita discussão no Brasil atualmente. Isso preocupa você de alguma maneira? Gerd Leipold – A Amazônia tem uma importância global e boa parte dela fica no Brasil. Penso que esse tipo de discussão (a internacionalização da região) vem sendo usada por pessoas que tentam evitar a proteção da floresta. Atualmente, muitos brasileiros compartilham das preocupações em relação à Amazônia e querem que ela seja protegida para as futuras gerações. GP – Se você pudesse dar um conselho ambiental para o presidente Lula, qual seria? Gerd Leipold – Eu diria: mostre liderança no debate sobre o clima, apontando que os impactos das mudanças climáticas vão afetar mais os países em desenvolvimento e que os países industrializados precisam tem mais responsabilidade na redução das emissões de gases do efeito estufa. Mostre também compromisso com o fim do desmatamento na Amazônia. 17


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Chegou a sua vez de defender as baleias “Dizem que o mar é frio. Mas o mar contém o sangue mais quente de todos, e o mais selvagem, o mais urgente.” O trecho do poema de D.H. Lawrence faz parte de um vídeo do Greenpeace com o ator Anthony Hopkins que circula pela internet em defesa das baleias e dá bem o tom da atual situação de perigo que elas enfrentam. De um lado, a indústria baleeira liderada pelo Japão quer o fim da moratória à caça comercial das baleias, em vigor desde 1986. Do outro, conservacionistas lutam para acabar com a matança e propõem a criação de santuários que garantam a sobrevivência da espécie. “Estamos articulando com diversos países, principalmente da América Latina, para que votem contra a retomada da caça comercial”, diz Leandra Gonçalves, da campanha de Baleias do Greenpeace Brasil. A campanha foi iniciada em 1999 no país, com uma cara bem brasileira: desfile de bloco carnavalesco pela praia de Ipanema pedindo a criação de um Santuário de Baleias no Atlântico Sul, a exemplo dos já existentes nos oceanos Antártico e Índico. “A campanha em favor das

baleias é um perfeito símbolo da preservação da biodivesidade no planeta”, afirma Leadra, que vislumbra um rentável potencial turístico num futuro próximo. “O turismo de observação de baleias e golfinhos é uma atividade lucrativa em dezenas de países.” A campanha do Greenpeace obteve algumas boas vitórias este ano, como a conquista do voto da Nicarágua contra a caça – o país era o único da América Latina que defendia o fim da moratória – e a retomada pelo Equador de suas atividades na CIB, engrossando o coro dos defensores das baleias. Para tanto, milhares de assinaturas foram recolhidas nas ruas de cidades de diversos países em atividades realizadas simultaneamente. No Brasil, um cemitério de baleias foi simulado na porta do consulado da Nicarágua, em São Paulo. JSaiba mais: Campanha I-Go: www.greenpeace.org.br/baleias Vídeo com o ator Anthony Hopkins: .www.greenpeace. org.br/oceanos/pop_hopkins/ popup.html Poema Whales Weep Not, de D.H. Lawrence: www.poets.org/ viewmedia.php/prmMID/15350

cartas & e-mails Eu estou realmente muito feliz por poder estar junto a vocês, poder participar, dar minha opinião e defender o meio ambiente, para que um dia meus netos tenham um futuro melhor! É bom saber que JUNTOS podemos fazer alguma coisa. Um a mais é sempre bom! Vamos lutar juntos por um mundo melhor...! O ser humano tem uma péssima mania de esperar que outras pessoas façam o que ele poderia estar fazendo, e isso é errado, é deprimente, e até decepcionante. Aos poucos, se faz muito! De um em um, somos vários. Se cada um fizer o mínimo, esse mínimo já vai deixar de ser um número insignificante!!! Isabel Laks (por email) Você também pode mandar seu comentário, dúvida ou sugestão. Participe! Para nos contatar: REVISTA DO GREENPEACE Rua Alvarenga, 2331 Cep: 05509 006 São Paulo SP

ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE Conselho diretor Presidente Marcelo Sodré Conselheiros Eduardo M. Ehlers Marcelo Takaoka Pedro Leitão Raquel Biderman Furriela Samyra Crespo Diretor executivo Frank Guggenheim Diretor de campanhas Marcelo Furtado Diretor de campanha da Amazônia Paulo Adário Diretora de comunicação Gladis Éboli Diretora de marketing e captação de recursos Clélia Maury Diretor de políticas públicas Sérgio Leitão REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace

© Greenpeace / Rodrigo Baleira

Editor Redatores Designer gráfico Editor de imagens Impressão

Jorge Henrique Cordeiro (mtb 15251/97) Tica Minami Gabriela Michelotti Carol Patitucci Caroline Donatti TypeBrasil

Esse periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 30.000 www.greenpeace.org.br

ATENDIMENTO telefone 11 3035 1151 e-mail relacionamento @br. greenpeace .org


Com uma gigante bóia laranja flutuando no mar e uma régua de medição do nível do mar estendida na praia, ativistas do Greenpeace deram uma clara mensagem aos brasileiros: é preciso agir logo para salvar o clima do planeta. O protesto, realizado em abril, aconteceu às véspe© Greenpeace / André Lavenère

ras de um dos relatórios do IPCC da ONU.



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