Out/Nov/Dez 2008

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Nuclear

Clima

Entrevista

Plano do governo decepciona por falta de ousadia

Fritjof Capra fala sobre Obama, ONGs e mudanças climáticas

out - nov - dez | 2008

greenpeace.org.br

Revista

Contaminação em Caetité



© Greenpeace/Lunaé Parracho

4 Suja e perigosa, do início ao fim 8 Tá fraco esse plano!

Por mais dura que seja, uma crise sempre abre oportunidades para darmos saltos de qualidade. Em vez de nos paralisar diante da possibilidade de uma recessão econômica mundial, ela nos dá forças para fazer mais pelo planeta e usar melhor nossos recursos. A ocasião é ideal para um acordo global que estimule a economia e proteja o mundo dos impactos das mudanças climáticas. Esse esforço, porém, requer vontade política e ação coordenada dos governos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e investir em mecanismos de redução do desmatamento, como o Florestas pelo Clima, e geração de energia limpa a partir de fontes renováveis como o sol e o vento. Uma economia sem carbono não é um sonho distante; é possibilidade real. E necessária. As mudanças climáticas podem gerar instabilidade social e econômica, provocando conflitos em todo o planeta. Para garantir nosso futuro, precisamos reduzir drasticamente as emissões de carbono e evitar os erros do passado. A crise atual pode gerar uma economia sustentável, com estabilidade climática e segurança energética para todos. Se num intervalo curto de tempo os governos injetaram bilhões de dólares para salvar os bancos, podemos acreditar que um investimento equivalente pode ser feito para gerar empregos sustentáveis e salvar o planeta. Mas não há tempo a perder. Em 2009 estaremos atuando exatamente nesta direção priorizando a mobilização pública na luta contra as mudanças climáticas nas florestas, nos oceanos e na geração de uma energia limpa para o Brasil. Contamos com seu apoio pois a hora de arregaçar as mangas e fazer a diferença para salvar nosso planeta é agora ou agora. Abraços,

10 Adeus combustível fóssil 11 BR-319: a estrada da devastação

Marcelo Furtado Diretor Executivo Greenpeace Brasil

© Greenpeace/Rodrigo Baleia

diário de bordo Nossa capa: Poço de água potável em Juazeiro, na região de Caetité (BA), onde foi encontrada contaminação por urânio em níveis sete vezes acima do limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Caros colaboradores,

12 Cidade Amiga cai na rede 14 Entrevista: Fritjof Capra 16 São Paulo entra na onda 17 O Green na web 18 Greenpeace África

O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta.

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© Greenpeace/Lunaé Parracho

nuclear


e perigosa,

do início ao fim

A estatal INB, responsável pela mineração e beneficiamento de urânio em Caetité, nega qualquer problema na água da região, mas técnicos do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Inga), do governo da Bahia, comprovaram a contaminação por urânio denunciada pelo Greenpeace no relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil.

Desde o momento em que as mudanças climáticas ganharam a atenção do mundo, a indústria nuclear passou a dourar sua velha pílula com o objetivo de se vender como solução viável para combater os impactos ambientais do aquecimento global. É uma energia segura, limpa e sem emissão de CO2, reza a ladainha dos defensores dessa tecnologia. A geração de lixo radioativo, a constante ameaça de acidentes, como o de Chernobyl, em 1986, com conseqüências imprevisíveis, e o risco de proliferação de armas nucleares, são convenientemente ignorados pelo discurso nuclear. O que a indústria não conta, e o Greenpeace faz questão de mostrar, é que a geração de energia por usinas nucleares é suja do início ao fim – desde o momento que o minério de urânio usado para a produção do combustível dos reatores é retirado do solo, até o descarte desse mesmo combustível, altamente radioativo, sem que haja solução segura e confiável para o seu armazenamento em lugar algum do mundo. Em outubro, o Greenpeace denunciou um caso de contaminação no Brasil relacionado à mineração do urânio. O relatório Ciclo do Perigo – Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil, fruto de oito meses de investigação, revelou que a água usada pela população de Caetité, no sertão baiano, apresentava índices de urânio bem acima dos limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). As amostras de água foram colhidas num raio de 20 quilômetros ao redor de onde a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) faz a mineração e o beneficiamento do urânio, transformando-o no yellow cake. A estatal, como de praxe, negou o problema. Mas técnicos do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Inga) do governo da Bahia foram ao local e também coletaram amostras de água, confirmando a denúncia do Greenpeace. Foi a vez então do Ministério Público entrar em ação. Após uma audiência pública realizada em Caetité, no início de novembro, procuradores da República exigiram uma auditoria independente para investigar os impactos sociais e ambientais das atividades da INB em Caetité. Recomendou ainda que o Ibama não libere a Licença de Ampliação de Operação da Unidade de Concentrado de Urânio, que a INB precisa para duplicar a produção de yellow cake em Caetité e assim fornecer o combustível necessário para alimentar a usina Angra 3. “A população de Caetité quer e merece respostas sobre todas as

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Cinismo atômico Outro argumento falacioso usado pela indústria nuclear para vender suas usinas como solução energética é o de que esses projetos são uma “pechincha”, bem em conta para caber nos bolsos tímidos de países como o Brasil. Novamente o discurso nuclear esconde a verdade. Além de ser altamente subsidiada pelo governo, a construção de usinas atômicas é um sumidouro de recursos, com graves problemas de cumprimento de prazos e orçamentos. É assim nos Estados Unidos, França e Finlândia, para citar três países tidos como casos de ‘sucesso’ dessa indústria. No Brasil, não é diferente. Vejamos Angra 3: a usina nem começou a ser construída e já está com o cronograma de obras atrasado e apresenta superfaturamento de quase meio bilhão de reais, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU). Ou seja, Angra 3 continua no papel e já está custando 6% a mais do que os planos iniciais. É ou não é um projeto econômico?

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denúncias e problemas que vêm sendo relatados, desde que a INB iniciou as operações na região”, afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de Energia Nuclear. “Enquanto os verdadeiros impactos da mineração de urânio em Caetité permanecem desconhecidos, o governo Lula adota políticas de incentivo à geração nuclear no Brasil, ignorando os altos riscos e custos sociais e ambientais dessa tecnologia. Os interesses comerciais e militares na mineração do urânio e fabricação de combustível nuclear estão falando mais alto do que a segurança da população e do meio ambiente no país.” O urânio que sai de Caetité na forma de yellow cake é levado para o porto de Salvador, viajando mais de 700 quilômetros em caminhões por estradas que passam por 40 povoados e municípios. Do porto o yellow cake vai de navio até o Canadá, onde é convertido em gás. O material então segue para a Holanda, onde é enriquecido e, então, retorna ao Brasil pelo porto do

Rio de Janeiro, para ser levado até a Fábrica de Combustível Nuclear da INB, em Resende. Lá são produzidas as pastilhas usadas como combustível dos reatores das usinas nucleares de Angra dos Reis. Uma semana após o lançamento do relatório Ciclo do Perigo, que revela a contaminação da água de Caetité, ativistas do Greenpeace demarcaram parte da rota do transporte do urânio em Salvador, pintando símbolos nucleares e pendurando placas ao longo de cinco quilômetros da avenida Bonoco, até o porto da capital baiana. A atividade serviu de alerta à população sobre os riscos do transporte de material radioativo. Anualmente, são feitos um ou dois transportes de toneladas de yellow cake na Bahia. Em novembro, testemunhamos a passagem de um dos comboios, com 14 caminhões e cerca de 200 toneladas do material radioativo. Ativistas estenderam uma faixa num ponto da avenida Bonocô com os dizeres: “Yellow cake, perigo nuclear!”

A terceira usina nuclear brasileira ainda não saiu do papel mas já está superfaturada em quase meio bilhão de reais, segundo o TCU.


unaé Parracho © Greenpeace/L © Greenpeace/Lunaé Parracho

Quase um mês depois da demarcação da rota do urânio em Salvador, um carregamento de cerca de 200 toneladas foi feito por um comboio de 14 caminhões.

saiba mais

Conheça detalhes do relatório Ciclo do Perigo em www.greenpeace.org/brasil/ nuclear/ciclo-do-perigo

Outubro foi um mês agitado para os voluntários e o Diálogo Direto (DD) do Greenpeace. Eles participaram de várias atividades em Salvador (demarcação da rota do urânio), Curitiba (inauguração da nova loja) e Rio de Janeiro (lançamento da campanha de Oceanos na cidade), com a dedicação de sempre. Em Curitiba, os DDs participaram da inauguração da segunda loja Espaço Greenpeace no país - a primeira fica em São Paulo. Com eles foi o túnel sensorial Entre Nessa Onda, que faz parte da campanha de Oceanos da organização. Em Salvador, os voluntários ajudaram a campanha de Nuclear pintando símbolos na principal via de acesso da capital baiana e instalando placas informando às pessoas sobre os perigos do transporte de material radioativo. O trabalho voluntário é muito importante para o Greenpeace. Sem o apoio dessas pessoas que cedem seu tempo e habilidades para fazer a diferença, muitas das nossas vitórias não seriam alcançadas. Para poder atuar em diversos lugares do Brasil e do mundo, o Greenpeace conta com uma extensa rede ativa de voluntários. Eles participam das ações diretas não-violentas, informam e engajam o público e enviam mensagens de protestos a empresas e governos, fazendo assim a sua parte na construção de um planeta mais verde e pacífico.

Os processos de seleção de novos voluntários são abertos periodicamente. Todos os |7 colaboradores são convidados a participar.


clima&energia

Clima quente,

plano fraco Depois de anos de espera, finalmente o governo brasileiro lançou o Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), mas o resultado é decepcionante. O plano nada mais é do que uma coleção de ações já existentes. Não apresenta soluções inovadoras e não reconhece a urgência da situação. Para muitas propostas não há metas, para outras, faltam prazos ou mecanismos para alcançá-las. “O plano não responde aos desafios das mudanças climáticas, que exigem urgência e maior comprometimento do governo”, diz Guarany Osório, 8

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coordenador da campanha de Clima. As ações para combater o desmatamento, principal causa das emissões de CO2 no Brasil, se resumem às iniciativas do atual plano de desmatamento, que no papel até parece bom, mas na prática não funciona. O PNMC não assume o compromisso de zerar o desmatamento, limitando-se ao combate do desmatamento ilegal – missão que, com ou sem plano, é obrigação do Governo. “O PNMC poderia ter incorporado a proposta do Greenpeace de Desmatamento Zero. Essa e outras propostas da sociedade civil estão no relatório

elaborado pela Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional que foi solenemente ignorado pelo Governo”, completa Osório. Outro ponto fraco do plano é não reconhecer o papel dos oceanos no combate às mudanças climáticas. Os mares são o principal sumidouro de CO2 do planeta mas, quando poluídos e degradados, deixam de cumprir esse papel. Renováveis

No capítulo sobre energia, o problema é não considerar as condições climáticas e geográficas que


Para combater a destruição de nossas florestas, é preciso propostas inovadoras e ousadas, além de prazos e metas, como as do Desmatamento Zero. Nada disso está no Plano Nacional sobre Mudança no Clima, apresentado pelo governo.

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possibilitam ao Brasil a oportunidade de promover uma verdadeira revolução energética com o desenvolvimento de novas fontes renováveis. Com isso, o governo desperdiça a chance de fazer o país dar um salto tecnológico em direção ao desenvolvimento responsável, já que as renováveis, além de serem uma opção ecológica, criam mais empregos do que a geração de energia a partir de combustíveis fósseis. A proposta para eficiência energética também é tímida: 10% de redução do consumo até 2030, quando o potencial do Brasil nesse período é de, no mínimo 20%.

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A inconsistência do PNMC não traz apenas prejuízos socioambientais internos. Ações ousadas e inovadoras colocariam o Brasil numa posição de destaque nas negociações internacionais, definitivamente. “Nações de todo o mundo estão negociando a segunda fase do Protocolo de Kyoto e no Brasil já existem projetos ótimos que se colocados em prática serviriam de exemplo para o mundo”, diz Osório. O documento pós-Kyoto deverá ser concluído em 2009, na Conferência da ONU sobre o clima, em

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Copenhagen (Dinamarca). Nas negociações internacionais, o Greenpeace tem defendido a implementação da proposta Florestas pelo Clima, mecanismo global de financiamento, que visa a transferência de recursos dos países ricos para os países em desenvolvimento, e que tem como objetivo maior proteger as florestas tropicais. O mecanismo, que beneficiará países como o Brasil, tem potencial de arrecadar até € 14 bilhões por ano e reduzir rápida e drasticamente as emissões provenientes de desmatamento.

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O Brasil tem grande potencial em fontes alternativas de energia, como a eólica. Com elas, podemos reduzir pela metade nossas emissões de CO2, além de economizar recursos que seriam usados na construção de termelétricas fósseis.

Imagine um mundo sem carvão, petróleo ou gás natural como combustível. Parece impossível? Nem tanto. Com vontade política e investimentos de cerca de R$ 35 trilhões até 2030, o sonho se transforma em realidade em 2090, revela a nova edição do relatório [R]evolução Energética, lançado em outubro. Considerando que o custo com carvão mineral no período é estimado em quase R$ 30 trilhões, faríamos até uma boa economia. O estudo, encomendado pelo Greenpeace e pelo Conselho Europeu de Energia Renovável ao Centro Aeroespacial da Alemanha, revela que metade da eletricidade consumida no mundo hoje poderia ser gerada por fontes renováveis, mas produzimos apenas 13% da demanda mundial atual. Estamos perdendo tempo e dinheiro. Investimentos em renováveis poderiam gerar uma indústria 10

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com faturamento anual de R$ 720 bilhões, atesta o relatório. E pelo cenário traçado, economizaríamos R$ 36 trilhões, que deixariam de ser gastos com a compra de combustíveis fósseis para termelétricas. Esse valor seria suficiente para financiar o aumento das fontes renováveis na matriz energética mundial e gerar milhares de empregos. “A intensificação de programas de eficiência energética e a redução dos gastos com combustíveis fósseis serão tão positivos para o meio ambiente quanto para a economia”, diz Ricardo Baitelo, da campanha de Energias Renováveis, lembrando que a [R]evolução Energética pode ser perfeitamente aplicada no Brasil. “O potencial de fontes como eólica, solar e biomassa em nosso país é extremamente alto e a implantação dessas energias vai reduzir a

construção de mais termelétricas fósseis no futuro.” Quanto mais gerarmos energia por meio de fontes renováveis, menos dióxido de carbono teremos em nossa atmosfera, reduzindo o aquecimento global – o que é bom para a saúde das pessoas e do planeta. Temos todas as condições para reduzir as emissões mundiais de CO2 em 50% até 2050 (em relação aos níveis de 1990) e programas de eficiência energética têm papel fundamental para tanto. Não basta apenas mudar a forma como produzimos energia, mas também como a consumimos.

Conheça mais sobre nossa proposta de [R]evolução Energética em www.greenpeace.org/brasil/ documentos/energia/sumarioexecutivo-r-evolu-o

© Greenpeace/Rodrigo Baleia

Adeus combustível fóssil


saiba mais

amazônia

Construir uma estrada no coração da Amazônia é um contra-senso ambiental e econômico. Opções seriam o transporte hidroviário e ferroviário.

© Greenpeace/Rodrigo Baleia

Florestas sob ataque

BR-319 a estrada da devastação O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, não deve ter gostado muito da paralisação do processo de licenciamento da rodovia BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), pelo Ministério do Meio Ambiente. Longe de ser uma preocupação ambiental; Nascimento conta com o asfaltamento a toque de caixa da estrada para pavimentar sua candidatura a governador do Amazonas em 2010. Mas ele não tem muito com o que se preocupar. A suspensão por 60 dias imposta pela pasta de Carlos Minc, até que um grupo de trabalho analise medidas de contenção do desmatamento e explore outras alternativas menos destrutivas, atrasa mas não tem força suficiente para engavetar o projeto que conta com apoio do governo federal. Bom para o ministro dos Transportes, ruim para a Amazônia.

Os 600 quilômetros da BR-319, que ligam Manaus (AM) a Porto Velho (RO) cortam uma imensa região de floresta primária no Amazonas, estado que tem a maior área de floresta intacta na Amazônia. Aberta nos anos 70, a estrada foi abandonada menos de 10 anos depois sem que isso trouxesse prejuízos econômicos e sociais a Manaus. “Neste momento em que o mundo discute a absoluta necessidade de parar o desmatamento, permitir o asfaltamento da BR-319 seria um contra-senso ambiental e econômico”, diz Paulo Adario, diretor da campanha de Amazônia. O transporte rodoviário de longa distância é muito mais caro para o usuário do que o ferroviário ou o hidroviário. Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que o transporte por via fluvial

As ameaças às florestas brasileiras não existem apenas a céu aberto. Talvez a maior delas hoje circule sorrateiramente por entre corredores e gabinetes do Congresso Nacional. O projeto de lei 6424/05, mais conhecido como Floresta Zero, propõe mudanças para pior no Código Florestal brasileiro, diminuindo de 80% para 50% a área em propriedades privadas na Amazônia que deve ser conservada e usada para atividades de manejo florestal. O Código Florestal que temos precisa ser transformado em lei, para garantir governança e incentivos econômicos para atividades que beneficiem a população local e mantenham a floresta em pé. Só assim o Brasil poderá contribuir incisivamente para combater as mudanças climáticas. Acompanhe o destino das nossas florestas no site

www.meiaamazonianao.org.br

a partir de Manaus é 50% mais barato do que por via terrestre. A hidrovia do rio Madeira, utilizada hoje para o transporte de soja e outras cargas, é uma das alternativas em estudo. Já os custos mais altos de implantação de uma ferrovia, cuja opção vem sendo analisada pelo governo do Amazonas e o BNDES, seriam compensados pelos ganhos ambientais da proposta e pelos custos operacionais muito mais baixos no longo prazo.

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Cidade Amiga

cai na rede

Depois de cinco anos de muito trabalho, o programa Cidade Amiga da Amazônia cresceu e vai sair de casa. A iniciativa do Greenpeace se integrará, a partir de dezembro, a uma rede de colaboração entre diferentes setores da sociedade: empresas, comunidades, ONGs, consumidores e, claro, governos. Sob a gestão da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Rede Amigos da Amazônia continuará contribuindo na construção de um modelo diferente de desenvolvimento para a floresta, incentivando o manejo florestal – uma alternativa econômica viável, se bem implementada. 12

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A exploração ilegal de madeira abre caminhos para que atores que atuam na clandestinidade, como fazendeiros e grileiros, tenham acesso a áreas intactas de florestas. Estima-se que até 80% da extração madeireira na Amazônia seja ilegal. Cerca de 60% do total produzido por ano são consumidos pelo mercado brasileiro. Quando o programa nasceu, em 2003, o Greenpeace estava convencido da responsabilidade de governos estaduais e municipais em provocar uma mudança positiva e sistêmica no consumo


© Greenpeace/Rodrigo Baleia

Cerca de 70 municípios brasileiros querem seguir o exemplo de Santo André (SP) e participar do programa Cidade Amiga da Amazônia. Atualmente, 37 cidades fazem parte da iniciativa do Greenpeace.

de madeira pela administração pública, responsável por 1/3 desse total. “As obras públicas consomem grandes quantidades de madeira. A decisão de agir – ou não – por parte de governos define se o poder público será co-responsável pela destruição da floresta ou se será parte da solução”, disse Adriana Imparato, coordenadora do programa, que conta hoje com a participação de 37 cidades, três estados brasileiros e diversas ONGs parceiras. O programa Cidade Amiga

está consolidado como ferramenta de proteção da maior floresta tropical do planeta e do clima global, já que o desmatamento e as mudanças no uso do solo, principalmente na Amazônia, são responsáveis por mais da metade das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. Entre 2003 e 2006, o programa cresceu e atingiu proporções nacionais. Cidades de todas as regiões do Brasil aderiram à iniciativa, com apoio decisivo de nossos colaboradores, que usaram as ferramentas disponibilizadas pelo Greenpeace para pressionar as autoridades de seus municípios. Em 2007, os esforços foram concentrados na implementação do programa e, assim, mais de 70 novas cidades demonstraram interesse em fazer parte da rede no período. Foi também neste ano que São Paulo se tornou o primeiro estado brasileiro a fazer parte do programa. Em 2008, outros dois estados aderiram: Bahia e Minas Gerais. O governo paulista, por exemplo, treinou 2.500 homens da Polícia Ambiental para fiscalizar depósitos e transporte de madeira. Em apenas dois meses, foram apreendidas três mil toneladas de madeira ilegal. O número de depósitos cadastrados no estado aumentou de 213 para mais de três mil em pouco mais de 40 dias. Já a capital paulista foi a primeira no Brasil a editar um decreto criando procedimentos para a compra de

madeira de origem legal, além de ser a única que tem regulação para a compra de mobiliário de madeira pela prefeitura. Outro resultado positivo do programa foi a construção da primeira obra pública realizada totalmente com madeira certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal) em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Como uma coisa leva à outra, a cidade gaúcha vai ganhar, em breve, uma loja de material de construção de origem responsável, implantada pela mesma empresa que executou a obra. Agora, um novo ciclo se inicia. Chegou o momento de atender mais estados e municípios, além de outros setores da sociedade interessados em proteger a Amazônia. A Fundação Getúlio Vargas assume o programa a partir de dezembro de 2008, mas o Greenpeace continua na empreitada como ativo colaborador dessa nova roda de amigos, para garantir que a Rede se instale com sucesso em sua nova casa, gerando mais e novos frutos para a floresta, o planeta e as futuras gerações. As sementes estão plantadas.

Conheça mais sobre o programa Cidade Amiga da Amazônia em www.greenpeace.org.br/ cidadeamiga

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entrevista A solução para os problemas climáticos e financeiros do mundo passa pela colaboração entre três centros de poder: governos, empresas e sociedade civil. Para o escritor, cientista e educador ambiental Fritjof Capra, autor do best-seller O Tao da Física, o Brasil está adiantado na organização desse diálogo, que deverá ser retomado nos EUA com a eleição de Barack Obama. “Ele tem a habilidade de procurar as pessoas para dialogar, facilitar, mediar. E assim vamos construir um futuro sustentável.”

© Melissa Haidar

Capra, que há mais de 20 anos atua no movimento ambiental, veio ao Brasil para divulgar seu novo livro, A Ciência de Leonardo da Vinci, e também para participar da Conferência EcoPower, em Florianópolis, quando deixou clara a sua opinião sobre a retomada do programa nuclear pelo governo brasileiro. “É o caminho errado. O Brasil não precisa de energia nuclear.” Confira a entrevista que Fritjof Capra concedeu à Revista do Greenpeace:

O Tao da sustentabilidade Revista do Greenpeace Qual o papel da sociedade civil no combate às mudanças climáticas? Fritjof Capra É muito importante. No mundo de hoje, há três centros de poder: governo, empresas e sociedade civil. Só resolveremos nossos problemas, que estão ficando cada vez mais sérios, quando esses três setores trabalharem juntos. O Brasil é um dos poucos países no mundo em que essa colaboração tem sido organizada sistematicamente. O governo tem estabelecido vários canais de acesso à sociedade civil, o que as empresas sempre tiveram. Cada um desses centros de poder tem habilidades e qualidades 14

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específicas. A sociedade civil contribui com uma visão de um outro mundo possível, como dizemos no Fórum Social Mundial. Temos trabalhado em criar um futuro sustentável, em institutos e universidades, com a publicação de livros e relatórios. Não somos muito bons em gerenciamento de soluções de problemas e em tecnologias, áreas mais afeitas ao mundo dos negócios. É esse conhecimento que as empresas podem oferecer. Já o governo promove leis e regras. Com a eleição de Obama nos Estados Unidos, já podemos esperar que essa colaboração entre os três centros de poder aconteça, lá e em nível internacional também.


© Melissa Haidar

Fritjof Capra está animado com a eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e prevê novos tempos nas negociações internacionais de combate às mudanças climáticas. E a sociedade civil terá papel preponderante nessa discussão.

O mundo se mexeu rápido para conter a crise financeira mas ainda reluta em promover ações concretas para encontrar soluções ao problema das mudanças climáticas. Por que? Tivemos oito anos de sabotagem dos Estados Unidos, sob a administração Bush, e isso teve seu efeito no mundo. Sem a participação dos EUA no Protocolo de Kyoto, ficou fácil para a China, por exemplo, não assumir compromissos também. Mas isso deve mudar agora. Falta vontade política ou é erro de avaliação? Se você me perguntasse isso há uns seis meses, eu diria que havia sim uma clara falta de vontade política. Mas a situação realmente

mudou agora, com a chegada de Obama ao poder. Ele é um internacionalista, tem a habilidade de procurar as pessoas para dialogar, facilitar, mediar. Ele vai acabar com o unilateralismo promovido pelo governo Bush. Teremos um tipo de liderança bem diferente agora na Casa Branca. O Brasil tem fartura de opções para a geração de energia, com muita água, vento e sol, mas o governo brasileiro preferiu retomar seu programa nuclear. Como o senhor vê essa decisão? É o caminho errado, não há dúvidas sobre isso. Para cada dólar ou real gasto em energia nuclear, você pode ter múltiplas opções de energias com fontes renováveis. Energia nuclear é uma forma

muito cara e ineficiente de se fazer eletricidade, porque é altamente centralizada, não é eficiente e muito cara. Tão cara que se você oferecer projetos nucleares no mercado de ações, ninguém vai comprar. Energia nuclear não é viável economicamente. As únicas usinas nucleares que existem ou estão em construção hoje no mundo são subsidiadas pelo poder público, em geral de países autoritários. É possível até dizer que construir uma série de usinas nucleares pode representar um risco à democracia, devido à insegurança e possibilidade de proliferação de armas nucleares. Não precisamos desse tipo de energia, há muitas outras fontes tão ou mais eficientes de se gerar eletricidade.

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© Haroldo Castro/CI Brasil

oceanos

São Paulo

entra na onda

Áreas marinhas protegidas como a de Abrolhos (BA) são importantes para a recuperação da biodiversidade marinha e dos estoques pesqueiros, além de ajudar no combate aos impactos do aquecimento global nos oceanos.

Não é apenas a população em geral que tem que entrar na onda da proteção dos oceanos, os governos também precisam fazer sua lição de casa. Criando e implementando áreas marinhas protegidas, por exemplo. São Paulo deu um grande passo nessa direção, no início de outubro, criando três áreas protegidas. Com a decisão, foram regulamentadas as atividades econômicas, turísticas e ocupações em um trecho que vai de Ubatuba a Cananéia. As áreas criadas são de uso sustentável e compreendem toda a extensão do litoral paulista, com exceção dos trechos de mar dos portos de Santos e São Sebastião. O Greenpeace manifestou preocupação ao ver excluídas também as áreas do Arquipélago de Alcatrazes, consideradas delta de marinha. Além disso, a Secretaria forneceu uma autorização para novas instalações portuárias – o 16

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que não prioriza a conservação da biodiversidade. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado também anunciou a formação de 90 policiais ambientais especializados e a compra de seis barcos de fiscalização. O próximo passo será conversar com os setores sociais envolvidos para que seja firmado um consenso sobre o manejo dessas áreas. “É importante que haja uma fiscalização eficiente que garanta a manutenção dessas reservas. Muitos parques no Brasil existem apenas no papel”, afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Oceanos. Além de recuperar populações de espécies exploradas comercialmente, aumentar o tamanho médio dos indivíduos e recuperar seu habitat, as reservas marinhas são extremamente eficientes no combate aos impactos do aquecimento global. Mantendo os oceanos

limpos e saudáveis, eles podem exercer o seu papel fundamental de regulação climática do planeta. Hoje, no Brasil, apenas 0,4% do bioma marinho encontra-se protegido por unidades de conservação federais. Se considerarmos as unidades estaduais o número chega a 0,8% em áreas costeiras. No mundo, esse número chega a 1% dos oceanos. A recomendação da ONU é que esse percentual seja de, no mínimo, 20%. O Greenpeace, baseado em dados científicos e recomendações de mais de 60 biólogos marinhos, defende uma proposta de rede global de reservas que cubram 40% dos oceanos.

Conheça mais sobre o programa Cidade Amiga da Amazônia em www.greenpeace.org.br/oceanos


saiba mais

JFK e a [R]evolução Energética A segunda edição do relatório [R]evolução Energética contou com o apoio inusitado do ex-presidente americano John F. Kennedy, que em JFK E A REVOLUÇÃO - Em menos de um mês, o vídeo com a simulação de um discurso do ex-presidente americano em discurso, defendeu a adoção defesa das fontes renováveis de energia foi visto por cerca de imediata das fontes renová75 mil pessoas no YouTube. veis de energia para se combater as mudanças climáticas. O vídeo, uma montagem em cima de um dos mais famosos discursos de JFK e uma coleção de outras imagens que marcaram o século passado, fez sucesso no YouTube, com 75 mil espectadores em menos de um mês. Outros vídeos foram produzidos para mostrar às pessoas como a revolução energética pode ser obtida nos atos cotidianos de todo cidadão. Trocando uma lâmpada incandescente por outra fluorescente, bem mais eficiente, por exemplo.

Ação online!

Piratas acorrentados!

Meia Amazônia não!

Para mostrar ao mundo o quanto as plantações de óleo de dendê são prejudiciais às florestas na Indonésia, o Greenpeace usou e abusou da internet para registrar suas ações. Blogs (Forest4Climate), vídeos no YouTube, álbuns online de fotos (Flickr) e marcações em mapas virtuais (Google Earth), além das páginas oficiais do Greenpeace, estão disponíveis para quem quiser saber um pouco mais do que está sendo feito para evitar o desmatamento zero no país asiático.

Quatro barcos piratas portugueses acusados de fazer pesca predatória foram acorrentados por ativistas do Greenpeace de Portugal no porto de Aveiro. As embarcações têm um longo histórico de participação em pesca pirata e o Greenpeace exigiu das autoridades portuguesas um maior controle sobre eles.

Chegamos a 170 mil assinaturas da petição contra o projeto de lei Floresta Zero, que ameaça as nossas florestas – em especial a Amazônia. Não perca tempo, proteste você também! E divulgue para seus familiares e amigos!

Para acessar todo o conteúdo desta página, entre em:

www.greenpeace.org/brasil/ institucional/o-green-na-web

Vento x CO2 Você sabia que a energia eólica poderia produzir 12% da demanda energética mundial até 2020 e evitar a emissão de 10 milhões de toneladas de CO2 no período? Essas e outras revelações foram feitas pelo relatório Panorama de Energia Eólica Global 2008, lançado em outubro pelo Greenpeace em parceria com o Conselho Global de Energia Eólica.

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institucional

Greenpeace África: organização abre escritório no centro do mundo

© Greenpeace/Kate Davison

cartas & e-mails “É motivo de grande alegria para mim pertencer a esta magnífica organização que defende a Mãe Natureza. Oxalá as pessoas que irei convidar aumentem o contingente de pessoas dedicadas a tão nobre empreendimento. Mais uma vez, obrigado por me aceitarem, e espero participar do movimento, dentro de minhas possibilidades físicas. Abraços e muito sucesso, José Luiz dos Santos Nogueira.” por e-mail

O desmatamento das florestas tropicais no Congo, um dos principais problemas ambientais do continente africano, será documentado pela tripulação do navio Arctic Sunrise.

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Falta de governança, vastas áreas de floresta sendo destruídas e milhares de pessoas querendo fazer a diferença. Se você acha que estamos falando da Amazônia, se enganou. A África também está enfrentando sérios problemas socioambientais e é para lá que o Greenpeace vai: para combater o aquecimento global, enfrentar o desmatamento das florestas do Congo e a sobrepesca da costa oeste do continente. O desmatamento das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Apesar de sua vasta cobertura florestal, a África contribui muito pouco para o aquecimento global, mas será um dos locais mais atingidos pelos impactos das mudanças climáticas. Alguns já podem ser sentidos: padrões de chuva imprevisíveis, redução das áreas agrícolas e dos recursos naturais já estão causando migração em massa, com aumento de tensão e conflito em várias regiões. A inauguração do Greenpeace África acontece quase dez anos depois do estabelecimento da base permanente da organização em Manaus, no coração da Amazônia. Assim como na África, o modelo de desenvolvimento que vem se repetindo na Amazônia historicamente tem gerado apenas devastação e injustiça social, com concentração de terra nas mãos de poucos, destruição de habitat, de culturas indígenas, grilagem de terras, violência e abuso aos direitos humanos. “Enfrentar os problemas socioambientais na África é vital para garantir um futuro mais justo para suas crianças e para o mundo como um todo. A pobreza e a destruição ambiental estão intimamente relacionadas. Enquanto a proteção dos recursos naturais e da biodiversidade africana não estiver garantida, a população local continuará em guerra e o desenvolvimento continuará insustentável”, disse Amadou Kanoute, diretor-executivo do Greenpeace África. “Ao garantir a proteção do meio ambiente, a África diz não a um processo de desenvolvimento sujo e injusto ao mesmo tempo em que aumenta o papel do continente na busca de soluções globais para um futuro mais verde e pacífico”. A organização, que já conta com escritórios em 40 países, agora também irá atuar na África do Sul, República Democrática do Congo e Senegal. 18

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out-nov-dez 2008

REVISTA DO Greenpeace Rua Alvarenga, 2331 Cep: 05509 006 São Paulo SP

ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE Conselho diretor

Presidente Conselheiros

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REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace

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Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 34 mil exemplares. www.greenpeace.org.br

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© Greenpeace/Robert Meyers

Cansado de esperar por ações para evitar os impactos do aquecimento global sobre seu habitat, o Ártico, o urso polar foi à luta em Washington no mês de setembro. Aparamentado como um autêntico sem-teto, mostrou o seu desespero às pessoas que circularam por determinados pontos da capital americana, exibindo cartazes que pediam mais gelo e menos petróleo ou carregando um globo em meio a trapos e farrapos num carrinho de supermercado. A performance-protesto foi uma parceria do Greenpeace com o artista plástico Mark Jenkins, para destacar a ameaça que o aquecimento global representa para o planeta.


© Greenpeace/Jiri Rezac

6 de outubro de 2008 Gijon, Espanha Ativistas do Greenpeace pintam a mensagem “Chega de carvão” em navio que transportava carvão da Colômbia para a Espanha. O protesto, que contou com o apoio do navio Arctic Sunrise, teve como objetivo expor o governo espanhol, que estimula o uso de carvão no país – uma energia suja que contribui para agravar os efeitos do aquecimento global.

O Arctic Sunrise está em expedição pela Europa contra o uso do carvão na matriz energética dos países europeus.

ARCTIC SUNRISE

RAINBOW WARRIOR

O Rainbow Warrior está visitando 11 países na Europa e no Mediterrâneo para alertar os governantes a pararem de investir em usinas a carvão.

© Greenpeace/Joel van Houdt

17 de novembro de 2008 Rotterdã, Holanda Cem ativistas do Greenpeace ocuparam a área de construção de uma nova usina a carvão em Rotterdã. O Rainbow Warrior ficou ancorado a 100 metros do local para dar segurança aos ativistas. No dia seguinte, o navio do Greenpeace bloqueou a entrada e saída de navios do porto. O capitão foi preso.

ESPERANZA

O Esperanza está na Papua Nova Guiné para expor a relação entre a destruição das florestas e as mudanças climáticas .

14 de novembro de 2008 Riau, Sumatra Rebocadores empurram o navio Esperanza, do Greenpeace, que impediu durante vários dias o carregamento de dendê na embarcação “Isola Corallo”, com destino à Holanda. As florestas tropicais na Indonésia estão sendo substituídas por plantações de dendê, cujo óleo é utilizado na produção de cosméticos e alimentos por grandes empresas.

out-nov-dez 2008

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Os navios e botes são plataformas fundamentais para o trabalho do Greenpeace. Essa frota verde viaja pelos quatro cantos do mundo e funcionam como um verdadeiro escritório móvel – seja para expor e confrontar os responsáveis pelos crimes ambientais, seja para documentar as agressões à natureza em áreas remotas do planeta.

Para acompanhar o paradeiro dos navios em imagens ao vivo acesse: http://www.greenpeace.org/international/photosvideos/ship-webcams

© Greenpeace/Ardiles Rante


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