CAMPANHA DE CLIMA E ENERGIA - GREENPEACE BRASIL DESTAQUES DE 2011 Energias renováveis são a cara do Brasil. Gigante pela própria natureza, como diz uma estrofe do seu hino nacional, o Brasil tem ventos constantes e o brilho intenso do sol que o permitem sonhar em ser o primeiro do mundo a ter uma matriz energética totalmente limpa. Em seu primeiro ano como uma das campanhas exclusivas do Greenpeace Brasil, ao lado da campanha de florestas, nossas iniciativas de Clima e Energia defenderam a expansão de nossa matriz energética utilizando energias renováveis e apontaram os riscos e ameaças que dificultam esse passo importante em direção a um Brasil mais verde e limpo.
1. Petróleo no Brasil: ameaça a um desenvolvimento limpo
1.1 - A realidade bate à porta - vazamento de óleo na bacia de Campos Após desenvolver um trabalho ao longo do ano apontando os riscos e danos ambientais que poderiam surgir devido à exploração de petróleo, o mês de novembro começa tornando algumas de nossas previsões uma triste realidade com um vazamento causado pela petroleira norte-americana Chevron no campo de Frade (Bacia de Campos), norte do Estado do Rio. Em meio a controvérsias e informações desencontradas por parte do governo e da empresa, fomos à público exigir uma maior clareza acerca do volume e impactos reais do vazamento. No Rio de Janeiro, visitamos a sede da Chevron no Brasil com a mensagem "Chevron: sua sujeira, nosso problema".
Em frente ao edifício aonde se encontra a sede da Chevron no Brasil, ativistas derramam óleo pedindo maior clareza da empresa em relação ao vazamento ocorrido no campo de Frade, na bacia de Campos - RJ.
Leandra Gonçalves, da campanha de clima e energia, comenta o protesto.
A ação teve uma boa repercussão na mídia e saiu nos maiores veículos de comunicação brasileiros e também em outros de grande projeção internacional. Seguem abaixo alguns links: - Jornal Nacional, da TV Globo: http://glo.bo/ugrEPM - Rádio CBN: http://glo.bo/sa1YUD - Agência Brasil: http://bit.ly/tVagKf - Folha, imagens do dia: http://bit.ly/sM5jJA - G1: http://glo.bo/tvCkAu - The Washington Post: http://wapo.st/udkFAg
Com o trabalho que desenvolvemos ao longo do ano, adquirimos a capacidade de ser um dos olhares críticos acerca da indústria do petróleo no Brasil. Com o vazamento da Chevron, consolidamos o nosso papel nesta área. Abaixo, seguem dois links que demonstram nosso protagonismo em dar o tom desta discussão: - Artigo de Leandra Gonçalves, campaigner de clima e energia, no jornal O Globo: http://bit.ly/upq6a7 - Participação do Diretor de Campanhas, Sérgio Leitão, em debate no programa Espaço Aberto da TV Globo News: http://glo.bo/t6EokW
1.2 - Riqueza brasileira sob ameaça: a exploração de óleo em Abrolhos
Nossa porta de entrada na questão das ameaças e riscos da exploração de petróleo no país, a campanha "Petróleo em Abrolhos não" foi lançada no segundo semestre questionando os efeitos e a necessidade de exploração de óleo em uma área vital e emblemática para a biodiversidade do país. Com o pedido de que as empresas presentes na área desistissem da exploração de óleo na região e apoiassem uma moratória de óleo e gás em Abrolhos por um período de 20 anos, a campanha contou com uma série de atividades e iniciativas, dentre as quais uma petição com de mais de 27 mil assinaturas de cyberativistas e a ação direta com maior nível de confrontação do ano. A ação teve como
alvo o empresário Eike Batista, dono da empresa OGX, durou nove horas e entrou para a lista das ocupações mais longas do Greenpeace Brasil.
Ativistas invadem a sede da OGX com pedido direto ao empresário Eike Batista, que não recebeu os representantes do Greenpeace na ocasião.
Ativistas são retirados da sede da OGX à força por policiais militares.
Algumas repercussões da ação: - Matéria internacional, replicada por vários veículos: http://yhoo.it/tFBH9x - O Estado de S. Paulo: http://bit.ly/v1iSMd - Na Record, Wagner Montes comenta a ação e defende a causa: http://bit.ly/qtjOOR
2. Nuclear: o mundo pós-Fukushima
O triste acidente nuclear ocorrido na cidade japonesa de Fukushima, no início de março, fez grande parte do mundo repensar o uso desta fonte em seu território. Enquanto alguns países estavam desacelerando ou mesmo cancelando seus planos nucleares, o Brasil continuou na contra mão desse trajeto, defendendo a construção de Angra 3. O episódio ocorrido no Japão nos ajudou a recuperar a visão no país de que a energia nuclear é perigosa, cara e insegura. Tivemos uma série de ações públicas e de engajamento para manter o debate aquecido na mídia e no país.
Relembrando as vítimas de Chernobyl e com pedido à presidente Dilma Rousseff para que não exponha o Brasil aos riscos da energia nuclear, ativistas protestam em frente ao palácio do Planalto.
Usando fumaça laranja para simular a nuvem radioativa que resultaria de um acidente nuclear, Greenpeace protesta na sede do BNDES, o maior financiador da Usina Angra 3.
Ativistas visitam almoço promovido pela Eletronuclear advertindo, em tom de brincadeira, sobre perigos da energia nuclear.
Greenpeace denuncia comboio ilegal de 13 caminhões com lixo nuclear na Bahia. O transporte do material não contava com autorização legal e moradores de Caetité ofereceram resistência à entrada dos caminhões por cerca de 4 dias.
Apesar do Brasil ter mantido os planos de construção de Angra 3, nem tudo foi ruim. O Plano Decenal de Energia para a próxima década (2011-2020) não incluiu a construção de novas instalações nucleares e junto a isso um atlas oficial previsto para este ano, com mapeamento de possíveis novas instalações nucleares, não foi lançado.
3. Energias Renováveis: uma solução é possível
3.1 - O futuro é renovável: o cenário político no Brasil
Além de expor os problemas das fontes sujas e não convencionais de energia no país, o Greenpeace também propôs soluções. A abertura dos nossos trabalhos em 2011 já trouxe a mensagem que iríamos defender ao longo de todo ano. Na retomada dos trabalhos do Congresso Nacional, em fevereiro, tivemos uma ação nas Cúpulas do Congresso pedindo que o Projeto de Lei de Renováveis fosse desengavetado e aprovado pelos deputados. Ao longo do ano, diante de todos perigos, ameaças, impactos e danos apontados para as energias sujas, sempre mencionamos o grande potencial que o país possui para a implementação e desenvolvimento de fontes renováveis, estas sim as verdadeiras energias do futuro.
Ativistas erguem torre eólica inflável nas Cúpulas do Congresso Nacional, pedindo que os parlamentares recém-eleitos garantam um futuro limpo ao país.
No cenário político, apesar da lei não ter sido aprovada em 2011, um grupo de parlamentares estabeleceu a Frente Parlamentar pela Revolução Energética para estimular e impulsionar o uso de energias renováveis no país. O nome dado ao grupo faz menção ao estudo [R]evolução Energética, lançado pelo Greenpeace em 2010 e propondo cenários energéticos limpos para o futuro do Brasil.
3.2 - O futuro é agora: iniciativas de energias renováveis no Brasil Para destacar o lado positivo das energias renováveis em nossos discursos e entender de perto os tipos de soluções que estas fontes oferecem, cruzamos o Brasil atrás de iniciativas que nos dessem uma noção real e atualizada sobre o atual cenário de energias renováveis no país. Atrás do estado da arte destas fontes limpas no país, cruzamos o país do sul ao norte, juntando dados e registros fotográficos e de vídeo que deverão ajudar a ilustrar nossa campanha. Tudo que foi coletado e registrado nos propiciará a chance de lançar uma série de materiais nos próximos anos (como um relatório sobre renováveis no Brasil, uma exposição de fotos para a Rio + 20, uma série de documentários curtos sobre a questão etc). Na foto ao lado, parque eólico em Aracati (CE) responsável pela maior geração de energia desta fonte no país.
4. Na prática, a teoria é outra: Dilma e o meio ambiente Baseados em tradição inspirada na última jornada de Napoleão Bonaparte, iniciada em 1930 no governo do presidente norte americano Franklin Roosevelt, que prediz que novos governantes contam com cem dias para construção de uma identidade, analisamos este primeiro período do mandato da presidente, então recém- eleita, Dilma Rousseff. Apontamos que, apesar da presidente mencionar algumas preocupações com o tema ambiental, poucas foram as suas atitudes concretas. (material no site aqui: http://bit.ly/hxerv3)
Em evento da campanha presidencial no segundo turno, ativistas desafiam a candidata Dilma Rousseff a se comprometer com um Brasil Verde e Limpo. 100 dias após sua posse, avaliamos como as questões ambientais foram direcionadas no período.
5. Pesquisa no Brasil Como parte do trabalho de refinar nosso foco estratégico, ampliando nossos conhecimentos de energia, o time de pesquisa estruturado em 2011 nos ajudou a aprofundar e entender melhor o cenário energético no Brasil e alguns problemas específicos, como os impactos esperados da exploração do présal. Como resultado destas horas de estudo e análise, lançaremos ao mesmo tempo da realização da COP de clima em Durban (Dezembro de 2011), um mapa com as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à exploração de petróleo no Brasil.
Mapa integrante do nosso cenário sobre a exploração de petróleo no Brasil. Na imagem, a fração relativa à exploração do pré-sal.
6. Mobilização: ampliando a voz do Greenpeace em defesa do meio ambiente Para todas as atividades e demandas públicas que tivemos ao longo do ano, contamos com a ajuda de nossos voluntários para ampliar o alcance e o impacto de nossas mensagens. Acompanhamos de perto tragédias e ameaças ao meio ambiente e também visitamos eventos e locais públicos para conscientizar as pessoas de que um futuro limpo e verde é possível. Nos momentos de intensificação de demandas ou lançamentos de campanhas, fomos as ruas com nossos Green Points para engajar o público, divulgar nosso posicionamento e coletar assinaturas para nossas petições. Acerca destas atividades, no primeiro semestre o nosso foco foram os perigos da energia nuclear seguido, na outra metade do ano, pelos riscos da exploração de petróleo em Abrolhos. Muitas destas atividades de engajamento tiveram a participação de membros do time de Diálogo Direto o que nos deu a oportunidade de aumentar a nossa base de colaboradores e apoiadores do Greenpeace no Brasil. Ainda como colaboração entre áreas, nosso time contribuiu no desenvolvimento e implementação de algumas atividades de Fundraising, como a participação do Greenpeace nos shows do U2 e no festival SWU.
O mesmo aconteceu na cooperação entre campanhas, com a colaboração de parte do nosso time em iniciativas públicas contra as mudanças no Código Florestal, que seguem em análise no Congresso Nacional.
No início do ano, visitamos as tragédias das enchentes no Rio de Janeiro e locais com seca intensa no Rio Grande do Sul, para documentar e denunciar os efeitos e danos de eventos climáticos extremos.
A nossa passagem pelo Rio Grande do Sul para monitoramento da intensa seca coincidiu com a inauguração da usina termelétrica de Candiota. A Presidente Dilma, que compareceria ao evento, ao saber da presença do Greenpeace, cancelou sua presença. A notícia vazou na mídia e nossa coincidente passagem por Candiota, apenas para acompanhamento dos extremos climáticos que estavam acontecendo na região sul, acabou ironicamente se tornando a ação mais barata do ano.
No lançamento da campanha por uma moratória de óleo e gás em Abrolhos, voluntários conscientizam o público sobre a importância de não explorar petróleo na região.
Na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), ativistas vestidos com equipamentos de proteção escoltam o nosso personagem caveira guy, uma vítima de acidentes nucleares. Participamos do evento no intuito de conscientizar o público dos perigos da energia nuclear. A resposta que tivemos, principalmente dos moradores locais, foi positiva frente ao fato de que Paraty fica próxima à Angra dos Reis, sede das usinas nucleares em operação no país.
Ainda na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP),nossos voluntários organizam um "Green Point" para demonstrar que, além dos riscos da energia nuclear, existem várias possibilidades de uso de renováveis no país.
Como parte de iniciativa proposta pela Urgewald e outras ongs baseadas na Alemanha, participamos de uma semana de mobilização global contra o financiamento que a Alemanha está propiciando à Angra 3. Neste push, se juntaram ao Greenpeace Brasil também voluntários do Greenpeace Argentina (na foto) e Greenpeace Chile.
Voluntários do Greenpeace apoiam os moradores de Ilhéus contra a construção do Porto Sul, na Bahia.
O Greenpeace esteve presente na turne 360°, da banda U2, que ocorreu em Abril. Com um componente de engajamento acerca da mensagem "eu ajudo a salvar nossas florestas" e também uma plataforma de captação de recursos, a atividade contou com a colaboração do time de clima e energia.
Em apoio à Campanha da Amazônia e sua iniciativa contra o esfacelamento do Código Florestal, parte do time de clima e energia ajudou a organizar atividades de mobilização e suporte público ao tema. Na foto, a ala das árvores no Samba pelas Florestas que ocorreu no Rio de Janeiro.
7. Capacitações e treinamentos: apostando nos ativistas do Futuro
Preocupados com a formação dos ativistas e voluntários que irão garantir o pique da nossa organização nos próximos anos, apostamos fortemente na capacitação e aprimoramento dos nossos quadros. Como parte deste processo, foram realizados treinamentos de como se portar em uma ação (o chamado NVDA), um específico de técnicas de escalada e um de NVDA avançado com ativistas que já nos apoiam de longa data. Ao total, foram realizados 11 treinamentos com a participação de mais de 300 ativistas. Na foto ao lado, ativistas participam de curso de escalada no Rio de Janeiro em dezembro.
8. Os planos de 2012 8.1 - Ship tour Em 2012, receberemos por aqui o novo navio do Greenpeace, Rainbow Warrior 3. O navio, que conta com várias tecnologias verdes para redução de emissões de gases de efeito estufa, será uma plataforma de divulgação de nossas mensagens de campanha e da nossa narrativa de promover energias renováveis como a solução para o futuro energético do Brasil.
Recém-inaugurando, Rainbow Warrior III faz navegações de teste no mar do Norte.
7.2 - Rio+20 Outra importante plataforma de trabalho, na Conferência devemos propor soluções limpas e renováveis para o futuro energético do planeta, dizendo que o Brasil precisa optar pelas energias verdes ao invés de investir todo nosso dinheiro para viabilizar a exploração do Pré-sal. 7.3 - Pré-sal Aprofundando nosso trabalho acerca da exploração do pré-sal e seus impactos, o GP Brasil foi aceito pelo GP Internacional como parte da iniciativa global chamada Seven Blunders, que deverá incluir o pré-sal (e o país) entre as maiores reservas de carbono e maiores poluidores do planeta.