Out/Nov/Dez 2012

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greenpeace.org.br

Crime na Amaz么nia outubro - novembro - dezembro | 2012

Revista

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greenpeace.org.br

Crime na Amazônia

Revista

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outubro - novembro - dezembro | 2012

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© Greenpeace/Rodrigo Baleia

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sumário

© Greenpeace / Caio Paganotti

carta aos colaboradores

capa

Novas denúncias, velhos problemas

Falta pouco para zerar o desmatamento Alívio para a Floresta

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Os europeus também cuidam de suas florestas Tire o título de eleitor da gaveta

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Nosso exército verde

O terceiro elemento das eleições dos EUA COP-18: conferência da transição ou da paralisação?

11 Entrevista:

“Barack Obama no olho do furacão”

12 Ventos favoráveis a um futuro renovável

13 Um olhar para o futuro com ideias do passado 14 15 16 17 18 19

A roupa suja da Zara No tapetão não vale, Shell Qual a cor do seu gadget Parabéns a você Greenpeace pelo mundo Foto oportunidade

Prezado colaborador,

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hegamos ao fim de 2012, um ano duro, trabalhoso e realizador. Após a aprovação do novo Código Florestal – uma lei que só defende os interesses do agronegócio insustentável –, continuamos nossa luta pelas florestas, seja com a proposta de lei de iniciativa popular pelo desmatamento zero, seja denunciando irregularidades no coração da floresta amazônica, como desmatamento, impunidade e uso de mão de obra análoga à escrava. Esta edição da Revista Greenpeace traz exemplos de nosso trabalho em apontar crimes ambientais estejam onde estiverem. Com base em informações de campo e dados de satélite, o Greenpeace revelou a invasão de madeireiras na reserva extrativista Verde para Sempre, o desmatamento na Floresta Nacional de Altamira e um esquema de regularização fundiária para um grileiro acusado de desmatamento e uso de trabalho escravo. Tudo isso no interior do Estado do Pará. Leia sobre estes casos nas páginas a seguir. Mas nem tudo o que vem das florestas são más notícias. Dados oficiais mostram queda recorde de desmate entre 2011 e 2012. Isso prova que o desmatamento zero é não apenas necessário, mas perfeitamente possível. Também a indústria da soja aceitou estender o acordo de moratória até janeiro de 2014. Isso significa que as maiores comercializadoras do grão continuarão sem comprar de fazendas que desmataram depois de 2006. Do outro lado do mundo, no Qatar, acompanhamos as negociações pouco ambiciosas da COP-18, a Conferência da ONU para o Clima. Os líderes mundiais, mais uma vez, ignoram a iminência de uma crise climática, mesmo após exemplo recente que abalou os Estados Unidos: o furacão Sandy. Queremos também contar a vocês a história de como a Zara, uma das maiores redes de roupas do mundo, aceitou rever toda sua cadeia de produção para eliminar substâncias tóxicas que terminam em rios de todo o planeta. Isso só aconteceu após pressão global do Greenpeace pedindo para a empresa se “desintoxicar”. Todo este trabalho não seria possível sem o seu financiamento. Você permite que possamos sobrevoar a Amazônia, mobilizar a população e pressionar políticos e empresas por um planeta mais justo, verde e limpo. Antes de finalizar, gostaria de agradecer pelas mensagens de apoio e admiração que recebemos após a morte trágica de nossa grande guerreira do arco-íris Tatiana de Carvalho. Sua família e nós do Greenpeace Brasil sentimos o seu carinho. Em nome de toda equipe do Greenpeace Brasil, desejamos que você tenha um lindo Natal, um próspero Ano Novo e que, em 2013, continue conosco. Um grande abraço Marcelo Furtado

Diretor-Executivo Greenpeace Brasil

O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta. O Greenpeace não aceita dinheiro de governos, partidos ou empresas. Ele existe graças às contribuições de milhões de colaboradores em todo o mundo. São eles que garantem a nossa independência. |3


amazônia © Greenpeace / Rodrigo Baleia

Madeira retirada ilegalmente do entorno da Resex Verde para Sempre

Novas denúncias, velhos problemas Bernardo Camara

A região ao longo da BR-163, no Pará, continua com crimes ambientais a céu aberto. Em um mês, o Greenpeace fez três denúncias de ilegalidades aos órgãos oficiais

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ire o dedo e aponte em qualquer direção do mapa da Amazônia. É quase certo: algum crime ambiental já foi – ou está sendo – cometido ali. Ao longo da BR-163, estrada que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), não é diferente. Só em novembro, o Greenpeace levantou três denúncias na região, encaminhadas ao Ministério Público e ao governo, pedindo providências. Invasão de

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áreas protegidas, desmatamento ilegal e até uso de trabalho análogo ao escravo. Tem de tudo um pouco. A primeira denúncia partiu da comunidade da Resex (Reserva Extrativista) Verde para Sempre, área protegida para populações tradicionais do Pará. “Há muito tempo eles avisavam que as madeireiras estavam agindo nos arredores da Resex e até dentro dela”, conta Danicley de Aguiar, da campanha Amazônia

do Greenpeace. Bastou uma tarde de sobrevoo nas margens da unidade para dar de cara com o cenário: caminhões e balsas abarrotados de madeira, estradas rasgando a floresta, um porto improvisado e pilhas de árvores no chão. Após uma varredura nos órgãos ambientais, o time de pesquisas do Greenpeace constatou que não havia qualquer autorização ou licença para a extração de madeira no


© Greenpeace / Rodrigo Baleia

local. A denúncia foi encaminhada com fotos, mapas e coordenadas geográficas para o Ministério Público e o Ministério do Meio Ambiente, e motivou uma operação do Ibama e do ICMBio na área. Até o fechamento dessa edição, os órgãos ainda estavam em campo e não havia informações sobre os resultados. Perto dali, outra área protegida pelo governo federal sucumbia à motosserra: a Flona (Floresta Nacional) de Altamira. Os satélites já apontavam, nos meses de julho, agosto e setembro, novas áreas degradadas e desmatadas na unidade de conservação. Sobrevoamos e documentamos esses pontos, além de outras derrubadas que os sistemas de monitoramento sequer detectaram. Segundo interpretação visual de imagens de satélite pelo Laboratório de Geoprocessamento do Greenpeace, pelo menos 2.200 hec-

Estradas abertas e retirada ilegal de madeira nas margens da Floresta Nacional de Altamira (PA)

tares de floresta foram impactados. O ritmo de destruição – ilustrado por toras empilhadas, gado pastando e estradas abertas – deu à Flona de Altamira o título de unidade de conservação mais desmatada no mês de setembro, de acordo com o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Os dois casos que o Greenpeace denunciou, no entanto, não são isolados: dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o desmatamento em áreas protegidas segue em curso. Em 132 unidades de conservação observadas por satélite, a devastação aumentou cerca de 132% entre 2000 e 2012. “Há anos denunciamos os crimes que ocorrem no entorno da BR-163 e o desrespeito à política de unidades de conservação. O desmatamento está lá, acontecendo à luz do dia, para quem quiser ver”, critica Danicley de Aguiar.

O local exato onde o Greenpeace documentou os crimes ambientais.

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© Greenpeace / Rodrigo Baleia

amazônia

Vista aérea da Floresta Nacional de Altamira. Pelo menos 2.200 hectares desta floresta foram impactados

Legal para quem?

Se a falta de governança é gritante no interior de áreas protegidas, fora delas o clima de descontrole e impunidade é ainda maior. Beirando a Flona de Altamira, está a fazenda Vitória, do proprietário Eleandro Perin. Há dois meses, seu nome chegava à Justiça Federal de Santarém (PA) em um pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal. Dias antes, durante uma operação, o Ibama havia responsabilizado o fazendeiro por dois crimes: desmatamento ilegal e uso de trabalho análogo ao escravo. As acusações não eram as únicas no histórico de Perin. Antes disso, ele já havia sido autuado duas vezes pelo Ibama – também por exploração ilegal de floresta – e teve sua propriedade embargada. Apesar do currículo, em 2009 o fazendeiro teve a fazenda Vitória, que ocupa 1.122 hectares em Altamira (PA) e que, portanto, não faz dele um pequeno agricultor, regularizada pelo programa Terra Legal. O programa estabelece que o limite das áreas para titulação seja de até

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15 módulos fiscais. Eleandro Perin possui uma de 14,95 módulos. Capitaneado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Terra Legal veio ao mundo após a aprovação, em 2009, da Medida Provisória 458, que ficou conhecida como MP da Grilagem. O objetivo anunciado era o de regularizar antigas ocupações legítimas na Amazônia, dando prioridade a pequenos produtores e a comunidades locais. Mas, como já havia sido previsto por movimentos sociais e ONGs, o programa está também beneficiando criminosos ambientais. “Não veio para legalizar as terras dos agricultores familiares, mas dos latifundiários”, afirmou Raimundo de Lima Mesquita, coordenador Regional da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará), sem se surpreender com o fato de o programa beneficiar quem desrespeita a lei. “Aqui, ninguém perde nada por ter desmatado.” O Greenpeace enviou ao Ministério Público o caso de

Eleandro Perin, além de um levantamento de outros proprietários da região que, apesar de terem um histórico de crimes ambientais e não serem pequenos produtores, foram beneficiados pelo Terra Legal. A reinvindicação é que seja feita uma auditoria nesses casos. “Na Amazônia, a falta de governança e ações descoordenadas dos órgãos oficiais causam situações como as denunciadas. Neste ambiente, programas como o Terra Legal e o novo Código Florestal – que concede anistia a quem desmatou – seguem a mesma receita, de premiar quem destrói as florestas brasileiras”, diz Danicley. Apesar de os dados oficiais de desmatamento terem registrado uma redução recorde entre agosto de 2001 e julho de 2012 (leia matéria na página 7), há indícios de que a derrubada de floresta tenha crescido nos últimos meses. Segundo o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) do Imazon, de agosto a outubro de 2012 houve um aumento de 125% do desmatamento da Amazônia.


Alívio para a floresta

Falta pouco para zerar o desmatamento

Mesmo após a aprovação do novo Código Florestal, a indústria da soja entendeu que o desmatamento zero agrega valor ao produto na hora de competir pelo mercado.

Bernardo Camara

Taxa oficial de desmatamento da Amazônia é a menor já registrada. Prova de que o desmatamento zero não é apenas necessário, mas também possível matamento, o sinal de alerta deve continuar ligado, afinal 4.600 quilômetros quadrados ainda é muita floresta – só para comparar, o número equivale a 462 mil campos de futebol perdidos em mata nativa no período de um ano. Além disso, monitoramento recente mostra tendência de aumento do desmatamento entre agosto e outubro de 2013, ou seja, após o fechamento do último Prodes. É por isso que o Greenpeace, com o apoio de diversas organizações do movimento social, lançou a proposta de projeto de lei de iniciativa popular pelo desmatamento zero. Desde março, mais de 650 mil pessoas assinaram por uma nova legislação que freie em definitivo o desmatamento da Amazônia (leia mais na página 8). “A lei do desmatamento zero nunca foi tão necessária. Ela é uma vacina contra os retrocessos ambientais que o Brasil tem assistido. Mas junto com ela, é necessário que haja uma governança permanente na Amazônia, e não só pontual”, conclui Astrini.

Desmatamento (Km2)

Taxa anual de desmatamento da Amazônia Legal

27772 19014 14286 11651 12911 7464 7000 6418 4656 Ano

2004

2005

2006

2007

2008

2009

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2011 2012

O setor se deu conta de que, para ter um produto aceito no exterior e, ao mesmo tempo, competitivo no mercado internacional, ele deveria incorporar o respeito à floresta no seu dia a dia de negócios. Um alívio para a proteção da Amazônia. A renovação da moratória foi celebrada em Brasília, em outubro passado, em solenidade que teve a presença da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), ANEC (Associação Brasileira de Exportadores de Cereais), do Ministério do Meio Ambiente, do Greenpeace e de outras organizações da sociedade civil. O acordo agora vale até 1º de janeiro de 2014. Fonte: Inpe

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Brasil acaba de atingir a menor taxa de desmatamento já registrada em sua história. Cerca de 4.600 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados na Amazônia Legal entre agosto de 2011 e julho de 2012, segundo dados do sistema oficial Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia). Esse número representa 27% a menos que no ano anterior. Este é o quarto ano consecutivo que o desmatamento apresenta redução. “A diminuição dos números nos últimos anos deixa claro que o fim do desmatamento não só é necessário como perfeitamente possível”, afirma Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace. “A principal força desse combate ao desmatamento vem de uma sociedade que não tolera mais a destruição das florestas. É isso que empurra ações tanto de governos quanto de mercados, como o da soja e o da pecuária, para eliminar o desmatamento de sua cadeia produtiva.” Mesmo com a redução do des-

Pouco adiantaram os esforços ruralistas para derrubar a proteção às florestas – pelo menos no caso da soja. Mesmo com a aprovação do novo Código Florestal, a indústria da renovou, pelo sexto ano consecutivo, a moratória para a compra de soja proveniente de áreas desmatadas. Pelo acordo, nenhuma das 24 principais empresas comercializadoras da soja – que representam 90% do mercado de soja no país – poderá comprar o produto de fornecedores na Amazônia que tenham desmatado após 2006.

“Não precisamos de área nova de floresta para aumentar a produção de soja no Brasil. Temos terra boa para fazer isso sem ter que derrubar uma só árvore”, disse Carlo Lovatelli, presidente da Abiove. Durante estes seis anos, áreas da Amazônia foram monitoradas tanto pela indústria como pelo Greenpeace para comprovar no campo se o que está acordado em Brasília tem sido posto em prática. Ximena Leiva |7


© Greenpeace

internacional

Os europeus também cuidam de suas florestas

Tire o título de eleitor da gaveta

Ximena Leiva

Greenpeace Alemanha desenvolve projeto para mapear e preservar as ameaçadas florestas de faia do país

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A empreitada foi produtiva: em quase duas semanas, os ativistas catalogaram em torno de 13 mil árvores, muitas delas com mais de 200 anos de vida. A partir deste trabalho, será produzido um mapa com a localização das árvores antigas. A iniciativa é importante para proteger estas espécies, que são capazes de armazenar mais CO2 que as árvores mais novas. Segundo o relatório Proforest, publicado pelo Imazon, 32% da área da Alemanha tem cobertura florestal – algo em torno de 11,1 milhões de hectares. Desse total, apenas 14% são de florestas de faia. Este ecossistema abriga uma biodiversidade riquíssima: 6.000 espécies dependem delas para sobreviver. © Natalie Becker / Greenpeace

luta pela preservação das florestas também move os europeus. Na Alemanha, uma equipe de ativistas do Greenpeace está mapeando as remanescentes florestas de faia, nome popular dado a algumas espécies de árvores típicas de zonas temperadas do planeta. Neste esforço, os brasileiros deram uma mão aos alemães. No final de outubro, Adriano Augusto, do Greenpeace Brasil, se juntou ao time que acampou por 12 dias em uma floresta de 15 mil hectares perto de Spessart, sudoeste da Alemanha. “O trabalho consistiu em medir as árvores, encontrar as que têm mais de 50 centímetros de diâmetro e depois, com o GPS, marcar a localização exata”, conta Adriano.

Durante as eleições municipais deste ano, o Greenpeace Brasil incentivou os eleitores a fazerem um outro uso do título de eleitor. Além de eleger prefeitos e vereadores, o documento pode ajudar a proteger as florestas. Como? Assinando pelo desmatamento zero, projeto de lei de iniciativa popular que já conta com o apoio de mais de 650 mil pessoas. A Constituição Federal de 1988 garante aos cidadãos brasileiros o direito de propor projetos de lei de iniciativa popular. No entanto, para que estes projetos sejam aceitos, precisam ter o apoio de pelo menos 1% dos eleitores. Esse número, atualmente, é de 1,4 milhões de pessoas, mas quanto mais adesões tiver o projeto, maior a pressão da sociedade civil para sua aprovação no Congresso Nacional. Por isso, faça uso do seu direito de cidadão e ajude a aprovar leis que sejam do seu interesse. Faça o download e imprima a petição do desmatamento zero (link abaixo) e leve-a ao colégio, à faculdade, ao trabalho, ao seu condomínio. Dessa maneira você participa da construção de um Brasil com floresta. Juliana Costa

Adriano (à esq.) durante as pesquisas na Alemanha

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Links: Faça o download da petição: http://bit.ly/YqQojG Assine pela internet: http://bit.ly/U6CudQ


voluntariado

Nosso exército verde Danielle Bambace

No Greenpeace, os voluntários são os responsáveis por levar às ruas as campanhas e as mensagens da organização. Quer saber mais sobre eles?

© Greenpeace / Rafael Daguerre

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Debaixo de chuva, voluntários fazem marcha no Fórum Social Mundial de 2012

alar em mudar o mundo é fácil, mas quem realmente tem coragem de tomar uma atitude para tornar o planeta um lugar melhor? Os voluntários fazem parte desse grupo de pessoas que acredita ser necessário arregaçar as mangas e dar os primeiros passos. Para o Greenpeace, os voluntários são “pau pra toda obra”. Seja em ações diretas não violentas, seja nas ruas ou nas escolas, essa turma é responsável por levar as campanhas e as mensagens da organização para mais perto da população.

A recompensa é a certeza de estar fazendo sua parte para proteger o meio ambiente, promover a paz e convencer a humanidade da importância de cuidar de nossa única casa, o planeta Terra. É por essas e outras que os voluntários ganharam uma emblemática homenagem da ONU (Organizações das Nações Unidas): 5 de dezembro é o Dia Internacional do Voluntário. Para celebrar esta data, nós do Greenpeace elegemos dez curiosidades sobre nossos bravos heróis e seus trabalhos. Confira:

Dez curiosidades sobre o voluntariado no Greenpeace 1 O Greenpeace conta hoje com 15 mil voluntários em todo o mundo. Para se ter uma ideia, esse número representa mais de seis vezes a quantidade de trabalhadores contratados nos 27 escritórios nacionais e regionais independentes da organização, nos 40 países onde ela atua. 2 No Brasil, são atualmente 250 voluntários, divididos em oito grupos locais: Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os grupos têm a função de dar suporte às atividades e promover ramificações do trabalho do Greenpeace. 3 Todos os voluntários recebem treinamentos que são importantes para a operação e trabalho nas ruas, como, por exemplo, cursos de não violência, de preparação para as campanhas ou até mesmo de expressão pessoal e comunicação. 4 Quem é voluntário do Greenpeace faz de tudo um pouco: desde selar cartas no escritório até fazer funcionar um fogão solar em feiras de estudantes. Tudo é parte de um trabalho integrado e previamente elaborado pela equipe de cada país. 5 Nossos voluntários mais jovens têm 18 anos. Essa é a idade mínima exigida. O mais velho é Antônio Padilha, 69 anos, voluntário do grupo de São Paulo. 6 Mais do que a satisfação pessoal, o voluntariado no Greenpeace permite a transformação de indiví-

duos em cidadãos atuantes. O Projeto Escola desenvolvido no Brasil, por exemplo, já realizou mais de cem palestras em escolas sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e sustentabilidade. 7 Em 2009, voluntários do Greenpeace instalaram painéis solares na casa da avó de Barack Obama, no Quênia. A atividade fez parte da campanha Geração Solar, que também treinou 25 jovens da comunidade para realizar a manutenção do sistema. 8 Após a passagem do furacão Sandy, voluntários do Greenpeace Estados Unidos trabalharam com um gerador solar móvel, oferecendo energia elétrica para carregar celulares e fornecer luz para as vítimas nos arredores de Nova York. 9 É importante lembrar que a organização nasceu pelo voluntariado: a primeira viagem, realizada em 1971 com o navio Phyllis Cormack para protestar contra os testes nucleares nas Ilhas Aleutas, contava com pessoas inconformadas e dispostas a trabalhar pela causa, sem remuneração financeira. 10 A seleção de voluntários é realizada no Brasil por meio de inscrições no site (www.greenpeace. org/brasil/pt/Participe/Voluntario) e posterior entrevista. Achou interessante? Torne-se um voluntário.

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Nathália Clark

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omo costuma acontecer com questões mais polêmicas, a crise climática ficou de fora das discussões da recente campanha presidencial dos Estados Unidos. Eis que, justo no calor da disputa eleitoral, surgiu o inesperado: o furacão Sandy assolou a costa leste do país e paralisou Nova York, uma das mais importantes metrópoles do mundo. Com o assunto estampado em jornais de todo o mundo, os candidatos foram forçados a quebrar o silêncio sobre o tema. Diferente da posição de seu adversário, o republicano Mitt Romney, Obama afirmou que acredita nas contribuição das atividades humanas para o aquecimento global e nos impactos perigosos dessa relação. Reeleito, ele se comprometeu a agir para mitigar as consequências das mudanças climáticas, mas sem prejudicar a economia do país. Em outras palavras, não há qualquer indício de uma mudança real de paradigma de desenvolvimento no país. Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior emissor mundial de gases do efeito estufa, atrás apenas da China. Há quem diga que não se pode provar a relação direta entre o furacão Sandy e os efeitos do clima. Mas fato é que todos os eventos climáticos são afetados pelo aquecimento terrestre, já que se intensificam por ocorrerem em situações mais úmidas e quentes do que o normal. Contra qualquer ceticismo, a ciência já provou que a temperatura

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dos oceanos subiu pelo menos 3ºC, o que criou uma quantidade imensa de vapor d’água, despejado há cerca de um mês em cidades como Nova York e Boston. Além dessa constatação, o ano de 2012 também foi marcado por eventos extremos incomuns, como a seca prolongada que afetou a agricultura norteamericana e provocou altas globais nos preços dos alimentos. Para piorar, dados da NASA apontam que o ano está se consolidando como um dos mais quentes da história. Segundo o pesquisador Kert Davis, chefe do Departamento de Pesquisa do Greenpeace Estados Unidos (confira entrevista na página ao lado), o aquecimento da água e do ar pode intensificar e prolongar perigosas tempestades e outros fenômenos. “Estes tipos de eventos têm se tornado mais frequentes e severos e vão comprometer cada vez mais a segurança e a economia caso os Estados Unidos não revejam suas emissões de gases estufa e suas políticas climáticas”, completou. Rever a política climática ainda não passa de uma promessa eleitoral, mas o fato de Obama ter trazido a preocupação com o clima para sua campanha, num momento de alerta extremo, seguramente pesou na escolha dos eleitores. O problema é que as mudanças climáticas não descansam depois das eleições. E o simples discurso não pode ser uma opção para os Estados Unidos ou qualquer outro país do globo.

© NASA / Divulgação

clima

O terceiro elemento das eleições dos EUA Evidência das mudanças climáticas, o furacão Sandy assolou a costa leste dos Estados Unidos em plena campanha presidencial

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COP-18: conferência da transição ou da paralisação? Reunidos na cidade de Doha, no Qatar, para a 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, líderes de mais de 200 países tentaram resolver o impasse entre o passado e o futuro. O principal objetivo da COP-18, definida como a conferência de transição, era acordar uma segunda fase para o Protocolo de Kyoto e definir os próximos passos para um novo instrumento que o substituirá após o fim da vigência. Até o fechamento desta edição, porém, a falta de acordo em questões cruciais como financiamento e ambição para redução de emissões ainda paralisavam os trabalhos. Em Copenhagen, os países desenvolvidos concordaram em destinar U$100 bilhões para o Fundo Climático Verde no segundo período de Kyoto para financiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas em nações em desenvolvimento. Entretanto, com a crise que assola o velho mundo, a contribuição e a influência da União Europeia nas negociações foi enfraquecida. Além disso, a resistência dos Estados Unidos em colocar recursos na mesa era grande. Vale lembrar que os mesmos Estados Unidos ainda não assinaram o protocolo, nem assumiram qualquer compromisso formal com a redução das emissões. Desde o início, a conferência não criou muitas expectativas. Mas se as esperanças de sucesso e de resultados concretos eram quase nulas por um lado, por outro a reunião proporcionou aos árabes uma vitória histórica. Primeiro país islâmico a sediar uma COP, o Qatar também foi palco, no dia 1º de dezembro, da primeira marcha climática realizada em um país do Golfo Pérsico. Cerca de 300 ativistas se juntaram na orla de Doha para cobrar de seus governos mais liderança e medidas urgentes para reduzir o aquecimento global. NC


© Robert Meyers / Greenpeace

entrevista

Barack Obama no olho do furacão Nathália Clark

Chefe do departamento de Pesquisa do Greenpeace Estados Unidos, Kert Davies passou anos acompanhando a relação entre a ciência e a política climática. Para ele, eventos como o Sandy podem comprometer cada vez mais a segurança econômica e humana do país caso seus governantes não diminuam as emissões e melhorem suas políticas climáticas. Nesta entrevista, ele comenta os desafios de Barack Obama em seu novo mandato presidencial.

Revista do Greenpeace O impacto do furacão Sandy e o derretimento recorde do gelo do Ártico neste ano reforçam os indícios de que as mudanças climáticas já são realidade. Sobre esta questão, quais devem ser as prioridades de Barack Obama neste novo mandato? Kert Davies Ele não conseguirá aprovar novas leis, pois a maioria na Câmara é contrária a suas posições. Porém, ele deve pôr em prática algumas ações utilizando a autoridade da Lei do Ar Limpo. Por exemplo, regular termoelétricas a carvão e fechar velhas usinas não sustentáveis e ineficientes. Infelizmente, Obama lançou a política de “all-of-the-above” (“todas as alternativas energéticas”, na tradução livre) e os lobistas do carvão, óleo e gás natural já o estão pressionando para que cumpra essa promessa. A administração tem sido muito pró-gás natural, pró-perfuração offshore, expandindo e permitindo concessões de exploração no Golfo do México e no Alasca. Isso deve mudar.

A política “all-of-the-above” inclui combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural. Os EUA não têm recursos para investir em uma matriz energética renovável como a solar, eólica e biomassa? Um estudo recente do Laboratório Nacional de Energia Renovável mostrou que a economia renovável é muito viável nos Estados Unidos, sendo possível alcançar 80% ou mais de nossa eletricidade a partir de energias renováveis até 2050. Mas há também a questão de encontrar o capital de investimento em uma economia quebrada. Antes de a economia ser prejudicada pelo abuso dos financiamentos bancários, houve uma grande quantidade de capital de risco voltada para o mercado de energia renovável. É preciso fortalecer o discurso e recuperar isso. Pesquisa recente mostrou que a maioria dos norte-americanos já não vê as mudanças climáticas como um problema urgen-

te para o planeta. Por que isso acontece? As pessoas se preocupam mais com a economia do que com o ambiente, a educação ou outras questões sociais. Felizmente, há indícios de que a importância das questões ambientais e climáticas está crescendo entre as pessoas. Durante discurso na Convenção Nacional Democrata, Obama mencionou o assunto e disse que não considera isso uma brincadeira. No discurso de vitória, ele falou sobre a urgência de proteger as pessoas dos impactos do aquecimento do planeta. Então, podemos dizer que as coisas estão progredindo, pelo menos na mente do presidente. Qual seria a posição política ideal dos Estados Unidos na COP-18? A delegação norte-americana para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima tem sido um problema há algum tempo. Esperamos que alguns dos negociadores escolham antecipar sua aposentadoria.

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energia

Torres eólicas da Enercon em Brandemburgo, na Alemanha © Paul Langrock / Greenpeace

Ventos favoráveis a um futuro renovável Marina Yamaoka

Relatório mostra crescimento da energia eólica em todo o mundo e uma economia de 1,5 bilhão de toneladas em CO2 emitidas por ano na atmosfera até 2020 Para o Brasil, o documento prevê que o setor eólico superará os 8 GW até 2016. No ano passado, foram adicionados 582 MW à matriz brasileira, quantidade de energia suficiente para abastecer uma cidade de aproximadamente 2 milhões de habitantes. “O Brasil é um dos mercados mais promissores para a energia eólica nos próximos cinco anos”, avalia Ricardo Baitelo, da Campanha Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “No entanto, este bom momento depende da manutenção das atuais condições de competitividade, que dão segurança aos investidores e à própria indústria.” Segundo Baitelo, a possibilidade de descontinuação de isenções fiscais para equipamentos, aliada ao câmbio desfavorável para sua importação geram incertezas no mercado eólico. Além disso, o atraso da conexão dos parques geradores às linhas de transmissão e a ausência de um leilão para a fonte eólica em 2012 são questões que interferem na continuidade do setor.

Quer ler a íntegra do relatório? Acesse: http://bit.ly/QI7dmO (em inglês)

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Energia eólica no mundo Crescimento da oferta mw 1,617,444 759,349 237,699 ANO

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e, até pouco tempo atrás, o discurso pró-renováveis se restringia aos círculos de cientistas e ambientalistas preocupados com a crescente emissão de CO2, hoje as fontes limpas começam a assumir seu merecido lugar no mercado elétrico. Até 2020, 12% da energia produzida no mundo deve ter origem em turbinas eólicas –aquelas movidas pela força dos ventos. Este é um dos cenários apresentados pelo Global Wind Energy Outlook [Cenário Mundial de Energia Eólica, da tradução do inglês], publicação do Greenpeace Internacional e do Conselho Global de Energia Eólica, que chega a sua quarta edição. De acordo com o documento, até a virada da próxima década, esse crescimento da energia eólica deve reduzir em até 1,5 bilhão de toneladas as emissões de CO2 por ano e gerar 1,4 milhão de empregos. Para 2030, o cenário é ainda mais positivo – 20% da demanda mundial de energia poderia ser atendida pelos ventos.

2011

2011

425,155

2015

2020

2030

Capacidade total em MW

América do Norte

52,753

Europa 94,328 América Latina

2,330

África 1,024 China 62,364 Índia 10,084 Oriente Médio

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Um olhar para o futuro com ideias do passado Marina Yamaoka

Governo revisa seu plano energético para a próxima década e coloca mais dinheiro na conta do petróleo e de grandes hidrelétricas na Amazônia

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om tanto sol e vento no Brasil para gerar energia limpa e segura, o governo segue firme com a ideia de investir em fontes do passado. E quando falamos de investimento, nos referimos a somas estratosféricas: R$ 749 bilhões devem ser gastos até 2021 no setor de petróleo e gás natural. Boa parte desses recursos serão utilizados para viabilizar a exploração do pré-sal. Este é um dos dados contidos no PDE (Plano de Expansão Decenal de Energia) do Ministério de Minas e Energia. O documento, que é revisto a cada ano, prevê os rumos energéticos do Brasil para os dez anos seguintes. A boa notícia é que as renováveis como eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas terão maior participação na matriz elétrica em 2021, chegando a quase 20% da

geração nacional. Os investimentos previstos para essa expansão devem chegar a R$82,1 bilhões. Já a energia solar continua renegada pelo governo. O plano não inclui projeções e investimentos para esta fonte limpa. O argumento ainda é o mesmo: os custos são elevados para que essa fonte seja incluída no planejamento de médio prazo, apesar de o Brasil ter um enorme potencial de geração solar.

Amazônia

Ignorando todo o potencial de fontes limpas e de baixo impacto ambiental, a aposta do governo para suprir a crescente demanda energética do país são as obras faraônicas, de grande impacto socioambiental. Cerca de 33 mil MW virão das novas hidrelétricas planejadas pelo governo – a maior parte delas, a

Energia feita em casa

exemplo de Belo Monte, será instalada utilizando o potencial dos rios da Amazônia. As consequências diretas são o alagamento de uma área de 6.456 quilômetros quadrados, afetando diretamente 62 mil pessoas, e a perda de 3.450 quilômetros quadrados de vegetação nativa, o que equivale a 75% do desmatamento total na Amazônia entre agosto de 2011 e julho de 2012. “Em relação a suas versões anteriores, o PDE 2012-2021 trouxe discretas melhorias para algumas fontes renováveis. Entretanto, mantém boa parte das previsões”, disse Ricardo Baitelo, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “Ou seja, ainda é necessário um maior incentivo à eficiência energética e levar em conta o impacto ambiental.”

Pouca gente sabe, mas a conta de luz pode ficar mais barata. E dessa vez não é por promessa da presidente Dilma de baixar impostos, mas porque os consumidores poderão ser também produtores de energia.

Ao contrário da Europa, onde o sistema de geração pode ser lucrativo, o governo brasileiro restringe um teto para o incentivo, não permitindo que as residências ou condomínios gerem mais energia do que consomem.

Resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovada no início deste ano abriu caminho para a chamada microgeração residencial no Brasil. Por meio de painéis solares, pequenas turbinas eólicas, geradores a biocombustíveis ou mesmo minicentrais hidrelétrica, os consumidores poderão gerar energia e enviar o excedente para o sistema integrado nacional. Este excedente, por sua vez, se converterá em crédito a ser descontado da fatura da conta de energia.

Se tudo sair como o previsto, a resolução passa a valer neste mês de dezembro. Mas há dúvidas se as concessionárias estarão preparadas para adaptarem suas estruturas. Este é um passo importante para incentivar as energias renováveis no país, no entanto, muito ainda pode ser feito. O financiamento para a aquisição dos equipamentos, por exemplo, é um obstáculo pendente de solução. MY

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tóxicos © Clement Tang / Greenpeace

Ativistas protestam em vitrine da Zara de Hong Kong

A roupa suja da Zara Marina Yamaoka

Após pressão global do Greenpeace, a marca Zara assumiu compromisso de limpar todas as substâncias tóxicas encontradas em suas roupas

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queles jeans descolados ou o vestidinho da última estação podem esconder histórias que as vitrines não contam. A indústria da moda tem deixado rastros de poluição por substâncias tóxicas em rios de várias partes do mundo. O relatório “Fios tóxicos – o grande remendo do mundo da moda”, do Greenpeace Internacional, revelou que uma elevada porcentagem de roupas de marcas como Zara, C&A, H&M e Marks&Spencer estão contaminadas com substâncias perigosas. Algumas dessas substâncias podem alterar a forma como os hormônios naturais atuam no corpo humano e outras 14

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ainda são cancerígenas. Diante deste cenário, o Greenpeace pediu que as marcas de roupa fiscalizassem seus fornecedores e suas cadeias de produção para garantir que até 2020 nenhum produto tóxico seja utilizado na indústria têxtil e descartado no meio ambiente. Outro pedido foi o de mais transparência por parte das marcas para que tornem públicas as informações sobre quais substâncias são utilizadas em suas fábricas. Após oito dias de protestos e o apoio de 320 mil pessoas à campanha Detox, o grupo têxtil Inditex, o maior varejista de moda do mundo, do qual a Zara faz parte, assumiu o compromisso de eliminar

o descarte de todas as substâncias químicas perigosas de sua cadeia de produção, incluindo de seus fornecedores, até 2020. A decisão é uma resposta à pressão pública que a Zara recebeu. Agora, ela se uniu à Nike, Adidas, Puma, H&M, Marks&Spencer, C&A e Li-Ning, que já haviam firmado compromisso para se desintoxicar. “O Greenpeace parabeniza a Zara por fazer moda sem poluir. Se a maior varejista de moda do mundo pode mudar, não há desculpa para que as outras marcas não limpem suas cadeias de produção”, afirmou Martin Hojsik, Coordenador da Campanha Detox do Greenpeace Internacional.


No tapetão não vale, Shell

© Lance Lee / Greenpeace

O relatório “Fios tóxicos” analisou 141 peças de roupa de 20 grandes marcas compradas em 27 países [o Brasil não está incluído na lista]. A conclusão foi que diversos itens de todas as marcas continham nonilfenóis [ou NPs] – compostos orgânicos que podem causar alterações hormonais. Os NPs são utilizados pela indústria têxtil nos processos de limpeza e tingimento. Nocivos para a vida aquática, eles podem alterar o desenvolvimento sexual de alguns organismos, causando a feminização de peixes devido a sua semelhança com hormônios de estrogênio natural. As concentrações mais elevadas foram encontradas nas peças da Zara, da Metersbonwe, Levi’s, C&A, Mango, Calvin Klein, Jack&Jones e Marks&Spencer. Entre os outros químicos identificados estão elevados níveis de ftalatos, encontrados em quatro dos itens testados. Estas substâncias geralmente estão presentes em couro artificial, borracha, PVC e em alguns corantes, podendo interferir na reprodução de mamíferos e alterar o

Após protestos de ativistas em 110 cidades diferentes do mundo, a Shell foi à Justiça para tentar impedir novos protestos contra a exploração de petróleo no Ártico. No entanto, a liminar contra dois escritórios do Greenpeace foi rejeitada pelo presidente do tribunal de Amsterdã, Hans Jongeneel, que afirmou que as atividades realizadas na sede e nos postos de combustível da Shell, na Holanda, foram proporcionais e adequadas aos esforços do Greenpeace na tentativa de impedir a perfuração do Ártico.

desenvolvimento dos testículos durante a infância. Outra descoberta importante foram os traços de uma amina cancerígena proveniente da utilização de alguns corantes azoicos, em dois produtos da Zara. Outros tipos de produtos químicos industriais potencialmente perigosos foram encontrados em muitos dos itens testados. Estas substâncias estão incorporadas nos materiais dos itens comprados ou são resíduos indesejados provenientes do próprio processo de fabricação. “As principais marcas estão transformando todos em vítimas da moda, vendendo roupas que contêm produtos químicos perigosos e que contribuem para a poluição da água em todo o mundo”, disse Yifang Li, da campanha de Tóxicos do Greenpeace Sudeste Asiático. A campanha Detox, do inglês desintoxique, foi lançada em 2011 com a publicação do documento “Dirty Laundry”, que revelou que fornecedores chineses de grandes marcas de produtos esportivos, como Adidas, Nike e Puma, estavam poluindo os rios do país com substâncias tóxicas.

Inicialmente, a Shell exigiu que os ativistas fossem proibidos de protestar a 500 metros de qualquer propriedade da empresa, mesmo que fosse em território público, sob o risco de ser multada em mais de €1 milhão.

© Lance Lee / Greenpeace

O que as etiquetas não mostram

Com mais de 2 milhões de pessoas apoiando a campanha “Salve o Ártico”, que prevê a criação de um santuário internacional no polo norte, o juiz Jongeneel entendeu que a Shell tem agido de forma contrária ao que muitas pessoas querem e que, portanto, deve esperar que a sociedade tome certas atitudes na tentativa de fazer com que a empresa mude suas decisões. “Tais ações, para que sejam efetivas, terão que ser capazes de prejudicar a Shell de certa maneira”, escreveu o juiz. “A última tentativa da Shell para silenciar aqueles que a criticam, falhou. O juiz rejeitou a maior parte da liminar e lembrou a empresa que a desobediência civil é um direito nas democracias, mesmo quando uma empresa é impactada”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional. MY Participe você também da campanha para proteger o Ártico. Assine: ttp://bit.ly/X8JfD5

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consumo

Qual a cor do seu gadget? Danielle Bambace

Nova edição do Guia dos Eletrônicos Verdes traz a lista das empresas com as melhores práticas ambientais. Marcas indianas tomam a dianteira neste ano

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otebooks, smartphones, tablets, gadgets de todos os tipos... Esse vocabulário inglês caiu no gosto dos brasileiros e, hoje, povoa as listas de desejos natalinos. Mas você sabe se sua marca preferida tem boas práticas ambientais? O Greenpeace ajuda você a tomar uma decisão consciente. Desde 2006, o Guia dos Eletrônicos Verdes do Greenpeace Internacional avalia o avanço e o comportamento das marcas em relação à sustentabilidade. Munidos dessa orientação, os consumidores podem não só balizar sua escolha, como cobrar das empresas uma postura ecologicamente correta. A edição de 2012 trouxe algumas surpresas, como a excelente primeira colocação da empresa de tecnologia indiana WiPro. Suas operações

compreenderam uma estratégia de mitigação de emissões de gases do efeito estufa, além de atuar fortemente junto ao governo, cobrando uma política energética baseada em fontes renováveis. Além da WiPro, também foi adicionada à lista outra empresa indiana, a HCL Infosystem. Ambas figuravam apenas no guia produzido pelo escritório indiano. Mas, devido a seus bons resultados, foram consideradas nessa edição. A empresa Acer também subiu no ranking, principalmente devido a seus compromissos de redução na emissão de gases do efeito estufa, tanto na operação quanto em sua cadeia de fornecedores. HP, Apple e Dell melhoraram suas performances, identificando e reduzindo o uso de minerais perigosos em seus produtos.

Apesar da melhoria geral do ranking, com passos importantes de grandes empresas, ainda restam problemas. O aumento da acessibilidade aos gadgets ao redor do mundo gera um problema de proporções planetárias: o lixo eletrônico. Enquanto não forem definidas políticas sérias e abrangentes de logística reversa – quando a marca se responsabiliza por recolher os equipamentos velhos –, todo o esforço poderá ser em vão. Mais que isso, todo consumidor deve ter em mente que o eletrônico mais verde é aquele que você não compra: procurar aumentar o tempo de vida útil dos aparelhos que já possuímos é a melhor forma de comprar o que você realmente precisa e, assim, colaborar com o meio ambiente.

Lixo eletrônico não O Greenpeace Argentina foi às ruas protestar contra decisão da ministra da Indústria, Débora Giorgis, de dificultar a aprovação da lei do lixo eletrônico. A proposta de lei corre no congresso argentino há cinco anos e perderá sua validade se não for aprovada até o fim de 2012. Ela garantiria que as partes mais tóxicas dos resíduos eletrônicos fossem recuperadas e recicladas, evitando que chegassem ao lixo comum. A decisão da ministra favorece a indústria norte-americana, que não quer arcar com o ônus da contaminação de seus produtos. A cada ano são descartadas na Argentina 120 mil toneladas de lixo eletrônico. DB

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colaboradores © Greenpeace / Rodrigo Baleia

Parabéns a você Leonardo Maran

Desde criança, Gisele aprendeu a respeitar a natureza. Em seu último aniversário, o Greenpeace foi quem ganhou presentes

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o soprar as velinhas de seu 46º aniversário, em setembro, Gisele Brandt fez um pedido especial a sua família e amigos. Não queria bolsas, blusas, calças, vestidos. Escolheu ajudar o Greenpeace. Pediu que cada convidado oferecesse uma doação em dinheiro no valor do presente que ela iria receber. Muitos não entenderam. Gisele conta que ainda ganhou algumas lembrancinhas “por fora”. “As pessoas não conseguem ir a uma festa sem comprar presentes. Elas precisam dar alguma coisa”. Mesmo assim, graças à iniciativa, conseguiu juntar R$ 500 em doações. “Também precisamos fazer a nossa parte. É uma forma de agradecer por tudo aquilo que temos”, afirma. Já faz mais de seis anos que Gisele participa ativamente de ações pela proteção da natureza. Começou como voluntária do Greenpeace, onde ficou por um ano. Depois, passou a contribuir mensalmente para a causa. Desde criança, Gisele aprendeu a respeitar e cuidar da natureza. Foi

no sítio da avó, em meio às árvores e animais, que entrou em contato com aquilo que a fascina até hoje. “Minha vó me ensinou a não retirar da natureza mais do que eu preciso. Quando pescávamos juntas, só ficávamos com aquilo que era necessário para comermos”, relembra. Gisele acredita que as pessoas estão se tornando mais conscientes sobre a necessidade de preservar a natureza. E que as ações do Greenpeace têm sido mais focadas em alcançar um público maior, mais interessado naquilo que temos a dizer. “Minha mãe é doadora há anos e eu só fiquei sabendo há pouco tempo”, conta. Para ela, isso é um exemplo da importância que a organização e a preservação do meio ambiente vêm ganhando para públicos variados. Seu objetivo, agora, é influenciar os netos a também terem essas preocupações. “Meus enteados já estão velhos, não dá mais pra ensinar. Mas pretendo envolver meus netos em toda essa questão, que, afinal, também é muito importante para o futuro deles.”

Você pode fazer mais Gisele descobriu uma maneira criativa de contribuir com o Greenpeace e ajudar em nossas campanhas de proteção ambiental. Assim como ela, você pode contar a seus amigos e familiares sobre nosso trabalho e convidálos a contribuir. Afinal, como não recebemos dinheiro de empresas, governos ou partidos políticos, são as doações de pessoas como você que garantem nossa independência de ação. Para aqueles que não podem contribuir com dinheiro, há outras formas de ajudar a garantir um futuro mais verde. É possível tornarse um voluntário e trabalhar lado a lado com nossa equipe de ativistas, divulgando nossas campanhas nas ruas. Outra maneira de participar é como ciberativista, assinando nossas petições e divulgando-as nas redes sociais. Mas se nada disso lhe agrada, Gisele dá a palavra final: “Qualquer um pode fazer [algo pelo planeta]. Participar ativamente da reciclagem e mesmo deixar de jogar lixo por aí são algumas formas bem simples de ajudar a natureza.” LM

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internacional

cartas

Greenpeace pelo mundo

O dever de cada um “Ainda temos muito por fazer para que tenhamos um planeta sustentável para nossos filhos e netos. A responsabilidade de todos nós é enorme. Por isso precisamos manter viva a capacidade de transformar nosso planeta em um mundo melhor.”

Leonardo Maran

Nos últimos meses o Greenpeace deu o que falar em todas as partes. Confira algumas das notícias que foram destaque no mundo.

Sérgio Gomes Pinto de Souza

Colaborador São Paulo (SP)

Palmas para quem?

Você também pode mandar seu comentário, dúvida ou sugestão. REVISTA DO Greenpeace Rua Alvarenga, 2331 Cep: 05509 006 - São Paulo SP

© Greenpeace / John Novis

No final de outubro, o Greenpeace Indonésia lançou o Sistema de Avaliação dos Produtores de Óleo de Palma, que aponta a falta de sincronia da produção com as políticas de defesa do meio ambiente. A prática ainda está fortemente ligada ao desmatamento, apesar de todos os esforços para incentivar uma atuação mais consciente por parte dos produtores. Se continuar como está, a exploração do produto pode destruir grandes áreas de florestas na Indonésia, ameaçando o sustento dos habitantes, causando grandes perdas de biodiversidade e liberando mais gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera.

Desmatamentose aguda Na Itália, a editora de livros infantis Rizzoli e Fabbri descobriu que está sofrendo de uma doença contagiosa perigosíssima: o desmatamento. A solução? A pílula Deforestyl Zero, que o Greenpeace ofereceu aos editores no dia 6 de novembro. Um relatório da organização já mostrou que o papel dos livros editados pela empresa tem origem em florestas desmatadas na Indonésia, principal casa do tigre de Sumatra. Os volumes foram impressos na China, país líder na venda de papel indonésio.

O Greenpeace África já alertou para a relação entre a produção de energia a carvão e a escassez de água na África do Sul. Mas parece que a Eskom e o governo do país ainda não ouviram. A empresa estatal está construindo novas estações energéticas, que devem funcionar exclusivamente à base de carvão. Em um protesto no Megawatt Park de Joanesburgo, no dia 23 de novembro, nossos voluntários se acorrentaram à entrada do prédio e pediram mudanças de direção no planejamento da Eskom para formas de energias sustentáveis que não prejudiquem o meio ambiente.

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Editor Editora de fotografia Redatores

Leonardo Medeiros (MTb 39511) Danielle Bambace Bernardo Camara Danielle Bambace Leonardo Maran Leonardo Medeiros Marina Yamaoka Nathália Clark Ximena Leiva

Designer gráfico Karen Francis W5 Criação e Design Prepress e impressão Hawaii Gráfica & Editora Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 25 mil exemplares. www.greenpeace.org.br

© Shayne Robinson / Greenpeace

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Conselho diretor Presidente Rachel Biderman Conselheiros Laura Valente Leda Machado Marcelo Estravitz Marcos Nisti Oskar Metsavaht Diretor-executivo Marcelo Furtado Diretora de campanhas Annette Cotter Diretor de políticas públicas Sérgio Leitão Diretora de mobilização e comunicação Lisa Gunn Diretor de marketing e captação de recursos André Bogsan Diretora do organizacional Karla Battistella REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace

Chega de carvão

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ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE

O selo FSC® garante que este produto foi impresso em papel feito com madeira de reflorestamentos certificados de acordo com rigorosos critérios sociais, ambientais e econômicos estabelecidos pela organização internacional FSC® (FOREST STEWARDSHIP COUNCIL® / Conselho de Manejo Florestal).


Dezessete ativistas estenderam um banner de cem metros quadrados em formato de seta que apontava para a planta de tratamento de esgoto da Lavamex – uma das fornecedoras da Levi`s no México. A fábrica da Lavamex opera sem a transparência necessária e sob as maleáveis leis mexicanas, que não garantem o descarte correto das substâncias tóxicas provenientes da produção.

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© Ivan Castaneira / Greenpeace

Levi`s na mira do Greenpeace


© Clement Tang / Greenpeace

RAINBOW WARRIOR

ESPERANZA

Rainbow Warrior Entre setembro e novembro, o navio fez uma jornada pelo Oceano Índico, passando por alguns dos pontos mais importantes para a pesca de atum no mundo. O objetivo dos voluntários a bordo do navio era observar e compreender melhor a região. No Sri Lanka, ao final da expedição, os tripulantes alertaram para a falta de fiscalização da pesca predatória no local. A prática é comum e pode afetar severamente as comunidades que dependem dos peixes para a sobrevivência.

© Mannie Garcia / Greenpeace

ARCTIC SUNRISE

Esperanza No início de outubro, o Esperanza fez sua segunda visita ao porto de Keelung, em Taiwan. A missão era alertar a população para a importância da preservação dos oceanos e de se praticar a pesca sustentável. Depois de duas semanas, o navio continuou sua jornada pelo Pacífico, para os mares próximos à República de Palau, onde os ativista ajudaram na fiscalização de atividades marítimas ilegais.

Para acompanhar o paradeiro dos navios em imagens ao vivo acesse: www.greenpeace.org/international/en/multimedia/ship-webcams

Arctic Sunrise Durante uma expedição de três meses pelo Ártico, ativistas a bordo protestaram contra a exploração de petróleo e a pesca predatória, além de acompanhar os efeitos do maior degelo da história na região. Agora, o navio quebra-gelo passa por reparos no porto de Amsterdã e se prepara para retomar sua jornada pelo Ártico em 2013.

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© Paul Hilton / Greenpeace


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