Guia de Introdução à Fotografia - Primeiros Passos

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Introdução à Fotografia – Guia de Primeiros Passos – Escola Pernambucana de Fotografia

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APRESENTAÇÃO

A

fotografia é arte e também uma ferramenta de comunicação, ela tem estruturas e elementos de linguagem que são muito particulares. E, para que a nossa comunicação ou expressão artística aconteça de forma eficiente é importante que o indivíduo se aproprie das técnicas fotográficas, suas aplicações, e claro, o que suas resultantes estéticas ou símbolos presentes nas imagens podem significar pra quem vai receber a mensagem. Mas veja que interessante... Dominar as técnicas não implica necessariamente que você vai produzir boas fotos. É essencial que se compreenda a importância do olhar de quem fotografa, sua percepção sobre o imperceptível e a capacidade de concatenar símbolos, ícones e signos compondo cenas que comuniquem algo, que estimulem reflexões ou causem algum tipo de emoção. Outra necessidade na formação do fotógrafo é a de consumir material de outros fotógrafos ou de artistas de outras áreas. O processo de amadurecimento de um profissional da fotografia é semelhante ao de outros campos como, por exemplo, a música. Um músico em sua formação antes mesmo de aprender a tocar um instrumento precisa essencialmente ouvir bastante música. Ele inicia seus estudos buscando tocar músicas simples e na execução desse repertório vai aprimorando e aprendendo novas técnicas, reforçando sua intimidade com o instrumento. Depois dessa fase, ele já experimenta fazer algumas intervenções nas músicas que toca, seriam as interpretações ou releituras. O músico com pretensão de criar novas músicas provavelmente terá uma fluidez maior na sua composição e mais inspiração se tiver passado consistentemente por essas etapas. No universo da produção de imagens também pode funcionar assim. É importante que o indivíduo seja consumidor de muitas referências fotográficas, as leia com cuidado e paciência tentando interpretá-las, não só tecnicamente e esteticamente, mas também conceitualmente. É provável que com o tempo se acumule em sua memória um repertório vasto de possibilidades de expressão. Sua obra tende a ser mais rica e sua comunicação mais eficaz. Vale reforçar que esse material não tem a pretensão de ser uma literatura definitiva ou completa sobre fotografia; trata-se de como diz o título: um Guia de Introdução à Fotografia, produzido com carinho especialmente para os alunos da EPF - Escola Pernambucana de Fotografia ao qual me dedico no exercício da coordenação e docência. Espero que contribua como um apoio no estudo e no fazer fotográfico de nossos futuros profissionais da imagem.

Diego Cruz Cavalcanti.

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CAMERA, CÂMARA OU CÂMERA

É comum que haja no início do trato com a fotografia algumas confusões com o abecedário fonético desse vasto universo. Uma das primeiras dúvidas é sobre como escrever/falar o nome de nossa mais importante ferramenta… A camera/câmara/câmera! A verdade é que as três formas estão corretas, porém, “câmara” é a palavra proveniente do idioma português, sendo “camera” do idioma inglês (sem acento e com “E”). Como uma série de outros termos, a câmara se fundiu com a camera num processo linguístico natural dando origem a “câmera” como estamos acostumados a grafar e pronunciar. Convenções linguísticas à parte e independente de como se escreve ou fala, as três possibilidades estão corretas quando se deseja citar esse nosso incrível instrumento de captura de imagens.

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O OLHO E A CÂMARA ESCURA

A estrutura de uma câmera fotográfica é muito parecida com a arquitetura do olho humano. Seja na câmera mais moderna ou a mais arcaica, o conjunto de tecnologias para aperfeiçoar o equipamento e a captura da imagem avançaram, mas os princípios essenciais continuam os mesmos. O olho humano apesar de ser uma estrutura orgânica complexa, possui alguns elementos de maior importância no processo de captura das imagens. A córnea e o cristalino compõem uma espécie de grupo óptico, são como lentes que vão convergindo os raios luminosos para um ponto focal sobre a retina; antes de chegar à retina a luz atravessa todo o globo ocular que serve como câmara escura. Outros dois elementos super importantes nessa estrutura são a íris e a pupila, juntas formam o mecanismo que controla a quantidade de luz que será capturada pelo olho. No lado posterior do globo ocular existe a retina, uma superfície composta por milhares de células fotossensíveis que quando expostas à luz reagem e enviam a informação para ser interpretada pelo cérebro. No nosso olho as células fotossensíveis são os "Cones” (pertinentes à percepção das cores) e “Bastonetes” (são os que proporcionam a visão em preto e branco e visão noturna). Em resumo, o processo de captura da imagem consiste em: A reflexão da luz que incide nos objetos se projeta na direção do olho ou da câmera, entra por um orifício, atravessa a câmara escura e se desenha invertida no lado oposto da estrutura.

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FOTOSSENSIBILIDADE Fotossensibilidade é a propriedade de um elemento de sofrer algum tipo de reação quando exposto à luz. A natureza possui uma infinidade desses materiais, o próprio corpo humano é dotado desses elementos. Observe quando se expõe a pele ao sol, ela muda de cor e as áreas menos expostas permanecem com sua aparência original. Quanto mais se expõe à luz, maiores são as reações. Na fotografia, os elementos fotossensíveis utilizados para produzir os filmes (películas) e os papéis fotográficos são: brometo de prata, cloreto de prata e o iodeto de prata. Esses elementos são chamados também de haletos de prata, porque o bromo (Br), o cloro (Cl) e o iodo (I) na tabela periódica são da família dos halogênios (halo, do grego halos = “mar”, “sal”. Esses haletos de prata têm o formato de pequenos grãos e possuem uma propriedade interessante: Quanto maior o grão, mais sensível à luz. Logo, quanto menor o grão, menos sensível à luz. Quando os filmes fotográficos são fabricados leva-se em consideração o tamanho dos grãos para produzir filmes mais sensíveis ou menos sensíveis. Os filmes de grão maior ou mais sensíveis são usados para fotografar em situações de pouca luminosidade. Ex.: Fotografia em ambientes internos, fotografia noturna, espetáculos etc. Já os filmes de grão fino ou menos sensíveis são utilizados para fotografar em situações de luz mais intensa. Ex.: Fotografia em ambientes externos sob a luz do sol, fotografia com luz controlada em estúdio etc. A sensibilidade de um filme é graduada seguindo um padrão estabelecido pela indústria da fotografia, esse padrão chama-se ISO.

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ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION A sigla para International Organization for Standardization deveria ser IOS e não ISO. No entanto, como em cada país de línguas diferentes existiria uma sigla diferente, os fundadores decidiram escolher uma só sigla para todos os países: ISO. Esta foi a sigla escolhida porque em grego isos significa "igual", o que se enquadra com o propósito da organização em questão. A ISO tem como objetivo principal aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, como normas técnicas, classificações de países, normas de procedimentos e processos, e etc. No Brasil, a ISO é representada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). www.significados.com.br

Na fotografia analógica (ou química) os filmes são graduados segundo sua sensibilidade, e essa pode variar entre filmes menos sensíveis = ISO baixo e filmes mais sensíveis = ISO alto. É comum que encontremos no mercado filmes de ISO entre 100 e 1600, esses são os mais populares:

Uma observação importante: A escolha do ISO irá interferir na qualidade final e na estética da fotografia. Isso porque quanto maior o ISO, quanto maior o grão de prata, mais visíveis eles serão, gerando o que chamamos de granulação. Filmes de ISO alto possuem grãos tão grandes que podem ser vistos quando revelamos ou ampliamos a fotografia. Os filmes de ISO baixo, ou grão fino por sua vez são menos sensíveis, porém nos retornam fotografias mais limpas e nítidas. Podemos fazer maiores ampliações da fotografia sem a percepção da granulação e haverá uma maior riqueza nos pequenos detalhes da imagem.

A granulação pode ser assumida como elemento de linguagem, pois imprime na fotografia a ideia de textura, porém devese tomar cuidado, a granulação também pode fazer com que a imagem perca nitidez comprometendo a legibilidade da imagem.

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TEMPERATURA DAS CORES

Quando aquecemos um metal, ao atingir determinada temperatura o mesmo começará a emitir luz. À medida que aumentamos a temperatura, a luz vai gradativamente mudando de cor. Toda fonte de luz pode ter uma cor diferente e essa cor é determinada a partir do que chamamos de “temperatura de cor”. A cor da luz é mensurada na escala Kelvin (K), essa determina a temperatura de cor da fonte luminosa. Quanto menor a temperatura, mais amarelada/avermelhada será a luz; quanto maior a temperatura mais azulada será a luz. O olho e o cérebro humano juntos têm uma capacidade extraordinária de perceber a cor real dos objetos independentemente da cor da luz que os ilumina. Na fotografia existe a necessidade de informar para a câmera qual a fonte de luz predominante no ambiente ou assunto fotografado para que ela ajuste corretamente as cores na imagem. Para entender melhor como isso funciona precisamos falar um pouco sobre o universo das cores e como elas são formadas. Toda imagem que se projeta com luz é formada a partir da mistura de três cores: Vermelho (Red), Verde (Green) e o Azul (Blue). Abreviamos para RGB. Já as imagens produzidas a partir de pigmento são formadas com a mistura das cores: Ciano (Cyan), Magenta (Magenta) e o Amarelo (Yellow). Abreviamos para CMY.

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Veja a ilustração abaixo:

Nos triângulos isolados temos a distribuição das para os dois espaços de cor RGB e CMY. Quando unimos os triângulos podemos entender como as cores são formadas e suas respectivas cores complementares: >> O Vermelho é formado pela mistura do magenta + amarelo e sua cor complementar é o ciano; >> O Amarelo é formado pela mistura do vermelho + verde e sua cor complementar é o azul; >> O Verde é formado pela mistura do ciano + amarelo e sua cor complementar é o magenta; >> O Ciano é formado pela mistura do verde + azul e sua cor complementar é o vermelho; >> O Azul é formado pela mistura do ciano + magenta e sua cor complementar é o amarelo; >> O Magenta é formado pela mistura do azul + vermelho e sua cor complementar é o verde;

No perfil de cores RGB cada cor pode ser misturada ou mensurada em valores que variam entre 0 e 255. Sendo que para atingirmos o branco absoluto misturamos as três cores em 255 e para o preto usaremos 0 (zero) das três cores. No perfil CMY a mistura das cores é feita e mensurada utilizando valores entre 0% e 100%. Para obtermos o branco, considera-se ausência de pigmento e/ou o aproveitamento do branco do papel ou outra superfície a ser impressa. Teoricamente para se obter o preto deveríamos misturar em 100% as três cores CMY, porém o que conseguimos é uma cor amarronzada que não é exatamente um preto absoluto. Para

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tal precisamos de um pigmento chave, o próprio preto e ele classificamos com a letra K, portanto CMYK. Essas informações são importantes para que possamos compreender como nossa câmera equilibra as cores da imagem em função da fonte de luz. Exemplo: A luz incandescente ou de tungstênio tem uma tendência de cor amarelada. Quando você diz pra câmera que é essa a fonte principal, o software da câmera adiciona a cor complementar (azul) para compensar o excesso de amarelo. Com isso teremos na fotografia a percepção das cores mais próximas do real. Podemos dizer com isso que as cores estão equilibradas. Nas nossas câmeras digitais, o ajuste de equilíbrio de cores é classificado como Balanço de Branco ou White Balance (WB). É comum encontrar as seguintes predefinições:

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O SENSOR DIGITAL

Na fotografia digital o filme/película foi substituído por um dispositivo eletrônico chamado chip foto sensor, ou apenas “sensor”. Não temos aqui mais os grãos de prata, no sensor os elementos sensíveis à luz são chamados fotodiodos. O sensor na câmera digital fica localizado exatamente no mesmo plano do filme, no fundo da câmera.

Cada categoria de câmera pode possuir sensores de tamanhos diferentes, esse é um dos fatores a se considerar na hora da escolha do equipamento. O tamanho do sensor vai influenciar diretamente no ângulo que a câmera vai enxergar, no tamanho das ampliações que você poderá fazer a partir de suas fotos e no aproveitamento da luz principalmente em situações de baixa luminosidade. Câmeras de aplicação mais profissional são dotadas de sensores maiores, câmeras compactas ou compactas avançadas possuem sensores menores. Nas próximas páginas falaremos mais sobre tipos de câmeras. O sensor “Full Frame”: Esses são sensores que medem geralmente 36mm x 24mm. Câmeras com esse tipo de sensor aproveitam melhor a luz capturada pela câmera, são mais caras e demandam lentes (objetivas) específicas. Nas Nikon esse formato de sensor também é classificado com a sigla FX.

Alguns modelos populares de câmeras DSLR que possuem o sensor Full Frame: • • • • •

Nikon D610 – Full Frame de Entrada Canon 6D – Full Frame de Entrada Nikon D750 – Full Frame Intermediária Canon 5D – Full Frame Intermediária Nikon D4 – Full Frame topo de linha

Canon 1D – Full Frame Topo de Linha

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O Sensor “APS ou APS-C”: APS-C significa Sistema Avançado de Fotografia do tipo C, que é um formato de sensor de imagem equivalente a aproximadamente o tamanho do Sistema Avançado de Fotografia negativa (25,1 mm x 16,7 mm). O sensor de imagem de formato DX da Nikon é um sensor de formato APS.

Alguns modelos de câmera que possuem sensor APS: • • • • • •

Nikon D3500 – APS de Entrada Canon T7 – APS de Entrada Nikon D5500 – APS Intermediária Canon T7i – APS Intermediária Nikon D7500 – APS Topo de linha Canon 80D – APS Topo de Linha

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ALGUNS TIPOS DE CÂMERA

Câmeras DSLR (Digital Single Lens Reflex): As câmeras citadas acima são classificadas como dslr por possuírem uma única objetiva e o sistema de espelhos que dá ao fotógrafo a possibilidade de ver no viewfinder (visor ótico) exatamente a mesma imagem que será capturada pela objetiva. É o modelo de câmera fotográfica que predomina entre os fotógrafos profissionais. É comum que sejam câmeras velozes disparo contínuo e no processamento das imagens.

Mirrorless: Já as câmeras sem sistema de espelhos são também conhecidas como “mirroless”. Uma das características essenciais deste tipo de equipamento é o “erro de paralaxe”, uma falsa impressão sobre como estamos enquadrando. O erro acontece pelo fato de o visor da câmera estar deslocado em relação ao que a objetiva vai capturar de fato. Hoje, as câmeras digitais mirroless são uma opção para aqueles que desejam equipamentos mais leves, compactos, mas com recursos poderosos equivalentes às dslr como: controles manuais, objetivas cambiáveis, alta velocidade de disparo, etc. A desvantagem normalmente está relacionada aos custos de acessórios e lentes, a inferior autonomia de disparos também é levada em consideração, haja vista que há um consumo maior de corrente elétrica por causa do display, visor eletrônico e o processamento contínuo da imagem.

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Câmera Bridge ou Superzoom: Esse é um modelo de câmera que os grandes magazines convencionaram equivocadamente em chamar de semiprofissionais. Na verdade, trata-se de câmeras compactas avançadas com superzoom. Chamamos de avançadas por possuírem controles manuais como diafragma, obturador, ISO etc. Porém, vale a observação sobre o tamanho dos sensores destes equipamentos que são bem menores que as DSLR. O alto nível de alcance do zoom é executado graças ao grande fator de ampliação (fator de crop) dado o tamanho minúsculo do sensor. Apesar de ser uma câmera que pode “ir longe”, a qualidade das imagens é indiscutivelmente inferior às suas irmãs maiores DSLR ou Mirrorless. Câmeras de Médio Formato: Um modelo de equipamento para profissionais da imagem que tenham em seu trabalho altos níveis de exigência em relação a riqueza de detalhes nas imagens, “alcance dinâmico” e ainda em relação a possibilidade de imprimir em maiores formatos. As câmeras de médio formato digitais são conhecidas também por serem equipamentos caros. Descrição de uma DSLR de médio formato Hasselblad em seu site: Câmera digital H6D-400c MS $ 47.995,00

Mais uma vez, Hasselblad elevou a qualidade da imagem ao limite com a nossa mais recente câmera Multi-Shot. A incrível H6D-400c MS oferece as imagens de médio formato mais precisas e com a mais alta resolução e cores disponíveis no mercado hoje. Projetado para atender aos mais altos requisitos de imagem, sua saída de imagem de 400MP, combinada com dados de cores RGB reais para cada pixel, captura todas as nuances sutis do objeto, seja você capturando carros finos, obras de arte, tecidos delicados ou diamantes, simplesmente onde apenas a melhor reprodução é aceitável - a imagem Multi-Shot oferece cores reais e um nível de detalhe surpreendente e sem efeito ondulado. Câmera completa com lente HC80, bateria de íon de lítio e cartão.

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OBJETIVAS

Na anatomia de uma câmera fotográfica a objetiva é um dos elementos mais importantes. Trata-se do conjunto de lentes agrupadas em uma estrutura para ajudar a potencializar, convergir e divergir os raios de luz até o sensor da câmera. É a objetiva que irá permitir realizar o foco e os enquadramentos com ângulos mais abertos ou mais fechados. A objetiva é também dotada de um mecanismo chamado diafragma, ele é responsável por controlar a abertura por onde a luz irá passar. O diafragma fica localizado normalmente no centro óptico da objetiva. É a distância entre o diafragma e o sensor da câmera que irá determinar o ângulo de cobertura da objetiva. Essa distância é medida em milímetros e é conhecida como “distância focal”. As objetivas são classificadas segundo suas distâncias focais: Grande-Angulares: Em câmeras com sensor de 35mm (Full frame) as objetivas com distância focal inferior a 50mm são consideradas grande angulares. São capazes de enquadrar grandes áreas da cena e podem gerar distorções nas formas e linhas dos objetos, principalmente os que estiverem nas laterais ou mais próximos da câmera. Quanto menor for a distância focal da objetiva, maior será a deformação do tema. As grande-angulares são muito utilizadas para fotografia de paisagens, esportes radicais e em ambientes fechados com pouca luz, isso porque essas objetivas normalmente possuem maiores índices de luminosidade em função de serem dotadas de diafragmas mais abertos. São desaconselhadas para a fotografia de retrato, já que tendem a deformar as características do retratado.

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Teleobjetivas: As teleobjetivas são objetivas com distâncias focais maiores. Qualquer objetiva acima de 50mm já é considerada “tele”. Os ângulos de cobertura dessas objetivas são mais fechados e elas nos retornam um resultado estético que se percebe uma redução na profundidade de campo e o achatamento dos planos ou a perda da noção de espaço entre os planos. Objetivas Normais: Essas objetivas podem ter distância focal entre 35mm e 50mm e promovem ângulos de cobertura de em média 46º. Isso nos retorna um efeito de perspectiva sem distorções ou achatamentos, muito próximo da visão humana, por isso chamamos “normal” ou “padrão”.

Siglas nas Objetivas Nikon: AI – Aperture Indexing: É um sistema que permite que as lentes se comuniquem com a câmera através de um contato mecânico. Assim, a lente informa ao corpo seus valores de abertura. A abertura é manual, mas é realizada ao girarmos um botão no corpo da câmera, e não pelo anel de abertura que outras lentes têm. Esse sistema foi lançado pela Nikon em 1977. AI-S: São basicamente as lentes AI, mas com a adição de suporte para novos recursos, como transmissão de abertura linear e modo programado para velocidade de disparo. Lançado em 1982, é uma variação das lentes AI para o mount F da Nikon. AF – Auto Focus – Foco Automático: São lentes preparadas para foco automático, mas que não possuem o motor necessário para isso dentro delas. O motor de autofoco deve estar no corpo da câmera. Por exemplo, se você usar essa lente numa D90, D7000 ou superior, a câmera realizará o foco automaticamente, ao segurarmos o disparador pela metade. Mas, se utilizar a lente numa D3000, D5000 ou suas sucessoras D3100 e D5100, ela não realizará o autofoco. Foram lançadas em 1992. AF-S – Build in Auto Focus Motor: Lançada em 1996, essa classe de lentes possui motor de autofoco embutido. Além de poder ser utilizado em mais câmeras, possui um sistema de focagem mais rápida e silenciosa que as lentes AF. Por não possuir um anel de abertura mecânico, quando usadas em câmeras mais antigas, atuam sempre em sua menor abertura. D – Distance Information: Uma das variações de lentes Nikon autofoco “mount F”. Essas lentes informam a distância entre a câmera e o que estamos fotografando. Assim, foi possível avanços na fotometria matricial 3D e no sensor do flash, permitindo que o flash fizesse uma iluminação mais correta e equilibrada. G – Lentes controladas eletronicamente, não apresentam anéis no tambor. Os ajustes são feitos pelo corpo da câmera, por isso não podem ser usados em câmeras mais antigas. DX – Para corpos de DSLR com fator de corte: São lentes exclusivamente desenhadas para câmeras digitais SLR da Nikon, levando em consideração seu fator de corte. Como a área do sensor digital é menor que a de um frame de filme 35mm, parte da luz que entra numa câmera digital que usa lentes tradicionais é “desperdiçada”. As lentes DX são projetadas para a luz se enquadrar com mais perfeição ao sensor da câmera. Por isso, elas não podem ser usadas em câmeras full frame, que captarão as bordas da lente em suas fotos. Foi criada para câmeras como D90, D7000, D3100, D5100, D300 etc. FX – Para corpos padrão 35mm: São lentes projetadas para frames de 35mm, nas câmeras 35mm AF e

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digitais SLR da Nikon, como D3x, D700, entre outras. ED – Extra Low Dispersion Glass – Elemento óptico extra de baixa dispersão: Lentes ED têm ganhos de nitidez e reprodução de cores. São elementos de melhor qualidade, encontradas nas lentes mais caras produzidas pela Nikon. Traz os benefícios das lentes feitas a partir de cálcio fluorite, porém, mais resistentes. ASF – Aspherical Lens Elements – Elementos de lente asféricos: Em lentes comuns, os elementos ópticos são esféricos, causando distorções de ângulos e cores, chamadas “aberrações esféricas”. As lentes asféricas corrigem essas distorções, especialmente em grande-angulares. CRC – Close-Range Correction System – Sistema de correção de Variedade de Foco: Encontrado em lentes olho-de-peixe, grande angular, macro e teleobjetiva média da Nikkor, o CRC promove uma qualidade superior de focagem em distâncias próximas e quando a distância aumenta. Cada grupo de lentes se move independentemente quando vamos focalizar, aumentando a performance de focagem, quando vamos alternar entre um foco próximo e outro distante. IF – Internal Focusing: As lentes IF fazem a focagem sem alterar o tamanho. O movimento óptico é feito internamente, garantindo uma lente mais leve e compacta, além de realizar um foco mais rápido. DC – Lente de Controle de Desfocagem: Com essas lentes, o fotógrafo pode controlar o grau de aberração esférica em primeiro plano ou no plano de fundo. Em outras palavras, você pode acentuar a área desfocada girando o anel DC da lente. Ideal para destacar a pessoa fotografada em um retrato, por exemplo. RF – Rear Focusing – Focagem traseira: As lentes têm seus elementos ópticos divididos em grupos específicos. Nas lentes RF, apenas os elementos traseiros se movem na focagem, aumentando a velocidade da operação de autofoco. VR – Vibration Reduction – Redutor de Vibração: Diminui o efeito do tremor das câmeras em fotos de baixa velocidade. A lente identifica o tremor do fotógrafo e, através de motores internos, corrige isso, permitindo fotos mais nítidas. É muito útil quando você for fotografar em ambientes escuros, já que permite trabalhar com até três velocidades (f/stops) abaixo da recomendada, além de fotos com teleobjetiva, quando o problema fica mais nítido. Mas, prepare o bolso. Lentes VR são mais caras que as comuns.

Siglas nas Objetivas Canon: FD – Manual Focus – Focagem Manual: Lentes FD são as lentes de foco manual da Canon. Possuem um sistema de alavancas e pinos mecânicos que transmitem informações de abertura para o corpo da câmera. Mas, por isso, não podem ser usadas diretamente em câmeras da linha EOS. Para essas, é preciso um adaptador próprio. EF – Electro Focus – Focagem Eletrônica: Criado pela Canon em 1987, é um sistema totalmente eletrônico de transmissão de informações da lente para o corpo da câmera, desenhados exclusivamente para o sistema EOS. O sistema trouxe uma série de inovações, como redução de ruídos, maior precisão e rapidez de foco, controle eletrônico de abertura. Tudo isso e muito mais graças a um microchip localizado na lente, que pode informar se algo não está funcionando. Como só podem ser utilizadas na linha EOS, por terem diâmetro interno de 54mm e externo de 65mm, são identificadas com um ponto vermelho próximo ao mount de encaixe ao corpo. EF-S – Electro Focus Short Back Focus – Foco Eletrônico Curto Posterior: São lentes projetadas para a linha EOS de câmeras digitais equipadas com sensores APS-C. Essas lentes foram projetadas para sensores menores que o frame de 35mm, por isso, não podem ser utilizadas em câmeras full frame. Elas são mais compactas, com menos elementos ópticos e possuem uma distância focal posterior mais curta em relação ao posicionamento do sensor APS-C. Elas são identificadas por um ponto quadrado branco localizado próximo ao encaixe do mount. EOS – Electro-Optical System – Sistema eletro-óptico: Sistema de Câmeras SLR da Canon e seis assessórios lançados em 1987. As lentes dessa linha são controladas eletronicamente, sem dispositivos mecânicos para ajuste de foco ou abertura. UD – Ultra Low-Dispersion Glass – Elemento de Dispersão Ultra Baixo: Têm cristais com um índice de refração menor que o de cristais comuns, permitindo uma foto com maior fidelidade de cores. L – São as lentes top, feitas com os melhores elementos e mais profissionais da Canon. Seus elementos ópticos são construídos com elementos asféricos, tratamento apocromático e anti-reflexivo e cristais UD, S-UD ou fluorita. Possuem foco e retrofoco de última geração, fazendo do foco automático mais rápido. E, mesmo com o autofoco ligado, o fotógrafo pode focalizar manualmente. Existem duas explicações para o L dessa linha. Uma diz que significa Low-Dispersion (baixa dispersão), outra diz que significa Luxury (Luxo). DO –

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Diffractive Optics – Ótica Difrativa: Essa tecnologia permite lentes menores e com maior correção de aberração cromática, sem comprometer a qualidade da imagem. Seus elementos ópticos trabalham em conjunto, para diminuir as distorções de imagem. A qualidade é tão boa, que essa linha chega a rivalizar com algumas lentes da série L, sendo mais baratas. USM – Ultrasonic Motor – Motor Ultrassônico: Essas lentes trabalham com motores ultrassônicos, que realizam movimentos induzidos por vibração de alta frequência, para fazer o autofoco. Assim, as lentes focalizam de forma rápida e praticamente silenciosas ao ouvido humano. As mais caras, chamadas FTM (Full time Manual), permitem o foco manual todo o tempo. Já as mais baratas, não suportam esse sistema. Geralmente, as lentes USM são da linha L, mas as que não pertencem a essa linha, são identificadas por uma faixa dourada no final do corpo. STM – Smooth Transitions For Motion – Transições suaves para movimento: Objetivas com a tecnologia STM proporciona uma focagem automática mais suave e silenciosa. Uma ótima opção para a produção de videos. IS – Image Stabilization – Estabilizador de Imagem: São lentes que permitem fotografar em velocidades mais baixas, diminuindo o efeito da vibração nas imagens. Estabilizam a imagem a partir de sensores que identificam o tremor e movem pequenos motores, para deslocar a projeção da imagem, compensando a vibração. Permitem fotos sem tremor em até 3 f/stops abaixo da velocidade recomendada. TS-E – Tilt Shift Lens: Já tentou fotografar um prédio com uma grande angular e ele aparece “torto” nas bordas? As lentes TS-E corrigem justamente essa distorção. Com essas lentes, o fotógrafo controla em que ângulo vão estar os planos que limitam a profundidade de campo.

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O DIAFRAGMA E A DISTÂNCIA FOCAL

O diafragma é um dos mecanismos responsáveis por controlar a quantidade de luz que será capturada pela câmera. Esse controle acontece em função de sua abertura, os diafragmas podem ser configurados para aberturas maiores capturando mais luz, ou aberturas menores capturando menos luz. As aberturas do diafragma são graduadas com valores chamados “f-stop” e esses representam a área por onde a luz irá passar. É importante reforçar que quanto maior o valor do diafragma menor será sua abertura; e quanto menor o valor maior será a abertura. Ex: Ao lado: Escala dos diafragmas: …f/1 – f/1.4 – f/2 – f/2.8 – f/4 – f/5.6 – f/8 – f/11 – f/16 – f/22 – f/32 – f/45 – f/64…

Cada valor da sequência representa 1 ponto na exposição, com isso os diafragmas seguintes representam a metade da quantidade de luz capturada. Ex.: f/16 representa a metade da luz capturada em f/11 ou o dobro da luz capturada em f/22. Ainda temos o que chamamos de frações de diafragma, que são valores intermediários entre os descritos acima. Podemos ter um valor ou dois valores entre os principais.

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O Diafragma fica localizado no centro óptico da objetiva e sua distância até o sensor ou filme determina o ângulo de cobertura das lentes. Essa medida entre o diafragma e o sensor é dada em milímetros e é conhecida como distância focal.

Observe que quanto maior a distância entre o diafragma e o sensor (medida em milímetros na figura acima), mais fechado será o ângulo que sua câmera vai enxergar. O inverso também é verdadeiro, pois quanto menor a distância entre diafragma e sensor mais aberto será o ângulo de cobertura.

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PROFUNDIDADE DE CAMPO

A profundidade de campo é a distância entre o ponto nítido mais próximo e o mais afastado da câmera. Em outras palavras, a profundidade de campo é a zona de nitidez aceitável em uma fotografia. O tamanho dessa área de nitidez pode e deve ser controlado pelo fotógrafo. Uma objetiva não pode focar em mais de uma distância ao mesmo tempo. A câmera precisa registrar os pontos de luz que são refletidos a partir dos objetos fotografados. Afastados desse plano onde foi feito o foco os pontos são registrados como círculos, os “círculos de confusão”. A extensão ou proporção da profundidade de campo pode ser manipulada a partir do controle de três variáveis: Abertura do diafragma: Esse é um dos elementos principais no controle da profundidade de campo. Quanto mais aberto o diafragma mais estreito é a profundidade de campo e mais desfocado será o fundo; quanto mais fechado o diafragma mais amplo é a profundidade de campo e mais nítido será o fundo. Ex.:

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Distância focal: Distâncias focais menores geram uma profundidade de campo mais ampla. Distâncias focais maiores geram profundidade de campo mais estreita. Ex.:

Distância do Objeto: Quanto mais distante do objeto fotografado mais ampla é a profundidade de campo. Por outro lado, quanto mais perto do objeto, mais estreita será a profundidade de campo. Ex

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O OBTURADOR

Obturador é uma estrutura posicionada logo à frente do sensor e é formado por cortinas que se abrem por um determinado tempo quando pressionamos o botão de disparo da câmera. Uma das ações mais importantes no ato fotográfico é definir a quantidade de tempo que o sensor será exposto à luz. Em nossas câmeras fotográficas o obturador é o mecanismo responsável por controlar o tempo de exposição permitindo com que seja acumulada mais ou menos luz da cena fotografada. A velocidade que o obturador abre e fecha não irá definir apenas a quantidade de luz capturada, existe um elemento estético-conceitual diretamente ligado ao tempo de exposição, a ação de congelar ou borrar os objetos que estão em movimento. Quando falamos em velocidade do obturador devemos lembrar que ela é inversamente proporcional ao tempo de exposição, ou seja: Velocidade baixa = maior tempo de exposição Velocidade alta = menor tempo de exposição Existem algumas técnicas fotográficas que utilizam a velocidade do obturador/tempo de exposição para imprimir na fotografia formas diferentes de perceber a imagem:

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Congelar o Movimento: Quanto maior a velocidade do obturador ou quanto menos tempo ele ficar aberto, menor será o movimento do objeto dentro do quadro e mais nítido ele será registrado. Teremos assim a impressão do movimento congelado. São consideradas velocidades altas de obturador valores acima de 1/125s. Ex.: 1/250, 1/500, 1/1000, etc. Sempre que houver na cena a escolha por congelar ou borrar o movimento do objeto, duas variáveis serão determinantes, o ISO e a velocidade do obturador. A abertura do diafragma nesse caso não seria decisiva para o fator estético, logo, podemos trabalhar no modo “prioridade de tempo”. Configuramos o ISO e o obturador, a câmera escolhe o melhor diafragma para equilibrar a quantidade de luz. Nas Canon, a prioridade de tempo é classificada como “Tv”, nas Nikon “S”.

Existem algumas referências de velocidades do obturador que podem nos ajudar a realizar a técnica de congelar os assuntos fotografados, vejamos:

Borrado: Nem sempre temos a intenção de congelar o assunto na fotografia. Como elemento de linguagem, para que haja a sugestão de movimento é necessário que tenhamos o borrado. Velocidades de obturador mais baixas tendem a acumular mais luz e, além disso, registram o trajeto dos objetos que estão se deslocando na cena. Com isso temos a percepção de movimento. É importante não confundir os termos borrado, desfocado e embaçado. Os três referem-se à ausência de nitidez, mas acontecem de formas diferentes e têm suas peculiaridades estéticas. O borrado relaciona-se diretamente com a impressão de movimento; no desfocado há ausência de nitidez se o elemento estiver fora da profundidade de campo; já o embaçado tem relação com obstáculos entre a câmera e o assunto que podem fazer com que se perca a nitidez dos objetos, ex.: Fumaça, neblina, umidade na lente, etc.

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Zooming: Técnica que consiste em aumentar ou diminuir a distância focal durante uma exposição com velocidade do obturador mais baixa. Em outras palavras, aumentar ou diminuir o zoom durante o clique. Como resultado teremos um borrado onde as linhas irão convergir para o centro do quadro.

Panning: Quando trabalhamos com velocidade de obturador mais lenta e acompanhamos o trajeto do objeto durante a exposição, teremos como resultado o cenário borrado e o assunto nítido/congelado. Essa é uma técnica muito usada em fotografia de esportes e ação.

Vimos que as três variáveis que controlam a quantidade de luz capturada são: abertura do diafragma, velocidade do obturador e o ISO. Vale reforçar que esses elementos exercem influência estética na sua fotografia, vejamos a síntese na ilustração abaixo:

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FOCO Seja automático ou manual, foco define-se tecnicamente como ponto de convergência dos raios luminosos que se refletem a partir de um objeto. Podemos considerar que quando os raios convergem se encontrando exatamente no plano do filme ou sensor o objeto em questão aparece nítido na imagem. Esse ponto de convergência dos raios de luz é ajustado no nosso olho por um elemento óptico chamado “cristalino”, esse tem a capacidade de se contrair ou expandir para alterar a distância do foco para o objeto que queremos enxergar com nitidez, esteja ele perto ou distante. Nas objetivas das câmeras fotográficas existe o mecanismo de ajuste de foco que movimenta as lentes adequando o foco de acordo com a necessidade do fotógrafo. Fazer o foco divide-se geralmente em duas ações, a escolha de um plano ou objeto a ser focado e a ação de executar o foco. No foco “manual” o fotógrafo precisa fazer as duas coisas e essas ações podem ser lentas e imprecisas. Isso porque a referência para sabermos se a imagem está focada é a do visor da câmera, enxergamos a imagem muito pequena e por isso podemos ter a falsa impressão de nitidez. Os engenheiros da indústria da fotografia desenvolveram um mecanismo para facilitar a vida do fotógrafo, onde o ato de focar pode ser feito de forma mais dinâmica, o foco automático. Na verdade, esse foco automático pode funcionar executando as duas ações ou pode dividir as tarefas com o fotógrafo. Já reparou que no visor óptico de sua câmera aparecem uns pontinhos vermelhos?! Dependendo da câmera pode ter de cinco até mais de sessenta desses pontos. Eles são a indicação de onde a câmera está fazendo ou poderá fazer o foco automático. Fique de olho neles... Os principais modos de foco automático são: AF com área automática AF (AUTO) – A câmera automaticamente detecta o assunto e seleciona o ponto de foco. Essa ação é realizada quando fazemos o “meio clique” no botão de disparo. Esse modo (completamente automático) nas câmeras Canon está ativado quando todos os pontos de foco no visor aparecem ativos. AF de ponto único – Nesse modo de foco a tarefa de focar é dividida entre câmera e fotógrafo. Você determina exatamente onde posicionar o ponto navegando com ele pelo visor e ao pressionar o meio clique a câmera executa

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o foco no local indicado. Existem outros modos de foco automático diferentes dependendo do modelo e marca do equipamento. Para um maior aprofundamento você deve ler o manual de sua câmera no capítulo relativo ao foco.

Comportamento do foco automático: Nikon: AF-C / Canon: AI SERVO – Modo de foco automático contínuo. Para assuntos em movimento. A câmera foca continuamente enquanto o botão de disparo é pressionado até a metade (meio clique). Nikon: AF-S / Canon: ONE SHOT – Modo de foco simples ou de servo único. Para assuntos estáticos. O foco trava e não se move enquanto o botão do obturador estiver pressionado até a metade (meio clique). Nikon: AF-A / Canon: AI FOCUS – Modo de foco de servo automático. A câmera selecionará automaticamente entre o foco contínuo ou simples dependendo da cena enquadrada. A câmera decide pelo fotógrafo.

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MODOS DE MEDIÇÃO Quase que a totalidade das câmeras fotográficas possui um mecanismo de medição da quantidade de luz que está sendo capturada, esse dispositivo chamamos de fotômetro e uma das decisões mais importantes no ato fotográfico consiste em determinar como será o seu trabalho ou onde ele fará a medição da luz. Medição Matricial (Manual Canon 5D Mark III e Nikon D7200): “É um modo de medição de aplicação geral indicado até mesmo para motivos em contraluz. A câmera mede uma área ampla do enquadramento e define a exposição de acordo com a distribuição de tons”. Normalmente esse tipo de medição retorna um resultado mais equilibrado em cenas onde haja muito contraste. Os manuais de instruções das câmeras instruem que a medição matricial se adéqua bem à maioria das situações. O fotógrafo deve ficar atento ao que diz a régua que representa o fotômetro. Quando a marcação está no meio significa que a quantidade de luz está equilibrada em relação aos tons claros e escuros e não haverá superexposição ou subexposição. Nas câmeras Canon e Nikon os ícones que representam a medição matricial são ligeiramente diferentes, observe: Medição Pontual: Neste modo de operação a leitura da quantidade de luz é feita exatamente no local onde posicionamos o ponto de foco. A câmera pode apresentar diversos resultados diferentes para a mesma cena dependendo apenas do local escolhido para fazer o foco. Medição Ponderada ao centro: Funciona realizando a medição da luz na região central do quadro. É um modo de medição menos usado, pois nem sempre o motivo principal da foto está no centro.

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COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA Composição é um departamento amplo e relativamente complexo do universo das artes. Seja na música, na pintura, na gastronomia ou na fotografia a composição é uma ciência à parte. Diz respeito ao aproveitamento do espaço disponível de criação e seus desdobramentos na interpretação dos mesmos. Todas as escolhas relacionadas ao enquadramento, ângulo, altura, distância, orientação dos elementos no quadro etc. fazem parte da composição de uma imagem. É comum que a literatura mais tecnicista sobre fotografia discorra sobre uma série de receitas de composição que se costuma reconhecer como regras dogmáticas. Não vamos desprezá-las, mas aqui não consideraremos como “regras” e sim como “orientações” para atingirmos resultados mais harmoniosos esteticamente e para que a imagem comunique o que se deseja de forma mais eficiente. Fotografar e compor seguindo as orientações que deixaremos aqui não garante que serão produzidas fotografias especiais. Lembre-se que o conteúdo da sua imagem precisa de alguma forma também ter expressividade e não somente ser uma imagem bem resolvida tecnicamente. Muitas das orientações que utilizamos hoje são heranças das práticas de composição da pintura, porém, dar para o espectador a possibilidade de enxergar o mundo por ângulos não convencionais é sempre um caminho bem quisto. Sua ousadia em experimentar pode ajudar na expansão das orientações e na percepção de novas receitas para composição na fotografia.

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Regra dos Terços: Uma das mais populares orientações de composição. Sugere que nosso quadro fotográfico seja dividido em três partes verticais e três partes horizontais. As linhas que dividem os terços se encontram em quatro pontos e esses pontos são considerados regiões nobres no quadro. Recomenda-se que posicionemos os elementos mais importantes da cena nas regiões desses que também são conhecidos como “Pontos de Ouro”. Observe a ilustração ao lado: Posição e Alinhamento do Horizonte: A linha do horizonte pode ser posicionada em diversas regiões do quadro e para cada escolha teremos um tipo de leitura diferente, por exemplo: Quando a linha do horizonte está posicionada no terço inferior da imagem perceberemos um destaque maior para o céu, pois teremos uma área maior no quadro sendo ocupada por ele.

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O inverso também é verdadeiro... Ao posicionarmos o horizonte na região da linha superior estaremos dando evidência maior para a paisagem terrestre:

Quando posicionamos a linha do horizonte ao centro do quadro deixamos de dar destaque específico para céu ou paisagem terrestre e teremos na imagem um reforço na ideia de simetria. Podemos utilizar como recurso para imprimir na foto uma sensação de inercia... Costumamos associar simetria à objetos mais estáticos ou com pouca impressão de movimento:

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Retrato ou Paisagem: Na fotografia, retrato e paisagem são termos que têm múltiplos significados. Retrato pode ser uma fotografia que “retrata” um personagem ou assunto, mas pode designar também uma relação entre altura e largura onde a altura é maior do que a largura gerando um retângulo vertical.

“Paisagem” por sua vez pode ser referência a uma fotografia onde o conteúdo é uma paisagem, seja urbana, de natureza ou até humana. É ainda a classificação de um retângulo onde a largura é maior que a altura, portanto, uma forma horizontal. Em síntese, quando estamos tratando de composição fotográfica utilizamos os termos “retrato” ou “paisagem” para classificar se a foto está orientada na vertical ou horizontal. Retrato ou paisagem? Essa é uma das primeiras decisões que tomamos em relação à composição de uma fotografia. Teríamos uma infinidade de critérios para apontar se em determinadas situações é mais conveniente retrato ou paisagem, vejamos algumas possibilidades: Estruturas verticais têm uma acomodação mais confortável em orientação retrato, preenchem mais o quadro podendo ser registrado com maior riqueza de detalhes minimizando espaços ociosos no quadro. Edifícios, pessoas, monumentos são assuntos comumente fotografados na vertical.

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Nem sempre uma estrutura vertical precisa ser fotografada na orientação retrato. Em algumas situações, como na fotografia publicitária temos a necessidade de diagramação de texto ou elementos gráficos sobre a foto. Outra situação comum é quando queremos incluir mais elementos do cenário no quadro:

Enquadrando a figura humana: A fotografia de “retrato” é bastante restritiva em relação aos planos de enquadramento, pois, por exemplo, cortes em algumas partes dos membros inferiores e superiores podem gerar desconforto na leitura da imagem pela sensação de amputação. A depender do que se quer valorizar na figura humana podemos enquadrar dos seguintes planos:

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Close: Retrato com plano fechado acima da linha dos mamilos valoriza expressão facial, elementos da maquiagem e acessórios como brincos, colares etc.

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Portrait: Cortes entre a linha da cintura e dos mamilos são comuns para valorização da expressão facial e de parte do look.

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Plano Americano: Cortes acima da linha do joelho e abaixo da cintura. Esse plano é dos mais versáteis para fotografia da figura humana, pois ao passo que valoriza o look com riqueza de detalhes ainda mantém a expressão facial em evidência.

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Corpo Inteiro: Além de darmos evidência à expressão corporal, quando enquadramos o personagem em corpo inteiro estamos promovendo a leitura da interação entre modelo, look e cenário.

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Molduras: Recurso de composição aplicado no sentido de direcionar o olhar do espectador ao objeto principal da cena. Podemos utilizar elementos do próprio cenário para “enquadrar” o assunto.

Linhas Guia: Podemos ainda conduzir o olhar do espectador até o assunto através das linhas presentes na cena. Plongée e Contra-Plongée: Uma das escolhas de composição diz respeito à altura do fotógrafo/câmera em relação ao assunto fotografado. Planos mais altos, de cima para baixo (mergulho) chamamos de plongée. De baixo para cima, chamamos de contra-plongée. As duas possibilidades interferem no sentido ou significado da fotografia.

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O Plongée tem a tendência de fazer o personagem fotografado parecer menor, acuado ou de menor valor. O Contra plongée influencia na percepção de grandeza, de baixo pra cima o personagem ganha imponência, autoridade e o faz parecer maior do que realmente é.

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RECOMENDAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS: Não esqueça, este material é um guia resumido com os conhecimentos fundamentais para o entendimento da fotografia e não tem a pretensão de explorar aprofundamentos aqui. Você está no começo de sua jornada e deve ter percebido que fotografia também é uma ciência com volume grande de informações e precisamos nos apropriar delas, exatamente por isso nós recomendamos que continue buscando conhecimento em outras fontes como os livros que vamos sugerir a seguir. Nos inspiramos neles para desenvolver o as aulas que você assistiu durante o curso. Bons estudos! • • • • • • • • • • •

50 Anos Luz, Câmera Ação – Edgar Moura O Momento do Click – Joe McNally O Novo Manual de Fotografia – John Hedgecoe Fotografia Digital na Prática – Scott Kelby Tudo Sobre Fotografia – Juliet Haking A Câmera – Ansel Adams A Cópia – Ansel Adams O Negativo – Ansel Adams A Câmara Clara – Roland Barthes Fotografia Básica de Langford – Michael Langford Fotografia Avançada de Langford – Michael Langford

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