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AGENDA C U LT U R A L
Julho Agosto 2015
S U S T E N TA B I L I D A D E D A C U LT U R A
Se olhamos uma floresta, há uma ideia de unidade, mas, quando nos aproximamos, cada folhinha da árvore tem um detalhe particular e essa diferença no conjunto é extremamente importante, é uma riqueza de diversidade. Essa diversidade é que forma uma unidade atraente [...] .
Hoje, no cenário em que estamos vivendo, a palavra sustentabilidade assume um grande significado, principalmente quando falamos em arte e cultura. Formas de realizar e de pensar a sustentabilidade da cultura é o grande desafio dos gestores culturais. Como a Universidade através do seu Departamento de Difusão Cultural está convivendo com este momento? O fazer cultural é dinâmico e seus movimentos impressionam. A cada momento surge uma mudança. Quando conseguimos nos apropriar e implantar um novo conceito, surge um novo desafio, readequar financeiramente as ações, criar novas formas de agregar iniciativas criativas e inovadoras a fim de manter a vida artística e cultural na e com a Universidade. A exigência que surge faz com que o gestor cultural crie possíveis cruzamentos, pontes e relações que permitam implantar a extensão da palavra sustentabilidade na prática cultural. O caminho que estamos encontrando é o de dialogar com diferentes agentes, construindo uma programação em que a união de cada ideia forme o conjunto que apresentamos para os meses de julho e agosto. O nosso desafio é encontrar a sustentabilidade na diversidade de ações e pensamentos. .
Claudia Boettcher Diretora do Departamento de Difusão Cultural
* ALCÂNTARA, Dora – Visões e experiências na área de patrimônio cultural – Políticas Culturais Reflexões e ações pg.11
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MÚSICA
P R O J E T O U N I M Ú S I C A 2 015 SÉRIE IRRE VERENTES
Depois de homenagear sete importantes artistas gaúchos na série compositores – a cidade e música, que integrou a programação de comemoração dos 80 anos da UFRGS, o Unimúsica elege como tema para sua temporada 2015 a irreverência. Nesta segunda década do século 21, parte do mundo assiste, com assombro, a um inimaginável ressurgimento de movimentos de extrema direita e ao recrudescimento de preconceitos e sectarismos de toda ordem. Junto a isso podemos perceber também um certo desgaste da política em suas formas convencionais e uma hipermercantilização de inúmeros aspectos da vida. Tendo este cenário como pano de fundo, o Unimúsica faz uma aposta na força transgressora da arte trazendo para o seu palco músicos e compositores que, por suas atitudes e criações, trazem à cena a centelha do pensamento livre e da crítica social. Este é um ano para celebrar a inquietude, o humor e as boas provocações.
Lígia Petrucci Coordenadora e curadora do Unimúsica
Projeto Visual - Christiano Pozzer
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P R O J E T O U N I M Ú S I C A 2 015 - S É R I E I R R E V E R E N T E S
Jards Macalé
O carioca Jards Adnet da Silva deve seu apelido Macalé àquele que foi considerado um dos piores jogadores da história do Botafogo. Ruim de bola, bom de música. Essa equação simples formulou um dos nomes mais significativos da canção brasileira: Jards Macalé. Compositor, intérprete, violonista, produtor e diretor musical, orquestrador e ator, Macalé começou muito cedo sua carreira profissional. Foi em 1965, quando estreou como violonista do Grupo Opinião, referência do teatro de protesto no Brasil, acompanhando Maria Bethânia. Depois, rapaz sério, estudou piano e orquestração com Guerra Peixe, violão com Jodacil Damasceno e Turíbio Santos, violoncelo com Peter Dauelsberg e regência com Mario Tavares. O autor de canções como “Vapor Barato”, “Hotel das Estrelas”, “Anjo Exterminado” e “Movimento dos Barcos”, que ficaram famosas nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia, lançou seu primeiro LP em 1972. Jards Macalé era uma síntese de sua busca e de sua inquietação e trazia composições daqueles que seriam seus principais parceiros: Capinam, Torquato Neto e Waly Salomão. Ainda viriam outros quatorze discos, mas seu primeiro DVD só foi gravado no ano passado, aqui, no Theatro São Pedro. Agora o irreverente compositor de “Gotham City” volta a Porto Alegre acompanhado da banda Let´s Play That (nome da canção em parceria com Torquato Neto), composta pelos jovens músicos Leandro Joaquim (trompete), Thiago Queiroz (sax e flautas), Victor Gottardi (guitarra), Ricardo Rito (teclados), Thomas Harres (bateria e percussão) e Pedro Dantas (contrabaixo). Macalé e músicos vão ler e reler composições suas e de seus parceiros como “Vapor Barato”, “Mal Secreto”, “Negra Melodia”, “Anjo Exterminado” (com Waly Salomão), “Farinha do Desprezo” e “Movimento dos Barcos” (com Capinam), além de “Canalha” (de Walter Franco) e “Juízo Final” (de Nelson Cavaquinho).
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ENTREVISTA ABERTA COM JARDS MACALÉ Data: 01 de julho – quarta-feira Horário: 20h Local: Sala II do Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
CONCERTO Data: 02 de julho – quinta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 29 de agosto, às 9h, pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br ou das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS.
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MÚSICA
P R O J E T O U N I M Ú S I C A 2 015 - S É R I E I R R E V E R E N T E S
Existe alguém aí? - Wander Wildner
Verbete obrigatório da enciclopédia virtual do rock gaúcho desde que era cantor dos Replicantes – de hits como “Surfista Calhorda”, “Nicotina” e “Festa Punk” – nos anos 80, Wander Wildner iniciou em 1995 uma sólida carreira solo. Teve dois discos produzidos pelo lendário Tom Capone, participou do DVD Acústico MTV Bandas Gaúchas e seu grande sucesso, a canção “Bebendo Vinho”, foi gravada pela banda IRA!. Para completar, está sempre em turnê pelo Brasil e no exterior. Em março de 2015 lançou seu oitavo álbum solo, Existe alguém aí? Wander Wildner já foi boy do subterrâneo, já teve uma camiseta escrita “eu te amo”, já acreditou em milagres. Hoje, pergunta no título de seu último disco: existe alguém aí?. Diz ele que é um álbum conceitual, com sua visão crítica da sociedade. Mas não espere panfletagem. O ex-replicante, ex-punk-brega e ex-trovador folk está calejado demais para dividir o mundo entre destros e canhotos ou achar que tem a solução para os problemas urbanos. Aos 55 anos, encara a política em seu sentido mais amplo, priorizando pessoas a ideologias.
ENTREVISTA ABERTA COM WANDER WILDNER Data: 05 de agosto – quarta-feira Horário: 20h Local: Sala II do Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
CONCERTO Data: 06 de agosto – quinta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 03 de agosto, às 9h, pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br ou das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS.
É dessa forma que Wander vai se apresentar no Unimúsica, na série irreverentes. Acompanhado de Gustavo Chaise (baixo), Eduardo Dolzan (bateria), Rust Costa (piano e teclado) e Jimi Joe (guitarra), ele vai mostrar músicas de seu novo disco e muitos clássicos de sua carreira, como “Bebendo Vinho”, “Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo”, e “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”.
Foto: divulgação
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MÚSICA
VA L E VA L E ! Grupo ÌBEJÌ Criado e dirigido pelo músico Ìdòwú Akínrúlí, percussionista e dançarino profissional nigeriano com bagagem artística respeitada em seu país de origem. Desde sua chegada no Brasil se dedica na realização de ações culturais com o propósito de difundir e promover as artes e cultura de matriz Yorùbá, sua matriz étnica. No Início de 2012, após ministrar uma série de oficinas sobre a música e cultura Yorùbá em Porto Alegre, toma forma o Grupo Ì BEJÌ, somando o talento dos participantes formado por profissionais e amantes da música e dança. A partir desse momento iniciou a elaboração de uma proposta de espetáculo musical que falasse ao público sobre esta matriz étnica. Assim, cada música está profundamente associada a histórias da ancestralidade e cotidiano do povo de Ilé Ifé, celebrando orixás e homens, cada qual com seus feitos e poderes.
VALE VALE! TRAZ GRUPO ÌBEJÌ Data: 12 de agosto – quarta-feira Horário: 12h30min Local: Teatro Grego – Campus do Vale
Foto: divulgação
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O F I C I N A - VA M O S E N T R A R N A R E S S O N Â N C I A É assim: “quando corpo, respiração e mente estão em ressonância surge uma experiência muito especial”. Através de exercícios de respiração, vocalização, afinação, movimentos corporais, uso de softwares abertos, instrumentos musicais e científicos variados e, principalmente, de muita experimentação, vamos aplicar conceitos básicos da física ondulatória às praticas musicais.
Data: Agosto Local: Centro de Tecnologia Acadêmica (CTA) Instituto de Física da UFGRS Campus do Vale Maiores informações no site do DDC www.difusaocultural.ufrgs.br
Vamos aprender Física com Música e Música com Física e experimentar a “ressonância em primeira pessoa” A oficina será ministrada pelos professores Rafael Pezzi e Flavio Depaoli do Centro de Tecnologia Acadêmica do Instituto de Física I UFRGS num projeto patrocinado pelo CNPq. Traga seu instrumento e venha participar
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MÚSICA
SOM NO SAL ÃO Desenvolvido e coordenado pela administração do Salão de Atos, o Som no Salão tem o objetivo de promover o acesso e firmar uma ação cultural para este espaço, de acordo com a política cultural da Universidade. Por meio de um edital, são selecionados projetos musicais para utilizarem o espaço do Salão de Atos da UFRGS em apresentações gratuitas. O projeto oferece toda a estrutura de palco, incluindo sonorização e iluminação, além um material audiovisual do espetáculo e assessoria de comunicação do show, reforçando a importância de promover o acesso deste local para oportunizar a construção de imagem e divulgação de artistas independentes e em início de carreira.
A quinta edição do Som no Salão segue sendo voltada para música autoral brasileira e teve mais de 100 artistas inscritos, dois quais serão selecionados apenas quatro projetos para integrarem a programação de 2015. A comissão organizadora se compromete em garantir a diversidade de estilos e gêneros musicais de cada edição. Os selecionados serão divulgados na primeira semana de Agosto e os shows do Som no Salão acontecerão todos no segundo semestre, nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.
Acompanhe o Som no Salão e a programação no site ufrgs.br/salaodeatos e no perfil facebook.com/ somnosalao.
Foto: Estêvão Haeser
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SOM NO SAL ÃO O dia que não teve som no Salão 2014: APOCALYPSE O dia 31 de outubro de 2014 entrou para a história da programação do Salão de Atos: houve interrupções contínuas e falta de energia elétrica ao longo de todo este dia, o que inviabilizou tecnicamente a realização do show da Apocalypse, dentro da programação do Som no Salão 2014. Para não relacionar o ocorrido com um “apocalipse” real, a data foi transferida para este ano, e a apresentação irá acontecer na sexta-feira, 03 de julho de 2015. O grupo, influenciado por grandes ícones do classic rock como Pink Floyd, Queen, Rush, Genesis, Yes, Deep Purple e Jethro Tull realizará a gravação ao vivo de seu quarto DVD. A apresentação terá músicas de seu último disco, “2012 Light Years from Home”, como Set me Free, Find me Now e New Sunrise, além de composições novas e outros sucessos do grupo, formado por Gustavo Demarchi (vocal e flauta), Daniel Motta (baixo), Eloy Fritsch (teclados), Ruy Fritsch (guitarra) e Rainer Steiner (Bateria).
O Apocalypse começou o projeto de música autoral em 1983 na cidade de Caxias do Sul/RS. Após vencer os festivais Festpop e Circuito de Rock na serra gaúcha, lançou o primeiro LP homônimo em 1991 e assinou contrato com a gravadora francesa Musea. Desde então o grupo já produziu 12 discos e três DVDs lançados no Brasil, Europa e EUA – inclusive um CD duplo gravado ao vivo nos Estados Unidos. Em março de 2012, APOCALYPSE recebeu o Troféu Açorianos de Música pela sua contribuição ao cenário musical gaúcho. Em 2014 produziu o primeiro videoclip gaúcho 360º e interativo para a música On the Way to the Stars , disponível em: www.apocalypseband.com
SOM NO SALÃO 2014 – APOCALYPSE Data: 06 de julho - sexta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Entrada Franca. Serão aceitas doações de 1kg de alimento nos dias da apresentação.
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ARTES VISUAIS
UNIFOTO Retratos da Vila Exposição fotográfica de Mário Fontanive e Bianca de Oliveira, Retratos da Vila é produto de ação de extensão homônima iniciada no ano de 2014 com o objetivo de desenvolver uma série de retratos de moradores da Vila Cruzeiro, em Porto Alegre. Neste sentido, Fontanive, professor do Curso de Design da UFRGS e coordenador da ação, esclarece que, apesar da maior parte das histórias vinculadas a Cruzeiro estar relacionada à violência urbana, “grande parte das pessoas que habitam Porto Alegre desconhece esse lugar, desconhece suas cores, suas esperanças, suas histórias de vida, pouco sabemos das riquezas da Vila”.
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A partir disso, o projeto se desencadeou através da interatividade com a comunidade local, valorizando a dialogia promovida pelas trocas de experiências e sensibilidades despertadas pelas imagens produzidas. Além dos registros captados pela lente de Fontanive, o trabalho também é composto com o olhar e fotografias de Bianca de Oliveira, moradora da região e participante da ação de extensão.
Data: de 13 de julho a 14 de agosto Horário: das 08h às 18h Local: Saguão da Reitoria da UFRGS
UNIFOTO Mostra dos Livros Raros da Coleção Eichenberg A bela coleção Eichenberg de Livros Raros pertencentes à Biblioteca Central da UFRGS ganha uma mostra para marcar o encerramento do Projeto de Preservação do Acervo Raro da UFRGS, desenvolvido em 2014/2015 com o patrocínio do BNDES. Integrando a exposição fotográfica, serão apresentadas vitrines com exemplares da coleção. A realização é uma parceria entre a Biblioteca Central, a ComGrad/ Museologia e o Projeto Unifoto.
Data: de 17 de agosto a 18 de setembro Horário: das 08h às 18h Local: Saguão da Reitoria da UFRGS
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ENSAIO - ARTES PL Á STICA S ALDO LOCATELLI (1915–1962) Desventura, 1952 Óleo sobre tela, 80 x 69 cm Aldo Locatelli, nascido em 1915, era um artista intenso, na vida e no trabalho. Ainda menino, teve contato com o universo artístico por meio de pintores de afrescos de sua cidade natal, Bergamo, na Itália. Lá, estuda na Academia Carrara de Belas Artes, diplomando-se em 1935. No mesmo ano, recebe uma bolsa de aprimoramento na Escola de Belas Artes de Roma, onde aprofunda seus estudos sobre a arte da Roma Antiga e da Renascença, cristalizando uma filiação estética que seguiu por toda a vida. Foi convocado para o serviço militar, combatendo durante a II Guerra Mundial; entretanto, um ferimento em batalha o dispensa, o que lhe permite retomar sua carreira artística. Também inicia trabalho como restaurador, chegando a recuperar peças das coleções do Vaticano. Em 1948, viaja ao Brasil a convite de Dom Antônio Zattera (1899–1987), bispo de Pelotas, no Rio Grande do Sul, para pintar a Catedral São Francisco de Paula, naquela cidade. Na mesma Pelotas, assume como professor na Escola de Belas Artes e, em 1950, firma
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contrato para a decoração da Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul. Logo sua fama chega à capital, vencendo em 1951 uma concorrência do Governo do Estado para executar um ciclo de painéis no Palácio Piratini. A obra em destaque, Desventura (também conhecida como Fragmento), foi produzida em 1952 e representa uma figura masculina nua, sentada de lado. Seu corpo é jovem, forte e imponente, representado com grande naturalismo, a partir de padrões francamente renascentistas. Influenciado pela tradição de Michelangelo (1475–1564), Locatelli mostra “[...] a contração do espaço para acrescentar a potência das figuras, a forte modulação na forma e a capacidade de esculpir com pinceis” (LORETO e SILVA, 1996, p.56). Podemos identificar, nesta obra, uma orientação de profundidade, de quem observa a imagem de baixo para cima, tendo a parte inferior em primeiro plano. A figura traz a cabeça baixa e o rosto escondido, bem como as mãos calejadas, sugerindo, quem
Obra: Desventura
sabe, um momento de grande cansaço, dor e fragilidade. Isso também nos dá um contraponto entre uma figura vigorosa, mas ao mesmo tempo “derrotada”. A força do corpo versus a fraqueza do ser. Ao fundo, formas geométricas, como o círculo e o quadrado, cortados por uma diagonal, que compõem a cena sem roubar a atenção do foco principal. Essas formas geométricas nos remetem ao Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci (1452–1519). Entretanto, na obra do mestre renascentista, a figura masculina domina o espaço, diferentemente do que vemos na pintura de Locatelli, na qual o homem encontrasse em um espaço exíguo, abatido e engolfado por situações que desconhecemos, contra as quais ele parece incapaz de lutar. O próprio campo da pintura e a forma como o artista trabalhou os elementos na composição reforçam tal aspecto. Observemos que a figura está visivelmente sufocada: não há espaço em volta, não há respiro. Acostumado a grandes espaços, Locatelli decorou alguns edifícios religiosos, como a Catedral de Santa
Maria (1954), a Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul (1951–1960), e a Catedral de Novo Hamburgo (1959). Entre os edifícios civis, encontramos obras suas junto à Reitoria e o Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1958), e ao antigo Aeroporto Salgado Filho, além do já citado Palácio Piratini. Na técnica de pintura mural que desenvolveu, Locatelli foi praticamente uma figura isolada no Estado. Sua influência sobre a arte local assumiu tal dimensão que o crítico de arte Aldo Obino (1913– 2007) chegou a dizer que o Rio Grande, por falta de concorrência e também pelos inegáveis méritos do artista, sofria um processo de “locatellização”. Aldo Locatelli faleceu em Porto Alegre, em 3 de setembro de 1962, aos 47 anos, vítima de câncer.
Valdriana Corrêa, bacharelando em História da Arte – UFRGS.
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TE ATRO
SARAH O espetáculo SARAH coloca em cena a visão de mundo da britânica Sarah Kane – considerada uma das maiores dramaturgas do final do século XX. A partir de uma dramaturgia feita com recortes de cinco peças de sua autoria o universo de Sarah transparece através de seus personagens oprimidos e opressores. Estabelece-se um jogo de relações de poder em que se sustenta a sociedade atual, dilacerando a hipocrisia social e devorando cada pedaço do ser fragmentado em que se constitui o homem contemporâneo. O espetáculo integra a agenda de espetáculos do Projeto Teatro Pesquisa e Extensão/2015 e é resultado das reflexões e práticas oriundas da disciplina de Dramaturgia do Encenador, ministrada por Inês Marocco, no segundo semestre do ano de 2014, do Departamento de Arte Dramática da UFRGS. O coletivo de encenadores Kane, é composto por sete estudantes-artistas-pensadores e tomou forma e força quando os componentes se mostraram instigados com a obra dramatúrgica da britânica contemporânea Sarah Kane. No primeiro momento, a vontade do grupo era montar uma das peças da autora: Ânsia, escrita em 1998, penúltima obra de Sarah Kane conhecida até os dias de hoje. Mergulhados no mar de Ânsia, resolvemos recorrer às outras peças para haver uma maior aproximação da atmosfera trazida nas linhas de Kane. A partir desse encontro com muitas facetas de uma grande crítica, o grupo aceitou lançar-se no caos e partindo de fragmentos de cada uma das cinco peças da autora (Blasted, Amor de Fedra, Cleansed, Ânsia e Psicose), foi construída uma nova dramaturgia que se pretende ser uma possível perspectiva do mundo de Sarah Kane.
O âmago poético transformado em súplica humana na estética do hiper-realismo de Sarah Kane; Componentes (partes) mais particulares e íntimas de um indivíduo, a escrita do teatro como espelho, essência ou alma da dramaturgia de Sarah Kane. Ela é sua poesia. Tudo que está em volta, o jorro de informações, a violência atroz da incomunicabilidade, consumismo exacerbado; herdeira direta da poética apocalíptica de Beckett. Sarah nos impõe um mergulho profundo e eloquente, que verte sem diques que possam conter. Multiplicidade de facetas; opressão; invasão, coação, ruptura, corte, estupro, violência real, não caber no próprio corpo, na própria família, no mundo, no sistema, status quo dominante. Um teatro de ruptura que corta como faca. Brutal. Que seja pra ser compreendido e não entendido. Um teatro para o inconsciente, pra imaginação. Uma estética que grite. Um teatro que atinja mais o estômago do que a mente. Um teatro que busca acordar o mundo do sonambulismo atroz e veloz, no qual se encontra.
SARAH Data: 01,08,15,22,29 de agosto Horário: 12h30 e 19h30. Local: Sala Alziro Azevedo Rua Salgado Filho, 340 OBS: Com distribuição de senhas com uma hora de antecedência
Imersos nas paisagens instauradas a partir dessas peças, e apoiados nos textos teóricos trazidos inicialmente à disciplina, a criação se deu na maior parte de maneira coletiva: a disciplina propõe que cada estudante dirija uma cena, enquanto exercício e avaliação para o semestre. Essas cenas foram abraçadas pelo grupo e levam a assinatura de cada um dos artistas na encenação estabelecendo uma unidade e uma cor no trabalho coletivo do espetáculo.
Foto: Evy Barros
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REFLEXÃO
NÓSOUTROS GAÚCHOS I I I E N C O N T R O : Quais são as expressões dos conflitos de base do RS em seus diversos campos de expressão cultural?
Arte e experiência de vida se misturam. Fayga Ostrower
Neste terceiro encontro, o desafio é, através do diálogo interdisciplinar, discernir quais traços se repetem nos vários campos de expressão cultural, qual a leitura que cada campo faz destes traços, de modo que essas diferentes leituras possam conversar. Podemos tomar o termo cultura no sentido amplo de civilização, como faz Freud em Mal-estar na civilização (1930), significando que toda produção humana constitui cultura, um mundo de linguagem que determina os modos de ser, estar e produzir diante da natureza e condiciona como nos relacionamos com nossos semelhantes. Nesse sentido, cultura e experiência de vida se misturam. O futebol é uma expressão cultural exemplar do sintoma social gaúcho, onde a rivalidade frequentemente se torna passional, levando ao grenalismo e intolerância entre torcedores gremistas e colorados. A cultura da secação, presente no grenalismo, se espraia aos mais variados setores no RS. Considerando a cultura num sentido mais restrito, podemos circuscrevê-la à produção artística em suas diversas modalidades de expressão, como na música, nas artes visuais, na literatura, dança, teatro, culinária, entre tantas outras. Por outro lado,
CO N V I DA D O S :
podemos considerá-la restrita apenas ao campo da produção de conhecimento das diferentes disciplinas. Uma das dificuldades que enfrentamos consiste em recortes como este, sobretudo quando levam a reducionismos simplificadores, como refere Edgar Morin, dissociando os saberes entre si e induzindo à ideia de que uma disciplina pode dar conta do todo. O resultado é uma multidisciplinaridade em que cada disciplina pesquisa seu objeto sem levar em conta as demais. As raízes culturais históricas deixam as marcas de seus conflitos de base, influenciando tanto nossos modos de criação, quanto aquilo que é produzido e o que é tomado como referência, o que é considerado como superado, o que é desqualificado, ou considerado assunto tabu, bem como quem é considerado interlocutor, rival, adversário ou até mesmo inimigo. Na medida em que consigamos ir além do sintoma social que limita esse diálogo interdisciplinar, novos significados e perspectivas mais interessantes e construtivas de nosso modo gaúcho de ser poderão surgir.
E D UA R D O M E N D E S R I B E I R O, I N Ê S M A R O C C O, PAU LO G O M E S E P E D R O F I G U E I R E D O.
Dia: 01 de Julho Horário: 20h30min Local: Salão de Festas da UFRGS Av. Paulo Gama 110 – 2º andar Inscrições: http://www.ufrgs.br/difusaocultural/nosoutrosgauchos/encontros.php Informações: 3308.3034 VAGAS LIMITADAS
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REFLEXÃO
NÓSOUTROS GAÚCHOS I V ENCONTRO:
Qual a visão dos outros sobre a cultura gaúcha e os modos de ser dos gaúchos?
O eu é o outro. J. Lacan O desafio deste quarto encontro é o de como suportarmos que alguém de fora, mesmo que seja um gaúcho que andou por outras paragens, traga um outro olhar sobre nós e nosso modo de ser. Este desafio nos confronta e provoca estranheza, pois contem a inquietação entre algo que não reconhecemos, mas que nos diz respeito. Dito de outra forma o que desconhecemos desse nós-outros, de nós mesmos, disso que não vemos, do que não queremos ver, ou que recusamos reconhecer nosso. É o olhar do estranho. Freud (1919) indicou que a estranheza foi, um dia, o que nos era mais familiar. Entretanto, por força do recalcamento, caiu no esquecimento. Mas mesmo assim, não deixa de estar presente, nos seus efeitos, na vida cotidiana. Este movimento configura identidades e sintomas sociais dos nossos modos de ser gaúcho.
o paradoxo de haver muitas zonas de intersecção linguística, o que desloca os sistemas linguísticos que passam a ser regulados por outros imaginários reestruturando as línguas em função de novas configurações do espaço e do tempo. A política das nações leva ao nacionalismo e à segregação do diferente, à ênfase no que diferencia a identidade nacional daquela de outra nação, recalcando o que possam ter em comum, dificultando o entendimento. O que o olhar ‘dos de fora’ tem a revelar a nosso respeito? Tornar o estranho novamente familiar é um passo de fundamental importância na construção de um RS melhor. Será que o narcisismo de nossas façanhas aguenta?
O advento da modernidade postulou a existência de novas fronteiras e o estranho é transformado em estrangeiro, aquele que vem de fora e traz uma diferença inquietante e potencialmente ameaçadora. Dívidas simbólicas diferentes emergem com
CO N V I DA D O S :
A N A C O S TA , C L AU D I A F O N S E C A , J O S É R I VA I R M AC E D O, S I N A R A R O B I N E V I TO R N E C C H I .
Dia: 12 de Agosto Horário: 20h30min Local: Salão de Festas da UFRGS Av. Paulo Gama 110 – 2º andar Inscrições: http://www.ufrgs.br/difusaocultural/nosoutrosgauchos/encontros.php Informações: 3308.3034 VAGAS LIMITADAS
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REFLEXÃO
NÓSOUTROS GAÚCHOS
NóS Outros Gaúchos na Sala Redenção
O projeto envolve também a exibição de filmes com biografias narradas de diferentes maneiras, com ficção que conecta uma especificidade do Rio Grande do Sul com o mundo e com elementos próprios da história do Estado, apresentamos este Ciclo de Filmes. Eles nos colocam frente a frente e também provocam estranhamento diante de nós mesmos. Nos ajudam a pensar quem somos, como somos e como nos relacionamos.
OS SENHORES DA GUERRA
CASTANHA
23 de julho – quinta-feira – 19h (Brasil, 2013, 124min) dir. Tabajara Ruas
5 de agosto – quarta-feira – 19h (Brasil, 2014, 95min) dir. Davi Pretto
Julio e Carlos são irmãos. Amigos, cultos, ricos, são separados pela Revolução de 1923, que divide o Rio Grande do Sul entre chimangos e maragatos. Julio é prefeito, está com os primeiros, enquanto Carlos é revolucionário, maragato. As ideias são opostas, mas o sangue é o mesmo e a prova se dá em uma grande batalha.
João Carlos Castanha tem 52 anos e é ator. Também trabalha na noite como transformista em baladas gays. Vive com a mãe septuagenária, Celina, no subúrbio de Porto Alegre. Solitário, doente e confuso, aos poucos ele deixa de discernir realidade e ficção.
Após a sessão, ocorrerá o debate com psicanalista Robson de Freitas Pereira e com o escritor e professor da PUC Luiz Antonio de Assis Brasil.
Após a sessão, ocorrerá o debate com o antropólogo Ben Berardi e com o estudante Lennon Macedo, membro do cineclube CineF.
Local: Sala Redenção - Cinema Universitário (Av. Eng. Luiz Englert, s/n)
Foto: Bruna Zanatta
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CINEMA
MOSTR A MA X OPHÜL S
Em julho, a Sala Redenção – Cinema Universitário apresenta três programações especiais em parceria com Sesc/RS. Nas duas primeiras semanas exibiremos quatro filmes do realizador alemão Max Ophüls. Na programação temos dois filmes realizados na temporada nos Estados Unidos – Carta de uma Desconhecida (1948) e Na teia do destino (1949) –, e dois já no seu retorno à França – Desejos proibidos (1953) e Lola Montês (1955), país que escolheu para viver. Um dos tantos realizadores europeus que vai para os Estados Unidos, fugindo do nazismo, e retornando para Europa – no caso dele para França – após o final da Segunda Guerra Mundial. François Truffaut escreve em 1957, ano da morte de Max Ophüls, que há dois tipos de diretores. Aqueles que afirmam que cinema é muito difícil, e aqueles que dizem que cinema é fácil, bastando fazer o que lhe der na cabeça e se divertir. Para o diretor francês, Ophüls pertencia à segunda categoria, salientando que este não era virtuoso nem esteta, muito menos um cineasta decorativo. Segundo ele, não era para “fazer direito” o motivo pelo qual o realizador alemão filmava muitos planos em um único movimento de câmera que atravessava todo o cenário, também não era para chocar que sua câmera corria pelas escadas, ao longo das fachadas, na plataforma de uma estação. Segundo Truffaut, Ophüls sacrificava a técnica em favor da interpretação dos atores, como Jean Renoir. Da mesma forma, o personagem principal de sua obra era a mulher, a mulher ultrafeminina, vítima de todos os tipos de homens, ele mostrava a crueza do prazer, os dramas do amor e as armadilhas do desejo – e por tratar de temas eternos, por muitos era considerado ultrapassado e anacrônico. Truffaut escreve, ainda, sobre Lola Montès (1955), que é o filme que deveria ser defendido em 1956*: “um cinema de autores que, ao mesmo tempo, é um prazer para os olhos, um cinema de ideias, onde as
invenções jorram a cada imagem, um cinema que não usurpa o pré-guerra, um filme que arromba as portas há muito condenadas” (p. 258). Uma das questões que o crítico destaca sobre o filme de Max Ophüls é que a construção da narrativa desorganiza a cronologia e faz pensar em Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, mas que se beneficia da contribuição do cinemascope. Para o crítico, ao invés de o diretor submeter ingenuamente os atores ao enquadramento inumano da tela, ele doma a imagem, divide-a, multiplica-a, contrai-a ou dilata-a conforme as necessidades de sua direção. Para ele, a estrutura da obra é nova e audaciosa, e arrisca confundir o espectador distraído ou aquele que chega no meio do filme. O que o leva a afirmar que Max Ophüls é o cineasta do século XIX, já que não se se tem a impressão de estar assistindo a um filme histórico mas a de ser um espectador de 1850, como acontece na leitura de Balzac.
Tânia Cardoso de Cardoso e Giovani Borba, curadores
*François Truffaut. Os Filmes de Minha Vida. São Paulo; Editora Nova Fronteira, 1979.
Arte: Christiano Pozzer
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CINEMA
JULHO Mostra Max Ophüls CARTA DE UMA DESCONHECIDA
DESEJOS PROIBIDOS
1 de julho – quarta-feira – 16h 6 de julho – segunda-feira – 19h 7 de julho – terça-feira – 16h 9 de julho – quinta-feira – 16h (Letter from an Unknown Woman, EUA, 1948, 86min) Dir. Max Ophüls Viena, início do século XX. O famoso pianista clássico Stefan Brand (Louis Jourdan) recebe uma misteriosa carta escrita por uma mulher, Lisa Berndle (Joan Fontaine), que o amou durante toda sua vida.
2 de julho – quinta-feira – 19h 3 de julho – sexta-feira – 16h 9 de julho – quinta-feira – 19h 10 de julho – sexta-feira – 16h (Madame de..., França, Itália, 1953, 97min) Dir. Max Ophüls No início do século 20, em Paris, Louise, mulher de general vende os brincos que ele lhe dera para pagar uma dívida de jogo. Quando o marido descobre, ele compra as jóias de volta e as dá para sua amante, Lola.
NA TEIA DO DESTINO
LOLA MONTÉS
1 de julho – quarta-feira – 19h 2 de julho – quinta-feira – 16h 7 de julho – terça-feira – 19h 8 de julho – quarta-feira – 16h (The Reckless Moment, EUA, 1949, 80min) Dir. Max Ophüls Após a morte acidental do amante indesejável de sua filha, Lucia Harper (Joan Bennett) esconde o corpo para proteger sua família. Após um tempo, o parceiro do morto (James Mason) aparece e começa a chantageá-la.
3 de julho – sexta-feira – 19h 6 de julho – segunda-feira – 16h 10 de julho – sexta-feira – 19h (Lola Montès, França, Alemanha, 1955, 115min) Dir. Max Ophüls Num circo decadente, a cortesã Lola Montes (1820-1861) estrela um espetáculo sobre a sua vida de aventuras, marcada pelos romances com o compositor Franz Liszt e o rei Ludwig I da Baviera. Por meio de flashbacks, entramos no universo de memórias dessa fascinante e melancólica personagem.
Filme: Lola Montès
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CINEMA
TRILOGIA MUSA SHI
A Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com Sesc/RS, apresenta a Trilogia Musashi. Inspirada na novela de Eiji Yoshikawa e dirigida por Hiroshi Inagaki, conta a história do lendário samurai do século 17, Miyamo Musashi, personagem icônico da cultura e folclore japonês que é interpretado pelo grande ator Toshirô Mifune, estrela de diversos filmes de Akira Kurosawa como Os Sete Samurais, Rashomon, Yojimbo, entre outros.
A trilogia, filmada em 1950 pelo diretor Hiroshi Inagaki, acompanha a jornada de um jovem ambicioso que sonha com a glória militar, mas se torna um fugitivo num ambiente de guerra civil que divide o país. Em seu caminho, é salvo por um monge que lhe coloca no caminho da espada. O herói busca o aprendizado guerreiro em harmonia com a espiritualidade e vive segundo os preceitos do bushido, o código de honra dos samurais. Num ritmo de contemplação poética e uma exuberante beleza em cores, pelo trabalho de fotografia de Jun Yasumoto, o filme desafia o espectador acostumado com fitas agitadas de artes marciais. Esta trilogia versa, de forma até hoje arrebatadora, sobre amores e guerras acontecidos em tempos feudais. A importância da saga de Miyamo Musashi se perdeu um pouco hoje, mesmo no Japão. O que esta trilogia representava na época, entretanto, não era unicamente a rica superprodução dos filmes em cores, mas um evento em âmbito nacional, e um marco na evolução social no Japão. O início do anos 1950 foram um momento de cicatrização no pós-guerra, por isso a importância de algumas questões da identidade japonesa serem refletidas. A saga usou o passado para dramatizar questões de moralidade – e ainda mais importante naquele momento, a moral do japonês.
Uma curiosidade é que Inagaki já havia rodado outra trilogia sobre o personagem nos anos 1940, mas após a derrota do Exército imperial na 2.ª Guerra, suas cópias foram recolhidas pelas autoridades norte-americanas, que passaram a controlar o Japão, e então passam a fazer uma espécie de censura aos filmes, no objetivo de erradicar traços de valores tradicionais e considerá-los “feudais e antidemocráticos”. Nos mesmos 1940, o mestre Kenji Mizoguchi havia dirigido um filme que mostrava uma outra faceta sobre guerreiro Musashi, filmando o romance com a gueixa Akemi, numa abordagem habitual em seus trabalhos, que buscava refletir sobre a condição da mulher na sociedade japonesa atual.
Considerados um dos mais prolíficos diretores japoneses, Hiroshi Inagaki conquistou o Oscar de filme estrangeiro, com o primeiro filme da trilogia, O Guerreiro Dominante (1954), sendo seguido por Morte no Templo Ichijoji (1955) e Duelo na Ilha Ganryujima (1956). Logo após, em 1958, conquista o prêmio principal no Festival de Veneza com O Homem do Riquixá, onde o personagem Matsu agiganta-se na tela, interpretado por Mifune.
Giovani Borba e Tânia Cardoso de Cardoso, curadores
Arte: Laura Lucchese
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CINEMA
JULHO Trilogia Musashi SAMURAI: O GUERREIRO DOMINANTE
SAMURAI III: DUELO NA ILHA GRANRYU
13 de julho – segunda-feira – 19h 14 de julho – terça-feira – 16h 16 de julho – quinta-feira – 16h (Miyamoto Musashi, Japão, 1954, 93min) Dir. Hiroshi Interior do Japão, século XVII. Durante a guerra civil que toma o país, o jovem Miyamoto sonha com a glória militar, mas acaba se tornando um fugitivo. Sua vida muda quando é salvo por um monge, que lhe ensinará o caminho da espada para se tornar um samurai.
15 de julho – quarta-feira – 16h 16 de julho – quinta-feira – 19h 17 de julho – sexta-feira – 16h (Miyamoto Musashi kanketsuhen: kettô Ganryûjima, Japão, 1956, 104min) Dir. Hiroshi Inagaki Musashi aceita travar um duelo final com o seu maior rival, Sasaki Kojiro. No ano em que se prepara para o maior duelo de sua vida, decide viver como camponês. Nesse período, seu amor continua a ser disputado por Otsu e Akemi.
No dia 13 de julho, a sessão das 19h horas será comentada pelo escritor, tradutor e editor Cesar Almeida. Autor de Cemitério Perdido dos Filmes B e de diversos artigos sobre cinema.
SAMURAI II: DUELO NO TEMPLO ICHIJOJI 13 de julho – segunda-feira – 16h 14 de julho – terça-feira – 19h 17 de julho – sexta-feira – 19h (Zoku Miyamoto Musashi: Ichijoji no ketto, Japão, 1955, 103min) Dir. Hiroshi Inagaki e Jun Fukuda Após anos em busca do aprimoramento espiritual, seguindo os princípios do Bushido (“o caminho do guerreiro”), Musashi retorna à Kyoto, para desafiar o líder da melhor escola de espadachins da região. E tem seu amor disputado pela leal Otsu e pela traiçoeira Akemi.
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Filme: O Marido da Cabeleireira
E M C A R TA Z A partir de julho teremos sessões Em cartaz. A ideia é apresentar filmes de várias épocas, nacionalidades e escolas. Documentários ou ficções. Em julho, em parceria com Sesc/RS, foram programados quatro filmes. Exibiremos José é Pilar (2011) de Miguel Gonçalves Mendes, documentário sobre a vida do escritor português José Saramago e sua esposa, a Jornalista Pilar del Rio. Exibiremos também Borboletas Negras, de Paula Von der Oest, que narra a história da escritora sul-africana Ingrid Jonker, que viveu na época do Apartheid, e que ficou conhecida quando Nelson Mandela leu o poema A criança que foi assassinada pelos soldados de Nyanga, no
discurso de sua posse como presidente da África do Sul. Outros dois filmes entram Em Cartaz. Um anjo em minha mesa, de Jane Campion, baseado em relato autobiográfico da escritora neozelandesa Janet Frame, que assina junto com Campion o roteiro do filme. Para fechar a programação, exibiremos ainda O Marido da Cabeleireira (1991), de Patrice Leconte, que concorreu ao César de melhor filme em 1991.
Tânia Cardoso de Cardoso e Giovani Borba, curadores
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CINEMA
JULHO Em cartaz BORBOLETAS NEGRAS 20 de julho – segunda-feira – 16h 24 de julho – sexta-feira – 19h 27 de julho – segunda-feira – 16h 29 de julho – quarta-feira – 19h 30 de julho – quinta-feira – 19h (Black Butterflies, Alemanha, 2010, 100min) Dir. Paul Van Der Oest A vida de Ingrid Jonker, uma poetisa sulafricana, cuja natureza exuberante é destruída pela desgastante relação com seus amantes e a problemática relação com seu pai, o Ministro da Censura.
JOSÉ E PILAR 20 de julho – segunda-feira – 19h 21 de julho – terça- feira – 19h 24 de julho – sexta-feira – 16h 28 de julho – terça-feira – 16h 31 de julho – sexta-feira – 16h (Brasil, Portugal, 2011, 125min) Dir. Manuel Gonçalves Mendes A partir do registro do dia-a-dia da relação entre José Saramago e a jornalista espanhola Pilar Del Río, acompanhamos de forma intimista o casal em sua casa nas ilhas Canárias e em suas viagens pelo mundo. O ponto de partida é o processo de criação, produção e promoção do romance A Viagem do Elefante, desde o momento da construção da história em 2006 até o lançamento do livro no Brasil em 2008.
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O MARIDO DA CABELEIREIRA 21 de julho – terça-feira – 16h 22 de julho – quarta-feira – 16h 27 de julho – segunda-feira – 19h 29 de julho – quarta-feira – 16h 31 de julho – sexta-feira – 19h (Le Mari de la Coiffeuse,França, 1990, 82min) Dir. Patrice Leconte Antoine (Jean Rochefort) é um homem de meia-idade, com alma de criança e obsessão desde a infância por cabeleireiras. Certo dia encontra a mulher de seus sonhos, a maravilhosa Mathilde (Anna Galiena).
UM ANJO EM MINHA MESA 22 de julho – quarta-feira – 19h 23 de julho – quinta-feira – 16h 28 de julho – terça-feira – 19h 30 de julho – quinta-feira – 16h (An Angel at My Table, Nova Zelândia, 1990, 158min) Dir. Jane Campion Baseado no relato autobiográfico de Janet Frame. Produzido para a TV em 1990, o filme narra em três partes a complicada trajetória pessoal da escritora neozelandesa Janet Frame (1924-2004), seguindo os três tomos de sua autobiografia publicada nos anos 80. A primeira parte, “Para a Terra do Ser”, descreve a infância pobre e as dificuldades escolares num ambiente limitado, no qual suas habilidades poéticas passam despercebidas pela maioria dos professores, preocupados com disciplina.
CINEMA
PA R C E I R O S D A SAL A REDENÇÃO CineF JARDIM 8 de julho – quarta-feira – 19h (Portugal, 2008, 74min) dir. João Vladimiro Sim, sei que as árvores não têm olhos, a água não tem boca e as pedras não têm ouvidos. Ainda assim, comunicamos. Neste jardim em especial, acontecem longas conversas caladas, como dois velhos conhecidos que, pela simples presença, falam de calma, conforto, tristeza. Aqui, assisti aos primeiros passos de uma criança, à chegada de um pato mudo, à queda das folhas do choupo branco.
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CINEMA
DEDS - Cultura de Periferia: Ciclo de Cinema
O Departamento de Educação e Desenvolvimento Social, em parceria com o Departamento de Difusão Cultural, da Pró-Reitoria de Extensão pretende promover a reflexão sobre Culturas de Periferia, neste segundo semestre de 2015, a partir de um ciclo de filmes que abordará produções de áreas periféricas das grandes cidades. As fronteiras entre o formal e o informal, o legal e o ilegal são muito rígidas e não dão conta da complexidade das relações. Nossa proposta é convidar o público a pensar além da dicotomia cidade/favela e centro/periferia, apresentando as artes de comunidades que provocam transformação social através da música, poesia, teatro, cinema, esporte, grafite, moda e, sendo assim, proporcionam a inclusão social, geração de emprego e melhoram a autoestima dos seus moradores. Pretendemos com o Ciclo Cultura de Periferia mostrar talentos, criatividade, sentimentos e sonhos de jovens que vivem na periferia, ultrapassando os estereótipos incorporados por quem está distante desses espaços apresentando novos escritores, leitores, músicos, atores e agentes políticos que vão construindo novas possibilidades em suas trajetórias. O Cultura de Periferia – Ciclo de Cinema tem como objetivo apresentar produções de cineastas que moram nas periferias das grandes cidades e a partir daí fazer uma reflexão sobre preconceitos, invisibilidade e a importância do respeito e reconhecimento das diferenças. Serão tratados temas como skate, grafite, pichação, sarau, rap, drogas, gravidez na adolescência, direito à imagem, entre outros.
15 de julho – quarta-feira – 19h
NA CONTRA MÃO (Brasil, 2008, 12min) dir. André Ribeiro e Vinicius Faustino O documentário Na Contra Mão traz ao público uma visão diferente da arte realizada nas periferias de São Paulo. De um lado a literatura, com os saraus realizados nos bares e ruas das periferias, onde se reúnem artistas populares que se revezam com o propósito de apresentar sua arte. E de outro, a música alternativa realizada de forma independente, que além de levar entretenimento aos jovens, busca trazer transformação social e cultural em uma comunidade. Na Contra Mão conta a história desses novos artistas e apresenta ao público uma arte que a cada dia cresce nas ruas periféricas de São Paulo e consequentemente as mudanças sociais e políticas que traz aos moradores interessados em ver e ouvir a nova voz da periferia de SP.
SARAU DA COOPERIFA – JOGO DE IDEIAS (Brasil, 2008, 27min) dir. Sergio Vaz e Claudiney Ferreira O poeta e agitador cultural Sérgio Vaz fala dos objetivos do Sarau da Cooperifa, que criou em 2001, do compromisso com a literatura e com a cidadania, sobre as regras do sarau, sobre seu surgimento, sobre o processo de transformação do desabafo em poesia, sobre a formação de leitores, e sobre os perigos da Cooperifa virar uma grife cultural. O programa ainda traz imagens do Sarau da Cooperifa, que ocorre toda quarta-feira, das 21h às 23h, no Bar do Zé Batidão, em M’Boi Mirim, entrevistas com poetas e frequentadores, e com o Zé Batidão, o dono do bar que abriga o sarau.
Filme: Sarau da Cooperifa
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CINEMA
Sessão Especial - NósOutros Gaúchos OS SENHORES DA GUERRA 23 de julho – quinta-feira – 19h (Brasil, 2013, 124min) Dir. Tabajara Ruas Julio e Carlos são irmãos. Amigos, cultos, ricos, são separados pela Revolução de 1923, que divide o Rio Grande do Sul entre chimangos e maragatos. Julio é prefeito, está com os primeiros, enquanto Carlos é revolucionário, maragato. As ideias são opostas, mas o sangue é o mesmo e a prova se dá em uma grande batalha. Após a sessão, ocorrerá o debate com psicanalista Robson de Freitas Pereira e com o escritor e professor da PUC Luiz Antonio de Assis Brasil.
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Filme: Educação Sentimental
CINEF - MOSTR A BR A SILEIROS Em agosto a Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com o Sesc/RS, apresenta uma mostra de cinema organizada pelo CineF, cineclube da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. Para além de Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e outros mestres do nosso cinema moderno, o Brasil possui diversos cineastas e produziu filmes que, hoje, tornam o atual cenário cinematográfico bastante importante. Dos anos 2000 para cá, houve um claro aumento na produção cinematográfica do país. No circuito exibidor, entretanto, os cinemas de shopping ainda privilegiam as mesmas estéticas de sempre – o das grandes produtoras –, e muitos deste filmes acabam sufocando diversas produções riquíssimas do nosso cinema recente. É com o intuito de chamar a atenção para essa produção nacional que o CineF promove a mostra Brasileiros. O cinema contemporâneo brasileiro une cineastas renomados, no auge da sua maturidade artística, como Andrea Tonacci, Eduardo Coutinho, Helena Ignez e Júlio Bressane, e cineastas que recém estão lançando seus primeiros filmes, como Aly Muritiba, Clarissa Campolina, Sergio Borges e muitos outros.
Neste cinema há fenômenos de crítica, como é o caso de O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e O lobo atrás da porta, de Fernando Coimbra; há filmes que invocam a cruel memória dos anos de ditadura, como A memória que me contam, de Lúcia Murat, e Tatuagem, de Hilton Lacerda; e filmes que discutem questões do momento contemporâneo, como A gente, de Aly Muritiba, e o já citado O som ao redor, de Mendonça Filho. No cenário contemporâneo existe espaço também para o debate de gênero, como em O céu sobre os ombros, de Sergio Borges, e, principalmente, para o debate sobre classes sociais, tema que permeia a tradição do cinema brasileiro. A mostra Brasileiros conta também com uma sessão de curtas-metragens, com a produção de universitários de vários lugares do Brasil, que fizeram parte da programação MOUC 2014. Durante todo o mês de agosto a sala Redenção dedica sua programação a esse rico conjunto de filmes, muitos deles com sessões comentadas. Equipe do CineF 37
CINEMA
AGOSTO CineF: Mostra Brasileiros
Central até ser capturado dez anos depois. Levado para Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo, torna-se manchete nacional e centro de polêmica criada por antropólogos e linguistas quanto à sua origem e identidade. O elenco do filme é formado pelas próprias pessoas que viveram os fatos. No dia 03, após a sessão das 19h, haverá debate com o crítico Leonardo Bonfim.
EDUCAÇÃO SENTIMENTAL 03 de agosto – segunda-feira – 16h 06 de agosto – quinta-feira – 16h 12 de agosto – segunda-feira – 19h (Brasil, 2013, 84min) Dir. Júlio Bressane A singela relação de amor e cumplicidade entre uma professora e seu aluno. A história é inspirada no mito grego de Endimião, em que a Lua se apaixona pelo corpo nu de um rapaz em pleno sono e o acaricia com sua luz. No dia 12, após a sessão das 19h, haverá um debate com a produtora cultural e estudante da UFRG Juliana Costa.
SERRAS DA DESORDEM
SESSÃO HELENA IGNEZ: 4 de agosto – terça-feira – 19h 7 de agosto – sexta-feira – 16h
A FÁBRICA (Brasil, 2011, 15min) Dir. Aly Muritiba Um presidiário convence sua mãe a arriscar a própria segurança para levar um aparelho celular para ele dentro da penitenciária.
+ PÁTIO (Brasil, 2013, 16min) Dir. Aly Muritiba Pátio é a segunda parte da chamada Trilogia Do Cárcere, iniciada com ‘A Fábrica’. Trata-se se um documentário observativo sobre o dia a dia de um detento no pátio de
FEIO, EU?
sol da cadeia na qual está preso.
(Brasil, 2013, 70min) Dir. Helena Ignez Filme-manifesto, foi realizado a partir de uma oficina para atores realizada na Lapa, Rio de Janeiro, no espaço do Cinema Nosso, e se estendeu em locações em Paris e Kerala (Índia). Multifacetado como um caleidoscópio, os personagens surgem em cenas e sequências também em multi-telas.
+
4 de agosto – terça-feira – 16h
PODER DOS AFETOS
(Brasil, 2006, 135min)
(Brasil, 2013, 31min) Dir. Helena Ignez O filme se desenrola em cenário paradisíaco, tratando a brasilidade e a sua força na transformação dos costumes, rompendo preconceitos
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SESSÃO ALY MURITIBA: 5 de agosto – quarta-feira – 16h 7 de agosto – sexta-feira – 19h 11 de agosto – terça-feira – 19h
11 de agosto – terça-feira – 16h
3 de agosto – segunda-feira – 19h
Dir. Andrea Tonacci Carapirú é um índio nômade que, após escapar do massacre de seu grupo familiar em 1978, perambula sozinho pelas serras do Brasil
e trazendo a tona uma realidade mágica e original através de seus personagens inquietantes.
+ A GENTE (Brasil, 2013, 89min) Dir. Aly Muritiba Por sete anos, Aly Muritiba trabalhou em uma prisão. Lá ele fez parte da Equipe Alfa. Após estudar cinema e fazer alguns curtas, Muritiba volta a seu antigo trabalho para reencontrar seus colegas e realizar um filme com a Equipe Alfa. A Equipe Alfa é formada por 28 pessoas, homens e mulheres de origens e formações distintas que fazem a guarda e custódia de cerca de mil criminosos numa penitenciária brasileira. Walkiu torna-se o chefe da equipe e espera fazer um bom trabalho.
CINEMA
SESSÃO CURTAS UNIVERSITÁRIOS (MOUC) 6 de agosto – quinta-feira – 19h 10 de agosto – segunda-feira – 16h 12 de agosto – quarta-feira – 16h
ÁGUA (RS, 2013, 15min) Dir. Giulia Góes Filme baseado na tragédia ocorrida no dia 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria.
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BABA 105
VIDA
(RJ, 2013, 5min) Dir. Felipe Bibian
(CE, 2013, 4min) Dir. Levi Magalhães Um pequeno velhinho, em recorte, percorre e supera obstáculos em cima de uma escrivaninha artística do seu criador em busca de um
Encontrei a foto no fundo de uma gaveta. Um único registro. No verso, estava escrito: Vovó, já com 105 anos, mas ainda muito bem.
objetivo: a sua bengala.
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Um filme de família.
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MENINA ANTES QUE ME ESQUEÇAM (RS, 2013, 13min) Dir. Julia Sondermann Uma homenagem às memorias perdidas. Filmes caseiros e depoimentos reais constroem uma narrativa poético e atemporal.
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O QUE APRENDI COM MEU PAI (GO, 2013, 15min) Dir. Getúlio Ribeiro Homem dirige por estrada e narra alguns assassinatos que cometeu no passado.
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(AL, 2013, 9min44seg) Dir. Amanda Duarte e Maysa Santos Nos corredores de uma faculdade, uma faxineira segue rumo aos seus afazeres cotidianos. Invisível aos olhos de professores e alunos, a mulher encontra nos cestos de lixo realidades menos solitárias do que a sua.
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CINEMA
TRÊS VOLTAS (PE, CE, França, 2013, 12min)
TRABALHAR CANSA
O FIM E O PRINCÍPIO
14 de agosto – sexta-feira – 16h 19 de agosto – quarta-feira – 16h 25 de agosto – terça-feira – 19h (Brasil, 2011, 99min) Dir. Marco Dutra e Juliana Rojas Helena abre um mini-mercado enquanto seu marido, Otávio, procura um emprego. Mas acontecimentos estranhos sugerem que a compra do mercado foi um grande erro.
18 de agosto – terça-feira – 16h 24 de agosto – segunda-feira – 19h 28 de agosto – sexta-feira – 19h (Brasil, 2005, 110min) Dir. Eduardo Coutinho O documentarista Eduardo Coutinho vai para o interior da Paraíba sem roteiro nem entrevista marcada, com o único objetivo de encontrar bons personagens. No dia 24, após a sessão das 19h, haverá um debate com o documentarista e pesquisador em cinema Felipe Diniz.
Dir. Fabiola Gomes, Txai Ferraz e Vinicius Gouveia
O SOM AO REDOR
Três amigas, três países diferentes e incertezas em comum. Através da troca correspondências não necessariamente sinceras, o contato entre as garotas gera uma mudança no cotidiano de cada uma delas.
17 de agosto – segunda-feira – 16h 21 de agosto – sexta-feira – 19h (Brasil, 2012, 100min) Dir. Kléber Mendonça Filho Um bairro classe-média da zona sul do Recife passa a ter seu cotidiano tensionado pela chegada de uma equipe de vigilância que promete manter as ruas seguras.
A MEMÓRIA QUE ME CONTAM 10 de agosto – segunda-feira – 19h 20 de agosto – quinta-feira – 16h 26 de agosto – quarta-feira – 16h (Brasil, 2012, 100min) Dir. Lucia Murat Um drama sobre utopias derrotadas, terrorismo, comportamento sexual e a construção de um mito. Um grupo de amigos, que resistiram à ditadura militar, e seus filhos vão enfrentar o conflito entre o cotidiano de hoje e o passado quando um deles está morrendo.
O CÉU SOBRE OS OMBROS 13 de agosto – quinta-feira – 16h 20 de agosto – quinta-feira – 19h 31 de agosto – segunda-feira – 19h (Brasil, 2010, 92min) Dir. Sérgio Borges O Filme trata da solidão e das dificuldades da vida humana, mas também trata de como os homens criam suas saídas, suas respostas
O LOBO ATRÁS DA PORTA 13 de agosto – quinta-feira – 19h 14 de agosto – sexta-feira – 19h 21 de agosto – sexta-feira – 16h (Brasil, 2014,100min) Dir. Fernando Coimbra O desaparecimento de uma criança é contado a partir de diferentes pontos de vista: da mãe, do pai, e da possível sequestradora.
TATUAGEM 17 de agosto – segunda-feira – 19h 25 de agosto – terça-feira – 16h 31 de agosto – segunda-feira – 16h (Brasil, 2013, 110min) Dir. Hilton Lacerda Um soldado se apaixona pelo diretor de um grupo de teatro em meio
GIRIMUNHO 18 de agosto – terça-feira – 19h 24 de agosto – segunda-feira – 16h 27 de agosto – quinta-feira – 16h (Brasil, 2011, 90min) Dir. Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr. Um retrato poético das vidas de duas senhoras no interior de Minas Gerais, e de como elas lidam com a morte.
SUDOESTE 27 de agosto – quinta-feira – 19h 28 de agosto – sexta-feira – 16h (Brasil, 2012, 128min) Dir. Eduardo Nunes Numa pequena cidade do litoral brasileiro, uma moça grávida morre, deixando o bebê para ser cuidado por uma mulher que é suspeita de bruxaria.
à ditadura militar.
às dificuldades, sua felicidade. No dia 31, após a sessão das 19h, haverá um debate com o crítico Pedro Henrique Gomes. Filme: A Gente
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CINEMA
PA R C E I R O S D A SAL A REDENÇÃO Sessão Comentada NósOutrosGaúchos
CASTANHA 5 de agosto – quarta-feira – 19h (Brasil, 2014, 95min) Dir. Davi Pretto
João Carlos Castanha tem 52 anos e é ator. Também trabalha na noite como transformista em baladas gays. Vive com a mãe septuagenária, Celina, no subúrbio de Porto Alegre. Solitário, doente e confuso, aos poucos ele deixa de discernir realidade e ficção. Após a sessão, ocorrerá o debate com o antropólogo Ben Berardi e com o estudante Lennon Macedo, membro do cineclube CineF.
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DEDS - Cultura de Periferia: Ciclo de Cinema MESTRES DO VIADUTO (Brasil, 2012, 88min) Dir. Ana Estrela e Bárbara Viggiano 19 de agosto – quarta-feira – 19h Que escola frequenta um Mestre de Cerimônia? Poeta dos guetos, porta-voz de uma cultura, o MC aprimora seu flow e suas rimas numa escola que precisa ser na rua: para aprender a técnica e assumir o compromisso do RAP é preciso aprender a ocupar os espaços urbanos, contestar, dialogar e conscientizar-se sobre a história, os estilos e os elementos que constituem o movimento de resistência política, estética e filosófica chamado Hip Hop. Em Belo Horizonte, a realidade vivida por cada um é trazida para o centro da cidade, debaixo de um viaduto esquecido pela indolência da sociedade de consumo e do poder público e revitalizado pelo que acontece ali: o Duelo de MCs. Semanalmente, um encontro marcado, num espaço marcado, um compromisso. Convivência de ideias, visuais, gerações. Lugar para experimentar, para compartilhar, para refletir e aprender. B-boys, B-girls, músicos, grafiteiros, pixadores, skatistas, diletantes, ricos, pobres, cidadãos de todo tipo se reúnem na rua toda sexta-feira. Com o suporte dos DJs, Beatmakers, amplificadores e microfones sons novos enchem o ar - é a hora da arte dos encantadores da noite, os MCs.
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Cinedhebate Direitos Humanos - Direitos humanos à luz da obra de Milcho Manchevski
A Liga dos Direitos Humanos da Faculdade de Educação da UFRGS promove de agosto a novembro, em parceria com a Sala Redenção – Cinema Universitário, o CineDHebate Especial: Direitos Humanos à luz da obra de Milcho Manchevski. O renomado cineasta imprime ao longo de suas obras uma impressionante percepção sobre muitos dos principais temas que perpassam os desafios, os limites e os paradoxos que revelam a condição humana em toda a sua plenitude e vulnerabilidade. Milcho Manchevski é diretor, roteirista, fotógrafo e artista nascido em Skopje, Macedônia. Escritor e diretor de longas, curta-metragens, a série para televisão The Wire, filmes experimentais e dezenas de videoclipes. Autor das exposições de fotografias Rua, e Cinco gotas de sonho, e livros que acompanham
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as exposições. Escreveu O fantasma de minha mãe, e Verdade e Ficção: Notas sobre a fé excepcional na arte. Criou o grupo de arte performática 1AM. Todos os seus filmes ganharam prêmios internacionais, com exibições em centenas de festivais e distribuição em cerca de 50 países. Seu trabalho integra o currículo de várias universidades e foi tema de duas conferências acadêmicas, em Firenze e Leipzig. Lecionou em várias universidades, cinematecas, museus e institutos de arte. É Doutor Honoris Causa na Gerasimov Institute of Cinematography/VGIK em Moscou, Russia. Manchevski foi agraciado com o Prêmio Madre Teresa para trabalho humanitário (2002) e Embaixador da Cultura da República da Macedônia (2007). Atualmente, coordena o Departamento de Direção no Programa de Pós-Graduação em Cinema na Tisch School of the Arts/New York.
Direito Humanos à luz de Milcho Manchevski exibirá quatro longa do diretor. Em 26 de agosto, Antes da Chuva (1994); em 23 de setembro, Poeira, 2001; em 21 de outubro, Sombras, (2007); e em 25 de Novembro, Mães (2010). Após cada sessão haverá debate com a mediação de Nykolas Friedrich Correia Motta - Doutorando em Filosofia/UFRGS, coordenador do Cinedhebate e integrante da Liga dos Direitos Humanos/UFRGS – e convidados. Giancarla Brunetto, coordenadora da Liga dos Direitos HumanosUFRGS
ANTES DA CHUVA (Before the rain, 1994, Macedônia/França/Reino Unido, 113min) Dir. Milcho Manchevski 26 de agosto – quarta-feira – 19h
Uma Macedônia dilacerada pela guerra é o pano de fundo para três narrativas: Palavras, na qual um monge se apaixona por uma garota refugiada durante a guerra da Bósnia. Rostos, em que uma fotógrafa se vê dividida entre o marido e o amante. Imagens, que mostra o retorno do premiado fotógrafo Aleksander à sua nativa Macedônia, e tenta ignorar as divisões entre ortodoxos e albaneses locais. A circularidade da violência é vista em uma história que circula sobre si.
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