Agenda DDC Julho e Agosto

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AGENDA C U LT U R A L Julho Agosto 2014


A p rendend o c o m a s d i f eren ç a s

A cidade universitária – UFRGS novamente se abrirá como espaço urbano para ser habitada por ideias, culturas e sentimentos a serem socializados. O lançamento da agenda de julho e agosto marca o início do segundo semestre acadêmico. Nesta cidade, propomos através da arte e da cultura o movimento de criar possibilidades de convivência, para que as diferentes culturas se façam presentes e, por meio de suas diferenças, possibilitem “[...] a capacidade de nos vermos como os outros nos vêem”*. Em 2014, ano em que a UFRGS comemora seus 80 anos, compartilhamos com a comunidade porto-alegrense uma série de eventos artísticos culturais, mobilizando pessoas não apenas para torná-los possíveis, mas também, na mobilização de milhares de pessoas ao tornar possível a experimentação, o diálogo, o encontro, a imaginação e o compartilhamento de sensações. Em março, o fotógrafo Sebastião Salgado nos oportunizou por meio das imagens projetadas – fotografias de uma vida – uma aula-magna em que cada um dos participantes pode compartilhar o sentimento de que fizeram parte de um momento histórico para a cidade de Porto Alegre. Na Sala Redenção Cinema – Universitário, o projeto François Truffaut: os filmes de uma vida apresenta filmes que fizeram a formação do realizador francês, oferecendo ao público não apenas a possibilidade de assistir parte importante da história do cinema mundial, como também recupera a contribuição fundamental do cineasta como crítico. Em maio, Gilberto Gil lotou o Salão de Atos e compartilhou com o público, através de uma aula-espetáculo, memórias, experiências e emoções que teve a arte como elemento essencial para a formação do pensamento. As ações criadas e programadas para 2014 são inúmeras; citei apenas algumas delas para lembrá-los de que o melhor lugar do mundo é aqui e agora. Encontre em nossa programação o seu lugar. Leia, agende-se e compartilhe! Claudia Boettcher Diretora do Departamento de Difusão Cultural

* OZ, Amós. De amor e trevas. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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E N T R E V IS TA C OM LUIZ GONZ AGA

Percurso do Artista No dia 13 de maio, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul lançou a edição 2014 do projeto Percurso do Artista. Centenas de pessoas estiveram presentes na Sala Fahrion, na Reitoria da UFRGS, prestigiando a abertura da mostra que oferece um panorama da trajetória do professor aposentado e artista plástico Luiz Gonzaga Mello Gomes. Entre tapeçarias, pinturas, desenhos e, principalmente, esculturas, o público é convidado a percorrer um universo onírico formalizado por gestos emocionais evocadores dos elementos da natureza e da figura humana, tão próprios da obra de Luiz Gonzaga. Formado pelo Instituto de Artes da UFRGS e tendo desempenhado grande parte de sua atuação artística-profissional nessa instituição, o Projeto Percurso do Artista traz de volta Luiz Gonzaga à Universidade. A exposição, além de justa homenagem, estimula a construção de uma nova relação da comunidade com a vida e obra do artista, bem como com os espaços culturais da UFRGS. Orientados pela vontade de melhor compreender os diversos significados que cercam o Percurso do Artista, convidamos Luiz Gonzaga para dividir conosco um pouco de sua experiência em participar do projeto. Após anos sem expor, principalmente por problemas de saúde, como foi a reação pessoal e a participação na exposição Percurso do Artista? Luiz Gonzaga: Eu parei por 12 anos de expor. Havia feito uma exposição grande no MARGS e depois não consegui fazer mais nada. Para mim, essa exposição está sendo um presente. Esse convite me honra muito, afinal a Universidade tem um significado muito grande para quem estudou nela. E também lecionei na Universidade. Me sinto feliz, pois é uma exposição retrospectiva, algo muito importante. Abrange muito tempo do meu trabalho e é bom saber que meu trabalho está sendo apresentado para pessoas que se interessam. Essa última exposição do MARGS foi muito grande. Tinham peças, também retrospectivas, mas não tantas como esta do Percurso do Artista. Esta é mais abrangente. Entre estas peças do MARGS,

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fiz quatro grandes. Denominei A Aurora, O Dia, O Crepúsculo e A Noite. Naqueles tempos, vendi a peça que significava A Aurora. No aniversário do Instituto de Artes, fui convidado para fazer um trabalho para a Universidade. Perguntei se eles não aceitariam aquelas obras. Aceitaram, é claro. Então doei para a Universidade A Noite e O Dia. O Crepúsculo eu não poderia dar porque estava sem A Aurora. Com a exposição Percurso do Artista me entusiasmei muito. O Crepúsculo eu tinha ainda aqui em casa. Só faltava eu fazer A Aurora. E fiz ela novamente para que as quatro fiquem juntas. Esse foi o meu maior entusiasmo, poder ver essas peças juntas novamente. Após doze anos sem fazer uma exposição, como foi viver a abertura com tantas pessoas e obras reunidas? Luiz Gonzaga: Olha, foi... Eu me senti muito feliz. Revi amigos. Conheci outras pessoas. E, realmente, foi muito concorrido. Havia muitas pessoas. Causou-me uma impressão boa aquilo tudo, pois estava cheio de gente em um clima de festa. Gostei disso. Eu sempre pensei em deixar alguma coisa para a Universidade. Eu pensava no Instituto de Artes. Onde tem o Auditório Tasso Correa, nas paredes da esquerda e da direita, gostaria de fazer um mural em cada. Quem sabe um relevo. Mas as coisas, no final, vão percorrendo outros caminhos e acabam chegando a outros lugares. Para mim é compensador deixar essas quatro obras. Um pensamento que era um pouco abstrato e no final se concretizou. Desde que a Blanca Brites me transmitiu o convite, eu achei que era uma oportunidade muito grande de mostrar o meu trabalho com o respaldo da Universidade. Além disso, existe a finalização com a impressão do catálogo. Realmente, são atividades muito importantes para o artista-professor. É uma deferência para aquele artista registrar a sua trajetória. O seu percurso. Além disso, na exposição tem obras que eu não via desde a década de 1980. Qual o sentimento que orienta a sua produção? Luiz Gonzaga: Fiz uma frase que deve redundar com outras. O artista trabalha para outra realidade. A realidade cotidiana é muito dura. As


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pessoas que não são artistas talvez não percebam que estão constantemente recebendo arte. Ou pelo cinema, pelo teatro, pela rua... Se tudo fosse muito árido, a existência seria algo difícil de suportar. Então, a própria arte tem esse poder de nos dar força para continuar o trabalho. Até há muitos artistas que trabalham com coisas da realidade. No ponto de vista que adoto para o meu trabalho, isso não interessa. Para isso já há os meios de comunicação. Posso parecer alienado. Não me importo. Quero fazer alguma coisa que faça bem para quem está apreciando. Tem uma frase de um artista que é muito interessante. É mais ou menos assim, ele disse que queria fazer uma obra que, para uma pessoa que trabalhou todo o dia, quando se sentasse na frente, pudesse se sentir compensada. É mais ou menos por aí que eu busco o meu trabalho. Tudo muito ligado à natureza. Porque a natureza nos traz elementos que permitem o deslumbramento. A natureza tem esse poder de nos dar essa chance. E o senhor continua nessa busca? Luiz Gonzaga: Sim e sempre! Estou preparando uma exposição para a Prefeitura de Porto Alegre, para o ano ano que vem. Está quase toda pronta. Vou apresentar pinturas e litografias. Algo que eu já fiz, mas nunca para expor. É um novo passo. Porque a

própria idade vai conduzindo para outras atividades dentro das artes plásticas. A gente já não tem mais saúde para trabalhar em uma peça de 2,80m. E eu faço todo o processo. É complicado. Mas sempre vão aparecendo outras formas de expressão. Complementando a exposição, com curadoria da professora Blanca Brites, estão instaladas vitrines com objetos pessoais e a exibição de videorrelato. A intenção é oferecer recursos de contextualização da trajetória e a preservação da memória de Luiz Gonzaga. Também estão previstos o projeto pedagógico com a participação do artista e a confecção do tradicional catálogo de exposição Percurso do Artista. Para o encerramento, as obras “O Crepúsculo” e “A Aurora”, esculturas em resina e ferro pertencentes à série “Fases do Dia”, serão doadas pelo autor, enriquecendo ainda mais a presença de obras de arte nos espaços da Universidade. A visitação ficará aberta até o dia 17de outubro de 2014, das 10h às 18h de segunda a sexta-feira, na Sala João Fahrion – 2º andar da Reitoria da UFRGS – Av. Paulo Gama, 110. Rafael Derois Coordenador e Produtor de mídias do Departamento de Difusão Cultural

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U N IFO T O Sobreposições sob o espaço O Projeto UNIFOTO apresenta nos meses de agosto e setembro o ensaio fotográfico de Guilherme Bragança, aluno do curso de História da Arte, que apresenta através das imagens capturadas, seu olhar sobre uma Universidade imaginária.

“O espaço é um corpo imaginário, como o tempo é um movimento fictício.” Paul Valéry A imersão fotográfica no espaço físico da universidade. A possibilidade poética livre dentro dos seus muros e limitações. Posicionamento visual e sobreposição de quadros percebidos e capturados durante o processo. A incursão no hábito cotidiano e na habitação vaga, a efemeridade de seu movimento transitório. O preenchimento e a consagração desse vazio impessoalizado através de sua multidão migratória. Guilherme Bragança

unifoto – SOBREPOSIÇÕES SOB O ESPAÇO Data: 25 de julho – sexta-feira – 12h30min Local: Sala Fahrion – 2º Andar Reitoria da UFRGS (Av. Paulo Gama,110)

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Guilherme Bragança


I N T E R L Ú D IO 2 014 Recital de Canto e Piano No dia 25 de julho, o Projeto Interlúdio apresenta recital de canto e piano com o tenor Felipe Bertol e o pianista Daniel Vieira, interpretando obras de Fructuoso Viana e Franz Schubert. Felipe Bertol é aluno do curso de Bacharelado em Música com ênfase em Canto Lírico na classe da professora Caroline Abreu e atua como preparador vocal de coros na Extensão do Instituto de Artes da UFRGS; Daniel Vieira é Doutor em Música – Práticas Interpretativas / Piano – pelo Programa de Pós Graduação em Música da UFRGS e desenvolve Pós-Doutorado na UFBA, com supervisão da professora Diana Santiago. Os dois músicos constituíram o duo com a proposta de interpretar ciclos de canções de câmara, apresentando-se desde então em diversos locais. Embora a vida do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828) tenha sido curta – somente trinta e um anos – e sua música, enquanto vivo, tenha permanecida restrita a um pequeno círculo de admiradores e amigos em Viena, o compositor foi responsável por uma vasta obra cultivada em diversos gêneros musicais (óperas, sinfonias, música litúrgica, música incidental, música de câmara, obras para piano e canções para voz e piano). Dentre a vasta produção composicional de Schubert, destacam-se as canções – mais de 900 – que se tornaram o meio ideal para a expressão musical do compositor, conjugando música e texto de maneira incomparável. O ciclo de vinte e quatro canções denominado Winterreise (Viagem de Inverno), compostas a partir de fevereiro de 1827 e publicadas em dois livros de doze canções a partir de textos de Wilhelm Müller, perfazem um dos mais pungentes e expressivos monumentos musicais da história da música. Neste recital são apresentadas as doze canções do primeiro livro de Winterreise.

O pianista e compositor brasileiro Fructuoso Vianna (1896-1976), nascido em Itajubá, Minas Gerais, realizou sua formação no Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro, sob orientação de Henrique Oswald. Atuou como professor de piano no Conservatório Mineiro de Música, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e como regente do Coral Paulistano, ensemble fundado por Mário de Andrade, do qual recebeu grande influência. Fructuoso Vianna notabilizou-se por compor principalmente obras para piano e canto e piano, nas quais adquire pleno domínio técnico e expressivo. Suas influências musicais provêm de duas principais fontes: da música europeia – principalmente de compositores franceses e espanhóis do início do século XX – e da música brasileira de estética nacionalista. As Seis Canções Trovadorescas (1951), musicadas a partir da poesia de Guilherme de Almeida evocam, através de seus melismas e ornamentos, atmosferas ibéricas. Leonardo Loureiro Winter Professor do Instituto de Artes e coordenador artístico do Interlúdio

INTERLÚDIO – RECITAL DE CANTO E PIANO Data: 25 de julho – sexta-feira – 12h30min Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama,110)

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I N T E R L Ú D IO N O C L Í N I C A S Flautarium – Conjunto de Flautas Doces da UFRGS O Flautarium – Conjunto de Flautas Doces da UFRGS é um projeto de Extensão do Departamento de Música do Instituto de Artes da UFRGS, criado em 1998 pela flautista Lucia Carpena, professora de flauta doce do DEMUS-UFRGS. O projeto tem como objetivo proporcionar aos alunos do Departamento de Música a execução em alto nível do repertório para conjunto de flautas doces, divulgar este repertório para o público em geral e incentivar a composição de novas peças para flauta doce. O repertório do grupo é muito heterogêneo, abrangendo desde peças do século XVI até obras de nossos dias, nos mais variados estilos. O Flautarium desenvolve também um projeto contínuo de divulgação de repertório original escrito por compositores brasileiros, tendo inclusive estreado peças dedicadas ao grupo, que também realiza concertos didáticos em escolas, visando aproximar crianças e jovens da música e formar público para o futuro. O Flautarium fez sua estreia em 1998, no foyer nobre do Theatro São Pedro, e tem se apresentado dentro da programação oficial da UFRGS e no interior do Rio Grande do Sul. Fora do Estado, apresentou-se em Florianópolis, São Paulo, Tatuí, Recife, Montevidéu e Bad Liebenzell (Alemanha). Coordenado desde a sua criação pela flautista e professora Dra. Lucia Becker Carpena, o grupo é integrado atualmente por Cláudia Schreiner, Letícia Arnold e Walkíria Morato, alunas do curso de Graduação em Música da UFRGS. O programa a ser apresentado neste Interlúdio é dedicado à música dos séculos XX e XXI e contempla obras de compositores brasileiros e estrangeiros.

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Em um grande arco de tempo, que inicia com a emblemática obra de Paul Hindemith (1895-1963), estreada em 1932 e que marcaria o retorno da flauta doce à música de concerto, o Flautarium apresenta obras de Henk Badings (1907-1987), Ryohei Hirose (1930–2008), além de obras de compositores ligados à UFRGS, como Marcelo Birck (*1965), Felipe Kirst Adami (*1977) e Daniel Wolff (*1968). Este mesmo repertório foi apresentado em 2013, no encontro de música contemporânea que aconteceu em Porto Alegre, denominado “Babel – Música e Vertigem”, onde o Flautarium participou como grupo convidado. Com esta seleção de obras originais para a flauta doce, o Flautarium pretende mostrar ao público a variedade de repertórios, estilos e escritas para este instrumento, em peças que vão da escrita neo-clássica de Hindemith e Badings, passando pela sonoridade de Hirose, inspirada na música tradicional japonesa para sakuhachi, o minimalismo de Marcelo Birck, o modelo renascentista de variações adotado por Felipe Adami e a brasilidade alegre e exuberante de Daniel Wolff.

INTERLÚDIO NO CLÍNICAS RECITAL DO FLAUTARIUM Data: 22 de agosto – sexta-feira – 19h Local: Auditório José Baldi do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Rua Ramiro Barcelos, 2350) Retirada de ingressos das 8h às 16h na recepção da Fundação Médica (Rua Ramiro Barcelos, 2350 – sala 177)


I N T E R L Ú D IO 2 014 Arsis: Conjunto de Flautas Transversais O conjunto de flautas transversais Arsis é o grupo convidado do Projeto Interlúdio do mês de agosto, na Sala João Fahrion do Campus Central da UFRGS. O conjunto de flautas, constituído por alunos de graduação e pós-graduação em música da UFRGS, apresenta um repertório dedicado à família das flautas transversais em diferentes estilos e períodos musicais – do barroco ao contemporâneo, da música erudita à música popular – em um rico mosaico de cores e timbres. Além da flauta transversal, denominada flauta de concerto ou flauta em dó, são apresentados outros instrumentos da família das flautas como o flautim, a flauta em sol e a flauta baixo. Através da combinação destes instrumentos são recriadas sonoridades e texturas que permitem recordar diferentes grupamentos oriundos da orquestra sinfônica. Arsis, palavra de etimologia grega, refere-se à parte não acentuada de um texto poético, contrastando com Thesis (parte de acentuação mais pronunciada). Em música, Arsis significa anacruse, levare. O grupo é constituído pelos alunos Rafael Marques, Luciano Gularte, Paola Barth, Vinícius Dias Prates, Ianes Gil Coelho, Hugo Peña e André Sinico, sob orientação do professor Leonardo Winter. No recital serão apresentadas obras de Bach, Boismortier, Kuhlau, Takemitsu e Berthomieu. A Partita BWV 1013 de Johann Sebastian Bach (1685-1750) foi composta durante sua estada na corte alemã de Köthen, onde Bach pôde dedicar-se prioritariamente à música instrumental. Composta em quatro movimentos, apresenta danças estilizadas e é uma das obras mais representativas do repertório para flauta solo. Joseph Bodin de Boismortier (1689-1755), prolífico compositor do barroco francês, compôs música instrumental, balés e música vocal. Dentre sua vasta produção composicional destacam-se as obras para flauta transversal, entre elas os Seis concertos para

cinco flautas (1727), obra camerística em forma de concerto, bem como trios e suítes para flauta solo. O pianista e compositor alemão Friedrich Kuhlau (1786-1832) desenvolveu carreira na Dinamarca, tornando-se o mais proeminente compositor do fértil período clássico-romântico naquele país. Escreveu numerosas composições para flauta transversal, aliando escrita virtuosística e intensa expressão musical. O compositor, poeta e dramaturgo francês Marc Berthomieu (1906-1991) foi aluno de Henri Busser e Paul Vidal no Conservatório de Paris. Formalmente suas composições aliam rigor formal em rebuscadas elaborações harmônicas. A obra denominada Gatos, para trio de flautas e flauta em sol, é uma alusão a diferentes espécies felinas do reino animal (gato-persa, puma, siamês, etc) onde podemos identificar manhas – e artimanhas – destes animais. A música do compositor japonês Toru Takemitsu (1930-1996) conjuga música tradicional japonesa e modernidade, escrita musical tradicional e técnicas expandidas, realizando uma fusão entre os distintos mundos orientais e ocidentais. Itinerante, obra escrita para flauta solo em 1989, explora tensão e relaxamento, som e silêncio através de melodias líricas e explosão de sons não-convencionais. Leonardo Loureiro Winter Professor do Instituto de Artes e coordenador artístico do Interlúdio

INTERLÚDIO ARSIS: CONJUNTO DE FLAUTAS TRANSVERSAIS Data: 29 de agosto – sexta-feira – 19h Local: Sala João Fahrion (2º andar da Reitoria – Campus Central da UFRGS – Av. Paulo Gama, 110)

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No espírito de celebração pelos 80 anos da universidade que marca este 2014, é mais do que justo lembrar também a cidade que a viu surgir e crescer. Bem sabemos que entre aquele novembro de 1934 – quando o Interventor Federal do Estado do Rio Grande do Sul promulgou por decreto a criação da Universidade de Porto Alegre – e agora, muita coisa mudou. A começar pelo próprio espaço urbano, seu desenho, sua arquitetura, o traçado das ruas. São várias cidades, sendo sempre uma, em que se sobrepõem diferentes tempos e para onde converge a experiência de gerações e gerações. Essa experiência, que faz a história, é de certa maneira o nosso tema do ano. História em forma de música, através das obras de sete compositores gaúchos que serão homenageados, ao longo da temporada, em concertos especialmente encomendados pelo Unimúsica. Todos os compositores têm uma forte relação com Porto Alegre, seja porque aqui nasceram ou viveram uma parte importante de suas vidas, seja porque aqui fizeram sua formação, deram início ou firmaram sua trajetória profissional. Mas não só. Eles também têm em comum o fato de apresentarem em suas biografias algum tipo de vínculo com a universidade: no começo do século 20, Octávio Dutra e Radamés Gnattali estudaram no Conservatório de Música que daria origem ao Instituto de Artes, onde Armando Albuquerque atuou como professor de harmonia, contraponto e composição a partir dos anos 1960, além de ter sido consultor musical da Rádio da Universidade. Lupicínio Rodrigues trabalhou como bedel da Faculdade de Direito, prédio que Barbosa Lessa frequentou para se tornar bacharel na década de 50. No final dos anos 1970, início dos 80, Nei Lisboa e Vitor Ramil assistiram a algumas disciplinas do curso de Música, no mesmo endereço que um século antes abrigara o Conservatório de Octávio e Radamés. Mas já era, sem dúvida, uma outra cidade. Nesta paisagem que muda – a Cidade Baixa do Armando não é a mesma do Lupicínio, o Bom Fim de Radamés pouco tem a ver com o Bom Fim de Nei Lisboa –, eles encontraram professores, colaboradores, parceiros, alunos, ouvintes, um público.

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Cabe ressaltar que a ordem dos concertos acabou se definindo não pela cronologia, mas pela disponibilidade de agenda dos artistas convidados a realizar as homenagens. Artistas estes que guardam em relação aos compositores homenageados algo que extrapola a condição da afinidade musical e que se aproxima, em muitos dos casos, de uma admiração profunda e de um verdadeiro sentimento de amizade. Vale lembrar ainda que, além dos 80 anos da UFRGS, em 2014 comemoramos também 10 anos das séries temáticas do Unimúsica – nosso presente é a música.

Lígia Petrucci Coordenadora e curadora do Unimúsica


Unimúsica 2014

série compositores - a cidade e a música

20h

Salão de atos da ufrgs

Radamés Gnattali, por Zé Menezes, Olinda Allessandrini, Oscar Bolão, Zeca Assumpção e Toninho Ferragutti Direção de Arthur de Faria

6 de novembro

Vitor Ramil, por Chico César

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U N IM Ú SI C A 2 014 S É R I E C OMPOSI T O R E S A C I D A D E E A M Ú SI C A Homenagem a Radamés Gnattali por Zé Menezes, Olinda Allessandrini, Zeca Assumpção, Toninho Ferragutti e Oscar Bolão No momento que redijo estas linhas, meados de junho, estou em meio a um dos maiores privilégios/ responsas/trabalheiras da minha vida: com os scanners dos manuscritos originais de um dos maiores heróis da minha vida na mão, vou transcrevendo tudo pra um programa de edição de partituras, para depois extrair as partes que cada instrumento vai tocar neste Unimúsica que você assistirá em agosto. Um sonho que levou 15 anos para ser realizado. Desde 1999 tenho tentado remontar o Quinteto Radamés Gnattali, um grupo tão absolutamente extraordinário quanto outros quintetos míticos: no tango, os de Astor Piazzolla e Horácio Salgán. No jazz, os dois que teve Miles Davis. Mas não era simplesmente montar um quinteto. Outros já os há, e tocando bem este repertório radamélico. O que eu queria era o máximo possível de integrantes do grupo original, que tocava com o mestre. Depois de 15 anos, dois já não estão aqui: Luciano Perrone, nada menos que o cara que definiu como se tocaria bateria na música brasileira, e Chiquinho do Acordeom, o cara que Radamés esperou existir para incorporar o acordeom à sua Orquestra de Ritmos Brasileiros. Mas no lugar de ambos, temos dois craques absolutos: Oscar Bolão, discípulo de Perrone, é o cara que levou adiante a linguagem do mestre – como ele, dono de uma personalidade rara num instrumento muitas vezes tão standartizado. Já no acordeom, o sujeito que todos disseram “Uau” ou “Bah” quando eu anunciei: Toninho Ferragutti. Um dos poucos que poderia tocar, com a mesma maestria e elegância, o que Radamés escreveu pra seu amigo de toda a vida, Chiquinho. Pro contrabaixo, o caçula de todas as formações do Quinteto original: o sujeito que, bem jovem, assumiu a vaga do fundador Vidal na última formação do grupo, já nos anos 1980: Zeca Assumpção. O mesmo Zeca da fabulosa Academia de Danças do Egberto Gismonti, o mesmo Zeca de tantos serviços prestados desde o free jazz do Grupo Um até as bandas de Chico e Caetano. Completando o time, quem chamar para a missão quase impossível de assumir as partituras e cifras do próprio compositor? Nada mais justo que Olinda Allessandrini. A pianista que foi a última a se formar em piano com medalha de ouro no Instituto 12

de Belas Artes. A mesmíssima medalha concedida a... Radamés, meio século antes. Além disso, há décadas ela se dedica ao repertório camerístico de Radamés, essa música absolutamente na fronteira do erudito com o popular (num determinado momento, assustado com as partituras, escrevi pra nossa dama: “querida, tu lê cifras?”. Resposta: “claro”. Vocês não imaginam quão poucos pianistas concertistas teriam essa resposta). Mas se temos aqui esse quarteto de craques, é só porque podemos ter a grande estrela desta noite. O sujeito que está para a guitarra elétrica assim como Perrone estava para a bateria no Brasil: ele definiu como se faria. O cara que toca todos os instrumentos de corda que lhe caíram às mãos, do violão-tenor que o próprio Garoto lhe presenteou até o que ele me definiu como “aquela strato branquinha, 1957, igualzinha a do Hendrix”. É claro: Zé Menezes. Aos 92 anos, rumo aos 93, tocando TUDO, o cara é a razão de ser desta noite. Também, pudera: foram quase 40 anos tocando ao lado do amigão que lhe dedicou maravilhas como o pioneiríssimo “Concerto Carioca para Guitarra Elétrica e Orquestra”. De 1949, no mítico Quarteto Continental, até a morte do mestre, em 1988, só ele sabe o que os dois passaram juntos. Genial Menezes. O mesmo que, nas duas vezes em que nos falamos sobre isso, me comentou que nunca lembravam dele nas homenagens ao maior gaúcho do mundo. Alguns dos arranjos que o pessoal vai tocar – todos escritos pelo Radamés – nunca foram escutados. E eu, que conheço quase tudo que ele gravou, pirei nas pequenas subversões que o velho, então com mais de 70 anos, fez de seus próprios temas nesses arranjos – os últimos feitos para o grupo.“Remexendo” e “Uma Rosa pro Pixinguinha”, por exemplo, tão um negócio do outro mundo). Pareço empolgado? Eu tou é feliz por vocês, por nós, pelo cosmos. Arthur de Faria Músico e jornalista, diretor musical do concerto em homenagem a Radamés Gnattali


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U N IM Ú SI C A 2 014 S É R I E C OMPOSI T O R E S A C I D A D E E A M Ú SI C A

UNIMÚSICA HOMENAGEM A RADAMÉS GNATTALI ENCONTRO COM OS ARTISTAS Data: 06 de agosto – quarta-feira – 16h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama,110)

CONCERTO Data: 07 de agosto – quinta-feira – 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama,110) Retirada de senhas através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso a partir de 04 de agosto, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural. ufrgs.br 13


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ó p era D I D O E E N É A S

Nos dias 18 e 19 de julho, sexta e sábado, às 21h, e no dia 20 de julho, domingo, às 11h, acontecem novas apresentações de Dido e Enéias, espetáculo produzido pelo Projeto Ópera na UFRGS em 2012. Produzida e executada por professores e alunos dos Departamentos de Música, Arte Dramática e Artes Visuais do IA/UFRGS, a ópera reúne cerca de sessenta pessoas entre músicos, cantores, atores e bailarinos. A montagem de Dido e Enéias feita pelo Instituto de Artes da UFRGS recebeu o Troféu Açorianos de Música 2012 de Espetáculo do Ano e o Prêmio Destaque UNITV 2012. As apresentações de Dido e Enéias de 2014 integram as comemorações dos 80 anos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Criado no século XVII pelo compositor inglês Henry Purcell e pelo libretista Nahum Tate, este clássico da música barroca baseia-se na Eneida de Virgílio e narra as consequências trágicas do amor de Dido, rainha da opulenta cidade fenícia de Cartago, por Enéias, príncipe derrotado da Guerra de Tróia e filho da deusa Afrodite com um mortal. Segundo Lúcia Carpena, professora do Departamento de Música do IA/UFRGS e diretora musical da ópera, a montagem de Dido e Enéias pretende “apresentar ao público o dilema e o sofrimento da rainha de Cartago através da valorização da fabulosa escrita de Purcell”. A bela música de Henry Purcell é executada ao vivo, com instrumentos de época, por uma orquestra formada por professores e alunos do Departamento de Música do IA/UFRGS. w A montagem de Dido e Enéias tem legendas para que o público possa acompanhar o texto da ópera durante a apresentação. A Coordenação do Projeto Ópera na UFRGS é de Alfredo Nicolaiewsky (Diretor do Instituto de Artes da UFRGS) e a assessoria de Paulo Gomes (Departamento de Artes Visuais do IA/UFRGS). A direção cênica de Dido e Enéias é de Camila Bauer, do Departamento de Arte Dramática do IA/UFRGS. A direção musical é de Lúcia Carpena, do Departamento de Música do IA/UFRGS. A regência é do maestro Diego Schuck Biasibetti. Nos papéis principais da ópera estão a soprano Cynthia Barcelos (Dido) e o tenor Lucas Alves (Enéias). A reedição da Opera conta com a produção do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS.

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O argumento de Dido e Enéias é baseado no Livro IV, da Eneida, de Virgílio, e narra a história do amor de Dido, rainha de Cartago, por Enéias, príncipe troiano. Ato I Na cena de abertura da ópera, Belinda, dama de companhia de Dido, implora à rainha cartaginesa para que deixe de lado a tristeza. Dido canta uma ária que expressa sua aflição amorosa. Belinda não hesita em indicar que Enéias, príncipe troiano destronado, é a causa do tormento da rainha. Na cena seguinte, Enéias pede Dido em casamento. A rainha resiste aos apelos do príncipe apaixonado. Enéias proclama seu amor e repete o pedido de casamento, apoiado por Belinda e pelo séquito real. Ao final do primeiro ato, Dido cede às súplicas de Enéias e o séquito conclama a vitória da beleza e do amor, regozijando-se em alegre canto. Ato II O segundo ato inicia com feiticeiras que tramam a destruição de Dido e de Cartago. Elas planejam enviar um duende disfarçado de Mercúrio, como emissário de Júpiter, para forçar Enéias a deixar Cartago e afastar-se de Dido. A segunda cena do ato transcorre em um pequeno bosque. Acompanhados de Belinda e do séquito, Dido e Enéias interrompem uma caçada para repousar. Belinda e o séquito cantam as belezas do local enquanto Dido e Enéias desfrutam da companhia um do outro. A cena idílica é interrompida por trovões, que antecipam o retorno do grupo à cidade. Todos partem, menos Enéias, que é retido pela aparição do duende que serve às feiticeiras. O duende se apresenta como mensageiro de Júpiter e diz a Enéias que este deve deixar Cartago para fundar uma nova Tróia em solo latino. Enéias acata a ordem da falsa divindade, ainda que prefira morrer a abdicar do amor da rainha Dido. Ato III No início do terceiro ato, as feiticeiras comemoram o sucesso de seu plano para afastar Enéias de Dido com um entusiástico canto de vitória. Na cena seguinte, Dido encontra Enéias. O príncipe decide desobedecer às ordens do deus Júpiter e ficar


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com sua amada. Dido diz a Enéias que ele precisa obedecer à convocação divina. Enéias parte e, em seguida, Dido morre. Na última cena, o séquito, tomado de dor pela morte de Dido, evoca os cupidos para que cubram de rosas o túmulo da rainha.

Ópera Dido e Enéias Data: 18 de julho – sexta-feira – 21h Data: 19 de julho – sábado – 21h Data: 20 de julho – domingo – 11h Local: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº, Porto Alegre) Ingresso: mínimo de um quilo de alimento não perecível, a ser trocado na bilheteria do Theatro São Pedro a partir do dia 11/7. Máximo 2 ingressos por pessoa.

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N Ú C L E O D A C A N ÇÃO

Demétrio Xavier: Atahualpa Yupanqui e o destino do canto “Nada será superior ao destino do canto. Nenhuma força abaterá teus sonhos, porque eles se nutrem com sua própria luz. Alimentam-se de sua própria paixão. Renascem a cada dia, para ser. Sim, a terra marca seus eleitos. A alma da terra, como uma sombra, segue os seres indicados para traduzi-la na esperança, na dor, na solidão. Se tu és o eleito, se escutaste o chamado da terra, se compreendes sua sombra, te espera uma tremenda responsabilidade. Pode perseguir-te a adversidade, acossar-te o mal físico, empobrecer-te o meio, desconhecer-te o mundo, podem burlar-se e negar-te os demais, mas é inútil, nada apagará a luz de tua tocha, porque não é só tua. É da terra que te marcou. E te marcou para teu sacrifício, não para tua vaidade.” Assim definiu Atahualpa Yupanqui o destino do canto. Não foi outro o caminho que esse argentino percorreu ao longo de quase todo o século XX, por todo o mundo, cumprindo a antiga consigna inca Runa Allpa Kamaska (“o homem é terra que anda”). Atahualpa Yupanqui, nome escolhido ainda na adolescência pelo escritor, músico e compositor, significa, em quíchua, “o filho da terra que veio de longe para narrar”. É no canto que ele – marcado que foi pela terra – nos oferwece o melhor de sua narrativa. Demétrio Xavier traz um apanhado desse canto, a partir de três eixos fundamentais da obra de

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Yupanqui: o Caminho, o Silêncio e a Guitarra, através da audição de canções clássicas do autor – conhecidas em interpretações como as de Mercedes Sosa – e de temas pouco difundidos, num repertório composto ao longo de seis décadas, período em que Atahualpa provocou o interesse mundial pela profundidade minimalista de sua criação. Trata-se de um cancioneiro que se apresenta com a simplicidade do folclore, mas alcança uma amplitude universal; ora questionador, ora em forma de sentenças, às vezes beirando matizes místicos e temas cósmicos, mas sem perder a raiz humana, social e popular. Demétrio Xavier é um músico porto-alegrense, especializado na música crioula do Uruguai e da Argentina. Atuando no Rio Grande do Sul e nos dois países platinos, enfatiza sua pesquisa na obra do argentino Atahualpa Yupanqui, tendo traduzido e gravado, em versão bilíngue, seu poema maior, “O pajador perseguido”. Venceu a 36ª Califórnia da Canção Nativa, com uma poesia musicada por Marco Aurélio Vasconcellos, “A sanga do Pedro Lira”. Formado em Ciências Sociais pela UFRGS, Demétrio conduz na FM Cultura de Porto Alegre o programa Cantos do Sul da Terra, dedicado à música e à literatura do sul do continente e indicado em 2012 ao Prêmio Press.

ENCONTRO COM DEMÉTRIO XAVIER Data: 28 de julho – segunda-feira – 19h Local: Sala Fahrion (2º andar da Reitoria da UFRGS)


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N Ú C L E O D A C A N ÇÃO

Mateus Mapa – Suingue, Samba-Rock e Balanço nos Becos, Guetos, Bibocas e Bibliotecas Em Suingue, Samba-rock e Balanço: músicos, desafios e cenários (Editora Medianiz, 2013), o leitor encontrará um precioso estudo da fusão samba, rock, iê-iê-iê e outras experiências regionais do Brasil e do mundo. Suingue (Rio Grande do Sul), samba-rock (São Paulo) e balanço (Rio de Janeiro) são termos usados como sinônimos — nas semelhanças — e como recurso de linguagem para revelar as sutis diferenças dessa experiência musical. Durante seu mestrado (2009-2011) em música na UFRGS, com orientação do professor Reginaldo Gil Braga, Mateus Mapa entrevistou os criadores suingueiros, garimpou LPs, compactos e CDs fora de catálogo, reconstituiu antigos e novos espaços, presenciou e atuou como instrumentista em espetáculos, além de analisar as publicações acadêmicas sobre o tema. Revelando os desafios e a trajetória de incríveis músicos, principalmente de Luis Vagner, Bedeu, Alexandre Rodrigues, Leleco Telles, Nego Luis, Mestre Cy, Leco do Pandeiro, Marco Farias e Paulo Romeu, o livro Suingue, Samba-Rock e Balanço

contribui para a reconstituição da imensa rede de compositores, instrumentistas, intérpretes, arranjadores e produtores da cena musical brasileira das últimas décadas, em especial de compositores ligados à comunidade negra, principalmente no Rio Grande do Sul. Nesta edição do Núcleo da Canção sobre o suingue afro-gaúcho, Mateus se une ao grande ícone desse gênero musical: nada mais nada menos que o próprio guitarreiro Luis Vagner. Entre falas e audições de músicas dos doze álbuns-solo lançados por Luis Vagner, os músicos conduzirão o encontro ao lado de Luciano Zanatta.

ENCONTRO COM MATEUS MAPA E LUIS VAGNER Data: 18 de agosto – segunda-feira – 19h Local: Sala Fahrion (2º andar da Reitoria da UFRGS)

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M Ú SI C A

VA L E D O Z E E T R I N TA Coletivo de Música Popular do IA O Coletivo de Música Popular do Instituto de Artes da UFRGS foi fundado em 2008 como uma forma de escoar a produção de repertório de caráter popular de alunos e professores dos cursos de música da UFRGS que, até esse momento, não possuía um bacharelado específico na área. O Coletivo foi através dos concertos realizados na universidade e fora dela, o arauto de um movimento que desembocou na criação do Bacharelado em Música Popular da UFRGS, em 2012, que hoje conta com quase cem alunos de diversos instrumentos. O grupo atual conta majoritariamente com estudantes e professores do Bacharelado em Música Popular e mantém essa formação desde 2012 realizando concertos em diversos eventos da universidade como aberturas de salões de pesquisa, recepções a alunos internacionais e eventos acadêmicos os mais diversos. Como foco principal, encontra-se o repertório da música popular do Brasil, em especial, o de tradição afro-brasileira, sempre com arranjos originais criados coletivamente pelos participantes. A coordenação do Coletivo está a cargo das professoras Luciana Prass e Caroline Abreu. O Coletivo de Música Popular do IA foi um dos 35 grupos selecionados para realizar concertos durante a 31ª Conferência Mundial de Educação Musical da

Felipe Comte

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International Society of Music Education (ISME) que ocorreu em julho de 2014 em Porto Alegre. O Coletivo é composto por Tamiris Duarte (contrabaixo), Saimon Vargas Saldanha (piano), Vagner Frey Mayer (violão e guitarra), José Milton Vieira (trombone), Carlos Josué (bateria e percussão), Karen Volkmann (voz), Martin Weiler (percussão), Renato Dall Ago (trompete), Gabriel Rigotti Soares (trompete e voz), Ramon Júnior Kercher (saxofone), Profa. Caroline Abreu (voz), Prof. Raimundo Cruz (percussão), Profa. Luciana Prass (violão, cavaquinho e direção musical). No repertório estão artistas como Chico Buarque, Tom Jobim, Hermeto Pascoal, João Bosco & Aldir Blanc, Sivuca e Glorinha Gadelha, Mestre Verdelinho, Karen Volkmann, Clementina de Jesus e canções populares de tradição oral. Luciana Prass Diretora do Departamento de Música do Instituto de Artes

COLETIVO DE MÚSICA POPULAR DO IA Data: 05 de agosto – terça-feira – 12h30min Local: Campus do Vale – UFRGS


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Maciel Goelzer

SO B O SI G N O D E G O N Z A G A

S E MI N Á R IO

“ Sob o signo de gonzaga” A Exposição Percurso do Artista de Luiz Gonzaga terá duas atividades para compor seu programa educativo: uma Conversa com o Artista e um Seminário. Além das visitas guiadas feitas através de agendamento prévio para grupos e turmas escolares.

Inspirado nas palavras de um crítico de arte que ao observar a obra e perceber a visão do mundo de Luiz Gonzaga escreveu: “Luiz Gonzaga intérprete do Brasil”. Inspirado nos temas que inspiram o artista no seu percurso em direção a “fazer uma arte brasileira”, o Seminário abordará a natureza, as relações com a vida, a força dos astros, a diversidade das formas como tema gerador .

Luiz Gonzaga certa ocasião escreveu uma frase muito significativa e que expressa seu pensamento em relação à arte: “ Tenho para mim que a arte não evolui, ela se transforma”.

Muitos escritores, historiadores, sociólogos, antropólogos, artistas interpretaram e interpretam o Brasil. O Brasil edênico, o Brasil pujante, o Brasil da diversidade étnica e sócio-cultural. O Brasil das contradições dos paradoxos. Interpretações eternizadas nos romances, nos relatos de viagem, nas pesquisas, nas descrições, nas aquarelas, nas fotografias e nas esculturas de Luiz Gonzaga.

Neste encontro o artista e professor Luiz Gonzaga receberá, para uma Roda de Conversa, professores, arte-educadores e todos os interessados em conversar sobre sua obra, os momentos de criação e as transformações na arte contemporânea.

Data: 11 de julho – sexta-feira – 14h Local: Sala João Fahrion, 2º andar da Reitoria

Sob o signo desta trajetória, o artista-professor compartilhará sua experiência contribuindo para, juntamente com o grupo, pensar as possibilidades pedagógicas que a Exposição pode oferecer.

Data: XX de agosto – 14h às 17h Local: Sala João Fahrion - 2º andar da Reitoria

Conversa com o artista

CONVERSA COM O ARTISTA

SEMINÀRIO “SOB O SIGNO DE GONZAGA”

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CONFERÊNCIA S UFRGS 2 014 Passado mais que presente Nos meses de julho e agosto, teremos três sessões do Ciclo de Conferências Passado mais que Presente, que comemora os oitenta anos da Universidade reunindo pesquisadores e professores cujas trajetórias de ensino, pesquisa e extensão mantém a atualidade do pensamento e da pratica acadêmica na Universidade e no cotidiano da sociedade. Se não a primeira, a principal carcterística da Universidade é a sua contemporaneidade. Seus atores estão continuamente pensando o seu tempo, perseguindo formas de compreender os tempos em que vivemos como exigência sempre presente. Através das experiências compartilhadas aproximamos as distâncias e unimos o passado com o presente e quiçá prospectamos um futuro. Sinara Robin

O futuro do presente Renato Paulo Saul No inicio dos anos 1980, Theodor Levitt, personagem de destaque na galeria americana da gestão empresarial, caracterizou o processo de globalização como uma poderosa força que dirigia o mundo em direção a uma convergência. Como núcleo da nova dinâmica da economia mundial estava a tecnologia, proporcionando a vulgarização das comunicações, dos transportes e das viagens. Lugares isolados e populações empobrecidas passavam a ser envolvidas pelas seduções da modernidade. A nova realidade comercial proporcionava a superação das preferências nacionais ou regionais. A modernidade deixava de ser um desejo e se transformava numa prática, difundida mesmo entre aqueles que se aferravam com paixão ou fervor religioso a antigas atitudes e heranças. As necessidades e os desejos do mundo estariam sendo irrevogavelmente homogeneizados. Isso tornava a corporação multinacional obsoleta e a corporação global, absoluta.

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O principal instrumento de articulação entre o universo da reorganização dos mercados no movimento de globalização e o debate que se estabelece em torno da recomposição do horizonte intelectual herdado da modernidade parece ser a ruptura com a história e a rejeição do passado. O esvaziamento gradual da perspectiva histórica e a projeção simultânea da tendência de transformação do presente num presente perpétuo articulam-se no esvaziamento das tendências intelectuais que sustentaram os esforços para organização do conhecimento da vida social em momentos anteriores. *Doutor em Estudos Latino Americanos pela Universidade Autônoma do México onde recebeu Menção Honorífica. Renato Saul foi professor titular da UFRGS atuando no Departamento de Sociologia . No seu percurso a ênfase da sua experiência é em Pensamento Social com artigos e livros escritos sob a temática trabalho, ideologia, teoria sociológica e violência social. Na UFRGS recebeu Menção de Reconhecimento pela atuação no Magistério Superior.

O futuro do presente Data: 16 de julho – quarta-feira – 19h Local: Sala II –Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)

Aspectos da evolução institucional do Judiciário e a repercussão no plano da cidadania José Néri da Silveira Na palestra pretende-se examinar a posição do Judiciário, no passado e no presente, segundo os modelos institucionais adotados para os poderes políticos, no Império e na República, com especial registro sobre a vigente ordem constitucional e a orientação no que concerne à efetividade dos direi-


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tos fundamentais previstos na Constituição de 1988. Nessa perspectiva, serão analisados também traços básicos no tempo acerca do controle de constitucionalidade e da função desempenhada pelo Supremo Tribunal Federal, bem como o discutido tema denominado “ativismo judiciário”, em face da presente realidade social e política brasileira. *Em 2004 José Néri da Silveira recebe o título Professor Emérito da UFRGS como reconhecimento de sua trajetória como professor e magistrado comprometido com os destinos da sociedade. Este compromisso o levou a ocupar cargos como Ministro do Tribunal Federal de Recursos ,do Tribunal Superior Eleitoral . José Néri da Silveira recebeu comendas e condecorações por sua atuação profissional.

Aspectos da evolução institucional do Judiciário e a repercussão no plano da cidadania Data: 6 de agosto – quarta-feira – 19h Local: Sala II –Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)

Ernani M. Fiori e a Universidade Balduino Antonio Andreola Afrânio Coutinho, ao prefaciar o livro Educação não é privilégio, de Anísio Teixeira, escreveu que nós, brasileiros, temos a triste fama de condenar ao esquecimento grandes personalidades da nossa história, e conclui: “Anísio Teixeira foi vítima desse espírito”. Denúncia semelhante lemos na orelha do livro O Rebelde Esquecido – Tempo, Vida e Obra de Manoel Bonfim, de R.C. Aguiar. A UFRGS vem desmentindo esta síndrome necrófila, ao resgatar o legado de seus grandes mestres, no livro da ADU-

FRGS sobre os expurgos, no Jornal da Universidade, no livro “Professores Eméritos – Memória e História, e na Agenda dos 80 Anos. Nesse contexto, minha conferência versará sobre a obra de Ernani M. Fiori, filósofo e professor insigne, expurgado da UFRGS em 64 e da UNB em 65. Parceiro de lutas de Paulo Freire, aqui e no exílio, escreveu o prefácio de Pedagogia do Oprimido, intitulado “aprender a dizer a sua palavra”. A conferência salienta as principais contribuições de Fiori para a filosofia e para a educação, com ênfase numa concepção de universidade inserida no processo histórico de transformação e de promoção das classes subalternas. Fiori esteve intensamente comprometido com os movimentos de cultura e educação popular dos anos 60, tendo liderado a organização do Instituto de Cultura Popular do Rio Grande do Sul, obrigado a encerrar suas atividades pelo golpe de 64. Os ditadores pensaram que a repressão mataria os sonhos de libertação dos povos do Continente. Os sonhos não são cinzas. O vento não os leva. Eles são trigo. Os exílios foram semeadura. Resgatemos a história, porque os tempos são de colheita. *Balduino Andreola é Doutor em Ciências da Educação pela Université Catholique de Louvain - Bélgica; e com passagens por importantes instituições de ensino no Brasil e no Esterior, foi Diretor e Professor da Faculdade de Educação da UFRGS. Estudioso das obras de Paulo Freire( e um dos idealizadores das Jornadas Paulo Freire), Ernani M. Fiori, Emmanuel Mounier e Paul Ricoeur.

Ernani M. Fiori e a Universidade Data: 20 de agosto – quarta-feira – 19h Local: Sala Fahrion – 2º andar da Reitoria UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)

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F R O N T E I R A S d o p en s a m ent o Vivemos em meio a constante reinvenção: desde a renovação da matéria do universo, até as novidades tecnológicas que se tornaram rotina em nosso cotidiano. Atento a este cenário, o Fronteiras do Pensamento trouxe para a UFRGS, no primeiro semestre deste ano, o escritor Salman Rushdie e o filósofo Michael Sandel. Em agosto, a busca de novas combinações de ideias continua: o ciclo de conferências traz a Porto Alegre o físico britânico Geoffrey West e o psicólogo canadense Paul Bloom. Salman Rushdie, que realizou a conferência de abertura do Fronteiras, fez um relato analítico de sua década na clandestinidade, quando jurado de morte pelo Irã em função de Os Versos Satânicos. A experiência fez o escritor indo-britânico assumir o pseudônimo de Joseph Anton, que dá título ao seu mais recente livro lançado no Brasil, um relato memorialístico. Símbolo da luta pela liberdade de expressão, Rushdie disse encarar a literatura como uma vocação, e falou sobre o papel do artista para nossa compreensão do mundo e da própria vida privada. Uma das tarefas do escritor sempre foi levar o mundo para dentro do livro que, por vezes, era com-

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preendido como ficção. Vivemos, entretanto, num tempo em que a história não acontece longe de nós: a informação é difundida com uma velocidade que o livro não pode mais alcançar. Por isso as histórias dos escritores devem ser agora protagonistas da reflexão: “será que moldamos o mundo, ou os eventos nos marcam e moldam as coisas sem o nosso controle?”, perguntou Rushdie a concorrida plateia, lotada de ávidos leitores seus que, ao final da conferência, formaram uma longa fila para autógrafos. “Recontar a narrativa que vivemos dentro de nós é uma maneira de dizer o que significa liberdade”, afirmou o escritor, analisando que o mundo de hoje exige que as pessoas se estreitem, mas a literatura prova que somos amplos, e que devemos ser plurais mesmo em uma época tão complexa, sendo a missão da arte abrir o universo, tornando possível ao humano ser e sentir. Fazer reverberar a reflexão e o conhecimento também foi o desafio de Michael Sandel. Considerado um dos mais populares professores do mundo, o filósofo norte-americano propôs discussões sobre dilemas morais e éticos. Seu curso “Justiça”, ministrado na Universidade de Harvard e vertido para a internet


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acumula milhares de acessos globais e aproxima a filosofia política das pessoas através do método socrático. Com debates descontraídos e a participação dos presentes, Sandel recriou a atmosfera de uma de suas famosas aulas no Salão de Atos: contou de sua dificuldade, nos primeiros anos de faculdade, para entender e conectar sua própria vida com os livros dos grandes pensadores. Utilizando como pano de fundo os dilemas sociais gerados pela Copa do Mundo no Brasil, questionou sobre política, corrupção e desigualdade social. Sem chegar a respostas definitivas ou estabelecer o que é certo ou errado, o objetivo de Sandel é provocar a manifestação dos ouvintes e ganhar sua atenção para um importante desafio ético: o valor crescente do dinheiro em nossas vidas. Há cada vez menos coisas que o dinheiro não compra, conferindo ao mercado o controle das relações humanas, da educação, da saúde, da vida cívica, do direito e da política. Quando a oferta é menor do que a demanda, o mercado cria posições intermediárias, como os cambistas, por exemplo. “É moralmente justo que essas pessoas vendam ingressos com valores mais altos do que comprados originalmente? E se não for um jogo de futebol ou show de rock, mas um espaço na fila de atendimento de um hospital público lotado?”, indagou Sandel. “O estádio deixou de ser um lugar para misturar as classes. As pessoas ricas, hoje

em dia, ficam nos camarotes, ocorre uma camarotização da vida pública. Para todos os obstáculos que nós enfrentamos, entretanto, o que me traz esperança é que as pessoas estão ávidas por mudanças”, finalizando sua fala no Fronteiras. Confira a programação completa do Fronteiras do Pensamento além de vídeos inéditos no portal www. fronteiras.com.

geoffrey west Data: 04 de agosto – segunda-feira – 19h30min Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Informações: 51 30192326

PAUL BLOOM Data: 25 de agosto – segunda-feira – 19h30min Local: Sala II –Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110) Informações: 51 30192326

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A E c o n o m i a C r i at i va e s eu lugar na U F R G S “As pessoas têm valores diferentes, necessidades diferentes, interesses diferentes, organização familiar diferente, backgroud diferente, formação profissional diferente, enfim, uma história de vida diferente que condiciona suas motivações” . Sigmund Freud Ao compormos a Rede de Observatórios de Economia Criativa, vinculados ao Ministério da Cultura, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul se abre para uma nova experiência: a de agregar projetos de arte e cultura que tenham em sua essência espaço para a “convivência criativa”, dialogando, informando e polemizando o cruzamento de ideias. Pretende-se através destes movimentos aprofundar e ampliar a massa crítica, para que possamos manejar indicadores firmes e concretos, que nos permitam refletir plenamente sobre os “consumos culturais”. O OBEC pretende também atuar como uma fronteira aberta e permeável entre a universidade e a comunidade, dialogando com a cidade e criando pontos de contato entre arte e ciência, disseminando a criatividade como estratégia de desenvolvimento. Ao marcar as ações de implantação do Observatório, estruturamos um curso e um encontro nos quais a experiência seja o elemento de união. Estas ações estão sendo articuladas pelo Departamento de Difusão Cultural, Faculdade de Ciências Econômicas e Grupo de Pesquisa Economia Criativa, Cultura e Desenvolvimento (CNPQ).

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R E F L E X ÃO No dia 11 de agosto, iniciamos o Conexões Criativas com a conferência de dois grandes pensadores da arte e da economia criativa: Teixeira Coelho (Curador Coordenador do MASP e consultor do Observatório de Politica Cultural do Instituto Itaú Cultural, São Paulo) e Arjo Klamer (professor de economia, arte e cultura na Universidade de Rotterdam, e presidente Associação Internacional de Economia da Cultura). Posteriormente, nos dias 12, 13, 14 de agosto, apresentaremos para o público as iniciativas criativas de nossa cidade, trazendo profissionais da área da moda, fotografia, artes visuais e, também, de grupos que ocupam o espaço público de forma inventiva. Convidamos a todos que apreciam, praticam e compartilham o interesse em desenvolver as ideias criativas para participar do evento, gerando novos insights para o crescimento dos espaços criativos.

C ur s o - E c o n o m i a da C ultura , G e s tã o e D e s env o lv i m ent o Entre os dias 12 e 15 de agosto, ocorre o curso ministrado pelos professores Arjo Klamer, Lendro Valiati e Aldo Do Carmo, oferecendo um quadro geral das perspectivas analíticas da economia em relação ao setor cultural, invocando novos caminhos para a compreensão das relações entre esses dois campos, considerando a posição dos bens culturais em uma análise da economia em geral sob ótica do desenvolvimento. Assim, o curso tem como proposta desenvolver nos alunos as competências específicas nos campos da Economia Criativa. O curso será desenvolvido em cinco dias, com aulas expositivas e discussões em grupo acerca da temática preparada especialmente para os encontros. Ao final será desenvolvido um trabalho a fim de coletar insights teóricos-práticos construídos e compartilhados pelos alunos durante as aulas. Ministrantes: professores Arjo Klamer e Aldo do Carmo da Erasmus University Rotterdam, Leandro Valiati da UFRGS. Data: 11 de agosto – sefunda-feira até 15 de agosto – sexta-feira Local: Auditório da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS (Av. João Pessoa, 52 UFRGS - Campus Centro) Valor: Estudantes UFRGS – R$ 50,00 Estudantes em geral – R$ 100,00 Profissionais – R$ 200,00 Inscrições pelo site www.ufrgs.br/obec Vagas limitadas.

Encontro Conexões Criativas O Conexões Criativas é composto pela Conferência dos professores Teixeira Coelho e Arjo Klamer e pela apresentação das iniciativas criativas de Porto Alegre. Data: 11 de agosto – segunda-feira até 14 de agosto – quinta-feira Local: Sala Fahrion (Av. Paulo Gama, 110, Prédio da Reitória UFRGS – 2 Andar - Campus Centro) Inscrições pelo site www.ufrgs.br/obec

Observatório

de economia

CRIATIVA UFRGS

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P R O J E T OS E SP E C I A IS

Fe s t i val de Invern o Maré de A rte

Identidade Maré de Arte

O Festival Maré de Arte, que acontecerá entre os dias 23 e 28 de agosto é organizado pela Pró-Reitoria de Extensão com a parceria da Prefeitura Municipal de Tramandaí. O evento é um programa da Extensão Universitária que realiza o encontro para viver a diversidade cultural do Litoral Norte do Estado através das experiências artísticas e culturais produzidas na universidade e nas comunidades, resultando em troca de saberes. É com esse propósito de resgatar a cultura através das experiências artísticas que programamos para abertura do Festival a apresentação dos músicos Kleiton & Kledir. A dupla é reconhecida como símbolo do gaúcho contemporâneo e já recebeu do Governo do Estado do Rio Grande do Sul o título de “Embaixadores culturais do RS”. O show de abertura acontece no dia 23 de agosto, às 20 horas no Pavilhão de Eventos de Tramandaí. O encerramento fica por conta da banda Papas da Língua no dia 28 de agosto, às 20 horas, no Pavilhão de Eventos. A banda coleciona alguns prêmios e troféus desde 1993. O prêmio máximo da música do Rio Grande do Sul, o Troféu Açorianos, os Papas receberam nas categorias: melhor banda, melhor disco pop, melhor baixista, melhor cantor. Também receberam, em 2002, o Prêmio Lupicínio Rodrigues, concedido pela Câmara Municipal de Porto Alegre pelo conjunto da obra. Nesta edição teremos também oficinas e apresentações divididas nas temáticas diárias de dança, grafite, fotografia, artes integradas e música. Acompanhe o restante da programação do festival pelo site http://www.ufrgs.br/maredearte.

FESTIVAL DE INVERNO MARÉ DE ARTE KLEITON E KLEDIR

FESTIVAL DE INVERNO MARÉ DE ARTE papas dA língua

Data: 23 de agosto – sábado – 20h Local: Pavilhão de Eventos de Tramandaí – Tramandaí/RS

Data: 28 de agosto – quinta-feira – 20h Local: Pavilhão de Eventos de Tramandaí – Tramandaí/RS

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P R O J E T OS E SP E C I A IS

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Alguns Outsiders

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CINEMA

Fran ç o i s T ru f faut: o s f i l m e s de m i n h a v i da A geração do cinema falado: os americanos A geração do cinema falado: os franceses Alguns Outsiders Em julho e agosto a programação da Sala Redenção contempla três capítulos de Os filmes de minha vida*, de François Truffaut. No início de julho exibiremos filmes de Douglas Sirk, Charles Vidor e Billy Wilder e, assim, finalizamos o capítulo dos filmes americanos. A segunda parte será dedicada aos franceses e a terceira introduzirá dois diretores do capítulo intitulado por Truffaut de Alguns Outsiders. Exibiremos, deste capítulo, filmes de Ingmar Bergman e Luis Buñuel. “A imprensa sentimental aperta os corações como uma esponja” (p. 185). Truffaut parte de tal observação para expressar seu lamento por constatar que no cinema não se encontra com mais frequência certo estilo e tom que é característico da imprensa sentimental. Para ele, um bom melodrama, filmado por um diretor sem medo dos paroxismos, estaria mais próximo de Balzac do que uma adaptação de um livro de Dostoievsky. Para o crítico, Palavras ao vento (1956) representa o que há de melhor nessa direção, pois “tanto plástica quanto intelectualmente, é o equivalente exato de uma boa ‘fotonovela’ colorida” (p. 185). Ele lembra que Douglas Sirk não é um estreante já que se dedicou à direção teatral em Berlim e realizou filmes na Alemanha, na Espanha e na Austrália antes de chegar a Hollywood. Mesmo que nenhum filme do diretor tenha atingido o virtuosismo deste de 1956, todos têm as mesmas qualidades de limpeza e fantasia, e destaca que plasticamente Palavras ao vento merece nossa atenção. Declara ainda que “é uma besteira” a afirmação de alguns “velhos críticos” que somente haverá belos filmes coloridos quando os pintores participarem deles. Para Truffaut, a qualidade da cor no cinema não tem relação com o gosto e com o bom gosto dos pintores. “Não há realismo no cinema americano. Nada de realismo, mas aquilo que mais vale: uma grande verdade” (p. 190). Truffaut cita esta frase de Jean Renoir para comentar o filme Ama-me ou esqueça-me (1955) de Charles Vidor. Para o crítico, esse filme psicológico e musical, ou comédia dramática cantada, o faz pensar na exatidão da colocação de Renoir. Para Truffaut, “é nos rolos americanos mais convencionais, com efeito, que muitas vezes [...] parece-me que a carga de verdade é tão forte quanto são fictícios e artificiais o cenário, a ambiência ou o gênero” (p. 190). Sobre O pecado mora ao lado (1955), de Billy Wilder, Truffaut comenta que o centro de interesse da narrativa se desloca em favor da heroína, já que quando ela está na tela não se pode olhar para outra coisa que não o seu corpo, dos pés à cabeça. Segundo ele, o filme nos arrasta “para além do escabroso e da licenciosidade, para algum lugar onde, ultrapassadas as fronteiras da infâmia, tudo é desolação dissipada, bom humor e gentileza” (p.193). Outra questão importante é que o filme nos apresenta pela primeira vez “uma crítica cinematográfica filmada”. Truffaut afirma que talvez pela primeira vez temos “citações que se querem como tais, com enquadramento, ângulo e disposição dos personagens de acordo com o modelo: Kazan, Zinneman, Borzage e outros são citados, cada um por vez e mais ou menos severamente; no entanto, o filme ao qual Billy Wilder refere-se com mais constância, ao ponto de cada plano transformar-se numa bofetada, vingadora, é Desencanto (1946), de David Lean” (p. 195). E, por fim, ele revela o nome da intérprete feminina do filme: Marylin Monroe, “uma personagem que possui a graça, algumas coisas entre Charles Chaplin e James Dean” (p. 195). Truffaut abre o capítulo sobre a geração francesa do cinema falado com uma crítica de 1956 e outra de 1958, comentando dois filmes de Claude Autant-Lara. Talvez seja uma espécie de mea-culpa, já que Autant-Lara foi um dos diretores mais criticados por ele no momento em que denunciava le cinéma de qualité francês. Não é por acaso que ele inicia sua crítica sobre A travessia de Paris (1956) – adaptação da novela de Marcel Aymé – com a seguinte afirmação: “ataquei regularmente Claude Autant-Lara, deplorando sua tendência a tudo tornar insípido e a tudo simplificar, a grosseria impertinente com que ‘condensava’ Stendhal, Radiguet ou Colette deslocando, sempre diminuindo o espírito da obra adaptada”. Ou, ainda, “a meu ver, Claude Autant-Lara parece-se um pouco com um açougueiro que teimasse em fazer renda” (p. 199). Ele inicia com tais colocações para depois declarar sua admiração pelo diretor, ao afirmar que, em A travessia de Paris, ele finalmente encontrou “o tema de sua vida, um roteiro à sua imagem e semelhança que o exagero, a rabugice,

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a vulgaridade e o excesso” tornaram o filme em um épico. E ainda vai mais longe ao comentar que “[...] tudo isso organizado por Jean Aurenche e Bost, graças a quem A travessia de Paris não saberia ser diminuída por qualquer rótulo político, social ou confessional”. (p. 201). Sobre Amar é minha profissão (1958), ele declara que a adaptação de um dos melhores romances de Simenon é um dos melhores filmes de Claude Autant-Lara. E, completa, referindo-se às críticas feitas no passado ao diretor e aos dois roteiristas: “se botei água no meu vinho, há de se convir que Aurenche e Bost – e Autant-Lara – botaram vinho em sua água e que ficaram muito fortes: se seus nomes permanecerem na história do cinema, isso se deverá menos a terem feito o cinema evoluir do que terem feito o público evoluir [...]” (p.202). Ao comentar Grisbi, ouro maldito (1954), de Jacques Becker, mais uma vez o crítico irá construir um diálogo com outros diretores importantes de sua formação. Escreve ele: “O fato de Renoir, Bresson, Cocteau e Becker participarem da elaboração do roteiro e assinarem os diálogos proporcionam-lhes não somente uma maior desenvoltura durante a filmagem como, mais radicalmente, possibilita-lhes recusar cenas e réplicas que são típicas cenas e réplicas de roteirista em favor de cenas e réplicas que um roteirista seria incapaz de conceber. (p. 208). Segundo Truffaut, Becker não pretende mistificar nem desmitificar ninguém e seus filmes não são nem “impressão de realidade” nem “denúncia e crítica”, mas trabalha à margem de modismos, podendo ser situado nos antípodas de todas as tendências do cinema francês. Escreve ainda, nesta crítica de 1956: “para nós, que temos vinte anos ou mais, o exemplo de Becker é uma lição e ao mesmo tempo um encorajamento; de genial conhecemos apenas Renoir; descobrimos o cinema quando Becker estreava; assistimos a seus tateios, a seus ensaios: vimos uma obra se fazer. E o sucesso de Jacques Becker é o de um jovem que não concebia outro caminho além daquele que ele mesmo escolhera, e cujo o amor pelo cinema foi retribuído”. (p. 210). Na programação, exibiremos Um condenado a morte que escapou (1956) de Jacques Bresson e Brinquedo Proibido (1952) de René Clément. O crítico francês lembra de uma declaração de Bresson, quando este disse que “o cinema é movimento interior”. Para Truffaut, tal afirmação pode ter sido uma pista falsa para os críticos, que a interpretaram como uma profissão de fé. “Nos filmes de Bresson a interpretação de atores situa-se muito além do ‘exato’ e do ‘falso’. Ela sugere essencialmente uma atitude atemporal, uma postura, “uma dificuldade de ser”, uma qualidade de sofrimento” (p. 224) – o que o leva a pensar que o diretor seja “um alquimista às avessas”, pois “parte do movimento para chegar à imobilidade, sua peneira filtra o ouro para recolher a areia” (p. 224). Já sobre Clément, escreve que o talento do diretor é o de um simulador, afirmando que Brinquedo proibido (1952) imita a crueldade da infância, o que o leva a afirmar, de forma irônica, que “de modo geral, o estilo de Clément consiste sempre em imitar o talento”. (p. 234). De Henri-Georges Clouzot, exibiremos O mistério de Picasso (1955) que, para o crítico francês, em um texto de 1956, é único em concepção e realização, já que Clouzot coloca a ciência cinematográfica e técnica burilada e autoconfiante, típicas de suas outras realizações, a serviço de um dos maiores pintores da atualidade. “Tudo acontece como se o artista estivesse trabalhando dentro do cinema, por trás da tela, no momento mesmo em que o filme está sendo projetado”. Ou, ainda, “A sensação de assistirmos, não ao espetáculo proporcionado por um filme pré-existente, mas a um ato criador ‘sendo realizado’, é aumentada pelo fato de o próprio Clouzot desconhecer aquilo que iria traçar e em que lado da tela pousaria o pincel.” (p. 237). E finaliza: “estamos diante de um desenho animado muito mais bonito que o normal, incomum e poético, mas, ao mesmo tempo irreal e completamente diferente daquilo que esperávamos, que nos fora anunciado e que sabíamos do grande pintor: o mistério de Picasso continua. (p. 238). “Será que a importância de Jean Cocteau como cineasta ainda precisa ser provada?”. Truffaut parte desta pergunta-provocação para afirmar que Cocteau é um cineasta especial, pois fundado na generosidade, “um artista até o último fio de cabelo, até as mangas arregaçadas”. Ao mesmo tempo ele se pergunta se o cinismo

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do diretor se fazia presente no extraordinário desprezo que Cocteau nutria pela pelo público e pela crítica. Para Truffaut, no caso específico de O testamento de Orfeu (1959) – elogiado de forma pouco sincera pela crítica – a recusa do espectador em “abrir o testamento de Orfeu”, como ele bem escreve, foi uma espécie de vingança coletiva e inconsciente contra um homem que, de encontro aos industriais do espetáculo, achava que o público nunca tinha razão. Afirma, no entanto: “dessa vez o público não tinha razão, pois Le testament d’Orphée, é um filme digno de admiração, em outras palavras, admirável” (p. 241). O filme para o crítico é uma espécie de refilmagem de O sangue de um poeta (1930) trinta anos depois, “o mesmo ensaio sobre a criação poética revisto e corrigido” (p. 241). Para completar a programação dedicada aos franceses, três diretores estão presentes: Albert Lamorrise, Max Ophüls e Jacques Tati. Truffaut, mesmo sabendo o quanto é difícil “nadar contra a corrente”, “quando uma obra é admirada por todos os públicos”, demonstra seu descontentamento com O balão vermelho (1956), de Albert Lamorisse. Para ele, tal filme não tem nem poesia, nem fantasia, nem sensibilidade, nem verdade; “refiro-me à poesia, fantasia, sensibilidade e verdades reais”. (p. 254). Para ele, o filme de Lamorrise não possui a verdade de sentimentos que fazem de Os contos de Perrault ou A bela e a fera obras ao mesmo tempo poéticas e morais, realistas e humanas. Segundo Truffaut, em um conto tudo se resolve humanamente, isto é, as coisas entram na ordem terrestre em virtude das leis dramáticas experimentadas. Para ele, no caso de Lamorrise, “tudo se passa inversamente”. Ao mesmo tempo, afirma, “seria uma injustiça deixar de observar que O balão vermelho é um dos mais belos filmes coloridos que existem, graças ao extraordinário trabalho de Edmond Sechan [..]” (p.257). Truffaut escreve que o ano cinematográfico de 1956 é o mais estimulante desde 1946, pois começa com o lançamento de A estrada da vida (1954), de Fellini e encerra “apoteoticamente” graças à Lola Montès de Max OPhüls. O filme de Ophüls, para ele, é o que deveria ser defendido em 1956: “um cinema de autores que, ao mesmo tempo, é um prazer para os olhos, um cinema de ideias, onde as invenções jorram a cada imagem, um cinema que não usurpa o pré-guerra, um filme que arromba as portas há muito condenadas” (p. 258). Uma das questões que o crítico destaca sobre o filme de Max Opüls é que a construção da narrativa desorganiza a cronologia e faz pensar em Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, mas que se beneficia da contribuição do cinemascope, “processo que pela primeira vez nos dá a impressão de estar sendo utilizado no máximo de suas possibilidades (p. 258). Para o crítico, ao invés de o diretor submeter ingenuamente os atores ao enquadramento inumano da tela, ele, “doma a imagem, divide-a, multiplica-a, contrai-a ou dilata-a conforme as necessidades de sua fragorosa direção”. Para ele, a estrutura da obra é nova e audaciosa, e arrisca confundir o espectador distraído ou aquele que chega no meio do filme. “Max Ophüls sem sombra de dúvidas é o cineasta do século XIX. Nunca se tem a impressão de estar assistindo a um filme histórico mas a de ser um espectador de 1850, como acontece na leitura de Balzac”. (p. 262), observa ele. Para Truffaut, alguns realizadores não admitem a intromissão do acaso em seu trabalho, querem controlar, dominar sua obra totalmente, refazem planos que não deram certos, cenas mal dirigidas, repassam o trabalho na moviola quantas vezes acharem necessário. Para estes realizadores, a única solução é “ganhar tempo, todo o tempo disponível, todo o tempo que precisar’”. Segundo o crítico, a forma com que eles fazem isso é desvalorizando o tempo do cinema, tornando-o vinte ou trinta vezes mais barato por meio da eliminação de estrelas e estúdios. “Apenas dois realizadores praticam essa política de controle absoluto, Robert Bresson e Jacques Tati”. O humor de Tati é extremamente restritivo por ele se limitar “voluntariamente” à comicidade de observação, excluindo todos os achados que revelariam apenas o burlesco. Segundo ele, tal diretor censura, mesmo no interior da comicidade, a inverossimilhança; ele se proíbe a observação baseada no caráter dos personagens, isto é, a observação humana, já que recusa a decupagem clássica, a construção dramática das cenas e a psicologia dos personagens. “Sua comicidade baseia-se apenas nos fatos do dia-a-dia, ligeiramente desviados, mas colocados em situações verossímeis” (p. 272), resume o crítico. Ao mesmo tempo, tal postura estética o leva a uma visão do mundo totalmente deformada, quase obsessiva. Quanto mais procura aproximar-se da vida, mais se distancia dela, pois, observa Truffaut, “a vida não é lógica”. O diretor, então, cria um universo delirante, de pesadelo, concentracionário, que paralisa o riso mais facilmente do que o gera. “Tati, como Bresson, inventa o cinema enquanto filma, recusando a estrutura de todos os outros” (p. 274), resume o crítico. Truffaut dedica um capítulo a alguns realizadores que considera outsiders. Na programação de agosto exibiremos filmes de Ingmar Bergman e de Luis Buñuel. Aos dois diretores, o crítico abre um grande espaço em suas críticas. Para o crítico – e muitas vezes, quando ele comenta sobre o diretor sueco parece estar falando

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de si próprio – a obra de Bergman é a obra de um cinéfilo que aos dez anos dedicava suas horas de lazer ao cinema. Comenta inclusive que o diretor tinha uma cinemateca particular com filmes em 16mm que, muitas vezes, projetava para seus intérpretes e colaboradores. Segundo Truffaut, o diretor sueco assistiu a muitos filmes americanos, e parece ter sido muito influenciado por Hitchcock, Cocteau, Anouilh e pelo teatro clássico. Como a de Ophüls e a de Renoir, a obra de Bergman é dedicada à mulher. Comenta ainda que este se parece mais ainda com Ophüls, pois geralmente prefere adotar o ponto de vista dos personagens femininos, ao invés de optar pelo dos masculinos. “[...] Digamos que Renoir nos convida a ver suas heroínas através dos olhos de seus parceiros, ao passo que Ophüls e Bergman tendem a nos mostrar os homens tal como são refletidos nas pupilas femininas” (p. 280). Ou, ainda, “Bergman é um homem teimoso e pouco sociável, divide sua vida entre o teatro e o cinema, percebe-se que só está feliz quando está trabalhando cercado de atrizes e não será amanhã que veremos um filme de Bergman sem mulheres. Eu o suponho mais feminino do que feminista, pois seus filmes não veem as mulheres de um ponto de vista masculino, elas são estudadas de maneira cúmplice, são matizadas ao infinito enquanto os personagens masculinos são estilizados” (p. 284). Para Truffaut, o ponto forte do diretor sueco é indiscutivelmente a direção de atores. “Como em quase todos os filmes de Renoir, temos a sensação de assistir à filmagem, de ver o filme sendo feito e até mesmo de estar colaborando com o cineasta” (p. 281), comenta ele. Segundo o crítico, a grande lição dada por Bergman resume-se em três itens: liberação do diálogo, limpeza radical da imagem e prioridade absoluta ao rosto humano. “O rosto humano! Ninguém está mais próximo dele do que Bergman. Em seus últimos filmes há apenas bocas que falam, ouvidos que escutam, olhos que expressam curiosidade, apetite ou pânico (p. 285). Em uma crítica sobre Buñuel, escrita em 1971, Truffaut se pergunta se Ingmar Bergman realmente considera a vida tão desesperada como nos mostra em seus filmes. Ao que escreve: “É obvio que Bergman não nos ajuda a viver, Renoir sim, mas, com ou sem razão, acho que um artista otimista – contanto que não se trate de um otimista carola e sim de uma espécie de pessimismo transcendido – é maior, ou mais útil a seus contemporâneos que o niilista, o desesperado” (p. 287). Ao que completa: “Talvez o lugar de Buñuel seja sempre entre Renoir e Bergman. Penso que Buñuel acha as pessoas imbecis, mas a vida divertida; ele nos diz com grande doçura e indiretamente, mas diz e, seja como for, isso transparece em todos os seus filmes (p. 286). Para o crítico, antes de 1968, o conteúdo dos filmes de Buñuel convinha àqueles que exigem um cinema engajado. Observa, no entanto, que André Bazin tem razão quando escreve que o diretor “passou da revolução para o moralismo”. Truffaut afirma: “Alegre pessimista, Buñuel não é um desesperado e sim um grande cético” (p. 288) Observa, ainda, que o diretor nunca fez um filme pró,mas sempre contra e que seus personagens nunca são mostrados como positivos. Para o crítico, o ceticismo de Buñuel dirige-se a todos aqueles que são possuídos por alguma convicção. “À semelhança dos escritores do século XVII, Buñuel nos dá uma lição de dúvida e acho que Jacques Rivette tem razão ao compará-lo com Diderot” (p. 288). Escreve, citando uma fala da atriz Catherine Deneuve, que mesmo quando Buñuel filma uma história dura, a sua ótica é sempre a do humor negro. Outra questão importante ressaltada por Truffaut é que, ao contrário do que muitos admiradores do diretor espanhol pensam, seu trabalho de elaboração de roteiros e preparação de filmagens é extremamente rigoroso, pensado e questionado incessantemente. “Buñuel sabe que, antes de tudo é preciso ‘se fazer interessante’ e que há várias maneiras de se fazer as coisas, e, uma delas deve ser a melhor” (p. 290). Para Truffaut, muitos críticos falam de Buñuel como um grande poeta onírico, mas para ele, na realidade, o diretor é um grande roteirista e um “ás de construção dramática”. “Muitos roteiros do cinema mundial são redigidos em função do efeito literário que irão produzir nas produtoras; são romances em imagens, agradáveis de ler e que eventualmente cumprirão suas promessas, caso o diretor ou os atores sejam tão talentosos quanto o escritor” (p. 295). Ao que Truffaut finaliza: [...] a lógica do cinema tem regras próprias que ainda não foram bem exploradas nem enunciadas e é através de trabalhos como os de Buñuel ou outros grandes diretores-roteiristas que um dia conseguiremos percebê-las.

*TRUFFAUT, François. Os filmes de minha vida. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 1979.

Tânia Cardoso de Cardoso Curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário

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JULHO A geração do cinema falado: os americanos

Sangue rebelde

Palavras ao vento 01 de julho – 3ª feira – 16h 03 de julho – 5ª feira – 19h (Written on the Wind, EUA, 1956, 99 min) Dir. Douglas Sirk Kyle Hadley (Robert Stack), playboy alcoólatra herdeiro de uma grande companhia petrolífera, tem uma difícil relação com o pai, Jasper Hadley (Robert Keith). Seu melhor amigo é Mitch Wayne (Rock Hudson), funcionário de confiança de Jasper. Kyle e Mitch se apaixonam por Lucy Moore (Lauren Bacall).

02 de julho – 4ª feira – 19h 03 de julho – 5ª feira – 16h (Captain Lightfoot, EUA, 1955, 92 min) Dir. Douglas Sirk Em 1815, Michael Martin (Rock Hudson) torna-se assaltante para apoiar uma sociedade irlandesa revolucionária, o que lhe obriga a fugir como fora da lei. Em Dublin, ele encontra o famoso rebelde John Doherty (Jeff Morrow), e se torna seu segundo em comando

O pecado mora ao lado 04 de julho – 6ª feira – 19h 07 de julho – 2ª feira – 16h (The seven year itch, EUA, 1955, 104 min) Dir. Billy Wilder Richard Sherman (Tom Ewell) é um editor de livros que se sente “solteiro” quando a mulher (Evelyn Keyes) e o filho (Burch Bernard) viajam em férias. Ele começa então a ficar cheio de idéias quando uma bela e sensual jovem (Marilyn Monroe), que é modelo e sonha ser atriz, torna-se a sua vizinha.

A geração do cinema falado: os franceses

Ama-me ou esquece-me

O que matou por amor 01 de julho – 3ª feira – 19h 02 de julho – 4ª feira – 16h (Summer Storm, EUA, 1944, 105 min) Dir. Douglas Sirk Edward Everett Horton está intrigante num papel bem diferente dos personagens cômicos com os quais estamos habituados. Linda Darnell, como a bela, envolvente e diabólica Olga, seduzirá Fedor Mikhailovich Petroff (Sanders) dos braços de sua noiva, e seus planos poderão ter um trágico e imprevisto desfecho.

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04 de julho – 6ª feira – 16h 24 de julho – 5ª feira – 16h (Love me or leave me, EUA, 1955, 122 min) Dir. Charles Vidor Biografia da cantora dos anos 20, Ruth Etting (Doris Day). Ruth tem sua carreira dirigida totalmente pelo gangster Gimp (James Cagney).

A travessia de Paris 07 de julho – 2ª feira – 19h 08 de julho – 3ª feira – 16h (La traversée de Paris, França, 1956, 80 min) Dir. Claude Autant-Lara Durante a Segunda Guerra Mundial, dois homens, um pintor e um motorista de táxi, precisam atravessar Paris, que está tomada pelos nazistas, para entregar carne no mercado negro.


CINEMA

Échappé, França, 1956, 99 min) Dir. Robert Bresson Baseado na história do ativista da resistência francesa Andre Devigni, que acabou preso durante a ocupação alemã na França e condenado à morte.

Amar é a minha profissão

A um passo da liberdade

08 de julho – 3ª feira – 19h 09 de julho – 4ª feira – 16h 31 de julho – 5ª feira – 16h (En Cas de Malheur, Itália/França, 1958, 117 min) Dir. Claude Autant-Lara A belíssima prostituta Yvette (Brigitte Bardot) torna-se amante do influente defensor público Andre (Jean Gabin). Apesar de ter dinheiro o suficiente para cobri-la de jóias e peles raras, Andre sabe que não consegue comprar o coração da moça..

10 de julho – 5ª feira – 19h 11 de julho – 6ª feira – 16h (Le Trou, França, 1960, 132 min) Dir. Jacques Becker Um homem divide a cela com mais de quatro numa prisão em Paris e aceita elaborar um meticuloso plano de fuga com os companheiros.

As damas do bois de Boulogne

Grisbi, ouro maldito 09 de julho – 4ª feira – 19h 10 de julho – 5ª feira – 16h 31 de julho – 5ª feira – 19h (Touchez pas au grisbi, França, 1954, 94 min) Dir. Jacques Becker O veterano gangster Max e seu parceiro Riton fugiram com 50 milhões de francos em barras de ouro, e acham que agora podem se aposentar. Mas a namorada de Riton, farta dele, o está traindo com um outro protetor, Angelo, que é o chefe de uma gangue rival.

11 de julho – 6ª feira – 19h 14 de julho – 2ª feira – 16h (Les Dames du Bois de Boulogne, França, 1945, 84 min) Dir. Robert Bresson Baseado no romance de Denis Diderot e escrito por Jean Cocteau, Hélene é uma socialite que se vê abandonada pelo amante Jean, de quem pretende se vingar.

Brinquedo proibido 15 de julho – 3ª feira – 19h 16 de julho – 4ª feira – 16h (Jeux Interdits, França, 1952, 82 min) Dir. René Clement Paulette (Brigitte Fossey) é uma menina de cinco anos de idade que perde os pais e o cachorro em um ataque aéreo quando eles fugiam de uma Paris ocupada pelos nazistas. Ao se perder do grupo de refugiados, Paulette é recolhida por Michel Dollé (Georges Poujouly), um menino de onze anos.

Testamento de Orfeu

Um condenado a morte que escapou 14 de julho – 2ª feira – 19h 15 de julho – 3ª feira – 16h (Un Condamné à Mort s’est

17 de julho – 5ª feira – 16h (Le Testament De D´orfée, França, 1959, 111 min) Dir. Jean Cocteau Em seu último filme, o legendário escritor, artista e cineasta Jean Cocteau retrata um poeta do século dezoito que viaja através do tempo em busca da sabedoria divina.

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O mistério de Picasso 17 de julho – 5ª feira – 19h 18 de julho – 6ª feira – 16h (Le mystère Picasso, França, 1955, 78 min) Dir. Henri-Georges Clouzot Em 1955 um famoso diretor convenceu um genial pintor a deixar-se observar no exercício de sua arte. Utilizando materiais especiais que proporcionam uma visão desobstruída, Pablo Picasso pinta sob as lentes atentas de Henry-Georges Cluzot. .

Lola Montès 21 de julho – 2ª feira – 19h 22 de julho – 3ª feira – 16h (Lola Montès, França/Alemanha/ Luxemburgo, 1955, 115 min) Dir. Max Ophuls Acompanhe a história de Lola Montès, uma dançarina e cortesã do século XIX que ficou célebre por romances escandalosos com o compositor Franz Liszt e com o Rei Ludwig I da Baviera.

O prazer

O balão vermelho 18 de julho – 6ª feira – 19h 21 de julho – 2ª feira – 16h (Le ballon rouge, França, 1956, 116 min) Dir. Albert Lamorisse Um garoto encontra um balão vermelho preso a um poste de iluminação, numa rua de Paris. Ao ser libertado, o balão passa a seguir o menino por todos os lugares.

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22 de julho – 3ª feira – 19h 23 de julho – 4ª feira – 16h (Le plaisir, França, 1952, 101 min) Dir. Max Ophuls Três histórias sobre o prazer e o seu carácter efêmero adaptadas da Obra de Guy de Maupassant.

Desejos proibidos 25 de julho – 6ª feira – 19h 28 de julho – 2ª feira – 16h (Madame de..., França, 1953, 97 min) Dir. Max Ophuls Na França do final do século XIX, a condessa Louise, esposa de um rico general, vende os brincos que seu marido lhe presenteara no dia do casamento, para pagar dívidas de jogo.

Meu tio 28 de julho – 2ª feira – 19h 29 de julho – 3ª feira – 16h (Mon oncle, França, 1956, 116 min) Dir. Jacques Tati O sr. Hulot (Jacques Tati) vive em um bairro pobre e antigo de Paris, enquanto sua irmã e seu cunhado vivem em uma casa supermoderna onde tudo é automático.

Carta de uma desconhecida 24 de julho – 5ª feira – 19h 25 de julho – 6ª feira – 16h (Letter from a unknown woman, EUA, 1948, 86 min) Dir. Max Ophuls Viena, início do século XX. O famoso pianista Stephan Brand se hospeda num hotel, onde recebe uma carta de uma mulher desconhecida.

As férias do Sr. Hulot 29 de julho – 3ª feira – 19h 30 de julho – 4ª feira – 16h (Les vacances de Mr. Hulot, França, 1953, 88 min) Dir. Jacques Tati Sr. Hulot sai de férias para um hotel na praia, mas sua chegada transtorna a vida dos veranistas.


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PA R C E I R OS D A S A L A R E D E N ÇÃO

História da Arte e Cinema: Heterotopias

CineDHebate em Direitos Humanos

O ciclo é composto de filmes que permitem explorar temas da história da arte a partir da tela do cinema. A escolha dos filmes é orientada pelo propósito de discutir, após sua exibição, e a cada sessão, temas da história das artes visuais a partir da maneira como o cinema se associa a eles, explorando pontos de vista e variações interpretativas, modos de ser e de fazer compreensões sobre a arte. Coordenação de Luís Edegar Costa.

O objetivo maior do CineDHebate é propiciar uma reflexão crítica e fomentar debates abertos à comunidade universitária e à comunidade em geral sobre múltiplos temas em direitos humanos, em um diálogo com a linguagem e a mídia cinematográfica. A aproximação entre cinema e direitos humanos é uma importante forma de educação e promoção de uma cultura de direitos humanos. Coordenação de Giancarla Brunetto e curadoria de Nykolas Friedrich Von Peters Correia.

A Inglesa e o Duque 16 de julho – 4ª feira – 19h (L’Anglaise et le Duc, França, 2002, 129 minutos) Dir. Eric Rohmer Grace Elliot é uma jovem aristocrata escocesa que vive em Paris durante a Revolução Francesa e tem um romance com o Duque de Orleans, primo do rei da França. O relacionamento do casal é bastante complicado e, quanto mais os acontecimentos políticos se agravam, mais ele se torna complexo. Comentários de Lucas La-Bella Costa (Historiador graduado pelo Departamento de História do IFCH-UFRGS, mestrando no PPG-História da UFRGS).

Viver 23 de julho – 4ª feira – 19h (Ikiru, Japão, 1952, 143 min) Dir. Akira Kurosawa Considerado por muitos como a maior obra do mestre Akira Kurosawa, Ikiru apresenta a visão da compaixão, mostrando a beleza da vida de um homem a partir da explosão de sua morte.

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agosto

Dir. Ingmar Bergman Acompanhe os tormentos, os sonhos e as relações amorosas de duas mulheres: Susanne, diretora de um estúdio de moda em Estocolmo, e Doris, uma jovem e inexperiente modelo fotográfica.

Alguns Outsiders

Uma lição de amor

Gritos e sussurros 01 de agosto – 6ª feira – 16h 31 de agosto – 4ª feira – 16h (Viskningar Och Rop, Suécia, 1972, 106 min) Dir. Ingmar Bergman Numa casa de campo, Agnes recebe, à beira da morte, os cuidados de suas duas irmãs e de uma dedicada empregada da família. Neste ambiente claustrofóbico, acompanhamos as imaginações, lembranças e frustrações destas quatro mulheres.

04 de agosto – 2ª feira – 19h 05 de agosto – 3ª feira – 16h (En Lektion i Kärlek, Suécia, 1954, 96 min) Dir. Ingmar Bergman David Erneman e sua esposa Marianne estão casados há 15 anos, mas ambos estão infelizes. David está tendo um caso e Marianne viaja de trem para reencontrar um antigo amor.

Quando as mulheres esperam

Sorrisos de uma noite de amor 01 de agosto – 6ª feira – 19h 04 de agosto – 2ª feira – 16h (Sommarnattens leende, Suécia, 1955, 108 min) Dir. Ingmar Bergman Na virada do século, durante uma encantadora noite de verão numa casa de campo, um grupo de pessoas vive divertidos encontros e desencontros amorosos.

05 de agosto – 3ª feira – 19h 06 de agosto – 4ª feira – 16h (Kvinnors Väntan, Suécia, 1952, 103 min) Dir. Ingmar Bergman As esposas dos quatro irmãos Lobelius estão reunidas em uma casa de campo para férias, pela primeira vez em muito tempo. Elas aguardam a chegada dos maridos, que ainda se encontram em Estocolmo.

Sonhos de mulheres 06 de agosto – 4ª feira – 19h 07 de agosto – 5ª feira – 16h (Kvinnodröm, Suécia, 1955, 84 min)

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Prisão 07 de agosto – 5ª feira – 19h 08 de agosto – 6ª feira – 16h (Fängelse, Suécia, 1949, 78 min) Dir. Ingmar Bergman Martin, um jovem diretor do cinema, recebe a visita de seu antigo professor de matemática, e ele lhe sugere que faça um filme sobre a natureza demoníaca do mundo. Por sua vez, um amigo de Martin, o jornalista Thomas, lhe propõe que filme sobre outro tema - a história de uma prostituta muito jovem, que sofre nas mãos de um violento cafetão.

Sede de paixões 08 de agosto – 6ª feira – 19h 11 de agosto – 2ª feira – 16h (Törst, Suécia, 1949, 84 min) Dir. Ingmar Bergman Um jovem casal em crise viaja de trem por uma Europa devastada pela guerra. Durante o trajeto, Rut e Bertil se lembram de relacionamentos amorosos e conflitos do passado.


CINEMA

No interior da Suécia, uma decadente companhia circense se prepara para um novo espetáculo. O diretor do circo, Albert, vive uma relação infernal com sua jovem amante, Anna.

O sétimo selo

A paixão de Ana

11 de agosto – 2ª feira – 19h 12 de agosto – 3ª feira – 16h (Det Sjunde Inseglet, Suécia, 1957, 95 min) Dir. Ingmar Bergman Suécia, Idade Média. De volta das Cruzadas, o cavaleiro Antonius (Max Von Sydow, de O Exorcista) tem dúvidas sobre a existência de Deus. Ao seu redor, encontra apenas sofrimento e destruição. A inquisição e a peste negra devastam sua terra.

19 de agosto – 3ª feira – 19h 20 de agosto – 4ª feira – 16h (En Passion, Suécia, 1969, 96 min) Dir. Ingmar Bergman Andreas, um homem que sofre pelo fim de um recente casamento e por seu isolamento emocional, fica amigo de um casal que também passa por um momento delicado.

No limiar da vida 15 de agosto – 6ª feira – 19h 18 de agosto – 2ª feira – 16h (Nära Livet, Suécia, 1958, 84 min) Dir. Ingmar Bergman Em um quarto da maternidade de Estocolmo, estão instaladas três jovens: Cecilia, Stina e Hjördis. Aos poucos, vamos conhecendo os dramas pessoais de cada uma dessas mulheres.

Para não falar de todas essas mulheres Música na noite 13 de agosto – 4ª feira – 19h 14 de agosto – 5ª feira – 16h (Musik I Mörker, Suécia, 1948, 85 min) Dir. Ingmar Bergman Um jovem pianista fica cego em um acidente durante o serviço militar. Aos poucos, ele se adapta à nova condição.

A hora do lobo 18 de agosto – 2ª feira – 19h 19 de agosto – 3ª feira – 16h (Vargtimmen, Suécia, 1968, 81 min) Dir. Ingmar Bergman Um pintor e sua esposa vão morar em uma ilha afastada de tudo e conhecem um misterioso grupo de pessoas que passam a trazer angústias ainda maiores à vida do casal, que já estava atormentado pelos pesadelos do pintor e por conflitos psicológicos.

21 de agosto – 5ª feira – 16h 22 de agosto – 6ª feira – 19h (For att inte tala om alla dessa kvinnor, Suécia, 1964, 80 min) Dir. Ingmar Bergman Por volta de 1920, um crítico musical, Cornelius, deve escrever a biografia de um violoncelista virtuoso, Felix.

Noites de circo 14 de agosto – 5ª feira – 19h 15 de agosto – 6ª feira – 16h (Gycklarnas Afton, Suécia, 1953, 89 min) Dir. Ingmar Bergman

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CINEMA

Viridiana 21 de agosto – 5ª feira – 19h 22 de agosto – 6ª feira – 16h (Viridiana, México, 1961, 90 min) Dir. Luis Buñuel Às vésperas de ser ordenada freira, Viridiana passa uns dias na mansão do seu pervertido tio, que, obcecado com sua beleza, tenta seduzi-la de todas as maneiras.

Tristana

Os esquecidos

25 de agosto – 2ª feira – 19h 26 de agosto – 3ª feira – 16h (Tristana, México, 1970, 95 min) Dir. Luis Buñuel Tristana é uma jovem órfã, inocente, entregue a um homem maduro (Fernando Rey). O relacionamento pai e filha da jovem com o tutor vai crescendo, até que os dois se tornam amantes.

28 de agosto – 5ª feira – 19h 29 de agosto – 6ª feira – 16h (Los olvidados, México, 1950, 91 min) Dir. Luis Buñuel Depois de escapar de uma unidade correcional, o jovem Jaibo se reúne com sua quadrilha de meninos delinquentes para planejar mais assaltos.

A bela da tarde Ensaio de um crime 25 de agosto – 2ª feira – 16h 28 de agosto – 5ª feira – 16h (Ensayo de un crimen, México, 1955, 89 min) Dir. Luis Buñuel Misturando todas as características de psicanálise com suspense e humor negro, conheça a história de Archibaldo de la Cruz (Ernesto Alonso), um serial killer confesso que vai à polícia para dizer sobre os seus crimes.

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26 de agosto – 3ª feira – 19h 27 de agosto – 4ª feira – 16h 30 de agosto – 6ª feira – 19h (Belle de jour, França, 1967, 100 min) Dir. Luis Buñuel Séverine (Catherine Deneuve) é uma jovem rica e bonita, porém infeliz. Ela ama seu marido (Jean Sorel), um médico, mas eles não são tão íntimos quanto ela deseja.


CINEMA

Cinemas em Rede No projeto de Cinemas em Rede, salas de cinema não comerciais exibem filmes e curtas por meio da internet de alta capacidade. Quatro cidades participam do projeto, coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP): São Paulo – Cinemateca Brasileira, CINUSP e Escola de Comunicações e Artes (ECA); Salvador – Sala de Arte Cinema da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Porto Alegre – Sala Redenção – Cinema Universitário (UFRGS); e em Recife, na Fundação Joaquim Nabuco. Uma das possibilidades do projeto é compartilhar conteúdos, mostras e ciclos em tempo real entre esses pontos de cinema. O Projeto Cinemas em Rede é uma parceria entre os Ministérios da Cultura (MinC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Em agosto será exibido o filme Eles Voltam, de Marcelo Lordello.

PA R C E I R OS D A S A L A R E D E N ÇÃO História da Arte e Cinema: Heterotopias

Sonhos 20 de agosto – 4ª feira – 19h (Yume/Dreams, Japão, 1990, 120 min) Dir. Akira Kurosawa Sonhos traz oito episódios filmados a partir de um roteiro que teve origem no desejo de Kurosawa realizar um filme a partir de seus sonhos. Comentários: Rosângela Veiga (Bacharel em Museologia e Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especialista em Literatura Brasileira, também pela UFRGS. Estudou História da Arte na Universidade de Coimbra).

CineDHebate em Direitos Humanos Eles voltam 12 de agosto – 3ª feira – 19h (Brasil, 2013, 95 min) Dir. Marcelo Lordello Cris, 12 anos, e seu irmão mais velho são deixados na beira da estrada por seus pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior.

O Homem que Matou o Facínora 27 de agosto – 4ª feira – 19h (The Man Who Shot Liberty Valance, EUA, 1962, 124 min) Dir. John Ford A cidade de Shinbone, no Velho Oeste, recebe a visita de Ransom Stoddard (James Stewart), senador que vai para o funeral de Tom Doniphon (John Wayne), vaqueiro do qual era muito amigo.

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Reitor Carlos Alexandre Netto

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Difunda essa cultura de forma consciente

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Coordenação Acadêmica Rui Vicente Oppermann

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Pró-Reitora de Extensão Sandra de Deus

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Vice-Pró-Reitora de Extensão Claudia Porcellis Aristimunha

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Diretora do Departamento de Difusão Cultural Claudia Mara Escovar Alfaro Boettcher

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Equipe do DDC Carla Bello – Coordenadora de Projetos Especiais, Itinerância Cutural e Unifoto Edgar Wolfram Heldwein – Administrador da Sala Redenção – Cinema Universitário Lígia Petrucci – Coordenadora do Projeto Unimúsica, Núcleo da Canção e Interlúdio Sinara Robin - Coordenadora do Confêrencias UFRGS e Vale Doze e Trinta Tânia Cardoso de Cardoso – Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário Rafael Derois Santos – Coordenador e Produtor de Mídias de Difusão Cultural Bolsistas Bruna Zucco Clarissa Gomes Gabriela Marluce Guilherme Accetta Mauricio Lobo Naiane Weber Renata Signoretti Projeto gráfico Katia Prates Diagramação Jessica Almeida Impressão Gráfica da UFRGS Crédito imagens p. 01 (capa) – Arte Unimúsica 2014/Ana - Navecomunica; p. 03 – Maciel Goelzer; p. 05 – Exposição Percurso do Artista Luiz Gonzaga/Maciel Goelzer; p. 06 – Unifoto/Guilherme Bragança; p. 07 – Felipe Bertol e Daniel Vieira; p. 08 – Flautarium; p. 09 – Arsis; p. 13 – Unimúsica - Radamés Gnattali; p. 15 – Cartaz de divulgação Ópera Dido e Enéas; p. 16 – Atahualpa Yupanqui; p. 17 – Mateus Mapa e Luis Vagner (Suingue Samba-Rock e Balanço); p. 18 – Coletivo de Música Popular do IA/Felipe Comte; p. 19 – Artista Luiz Gonzaga/Maciel Goelzer; p. 12 e 23 – Fronteiras do Pensamento; p. 27 – Kleiton e Kledir/Papas da Língua; p. 43 – Fecors.

Apoio

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1º Fe s t i val N ac i o nal de C o r o s 01 de ag o s t o – 2 0 h 0 2 de ag o s t o – 19 h 0 3 de ag o s t o – 18 h Sal ã o de At o s da U F R G S – Av. Paul o G a m a , 110

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