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AGENDA C U LT U R A L
Junho Julho 2017
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U N IMÚSI C A Poesia, então Em outubro de 2016, a canção viu-se no centro de um amplo debate de proporções globais. O estopim foi o anúncio do Prêmio Nobel de Literatura para o cancionista norte-americano Bob Dylan. A rapidez com que o rastilho da polêmica se espalhou envolvendo escritores, compositores e intelectuais de boa parte do mundo demonstra não só que não há qualquer acordo tácito no que diz respeito ao estatuto da canção – literatura? poesia? arte menor? –, como também deixa muito clara a dificuldade (a relutância mesmo) em se reconhecer, nessas pequenas peças sonoras que compõem nossa trilha musical cotidiana, a milenar tradição da palavra cantada. Nas entrelinhas da discórdia, abre-se ainda mais o espaço para a reflexão sobre a especificidade desse gênero muito próprio de poesia e sua particular relação com a palavra. Em 2017, o Unimúsica, dá continuidade à forma de militância adotada pelo projeto desde 2015 com a série irreverentes, e que teve prosseguimento no ano passado com a série sobre a palavra futuro, apostando agora na força da palavra poética, na capacidade de escuta, na delicadeza contundente da poesia – a melhor forma de dar peso e leveza às nossas tão desgastadas, desencantadas palavras. E mais: em tempos sombrios, poesia, então. Lígia Petrucci Coordenação e curadoria Projeto Unimúsica
Arte: Dudu Sperb
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Foto: Silvia Zamboni
junho Zeca Baleiro – José O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro preparou uma apresentação especial para o Unimúsica 2017, em comemoração aos 20 anos de carreira fonográfica. Numa prévia do espetáculo José, Zeca divide com o público histórias destes anos de carreira, reunindo lembranças e canções e abrindo espaço à improvisos e momentos únicos. Acompanhado apenas de seus violões, para os quais usa algumas afinações diferentes das usuais, o artista mostra alguns de seus maiores sucessos, além de canções de seu “repertório afetivo”. Num segundo momento, ele recebe o pianista Adriano Magoo, com quem tem viajado pelo país com o show Piano, para apresentar releituras de Lou Reed, Gilberto Gil e Sergio Sampaio. Entre uma e outra surpresa, o roteiro deve incluir “Telegrama”, “Babylon” e “Bandeira”.
Zeca Baleiro – José Data: 01 de junho, quinta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110) Retirada de ingressos a partir das 9h do dia 29 de maio (segunda-feira), na bilheteria do Salão de Atos da UFRGS, mediante a entrega de um livro em bom estado de conservação por entrada, com um limite de até dois ingressos por pessoa.
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junho Estrela Leminski, Téo Ruiz e Alice Ruiz – Nepotismo
Oficina A letra na canção – Alice Ruiz e Estrela Leminski
A família Leminski-Ruiz tem uma longa história com a literatura e com a música brasileira. Alice Ruiz é poeta e letrista, com textos publicados nos Estados Unidos, Irlanda, Espanha, México, Argentina e Bélgica. Na canção, tem importantes parcerias como Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes, Zé Miguel Wisnik, Zélia Duncan e Alzira Espíndola. A também poeta e compositora Estrela Leminski é fruto de seu casamento com Paulo Leminski, um dos poetas mais prestigiados do país. Estrela já compôs ao lado de Ceumar, Iara Rennó e da própria mãe, Alice. Téo Ruiz, marido de Estrela, também é músico, compositor e produtor atuante. Juntos, eles sobem ao palco do Salão de Atos para uma versão inédita do show Nepotismo.
A oficina A Letra na Canção é essencialmente prática. Através de exercícios em conjunto, inclusive de tradução, os participantes se familiarizam com os conteúdos poéticos das letras nas canções. Num segundo momento, desenvolvem suas próprias letras, sempre com acompanhamento. Cumprida essa primeira etapa, o grupo se alia à composição musical e começam as parcerias, quando serão desenvolvidas as canções propriamente ditas. Um encontro de muita troca e muita alegria, porque canção é o feliz encontro de letra e música.
Estrela Leminski, Téo Ruiz e Alice Ruiz – Nepotismo Data: 02 de junho, sexta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110)
Oficina A letra na canção – Alice Ruiz e Estrela Leminski Data: 30 de maio a 1º de junho Horário: das 14h às 17h Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110) Inscrições e informações no site www.difusaocultural. ufrgs.br
Retirada de ingressos a partir das 9h do dia 29 de maio (segunda-feira), na bilheteria do Salão de Atos da UFRGS, mediante a entrega de um livro em bom estado de conservação por entrada, com um limite de até dois ingressos por pessoa.
Arte: Dudu Sperb
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julho Marina Lima e Antonio Cicero – Dois irmãos A compositora e cantora Marina Lima e o poeta, filósofo e letrista Antonio Cícero se reúnem no palco do Unimúsica para compartilhar ideias sobre música, poesia e canção. Parceria fundamental da música popular brasileira, os irmãos Marina e Cicero compuseram juntos inúmeros sucessos - canções como “Charme do Mundo”, “Transas de Amor”, “Fullgás”, “Virgem”, “Pra Começar”, “À Francesa”, “Três” e “Acontecimentos” fazem parte da memória musical do país e figuram no repertório afetivo de diferentes gerações. O encontro dos irmãos será permeado por conversas, canções e leituras. Interpretadas por Marina, as composições dão o mote para que Antonio Cicero comente sobre as relações entre poesia e letra no Brasil contemporâneo.
Marina Lima e Antonio Cicero – Dois irmãos Data: 06 de julho, quinta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110) Retirada de ingressos a partir das 9h do dia 03 de julho (segunda-feira), na bilheteria do Salão de Atos da UFRGS, mediante a entrega de um livro em bom estado de conservação por entrada, com um limite de até dois ingressos por pessoa.
Foto: Paulo Mancini
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julho #deslocamentos4d
Oficina A performance da palavra – Mirna Spritzer
O sarau #Deslocamentos4D, encontro entre a atriz Mirna Spritzer, a pianista Dunia Elias e o percussionista costa-marfinense Loua Pacom Oulai, foi concebido para compor a programação do evento de mesmo nome que aconteceu em dezembro de 2016 nas ruas do quarto distrito de Porto Alegre. Tendo como tema os deslocamentos, os movimentos migratórios e a mobilidade, o projeto apresenta uma seleção de textos e músicas que reflete a experiência nômade do ser humano, o flanar pelo mundo e pelas ideias. Da rua para o teatro, o sarau #Deslocamentos4D, com direção de Carla Joner e Miriam Amaral, conta também agora com a participação especial de Muni, trazendo os deslocamentos e a palavra poética na fala, na música e no canto.
A oficina, essencialmente prática, quer proporcionar às/aos participantes experiências múltiplas entre vocalidade e escuta. A palavra vocalizada ocupando o espaço e repercutindo no tempo. A palavra na voz e nas entrelinhas. Como corpo e apropriação dos sentidos. Busca exercitar sonoridades, pausas e melodias encontradas em textos diversos de prosa e poesia. Quer provocar as/os participantes a novas relações com dizer e ouvir.
#deslocamentos4d Data: 07 de julho, sexta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110)
Oficina A performance da palavra – Mirna Spritzer Data: 03 a 05 de julho Horário: das 14h às 17h Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110) Inscrições e informações no site www.difusaocultural.ufrgs.br
Retirada de ingressos a partir das 9h do dia 03 de julho (segunda-feira), na bilheteria do Salão de Atos da UFRGS, mediante a entrega de um livro em bom estado de conservação por entrada, com um limite de até dois ingressos por pessoa. Foto: Maciel Goelzer
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Foto: Rafael
VA L E VA L E
Vale! Vale!
Raquel Leão e convidados
Vale show! Vale muita música! O mato, o verde, o convívio, o entretenimento. A parada para estar junto e curtir. O projeto Vale!Vale! traz artistas de Porto Alegre de nascimento ou de coração que junto com estudantes da UFRGS mostram a sua música. Tá tudo preparado para passarmos bons momentos juntos ouvindo, dançando e cantando junto com os artistas e cantores que irão se apresentar este ano no Palco Grego!
Paraense radicada em Porto Alegre desde 2010, a cantora, compositora, arte educadora e atriz Raquel Leão tem influências que vão do norte ao sul. Sua música encontra raízes no Carimbó, no Lundum, na cumbia, nos tambores dos sons do Norte, na força da negritude ancestral somando-se, aos poucos, com trocas e experiências musicais com amigos gaúchos, que hoje já interferem nas suas composições. Seu show é forte, intenso, cheio de negritude, batuques, tambores, representatividade feminina negra. Suas músicas tem impressas a força ancestral, a força da mulher negra.
Esperamos você.
Raquel Leão e Convidados Data: 18 de julho Horário: 12h30 Local: Palco Grego – Campus do Vale.
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I N T E R L Ú D IO
Interlúdio, palavra que significa trecho de música instrumental que se intercala entre as várias partes de uma longa composição. A pausa criada pelo interlúdio é a metáfora que utilizamos para o momento que propomos a todos criarem em seu dia a dia, para participarem deste projeto que nasceu da parceria entre os departamentos de Música do Instituto de Artes (DEMUS) e o de Difusão Cultural (DDC) da UFRGS. Criado em 2010, retorna para apresentar recitais mensais públicos de alunos ou grupos musicais. Neste ano, o projeto amplia sua atuação, realizando concertos em espaços culturais do campus central da UFRGS, como a Sala João Fahrion, o Salão de Atos e o Hospital de Clínicas, sempre no horário de 12h30. Além disso, o projeto realiza a difusão da produção artística do corpo discente do DEMUS, buscando divulgar a atuação dos alunos em formação, além de oferecer à comunidade acadêmica a chance de entrar em contato com a música de câmara de uma maneira diferente da habitual. Leonardo L. Winter Coordenador e curador artístico do projeto Interlúdio Departamento de Música - PPGM
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PROGRAMAÇÂO MAIO
Natalia Sanchez Montealegre: música colombiana para piano solo Data: 30 de maio, terça-feira Horário: 12h30 Local: Hospital de Clínicas - Saguão do 2º andar (R. Ramiro Barcelos, 2350) JULHO
Bruno Gernhardt Teneos: piano solo, repertório clássico Data: 25 de julho, terça-feira Horário: 12h30 Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110) AGOSTO
Quinteto Austro: quinteto de sopros Data: 29 de agosto, terça-feira Horário: 12h30 Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110)
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Coral da UFRGS: concerto com peças para coro
OUTUBRO
Data: 29 de agosto, terça-feira Horário: 12h30 Local: Hospital de Clínicas - Saguão do 2º andar
Lucas Correia Lima: violão solo
(R. Ramiro Barcelos, 2350) SETEMBRO
Data: 31 de outubro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110)
Wendel Rodrigues e Louise Nunes: Duo Contrabaixo e Piano
NOVEMBRO
Data: 05 de setembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110)
Jean Lopes: Violão solo, trabalho autoral
Rafael Iravedra: violão solo, música de compositores argentinos Data: 26 de setembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110)
Coral Viva la Vida: concerto com peças para coro e arranjos corais variados Data: 26 de setembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Hospital de Clínicas - Saguão do 2º andar (R. Ramiro Barcelos, 2350)
Data: 21 de novembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110)
Lucas Correia Lima e Guilherme Lopes: duo de violão e piano Data: 28 de novembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Hospital de Clínicas - Saguão do 2º andar (R. Ramiro Barcelos, 2350)
Lucas Brum e Eduardo Xavier: Duo guitarra e violão Data: 28 de novembro, terça-feira Horário: 12h30 Local: Sala Fahrion - 2º andar da Reitoria (Paulo Gama, 110)
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julho 19° Encontro De Violoncelos De Porto Alegre O Encontro de Violoncelos do RS é um projeto de cunho sócio-educativo e cultural que vem sendo realizado anualmente desde 1999 de forma ininterrupta. O evento tem como propósito possibilitar que estudantes e profissionais de música possam aperfeiçoar seus estudos com professores que são referência no violoncelo. Além desse ponto, ele traz ao público da cidade a oportunidade de assistir diversos recitais, concertos, palestras e oficinas, todos ligados a música erudita. A tônica do Encontro é a diversidade: reúne, além de estudantes de diversas localidades e diferentes níveis técnicos (sem discriminação entre iniciantes a avançados), músicos profissionais e amadores. Este Encontro está abrangendo atualmente uma faixa etária entre 05 e 78 anos, o qual amplia bastante o acesso de todos os interessados em todas as atividades oferecidas. Os professores, geralmente provenientes de diferentes países, vem abrilhantar e adicionar novos conceitos e aprendizagem aos integrantes do evento. Além da realização de aulas, masterclasses, palestras e oficinas, os participantes terão a oportunidade de tocar na orquestra de violoncelos do 19º Encontro cuja apresentação será no concerto de encerramento do evento dia 14 de julho no Salão de Atos da UFRGS. Com a realização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esta semana cultural conta também com o apoio de importantes instituições de renome no Brasil como a Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, o Instituto Ling, Escola de música Tio Zequinha, Instituto Goethe, Associação dos Aposentados da CRT, Consulado geral da Espanha e o Clube Germânia, além do Bundesministerium für Familie, senioren, Frauen und Jungend e do Athelier das Massas. Com o objetivo de integrar ainda mais a relação Brasil e Espanha, nosso Encontro de violoncelos terá uma edição comemorativa do décimo aniversário do Dolce Duo, que é um duo de violoncelos formado pelas professoras Milene Aliverti (Brasil) e Nuria Rosa (Espanha) que completa neste ano 10 anos de existência.
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O projeto prevê também ações de inclusão social de jovens carentes que estudam música por todo o estado do Rio Grande do Sul, e também tem se ampliado ultimamente aos alunos carentes de outros estados do Brasil. Podemos destacar as instituições a seguir como beneficiadas diretamente com as ações sociais dos Encontros de Violoncelo: IPDAE - Instituto Popular de Arte-Educação, Orquestra de Flautas Villa-Lobos, Orquestra Jovem do RS, Orquestra TCHELISTAS da Lomba do Pinheiro e Escola Evangélica de Ivoti. Novidade: vinda de uma orquestra de alunos da Alemanha, que conta com 10 alunos vindos da cidade de Gütershloh, e mais dois professores alemães.
ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO DE BASE SOCIAL O projeto compreende a realização de masterclasses de violoncelo e música de câmara, workshops, painéis, palestras, recitais e concertos, durante 10 dias, em Porto Alegre e pela primeira vez também com um recital em Ivoti. As atividades são realizadas em locais distintos de porto Alegre, a maioria com entrada franca, possibilitando assim acesso livre à comunidade em geral. A vinda de professores do Brasil e exterior trazem aos alunos e ao público uma rica integração e entrosamento. Milene Alverti Curadora e Coordenadora Departamento de Musica - Instituto de Artes
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PROGRAMAÇÂO 06 de julho | quinta-feira
11 de julho | terça-feira
Concerto de abertura do 19º Encontro de Violoncelos do Rio Grande do Sul Orquestra do Theatro São Pedro
Palestra Coaching aplicado ao desenvolvimento da carreira para músico
Horário: 20h30min
Professor André Meneghello
Local: Theatro São Pedro
Local: Instituto Ling
Horário: 18h30min
Solistas: MIlene Aliverti e Nuria Rosa (Dolce Duo) Estreia mundial do concerto Binacional em homenagem ao Dolce Duo! 07 de julho | sexta-feira
Recital Dolce Duo em Ivoti (interiorização do Encontro de Violoncelos) Horário: 20hs
12 de julho | quarta-feira
Recital Dolce Duo Horário: 12h30min Local : Theatro São Pedro
Concerto Orquestra alemã de violoncelos
Local: Escola Evangélica
Horário: 20h
08 de julho |sábado
Coordenação Profs. Bárbara Westermann e Michael Corssen
Recital do professor Hans Twitchell com a pianista Adriana Jarvis Horário: 18hs Local: Auditório Tasso Correa (Instituto de Artes da UFRGS) 9 de julho | domingo
Concerto com a OSPA Horário: 11hs Local: Teatro Araújo Vianna 10 de julho | segunda-feira
Início da aulas individuais e masterclasses Horário: 10h Local: Instituto Ling
Palestra Neurociências e o estudo de música
Local: Goethe Institut
13 de julho | quinta-feira
Apresentação Orquestra do DEMUS - Instituto de Artes Horário: 20h Local: Instituto de Artes da UFRGS Auditório Tasso Correa Regente: Jocelei Bohrer Solista: Vincent Kalbhenn 14 de julho | sexta-feira
Apresentação das orquestras de violoncelos Horário: 19h Local: Salão de Atos da UFRGS 15 de julho | sábado
Horário: 18h30min
Recital Antônio Lauro Del Claro com os professores do Encontro
Professora Luciane Cuervo
Horário: 17h
Local: Instituto Ling
Local: Instituto Ling
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E X POSIÇÃO PI N A C O T E C A B A R ÃO D E S A N T O Â N G E L O N OS 8 0 A N OS D A U F R G S A Pinacoteca e o Salão de Festas: um balanço dos 32 meses de convivência A exposição Pinacoteca Barão de Santo Ângelo nos 80 Anos da UFRGS (Módulo 1) no Salão de Festas da Reitoria está chegando ao final: desde sua abertura, em novembro de 2014, sempre tivemos a certeza de que, mesmo sendo uma exposição temporária de acervo, ela seria de longa duração, caracterizando-se quase como uma exposição permanente.
desde sua abertura até o presente, foram 32 meses de convívio possível. Um convívio que oportunizou ao seu público a frequentação alongada de obras primas da pintura e da escultura produzida por artistas locais e nacionais, todos mestres que passaram pelas cátedras do Instituto de Artes nos seus mais de 100 anos e que estão presentes no acervo.
A necessidade de uma mostra permanente do acervo da PBSA sempre esbarrou na inexistência de um espaço definitivo para a coleção: na sua longa história iniciada em 1910 a PBSA nunca contou com um espaço próprio. Em diversos momentos de sua história ela esteve alojada nas dependências do Instituto de Artes ou dispersa nas dependências da própria UFRGS. Em outros momentos suas obras fizeram parte de exposições temporárias pelo Brasil a fora. Mesmo considerando esse modo errante de vida, a coleção sempre padeceu de uma invisibilidade semi-permanente, pelo fato da inexistência física de galerias próprias que honrassem seu compromisso de coleção pública, ou seja, uma mostra permanente do seu acervo e também pela inexistência de um catálogo geral.
Se houve proveito para o público em geral, essa abstração que integra visitantes de todos os tipos, como interessados, os artistas, os colecionadores, ela também atendeu aos estudantes, professores, técnicos e demais trabalhadores da UFRGS. Mas ela também acolheu, nas suas instalações, visitantes ocasionais e mesmo aqueles desavisados, como os frequentadores da Reitoria, aqueles que vinham para participar dos eventos que ocorreram no espaço, como conferências, palestras, mesas redondas etc., ou seja, um público diverso e eclético. Podemos dizer, com segurança e tranquilidade, que a exposição não só atendeu as expectativas de seus organizadores como também, de modo exemplar, as superou.
A exposição que nesse momento está no Salão de Festas da Reitoria alterou essa rotina: instaurou um espaço para a Pinacoteca e propiciou aos diversos públicos a convivência demorada com algumas de suas obras. De um acervo de mais de 1500 peças, exibe pouco mais de 60, mas, mesmo assim, isso indica uma alteração considerável na sua rotina, pois, Foto: Divulgação
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Nesse momento, em que nos preparamos para encerrar essa mostra do acervo da PBSA, entendemos que é hora de fazer um balanço de seus méritos e de suas virtudes e, é claro, também avaliarmos problemas e defeitos. O trabalho de sua instauração foi cuidadoso e atento, tanto por parte de seus gestores imediatos (o Instituto de Artes), quanto por parte do Departamento de Difusão Cultural da Pró-Reitoria de Extensão: foram feitos investimentos consideráveis
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em restauro, museografia, iluminação, adequação do espaço físico, mediação e programação paralela. Sua vigência também foi contemporânea da elaboração e do lançamento do Catálogo Geral da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, uma realização de fôlego que consolidou uma longa história e dignificou todos aqueles que ao longo de sua existência se dedicaram a ela. Mas falemos também do que não nos satisfez plenamente: mesmo com um público numeroso de visitantes, ainda não logramos inserir plenamente a Pinacoteca no circuito local, isto é, boa parte do público das artes visuais ainda não sabe que o Salão de Festas da Reitoria é a casa da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Mas temos consciência de que a consolidação de espaços é uma tarefa que demanda tempo e paciência. Também reconhecemos, e aqui respondemos algumas críticas, de que o projeto curatorial é redutor – professores do Instituto de Artes – mas é forçoso reconhecer que a mostra estava intrinsecamente ligada às comemorações dos 80 anos da UFRGS e não podíamos fugir da natural homenagem aqueles que criaram e mantiveram o Instituto de Artes no topo das instituições culturais do Estado. Temos a certeza de que a exposição nesse espaço inaugurou um novo tempo para a PBSA, para a UFRGS e para a comunidade cultural gaúcha como um todo. Olhando para as fotografias dos eventos ficamos felizes e satisfeitos. Mas é olhando para as
imagens dos alunos dos cursos de Artes Visuais e História da Arte, em aulas e sessões de trabalho na exposição, que temos a certeza que fizemos um ótimo trabalho, pois eles, profissionais em formação, são os que manterão o espaço e suas exposições como parte de suas vidas profissionais. Oportunizamos para que eles tivessem a longa convivência com as obras, a freqüentação que fundamenta o aprendizado das artes e também o da consciência patrimonial. Outras exposições virão e, com elas, virão outros gestores, outras curadorias, outros públicos, outros alunos. Mas fica a certeza de que o que propomos, e fizemos, é uma mudança considerável nas gestões da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo e dos espaços culturais da UFRGS. Entregamos, de fato, para a comunidade cultural do Rio Grande do Sul aquilo que lhe pertence de direito: uma coleção de excelência em um espaço plenamente qualificado. Paulo Gomes Curador do Projeto Pinacoteca Barão de Santo Ângelo nos 80 Anos da UFRGS
EXPOSIÇÃO PINACOTECA BARÃO DE SANTO ÂNGELO NOS 80 ANOS DA UFRGS Data: até 31 de julho Horário: segunda a sexta, das 14hs às 18hs Local: Salão de Festas da UFRGS (2º andar da Reitoria)
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A rte s v i s ua i s
un i f o t o A Cara da Rua | Entre utopias e distopias urbanas Quando escreveu Utopia, o inglês Thomas Morus (1480-1535) imaginou uma forma de governo ideal, que proporcionava as melhores condições de vida a um povo equilibrado e feliz. O livro chamava a atenção para a atualidade política de seu tempo, que há quinhentos anos, o era como hoje, cheia de desigualdade e pobreza. A utopia nascia então como um retrato negativo. A distopia seria o termo usado atualmente como seu espelho, para se referir ao nosso quotidiano. A primeira representaria o ideal, a felicidade, enquanto que a segunda, a realidade e a sua sombra, ou seja, uma ameaça constante. O problema era, e ainda é, que o conceito de utopia é lido como algo inatingível, distante, um desejo impossível de alcançar. Ou alcançável somente através da imaginação. Seria esta a função utópica da arte? A Cara da Rua é um projeto de extensão universitária da UFRGS que trabalha com a arte, e vem sendo desenvolvido com moradores em situação de rua em Porto Alegre. Ele trata destas questões antagônicas e complementares, entre utopias e distopias. Através de suas ações, percebe-se onde e quando o ensino da arte e estética pode sair de sua postura egocêntrica e individual e de usufruto solitário, para se transformar em um gesto ético, de generosidade em nome da cidadania, buscando uma sociedade com oportunidades iguais. Ele atua neste momento crítico, onde a harmonia da vida na cidade exige que se conceda prioridade à ética. A Cara da Rua comprova, em seus resultados, como na exposição que aqui apresentamos, que a estética não é necessariamente excludente nesta relação
de trocas e de intersecções. No projeto, vinculado ao Programa Universidade na Rua, que recebeu apoio do Edital PROEXT/MEC-SESu2015-2016, são distribuídas câmeras fotográficas para alunos sem domicílio fixo, que frequentam a Escola EPA – EMEF de Porto Alegre, voltada para a educação de jovens adultos. O objetivo é a confecção de cartões postais que são vendidos pelos próprios autores, como uma forma alternativa de geração de renda. O resultado é surpreendente. As fotos obtidas pelo grupo nos fazem pensar onde e quando, em uma fotografia, há sinais de uma perda, assim como também há uma denúncia destas ausências e destas faltas, e a esperança da integração pela hospitalidade. São estes sinais que nos fazem pensar sobre o tempo, sobre o grupo, sobre a cidadania, entre ética e estética, e sobre a atualidade dos conceitos de utopia e de distopia em nossa cidade nos dias de hoje. Eduardo Vieira da Cunha Curador da exposição
A Cara da Rua | Entre utopias e distopias urbanas Data: de 20 de maio a 14 de julho Horário: de segunda a sexta das 07h às 22h30min sábado das 07h às 12h Local: Pátio do Campus Centro da UFRGS Av. Osvaldo Aranha, 277 Foto: Divulgação
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Foto: Gabriel Carpes
A cidade como palco, de Gabriel Carpes Esta exposição se denomina “A cidade como palco”, pela maneira como Gabriel Carpes busca sugerir narrativas de uma peça sem começo e fim que se desenrola todos os dias em nossas cidades. Nesta coletânea de fotografias, a cidade vem servir como palco. Desta maneira fornece os cenários, filtra a luz e oferece enquadramentos por onde pessoas atuam. É com o objetivo de captar estes momentos que o fotógrafo sai às ruas e vem nos presentear com estas fotografias. Existe, neste trabalho, uma exploração sensível de uma gramática fotográfica ligada a peculiaridade de como a luz pode ser registrada pela câmera. Gabriel explora o alto contraste, o que apresenta de maneira singular o universo visível oferecendo hierarquias distintas entre os elementos retratados o que oferece uma leitura diferente do nosso mundo.
Gabriel Carpes é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Possui experiência em fotografias de moda, arquitetura e trabalhos documentais. Recentemente vencido o Open Call 2017 do Belfast Photo Festival. Mais da obra do fotógrafo pode ser conferido no site gabrielcarpes.com.
A cidade como palco, de Gabriel Carpes Data: de 01 de junho a 14 de julho Horário: de segunda a sexta das 08h às 18h Local: Pátio do Campus Centro da UFRGS Av. Osvaldo Aranha, 277
César Vieira Curador da exposição
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A’ C O R D A
A’corda, objeto de múltiplos usos, é tema de muitas obras de arte, entre elas a proposta de instalação A’CORDA, pensada por Dione Veiga Viera. O MALHA (Movimento Apaixonado pela Liberação de Humores Artísticos) parte das reverberações políticas provocadas por esse cacófato realizando manifestações perfomáticas. Em 2014, a primeira ação ocorreu no Monumento ao Expedicionário do Parque Farroupilha, na qual participantes das mais variadas procedências se amarraram no pedestal da estátua da Pátria a fim de problematizar a prisão moral de quem serve a um país a ponto de dedicar sua própria vida a esse ideal. O segundo manifesto, A corda na FORCA, consistiu numa escultura performática realizada na Semana da Consciência Negra, junto à Galeria Península, em ação de longa duração, a qual procurou dar ênfase a um território de Porto Alegre onde no passado aconteceram os enforcamentos dos escravos condenados à morte. Agora, A’corda, a final, retoma a discussão com o intuito de provocar a pensar as amarras institucionais em torno das atuais indigências da arte e da cultura, assim como chamar a atenção para as urgências sociais vividas no presente momento. A ação ocorrerá no Parque Moinhos de Vento, domingo, dia 11 de junho, 15h, junto ao Monumento a Castelo Branco, a fim de destacar os efeitos que governos impingem aos corpos da população. Paola Zordan
A’ACORDA
Foto: Divulgação
Data: 11 de junho, domingo Horário: 15h Local: Parque Moinhos de Vento, junto ao monumento a Castelo Branco
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A rte s v i s ua i s
T err i t ó r i o Ilh o ta : E m B u s ca D o D i re i t o À C i dade
Território Ilhota: em busca do direito à cidade trata-se de uma exposição e seminário a respeito da história do Território Ilhota e da atual constituição oriunda deste local em Porto Alegre. O evento tem origem em uma parceria de trabalho entre moradores da Vila Renascença I, localizada no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, e o grupo Poéticas da Participação, do Instituto de Artes, da UFGRS. Desde 2015, os dois parceiros vem desenvolvendo oficinas, encontros e pesquisas com o objetivo de avivar a memória do Território Ilhota, antiga área da cidade, formada principalmente por população afrodescendente. Nos anos 70, o Território Ilhota, sob um processo de gentrificação, foi dissolvido e seus moradores removidos para a atual Vila Restinga. Na época algumas famílias resistiram ao desalojo e retornaram ao seu local de origem, constituindo vilas, algumas das quais são atualmente reconhecidas como quilombos urbanos. A exposição no CCEV, com o intuito de tornar presente a memória relativa à formação, vida cotidiana e histórico de lutas pela preservação da moradia e da organização comunitária dos descendentes do Território Ilhota, apresentará vídeos, fotografias, arquivos e produções contemporâneas sobre o tema. O seminário visa discutir com a comunidade porto-alegrense esta história esquecida pela cidade e contará com participação de moradores descendentes do Território Ilhota.
TERRITÓRIO ILHOTA: EM BUSCA DO DIREITO À CIDADE Data: 4 a 29 de julho de 2017-05-22 Horário: terça a sexta, das 10hs às 19hs sábados das 11hs às 18hs Local: Centro Cultural Érico Veríssimo R. dos Andradas, 1223
Claudia Zanatta Coordenadora do Projeto
Foto: Divulgação
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Mostra Resistência a LGBTTfobia 2 de junho | sexta-feira | 16h e 19h 5 de junho | segunda-feira | 16h e 19h
Nêga Lú
Dzi Croquettes
(Brasil, 2015, 15 min) Dir. Ana Mendes e Natália Bandeira “Nêga Lú” é um curta documental sobre uma personagem transgressora que impactou o universo gay de Porto Alegre, uma artista que circulou por vários mundos e deixou sua marca em todos eles. São 15 minutos de memórias que ficaram gravadas nas pessoas que conheceram essa grande celebridade popular, sua vida e seu show. Tendo falecido aos 55 anos, em 2005, Luis Airton, mais conhecido como Nêga Lú, surpreendia por saber falar francês e dançar balé clássico. Dona de uma voz grave, que contrastava com seus trejeitos femininos, chegou a cantar no coral da OSPA e da UFRGS, além de ser a rainha da bateria da Banda da Saldanha. Foi uma revolucionária nas suas atitudes libertárias, marcando presença em manifestações pela livre expressão da sexualidade, nos debates, momentos culturais e importantes locais da cidade, como a famosa Esquina Maldita.
(Brasil, 2009, 110 min) Dir. Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Com depoimentos de Gilberto Gil, Nelson Motta, Pedro Cardoso, Miguel Falabella, Ney Matogrosso, Marília Pera, Cláudia Raia, Liza Minnelli, entre outros, o documentário “Dzi Croquettes” resgata a trajetória dos atores/bailarinos que se tornaram símbolos da contracultura ao confrontar a ditadura usando a ironia e a inteligência. Os espetáculos revolucionaram os palcos com performances de homens com barba cultivada e pernas cabeludas, que contrastavam com sapatos de salto alto e roupas femininas. O grupo se tornou um enorme mito na cena teatral brasileira e parisiense nos anos 70. Mais de 45 depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris contam a trajetória desse grupo em uma trajetória fascinante recheada de sucessos, fracassos, assassinatos, grandes voltas por cima e a recuperação de uma parte da nossa história que não deveria jamais ser esquecida. Foto: Divulgação
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Mostra Estadual SESC de Cinema
Mostra Estadual Sesc de Cinema é resultado do edital nacional lançado pela instituição para seleção de filmes nas modalidades curta e longa metragem. O projeto tem o intuito de contribuir na difusão da produção cinematográfica brasileira e incentivar a linguagem audiovisual. Desta maneira, possibilita reconhecimento, visibilidade e janelas de exibição às produções, que muitas vezes não são contempladas nos circuitos de exibição alternativo e comercial. A programação inclui 19 filmes gaúchos, sendo 02 longas e 17 curtas metragens, no formato de cinco sessões. A seleção é composta por filmes de animação, ficção e documentários, dentre as temáticas abordadas, estão: arte e seus processos, sistema carcerário, prostituição, trabalho doméstico, ditadura, memórias, entre outros. Além das exibições, será realizado bate-papo com alguns diretores a fim de explanarem sobre o filme, a produção, seu processo criativo e discussões que suscitam a obra. Participaram da curadoria Marco Fialho (Assessor em Cinema do Sesc Nacional), Anderson Mueller (Coordenador de Audiovisual do Sesc/RS), Gustavo Spolidoro (Cineasta) e Tânia Cardoso (Coordenadora e curadora da Sala Redenção - Cinema Universitário).
A Mostra Estadual Sesc de Cinema é uma realização do Sesc/RS e conta com a parceria da Sala Redenção – Cinema Universitário.
Mostra Estadual SESC de Cinema Data: de 05 a 09 de junho Local: 05 de junho - Teatro Sesc (Av. Alberto Bins, 665) 06 a 09 de junho - Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS (Rua Luis Englert, s/n., Campus Central UFRGS) Ingressos: Entrada Franca
Anderson Mueller Coordenador de Música e Audiovisual do SESC-RS
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Junho Mostra Estadual SESC de Cinema
6 de junho | terça-feira | 19h 7 de junho | quarta-feira | 16h
7 de junho | quarta-feira | 19h 8 de junho | quinta-feira | 16h
5 de junho | segunda-feira | 20h 6 de junho | Terça-feira | 16h
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O CAÇADOR DE ÁRVORES GIGANTES
(Brasil, 2016, 9 min.) Dir. Anttonio Pereira Um menino brincando no quintal de sua casa descobre uma arca enterrada revelando um segredo, a mais de quinhentos anos homens vendiam as maiores árvores da terra para os reis dos céus, um dia tudo isso parou e nunca mais se ouviu falar dos caçadores de árvores, tudo o que restou foi um mapa. O menino então com ajuda de seu amigo Bicho-do-mato vai a caça das Árvores Gigantes, que acreditam estarem presas no céu. +
EM 97 ERA ASSIM (Brasil, 2016, 90 min.) Dir. Zeca Brito No ano de 1997, quatro amigos iniciam um tempo de descobertas. Eles vivem o auge da adolescência e seus hormônios começam a falar mais alto. Juntos, os amigos Renato, Moreira, Alemão e Pilha, se deparam com as primeiras dúvidas e anseios da juventude. Após a sessão do dia 05 de junho, bate-papo com Zeca Brito, diretor de Em 97 era assim.
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A RUA DAS CASAS SURDAS
RUBY
(Brasil, 2015, 8 min.) Dir. Gabriel Mayer e Flávio Costa Em uma vizinhança silenciosa, durante a ditadura dos anos 70, Carlos e Ernesto acompanham um jogo de futebol pelo rádio, até que resolvem aproveitar o intervalo do primeiro tempo para voltar ao trabalho.
(Brasil, 2015, 17 min.) Dir. Luciano Scherer, Guilherme Soster, Jorge Loureiro Ruby é um artista “outsider” que vive sozinho em uma casa próxima à praia. +
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LIPE, VOVÔ E O MONSTRO Foto: Divulgação
CENTRAL (Brasil, 2016, 86 min.) Dir. Tatiana Sager / Co-Dir. Renato Dornelles Notícia constante nas mídias nacional e internacional, o Presídio Central de Porto Alegre é o tema do documentário. Representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público e pesquisadores analisam a situação crítica da prisão, considerada a pior do país pela CPI do Sistema Carcerário em 2008. Policiais militares, familiares e presos, falam sobre os graves problemas sobre o cotidiano da cadeia. Após a sessão das 19h, debate com Tatiana Sager e Renato Dornelles, diretores de Central.
(Brasil, 2016, 8 min.) Dir. Felippe Steffens e Carlos Mateus Um menino vai passar o final de semana no sítio dos avós. Durante uma pescaria, ele conhece um segredo de seu avô, e acaba fazendo uma nova e inusitada amizade. Este filme foi realizado em conjunto com os alunos do 2º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vereador Antônio Giudice, em Porto Alegre. +
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8 de junho | quinta-feira | 19h 9 de junho | sexta-feira | 16h
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“N”. DE VANESSA (Brasil, 2015, 14 min.) Dir. Maria Carmencita Job O curta-metragem mostra os rituais da garota de programa Nicole, de 19 anos, numa linguagem orgânica e naturalística. em seu ambiente de trabalho, inaugurando um outro ponto de vista da prostituição.
O CORPO
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(Brasil, 2015, 16 min.) Dir. Lucas Cassales Um menino encontra um corpo na mata. Todos os olhares se voltam para o corpo. +
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LUNA 13 (Brasil, 2016, 17 min.) Dir. Filipe Barros Após a morte do seu avô, o jovem Igor decide fazer um documentário sobre sua família, na tentativa de entender por que o avô era obcecado por fatos estranhos que haviam acontecido em sua cidade. +
HORAS Foto: Divulgação
DAS URHAUS – A CASA PRIMORDIAL (Brasil, 2015, 15 min.) Dir. Hopi Chapman e Karine Emerich O curta-metragem mostra o cotidiano da artista plástica Karin em sua casa-ateliê, em Porto Alegre, junto com sua mãe Hilda, de 95 anos de idade. É uma casa que se move em outro tempo, interno e privado, em contraponto com a urbanidade tensa do cenário externo e público. Após a sessão das 19h, debate com Maria Carmencita Job, diretora de N. de Vanessa, Felippe Steffens, diretor de Lipe, vovô e o monstro e com Luciano Scherer, diretor de Ruby.
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(Brasil, 2016, 15 min.) Dir. Boca Migotto João espera por um cliente enquanto aprende a ocupar seu tempo.
ÁGUA (Brasil, 2014, 14 min.) Dir. Giulia Góes Lucas passa os dias em seu apartamento, tentando lidar com uma situação de luto.
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OBJETOS
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Após a sessão das 19h, debate com Boca Migotto, diretor de Horas, Germano de Oliveira, diretor de Objetos e com Giulia Goes, diretora de Água.
(Brasil, 2015, 16 min.) Dir. Germano de Oliveira Entre os objetos de um antigo apartamento, um casal observa algumas memórias. Enquanto Miguel tenta iniciar uma conversa importante, Lorena faz um colar de contas.
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9 de junho | sexta-feira | 19h
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PISKA
ÀS MARGENS
DIÁRIOS DALTÔNICOS
(Brasil, 2016, 16 min.) Dir. Boca Migotto Elson Tieppo é um artista desconhecido que mora em uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Isolado, vive às margens de uma sociedade que não reconhece sua arte.
(Brasil, 2014, 17 min.) Dir. Patrícia Monegatto O documentário “Diários Daltônicos” retrata cinco personagens que descrevem - como num diário - seus olhares daltônicos de um mundo colorido. +
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(Brasil, 2016, 19 min.) Dir. Nelson Brauwers e Andruz Vianna O curta metragem conta a história do cantor Dorli Benedito Falsete, mais conhecido como Piska que viveu o sucesso e a boemia nos anos 70 e 80 e hoje, no ocaso da sua carreira vive a necessidade de continuar cantando. Após a sessão, debate com Felipe Diniz, diretor de Domésticas, Neli Mombelli, diretora de Frequências do interior e com Nelson Brauwers, diretor de Piska.
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DOMÉSTICAS (Brasil, 2016, 15 min.) Dir. Felipe Diniz Marilisa acorda muito cedo, arruma o café, deixa os filhos ainda dormindo e sai para trabalhar. Djanira, há 54 anos, arruma, limpa, lava e cozinha numa casa que não é a dela. Creusa, desde criança, trabalha para sustentar a casa. Sentindo a injustiça do tratamento dado às empregadas doméstica, passa a brigar pelos seus direitos. Domésticas conta a história destas três mulheres. Três histórias particulares e ao mesmo tempo tão comum ao cotidiano de 8 milhões de trabalhadoras do Brasil. +
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FREQUÊNCIAS DO INTERIOR (Brasil, 2015, 25 min.) Dir. Neli Mombelli As ondas do rádio que se propagam no interior do Norte gaúcho levam informação, música, companhia e também a esperança de encontrar o amor da vida. Sintonizados no mesmo dial aos sábados à tarde, os ouvintes buscam corações que batem na mesma frequência. +
MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO RIO DE JANEIRO, SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA DO RIO DE JANEIRO APRESENTAM
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12—20 JUN SALA REDENÇÃO CINEMA UNIVERSITÁRIO
/VARILUXCINEFRANCES
REALIZAÇÃO
APOIO INSTITUCIONAL
COPATROCÍNIO
PATROCÍNIO
VARILUXCINEFRANCES
VARILUX É UMA MARCA REGISTRADA DA ESSILOR INTERNATIONAL.
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Festival Varilux De Cinema Francês O Festival Varilux de Cinema Francês segue em pleno crescimento e registra um recorde do evento no Brasil. A edição de 2017 chega a mais de 55 cidades, distribuídas em 21 estados e Distrito Federal. A programação deste ano é composta por produções inéditas nos cinemas brasileiros, incluindo um documentário e um clássico. Os maiores astros do cinema francês estarão presentes na seleção: o público poderá conferir os mais recentes trabalhos de Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Juliette Binoche, Marion Cotillard, Guillaume Canet e Cécile de France. Como na edição de 2016, a Sala Redenção – Cinema Universitário exibe as sessões de democratização gratuitas. O Festival oferece ao público novas atividades paralelas este ano, com a organização de debates nas sessões democráticas, em parceria com as Alianças Francesas de Porto Alegre. Na Sala Redenção exibiremos Amanhã, com direção de Cyril Dion e Mélanie Laurent, para refletir sobre temas ambientais. Sucesso na França, o filme já foi visto por mais de 1 milhão de pessoas e premiado com o César de melhor documentário em 2016. Para realizar a obra, a dupla de diretores viajou por vários países para retratar pioneiros que reinventam agricultura, energia, economia, democracia e educação. Conheceram iniciativas positivas e concretas já funcionamento e que sinalizam como pode se tornar o mundo no futuro. Sucesso de público em 2016, quando levou 156 mil pessoas aos cinemas, o festival repete o formato do ano passado com duas semanas de exibição. Produzido pela Bonfilm, o evento tem patrocínio principal da Varilux/Essilor, Ministério da Cultura através da Lei
Federal de Incentivo à Cultura e Secretaria de Estado de Cultura, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro. Na Sala Redenção a parceria é com a Aliança Francesa de Porto Alegre e acontecerá nos dias 12, 13, 14, 1619 e 20 de junho. Na programação, os mais recentes filmes de Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Juliette Binoche, Marion Cotillard entre outros. Um dos destaques é Frantz, o mais recente filme de François Ozon, uma surpreendente adaptação do filme de Ernest Lubitsch de 1932, com o novo astro do cinema francês Pierre Niney. E uma sessão muito especial para comemorar os 30 anos da Sala Redenção: seguindo a tradição de exibir um clássico do cinema francês, o Festival Varilux traz a reconhecida comédia-musical Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort, 1967), de Agnès Varda e Jacques Demy, no ano que o longa completa 50 anos. Com Catherine Deneuve, ele foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora. Tânia de Cardoso Cardoso Coordenadora e Curadora da Sala Redenção – Cinema Redenção
Festival Varilux De Cinema Francês Data: de 12 a 20 de junho Local: Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS (Rua Luis Englert, s/n., Campus Central UFRGS) Ingressos: Entrada Franca
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Junho Festival Varilux de Cinema Francês 2017
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O Reencontro 12 de junho | segunda-feira | 16h (Sage Femme, França, 2017, 117 min) Dir. Martin Provost Claire exerce a profissão de parteira com muita paixão. Mas preocupada com sua maternidade, vê sua vida virada de cabeça para baixo pelo retorno de Beatrice, a extravagante ex-mulher de seu falecido pai.
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Frantz
Duas Garotas Românticas
13 de junho | terça-feira | 16h (Frantz, França, 2017, 113 min) Dir. François Ozon Em uma pequena cidade alemã após a Primeira Guerra Mundial, Anna visita diariamente o túmulo de seu noivo Frantz, morto em batalha na França. Um dia, um jovem francês, Adrien, também deixa flores no túmulo. A presença dele logo após a derrota alemã inicia paixões.
14 de junho | quarta-feira | 19h (Les demoiselles de Rochefort, França, 1967, 124 min) Dir. Jacques Demy, Agnès Varda Delphine e Solange são duas irmãs de 25 anos que vivem em Rochefort, na França. Delphine é professora de dança, enquanto Solange ensina piano. Ambas sonham em encontrar um grande amor, assim como os rapazes que chegam à cidade e passam a frequentar o bar da família.
Na Vertical 12 de junho | segunda-feira | 19h 14 de junho | quarta-feira | 16h (Rester vertical, França, 2016, 100 min) Dir. Alain Guiraudie Leo está à procura de um lobo. Durante uma caminhada no sul da França conhece Marie, uma pastora de espírito livre e dinâmico. Nove meses depois, nasce o filho dos dois. Sofrendo de depressão pós-parto e sem fé em Leo, que vai e vem sem aviso, Marie os abandona. Leo encontra-se sozinho, com um bebê para cuidar. Através de uma série de encontros inesperados e incomuns, o filme apresenta várias camadas subjetivas que nos apresentam a natureza, o sexo, o onírico, a velhice, a morte, a complexidade da vida. Leo vai fazer o que for preciso para se manter de pé.
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Amanhã 13 de junho | terça-feira | 19h 19 de junho | segunda-feira | 16h (Demain, França, 2015, 118 min) Dir. Cyril Dion, Mélanie Laurent Com a situação ambiental exigindo cada vez mais medidas drásticas, esse documentário ecológico decide abandonar um pouco a crise e focar em seres humanos comuns que estão desenvolvendo projetos e soluções para transformar o mundo em um lugar melhor para se viver.
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Tour de France 16 de junho | sexta-feira | 16h (Tour de France, 2016, 94 min) Dir. Rachid Djaïdani Far’Hook é um jovem rapper de 20 anos. Após um acerto de contas, ele é obrigado a sair de Paris por algum tempo. Seu produtor, Bilal, propõe a ele que o substitua e acompanhe seu pai Serge numa volta pelos portos da França, seguindo os passos do pintor Joseph Vernet. Apesar do choque de gerações e culturas, uma amizade improvável surgirá entre o rapper promissor e esse pedreiro do norte da França durante um périplo que os levará a Marselha para um show final, o da reconciliação.
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Tal mãe, tal filha
O Filho Uruguaio 16 de junho | sexta-feira | 19h (Une vie ailleurs, França, 2017, 96 min) Dir. Olivier Peyon É no Uruguai que Sylvie finalmente encontra a pista sobre o paradeiro de seu filho, sequestrado há quatro anos pelo ex marido. Com a ajuda preciosa de Mehdi, ela vai recuperá-lo, mas ao chegar lá, nada acontece como previsto: a criança, criada por sua avó e sua tia, parece feliz e radiante. Sylvie percebe que Felipe cresceu sem ela e que agora sua vida é em outro lugar.
20 de junho | terça-feira | 16h (Telle mére, telle fille, França, 2017, 94 min) Dir. Noèmie Saglio Inseparáveis, Avril e sua mãe Mado não podiam ser mais diferentes. Avril, 30 anos, casada, assalariada e organizada, ao contrário da mãe, eterna adolescente despreocupada e louca, que vive sustentada pela filha desde o divórcio. Mas quando as duas mulheres se veem grávidas ao mesmo tempo e sob o mesmo teto, o choque entre as duas é inevitável. Pois se Mado, em plena crise juvenil não está pronta para ser avó, Avril tem muita dificuldade em imaginar sua mãe... uma mãe!
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Coração e Alma
19 de junho | segunda-feira | 19h (Reparér les vivants, França, 2016, 100 min) Dir. Katell Quillévéré Tudo começa ao amanhecer; três jovens surfistas em um mar furioso. Poucas horas depois, a caminho de casa, ocorre um acidente. Agora totalmente ligado às máquinas em um hospital em Le Havre, a vida de Simon está por um fio. Enquanto isso, em Paris, uma mulher aguarda o transplante de órgão que lhe dará uma nova chance de vida.
A Vida de uma Mulher 20 de junho | terça-feira | 19h (Une vie, França, 2017, 119 min) Dir. Stéphane Brizé Jeanne volta para casa após completar os estudos e passa a ajudar os zelosos pais nas tarefas do campo. Certo dia o visconde Julien de Lamare aparece nas redondezas e logo conquista o coração da jovem, que, encantada, com ele se casa e vai morar. Conforme o tempo avança Julien se mostra infiel, avarento e nada companheiro, o que vai minando a alegria de viver da antes esperançosa Jeanne.
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Tela Indígena A Mostra Tela Indígena propõe divulgar filmes feitos por indígenas ou que tratam desta temática. Nossa intenção é divulgar a pluralidade das culturas indígenas, essa multidão de 246 povos no Brasil, que fala mais de 150 línguas. São diferentes maneiras de ver o mundo - e de ser visto por ele. Nossa “Tela Indígena” é uma tela para este outro universo, que muitas vezes passa despercebido do cotidiano do resto dos brasileiros. O audiovisual aqui está transformado em uma ferramenta de diálogo entre essas experiências de vida, uma ponte entre espectador e os outros modos de perceber o mundo que esses povos têm. Propomos, além disso, continuar esse diálogo com os espectadores de forma ainda mais próxima: a Mostra traz convidados indígenas, antropólogos,
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diretores dos filmes e especialistas, que ajudam o espectador a compreender melhor esse outro universo cultural. A Mostra Tela Indígena é fruto de uma parceria entre o NIT (Núcleo de Antropologia de Sociedades Indígenas e Tradicionais), que faz parte do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da UFRGS, e a Sala Redenção – Cinema Universitário. Na programação, contamos com filmes da atualidade sobre a questão indígena, tanto produzidos por diretores indígenas como em parceria com estes. Escolhemos transitar entre várias experiências de ser indígena. Ressaltamos, por fim, que a Mostra Tela Indígena é uma proposta de diálogo. Diálogo intercultural, diálogo visual. Diálogo entre modos de ver.
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Mostra Tela Indígena JUNHO 21 de junho | quarta-feira | 19h
JULHO 19 de julho | quarta-feira | 19h
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Para onde foram as andorinhas?
ETE LONDRES – LONDRES COMO UMA ALDEIA
(Brasil, 2016, 21 min.) Dir. Mari Corrêa
(Brasil, 2016, 30 min.) Dir. Takumã Kuikuro
O clima está mudando, o calor aumentando. Os índios do Xingu observam os sinais que estão por toda parte. Árvores não florescem mais, o fogo se alastra queimando a floresta, cigarras não cantam mais anunciando a chuva porque o calor cozinhou seus ovos. Os frutos da roça estão se estragando antes de crescer. Ao olhar os efeitos devastadores dessas mudanças, eles se perguntam como será o futuro de seus netos.
Ete Londres segue a viagem feita pelo cineasta Indígena Takumã Kuikuro ao coração de uma das cidades mais movimentadas do mundo: Londres. Deixando por um mês sua família e povo no Parque Indígena do Xingu, no Brasil central, Takumã desembarca na Europa com uma câmera nas mãos, a paixão pelo registro visual e o desejo de explorar as similaridades e diferenças entre sua cultura e a dos Hiper-brancos, termo usado pelos Kuikuro para designar os não brasileiros. Um documentário bem humorado e antropológico sobre a sociedade ocidental e suas muitas tribos escondidas sob os arranha-céus.
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Belo Monte: depois da inundação (Brasil, 2016, 52 min.) Dir. Todd Southgate Documentário que relata a situação atual na cidade de Altamira, região em torno da Amazônia. A construção de Belo Monte está completa, e seu reservatório inundado. A primeira turbina da barragem foi testada no início de 2016. Agora vemos as consequências da inundação.
Ãgtux
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(Brasil, 2005, 22 min.) Dir. Tânia Anaya Os Maxakali vivem no Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Donos de um notável refinamento plástico e sonoro revelados em desenhos, pinturas, roupas, cantos, poemas, os Maxakali, como a maior parte dos povos indígenas do Brasil, vivem sob uma sombra de miséria, vastamente divulgada pelos jornais e tevês. O filme busca o que falta nas notícias: a riqueza de seus grafismos, de sua língua, de sua vida cotidiana. Ãgtux significa “contar histórias”.
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Você Tem Fome De Quê? Este ciclo de cine-debates homenageia os 10 anos do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana de São Paulo, pioneiro na discussão do tema da Publicidade dirigida à Criança, que em 2016, completou 10 anos de lutas e que originou um livro, Criança e Consumo, 10 anos de transformação, que será lançado no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS, neste sábado, dia 24 de junho, à tarde, durante o VI Seminário Universidade e Escolas. A partir do projeto do Alana, esse tema passou a ser amplamente discutido. A UFRGS passou a ser parceira, organizando, através do Núcleo Interdisciplinar de Prevenção de Doenças Crônicas na Infância da Prorext, vários eventos para discussão do tema Criança e Consumo, a partir de 2009. Um projeto de lei, o PL 5921, que cria regras claras para a publicidade dirigida ao público até 12 anos de idade, tramita desde 2001 na Câmara de Depiutados, sem que consiga ser votada. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) publicou uma resolução, em março de 2014, dispondo sobre a abusividade do direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança e ao adolescente, que foi imediatamente contestada pelo Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária (CONAR) e outras entidades ligadas a empresas, que sempre dirigiram publicidade predatória às crianças, que
são incapazes de separar publicidade de informação confiável. O ciclo inicia com o documentário Criança, a alma do Negócio, de 2008, produzido pelo Maria Farinha Filmes (Marcos Nisti é produtor do Maria Farinha Filmes, vice-presidente e CEO do Instituto Alana) e dirigido por Estela Renner. Este é o primeiro projeto audiovisual sobre o tema criança e consumo e publicidade. Ele foi exibido e ainda é, em todo Brasil, motivando discussões sobre o tema, tal como ocorre hoje aqui. Aborda os vários aspectos do consumismo na infância: erotização precoce, adultização, violência, stress familiar, obesidade infantil, diminuição das brincadeiras, consumo precoce de álcool e tabaco. O documentário Muito Além do Peso é do final de 2012. Também foi produzido pelo Maria Farinha Filmes e dirigido por Estela Renner. Apresenta vários relatos sobre os impactos da publicidade em crianças com vários graus de obesidade. O filme teve muita repercussão. À semelhança do filme anterior, foi e continua sendo exibido em diferentes locais do Brasil, em escolas, em sua forma completa ou em fragmentos, originando debates com pais, professores e diferentes especialistas.
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Os dois documentários causaram e continuam causando grande impacto na discussão sobre o tema do consumismo na infância e da influência da propaganda dirigida às crianças no problema da obesidade infantil. Os dois filmes são referência internacional em consumismo infantil. Muito mais do que qualquer exposição, a visão das imagens deixa, tanto adultos como crianças, muito impressionadas com o que veem. Os dois filmes não perdem a atualidade com o passar dos anos. Teremos como debatedoras dos filmes do Instituto Alana, as advogadas Isabella Henriques e Ekaterine Krageorgiadis. É um privilégio contar com essas debatedoras: Isabella é a coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, desde o seu início e Ekaterine é a coordenadora da área jurídica, desde 2011. Ambas virão de São Paulo para este ciclo de debates comemorativo. E as duas vivem o
projeto Criança e Consumo 24h por dia. Vocês terão a oportunidade de sentir isso. Enquanto esses dois filmes são de denúncia, o terceiro filme, Apart Horta, de 2015, do Plano Astral Filmes, com direção de Cecília Engels, já participou de vários festivais e mostras de cinema nacionais e internacionais e diferentemente dos outros dois, que são de denúncia, este traz uma proposta. O filme fala de alimentação saudável e propõe uma solução inesperada. É um filme alegre, que nos enche de esperança nesses dias de tanta desesperança. E teremos a presença de sua diretora, Cecília Engels, que virá, também, de São Paulo, para as sessões de debates, nos dias 22 e 23. Noemia Perli Goldraich Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Prevenção de Doeças Crônicas na Infância
Junho Mostra Você Tem Fome De Quê? Muito além do peso
Criança – A alma do negócio
Apart horta
21 junho | quarta-feira | 16h (Brasil, 2012, 84 min) Dir. Estela Renner
22 de junho | quinta-feira | 16h
22 de junho | quinta-feira | 19h 23 de junho | sexta-feira | 16h (Brasil, 2015, 55 min) Dir. Cecilia Engels
O documentário Muito Além do Peso foi lançado em novembro de 2012, em um contexto de amplo debate sobre a qualidade da alimentação das nossas crianças e os efeitos da comunicação mercadológica de alimentos dirigida a elas. O filme é fruto de uma longa trajetória na sensibilização e mobilização da sociedade sobre os problemas decorrentes do consumismo na infância. Após a sessão, debate com Cintia Santos Costa, nutricionista da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre.
23 de junho | sexta-feira | 19h (Brasil, 2008, 49 min) Dir. Estela Renner Uma crítica ao consumismo exacerbado na infância, impulsionado pela publicidade sem limites, ética ou regulamentação. Um convite aos pais e educadores para refletir sobre seus papeis nesta sociedade de consumo e como podem colaborar para mudar o cenário. Após a sessão do dia 22, debate com Isabela Heriques, advogada, diretora de advocacy do Instituto Alana. Após a sessão do dia 23, debate com Ekaterine Karageorgiadis (instituto Alana) e Tânia Ramos Fortuna (UFRGS).
A baiana Nazaré vai a São Paulo pela primeira vez para visitar seu irmão Natanael, que vive na cidade há oito anos. Natanel tem um estilo de vida voltado ao trabalho, já Nazaré vive uma relação saudável com as pessoas, a natureza e a alimentação. Aos poucos, trazendo seu axé e cultivando alimentos no apartamento, Nazaré germina a transformação na vida de Natanel e no prédio em que ele vive. Após a sessão, debate com Cecília Engels, diretora do filme, e Ingrid de Barros, Professora Titular da Faculdade de Agronomia UFRGS.
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Questões de Espaço: releituras do Real Entre os dias 26 de junho e 01 de julho acontece na Sala Redenção a mostra Questões de Espaço: Releituras do Real, produzida pela Tokyo Filmes. A programação da mostra prevê uma seleção de filmes contemporâneos que habitam uma zona entre o experimento, o documento etnográfico e a ficção, a fim de propor novos olhares sobre territórios, demarcados ou não, nos quais habitam ou transitam indivíduos e grupos. O conjunto de filmes trabalha também com aquilo que compõe tais lugares como territórios, tanto física, quanto simbolicamente – das rochas às memórias. A opção por discutir o “espaço” surge da percepção de que esse tema, cujos desdobramentos são diversos, perpassa questões contemporâneas cruciais. O espaço como uma medida infinita, de presença constante, índice da globalização, é posto em questão sob a luz de uma força cada vez mais renovada do local, da medida restrita onde ocorrem fatos, vidas, mortes, em todas as suas multiplicidades de esferas. As ações e as relações, sejam elas humanas ou não-humanas, desdobram-se em um espaço/tempo, tornado espaço-memória, ligado a uma condição geográfica específica, da qual não só é definidor, mas pela qual é também definido. Assim, entram em pauta as identidades e as memórias coletivas engendradas na geografia; os olhares sobre as migrações (forçadas ou voluntárias) e sobre o movimento das pessoas em um planeta que cada vez mais parece ser unificado e transitável, mas cujas manifestações de elementos naturais trazem à tona a fragilidade do humano; o questionamento sobre a vigência de fronteiras (entre países, entre pessoas e a natureza); e, finalmente, uma renovada atenção
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dada a realidades específicas, até então escondidas do escrutínio público. Ao mesmo tempo, o cinema, como campo de experimento narrativo, também é atravessado por discussões acerca do espaço. O cinema híbrido (que combina o documentário clássico com instâncias de criação autoral) não só serve de testemunha documental, mas é também território de abordagens originais, onde novas maneiras de contar histórias são propostas e cujas as margens e as fronteiras são permanentemente postas em questão. A forma fílmica como instância que explora as impressões (de lugar) criadas pelo registro do espaço físico propriamente dito – bem como através da luz, do som, da narrativa – é bastante presente na seleção dos filmes da mostra. El Mar La Mar (EUA/2017), de Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki, que estreou na 67ª Berlinale (seção Forum), onde recebeu o prêmio Caligari, parte de imagens da paisagem do deserto de Sonora, na divisa entre o México e os Estados Unidos, e as compõe com relatos dos habitantes daquela região. Escutamos vozes que contam, em off-screen, histórias sobre os imigrantes mexicanos ilegais que se arriscam a atravessar esse perigoso território, na esperança de uma vida melhor em solo americano. Embora sejam os protagonistas do filme, esses imigrantes não passam de ausências na paisagem – eles não são vistos, nem são ouvidos, só podemos acessar seus rastros. Através da experimentação com a forma, a câmera se transforma em um meio de registrar a falta desses imigrantes, que, obscuros, movimentam-se por espaços desconstruí-
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dos – já não mais o espaço genérico de um ou outro país, mas o sítio onde corpos se tornam menos que corpos, em uma “espectro-geografia” do presente. Esse território estranho que se instaura onde o domínio do real (e da civilização) já não pode alcançar é explorado também em Eldorado XXI (Portugal/França/2016), da realizadora Salomé Lamas, que estreou na 66ª Berlinale (seção Forum). Nesse primeiro longa-metragem de Lamas, somos introduzidos à difícil existência de homens e mulheres que vão para a comunidade de La Rinconada y Cerro Lunar, localizada em uma elevadíssima altitude nos Andes Peruanos, movidos pela esperança de um dia encontrar ouro na mina que ali existe. O cenário pós-apocalíptico da comunidade mineradora é construído em paralelo à apresentação das pessoas que ali habitam. Assim, através de movimentos que se entrecortam e se somam, o espectador pode estabelecer mentalmente o edifício de ideias que o filme se propõe a entregar. Uma proposta similar é a de Dead Slow Ahead (Espanha/França/2015), de Mauro Herce, que estreou no 68º Festival de Locarno, onde recebeu o Prêmio Especial do Júri. Porém, se em Eldorado XXI o objeto de estudo é a comunidade que se criou ao redor da mina e aqueles que para ela migram, em Dead Slow Ahead se concentra no dia-a-dia de trabalho em um navio cargueiro, que atravessa o oceano, carregando máquinas e pessoas. Somos introduzidos, de uma forma particular, que privilegia a estranheza do ambiente, a esse espaço em trânsito permanente, que, ao mesmo tempo, é a casa e a fábrica de um grupo de trabalhadores.
Entre os curtas-metragens, o trabalho experimental realizado em Um Campo de Aviação (Portugal/EUA/ Brasil/2016), de Joana Pimenta, que estreou no TIFF (Festival Internacional de Cinema de Toronto) 2016, suspende a noção de real ao exibir imagens indecifráveis, que beiram o fantástico, mas que são, no entanto, registros de paisagens reais. O filme é uma combinação de recortes curiosos e calculados de espaços e do extremo de acontecimentos climáticos. Liga-se a natureza de Cabo Verde ao projeto modernista de Brasília, percorrendo passados e futuros imaginados. Em um movimento na direção da experimentação extrema, dois filmes entregam a abstração do espaço e de seus componentes. Em As Without So Within (EUA/México/Reino Unido/2016), de Manuela de Laborde, que estreou no TIFF (Festival Internacional de Cinema de Toronto) 2016, porções de matéria se combinam e se mesclam em um espaço restrito, através de recortes ricos em cor e luz e, acima de tudo, barulho. São esculturas minerais indefinidas, que concentram em si um questionamento à produção de sentido e do significado de representação. Já em Meridian Plain (EUA/2018), de Laura Kraning, que estreou no IFFR (Festival Internacional de Rotterdam) 2016, apresenta através de fotografias – algumas de detalhes, outras de paisagens desérticas – um território enigmático, que se compõe pela montagem e que, pouco a pouco, conseguimos compreender, embora ele nunca deixe de escapar ao domínio do inteligível. Marcela Bordin Curadora da Mostra
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Junho
28 de junho | Quarta-feira | 19h 29 de junho | Quinta-feira | 16h
Questões de Espaço: releituras do real 26 de junho | Segunda-feira | 19h 27 de junho | Terça-feira | 16h Foto: Divulgação
DEAD SLOW AHEAD
LAMPEDUSA
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(Itália/França/EUA, 2015, 14min) Dir. Philip Cartelli e Mariangela Ciccarello Ao fim de 1831, uma ilha vulcânica subitamente emerge ao sul da costa da Sicília. Diversos poderes europeus declaram como sua a recém descoberta “terra”, mas seis meses mais tarde, a ilha retrocede, deixando apenas uma saliência rochosa sob as águas do mar. Uma intersecção de visões utópicas e de descrições de possessão, Lampedusa também leva em conta aqueles que hoje atravessam o oceano em busca de uma suposta terra sólida.
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(Espanha/França, 2015, 74 min) Dir. Mauro Herce Um enorme navio cargueiro se movimenta sem rumo nas águas desoladas do Oceano Atlântico. Sob o ranger das máquinas brutais e sob os carregados céus marítimos, a tripulação anônima trabalha para manter o navio em curso. Eles poderiam ser homens perdidos, homens à deriva, ou talvez os últimos vestígios de uma espécie condenada. Após a sessão de abertura, marcela Bordin, curadora da mostra, convesará com o público.
(EUA/México/Reino Unido, 2016, 25 min) Dir. Manuela de Laborde Espaços virtuais criados por um esforço contemplativo. A imagem como um documento exibe falsas esculturas, construídas e pensadas como ferramentas que estabelecem campos visuais. Enquanto a materialidade dos objetos aponta para a materialidade da película, a sua forma leva a pensar na infraestrutura da sala de cinema (a escuridão, o enquadramento, o silêncio).
27 de junho | Terça-feira | 19h 28 de junho | Quarta-feira | 16h
COSTA DA MORTE
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ELDORADO XXI
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(Portugal/França, 2016, 125 min) Dir. Salomé Llamas ELDORADO XXI é uma assombrosa e misteriosa parcela da realidade etnográfica. Filmado na comunidade instalada em maior altitude no mundo, La Rinconada e Cerro Lunar (5500m), nos Andes peruanos; uma ilusão leva os homens à autodestruição, movidos pelos mesmos interesses, usando as mesmas ferramentas e meios na contemporaneidade que nos tempos antigos.
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AS WITHOUT SO WITHIN
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(Espanha, 2013, 83 min) Dir. Lois Patiño A Costa da Morte é uma região da Galícia que, durante o império romano, foi considerada o fim do mundo. Seu nome dramático vem dos muitos naufrágios que ocorreram ao longo da história nesta área rochosa, de nevoeiros e tempestades. Atravessamos essa terra observando as pessoas que a habitam: pescadores, mariscadores, lenhadores... Somos testemunha do trabalho que realizam e que os leva a manter, ao mesmo tempo, uma relação íntima e uma batalha com a imensidão da natureza. O vento, o mar, a pedra, o fogo, são personagens desse filme e, através deles, nos aproximamos do mistério que conforma a paisagem, entendida como unidade junto ao homem, à história e o mito.
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29 de junho | Quinta-feira | 19h 30 de junho | Sexta-feira | 16h
30 de junho | Sexta-feira | 19h 01 de julho | Sábado | 16h
01 de julho | Sábado | 19h
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MERIDIAN PLAIN
MONTAÑAS ARDIENTES QUE VOMITAM FUEGO
(EUA, 2016, 18 min) Dir. Laura Kraning Meridian Plain mapeia uma paisagem distante e enigmática, construída por milhares de imagens de arquivo, forjando visões de um possível futuro transmitido através de um olho mecânico.
(Espanha, 2016, 14 min) Dir. Samuel Delgado e Helena Girón Uma misteriosa viagem às profundezas de um dos maiores túneis vulcânicos da Europa, a fim de escavar uma idiossincrática história de resistência.
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UM CAMPO DE AVIAÇÃO (Portugal/EUA, 2016, 14 min) Dir. Joana Pimenta Um campo de aviação em um subúrbio desconhecido. O lago debaixo da cidade queima as ruas. As montanhas atiram rocha nos jardins. Na cratera de um vulcão, uma cidade modelo é levantada e se dissolve. Duas pessoas encontram-se neste lugar, separadas por cinquenta anos.
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EL MAR LA MAR Foto: Divulgação
A HOUSE IN NINH HOA (Alemanha, 2016, 108 min) Dir. Philip Widmann Ao acompanhar o dia-a-dia em uma casa em Ninh Hoa, a constelação da familiar de seus habitantes se torna visível. Marcada pelo curso da história no século XX, essa constelação conecta o Vietnam, a Alemanha e o mundo espiritual.
(EUA, 2017, 94 min) Dir. Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki
O deserto do Sonora, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, com sua paisagem inóspita, é o cenário que todo o ano recebe milhares de imigrantes mexicanos ilegais. Essas pessoas deixam no local vestígios de sua passagem, mas nunca são vistas ou ouvidas. A sua história só pode ser contada através das impressões que causam.
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METADE HOMEM, METADE FANTASMA (Brasil, 2016, 30 min) Dir. Davi Pretto A vida inteira de um homem não é mais que um ponto no tempo. Os dias de Seu Fabrício, um gaúcho cuja existência é dedicada a cuidar de um punhado de hectares de terra em um canto esquecido do pampa, são sempre iguais. Após a sessão, debate com o realizador Davi Pretto.
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À Queima-Roupa – A Literatura Policial Americana no Cinema Os crimes, e as pessoas que os investigam e combatem, têm sido uma fonte inesgotável de histórias fascinantes. Histórias essas que nos acompanham desde a antiguidade clássica (em peças como Édipo Rei, de Sófocles), passando pela era medieval (contos árabes de mistério) e chegando a tempos mais recentes. No século XIX, as narrativas sobre crimes começaram a ganhar sua forma definitiva nos Estados Unidos da América. Edgar Allan Poe (1809-1849) é geralmente creditado como o inventor do detetive ficcional moderno com Os Crimes da Rua Morgue, de 1841. Poe ainda escreveu histórias de roubos e assassinatos, alguns deles sob o ponto de vista dos criminosos. A Europa também contribuiu com essa gênese: em 1887 surge Sherlock Holmes, criação de Arthur Conan Doyle, detetive mais famoso de todos os tempos. O início do século XX assistiu o nascimento de criminosos literários notáveis como Arsène Lupin (1905), de Maurice Leblanc; e Fu Manchu (1913), concebido por Sax Rohmer. Nas décadas de 1920 e 1930, a Inglaterra presenciou a “Era de Ouro da Literatura Detetivesca”, dominada por autoras como Agatha Christie e Dorothy L. Sayers. No mesmo período, de volta aos EUA, as revistas pulp. Publicações como Black Mask e True Detective
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remodelaram a literatura policial, transformando-a em um dos gêneros mais populares do mundo. É neste momento que se desenvolve a literatura Hardboiled, notória pelo estilo de escrita árido e cínico dos autores de pulps. Dessa escola despontaram nomes como Dashiell Hammett e Raymond Chandler, representados na mostra por Relíquia Macabra (John Huston, 1941) e Um Perigoso Adeus (Robert Altman, 1973). James M. Cain, outro grande expoente do estilo, tem em O Destino Bate à sua Porta (Bob Rafelson, 1981) uma de suas melhores adaptações. Vera Caspary, com Laura (Otto Preminger, 1944), Cornell Woolrich, com A Noiva Estava de Preto (François Truffaut, 1968) e Dorothy B. Hughes, adaptada em No Silêncio da Noite (Nicholas Ray, 1950), completam essa fase. A era dos livros de bolso (paperbacks), nos anos 1950 e 1960, de editoras como Gold Medal e Dell, produziu diversos clássicos. Um dos autores mais radicais e revolucionários de seu tempo, Jim Thompson escreveu o livro que gerou Os Imorais (Stephen Frears, 1990). Chester Himes teve a vida marcada pela tragédia e pelo racismo. Rififi no Harlem (Ossie Davis, 1970) mostra seu trabalho sobre os detetives do bairro negro de Nova York. Representante do lado mais truculento e conservador da literatura policial, Mickey Spillane proporcionou a realização do clássico A Morte num Beijo (Robert Aldrich, 1955).
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Os anos 1960 trouxeram novas visões e abordagens para as narrativas de crime, tanto no conteúdo quanto na forma. Patricia Highsmith deu maior profundidade psicológica ao estilo tendo um vilão como protagonista. O Sol por Testemunha (René Clément, 1960) é exemplo disso. Especialista nos diálogos afiados e cheios de ironia, Elmore Leonard foi levado às telas com perfeição em Jackie Brown (Quentin Tarantino, 1997). Outro mestre na composição de criminosos clássicos foi Richard Stark, e À Queima-Roupa (John Boorman, 1967) bebe de sua obra. Às Margens de um Crime (Bertrand Tavernier, 2009) apresenta as tramas de ambientação sulista escritas por James Lee Burke. Já Os Amigos de Eddie Coyle (Peter Yates, 1973) adapta a obra-prima homônima de George V. Higgins.
Sangrento (Jim Mickle, 2014). Walter Mosley explora os conflitos raciais dos EUA com O Diabo Veste Azul (Carl Franklin, 1995). Chuck Hogan, que arrancou elogios de Stephen King, escreveu o livro que originou Atração Perigosa (Ben Affleck, 2010).
Os últimos 35 anos têm nomes de destaque como James Sallis, autor do excelente Drive (Nicolas Winding Refn, 2011). Filho de um criminoso, Barry Gifford combinou experiências pessoais com uma prosa influenciada pelos beatniks. Coração Selvagem (David Lynch, 1990) é fruto dessa mistura. Dono de uma prosa minimalista, James Ellroy também teve uma vivência sombria. Los Angeles: Cidade Proibida (Curtis Hanson, 1997) é um marco de sua carreira. Autor versátil, o texano Joe Lansdale escreveu em diversos gêneros, do Horror ao Western, revelando-se um grande autor policial em Julho
César Almeida
Desde seu princípio, o cinema bebeu em fontes literárias para encantar os espectadores. Com a Literatura Policial não poderia ser diferente. De Edgar Allan Poe até James Ellroy, mais de um século e meio de boa escrita gerou material para clássicos da tela grande. Mestres de diversas gerações do cinema demonstraram sua paixão em excelentes adaptações. Mesmo fora dos EUA, o poder dessas páginas criminosas se fez sentir.
Curador da mostra
À Queima-Roupa – A Literatura Policial Americana no Cinema Data: de 3 a 31 de julho Local: Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS (Rua Luis Englert, s/n., Campus Central UFRGS) Ingressos: Entrada Franca
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JULHO
O Destino Bate à sua Porta
À Queima-Roupa – A Literatura Policial Americana no Cinema
04 de julho | terça-feira | 19h 05 de julho | quarta-feira | 16h (The Postman Always Rings Twice, EUA, 1981, 122 min)
Dir. Bob Rafelson
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Relíquia Macabra 03 de julho | segunda-feira | 16h 13 de julho | quinta-feira | 16h (The Maltese Falcon, EUA, 1941, 101 min)
Dir. John Huston
A agência de detetives Spade & Archer é contratada por uma mulher misteriosa para trabalhar em um caso aparentemente banal. Porém, Archer é assassinado, fazendo com que Sam Spade se envolva em uma busca por um artefato histórico amaldiçoado. Estreia na direção de John Huston, que já havia trabalhado com Bogart em outra adaptação literária, Seu Último Refúgio (High Sierra, de Raoul Walsh - 1941), mas como roteirista. Embora Bogart não tenha o aspecto físico do Sam Spade descrito no livro, ele se transformou na imagem icônica do detetive. O roteiro, também de Huston, é bastante fiel ao livro de Hammett. Grande sucesso, Relíquia Macabra é um clássico absoluto do gênero.
Um Perigoso Adeus 03 de julho | segunda-feira | 19h 04 de julho | terça-feira | 16h (The Long Goodbye, EUA, 1973, 112 min)
Dir. Robert Altman
Marlowe ajuda um amigo a sair do país. Mais tarde, ele é procurado pela polícia e descobre que o amigo é acusado de assassinato. Porém, o homem comete suicídio no México e o caso é encerrado pela polícia, o que não satisfaz Marlowe. Um caso seguinte, a busca por um escritor excêntrico que desapareceu, mostra ter ligações com o suicídio. Robert Altman leva Philip Marlowe para os anos 1970, na pele do comediante Elliott Gould. O roteiro de Leigh Brackett, que já havia adaptado Chandler quase trinta anos antes, muda vários aspectos da trama e adiciona um tom quase satírico em alguns momentos. A ideia era ressaltar o anacronismo do detetive após a “Era de Ouro” do noir nos anos 1940 e 1950.
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Obra-prima de James M. Cain, a novela “The Postman Always Rings Twice” escandalizou a sociedade americana ao mesmo tempo em que foi um sucesso arrebatador de vendas. Dirigida por Bob Rafaelson, a adaptação de 1981 (a quarta de sete versões cinematográficas) segue o livro fielmente, narrando o romance adúltero, e com toques sadomasoquistas, entre um andarilho e a esposa do proprietário de um restaurante à beira da estrada. Como não poderia deixar de ser, tudo resulta em assassinatos, ódio e paranoia. A combinação de sexo e violência escrita por Cain, mostrada sem amenidades por Rafaelson, algo impensável para as versões anteriores, fizeram a fama desta adaptação. Jessica Lange está muito bem no papel da esposa traiçoeira, mas Nicholson foi um erro de escolha para seu personagem.
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A Noiva Estava de Preto
06 de julho | quinta-feira | 19h 07 de julho | sexta-feira | 16h (La Mariée était en noir, França, Itália, 1968, 107 min) Dir. François Truffaut
Adaptado do romance “The Bride Wore Black”, estreia de Cornell Woolrich na narrativa longa, A Noiva Estava de Preto conta a história de uma mulher em busca de vingança contra os quatro homens responsáveis pela morte de seu noivo no dia do casamento. A presença magnética de Jeanne Moreau é o grande atrativo do filme. Truffaut, em seu segundo trabalho colorido, não ficou satisfeito com o resultado final, que foi um fracasso à época, mas com o tempo ganhou a reputação de clássico.
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Laura 05 de julho | quarta-feira | 19h 06 de julho | quinta-feira | 16h (Laura, EUA, 1944, 88 min) Dir. Otto Preminger
Laura, uma mulher inteligente, independente e linda, é encontrada morta com um tiro que desfigurou seu rosto. Um detetive é encarregado do caso e passa a reconstruir a vida e as relações da jovem. Então, a surpresa: Laura está viva, e agora é suspeita do assassinato da mulher que morreu em seu lugar. Excelente adaptação do (difícil) romance de Caspary, todo narrado em primeira pessoa por diversos personagens. Dana Andrews é o típico detetive durão, ao lado de atuações marcantes de Vincent Price e Clifton Webb. No papel título, Gene Tierney não passa muito da força da personagem literária (que pode ter resultado de um conflito entre Preminger e Caspary sobre a caracterização de Laura), mas está bem em cena.
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No Silêncio da Noite
07 de julho | sexta-feira | 19h 10 de julho | segunda-feira | 16h (In a Lonely Place, EUA, 1950, 94 min)
Dir. Nicholas Ray
Roteirista de Hollywood em declínio, com fama de ter um comportamento violento, torna-se suspeito do assassinato de uma garota. Ele começa um romance com a vizinha misteriosa, que logo passa a desconfiar da inocência dele, cujas atitudes ficam cada vez mais erráticas. Embora amenize e modifique substancialmente a obra de Dorothy B. Hughes, No Silêncio da Noite é um clássico por qualidades próprias, com sua trama que envolve relacionamentos abusivos e mistério policial. Bogart, em seu papel mais vilanesco, está muito bem, mas quem brilha é Gloria Grahame, como a heroína da história.
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Jackie Brown 17 de julho | segunda-feira | 19h 18 de julho | terça-feira | 16h (Jackie Brown, EUA, 1997, 154 min) Dir. Quentin Tarantino
Os Imorais
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10 de julho | segunda-feira | 19h 11 de julho | terça-feira | 16h (The Grifters, EUA, 1990, 110 min) Dir. Stephen Frears
Trapaceiro profissional, filho de uma mulher que trabalha para o crime organizado, sofre uma agressão e quase morre. Ele é socorrido pela mãe, com quem tem problemas e não via há muitos anos. A reaproximação não é fácil, e os conflitos pessoais, agravados por suas vidas criminosas, tomam o rumo da tragédia. Adaptação espetacular do romance de Thompson pelas mãos de outro grande escritor, Donald E. Westlake. O trabalho de Stephen Frears na direção é de alto nível, gerando atuações exemplares do trio de protagonistas (em especial Anjelica Huston). O sucesso de Os Imorais renovou o interesse na obra de Thompson e outras adaptações vieram na sua esteira.
Rififi no Harlem
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11 de julho | terça-feira | 19h 12 de julho | quarta-feira | 16h (Cotton comes to Harlem, EUA, 1970, 97 min) Dir. Ossie Davis
Dirigido com habilidade pelo também ator e ativista Ossie Davis (em sua estreia atrás das câmeras), Rififi no Harlem consegue dosar humor e crítica social dentro de uma história de crime. A obra original de Chester Himes forneceu o principal ingrediente: a caracterização realista da população afro-americana do Harlem, em Nova York, bem distante das idealizações ou estereótipos negativos de Hollywood. Rififi no Harlem foi produzido pela MGM, numa clara evidência de que os tempos estavam mudando, e alcançou sucesso nas bilheterias. O filme já possui vários dos elementos característicos da vindoura Blaxploitation: a trilha sonora de Black Music, o cenário urbano caótico e o destaque para as questões raciais.
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A Morte num Beijo 13 de julho | quinta-feira | 19h 14 de julho | sexta-feira | 16h (Kiss Me Deadly, EUA, 1955, 106 min)
Dir. Robert Aldrich O detetive Mike Hammer encontra por acidente uma mulher que está sendo perseguida por criminosos. Os vilões capturam a dupla e torturam a mulher até a morte. Hammer escapa, e passa a investigar. Logo ele se vê no meio de uma disputa por uma maleta misteriosa, que pode ser ainda mais perigosa que os bandidos atrás dela. Fantástica adaptação para o romance de Spillane dirigida com maestria por Robert Aldrich. Uma dose de espionagem e paranoia nuclear foi adicionada à trama do livro, deixando-a mais original. As cenas de violência e a imoralidade do herói (interpretado à perfeição por Ralph Meeker) provocaram polêmica.
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O Sol por Testemunha 14 de julho | sexta-feira | 19h 17 de julho | segunda-feira | 16h (Plein Soleil, França, Itália, 1960, 118 min ) Dir. René Clément Tom Ripley, um jovem trapaceiro americano, é enviado para a Itália com a missão de levar o milionário Philip Greenleaf de volta para a casa dos pais nos EUA. Encantado com a vida levada por Greenleaf, Ripley começa a cobiçar o lugar dele. Logo, o jovem mata o milionário e tenta assumir sua identidade. Excepcional adaptação da obra de Highsmith, que peca apenas em seus segundos finais (isso em relação ao livro. Analisado como obra individual, o filme é perfeito). Alain Delon está ótimo no papel que o transformou em astro internacional, ainda hoje o melhor Ripley do cinema.
Aeromoça de meia-idade transporta dinheiro ilegal para contrabandista de armas. Após ser presa, ela é obrigada pela polícia a trabalhar contra o contrabandista. Junto com um agente de fianças, ela arma um golpe para escapar da polícia e dos bandidos, levando ainda algum dinheiro consigo. Quentin Tarantino realiza aqui uma das melhores adaptações da obra de Elmore Leonard, utilizando muito bem o humor e a violência típicos do autor. O filme também funciona como uma bela homenagem à Blaxploitation, tendo uma ressuscitada Pam Grier à frente do elenco.
À Queima-Roupa 18 de julho | terça-feira | 19h 19 de julho | quarta-feira | 16h (Point Blank, EUA, 1967, 92 min) Dir. John Boorman
Durante um roubo, assaltante é traído pela esposa e por seu melhor amigo. Deixado para morrer, ele consegue escapar. Recuperado, parte em busca do ex-amigo, que agora pertence a um grande sindicato do crime. Seu objetivo, porém, não é tanto a vingança, mas recuperar a parte que tinha direito no roubo. Clássico absoluto e maior transposição de Parker, criação de Richard Stark, para o cinema, aqui vivido por um Lee Marvin perfeito. Com influência da Nouvelle Vague, a direção de John Boorman tem momentos brilhantes. A narrativa fragmentada, o ritmo que contrasta cenas frenéticas com momentos de silêncio e as imagens quase surreais marcaram época.
Às Margens de um Crime
20 de julho | quinta-feira | 16h 27 de julho | quinta-feira | 16h (In the Electric Mist, EUA, França, 2009, 117 min)
Dir. Bertrand Tavernier
O xerife Dave Robicheaux investiga uma série de assassinatos nos pântanos da Louisiana. Um crime há muito esquecido pode ter ligação com o caso, assim como as filmagens de um épico sobre a Guerra Civil Americana na região. Enquanto isso, Robicheaux tenta equilibrar os problemas de sua vida pessoal. Adaptação morna da obra de James Lee Burke, apesar da competência (e conhecimento de causa) do diretor Bertrand Tavernier. A atuação de Tommy Lee Jones não difere muito de tantos outros policiais veteranos que interpretou nos últimos anos. Produção europeia, não chegou a ser exibido comercialmente nos EUA.
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Julho Sangrento 27 de julho | quinta-feira | 19h 28 de julho | sexta-feira | 16h (Cold in July, EUA, 2014, 109 min) Dir. Jim Mickle
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Os Amigos de Eddie Coyle 20 de julho | quinta-feira | 19h 21 de julho | sexta-feira | 16h (The Friends of Eddie Coyle, EUA, 1973, 102 min) Dir. Peter Yates
O envelhecido Eddie Coyle é um pequeno atravessador de armas no submundo de Boston. Sob o risco de voltar para a cadeia, ele começa a fornecer informações para a polícia, que o pressiona cada vez mais. Porém, o jogo duplo com a lei pode ser ainda mais perigoso do que o mundo do crime. Adaptação fiel e sóbria da obra-prima de George V. Higgins. Totalmente focado nos personagens, assim como o livro, o filme contém atuações excepcionais. Robert Mitchum está perfeito no papel título, e Steven Keats rouba a cena como o contrabandista de armas. Sucesso de crítica, teve desempenho modesto nas bilheterias.
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Drive 21 de julho | sexta-feira | 19h 24 de julho | segunda-feira | 16h (Drive, EUA, 2011, 100 min) Dir. Nicolas Winding Refn Mecânico e dublê cinematográfico ao dia, piloto de fuga para assaltantes à noite. Um jovem solitário leva essa rotina até se envolver com vizinha, cujo marido ex-presidiário tem uma dívida com criminosos. Sem querer, o piloto acaba no meio de uma trama entre mafiosos perigosos, colocando sua vida e de sua vizinha em risco. Um dos melhores filmes dos últimos 15 anos, Drive é uma adaptação espetacular da novela de James Sallis. O roteirista Hossein Amini transformou a narrativa fragmentada e não linear do livro em uma história convencional, porém, mais abrangente e desenvolvida. Direção espetacular e boas atuações.
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Coração Selvagem 24 de julho | segunda-feira | 19h 25 de julho | terça-feira | 16h (Wild at Heart, EUA, 1990, 124 min) Dir. David Lynch Sailor e Lula são um casal apaixonado. Porém, a mãe de Lula não aceita o romance. Sailor acaba preso por matar um homem, mas, depois de ser libertado em condicional, cai na estrada com Lula. A mãe contrata um detetive e um assassino para caçar a dupla, que acaba se envolvendo em outros crimes por conta própria. Típica produção de David Lynch, cheia de bizarrices, Coração Selvagem é uma adaptação divertida e insana da obra de Barry Gifford. Lynch encontrou a atmosfera e o elenco perfeito. O filme foi muito criticado e não teve sucesso de público, mas venceu a Palma de Ouro em Cannes, uma premiação muito polêmica à época.
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Los Angeles: Cidade Proibida 25 de julho | terça-feira | 19h 26 de julho | quarta-feira | 16h (L.A. Confidential, EUA, 1997, 138 min) Dir. Curtis Hanson
Três policiais de personalidades bastante distintas participam da investigação de um massacre acontecido em um bar. O que, a princípio, parecia o resultado de um assalto malsucedido, se mostra uma grande intriga envolvendo policiais e políticos corruptos, além do crime organizado. Grande sucesso de público e crítica, Los Angeles: Cidade Proibida simplifica e ameniza a obra de James Ellroy, considerada sua obra-prima. Um filme de direção e atuações competentes, com bela atmosfera reproduzindo a los Angeles dos anos 1950.
Um homem pacato mata ladrão que invadira sua casa no meio da noite. Logo, ele começa a ser perseguido pelo pai do bandido, que acabou de sair da cadeia. Após um confronto, a revelação: o ladrão morto não era o filho do ex-presidiário. Começa assim uma busca pelo verdadeiro filho do homem. Belo trabalho de Jim Mickle, que peca apenas por cortar partes importantes demais da trama original, causando uma falta de desenvolvimento no filme. O trio de protagonistas está muito bem, com destaque para Don Johnson. Julho Sangrento teve ótima recepção, proporcionando o surgimento de outras adaptações de obras de Joe R. Lansdale.
O Diabo Veste Azul
28 de julho | sexta-feira | 19h 31 de julho | segunda-feira | 16h (Devil in a Blue Dress, EUA, 1995, 102 min) Dir. Carl Franklin Easy Rawlins, desempregado e com a hipoteca da casa para pagar, aceita o trabalho oferecido por um homem suspeito: encontrar uma mulher branca que frequenta os bares das comunidades negras. O que ele não sabe é que a mesma mulher está sendo procurada por homens que querem matá-la. Carl Franklin se sai muito bem dirigindo e adaptando o livro de Walter Mosley, equilibrando com sucesso a ação, o mistério e o lado social da narrativa. Apesar das qualidades positivas, como o visual requintado e as atuações de Washington e Don Cheadle, o filme teve uma recepção morna, o que dificultou a continuidade das aventuras de Easy Rawlins no cinema.
Atração Perigosa 31 de julho | segunda-feira | 19h (The Town, EUA, 2010, 125 min) Dir. Ben Affleck Baseado no romance “Prince of Thieves”, Atração Perigosa conta a história de Doug MacRay, filho de um criminoso que segue os passos do pai. Ele comanda um bando de assaltantes, realizando roubos ousados em Boston. Em um desses roubos, seu grupo toma uma garota de sua vizinhança como refém. Para saber se ela é capaz de reconhecê-los, Doug passa a segui-la, e os dois acabam tendo um romance. O segundo filme de Ben Affleck como diretor é uma das grandes obras do cinema policial recente. Com personagens bem delineados e interpretados, momentos de ação e tensão, Atração Perigosa convence e prende o espectador como poucos filmes da atualidade.
Foto: Divulgação
parce i r o s da s ala reden ç ã o CineDHebate em Direitos Humanos O Cinedhebate Direitos Humanos trouxe ao público no ano de 2016 uma seleção de filmes com o foco nos primórdios do documentarismo. O documentário, uma das vias escolhidas para denunciar situações de violação a direitos humanos, não é apenas o registro da realidade. Articula-se como uma série de afirmações sobre ela, que podem ser verdadeiras ou falsas. Imagens e sons não são apenas o veículo da transmissão dessas afirmações, pois lhes dão poder de convencimento. Ora, a capacidade de fazer afirmações sobre a realidade não é exclusividade do cinema documentário — o cinema narrativo ficcional também é capaz de fazê-lo. Em 2017 seguiremos explorando esse poder da ficção, tal como nos ciclos apresentados nos anos anteriores. O Cinedhebate selecionou sete filmes excepcionais que tem muito a dizer à nossa conturbada época. Seu fio condutor é o espectro da distopia que assombra a atual forma de vida líquida e consumista. A distopia é antevista na rachadura do sonho americano com o crack da bolsa em Loucura Americana (American madness), ou na hipocrisia da honestidade calculada em Casamento Proibido (You and me). A distopia insinua-se atualmente pela óptica distorcida do protagonista em Taxi Driver para quem a única saída para si e ao mundo ao seu redor parece ser a violência, ou na abissal desigualdade e injustiça social decorrentes da supervalorização dos imóveis e do valor que se atribui aos móveis em relação às pessoas em Edukators. As possibilidades distópicas são concretizadas em dois cenários inteiramente opostos — de ordem
em 1984, e de caos em Blade Runner, mas concordantes na falta de reconhecimento da alteridade e da dignidade humana. O cinema ficcional contribui muito para aguçar a reflexão crítica sobre os direitos humanos — como condição básica para a sobrevivência da sociedade e suas instituições, e sobretudo como caminho para sua (re)humanização. O cinema também contribui para atentarmos ao nosso papel enquanto indivíduos para melhorarmos nossas vidas e dos demais à nossa volta. Feitiço do Tempo apresenta uma nota de otimismo em meio ao inferno que pode ser nossas vidas muito, muito ordinárias. Giancarla Brunetto, Coordenadora Nykolas Friedrich Von Peters Correia Mota, Curador
Taxi Driver 12 de julho | quarta-feira | 19h (Taxi Driver, EUA, 1976, 115 min) Dir. Martin Scorsese Um homem veterano da Guerra do Vietnã é solitário no meio da grande metrópole de Nova York. Ele trabalha como motorista de táxi. Com o passar do tempo cresce nele um sentimento de revolta pela miséria, vício, violência e prostituição que estão à sua volta. Ele tem um gesto de altruísmo ao tentar persuadir uma prostituta para largar seu cafetão, e voltar para a casa e escola. Mas ele compra armas e articula um atentado contra o senador que planeja ser presidente, e para quem sua amiga trabalha.
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c i ne m a
Singularidades A Sala Redenção – Cinema Universitário exibirá uma seleção de filmes e curtas/médias-metragens brasileiros. A mostra acontecerá mensalmente e terá início no dia 27 de julho. Em cada encontro será debatida uma temática. A mostra Singularidades é composta por 04 (quatro) filmes, 03 (três) curtas-metragens e 01 (um) média metragem, como: Dromedário no asfalto (2015), de Gilson Vargas, Menos que nada (2012), de Carlos Gerbase, Ainda Orangotangos (2007), de Gustavo Spolidoro e Verdes anos (1984), de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil; curtas-metragens com direção de Emiliano Cunha Sob águas claras e inocentes (2016), Tomou café e esperou (2013); curta-metragem Domingo de Marta (2014) e o média-metragem Som sem sentido (2016), os dois com direção de Gabriela Bervian. A proposta da mostra é falar sobre cinema brasileiro proporcionando escuta ao outro. Podendo dialogar, sob diferentes perspectivas e olhares de diretores e profissionais de diferentes áreas, sobre as singularidades dos sujeitos que são mostrados nos filmes, nos curtas e média-metragens e de que forma o cinema as representa. Proporcionar também um olhar atento ao cinema brasileiro. Debatendo sobre a sociedade e a cultura em que estão expostos, usando as obras cinematográficas brasileiras como meio de escuta e representação dos sujeitos. No dia 27/07, as 19h, será exibido o filme Dromedário no asfalto (2015), que conta a história de Pedro, que depois de perder a mãe se sente devastado, resolve conhecer a identidade do pai e a única informação que tem é de que ele partiu para o Uruguai. Então, resolve partir sozinho em uma jornada de auto-conhecimento, em busca de encontrar a pessoa que lhe deu os traços marcantes de sua mente e de suas emoções. Neste dia, o debate terá como temática Travessias e Encontros e contará com a participação do diretor do filme, Gilson Vargas e do Psicólogo Pedro Augusto Papini.
Mariele Peruzzi coordenadora
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Foto: Divulgação
Dromedário no asfalto
27 de julho | quinta-feira | 19h (Brasil, Uruguai, 2015, 85 min) Dir. Gilson Vargas Depois de perder a mãe, Pedro se sente devastado e determinado a conhecer a identidade de seu pai. A única informação que ele tem é que o homem partiu para o Uruguai para viver recluso. Assim, resolve ele mesmo partir em uma jornada de auto-conhecimento, caminhando por cidades do Brasil, até cruzar a fronteira do país vizinho, Uruguai, a fim de encontrar a pessoa que lhe deu os traços marcantes de uma mente reflexiva e emotiva. Após a sessão, debate com Gilson Vargas, roteirista e produtor e Pedro Augusto Papini, psicólogo.
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CAMPUS CENTRAL A – Sala Qorpo Santo B – Sala Redenção – Cinema Universitário C – Salão de Festas D – Sala Fahrion E – Salão de Atos Entradas Principais Entradas Secundárias
endereços Sala Qorpo Santo / Sala Redenção – Cinema Universitário – Av. Eng. Luiz Englert, s/n°, Centro Histórico Salão de Festas / Sala Fahrion – Av. Paulo Gama, 110, 2° andar da Reitoria – Campus Central Salão de Atos – Av. Paulo Gama, 110
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CAMPUS do vale A – Parada de ônibus B – Praça Campus do Vale Caminho da parada até a Praça do Campus
informações gerais departamento de difusão cultural Endereço: Av. Paulo Gama, 110 – Mezanino do Salão de Atos – Campus Central Fone: (51) 3308 3933 ou (51) 3308 3034 E-mail: difusaocultural@ufrgs.br Website: www.difusaocultural.ufrgs.br Entrada e inscrição em eventos: agendamento pelo site ou no local Horário de Funcionamento: das 8h às 18h, aberto ao meio-dia
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Reitor Rui Vicente Oppermann
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Diretora do Departamento de Difusão Cultural Claudia Mara Escovar Alfaro Boettcher
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Equipe do DDC Carla Bello – Coordenadora de Projetos Especiais Edgar Wolfram Heldwein – Administrador da Sala Redenção – Cinema Universitário Lígia Petrucci – Coordenadora e curadora do Projeto Unimúsica Rafael Derois - Coordenador do Projeto Unifoto Sinara Robin – Coordenadora do Projeto Reflexão Tânia Cardoso – Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário Bolsistas Ananda Zambi Camile Fortes Laura Gruber Lennon Macedo Maria Lourdes Seadi Renan Sander
Projeto gráfico Katia Prates Diagramação Marla Pritsch
Crédito dos poemas 1 - Ananda Zambi de Albuquerque 2 - Viviane Gueller 3 - Lucas de Melo Bonez 4 - Carla Severo Trindade 5 - Pedro Dziedzinski Rocha 6 - Luciana Costa Brandão
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Porto Alegre
Apoio
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Or q ue s tra D e C h o r o D e P o rt o A legre
A OCPA – Orquestra de Choro de Porto Alegre é um projeto que numa perspectiva pedagógica, coletiva e inclusiva, materializa a parceria artística entre o Instituto de Artes da UFRGS, a Oficina de Choro do Santander Cultural e músicos da Comunidade em geral. Em sentido positivo, por meio da música, em específico do Choro, se estabelece um diálogo artístico e cultural com essa expressão artística tão presente na cena musical urbana de Porto Alegre. Do ponto de vista formativo, temos em constante relação alunos do Curso de Música da UFRGS e músicos da comunidade em geral, que com objetivos comuns se unem na promoção da cultura musical. O projeto é coordenado por Elias Barboza, Mathias Pinto, Augusto Britto, e pelo professor e vice-diretor do IA, Raimundo Rajobac. Os ensaios são abertos ao público a toda a comunidade e acontecem todas as Segundas-feiras das 19h às 21h na Sala Qorpo Santo (Av. Paulo Gama, ao lado da Sala Redenção – Campus Centro). Raimundo Rajobac Coordenador da Orquestra Departamento de Música - Instituto de Artes
Foto: Matheus Ferrero
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