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AGENDA C U LT U R A L
Julho Agosto 2016
música
un i m ú s i ca 3 5 an o s s o b re a palav ra f utur o julho Juçara Marçal - Encarnado Depois de mais de vinte anos de carreira, marcada por extensa discografia em projetos como Metá Metá, A Barca e Vésper Vocal, Juçara Marçal se aventura em seu primeiro trabalho solo, Encarnado. O termo designa o espírito que se materializa em um corpo, bem como aquilo que converteu-se em carne. No disco de Juçara, ganha um sentido de renovação, ainda que reúna um repertório em torno da temática da morte. Canções de Siba Veloso, Tom Zé, Douglas Germano, Gui Amabis e Itamar Assumpção, além de composições inéditas de Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e da própria cantora, deixam ver belezas insuspeitas em um tema tão profundo quanto difícil. As guitarras, cavaquinho e rabeca de Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Thomas Rohrer dão suporte à voz da cantora tanto no registro como no palco.
ENTREVISTA ABERTA JUÇARA MARÇAL E CLáUDIA LAITANO
Data: 6 de Julho (quarta-feira) Horário: 20h Local: Sala II do Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110)
CONCERTO JUÇARA MARÇAL | ENCARNADO
Data: 7 de Julho (quinta-feira) Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110)
Retirada de senhas através da troca de um livro em bom estado por ingresso a partir de 04 de julho (segunda-feira), das 9h às 20h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS.
Foto Divulgação
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Foto Divulgação
agosto Karina Buhr - Selvática A cantora e compositora Karina Buhr começou na música em 1992, nos maracatus do Recife. De lá pra cá, coloriu sua trajetória com atuações das mais diversas. Desde 2014, lança edições anuais da revista Sexo Ágil, com seus textos e ilustrações, e participa da bancada do Programa Piloto, da TV Carta, ao lado de Leonardo Sakamoto, PC Siqueira e Ferréz. Guiada pela temática feminista, Karina agora apresenta Selvática, seu terceiro álbum de carreira, totalmente autoral. O trabalho desconstrói e dessacraliza o papel da mulher, partindo da ideia dos animais selváticos, presente em textos sagrados que também associam a figura feminina à traição e à fraqueza. No palco, Karina é acompanhada por MAU (baixo), Bruno Buarque (bateria), André Lima (teclados) e Fernando Catatau (guitarra).
ENTREVISTA ABERTA KARINA BUHR, KATIA SUMAN e isabel nogueira
Data: 03 de agosto – quarta-feira Horário: 20h Local: Sala II do Salão de Atos da UFRGS . (Paulo Gama, 110)
CONCERTO KARINA BUHR | SELVÁTICA
Data: 04 de agosto – quinta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110) Retirada de senhas através da troca de um livro em bom estado por ingresso a partir de 1º de agosto (segunda-feira), das 9h às 20h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS.
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vale vale!
Foto Divulgação
Farabute Com um sonido mestizo e bailante, a Farabute mezcla na movida tropical cumbia, rumba, reggaeton, candombe e chicha, ritmos que brotan das periferias do sur del mundo. Formada em 2012 na ebulição de Porto Alegre, a banda se apresenta em ruas e palcos clássicos do RS e SC trazendo o experimento sonoro em canções autorais e afanações de clássicos latinoamericanos. À bordo da sua Kombi 83’ – a “farakombosa” –, em 2015 a banda saiu em turnê por Brasil, Argentina e Bolivia, levando na bagagem o EP “El Faro”, gravado e produzido de forma independente. Neste ano de 2016 a Farabute segue a movida tropical preparando o lancamento do single “Hasta Bolivia”, que fala da luta do povos originários mapuches e registra um pouco do que foi a experiência da banda pelos altiplanos andinos.
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A banda nasceu na rua e se constrói com a ebulição entre arte e energia, tecendo cantares e resistência em movimentos que dançam, sorriem, ocupam e pulsam os corações e corpos de “toda la gente.” Farabute é Arildo Leal - voz y guitarra Iuri Barbosa - baixo Léo Méndez - voz, cajón y percusiones Rodrigo Bob - voz y guitarra Gabriel Luzzi - trompete e Leonardo Bohn - trombone
FARABUTE
Data: 17 de agosto Horário: 12h30min Local: Palco Grego – atrás do RU3
S O M N O SA L Ã O Há seis edições, o Som no Salão tem possibilitado a aproximação de novas manifestações artísticas musicas com o público de Porto Alegre, a partir de espetáculos que tem como um de seus pilares a formação de plateia, uma vez que os projetos selecionados apresentam uma diversidade de estilos musicais. São trabalhos cuja originalidade, singularidade e qualidade possibilitam uma experiência sonora para além do entretenimento. Desenvolvido e coordenado pela administração do Salão de Atos, o Som no Salão tem o objetivo de promover o acesso e firmar uma ação cultural para este espaço, de acordo com a política cultural da Universidade. A consolidação deste projeto é percebida a partir do número de inscritos por edição, que permanece na média dos cem. Neste ano, 99 projetos musicais participaram do edital. Nos dias dos espetáculos, os artistas contemplados terão seu show gravado pela UFRGS TV, parceira do projeto. José Francisco Machado e Lívia Biasotto Administração Salão de Atos
Abertura Som no Salão – Raquel Leão
Data: 20 de julho, quarta-feira Horário: 20h Local: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110)
Confira a programação deste ano: 20 de julho – quarta-feira Raquel Leão, nascida em Belém do Pará, apresentará canções que tem uma batida sonora forte, bem marcada pela percussão que se faz presente em suas composições; uma música afro amazônica, cheia de ritmo balançado pelo rio. 14 de setembo – quarta-feira Quinteto Canjerana, com composições instrumentais de cunho nativista gaúcho e sonoridade mesclada da música de câmara, apresentando arranjos inovadores da música contemporânea. 09 de novembro – quarta-feira Medula Coletivo de Experimentos Sonoros, com trabalhos artísticos e teóricos que discutem ou se utilizam de sobreposições e atravessamentos das fronteiras dos campos disciplinares da música, arte sonora e artes visuais – de uma forma que não se saiba dizer exatamente onde uma coisa começa e outra acaba. 30 de novembro – quarta-feira Banda Calote, com músicas que são expressão “brasuca”, cozinhando na mesma panela os ritmos brasileiros, a essência da cultura verde e amarela dividida em cordas, ritmo e sopro, um suingue bem brasileiro.
Entrada Franca. Serão aceitas doações de 1kg de alimento nos dias da apresentação.
Foto: Divulgação
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artes visuais
UNIFOTO ImagineFrance
A viagem fantástica, de Maia Flore A Atout France, através do seu Cluster de Turismo e Cultura, em parceria com o Instituto Francês e a Aliança Francesa, se mobiliza para propor um olhar novo, poético e peculiar sobre os castelos, museus e monumentos franceses. Apresentando o talento da artista Maia Flore, fotógrafa da agência VU’, nascida em 1988, foi organizado a exposição ImagineFrance, que permite a visão dos locais e eventos culturais através de um novo ângulo. Para realizar essa série de fotografias, Maia Flore percorreu as estradas francesas entre julho e setembro de 2013. Ela visitou 25 locais de interesse cultural que foram, em seguida, encenados conforme a inspiração transmitida por cada um deles. Seu viés era criar um personagem apropriado para cada um dos locais, para torná-los vívidos, expressivos e surpreendentes. Ora como ator da encenação, ora como espectador, este personagem recorrente desperta, vivifica e renova os patrimônios visitados. Esse evento itinerante percorreu o mundo durante três anos e, em 2016, a Aliança Francesa de Porto Alegre e o Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, em parceria, organizam a mostra.
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ImagineFrance | A viagem fantástica
Data de visitação: de 15 de junho a 29 de julho Horário: das 08h às 18h Local: Saguão da Reitoria da UFRGS (Av. Paulo gama, 110)
Postcards from Brazil | A natureza como cenário da violência Em uma mostra inédita, produzida para o 9º FestFoto - Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre e projetada especialmente para o UNIFOTO, projeto do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, o fotógrafo pernambucano Gilvan Barreto refaz a cartografia de pontos turísticos brasileiros. Sobrepondo informações do relatório da Comissão Nacional da Verdade a fotografias de paraísos naturais, a mostra apresenta 48 imagens dos locais que serviram de cenário para alguns dos atos de violência promovidos por agentes do regime que governou o país entre 1964 e 1985. A natureza continua bela e a referência ao cenário de violência é inscrita através de intervenções nas fotografias (pequenos recortes) que resultam em imagens incompletas e fraturadas.
O trabalho foi realizado a partir das informações reunidas por historiadores, jornalistas e pesquisadores no relatório da Comissão Nacional da Verdade, divulgado em 2014. A consultoria técnica e histórica é assinada pelo pesquisador e fotógrafo André Vilaron, um dos redatores do relatório da CNV. A curadoria é de Carlos Carvalho, fotógrafo e diretor do FestFoto.
Exposição externa
Visitação: de 11 de maio a 05 de agosto Horário: das 07h30min às 22h Local: Pátio Central do Campus Centro da UFRGS
“É uma livre representação das vidas que ficaram ocultas na paisagem. É um trabalho que pretende promover a reflexão e passa longe de representar as imagens do terror”, resume Gilvan.
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PEDRO WEINGÄRTNER (1852-1929) Maricás, 1911 Óleo sobre tela | 35 x 60 cm A pintura Maricás foi uma das primeiras obras adquiridas pelo então Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul (ILBA), com a intenção de formar um acervo de pinturas, base da atual Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Libindo Ferrás (1877–1951), desempenhando a função de consultor na aquisição de quadros para o ILBA, relata, em 1913, a aquisição de Maricás para a nascente Pinacoteca. A intenção de adquirir obras de Pedro Weingärtner (Porto Alegre, RS, 1853 – Porto Alegre, RS, 1929) para formar uma galeria de pinturas já consta no relatório de 1909–1912 do então presidente do Instituto, Olintho de Oliveira, ao Presidente do Estado. Esse registro demonstra o prestígio que Weingärtner desfrutava na época, de forma a ser citado nominalmente como um exemplo de artista gaúcho cujas obras qualificariam o acervo em construção. Weingärtner é, de fato, um capítulo à parte na história da arte no Rio Grande do Sul. Dono de uma técnica apurada, aperfeiçoada na Europa, teve uma intensa produção durante sua vida, na qual se
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destacam as paisagens, as cenas de costumes e os retratos. A qualidade e precisão técnica das suas obras, ligadas a um estilo de pintura tradicional, garantiram-lhe reconhecimento e prestígio nos círculos artísticos de orientação acadêmica de sua época, da mesma forma que lhe acarretaram uma desvalorização posterior pela historiografia da arte de viés modernista. Em Maricás, o pintor representa uma paisagem na qual mostra uma árvore típica do Rio Grande do Sul, o maricá, que dá título à obra. Os maricás, também conhecidos por espinheiros, são árvores de tronco curto e muito ramificado, comuns em solos úmidos ou brejosos, onde formam densos agrupamentos. Weingärtner representa um desses agrupamentos, dando especial destaque a uma das árvores, que aparece um tanto isolada das demais, em posição central, levemente deslocada para a direita da tela. O artista opta por colocar a linha do horizonte na parte superior da tela, dando predominância ao solo em relação ao céu. Isso permite que o artista ocupe toda a parte inferior da obra com o terreno alagadiço, executando um magnífico trabalho na representação do reflexo do céu e das árvores na água.
A pintura adquire, assim, uma supremacia de tons verdes e azuis, entremeados pelos castanhos dos galhos e troncos dos maricás. Na galhada das árvores, são utilizados tons mais claros, indicando a incidência de luz solar. Esse recurso traz um pouco de sensação de calor à obra que, de resto, passa uma impressão de frio. A obra apresenta uma grande pluralidade de elementos, que têm tratamento individualizado pelo artista, especialmente a árvore principal, na qual é possível acompanhar o desenho sinuoso de cada galho. A tela não apresenta marcas perceptíveis de pinceladas, mostrando o respeito do artista aos padrões acadêmicos. Está assinada e datada no canto inferior esquerdo. Marcelo Souza e Silva Historiador da Arte pela UFRGS
Esta obra faz parte do acervo do Instituto de Artes da UFRGS e está na exposição “Pinacoteca Barão de Santo Ângelo nos 80 anos da UFRGS – Módulo I”, localizada no antigo Salão de Festas, no 2º andar do prédio da Reitoria. O texto está presente no recente Catálogo Geral da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, que contou com vasta colaboração dos alunos do Instituto de Artes. Visitação: segunda à sexta, das 10h às 18h Para agendamentos, contato pelo email difusaocultural@ufrgs.br
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Detalhe de obra da artista Karin Lambrecht (Porto Alegre, RS, 1957) Sem título, 1999 Gravura em metal, 1 cor, 39 × 49 cm, Doação Museu do Trabalho Acervo Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS
Um espaço de encontro A exposição Um olhar de Berlim sobre a arte impressa em Porto Alegre de 1960 a 2015 apresenta um “olhar de fora” sobre o acervo de gravuras da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS e representa o encontro de três atores importantes da cena cultural de Porto Alegre. Dando concretude a uma ideia surgida quando da comemoração dos 80 anos da UFRGS, em 2014, o Goethe-Institut de Porto Alegre convidou o curador e artista Rolf Külz-Mackenzie, para exercitar o olhar de Berlim sobre o precioso acervo do centenário Instituto de Artes. Para garantir maior visibilidade à exposição, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que teve suas origens no Instituto, ofereceu seu qualificado espaço para sediar a exposição. Ao deslocar seu acervo para tão qualificado equipamento cultural localizado no centro da cidade, a Universidade possibilita inúmeros novos olhares e amplia seu alcance. As instituições promotoras compartilham do ideal de que arte e cultura possuem um lugar de excelência na construção da cidadania e, dessa forma,
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oferecem à cidade a oportunidade de apreciar este grandioso acervo que durante muitos anos ficou restrito a pesquisadores e a um pequeno circuito de difusão. Um agradável e belo encontro. Quero agradecer ao Goethe-Institut de Porto Alegre e ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul pela parceria nesta iniciativa, e ao Departamento de Difusão Cultural da Pró-reitoria de Extensão e ao curador Rolf Külz-Mackenzie e a Blanca Brites, Coordenadora da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo pelo dedicado trabalho que tornou possível esta exposição que reforça o compromisso da UFRGS com o melhor da cultura e da arte. Carlos Alexandre Netto Reitor da UFRGS
Um olhar de Berlim sobre a arte impressa em Porto Alegre de 1960 a 2015
Abertura: 12 de julho às 19h Visitação: 13 de julho a 21 de agosto, de terça a domingo, das 10h às 19h Local: Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS)
reFLeX ÃO
O Brasil do Raízes - Leituras Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda completa oitenta anos de sua primeira edição. O livro se tornou um clássico, inaugurou a moderna historiografia brasileira e transformou a forma de interpretar o país. A leitura que Buarque de Holanda faz do Brasil é fundadora de uma compreensão dos porquês da colonização à luz dos sentidos e dos acontecimentos na história brasileira e da América. Podemos acrescentar que Raízes do Brasil está circunscrito num momento de maturidade das bases materiais das identidades nacionais; há uma comparação e um esforço para compreender o que nos formou. Uma reflexão sobre o conhecimento sociológico e mesmo psicológico de nossa formação. E isso tudo após o longo período das independências e das disputas de criação do Estado-nação. O texto e seu autor, eles próprios contagiados por este contexto, e inovadores em relação a ele, na sua compreensão e na subjacente proposição de interferência sobre a realidade. O desterro na própria terra, a interrogação sobre o homem cordial, o enfrentamento de nossas impossibilidades, são temas incontornáveis onde ciência e arte tornam-se imprescindíveis dada a riqueza e diversidade das discussões. O que é e como modernizar? De qual Brasil falamos? Que país existe para nós hoje? Quem são os brasileiros e suas interrogações? Estas eram perguntas de 80 anos atrás, e que ainda hoje são tão pertinentes quanto necessárias.
bRAsiL Do RAÍzEs - LEiTURAs
Dia: 6 de agosto de 2016 Horário: das 9h30min às 12h30min e das 14h30min às 18h30min Local: Salão de Festas da UFRG Segundo andar da Reitoria
Reler os textos e os temas tratados nesta obra que lançou os fundamentos de algumas interpretações do Brasil não poderia ser mais oportuno. Estamos num momento especial da história brasileira, onde os conflitos sociais, políticos e econômicos parecem acirrar-se, onde as antigas ordens e preconceitos ainda ecoam. Assim, revisitar as raízes, as bases de uma cultura de colonização e imigração europeia, passando pela escravatura indígena e negra, possibilita um olhar sobre nossa atualidade. Retomar as elaborações do passado, reconhecendo seu tempo e lugar de produção, talvez possa nos auxiliar para um reposicionamento em nossa atualidade. Para as leituras do Brasil do Raízes estaremos com Lilia Schwarcz e Pedro Meira Monteiro - coordenadores da nova edição de Raízes do Brasil, Luís Augusto Fischer, Enéias de Souza e Robson Pereira. O evento é uma parceria Departamento de Difusão Cultural e Instituto APPOA.
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CI N EMA
Benno Führmann,Hilmi Sözer, Nina Hoss © Christian Schulz
Escola de Berlim Durante todo o mês de julho, Sala redenção – Cinema Universitário, em parceria com Goethe-Institut, apresenta a mostra Escola de Berlim. A programação conta com vários filmes inéditos em Porto Alegre, de realizadores do cinema alemão contemporâneo. Ao contrário do que parece, a Escola de Berlim não se trata de uma escola de cinema, mas, antes, de um conceito cinematográfico e de uma estética, que levou vários cineastas com um olhar (um novo olhar) a refletir sobre cinema e como fazer cinema, sobretudo após a unificação da Alemanha. Nesse sentido, poderíamos pensar numa aproximação de pensamento e de percepção entre alguns cineastas com um desejo de romper com o cinema realizado na época para apostar em um novo momento, influenciados pela abertura política e pelo fim dos conflitos – herança ainda da segunda guerra mundial e da guerra fria –, semelhante ao que aconteceu com o cinema da nova onda francesa dos anos 1960, surgido no pós-segunda guerra. Guardadas as diferenças, podemos dizer que um grupo de cineastas se une para realizar filmes a partir de um pensamento comum, mesmo que os filmes realizados sejam muito mais heterogêneos do que possam parecer. O que une o grupo em torno dessa denominada “escola” é o desejo de romper com o cinema que era realizado,
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com o cinema psicológico, por exemplo, para tratar da vida real de uma nova Alemanha unificada e capitalista. As temáticas exploradas nos filmes do grupo são diversas e falam sobre os fantasmas do passado, sobre os desafios agora de um único país, entre outras temáticas semelhantes. Trata-se muitas vezes de um certo ajuste de contas e de um grito de protesto possível sobre a realidade que se mostra agora descortinada. Ou, ainda, trata-se de um grupo de cineastas que gosta de fazer cinema, quer pensar uma nova forma de fazê-lo e que tem uma sintonia sobre o que é considerado cinema para eles. Não deixa de haver uma retomada da polêmica ideia de “cinema de autor”, surgida também na nouvelle vague francesa. Aliás, podemos dizer que estão contempladas na mostra duas gerações, dois momentos (duas ondas? Ou, ainda, três?) do cinema alemão. Apenas para citar essas duas últimas gerações. Na mostra, teremos filmes de Harun Farocki, Christian Petzold e Dominik Graf. Farocki, de uma geração bem anterior a todos, que realizava filmes já nos início dos anos 1970 e, em 1975, foi destaque nos Cahiers du Cinéma. Não é fácil – e provavelmente pouco proveitoso – classificar, mapear o cinema do realizador. Seus filmes muitas vezes são vistos como filmes-ensaios, mais discursivos do
que narrativos; e seu cinema também é visto como metacinema, por trabalhar com a criação e o diálogo de imagens produzidas pela história do cinema não apenas alemão. A ideia de trabalho é fundamental na obra do realizador, no que diz respeito ao seu modo de produção. Dele serão exibidos: Operários ao Sair da Fábrica (1995) e Natureza Morta (1997). Farocki é uma das principais influências da Escola de Berlim sendo, inclusive, um constante colaborador do filmes de Christian Petzold, talvez o mais conhecido dos realizadores da primeira geração do grupo.Os filmes de Petzold apresentam sempre personagens em movimento de busca ao mesmo tempo do novo e do retorno para casa – algo que geralmente não é possível. O cinema de Petzold é político no sentido de fazer uma espécide de denúncia da necessidade de mobilidade da Alemanha pós-muro, proclamada pelos governos neoliberais da era da unificação. Segundo o próprio realizador, seu interesse recai sobre espaços de transição, zonas de trânsito, de não-lugares, criados sobretudo pelo capitalismo moderno. A maioria de seus personagens, em filmes diferentes, parece vagar pelos lugares e espaços como fantasmas de si mesmo em função de um sentimento de não pertencimento a nova realidade imposta. Para Petzold, mais importante do que fazer filmes sobre o passado da Alemanha é realizar filmes sobre as consequências do passado na vida presente do país. Os filmes presentes na mostra são: A Segurança Interna (2000), Fantasmas (2005); Yella (2007), Jerichow (2008), Dreileben: Algo Melhor que a Morte (2011), Barbara (2012). Na mostra exibiremos um longa, Dreileben: Não Me Siga (2011), e uma série policial feita para televisão, Face a Face com o Crime (2010), de Dominik Graf. Graf não faz parte da Escola de Berlim e é crítico ao movimento de um tipo de cinema realizado por um grupo comum. Ao mesmo tempo é ligado a alguns cineastas, sobretudo a Petzold, pela discussão a respeito de cinema. Graf tem interesse por filmes de gênero e certa vez declarou que gostaria de ter uma filmografia como a de Athony Mann, isto é: de filmar como se disparasse uma arma, uma média de três faroestes por ano, para que um ou outro saia com qualidade e atinja seu objetivo. Henner Winckler, Ulrich Köhler, Ramon Zürcher e Maren Ade, também presentes na mostra, fazem parte de uma possível segunda geração da Escola de Berlim. Para Zürcher, o movimento da Escola de Berlim agrupou cineastas que se destacaram através de uma linguagem cinematográfica e de uma assinatura pessoal, distinguindo-se do cinema tido como convencional e oferecendo uma alternativa a este cinema. Um cinema mais autoral que
cultivava um diálogo intenso com as técnicas cinematográficas. Para ele, hoje, é complicado falar em um grupo de sucessores do movimento já que os filmes da nova geração são muito distintos entre si. Segundo ele, o termo Escola de Berlim atualmente serve mais para dar visibilidade aos filmes, ligando-os ao movimento. Henner Winckler é professor de cinema na HFF Potsdam-Babelsberg em Berlim. Estreou na direção de longas com Excursão Escolar (2011). Ramon Zürcher graduou-se na em direção pela Academia de Cinema e televisão de Berlim. Seu primeiro longa, A gatinha esquisita (2013), foi exibido na Seção Fórum do Festival de Berlim. Ulrich Köhler graduou-se pela Escola de Belas Artes de Hamburgo. Seu filme A doença do sono (2011) ganhou Urso de Prata de melhor diretor no Festival de Berlim. Maren Ade estudou produção e direção na Universidade de Cinema e TV de Munique. Seu primeiro longa ganhou o prêmio especial do Júri no Sundance Film Festival. Todos os outros (2009) pariticipou da competição do Festival de Berlim, ganhando o prémio especial do júri e o troféu de melhor atriz. É uma das produtoras de A doença do Sono, (2011) e, também, de Tabu (2012) de Miguel Gomes. Paritcipou da mostra competitiva do Festival de Cannes 2016 com Toni Erdmann, muito festejado pela crítica. A mostra Escola de Berlim acontecerá do dia 01 ao dia 29 de julho na Sala Redenção – Cinema Universitário.
Tânia Cardoso de Cardoso Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário
Texto escrito a partir do catálogo da mostra realizada em 2013 em parceria com o Ministério da Cultura Goethe-Institut e Centro Cultural Banco do Brasil. ZACARIAS, Joâo Cândido (Org). Escola de Berlim. Rio de Janeiro: Jurubeba produções, 2013.
escola de berlim
Visitação: de 1º a 29 de Julho Local: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS) Ingressos: Entrada Franca
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julho
© Christian Schulz / Schramm Film
Escola de Berlim © KomplizenFilm
Yella
A Segurança Interna 01 de julho- sexta-feira - 16h 08 de julho- sexta-feira - 19h Die innere Sicherheit, Alemanha, 2000, 105min Dir. Christian Petzold Após um casal de ex-militantes de um grupo terrorista e sua filha adolescente terem seus documentos e o dinheiro roubados, são obrigados a buscar novos caminhos. Após a sessão do dia 01 de julho, sexta-feira, às 19h, debate com Tânia Cardoso de Cardoso, coordenadora e curadora Sala Redenção.
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04 de julho- segunda-feira – 19h 05 de julho- terça-feira – 16h Yella, Alemanha, 2007, 89min Dir. Christian Petzold Após o término de um relacionamento e sem perspectiva na carreira, uma mulher vai para outra cidade. No momento que a sua vida parece estar melhorando, o seu passado volta para atormentá-la.
Operários ao Sair da Fábrica 11 de julho- segunda-feira – 16h 12 de julho- terça-feira – 19h Arbeiter verlassen die Fabrik, Alemanha, 1995, 36min Dir. Harun Farocki Uma montagem com cenas produzidas ao longo de 100 anos de história do cinema em que contém variações do motivo “A saída dos operários da fábrica”. Após a sessão do dia 12 de julho, terça-feira, às 19h, debate com Leonardo Bomfim, mestre em comunicação e programador de cinema.
Natureza Morta
Fantasmas
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Barbara 7 de julho- quinta-feira – 19h 8 de julho- sexta-feira – 16h Barbara, Alemanha, 2012, 105min Dir. Christian Petzold Uma médica de um hospital do lado ocidental de Berlim, acusada de desejar ir para o lado oriental, é mandada para uma pequena clínica interiorana.
Jerichow 5 de julho- terça-feira – 19h 6 de julho- quarta-feira – 16h Jerichow, Alemanha, 2008, 93min Dir. Christian Petzold De volta do Afeganistão, Thomas consegue um emprego como motorista de Ali, um comerciante de origem turca. Ele logo conquista a confiança do chefe, mas começa a se aproximar demais de sua mulher.
Etwas Besseres als den Tod © Bayerischer Rundfunk, Christian Schulz
1 de julho - sexta-feira – 19h 4 de julho - terça-feira – 16h Gespenster, Alemanha, 2005, 86min Dir. Christian Petzold Uma noite e o dia seguinte: uma mulher recém liberada de um hospital psiquiátrico, uma adolescente órfã e uma moradora de rua.
conhece uma mulher a quem se apaixona, um criminoso sexual foge do mesmo hospital.
Dreileben: Algo Melhor que a Morte 6 de julho- quarta-feira – 19h 7 de julho- quinta-feira – 16h Dreileben: Etwas Besseres Als Den Tod, Alemanha, 2011, 88min Dir. Christian Petzold Um jovem realiza um serviço militar em um hospital na floresta. No dia em que
11 de julho- segunda-feira – 19h 12 de julho- terça-feira – 16h Stilleben, Alemanha, 1997, 56min Dir. Harun Farocki Naturezas mortas dos séculos XVI e XVII intercalam-se com imagens documentais de ateliês de fotografia. Representações são mostradas em detalhe pela pintura e pela publicidade.
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A Doença do Sono
Excursão Escolar
13 de julho- quarta-feira – 16h 14 de julho- quinta-feira – 16h Klassenfahrt, Alemanha, 2002, 86min Dir. Henner Winckler Adolescentes de Berlim estão fazendo um passeio de escola. A história é focada na popular Isa e no solitário Ronny, que começa a se aproximar da menina. Roland Cordes & Svenja Steve © Bernhard Keller
18 de julho- segunda-feira – 19h 19 de julho- terça-feira – 16h Schlafkrankheit, Alemanha, 2011, 91min Dir. Ulrich Köhler Um casal passou anos em diferentes países da África: Ebbo é gerente em uma clínica, Vera trabalha em uma comunidade de expatriados e sofre pela distância com sua filha, que mora na Alemanha. Após Vera voltar para a Alemanha, um jovem encontra Ebbo.
A Estranha Gatinha 19 de julho- terça-feira – 19h 20 de julho- quarta-feira – 16h Das merkwürdige Kätzchen, Alemanha, 2013, 72min Dir. Ramon Zürcher Em um apartamento em Berlim, uma família se reúne para uma tarde de atividades rotineiras.
Komm mir nicht nach © ARD Degeto
Sob Você, a Cidade 14 de julho- quinta-feira – 19h 15 de julho- sexta-feira – 16h Under dir die Stadt, Alemanha, 2010, 105min Dir. Christoph Hochhäusler A trabalho, um executivo se muda com a esposa para Frankfurt. Ela não conhece a cidade e sente-se entediada e vulnerável, até conhecer o chefe de seu marido.
Todos os Outros 15 de julho- sexta-feira – 19h 18 de julho- segunda-feira – 16h Alle Anderen, Alemanha, 2009, 120min Dir. Maren Ade Um casal tenta desfrutar suas férias isolando-se a dois. Lá, os dois preferem passar suas horas na piscina. Após a sessão do dia 15 de julho, sexta-feira, às 19h, debate com Juliana Costa, mestranda em educação e integrante do grupo de pesquisa Academia das Musas.
Dreileben: Não Me Siga 20 de julho- quarta-feira – 19h 21 de julho- quinta-feira – 16h Dreileben: Komm mir nicht nach, Alemanha, 2011, 89min Dir. Dominik Graf Uma psicóloga da polícia é enviada para uma região em que se encontrava um criminoso sexual, onde fica hospedada na casa de uma amiga.
Face a Face com o Crime
Im Angesicht des Verbrechens, Alemanha, 2010 10 episódios de 50 minutos cada Dir. Dominik Graf A série Face a Face com o Crime descreve, pelo viés da crônica policial, o meio social judeu russo, mostrando o seu cotidiano, mentalidade e suas raízes religiosas, além da vida familiar, tradições e festas. Com trama situada entre a região rural na Ucrânia e a vida urbana, cosmopolita em Berlim, a obra retrata os bastidores de uma organização criminosa. Capítulos 1 (Berlim é o paraíso) e 2 (Onde estivermos, estaremos na frente) 21 de julho- quinta-feira – 19h 22 de julho- sexta-feira – 16h Capítulos 3 (O assalto) e 4 (A traição) 22 de julho- sexta-feira – 19h 25 de julho- segunda-feira – 16h Capítulos 5 (Somente o amor sincero é um amor bom) e 6 (Rosas caem do céu) 25 de julho- segunda-feira – 19h 26 de julho- terça-feira – 16h Capítulos 7 (Quem tem medo, perde) e 8 (Quanto custa Berlim?) 26 de julho- terça-feira – 19h 27 de julho- quarta-feira – 16h Capítulos 9 (Você recebe o que lhe é de direito) e 10 (Tudo tem seu tempo) 28 de julho- quinta-feira – 16h 28 de julho- quinta-feira – 19h Maratona com os dez episódios em sequência, com intervalo de 15 minutos, após o final do quinto episódio. 29 de julho- sexta-feira – 14h
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Foto: Divulgação
PA R C E I R OS D A S A L A R E D E N Ç ÃO CineDHebate em Direitos Humanos A série Cinedhebate: Documentários são um excelente meio para chamar a atenção quanto às violações cometidas aos direitos humanos, e para dar visibilidade a pessoas esquecidas ou à margem da sociedade. Como se originaram, então, os documentários? Como eles ganharam esse poder universalmente difundido e reconhecido? O impacto da imagem cinematográfica é maior porque mostra uma situação do mundo ao invés de descrevê-la. O Cinedhebate; Documentários oferecerá uma seleção quintaessencial sobre o documentarismo cinematográfico com filmes mudos da década de 20, do período do segundo cinema (1916-1930). O ciclo será uma verdadeira experiência cinematográfica, porque possibilitaremos “todo o prazer de se ver a imagem sem som [...] a imagem pura” (De Faria, ano, p. 59). Exibiremos filmes silenciosos, que não foram produzidos originalmente com trilha sonora. Giancarla Brunetto e Nykolas Friedrich Von Peters Correia Motta, Coordenação e curadoria.
*FARIA, Otavio de. Significação do Far-West. Ministério da Educação e Saúde: Rio de Janeiro, 1952.
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Um Homem com uma Câmera Chelovek s kinoapparatom (URSS, 1929, 68 min) Dir. Dziga Vertov 27 de julho - quarta-feira – 19h Um homem anda pela cidade com uma câmera no ombro, registando a vida urbana com uma montagem visionária.
Berlim – Sinfonia da Metrópole Berlin: Die Sinfonie der Grosstadt (Alemanha, 1927, 65 min) Dir. Walter Ruttmann 24 de agosto - quarta-feira – 19h Um trem cruza o país até Berlim. Ainda não são 5 da manhã e o trem para lentamente na estação. Quase toda cidade ainda dorme, mas alguns trabalhadores já madrugam. É o início de um dia típico em Berlim.
Mostra Tela Indígena A Mostra Tela Indígena propõe divulgar filmes feitos por indígenas ou que tratam desta temática. Nossa intenção é divulgar a pluralidade das culturas indígenas, essa multidão de 246 povos no Brasil, que fala mais de 150 línguas. São diferentes maneiras de ver o mundo - e de ser visto por ele. Nossa “Tela Indígena” é uma tela para este outro universo, que muitas vezes passa despercebido do cotidiano do resto dos brasileiros. O audiovisual aqui está transformado em uma ferramenta de diálogo entre essas experiências de vida, uma ponte entre espectador e os outros modos de perceber o mundo que esses povos têm. Propomos, além disso, continuar esse diálogo com os espectadores de forma ainda
julho
mais próxima: a Mostra traz convidados indígenas, antropólogos, diretores dos filmes e especialistas, que ajudam o espectador a compreender melhor esse outro universo cultural.A Mostra Tela Indígena é fruto de uma parceria entre o NIT (Núcleo de Antropologia de Sociedades Indígenas e Tradicionais), que faz parte do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da UFRGS, e a Sala Redenção – Cinema Universitário. Na programação, contamos com filmes da atualidade sobre a questão indígena, tanto produzidos por diretores indígenas como em parceria com estes. Escolhemos transitar entre várias experiências de ser indígena. Ressaltamos, por fim, que a Mostra Tela Indígena é uma proposta de diálogo. Diálogo intercultural, diálogo visual. Diálogo entre modos de ver.
13 de julho - quarta-feira – 19h Após a sessão, debate com Zico da Silva, Guarani Mbya que trabalha na SESAI e reside na Tekoá Nhundy – Aldeia da Estiva; Sergio Baptista da Silva, antropólogo e professor da UFRGS; e José Otávio Catafesto, etnoarqueólogo, pesquisador e professor da UFRGS.
Tava, a Casa de Pedra
dias de luta
Brasil, 2012, 78min Dir. Video nas Aldeias Interpretação mítico religiosa dos Mbya-Guarani sobre as reduções jesuíticas do século XVII no Brasil, Paraguai e Argentina.
Brasil, 2014, 7min Dir. Comunicação Kuery Dias de Luta é um curta, realizado em oficina junto ao Comunicação Kuery (coletivo Mbyá-Guarani), em que lideranças indígenas refletem sobre o Dia do Índio.
agosto
31 de agosto- quarta-feira – 16h
A mata é que mostra nossa comida Brasil, 2010, 29min São apresentados os saberes e os fazeres da cultura Kaingang em Porto Alegre, revelados nos momentos de produção e troca do artesanato.
Sentindo o outro lado: perseguição e resistência Kaingang em Kandoia
Após a sessão, debate com Sergio Baptista da Silva, antropólogo e professor da UFRGS; Rogério Gonçalves Rosa, antropólogo e professor da UFPEL; Iracema Nascimento e João Padilha, casal Kaingang que mora próximo ao Morro Santana de Porto Alegre; e Dorvalino Cardoso, professor há mais de 20 anos em escolas indígenas.
Brasil, 2015, 12min Dir. Coletivo Clapa Pela demanda pela demarcação das suas terras, os indígenas Kaingang da comunidade de Kandóia (RS) enfrentaram-se com colonos locais. 17
Foto: Bom Trabalho
Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis Nas três primeiras semanas de agosto, a Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com Aliança Francesa de Porto Alegre, Cinemateca da Embaixada da França e Institut Français, apresenta Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis. Cineasta e roteirista francesa, Claire Denis estudou economia antes da formação em cinema pelo Instituto de Altos Estudos Cinematográficos, a atual Fémis, École Nationale Supérieure des Métiers de L’image et du Son. Trabalhou como assistente de direção para Robert Enrico, Jacques Rivette, Costa-Gavras e Jim Jarmusch. Conta quase sempre com a mesma equipe de colaboradores, como o roteirista Jean-Pôl Fargeau, a diretora de fotografia Agnès Godard, a montadora Nelly Quettier e o compositor Stuart Staples. Filha de um oficial francês, cresceu em Camarão, na África, fato que marca sua filmografia, como em seu primeiro filme Chocolat (1988), inspirado em sua infância. Os temas centrais de sua obra giram em torno do desejo, do amor, e da violência que os cercam. As narrativas de Denis orbitam também em torno do estranho, da sexualidade, da subjetividade das relações, e aborda os conflitos raciais, a identidade e os fluxos migratórios. O cinema de Denis é bastante sensorial, exigindo do espectador uma experiência quase táctil com os espaços, ambientes e com os personagens. O olhar da cineasta percorre os extremos, explorando ao mesmo tempo a delicadeza e a crueldade, a leveza e o peso, o distanciamento e a proximidade, resultados de uma mise en scène atenta e precisa no que diz respeito ao enquadramento, ao movimento de câmera, à composição do quadro. Os corpos nos filmes
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de Claire Denis são objetos de desejo, de tensão, mas também de delicadeza e dança. Eles surgem diante do espectador com toda a sua beleza, ao mesmo tempo revelando sua brutalidade, suas feridas, marcas e cicatrizes, causando sensação de estranhamento. A indiferença do espectador diante das imagens de Claire Denis é algo impossível: seu cinema é visceral, como as vísceras presentes em suas narrativas. Desejo e obsessão (2001) e Bom Trabalho (1993) são filmes que exploram os limites do corpo selvagem e delicado, um corpo que dança e que é constituído (ou construído) também de memória e de poesia bruta. Outra questão central na obra da cineasta é a da identidade. Ao abordar o fluxo migratório, os deslocamentos constantes entre países, Claire Denis traz para o centro da cena aqueles que estão à margem, que não pertencem mais a um local, a um território geográfico, mas a dois, a vários ou, em última instância, a nenhum. Personagens que caminham em busca de um novo lugar no mundo, de uma identidade sem território específico, pois já não é mais possível ser da África, da Lituânia e muito menos tornar-se da Europa. Dane-se à morte (1990), Noites sem dormir (1993), 35 doses de rum (2008) e O intruso (2004) são filmes que exploram mais de perto essas questões, mesmo que não abandonem as temáticas já citadas. Uma curiosidade: seu avô era brasileiro, nascido em Belém. Tânia Cardoso de Cardoso Coordenadora e curadora da Sala Redenção- Cinema Universitário
Mostra em Cartaz Nas duas últimas semanas de agosto, a Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com o SESC/RS, apresenta, na seção Em Cartaz, três filmes da região nórdica da Europa e um filme polonês. Primeiramente, exibiremos A Caça (2012), do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, que conta a história de um professor de ensino infantil que é alvo de uma acusação de abuso vindo de uma aluna do local, levando a uma reação muito forte por parte da sociedade, que o ostraciza. Vinterberg foi, junto com Lars Von Trier, o criador do Dogma 95 e o primeiro filme deste movimento, Festa de Família (1998), foi dirigido por ele; neste ano, lançou A Comunidade, que foi indicado ao prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Na programação consta, também, Oslo, 31 de Agosto (2011), segundo longa do premiado Joachim Trier. O filme mostra um dia na vida de um jovem internado em uma clínica de reabilitação, que ganha permissão para sair de lá por um dia para ir a uma entrevista de emprego. O diretor, norueguês, foi indicado para a Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 2015, com seu último filme, Mais Forte que Bombas.
Do sueco Lukas Moodysson, será exibido Nós Somos as Melhores! (2013), adaptação da história em quadrinhos Never Goodnight, de sua esposa Coco Moodysson. O filme narra a jornada de três meninas que, nos anos 1980, decidem formar uma banda punk e, com isso, oferece-nos um tenro olhar para as turbulências da juventude. Finalizamos a mostra com O Batismo (2010), de Marcin Wrona, um drama policial sobre um pai que, nas vésperas do batismo do filho, se vê enredado em seu passado criminoso por seus ex-colegas da máfia de Varsóvia. Deste diretor, recentemente foi lançado no Brasil Demon (2015), filme que foi finalizado após a morte do diretor, em setembro do ano passado, aos 42 anos. Vitor Cunha, estudante da UFRGS e bolsista da Sala Redenção – Cinema Universitário
Foto: Oslo, 31 de Agosto
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Agosto Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis
Bom Trabalho
Dane-se a Morte
S’en Fout La Mort, França, 1990, 91min Dir. Claire Denis 01 de agosto- segunda-feira - 16h 08 de agosto- segunda-feira - 19h 09 de agosto- terça-feira - 16h 16 de agosto- terça-feira – 19h 19 de agosto- sexta-feira – 16h A vida de dois irmãos imigrantes do oeste da África no subúrbio de Paris. Confinados, eles preparam os animais para a briga de galo no subsolo do restaurante onde trabalham. Após a sessão do dia 08 de agosto, às 19h, debate com Carla Oliveira, médica e integrante do grupo de pesquisa Academia das Musas.
Beau Travail, França, 1999, 93min Dir. Claire Denis 02 de agosto- terça-feira – 19h 03 de agosto- quarta-feira – 16h 10 de agosto- quarta-feira – 19h 11 de agosto- quinta-feira – 16h 18 de agosto- quinta-feira – 19h Um passeio coreográfico pelo campo de treinamento da Legião Francesa, no nordeste da costa africana. As imagens mostram o universo repressor e os conflituosos sentimentos do sargento Gualp.
O Intruso
L’Intrus, França, 2004, 119min Dir. Claire Denis 4 de agosto- quinta-feira – 19h 5 de agosto- sexta-feira – 16h 12 de agosto- sexta-feira – 19h 15 de agosto- segunta-feira – 16h 17 de agosto- quarta-feira – 19h Louis Trebor vive recluso nas alturas das montanhas jurassianas com seus dois cachorros. Depois de um transplante do coração, ele resolve acabar com a sua vida no Jura e viajar para a Polinésia, no rastro de seu passado.
Desejo e Obsessão
noites sem Dormir
J’ai pas Sommeil, França, 1993, 110min Dir. Claire Denis 01 de agosto- segunda-feira - 19h 02 de agosto- terça-feira – 16h 09 de agosto- terça-feira – 19h 10 de agosto- quarta-feira – 16h 17 de agosto- quarta-feira – 16h É madrugada quando Daïga parte da Lituânia em direção a Paris ao volante de seu velho carro, tendo como bagagem apenas um pouco de dinheiro, dois números de telefone e muitos cigarros.
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Trouble Every Day, França, 2001, 101min Dir. Claire Denis 3 de agosto- quarta-feira – 19h 4 de agosto- quinta-feira – 16h 11 de agosto- quinta-feira – 19h 12 de agosto- sexta-feira – 16h 18 de agosto- quinta-feira – 16h Shane e June são um perfeito casal americano em lua de mel em Paris na tentativa de reconstruir uma vida nova. Secretamente, Shane começa a frequentar uma clínica médica que trata da libido humana e deixa-se levar por perigosos impulsos sexuais.
35 Doses de Rum
35 Rhums, Alemanha/França, 2008, 100min Dir. Claire Denis 5 de agosto- sexta-feira – 19h 8 de agosto- segunda-feira – 16h 15 de agosto- segunda-feira - 19h 16 de agosto- terça-feira – 16h 19 de agosto- sexta-feira – 19h O viúvo Lionel é condutor de trens e vive num complexo habitacional com sua filha Josephine, que criou sozinho. Um taxista que é bem próximo dele, começa flertar com Josephine e eles passam a sair juntos. Lionel, por sua vez, atrai a atenção de uma mulher de meia-idade, com quem tenta marcar um encontro.
Em Cartaz
A Caça
22 de agosto- segunda-feira - 16h 25 de agosto- quinta-feira - 19h Jagten, Dinamarca, 2012, 106min Dir. Thomas Vinterberg Um professor, que trabalha em uma creche, vai reconstituindo sua vida após um divórcio complicado, em que perdeu a guarda do filho; até que uma aluna desta creche o acusa falsamente de a ter abusado sexualmente
Nós somos as melhores!
23 de agosto- terça-feira – 19h 24 de agosto- quarta-feira – 16h 29 de agosto- segunda-feira - 19h 30 de agosto- terça-feira – 16h We are the best!, Suécia, 2013, 102min Dir. Lukas Moodysson Três garotas na Estocolmo dos anos 1980 decidem formar uma banda punk, mesmo sem instrumentos e com todos as alertando que o punk estava morto.
O Batismo
25 de agosto- quinta-feira – 16h 26 de agosto- sexta-feira – 16h 30 de agosto- terça-feira – 19h 31 de agosto- quarta-feira – 16h Chrzest, Polônia, 2010, 86min Dir. Marcin Wrona O passado criminoso de Michal volta a assombrá-lo na semana anterior ao batismo de seu filho, que conta com a presença de um velho amigo seu.
Oslo, 31 de agosto
22 de agosto- segunda-feira - 19h 23 de agosto- terça-feira – 16h 26 de agosto- sexta-feira – 19h 29 de agosto- segunda-feira - 16h Oslo, 31. august, Noruega, 2011, 95min Dir. Joachim Trier Um dia na vida de um jovem viciado em drogas que está em recuperação. No dia 30 de agosto, ele ganha permissão para sair da casa de tratamento, ir em uma entrevista de emprego e reencontrar pessoas de seu passado.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Reitor Carlos Alexandre Netto Vice-Reitor e Pró-Reitor de Coordenação Acadêmica Rui Vicente Oppermann
Difunda essa cultura de forma consciente LEiA E pAssE
Pró-Reitora de Extensão Sandra de Deus Vice-Pró-Reitora de Extensão Claudia Porcellis Aristimunha Diretora do Departamento de Difusão Cultural Claudia Mara Escovar Alfaro Boettcher
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DifUsAoCULTURAL.UfRGs.bR Equipe do DDC Carla Bello – Coordenadora de Projetos Especiais Edgar Wolfram Heldwein – Administrador da Sala Redenção – Cinema Universitário Lígia Petrucci – Coordenadora e curadora do Projeto Unimúsica Rafael Derois – Coordenador do Projeto Unifoto Sinara Robin – Coordenadora e curadora do Projeto Vale Vale! e do Projeto Reflexão Tânia Cardoso – Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário Bolsistas Bruna Anele Gabriela Marluce Guilherme Bragança Maria Galant Renan Sander Vitor Cunha
Parcerias:
Projeto gráfico Katia Prates Diagramação Bruna Petry Anele
Arte da capa Gravura de Glauco Rodrigues, detalhe (Bagé, RS, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 2004) Fôve, 1985 Litografia, 59,6 × 78,6 cm Doação Norma Estelitta Pessoa Acervo Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS
LivRos | UNimúsiCA Ao invés da tradicional troca de 1kg de alimento não perecível por ingresso, O Unimúsica 35 anos elegeu o livro como forma de participação nos concertos da série sobre a palavra futuro. Assim, cada ingresso deverá ser trocado por um livro em bom estado de conservação. Romances, contos, poesia, livros infantis, infantojuvenis, serão todos muito bem-vindos. Uma parceria entre o DDC e o Instituto de Letras da UFRGS possibilitará que seu exemplar encontre um novo leitor em bibliotecas de bairro, associações de moradores, escolas públicas e cursinhos populares.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Pró-Reitoria de Extensão Departamento de Difusão Cultural Mezanino do Salão de Atos UFRGS Av. Paulo Gama, 110 Porto Alegre – RS (51) 3308.3034 e 3308.3933 difusaocultural@ufrgs.br www.difusaocultural.ufrgs.br
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