O PROJETO TOU QUE TOU comporta um conjunto de espetáculos que serviram de útero para a modernidade teatral. 01 São peças curtas para um homem que mal tem tempo para se divertir e menos ainda para pensar sobre si mesmo, seu presente, futuro e o que restará de todos nos. Num grande numero delas o texto se faz ao se questionar o proprio teatro, começando a crítica em casa, portanto. 02 O espetáculo viaja das cervejarias de Berlin aos galpões do Porto no marco Zero. Das linguagens explicitamente cënicas de Valentin aos espetáculos secos Samuel de Beckett & à critica social feroz de Harold Pinter. Espetáculos onde se pode continuar a beber e fumar, como anunciou Brecht. Essa é também a razão pela qual nos encontramos hoje no_______________. 03
LEMBRETE: A modernidade cënica nasceu nas cervejarias de Valentin, nos galpões do Berliner Ensemble de Brecht, nas Bouffes Parisiennes de Craig, no galpões do Cricot de Cracovia com Kantor, na Cartoucherie de Mnouchkine ou no barracão do Vivencial Diversiones de Guilherme, Barreto, Beto e de todas as Meninas da Illha dos Maruins... Enfim, sempre mais ou menos à margem do palco italiano... Pois é filha legítima do cabaré e suas variações ao longo da grande noite dos tempos.
Assim que Karl Valentin, na algazarra de qualquer cervejaria, se aproximava com seu ar mortalmente sério entre o barulho de canecos de chope, de cantorias do publico, a gente tinha imediatamente a sensação profunda de que esse homem não vinha ali fazer graça. Ele era a propria piada ambulante. Uma graça tão complicada, com a qual a gente não consegue brincar. Ele é um cömico inteiramente seco, interiorizado, em cujo espetáculo a gente pode continuar a beber e fumar e que nos sacode o tempo todo com um riso que nao tem nada de pacífico. Quando esse homem, uma das figuras intelectuais mais penetrantes dessa época, nos apresenta a simplicidade em carne e osso, juntamente com a tranquilidade, besteiras e o prazer de viver, a velha besta que dorme dentro de nós acorda e nos faz rir no mais profundo de nós mesmos. (assina por nós)
Bertold Brecht/outubro/1922
PORQUE OS TEATROS ESTÃO VAZIOS Porque todos nossos teatros andam vazios? Ora, simplesmente porque o público não vem. Culpa de quem? Unicamente do Governo.
Se cada um de nós se visse obrigado a ir ao teatro, as coisas mudariam completamente... (o Barreto Junior andaria lotado, o Valdemar...mas o Valdemar anda lotado! Ah, mas é porque aquelas meninas da Cinderela transfomaram um Oliveira num cabaré- coisa difícil... Nós não estamos preocupados com esse teatro, mas com o que se escreve com T minúsculo, o pobre teatrinho, ou teatrão se quiserem. Repitamos a nossa questão de hoje, para que tudo fique bem em claro:) Porque nossos teatros andam vazios? Culpa do Governo que não institui um Teatro Obrigatório! ( O Papa Woytila não garante que a missa é obrigatória? tem até pela Televisão...Eh, é, voce acorda na maior ressaca de alcool e fumo e o que é que vë logo de cara? o vigário. Que já está la de pé no meio de tremendo fumacé de incenso, te mostrando um enorme cálice de vinho....às 6 da manhã, brother!!!...Começam cedo esses católicos, Vixe Mainha!) Por que instituimos a escola obrigatoria, por quë? Porque nenhum estudante em sã consciëncia iria à escola se não fosse obigado! É verdade que seria mais difícil de se instituir o teatro obrigatório, mas nós não podemos ter tudo se tivéssemos boa vontade e o senso do dever? (**) Além disso, o teatro não é uma escola? Então!... O teatro obrigatório poderia começar na infäncia com um repertório de contos próprios para crianças como O Grande Anão Malvado ( Malvado, não é que tem odor de Malva, não, prestem bem atenção), ou O Lobo e as Sete Brancas de Neve, ou Cinderella a história que sua mamãe não contou....
(***) Numa grande Metrópole, temos umas mil escolas e umas mil crianças por escola cada dia, o que faz um milhão de crianças diárias. Esse milhão iria de manhã à escola e à tarde ao teatro. O-bri-ga-to-ria-men-te! Preço de ingresso por espectador-infantil, 30 centavos, às custas do estado, claro (pois afinal é uma bagatela em vista do que se gasta com autopromoção em propaganda política fazendo enormes e custosos internamentos e até mesmo funerais de ministros, amigos do lado direito do peito. Ou com a armada nacional. Ou a marinha, por exemplo. Nossos almirantes estão todos em Brasília e cada um tem duas dúzias de taifeiros, aquelas empregadas dométicas em versão masculina e não-civil... E nem tem mar em Brasília! Cada escola sendo um teatro, dariam mil salas, totalmente ocupadas às tardes! São mil teatros com mil lugares, mil vezes 33 centavos por escola,
33.000.000 de centavos por dia na cidade, (o que dá, trinta e tres passaria a ser não mais uma dízima periódica mas um dízimo, de tres em tres dava um Real, cada 300 alunos fariam 100 reais menos 30 centavos- sóbrio já e dureza fazer cálculo imagina quando voces forem pagar a conta hoje à noite...- bem, no bolo todo daria, resumidamente, uns 330 mil reais ao dia, equivalente a 1/3 de milhão, tendo o mes 30 dias, dividimos por 3 e a conta fica redonda: 10.000.000 de reais, o que é uma grana preta! ) Quantos atores teriam emprego? Instituindo Estado por Estado o Teatro Obrigatório, nós transformariamos completamente a vida econömica e o Governo acabaria com o problema criado pelo Governo, que é o do emprego de parentes com o desempego da maioria. (***) Porque não é a mesma coisa se perguntar: Será que vou ao teatro hoje? ou dizer Eu tenho que ir ao teatro hoje. O Teatro obrigatório levaria o cidadão a renunciar voluntariamente a todas as outras distrações estúpidas como, por exemplo, o jogo de peteca, de cartas, as discussões políticas de botequim, paqueras, encontros amorosos e todos esses jogos sociais que tomam e devoram nosso tempo. Sabendo que tem que ir ao teatro, o cidadão não teria mais que escolher seu espetáculo...Ficaria ele em dúvida atroz será que vou ver as noites de lima barreto junior ? será que vou ver... Não! ele terá que ir ver as noites de lima barreto , gostando ou não! Gostando ou não, ele terá que ir 365 vezes por ano ao teatro! O estudante, por exemplo, também não gosta de ira à escola, mas vai ssim mesmo, porque a escola é obrigatória. Obrigatória. Por Lei.
É somente por lei que podemos obrigar nosso público a ir ao teatro. O estudante, por exemplo, se não fosse obrigado por Lei a pagar apenas meia-entrada, nem ia saber que o Titanic afundou!
O Teatro Obrigatório Universal, ou o T.O.U, a que nos propomos levará ao teatro numa grande cidade como Recifolindajabuatão, cerca de um a dois milhões de espectadores ao dia. Será necessário então, que haja nessa cidade vinte teatros de 100.000 lugares, ou 40 salas de 50.000 lugares, ou 160 salas
de 12.500 lugares, ou 640 salas de 3.125 lugares, ou 2.000.000 de teatros de 1 só lugar... É preciso ser ator para se dar conta da força que tudo isso pode ter, quando somos tomados pela presença, numa sala monumental, de um público, digamos de 50.000 pessoas!... Eis o verdadeiro modo de se ajudar os teatros e companhias que estão à beira da falëncia, por malversaçao da grana de apoio à Cultura ou por falta de publico.... Não se trata mais de distribuir filipetas, cartazes, convites a pessoas influentes. Acabaram-se esses tempos de mendicação e miséria cultural... Não. É preciso impor o teatro Obrigatório. (**) E por isso culpamos o Governo. Porque afinal, quem pode impor uma coisa dessas se não o atual Governo? (***) Nós tentamos, anos a fio, convencer nosso público com boas maneiras, mas sabem o resultado dessa cultura liberal demais? Golpes publicitários para atrair a multidão, como: Ar refrigerado perfeito! ou então É permitido fumar durante o intervalo! ou ainda E studantes, militares e inválidos em geral pagam meia! E nem com todos esses truques conseguimos encher salas, vejam voces... (***) E tudo que iríamos gastar para fazer publicidade- que é o que mais encarece o teatro atualmente- será
e co no mi za
do. Quem precisa e publicidade para mandar as crianças para a escola? Não haverá mais problemas com o preço dos ingressos. Estaria institido a dízima periodica dos 33 centavos e pronto. Afinal o önibus, o cinema, a padaria, o pipoqueiro, o comercio em geral não vive cobrando mais 3 centavos, só para não ter troco? Quando o Grande Plano começou, 1 centavo comprava uma bala. De rifle. Hoje, nem um inocente confeito.
Podemos tamém adotar os preços tarifarios do SUS, classificando o público segundo, não mais sua condição social, o que era muito injusto- mas segundo suas debilidades e doenças. ( O Plano INPS é economicamente perfeito para quem o aplica, pois recolhe pouco, dizem, de cada cidadão, mas tem a vantagem de nunca aplicar nada de volta na saúde- o que dá um monte de dinheiro disponível para ... para a publicidade do Governo , por exemplo. Mas afinal, porque o Governo faz propaganda de suas obras e de si mesmo? As obras não são obrigatórias? Ele pode sem a Petrobras, sem a telefonia , sem aço, sem exército, mas pode um Governo governar sem Obras? Sras e Sras inicia-se agora a Rede nacional de televisão..., e ai gasta-se dinheiro para aparecer a cara do presidente... E a gente já no sabe que é ele o presidente? Quem deve anunciar notícias é o jornalista e não o presidente da república! E depois as empresas ainda pagam aos jornalistas para repetirem a mesma coisa duas tres vezes ao dia... Porque propaganda governamental? Sera que podemos ficar sem governo? Será que ele não é Obrigatório? O teatro é que ainda não é... (**) Pelo sistema INPS, da primeira á quinta fila teríamos os surods e míopes. Da sexta à décima, hipocondríacos e neurastënicos. Da décima à décima quinta, doentes de pele e doentes da alma. Frisas, camarotes e galerias seriam reservadas aos reumáticos e asmáticos. (**)
Alem do argumento educativo, há mais um. A nossa experiëncia nos ensina que não seria nada bom se os
bombeiros fossem somente voluntários. Pegaria fogo em seu prëdio e na rua estariam fazendo listas de voluntarios que topassem subir lá no
décimo andar em chamas, para salvar seu gatinho angorá e- quem sabe até voce- caso já não tenha pulado, cansado de tanto esperar ser formado o Corpo de Voluntários Bombeiros para salvá-lo no meio daquele fogaréu todo... Hum Hum, nada bom. Bombeiro tem que ser obrigado a entrar no fogo. E porque o que é bom para o fogo, digo para os Bombeiros, não é igualmente bom para o teatro? Há uma relação íntima entre bombeiros e Teatro. Eu que estou nestes bastidores há anos, posso lhes garantir que nunca vi uma peça sem que visse ao mesmo tempo aqueles bujöes vermelhos pendurados na parede indicando CH O, Extintor de PO, para 2
ser usado em fogo de origem em corrente eletrica... Sim, a coisa também não pode ser para Voluntários porque apagar fogo é antes de tudo uma ciëncia exata... Aonde não tem os bujões exatos , tem pelo menos aquela luzinha acessa indicando
Saida de Emergëncia
e curioso é que estou aqui nesse galpão há um bocado de tempo explicando para voces as vantagens de um teatro Obrigatório e ainda não consigo ver essas letrinhas salvadoras... Será que aqui não pega fogo? Será que esse teto não cai nunca? Estaremos nós finalmente aqui ao abrigo do mundo lá fora? (P)
( Saindo )
Com licença, com licença, porque eu prefiro de muito o mundo la fora, com licença, com licença, com licença...... ***
Cart a de
Am o r
Recife , 31 de março de 1944
Minha Querida Escrevo - lhe aqui do Front com uma mão na arma e a outra segurando, chorosa a caneta... Há quanto tempo voce não escreve... Por quë? Ainda mais depois que , não faz muito, voce dizia numa carta que me escreveria, se eu não te escrevesse . Meu pai também escreveu - me ontem . Ele me disse que te escreveu . Voce , ao contrário , não escreveu nem uma palavra pra me dizer que ele tinha te escrito. Se voce tivesse me escrito para me dizer
que meu pai te escreveu , eu teria escrito a meu pai dizendo que voce gostaria de lhe escrever mas que, infelizmente, não tinha tido tempo de lhe escrever, senão voce ja teria escrito. Voce não escreveu nenhuma carta respondendo aquelas que eu te escrevi , donde eu penso que esssas estórias todas de escrituras são bem tristes. Se voce não soubesse ler, seria uma outra coisa, eu não iria te escrever de maneira nenhuma. Mas voce sabe escrever e voce não escreve mesmo quando eu te escrevo. Eu termino minha carta aqui , te escrevendo na esperança de que voce me escreva, afinal. Senão será a última carta que eu te escrevo. Se, esta vez ainda, voce não me escrever, esceva - me ao menos para me dizer que não quer mesmo me escrever, de maneira nenhuma. Eu saberei , dessa forma, porque voce nunca me escreveu . Perdoe meu jeito ruim de escrever , mas é que tenho uma espécie de artrite típica dos que escrevem sempre. Isso acontevce sempre que eu escrevo. Voce, evidentemente, não terá isso nunca, pois não escreve jamais. Minhas saudaçoes
e
um
beijo,
teu, N.N
....
CONVERSA
DE
CHAFARI Z A - Numa praça de Recife, olhando o chafariz. B- Está a seu lado.
A- B-A- -
Afinal de contas esse chafariz é maravilhoso... É muito bonito quando ele esguicha. Esguichar.... es guicha r ... .O que quer dizer isso? Se ele não esguichasse não seria um jato d*água ... B-- Que tipo de jato seria? A- - Não seria jato nenhum . B-- Ah não? A- - Não seria jato nenhum . Seria apenas um jato que não esguicha. B-- Sim, mas ele está aí, não está? A- - Claro que ele está aí. B-- Mas a gente não pode vë- lo. A- - Quando ele não esguicha, não. B-- A gente també m não pode escutá- lo A- - Quando ele esguicha , a água murmur a . B-- Ele murmur a e ao mesmo tempo ele esguicha A- - Não é o jato que murm ur a , é a água ! B-- Sem o jato?
A- - Não, com o jato. B-- A gente pode comprar um jato desses? A- - Não. B-- Então como a Prefeitu r a fez para conseguir um jato desses? A- - É um donativo. B-- Entrega r a m esguichando? A- - Não. Primeiro é preciso esburaca r o chão, depois instalar o encana m e n t o , fazer o lago, botar as f;ores, e então se coloca uma grade prote tor a em volta. B-- E depois? A- - Depois ter minou. B-- Mas a gente ainda não pode vë- lo. A- - Quem? B-- O jato em si. A- - Não, só quando se abre a água é q ue o jato come;a a esguichar para o alto. B-- De alegria? A- - Bem, é uma lei da natur eza , da física, sei lá. Quando se abre uma tor neira, a água esguicha para cima. B-- Nem sempre . Na cozinha lá de casa, quando se abre uma torneir a , a água sai para baixo... A- - Uma cozinha e uma praça pública são duas coisas difere n t e s . B-- Sima, mas não se pode dizer que um j ato d *água como esse seja uma coisa útil. A- - Ele não tem nenhum a utilida de . B-- Então para que se constroe m esses esguichos? A- - Para enfeita r . .. para se olhar ! B-- Quem? A- - Os habita n t e s da cidade B-- Há quanto tempo que esse chafariz existe? A- - Desde 189 9 , eu acho. Quer dizer, há quase cem anos. B-- bem, então todos os habita n t e s de Recife já deve m të- lo visto. AÉ uma questão e gosto. As coisas belas podem ser vistas 2, 3 vëzes... BTá certo...2, 3 vëzes. Mas os velhos ou mesmo os que moram perto da Praça já devem ter enchido o saco de tanto olhar...
A-
Mas ele náo foi feito somente para os habitantes da
cidade.. ele foi consruido principalmente para os turistas B-
Não! isso não é verdade! Os turistas não vëm a Recife por
causa da água do chafariz, eles vëm por causa da água de cöco. AB-
Mas não é que é mesmo!
Eu nunca vi um turista pegunta: Por favor, meu senhor,
onde será que eu poderia ver um chafariz que esguicha água por aqui ? Mas ja vi muitos perguntarem: onde fica o coqueiro mais próximo? APnsando bem, náo é que é verdade mesmo...ninguém vem a Recife por causa do chafariz e nem ninguem pode matar a sede com essa água daí... BEntão por que botaram essa grade proteora em volta ? APara quando alguém chegar muito perto do chafariz, não se molhar, me parece. BE no período de sëcas ? ANa sëca ? Ele náo funciona. BMas se um turista quiser ver o chafariz no período de sëca ? AEle não vai poder... Terá que esperar pelas chuvas... BEle vai ter que ficar esse tempo todo em Recife ? ANão, ele vai embora e volta no período de chuvas. BMas chafariz com chuva não cai bem AÁgua de cima para baixo e de baixo para cima... BE se o turista for e não voltar? AAí ele não vai ver nada de Recife. BÉ mais fácil então para o pessoal daqui da cidade... e voce disse que foi feio para os turistas... os daqui podem ver quando quiserem... ANão na sëca. BMas na sëca sempre tem um pouquinho de água..
A-
Mas o chafariz é um jato
B-
Ah, mas de pinguinho em pinguinho, juntando tudo, dá
um enorme jato.. quando a gente se diz dessa vez ainda não vou, dessa vez ainda não vou, dessa vez ainda não vou e acaba indo finalmente à privada, sai um jato!... A-
Voce tem razão. Vai ver que as autoridades públicas não
vão ao B-
banheiro e por isso não sabem disso.
É preciso então avisá-los. Vão até ficar contentes pois
vão economizar o trabalho de ter que fechar o jato dágua em cada sëca que dá... A-
Mas claro, claro. Viu como cidadãos como voce, leigos
em chafarizes, B-
podem ter boas idéias de vez em qaundo ?
A unica coisa certa para mim sobre chafarizes é que a
água espirra
para o alto, desce, cai no laguinho e
escapa pelo ralo A-
Se não não seriam chafarizes...
B-
Não, não seriam chafarizes.
A- E se a gente observar bem, o ralo é a coisa mais importante que um chafariz tem ( P )... mais imporante aé que o próprio jato dágua, porque se não houvesse o ralo para escorrer, Recife inteira, Pernambuco todo e praticamente a América Latina todinha estariam certamente com- ple- ta- mente inundadas, por esses quase cem anos de água esborrodando pelas bordas do laguinho... Que catástrofe descomunal não pode ocasionar um simples chafariz de
laguinho, hein?! (cortar:Imagina se
alguém resolvesse, só por brincadeira, para se divertir, entupir o ralinho do chafariz...)
B- Ah agora estou entendendo porque as autoridades pĂşblicas botaram uma grade protetora em volta do chafariz....
ď ş
Na
serraria
Madame Lisemberger o que
Por favor, senhora, poderia me informar aonde eu faço para ir a à fábrica de móveis
Holzinger ? Mulher
No fundo do corredor à direita. A senhora vai
escutar Mme.
o barulho de uma serra elétrica. L.
Obrigada! ( Ela segue mais adiante, abre uma porta para
entra na carpintaria e imediatamente se ouve um ensurdecedor barulho de máquinas, que mal se
ouve o que ela fala. O texto a seguir é apenas marcado. vai ser repetido no final, de maneira audível, pela platéia, a mulher entretanto faz os gestos naturalmente, como a primeira vez. ) Marceneiro
( gritando) Ah, espera aí, madame, mas eu
não entendi nada do que a senhora quer. Deixe-me desligar a serra. ( Desliga ). O que é que a senhora quer mesmo ? Madame L
Eu estava justamente acabando de dizer...é que meu filho está noivo e vai se casar dentro de 2 meses. eu estou
querendo saber o orçamento para o
dormitório completo em carvalho, claro, quer dizer, 2 camas, 2 mesinhas de
cabeceira, 2 cadeiras, 1 poltrona, 1 armário
e 1 cömoda.
Mas o que houver de mais moderno. meu
filho acha que 1 dormitório em madeira clara é pouco acolhedor para um quarto. Ele acha que o mogno cairia melhor, mas eu acho
que o carvalho é mais barato que
o mogno...Aí eu e meu marido pensamos que o carvalho seria melhor, por ser mais claro, mas minha nora acha o carvalho muito comum, afinal de contas, um mogno é muito original. Além disso, suja menos que o carvalho. Quando eu e meu marido nos
casamos há muito tempo atrás, fiz
nosso quarto de nogueira e ainda hoje ele está de pé, muito bem conservado, mas a nogueira é tão cara afinal quanto o mogno. O jacarandá, é claro, seria muito mais bonito ainda, mas o jacarandá é muito mais caro, e é por isso que eu vim aqui saber os preços e se o senhor fabrica os
móveis bem
rígidos e só por encomenda ou se já tem os dormitórios prontos na sua loja...nesse caso eu poderia vir aqui com meu filho para escolher. Marceneiro
Bem minha senhora , este aqui não é o
lugar mais
apropriado. A senhora deve
procurar uma fábrica de
móveis, aqui só
trabalhamos com madeira para construção.