A Cidade como Campo de Ação - TFG - Dilton Lopes

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Trabalho Final de Graduação, Desenvolvido por Dilton Lopes de Almeida Júnior e orientado pelo Professor Sergio Kopinsiki Ekerman., cujo tema é “A Cidade como Campo de Ação: A criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Feira de Santana. Defendido em 07 de Agosto de 2014.


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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao Professor Sergio Ekerman, por ter acreditado desde o princípo no meu trabalho, pelo incentivo, confiança e disponibilidade. Pela sinceridade crítica e por ter me instigado a sempre produzir mais e ir além dos meus limites. Obrigado pela oportunidade, sair da minha zona de conforto me fez aprender ainda mais. À minha família, que me deu o suporte suficiente para que isso tudo acontecesse. Obrigado pelo carinho, confiança e por me fazerem sentir amparado, mesmo nos momentos distantes e difíceis, ter a sensação da presença de cada um de vocês me ajudou a continuar, sempre pra frente. Dedico ainda à figura de meu pai, que apesar de não se encontrar mais presente, continua sendo a referência do que eu entendo por valores. À memória de Seu Chico Dias que desde a infância me incentivou e sempre salientou o desejo de me ver formar.

À Marina Moreira, pela dedicação e amizade.. A Laís Cerqueira, sempre solícita e atenciosa. Aos amigos, que fizeram parte deste percurso e puderam contribuir e enriquecer a discussão sobre o tema. A Raianna Mercês, obrigado pelas palavras e dicas.

À Lorena Valverde. pelo companheirismo, dedicação e incentivo. Sua presença foi determinante para mim. Você me fez confiante para seguir em frente com as minhas ideias e os meus propóstios.

Ao Prof. Luís Viegas e à experiência de intercâmbio no Porto. Obrigado por ter contribuído e ratificado certas ideias do que eu imagino ser arquitetura. Agradeço a sensibilidade, alguns de seus conselhos, sempre precisos, vão seguir comigo. À SEPLAN, ao Sr. Arcênio Oliveira. À Rosana Muñoz e a todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho. Agradeço ainda aos membros da banca, por terem aceito participar dessa discussão e contribuírem com o enriquecimento do trabalho.

Meu muito obrigado a todos! 3


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sumário _ agradecimentos

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_ apresentação

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_ justificativa

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_ feira de santana

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_a escolha do lugar

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_contextualização

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_aproximações com o tema

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_algumas definições

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_proposta

40

_desenhos técnicos

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_situações espaciais

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_concretizações

82

_conclusão

89

_bibliografia consultada

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APRESENTAÇÃO O presente trabalho têm como intenção, a discussão acerca da cidade, do ensino e da formação do arquiteto frente a uma nova realidade sócio-espacial vigente nas cidades brasileiras contemporâneas. Vivendo sob o chamado fenômeno do “crescimento econômico do país”, a paisagem urbana bem como as condições de uso e partilha do espaço público vêm sofrendo transformações a passos largos. Fortemente atrelado a uma política governamental de incentivo ao consumo e à industria automobilística e de construção, os efeitos deste crescimento vêm alterando profundamente o cenário das nossas cidades. . Essas mudanças podem ser mais facilmente percebidas se analisarmos as cidades do interior do país, onde o salto de urbanização é imenso e suas consequências já são percebidas e serão significativas para o futuro. É sob esse cenário que propõe-se a criação de uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, como um organismo capaz de se posicionar frente a essa e outras realidades urbanas sobre variados aspectos, sejam eles analíticos, discursivos, estéticos e/ou propositivos . São células institucionais que detêm a responsabilidade de formar cidadãos com capacidades inerentes para responder a essas demandas. Parte-se então para uma realidade mais específica e a cidade de Feira de San6

tana, um importante entroncamento rodoviário para o país, localizada no limiar do sertão e do recôncavo baiano, surge como catalisadora dessas questões. O crescimento urbano desordenado e especulativo e o aparecimento de novos vetores de expansão territorial nos fazem inquirir sobre a sua memória urbana, o seu centro, centralidades e perspectivas futuras para o seu desenvolvimento. Atrelado a tudo isso, a discussão acerca da formação do arquiteto se faz determinante para a concepção dessa nova instituição educacional. A noção de cidade como campo aberto para observação e ação do arquiteto é interino à ideia de uma escola onde o ofício se aprende junto a uma realidade e onde o experimento do espaço urbano é tambem instrumento de aprendizagem. O objetivo se faz então na busca de um arranjo espacial capaz de responder a esse premissa pedagógica, para qual o estudante fruto dessa interação, seja capaz de assumir uma postura mais coerente à sua realidade, enquanto arquiteto e urbanista.


Imagem: Foto AĂŠrea de Feira de Santana. Autor: Carlos Augusto para o Jornal Grande Bahia

Imagem: Foto AĂŠrea de Feira de Santana. Autor: Carlos Augusto para o Jornal Grande Bahia

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FAUFBA. Fevereiro de 2014. Foto do Autor. 8

BAUHAUS. Julho de 2013. Foto do Autor.

FAUP. Novembro de 2012. Foto do Autor.


JUSTIFICATIVA Pensar a formação do arquiteto e urbanista é também questionar os valores sócio-econômicos intrísecos à nossa profissão e resignificar a relevância do mesmo para o pensamento do ambiente e da cidade em que vivemos. O ensino de arquitetura provavelmente é reflexo do modelo de cidade instituído, mas também pode e deve ser fruto da vivência e dos desejos de cidade que idealizamos. A ideia de implantar uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo surgiu quando em processo de intercâmbio na Faculdade de Arquitetura do Porto, em Portugal, foi despertado em mim a noção de como o espaço daquela escola diz muito sobre o seu processo educacional. As interpretações de espaço, ofício e cidade acontem ali de forma intríseca. Foi na vivência cotidiana da faculdade que eu percebi a intenção de uma Escola com um direcionamento metodológico claro, e com inteções educacionais facilmente interpretadas pelos seus alunos. Ainda em Portugal, ao relembrar minhas vivências na FAUFBA, um pensamento semelhante ocorreu, ainda que de forma mais fluída, percebi a existência de uma concepção educacional, e o seu reflexo espacial era claro. A partir de então, uma curiosidade surgiu e o desejo de me debruçar sobre esse tema foi determinante para escolhê-lo para o meu TFG.. Visitar as faculdades dos amigos intercambistas em outras cidades ou ouvir os relatos de suas experiências con-

tribuiu para enriquecer a discussão e vivenciar outras espacialidades semelhantes. O estudo do espaço escolar específico do universo da Arquitetura e Urbanimso, bem como suas metodologias passaram a fazer parte do meu cotidiano, a cada nova descoberta de uma escola ou experiência. Outra intenção clara, desde o início, foi o desejo de trabalhar com Feira de Santana, que mesmo não sendo minha cidade natal, foi na qual passei grande parte de minha vida até aqui, criei ali laços de memória determinantes para a noção de cidade. O TFG seria um momento oportuno para pensar, analisar e propor ainda que de forma acadêmica alguma mudança. Deixei a cidade, ainda adolescente, para iniciar o curso de Arquitetura e Urbanismo e agora na sua conclusão retorno meu pensamento a ela, com capacidade para intervir criticamente frente a seu processo de crescimento e expansão. O fato de se construir uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em Feira, vem principalmente pela inexistência de qualquer instituição pública e com tais características fora da capital baiana. Propor uma escola de arquitetura em uma nova realidade é também estar de acordo com as demandas sócio-espaciais ali instauradas.

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Imagens: A Feira Livre em diversas épocas. Fonte: IBGE

FEIRA DE SANTANA Com uma população estimada em seicentos mil habitantes, Feira de Santana é a segunda maior cidade do Estado da Bahia e se caracteriza como um importante entrocamento rodoviário para todo o país. Sobre o seu traçado urbano cruzam-se algumas das principais rodovias que ligam o Brasil. Tal característica sempre se fez presente em sua história. Por se situar no limiar do Recôncavo Baiano e o Sertão, a cidade se transformou já no séc XIX em ponto de parada estratégico para os vaqueiros e mercadores, que ali encontravam água, sombra e alimento para os animais e tropas. Depois das primeiras ocupações territoriais, não demorou muito a ser instaurado, um importante pólo de troca e venda de mercadorias, a Feira surge como motriz, ela é a amálgama de toda a população em passagem e de certa forma sintetiza profundamente a cidade até hoje. Em príncípio, vinculada à cidade de Cachoeira, Feira tornou-se um municipio independente a partir do ano de 1833. Des10

de já, o crescimento da cidade aconteceu de forma acentuada e já no final do séc. XIX, percebendo a sua vocação para as atividades comerciais a vila altera o seu nome para Cidade Comercial de Feira de Santana. Com a demanda de mercadorias do sertão para o litoral, e vice-versa, os comerciantes de gado, açougueiros, compradores de boiadas e mercadores de diversos outros produtos saíam de Cachoeira para receber e ‘olhar’ as boiadas antes que elas chegassem àquela vila, a fim de comprar mais barato e escolherem os melhores bois. “Por outro lado, os fazendeiros do sertão não precisavam ir até Cachoeira para venderem suas boiadas e comprarem produtos que eram comercializados naquela vila do Recôncavo, como ferramentas agrícolas, pratos, talheres, candeeiros e uma infinidade de produtos que desembarcavam em seu porto” diz Fraknlin Machado em entrevista.

ÁREA URBANIZADA DO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA

SALVADOR


Levada pela onda de prosperidade econômica, a cidade parte a exibir então, variadas obras significativas, como o Mercado Municipal e dezenas de casarões e sobrados como da Casa de João Pedreira, a Vila Fróes da Motta, Casa de João Marinho Falcão, Chácara de Tertuliano Almeida (Solar Santana), Casa de Chico Pinto e Casa da Torre, entre outros que vão embelzar o centro da cidade de então. A partir da décade de 40 do Séc. XX, com a expansão da malha rodoviária brasileira, Feira já passa a ser ponto de paragem obrigatória para os nortistas e nordestinos em direção a São Paulo. O crescimento urbano a partir daqui passa a ser acelerado e desde já, alteram a paisagem do que viria ser a cidade. Grandes avenidas são criadas, rasgando transversalmente o traçado vigente e alterando ainda o sentido de crescimento da malha urbana de então. O desenvolvimento industrial acontece na década de 60 e se constroi um anel rodoviário para conectar e distribuir as diferentes rodovias que passariam pela cidade. Já a partir da década de 7o, o município atravessa por processos que alterarão profundamente sua paisagem, o inchaço populacional, o descaso do empresariado local e as políticas expansionistas por parte do poder público vão determinar uma nova

constituição de cidade, no que tange á descaraterização e destruição do seu patrimônio edificado. e da perda de noção de cidade e memória. A extinção da Feira Livre, por exemplo, que antes acontecia na rua e no centro da cidade, através de um processo de parceria público-privada passa a funcionar em um local edificiado para a determinada função. Juraci Dorea afirma que esse fato é crucial para iniciar um fenômeno de descaraterização e descaso com a memória e o seu passado. Feira de Santana é uma cidade que se devora, diz ele em entrevista. A feira livre ocupava cerca de 8 quilômetros quadrados, nos quais trabalhavam cerca de seis mil feirantes das cidade e de diversos municípios da região. Esse aglomerado de gente, barracas e o trânsito que começava a sua intensificação naquela década, provocava reações variadas. Juraci também evoca como perda identitária alguns elementos que também foram extintos, ou estão em vias de, que valem registro.“A antiga feira do gado, ao redor da qual nasceu e cresceu Feira de Santana, é uma das principais referências histórica e turística da cidade. O local também serviu de cenário para algumas das mais tocantes cenas de um dos mais importantes filmes já produzidos no Brasil, entre eles Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha” 11


Imagens: Rua Conselheiro Franco através das décadas. Foto 01.: Déc. de 30; Foto 02: Déc. de 70 e Foto 03.: Dias atuais. Fonte: IBGE

“Não pode se falar de “progresso” de Feira de Santana. A cidade encheu, cresceu, explodiu, de maneira aleatória. Não cresceu pelo melhor” JURACI DOREA

É interessante notar as transformações ocorridas no conjunto de imagens acima, A rua Conselheiro Franco era a principal via de passagem da cidade e ligava o Campo do Gado, que ficava além da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, presente na primeira foto, até o limite da cidade, aonde estavam instaladas a Igreja da Matriz, presente na linha do horizonte da segunda foto, a Estação Ferroviária, hoje Feiraguai e a Santa Casa de Misericórdia. No fim da década de 30 do séc. XX foram criadas avenidas perpendiculares a esse traçado, dentre elas a Av. Getúlio Vargas, hoje principal avenida da cidade e a Av. Senhor dos Passos, via de intenso comércio. Isso alterou drasticamente a noção de centralidade da cidade, já que seus vetores de expansão foram direcionados a novos pontos e o resultado desse novo desenho fez a cidade ganhar uma nova frente, um novo centro. É importante salientar ainda, a figura do arquiteto Amélio Amorim, primeira referência importante e que a sua medida vai ser responsável por algum pensamento urbanístico para a cidade, É ele o autor de diversas obras marcantes como a criação do Restaurante e Complexo Cultural Jerimum, hoje Centro de Cultura Amélio Amorim, o Clube Cajueiro e ainda diversas moradias. Vale ressaltar que grande parte dessas edificacóes hoje em dia já se encontram destruídas, arruinadas e sem uso. O que contribui 12

para o questionamento ainda maior a cerca das políticas públicas de preservação e também a cerca do esquecimento pela própria população de sua memória. Sem bairrismo, diz o arquiteto Juraci Dórea, as pessoas não se preocupam mais em preservar a memória, não pensam mais em preservar a arquitetura, nem pensam em preservar a cidade. Seja o patrimônio moderno ou antigo, a cidade ao perder seus monumentos deixa de lado parte de seu caráter. Apesar de Feira possuir uma história ainda recente, a destruição de elementos que rememorem seu passado e ajudam a entender o seu presente enquanto cidade como construção social, soa de modo distópico. Feira está totalmente voltada para uma expansão cada vez mais rodoviarista seja na abertura de vias de grande tráfego pela cidade,ou no desenho de seus eixos de expansão e investimento passando cada vez mais longe do centro e de suas centralidades., Grandes viadutos e autopistas já são paisagens corriqueiras e são tratadas como símbolos de desenvolvimento e expansão. O poder público demonstra estabelecer como prioridade alcançar indíces cada vez maiores de crescimento e urbanização, sem qualquer preocupação qualitativa ambiental voltada ao cidadão comum.


EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Atualidade

Eixo: Variados, Prolongamento das Principais Avenidas Centro: Variados Centros Limites: Indefinido

Expansão déc. 70 Eixo:Leste-Oeste (BR-324) e Norte-Sul (UEFS) Centro: Cruzamento da Av Getúlio Vargas, com a Av. Senhor dos Passos, Prefeitura. Limites: Anel Rodoviário

Expansão déc. 40 Eixo:Leste- Oeste Centro: Cruzamento da Av Getúlio Vargas, com a Av. Senhor dos Passos, Prefeitura. Limites: Indefinidos

Início de Expansão da Cidade Eixo: Norte-Sul (Rua Conselheiro Franco) Centro: Igreja da Matriz Limites: Ao Norte Campo do Gado, ao sul Asilo Imperial

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O Sobrado do Séc XIX, ao lado, fazia parte da chamada Rota Histórica de Feira de Santana. Sua demolição aconteceu no dia 23 de Julho de 2014, e tomou a população da cidade de surpresa. O imóvel estava arruinado a um tempo considerado, mas não houve suficiente esforço para a sua preservação.

Ainda se faz notória na cidade a enorme expansão horizontal ocorrida nos últimos anos, dado ao aquecimento imobiliário local. Condomínios murados horizontais e mais recentemente os Conjuntos Habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida se alastram pelo território feirense e tomam áreas consideráveis dos espaços verdes e permeáveis do munícipio. Grande parte dos mananciais e lagoas que existiam e que estavam intimamente ligados à origem da cidade estão desaparecendo dia-após-dia, dando lugar a superfícies áridas, privadas e sem qualquer possibilidade de apropriação pelo cidadão. Ficam aqui os questionamentos a cerca desse processo evolutivo aparentemente inócuo e sem maiores consequências futuras. Apesar de os números soarem como crescimento e desenvolvimento, em análise crítica e mais apurada nos retomam o pensamento de qual realmente é a cidade que está sendo construída? Quais são suas projeções futuras e sobre que perspectiva de crescimento a cidade pretende estar?Para quem ela é feita? Frente a isso, outras indagações a cerca da importância do arquiteto e urbanista dentro desse processo surgem. Qual arquiteto e urbanista está sendo formado? O 14

quão crítico, sensível e apurado para essa realidade estão sendo preparados os alunos nas faculdades de arquitetura? Qual é a importância da cidade para o ensino e do ensino para a cidade? Essa relação de coexistência entre escola e cidade é capaz de alterar alguma realidade?

“A Escola é uma manifestação da vontade da sociedade, que se organiza desta forma... É impossível discutir qualquer questão de arquitetura, quanto mais imaginar uma Escola de Arquitetura arregimentando a ignorância local para depois começar a aprender. Ao contrário, a Escola ideal é um lugar onde se cultiva um saber primordial , trazido nas raízes da memória...onde se pode cultivar essa distância como algo palpável, considerável no plano do conhecimento em especulação sobre as origens em todos os aspectos, seja pelo lado da antropologia, da arqueologia ou da história.” Paulo Mendes da Rocha


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A ESCOLHA DO LUGAR “...A Universidade constituindo a cidade, dentro da cidade, intricada com a cidade, pertubando a vida da cidade de modo positivo, como pretende pertubar toda forma de conhecimento.. Paulo Mendes da Rocha

Desde o princípio a ideia para a criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Feira de Santana partia junto com o pressuposto de se trabalhar com o centro da cidade. Ao centro faço referência ao centro antigo, que de algum modo ainda guarda parte de uma vivência urbana peatonal, rica em comércio e de grande fluxo de pessoas. O ato de implantar a Faculdade no cerne da vida urbana, traduz em parte a intenção do equipamento dialogar e criar relações com o seu entorno e também se transformar em uso para a própria cidade. A observação do cotidiano urbano, a sua interpretação e o seu registo são também parte do aprendizado arquitetônico e ajuda a construir uma percepção urbana direta com as realidades instauradas. 16

Em determinado momento do trabalho, entrou-se em contato com a possibilidade de desenvolvimento do TFG junto a uma proposta que está sendo implementada na cidade. Será construído um novo campi, da Universidade Federal do Reconcâvo Baiano, cuja intenção é a construção do Centro de Ciência e Tecnologias em Energias.e Sustentabilidade, o CETENS. O projeto prevê a criação de um Bacharelado Interdisciplinar em Energias Renováveis, uma Faculdade de Economia e uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. No decorrer das pesquisas e no acompanhamento das negociações foram sendo notificadas que o campi seria construído em um terreno próximo a uma unidade penitenciária, nas proximidades da BR-324, fora do anel rodoviário e sem qualquer relação de deslocamento peatonal. A ideia deixa de fazer sentido e parto então na busca de um local que pudesse potencializar usos e apropriações tanto pelos alunos da Escola quanto pela cidade em si. Outra importante motivação seria a de trabalhar com pré-existências. Edifícios, monumentos ou espaços que perpassaram pela história da cidade e podem resignificar o seu presente, seja pela salvaguarda de seu patrimônio ou pela sua reinserção na vida urbana. A intenção aqui não é resgatar nenhuma memória, ou trazer a tona um passado


esquecido, e sim dar potenciais condições a um edifício que se encontre arruinado ou sem uso específico, de fazer novamente parte da vida cotidiana, com novos sgnificados e novas interpretações. Partiu-se então na busca de imóveis e terrenos com alguma importância histórica, ou seja não foram excluídas aqui o patrimônio moderno da cidade e verificou-se a concentração deles em uma região bem específica. Localizados na sua maioria, nas imediações da Igreja Matriz, na Av. Senhor dos Passos e na Rua Conselheiro Franco, as edificações foram analisadas sobre variados aspectos: situação urbana, tombamento, estado de conservação, uso, áreas livres e possibilidade de ampliação. Deparei-me então com um Sobrado em frente a Praça Carlos Bahia, a proximidade com a efervescência urbana do Feiraguai (a antiga Estação Ferroviária da cidade), a aridez da Praça da Matriz e a memória de ainda na infância ter visitado o casarão e já ter percebido o seu estado de arruinamento despertaram minha atenção. Conhecido popularmente como Palácio do Menor, a edificação ao longo da história passou por diversos usos e guarda consigo o acúmulo de tempos diversos que caracterizam ainda mais a sua singularidade.

Terreno: Palácio do Menor

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CONTEXTUALIZAÇÃO O Palácio do Menor está inserido em um contexto urbano muito particular. No que se caracterizou a cidade antiga de Feira de Santana o edifício se encontrava no que se consideravam ser os limites da cidade, descendo a Rua Conselheiro Franco passaríamos pelos sobrados e casarões das pessoas mais nobres da cidade, chegaríamos ao fim da rua na Igreja da Matriz e à Estação Ferroviária, essa grande área da cidade tinha na Igreja e na Santa Casa da Misericórdia suas maiores propietárias. Ali foram construídos a Igreja Matriz da Cidade, o Cemitério Municipal e um Asilo e Hospital, que viria a ser o Palácio do Menor. IGREJA MATRIZ BIBLIOTECA MUNICIPAL MONTEIRO LOBATO

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FEIRAGUAI

Hoje em dia, tomada por um inteso comércio, fluxo de pessoas e mercadorias essa parcela da cidade é singular, pois de certa forma detém aquela que foi a maior característica da cidade, a Feira. Se instalou sobre o que costumava ser a Est. Ferroviária, o denominado Feiraguai. Um grande mercado, dividido em boxes, comercializa todo variado tipo de mercadorias, importados, eletrônicos, roupas, perfumes, utensílios domésticos, e uma diversidade de produtos. O local se caracteriza pela enorme quantidade de barracas, comerciantes e produtos, seus limites se desfazem diariamente, pois dia após dia a Feira vai crescendo e tomando novos espaços no seu entorno. São milhares de pessoas que por ali passam diariamente, muitas delas vêm de outras cidades e já se pode notar toda uma estrutura na vizinhança para receber essa população em passagem, bares, restaurantes, pousadas, etc. De alguma forma o Feiraguai resignifica o que foi a Feira antiga, no que tange a troca de mercadorias, no fluxo de pessoas e na singularização do espaço urbano.

PRAÇA CARLOS BAHIA PRAÇA DA MATRIZ

CASAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

PALÁCIO DO MENOR E TERRENO ADJACENTE


Outro ponto a ser levantado no que se caracteriza a sua inserção é a grande parcela vazia presente em sua área e na sua vizinhança. Dado o processo de urbanização ter adensado e recentemente verticalizado as quadras e os lotes, encontrar uma área ainda vazia e com vegetação abundante no centro da cidade já não é tarefa das mais fáceis. A grande massa verde presente no interior do terreno, vislumbrou a oportunidade de dar condições a essa população de passagem de poder usufruir de um espaço público em toda a sua qualidade ambiental. A possibilidade de transormar o terreno em um equipamento de porte urbano e ainda sua vizinhança suportar futuras ampliações da Faculdade foram determinantes para a sua escolha. A existência da Praça Carlos Bahia, que a sua medida é uma extensão da Praça da Matriz, potencializa ainda mais as futuras relações de partilha do espaço público com a Faculdade. Definitivamente essa relação entre a Praça e a Faculdade permitirá aproximações e apropriações em ambos os espaços. Instalada em um dos poucos pontos de declive na cidade, a praça e o terreno permitem por suas relações de cotas uma visão de amplitude da cidade, É possível enxergar em seu horizonte o conjunto de serras, ao fundo , e os limtes do que

se configura o munícipio. O Terreno delimitado originalmente como propriedade da Sta. Casa de Misericórdia possui uma extensão de 6.721.00 metros quadrados e não contempla á grande massa de vegetação do interior da quadra. Para o desenvolvimento do Trabalho, esses limites foram expandidos com a justificativa de integrar a área verde à Escola e consequentemente à cidade. Além da estrutura do próprio sobrado, fazem parte do conjunto uma sequência de pequenas edifícações e edículas que foram construídas como anexos, quando se fez do Edifíco a Sede e Quartel da Polícia Militar. São módulos de residências, celas, acomodações e de programa de suporte, construídos em alvenaria de bloco cerâmico e cobertura em telha também cerâmica. Não possuem quase nenhuma importância arquitetônica e em alguns casos prejudicam a estabilidade do edifício do casarão. Dada essas circunstâncias uma das primeiras prerrogativas do projeto será a demolição de tudo o que foi anexo, permitindo a criação de um novo arranjo espacial que potencialize as reações diretas com a pré-existência e com a cidade.

05 LEGENDA:

03

01. Palácio do Menor 02. Residência e Acomodações 03. Celas 04. Acomodações Restaurante Vestiários 05. Quadra Poliesportiva

Anexos criados pela Polícia Militar quando o edif. se tornou Quartel

Limite do Terreno Original, Área: 6721.00 m2

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01 02 PRAÇA CARLOS BAHIA

Limite do Terreno Extendido, Área: 12417.00 m2 19


Imagens: O Casarão em diversas épocas. Foto 1e 2: Ainda como Hospital, é possível perceber a presença de elementos decorativos que remetem ao período neoclássico,

O Sobrado popurlamente conhecido como Palácio do Menor tem a sua construção na primeira metade do Séc. XIX como propriedade particular, sua arquitetura para a epoca já era peculiar. A soluçao em sobre-andar, as aberturas em todas as frentes e a presença de ornamentos característicos do período neoclássico só aparecerão em construções feirenses cerca de 50 anos depois. A fachada, voltada para a Rua da Misericórdia, apresenta nove janelas, sepradas entre si por arcos ogivais. Pelo lado posterior era possível o acesso para as dependências situadas no porão. Cada fachada lateral apresenta uma porta central e três janelas. A porta do lado direito servia de acesso principal ao edifício. A porta ao lado esquerdo se descortina uma das mais belas vistas para as colinas situadas no poente. Em 1865, foi comprado pela Santa Casa de Misericórdia e ali passa a funcionar o Asylo Imperial e Hospital D. Pedro, com a capacidade de 32 leitos o principal hospital municipal ali funcionou até a década de 50 do séc. XX, quando inaugurou-se a nova unidade do Hospital em outra localidade. O casarão passa a funcionar a partir dessa década como Sede da Polícia Militar e foi de fundamental importância para as ações dos militares durante a ditadura 20

brasileira. A transformação de Hospital para Quartel provocou mudanças signficativas em sua estrutura física, paredes foram derrubadas, anexos sanitários foram construídos em seu interior, aberturas foram fechadas e foram construídos blocos anexos no terreno para abrigar outras funções que só o Casarão já não supria. São em sua maioria acomodações, celas e programas voltados para alimentaçao, asseio e esporte. Como estrutura arquitetônica não apresentam nada de muito característico e possuem pouca relevância histórica. Já na década de 80 a Edificação passa a ficar sem uso, só retorna a atividade a partir da década de 90, como uma Instituiçao de Recolhimento e Cuidados para Jovens Infratores, uma espécie de FEBEM, conhecida como Palácio do Menor. Essa epóca contribuiu para uma degradação intensa da Casa, seus interiores, esquadrias e acabamentos são derpredados e deterioram a mercê das constantes rebeliões que acontecem desde então. Ainda na década de 90 o casarão perde novamente sua função, passando rapidamente ao estado de ruína, sua cobertura cede e o edifício se transforma em abrigo de andarilhos e transeuntes. Nos anos 2000 inicia-se junto a uma parcela da população


Foto 3 Postal, nota-se uma clara manipulação ao simular a existência de um beiral pelo acréscimo de sombras abaixo da cobertura; Foto 4: Sede do Quartel da Polícia Militar, já é possível identificar alterações em sua fachada como a supressão dos elemntos decorativos da platibanda.

uma campanha para salvaguradar o edifício. Frente a essa processo sempre esteve presente a figura do arquiteto Juraci Dorea, relatando a importância histórica do casarão e o seu completo desamparo. Em estado de abandono e arruinamento, o casarão se manteve fechado durante quase toda a primeira década do séc. XXI. A inexistência de cobertura contribuiu para que a vegetação se proliferasse or todo o seu interior, contribuindo ainda mais para a deterioração de sua estrutura e provocando uma maior instabilidade. O bem é tombado provisoriamente pelo IPAC. Em 2009 o terreno que pertencia à Santa Casa de Misericórdia é doado ao SESC que desde então inicia um movimento para a Construção de um Centro Cultural e Restaurante do Comerciário no local. O projeto de autoria do Arquiteto e Professor Valdinei Lopes para a edificação já se encontra em fase avançada e a sua construção provavelmnte se inciará nos próximos anos. Do ano de 2012 pra cá, inicia-se uma reforma para consolidação provisória da Edificação, uma estrutura metálica é criada para interromper a rotação das paredes das fachadas e sustentar uma cobertura leve em telha metálica. Parte das alvenarias é refeita e as aberturas são fechadas para evitar invasões. O edifício permanece assim desde então.

Imagem: Projeto para Intervenção na área de Estudo. Autoria: Valdinei Lopes.

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Imagens: Foto 5 e 6: O Casarão funcionando como Palácio do Menor, já se faz notar a sua completa descaracterização e posteriormente o seu estado de abandono. Nota-se a presença de enormes contrafortes nas fachadas. Isso acontece pelo fato da estrutura tem adobe er iniciado um processo de rotação, esse processo se justifica principalmente pelas modificações na estrutura da edificação, quando transformada em quartel, paredes foram demolidas, outras construídas com materiais mais modernos. Erguream-se ainda, apêndices de sanitários, como pode ser visto na Foto 5. Sobrecargas, infiltrações e a depreciação da própria estrutura foram fundamentais para se alcançar essa situação.

ESQUEMA DE CONFIGURAÇÃO DA PLANTA:

CONFIGURAÇÃO ORIGINAL 22

CONFIGURAÇÃO ATUAL


Imagens: Foto 7: Anos 2000, Interior totalmente tomado por vegetação, o que prejudica ainda mais a establidade do ediício por suas alvenarias serem de adobe. Foto 8 e 9: 2012: O SESC inicia o processo de restauração provisória da Edificação, Tapumes são instalados, nota-se a ausência de cobertura. Foto 10.: Estado atual: Todas as aberturas foram fechadas em alvenaria de tijolo cimento, uma estrutura é erguida para segurar as fachadas e uma cobertura elve metálica.

A SITUAÇÃO ATUAL

O Casarão como já dito anteriormente possui como solução estrutural, as alvenarias de adobe. Sobre uma fundação em alvenaria de Pedra, as parede portantes com grande espessura são responsáveis por suportar a cobertura, que hoje já não existe mais. Por ser uma solução em estrutura de terra a edificação carece de cuidados frequentes e qualquer alteraçã em sua configuração deveria ter sido feita junto a estudos capazes de assegurar a sua estabilidade futura. Não foi isso o que aconteceu. Quando transformada em Sede da policia Militar a estrutura sofreu modificações, foram acrescidos um apêndice de sanitários no piso térreo e parte da sua configuração espacial foi alterada. Essas mudanças podem ser vistas esquematicamente do Diagrama ao lado. Com o sobrepeso de novas paredes, e a infiltracão dos apêndices de áreas molhadas, a estutura da edificação começou a ceder e as fachadas a sofre rotação. Para deter esse movimento, foram sendo criados ao longo do tempo contrafortes que impediriam esse movimento. A estrutura da cobertura cedeu em determinado momento. Não se pode afirmar de certeza, quais foram os motivos que levaram a essa situação, mas supõe-se que o próprio movimento de rotação, a ação da umidade e também a deterioraçao da estrutura por insetos levaram a ceder.

A partir da queda do telhado a situação da estrutura se complicou ainda mais pois as estruturas em terra ficaram expostas sob a ação do vento e da chuva. Propagou-se por toda a sua extensão uma vasta vegetação que em alguns casos teve a própria estrutura como substrato. Isso acelerou o processo de deterioração. Desde que foi noticiado a intenção do SESC em restaurar a edificação, no ano de 2009, foram feitas algumas reformas na tentativa de frear a degradação do edifício. A vegetação do interior foi extinta, construiu-se uma cobertra em telha metálica provisória, e junto com ela uma estrutura de suporte. Algumas alvenarias foram reconstruídas e as aberturas foram completamente fechadas para evitar a invasão por parte da população. Seguem a seguir as plantas-baixas da edificaçào em seu estado atual, com o diagnóstico de seus materiais, bem como a análise em fachada do estado de sua estrutura.

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PLANTA-BAIXA : DIAGNÓSTICO PISO TÉRREO

esc: 1/200

Parte da Alvenaria em Adobe ruiu Abertura foram fechadas

Contrafortes

Alteração de Paredes internas

Apêndice de Sanitários

10 0908070605040302 01

01 02 03 04 05 06 07

01 02 03 04 05 06 07

+1,17 ADOBE ALVENARIA MISTA

07 06 05 04 03 02 01

0,00 07 06 05 04 03 02 01

ALVENARIA EM PEDRA BLOCO DE SEIS FUROS REBOCO 01 02 03 04 05

TIJOLO CHATO TIJOLO ROBUSTO

06 07 08 09 10

01 02 03

24

+0,50


PLANTA-BAIXA : DIAGNÓSTICO PISO SUBSOLO

esc: 1/200

Apêndice de Sanitários

10 0908070605040302 01

-2,00

-1,00 01 02 03 04 05

-1,00 -1,00

06 07 08 09

01 02 03

25


DIAGNÓSTICO FACHADA SUDESTE - RUA DA MISERICÓRDIA

Telhado metálico

26

Estrutura metálica de amarração

esc: 1/125

Esquadrias fechadas com alvenaria de bloco cerâmico


Estrutura metálica de amarração

esc: 1/125

Alvenaria reconstruída

DIAGNÓSTICO FACHADA NORDESTE

Demolição do Apêndice de Sanitários

Esquadrias fechadas com alvenaria de bloco cerâmico

27


Instalação na Praça da Matriz de uma pequena Paragem de Ônibus

Instalação de Bancos, Mesas e Mobiliário que permitam a permanência

Instalação de Biciletários.

Sugere-se a instalação de um Piso Compartilhado

Dada as condições acima levantadas, levou-se adiante a ideia de transformar o Sobrado e o seu terreno adjacente no complexo a ser criado como Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Feira de Santana. As potencialidades urbanas, a sua história e sua relação com a Praça Carlos Bahia foram fatores preponderantes para a decisão. A intenção de requalificação da Praça bem como a integração com o novo complexo se faz presente durante o processo de projeto. Cabe à praça o papel de conectar a Escola à cidade e a suas relações serão melhor levantadas quando o Partido do projeto for explicado. Desde já registro aqui a importância de propor uma requalificação para a praça, melhorando sua aridez, permitindo apropriações e potencilizando usos diversos. Nela podem estar situadas algumas alternativas de transporte que fomentariam a escola como um pequeno terminal de ônibus e bicicletários. Sugere-se ainda estudar uma solução de piso compartilhado, já que o fluxo de veículos ali presente é reduzido e as vias do entorno são suficientes e podem ser modificadas para comportarem a mudança. Entretanto tal mudança exigiria um desenho urbano mais apurado e não foi este o enfoque dado ao desenvolvimento tendo capacidade inclusive de ser outro trabalho, dada a sua compexidade e potencialidade. 28


APROXIMAÇÕES COM O TEMA Após a escolha do lugar ter sido feita, parti em busca de definições importantes para a Fac. de Arquitetura. O caráter, o porte e o programa foram quesitionamentos decisivos e que mereceram algum tempo de reflexão e pesquisa. As minhas vivências e acúmulos de experiências foramm muito importantes, pois encarar a vida acadêmica dentro de uma outra lógica de aprendizado abriu meu olhar para outras possibilidades Além disso a leitura da Carta para Formação dos Arquitetos, desenvolvida pela UIA (União Internacional dos Arquitetos) e publicada pela UNESCO se mostra bastante clara e objetiva no que tange os desejos e anseios dos arquitetos frente ao tema da sua formação. Outras bibliografias foram importantes como as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo desenvolvidas pelo MEC e as publicações disponibilizadas pela Associação Brasileira de Escolas de Arquitetura (ABEA) me ajudaram a compreender todo o panorma atual que consiste as dicussões mais específicas sobre o tema. Pode-se dizer que o ensino de arquitetura no Brasil se inciou juntamente com a criação da Escola Nacional de Belas Artes, no fim do séc XIX. Porém a consolidação dos primeiros cursos só vai se iniciar nas primeiras décadas do séc XX, no Rio de Janeiro,

oriundo das Belas Artes e de caráter mais artístico e em São Paulo, oriundo das Escola Politécnica e com perfil mais tecnológico. Em 1933 a regulamentação da profissão do arquiteto acontece e apartir daqui uma luta pela consolidação e independencia dos cursos de arquitetura se inicia. Em 1946, 48 e 59 as esolas de Arquitetura do Rio, São Paulo e Bahia se tornam autônomas. De lá pra cá, várias instituições foram criadas. A partir da década de 90 até os dias atuais houve um “boom”de faculdades particulares de arquitetura. De acordo com publicação da ABEA de 2010, o Brasil fechou o ano de 2007 com 202 cursos, sendo 48 em Instituições Públicas e 154 em instituições privadas, A maioria dos cursos se concentra nas regiões Sul e Sudeste. No norte e Nordeste a maioria das Escolas estão situadas nas capitais e pouco espalhadas pelo interior.. É o que acontece com a Bahia, por possui apenas a UFBA, como instituição pública a formar arquitetos e urbanistas para o estado. Além dessas informações para se chegar a uma conclusão mais apurada, busquei frente a minha e a outras faculdades, realidades, soluções e experiências diferentes, pude sintetizar de alguma forma no quadro presente na página a seguir que coloca em comparação alguma dessas instituições. 29


TU DELFT

FAU UFRJ

BAUHAUS DESSAU

FAU USP

COOPER UNION

Área Const..: 35.000 m2 Área Ocup.: 11.775m2

Área Const..: 31.070m2 Área Ocup.: 10.201m2

Área Const..: 23.300 m2 Área Ocup.: 2.680 m2

Área Const..: 18.600 m2 Área Ocup.: 6.875 m2

Área Const..: 16.673 m2

Área Ocup.: 2.680 m

Área Const..: 15760 m2 Área Ocup.: 3.600 m2

Delft, Holanda

Rio de Janeiro, Brasil

Dessau, Alemanha

São Paulo, Brasil

Nova York, EUA

Cambridge, EUA

Autoria Original: G. Drecht Fundação: 1915 Autoria de Reforma: Braaksma & Roos (cordenação), MVRDV, Fokkema Architecten, Kossmann De Jong, Octatube Int. BV., 2012 architecten

Autoria: Jorge Machado Moreira Ano de inauguração: 1961

Autoria: Walter Gropius Ano de inauguração: 1925

Autoria: Vilanova Artigas Ano: 1969

Autoria: Morphosis Ano: 2009

Autoria: John Andrews Ano: 1972

OBS: É a mais antiga e a maior Escola de arquitetura brasileira. Seus jardins são desenho de Burle Marx. O edifício ganhou notoriedade internacional ao ser indicado por Le Corbusier como exemplode arquitetura moderna nos trópicos. Foi a responsável pela formação de grandes arquitetos: Oscar Niemeyer, Sérgio Bernardes, Afonso Eduardo Reidy.

OBS: É a grande referência, no que concerne ser o berço da arquitetura moderna. É a responsável pela formação de uma geração que mudou profundamente o pensamento arquitetônico no mundo. Seu edifício sintetiza os ideiais modernos defendidos pela escola.

OBS: Escola brasileira que será responsável por criar o que se chamou de brutalismo brasileiro. O Edifício é de uma beleza ímpar, a fluidez de seus espaços e as circulações garantem uma total imersão na escola. Formou grandes arquitetos e influencia até hoje a arquitetura nacional.

OBS: Construída sobre a estética desenvolvida pelo grupo Morphosis, a escola se desenrola por vários andares que se conectam da forma fluída, ora criando espaços vazios e de apropriação. A fachada exibe materiais difrenciados do entorno.

OBS: É interessante perceber como um pensamento metodológico determinou a construção dessa escola. Todas as salas de atelier se desenvolvem em uma grande sala escalona, todos os alunos trabalham no mesmo ambiente e isso permite uma troca ainda maior informações.

OBS: Conhecida como BK City a Faculdade é um Centro de Estudos voltados para a Arquitetura e o Ambiente Construído. É uma das maiores Faculdades de Arquitetura do mundo

30

HARVARD GND 2

COMPARATIVO DAS ESCOLAS - Todas as plantas estão sobre mesma escala, sendo possível a análise comparativa de suas áreas de forma decrescente


CORNEEL AAP

YALE

FAUP

PUC CHILE

AA LONDON

FAUFBA

SCI-ARQ

Área Const..: 14.000 m2 Área Ocup.: 6.695 m2

Área Const..: 10.590 m2 Área Ocup.: 1.956m2

Área Const..: 9.000 m2 Área Ocup.: 4.315m2

Área Const..: 7.355 m2 Área Ocup.:5.528m2

Área Const..: 6315 m2 Área Ocup.: 2.200m2

Área Const..: 6200 m2 Área Ocup.: 2.783m2

Área Const..: 5905 m2 Área Ocup.: 5905m2

New Haven, EUA

Porto, Portugal

Santiago, Chile

Londres, Inglaterra

Salvador, Brasil

California, EUA

Autoria: Paul Rudolph Ano: 1963

Autoria: Álvaro Siza Ano: 1995

Autoria: Alejandro Aravena Ano: Desconhecido

Autoria: Desconhecida Ano: Desconhecido

Autoria: Diogénes Rebouças Ano: 1959

Autoria: Desconhecida Ano: 2003

OBS:Todo construído em placas pré-fabricadas de concreto o edíficio sustenta uma estética brutalista e austera. Inserido com estrema singeleza no seu entorno imediato.

OBS: Com uma implantação bem peculiar, a escola do Porto têm na paisagem sua maior força. A inserção do conjunto busca criar relações de vizinhança com o entorno. A divisão dos anos são distribuídos pelas torre que formam seu frontispicio.

OBS: A conexão com a cidade se dá através de uma escadaria que leva aos ambientes subterrÂneos da escola. Aravena defende a tese de uma cota de 7 alunos por sala de atelier como ideal de conforto.

OBS: A AA iniciou sua escola em uma residência dentro de um quateirão inglês. Hoje tomando quase todo o quateirão, as salas estúdios e ambientes se desenvolvem por todo o seu interior.

OBS: A escola implantada de forma acertiva, conecta grandes espaços vazios e fluídos, potencializadores de convivencia e passagem com as salas de aula. Inserido em uma grande área verde a faculdade e a vegetaçao se completam

Ithaca, EUA Autoria: Rem Koolhas Ano: 2011 OBS: Anteriormente a Escola funcionava em quatro edíficios históricos separados, o projeto do Koolhas cria uma espécie de “prato”suspenso que conectará todo o conjunto, nesse bloco estão localizados os ateliers. Abaixo do volume é projetado uma espécie de praça

OBS: A FAU UNB, de autoria de Niemeyer e Lelé, sobre projeto pedagógico de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, não se faz presente, pela impossibilidade de comparação frente ao desenho único de seu campi e pela inexistência de dados suficientes. Fica aqui o registo de sua importância como experiênca metodologica e projeto arquitetônico.

OBS: Construída no que costumou ser um depósito em uma área industrial, a escola preserva a estrutural fabril como tal. Uma das ecolas mais reconhecidas internacionalmente a SCI-ARQ desponta pelas suas inovações tecnológicas e de criatividade

31


BAUHAUS DESSAU

32

FAUSP

COMPARATIVO DAS ESCOLAS - Interior e Exterior em algumas Escolas de Arquitetura Estudadas

HARVARD GUND HALL

AA LONDON


FAUP

PUC DE CHILE

SCI-ARQ

CORNEEL AAP

33


ALGUMAS DEFINIÇÕES: O caráter, o porte e o programa Entender o funcionamento dessas escolas, seus planos de cursos e algumas de suas metodologias, foi importante para o processo de construção do que viria a ser o caráter da faculdade. O artigo Radical Pedagogies, de Beatriz Colomina, lfaz um compêndio bastante rico de diversas experiências educacionais no que tange a Arquitetura pelo mundo. Seja a própria Bauhaus ou a Fac de Valparaíso no Chile e sua Cidade Aberta, todas têm em comum um espírito de construção conjunta do que viria a ser a Escola. Os seus edfícios por consequência refletem esse cenário. De forma coletiva e também variante, esses processos acontecem durante longos anos e envolvem o esforço tanto dos professores quanto dos alunos. Propor alguma coisa com essa perspectiva para esse TFG soaria de modo impositivo e determinante frente ao caráter fluído de seu processo. Entretanto para a caracterização do porte, do caráter e do programa foram apontadas algumas defini ções que perpassam a análise crítica feita a respeito da cidade e também pelo acúmulo das experiências e pesquisas realizadas até aqui. 34

_ O CARÁTER: Pensar uma Faculdade de Arquitetura no interior do estado da Bahia, em uma cidade em pleno processo de expansão imobiliária alucinante é propor uma célula institucional importante para responder a esses processos dentro de muitas perspectivas. A noção de uma Fac. atuante na cidade vem relacionado a ideia de uma instituição imbricada em sua vida urbana, estabelecendo relações diversas com o espaço da urbe e também a de ser um grande campo de trabalho. Uma escola voltada para a cidade perpassa pela noção de a própria cidade ser seu campo de ação, seu campo aberto para a pesquisa e extensão, sua fonte e seu utente. Atrelado a essa postura vem a consciência de que para isso acontecer é necessário o desenvolvimento de um comportamento de trabalho. Isso significa tratar o espaço educacional como um grande laboratório em efervescência, um centro aberto para a cidade onde formas, conceitos e soluções são inventados. A noção de sala de aula como espaço de trabalho é capaz de alterar significativamente a sua conformação.


Outra importante definição é de que a Arquitetura em sua maior conceituação é também um ofício. Tal qual o ourives ou artesão, aprender arquitetura passa pelo campo da experimentação e ação prática. O processo educacional deve contemplar o pensamento de construção intelectual de cada aluno e lhe garantir ferramentas suficientes para o aprimoramento de suas habilidades. Entender a experiência da BAUHAUS é compreender essa preocupação em toda a sua extensão. O desenvolvimento das atividades manuais (dentro das oficinas de materiais, tecido, ferro, argila) e intelecetuais (fotografia, teatro, pintura) foram determinantes para a formação de profissionais e artistas expressivos. Hoje em dia o processo de formação da AA também reflete um pouco esse espírito. Vale porém ressaltar o seu caráter privado e o seu processo restritivo de seleção de alunos dentro dessa dinâmica. Desde o ingresso, o aluno possui a figura de um professor tutor, independente dos ateliers, essa figura é responsável pela orientação do aluno frente ao desenvolvimento de sua linguagem e das suas intenções a serem aprimoradas dentro do seu percurso acadêmico. O espaço da escola dita uma regra

muito interessante, as orientações dos trabalhos acontencem de forma individual em pequenas salas. A relação muito próxima entre aluno e professor revela essa intenção de perpassar um conhecimento como tutoria. Levando em consideração alguma dessas experiências é proposto uma cota de 15 alunos para um professor, estabelecer uma relação de proximidade entre ambos pode enriquecer o processo de formação. Outra definição clara é a de que o espaço da sala de aula deve ser tambem de suporte para o trabalho do aluno. Ter o seu espaço significa poder trabalhar ali pelo tempo que ele preferir, sempre a sua disposição estará o suporte necessário para tanto. Tratar a sala de aula como um estúdio de trabalho. Frente a isso, todo um progama de apoio se faz essencial para prover a permanência do aluno no espaço escolar. O convívio, as necessidades básicas e a qualidade do espaço serão determinantes para que essa dinâmica aconteça. Outra importante definição é a de estimular uma relação entre a escola e o espaço público. Essa interação será determinante para que exista uma efervescência urbana dentro da escola e que ela deixe-se contaminar por essa troca. 35


_O PORTE: Foi pensado uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo para um número de 300 alunos, divididos em 3 Ciclos de Formação, totalizando 5 anos, 60 alunos por ano letivo. Previu-se ainda uma margem considerável de crescimento para esses números. Conta ainda com um número de 40 professores e um total de 15 pessoas para ocuparem os cargos Admnistrativos. _ O PROGRAMA Como dito anteriormente a formação será dividida no que se fez chamar de Ciclos de Formação. A intenção disso é estimular um carater vertical para o processo de aprendizagem. Serão 3 Ciclos: Criação, Desenho e Linguagem: Corresponde ao primeiro ano de formação, seu conteúdo é único para todos os alunos pois entende uma necessidade de criar bases para o desenvolvimento do aprendizado futuro. Aqui não se aplica o conceito de verticalidade. 36

Das Formas, Materialidades e Programas - Da Unidade Habitacional Autônoma, Coletiva e dos Espaços Urbanos Domésticos: Corresponde ao segundo e terceiro ano de formação e são permitidas as dinâmicas verticais de ensino. Do Contexto, da Inserção e da Cidade: correspondem ao quarto e quinto ano de formação e são permitidas as dinâmicas verticais de ensino. Para organização das matérias e conteúdos, o programa da Faculdade foi dividido em 4 Departamentos Educacionais e possui na figura do Estúdio de Projeto sua espinha dorsal: Estúdios de Projeto e Múltipla Abordagem: Os estúdios tem caráter multidisciplinar e são regidos por um professor ou grupo de professores. Cada unidade curricular é autônoma e pensada dentro de uma temática, corpo de prova e metodologia específicos e independentes. Deve-se atender aos objetivos


esperados para a formação do aluno, porém a construção da unidade curricular é de total responsabilidade do professor associado a cadeira. Entretanto, deve fazer parte de uma temática maior e construída para todas as unidades em conjunto. Para tanto se faz necessária a figura do Professor Regente, que coordenará todos os estúdios, permitindo dentro da variedade de abordagens e propostas, uma consistência didática necessária a formação do aluno. O Professor Regente será o responsável por ministrar algumas aulas onde todos os estúdios estarão presentes, sendo passadas as diretrizes gerais bem como discussões e amostragem dos resultados dos exercícios em todas as turmas. Não é excluída a opção de uma construção metodológica participativa dentro de cada estúdio, para tanto a temática e a sua própria abordagem devem estar de acordo com a estrutura curricular vigente e principalmente devem estar associadas à área de atuação e interesse do professor responsável. Estas temáticas podem ainda estarem vinculadas a projetos de pesquisa e extensão do professor titular. A estrutura programática dos estúdios são anuais e devem estar divulgadas desde o momento da

matrícula, já que são os próprios alunos que deverão escolher de acordo com os seus interesses. As temáticas podem se repetir, porém a estrutura programática não deve ser a mesma de um ano para o outro. A ideia de Verticalidade vêm associado ao conceito de sala de aula como campo de trabalho, de prospecção, fomentação e construção de ideias para a cidade. Alunos de diferentes anos contribuem de diferentes maneiras para os objetivos gerais da disciplina, a troca é de extrema importância e a construção se dá de forma coletiva. Os alunos só poderão escolher por dois anos consecutivos o mesmo estúdio, a partir do quarto ano. A Escola então se mostra como um laboratório urbano, capaz de fomentar a discussão, criticar e principalmente assumir uma figura propositiva dentro das vigências políticas a que lhe são responsáveis. O primeiro ciclo correspondem a 4 Estúdios, o segundo e o terceiro a 8 cada um totalizando um número de 2o salas destinadas aos Estúdios. 37


Dept. dos Estudos Técnico-Construtivos: Desde o primeiro ano são oferecidas as cadeiras referentes aos assuntos de caráter técnico-construtivo. No primeiro Ciclo serão introduzidos alguns conceitos dentro de duas matérias semestrais e a partir do segundo ano, haverá sempre uma cadeira fixa, a de Construção. De alguma forma sempre o conteúdo da matéria estará atrelada ao desenvolvido dentro dos Estúdios de Projeto. No fim de cada ano letivo as entregas serão desenvolvidos sobre o mesmo formato e entregue às duas disciplinas. Serão realizadas ainda trabalhos que sensibilizem o olhar do aluno para o desenho construtivo e as suas consequências no canteiro de obras. As aulas de construção podem ocorrer na mesma sala de aula dos estúdios, Tal determinação contribui para a ideia de “work in progress”, já que os conteúdos são desenvolvidos de forma paralela porém atrelados entre si. Também se faz conjunto com o Departamento os Laboratórios de Materiais ( Laboratório de Marcenaria, Serralheria e de Técnicas de Restauro). O caráter prático cumpre aqui um papel de importância, para isso os Laboratórios assumem a capacidade de fomentar a experi38

mentação e a construção de trabalhos junto às disciplinas teóricas. Estudos de Representação e Linguagem: Compreendem todas as disciplinas que desenvolvem a representação do projeto e suas escalas. Croquis, pinturas, modelos físicos e os desenvolvidos em softwares além dos desenhos de representação gráficas bidimensionais serão contemplados nessas salas. Acontecem ora como Laboratórios de Computação Gráfica (4 Salas), ora como Laboratórios de Expressão Artística (3 Salas). Além disso prevê-se a criação de uma Sala adequada para o Desenho de Observação e um Laboratório de Maquetes. Estudos em Teoria, Crítica e História da Arquitetura: Desenvolvem a noção da importância do conteúdo teórico a cerca da história e da produção arquitetônica. São 5 salas de aulas destinadas às disciplinas, além de poder contar com aulas conjuntas a serem realizadas no auditório da faculdade.


Estudos em Práticas Profissionais: Desenvolve habilidades específicas referentes à profissão do arquiteto e urbanista, bem como se responsabiliza por amadurecer critica e eticamente o aluno. As aulas acontecem nas mesmas salas de Teoria. Resumindo: 20 salas para os Estúdios de Projeto, Técnico-Construtivo 4 Salas para História, Teoria e Práticas Profissionais 4 Laboratórios de Computação Gráfica 3 Laboratórios de Expressão Artística 3 Laboratórios de Materiais 1 Sala de Desenho de Observação 1 Sala de Maquetes

Além disso o Programa prevê a construção de: Gabinetes individuais e duplos para professores Área Admnistrativa Congregação Secretaria Colegiado Departamentos Direção Núcleo de Pós-Graduação Diretório Acadêmico Biblioteca Auditório com capacidade para 300 pessoas Cantina Área de apoio e convívio ao estudante. 39


PROPOSTA: Para a concepção da proposta foi construída uma maquete de 1,0om x 0,60m com todas as edificações vizinhas, A área destinada era removível, sendo assim ao lonogo de todo o percurso projetivo, várias maquetes de estudo foram feitas e estudas dentro da conformação urbana. Algumas diretrizes de projeto estão presentes desde o início, outras foram se perdendo pelo caminho ou novas ideias foram surgindo. Tratar a praça Carlos Bahia como frente da escola era uma das preocupações primordiais. A intenção em expandir sua área de convívio para dentro da escola já se pode ser percebido nas primeira maquetes de estudo. A intenção em potencializar seu uso e “escorregar”a praça pra dentro do terreno foi uma diretriz inicial. Para tanto a solução de um pátio interno aparece como constituinte dessa ideia. Ter uma área semi-pública dentro de suas instalações enriqueceria a vida do campus. Outra intenção clara desde o princípio era a adoção de apenas dois eixos de alinhamento para o projeto. Um relacionado com a cidade que vai se amarrar na linha

imaginária criada entre as edificações da quadra e a Igreja da Matriz, esse alinhamento vai ser importante pois é sobre ele que o pedestre ao descer a praça da Matriz encontrará a vista do Casarão. O outro alinhamento diz respeito aos eixos ortogonais do próprio Sobrado e de certa forma eles serão os responsáveis pela conformação do que será o pátio interno da Escola, espaço conector de todo o conjunto. Vale a pena ressaltar a importância da visual do casarão enquanto paisagem urbana. Isso quer dizer que desde a sua construção a edificação se mantem isolada, dada as suas características de sobrado. Portanto a conformação espacial da faculdade deve respeitar essa prerrogativa. Ter a vista completa do casarão quando se desce a praça da Matriz será um dos elementos marcantes do projeto. A construção do volume que viria a ser o auditório no fundo do lote serve como pano de fundo para o casarão. Levar a praça pra dentro do terreno também significava tratar o piso térreo do conjunto como um espaço que ao mesmo é catalisador e é filtro da permeabilidade das pessoas, por isso adota-se a solução de um piso completamente fluído elevado por

A solução do Pátio surge como extensão do espaço público, grifado em branco Os dois alinhamentos do projeto, em vermelho o plano cartesiano originário do casarão, em negro o alinhamento originário da cidade e que vai amarrar visualmente a escola à Igreja da Matriz.

EVOLUÇÃO DAS MAQUETES DE ESTUDO:

40

PRIMEIRO ESTUDO EM MAQUETE

Volume sobre pilotis destinado às salas de Estúdio Palácio do Menor


pilotis, imagina-se ali uma espeçie de piso para convivência dos alunos, com áreas de exposição, convívio, estar e aonde será instalado o restaurante para os alunos. Dado a condição topográfica do terreno outra prerrogativa de implantação surgiu. Da cota da Praça Carlos Bahia é possível ver o horizonte e toda a amplitude de enxergar os limites da cidade ir se dissolvendo nas serras ao fundo. Portanto a implantação do patio e das edificaçõe consequentes acontecem num nível abaixo da cota visual da praça. A única excessão acontece nas duas barras paralelas e perpendiculares a praça, de um lado o volume do que será o bloco da bilioteca e do outro lado o edificio de estúdios enquadram a visão do horizonte. Para o pátio interno pensou-se na criação de uma área arborizada e onde houvesse o elemento da água como agente qualificador do ambiente. Foi pensado em um grande espelho d’água no centro e outros nas laterais. Sobre o espelho d’água central uma fonte em formato de paralelepipedo jorra água por todos os lados, um elemento volumétrico de água em constante movimento.

Em determinado momento surgiu como arremate das geometrias desenhas um elemento de cobertura em marquise. Dada a existência de uma árvore de grande porte próxima ao casarão a marquise findaria-se sobre sua copa. A visual resultante para quem desce a igreja da Matriz é ao descer uma pequena rampa, avistar uma linha de cobertura que se extende em direção a uma grande árvore e o casarão ao fundo. Idealizou-se ainda o uso de intensa vegetação em jardineiras, tetos verdes e coberturas jardins na perspectiva de aliviar a aridez presente na região e criar um micro-clima confortável e favorável a aprorpiação e permanecia do espaço. Os volumes surgem como blocos cegos e vão ganhando aberturas de acordo com o que se precisa iluminar internamente e também o que se quer ver ou vislumbrar. O Edifício dos Estúdios ganha uma circulação em galeria voltada para o poente, protegendo as salas de aula da irradiaçao solar direta sobre suas fachadas..

Volume da Biblioteca Mirante para a Cidade A Marquise aparece em sua primeira forma Pátio Auditório

Volume destinado aso Estúdios

SEGUNDO ESTUDO EM MAQUETE

Volume do Auditório como pano de fundo para o casarão

Relação da Marquise com a árvore Mirante para a Cidade

Marquise vai arrematar as geometrias e estreitar a relação dos novos edifícios com o Casarão

MAQUETE DA PRÉ-BANCA

41


Casarão como parte de convivência da Biblioteca Laboratórios Bloco de Circulações Verticais Mirante para a cidade

Acervo da Biblioteca

Fonte D’Água Marquise Três pavimentos de Estúdios

Admnistração e Diretoria

Auditório

Escadaria

Sala de Desenho de Observação

42


SETORIZAÇÃO A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo proposta, pode ser entendida quando analisamos sua espacialização vertical através dos graus de permeabilidade. Isso significa dizer que dado ao caráter urbano e a decisão de inserir em seu interior um espaço com potencialidades urbanas, o programa foi dividido de modo a tornar a troca entre a cidade e o cidadão seja mais rica. No nível da rua, e abaixo do nível da rua estão situados partes do programa que suportam uma partilha com o público em geral. Áreas de Exposição, Restaurante, Biblioteca e o Auditório são alguns desses espaços. O próprio pátio é um espaço criado para essa troca, um grande jardim a disposição da população. Vale ressaltar que a ação de cobrir a escadaria com a marquise, faz com que exista de certa maneira um filtro e um limite tênue do que seria área pública e área privada. A manutenção do gradil original do Sobrado e a possibilidade de fechamento da Escola aos fins de semana com gradis removíveis permitem um maior controle de segurança para a Instituição.

Ainda no nível do subsolo, estão localizadas as salas de laboratórios, a ideia é que existam cursos abertos a população e que seja permitida assim nesses casos a entrada e o uso da Faculdade pela população da cidade. Funcionam ainda nesse nível, o núcleo Admnistrativo e a Diretoria. No subsolo do casarão estão situados o program a de apoio aos professores e funcionários e um pequeno núleo e de carater provisória para a Pós- Graduação. A ideia ali é que se monte um núcleo de Pesquisa e uma Exposição Permanente que vai arquicar e expor parte da memória iconográfica da cidade. Nos níveis superiores ao da rua estão localizados parte do programa mais privado, são as salas de aula, os espaços de convivência e os gabinetes dos professores. É aonde a escola acontece e onde a maior parte do tempo os alunos vão estar. Por um momento pensou-se em utilizar das coberturas como espaços de lazer para o estudante, mas dado o esforço de criação de um ambiente comum no térreo e no pátio essa ideia foi descartada. Existe ainda um bloco de circulações verticas que será anexado ao edi’ficio dos estúdios. 43


DESENHOS TÉCNICOS

44

PLANTA DE COBERTURA

esc. 1:750


B B

A A

D

E

F

G

H

D

E

F

G

H

C C

45


AMBIENTES: 01. Varanda: 14.17 m2 02. Estúdios: 80.00 m2 03. Hall Circulações: 32.62 m2 04. Hall de Elevadores: 12.45m2 05. Área de Convívio: 164.50 m2 06. Gabinete de Professores: 12.60 m2 07. Orientação: 57.60 m2 08. Sanit. Fem.: 13.70m2 09. Sanit. Masc.: 13.30 m2

46

PLANTA-BAIXA : PiISO TIPO: ESTÚDIOS


D

E

F

G

C H

C 01

02

02 02

02

B

B

02 04

03

02 02

02 05 06

06

06

07 06

D

E

F

G

A

H

06

06

06 08

06

09

A

47


AMBIENTES: 01. Espera: 70.92 m2 02. Sanitários: 17.19 m2 03. Bar/Bilheteria: 16.76 m2 04. Cabine de Controle: 7.85m2 05. Auditório: 269.13 m2 06. Biblioteca: 416.05 m2 07. Passarela: 27.95 m2 08. Acervo: 360.50 m2 09. Acervo Raro: 76.97 m2 10. Entrada: 55.00 m2 11. Restaurante: 415.07 m2 12. Sanitários: 15.58 m2 13. Doca: 23.85 m2 14. Vestiário: 5.85 m2 15. Cozinha: 21.09 m2 16. Balcão/Café: 23.85 m2 17. Lava-pratos: 12.20 m2 18. Depósito de Lixo: 4.90 m2 19. Área de Convivência: 415.07 m2 20. Hall de Circulações: 21.71 m2 21. Área de Exposição: 327.56 m2 22. Diretório Acadêmico: 54.87 m2 23. Cobertura-Jardim: 604.89 m2

48

PLANTA-BAIXA : TÉRREO


E

F

H

D

C G

C

22

23 09

21

B

B

20

08

07

19

05 10 12 11

06

15

04 01 16 03

D

E

F

17

G

A

H

02

14 13

18

A

49


AMBIENTES: 01. Auditório: 252.95 m2 02. Estar Funcionários: 17.90 m2 03. Copa: 14.20m2 04. Vestiário Femin.: 10.00m2 05. Vestiário Masc.: 15.70 m2 06. Armários: 8.15 m2 07. D.M.L.: 7.27 m2 08. Núcleo Pós-Graduação: 67.10 m2 09. Recepção Pós Graduação: 16.40 m2 10. Exposição Permanente: 55.00 m2 11. Laboratório de Pesquisa: 19.40 m2 12. Laboratórios de Pesquisa: 35.85m2 13. Servidor: 16.70 m2 14. Recepção: 11o.09 m2 15. Secretaria: 22.00 m2 16. Colegiado: 22.00 m2 17. Departamento: 13.32 m2 18. Diretoria: 26.70 m2 19. Congregação: 27.24 m2 20. Sanit. Masculino: 16.50 m2 21. Sanit. Feminino: 16.50 m2 22. Sala de Desenho de Obervação: 109.90 m2 23. Laboratório de Exp. Artística: 60.00m2 24. Laboratório de Computação: 60.00m2 25. Laboratório de Maquetes: 129.80m2 26. Laboratório de Materiais: 80.70m2 27. Depósito: 12.20m2 28. Hall de Circ.: 42.30m2 29. Hall de Elevadores.: 20.28m2 30. Laboratório de Marcenaria.: 87.80 m2 31. Depósito de Madeiras.: 54.00 m2 32. Pátio.: 658.50m2

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PLANTA-BAIXA : SUBSOLO


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D

E

13

F

G

A

H

05

A

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AMBIENTES: 01. Guarita: 9.00 m2 02. Garagem Professores: 408.00 m2 Capacidade: 16 vagas 03. Depósito de Lixo: 12.25 m2 04. Depósito: 22.25m2 05. Área Técnicade Ar Condic.: 35.55 m2 06. Gerador: 32.00 m2

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PLANTA-BAIXA : GARAGEM NÍVEL I


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C G

C

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B

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D

E

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A

H

01

A

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AMBIENTES: 01. Garagem Alunos: 1227.00 m2 Capacidade: 41vagas 02. Reservatório: 155 m2

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PLANTA-BAIXA : GARAGEM NÍVEL I


D

F

H

E

C G

C

02

B

B

D

E

F

G

A

H

01

A 55


CORTE AA _ Perfil da Rua da Miseric贸rdia

CORTE CONSTRUTIVO II CORTE CONSTRUTIVO I

CORTE BB _

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CORTES_ AA e BB


CORTE CC _

CORTE DD_

CORTES_ CC e DD

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CORTE EE_

CORTE FF_ 58

CORTES_ EE e FF


CORTES_ GG e HH

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CORTE CONSTRUTIVO - DET 01 e DET 02


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CORTE CONSTRUTIVO - DET 03 e DET 04


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SITUAÇÕES ESPACIAIS Por intuir que arquitetura aconteça em espaço e em uso, parto em príncipio de uma representação capaz de sintetizar alguns pensamentos arquitetônicos presentes no decorrer do trabalho. Demonstrar o caráter das situações que estou me propondo a projetar através das imagens é também construir imagéticamente como esses espaços poderiam ser apropriados.

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O PÁTIO: Trato o pátio como um ambiente que propicie a permanência. Dentro de uma escala mais coletiva , o pátio se abre à Fac. e à cidade como um espaço aberto à possibilidade. A água e a vegetação cumprem o papel de qualificadoras do micro-clima. Bancos corridos e indivuais de concreto, são dispostos de forma a criar áreas de encontro e troca.

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Vista do pátio no piso térreo: Aqui é possível analisar a relação entra a marquise criada, a árvore existente e o casarão. Bem como se dá a ligação entre o edifício da biblioteca e o sobrado através de uma passarela de vidro translúcido que vai unir o novo ao antigo.

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Vista do Conjunto : Aqui se estabelece como seriam as relações de altura dos novos edifícios e como eles acontecem voltados para o pátio. As circulações em galeria do bloco dos estúdios deixam a mostra os painéis a estrutura e esquadrias do que virá ser as salas de aula. O bloco de acervo da biblioteca por sua vez predomina o cheio. A Iluminação difusa se dará através de uma grande claraboia. A fonte de água corrente ganha o destaque paisagistico imaginado.

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OS NÍVEIS: O nível intermediário entre a cota do piso térreo e a do pátio guarda a conexão entre o subsolo do casarão e a área destinada ao setor admnistrativo da escola. Pode ser vista também a conexão proposta entre o térreo do sobrado destinado às areas comuns da biblioteca ao seu acervo através de uma passarela.

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O Auditório A intenção volumétrica para o auditório é a inserção de um volume de vidro translúcido dentro de uma caixa opaca. Criando uma caixa de ar que propicia um melhor conforto térmico ao ambiente. Para conexão com o Edifício histórico é proposta uma cobertura metálica de estrutura delgada que protegerá o percurso de quem atravessa a biblioteca em direção ao auditório.

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A RAMPA E A MARQUISE: Pra quem desce a Praça da Matriz e anda pela calçada em determinado momento econtrará a rampa que dará acesso à Faculdade. Sobre essa rampa uma marquise, leva o alinhamento da rua para o itenrior do terreno até alcançar a árvore de grande copa como limite. Ao fundo do conjunto, o casarão aparece como marco da paisagem.

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O PISO TÉRREO: Quem entra na Faculdade pelo Edifício dos Estúdios encotra como vista a amplitude do piso térreo em sua fluidez. O bloco de Circulação Vertical em estrutura metálica e com fechamento em brises metálicos se destaca no conjunto. Ao fundo elementos porticados em estrutura de madeira funcionam como estrutura efêmera de suporte para exposições temporáreas dos próprios alunos.

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BIBLIOTECA: Para o interior do Casarão foi-se pensado em instalar a parte mais pública da Biblioteca. Áreas de Estudo, mesas de computadores, máquinas de xerox, sala do bibliotecário, etc. é Um ambiente onde os alunos possam passar parte considerável do dia. Uma grande mesa serve de espaço para leitura e estudo.

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Optou-se em deixar a estrutura metálica da nova cobertura aparente. Todas as peças em elementos brancos, ficam expostas sob um forro de madeira. As instalações elétricas ficam aparentes através de eletrocalhas que cruzam a edificação. Pode ser vista na imagem ainda a presença dos tirantes de amarraçào que serão executados para impedir a rotação das alvenarias de adobe das fachadas.

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GABINETE DE PROFESSORES: Os gabinetes individuais ou duplos dos professores foram pensados para estimularem a permanência dos professores dentro da escola. Para isso desenhou-se 24 gabinetes, um pra cada sala de estúdio. Podendo atender até um número de 48 professores. No centro do ambiente uma grande mesa serve de espaço para reuniões entre os próprios professores ou entre os mesmos e os alunos da escola.

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SALAS DOS ESTÚDIOS: A possibilidade de integrar as salas de estúdios se mostra como uma opção de flexibilizar os espaços. Portas divisórias correm por um trilho no teto e podem ficar todas recolhidas, iberando o vão total. As instalações elétricas e de cabeamentos de dados ficam assim como a estrutura aparentes. No fundo da sala um pequeno espaço é reservado ao professor com armário próprio. As tubulações do ar-condicionado descem por meio de shafts embutidos nos pilares

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ESTAR: Em todos os três pavimentos das salas dos Estúdios está uma área de convívio e estar voltada para os estudantes. Uma pequena copa aonde os mesmos poderiam preparar sua alimentação caso fiquem na faculdade em “virotes”e um estar propinciam a vida e a permanência dos estudantes na Escola. Ao fundo vemos a sucessão dos gabinetes de professores.

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O CONVÍVIO E A CIDADE: As salas de aulas são conectadas por uma galeria aberta para a cidade, a intenção é a de integrar visualmente a escola ao seu entorno. Na área de convívio vazios sucessivos nas lajes trazem uma iluminação zenital difusa, filtrada pelo volume do que consite ser o reservatório superior.

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O Conjunto visto da Rua Se faz notar a relação do edifício dos estúdios com o casarão. A inclinação de sua volumetria de certa forma sugere um convite a entrada e descoberta do interior da faculdade. A noção de que o casarão continua dominante na paisagem se mantem como intenção de projeto.

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O Restaurante e o Pios Térreo A iFluidez presente no piso térreo ode ser notada no que se refere ao limite tênue do que seria o restaurante. O elemento de iluminação zenital que rasga todos os andares chega ao piso térreo trazendo uma luz difusa e integra visualmente todos os níveis da escola.

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SALA DE DESENHO DE OBSERVAÇÃO A sala de Desenho foi projetada para ser escalonada e permitir a observa;cao do modelo de forma adequada para todos os alunos. A iluminação zenital difusa reitera a intenção de que este ambiente seja de muito singeleza para a escola. É executada como uma caixa de concreto e os escalonamento alcança o terreno em sua menor dimensão. A caixa pousa sobre a encosta.

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81


CONCRETIZAÇÕES

. MATERIALIDADE: a escolha da materialidade para a edificação foi baseada numa cartela simples de materiais. _O concreto aparente, quando elemento estrutural _Os fechamentos, em alvenaria de bloco cerâmico com revestimento de reboco hidrofugado branco texturizado. _ Esquadrias em perfil de aluminíno anodizado branco, ou quando painéis em ripas de madeira Pinus _Em alguns fechamentos há o uso de FORMICA TS de cor Nogal Pegaso _Vidros duplos ora transparentes ora em painéis pré-fabricados de vidro translúcidos _Pisos Drenantes e de Alta Resistência DURBETON polidos.

A intenção é manter certa sobriedade aos ambientes e às novas edificações 82

Yale Center of Art, Louis Kahn

SESC Guarulhos, Grupo SP


ESTRUTURA: Pensou-se na utilização de uma solução estrutural em concreto armado que pudesse vencer vãos razoáves sem a necessidade da construção de vigas. Para isso foram adotadas as lajes nervuradas de caixão perdido, com uma altura de 30 cm e com as cumbucas em dimensões de 50x50cm. Houve um esforço para que o desenho das cumbucas fossem condizentes com os layouts das salas dos Est;udios. Os pilares estão em média dois metros afastados das fachadas. Isso permite a abertura de grandes panos de esquadrias, o que favorece o conforto térmico dos ambientes pela ventilação. Há momentos, como no auditório, na parte do Edíficio dos Estúdiso aonde se localiza o restaurante, em que são ultilizadas lajes treliçadas, pré-fabricadas, pois os pilares passam a estar embutidos nas fachadas e o aumento do vão propicia o uso desse tipo de tecnologia. Para o bloco de Circulação vertical foi pensada a soluçao de utilizar um muro de contenção em concreto armado e soblre ele vigas e pilares metálicos que por meios de tesouras, sustentará todo o desenvolvimento das rampas.

Nos Laboratórios as paredes foram previstas com espessura suficientes para serem executadas em concreto e suportar todo o pesoa da cobertura-jardim. INSTALAÇÕES: A intenção de manter a estrutura aparente ao adotar um sistema estrutural de lajes nervuradas levou a uma atitude de também deixar as instalações aparentes, a rede de cabeamentos, elétrica e de incêndio permanecem a mostra e cruzam as salas de aula em eletrocalhas aon existem um fechamento de alvenaria em bloco cerâmico. É prevista a execução de shafts em todos os ambientes que necessitem de instalações hidrosanitárias, as tubulações por sua vez correm abaixo da laje e são escondidas pela utilização de tetos falsos. Para os sistemas de Ar Condicionado, indica-se a utilzação da solução VRF. são indicados shafts para a recolha de água e para as tubulações, As unidades condensadoras ora estão indicadas nas coberturas, ora estão presentes no piso da garagem. O reservatório inferior acontece no segundo piso subterraneo da garagem e o superior está localizado na cobertura do Edifício dos Estúdios em um volume cilindríco. 83


Painel Basculante em Vidro Transparente

ESQUADRIAS:: As Esquadrias foram pensadas de acordo com os ambientes nas quais seriam instaladas. Para as salas dos Estudios, a esquadria é modulada de acordo a criar diferentes formas de abertura e opacidade da luz, permitindo assim adaptar-se às necessidades específicas. Já para os Gabinetes dos Professores uma folha bascula e outra pivota. 84

Painel Pivotante em Vidro Translúcido Painel Fixo em FORMICA TS Nobel Pegaso

ESQUADRIA DOS GABINETES DOS PROFESSORES


Painel fixo em vidro transparente

Painéis pivotantes em alumínio anodzaido branco

Painel revestido em FORMICA TS Cinza Claro

Painel Basculante em Vidro Transparente

Painel Pivotante em Vidro Translúcido

ESQUADRIA DOS ESTÚDIOS 85


RESTAURO DO CASARÃO: Dentro da conjectura proposta para a Faculdade prevê-se um projeto de restauração para a edificação histórica. Vale salientar que para o processo se dar de forma mais assertiva em toda a sua complexidade, se faz necessária um levantamento cadastral e fotográfico de todas os ambientes e situações encontradas no casarão. Esse material será fonte e duporte para elaboração de um diagnóstico preciso sobre a situação atual das condições físicas da casa. Entender o processo de recalque da fundação, de rotação das paredes e da queda da cobertura é também propor medidas necessárias para a solução dos problemas estruturais da edificação. São sugeridas aqui algumas medidas e decisões projetuais que foram tomadas durante o processo do trabalho, de alguma forma a leitura da Carta do Restauro, de Abril de 72 e conversa com alguns professores com experiência na área balizaram a tomada dessas medidas. Prevê-se: _A eliminação de todos os contrafortes existentes: Para que isso aconteça se faz necessário executar um reforço nas fundações em alvenaria de pedra para evitar o seu recalque. Além disso indica-se a instalação de tirantes metálico de pequeno diâmetro 86

que vão atravessar as paredes externas da casas e serão ancoradas na fachada. Serão distríbuidos pela vão de maior extensão. Sua função é a de ancorar e amarrar as fachadas evitando que elas sofram o processo de rotação. Podem ser vistas facilmente em edificações restauradas. _Eliminação do apêndice de Sanitários: A construção desse “puxadinho”provocou sérios danos a estrutura da edificação. Por se tratar de áreas molhadas as infiltrações e a umidade exarcebada deterioraram parte da alvenaria em adobe e propiciaram a proliferação de vegetação rasteira. _Eliminar as paredes internas do piso térreo: Essas alvenarias sofreram inúmeras modificações por parte das constantes altenâncias de uso, a mudança de material ou a alteração da espessura de sua estrutura puderam ter influenciado na queda da cobertura. Para que isso seja executado, se faz necessária a averiguação se será necessário a criação de um reforço estrutural. _Reconstrução da cobertura: Provavelmente a cobertura cedeu pelo fato das paredes sofrerem com o processo de rotação ou pela deterioração de seu material por


ação de insetos. É indicado a reconstrução da cobertura em estrtura metálica pelo fato desse tipo de solução evitar a sobrecarga de esforços individuais sobre aas parede da fachada. Adota-se a postura de escolher um material diferente do original e deixa-lo a mostra, para que o processo de restauração do ambiente seja interpretado facilmente por quem estiver em seu interior. Reconstrução de Alvenarias e Esquadrias: Estabelecer a proporção de cheios e vazios originais da casa perpassa pela demolição e reconstrução de alvenarias que sofreram alterações, principalmente na fachada Noroeste onde parte da alvenaria cedeu. Foi pensado para as esquadrias a volta do sistema de fechamento original de projeto, com uma baindeira fixa e outra folha com abertura em sistema guilhotina. Seu desenho será de acordo com o levantamento fotográfico da epóca porém a sua materialidade deve denunciar que fa parte de um processo de intervenção contemporânea. De acordo com a Carta de 72, Indica-se que esses elementos mediante a possibilidade futura de uma nova intervenção devam ser de fácil remoção.

_Inserção de Elementos Decorativos na Platibanda: Foi visto no levantamento fotográfico de epóca que por muito tempo a platibanda do casarão possuía elementos decorativos que dava ao seu coroamento uma espécie de rendado. Isso provavelmente se perdeu quando o imóvel foi reformado para se tornar sede da Polícia Militar. A ideia é a execução de elementos com um novo desenho e um material contemporâneo, de fácil percepção e assimilação. _Execução da Passarela: É previsto a execução de uma passarela que conectará o piso térreo do Casarão, onde funcionará a biblioteca, com o novo edifício do acervo. Para tanto, a passarela será executada sobre estrutura independentes, sem se apoiar na Edificação histórica. Sua estrutura será metálica e seu fechamento em painéis pré-fabricados de vidro translucido duplo. Esses são alguns apontamentos frente ao processo de intervenção na edificação histórica. Sua complexidade entretanto exigiria um estudo mais apurado das correntes da teroia em restauro e também do levantamento de informações a cerca das condições físicas da edificação. 87


Foto: P贸rtico de entrada da FAUP. Mar莽o de 2013. Foto do Autor 88


CONCLUSÃO Ter a oportunidade de desenvolver um tema que me motivou a pesquisar e aprender mais, me fez passar por todo o Trabalho Final com a sensação de crescimento e amadurecimento. Poder trabalhar com questões que saíram do campo do urbanismo e das minhas apreensões sobre a cidade até o ponto do projeto arquitetônico, da construção de espaços, das escalas públicas e das mais íntimas, até a questão de trabalhar com o patrimônio e a pré-existência me fez enxergar o campo de atuaçào do arquiteto dentro da forma mais ampla possível. O desenvolvimento de diferentes escalas e a concretização construtivas das ideias vindas dos primeiros esboços me levaram a um amadurecimento de projeto ímpar frente a todo o meu processo acadêmico an FAUFBA. 89


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana. Ano 10, n.10 (novembro de 2013), 164 p.

‘TC CUADERNOS: Eduardo Souto de Moura - Obra Reciente. Valencia: Tribuna de La Construcción, v. 64

_FERRO, Sergio; ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006. 452 p. (Face Norte) ISBN 8575034200 (broch.)

EL CROQUIS: Álvaro Siza. Madrid: El Croquis Editorial, v. 68/69+95, 2000

_ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo: Fundação Vilanova Artigas, 1986. 144 p. _ARQUITETURA e ensino: reflexões para uma reforma curricular. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. 204 p. ISBN 8588341026 (broch.) _KAHN, Louis I.. Louis Kahn: Conversas com Estudantes. São Paulo: Gg Brasil, 2002. 95 p. _MCCARTER, Robert. Louis Kahn. London: Phaidon Press, 2009. 512 p 90

VILLAC, Maria Isabel (Org.). Paulo Mendes da Rocha: América, Cidade e Natureza. São Paulo: EstaÇao Liberdade, 2012. 212 p. OLMOS, Susana A. Ética e estética no ensino de projeto: práticas atuais na FAUFBa. 2004. 372 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura, 2004 ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. São Paulo: Gg Brasil, 2006. RIBEIRO, Fabiane Santos. Da ruína ao Palácio: Centro de referência da criança e do adolescente. TFG (Trabalho Final de Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.


Sites consultados http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1494292

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/13.153/4709

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=867430&page=567 http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1693086 http://archive-br.com/page/2416425/2013-07-07/http://www.terradelucas.com.br/ diego-carvalho-corr-a-historia-de-feira/o-direito-a-memoria-em-feira-de-santana-e-a-santa-casa-de-misericordia-1859-2011

http://oliveiradimas.blogspot.com.br/2014/03/em-feira-de-santana-tambem-sepreserva.html http://www.abea.org.br/?page_id=304

http://www.feiradesantana.ba.gov.br/noticias.asp?idn=7843 http://zanzandoo.blogspot.com.br/2013/03/zanzandoo-na-historia-lagoa-do-tanque. html

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