As discussões para a reforma da OMC: uma nova agenda ou mais do mesmo? Adhemar S. Mineiro1 Introdução
Criada em 1994, e iniciando seu funcionamento em 1º. de janeiro de 1995, a Organização Mundial do Comércio (OMC) completa o tripé de organizações internacionais idealizada na conferência de Bretton Woods, em 1944, visando estruturar a economia internacional no pós-2ª. Guerra Mundial. As três instituições incluiriam o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (criado como BIRD, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento) e a imaginada Organização Internacional do Comércio (OIC). Naquele momento, a OIC acabou não sendo criada, pois foi vetada pelo Congresso dos EUA, que temia a perda de autonomia do país. No seu lugar, na Conferência de Havana, em 1947, foi criado o chamado GATT (General Agreement on Trade and Tariffs, Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas), que acabou funcionando como um sistema permanente de negociações, longas negociações conhecidas como “rodadas”, até que na última dessas, conhecida como Rodada Uruguai, se concluiu o chamado Acordo de Marrakesh, que criou a OMC. A preocupação que levou a estruturação desse tripé de organizações tinha relação com a avaliação predominante, especialmente entre os países que “ganhariam” a guerra finalmente, em 1945, de que do ponto de vista econômico, a crise que levou ao agravamento das tensões sociais e políticas e levou à eclosão da guerra na Europa tinha forte relação com o processo que se seguiu especialmente à crise de 1929. A reação dos países à crise, com guerras comerciais (o que incluía desvalorizações de suas moedas nacionais para melhorar sua capacidade competitiva em relação aos outros países, além de políticas protecionistas em relação ao comércio internacional) e cobrança de compensações aos perdedores da 1ª. Guerra Mundial que levaram a hiperinflações e crises econômicas – em especial a Alemanha foi fortemente atingida
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Economista e assessor da REBRIP.