Editorial
Enfoque Pastoral Semana Diocesana de Formação: reavivemos a chama do dom de Deus
“Amoris Laetitia no contexto da misericórdia e da missão”
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79ª Assembleia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB aconteceu de 7 a 9 junho no Hotel Rainha do Brasil em Aparecida, SP com o tema “Amoris Laetitia no contexto da misericórdia e da missão”. Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis, falou da alegria em recepcionar os participantes da Assembleia e apresentou uma síntese da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, sobre o amor na família. Descreveu os pontos principais dos capítulos 01 a 06. “A Exortação Apostólica chama a atenção pela sua amplitude e articulação. O Papa escreve que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais”, falou o cardeal. “O Papa articula suas reflexões a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítulo, que se desenvolve como uma meditação acerca do Salmo 128. A Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares e, a partir deste dado, pode meditar-se como a família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa artesanal”, disse. Na sequência, dom Raymundo descreveu “a realidade e os desafios das famílias”; “o olhar fixo em Jesus: a
vocação da família”; “O amor no matrimônio”; “O amor que se torna fecundo”, fazendo uma síntese do pensamento e dos escritos do Papa Francisco, com a recomendação de não se ler o documento rapidamente, mas pausadamente, refletindo e estudando para melhor assimilar seu conteúdo”. Ao término da Assembleia os bispos assumiram um compromisso de cooperação missionária com a diocese de Pemba, em Moçambique, na África. Segundo o presidente da Comissão da Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, dom José Luiz Bertanha, os bispos acolheram a proposta da missão em Pemba, que agora será pensada e estruturada para ajudar no impulso evangelizador, pedido pelo bispo de Pemba, o brasileiro dom Luiz Fernando Lisboa. “Iremos estruturar o projeto a fim de enviar pessoas preparadas para a evangelização e o trabalho pastoral, sejam sacerdotes, religiosas e leigos, como catequistas e casais que queiram contribuir com a missão”, explicou dom Bertanha. A diocese de Pemba, em Moçambique, abrange toda a Província (Estado) de Cabo Delgado e possui 82.625 km2, quase do tamanho de Portugal. Fonte: www.cnbbsul1.org.br
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Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
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contecerá em nossas Foranias, de 19 a 22 de julho, mais uma Semana Diocesana de Formação, destinada a todos os Agentes de Pastoral de nossa Diocese. Além da grande importância no processo de formação permanente, promove também um momento de comunhão das Paróquias. O tema: “Doutrina Social da Igreja à luz da misericórdia divina” e o lema: “Misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36) estão em perfeita sintonia com o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, e também com a quinta urgência da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - e de nossa 10ª Assembleia Diocesana: IGREJA A SERVIÇO DA VIDA PLENA PARA TODOS. Esta formação tem o propósito de intensificar a participação social e política dos cristãos leigos na construção de políticas públicas justas, bem como o fortalecimento das Escolas de Fé e Política, nas Foranias e Paróquias. Urge que continuemos a “Evangelizar com amor, zelo e alegria”, vivendo concretamente a misericórdia, sempre conduzidos pelo Espírito do Senhor que não nos deixou órfãos, e nos assiste e nos acompanha nesta missão de construir um novo céu e
uma nova terra: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim...” (Lc 4,18). E é este mesmo Espírito que não nos permite timidez, omissão, indiferença diante dos inúmeros apelos de vida que clamam aos céus, no deserto árido de nossa cidade, porque somos discípulos missionários do Cristo Ressuscitado, que doou a própria vida para que todos tenham vida plena. Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo a Timóteo: “Por este motivo, exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos. Pois, Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade” (2Tm 1,6). Deste modo, conduzidos pelo protagonista da evangelização que é o Espírito Santo, fortalecidos pela Doutrina Social da Igreja, na vivência das obras de misericórdia corporais e espirituais, sejamos “misericordiosos como o Pai”. Finalizando, exorto que todos os agentes de pastoral se empenhem em participar da Semana Diocesana de Formação, que reavivará em nós a chama do dom de Deus. Pe. Otacilio F. Lacerda Coordenador Diocesano de Pastoral
Agenda do Bispo 01
Dia todo:COMISE – Comissão Missionária de Seminaristas Estado de São Paulo – Santuário Nossa Senhora do Bonsucesso
O CPP e a
10h – Jubileu de Ouro Sacerdotal – Cardeal Arns – São Paulo 02
14h30 – Tarde de Espíritualidade Pastoral do Dízimo – CDP 19h30 – Visita Pastoral – Paróquia Santa Rita – JD. Palmira 09h – Missa no 5º MUTICOM e 11h – Missa Catedral
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16h – Missa no Encontro RCC pregadores – Colégio NS das Dores
Espiritualidade da comunhão
19h – Missa Cerco de Jericó – paróquia Santa Mena 04
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09-17h – Encontro de bispos das regiões metropolitanas – SP 19h30 – Visita Pastoral – Paróquia NS Aparecida – Bela Vista 08h30 – Missa Missões Seminaristas – Santo Antonio Maria Claret 14h30 – Atend. Cúria e 19:30h – Visita Pastoral – Par. Sta Mena 09h30 – CODIPA e 14h30 – Atendimento Cúria 19h30 – Visita Pastoral - Paróquia NS Aparecida – Cocaia 09h30 – Conselho de presbíteros 19h30 – Visita Pastoral – Paróquia São José 08h30 – Missa Missões Seminaristas – Santo Antonio Maria Claret
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19h30 – Visita Pastoral comunidade de comunidades – paróquia Santa Cruz e NS do Carmo 16h – Missa no encerramento das Missões seminaristas Área Pastoral Sagrado Coração de Jesus – Normandia 19h30 – Crisma paróquia Santa Cruz e NS do Carmo
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10h – Crisma paróquia NS do Rosário
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19h30 – Reunião Cáritas
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09h30 – Economato e 19h30 – Visita Pastoral – Par. Sagrada Família
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09h30 – Encontro CDP e 14h30 – Atendimento Cúria 19h30 – Visita Pastoral – paróquia São João Batista
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09h – Past. Carcerária e 19h30 – Visita Pastoral – Sta Luzia – Mikail
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14h30 – Atend. Cúria e 19h30 – Visita Pastoral - Sta Rosa de Lima
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17h40 – Palestra ECC – paróquia NS Aparecida – Cocaia 19h30 – Missa paróquia Santa Cruz e NS do Carmo 11h – Crisma paróquia NS Guadalupe 14h30 – Visita Pastoral - par. NS Guadalupe e S. Vicente de Paulo
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Participação no RENASEM – Santos
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Participação no Congresso Nacional do ECC em Belo Horizonte
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Retiro do Clero diocesano de Guarulhos em Atibaia 15h – Reunião com as equipes do EJC
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19h30 – Jubileu de Prata Episcopal de D. Nelson Westrupp, SCJ em Santo André 08h – Presença no Encontro diocesano para casais em segunda união – CDP
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10h – Crisma Paróquia Santo Alberto 18h – Crisma Paróquia Santa Rita de Cássia – Jd. Cumbica
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o mês passado estive reunido com os CPPs das paróquias das nossas quatro foranias. Foi maravilhoso poder encontrar-me com os coordenadores das mais diversas pastorais e movimentos de nossa diocese, atuantes em nossas paróquias. O CPP – Conselho paroquial de pastoral – é um órgão consultivo de comunhão de participação que auxilia o pároco, seu presidente, na condução da obra da evangelização na paróquia. Não é um órgão democrático. Jesus não foi democrático. A Igreja não é democrática, ainda que se utilize de elementos da instituição democrática. A Igreja é mistério de comunhão. Os membros do CPP precisam ir sempre adquirindo uma espiritualidade de comunhão, pois somente nela a obra da evangelização torna-se eficaz. “Nisto saberão que sois meus discípulos” e “que todos sejam um para que o mundo creia” (cf. Jo 13,35 e 17,21) devem inspirar o trabalho evangelizador. Quando penso na espiritualidade de comunhão na obra evangelizadora, gosto de buscar a inspiração em Jo 21,1-14: Pedro não consegue pescar (evangelizar) com os projetos da sua própria cabeça. Ainda que a sua barca (Igreja) tenha a missão de evangelizar, ela não é eficiente. (vv. 1-3) Somente na obediência à palavra de Jesus é que tem bom êxito a pesca (evangelização). Os outros discípulos, em comunhão com Pedro, participam deste bom êxito. (6)
Pedro, que preside a comunidade, tem que ser o primeiro a converter-se à Palavra de Jesus. Vestir-se, jogar-se na água, são gestos de conversão. (V.7) Todos nós que presidimos e coordenamos a obra da evangelização, temos que ser os primeiros a caminhar na conversão. Todos participam do trabalho de puxar as redes com grande variedade de peixes. A obra da evangelização deve ser abrangente. Ninguém pode ficar de fora, nem como destinatário, nem como agente da evangelização,. (vv 8.11) Apesar de Jesus ter pedido o que comer, vemos que quando chegam com os peixes, Jesus já preparou o alimento, (vv.9-13). Ele é nosso alimento, mas podemos dizer que tem sede e fome da nossa disponibilidade como membros seus. Vemos no gesto de Jesus, uma alusão à Eucaristia, Sacramento no qual celebramos o mistério pascal do Senhor. O que alimenta e sustenta a obra da evangelização é a nossa IDENTIDADE PASCAL. Outro alimento nos separa, não nos une, não nos deixa em comunhão. ‘Nos Conselhos Forâneos de Pastoral, mês passado, foi dada a missão aos CPPs de enviarem sugestões e emendas para um Estatuto do CPP para a diocese de Guarulhos, para que seja instrumento de comunhão e participação. Desejo que todos realizem este trabalho para incrementar a evangelização em nossas comunidades. +Edmilson Amador Caetano, O.Cist. Bispo diocesano
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Vida Presbiteral O Coração do Bom Pastor
Vocação COMISE
e o coração dos pastores
e o anúncio da Misericórdia
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indamos mais um semestre na caminhada do Seminário. Teremos um periodo sem aulas nas faculdades. Tempo de descanso, mas sobretudo de olharmos com carinho para a nossa Igreja local. Neste mês de junho e de julho teremos um período de intensa atividade em nosso Seminário. Entre os dias 29 de junho a 03 de julho, os seminaristas da nossa Diocese farão um encontro do COMISE – conselho missionário do seminário, que tem como objetivo, missão levar o crescimento na adesão a Cristo e a vivência da dimensão missionária da Igreja para sair ao encontro das pessoas para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de sentido, de verdade e de amor, de alegria e de esperança. Este encontro tem como objetivo levar a participação de forma ativa e consciente, na Igreja, os seminaristas como discípulos e missionaries que respondam a vocação recebida e comuniquem por toda a Diocese a vocação recebida, transboradando de alegria e gratidão o dom do encontro com Cristo. Depois do encontro do COMISE, dos dias 04 a 09 de julho teremos as missões na Paróquia Santo Antônio Maria Claret e na area pastoral Sagrado Coração. Os seminaristas vão passar uma semana nas casas de paroquianos fazendo missões e levando Deus a todas as pessoas. A missão dos seminaristas é sempre uma oportunidade grandiosa para vivenciarmos a realidade do povo de Deus. Os seminaristas irão se unir aos paroquianos para anunciar que é na comunidade, na doação e no empenho de cada um que se coloca a serviço, que o amor de Deus se manifesta. Sempre que solicitado por alguma paróquia, os futuros sacerdotes se reúnem e doam um período de suas férias para anunciar a misericórdia e o amor de Deus. Que esta missão nos ensine e motive na caminhada vocacional. Vamos também participar da formação diocesana dos dias 19 a 22 de julho nas foranias. Povo de Deus, Diocese de Guarulhos, orem por nós! Padre Francisco G. Veloso Jr Reitor do Seminário
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Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
o segundo encontro realizado por nosso Pastor Dom Edmilson junto aos padres com mais de dez anos de sacerdócio, foi partilhado por ele a homília do papa Francisco na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Celebrando o Jubileu dos Sacerdotes na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, somos chamados a concentrar-nos no coração, na interioridade, nas raízes mais robustas da vida, no núcleo dos afetos, numa palavra, no centro da pessoa. E hoje fixamos o olhar em dois corações: o Coração do Bom Pastor e o nosso coração de pastores. O Coração do Bom Pastor é a própria misericórdia que resplandece o amor do Pai que acolhe e compreende seus filhos. No coração do Pai, com todas as minhas limitações e os meus pecados, saboreio a certeza de ser escolhido e amado, n’Ele descobrimos sempre de novo que Jesus nos ama até o fim (Jo 13,1). À vista do Coração de Jesus, surge a questão fundamental da vida sacerdotal: onde está orientado o meu coração? No meio de tantas atividades, permanece a questão: onde está fixo o meu coração? Porque – diz Jesus – “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). Para ajudar o nosso coração a inflamar-se na caridade de Jesus Bom Pastor, podemos treinar-nos a fazer nossas três ações: procurar, incluir e alegrar-se. Procurar. Deus procura as suas ovelhas (Ez 34,11.16). Ele “vai à procura da que se tinha perdido” (Lc 15,4), o seu coração está inquieto enquanto não encontra aquela única ovelha per-
dida. Tendo-a encontrado, carrega-a aos ombros, cheio de alegria. O pastor segundo Jesus tem o coração livre para deixar as suas coisas, não é um contabilista do espírito, mas um bom Samaritano à procura dos necessitados. Indo à procura encontra, e encontra porque arrisca. Se o pastor não arrisca, não encontra. Incluir. O sacerdote de Cristo é ungido para o povo. Ninguém fica excluído do seu coração, da sua oração e do seu sorriso. Com olhar amoroso e coração de pai acolhe, inclui, corrige, não despreza ninguém. Com paciência, escuta os problemas e acompanha os passos das pessoas, concedendo o perdão divino com generosa compaixão. É um homem que sabe incluir. Alegrar-se. Deus está “cheio e alegria” (Lc 15,5), alegria que nasce do perdão, da vida que ressurge, do filho que respira novamente o ar da casa. A alegria de Jesus Bom Pastor é uma alegria pelos outros e com os outros, a alegria verdadeira do amor. Esta é também a alegria do sacerdote. É transformado pela misericórdia que dá gratuitamente. Queridos sacerdotes, na Celebração Eucarística, reencontramos todos os dias esta nossa identidade de pastores: “Este é o meu corpo que será entregue por vós”. Agradeço-vos pelo vosso sim e por tantos sins diários, e sobretudo, pelo sim a doar a vida unidos a Jesus: aqui está a fonte pura da nossa alegria. Fonte: Homília do Papa Francisco, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, 3 de junho de 2016.
Pe. Paulo Leandro Representante dos presbíterops
Falando da Vida Vamos tomar um xícara de chá?
Formação Há algo além de nossas gaiolas
A metáfora do chá e a cultura do estupro
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metáfora da xícara de chá usada pela blogueira britânica Rockstar Dinosaur Pirate Princess, nos dá um ensinamento claro e preciso sobre o tema respeito e liberdade. A ideia é bastante simples: Suponha que você convide alguém para tomar uma xícara de chá e a pessoa aceite o seu convite. Nesse caso os dois podem desfrutar da experiência sem nenhum problema, pois houve um consenso entre ambos e não há nada de errado nisso. Mas se por outro lado, o convidado recusar o convite, você não tem o direito de força-lo a tomar chá e se ele estiver ou ficar inconsciente você deve levá-lo para um lugar seguro e preservar a sua integridade. Mesmo que ele já tenha aceitado anteriormente, ele tem o direito de recusar o próximo convite. Ainda que você fique frustrado, pois preparou aquele chá com tanto carinho, não pode obriga-lo a tomar chá. Tem que respeitar o direito do outro de recusar. Qualquer criança entenderia esse raciocínio, pois parece bastante lógico e até bobo, mas se trocarmos a xícara de chá por uma proposta de relacionamento sexual a coisa muda de figura. A maioria dos homens carrega uma personalidade machista que vê a mulher como um objeto de prazer e tem dificuldade de entender a diferença entre sexo e sexualidade. Quando nos deparamos com uma pessoa seja homem ou mulher expondo a sua forma física, evidenciando pele e músculos, ela está evidenciando sua sexualidade, mas isso não significa que ela esteja se oferecendo para ter relações sexuais. Qualquer ato libidinoso que não tenha o consentimento da pessoa é considerado estupro conforme a lei 12.015 do Código penal brasileiro. Em 2014 no Brasil, 47.600 pessoas foram estupradas segundo dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Esse número pode ser ainda maior, pois a pesquisa só consegue levar em conta os casos que foram registrados em boletins de ocorrência – estimados em apenas 35% do montante real. Se considerarmos que 65% dos casos não são denunciados, esse número passa dos 130.000. Por trás desses dados existe um fenômeno social que talvez seja o responsável pelo aumento da violência. Estamos falando da cultura do estupro, uma ideia machista que entende que a vítima é responsável pelo crime. Expressões do tipo: “Sozinha na rua àquela hora, queria o quê?”, “Dançando daquele jeito, esperava o quê?”, expressam bem o que é essa cultura. Reproduzimos padrões de comportamento que estão enraizados no nosso inconsciente e os transmitimos através de nossas inteirações sociais realimentando a cultura do estupro. A violência contra a mulher e o desrespeito às minorias é uma questão cultural e não natural. A boa notícia é que a cultura não é um elemento estático e imóvel. Ela pode mudar, mas para que isso ocorra, é necessária a participação de todos. Famílias, escolas, empresas, igrejas, enfim a sociedade como um todo é responsável e tem que se engajar na luta contra qualquer tipo de violência. Como cristãos, temos uma responsabilidade maior na promoção de uma sociedade mais fraterna. Vale a pena recordar um trecho da primeira Exortação Apostólica pós-Sinodal escrita pelo Papa Francisco: “Uma fé autêntica que nunca é cômoda nem individualista, comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 183). Romildo R.Almeida Psicólogo clínico
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ão poucas pessoas manifestaram-se raivosas diante do ocorrido com a adolescente de 16 anos, estuprada e sua tragédia divulgada nas redes sociais, como em um filme onde os atores encenam os passos de uma sociedade rumo ao caos. Não poucas, numa espécie de grito vindo do íntimo da alma, propagaram sentimentos de “Luto pelo fim da cultura do estupro”. Não associaria o termo cultura ao ato criminoso que teima em permanecer. Nenhuma forma de violência pode ser substantivada como “cultura”. Por cultura entendo a forma de moldar o relacionamento da convencionalidade entre pessoas, entre grupos. A espiral da violência, da corrupção, do racismo camuflado reforçam o que não é cultura e legitimam, passo a passo, nossa desumanidade. As cifras são alarmantes. Segundo a ONU Mulheres – grupo de estudo das Nações Unidas, no Brasil 50 mil casos de estupros acontecem por ano. Com grande parcela de culpa encontra-se o governo por suas metas panfletárias e descontinuadas na esfera das políticas educacionais. Há carência de uma ampla rede de serviços capaz de evitar tais crimes e não camuflá-los, manipulá-los politicamente como sempre acontece. Por outro lado, conversar sobre a sexualidade, dialogar sobre as múltiplas faces da sexualidade, em total respeito ao corpo alheio são nossas cotidianas tarefas. Sexualidade deve ser tema corriqueiro, natural. Simples, como quem comenta o resultado do último Fla x Flu. Nesse cenário, nós homens devemos conhecer e defender as causas do feminismo. O quiriocentrismo, o predomínio do senhor, do varão, do mais forte chegou ao fim. O feminino impõe a busca de novos paradigmas. Há outras formas de convivência além da gaiola machista que moldamos ao longo de gerações. Já não se concebe um mundo centrado nos valores do macho, do homem, do valente, do domínio sob as mulheres. Ou refazemos nossas perspectivas, com base no feminismo, ou acabaremos legitimando a coisificação da nossa espécie. Pe. Antonio C. Frizzo Assessor das Pastorais Sociais
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Aconteceu
Mãos que ajudam a promover e defender a Liberdade Religiosa
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Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pelo Programa Mãos Que Ajudam e do seu projeto mundial “Promover e Defender a Liberdade Religiosa”, em 26 de março de 2016, o Conselho de Assuntos Públicos da Estaca Cumbica realizou reunião com o membro da igreja católica na Paróquia São Judas Tadeu, Sr. De Assis, para definição do trabalho a ser realizado pelos membros mórmons. Foi proposto que preparássemos os 160 bancos da paróquia que necessitavam de limpeza, lixamento e selamento da madeira. Expressamos ao nosso Pai Celestial nossa gratidão por nos
Encontro Diocesano da IAM
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o dia 22 de maio, a Diocese de Guarulhos realizou o EDIAM Encontro Diocesano da Infância e Adolescência Missionária. Na ocasião foi comemorado o aniversário de 173 anos da IAM, com muita alegria e diversão. Tendo como pano de fundo o tema central da 4ª Jornada Nacional da Obra: “IAM da América a serviço da Missão na
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Europa”, com uma dinâmica, as crianças através de um minitelejornal, apresentaram as maneiras que cada país do continente Europeu divulgam a IAM. Após o momento do almoço foi realizada uma gincana. Encerrando as atividades com a celebração da Santa Missa, presidida pelo padre Pedro, da paróquia Santa Rosa de Lima. IAM da Diocese de Guarulhos
Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
guiar, inspirar e proteger para fazermos as coisas que são de sua vontade. Agradecemos ao Padre Francisco Gomes, ao Sr. De Assis e aos membros da Igreja Católica que se dedicaram para que este dia de trabalho fosse alegre e prazeroso em todos os momentos dessa oportunidade que tivemos de pôr em prática os ensinamentos do evangelho restaurado do nosso Salvador e Redentor Jesus Cristo. Respeitosamente, Sandra Regina Ferreira - Diretora de Assuntos Públicos Estaca SP Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Encontro da CRB de Guarulhos
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erdão como processo de desenvolvimento humano e espiritual, tema de reflexão do encontro da CRB - núcleo de Guarulhos, realizado no dia 05 de junho. Neste Ano Extraordinário da Misericórdia, a Vida Religiosa Consagrada, também é chamada a experienciar a Misericórdia que Deus dispensa a cada um de nós por meio do perdão. Sabemos que
o perdão é uma necessidade fundamental na vida do cristão, pois é impossível termos uma vida saudável emocional, física e espiritual, sem o exercício do perdão. É também um ato de libertação de sentimentos dolorosos que nos fazem reviver o sofrimento, a cada vez que relembramos nossos erros, e dos momentos que nos causaram mágoas, frustações e decepções profundas. Quem perdoa, se lembra do que aconteceu, mas também se lembra que decidiu liberar perdão, e isso traz paz ao coração. Ir. Lúcia Filhas de Nossa Sra Stella Maris
60ª Romaria Nacional da Legião de Maria ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida
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os dias 04 e 05 de junho, milhares de legionários se fizeram presente no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida para participar da tradicional romaria anual da Legião de Maria. Boa parte dos legionários de nossa Diocese também marcou presença, tanto no sába-
do quanto no domingo. A romaria é uma verdadeira manifestação de fé e devoção a Nossa Senhora. Na casa da Mãe Aparecida, os legionários reunidos celebraram em ação de graças pela missão tão bela de serem instrumentos de evangelização. Esta peregrinação é um momento forte de revigorar a fé e de reavivamento espiritual. A programação se iniciou com a concentração dos legionários em frente à Basílica Velha, com a Oração do Ofício de Nossa Senhora e a procissão em direção ao morro do Cruzeiro, rezando o santo terço e refletindo as estações da via sacra. Ser legionário, de fato, é seguir as pegadas de Jesus, inclusive no carre-
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alando sobre os objetivos da Pastoral do Batismo nos encontramos com os agentes de pastoral por forania. Foram momentos de formação, encontro e confraternização. Agradecemos a participação de todos e em especial as Paróquias acolhedoras que abriram as suas portas para nos receber, seus párocos e seus agentes que prepararam o ambiente. Estaremos de volta no segundo semestre. Aproveitamos, também, para parabenizar pela ordenação o assessor diocesano Luiz
Pastoral Diocesana do Bartismo
gar as cruzes diárias e contemplar a Ressurreição que o Senhor nos concede. A celebração eucarística foi presidida por Dom Edson de Castro Homem, Bispo da Diocese de Iguatu – CE, responsável pela Legião de Maria no Brasil, e concelebrada por sacerdotes e diáconos, diretores espirituais, de diversas dioceses do Brasil. “A Legião de Maria existe para revitalizar os irmãos nas diversas situações de morte”, afirmou Dom Edson. Que a Virgem Santíssima, a Senhora Aparecida, interceda a Deus por todos os legionários para que fortalecidos na fé possam permanecer no belo apostolado de propagar a devoção mariana e o amor de Deus revelado em seu amado Filho Jesus Cristo. Pe. Thiago Ramos dos Santos Diretor Espiritual
Encontro de Jovens com Cristo
Formação Pastoral do Batismo
Carlos de Brito, ou melhor, Pe Luiz Carlos. Contamos com sua ajuda e sabedoria à frente dessa Pastoral. Que sua fé nos ilumine e nos oriente cada vez mais.
Aconteceu
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o dia 19 de Junho, aconteceu no CDP, o 2º encontro com os coordenadores e dirigentes dos “Encontros de Jovens com Cristo” de nossa diocese. Com o objetivo de uma unidade nesta dimensão, nosso bispo diocesano tem incentivado e acompanhado esta dimensão de perto, para que possa ser uma força e presença de nossa Igreja em meio à Juventude, e assim ser ajuda neste verdadeiro encontro com Jesus Cristo, que gera díscipulos missionários para uma sociedade necessitada e carente do amor de Deus. O conhecido “EJC”, passa então a ter uma presença mais efetiva em nossa diocese, estando assim unidos, para que possam alcançar cada vez mais jo-
vens, e assim também encaminhá-los a um seguimento mais concreto na Igreja, sendo “sal e luz no mundo” (Conf. Mt 5,13-15). Atualmente contamos com o EJC em 18 paróquias de nossa diocese, onde cada um com seu histórico, tem buscado promover este verdadeiro Encontro dos jovens com Jesus Cristo. Pedimos a todos que rezem por esta realidade, para que possamos a cada dia ser uma verdadeira expressão da Igreja viva, em meio a tantas necessidades. E muito mais, sermos esta Igreja em saída indo em direção aos nossos queridos jovens que são força e esperança para uma sociedade mais justa e fraterna. Sem. Fabio Lima Assessor Diocesano EJC
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Social
Espiritualidade T
A Espiritualidade Missionária
ornamo-nos a Igreja de Jesus Cristo, à medida que sua santa Palavra ocupa o centro dos nossos corações e das nossas ações evangelizadoras! A Palavra de Deus é o combustível para que nossa Diocese se torne ainda mais missionária na caridade. São Lucas 10,25-37 nos remete a um olhar que provoca compaixão e ação! De que modo, estamos olhando as “realidades ao entorno de nossas comunidades”? Quais situações em que a vida está ameaçada e que nós como Comunidades, precisamos enxergar com o coração? Nossas cidades e nossos bairros estão feridos! Nossa gente está ferida. As realidades de hoje ferem a dignidade dos pobres e povos. Esta palavra nos interpela a sermos um sinal no meio deste mundo, arrodeado de “mortes”. O ensinamento que aprendemos com Jesus enquanto Comunidades de fé é a solidariedade, porque Jesus é Ele mesmo o Bom Samaritano da Parábola, que se aproxima de nós com o bom óleo. É necessário hoje como nunca, testemunhar nossa fé no Senhor; somos verdadeiros cristãos católicos se de fato, estivermos próximos das realidades em que se encontram tantas pessoas sem assistência, aí devemos estar como Igreja -Mãe. É preciso descer nas “periferias existenciais”, onde a vida está ferida e ameaçada para cuidarmos. Descermos para encontrarmos os outros, eis a mística da qual nossas comunidades de fé, necessitam vivenciar. É preciso descer para escutar o grito de Deus, através das pessoas, da terra, da água, e para escutar é preciso descer e estar nas cidades onde os cristãos são poucos e outras pessoas acabam toman-
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do nossos espaços, porque ali faltou nossa presença como Igreja Missionária. Demoramos muito para sair e quando nos decidimos, pode ser “um pouco tarde”. É preciso que nossas pastorais e movimentos sejam colocados neste dinamismo de uma Igreja pra fora. Falar de Deus às pessoas fora do ambiente Igreja, principalmente! A missão acontece a partir do momento que lá chegamos e começamos escutar. Estamos num contexto ideal em que as pessoas vivem atacadas por diversas situações, para melhor como Igreja, olharmos pra Jesus Missionário do Pai como Caminho, escolha e escola. Não só falar de missão em nossas comunidades aos outros, mas viver isso. Qual a identidade pastoral de nossas comunidades? Estas servem a Cristo ou servem a si mesmas? Deixemo-nos enamorar por Deus; Pois se o nosso coração for transbordante de luz e de fé, encontraremos muito mais força e sucesso na missão. Aproximarmos desarmados, nos faz mais próximo! Nossa evangelização precisa ser pensada de forma que desejemos ultrapassar as barreiras da Igreja por causa do Reino, pois este é maior do que a Igreja. É o Espírito Santo o verdadeiro missionário, nós somos apenas instrumentos. Ele é que converte e age. A razão da missão da Igreja é o gesto solidário que torna o missionário. O missionário é discípulo na busca do essencial; o missionário, isto é, nós católicos precisamos crescer de verdade na espiritualidade de Comunhão, pois a missão morre justamente, quando uma Comunidade se fecha em si mesma. E uma Comunidade vive quando envia um Missionário. Pe. Salvador Rodrigues de Brito Vigário Forâneo
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Evangelização
e Promoção Humana
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relação entre evangelização e promoção humana é profunda como a fé e a caridade. O Documento de Aparecida diz que todo processo evangelizador envolve a promoção humana e a autentica libertação “sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade”. O documento da IV Conferencia dos Bispos da América Latina, (Santo Domingo) considera a promoção humana como dimensão privilegiada da nova evangelização. E as atuais diretrizes da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, apresenta como urgência na evangelização o serviço da vida plena para todas as pessoas. O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. O documento de Aparecida, nos fala de uma pastoral social para a promoção humana integral. Temos a missão de promover renovados esforços para fortalecer nossas pastorais sociais para que elas possam com a assistência e a promoção humana, se fazerem presentes onde a situação de exclusão, e marginalização ameaça e prejudica a vida dos mais pobres e mais injustiçados. Nossa assembléia diocesana, que aconteceu em novembro do ano passado, indicou uma maior articulação, e integração das pastorais sociais para que elas possam assumir melhor o trabalho de promoção humana, e o compromisso com a transformação da sociedade. Indicou também o estudo da Doutrina Social da Igreja. No ano passado foi editado um subsídio de encontros sobre a Doutrina Social da Igreja, e neste ano sobre a encíclica do Papa Francisco Louvado seja, sobre a ecologia, e o meio ambiente. Os encontros desses subsídios irão também contribuir com a articulação das pastorais sociais. É importante a participação dos agentes das pastorais sociais nas reuniões mensais das Unidades Básicas de Saúde, nos conselhos de direitos que estão presentes na cidade, e nas sessões da Câmara Municipal. Não pode faltar também o compromisso das pastorais sociais com a defesa do meio ambiente, com a nossa
casa comum, como foi sugerido pela Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema: Casa Comum Nossa Responsabilidade. Portanto, as pastorais sociais não podem fazer apenas um trabalho assistencialista, de distribuição de cestas básicas, de dar comida, não pode fazer paternalismo, criando dependência nas pessoas. Elas devem lutar para mudar as estruturas injustas presentes na sociedade que geram situações de miséria, fome, e as mais variadas formas de injustiças. No mês de abril, as pastorais sociais diocesanas, realizaram uma audiência pública sobre a saúde no município. Lamento muito que a participação do povo, dos agentes das pastorais sociais foi muito fraca. Sem participação, e mobilização popular, não haverá transformação social. O Documento de Santo Domingo aponta que a separação entre fé e vida colabora para que muitas estruturas injustas se instalem, e se firmem na sociedade. Aliás, é um dos males da nossa época, essa separação. Há uma tendência muito grande em pessoas da nossa Igreja (membros de nossas comunidades), de se preocuparem apenas com a vida interna da Igreja, e com a parte espiritual, e muitas vezes com uma alta dose de intimismo. A falta de coerência entre a fé que se professa e a vida cotidiana é uma das várias causas que geram pobreza em nosso continente Latino Americano, porque os cristãos não souberam encontrar na fé a força necessária para penetrar os critérios e as decisões dos setores responsáveis pela organização da vida social, econômica e política de nossos povos. A promoção humana, como indica a doutrina social da Igreja, deve levar o homem e a mulher a passar de condições desumanas para condições humanas de vida. O seguimento de Cristo significa comprometer-se a viver segundo o seu estilo. Portanto não nos esqueçamos, e nem abandonemos o compromisso social de nossa fé e de nossa missão evangelizadora. Padre Tarcísio Dimensão Social
Liturgia
Bíblia
A Iniciação Cristã, ontem e hoje D
esde o começo da Igreja, para ser discípulo(a) de Jesus sempre foi necessário um caminho de iniciação, onde as ações litúrgicas e catequéticas atuam conjuntamente. Como diz Jesus, no evangelho de Mateus: “Ide (...) e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28, 19-20). Depois da época dos apóstolos até os séculos III e IV, a catequese de iniciação foi organizada no “catecumenato”, um percurso de 3 ou 4 anos, com diferentes tempos e etapas, alternando instruções e celebrações. Cada tempo de instrução desembocava numa grande celebração. Todo o processo de iniciação culminava na Vigília Pascal, com os sacramentos do batismo, crisma e eucaristia. O tempo da mistagogia, após a recepção dos sacramentos, encerrava-se por outra grande celebração, na festa de pentecostes. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, e não havia mais muitos prejuízos para os cristãos na vida profissional e social (como o perigo de serem condenados à morte por causa da fé), o número de catecúmenos aumentou, mas a seriedade da preparação aos sacramentos da iniciação diminuiu. O catecumenato ficou reduzido ao período da quaresma. Na Idade Média e nos tempos modernos ele desapareceu totalmente, porque as famílias e a sociedade se consideravam cristãs, numa pertença oficial à Igreja. À medida que as conversões de adultos diminuíram, aumentou o batismo de crianças. Elas nasciam num ambiente considerado católico, e aprendiam a cultura cristã na família e na comunidade (orações, devoções, etc...). A catequese era ainda necessária para explicar a fé e os mandamentos, e como preparação para os sacramentos da confissão, da comunhão e da crisma. Mas era
um momento de doutrinação, sem treinamento para viver de maneira cristã ou para celebrar o mistério da fé de maneira consciente. Foi essa a catequese que vivemos até bem pouco tempo, bem distante do catecumenato das origens da Igreja, na relação entre liturgia e catequese, e na iniciação de novos membros à vida cristã. Graças ao Concílio Vaticano II, acontecido de 1962 a 1965, a catequese e a liturgia se aproximaram de novo. Voltando às fontes, o Concílio pediu a restauração do catecumenato de adultos, para iluminar e fortificar a fé e levar a uma participação consciente e ativa do mistério litúrgico. A partir deste apelo do Concílio foi criado o RICA – Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, publicado em 1973, marcando tempos e etapas para se fazer a iniciação à vida cristã, integrando liturgia, catequese e vida em comunidade. Muitos outros passos foram dados desde a publicação do RICA, que estão marcados no Documento Catequese Renovada de 1983 e no Diretório Nacional de Catequese de 2005. Nas Diretrizes da Ação Evangelizadora de 2015, os nossos bispos apresentaram como urgência que a Igreja seja casa da iniciação cristã: “É necessário desenvolver, em nossas comunidades, um processo de iniciação à vida cristã, que conduza ao ‘encontro pessoal com Jesus Cristo’, no cultivo da amizade com Ele pela oração, no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no compromisso apostólico, mediante um permanente serviço ao próximo” (n. 83). Para que isso aconteça em nossas comunidades, será necessária uma revisão dos conteúdos e práticas da catequese, mas também revermos a vida comunitária e a liturgia, num caminho de conversão pastoral, para que a nossa vivência da fé tenha sentido para nós e para os que se aproximam da vida da Igreja. Pe. Jair Costa Assessor Diocesano de Liturgia
O Vinho na Bíblia
A
palavra «vinho» aparece cerca de 241 vezes na Bíblia, das quais 38 no Novo Testamento. Tem, portanto, uma simbologia forte. A Bíblia fala pela primeira vez no vinho, ao referir-se a Noé. 1. O vinho, símbolo da Vida O vinho era visto como o sangue da uvas, tornando-se por isso, símbolo da vida, um elemento material que esconde o segredo da vida imortal. E não será por acaso que Jesus fará a associação do vinho com o seu sangue na última ceia. O vinho entrava nos sacrifícios religiosos e substituiria o sangue nas ofertas e oblações da liturgia judaica. O vinho era oferecido como o mais precioso fruto da terra e do trabalho do Homem. Ao nascimento de uma criança, por exemplo, estava ligado o dever da oferta do vinho. O vinho associa-se à vida, porque serve também para curar as feridas, aliviar os sofrimentos, como remédio de tristezas e problemas. 2. O vinho, símbolo da morte e do sofrimento Mas muitas vezes, a violência com que se esmaga o vinho no lagar, abre o vinho ao significado da dor e do sofrimento e até da morte. É neste sentido que a Bíblia refere a taça do vinho, como «sangue» que nasce do esmagamento, tornando-se imagem do sacrifício e da morte. O próprio Cristo fala «em beber o cálice» como metáfora de comunhão no seu martírio.
3. Vinho, símbolo de sabedoria A Bíblia vê também o vinho como símbolo da sabedoria divina, que todo o fiel deve ter para agradar a Deus, enquanto vive sobre a Terra: «A sabedoria edificou a sua casa; levantou as suas colunas; abateu os seus animais; misturou o seu vinho e dispôs a sua mesa» (Prov.9,1-2). No Novo Testamento este «vinho novo» é o Espírito Santo que inebria o coração dos discípulos de alegria e de sabedoria. Mas o exagero do consumo do vinho é também denunciado pela Bíblia, como sintoma e causa de profundo desequilíbrio interior (Is.5,11-12; I Cor.6,19). 4. O Vinho, símbolo da alegria e da Festa Como o vinho não era para todos, nem todos os dias, ele torna-se um elemento marcante da festa e da alegria, a que se tem acesso, em circunstâncias e momentos especiais. Um dos sinais de tristeza do Povo de Deus no exílio era deixar de ouvir nas vinhas os cânticos alegres. Porque, na verdade, reza o salmista, «o vinho alegra o coração do Homem» (Sal.104,13-15). Por isso a privação do vinho torna-se obviamente símbolo da ausência da alegria.
Continua na próxima edição... Pesquisa: Pe Antonio Bosco da Silva, colhido na internet e adaptado, sem indicação do autor.
Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
9
Programe-se DIA
HORÁRIO
1-7 1
22h
1-3
ORGANIZAÇÃO
ATIVIDADE
LOCAL
CDDV
Semana Nacional da vida
RCC
VigÍlia
Catedral
ECC 1ª etapa
N. Sra. de Fátima
Escola Glauber Rocha
2
9h30
Batismo
Reunião Equipe
a definir
2
13h
ECC
Coordenadores
Vila Rosália
2
14h30
Dízimo
Retiro todos agentes
CDP - salão
2
15h
PASCOM
Reunião
CDP - sala
2
Pastoral Familiar
Coordenação Paroquial
a definir
2-3
RCC
Cong. Dioc. de Pregadores
a definir
3
8h às 17h
PASCOM
MUTIRÃO DIOCESANO
CDP - todos espaços
6
9h30
CODIPA
Coordenação
Cúria Diocesana
8-10
ECC 1ª etapa
S.J.Batista
Escola Lídia Kitz
8
Fé e política
Enc. pré-candidatos católicos
CDP
9
15h
CDDV
Reunião
Catedral
9
14h30
COMIDI
Reunião
CDP
11
8h às 15h
IAM
Gincana
Maia
11-17
RCC
SEMANA JOVEM
Capela do Rosário
14-17
PASCOM
ENCONTRO NACIONAL
APARECIDA
15-17
ECC 1ª etapa
N.S. Aparecida - Cocaia
Escola Glauber Rocha
12
9h30
Economato
Conselho Administrativo
Cúria Diocesana
16
8h30
Vicentinos
Reunião Conselho Central
Cumbica
19
9h30
CP
Reunião Clero Bonsucesso
Inocoop
20
8h às 17h
Sobriedade
Enc. Diocesano
CDP - salas
20
9:30
CP
Reunião Clero - Fátima
Aracilia
21
9h30
CP
Reunião Clero - Imaculada
a definir
21
9h
PPI
Reunião
Sede Diocesana
22
9h30
CP
Reunião Clero - Aparecida
a definir
19-22
CODIPA
Semana Dioc.de Formação
Foranias
24
PPI
Missa dos Avós
Paróquias
24
8h
RCC
Formação Básica A e B
CDP
24
15h
SAV
Enc. Voc. Masculino
Catedral
28
9h às 12h
Fé e Política
2º Enc. pré-candidatos
CDP
CP
Retiro do Clero
Atibaia
25-29
30
15h
Escola Diaconal
Enc. Aspirantes Diaconato
Escola de Ministérios
30
9h
Cebs
Reunião
Vila Fátima
30
7h30
ECC - Imaculada
Formação palestrantes
a definir
30
7h30
ECC - Imaculada
Formação coordenadores
a definir
31
15h
PASCOM
Forania Aparecida
São José
Familiar
Enc. Casais de 2ª união
CDP
30-31
Aniversariantes Nascimento
09 (1957) Pe. Lauro Luiz Vizioli 12 (1944) Pe. Berardo Graz
10
22 (1982) Pe. Weber Galvani 26 (1943) Pe. Joaquim Rodrigues 31 (1966) Pe. Dr. José Carlos - Téo
Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
Escola Diocesana de Música um sonho que deu certo! Diga-me e eu esquecerei. Ensina-me e eu lembrarei. Envolva-me e eu aprenderei!
O
projeto da Escola Diocesana de Música (EDM) surgiu a 15 anos da insistência das comunidades que reivindicavam um curso que aprofundasse o talento das pessoas em seu serviço litúrgico-musical e que pudessem desenvolver melhor o seu ministério. Por muitas vezes em encontros Diocesanos de Canto Pastoral os participantes questionavam como fazer para aprofundar sua musicalidade e seus dons para servir melhor sua comunidade. Foi então que, depois de refletir sobre a situação, a Equipe Diocesana de Música e Liturgia fez uma proposta que contemplasse as necessidades musicais das comunidades. E assim surgiu a Escola Diocesana de Música que, desde o início, conta com seus próprios recursos para se manter. A Escola é um projeto da Diocese de Guarulhos que já tem o reconhecimento nacional por alguns organismos. Com o estímulo da escola muitos de nossos alunos fizeram ou estão em faculdades de música e no conservatório municipal além de fazer um trabalho evangelizador de excelência nas paróquias. CURSOS OFERECIDOS: Violão, Guitarra, Violino, Contra-baixo, teclado, técnica vocal, coro e musicalização infantil, bateria e percussão, flauta doce e transversal, saxofone, teoria e prática de conjunto.
INSCRIÇÕES AGOSTO/2016 As inscrições para a EDM – segundo semestre de 2016 começarão dia 01 de julho através da internet. Acessar o site da EDM: www.escoladiocesanademusica.org.br Lá você encontrará todas as informações necessárias. Mas atenção as informações só estarão atualizadas a partir do dia 01 de julho/2016. Caso queira pedir alguma informação acesse a home do FACE da escola ou envie um email para secretaria@escoladiocesanademusica.org.br ou para caetanacecilia@hotmail.com INSCRIÇÃO PRESENCIAL: De 09 a 16 de julho e de 02 a 6 de agosto as inscrições podem ser feitas na escola: Rua Mandaguari, 88 – Bom Clima. Taxa de inscrição: 50,00 por curso Documentos: RG/CPF Comprovante de endereço Material: caderno de música, livros de teoria, técnica vocal e violão Cursos em grupo: a partir de R$ 80,00 Cursos individuais: a partir de R$ 150,00
3ª Romaria Diocesana A diocese toda vai visitar a Casa da Mãe!
17 de Setembro de 2016
Vai Acontecer
FIM DE SEMANA DO ENCONTRO MATRIMONIAL MUNDIAL - 16 e 17 DE JULHO Convidamos os casais e sacerdotes amigos que ainda não conhecem o FDS do Encontro Matrimonial a viverem conosco esta experiência. O nosso carisma é o relacionamento e o fortalecimento do diálogo e da comunicação entre o casal e entre o religioso e sua comunidade.
PASTORAL FAMILIAR
Sendo a família, escola de misericórdia... A equipe diocesana da Pastoral Familiar, CONVIDA E ACOLHE... Casais em “Segunda União” para um encontro onde vamos rezar, refletir e conhecer as orientações e as possibilidades de serviços dentro da ação pastoral da Igreja. O encontro acontecerá dia 31/07, das 8h às 18h no Centro Diocesano de Pastoral - CDP - Avenida: Gilberto Dini, n° 519, Bom Clima. Obs: Taxa de inscrição R$ 30,00 por casal. Trazer a bíblia Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós! Informações: Raul e Lídia (2412-8101) ou Sueli e Magela (2407 – 2942)
Local: Colégio Nossa Senhora das Dores - Rua 3º Sargento Alcides de Oliveira, 146 - Gopoúva - Guarulhos (SP) INFORMAÇÕES: Flávio e Magali: 2401-6268; Whatsapp: 97258-5099 Valbão e Sônia: 2441-3969; Whatsapp: 99914-5592 Amilcar e Sandra: 2382-0084; Whatsapp: 97602-6902
"Quer ser feliz no relacionamento? Pergunte-nos como!" Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
11
Especial
Diocese ganha mais um presbítero Padre Luiz Carlos de Brito C
om o lema “Eterna é a sua misericórdia”, retirado do salmo 177, o Diácono Transitório Luiz Carlos de Brito se tornou padre, no dia 12/06/2016. A Santa Missa de Ordenação foi realizada na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e foi presidida por Dom Edmilson Amador Caetano, contando com todo o povo de Deus em Guarulhos. Padre Luiz exercerá seu ministério sacerdotal na Paróquia São João Batista (Jardim Adriana), sob a provisão de Vigário Paroquial. Lá vai trabalhar com o Pároco, Padre Gildarte Abílio Costa. Além de Padre Luiz, a Diocese aguarda ansiosamente a Ordenação Presbiteral de mais três Diáconos: Rodrigo Lovatel, Renan Araújo e Fabio Herculano, prevista para acontecer no mês de Novembro.
CORREIOS
ATENÇÃO COLABORADORES:
IMPRESSO ESPECIAL 7220993744 - DR/SPM MITRA DIOCESANA
Enviem suas matérias até o dia 15 de cada mês, contendo no máximo 30 linhas, com corpo 14. Caso venha com um número maior de linhas, faremos a redução proporcional.
12
Folha Diocesana de Guarulhos | Julho de 2016
Sugestões e críticas: padremarcosvinicius@gmail.com