Editorial 30 pags

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2016. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio do Janeiro – Sebrae/RJ Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei nº 9.610). Informações e contatos Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empre¬sas no Estado do Rio de Janeiro - Sebrae/RJ Rua Santa Luzia, 685 - 6º, 7º xe 9º andares - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20030-041 Telefone: 0800 570 0800 - site: www.sebrae.com.br Presidente do Conselho Deliberativo Estadual Ângela Costa Diretor-superintendente Cezar Vasquez Diretor de Produto e Atendimento Armando Augusto Clemente Diretor de Desenvolvimento Evandro Peçanha Alves Gerência de Gestão Estratégica Gerente Francisco José de Nóbrega Cesarino Analistas Técnicos Patrícia Reis Pereira Felipe da Silva Antunes Juliana Domiciano Cupti Madeira Coordenação de Turismo Coordenadora Margareth de Sousa G. Carvalho Analistas Técnicos Marisa Freitas Cardoso Tayssa Pinheiro de Araujo Vanessa Helena Cohen Mizrahi Bruno Fernandes da Silva Versão Novembro 2016

SEBRAE - RJ 2016

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Elaboração

FICHA TÉCNICA

Clave de Fá Inteligência em Pesquisa Rua Frederico Silva, 86, Sala 518, Centro Rio de Janeiro – RJ +55 21 2224-9854 / 98837-4425 fale@clavedefapp.com.br Diretora-executiva: Elizete Ignácio Consultores Desenho Metodológico e Supervisão: Elizete Ignácio Pesquisa de campo e relatórios individuais: Thamires Lima Relatório final: Thamires Lima, Elizete Ignácio Relatório final, edição para publicação: Anna Carolina Duppré Projeto gráfico editorial Agência Dupla Criativa

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ÍNDICE INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 5 DESENHO METODOLÓGICO DA PESQUISA AVALIATIVA...................................................................

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PASSEANDO NO PAÇO - TOUR HISTÓRICO TEATRALIZADO..................................................

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CHÁ DA PRINCESA.............................................................................................................................

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CONTO NA CASA DE BARRO...........................................................................................................

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RECEPTIVO, HISTÓRIA, CULTURA E LAZER PELA ESTRADA REAL.....................................

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O FORNECEDOR OFICIAL DA CASA IMPERIAL..........................................................................

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MODINHAS IMPERIAIS.....................................................................................................................

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NOS TRILHOS DA HISTÓRIA, DA NATUREZA, E DA CACHAÇA SINHÁ BRASIL.................

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CONCLUSÃO........................................................................................................................................

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BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................

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IN TRO DU ÇÃO

O Projeto Tour da Experiência Caminhos do Brasil Imperial , vinculado à Coordenação de Turismo do Sebrae/ RJ, é um Projeto que desenvolveu roteiros e produtos turísticos, contando a história do Brasil Império, por meio do conceito do Tour da Experiência. O objetivo do Projeto é estimular a inovação no turismo, através do segmento histórico-cultural,

fortalecendo

a

marca

Tour

da

Experiência no Estado e incentivando a comercialização de novos produtos turísticos nos pequenos negócios, a partir da capacitação dos empresários e reconhecendo novos empreendimentos em rede associativa.

Realizado durante os anos de 2013 a 2016, o Projeto teve como público-alvo pequenos negócios de diversos setores que compõem a Cadeia Produtiva do Turismo, dos municípios do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Paraty, Visconde de Mauá e os que fazem parte do Vale do Café (Rio das Flores, Piraí, Barra do Piraí, Valença e Vassouras.

Deste ponto em diante a categoria “Caminhos do Brasil Imperial” será denominada apenas como CBI.

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DESENHO METODOLÓGICO DA PESQUISA AVALIATIVA A metodologia escolhida para a pesquisa de avaliação qualitativa do Projeto Tour da Experiência CBI foi a etnografia, uma abordagem analítica centrada no humano que, através da descrição e análise da lógica das representações dos interlocutores da pesquisa, permite perceber com maior profundidade quais motivadores associados aos aspectos culturais, hábitos coletivos, comportamentos ou sentimentos influenciaram na participação do empresário no projeto, com o objetivo de compreender como os empresários elaboraram suas próprias experiências no decorrer do projeto e no desenvolvimento de produtos turísticos histórico-culturais relacionados ao Brasil Imperial. Para isso, foram selecionados um estabelecimento de cada município ou região e o empresário representante, a partir dos quais a pesquisa de avaliação foi realizada. Esta abordagem refere-se não apenas ao momento do trabalho de campo, mas implica tanto em um tratamento conceitual inicial do projeto quanto na observação direta junto ao empresário — durante o planejamento e execução de seu produto turístico — por um período de tempo determinado. A abordagem etnográfica se completa com a descrição comparativa dos pontos observados.

A vantagem da etnografia é o aporte teórico advindo da Antropologia, que fundamenta outras abordagens centradas no humano e permite perceber com maior profundidade quais motivadores associados aos aspectos culturais, hábitos coletivos, comportamentos ou sentimentos influenciaram na participação do empresário no projeto e em sua avaliação final. Esta vivência do pesquisador com os empresários é orientada por roteiros que permitem sistematizar e comparar os resultados.

Adotaram-se duas abordagens que orientaram o desenho metodológico de avaliação etnográfica do projeto, sendo elas a análise da percepção do empresário sobre o projeto e a observação do processo de interação entre estes participantes, ou seja, avaliação da sua articulação em uma rede associativa, um dos objetivos gerais do Tour da Experiência CBI.

Assim, a experiência dos empresários é narrada etnograficamente a partir do percurso formativo como fio condutor da escrita etnográfica. Isso garante que se possa descrever detalhadamente cada caso estudado no decorrer do trabalho de campo. 2 Áreas como design, marketing e gestão de negócios têm adotado tanto a etnografia quanto a antropologia como bases metodológicas e conceituais para o desenho de projetos e tomadas de decisão. A própria categoria experiência é primeiro elaborada por antropólogos nas décadas de 1960, para então ser assumida com uma perspectiva econômica e de negócios.

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PASSEANDO NO PAÇO - TOUR HISTÓRICO TEATRALIZADO APRESENTAÇÃO DO NEGÓCIO As guias turísticas Silvana da Silva Gonçalves e Sandra Regina Pereira pretendiam agregar a seu negócio produtos inovadores que pudessem ter um diferencial diante da grande oferta de produtos turísticos já consolidados na cidade do Rio de Janeiro. Proprietárias das agências de turismo SiltyTour e Turner Tour, respectivamente, as duas desenvolveram em parceria, por meio da capacitação e orientação do Sebrae/RJ no Projeto Tour da Experiência – Caminhos do Brasil Imperial, o “Passeando no Paço – Tour Histórico Teatralizado”. Nesta atividade, que foi projetada para acontecer na região da Praça XV, centro do Rio de Janeiro, a grande aposta das empresárias foi aliar o contexto da visita guiada à encenação teatral de personagens históricos feita pelos próprios guias para contar aos visitantes sobre a época do Brasil Imperial, fugindo do formato tradicional de guiamento.

CONCEPÇÃO DO PRODUTO TURÍSTICO Sandra e Silvana já se conheciam antes de participarem do Projeto Tour da Experiência. Elas atuavam com produtos turísticos “clássicos”, ou “tradicionais”, destinados à venda de pacotes de guiamento e visitação a pontos turísticos bastante conhecidos no Rio de Janeiro, como Pão de Açúcar e Cristo Redentor. A parceria teve início na Feira do Empreendedor em 2014, quando o Projeto Tour da Experiência chamou a atenção das duas. As empresárias decidiram apostar em melhorias para seu negócio e gradativamente perceberam que essa atitude lhes demandaria tempo, engajamento, estudos e comprometimento com uma postura criativa. Durante o processo de capacitação, sua persistência e determinação diante dos desafios da criação foram reconhecidas pelos colegas. A dupla perseguiu a ideia de impactar o público a partir do envolvimento com a experiência histórica e, após uma série de reflexões nas reuniões promovidas pelo Sebrae/RJ, idealizou o “Passeando no Paço – Tour Histórico Teatralizado”. A Praça XV faz parte da zona portuária carioca, onde era situado o principal ponto de desembarque de escravos africanos na cidade, e é também palco do Paço Imperial, antiga casa administrativa do Brasil colônia e do Brasil imperial. Reconhecendo a relevância histórica deste espaço, Sandra e Silvana pensaram a inovação aplicada às narrativas sobre a região. Começaram então a enxergar o potencial da teatralização para o tour histórico nas ruas, apostando no diferencial do guia turístico que atua e interage de forma inédita com o público. Desta forma, as participantes demonstraram sua capacidade em aliar espaço e personagem históricos numa narrativa articulada sobre a cultura e a história local

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O percurso do “Passeando no Paço” vai do Paço Imperial à Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e reuniu uma equipe de quatro profissionais: além das proprietárias das agências, os guias turísticos parceiros Yara Barreto, caracterizada como Princesa Isabel, e Anderson de Souza como André Rebouças, o primeiro engenheiro negro da história do Brasil. Com isso, ao articularem passado e presente em um diálogo sobre a história do Paço à época do Brasil Imperial e os elementos arquitetônicos do espaço atual, elas criaram uma ligação bem elaborada entre as transformações da época do Império e as transformações da infraestrutura urbana recente, apresentada ao público de forma inovadora e surpreendente.

MUDANÇAS NA VISÃO CRÍTICA DO EMPRESÁRIO O conteúdo fundamental do projeto para as participantes foram as informações históricas, a teatralização incorporada ao guiamento e como mobilizá-las para elaborar produtos turísticos. Estimuladas a idealizar, participar e executar o próprio produto, Sandra e Silvana observaram que o projeto impulsionou uma postura empresarial inovadora, participativa, pautada em processos criativos e que não se restringia apenas à lucratividade do empreendimento. Ao interagirem com outros atores locais e criarem uma rede articulada entre guias turísticos parceiros, elas demonstraram ter colocado em prática a construção da inovação em seu negócio, além de terem atuado na diversificação da oferta do mercado de turismo no Rio de Janeiro. “Passeando no Paço” levou-as também a pensar sobre as múltiplas narrativas possíveis para se contar o passado e o presente da cidade, impactando o público a partir da ideia de experiência como lembrança marcada. Mobilizadas por esta ideia, as empresárias relataram que pensaram também num novo passeio turístico teatralizado para a região da Praça Mauá. Ambas disseram ter adquirido uma visão mais crítica sobre sua área de atuação e sobre seu empreendimento. O debate horizontal e a troca de ideias com os outros participantes do projeto foram importantes para desenvolverem essa nova percepção. Elas consideraram que o diálogo constante nas reuniões promovidas pelo Sebrae/RJ foi o diferencial deste processo.

CONCLUSÃO - BALANÇO DOS GANHOS E IMPACTOS PARA O EMPRESÁRIO E O NEGÓCIO A dupla conseguiu implementar uma ação inovadora ao seu serviço de guiamento turístico, firmando parcerias com guias turísticos que teatralizavam a atividade pelo centro do Rio de Janeiro. Mobilizaram também conteúdo histórico para fazerem uma ponte entre o cenário imperial e o contexto atual. Durante as etapas de criação do produto, elas entenderam que deveriam ter posicionamento ativo no desenvolvimento de serviços para seu negócio, a importância de gerar envolvimento com o público e passaram a defender o ineditismo de sua proposta de alinhar o próprio guia, e não um ator, à teatralização. Com isso, apresentaram uma proposta de diversificação da oferta turística na cidade. O engajamento do empresário na área de atuação turística é pensado por elas através da noção de “participação ativa”, na qual o empresário deve se envolver em todas as etapas de elaboração de seus produtos. Isso foi percebido como algo que foi estimulado na condução do projeto pelo Sebrae/RJ. Para isso, a ideia de construção de rede mostrou-se fundamental, expressa na construção de relações de parcerias. A parceria com os guias que realizam a teatralização foi bem-sucedida, uma vez que foi pautada na troca de ideias e expertises de cada membro que compõe o produto. As empresárias avaliam o posicionamento de seus negócios no setor turístico – pós inserção no projeto – como estando mais capacitadas para uma atuação mais lúdica na transmissão de conteúdos históricos para o turista, apostando em novas formas de repassar o conteúdo através da teatralização, agregando e mobilizando a cultura local, a história do Brasil imperial e as descrições e curiosidades sobre os espaços públicos de circulação. Flexibilização, versatilidade dos serviços, articulação com a rede, parcerias com guias, teatralização, participação ativa no empreendimento são alguns elementos que caracterizam o perfil das “empresárias do turismo” de Silvana Gonçalves – SiltyTour Agência de Turismo – e Sandra Pereira – Turner Tour Agência de Turismo.

Para elas, empreender no turismo demanda versatilidade e arriscar-se em novas frentes ao desenvolver serviços e produtos. A teatralização com guiamento turístico para além de monumentos como museus e igrejas, que ocupe praças e outros espaços públicos, representa uma visão empreendedora segundo as participantes. As criadoras do “Passeando no Paço” afirmaram que, com o Projeto Tour da Experiência, conseguiram desenvolver maior capacidade para avaliar o contexto dos negócios em sua área de atuação – agências de turismo – e ressaltaram que, com uma melhor compreensão das demandas atuais do setor de turismo, conseguiram avançar em aspectos como a articulação com outros guias locais.

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