Caderno Pensar

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VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

www.agazeta.com.br

FERNANDO YOUNG/DIVULGAÇÃO

Entrelinhas

O JORNALISMO POPULAR NO RIO DE JANEIRO DO INÍCIO DO SÉCULO XX E A TRAJETÓRIA DE IRINEU MARINHO

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Dramaturgia

UM PANORAMA ACERCA DO TEATRO DE RUA E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS Página 4

Música

A ORQUESTRA FILARMÔNICA DO ESPÍRITO SANTO INICIA SUA NOVA TEMPORADA

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Artigo

AS MUDANÇAS NO MEIO URBANO E SEUS REFLEXOS SOBRE A VIDA NAS CIDADES Página 16

Muito elogiado por seu último disco, “Abraçaço”, Caetano Veloso não escapou de ser detonado por boa parte da crítica musical

O papel da crítica

AVALIAR UMA OBRA DE FORMA NEGATIVA PODE ESTIMULAR O ARTISTA A SE ESFORÇAR MAIS

Páginas 8 e 9


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Pensar

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

quem pensa

marque na agenda prateleira Literatura

Victor Gentilli é jornalista e professor de Comunicação Social da Ufes. vgentilli@uol.com.br Chai Rodrigues é atriz formada pela Escola de Teatro, Música e Dança Fafi/ES. charlaine.rodrigues@gmail.com Erico de Almeida Mangaravite é servidor público e frequentador de concertos e óperas. ericoalm@gmail.com Lúcio Manga! é professor de linguagem, músico e escritor.

Novos autores

Os livros “Catamaran”, de Leandro Reis, e “Música de Mobília”, de Daniel Vilela. Publicados pela editora Cousa, marcam a estreia dos autores e serão lançados quinta, dia 28, a partir das 19h, em frente ao Bar do Nei, na Rua Sete, Centro de Vitória.

Encontro Escritoras tomam posse

No dia 12 de março, às 19h, acontecerá solenidade de posse de novas integrantes da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, entrega do prêmio ao vencedor do Concurso de Crônicas Annette de Castro Mattos. Também haverá apresentação musical do grupo Vozes da Ilha. Será no Auditório da Rede Gazeta.

Ítalo Campos é psicanalista e poeta. ifcampos@hotmail.com

Antonio Rocha Neto éeconomista,cronistaemembrodaAcademiade LetrasHumbertodeCampos. arochanet@gmail.com Rafael Abreu é jornalista e um dos editores do Fita Bruta. www.fitabruta.com.br.

Anselmo Clemente é psicólogo e mestrando em Psicologia Institucional pela Ufes. João José Gomes dos Santos e mestrando em Psicologia Institucional pela Ufes.

O irlandês James Joyce acreditava que cabia ao escritor registrar suas epifanias com extremo cuidado, “vendo que elas próprias são os mais delicados e evanescentes dos momentos”. Nessas curtas narrativas, ele autor alia a velocidade inesperada à já desgastada experiência do dia a dia. Iluminuras, 112 páginas, R$ 35

Esse Inferno Vai Acabar Humberto Werneck

Exímio contador de histórias, Werneck narra com o ritmo preciso e o humor refinado que lhe são característicos histórias tiradas da memória, de uma festa de aniversário na infância à alegria de presenciar a inauguração de Brasília.

luciomanga@gmail.com

Caê Guimarães é jornalista, poeta e escritor. Publicou quatro livros. www.caeguimaraes.com.br

Epifanias James Joyce

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Arquipélago Editorial, 192 páginas, R$ 34

Concerto Campestre Luiz Antonio de Assis Brasil

de março

Novas tecnologias em

foco Os Seminários Museu Val e começam no dia 13 de março, com o tema “Cyber-ArteCultura: A Trama das Re des”, que aborda a relação entre tecnologia, arte e cultur a. O evento acontece até 17 de março e traz convidados de pes o, como Marcelo Tas (foto) e Co ra Rónai. www.seminario smv.org.br

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de fevereiro

Plano Estadual de Cultura

Nesta segunda, a partir das 14h, acontece o Seminário Setorial do PEC-ES no auditório Manoel Vereza do CCJE, na Ufes, em Goiabeiras, Vitória. O seminário faz parte da série de escutas públicas que orientam a elaboração das propostas que farão parte do plano. Agora serão convocados os segmentos artísticoculturais do Estado para apresentarem as demandas de cada setor e proporem ações que serão agregadas ao documento.

L&PM, 192 páginas, R$ 16

O Olho Itinerante Jorge Emil

Com temas variados, Jorge Emil reúne poemas que são pílulas de realidade e caminham diariamente pelas vias. Neste livro, o autor escancara verdades sobre sensíveis e eloquentes telas que exibem a cidade nua, sem floreios. Record, 192 páginas, R$ 29,90

Tiago Zanoli

FALE BEM OU MAL... Colaborador do C2+Pensar, o estudante de jornalismo e escritor Leandro Reis procurou-me, há um mês, com uma sugestão de tema. Ele teve a ideia após ler comentários sobre o último álbum de Caetano Veloso, “Abraçaço”. Em geral, críticos de jornais e revistas de circulação nacional falavam maravilhas do trabalho, enquanto sites especializados em música, como o respeitado “Scream & Yell”, desceram o malho no cantor e compositor. Leandro ficou mais intrigado com os comentários dos leitores quanto aos motivos de se

Ambientada em meados do século XIX, nas fronteiras vazias do pampa, a trama apresenta o romance impossível entre um maestro (mestiço e sedutor) e a bela Clara Vitória, única filha do major da Guarda Nacional Antônio Eleutério Fontes.

é editor do C2+Pensar.

tzanoli@redegazeta.com.br

fazer crítica negativa. Em geral, as questões apontavam para o seguinte: por que não ignorar obras ruins, em vez de dar “ibope” a elas? Indicado por Leandro e pelo professor Erly Vieira Jr, da Ufes, o jornalista e crítico musical Rafael Abreu, hoje residente em São Paulo, fala nesta edição sobre o papel das críticas. “Eu gosto do conflito. O campo das ideias é o único no qual a violência metafórica vale, e o quebra-pau não dá problemas”, disse ele quando entregou-me o texto. »Zp ]jeMJOp j J\ óMe\Z ie[p] mj Nj\p[p0

Pensar na web

Leia trechos do livro “Irineu Marinho – Imprensa e Cidade” e assista a vídeos com apresentações da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo: gazetaonline.com.br/pensar

Editor: Tiago Zanoli; Editor de Arte: Paulo Nascimento; Textos: Colaboradores; Diagramação: Dirceu Gilberto Sarcinelli; Fotos: Editoria de Fotografia e Agências; Ilustrações: Editoria de Arte; Correspondência: Jornal A GAZETA, Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória/ES, Cep: 29.053-315, Tel.: (27) 3321-8511


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entrelinhas

Pensar

por VICTOR GENTILLI

O RIO DE JANEIRO E O JORNALISMO POPULAR

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Brasil de hoje não desconhece a importância de Roberto Marinho na configuração do sistema midiático que molda a realidade brasileira há mais de três décadas. A história, porém, é mais antiga, começa em 1911 quando Irineu Marinho funda o jornal “A Noite”. A década de 10 do século XX foi um momento de efervescência no Rio de Janeiro, capital de um Brasil que se modernizava. A cidade experimentava o novo modelo urbano decorrente das mudanças radicais do prefeito Pereira Passos, entre 1903 e 1906. Os cortiços dos pobres foram derrubados para abrir espaço para uma cidade arejada, ventilada, “bonita”. Higienizada. Beleza que vinha da Europa, em especial de Paris. A principal mudança, dentre tantas, foi a criação da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco. Eram 1.800 metros de comprimento, com 33 metros de largura, e um padrão para as fachadas. A imprensa, até então, grosso modo, operava apenas como instrumento de ação política, marcada pela vassalagem ainda oriunda dos áulicos dos tempos do Império. Imprensa centrada no copioso e gongórico “artigo de fundo”. Esse novo Rio de Janeiro pedia um novo jornalismo. Em 1911, surge “A Noite”, vespertino que vai romper com as velhas fórmulas de jornais. Inova: estrutura-se como empresa que visava ao lucro, em boa medida inspirado no modelo norteamericano cujos maiores exemplos eram o “New York World”, de Joseph Pulitzer, e o “Morning Journal”, de William Randolph Hearst. A grande escala de vendas naturalmente atrairia publicidade e viabilizaria o negócio. Chegou a ultrapassar inacreditáveis 150 mil exemplares.

Irineu Marinho – Imprensa e Cidade Maria Alice R. de Carvalho Globo Livros, 232 páginas Quanto: R$ 48, em média

BASTOS DIAS/MEMÓRIA GLOBO

Ruas

O Rio de Janeiro modernizado por Pereira Passos não perdeu seu povo, e era para ele que o jornal se dirigia. “A Noite” dialogava com as ruas, os terreiros, as rodas de quintais. Aliás, não à toa, um dos acionistas minoritários era João do Rio, o primeiro repórter brasileiro e também o primeiro cronista: quem antes saía à ruas em busca de boas histórias para contar? Audacioso, Irineu Marinho também criou a produtora de filmes Veritas, cuja obra mais conhecida é “A Quadrilha do Esqueleto”.

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Ao fundar “O Globo”, Irineu foi artífice de um dos maiores grupos de mídia do país

Exemplo: em 1913, uma autoridade anuncia que não haverá perseguição ao jogo. Ousadia: Irineu Marinho coloca uma grande roleta em frente à redação. No dia seguinte, o jornal reverbera o burburinho: “O jogo é franco – uma roleta em pleno largo da Carioca”. Em 1917, sai o primeiro disco brasileiro apresentado como samba intitulado “Pelo Telefone”. A letra: “O chefe da polícia / pelo telefone /manda me avisar Que na Carioca / tem uma roleta para se jogar...” O distanciamento da ação política não pode ser vista como omissão ou alheamento. Irineu Marinho será preso no governo Epitácio Pessoa e se protegerá num autoexílio durante o governo de Artur Bernardes. Antes ainda, fora perseguido por Hermes Pessoa. Nesse autoexílio, é traído por um sócio e perde “A Noite”. Inacreditável. Irineu desembarca no Brasil, e 159 dias depois inaugura “O Globo”. Saúde frágil, morre 20 dias depois de criar esse novo vespertino. Primogênito, Roberto Marinho herdou o jornal e o assumiu pouco depois com 24 anos de idade. A autora, Maria Alice Rezende de Carvalho, historiadora e socióloga, afirma não se tratar de uma biografia. Mas a vida de Irineu Marinho será o fio condutor da narrativa. Edição primorosa. Capa dura, papel perfeito para a obra e fontes que remetem ao jornalismo da época. Todas as ilustrações, fotos, reproduções de folhetos e páginas de jornais escolhidas a dedo e com legendas esclarecedoras. Todas as ilustrações são legendadas, o que mostra o esforço na qualidade da edição. Num bolso na parte interna da capa dura, uma reprodução fac-similar da edição de 3 de março de 1924 de “A Noite”. Num breve comentário na abertura do Observatório da Imprensa na TV, Alberto Dines sintetiza: “Uma festa para os olhos, banquete para a memória coletiva, acervo para a história do Rio e da imprensa brasileira. O livro ‘Irineu Marinho – Imprensa e Cidade’, de Maria Alice Rezende de Carvalho, é uma biografia, uma reportagem, um painel e um álbum de recortes dedicado ao fundador dos mais importantes vespertinos que já tivemos, ‘A Noite’ e ‘O Globo’, e o artífice de um dos maiores grupos de mídia do planeta. Quando descendentes sabem lembrar os antepassados, a sociedade inteira é beneficiada”. Sem comparações com o perfil que Pedro Bial fez de Roberto Marinho.


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falando de música

teatro

por ERICO DE ALMEIDA MANGARAVITE

por CHAI RODRIGUES

A NOVA TEMPORADA DA ORQUESTRA FILARMÔNICA

O TEATRO QUE OCUPA OS ESPAÇOS URBANOS Diante da falta de espaços para apresentação e da necessidade de interagir com o público, os grupos de teatro saem do tradicional palco italiano e dominam as ruas das cidades

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origem do palco italiano, a mais popular forma de estruturação do teatro ocidental, é recente. Essa disposição frontal de palco e plateia separados surgiu no século XVII, na Itália. Por isso, relacionar as artes cênicas apenas a essa estrutura é demasiado limitado considerando os mais de 2.500 anos de história teatral documentada. O teatro nasceu de uma manifestação popular mitológica grega e sempre esteve, de certa forma, associado ao espaço e a objetivos públicos. De todas as vertentes existentes, a única que persiste desde a origem da arte é a hoje nomeada teatro de rua. Sua manifestação resiste por extrapolar espaços físicos e falar de assuntos que revivem mitos e histórias que aproximam diversos públicos. Geralmente é apresentado em meio a concentrações de pessoas que transitam pelas ruas e possui uma linguagem e temática particular, quase sempre abordando mitos, histórias religiosas, comédias de erros e costumes, farsas e autos. No Espírito Santo, diversos grupos entenderam que a rua é um dos melhores locais para conversar com o público. Só para citar alguns trabalhos, um dos grupos mais tradicionais é o Grupo Vira Lata de Teatro, existente há 11 anos, cujo trabalho de maior destaque é a montagem “Crônica da Razão Cômica”, escrita por Saulo Ribeiro e que ainda está em cartaz pelas ruas da cidade. A última montagem do grupo foi uma parceria com outra grande companhia do Estado, a Folgazões Companhia de Artes Cênicas. Juntos eles montaram “São Pedro – Os Irmãos e a Serpente”, de 2011. A Folgazões, que acaba de conquistar um espaço para montar a sua sede própria, possui no repertório, entre outros trabalhos, “O Pastelão e a Torta” (2010) e “Auto do Tatu” (2011). Outra companhia que enfrentou os espaços públicos foi a RAC – Repertório Artes Cênicas, com a montagem da peça “Peroás e Caramurus – Uma Saga da Ilha” (2009), escrita por Nieve Matos e Saulo Ribeiro. Os três grupos habitam o centro de Vitória. A comunicação entre eles tem dado tão certo que trocam

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DIVULGAÇÃO

“O Pastelão e a Torta”, da companhia Folgazões: um dos diversos grupos locais que se apropriam das ruas como palco

experiências, elencos e estruturas para fomentar o teatro capixaba.

Modelo

Mas a forma de expressar o teatro nas ruas da cidade começou a ganhar certos questionamentos no século XXI. Em 2012, na cidade de São Paulo, a aposta de diversos grupos foi fazer teatro nas ruas da cidade, provocando certas reflexões: será que para fazer teatro de rua é sempre necessário falar dos costumes, erros, comédia, autos e farsas? Grupos como o Teatro da Vertigem e a Cia São Jorge de Variedades extrapolaram os limites da linguagem. Tomaram não só as ruas, mas a história daquele lugar como base para as criações. O diretor Antônio Araújo, do Teatro da Vertigem, defende a dialética dos espaços por meio da peça “Bom Retiro, 985 Metros”. Tradicional por ocupar

locais alternativos como igreja, hospital e o rio Tietê, o diretor comandou a montagem seguindo o intuito de investigar o bairro Bom Retiro e seus fluxos migratórios. A peça “Barafonda”, da Cia São Jorge, apresentada em 2012, faz o cruzamento da história de Prometeu – personagem da mitologia grega – e a história do bairro Barra Funda. A peça faz o percurso da estação de metrô Marechal Deodoro até a cruzar a linha do trem, próximo à estação Barra Funda. Durante o trajeto o público, que ocupa as ruas dividindo espaço com os carros, conhece as histórias e os moradores mais antigos que participam da peça. Todas essas montagens são exemplos de como o teatro pode trabalhar com a linguagem de rua e também explorar o teatro na rua. Utilizar os espaços para apresentação e integra-

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ção. Estabelecer um diálogo direto no qual o artista se coloca na posição de mediador e explorador do próprio ambiente a favor da criação artística e revitalização do local. Quais histórias sairiam das ruas do centro de Vitória? Como seria contar a história da Prainha, onde começou a fundação do Espírito Santo, para além do “Auto de Frei Pedro Palácios”? Se a rua é um espaço livre, então todos os formatos podem se comunicar por elas. Para as artes cênicas, principalmente no Espírito Santo, que é carente de locais para apresentações e temporadas, a grande questão que talvez se faça urgente é: como o teatro pode ocupar as ruas e se relacionar diretamente com a cidade e os seus moradores? Encarar o teatro para além da caixa preta italiana é uma maneira de ressaltar seus valores e sua dimensão de serviço, arte e acontecimento público.

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Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (Ofes) dá início à sua temporada 2013 no próximo dia 27. Demonstrando grande eficiência em termos de planejamento, algo raro no circuito cultural brasileiro – vide o caso dos espetáculos montados pelos teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo, por vezes divulgados apenas poucas semanas antes das apresentações –, a Ofes já anunciava ao público suas novidades em julho de 2012. Dos programas que serão apresentados, alguns se destacam pela grandiosidade das obras: em junho será executada a 5ª Sinfonia de Gustav Mahler, cujo “Adagietto” (quarto movimento) tornou-se célebre ao ser utilizado no funeral do senador estadunidense Robert Kennedy; em novembro, solistas, coro e orquestra se unirão na suntuosa “Messa da Requiem”, obra do italiano Giuseppe Verdi, em concerto alusivo ao bicentenário do compositor. Também estarão presentes peças basilares do repertório orquestral, como o Concerto para Piano e Orquestra de Edvard Grieg (em março), o Concerto nº 1 para Piano e Orquestra de Piotr Tchaikovsky (em abril) e os o Concertos para Violino de Felix Mendelssohn (em julho) e Johannes Brahms (em outubro). Partituras menos conhecidas de compositores como Liadov, Fibich e Glière, bem como as primeiras audições mundiais de obras contemporâneas do capixaba Marcelo Rauta e do cearense Liduino Pitombeira completam a programação. A presença de solistas e regentes de renome internacional promete movimentar a cena musical vitoriense; contudo, não se pode deixar de lado o fato de que a própria orquestra, que tem recebido elogios consistentes de alguns dos maiores veículos da imprensa especializada nacional, e seus empenhados regentes Helder Trefzger e Leonardo David por si só já são atrações suficientes a ponto de merecerem o reconhecimento do público. Com efeito, frequentemente os concertos no Teatro Carlos Gomes resultam em casa cheia. Isso levou à criação de mais uma série, chamada “Pré-Estreia”, cujo objetivo é atender à crescente demanda por ingressos. No concerto inaugural, intitulado “O Canto da Nossa Terra”, serão executadas quatro obras. Segundo Trefzger, sua intenção ao escolher o tema do concerto (que vem a ser o título do segundo movimento da obra Bachianas Brasileiras n.º 2, de Villa-Lobos, uma das peças do programa), foi “juntar

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“O Canto da Nossa Terra” Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. Quarta e quinta, às 20 horas, no Teatro Carlos Gomes. Praça Costa Pereira, Centro de Vitória. Ingressos: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira)

DIVULGAÇÃO

peças inspiradas pela terra ou por determinadas regiões ou países”. Às Bachianas juntam-se a “Festa Polonesa”, de Emanuel Chabrier, “Uma Canção Antes do Amanhecer”, de Frederick Delius (compositor pouco conhecido pelo grande público, mas especialmente admirado por Trefzger), e a “Sinfonia Sobre um Canto Montanhês Francês”, composta por Vincent d’Indy.

Villa-Lobos

A Ofes ocupa posição de destaque entre as instituições culturais do Estado

A obra de Villa-Lobos é dividida em quatro partes. Na primeira, “Prelúdio – O Canto do Capadócio” (este último termo, segundo o próprio Villa, foi utilizado como sinônimo de preguiçoso, malandro), contém uma melodia lúbrica para saxofone tenor, que remonta às modinhas e serestas que tanto marcaram a juventude do compositor. Em seguida, ouve-se a “Ária – O Canto da Nossa Terra”, cujos primeiros compassos trazem uma bela homenagem ao mestre Johann Sebastian Bach. A terceira parte chama-se “Dança – Lembrança do Sertão” e se inspira nos ritmos e melodias do Nordeste brasileiro. Por fim, a “Tocata – O Trenzinho do Caipira”, uma descrição em forma de música de uma locomotiva Maria Fumaça. Há quem diga que o apelido de infância de Villa-Lobos, “Tuhu”, seria a onomatopeia produzida pelo menino ao tentar reproduzir o apito dos trens... As demais peças do concerto se agregarão à obra do brasileiro, constituindo um interessante programa musical. Curiosamente, a Sinfonia de Vincent d’Indy (compositor que escreveu um importante tratado teórico sobre composição que contribuiu para a formação de Villa-Lobos) conta com a participação destacada de um piano solista. Assim, foi convidado para a apresentação o premiado pianista Giulio Draghi, professor da UFRJ e aluno do grande Jacques Klein. Elogiada pelas revistas Concerto e VivaMúsica!, a Ofes ocupa com méritos posição de destaque dentre as instituições culturais espírito-santenses. Os concertos são didáticos e acessíveis, sem qualquer resquício do pedantismo muitas vezes associado à música clássica; afinal, esse gênero é apenas um dentre os vários em que pode se encontrar boa música, tais como o rock, o jazz e o samba, por exemplo. E, em tempos nos quais certas nulidades pseudo-artísticas invadem o nosso cotidiano com criações inqualificáveis, não se pode perder a oportunidade de ouvir música de altíssima qualidade.


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poesias

errei na mosca! por LÚCIO MANGA!

CIRCO DAS ILUSÕES PERDIDAS

leia a coluna de hoje ouvindo a noite mais linda (felicidade), no grêmio recreativo arnaldo antunes com josé, o odair, otto, miklos, o paulo, eugênia, a bárbara e cidadão instigado. acesse aí, vai: youtu.be/BUcHKY_vNys

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atirador de facas, esse meu ego sedutor e ameaçador, sentado no banco da periferia da alma, fuma um cigarro e engole seco todas as frustrações que vêm de dentro... lançar facas, meu caro leitor, é dessas aflições de querer errar na moça... é o desejo de agradar o público que, no privado inconsciente, torce para que as facas lançadas perfurem a jovem carne... é o ato sexual da perversidade sem fim... maldade pura, conflitos na casa grande da alma... nesse abominável mundo de novo, não se quer buscar verdades... todos preferem os palhaços e as suas piadas tristes... preferem os mágicos e seus truques... ninguém quer o atirador de facas e as suas investidas contra o risco... ninguém dá bola pro touro indomável e pros seus socos de alegria sanguinária. os espectadores orquestram aplausos no piloto automático... não há uma reação... não há sequer a sensação do

gosto amargo... a vida virou uma repetição eterna... sem novidades comportamentais... todos os sorrisos com batom vermelho. nem o papa quer mais saber de deus, e as pessoas ainda insistem no pecado da alma... recorte um pedaço desse texto bem aqui..................................... e cole bem aí nos seus efeitos. há um plano de fuga, uma rota imaginária sem sinais de figa... a sorte não repara que demasiado, o humano, aposta tudo na felicidade... não coloca uma moedinha sequer na infelicidade... e dá nessa falsificação satisfatória... a farsa, essa amiga e companheira da compulsiva ordem natural das coisas, lota as sessões do cinema shopping center... migalhas humanas é o que se vê nas arquibancadas do circo das ilusões perdidas... atirar facas mesmo com fendas no olhar não levanta multidões... nem quando bardot, a brigitte, minha assistente de palco imaginária, está nua, vendem-se ingressos... os desejos são as barangas bbb e a as suas inutilidades de se querer celebridade... mulheres falsificadas com código de barras... todas iguais... irracionais wc... e as suas vaginas depiladas em formato de coração... “rancor!!!!”, grita o interior do ati-

rador de facas... a atração de um aplauso só... “quantas fases há em mim?” “quantas pegadas eu deixei de andar?” “quantos remédios me deixaram por instantes de dor?” trancado no trailer da atração do circo... garrafa de uísque falsificado por um gole... cigarros espalhados pelo chão, enquanto cinzeiros vazios acumulam a fumaça do trago... quem daria mais se houvesse um leilão de infelicidades? rói a unha com a intensão de arranhar o instante... mas nem isso... o atirador de facas guarda recortes de jornais... cola na parede como se fosse investigado pelo crime desfeito... não há nada mais que possa parecer tão desumano... come migalhas de pão dormido para conduzir a fome pelo

nesse abominável mundo de novo, não se quer buscar verdades... todos preferem os palhaços e as suas piadas tristes...

POEMAS, SÓ ÍTALO CAMPOS

labirinto da personalidade... só sabe que nada quer saber... dentro das suas páginas de filosofia 1, 99. viaja até outra cidade qualquer... assim como se vai a uma venda de produtos que não servem pra nada... não há público, só privado... é preciso pagar o preço de tudo que se pode querer publicamente... na frente da vergonha da existência... quem é que nunca se fez de fraco nas horas mais francas? “não me pergunte se amanhã o nosso amor vai existir”... era a música-voz que vinha do rádio... uma trilha sonora nos instantes de comercial... um sonho de trinta segundos com direito à massificação do querer... de repente um soco bate à porta... quem seria naquele avançar das horas em que nada se espera? era o dono do circo... senhor destino, barba por fazer, querendo chorar miséria... entra, senta à direita do atirador de facas todo poderoso... e chora. chocado e sem alternativas, o atirador de facas chama bardot, a brigitte... ela, toda nua, senta no canto do trailer com as pernas abertas... os dois, senhor destino e atirador de facas, desejam voltar para dentro do buraco de onde nunca deveriam ter saído... o ventre é um lugar que não resiste...

NA MOSCA!

distraídos venceremos “que todos os homens são iguais é uma proposição à qual, em tempos normais, nenhum ser humano sensato deu, alguma vez, o seu assentimento. um homem que tem de se submeter a uma operação perigosa não age sob a presunção de que tão bom é um médico como outro qualquer. os editores não imprimem todasasobrasquelheschegam às mãos. e quando são precisos funcionários públicos, até os governos mais democráticos fazem uma seleção cuidadosa entreosseussúbditosteoricamente iguais. em tempos normais, portanto, estamos perfeitamente certos de que os homens não são iguais. mas quando, num

crônicas

país democrático, pensamos ou agimos politicamente,nãoestamosmenos certos de que os homens são iguais. ou, pelo menos – o que na prática vem ser a mesma coisa – procedemos como se estivéssemos certosdaigualdadedoshomens. identicamente, o piedoso fidalgo medieval que, na igreja acreditava em perdoar aos inimigos e oferecer a outra face, estava pronto, logo que emergia novamente à luz do dia, adesembainharasuaespada à mínima provocação. a mente humana tem uma capacidade quase infinita para ser inconsistente”. huxley, o aldous, lá em “sobre a democracia e outros estudos”.

A cidade onde moro –

por CAÊ GUIMARÃES

sol e pedra, veias abertas, becos sobre becos, vozes soterradas (hálito moribundo) –

(para Elizabeth Broeto e Sergio Guizzardi, com saudade)

corre subterraneamente sangue negro, amarelo e branco. Por cima cimento e pedra. Torre. Cruzes e cruzes. (silêncio) A cidade onde moro, ela quase não tem fim. Um dia eu passeio por ela, outro dia, ela passa sobre mim. ••• Pega! Pega! Peguei! Peguei! Ele achou que era uma alma e era um papel em branco. Assim falou o doido pelas ruas da Praia do Canto. Ele fisgou a dor do poeta: encontrar a alma no papel em branco. O poeta é um doido que não achou sua praia: insiste em arrancar da alma a poesia que se espraia. O doido e o poeta erram pela Praia do Canto. Eles acharam um papel em branco. Da mesma dor sofrem o doido e o poeta: a desrazão das palavras que precisam de aval. Pelas ruas da praia cada dor pegou sua via, ambas velhas malditas. Uma a via oral, a outra, a da difícil escrita.

•••

TRECHO DE ELEFANTE, LIVRO INFANTOJUVENIL DE CAMPOS DE QUEIRÓS, O BARTOLOMEU

Sobreviver ao tempo também é contabilizar perdas. A cada personagem seu que tomba, pedaços da sua história se consolidam definitivamente ao evanescer. Partículas aglutinadoras e intangíveis, como o limão, quando usado como emulsão, volatizam e são aderidas definitivamente à memória e ao eterno. Tudo aquilo que o outro foi se consolida ao deixar de existir. Foi assim com tanta gente e seguirá sendo, por senos, cossenos e tangentes na trigonometria imprecisa da vida. E quando alguém parte, aparte a dor, é como se o sopro bom do sono vagueasse e navegasse, encerrando a urdidura das insônias e suas blagues. E, enquanto o sono não vem, nos resta lenha a queimar. E a isso não nos abstemos, pois que somos retintos. Derrubamos tintos e absintos. Rabiscamos nos trapos garran-

chos anchos. Escrevemos nossa trama, esticada na tinta uma corda, amarrada daqui até o infinito. Porque nervosos ou serenos, somos efêmeros. E a grandiosidade de cada gesto que grafamos no couro curtido da lida é justamente o olhar atento, a carga trágica e tudo que dela eclode sobre as pequenas coisas, os míseros milagres termodinâmicos aos quais chamamos vida, lida, construção. Somos facas amoladas na véspera da cicatriz. Nos inserimos, perfuramos e perseguimos os riscos imprecisos do giz sobre as pedras que calçam nossas ruas. E no traço rabiscamos outro cisco que evade por fim. Como pedra que abre caminho na carne do rim. Como ácido tombado no botequim do nosso sangue. E enquanto isso o mundo bang-bang-bang. Estanques, seguimos. Para que tudo caminhe para frente sem ser como antes. E os sinos repiquem macios e sigam

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

cantantes. Como roçam os dentes caninos no corpo macio. Como o sol na aurora e a Lei Marcial do Exílio. Em nós, nos vimos enfim, finitos. Travados em silêncios que podem ser fala. Somos a trama sutil de quem cala. O vazio que preenche todas as pausas. Uma imensidão de desfile com todas as alegorias dispostas harmonicamente em alas. E o tal silêncio – perceba seus graves e agudos – ele cabe em todas as asas. Pois que voar só é mudo para quem olha daqui de baixo. Voar é transformar tudo em tato. E deixar que o mundo volátil fique pequeno com as voracidades dos seus nós e a velocidade dos seus venenos. Silêncio é deixar o veludo da voz no sereno. E recolhê-lo no dia seguinte para ouvir cantigas e histórias que já não pintam nas paradas de sucesso. Voar é para quem não tem medo do que é espesso. E revoga em contrário todas as disposições, seus apêndices e abscessos. Voar & cantar & dizer tudo como quem não quer nada. Longe dos males e das ciladas da máquina de moer carne do mundo. Cantar & voar e seguir por outras paradas. Como pássaros selvagens que cantam. Sobrevoando por todas as estradas. Apesar das asas quebradas.

KISS

por ANTONIO ROCHA NETO

••• De Deus a calma plácida onda, o silêncio de pedra, a morte; do Demo, o vento forte, o calor do ruído. O Diabo, na outra face de Deus, ambos me habitam, em incerto destino, sem garantia e validade.

“– preciso dormir – ele disse. – está com sono? – interroguei. – não. preciso dormir para sonhar.”

SILÊNCIOS MONTADOS A CAVALO

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Pensar

Reinam em plena rua intercruzadas histórias suspensas. Crispam olhares sobre o tempo e templo concreto. Tudo humano é efêmero, o resto é arte e memória. Uma lua em Viena é vista às onze horas e escorre em diferentes línguas, em cantos de primavera. Rainha é aquela que me acompanha, por entre ruas e fantasia. A ela a lua.

No dia 27 de janeiro deste ano, ocorreu, em Santa Maria (RS), o incêndio da Boate KiSS, uma tragédia anunciada. Coincidentemente, em 27 de janeiro de 1945, os soviéticos deram fim ao Campo de Extermínio de Auschwitz, comandado pela SS do regime nazista de Adolf Hitler. Sessenta e oito anos separam os dois eventos. Sessenta e oitos anos... idade que provavelmente seria atingida e ultrapassada pela maioria daqueles jovens universitários exterminados naquele alçapão, com nome de beijo, em inglês. Beijo, objeto de desejo de todos aqueles jovens, que nunca mais beijarão e que não podem mais serem beijados. O nome daquela boate me faz lembrar o verbo querer, “eu quis, ele quis”, e me leva a pensar que aquela boate estava com uma frequência bem acima da lotação máxima porque ninguém quis dar atenção a esse “detalhe”, pois isso reduziria, em muito, os lucros. Que o isolamento acústico poderia ser de um material a prova de fogo, que ninguém quis utilizar, pois era

mais caro. Que nenhum dos jovens que tentaram escapar do incêndio quis sair da boate sem pagar a comanda, e no final pagaram preço tão alto, eles e seus familiares, que nem lá estavam, ao menos de corpo presente! Que o sinalizador usado pela banda, dando início ao incêndio, poderia ser apropriado para uso naquele ambiente, um tipo mais caro, mas a banda quis usar um “mais baratinho”. Poderiam ter se inspirado no exterior também para seguirem normas internacionais de segurança, ou para realizarem um controle de frequentadores compatível com a metragem da boate, ou ao menos para treinarem os seguranças para que zelassem não apenas por seu patrimônio, mas também, e principalmente, pela segurança daqueles de quem foram algozes. Mas não se quis assim. Só se quis alimentar uma ganância desmedida! Alguém pode estar pensando que, com a analogia feita com o Nazismo, eu esteja sendo muito duro com os donos da boate.

Mas não é só deles que estou falando não: cada um de nós é responsável pelo que aconteceu em Santa Maria, e cada um de nós pode impedir novos episódios como aquele. Para tanto, nós, que ainda podemos fazer o “dever de casa” (aqueles jovens, a maioria universitários, já não podem), devemos nos esforçar para, sempre que possível (e é possível tantas vezes, meu Deus!) transformar o “Eu quero” em “Nós queremos”, simplesmente fazendo valer a Regra de Ouro, expressa em todas as principais religiões do mundo: “Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam”. O dono de uma boate, por exemplo, deve construir e administrar seu funcionamento como se seu filho sempre fosse estar dentro dela. Simples assim! Reaprendendo, cada um de nós, a conjugar não egoisticamente, mas altruisticamente o verbo querer, estaremos construindo um mundo em que só tenhamos 27 de janeiros cuja lembrança seja, de alguma forma, memorável, como aquele de 1945!


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música

Pensar

por RAFAEL ABREU

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

Para o articulista, é por meio da incerteza inicial despertada pela crítica negativa que uma banda ou um artista vai compor e tocar com mais afinco, com mais esforço, ou vai desistir da carreira

DIVULGAÇÃO

EM DEFESA DA DISCÓRDIA

O EXERCÍCIO DA CRÍTICA DEVE SER RICO EM ANÁLISE, SEM SE LIMITAR A FALAR SOMENTE DAQUILO DE QUE SE GOSTA

A

dor e a delícia da crítica de música é que ela geralmente nasce de paixões adolescentes. Quando se tem 16 anos, acesso à internet e uma gama razoável de boas referências garimpadas em tudo quanto é site – as raízes prováveis de grande parte dos críticos do amanhã – a ideia é falar do que se ama: daquela canção do Roberto, do Milton, do Lennon, do Rundgren, do McCartney, de quem quer que alcance talvez o mais insondável dos corações: o do jovem. Escrever sobre música, nesta época, é fazer declarações de amor. Que são como as cartas: ridículas. O que não é de todo ruim. Além do exercício precoce, declarações juvenis dão a quem escreve a vantagem de amar duas vezes. Uma no peito, outra no texto. O lado que pesa, no entanto, é que a cegueira de novas paixões, do entusiasmo por um disco dos Arctic Monkeys ao estarrecimento diante de um álbum do Led Zeppelin, nos faz esquecer que o amor é um sentimento tão belo quanto estúpido. Desvairado, pinta o mundo com cores que, embora bonitas, só dão conta de meia realidade. O mais perigoso disso tudo é que no mundo do moleque blogueiro – o que tem pouquíssimo a ver com idade física – só existe espaço para o disco bom, para o amor construtivo, comportado, “bonzinho”. Escreve, portanto, um diário musicado em que só aparecem melhores beijos, perfeitas transas, viagens estonteantes. Numa deturpação atroz, a crítica se torna a última coisa que deveria ser: um exercício conciliatório,

REPRODUÇÃO

Em 1967, no III Festival da MPB, Sérgio Ricardo não gostou da “crítica” do público

de vez em quando rico em análise ou verdade. O tipo de coisa facilmente realizada por quem ama discos e tem destreza de texto.

Equilíbrio

O problema é que crítica é (ou deveria ser) um exercício para os que amam música. É esse tipo de devoção que deve ser a base do equilíbrio, na ponta dos dedos, entre o que se pensa, o que se sente e o que se escreve. É ela que vai fazer questão de se ocupar do ruim, pelo simples motivo de que o fracasso estético (o que não necessariamente

significa feiúra) é uma espécie de ofensa à arte. Arte ruim atormenta e coage os que amam boa arte a denunciá-la. Quem se afeta por música sente uma obrigação moral de destrinchar o que quer que seja indigno de ouvidos humanos, e realiza um prazer inenarrável de estampar em três parágrafos ou cinco páginas por que o último disco da Orquestra Imperial é um sintoma triste da música brasileira atual. Arrogante? Sim. Arbitrário? Definitivamente. Mas se alguém lê esse texto não resolvido com o fato de que crítica é subjetiva, discricionária e absolutamente contestável, é melhor parar por aqui.

Parece pomposo e romântico, esse dever, essa honra ferida – e é, não haveria outro jeito. Há redes sociais, há downloads e há todo um movimento de valorização de informação curta e grossa, o que, no âmbito das artes, se manifesta pela análise à guisa de consumo, e ainda assim há quem tome algumas horas para pensar e escrever sabe-se lá quantas linhas sobre o último disco dos Strokes, por mais que essa parcela de possíveis leitores, principalmente no Brasil, seja cada vez menor. É um ofício que existe à revelia de uma realidade e só se faz por um senso ético em franco desuso, atualmente, quase antiquado. O crítico de verdade é, na verdade, um militante cuja causa não é tão popular, na ordem dos dias de hoje. Considerando que os tempos são de condescendência cultural – a linha especialmente delgada que separa a compreensão e a empatia da permissividade e da falta de parâmetros praticamente não existe mais – é normal que a atividade não seja lá muito querida, e é por isso mesmo que deve continuar a ser feita. O paradoxo do mundo de consenso crítico que alguns pregam ao dizer que o que não é bom não merece atenção ou publicidade é uma realidade claustrofóbica, burra e autoindulgente, uma conciliação falsa e absolutamente indesejável. A riqueza de uma crítica negativa existe justamente porque o disco ruim só ganha valor a partir do momento em que é acusado. Somente no momento em que os discos são

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“Abraçaço”, o último álbum lançado por Caetano Veloso, dividiu a crítica musical: de um lado, foi bastante incensado; de outro, totalmente achincalhado

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esquartejados em praça pública, os crimes de bandas ruins se tornam reais e exemplares. Se fosse possível corrigir o discurso acima, a questão passaria longe da publicidade. Trata-se, na verdade, de uma espécie de justiça, feita sem vítimas propriamente ditas porque todos continuam vivos após sua execução.

Medo

É difícil dizer quando exatamente chegamos a este ponto, mesmo porque não estou vivo há tanto tempo, mas a impressão que tenho é de que o maior problema hoje é que o juízo, quando não “construtivo”, acaba se confundindo na cabeça do leitor com o autoritarismo, com a violência gratuita, com um caráter profundamente “desnecessário” – e repulsivo. É como se, na geração em que as chances de ter

uma voz são as maiores em muito tempo, todos resolvessem que concordar é o melhor caminho. Ter uma convicção negativa se tornou o maior dos tabus, talvez porque todos estejam frequentemente apavorados com a possibilidade de ofender alguém ou de deixar passar alguma vanguarda, talvez porque se tenha descoberto, de uma hora pra outra, que um juízo é discutível. Há um medo tão grande desse caráter de conflito que é comum que, por ser essencialmente contestável, a reflexão sobre arte seja tachada também de indesejada. O maior terror, neste mundo em que todas as opiniões – e discos e livros e filmes – têm o “seu próprio valor relativo” é o do arrogante, o que ousa dizer “eu” num mundo em que hierarquizar gostos e ter convicções estéticas e artísticas (e ocasionalmente até morais) não é mais tão legal assim.

E o que esse pavor não percebe é que toda crítica é grávida de uma arrogância benevolente, uma normatividade subjetiva, esperançosa de que algum outro leitor encontre interesse numa posição única, possivelmente íntima. Quando se fala de um país em que os leitores desse tipo de material estão fadados a ser poucos, ao menos relativamente, essa esperança é quase patética, mas o que importa é que ela existe e é poderosa. E que não constitui um problema: constitui um caráter. O engraçado, dito isso, é que a destruição crítica é, também, construtiva. Não o é da maneira mais prazerosa para todos, é claro, mas talvez seja a que mais vinga. Pois a crítica negativa também constrói o caráter do tripé que a sustenta: o autor, o leitor e o artista. Em cada uma das relações que um texto firma com esses personagens, vai fecundar algum tipo de ganho. Ao autor,

porque lhe permite uma espécie de descarrego, de redenção mesmo – o prazer de amarrar um pequenino e individual manifesto. Ao leitor porque, na experiência de discordar de um conteúdo, tem mais claros seus próprios argumentos ou descobre que não os tem. E ao artista, enfim, porque planta a semente da dúvida. Crítica negativa, nesse sentido, é também autocrítica, e é sempre bom quando ela aparece. É por meio da incerteza inicial despertada por ela que a banda X ou vai bater o pé ou vai compor e tocar com mais afinco, com mais esforço. Ou vai desistir. Se há um caso em que a retórica de “formação de caráter” cabe, é este: o das ideias. Em se tratando de adultos e em se tratando de opiniões, o argumento contrário forma o caráter de todos, sem exceção. Já disseram antes: toda unanimidade é burra. E, convenhamos, extremamente tediosa.


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roteiro

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PARA DANÇAR

AO VIVO

ROCK

ARRASTA-PÉ

HAPPY HOUR

BALADA

DJs invadem o Bar do Mãozinha

Reggae acústico com Junior Bocca

A banda Trilha agita o TurkZoo

Noite de forró na Barra do Jucu

Ritmos variados com André Prando

O músico e compositor André Prando se apresenta neste sábado, a partir das 18 horas, na Praça de Alimentação do Shopping Norte Sul, com repertório variado.

Sertanejo com a dupla Rony & Ricy

A dupla Rony & Ricy vai apresentar o melhor do sertanejo universitário, a partir das 23 horas, com músicas próprias e também sucessos de outros artistas.

Shopping Norte Sul. Praça de alimentação. Avenida José Maria Vivácqua Santos, 400, Jardim Camburi, em Vitória. Aberto ao público.

Adega Sertaneja. Rua Neves Armond, 210, na Praia do Suá, em Vitória. Entrada: R$ 10 (mulher) e R$ 40 (homem). Informações: pelo telefone (27) 3315-8335 ou no site www.adegasertanejo.com.br.

A partir das 20 horas, vai rolar a festa “Movida!”. Organizado por Gustavo Txai, criador da já conhecida “Pindorama”, os DJS Filipe Borba (foto), Vitor Graize e Erly Vieira Jr prometem fazer todo mundo dançar. Bar do Mãozinha. Av. Fernando Ferrari, Goiabeiras, Vitória. Aberto ao público.

O cantor e compositor Junior Bocca (foto) se apresenta neste sábado, a partir das 21 horas, no Bar Cais da Barra, com mais uma edição do projeto Reggae Violado.

Com um repertório repleto de grandes sucessos do pop e do rock nacional e internacional, com a banda Trilha, a partir das 21h30, no TurkZoo, em Vitória.

O projet Forró do Praia está de volta em sua versão itinerante, a partir das 23h, com apresentações de Trio Bastião (foto, SP), Quarteto Capixaba e Trio Mafuá.

Bar Cais da Barra. Rua Vasco Coutinho, 17, na Barra do Jucu, em Vila Velha. Couvert: R$ 3, por pessoa. Mais informações: (27) 9982-3854.

TurkZoo. Rua Doutor João Carlos de Souza, 742, Santa Luiza, Vitória. Couvert: R$ 20 (até as 22h) e R$ 30 (após as 22h). Informações: (27) 3314-5106.

Barra Park. Ao lado da Casa da Cultura na Barra do Jucu, em Vila Velha. Ingressos: R$ 15 (meia até 0h) e R$ 20 (meia após 0h). Informações: (27) 9948-2157.

DIVIRTA-SE

DIVIRTA-SE MÚSICA AO VIVO Banda 522

O grupo apresenta um repertório que reúne clássicos do Samba. A partir das 16h, no Belisco Bar. Av. Anísio Fernandes Coelho (Rua da Lama), 669, Jardim da Penha, em Vitória. Mais informações: (27) 3235-7873.

Leandro Bellumat

Variado. 20h, no Resturante Domus Itálica. Rua Dr. Olivio Lira, 353, Praia da Costa, Vila Velha. Couvert: R$ 7. Mais informações: (27) 3329-3676.

Marcus Macedo

Variado. 20h, no Restaurante Moqueca. Rua Jorge Risk, 212, Parque das Gaivotas, Vila Velha. (27) 3339-6509.

Marcio Vianna e Marcus Trancoso

Repertório variado. A partir das 20 horas, com participação de Fabiano Mayer. No Wunderbar Kaffee, Avenida Rio Branco, 1305, esquina com Rua Chapot Presvot, Praia do Canto, em Vitória. Couvert: R$ 10, por pessoa. Mais informações pelo telefone (27) 3227-4331.

Sinfonia da Mata

Seresta. A partir das 21 horas, no Clube Ítalo Brasileiro. Rua Renato Daher Carneiro, 1036, na Ilha do Boi, em Vitória. Mais informações pelo telefone (27) 9833-1849.

Tatyana Arantes

Sertanejo. A partir das 20h30, na Adega Tira Teima. Rua Euclides da Cunha, 357, Laranjeiras, Serra. Couvert: R$ 4. Informações: (27) 3228-0416.

Túlio Pizzol

MPB e internacional (piano). A partir das 20 horas, no Bistrô Solarium. Rua Guilherme Faria, 179, Praia da Costa, em Vila Velha. Couvert: R$ 7, por pessoa. Mais informações pelo telefone (27) 3063-3388.

FESTA Baile da Ressaca

A partir das 22h, show com os grupos Trem Bala e Swing Brasil. No Lions Club, Av. Bortolo Malacarne, 58, São Gabriel da Palha. Mais informações: (27) 9920-5850.

Calourada de Medicina da Emescam

A partir das 14h, com shows de SambAdm, Daniel Caon, Bateria Sangue Verde Emescam e DJ David Collins. Na Sede Social do Álvares Cabral. Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, Bento Ferreira, Vitória. Entrada: R$ 40 (mulher/1º lote/meia) e R$ 50 (homem/1º lote/meia). Mais informações pelo telefone (27) 3376-3866.

SHOW Denise Dalmacchio

A partir das 20h, no Auditório do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, Av. José Ruschi, 4, Centro, Santa Teresa. Mais informações pelo telefone (27) 9866-0787.

Bruno Venturim

A partir das 20h, o músico apresenta o repertório do seu primeiro disco, “Baião dos Ventos”, inteiramente autoral e dedicado à música instrumental brasileira. No Teatro Virgínia Santos, Rodovia Alegre X Cachoeiro, BR 482, Km 69, Centro, em Alegre. Aberto ao público. Mais informações pelo telefone (28) 3552-4411.

BALADA A Fábrica Danceteria

Com Pratikerê e DJ Fabrício Furtado, a partir das 22h. Avenida Eudes Scherrer de Souza, 575, Laranjeiras, Serra (em frente ao Hospital Metropolitano). En-

trada: grátis (mulher/lista/até 23h30) e R$ 25 (homem/lista/até 23h30). Mais informações pelo telefone (27) 3071-3640.

Armazém Club

Com Rick & Kléber e DJ Thiago Policarpo, a partir das 22h. Rua Judith Leão Castelo, 360, Jardim Camburi, Vitória. Entrada: R$ 35 (mulher/lista), R$ 70 (homem/lista). Mais informações pelo telefone (27) 3337-1828.

Balístico Music Bar

Com Felipe Ribeiro & Cinelli e DJ André Knup, a partir das 22h. Rua Joaquim Lírio, 800, Praia do Canto, Vitória. Couvert: R$ 10. Mais informações pelo telefone (27) 7811-5285.

Degusta Music & Lounge

Com Evandro & Raniery, Donato & Eduardo e DJ Junior Ceará, a partir das 22 horas. Rua Edgar Gonçalves, 5, em Dona Augusta, Cariacica. Entrada: R$ 15 (mulher), R$ 25 (homem), R$ 30 (mulher/cons.), R$ 80 (homem/cons.). Mais informações pelos telefones (27) 3226-7577 ou (27) 9913-9276.

Fuel Station

Com Marcelo Ramazotti, a partir das 22h30. Rua Manoel Gonçalves Carneiro, 85, Praia do Canto, em Vitória. Couvert: R$ 15. Mais informações pelo telefone (27) 3314-5434.

La Villa

Com Banda Via 3, a partir das 21h30. Rua José Penna Medina, 380, Centro Comercial Vila Gift, Praia da Costa, em Vila Velha (ao lado do Shopping Praia da Costa). Couvert: R$ 10 (salão) ou R$ 6 (deck). Mais informações pelo telefone (27) 3340-6835.

Le Point Acústico

Com Jeito De Ser, Pedala Samba, Carlos Magno e os DJsLeandro Netto e Touro, a partir das 22 horas. Rua Itapemirim, 2, em Itaparica, Vila Velha. Entrada: R$ 20 (mulher), R$ 30 (homem). Mais informações pelo telefone (27) 3299-0090.

Maria Pimenta Botequim

Com Banda Faixa Bônus, a partir das 21h. Avenida Santa Leopoldina, 585, Praia de Itaparica, Vila Velha. Couvert: R$ 10. Mais informações pelo telefone (27) 3319-3659.

Move Music

Com DJs Festcar, Tonny Davino e Henderson, a partir das 23h59. Ave-

nida Adalberto Simão Nader, na Mata da Praia, em Vitória. Entrada: R$ 30 (entrada), R$ 50 (consumação fever), R$ 60 (cons.+entrada). Informações pelo telefone (27) 3314-5968.

Rouge House

Com DJs Patrick Sandim e Ranlusy Louis e performance de Leona Top Fluor, de São Paulo, a partir das 23h30. Rua João Joaquim da Mota, na Praia da Costa, em Vila Velha. Entrada: R$ 25 (entrada), R$ 50 (consumação). Mais informações pelo telefone (27) 9694-8736.

São Firmino Botequim

Com DJs Thales Gonzalez e Phill Fernandes, a partir das 22h. Avenida Nossa Senhora da Penha (Reta da Penha), 1297, Praia do Canto, Vitória. Entrada: R$ 30 (mulher), R$ 50 (homem). Mais informações pelo telefone (27) 3201-6600

Space Pub

Com DJs Fabiano Morais, Pedro Pessotti e Johnnie Reis, a partir das 23h30. Avenida Professora Francelina Setúbal, Itapoã, em Vila Velha. Entrada: R$ 10 (até 1h) ou R$ 15 (após 1h). Mais informações pelo telefone (27) 9936-4703.

The One

The Funk, com os DJs Paulinho, Boka e David Rocha, a partir das 22h. Avenida Cristiano Dias Lopes, anexo ao Jaraguá Tênis Club, Cachoeiro de Itapemirim. Entrada: R$ 60 (homem/inteira), R$ 40 (mulher/inteira), R$ 30 (homem/meia), R$ 20 (mulher/meia). Mais informações pelo telefone (28) 3517-9541.

Two Time Music Bar

Com Higino & Gabriel e Ruan & Gustavo, a partir das 22h30. Rodovia do Sol, 2440, Itaparica, Vila Velha. Entrada: vip (mulher/lista/até 0h), R$ 15 (homem/lista/até 0h/entrada). Mais informações pelo telefone (27) 3219-0920.

Villa Shows

Com Wallace e Allison, a partir das 21 horas. Avenida Jair de Andrade, 39, em Praia da Itapoã, Vila Velha. Couvert: R$ 15 (até 0h) e R$ 20 (após 0h). Mais informações pelo telefone (27) 3075-0101.

Para divulgar um evento... Envie e-mail para cadernodois@redegazeta.com.br, com pelo menos dois dias de antecedência. No material devem constar horário, endereço completo, gênero musical, telefone e valor do ingresso ou couvert. Os preços e horários divulgados pelo Caderno 2 são de responsabilidade dos promotores dos eventos, e estão sujeitos a alteração. Para o roteiro de sábado e domingo, o envio é até quarta, às 18h.

CINEMA VVVVV VVVV VVV VV l

Imperdível Vale a pena Veja se tiver tempo Espere pelo DVD Fuja

ceiro filme da trilogia sobre a ditadura chilena do diretor Pablo Larraín. 14 anos. Cine Jardins, sala 2: 16h50.

O Reino Gelado

PRÉ-ESTREIA

(The Snow Queen, Russia, 2012). Animação. Direção: Maxim Sveshnikov e Vladlen Barbe. A Rainha da Neve cobre o planeta de gelo e ordena a destruição das artes. Livre. Kinoplex, sala 1 (3D/dub): 13h30, 15h30.

De coração aberto

O Sacrifício

(À Coeur Ouvert, França, 2012). Drama. Direção: Marion Laine. Com Juliette Binoche. Mila descobre que está grávida e sua relação com o marido, Javier, perde o equilíbrio. 14 anos. Cine Jardins, sala 2: 21h15 (apenas hoje).

ESTREIA Cirque Du Soleil – Outros mundos

(Cirque Du Soleil – Worlds Away, EUA, 2012). Fantasia. Direção: Andrew Adamson. Com Matt Gillanders. Jovem mulher se encanta por trapezista. Mas quando o casal cai no mundo do Cirque du Soleil, eles têm de passar por diferentes lugares para se encontrarem. Livre. Cinemark, sala 6: 15h20, 19h40. Kinoplex, sala 4 (3D): 17h10, 19h10. Multiplex Araújo, sala 3 (3D): 17h30, 19h30, 21h30.

VVDuro de matar: um bom dia para morrer

(A Good Day to Die Hard, EUA, 2013). Ação. Direção: John Moore. Com Bruce Willis. O detetive John McClane viaja para a Rússia para ajudar seu filho e descobre que o rapaz trabalha para a CIA e tenta evitar uma guerra nuclear. 12 anos. Cinemark, sala 1 (dub): 12h30, 15h10, 18h, 20h15, 22h30.Cinemark,sala 5: 11h20 (apenas hoje e amanhã),13h30, 16h10, 18h30, 20h50, 23h10. Kinoplex, sala 3: 14h40, 16h50, 19h, 21h10. Kinoplex, sala 7 (dub): 14h, 16h10, 18h30, 20h40. Multiplex Araújo, sala 1 (dub): 15h, 17h, 19h, 21h. Multiplex Araújo, sala 5 (dub): 16h, 18h, 20h, 22h. Cinesercla Laranjeiras, sala 2 (dub): 14h50, 16h50, 18h50, 20h50. Cine Gama, sala 2: 19h, 21h. Cine Ritz Sul, sala 1 (dub): 17h15, 19h15, 21h15. Cine Ritz Guarapari, sala 2 (dub): 19h, 21h.

VVVIndomável sonhadora

(Beasts of the Southern Wild, EUA, 2011). Drama. Direção: Benh Zeitlin. Com Quvenzhané Wallis. Com seu universo em colapso a menina Hushpuppy luta para sobreviver durante a catástrofe que invadiu seu vilarejo. 12 anos. Cinemark, sala 7: 19h10, 22h.

VVVVNo

(Chile, 2012). Drama. Direção: Pablo Larraín. Com Gael García Bernal. Ter-

(Zhao Shi Gu Er, China, 2010). Drama. Direção: Kaige Chen. Com Xueqi Wang e Xiaoming Huang. Membros de clã durante a dinastia Jin na China são destronados por grupo rival. 16 anos. Cine Jardins, sala 2: 18h50.

VVVVSete Psicopatas e Um Shih Tzu

(Seven Psychopaths, Reino Unido, 2012). Comédia. Direção: Martin McDonagh. Com Colin Farrell. Escritor pouco experiente não encontra inspiração, mas seu melhor amigo, ator desempregado e ladrão de cachorros, sugere algumas ideias inusitadas. 14 anos. Cine Jardins, sala 1: 21h15.

Viúvas

(Viudas, Argentina, 2011). Drama. Direção: Marcos Carnevale. Com Graciela Borges e Valeria Bertuccelli. Antes de morrer, Augusto pede a sua mulher, Elena, que cuide de sua jovem amante, Adela. 14 anos. Cine Metrópolis: 16h30, 20h50.

EM CARTAZ VVVVVA Hora Mais Escura

(Zero Dark Thirty, EUA, 2012). Drama. Direção: Kathryn Bigelow. Com Jessica Chastain. A caçada ao terrorista Osama bin Laden durante uma década após os atentados de 11 de setembro. 10 anos. Cinemark, sala 3: 17h20, 21h. Kinoplex, sala 2: 17h20, 20h30.

VVVA Negociação

(Arbitrage, 2012, EUA). Drama. Direção: Nicholas Jarecki. Com Richard Gere. Magnata quer vender seu império antes que suas fraudes sejam descobertas. 14 anos. Kinoplex, sala 4: 21h10. Cine Jardins, sala 1: 17h.

As Aventuras de Tadeo

(Las aventuras de Tadeo Jones, Espanha, 2012). Animação. Direção: Enrique Gato. Por causa de uma grande confusão, o jovem sonhador Tadeo é confundido com um arqueólogo e acaba sendo enviado para um expedição no Peru. Livre. Cinemark, sala 3 (3D/dub): 12h (exceto terça), 14h40 (exceto terça). Kinoplex, sala 4 (3D/dub): 13h (apenas hoje e amanhã), 15h. Multiplex Araújo, sala 3 (3D/dub): 15h30. Cine Gama, sala 1 (dub): 19h. Cine Ritz Conceição, sala

3 (dub): 17h (apenas hoje e amanhã), 19h, 21h. Cine Shopping Cachoeiro, sala 1 (dub): 17h30. Cine Ritz Guarapari, sala 3 (3D/dub): 17h20.

VVVVAmor

(Amour, França, Alemanha, 2012). Drama. Direção: Michael Haneke. Com Jean-Louis Trintignant. Georges e Anne são professores de música erudita que já passaram dos 80 anos. Um dia, Anne é vítima de um acidente e o amor que une este casal é posto à prova. 14 anos. Cine Jardins, sala 1: 18h55. Cine Metrópolis: 18h30.

VVCaça aos gângsteres

(Gangster Squad, EUA, 2013). Ação. Direção: Ruben Fleischer. Com Ryan Gosling e Emma Stone. A luta da Polícia de Los Angeles para manter a costa leste livre da máfia durante os anos 40 e 50. 16 anos. Cine Ritz Conceição, sala 1: 19h, 21h. Cine Ritz Guarapari, sala 1: 21h30.

VVDe pernas pro ar 2

(Brasil, 2012). Comédia. Direção: Roberto Santucci. Com Ingrid Guimarães. Alice tem um surto devido ao excesso de trabalho. Ela vai parar em um spa e tenta controlar suas obsessões. 14 anos. Cinesercla Laranjeiras, sala 3: 14h30, 16h30, 18h30, 20h30. Cine Shopping Cachoeiro, sala 1: 19h15. Cine Ritz Guarapari, sala 1: 19h30.

VVVVDetona Ralph

(Wreck-It Ralph, EUA, 2013). Animação. Direção: Rich Moore. Vilão do Conserta Félix Jr., Ralph começa a andar por outros jogos para mostrar seu valor. Livre. Cine Jardins, sala 2 (dub): 15h (apenas hoje e amanhã).

VVVVVDjango Livre

(Django Unchained, EUA, 2012). Faroeste. Direção: Quentin Tarantino. Com Leonardo DiCaprio. Ex-escravo, que agora é caçador de recompensas, se prepara para resgatar sua mulher das mãos de um brutal fazendeiro. 16 anos. Cinemark, sala 6: 0h (hoje para amanhã). Kinoplex, sala 6: 17h30. Cine Ritz Conceição, sala 2: 21h. Cine Shopping Cachoeiro, sala 2 (dub): 20h20. lInatividade

paranormal

(A Haunted House, EUA, 2013). Comédia. Direção: Michael Tiddes. Com Marlon Wayans. Casal se muda para nova casa e descobrem que um demônio habita o local. 16 anos. Cine Ritz Conceição, sala 2 (dub): 19h. Cine Shopping Cachoeiro, sala 1: 21h. Cine Via Sul (dub): 19h15.

VVJoão e Maria Caçadores de Bruxas

(Hansel & Gretel - Witch Hunters, EUA, 2012). Ação. Direção: Tommy Wircola. Com Gemma Arterton. Quinze anos depois do incidente envolvendo a casa de doces, João e Maria tornaram-se

caçadores de bruxas. 14 anos. Cinemark, sala 6 (3D/dub): 13h05, 17h30, 21h50. Kinoplex, sala 1 (3D/dub): 17h30, 19h30. Kinoplex, sala 1 (3D): 21h30. Multiplex Araújo, sala 4 (3D/dub): 15h, 17h, 19h, 21h. Cinesercla Laranjeiras, sala 1 (dub): 14h45, 16h45, 18h45, 20h45. Cine Gama, sala 1: 21h. Cine Ritz Sul, sala 2: 17h, 18h45. Cine Ritz Guarapari, sala 3 (3D): 19h15, 21h15. Cine São Mateus:, sala 2 (dub): 17h, 19h, 21h.

VVVVLincoln

(EUA, 2012). Drama. Direção: Steven Spielberg. Com Daniel Day-Lewis. A luta de Abraham Lincoln para abolir a escravidão nos EUA. 12 anos. Cinemark, sala 7: 12h40, 16h.

Meu namorado é um zumbi

(Warm Bodies, EUA, 2012). Drama. Direção: Jonathan Levine. Com Teresa Palmer. Zumbi se apaixona por uma bela jovem. 10 anos. Cinemark, sala 4: 17h10, 19h30, 22h10. Multiplex Araújo, sala 2 (dub): 19h. Cinesercla Laranjeiras, sala 4 (dub): 14h40,16h40, 18h40, 20h40.

VVVVO lado bom da vida

(Silver Linings Playbook, EUA, 2012). Comédia. Direção: David O. Russel. Com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Após uma temporada internado em um sanatório, Pat tenta reconstruir sua vida. 12 anos. Kinoplex, sala 5: 16h20, 18h50, 21h20. Multiplex Araújo, sala 2: 16h30.

O Resgate

(Stolen, EUA, 2012). Ação. Direção: Simon West. Com Nicolas Cage. Ex-ladrão procura pela filha que foi sequestrada. 14 anos. Cine Via Sul (dub): 21h. Cine São Mateus (dub): 19h.

VVO último desafio

(The Last Stand, EUA, 2012). Ação. Direção: Jee-woon Kim. Com Arnold Schwarzenegger. Xerife aceita uma última chance de recuperar sua dignidade. 14 anos. Cine São Mateus, sala 1 (dub): 21h.

VVVO voo

(Flight, EUA, 2012). Drama. Direção: Robert Zemeckis. Com Denzel Washington. Piloto salva avião, mas uma investigação revela algo preocupante. 14 anos. Cinemark, sala 2: 13h50, 16h50, 20h, 23h. Kinoplex, sala 6: 13h50 (apenas hoje e amanhã), 14h30 (exceto hoje e amanhã), 20h50. Multiplex Araújo, sala 2: 21h.

VVVVOs miseráveis

(Les Misérables, Reino Unido, 2012). Musical. Direção: Tom Hooper. Com Hugh Jackman e Anne Hathaway. Adaptação da obra de Victor Hugo. 12 anos. Cinemark, sala 8: 11h10 (apenas hoje e amanhã), 14h30, 18h10, 21h40. Kinoplex, sala 5: 13h20.

VVOs Penetras

(Brasil, 2012). Comédia. Direção: Andrucha Waddington. Com Marcelo Adnet. Beto e Marco passam por situações inusitadas no reveillon. 12 anos. Cine Ritz Sul, sala 2: 20h30.

Sammy 2: A grande fuga

(Sammy 2: The Great Escape, Bélgica, 2012). Animação. Direção: Ben Stassen. Continuação da aventura da tartaruga marinha Sammy, que viajou o mundo por 50 anos e o viu se transformar por causa do aquecimento global. Livre. Cine Jardins, sala 1 (dub): 15h15 (apenas hoje e amanhã).

Tainá - A origem

(Brasil, 2012). Aventura. Direção: Rosane Svartman. Com Nuno Leal Maia. A pequena Tainá é criada pelo pajé Tigê. Porém, quando o pajé a leva para sua aldeia a menina tem problemas de adaptação. 10 anos. Cinemark, sala 4: 11h (apenas hoje e amanhã), 13h, 15h. Kinoplex, sala 2: 13h20, 15h20. Cine Shopping Cachoeiro, sala 2: 18h20.

INGRESSOS Cinemark

Shopping Vitória. (27)3324-5973. Segunda, terça e quinta até às 17h: R$ 16 (inteira). Após 17h: R$ 18 (inteira). Sexta, sábado, domingo e feriados até às 17h: R$ 20 (inteira). Após 17h: R$ 22 (inteira). Quarta: R$ 16 (inteira). Sala 3D: segunda, terça e quinta: R$ 23 (inteira); quarta: R$ 22 (inteira); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 27.

Kinoplex

Shopping Praia da Costa. (27) 3350-0007. Sexta a domingo e feriados, até 17h: R$ 19 (inteira). Após 17h: R$ 21 (inteira). Segunda, terça e quinta, até 17h: R$ 15 (inteira). Após 17h: R$ 17 (inteira). Quarta: R$ 15 (inteira). Sala 3D: Sexta a domingo e feriados, por R$ 26 (inteira); segunda, terça e quinta: R$ 23 (inteira); quarta: R$ 22 (inteira). Sessão Descontão: sessões iniciadas até as 14h, aos sábados e domingos, em todas as salas: R$ 6 (inteira), exceto para as salas 3D. Segunda irresítivel (exceto salas 3D): R$ 9 (inteira).

Multiplex Araújo

Shopping Mestre Álvaro. (27) 3211-0237. Segunda e quarta: R$ 8 (meia). Terça e quinta: R$ 6,50 (meia). Sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 15 (inteira), antes das 18h, e R$ 17 (inteira), a partir das 18h. Salas 3D: segunda e quarta: R$ 10 (meia). Terça e quinta: R$ 8 (meia). Sexta, sábado domingo e feriados: R$ 18 (inteira), antes 18h, e R$ 20 (inteira),após 18h.

Cine Jardins

Shopping Jardins. (27) 3026-8099. Sexta, sábado, domingo e feriado: R$

16 (inteira) e R$ 8 (meia). Quarta: R$ 12 (inteira), R$ 6 (meia). Segunda, terça e quinta: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia).

Cine Metrópolis

Ufes. (27) 3335-2376. Segunda a quinta: R$ 6 (inteira). Sexta a domingo e feriados: R$ 10 (inteira).

Cinesercla Laranjeiras

Laranjeiras, Serra. (27) 3281-2474. Segunda e quarta: R$ 6 (preço único). Terça e quinta: R$ 9 (inteira). Sexta a domingo e feriados: R$ 12 (inteira). Sala 3D: Segunda e quarta: R$ 9 (preço único). Terça e quinta: R$ 13 (inteira). Sexta a domingo e feriados: R$ 17 (inteira).

Cine Ritz Guarapari

Shopping Guarapari. Rua Dr. Roberto Calmon, 140, Centro, Guarapari. (27) 3350-2001. Sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira). Segunda, terça e quinta: R$ 12 (inteira). Quarta: R$ 10 (inteira). Sala 3D: sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 20 (inteira). Segunda, terça e quinta: R$ 16 (inteira). Quarta: R$ 14 (inteira).

Cine Via Sul

Shopping Via Sul. Marataízes. (28) 3532-2465. Sexta a domingo e feriados: R$ 12 (inteira).Terça e quinta: R$ 10 (inteira). Quarta: R$ 8 (inteira).

Cine Shopping Cachoeiro

Rua 25 de Março, 33, Centro, Cachoeiro de Itapemirim. Mais informações: (28) 3517-8373. Sexta a domingo e feriados: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia). Segunda, terça e quinta: R$ 12 (inteira), R$ 6 (meia). Quarta: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Cine Ritz Sul

Shopping Sul. Cachoeiro de Itapemirim. (28) 3517-8373. Sexta a domingo e feriados: R$ 14 (inteira). Segunda, terça e quinta: R$ 12 (inteira). Quarta: R$ 10 (inteira).

Cine Teatro Castelo

Praça Três Irmãos Corrêa de Lima, Centro, Castelo. (28) 3542-8532. Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (meia).

Cine Gama

Av. Getúlio Vargas, 481, Centro, Colatina. (27) 3722-2130. Sexta, sábado e domingo: R$ 10. Segunda, terça e quinta: R$ 8; quarta: R$ 6.

Cine Ritz Conceição

Linhares. (27) 3264-3566. Terça a quinta: R$ 10 (inteira). Quarta: R$ 8 (inteira). Sexta a domingo e feriados: R$ 12 (inteira). Não abre segunda.

Cine São Mateus

Praça São Benedito, Centro, São Mateus. (27) 3763-2721. Sexta, sábado, domingo e feriado: R$ 12 (interia), R$ 6 (meia). Segunda, terça, quarta e quinta: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia).


Pensar

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

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zig zag

Pensar

zig-zag@redegazeta.com.br - (27) 3321-8516

Coluna Zig Zag

O “who’s who” da Vitória Stone Fair

Partiu, Vila Velha!

DICA DE VIAGEM

Flávia Carvalhinho atravessa a Terceira Ponte. Depois do sucesso do mapa de três edições “O Melhor de Vitória”, a designer prepara-se para lançar também o “Melhor de Vila Velha”, em março.

Super ultra mega chef

Lançamento.

1. Cláudia Sasso e Meg Altoé: vai um chope aí?

Título cidadão

Cobertura internacional

RENATA RASSELI

@zigzag_ag

1.

A Vitória Stone Fair, que será aberta na próxima terça, dia 26, no Pavilhão de Carapina, receberá, com tapete vermelho, empresários e autoridades dos cinco continentes. Na extensa lista de confirmados estão representantes das câmaras de Comércio Árabe e Belgo-Luxemburguesa, da China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT), da Embaixada da República Tcheca e autoridades ligadas ao setor de mineração do Brasil. A organização da 35ª edição está a cargo da expert Cecília Milaneze.

O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), José Fernando Coura, receberá durante a abertura da Stone Fair o título de Cidadão Espírito Santense da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

@zigzag_ag

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

2. Sérgio Paulo Rabello, Tatá Bachour, Leo De Paula e Renato Bourguignon: no bistrô de Mônica Pimentel 3. Betina Aarão e Philippe Aarão Le Ferestier: tintim!

Viva! Hoje é sábado!

Dani Ferrari: pose para as lentes

de Mônica Zorzanelli.

Uma das mais importantes feiras de rochas ornamentais do calendário mundial, a Stone terá 130 expositores estrangeiros, entre os 420, e a cobertura de jornalistas dos Estados Unidos, Itália, da Turquia, Polônia, Portugal e de vários veículos do Brasil.

Cláudia Scarton, Penha Colodetti e Heliene Del Esposti: a nova coleção de sapatos para o outono/inverno 2013 está nas vitrines. FOTO: MÔNICA ZORZANELLI

FOTOS: MÔNICA ZORZANELLI

2.

3.

ZIG. Flávia Saade circulou pela inauguração da maison de seu irmão Cesinha, na Aleixo Neto, com look by Diane Von Funstenberg e sapatos Prada.

ZAG. É hoje! Mariluce Salazar Bogui recebe a família e amigos para comemorar idade nova, no Lareira Up, com DJs Breno Macedo e Tiago Lacerda nas picapes.

ZAG. Ticy Chieppe visita os showrooms de João Carlos Guerreiro e Raphael Falci, em São Paulo, em busca de novidades para sua multimarcas.

ZIG. Gisella Simoni voltou encantada do tour pela Costa Rica e Panamá.

ZIG. Cláudia Scarton lança a coleção outono/inverno 2013 da sua multimarcas, na segunda, dia 25.

“A” festa da feira Direto da Espanha, Eduardo Consentino convida para a festa, que vai reunir 300 clientes e amigos da empresa, uma das expositoras da Vitória Stone Fair, dia 27, na Serra. Isabela Wanderley cuida da produção do happening, que terá cattering de Giovanna e André Rosa. A festa vmarca a expansão da empresa na Europa e a abertura de showroom em vários estados do Brasil.

ZAG. Rita Polese afivela as malas para Espanha, onde curtirá dias de férias ao lado da filha Letícia.

Lançamento 2. Lúcia Medina: na noite de moda de Penha Colodetti. FOTO: MÔNICA ZORZANELLI

COLABORAÇÃO: TAYNÃ FEITOSA

A Gazeta ouve você e defende os seus interesses. Participe. Este é um jornal para leitores que têm algo a dizer.

ZIG. Nanda Prates convida para almoço em homenagem ao Dia da Mulher, dia 8 de março, no Le Buffet Lounge.

Onde você precisar, A Gazeta.

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leia • acesse • participe

Construções verticais de cimento, viadutos cortando avenidas, carros amontoados e milhões de pessoas nas ruas são as imagens da Cairo moderna, bem diferente da cidade berço da civilização egípcia. Mas a cidade preserva sua tradição nas sutilezas.

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As barracas de rua fascinam pela comida farta e apetitosa e as sedas chamam atenção nos bazares de rua. Atrações não faltam: das pirâmides de Gizé às ruas medievais do bairro islâmico, o Cairo oferece passeios por diversos períodos da história, e para todos os gostos turísticos.

ZAG. Ricardo Vieira criou uma joia que será sorteada na festa dos 25 anos da Acacci, dia 15 de março, no Le Buffet. ZIG. Rachel Menezes convida para happy hour de lançamento de seu mais novo empreendimento: o Ventura Essencial Life. ZAG. Júlio Bezerra apresenta entre os dias 10 e 12 de março o preview de outono-inverno em desfile do shopping que administra em Colatina.

Inauguração. Sabrina Denadai e Flávia Saade: na noite da nova maison de Cesinha Saade. FOTO: ARIANA ROSA

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A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

passatempo

televisão

HORÓSCOPO ÁRIES

SUDOKU CÂNCER

LIBRA

(20 MAR. A 20 ABR.) ALuaharmoniza-secomUrano, quetransitaporseusigno,porissorecarregasuasbaterias.Seus donscriativosestãoemaltae vocêpodeterótimasideiaspara solucionarqualquerproblema.

(21 JUN. A 21 JUL.) NestesdiasapassagemdaLua pelasuacasadamatériafazcom quevocêestejacomacordatoda.Suacapacidadedeexecução estáemaltaevocêpodeconcretizartudocommaiorfacilidade.

(23 SET. A 22 OUT.) Pensarnofuturo,fazerplanose estabelecermetassãoótimaspedidasnesteperíodo,emqueaLua lhetornamaisprogressista.Mas sejarealistaenãoseiludacom projetosutópicoseinviáveis.

você tende a expressar-se melhor.

ótimo dia para a carreira.

os amigos e a vida em grupo.

— Dica: os amores estão em alta e TOURO

(21 ABR. A 20 MAI.) HojeeamanhãaLuatransitapor seusignodeconcepçãoeaconselhavocêanãoseexigirdemais.Respeiteseuslimitesealterneosperíodosdedesgaste comoutrosdedescansoelazer.

— Dica: aproveite para isolar-se com quem ama.

GÊMEOS

(21 MAI. A 20 JUN.) NesteperíodoaLuaativasua menteeaumentaseupoderde comunicação.Vocêpodeaproveitarparafazercontatosededicar-seatudoqueexijacapacidadedeexpressãoeverbalização.

— Dica: em harmonia com Urano, a Lua facilita as amizades.

— Dica: Urano lhe promete um LEÃO

((22 JUL. A 22 AGO.)) HojeeamanhãaLuafazsuavisitamensalaoseusigno.Aproveitepararecarregartotalmente suasbateriasfísicasepsíquicas. afaseéexcelentetambémpara vocêcuidardovisual.

— Dica: concentre-se em tudo o que lhe diz respeito.

VIRGEM

(23 AGO. A 22 SET. ) ComoaLuaestánosignoanterior aoseu,convémvocêdesacelerar oritmo,manteracalmaepoupar-seaomáximo.Seuorganismo tendeamostrar-semaisvulnerávelaosdesgastesedesequilíbrios.

— Dica: evite estresse para não

provocar somatizações.

QUADRINHOS

— Dica: trabalhe em equipe, curta ESCORPIÃO

(23 OUT. A 21 NOV.) NestesdiasaLuamagnetizao pontoculminantedoseucéunatal efazcomqueosucessoestejaao seualcance.Aproveiteparaseconcentrarnacarreiraededique-seà realizaçãodesuasambições.

— Dica: acautele-se contra as

sobrecargas e divirta-se.

SAGITÁRIO

— Dica: desligue-se do que já era

e abra-se para novas vivências.

AQUÁRIO

TV ABERTA TV GAZETA C4

— Dica: você pode entender

melhor os outros.

PEIXES

Dica: esteja de olho nas ótimas oportunidades que surgirão.

Dica: os cuidados com a saúde darão excelentes resultados.

O Sudoku é um tipo de desafio lógico japonês. As regras: o jogador deve preencher o quadrado maior, que está dividido em nove grids, com nove lacunas em cada um, de forma que todos os espaços em branco contenham números de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir na mesma coluna, linha ou grid

PALAVRAS CRUZADAS

SAMANTA Alpino

06h05 06h25 06h45 07h15 07h40 08h00 08h30 09h00 09h30 09h40 10h00 12h00 12h45 13h20 13h50 14h45 16h05 18h25 19h10 19h30 20h30 21h10 22h15 22h45 23h50 01h00 03h38 03h44 04h05

Globo Educação Globo Ciência Globo Ecologia Globo Universidade Ação Gazeta Comunidade Estação Esporte Em Movimento Sitio do Picapau Amarelo Turma da Mônica TV Globinho ESTV 1ª Edição Globo Esporte Jornal Hoje Estrelas TV Xuxa Caldeirão do Huck Lado a Lado ESTV 2ª Edição** Guerra dos Sexos Jornal Nacional Salve Jorge Big Brother Brasil 13 Zorra Total Supercine: O Preço da Traição (Exibição em HD) Altas Horas Flash Big Brother Brasil 13 American Dad Corujão: As Ruínas

TV EDUCATIVA C2 06h30 07h30 07h45 08h30 09h00 09h30 10h00 10h30 11h00 12h00 12h30 13h00 14h00 15h00 15h30 16h00 17h00 17h30 18h00 18h30 19h30 20h00 20h30 21h00 21h30 22h00

Caminhos da Reportagem Programa Especial Reencontro Taxista Empreendedor Bom para todos Opção Saúde Ser Saudável Programa Especial Papo de Mãe TV é Ciência Expedições Alto Falante - Musical Stadium + Ação Conhecendo Museus Eu Sou o Samba Paratodos Animania Espaço Dois Oportunidades Conexão Brasília Arte do Artista Oncotô Repórter Brasil Musicograma Cine Nacional - Revolução de 30 00h30 Curta TV 01h00 Oncotô 01h30 Comentário Geral 02h00 Segue o Som 03h00 Doctv Música 04h00 Alto Falante 04h30 A Grande Música 05h30 Via Legal 06h00 Brasil Eleitor

RECRUTA ZERO Mort Walker

MARLY Milson Henriques

TV VITÓRIA C6

GERVÁSIO Gilberto Zappa

SOLUÇÕES

Uma viagem inesperada Quando Peter Highman é forçado a abandonar o avião que o levará para ver o nascimento de seu filho, ele atravessa o

discutidas, como por quê alguns indivíduos se tornam assassinos. O psicólogo Nigel Latta (foto) é o convidado.

05h00 07h00 08h00 10h00 12h00 12h30 13h00 13h30 14h00 14h30 16h00 18h00 20h00 20h30 23h00 01h00

Iurd Nosso Tempo Fala Brasil Especial - HD Esporte Fantástico Jornal da TV Vitória Negócios de Sucesso - HD Privilège - HD Vitória Fashion Art Et Decor Record Kids Cine Aventura: Babe - O Porquinho Atrapalhado na Cidade - HD O Melhor do Brasil Jornal da Record - HD O Melhor do Brasil Continuação Legendários (Nova Temporada) Programação Iurd

TV TRIBUNA C7 06h00 07h00 08h30 09h00 09h30 10h00 09h00 12h00

Chaves Sábado Animado Terra Capixaba Imóveis In Foco Desafios Sabor a Bordo Bozo Tribuna Notícias - 1ª Edição 12h35 Ponto Cult 13h00 Tribuna na Estrada 13h35 Nossa Terra 14h15 Programa Raul Gil 18h30 Aventura Selvagem 19h20 Tribuna Notícias - 2ª Edição 19h45 SBT Brasil 20h30 Esquadrão da Moda 21h30 Supernanny 22h15 Cine Família - Fúria em Duas Rodas 00h00 Cine Belas Artes Loucademia de Polícia 7: Missão em Moscou 01h15 Dois Homens e Meio 02h00 Big Bang a Teoria 02h45 Ataque de Risos I - Elas e Eu 03h30 Ataque de Risos II - Uma Família Perdida no Meio do Nada 04h15 Ataque de Risos III - Um Maluco no Pedaço 05h00 Ataque de Risos IV Arnold

TV CAPIXABA C10

06h00 Igreja Mundial do Poder de Deus 06:50 Popcorn TV 07h00 Shop Mix 07h30 Country & Cia 08h00 Desenhos 08h15 É Tempo de Vitória 08h45 Vitória em Cristo 09h45 Desenhos 10h15 Doutor Saúde 10h35 Desenhos 11h30 Acontece 12h00 Vitória em Cristo 13h00 Magazine da Liga Uefa 13h30 Conversa de Gente Grande 14h30 Sessão Livre 16h50 Brasil Urgente 18h50 Acontece 19h20 Jornal da Band 20h25 Show da Fé 21h20 Mr Bean 21h30 Acredite se Quiser 22h15 Top Cine 00h00 Show Business 00h50 Cinema da Madrugada 03h00 Séries 04:00 Igreja Mundial do Poder de Deus

REDETV! ES C18 05h55 07h45 09h15 09h45 10h15 11h15 11h45 12h15 12h45 13h00

13h30 13h45 14h00 17h00 17h45 18h15 18h45 19h00 19h45 20h45 21h30 22h00 22h30 23h00 00h30

Ultrafarma Shop Tour IEBV Ressurreição e Vida Espaço de Arte Celga TV Revista Programa Wesley Sathler Destaque Empresarial Shop Tour Igreja Família de Baixo da Graça TV Bereana Parceria Sábado Total Encantador de Cães Parceria Polishop Parceria Companhia de Viagem Amaury Jr. Show RedeTV News ES! News Shop Tour Feira do Riso Mega Senha Saturday Night Live

país com o ator Ethan Tremblay para conseguir chegar a tempo. “Um Parto de Viagem” é exibido no HBO, às 20h12.

TV DE HOJE

PROGRAMAÇÃO DE TV

(21 JAN. A 19 FEV.) HojeeamanhãaLuaacentuao imensointeressequenormalmentevocêjásentepelaspessoasefazcomquesuanecessidadedecontatoestejaemaltae queasparceriasfuncionembem.

(20 FEV. A 20 MAR.) NestafaseaLuaacentuasuacapacidadedetrabalhoelhedácondiçõesdeexercerseuladorealizador.Seudesempenhonoserviço tendeaserexcelenteevocêpode brilharemtudooquefaz.

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

Programa investiga assassinos O canal Investigação Discovery estreia hoje, às 20h, a série “Nascidos para Matar”. O programa levanta questões

CAPRICÓRNIO

(22 DEZ. A 20 JAN.) EmseutrânsitoporLeãoaLua reforçaopoderregenerativode seuorganismoepsiquismoelhe ajudaasacudirapoeiraedara voltaporcimadosproblemase tensõesdosúltimostempos.

(22 NOV. A 21 DEZ.) SeuregenteJúpitereUranoestão sendopositivamenteativados pelaLua.Nossosatéliteacentua seuladomaisvital,confiante eotimistaelheenchedegarra paraampliarseucampodeação.

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Pensar

02h00 02h30 03h00 05h00

Bola de Neve Igreja Templária Igreja da Graça - Nosso Lar Igreja Templária

TV PAGA TELECINE PREMIUM (SKY/NET)

16h40 Anderson Silva: Como Água 18h10 Protegendo o Inimigo 20h20 Gato de Botas 22h00 A Invenção de Hugo Cabret

TELECINE ACTION (SKY/NET) 15h00 17h35 20h05 22h00

HDTV - Transformers Shaolin Os Mercenários Tropa de Elite

TELECINE PIPOCA (SKY/NET)

17h50 Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas 20h25 As Aventuras de Agamenon, O Repórter 22h00 Guerra é Guerra! 23h55 Missão: Impossível Protocolo Fantasma

Lado a Lado TV GAZETA, 18H25

Albertinho lembra a Isabel que tem direitos sobre Elias. Umberto comunica a Constância que Albertinho registrou Elias. Zé Maria beija Fátima. Diva comunica a Frederico e Mário que nenhum deles é pai de Luciano. Bonifácio dá uma joia para Berenice. Laura revela a Guerra que é Paulo Lima e diz que só autoriza a publicação de suas matérias no jornal se puder assiná-las com seu nome. Guerra não aceita a proposta de Laura. Jurema e Túlio se beijam. ¦

Guerra dos Sexos TV GAZETA, 19H30

Carolina sugere que ela e Felipe sabotem o desfile da Positano. Charlô convoca uma professora para ensinar Nando a desfilar. Veruska e Nenê descobrem que Vitório comprou ouro com o dinheiro que ganhou de Otávio. Felipe fica irritado com a liquidação na loja. Charlô, Isadora, Juliana e Lucilene trabalham agitadas. Nenê combina com Veruska de negociar com Felipe os recibos que acharam. ¦

TELECINE CULT (SKY/NET)

17h55 Namorada de Aluguel 19h45 Monsieur Verdoux 22h00 Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças

GNT (SKY/NET)

21h29 Dica Verão GNT 21h30 Viva Voz Verão (Variedades) - Djavan 22h00 Janela da Alma 23h30 A História de Ingrid Betancourt

MTV (SKY/NET/TVA)

22h00 Verão MTV - A Festa 23h00 Família MTV Conecrewdiretoria 23h30 Faixa a Faixa de Verão 23h45 Video Collection - Pixies & Cia

HBO (TVA/NET)

18h20 HDTV - Se Beber, Não Case! Parte 2 20h12 Um Parto de Viagem 22h00 HDTV - Cada um tem a Gêmea que Merece 23h42 HDTV - Noite de Ano Novo

CINEMAX (SKY/NET) 17h15 19h00 21h00 22h45

Justiceiros de Deus 16 Quadras Perseguição Crash

TNT (SKY/NET)

17h50 Minhas Adoráveis Ex-Namoradas 19h40 HDTV - A Lenda do Tesouro Perdido - Livro dos Segredos 22h00 Batman - O Cavaleiro das Trevas

WARNER CHANNEL (SKY/NET)

19h25 Quase Famosos 22h00 Tenacious D - Uma Dupla Infernal 23h55 Os Gatões - Uma Nova Balada

SONY (SKY/NET)

19h00 Cazuza - O Tempo Não Pára 21h00 É Proibido Fumar 23h00 American Idol

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Salve Jorge TV GAZETA, 21H10 ¦ Wanda finge não conhecer Raquel. Érica deixa Celso sozinho. Demir leva Morena ao Grand Bazar. Irina afirma a Russo que Rosângela trairá a organização. Garcez encontra Rosângela no aeroporto. Áurea procura Lívia. Morena e Demir criam um perfil falso na internet. Raquel e Amanda contam para Aída que Nunes estava com uma mulher no restaurante. Salete acredita que Thompson esteja interessado em Lucimar.


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Pensar

A GAZETA VITÓRIA, SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO DE 2013

artigo por ANSELMO CLEMENTE e JOÃO JOSÉ GOMES DOS SANTOS

OS JARDINS DOS POETAS, LADRÕES, SOLDADOS E MENDIGOS REPRODUÇÃO

O Centro de Vitória, em meados do século XX: as transformações do espaço urbano refletiram de forma substancial nos modos de vida de seus habitantes

H

á muito que o urbano tornou-se tema central nos debates sobre a vida que se vive. A cidade e os modos de existir que comporta e produz são foco de discussões vindas de todos os lados, no entanto os discursos da segurança pública ganharam no contemporâneo um caráter hegemônico sobre outros que dizem do urbano de modo diferenciado, os quais são tantas vezes abandonados e esquecidos. As questões da cidade contemporânea gestam lampejos históricos. Não são de todo novas, mas atualizam-se. Desse modo, propomos pensar a cidade literária e historicamente, conferindo relevo a tais discursos minoritários que são silenciados pelas urgências do agora. Interpelar a literatura e a história possibilita pensar a urbe de modo diferente, um deslocamento nos modos endurecidos de ver e experimentar a cidade. Podemos tomar como exemplo “A Cidade do Vício e da Graça (Vagabundagem pelo Rio Noturno)”, livro de Ribeiro Couto publicado em 1924, que traça delicioso itinerário pelos bairros do Rio de Janeiro no início do século XX. Com humor e sarcasmo próprios à sua obra, o autor santista traduz nesse pequeno livro um certo clima perpassando a cidade que se moderniza. Descreve com generosidade cenas cotidianas, seus passantes a transitar, a vida urbana noturna e as figuras com as quais esbarra pelo caminho em suas errâncias. O escritor deixa assim entrever em seus textos um modo inusitado de experimentar o urbano. Diz ele da inquietude que o acomete fazendo buscar novas esquinas e farejar novas ruas: “Dentro de mim a alma do vagabundo sente o seu cativeiro delicioso. Ela bate as asas inquietas, todas as noites, em torno deste pedaço luminoso da cidade”. Na cidade retratada em suas crônicas, revelam-se as mudanças urbanísticas das ruas, praças, avenidas e demais espaços públicos que afetaram os modos de vida de seus habitantes. Nos textos de Ribeiro Couto, habitam não apenas os cidadãos comuns no vai e vem de casa para o trabalho, mas também as figuras pitorescas que se configuram nos espaços de trânsito da cidade ou perambulam altas horas da noite em determinados bairros. Em seu olhar soturno, o autor dirá: “A meia-noite é o princípio de uma vida diferente. Depois da meia-noite todas as criaturas têm a sua finalidade trágica marcada no rosto, ou no gesto, ou na voz. Todas se confessam sem querer”. Atento às mudanças da cidade, presenteia-nos com um ótimo retrato sobre modos de viver o urbano, assim como seus dilemas que talvez ecoem sentidos em nosso tempo. A cidade como conhecemos – esta do ir

e vir, da impossibilidade de permanecer, da velocidade e do empobrecimento dos encontros – não é de agora. O urbano se torna questão em meio ao século XIX, quando são colocados à vista problemas de gerenciamento das multidões, da concentração da população, do ritmo alucinado das fábricas e do vai e vem de pessoas e mercadorias. No entanto, as linhas que organizam esse momento histórico e fazem explodir a cidade como acontecimento podem ser seguidas até o nó de onde emerge o capitalismo, enquanto lógica de regulação da vida e das relações entre as pessoas. As cidades precisavam alargar suas ruas para que o fluxo fosse liberado, era preciso também localizar as regiões disseminadoras de males físicos e morais e extirpá-las do meio citadino. Nessa cidade do ir e vir – do urbano entendido como corpo – seus órgãos deviam funcionar perfeitamente, privilegiando os fluxos e vendo com maus olhos tudo que demanda outra temporalidade. Nasce aqui também uma noção de periculosidade atrelada aos que permanecem ou lentificam; mais uma vez disse Ribeiro Couto: “Somos, somos suspeitos... Andar à noite por aqui é o mesmo que andar, a esta hora, por cidade sitiada. E afinal, não tenhas dúvidas, são eles mesmos, esses que têm cofres fortes a vigiar, são eles mesmos que se sitiam mutuamente. E são eles mesmos que sitiam as cidades”. Por fim, o escritor ironiza um paradoxo que permeia os espaços públicos da cidade do ir e vir à sua época: “É sempre assim, os jardins vivem abandonados. Todos. Durante o dia, como agora, ao luar, pouca gente vem a um jardim, sentir a frescura das árvores. É preciso ser poeta, ladrão, soldado ou mendigo... Doçura dos jardins... Velha doçura dos jardins abandonados... É bem melhor que a cidade não os frequente! Felizes de nós, dos soldados, dos ladrões e dos mendigos”. Trocando em miúdos, o homem domiciliado que existe em nós se entrincheira cada vez mais contra o horror do caos, da noite e do desconhecido. Sua casa encerra em suas paredes tudo que a humanidade pacientemente recolheu ao longo dos séculos em oposição à fragilidade da nossa existência; organiza sua civilidade e de certa forma funda sua identidade. Aquele que não possui nem eira nem beira, portanto nem fé nem lei, condensa em si toda inquietude da vagabundagem, guarda então o gesto revolucionário da fragilidade. Convocar a literatura e a história para a discussão acerca do urbano confere espessura e possibilidade crítica diante dos discursos homogeneizantes. Propõe que a vida não se enclausure e continue a ser invenção de possibilidades.


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